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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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EDUCAÇÃO, PRECONCEITO E EXCLUSÃO NO BRASIL DO SÉC. XVII: a

questão dos moços pardos.

GUIMARÃES. Danieli Alves¹

CADENASSI. Silvia Borba Zadoná²

RESUMO

Nas escolas brasileiras não há uma reflexão sobre as relações étnicas e preconceito e somando-se a este fato, o preconceito racial e a exclusão social constituem-se em graves problemas existente nos dias atuais, que acabam gerando, por conseguinte, a violência. Este texto objetiva incentivar a compreensão sobre o preconceito a discriminação racial e a exclusão na escola, a fim de despertar a capacidade criativa diante de questões relacionadas ao preconceito, exclusão social e educacional, tendo como referencial a Questão dos Moços Pardos, ocorrida no Brasil do século XVII. Apresenta também a possibilidade de promover o debate entre os professores sobre os conceitos de discriminação racial, preconceito e exclusão a fim de desconstruir os pré-conceitos e destacar a participação histórica e efetiva da marginalização sofrida desde a questão dos Moços Pardos vividas no século XVII, e fazer um paralelo entre o preconceito e a exclusão social vivida nos dias de hoje. PALAVRAS-CHAVE: Preconceito; Exclusão; Moços Pardos.

INTRODUÇÃO

O número de escolas brasileiras onde não há uma reflexão sobre as relações

étnicas e preconceito no planejamento escolar é elevado e somando-se a este fato,

o preconceito racial e a exclusão social constituem-se em graves problemas

existente nos dias atuais.

A escola, portanto, faz parte de um contexto social múltiplo que envolve

diferentes realidades e estas são alvos de comparações, desigualdades e

preconceitos, o que proporciona, entre outros problemas, dificuldades na geração de

relações interpessoais respeitáveis e igualitárias.

Se durante vários séculos a escola não precisou explicar a razão de ensinar

as hierarquias e desigualdades, atualmente fazem-se necessários estas reflexões,

de forma a explicitar e debater os assuntos refrentes ao preconceito e exclusão

social no contexto escolar.

Deve-se compreender que a escola, como instituição social, é responsável

pelo processo de socialização dos sujeitos que a ela recorrem e que a mesma

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deveria desempenhar o papel de preparar futuros cidadãos para conviver com a

diversidade, lutando contra todo tipo de preconceito e exclusão social.

Porém, ao mesmo tempo em que o ambiente escolar é visto como uma via

de acesso à cidadania e à capacidade crítica e local de reflexões e de formação

cidadã, as discriminações ocorridas no interior da mesma contradizem estas

afirmações.

Com relação à realidade brasileira, Itani:

A escola sempre foi considerada uma instituição de seleção e diferenciação social [...] e é fato que não se pode negar a seletividade que está presente na prática institucional escolar e, por vezes, de caráter elitista. A vivência do preconceito pode ser anotada pela prática da diferença, que é muito presente no cotidiano brasileiro (ITANI apud AQUINO, 1998, p.120).

Infelizmente perpetua-se a tradição seletiva imposta pela cultura dominante

que, inserida nesse contexto de relações socioculturais desiguais, tem produzido a

exclusão dos grupos cujos padrões étnico-culturais não correspondem aos padrões

estabelecidos pelas classes dominantes.

Boris Fausto (2012) reitera que a sociedade brasileira foi formada,

principalmente, por portugueses, índios e negros de origem africana, o que

favoreceu o intercurso dessas culturas, que proporcionou a construção de um país

inegavelmente multiétnico. A consequência disso é o preconceito racial e também a

exclusão social. Estes se constituem em graves problemas existentes nos dias

atuais e estão presentes em toda a sociedade e de um modo geral e infelizmente,

o espaço educativo não está ausente desse processo. Kabengele Munanga afirma

que

num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico. (KABENGELE MUNANGA, 2004, p. 52).

Assim, entende-se que é de extrema importância trabalhar os temas que

constituem tais questões, propiciando a oportunidade de se fazer uma releitura das

questões referentes ao preconceito e exclusão social.

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Deste modo, para se promover a educação ética, torna-se necessário

enfatizar o respeito e o convívio harmônico com a diversidade, propiciando

condições para que o indivíduo desenvolva sua capacidade dialógica. Assim, a

escola pode e deve ser espaço onde possa acontecer a formação ampla do aluno,

onde se aprimore seu processo de humanização e melhore suas habilidades que

fazem de cada um de nós indivíduos que respeitam e valorizam as diferenças.

No DCE encontramos o seguinte sobre a necessidade de abordar este

assunto na escola:

A escola precisa trabalhar com isso? Sim, é essa a tarefa da escola, sobretudo porque as questões de gênero e diversidade sexual já estão presentes no universo escolar e na maior parte das vezes vem sendo abordada com preconceitos e produzindo ainda mais sofrimento, violência e exclusão (BRASIL, 2006).

Como outros documentos norteiam a educação e referem-se a estas

questões, como por exemplo, a Constituição Federal Brasileira de 1988, no seu

artigo 3°, inciso IV trata sobre o preconceito em relação à origem, raça, sexo, idade

e qualquer outra forma de discriminação, considerando "todos iguais perante a Lei

sem distinção" e em seu inciso XLI, fala que a lei punirá "qualquer tipo de

discriminação". Já o artigo 206 determina a "igualdade de condições para o acesso

e permanência na escola" (BRASIL, 1988).

A Constituição do Estado do Paraná nos seus artigos 177º e 178º reforça a

Constituição Federal ao defender o direito a Educação para todos, como dever do

Estado e da família e deixa claro que todos tenham acesso e permanência na

escola, sendo vedada qualquer forma de discriminação e preconceito (PARANÁ,

2006).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a escola é,

ou deveria ser, um espaço privilegiado para a promoção da igualdade e a eliminação

de toda forma de preconceito, discriminação e exclusão social, por possibilitar em

seu espaço físico a convivência de pessoas com diferentes origens étnico-raciais,

culturais e religiosas. Sendo assim a escola precisa realmente conhecer quem são

seus alunos para poder respeitar e trabalhar essas diversidades (BRASIL, 1997).

O acesso ao conhecimento, às relações sociais culturais que contribuam para

o desenvolvimento do aluno como sujeito sócio-cultural e na sua vivência social é

sem dúvida objetivo de todos.

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Juntos, escola e educadores podem e devem desenvolver propostas e

iniciativas que visem à superação do preconceito e da discriminação dentro dos

princípios éticos de igualdade, dignidade, justiça e respeito mútuo às diferenças.

Sem uma reflexão crítica, o individuo pode tornar-se apenas um repetidor de

pensamentos estereotipados que têm como consequência o preconceito racial e a

exclusão social.

A reflexão sobre este tema tem a função social a que se destina, ou seja, a

razão de ser a escola até os dias de hoje meramente burguesa, caracterizada pela

dominação de uma minoria interessada em explorar as classes menos favorecidas,

entre elas, os negros e as pessoas com deficiência.

Este trabalho buscou melhorar a compreensão sobre o preconceito e a

discriminação racial e a exclusão nas escolas, despertando a capacidade criativa

diante de questões relacionadas ao preconceito e exclusão social e educacional dos

negros tendo como referencial a Questão dos Moços Pardos ocorrida no Brasil do

século XVII, levando a Escola a debater os conceitos de raça, etnia, preconceito e

exclusão a fim de desconstruir os pré-conceitos e destacar a participação histórica

dos negros na inclusão escolar.

Este trabalho procurou integrar a problematização às práticas pedagógicas

e, através das diversas atividades propostas, informando, refletindo e

conscientizando os professores, equipe e gestor para a situação da exclusão

social e preconceito racial que permeia o ambiente escolar e a sociedade atual

como um todo.

Contudo, este trabalho não teve a pretensão de buscar ou encontrar

soluções fáceis com fórmulas prontas e acabadas para erradicar o problema, mas,

possibilitar os momentos de discussão, com intuito de gerar novas discussões a

respeito de problemas antigos, ressaltando-os, fazendo-os visíveis, trazendo-os à

luz, acabando de vez com a hipocrisia do politicamente correto.

Com a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica criaram-se

novas possibilidades de enfrentamento, principalmente por sua intencionalidade

histórica e social e intervenção na realidade escolar, que buscou retomar as

discussões sobre as relações humanas na sociedade.

Antonio Gramsci em “Concepção Dialética da História”, alerta para a

importância de se conhecer o movimento de formação das relações sociais.

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Estas relações, contudo, como vimos, não são simples. Enquanto algumas delas são necessárias, outras são voluntárias. Além disso, ter consciência mais ou menos profunda delas (isto é, conhecer mais ou menos o modo pelo o qual elas podem se modificar) já as modifica. As próprias relações necessárias, na medida em que são conhecidas em sua necessidade, mudam de aspecto e de importância. Neste sentido, o conhecimento é poder. Mas o problema é complexo, ainda por outro aspecto: não é suficiente conhecer o conjunto das relações enquanto existem em um dado momento como um dado sistema, mas importa conhecê-los geneticamente, em seu movimento de formação, já que todo indivíduo é não somente a síntese das relações existentes, mas também da história destas relações, isto é, o resumo de todo o passado (GRAMSCI, 1995, p. 40).

Assim, de acordo com o autor, para se compreender melhor as questões

relativas ao preconceito e exclusão e entender o conjunto das relações humanas

estabelecidas em nossa sociedade, deve-se não só conhecê-las, mas saber de

onde vieram e em que momento histórico ocorreu, ou seja, conhecer o seu

momento de formação.

Utilizou-se este fato histórico específico, no caso, exclusão dos Moços

Pardos, no século XVII, como fato histórico para embasar as discussões com

relação ao preconceito e exclusão trazendo-as para o interior da escola.

Com o intuito de atingir os objetivos específicos que nortearam o Projeto, foi

necessário traçar um paralelo com a questão da exclusão da pessoa com

necessidades especiais. Esta necessidade foi decorrente do contexto onde o mesmo

foi desenvolvido buscando promover debates e reflexões, possibilitando maior

apreensão dos conhecimentos, pretendendo assim, desenvolver uma tomada de

atitude proativa contra o preconceito e exclusão que envolve a nossa comunidade

escolar.

Pena e Birchal reiteram dizendo:

Sabemos que a atitude proativa contra o preconceito, seja uma batalha difícil, precisamos nos municiar com conhecimentos teóricos, epistemológicos e políticos que possibilitem uma indignação efetiva contra a manutenção do preconceito e das atitudes discriminatórias. É importante ressaltar que o conhecimento científico, ainda é uma arma muito eficiente, embora, não fundamente por si só os valores individuais e coletivos, “ele é capaz de afastar erros e preconceitos, desempenhando assim um papel libertador no exercício das escolhas morais” (PENA & BIRCHAL, 2006, p.17).

Assim, a mudança social advinda com o conhecimento, deve passar pela

formação do profissional da educação, de modo que possa contribuir para uma

educação de "antipreconceito" que, além de sensibilizar as pessoas para as

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múltiplas realidades e perspectivas, também as instrumentalize com uma moldura

crítica que as ajude a compreender as causas históricas, econômicas, sociológicas

e psicológicas que albergam o preconceito em geral.

O estudo desse assunto tem a função social a que se destina, ou seja, a

razão de ser a escola até os dias de hoje meramente burguesa, caracterizada pela

dominação de uma minoria dominante interessada em explorar as classes menos

favorecidas, entre elas, os negros e outras classes menos favorecidas e excluídas

socialmente.

UM BREVE HISTÓRICO DA SITUAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL

DO BRASIL NO SÉCULO XVII.

O governo geral foi instituído no Brasil por D. João III (1502-1557) para apoiar

o regime, em crise, das capitanias hereditárias, com o objetivo de centralizar o poder

organizar a administração colonial.

A sociedade colonial era então organizada com uma economia agrária,

latifundiária e escravista. Agrária, pela extensão territorial e clima tropical, permitindo

produção alimentícia de interesse europeu; latifundiária, pela extensão de terras,

lucratividade e com características escravistas:

(…) não apenas porque faltava na metrópole mão de obra disponível a um salário que fosse conveniente ao anseio de lucro dos proprietários e disposta a enfrentar um ambiente hostil, mas principalmente porque o negro africano já constituía mercadoria extremamente lucrativa no comércio das potências européias. (XAVIER, 1994, p.30).

Sodré (1996, p.12) afirma que o "processo dito de 'colonização' alinha

numerosos aspectos predatórios, na sua exigência elementar de produzir em grande

escala". Colonizar também era impor uma ideologia e, portanto "colonizar" o

pensamento.

Nossa sociedade apresentava-se desde sua origem, como uma sociedade

concentradora de propriedade, riqueza, poder e prestígio social com uma política

econômica que não se preocupava com a autonomia nacional, mantendo uma

vinculação com o sistema econômico, político e social do mundo capitalista e que

não tinha como objetivo ajustar democraticamente as diferenças. Somamos a isso o

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trabalho compulsório, no caso do Brasil, a servidão. Os trabalhadores livres

eram inexpressivos do ponto de vista econômico, político, social e, portanto,

submissos aos poderosos senhores de terra e de escravos.

Estes senhores responsáveis pela administração da colônia eram também

membros das câmaras e órgãos municipais, logo, co-responsáveis pelos atos que

definiam a colonização e a dinâmica da nova terra. A sociedade brasileira

enriqueceu não apenas a elite colonial, mas também a européia, fortaleceu o

capitalismo nacional e internacional cumprindo a sua “tarefa histórica”, afirma Xavier

(1994).

Enquanto a colônia se consolidava e o capitalismo ganhava novas

características na vida social e econômica do Brasil, na colônia havia dois grupos

marginalizados: o dos escravos cativos e o grupo dos indígenas subjugados. O

negro, na condição de escravo, foi fundamental para concretizar esta tarefa.

O ENSINO NO BRASIL DO SÉC. XVII

De acordo com leituras, a educação muda e sofre mudanças ao longo do

tempo, mas não consegue atender a todos igualmente. Ao olharmos para a história

da educação no mundo e no Brasil, podemos afirmar que ela pode ser instrumento

tanto de inclusão quanto de exclusão social.

Para Lopes (2001 apud MUNANGA, 2005, p. 189):

A escola, como parte integrante dessa sociedade que se sabe preconceituosa e discriminadora, mas que reconhece que é hora de mudar, está comprometida com a necessidade de mudança e precisa ser um espaço de aprendizagem onde as transformações devem começar a ocorrer de modo planejado e realizado coletivamente por todos os envolvidos, de modo consciente. [...] a educação escolar deve ajudar professor e alunos a compreenderem que a diferença entre pessoas, povos e nações é saudável e enriquecedora; que é preciso valorizá-las para garantir a democracia que, entre outros, significa respeito pelas pessoas e nações tais como são com suas características próprias e individualizadoras; que buscar soluções e fazê-las vigorar é uma questão de direitos humanos e cidadania.

No Brasil colonial no século XVII, as primeiras escolas estavam a cargo de

missionários católicos, sobretudo os jesuítas, que reuniam os filhos dos colonos e

dos índios. A educação escolar jesuítica promoveu objetivos antagônicos ao separar

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os catequizados e os instruídos. Aos filhos dos índios, cabia catequizar e pacificar,

tornando-os dóceis para o trabalho; aos filhos dos colonos cabia instruir, ou seja,

ensinar a ler e escrever.

A educação escolar brasileira do século XVII, sob o monopólio dos

jesuítas desprezavam a revolução intelectual e científica. Havia uma ampla rejeição

do ensino das ciências físicas e naturais, assim como a técnica e as artes. Visava

instituir uma formação humanística e intelectual, centrada no latim, nos clássicos e

na religião. Essa educação escolar interessava apenas a uma minoria da classe

dirigente, somente para adquirir erudição e estavam excluídos da educação as

mulheres, os negros e os índios. Tomé de Souza, primeiro governador geral do

Brasil, veio para cumprir seu mandato, em 1549 e, com ele, vieram os jesuítas com

missão específica de catequizar e instruir os indígenas que se tornariam mais

dóceis para aceitar o trabalho exigido pelos colonizadores e concentraram-se

especialmente na catequização indígena e na constituição de uma estrutura

educacional organizada e capaz de formar moral e religiosamente seus

educandos.

A FASE JESUÍTICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 1549 - 1759

A escola surge no momento em que a sociedade se torna mais complexa,

quando a produção dos bens ultrapassa a necessidade da sociedade, passando a

gerar excedentes e a divisão social do trabalho tende a acentuar as diferenças

sociais e passa a ser instrumento de transmissão do saber acumulado e um

privilégio de uma minoria rica.

Dentre as diretrizes impostas por D. João III, é referente à conversão dos

indígenas à fé católica através da instrução, ou seja, a organização escolar do Brasil

está diretamente ligada à colonização portuguesa. Neste contexto a educação

escolarizada só deveria interessar à pequena nobreza e seus descendentes. Os

documentos da época dizem que todos deveriam receber escolarização e por isso

foi elaborado um plano de estudo do diversificado que contemplasse o português, a

doutrina cristã, escola de ler e escrever e eram opcionais o estudo de canto

orfeônico e música instrumental e até mesmo podendo ter aprendizado agrícola e

aula de gramática, e era visivelmente baseado em elementos da cultura portuguesa.

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Com isso fica impossível a educação do indígena, pois este não se

interessava em tornar-se futuro sacerdote de modo que passaram então a focar

nos filhos dos colonos. tornando-se assim instrumento de formação da elite colonial

esta era preparada para o trabalho intelectual tendo como base o modelo religioso

(católico) mesmo que não chagasse ao sacerdócio. O importante era conquistar

as consciências, caracterizando um ensino baseado na alienação.

A Companhia de Jesus tornou-se dominante na área da escolarização e

não eram poucos os que a procuravam, não com intuito de se formar para o

sacerdócio, mas como única via de preparo intelectual.

Xavier (1994) analisa o ensino desenvolvido pelos jesuítas, o qual, longe de

ser alienado ou acrítico, tinha proposta bem definida que era partilhar com a colônia

o tesouro da cultura universal, cristã, católica direcionada a todos os que se

dedicavam ao cultivo da terra e do espírito e à salvação eterna.

O modelo jesuítico para o ensino era baseado no Ratio Studiorum, um

conjunto de normas elaboradas com a finalidade de ordenar as atividades, funções

e os métodos de avaliação nas escolas jesuítas (ARNAUT DE TOLEDO, 2000). A

complementação dos estudos deveria ser feita na metrópole (Universidade de

Coimbra), privilegiando assim o trabalho intelectual em detrimento do trabalho

manual, dando a impressão que o letrado era mais civilizado.

O plano educacional dos jesuítas, elaborado pelo líder da Companhia,

Padre Manoel da Nóbrega tinha como objetivo instruir e catequizar os índios,

mas na realidade priorizava-se a catequese, ou seja, a conversão dos índios à fé

católica, reservando a instrução para os filhos dos colonizadores e para a formação

do clero. Para tal empreitada os jesuítas recebiam subsídios de Portugal e teriam

por obrigação jurídica formar gratuitamente os sacerdotes para a catequese. Os

filhos de colonos brancos dos povoados foram incluídos no Plano Educacional, uma

vez que naquele período, os jesuítas eram os únicos educadores de profissão que

contavam com apoio real na colônia (RIBEIRO, 2003).

Serafim Leite faz os seguintes comentários sobre os colégios da Companhia:

Nos colégios, além de pública, a instrução era gratuita, diferentemente dos seminários, onde continuava a ser gratuita, mas era particular, destinada apenas àqueles que se dedicavam à carreira eclesiástica. Freqüentavam os colégios os filhos de funcionários da administração portuguesa, de senhores de engenho, de criadores de gado, de oficiais mecânicos e, no século XVII, de mineiros (LEITE, 2000, p.45).

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Xavier (1994) analisa o ensino desenvolvido pelos jesuítas, o qual, longe de

ser alienado ou acrítico, tinha proposta bem definida que era partilhar com a

colônia o tesouro da cultura universal, cristã, católica direcionada a todos os que se

dedicavam ao cultivo da terra e do espírito e à salvação eterna.

Outras ações não sistemáticas, proporcionadas pelo processo de aculturação

também podem ter oferecido para os escravos alguma possibilidade de “instrução”

dentro da norma jesuítica. A Companhia de Jesus, por intermédio dos jesuítas, foi

responsável pela instrução pública interrompida com a expulsão da ordem religiosa

em 1759. No apogeu dos estudos, o Colégio da Bahia, ainda que sem a

classificação de Universidade, praticamente era assim considerado, contando com

quatro Faculdades superiores, com graus acadêmicos e festas escolares brilhantes.

Busca-se, então, através deste, retratar um acontecimento ocorrido nas escolas

superiores dos jesuítas em pleno século XVII e que, de certa maneira, torna-se atual

quando refletimos sobre a discussão que se realiza na sociedade brasileira hoje

sobre preconceito e exclusão na escola.

A QUESTÃO DOS MOÇOS PARDOS

Segundo Serafim Leite, em “História da Companhia de Jesus”, a frequência a

escola era estendida à toda sociedade mas com relação aos moços pardos e

mulatos, no final do século XVII, acabou acontecendo um conflito social no Brasil,

mais exatamente no Colégio da Companhia de Jesus da Bahia. .

As escolas superiores eram abertas a todos, mas em 1680 os pardos foram

proibidos de frequentar as escolas superiores, alegando-se sua falta de

perseverança e seus maus costumes e justificou-se salientando que os moços

pardos viviam em rixas com os moços brancos e por este motivo os moços brancos

não queriam conviver com eles; não sendo admitidos ao sacerdócio, e tendo

cursado letras, não se adaptavam aos ofícios úteis e transformavam-se em vadios

(LEITE, 2000).

Deste modo, Leite reitera que:

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No ano de 1688, o Colégio dos jesuítas em Salvador recusou a admissão de moços pardos por considerarem-nos demasiado irrequietos e numerosos. Como nas Universidades de Coimbra e Évora todos pudessem cursar, os moços pardos recorreram ao rei e, a 9 de fevereiro de 1689, D. Pedro II, em carta datada de Lisboa, mandou admitir os moços pardos por se tratar de uma escola pública, mantida pela Coroa. (LEITE, 1993, p.291).

E apresenta a sua explicação para o termo “pardo e mulato”.

Os moços pardos e mulatos eram provenientes de sangue africano; não se trata diretamente de mamelucos, isto é, de sangue americano (índio). E ainda que a expressão mestiços (mixti sanguinis) se pode aplicar também a estes, e se aplicou às vezes, em todo o caso, o presente fato era com “pardos” e “mulatos”, nomes expressamente citados na sua forma portuguesa (LEITE, 1945, P.76).

Iniciou-se assim uma disputa entre o Estado e a Companhia de Jesus. O

Estado dizia que os colégios eram públicos porque sua atividade era subsidiada

pelo Estado e, portanto, não podiam impedir admissão de candidatos de qualquer

categoria social.

A Companhia, por seu lado, dizia que a subvenção do Estado era destinada à

conversão dos indígenas e seus colégios (principalmente os cursos de

humanidades e os superiores) eram atividades adicionais, particulares. E sendo

particulares, podiam escolher seus destinatários como lhes aprouvessem.

Até então os moços pardos e mulatos frequentaram sempre as escolas

públicas. Públicas quer dizer as da Companhia, pois não havia outras com esse

caráter, quando no tempo do Provincial P. Antonio de Oliveira, natural da Bahia

(1681-1684), foram excluídos das escolas desta cidade. Os excluídos apelaram

para El Rei e para o Provincial Geral e ambos responderam com documentos que

honram os dois governos, o de Portugal e o da Companhia de Jesus (LEITE, 1945,

p. 75).

Esta exclusão ocorreu na Bahia, mas houve apelação para El Rei e para a

Província Geral e ambos responderam com documentos demonstrando a posição

dos dois governos, o de Portugal e o da Companhia de Jesus.

Vários mestiços lhe escreveram que, embora tivessem cursado as Escolas,

foram recusados desde o tempo em que o P. Oliveira passou a governar na

Província. Os interessados protestaram, alegando que nas escolas oficiais

superiores da metrópole, tanto a de Coimbra quanto a de Évora, eram eles

admitidos, sem que servisse de impedimento para isso "a cor de pardos". Além do

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mais, a escola dos Jesuítas em Salvador era pública e, assim, dela não podiam ser

excluídos a pretexto da cor.

De acordo com Leite (2000), o espírito e a norma da Companhia consistiam

em não fazer discriminação e aceitar os moços pardos nas suas escolas de Évora e

Coimbra e também nas do Brasil, até então e a Coroa Portuguesa sempre se

manifestou contrária a qualquer comportamento discriminatório para com os de

raça negra ou mestiços. O acidente da cor, como designavam os portugueses às

pessoas não brancas, não era motivo bastante para a discriminação de qualquer

espécie. E o fato ficou incluído nas “Ordinationes do Brasil”, a carta do P. Geral

de 07 de fevereiro de 1688, em que se estranhava não serem admitidos até “aos

graus superiores” os homens de cor, supõe que essa ficou sendo a lei geral, tendo-

se em conta não a cor, senão a idoneidade moral do estudante. Este problema foi

resolvido de forma pacífica segundo Leite (2000). Porém, o preconceito racial

continuou, porém, presente não só entre os jesuítas, mas em toda a Colônia.

METODOLOGIA

Este trabalho constituiu-se primeiramente na elaboração de um Projeto de

Intervenção Pedagógica que foi implementado na Escola de Educação Básica

"Teófilo Cecílio Dib" - Modalidade de Educação Especial - APAE - Ibaiti – Paraná

sob orientação da Professora Orientadora da IES - Instituição de Educação Superior:

Prof. Me. Silvia Borba Zandoná Cadenassi.

Este projeto faz parte das atividades do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) 2013/2014, como parte integrante do Plano Integrado de

Formação Continuada, da SEED-PR (Secretaria de Estado da Educação - Estado do

Paraná), que objetiva, através de atividades teóricas-práticas, obter como resultado

a produção de conhecimentos e mudanças qualitativas na prática escolar da escola

pública paranaense.

A Escola de Educação Básica Teófilo Cecílio Dib - Modalidade de Educação

Especial - APAE - Ibaiti – PR, recebe aproximadamente 130 alunos, divididos nos

períodos matutino e vespertino e que são provenientes do meio rural e urbano e

dentre estes alunos, há um número significativo de negros e afrodescendentes.

Conta ainda com 47 funcionários, entre professores, funcionários e atendentes.

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O encaminhamento para a implementação do grupo de estudos seguiu a

Instrução nº 009/2006 da Superintendência da Educação do Estado do Paraná

(PARANÁ, 2006), que dispõe sobre a necessidade de aperfeiçoamento contínuo do

profissional e atualização curricular e da necessidade de oportunizar a

descentralização das atividades de formação continuada, organizando assim, os

Grupos de Estudos.

A outra etapa de implementação deu-se com a participação da Tutoria do

Grupo de Trabalho em Rede, ou GTR.

O Grupo de Trabalho em Rede - GTR é uma das atividades obrigatórias do

PDE previstas no Plano Integrado de Formação Continuada do Programa, cujo

objetivo é a socialização das produções do Professor PDE por intermédio da

interação destes, com os demais professores da Rede Estadual de Ensino e

promover o aprofundamento teórico acerca do tema.

Durante o GTR e no Grupo de Estudos houve o estudo da Produção Didático-

pedagógica, elaborado enquanto estratégia metodológica do Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola. Este estudo buscou analisar, discutir, principalmente a

relevância do tema no meio escolar, possibilitando a troca de ideias e dos

fundamentos teóricos e metodológicos para a fundamentação do Artigo Final.

Estes estudos foram organizados de modo a oportunizar a discussão teórica

dirigida no coletivo, através do estudo de textos que objetivaram promover o debate

entre os professores sobre os conceitos de preconceito racial e exclusão social a fim

de desconstruir os pré-conceitos e redefinir ações futuras, no sentido de combater

estas questões. Além disso, visou também destacar o preconceito e a exclusão

social no episódio da “Questão dos Moços Pardos no século XVII”, fazendo um

paralelo entre o preconceito e a exclusão social nos dias atuais, relacionando-os ao

contexto educacional. Durante o desenvolvimento da implementação pude observar

primeiramente, que são muitas as dificuldades em conciliar atividade extraclasse

com o tempo que o professor dispõe para as mesmas. Os profissionais da educação

buscam constantemente o aperfeiçoamento e a formação profissional, no entanto, a

jornada desgastante torna difícil o trabalho com os mesmos após o horário de

trabalho, de modo que o tempo para o desenvolvimento das atividades ficou restrito.

Resultados e Discussões

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Mesmo com o problema de tempo, as questões pertinentes ao tema aplicadas

aos professores tanto do Grupo de Estudos como os do Grupo de Trabalho em

Rede (GTR), foram respondidas a contento e durante a explanação dos textos e dos

questionamentos desenvolvidos observou-se que, em alguns casos, por mais que o

professor consiga identificar ações preconceituosas no seu meio e na sociedade,

fica evidente o desconhecimento das definições dos termos como preconceito e

exclusão propriamente ditos.

No GTR, os professores contribuíram elaborando sugestões ou indicando

textos que complementaram o texto da Produção Didático-pedagógica, assim como

também propuseram novos encaminhamentos pedagógicos a partir do tema

exposto. Propuseram alternativas para superar os obstáculos e superar as

fragilidades identificadas no processo de implementação e justificaram a pertinência

dos itens escolhidos fazendo novas proposições que colaboraram para o Artigo

Final.

Durante as discussões os educadores deixaram claro que há a influência

direta do grupo social nas ações de um indivíduo e que determinadas situações

levam o mesmo a agir de forma irracional e preconceituosa, mesmo que estes

conceitos não façam parte de sua formação pessoal. Observou-se com os debates

em ambos os cursos que, traçando um paralelo entre o preconceito racial e o

panorama histórico da educação especial, que há muitos pontos em comum e que a

segregação é consequência de ambos. Citaram também a questão da influência

negativa e positiva das mídias para que o preconceito seja compartilhado. Assim, o

preconceito coexiste também em virtude das relações estabelecidas no meio escolar

por meio da evasão escolar, a reprovação, o currículo que se torna muitas vezes

exclui o indivíduo. Observou-se que a escola é considerada um lugar importante

para o desenvolvimento da reflexão e consciência crítica e que cabe à mesma

administrar meios de combater a visão naturalizada e banalizada do preconceito,

demonstrando os prejuízos que o mesmo produz no cotidiano escolar e na vida

daqueles que dele fazem parte.

O problema do preconceito racial tem chamado a atenção de diversos níveis

da sociedade e no que tange ao meio escolar, pode-se compreender que é também

um ambiente recebe uma diversidade muito grande.

Tratar deste tema aprofundando o conhecimento com um viés pedagógico e

uma compreensão crítica e histórica, contribuiu como respaldo no trato dessas

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questões na escola e movimentou o pensamento reflexivo pertinente e provocativo

sobre a identidade que a escola contextualiza no que diz respeito à discriminação e

ao preconceito.

No nosso ambiente escolar prima-se muito pela socialização dos indivíduos

como uma possibilidade de inserção social a fim de desconstruir situações de

preconceito e exclusão, pois se entende que o ser humano enquanto ser social

busca o seu espaço e pertencimento, sujeitando-se às regras de um determinado

grupo social. Esta socialização é um processo que implica interação social, entre o

individuo que está a ser socializado e a sociedade que o envolve e através dela o

individuo se torna um ser social, pensante, atuante, pois assimila a cultura, as

normas, os comportamentos e as condutas do grupo social em que está inserido,

como transmissores dos princípios éticos e morais que permeiam a sociedade,

tornando-se um cidadão. Desse modo, a socialização é fundamental para que se

quebrem os preconceitos e para que a escola passe a ser vista como uma instituição

fundamental no processo de desenvolvimento social de um indivíduo junto à sua

comunidade, favorecendo o reconhecimento de si e do outro, prevenindo e até

mesmo combatendo situações de preconceito e exclusão social.

Com relação às ações necessárias para o combate ao preconceito e exclusão

no ambiente escolar, os professores propuseram trabalho de intervenção do

professor para por fim a esta realidade por meio de projetos de conscientização para

por fim aos estereótipos, estimulando o respeito à diversidade, formando cidadãos

preocupados como o outro; valorizando o respeito às diferenças e reconhecendo o

caráter histórico e a importância do negro na sociedade.

Considerações finais

Situações de exclusão e preconceito no contexto educacional, assim como o

incidente de 1686, acabam se repetindo diversas vezes no Brasil. Os conteúdos

culturais e a organização social que foram embutidos no Período Colonial

estabeleceram a predominância de uma minoria, de donos de terra e senhores de

engenho, sobre uma massa de dependentes e escravos. Este pensamento burguês

tornou-se parte da sociedade brasileira, sendo relegado a todas as classes sociais,

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que refletiram nos sistemas de ensino no Brasil marcados pelo preconceito e pela

exclusão de alguns grupos.

A escola mais do que ensinar conteúdos específicos e possibilitar o acesso ao

conhecimento científico, deve ensinar o aluno a conviver com as diferenças, a se

socializar e a encontrar-se em grupo e a fazer parte da história.

Cabe à escola não só o papel de transmissor de conhecimentos científicos ou

como espaço responsável somente pela transmissão de técnicas, condutas,

conhecimentos, mas também pela formação de indivíduos capazes de corrigir e

aperfeiçoar o que está em poder da sociedade, como também sua participação na

formação da identidade individual e de cidadania do aluno. Portanto, a escola tem

papel fundamental na formação intelectual, mas principalmente da formação social.

Ao professor fica a tarefa de buscar conhecimentos e formação para que

possa ter subsídios para enfrentar situações de preconceito na escola, mas antes de

tudo, fica o papel de educar seus alunos no sentido de que os mesmos desenvolvam

o respeito às diferenças, combatendo as discriminações de qualquer natureza. Esta

é a condição fundamental para caminhar na direção de uma sociedade

verdadeiramente democrática, na qual a diversidade possa ser defendida e

valorizada.

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