os desafios da escola pÚblica paranaense na … · condições didáticas potencialmente capazes...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃODIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
MARCIA DA LUZ LEAL
NARRATIVAS DA FRONTEIRA: A INFLUÊNCIA SOCIOCULTURAL NA
PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.
FOZ DO IGUAÇU
2013
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃODIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
MARCIA DA LUZ LEAL
NARRATIVAS DA FRONTEIRA: A INFLUÊNCIA SOCIOCULTURAL NA
PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.
Produção Didático - Pedagógica apresentadaao Programa de DesenvolvimentoEducacional – PDE, como estratégia de açãoprevista no Projeto de IntervençãoPedagógica na Escola.
Orientadora: Profª Ms. Adriane Elisa Glasser
FOZ DO IGUAÇU2013
SUMÁRIO
1 FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA 42 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 53 MATERIAL DIDÁTICO .................................................................................... 7
3.1 REVISÃO TEÓRICA.................................................................................. 7MÓDULO I - NARRATIVAS: OS FATOS QUE FAZEM O MUNDO.................... 11MÓDULO II - AS NARRATIVAS E SUAS CARACTERÍSTICAS......................... 15MÓDULO III - PRODUÇÃO DE NARRATIVAS DA FRONTEIRA............................... 19REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 21
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1 FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: NARRATIVAS DA FRONTEIRA: A INFLUÊNCIA SOCIOCULTURAL NA
PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.
Autor Marcia da Luz LealDisciplina/Área (ingresso noPDE)
Língua Portuguesa
Escola de Implementaçãodo Projeto e sua localização
Colégio Estadual Dom Manoel Konner
Município da escola Santa Terezinha de ItaipuNúcleo Regional deEducação
Foz do Iguaçu
Professor Orientador Profª Ms. Adriane Elisa GlasserInstituição de EnsinoSuperior
UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu
Relação Interdisciplinar Resumo Esta unidade didática tem como tema as narrativas
enquanto representação dos fatos vivenciados pelosalunos que necessitam ser mediados pela escola comoelemento integrador dos alunos do ensino médio,tomando como objetivos específicos analisar o conceitoque os alunos possuem sobre a sua vivência nafronteira, investigar as vivências socioculturais dafronteira em forma de narrativas e identificar as marcas einfluências das relações sociais entre os estudantes queresidem na região de fronteira. As fontes teóricasabordam os conceitos de fronteira, de escrita e degêneros narrativos, embasando o trabalho para arealização de uma pesquisa-ação a partir de um planode intervenção onde os alunos serão preparados pararegistrar as suas vivências sociais em forma denarrativas de fronteira apresentando um livro digital comos resultados da pesquisa.
Palavras-chave (3 a 5palavras)
Comunicação. Sociedade. Ensino. Fronteira.
Formato do MaterialDidático
Unidade didática
Público Alvo 2º ano do Ensino Médio
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2 APRESENTAÇÃO
A proximidade geográfica com a fronteira entre o Brasil e o Paraguai é um
diferencial na comunicação dos jovens que se envolvem no trabalho de atravessar
mercadorias, muitas expressões são criadas e reproduzidas para propiciar uma
comunicação característica que pode representar um código de proteção entre eles
ou um sistema de comunicação que denuncie rebeldia no trabalho que representa a
contravenção. As formas de comunicação estão ligadas à vida sociocultural e por
isso caracterizam as funções comunicativas, cognitivas e institucionais em
detrimento à organização estrutural da língua (MARCUSCHI, 2002).
Para Koch (2000) a representação do mundo acontece pela linguagem, pois
por ela ocorre a transmissão e a reflexão sobre um contexto, a língua é elemento de
interação entre o indivíduo e seu meio social, isto explica as causas da comunicação
dos jovens envolvidos no trabalho de comercialização na fronteira ser realizada
através de um vocabulário específico que estabelece uma comunicação eficiente
entre eles, mas de difícil compreensão para pessoas que não estão habituadas ao
léxico criado por eles, formado, geralmente, por palavras usadas com sentido
conotativo ou impróprio.
A linguagem enquanto fato social é fundamental para a comunicação e a
socialização dos indivíduos, principalmente quando se trata de alunos do Ensino
Médio. No Ensino Médio a produção de textos narrativos como instrumento no
ensino de linguagem ganham características especiais que se fundamentam nas
vivências sociais dos educandos enquanto sujeitos em formação.
As narrativas são representações sociais do ser humano na tentativa de
perpetuar os seus mitos, sua visão de mundo, suas conquistas e sua história. Os
registros narrativos vencem o tempo e perpetuam os fatos e acontecimentos
(NEVES, 2003).
Uma vez que se decidiu construir o objeto de ensino à imagem esemelhança das práticas sociais de leitura e escrita, é necessário elucidarem que consistem essas práticas, é necessário examiná-las de perto, parapoder explicitar quais são os conteúdos envolvidos nelas e tentar definir ascondições didáticas potencialmente capazes de preservar o sentido(LERNER, 2002, p.59).
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Os educadores estabelecem uma comparação entre a linguagem falada e a
linguagem escrita, que em muitos momentos não permite fazer uma relação entre o
que aprendiz fala e o que ele escreve. Segundo Koch e Elias (2011) existe uma
dicotomia que estabelece diferenças entre a fala e a escrita de um mesmo aluno,
isto decorre da interferência do interlocutor no discurso, pois quem escreve para
alguém e com uma finalidade específica, na escola, a convenção é que o aluno
escreva para o professor corrigir, no entanto o professor ao realizar a correção
preocupa-se com os elementos coesivos, com a coerência e a morfossintaxe,
deixando de analisar o discurso narrativo do aluno enquanto resposta do sujeito
aprendente na elaboração da linguagem escrita.
Diante disso, esta produção didática apresenta sugestões para o
desenvolvimento de narrativas sociais, desenvolvendo técnicas que contribuam para
levar o aluno a produzir a partir de seu próprio conhecimento, pois isto o levará a
construir um aprendizado significativo.
Esta unidade didática apresenta três módulos direcionados à aprendizagem
da produção de narrativas. O primeiro módulo apresenta os propósitos da unidade e
direciona para uma reflexão sobre o assunto adotando uma visão crítica da
produção enquanto reflexo da vivência social.
O segundo módulo contribui para fundamentar a construção de narrativas
abordando a questão dos gêneros e estilos de narrativas, desenvolve técnicas de
construção de textos a partir da reflexão a respeito de temas sociais vivenciados
pelos alunos, para tanto toma como ponto de reflexão a apresentação de
documentários e filmes curtos. Aborda também o aspecto formal e informal da língua
refletindo a respeito do léxico comum de determinados grupos, como é caso dos
trabalhadores informais da fronteira.
O terceiro módulo desenvolve narrativas a partir da vivência social dos alunos
e apresenta os meios e técnicas para digitalização dos textos e produção de um livro
digital.
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3 MATERIAL DIDÁTICO
Esta unidade didática apresenta-se dividida em três módulos que
compreendem os conceitos que devem ser apresentados aos alunos e à
comunidade escolar, os gêneros narrativos a serem desenvolvidos e as técnicas de
produção narrativa que serão realizadas pelos alunos em suas construções sobre os
fatos da fronteira.
3.1 REVISÃO TEÓRICA
A concepção de fronteira indica que se trata de uma linha que marca os
confins de um Estado seguindo apenas as convenções. Existem fronteiras que são
delimitadas fisicamente a partir da construção de muros ou de cercas, porém nem
sempre isso acontece desta forma, por isso se afirma que as linhas divisórias são
convenções, pois o limite quando ultrapassado equivale a invadir o espaço vizinho
(MARTIN, 1997).
No entanto, acima do conceito a palavra fronteira é também uma marca de
soberania, pois isso implica em autoridade de governo sobre as suas terras, ou seja,
dentro dos seus limites. Geograficamente as fronteiras podem ser terrestres,
marítimas, fluviais, lacustres e mesmo aéreas, pois podem ser representadas por
mares, rios, lagos, etc. As fronteiras são vigiadas e monitoradas, principalmente em
locais onde imigrantes buscam entrar ilegalmente no país vizinho, ou ainda onde
possam ser comercializados produtos ilegais como drogas e contrabando. Da
mesma forma existem fronteiras naturais constituidas por obstáculos geográficos da
própria natureza especialmente rios e montanhas (BACHELARD, 1995).
Entretanto, algumas considerações são postas na definição de fronteira que
aferem significados subjetivos e voltados para os aspectos sociais da fronteira,
embora alguns autores prefiram definir esse espaço como território de poder.
Considerando a fronteira um território especial, para este estudo, aconcepção de território é indicada por Saquet (2007), para quem este éproduzido, espaço-temporalmente, pelas relações de poder exercidas pordeterminados grupos ou classes sociais. Lopes de Souza (1995) reafirmaque o território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e apartir de relações de poder (SOUZA, 2011, p.167).
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Essas concepções espaciais e sociais imbricadas em conceitos difusos que
juntam fronteira e território dependendo da conotação dada e pelos sentidos que a
ela se referem.
Existem concepções de fronteira que são expressas a partir de visões
filosóficas, por isso são variáveis, mesmo assim podem ser considerados como
processos relativos construídos simbolicamente, são locais de mutação e de
subversão, regidos por princípios de relatividade, multiplicidade e reciprocidade,
onde os limites são ultrapassados tornando-se novas dimensões (ORTIZ, 1994)
Assim, a subjetividade e o tipo de relações estabelecidas entre os sujeitos são
determinantes para estabelecer conceitos tanto de fronteira quanto de território.
A territorialidade, decorrente do território, é a qualidade que o territórioganha de acordo com a utilização ou apreensão pelo ser humano, mas,além disso, conforme sugere Dematteis (2007), a territorialidade não ésomente resultado do comportamento humano sobre o território, mas oprocesso de construção de tais comportamentos, o conjunto das práticas edos conhecimentos dos homens em relação à realidade material, a somadas relações estabelecidas por um sujeito com o território (a exterioridade) ecom outros sujeitos (a alteridade) (SOUZA, 2011, p.169).
Percebe-se, desta forma, que o meio interfere na formação do homem e que
alguns conceitos vão se formando aleatoriamente dependendo da realidade vivida e
convivida pelos sujeitos em diferentes espaços. Neste contexto, a escrita de
narrativas que apresentam os fatos sociais da vivência do aluno são elementos
importantes da construção comunicativa do aluno.
A escrita, na concepção de Freire (1991) é também objeto do pensamento e
da vida. Entre os povos do terceiro mundo, a escrita e a leitura são um distintivo de
poder. Portanto, a criação de uma política de desenvolvimento de participação do
mundo da leitura e da escrita significa redimir as massas excluídas de 500 anos de
história. A leitura do mundo antecede a leitura das letras. No entanto, há que se
considerar que a escrita é tão importante na história, e que, para muitos, existe
história quando existe escrita (NEVES, 2003).
A escrita não é infalível, os conteúdos transmitidos, reproduzidos ouproduzidos pela escola são geralmente apresentados por meio de suportesescritos (impressos em livros, apostilas, folhetos etc., manuscritos ouvirtuais). Existe, indiscutivelmente, uma íntima relação entre o trabalhopedagógico e as práticas ou dinâmicas exclusivas do mundo da escrita. As
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demais linguagens – oral, imagética, sonora, etc. – sem dúvida também sãoacionadas nas múltiplas operacionalizações do processo ensino-aprendizagem; entretanto, considerando a infraestrutura pedagógica dagrande maioria das escolas brasileiras, essas linguagens são coadjuvantesà escrita e muito dificilmente colocam em risco a hegemonia nos contextosformais de escolarização (SILVA, 2009, p.25).
Para que a escrita se transforme numa prática intelectual é necessário que
seja mais que transcrição, registro ou marcas no papel. A escrita é uma conquista
social da humanidade que avança para outras formas de comunicação registrando a
memória e a autoria de todas as ideias. A escrita se apresenta como uma ferramenta
de representação humana na escola e na sociedade, sem a qual não se pode viver.
Somente quando o indivíduo se apropria da escrita ele consegue significar algo para
si e para o próximo traduzindo marcas que imprimem as verdades e o significado da
interação social (MARQUES, 1997).
O estudo dos gêneros narrativos deve considerar que a linguagem expressa o
pensamento, sendo assim, ela se apresenta como um instrumento de comunicação
quer atua na interação entre os indivíduos, esse processo corresponde ao uso de
três vertentes linguísticas: primeiramente, a tradicional gramática, em segundo lugar
a abordagem à estrutura da linguagem enquanto elemento de transformação e,
enfim a concretização dos enunciados sociais implícitos na comunicação de cada
indivíduo. A importância da linguagem reside na interpretação social dada pela
emissão comunicativa, pois somente quando o enunciado é reconhecido e
interpretado a comunicação estará completa (GERALDI, 1999).
A linguagem enquanto elemento de interação necessita fazer sentido para
que o seu significado esteja claro e facilmente identificável, porém isso depende da
definição do que se deseja comunicar e porque essa definição está implícita no
gênero textual lido ou produzido.
Marcuschi (2003) explica que gêneros textuais são fenômenos históricos que
estão vinculados à vida cultural e social. Seu contexto depende da intensidade do
trabalho coletivo, pois os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as
atividades do cotidiano. Desta forma, caracterizam-se como entidades sócio-
discursivas decorrentes das formas de ação social incontáveis em qualquer situação
comunicativa.
Neste contexto, os gêneros textuais aparecem como formas verbais orais e
escritas produzidas por meio de que resultam de enunciados sociais, tornando-se
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via de letramento dentro do ensino da língua, por isso , propõe-se que as atenções
dos educadores se voltem para os textos que surgem no contexto social, pois a
concepção de gênero que se pretende é a que serve ao contexto comunicativo e ao
percurso das relações sociais, refletindo os processos naturais aos quais a
comunicação se desenvolve (MACHADO, 1998).
. A multiplicidade de textos existentes no contexto social dos alunos é que deve
imperar na necessidade de se formar leitores e produtores de textos comunicativos
eficientes. Assim, deve-se criar espaço no ambiente de sala de aula que permita aos
alunos apreender a diversidade de textos existente, sem estar limitado ao livro
didático ou ao que o professor decide como instrumento pedagógico de ensino, é
preciso que os alunos leiam textos nos suportes em que foram publicados, pois são
os jornais, revistas, textos on line que contém a carga cultural construída
historicamente, e que servem como ferramenta essencial na socialização do aluno
(BRASIL, 1998).
O gênero textual dá forma à estrutura, transforma o comportamento dos
alunos promove a atividade e gera transformação. O gênero não se limita à
exploração, pois visa enriquecer as possibilidades, visto que se torna evidente que
por meio dessa produção se reproduzem as práticas sociais. Os gêneros aparecem
sempre ancorados em situação concreta, é necessária a compreensão do contexto
situacional para a plena compreensão e interpretação do texto (MARCUSCHI, 2003).
Para o desenvolvimento da escrita, deve-se considerar a escolha do gênero
adequado ao contexto, desenvolvendo informações claras do contexto para o qual a
produção do aluno deve ser dirigida. Ao se produzir na escola deve-se perceber que
o aluno possui um contexto próprio que não é padronizado, visto que cada aluno
possui sua subjetividade, assim a produção não deve ser desconectada dos modos
de circulação social do texto, pois cada texto tem uma finalidade social. Assim, é
necessário promover no ambiente escolar uma prática textual voltada para a
capacitação comunicativa dos alunos desenvolvendo a competência de produção
textual. Para Machado (1998) quando se planeja o trabalho dos gêneros textuais a
partir do contexto social do aluno o professor passa a ser o facilitador que orienta o
percurso discursivo textual.
Esta intervenção pedagógica será desenvolvida no Colégio Estadual Dom
Manoel Konner, em uma turma de 2º ano do Ensino Médio, e constará de oito ações
com duração prevista de 32 horas, distribuídas conforme a classificação a seguir:
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Atividade 1: As narrativas no processo de gestão e da prática pedagógica da
escola.
Público alvo: Professores, gestores e funcionários do Colégio Estadual D. Manoel
Konner.
Objetivo: Promover uma reflexão a respeito das justificativas que conduziram ao
desenvolvimento do projeto.
Tempo: 2 horas aula
A narração é um relato centrado num fato ou num acontecimento, nela sempre
haverá personagens e um narrador que relata a ação. As narrativas são textos
marcados pelo tempo, fato, ação, personagem, conflito e solução. A solução indica
uma mudança de situação para o personagem.
(ERNANI & NICOLA, 2002, p.37)
A produção de textos narrativos necessita ser planejada de forma a produzir
uma reflexão sobre o que se deseja narrar. Desta forma, o professor quando propõe
a construção de uma narrativa precisa deixar claro para o aluno que ao contar um
fato, um acontecimento, este deve ser realizado de maneira clara.
Assim, o uso da linguagem precisa superar as apresentações coloquiais e
tornar a narração objetiva e de fácil interpretação ou esta não terá validade. Todo
texto deve ser interpretado para atingir seu objetivo e, neste caso, as produções
precisam ser realizadas em linguagem clara e objetiva, utilizando um vocabulário
que permita a interpretação de quem lê.
A interpretação precisa ser planejada de forma que possa integrar o leitor ao
emissor da mensagem. Ao escrever uma narrativa é necessário fazê-la com a
certeza de que sua mensagem será decodificada por quem lê, pois existem
mensagens que não são explícitas e podem dificultar a interpretação porque o
código não está claro. Um exemplo disso é a interpretação de charges,
principalmente porque este tipo de texto alia a imagem à mensagem escrita para
MÓDULO I
NARRATIVAS: OS FATOS E ACONTECIMENTOS QUE
FAZEM O MUNDO!
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tornar explícita uma mensagem que nem sempre está clara para o leitor, pois exige
a interpretação do contexto. Vejamos:
Analise a charge:
Fonte: http://www.essaseoutras.xpg.com.br/ Acesso em 07.10.2013.
a) Quem são as personagens da charge?
b) Qual o conflito apresentado?
c) Escreva um parágrafo narrando o fato.
d) Apresente a solução para o conflito.
1. Faça uma narrativa da charge contando o acontecido para um jornal.
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Atividade 2: Apresentação do projeto de intervenção com os alunos do 2º ano do
Ensino Médio.
Objetivo: Compreender a importância das narrativas como representação das
vivências sociais.
Tempo: 2 horas aula
A narrativa social parte das vivências das pessoas, em muitos momentos há
acontecimentos que são marcados por uma característica de humor, de perigo, de
medo, ou outras situações do cotidiano.
Analise a charge abaixo:
As narrativas compreendem a ação de umnarrador que conta fatos, ações, ondepersonagens apresentam um conflito e buscamsoluções. As narrativas podem ser de ficção ounarrativas sociais que representam a realidadede cada narrador.
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Fonte: http://www.essaseoutras.xpg.com.br/charges-engracadas-de-educacao-ensino-critica-alunos-e-professores/ Acesso em 07.10.2013.
Responda:
a. Quem são as personagens da charge?
b. Que ação estas personagens estavam realizando?
c. Qual o conflito que surgiu para a realização da ação?
d. Que solução é mais adequada para a solução do conflito?
Escreva uma narrativa baseando-se na charge, não esqueça de fazer referência ao
tempo, ao espaço, ao fato, às personagens , ao conflito e à solução:
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Atividade 3: Caracterizando os gêneros narrativos
Objetivo: Formar uma concepção a respeito dos diferentes gêneros narrativos.
Tempo: 4 horas aula
Leia o texto:
O texto narrativo tem como objetivo narrar fatos que possam contribuir comoinformação, conhecimento ou diversão, por isso, toda narração visa sempre um receptor.Existem vários conceitos e estilos de narração:a) Romance: é um tipo de texto que possui um núcleo principal, onde outras tramas vão se
desenrolando ao mesmo tempo da trama principal. O Romance se subdivide emdiversos outros tipos como o romance romântico, romance policial, romance de ficção.Geralmente o romance tem texto longo em quantidade de acontecimentos e no tempoem que se desenrola o enredo.
b) Novela: confunde-se com o romance e com o conto, possui apenas um núcleo e anarrativa acompanha a trajetória de um personagem. A novela provém de um conto, deuma anedota, e tudo nela se encaminha para a conclusão.
c) Conto: trata-se de uma narrativa curta com poucas personagens que existem em funçãode um núcleo. Relata uma situação que pode acontecer na vida das personagens,porém não é comum que ocorra com todo mundo. A trama pode ser real ou de ficção e otempo pode ser cronológico ou psicológico.
d) Crônica: é confundida com o conto, porém a crônica narra fatos do cotidiano daspessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. Alinguagem é irônica ou até sarcástica, é um tempo curto, de minutos ou horasnormalmente.
e) Fábula: É semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa, a diferença éque as personagens são animais, mas com características de comportamento esocialização semelhantes às dos seres humanos, dando sentido conotativo e moral àhistória.
f) Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. g) Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar das mais diversas e
alegóricas personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ounão.
h) Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmentebreve e depende de fatores como entonação, oratória do intérprete e até representação.
i) Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim arealidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. Os textos jornalísticos também são escritos no gênero narrativo. E muitas narrativas decaráter popular (feitas pelo povo) como as piadas, a literatura de cordel, etc.
MÓDULO IIAS NARRATIVAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Objetivo: Conhecer o gênero narrativo e suas características
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Fonte: http://www.infoescola.com/sociologia/entretenimento
Após a leitura, dividir a turma em grupos, cada grupo vai pesquisar as
características de um dos gêneros apresentados acima, explicando em forma de
seminário cada gênero, apresentando exemplos e elaborando uma síntese no
caderno.
Atividade 4: As narrativas da fronteira
Objetivo: Apresentar um documentário sobre o trabalho na fronteira e promover
debate formando uma visão crítica sobre a atividade.
Tempo: 2 horas aula
O filme ‘Vida de cão’ apresenta uma metáfora sobre a vida dos trabalhadores
da fronteira, uma reflexão sobre as pessoas que trabalham na contravenção.
http://www.youtube.com/watch?v=94D9tHIPFDM&feature=youtube_gdata
A lei dos sacoleiros é uma oportunidade de refletir a respeito da atuação dos
sacoleiros na fronteira e como o comércio ilegal pode levar a uma falsa ilusão de
ganho, na verdade quando se deixa de coletar impostos todos perdem.
http://www.youtube.com/watch?v=I5dMUmMvTgo - Lei dos sacoleiros.
Ao assistir aos filmes e documentários oportuniza-se a reflexão a respeito dos
assuntos sociais que permeiam o cotidiano dos alunos. Após o debate e a reflexão,
os alunos deverão produzir um texto sintetizando os vídeos assistidos.
Atividade 5- Produção de cartoneras
Objetivo: Publicar um portfólio sustentável dos textos de narrativas em cartoneras
Tempo: 4 horas aulas
Desenvolver um projeto de elaboração de cartoneras inclui também formar
consciência ecológica ao mesmo tempo em que se desenvolve o letramento e a
produção literária. Esses livros são feitos à mão e se tornam exclusivos porque
representam a criação individual de cada participante do projeto. Eles têm como
matéria prima, materiais recicláveis, como o papelão, isso significa recuperar o
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papelão ecologicamente vinculando a produção literária ao interesse pela confecção
de livros artesanais.
É necessário compreender que as cartoneras editoriais são atividades
nascidas como saída urgente para a crise econômica argentina do início dos anos
dois mil. Atualmente tem como proposta econômica três eixos que se sobressaem:
1. Sustentabilidade – integração das pessoas no ciclo produtivo da cartonera como
objeto cultural, ou seja a obtenção da matéria prima de consumo da publicação.
2. Literário: estimula o gosto pela literatura como atividade cultural por meio do
oferecimento de contatos com as dimensões da produção literária ( escrita,
impressão, publicação, difusão e leitura)
3. Político: Contribuição para as discussões sociais a respeito das políticas e iniciativas
de incitamento de cultivo da leitura e da expressão literária.
Com base nos filmes e nas leituras realizadas a respeito da situação da
mobilidade humana na fronteira criar textos narrativos sobre fatos e acontecimentos
da fronteira, para depois montar as cartoneras.
A característica mais marcante neste tipo de produção é a construção de
publicações a partir de matéria prima alternativa.
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http://meninascartoneraseditorial.blogspot.com.br/2010/07/meninas-cartoneras-en-tetuan-arte.html
Atividade 6: O vocabulário e as narrativas da fronteira
Objetivo: Realizar um levantamento das expressões mais usadas pelos
trabalhadores da fronteira que poderão contribuir para enriquecer a produção de
narrativas sociais.
Tempo: 4 horas aulas
Lembre-se!
É necessário traduzir as palavras utilizadas no texto que não serão facilmente
entendidas por quem lê ou, ainda, aquelas que oferecem mais de um sentido na
construção de uma mensagem e que podem interferir na interpretação.
1. Elaborar um texto sobre fatos que acontecidos que tenham marcado a sua
vivência na fronteira.
A finalidade das palavras é comunicar, se o vocabulário não é compreendido pela pessoa que ouve, não está cumprindo a sua finalidade.
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2. Destacar no texto as palavras com uso impróprio ao seu sentido ou as que são
utilizadas em forma de código entre indivíduos de um mesmo grupo e que
possam interferir no sentido do seu texto.
3. Organize o vocabulário do texto, destacando a palavra e o sentido que lhe foi
dado no texto.
4. Releia o texto e procure substituir as palavras destacadas por outras de igual
valor.
5. Realizar um debate de socialização do vocabulário para toda a turma.
6. Escrever o vocabulário da turma dotado de explicação do sentido do mesmo.
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Atividade 6: Produção de textos narrativos envolvendo os aspectos sociais de
fronteira.
Objetivo: Produzir textos narrativos cujo tema seja acontecimentos ocorridos na
fronteira.
Tempo: 6 horas aulas
1. Formar grupos de socialização onde, pelo menos um aluno já tenha
vivenciado ou vivencie situações características peculiares dos trabalhadores
que atravessam mercadorias na fronteira.
2. Cada aluno vai contar oralmente no grupo os fatos e acontecimentos
vivenciados na atividade de sacoleiro, laranja, ou similar. (como não são
todos os alunos que vivenciam tal situação, a socialização vai contribuir para
ajudar a formar uma concepção de fatos que os alunos ouviram ou
vivenciaram).
3. Produzir um texto narrativo sobre fatos vivenciados na fronteira.
4. Formular o vocabulário do texto.
5. Ler o texto produzido para o grupo, verificando as marcas do texto que
possam demonstrar duplo sentido, palavras com erros ortográficos,
incentivando para que sejam pesquisados os sentidos das palavras e sua
ortografia na norma culta da língua.
www.google.com.
MÓDULO IIIPRODUÇÃO DE NARRATIVAS DA FRONTEIRA
Objetivo: Produzir textos narrativos que envolvam aspectos sociais da fronteira
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Atividade 7: Digitalização dos textos com os alunos no laboratório de informática.
Objetivo: Promover a digitalização dos textos no laboratório de informática.
Tempo: 2 horas aula
1. Cada aluno digita seu texto;
2. Depois de digitado passar no corretor de texto e marcar os pontos em que
será necessário tornar o texto mais claro.
3. Coletar os textos num só arquivo para editar identificando o autor de cada um.
Editar o livro digital, inserindo ilustrações, produzindo uma ficha técnica da
produção, colocar capa e disponibilizar no site da escola para que todos
possam ter acesso a essa leitura.
Atividade 8: Produção de um livro digital com o tema “Narrativas da fronteira” e
exposição dos trabalhos realizados no projeto.
Objetivo: Divulgar os trabalhos sobre narrativa realizados pela turma.
Tempo: 6 horas aulas.
1. Editar o livro digital, inserindo ilustrações, produzindo uma ficha técnica da
produção, colocar capa e disponibilizar no site da escola para que todos
possam ter acesso a essa leitura.
2. Montar stand para divulgar e apresentar as cartoneras realizadas;
3. Expor cartazes com o léxico dos sacoleiros e trabalhadores informais da
fronteira utilizado nos textos.
4. Expor para a comunidade escolar os resultados do projeto.
Ser autor de produções próprias valoriza aminha criatividade e faz diferença no desenvolvimento do meu conhecimento!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros CurricularesNacionais. Brasília-DF: MEC, 1998.
ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa-Ação. Educar, Curitiba, n. 16, p. 181-191. 2000.Editora da UFPR. Disponível em: www.educaremrevista.ufpr.br.
FLICK, Uwe. O que é pesquisa qualitativa? In: Flick, U. (2006) An introduction to qualitative research (3 ed.). London: Sage.
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