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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

0

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA - UNIDADE

DIDÁTICA

LIDIA POLINA

AVALIAÇÃO DA ACUIDADE VISUAL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Produção Didático-Pedagógica para intervenção no Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira – Ensino Fundamental e Médio, apresentada como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2013, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, vinculado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Cascavel.

Orientadora: Profa. Vera Lucia Ruiz Rodrigues da Silva

CASCAVEL-PR 2013

1

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: Avaliação da acuidade visual em alunos do ensino fundamental e suas implicações pedagógicas

Autor Lidia Polina (turma 2013)

Disciplina/área

Educação Especial

Tema de estudo do professor PDE

Avaliação da acuidade visual numa perspectiva educacional

Escola de implementação do projeto e sua localização

Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira

Município da escola Cascavel

Núcleo Regional De Educação Cascavel

Professor orientador Vera Lucia Ruiz Rodrigues da Silva

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) /Campus de Cascavel

Relação interdisciplinar

Resumo

Esta Unidade Pedagógica se constitui na aplicação da Tabela de Snellen para avaliar a acuidade visual de alunos matriculados no 6º ano. Tem-se como objetivo identificar problemas de visão e compreender como a limitação visual prejudica o acesso ao conhecimento do aluno com baixa visão em sala de aula, o que compromete o seu processo de ensino e aprendizagem, devido ao não uso dos recursos ópticos, não ópticos e questões relacionadas à ação pedagógica do professor que, por desconhecimento, não contempla as suas necessidades específicas. Com a medida de acuidade visual, é possível definir ações para atender o aluno identificado com problemas visuais. Entre elas, tem-se a orientação à família, para que consulte um médico especialista na área, e o encaminhamento do aluno para o serviço de apoio especializado a fim de organizar um trabalho pedagógico que atenda as necessidades educacionais do aluno com baixa visão. Como ação preventiva, este projeto pretende também, ao realizar a avaliação da acuidade visual, contribuir para a melhoria da saúde ocular dos alunos dentro do contexto da inclusão

Palavras-chave Tabela de Snellen; baixa visão; alunos; ensino

2

regular; inclusão

Formato do material didático Unidade Didática

Público

Alunos matriculados no 6º ano/ Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira

3

1 APRESENTAÇÃO

A Produção Didático-Pedagógica a ser desenvolvida nesse semestre,

proposta pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), oferecido pela

Secretaria de Estado e Educação (SEED), consiste na aplicação de uma unidade

didática direcionada à avaliação da acuidade visual em alunos do 6º ano do Ensino

Fundamental e suas implicações pedagógicas. Tal avaliação é proposta por meio da

Tabela de Snellen e tem como finalidade identificar problemas de visão e oferecer

possíveis encaminhamentos médicos e pedagógicos.

O projeto será desenvolvido no Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira,

Ensino Fundamental e Médio, dado o fato de o referido estabelecimento de ensino

público ofertar um serviço especializado na área visual, o Centro de Atendimento

Especializado em Deficientes Visuais (CAEDV), o que dá um suporte pedagógico

para o professor e o aluno de inclusão, com baixa visão, que frequenta o ensino

regular, sendo que esse serviço de apoio escolar é garantido pelas políticas

educacionais para as pessoas com deficiência visual.

Com a aplicação da Tabela de Snellen, pretende-se detectar os problemas de

visão que posteriormente o médico especialista poderá identificar em alunos sujeitos

à correção óptica ou com baixa visão. Essa triagem possibilita ao professor

compreender como a não correção óptica ou o não uso de tecnologias assistivas

podem influenciar no rendimento escolar dos alunos.

Essa ação é importante pelo fato de que o aluno, ao ingressar na escola,

passa a desenvolver mais intensamente as atividades intelectuais, diretamente

ligadas às capacidades visuais. O ideal seria que toda criança fosse submetida a

algum teste visual antes de entrar na escola, para corrigir ou minimizar distúrbios

relacionados à visão, que podem interferir intimamente na aprendizagem. Tal

afirmativa se convalida quando Oliveira (2001, p. 8) explicita os dados de que “cerca

de 20% de crianças do Ensino Fundamental apresentam algum tipo de problema

visual”.

4

É notório, por meio de observação dos livros didáticos e pelo uso de dêiticos1

na comunicação em sala de aula, professor-aluno-professor no processo ensino e

aprendizagem, que o aluno com baixa acuidade visual está em desvantagem, devido

ao fato de que a sistematização dos conteúdos nos livros didáticos se expressa por

meio de imagens (esquemas, figuras, fotos) em todas as áreas do conhecimento.

Nesse sentido, a implementação desta proposta didático-pedagógica

desenvolverá um trabalho alinhado à política de inclusão no que tange às condições

educacionais do aluno com deficiência visual e o acesso por parte de todos os

alunos ao conhecimento científico, conforme preconiza o currículo escolar da

educação básica. Outro aspecto a ser considerado como decorrência desta ação

refere-se à possibilidade de orientar a família do aluno a procurar um serviço de

saúde referente ao problema, para ser examinado por um médico especialista.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Identificar a baixa acuidade visual em alunos do Ensino Fundamental, por

meio da aplicação da Tabela de Snellen, para orientação pedagógica.

2.2 Objetivo Específico

São objetivos específicos deste trabalho:

a) Conceituar acuidade visual e baixa visão;

b) Compreender a pessoa com baixa visão no contexto escolar;

c) Analisar a influência da baixa acuidade visual no processo de ensino e

aprendizagem;

1 Para melhor compreensão do uso de dêiticos em sala de aula, consultar o trabalho de dissertação

intitulado “O problema dos dêiticos na interação didático-pedagógica e passagem de conteúdos: a linguagem do professor em sala de aula face aos alunos com deficiência visual”, da pesquisadora Santa Terezinha Falcade Lavarda, UNIOESTE/Cascavel, 2008.

5

d) Conhecer as possibilidades do uso das tecnologias assistivas para o aluno de

baixa visão.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Tabela de Snellen

As políticas públicas asseguram na letra da lei a inclusão das pessoas com

deficiência. É com base nessas políticas que a aplicação da Tabela de Snellen na

escola se faz necessária, a fim de contribuir com a identificação de problemas de

visão, entre os quais se encontra a questão da baixa visão. Mediante o

reconhecimento de alunos com problemas de tal natureza, os profissionais da

instituição de ensino podem buscar recursos e tecnologias assistivas, objetivando

atender o aluno em suas especificidades.

Entre as normatizações, cita-se a Convenção sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência (2007), que, no artigo 24, parágrafo 2, b, preconiza que: “as

pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de

qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na

comunidade em que vivem”2.

Observa-se, por meio de revisão de literatura, que a avaliação oftalmológica

sofreu alterações, as quais contribuíram para que, hoje (2013), os alunos com

problema visual sejam diagnosticados e atendidos via recursos ópticos e não

ópticos.

Dados históricos encontrados sobre a medida da visão indicam que kuechler em 1854, um oftalmologista alemão, desenvolveu três tabelas de medida, mas seu trabalho foi esquecido. Jaeger, em 1854, publicou em Viena uma tabela de leitura para documentar a visão, usada por muitos ainda hoje. Donders, em 1861, inventou o termo “acuidade visual” (AV) para descrever a qualidade da visão humana. Sua tabela foi a primeira cientificamente embasada e ficou conhecida como o “E” de Donders. Em 1862, o oftalmologista holandês Herman

2 Documento disponível no seguinte endereço eletrônico:

<http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=900>. Acesso em: 20 jun. 2013.

6

Snellen, com a ajuda de Donders, publicou sua tabela baseada e definida em optotipos. Snellen definiu a “visão padrão” [...] (ZAPPAROLI; KLEIN; MOREIRA, 2009, s/p).

A Tabela de Snellen é o teste mais amplamente usado devido a sua

simplicidade e rapidez de aplicação, mas não substitui a consulta ao médico

oftalmologista. Todos os procedimentos pedagógicos, necessários para o professor

especializado garantir o apoio escolar, levam em consideração a prescrição

oftalmológica, para uma avaliação funcional do uso do resíduo visual nas tarefas

cotidianas.

Embora a técnica de aferição da acuidade visual seja simples, o processo

utilizado é complexo e exige a interação de muitos fatores, tanto fisiológicos quanto

psicológicos. A avaliação visual requer que o olho detecte o objeto e faça distinção

entre seus componentes. Essa informação é transmitida ao cortéx cerebral, onde é

comparada com as formas existentes na memória e onde se dá o reconhecimento

do objeto.

A luz que entra no olho passa por várias camadas e atinge a retina onde é transformada em estímulos elétricos, os quais são enviados ao cérebro através do nervo óptico. O cérebro interpreta as informações recebidas e as armazena na memória, de maneira semelhante a um banco de dados de um computador (OLIVEIRA, 2001, p. 6).

Portanto, a atividade de enxergar envolve o funcionamento perfeito dos

órgãos que constituem o sistema visual. Ao aplicar o teste de acuidade visual, por

meio da Tabela de Snellen, é possível descobrir se há algum problema relacionado

com a visão.

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Figura 1 – Tabela de Snellen tradicional

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_de_Snellen>. Acesso em: 5 out. 2013.

Para ler a Tabela de Snellen, observam-se os números fracionários que

aparecem no final de cada linha de letras. Tomando como exemplo 20/40, o primeiro

número corresponde à distância em pés entre a Tabela e o aluno, em que 20 pés

correspondem a 6 metros. Já o segundo número, 40 pés, corresponde à linha de

letras; uma pessoa com visão normal enxergaria a 40 pés, porém alguém com

problemas visuais sem correção óptica ou com correção, mas que possui baixa

visão, enxerga apenas a 20 pés ou a 5 metros. Assim, o numerador 20 pés

permanece fixo, pois é a distância entre o aluno e a tabela.

O Denominador 40, como pode ser observado, é variável, conforme a

amplificação da letra e da distância a que uma pessoa com visão normal enxerga.

Para melhor compreensão, veja-se abaixo uma tabela explicativa.

Figura 2 – Tabela de equivalência da aferição da acuidade visual entre um sistema visual normal e o que apresenta déficit visual

Denominador em pés Correspondência em metros

Explicação

200 60 metros Olho normal veria a 60 metros. Olho com déficit visual vê a 5

metros.

100 pés 30 metros Olho normal veria a 30 metros. Olho com déficit visual vê a 5

metros. Fonte: próprio autor.

3.2 Conceito de Acuidade Visual

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Em conformidade com a Campanha Nacional de Reabilitação Olho no Olho, a

“Acuidade visual é o grau de aptidão do olho para identificar detalhes espaciais, ou

seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos” (ALVES; KARA-

JOSÉ, s.d., p. 30).

A acuidade visual do homem pode ser comprometida pela presença de

problemas orgânicos no aparato sensorial da visão. Os fatores que possibilitam o

estabelecimento de baixa visão ou da cegueira são categorizados com a

terminologia Deficiência Visual. “Baixa Visão é a alteração da capacidade funcional

da visão. Já a cegueira, é perda total da visão até a ausência de projeção de luz”

(BRUNO; MOTA, 2001, p. 33).

Levando-se em consideração que a acuidade visual é a capacidade de ver do indivíduo a determinada distância e que uma pessoa normal enxerga a seis metros que corresponde a 20/20, elaborou-se as classificações da baixa visão em: Leve, na qual o indivíduo apresenta acuidade visual entre 2/60 a 20/80, Moderada entre 20/80 a 20/160, Severa com 20/200 a 20/400, e Profunda variando de

20/500 a 20/1000 (ROCHA; GONÇALVES, 1987, s/p apud NOBRE

et al., 2009, p. 29).

Fisiologicamente, a AV é determinada pela habilidade de distinguir dois

estímulos separados no espaço em contraste com o fundo. Essa simples medida

detecta várias disfunções visuais, sendo importante seguir as técnicas adequadas

durante o teste visual.

3.3 Conceito de Baixa Visão

Em termos legais no Brasil, com base no Decreto 5296/2004, que

regulamenta as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000, a baixa visão corresponde

[...] à acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no olho de melhor visão, com a melhor correção óptica. Considera-se também baixa visão quando a medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 graus ou ainda quando ocorrer simultaneamente quaisquer das condições anteriores (DOMINGUES, 2010, p. 8).

O aluno com baixa visão enxerga pouco, o que é uma perda severa da

capacidade visual que não pode ser corrigida por tratamento clínico ou cirúrgico e

9

nem por óculos convencionais. Na observação de Rocha e Gonçalves (1987, p.

232), “o aluno de baixa visão nunca vê todas as partes de um objeto

simultaneamente, ele o vê fracionado e precisa reconstruí-lo em seu cérebro para

formar um objeto conhecido”, situação esta que ocorre de modo autônomo.

Contudo, numa perspectiva educacional, essa definição é insuficiente para

que o professor defina estratégias e recursos pedagógicos que possibilitem a seu

aluno ter acesso ao conhecimento científico, pois alunos com o mesmo grau de

acuidade apresentam níveis diferentes de desempenho visual. Isso ocorre porque os

indivíduos, por variantes, se adaptam de forma singular, conforme que se pode

constatar mediante a exposição de Domingues,

Em muitos casos duas pessoas com o mesmo grau de acuidade visual podem apresentar um desempenho visual diferente uma da outra, porque o uso da visão residual não está relacionado apenas ao fator orgânico, mas também aos aspectos objetivos, subjetivos e outras variáveis externas que envolvem condições ambientais, como iluminação, contrastes, ampliação, acessibilidade, uso de recursos ópticos e não-ópticos bem como materiais didáticos (DOMINGUES, 2010, p. 11).

A função visual é aprendida e, por isso, quanto mais oportunidades de contato

com as pessoas e objetos do meio, melhor o aluno desempenhará as atividades e

desenvolverá habilidades e capacidades para conhecer e aprender, tendo em vista

que “enxergar não é uma habilidade inata, é aprendida” (BARRAGA, 1985 apud

COSTA, 2000, s/p).

Alguns sintomas de deficiência visual podem ser observados na escola. Entre

eles destacam-se: apresentar desatenção anormal durante o trabalho no quadro

negro; piscar excessivamente, em especial durante a leitura; pender a cabeça para

um dos lados durante a leitura; ser capaz de ler apenas durante período curto de

tempo (ROCHA; GONÇALVES, 1987, p. 230).

A baixa acuidade visual não impede de ter acesso ao conhecimento inserido

no ensino regular e receber os mesmos conteúdos de um vidente porque, de acordo

com estudos de Vigotsky, “o homem reflete e toma consciência do mundo de

diferentes modos em cada etapa do desenvolvimento, baseando-se em significados

da palavra” (LURIA, 1994, p. 38).

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Para Vigotsky (1995 apud CAIADO, 2006, p. 38), “[...] numa abordagem

teórica o homem não é mais concebido apenas como indivíduo biológico. Ele agora

é um indivíduo social e histórico [...]”. Nessa perspectiva teórica, entende-se que a

linguagem exerce forte influência no desenvolvimento do ser humano por meio da

palavra, que supera a questão da percepção visual diminuída. Tanto para o vidente

como para aquele que apresenta baixa acuidade visual, a palavra possibilita a

formação de conceitos, é por meio da linguagem constituída de significados que

ocorre a mediação com o outro. A deficiência – no caso, a baixa AV – provoca no

ser humano estímulos necessários para um processo de compensação e superação

do problema. O ser humano aprende e se desenvolve pela mediação nas relações

com o outro.

O desenvolvimento do ser humano não é biologicamente determinado, mas

socialmente mediado, e o mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas

sentido pela vivência e elaborado pelo significado.

4 Tecnologias Assistivas

Conforme conceito proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII)3.

Deste modo, pode-se considerar que Tecnologia Assistiva é todo recurso ou

estratégia utilizada pela pessoa com deficiência na execução de uma tarefa

concebida para atender suas especificidades. Na perspectiva da educação inclusiva,

3 Informações disponíveis no seguinte endereço eletrônico: <http://proeja.com/portal/images/semana-

quimica/2011-10-19/tec-assistiva.pdf>. Acesso em: 9 out. 2013.

11

essa ajuda é voltada para minimizar as dificuldades de acesso do aluno com

deficiência nas diversas atividades escolares.

4.1 Recursos Ópticos e Não-Ópticos

A utilização de recursos ópticos e não-ópticos envolve o trabalho do professor

de apoio especializado na área visual para adaptação de material ou outros

cuidados de acordo com necessidades específicas, diferenças individuais, faixa

etária, interesses e habilidades, que determinarão os tipos de adaptações e

procedimentos adequados.

4.1.1 Recursos ópticos

Os auxílios ópticos são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de

imagens e a visualização de objetos favorecendo o uso da visão residual para longe

e para perto. São lupas de mão e de apoio, óculos bifocais ou monoculares e

telescópios, que não devem ser confundidos com óculos comuns. A prescrição

desses recursos será de competência do oftalmologista, que define quais são os

mais adequados à condição visual do aluno.

Os auxílios ópticos para perto são: óculos com lentes especiais e lupas

manuais ou de apoio, que possibilitam o aumento do material de leitura. Para longe,

pode ser utilizado o telescópio, que favorece a visualização de pessoas ou de

objetos distantes.

4.1.2 Recursos não-ópticos

Os recursos não-ópticos referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente,

ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e escrita, com contrastes e

ampliação, a fim de melhorar o funcionamento visual.

São considerados recursos não-ópticos: iluminação natural do ambiente (uns

necessitam de bastante iluminação, enquanto outros quanto menos iluminação

enxergam melhor); contraste nas cores (preto e branco, preto e amarelo); folhas com

pautas escuras e com maior espaçamento entre as linhas; livro com textos

12

ampliados; canetas com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis 6b (com grafite

mais forte); cola em relevo colorida; apoio adequado para leitura.

Atualmente, os recursos tecnológicos disponíveis facilitam as atividades para

o professor e o aluno porque possibilitam a comunicação e o acesso ao

conhecimento. Para o aluno de baixa acuidade visual, a informática dispõe de vários

programas que foram desenvolvidos e adequados para ele.

Há programa de síntese de voz, como: Sistema Dosvox (direcionado para o

aluno cego), leitor de tela e o MEC DAISY. Além disso, conta-se também com a

digitação de textos, a leitura na tela com fonte ampliada, a visualizar imagens

ampliadas e o uso da internet. As tecnologias assistivas disponíveis podem ser

consideradas um meio de inclusão e proporcionar ao aluno de baixa visão mais

qualidade na aprendizagem.

5 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

A presente unidade pedagógica, de aplicação da Tabela de Snellen, será

utilizada junto aos alunos matriculados no 6º ano do Ensino Fundamental

matriculados no Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira, ensino Fundamental e

Médio, na cidade de Cascavel.

Primeiramente, pretende-se expor junto à direção da escola acerca da

importância deste trabalho de identificação da acuidade visual e conseguir a

autorização para a sua execução.

Posteriormente, os alunos que fazem parte do projeto serão informados sobre

a importância do teste visual. Para tanto, será encaminhado um aviso aos pais para

conhecimento de que a escola fará o teste de acuidade visual. Este ocorrerá no

horário que o aluno estuda, visando a não interferir nas atividades escolares

normais. Ressalta-se que a avaliação será aplicada, inclusive, a alunos que fazem

uso de correção óptica, para averiguação de possíveis alterações.

Para a aplicação do teste visual, serão seguidos os procedimentos técnicos

indicados nos manuais que estabelecem as normas técnicas. Serão respeitados a

distância padrão, a organização do espaço, a iluminação do local e os materiais

necessários para a aferição da acuidade visual.

13

A medida da acuidade visual deve ser realizada primeiramente no olho direito,

estando o esquerdo devidamente coberto com o oclusor. O teste deve ser iniciado

com os optótipos maiores, continuando a sequência de leitura até onde o aluno

consiga enxergar sem dificuldade. Utilizar-se-á a mesma conduta para medir a

acuidade visual do olho esquerdo. Serão considerados com baixa acuidade visual os

alunos que apresentem acuidade visual igual ou menor que 0,7 da tabela, em um

dos olhos.

Os resultados aferidos serão registrados numa ficha para posterior análise ou

encaminhamentos.

Quando identificado o aluno que apresentou dificuldade visual, os seus pais

serão chamados e receberão orientação para que levem seus filhos a um médico

oftalmologista, pois essa dificuldade pode prejudicar a apropriação dos conteúdos

curriculares.

Com a identificação de alunos com baixa acuidade visual, após o diagnóstico

médico, a coordenação pedagógica e os professores serão orientados de modo a

adequar os procedimentos metodológicos e os recursos pedagógicos mediante as

orientações que constam no laudo oftalmológico.

Serão avaliadas cinco turmas de 6º ano do Ensino Fundamental, com a

previsão de tempo de 10 minutos para cada aluno, considerando o deslocamento do

aluno da sala de aula até o local do teste, a vinda do próximo aluno e as anotações

do resultado numa ficha de registro para cada turma, conforme o anexo.

5.1 Técnica da Medida da Acuidade Visual

O modo mais simples para identificar a limitação da visão é medir a acuidade

visual com a escala de Snellen, que utiliza letras organizadas de maneira

padronizada, de tamanhos progressivamente menores, chamados optótipos. Em

cada linha, na lateral esquerda da tabela, existe um número decimal, que

corresponde à medida da acuidade visual.

Uma pessoa apresenta visão normal quando, ao ser colocada a uma distância

de 5 (cinco) metros, em frente a uma Escala de Sinais de Snellen, consegue ler as

menores letras que nela se encontram.

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O indivíduo apresenta limitação da visão quando não enxerga uma ou mais

letras da escala, demonstrando maior limitação quando não conseguir visualizar os

símbolos de maior tamanho da escala.

5.2. Preparo do Local para a Aplicação da Avaliação da Acuidade Visual

O local de aplicação do teste deve apresentar boa iluminação (a luz deve vir

de trás ou dos lados do aluno a ser examinado).

Deve-se marcar no piso um risco com giz ou colar uma fita crepe a uma

distância de cinco metros da Tabela de Snellen.

Em seguida, é preciso colocar a cadeira em que o aluno irá sentar de forma

que as pernas traseiras desta coincidam com a linha demarcada.

Então, se deve verificar se as linhas de optótipos correspondentes 0,8 (20/25)

e 1,0 (20/20) estão situadas ao nível dos olhos do examinado.

Por último, recomenda-se evitar barulho e pessoas circulando na frente do

examinado, para evitar desvio de atenção.

5.3 Material a ser utilizado

Os materiais a serem utilizados na avaliação são os seguintes: escala de

Sinais de Snellen; lápis preto; giz; cartão oclusor; fita métrica; fita adesiva e

impresso para anotação dos resultados.

5.4 Orientação aos alunos para a realização da Avaliação da Acuidade

Visual

Para a prontidão da resposta ao teste de AV, é importante preparar os alunos

antes da realização do teste, na sala de aula. Por isso, deve-se explicar e

demonstrar o que vai ser feito; mostrar a tabela de Snellen; ensinar a cobrir o olho

sem comprimi-lo e orientar que, mesmo sob o oclusor, os dois olhos devem ficar

abertos.

5.5 Aferição da Acuidade Visual

15

A medida da acuidade visual sempre deve ser realizada antes no olho direito,

com o esquerdo coberto com o oclusor. Deve-se iniciar pelos optótipos maiores,

continuando a sequência até onde a pessoa consiga enxergar sem dificuldade.

Na sequência, segue-se a mesma conduta para medir a acuidade visual do

olho esquerdo.

A acuidade visual registrada será o número decimal ao lado esquerdo da

última linha em que a pessoa consiga enxergar sem dificuldade mais que a metade

dos optótipos.

Se a pessoa usa óculos, deve-se realizar o teste com os óculos.

Se ao fazer o teste de AV, o aluno apresentar alguns sintomas tais como:

lacrimejar, inclinar a cabeça, piscar continuamente os olhos ou franzir a testa, é

importante registrar na observação.

5.6 Critérios para encaminhamentos

O critério para informar aos pais que o aluno tem uma dificuldade visual e que

necessita de um atendimento oftalmológico será a apresentação de acuidade visual

inferior ou igual a 0,7 em qualquer olho.

Também é preciso contatar os pais d aquele aluno que apresentar algum

sintoma dos referidos acima durante o teste de AV.

É importante esclarecer aos pais ou responsáveis que o problema visual pode

acarretar danos ao processo de aprendizagem e de socialização.

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6 CRONOGRAMA DE AÇÕES

PERÍODOS/ Aplicação da Tabela de Snellen

Fev Mar Abr Maio Jun

Preparação das turmas X

6º A X

6º B

X

6º C X

6º D X

6º E X

Encaminhamentos para a família (aviso por escrito)

X X

Conferir retorno do oftalmologista X X

7 REFERÊNCIAS

ALVES, M. R.; KARA-JOSÉ, N. Campanha Nacional de Reabilitação Visual Olho no Olho: manual de orientação ao professor. [S.I.: s.n.], [19-- ou 20--]. BRASIL. Lei 10.048, de 8 de novembro de 2000. Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e dá outras providências. 2000. BRASIL. Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. 2000. BRASIL. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência protocolo facultativo à convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Brasília. 2007. Disponível em <http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=900>. Acesso em: 20 jun. 2013. BRASIL. Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e

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critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. 2008. BRUNO, M. M. G.; MOTA, M. G. B. da. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: deficiência visual. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2001. Volume 1. Fascículos I – II – III. CAIADO, K. R. M. Aluno deficiente visual na escola: lembranças e depoimentos. 2. ed. Campinas: Autores Associados; PUC, 2006. CORDE, Comitê de Ajudas Técnicas, ATA VII. Disponível em <http://proeja.com/portal/images/semana-quimica/2011-10-19/tec-assistiva.pdf>. Acesso em: 9 out. 2013. COSTA, J. A. Adaptando para a Baixa Visão. PNABV: projeto nacional para alunos com baixa visão. Campo Grande. Ministério da Educação. 2000. DOMINGUES, C. A. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: os alunos com deficiência visual: baixa visão e cegueira. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. OLIVEIRA, R. C. S. Manual da boa visão escolar: solucionando dúvidas sobre o olho e a visão. São Paulo: [s.n.], 2001. ROCHA, H.; GONÇALVES, E. R. Ensaio sobre a problematização da cegueira: prevenção, recuperação, reabilitação. Belo Horizonte: Fundação Hilton Rocha, 1987. NOBRE, M. I. R. S. et al. Atendimento de Terapia Ocupacional em Serviço de Visão Subnormal: Caracterização dos Usuários. Revista Benjamin Constant, [S.I.], v. 15, n. 43, ago. 2009.

LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral – Linguagem e Pensamento. Volume IV. 2ª Edição. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1991. ZAPPAROLI, M.; KLEIN, F.; MOREIRA, H. Avaliação da Acuidade Visual Snellen. Arq. Bras. Oftalmol. São Paulo, v.72, n. 6, nov./dez. 2009. . 7.1 Referências Complementares BORSUK, A. N.; BERTIN, F.; NIHEI, O. K.; SANTOS, M. F. Revisão de literatura e avaliação da acuidade visual entre escolares do ensino fundamental. Relato de Experiência de Bolsistas de Ações Afirmativas. In: Anais do X SEU. Marechal Cândido Rondon, maio 2011.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Projeto Olhar Brasil: triagem de acuidade visual: manual de orientação. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. LAVARDA, S. T. F. O problema dos dêiticos na interação didático-pedagógica e passagem de conteúdos: a linguagem do professor em sala de aula face aos alunos com deficiência visual. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2008.

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APÊNDICE A – MEDIDAS DE ACUIDADE VISUAL Escola: Ano/Série: Professora – PDE 2013:

Nome do

Aluno

Idade

s/c c/c Observações

OD

OE

OD

OE