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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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PEDAGOGO E A FORMAÇÃO CONTINUADA: A IDENTIDADE DO PEDAGOGO

COMO EDUCADOR

Andréa Santolaia Lopes1

Zuleika Aparecida Claro Piazza2

RESUMO

O presente artigo é o resultado dos estudos realizados no Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE desenvolvido em torno da temática: a identidade do pedagogo como educador na formação continuada do pedagogo. Este artigo propõe uma melhor compreensão sobre a problemática da formação continuada do professor pedagogo. Este trabalho foi desenvolvido em grupos de estudos com professores pedagogos da rede estadual de ensino do município de Apucarana- Pr. Nesse artigo evidenciamos a trajetória da formação continuada do pedagogo no Brasil a partir da década de 90 até os dias atuais. Além disso, pretendemos refletir a respeito da busca pela identidade do pedagogo enquanto educador, assim como a responsabilidade que o mesmo possui diante da organização do processo de formação continuada do pedagogo nas escolas. O estudo possibilitou considerar que a atuação educativa do pedagogo deve buscar seus próprios caminhos para efetivar sua proposta de trabalho, a fim de promover o aprimoramento da ação docente e as mudanças significativas no ambiente escolar.

Palavra chave: Pedagogo. Identidade. Formação continuada.

1-Professora Pedagoga do Núcleo Regional de Apucarana. Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – PR. Formada pela Faculdade de Ciências e Letras de Mandaguari Especialista em Orientação Educacional 2 Professora Orientadora, Mestre em Educação, Docente do Departamento de Educação – UEL.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta o resultado da pesquisa do

trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, a qual realizou-

se em dois momentos distintos. Primeiro, a revisão bibliográfica sobre a

temática e a análise das normativas que regulamentam a história e o perfil do

pedagogo que possibilitou elaborar um relato histórico da trajetória desse

profissional, na tentativa de suscitar uma reflexão sobre a formação continuada

do pedagogo no contexto da escola pública do Paraná.

No segundo momento foi a realização de um grupo de estudos

visando investigar o conhecimento e o pensamento sobre a formação

continuada do professor pedagogo no cotidiano escolar, evidenciando a

necessidade da mesma ser realizada em serviço.

Durante as reuniões do grupo estabelecemos o comparativo

entre aquilo que consta em documentos oficiais e referências consultadas e a

percepção que os professores pedagogos têm do seu fazer pedagógico no que

tange à formação continuada do pedagogo.

A pesquisa revela uma insatisfação existente entre os

profissionais da área, vivida pelos pedagogos no desempenho de sua função.

O trabalho possibilitou aprofundar os conhecimentos sobre a história e a função

dos pedagogos bem como o sentimento que este desenvolve no exercício de

seu trabalho cotidiano no contexto escolar.

É importante ressaltar a importância do professor pedagogo no

ambiente escolar, vivenciada durante o Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, para a elevação da qualidade da educação como também

práticas e estratégias surpreendentes realizadas pelos mesmos que fortalecem

a busca pela formação continuada sendo a mesma garantida na LDB 9394/96,

mas apresentada atualmente de forma muito singela.

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1. ESTUDO TEÓRICO

1.1 FORMAÇÃO CONTINUADA

As mudanças exigidas pelas reformas educacionais

evidenciam uma grande relevância na discussão sobre formação continuada,

sobretudo na década de 90. Nóvoa (1991) relata que “as análises sobre

formação continuada inserem-se no campo dos debates sobre políticas

educacionais e a profissão docente, pois, em um cenário de mudança e

inovações a formação continuada adquire um status relevante no sentido de

proporcionar um tempo necessário para elaborações que refazem as

identidades”.

A formação continuada possui uma trajetória histórica, em

condições emergentes de uma sociedade contemporânea e que vem atender

às exigências impostas pela reformas educativas para a educação.

Araujo (2009) afirma que o “processo de formação continuada

de professores da década de 1990 (fim dos anos 1970 e início dos anos 1990),

foi marcada por diferentes nomenclaturas (reciclagem, treinamento,

aperfeiçoamento, capacitação entre outros)”.

A preocupação com as nomenclaturas assim como a

necessidade de uma análise mais permanente dos termos é enfatizada por

Marim (1995) apud Carvalho e Simões (1999, p.3)

“exigência de uma análise permanente de termos, como reciclagem, treinamento, aperfeiçoamento, capacitação, educação continuada, etc. Ela argumenta que: 1) o termo reciclagem revela implicações derivadas do sentido descartável atribuído à atualização dos conhecimentos, com opção para cursos rápidos, descontextualizados e superficiais; 2) o treinamento é voltado para a modelagem de comportamentos, embora a metáfora dos moldes (algo prefixado) seja incompatível com a atividade educacional; 3) o aperfeiçoamento pode significar tornar capaz, habilitar ou convencer, persuadir, combinando o primeiro significado com a ideia de educação continuada, rompendo, inclusive, com a ideia de vocação nata para o magistério, mas segundo, não; e 4) educação permanente e a formação continuada são tomadas com componentes de um conjunto de ações caracterizadas pela valorização do conhecimento docente e pela proposição de dinâmicas educacionais”.

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A concepção de educação continuada está fortemente ligada

ao local de trabalho e o cotidiano escolar como expõe Araujo (2009 p.327).

“os avanços derivados da concepção de educação continuada, principalmente quando aponta o local de trabalho como base do processo, levando em conta vivências e saberes profissionais presentes no cotidiano escolar, o que possibilita a compreensão da educação como prática social mobilizadora”.

Gatti (2008) relata sobre as terminologias atribuídas a

formação continuada que “ora era tomado de modo amplo e genérico, como

compreender qualquer tipo de atividade que venha a contribuir para o

desempenho profissional”.

A formação do pedagogo é uma conquista que diz respeito à

de uma reflexão que busca a pratica docente e a pratica da vida, na qual a

formação continuada exige que o sujeito atue no seu espaço histórico,

crescendo no saber e na responsabilidade profissional e pessoal que se produz

historicamente pela humanidade, medicando sujeito e sociedade.

Podemos dizer que a formação continuada em serviço é a mais

eficiente, por acontecer e se desenvolver de acordo com a realidade escolar

das necessidades. Através de leituras, reflexões, avaliação trabalha em grupo

e individual, se faz possível o exercício da ação-reflexão-ação que possibilita a

construção de uma educação de qualidade.

As discussões acima mostram que cada terminologia esteve

presente num determinado período histórico, isso acabou criando uma crise de

paradigmas que possibilitou mudanças nesse campo de conhecimento. É fácil

observar, portanto que não é uma mera questão de nomenclatura ou

semântica, mas de identificar que cada uma dessas nomenclaturas possui um

significado epistemológico, que se concretiza nas práticas formativas, porém

apresentadas muitas vezes de forma vertical pelos órgãos responsáveis pela

formação continuada no Brasil.

Desde a década de 1990 o professor tem sido pauta de

constantes discussões no âmbito mundial principalmente por dois motivos: o

primeiro motivo está concentrado na modernização de valores exigidos pelo

mundo do trabalho que se estrutura em novos moldes e o segundo está

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relacionado com a constatação assumida pelos governos a cerca dos precários

resultados obtidos no desempenho escolar de grande parte da população.

Gatti (2008) chama atenção a respeito dos documentos

oriundos do Fórum Mundial da Educação realizado em Dacar em 2000

expondo que “em todos esses documentos, está presente a ideia de preparar

os professores para formar as futuras gerações para a “nova” economia

mundial e que a escola e os professores não estão preparados para isso”.

Ao debruçarmos sobre essas afirmações, imediatamente surge

uma questão: qual é o lugar da educação nesse processo histórico? Qual é o

papel do professor pedagogo frente a essas novas exigências?

Uma transformação da educação realizada de maneira isolada

não pode proporcionar a construção de uma nova sociedade, sendo a

educação um canal, um meio para essa construção. Além disso, essa ideia

errônea leva a figura do professor ao descrédito. Linhares (1992) relata que:

Entendemos que as questões implícitas na formação de professores requerem que transitemos em um espaço complexo de uma cultura em crise, em busca de validação de significados coletivos e pessoais, onde se confrontam o extravio ético com um procura audaz de construção do sujeito coletivo que se reconheçam, criticamente, na própria produção histórica de sua existência (LINHARES, IN NÓVOA, p. 12).

Na década de 90 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira – LDB. A lei 9394/96 trata dos Profissionais da Educação,

considerando sob essa categoria não só os professores, que são responsáveis

pela gestão da sala de aula, mas também todos aqueles que apóiam o

processo de ensino e aprendizagem como diretores, supervisores,

coordenadores e orientadores educacionais.

Em consonância com a demanda do mundo do trabalho, a LDB

9394/96 atualmente vigente expressa em seu artigo no67 que “os sistemas de

ensino deverão promover a valorização dos profissionais da educação,

assegurando-lhes um período reservado para estudos, planejamento e

avaliação, incluindo na carga horária” (pg. 68).

Fica clara a mudança do perfil e das incumbências do

professor, exigidas pela LDB, e pelas reformas educacionais. Logo, para

acompanhar essas mudanças o professor deve continuar aprendendo e se

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atualizando em relação aos conhecimentos produzidos historicamente. Eis,

portanto a formação continuada que emerge como uma necessidade dos

sistemas de ensino e um direito do professor na construção de sua identidade

docente.

Nos últimos anos os professores foram retirados inúmeras

vezes dos locais de trabalho e levados para centros de treinamentos. Behrens

(1996, p. 133) destaca que:

os projetos de formação dos profissionais do magistério normalmente são planejados e executados por grupos de especialistas. Os professores são convidados a participar destes encontros e destes cursos, que os especialistas julgam pertinentes para aquele momento histórico.

As práticas de formação continuada de professores têm

ocorrido por meio de cursos, módulos e/ou seminários, sendo a metodologia

desenvolvida em uma perspectiva técnica. Nessa perspectiva de formação

continuada os professores não são ouvidos sobre suas dificuldades e

expectativas, as propostas são normalmente autoritárias e, quando muito a

discussão é sobre o professor e não com os professores.

Behrens (1996, p. 133 - 134) também confirma que muitas

vezes: [...] “Ao chegar de volta à escola, o professor que recebeu “este pacote”

sente dificuldade em transpor o modelo proposto, pelo fato de este não

encaixar na realidade circundante da escola.”

Uma sugestão que poderia ser adotada para contrapor o

explicitado acima é transformar cada escola em um local de capacitação onde

seja valorizada a escola como local de formação continuada, compreendendo a

mesma e aos professores que nela atuam, respeitando o contexto histórico e a

diversidade própria do local.

Um dos objetivos de tal metodologia é o processo de

aproximação entre professores e gestores que tem nas escolas problemas em

comum que precisam ser sanados, não levantando as falhas ou culpados, mas

buscando respostas em conjunto para o desenvolvimento do trabalho

pedagógico.

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Desta forma consideramos que a “formação continuada um

processo que se deve consolidar na prática, em especial com a reflexão na

ação e a reflexão sobre a ação” (SCHÖN, 1990).

Assim acreditamos que é de responsabilidade da escola e dos

professores o desenvolvimento de uma pratica pedagógica consciente

alargando com isso a prática da reflexão no seu cotidiano, assimilando e

entendendo os limites e contradições existentes no interior da escola.

O ideal é que a formação continuada aconteça de maneira

articulada dentro e fora da escola, que haja compromisso e participação de

todos os agentes internos e externos envolvidos, que proporcione momentos

de reflexão e debates sobre o trabalho e o cotidiano escolar, procurando aliar

teoria e prática, provocando com isso o desenvolvimento e a valorização do

espaço escolar como um local para o desenvolvimento da formação

continuada.

Behrens (1998, p.139) evidência que “nada será alterado na

capacitação dos professores, se não houver vontade política para transformar o

ensino de qualidade para o cidadão brasileiro”.

Diante desta análise devemos ter assegurados os princípios e

ideais referentes à formação continuada, pois ela é um elemento que deve

permear no Projeto Político Pedagógico da escola. O objetivo pedagógico da

formação continuada é potencializar as reflexões significativas, como afirma

Behrens (1996, p. 140) quando diz que:

“A prática pedagógica, portanto, passa a ser objeto de ação e reflexão, continuada, crítica, decisiva e determinante na busca individual e coletivo de trabalho docente qualificado. A formação inicial, a formação continuada e reflexiva precisa estar contemplada em projetos pedagógicos que enfatizem o desenvolvimento do profissional do magistério”.

Nessa perspectiva pensar e idealizar uma proposta coletiva de

trabalho, onde demande a confiança, a credibilidade, pesquisa e muito dialogo.

Buscando assim por transformações da prática pedagógica, com professores

que busquem uma educação continuada que seja referência para um despertar

conjunto para uma nova realidade do processo educacional, desencadeando

uma preparação de profissionais e cidadãos competentes.

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Ao compreender a escola como o espaço onde ocorre a

mediação, significa entender o conhecimento como forma de efetivar esse

processo e o papel político e, social e pedagógico da escola apresentam suas

características e determinantes.

Assim, a atividade pedagógica do pedagogo é um conjunto de

ações que tem a finalidade de atingir um objetivo especifico que implica em

articular com a formação continuada. Segundo Lima (2001, p.32) a formação

continuada realizada em serviço e compreende: “a serviço da reflexão e da

produção de um conhecimento sistematizado, que possa oferecer a

fundamentação teórica necessária para articulação com a prática criativa do

professor em relação ao aluno, à escola e à sociedade”.

Essa formação é um processo de formação profissional para

quem já conclui a formação inicial e exerce a profissão, para aquele

profissional que está inserido no contexto sócio histórico e busca mediar o

conhecimento em uma perspectiva de transformar a realidade. Faz-se

necessário então que o pedagogo se aproprie constantemente dos avanços

científicos e das teorias pedagógicas se comprometendo com o novo papel de

pedagogo exigido pela social atual e buscando soluções para a melhoria da

educação.

A formação continuada também pode ser efetivada fora do

contexto escolar com responsabilidade do pedagogo, na qual cada um deve

buscar a efetivação de ocupar espaços e tempos para a sua formação

continuada. É dever de todo profissional primar pela qualidade do próprio

trabalho, pois o ser humano esta em constante formação e deve sempre

buscar novas respostas para os desafios, novas metodologias para a prática de

seu trabalho e procurar tornar-se um profissional efetivo que não cumpra

apenas com suas tarefas de forma mecânica, mas que aprimore seus

conhecimentos com formação continuada

A formação continuada deve alicerçar-se numa [...] reflexão na

prática e sobre a prática, através de dinâmicas de investigação-ação e de

investigação-formação, valorizando os saberes de que os professores são

portadores (NÓVOA, 1991, p. 30).

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2. O PEDAGOGO E SUA IDENTIDADE

As questões referentes ao estudo da identidade do profissional

pedagogo, o conhecimento pedagógico e os sistemas de formação do

pedagogo, estão presentes em debates há quase vinte anos por organizações

científicas e profissionais de todo o país. Hoje a pedagogia vive um grande

paradoxo, como afirma Libâneo (2010, pg. 161):

Por um lado esta em alta na sociedade. Nos meios de comunicação, nos movimentos ecológicos, nas ONGs, e em alguns meios de profissionais, sindicais, políticos [...] por outro lado, essa mesma pedagogia esta em baixa em setores intelectuais e profissionais do meio educacional que assumem, freqüentemente, uma atitude irônica ante o seu conteúdo e o próprio processo que ela representa.

Com todas as transformações tecnológicas e cientificas as

instituições de ensino são conduzidas a novos sistemas e formas de

organização do trabalho, mudando o perfil do profissional considerando as

novas exigências de qualificação. Algumas indagações são apresentadas e

servem como objeto de reflexão para a comunidade educacional, seria ingênuo

acreditar em respostas prontas, claras e precisas para a resolução de

problemas oriundos de influências sociais, mas não podemos ficar alheios a

esses questionamentos e não refletir sobre eles.

Estudos demonstram uma sucessão de indefinições na

formação intelectual e profissional dos pedagogos. Em meados dos anos 80,

iniciou-se uma luta dos educadores pela definição do papel do pedagogo a ser

desempenhado na escola, o qual na época era enfatizado por um controle,

caracterizando assim, o supervisor como um inspetor. Lima (2001) relata que:

a crítica ao “funcionalismo” na supervisão, de modo geral, nas especificidades pedagógicas (administração e orientação educacional) radicalizou-se no Brasil nos anos 80, a ponto de acentuarem-se posições em favor de eliminá-los da escola (LIMA, 2001, p.77).

A extinção do curso de pedagogia gerou diversas discussões

ao longo dos anos 80, evidenciando a questão funcional dos especialistas,

acirrando um movimento influenciado por debates, pesquisas e encontros

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sobre a formação dos educadores. A falta de uma definição clara a respeito do

que se espera do profissional pedagogo obrigou as instituições de ensino a

tomarem medidas que transformariam radicalmente o processo de formação do

pedagogo, conforme explica Libâneo (2004, p. 47)

Algumas faculdades de educação [...] suspenderam ou suprimiram as habilitações convencionais (administração escolar, orientação educacional, supervisão escolar etc), para investir num currículo centrado na formação para professores das séries iniciais do ensino fundamental e cursos de magistério [...] a idéia seria formar um novo professor capacitado inclusive para executar funções de diretores e supervisores.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Brasileira – LDB 9394/96, fica evidenciado a identidade do pedagogo como

profissional de educação para a administração, sendo esta formação garantida

na graduação ou em pós-graduação. A LDB nº 9394/96, tem suas origens num

momento de ascensão das políticas neoliberais que buscam atender anseios

do capitalismo como esclarece Silva (2002, p. 12):

Neste projeto, a intervenção na educação como vista a servir aos propósitos empresariais e industriais tem duas dimensões principais. De um lado, é central, na reestruturação buscada pelos ideólogos neoliberais, atrelado a educação institucionalizada aos objetivos estreitos de preparação para o local de trabalho. No léxico liberal, trata-se de fazer com eu as escolas preparem melhor seus alunos para a competitividade do mercado nacional e internacional. De outro, é importante também utilizar a educação como veiculo de transmissão de ideias que proclamem as excelências do livre mercado e da livre iniciativa.

Diante desta analise, podemos observar que a identidade e a

formação do pedagogo durante um determinado tempo foi tecnicista, sendo

esse modelo fortemente influenciado por características do regime militar com

o objetivo de supervisionar e inspecionar. Por outro lado considerando as

novas exigências do mundo atual, deseja-se um profissional pedagogo com

outro perfil, comprometido com a qualidade e a excelência, expressão principal

da política educacional.

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Esta afirmação nos mostra que com as crises que o pedagogo

passou em sua identidade, sua função vai além de algumas especificidades,

seu campo de conhecimento deve atender a uma problemática educativa em

uma totalidade histórica, sendo essa a diretriz de suas ações pedagógicas. Não

se restringindo apenas a idéia que a ação pedagógica se faz apenas no modo

de se ensinar, como afirma Libâneo (2010):

Há uma ideia de senso comum, inclusive de muitos pedagogos, de que pedagogia é o modo que se ensina o modo de ensinar a matéria, o uso de técnicas de ensino. O pedagógico ai diz respeito ao metodológico, aos procedimentos. Trata-se de uma ideia simplista e reducionista” (LIBÂNEO, 2010 p. 29).

Analisando este pequeno recorte histórico da formação do

pedagogo poderíamos refletir sobre uma questão: O papel que o profissional

pedagogo desempenha atualmente está relacionado com as atribuições

inerentes a sua formação?

Libâneo (2010) explicita que para ele os pedagogos devem se

ocupar dos processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas devem ir

além, ganhar um sentido mais amplo, entender a importância que têm as ações

pedagógicas desenvolvidas pelo professor pedagogo em suas atividades

educacionais, devendo este estar sempre preparado para as necessidades do

processo educativo, observando os preceitos metodológicos que são utilizados,

acompanhando e vislumbrando as intenções históricas na sua totalidade num

contexto social em constante mudança. A função descrita acima exige clareza

e deve ser intencional no sentido de investigar os fatores que contribuem para

a construção de um ser humano como membro de uma sociedade, assim como

os processos e o meio desta formação. Libâneo (2010, pg.34) destaca duas

características fundamentais do ato educativo intencional:

primeira, precisamente a de ser uma atividade humana intencional; segunda, a de ser uma pratica social. No primeiro caso, sendo a educação uma relação de influências entre pessoas, há sempre uma intervenção voltada para os fins desejáveis do processo de formação, conforme opções do formador quanto à concepção de homem e sociedade; ou seja, existe sempre uma intencionalidade educativa, implicando escolhas, valores, compromissos éticos. No segundo caso, a educação é um fenômeno social, ou melhor, uma pratica social que pode ser compreendida no quadro do funcionamento geral

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da sociedade da qual faz parte. Isso quer dizer que as práticas educativas não se dão de forma isolada das relações sociais que caracterizam a estrutura econômica e política de uma sociedade, estando subordinadas a interesses sociais, econômicos, políticos e ideológicos de grupos e classes sociais.

A importância das intervenções pedagógicas pertinentes ao

trabalho do pedagogo é clara, logo isso requer desse profissional o

desenvolvimento de uma visão crítica, histórica e científica que permita

observar atentamente as necessidades sociais, políticas e econômicas do meio

externo, não concentrando o trabalho em si mesmo.

Para atender as necessidades impostas pela sociedade

contemporânea e as difíceis condições de exercício da profissão, a formação

continuada pode possibilitar condições permanentes de desenvolvimento

intelectual devendo ser constituída de uma estrutura específica para cada

profissão, logo os órgãos competentes devem se organizar a atender as

especificidades de cada profissional, mas sem ignorar as diversidades

existentes em cada contexto escolar. Diante dessa afirmação inclui também a

especificidade da formação do professor pedagogo, podendo assim levantar

um questionamento: o professor pedagogo se sente partícipe do seu próprio

processo da formação continuada? Este questionamento configura o ponto

central da nossa pesquisa.

A partir das reflexões expostas, trazemos neste artigo

elementos que representem os vários pontos de vista constituídos pelos

educadores sobre a importância do processo de formação continuada e como a

mesma se apresenta perante a atuação do pedagogo diante de uma visão

epistemológica. Enfim, temos muito a pesquisar e investigar, nesta tentativa de

traduzir as competências que cabem ao professor pedagogo diante do

processo de formação continuada. Deve ficar claro no decorrer da pesquisa o

significado coletivo, não sendo possível a fragmentação do objeto de trabalho

na escola, não é possível e nem desejável estabelecer fronteiras claramente

delimitadas sobre o que compete ao profissional pedagogo, mas deve-se

identificar que este trabalho precisa de competências específicas.

No contexto histórico o curso de pedagogia passou por muitas

transformações no que diz respeito ao ensino, aos objetivos, as organizações

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curriculares, resgatando desta forma as diferentes identidades dos pedagogos

e sua formação. No meio de tantos desafios e discussões sobre a identidade

do pedagogo por meio de comissões educacionais e leis, com o Parecer

252/69 buscou-se readequar o curso de pedagogia caracterizando a identidade

do pedagogo a partir de sua atuação no mercado de trabalho com licenciatura

em uma base nacional comum. Em decorrência, o Parecer CFE n.252/69

afirma que:

Ainda em nível de graduação, permitiu-se que os licenciados em geral venham a obter diplomas de Pedagogia mediante complementação de estudos que alcance o mínimo de 1100 horas. Com isso, muitos professores de ‘disciplinas de conteúdo’ que se sintam atraídos pelo trabalho pedagógico puro poderão realizar-se mais plenamente, sem repetir o curso em toda a sua duração, trazendo para o novo campo a experiência colhida nos mais variados setores do magistério” (BRASIL, CFE, Documenta 100:112).

É importante ressaltar que o modelo de formação previsto no

parecer 252/69 permaneceu em vigor até 2005, quando foi definido as novas

diretrizes nacionais para o curso da educação.

Diante disso, é possível compreender que a reformulação do

curso de Pedagogia através deste parecer provou alteração marcante na

identidade do pedagogo, e com a LDB 9.394/1996 começa a propor um novo

entendimento de que o conhecimento é o resultado de uma construção e o

processo educativo acontece em todas as esferas da educação.

Observa- se que apesar dos avanços políticos educacionais do

Estado, o pedagogo continua assumindo funções e tarefas pertinentes ou não

a sua função, porque muitas vezes desconhece as atribuições que foram

estabelecidas em edital que legitima seu cargo, ficando a serviço da direção de

resolver problemas do cotidiano da escola.

É necessário que aconteça mobilização e ações de ruptura,

seguidas de formação continuada, e que a escola realize de fato, um trabalho

coletivo, democrático e conte com a participação de todos os envolvidos no

processo educativo, onde o professor pedagogo finalmente possa direcionar e

planejar ações específicas e pertinentes a sua função.

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3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVEÇÃO PEDAGÓGICA

A construção do projeto de intervenção foi respaldada na

análise dos dados realizados em questionamentos e discussões entre os

participantes do grupo de estudos direcionados a professores pedagogos,

realizado no Colégio Nilo Cairo – Apucarana – Pr., tendo como participantes

alunos do GTR (Grupo de Trabalho em Rede).

Ressalta-se que em ambos os grupos presencias e a distância

o objetivo sempre foi identificar a visão que os próprios pedagogos tinham

sobre formação continuada e a identidade do pedagogo como educador no

referido espaço escolar.

3.1. REALIDADE DO PEDAGOGO E DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO

CONTEXTO ESCOLAR ATUALMENTE.

Na organização do trabalho pedagógico na escola, vários

profissionais realizam atividades diferentes. Entre eles, está o professor

pedagogo sempre atendo à organização de diferentes atividades e ações a fim

de propiciar o acesso dos alunos ao saber sistematizado. A atuação deste

profissional, muitas vezes esta desprovido de significado, muitas vezes

exercendo o papel de alguém que soluciona problemas de ordens diversas,

muitas vezes não condizente as suas atribuições.

É importante não perdemos de vista a importância do papel do

pedagogo na coordenação das atividades políticas e pedagógicas da escola,

entendemos que este profissional é imprescindível como respaldo para o

trabalho do professor sendo o vinculo entre as áreas do conhecimento

pedagógico ou a atuação pedagógica e o trabalho em sala de aula.

Diante do exposto, observaremos relatos de professores

pedagogos para assim conhecermos melhor a realidade dos mesmos diante de

alguns questionamentos:

Questão 1: Você como professor pedagogo se sente partícipe

do seu processo de formação continuada?

Professor Pedagogo (A):

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“Me sinto partícipe sim. A escola é o lugar das relações educativas e

formais. O mundo atual, porém exige que na escola seja valorizado

lugares em acontece a educação informal e não formal. Coloco essa

questão porque, são elaboradas questões com demasia, fora da

realidade da escola.”

Professor Pedagogo (B):

“A formação do pedagogo, quando ofertada também não condiz com

o papel do pedagogo e de instruções básicas para atender o

cotidiano de urgências da escola.”

Professor Pedagogo (C):

“Associando essas questões à realidade da minha escola, penso

que na medida do possível a escola passa a ser um local de

formação continuada, onde eu como pedagoga também participe

juntamente com os docentes, principalmente pensando em conjunto

em questões que nos afligem para que juntos encontremos os

melhores caminhos e isso também é formação e aprendizado.”

Conforme o pensamento de SCHON (1990), onde ele coloca a

formação continuada como sendo um processo que deve se consolidar na

prática, em especial com a reflexão na ação e a reflexão sobre a ação, acredito

que dessa forma vamos caminhando e refletindo sobre os erros e acertos,

buscando cada dia mais a qualidade de nosso trabalho.

Professor Pedagogo (D):

“Há 40 anos que eu participo e me sinto partícipe da Educação do

Estado do Paraná, carrego comigo, uma soma de valores e de

experiências capazes de poder estar contribuindo para grandes

transformações, mas que às vezes, sinto não serem bem aceitas, por

alguns educadores, porque o conhecimento às vezes incomoda os

descomprometidos. Fazer educação por competência e excelência

na atual conjuntura sócio política econômica pode custar muito, mas

vale apena, nos engrandece e nos enaltece. Porém vejo que é

urgente resgatarmos o compromisso com a educação que foi se

perdendo ao longo dos tempos, pois tenho plena certeza de que

ainda é possível mudarmos para melhor, desde que não tenhamos

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na educação encosto, mas sim educadores realmente

comprometidos com as mudanças que se fazem necessárias e

urgentes.”

Questão 2: O papel que o professor pedagogo desempenha

atualmente está relacionado com as atribuições inerentes a sua formação?

Professor Pedagogo (A):

“Todo professor pedagogo ao chegar frente ao seu trabalho trás

consigo intenções de motivar os professores, até mesmo a querer

reorganizar a sua prática educativa para a construção de uma

educação de qualidade. Mas muitas vezes, as vontades não são as

essências no momento, temos boas intenções....., temos sim que

atender alunos na falta de professores, separar as briguinhas e tudo

mais.O necessário muitas vezes na parte pedagógica, plano de aula,

e todos acabam ficando desvinculados ás necessidades pedagógicas

e até mesmo o maior contato humano: professor e pedagogo.”

Professor Pedagogo ( B ):

“O papel do pedagogo na escola hoje não está relacionado com as

atribuições inerentes a sua formação, pois as tarefas as quais ele

tem que realizar na escola satisfaz as necessidades de atendimento

a urgências do cotidiano.”

Professor Pedagogo ( C ):

“A dificuldade de trabalhar como pedagogo é grande, pois cumprimos

com ações que nem sempre é de nossa competência. Esta

capacitação vem de encontro com nossas dificuldades e ansiedade

na prática pedagógica. Não temos uma identidade própria, nosso

papel vai além das nossas atribuições que é extensa e implica a

articulação de um trabalho coletivo que nem sempre está claro para

todos os profissionais que compõem a dinâmica escolar. Nem

sempre o nosso trabalho é coerente com nossa organização e ação.

As alterações necessárias à escola é complexa, pois deve estar

articulada a mudanças e outras dimensões sociais. A escola exige

tais mudanças que vão dar vida ao desenvolvimento das ações de

transformação. É um desafio político pedagógico para o pedagogo

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articular ações que possam fazer de uma instituição, instrumento de

construção de uma sociedade justa,fraterna e solidária”

Professor Pedagogo ( D ):

“Professor Pedagoga está tendo pouca capacitação para poder atuar

como formador de outros professores, ou profissionais. Exercemos

muitas atividades que não são de nossa alçada, não temos direito a

hora atividade para nos capacitar, nos aprimorar de forma a abrir

novas possibilidade para ajudar nosso colegas professores em sala

de aula.Isto nós deixa preocupados, pois o resultado nem sempre

satisfaz e a qualidade não é boa....

As discussões acerca das atribuições do professor pedagogo e sua

participação no processo de formação continuada apresenta como

longe de uma realidade onde teremos uma formação integrada ao

ambiente de trabalho. Os relatos apontam para a impressão de que

não à um planejamento prévio ou organizacional frente a

necessidade da formação continuada, onde muitas vezes

influenciado pela prática do imediatismo como relatado deixando

suas tarefas serem confundidas, tornando-se apenas um

instrumento de resolução de problemas cumprindo funções

corriqueiras da rotina da escola.

A formação do professor pedagogo é imprescindível, ele é um

pesquisador e observador do ambiente escolar. Para tanto deve ter

clareza de sua função principal, que é planejar, coordenar,

acompanhar, avaliar e executar ações de maneira a articular os

demais segmentos da escola. Libâneo (1999) afirma que “]...] a

questão mais relevante, todavia, é o esvaziamento dos estudos

sistemáticos de educação e a descaracterização profissional do

pedagogo”.”

São com esses argumentos que os professores pedagogos sugerem

mudanças e evidenciam suas práticas e realidades escolares, onde pouca vezes os

docentes encontram espaço para falar de suas práticas. Acreditamos que o resultado

expresso nessas experiências pedagógicas, seja um instrumento útil na busca de uma

nova perspectiva de atuação dos professores pedagogos, pois para aqueles que como

nós ,compartilham do anseio e preocupação em torno do tema.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo contribuiu para com a ampliação e o

aprofundamento e discussões referentes a esta temática. A complexidade do

tema nos permite afirmar que o tempo de pesquisa foi muito pequeno, um ano

somente. Pois para identificar e responder ao problema é necessário ir além

das aparências e desvendar as contradições.

Ao longo do trabalho procuramos valorizar o processo de

escuta, do diálogo e da reflexão entre os cursistas, pois estabelecemos uma

relação de confiança entre os mesmos.

No entanto diante das discussões, percebemos o quanto o

diálogo não é valorizado, é quase inexistente a possibilidade de reflexão acerca

de sua prática, principalmente porque essa é pouco valorizada de acordo com

os próprios professores pedagogos, bem como o despertar para uma reflexão

crítica a cerca de seu trabalho.

Este momento de reflexão nos alertou que a experiência

precisa ser partilhada por todos os envolvidos, sendo essa compreendida como

parte do processo de formação continuada.

Observamos em nossos cursistas, que há uma grande força de

vontade no sentido de aprimorar e/ou modificar sua prática pedagógica através

de formação continuada. A criatividade, o comprometimento e a busca por

melhores condições de trabalho atuam em várias instâncias da prática

educativa, direta ou indiretamente ligados a transmissão dos saberes, tendo

em vista a formação humana.

Verdadeiros integrantes do sistema educacional buscam em

seus horários e além de sua jornada de trabalho de 40 horas a constante

capacitação, pois não tendo o direito à hora-atividade, exige um “jogo de

cintura” desse profissional para essa capacitação, hora feita em universidades,

hora feita entre seus pares. Hoje acreditamos ter vivenciado experiências

inesquecíveis de profissionais polivalentes “professores pedagogos” que fazem

a diferença em seus espaços escolares, sendo idealizadores e partícipes de

ações que perpetuam a qualidade do ensino paranaense.

Ao findar este estudo, fica a certeza de momentos únicos

possibilitados pelo PDE, sendo uma oportunidade de formação continuada sem

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precedentes, um momento muito importante para a história e política da

educação paranaense, mas não podemos parar por ai, precisamos considerar

que os enfrentamentos dentro do espaço escolar mudam e se intensificaram

nos últimos anos, e que o professor pedagogo, precisa, urgentemente de muito

estudo, de um maior comprometimento com a educação pública e de muita

reflexão sobre sua prática com pedagogo.

Neste sentido reforçamos a necessidade do professor

pedagogo estar em constantemente renovando e reformulando sua prática,

contribuindo para que os professores pedagogos também possa alcançar seus

projetos de ascensão profissional e fundamentar teoricamente sua práxis

educativa.

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