os desafios da escola pÚblica paranaense na … · alunos do 4º ano e uma aluna do 5º ano do...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014
Título: Leitura e interpretação de notícias de jornais em uma proposta bilíngue na
educação de surdos.
Autor: Eliane Braga de Oliveira Crispim
Disciplina/Área:
Educação Especial
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Bilíngue para Surdos de Maringá- Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio na Modalidade de Educação Especial.
Município da escola: Maringá
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professor Orientador: Profa Dra. Tânia dos Santos Alvarez da Silva.
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar:
Resumo:
Para os sujeitos surdos o ato de ler jornal não é tão simples, pois os jornais são redigidos em português escrito e para eles, a língua de sinais é tida como sua primeira língua, enquanto a língua portuguesa, sobretudo pela via da escrita, é considerada como sua segunda língua. Por isso, ler jornais, ter acesso às informações do dia a dia veiculadas na mídia, não acontece de forma natural para a maioria dos surdos porque falta o conhecimento pleno do português escrito. Portanto, essa Produção Didático-pedagógica, propõe um grupo de estudos, com professores atuantes na educação de surdos, para discutir e buscar diferentes estratégias de leitura e interpretação de notícias de jornais e de outros gêneros textuais em uma proposta bilíngue na educação de surdos.
Palavras-chave: Leitura e escrita, notícias de jornal,
educação de surdos, língua de sinais
Formato do Material Didático: Unidade didática
Público: Professores
1 Apresentação
Este trabalho consiste na elaboração de uma Unidade Didática que será utilizada
no Projeto de Intervenção Pedagógica e faz parte do processo de avaliação do
Programa de Desenvolvimento da Educação PDE – 2014.
O projeto apresentado para o desenvolvimento desse trabalho, que foi dividido
em duas etapas, (a primeira um projeto piloto com um grupo de alunos e a
segunda será um grupo de estudos com professores), apresenta as dificuldades
dos sujeitos Surdos de interagir com o mundo, por meio da leitura de notícias de
jornais.
Muitos autores advertem que o jornal é uma janela para o “mundo real”, que ele
insere o sujeito nos fatos e acontecimentos do seu dia a dia. Enfim, conviver com
jornais, ler jornais, é sempre um modo de participar das coisas de nosso tempo
e intervir na mudança do rumo dos acontecimentos (SILVA, 2007, p. 71).
Para os sujeitos surdos o ato de ler jornal não é tão simples assim, os jornais
são redigidos em português escrito. Para os surdos, a língua de sinais é tida
como sua primeira língua, enquanto a língua portuguesa, sobretudo pela via da
escrita, é considerada como sua segunda língua. Por isso, ler jornais, ter acesso
às informações do dia a dia veiculadas na mídia, não acontece de forma natural
para a maioria deles, porque falta o conhecimento pleno do português escrito.
Segundo SANCHES (2014), 90% dos surdos são filhos de pais ouvintes, que
não dominam a língua de sinais e, muitas vezes, eles só têm acesso ao mundo
noticiado nos jornais quando se encontram nos espaços escolares.
A escola torna-se, portanto, um espaço lingüístico fundamental, pois normalmente é o primeiro espaço que a criança surda entra em contato com a língua brasileira de sinais. Por meio da língua de sinais, a criança vai adquirir a linguagem. Isso significa que ela estará concebendo um mundo novo usando uma língua que é percebida e significada ao longo do seu processo. (QUADROS e SCHMIEDT, 2006, p.22).
Com base nessa afirmativa, de que é por meio da língua de sinais que a criança
surda se apropria da linguagem, esperamos que ao final deste trabalho, com os
resultados do projeto piloto e com a implementação da produção didática
pedagógica com os professores, seja possível responder as seguintes questões:
uma mediação pedagógica conduzida pela língua de sinais seria capaz de
aproximar a criança surda das notícias veiculadas em jornais? Para, além disso,
essa mediação poderia motivá-las a buscar de forma autônoma a informação?
Para a produção dessa Unidade didática terei como ponto de partida o projeto
piloto que contou com a participação de seis alunos: três alunos do 3º ano, dois
alunos do 4º ano e uma aluna do 5º ano do ensino fundamental, matriculados
em contra turno nas atividades complementares do Colégio Bilíngue para Surdos
de Maringá - Ed. Infantil, Ensino fundamental e Médio na Modalidade de
Educação Especial.
O projeto piloto, intitulado: Leitura e interpretação de notícias de jornais em uma
proposta bilíngue na educação de surdos, foi aplicado no período de outubro e
novembro de 2014, ao todo foram 4 encontros de 2 horas/aula. Levando em
considerações as dificuldades dos surdos com o português escrito e a distância
dos surdos com as informações veiculados na mídia, por meio desse projeto,
propomos a intervenção a partir da leitura e interpretação de notícias
apresentados no lead dos jornais.
De acordo com o Manual de redação e Estilo do Estado de São Paulo, o lead é
a abertura da matéria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três frases,
as informações essenciais que transmitam ao leitor um resumo completo do fato,
deve ser objetivo, completo, simples e, de preferência, redigido na ordem direta.
Nele, são respondidos os seis elementos básicos da informação: o quê? (a
ação), quem? (o agente), quando? (o tempo), como? (o modo), onde? (o lugar)
e por quê? (o motivo) - (MARTINS, 1997).
Durante os encontros apresentei aos alunos os elementos básicos da
informação que aparecem no lead das notícias dos jornais e, diante das
dificuldades dos alunos de conceituar cada um dos elementos, senti a
necessidade de trabalhar diferentes estratégias (leitura de imagens, fotos,
acontecimentos e eventos escolares, passeios e fatos do cotidiano deles) para
aproximá-los dos conceitos de cada um dos elementos. Após várias atividades
de investigação dos conceitos, apresentei um “lead” do Jornal O DIARIO de
Maringá, com o objetivo de investigar se a mediação pedagógica conduzida pela
língua de sinais seria capaz de aproximá-los das notícias veiculadas em jornais
e se, essa mediação poderia motivá-los a buscar de forma autônoma a
informação.
A metodologia adotada e os resultados desse projeto piloto serão o ponta pé
inicial para o diálogo com os professores do Colégio Bilíngue para Surdos de
Maringá, no Projeto de Intervenção Pedagógica, que se efetivará no primeiro
semestre de 2014, com a realização de um curso de extensão de 36 horas,
distribuídas em 8 encontros presenciais de quatro horas e mais 4 horas
destinadas à leitura prévia dos textos, com certificação pela UEM – Universidade
Estadual de Maringá. Além das discussões dos resultados do projeto piloto
serão utilizados também textos de apoio, atividades individuais e coletivos, a fim
de estudarmos novas possibilidades e estratégias de leitura e interpretação e a
importância do uso da língua de sinais na mediação no processo de ensino-
aprendizagem do aluno surdo.
O foco principal do nosso trabalho é buscar justificativas para reafirmar a
importância do domínio da língua de sinais, pelos professores e alunos, para a
efetivação do processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo.
Muitos autores da área da surdez (GOLDFELD, 1997; QUADROS, 1997;
FERNANDES, 1998; CAPOVILLA, 2001) destacam a importância do domínio da
língua de sinais para uma educação bilíngue para surdos. Esses estudos
reconhecem a língua brasileira de sinais – Libras como a língua natural e
fundamental, na produção histórica e cultural das comunidades surdas
brasileiras. Reconhecem ainda, que a Libras se apresenta como língua principal
no currículo escolar das escolas bilíngues, seguida do aprendizado do
português, língua nacional majoritária, assegurada como segunda língua, em
sua modalidade escrita.
Portanto, é com esse olhar que organizamos esse material didático, juntar o
trabalho com o gênero textual jornalístico com uma proposta bilíngue na
educação dos surdos. Teremos como base a proposta de letramento da
pesquisadora Sueli Fernandes. Ela propõe um trabalho com as diversas
dimensões da língua portuguesa (discursiva, lexical, semântica), pautando-se
sempre no estudo das relações organizadas no interior do texto. A autora
considera também, a gramática como parte integrante da língua e, por isso,
defende que esta deve estar presente nos projetos bilíngues de letramento para
surdos.
O uso de textos jornalísticos, principalmente notícias do cotidiano, que no projeto
piloto optamos pelo trabalho com lead, levou em consideração as dificuldades
que as pessoas surdas encontram em assistir telejornais, ler revistas e jornais,
tendo em vista que para os Surdos o português escrito, apresentado nas
legendas dos telejornais e nos jornais impressos, é considerada como sua
segunda língua.
Teremos também, como apoio, outros textos que apontam a importância de
usarmos estratégias diferenciadas para o ensino do português como segunda
língua para surdos. Para isso, optamos pela autora Ronice M. Quadros,
pesquisadora na área da surdez, que produziu vários materiais com ideias
criativas para ensinar português para alunos surdos.
Nos encontros da implementação didática pedagógica desse material teremos a
contribuição da pesquisadora SANCHES (2014). Ela nos apresentará a sua
experiência e os resultados obtidos em sua pesquisa de mestrado intitulada:
“Possibilidades no ensino de português escrito como segunda língua para alunos
surdos: em discussão a metodologia de letramento bilíngue de Fernandes”,
pesquisa realizado por ela em uma escola bilíngue no primeiro semestre de
2014. Seus estudos sugerem que a adoção de uma proposta de letramento
bilíngue para surdos favorece a apropriação do português escrito como segunda
língua, e ainda melhora o desempenho em primeira língua desses sujeitos.
Outra autora que dará subsidio ao nosso projeto de intervenção pedagógica na
escola é Galuch (2013) que traz uma reflexão sobre a pseudoformação. Galuch,
no artigo, que apresentaremos no material didático, sugere a formação para a
criticidade e autonomia, questiona os formatos de atividades e interpretações
textuais que aparecem nos livros didáticos de várias disciplinas e propõe uma
reflexão sobre o papel do professor no processo de ensino-aprendizagem.
2 Apresentação do Material Didático
PRIMEIRO ENCONTRO
Data prevista: 07/04/2015
Atividade: Leitura e discussão dos textos:
a) Por que, afinal, a leitura de jornais na escola?
b) Quesitos e caminhos para a conquista do hábito de leitura de Jornais.
c) A linguagem escrita na imprensa: Lide
Objetivos:
- Reconhecer a importância de levar o jornal para sala de aula e discutir os fatos
do cotidiano que cercam esse aluno.
- Identificar estratégias de leitura de jornal para provocar o hábito de leitura de
notícias de jornal nos nossos alunos.
- Identificar as técnicas de produção de um lead para o desenvolvimento da
leitura e interpretação de notícias.
Duração: 4 horas
Material utilizado: textos dos livros:
- Texto 1: O Jornal na vida do professor e no trabalho docente. SILVA,
Ezequiel Theodoro (org). Campinas/SP. 2007 – Páginas 71 à 83.
- Texto 2: Para ler e fazer o jornal na sala de aula. Maria Alice Faria, Juvenal
Zanquetta Jr. São Paulo: Contexto, 2012 – Páginas 29 à 45.
Encaminhamentos metodológicos:
- Encaminhar os textos, por e-mail, aos professores com antecedência para a
leitura prévia.
- Durante o encontro o grupo será dividido em quatro equipes, para a leitura dos
pontos mais relevantes e para responder as questões propostas para cada texto.
Texto 1:
a) De acordo com o texto podemos verificar que o jornal é constituído por
um rico e diferenciado tipo de escrita. Quais são esses tipos de escrita
que podemos encontrar nos jornais?
b) O autor afirma que existe uma forte relação entre a imagem e a escrita.
Qual é a importância dessa relação para enriquecemos o potencial de
leitura nos nossos alunos?
c) Quais são as operações complexas do pensamento que o ensino com
jornais podem proporcionar?
d) Segundo o autor do texto, “nas escolas só se trabalha com retalhos de
textos, textos sem contextos, texto sem gravura ou só gravura, resumido,
rápido, sem conteúdo [...]”. Será realmente que isso está acontecendo em
nossa escola? Como nós, em nossa prática de sala de aula, estamos
escolhendo os nossos textos? E, como deveríamos escolher os nossos
textos?
Texto 2:
a) O que é o lead?
b) Quais são as perguntas básicas que devem estar respondidas em um
lead?
c) Escolham um lead no jornal (dentre muitos disponibilizados para essa
atividade) e respondam as perguntas básicas que vocês identificaram na
questão anterior.
Após responderem todas as questões propostas os grupos irão socializar
oralmente as respostas com os outros grupos.
SEGUNDO ENCONTRO
Data prevista: 14/04/2015
Atividade: Apresentação do projeto piloto (material em anexo)
Objetivos:
- Identificar as estratégias de leitura e interpretação de notícias de jornal dentro
de uma proposta bilíngue.
Duração: 4 horas
Material utilizado: Datashow, imagens das atividades desenvolvidas, textos dos
alunos,
Encaminhamentos metodológicos:
- Aula expositiva: apresentar o passo a passo da aplicação do projeto piloto
sugerido no Projeto de Intervenção Pedagógica.
- Em equipes, de quatro professores, enumerar os pontos positivos e negativos
do projeto piloto e sugerir outras estratégias e encaminhamentos metodológicos
que podem contribuir com o desenvolvimento de leitura e interpretação dos
alunos surdos.
- Abrir para discussão e socializar com todo o grupo os pontos levantados por
cada equipe.
TERCEIRO E QUARTO ENCONTRO
Data prevista: 28/04/2015 e 05/05/2015
Atividade: Leitura e discussão do texto: Ideias para ensinar português para
alunos surdos.
Objetivos:
- Identificar e relacionar várias atividades e estratégias para ensinar português
para alunos surdos.
Duração: 8 horas
Material utilizado: Texto disponível na internet: Quadros e Schmiedt. Ideias
para ensinar português para alunos surdos. Disponível em
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000010148.pdf.
Acessado em 10/12/2014.
Encaminhamentos metodológicos:
- Encaminhar aos professores os textos por e-mail, com antecedência para a
leitura prévia.
- Em equipes de, quatro professores, responder algumas questões de acordo
com o texto:
a) O que é letramento?
b) O que é afinal uma educação bilíngue para alunos surdos?
c) No Brasil, na educação de surdos, já tivemos o uso de vários métodos,
inclusive a Chave de Fitzgerald e o de Perdoncini. Pesquise na web como
são esses métodos.
d) A nossa escola é bilíngue? Como está a educação de surdos em nossa
escola hoje?
e) Para o grupo, o que vocês acham que está faltando para uma educação
bilíngue efetiva? Ou não está faltando nada?
f) O que eu, enquanto professor dessa escola, posso fazer para manter ou
fortalecer a proposta de uma escola bilíngue?
- Ainda em grupo: escolher uma das atividades propostas pelas autoras, preparar
a atividade e apresenta-la ao grupo.
- Criar ou demostrar uma atividade que já utiliza em sala e justificá-la dentro da
proposta bilíngue.
QUINTO ENCONTRO
Data prevista: 12/05/2015
Atividade: Palestra tema: “Possibilidades no ensino de português escrito como
segunda língua para alunos surdos: em discussão a metodologia de letramento
bilíngue de Fernandes”. Palestrante: Professora convidada Paola Beatriz
Sanches.
Objetivos: Verificar e discutir os resultados do estudo sobre o ensino do
português escrito para alunos surdos, conforme desenvolvido por Sanches
(2014).
Duração: 4 horas
Material utilizado: Dissertação de Mestrado: SANCHES, Paola Beatriz.
Possibilidades no ensino de português escrito como segunda língua para alunos
surdos: em discussão a metodologia de letramento bilíngue de Fernandes.
Maringá/UEM, 2014. Dissertação de Mestrado. Disponível em
http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2014%20-%20Paola_Sanches.pdf. Acesso
07/12/2014.
Encaminhamentos metodológicos:
- Encaminhar a dissertação, por e-mail, aos professores com antecedência para
a leitura prévia.
- A professora Paola apresentará, ao grupo de cursistas, a sua experiência e os
seus resultados obtidos com a pesquisa de mestrado intitulada: Possibilidades
no ensino de português escrito como segunda língua para alunos surdos: em
discussão a metodologia de letramento bilíngue de Fernandes, que foi realizada
com um grupo de alunos do 2º ano do Colégio Bilíngue para Surdos de Maringá.
SEXTO ENCONTRO
Data prevista: 19/05/2015
Atividade: Leitura e discussão do texto: Propostas pedagógicas para os anos
iniciais do ensino fundamental em livros didáticos: reflexões sobre a
pseudoformação.
Objetivos: Analisar e discutir as atividades de interpretação de textos
apresentados nos livros didáticos adotados pela escola.
Duração: 4 horas
Material utilizado
- GALUCH, Maria Terezinha e CROCHIK, José Leon. Artigo: Propostas
pedagógicas para os anos iniciais do ensino fundamental em livros didáticos:
reflexões sobre a pseudoformação. 2014. (no prelo)
- Livro didático: Projeto Buriti – Português – 3º ano. Organizadora: Editora
Moderna, em LIBRAS, 2011.
Encaminhamentos metodológicos:
- Encaminhar o artigo, por e-mail, aos professores com antecedência para a
leitura prévia.
- Atividade em equipes de quatro professores: Leitura e discussão do texto
levando em consideração as seguintes questões:
a) Quais foram as unidades de análise, utilizados por Galuch (2014), para
analisar os livros didáticos?
b) Na página 13, a autora afirma que muitas atividades dos livros didáticos
desviam o foco do conteúdo e enfatizam a forma. Quais são os exemplos
citados pela autora que justificam essa afirmativa?
c) Outra ênfase que é dada nos livros didáticos, segundo a autora, é a
inovação, mediante a inclusão de jogos e brincadeiras. De acordo com o
texto, quais são os cuidados que devemos ter com esse tipo de atividade
para que a diversão não tome o lugar do conteúdo?
d) A autora adverte que, muitas atividades do livro didático negam a
autoridade do professor. Quais são os exemplos encontrados nos livros
didáticos, citados pela autora, que sugerem a negação da autoridade do
professor e que colocam professor e aluno no mesmo nível?
e) Outro elemento interessante levantado pela autora são as atividades
de autoavaliação. Quais são as críticas pontuadas pela autora sobre as
atividades de autoavaliação que se destacam nos livros didáticos?
- Os grupos irão apresentar as suas considerações, sobre cada questão, aos
outros grupos.
- Cada grupo irá escolher uma unidade do livro didático utilizado na escola:
Projeto Buriti – Português – 3º ano. Organizadora: Editora Moderna, em LIBRAS,
2011, e elencar estratégias e encaminhamentos metodológicos de como
trabalhar com o livro didático sem cair nos equívocos levantados por Galuch
(2014).
SÉTIMO ENCONTRO E OITAVO ENCONTRO
Data prevista: 26/05/2015 e 02/06/2015
Atividade:
- Trabalhar e analisar com o grupo a proposta de leitura e interpretação da lenda
“Iara”, conforme desenvolvido por Galuch (2014), no projeto de extensão “Apoio
pedagógico para crianças e adolescentes com dificuldades escolares”,
PROPAE/UEM (em anexo)1. Avaliação do Projeto de Implementação
Pedagógica.
Objetivos:
- Identificar e analisar os elementos de interpretação do texto.
- Elaborar atividades de interpretação de texto que enfatizem o conteúdo.
- Avaliar o desenvolvimento da implementação pedagógica na escola.
Duração: 4 horas
Material utilizado: Datashow, textos retirados dos livros didáticos utilizados na
escola: Projeto Buriti – geografia, história, português ou ciências.
- Texto: A Lenda da Iara – atividades de interpretação sugeridas por Galuch.
(conforme anexo).
Encaminhamentos metodológicos:
- Apresentar a proposta de interpretação de texto de Galuch. - Em equipes, de
quatro professores, sugerir que escolham um texto, do livro didático, e elaborar
as atividades de interpretação seguindo os passos propostos por Galuch,
sempre dando ênfase no conteúdo e propondo atividades para que o aluno
possa consultar o texto muitas vezes.
- Responder a ficha de avaliação da Implementação Pedagógica.
1 A proposta de interpretação da lenda Iara foi cedida pela autora para uso neste projeto de intervenção.
3. Referências
CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkíria Duarte. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira. São Paulo: Edusp, 2001.
FARIA, Maria Allice. Para ler e fazer o jornal na sala de aula. Maria Alice Faria, Juvenal Zanchetta Jr, 3. Edição. São Paulo: Contexto, 2012. FERNANDES, Sueli. Educação bilíngüe para surdos: identidades, diferenças, contradições e mistérios. Curitiba: UFPR, 2003. (Tese de doutorado).
GARCIA, Luiz (org.). Manual de redação e estilo – O Globo. 22ª edição. São Paulo: Globo, 1995. GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista. São Paulo: Plexus, 1997. QUADROS, Ronice Muller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. QUADROS, Ronice Müller de. SCHMIEDT, Magali L.P. Idéias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf. Acesso em 06/08/2014. MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo – O Estado de S. Paulo. 3ª edição. São Paulo, O Estado de S. Paulo, 1997. SANCHES, Paola Beatriz. Possibilidades no ensino de português escrito como segunda língua para alunos surdos: em discussão a metodologia de letramento bilíngue de Fernandes. Maringá, 2014. Dissertação de Mestrado. Disponível em http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2014%20-%20Paola_Sanches.pdf. Acesso 07/08/2014.
SILVA, Tânia dos Santos Alvarez. A aquisição da escrita pela criança surda desde a educação infantil. Curitiba, 2008. Tese de Doutorado. Disponível em http://www.ppge.ufpr.br/teses/D08_silva.pdf. Acesso em 22/07/2014.
SILVA, Ezequiel Theodoro (org). O Jornal na vida do professor e no trabalho docente. Campinas/SP. 2007
SOUSA, Pedro Jorge. Elementos de jornalismo impresso. Porto 2001. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-impresso.pdf. Acesso 23/07/2014.
1º ENCONTRO 1) passo: POR QUÊ? - Escrevi o termo no quadro, somente uma aluna leu. - Mostrei uma ficha com o sinal (retirei do Dicionário Trilíngue, Capovilla, 2001),
(Capovilla, 2001)
- Todos leram. - Perguntei como usa esse sinal? Me dê um exemplo? - Ninguém conseguiu construir uma frase onde pudesse usar o sinal. 2) passo: - em círculo, com meu computador, mostrei fotos de animais: - em cada foto explorei individualmente duas perguntas:
a) Você gosta ou não gosta desse animal?
b) Por quê? (Esperei eles responderem se gostavam ou não, depois
apresentei a minha intenção... Por quê?
OBS: somente um aluno não conseguiu dar uma resposta direta, os outros
deram respostas bem adequadas e diretas (porque é bravo; porque é fofo;
porque é perigoso; porque pica...). Gostei do resultado.
3) passo:
- Produção escrita:
Qual é o animal que você mais gosta? Por quê?
OBS: interessante, 3 alunos ignoraram a minha pergunta e desenharam todos
os animais e não queriam parar para tentar escrever a resposta. 2 alunos
entenderam o comando e tentaram escrever. (Todos sabiam escrever o nome
dos 5 animais)
FOTO 1 – Autoria do autor
Esse aluno conseguiu compreender a pergunta
OBS: o vocabulário “perigosa” estava no quadro.
FOTO 1 – Autoria do autor
2º ENCONTRO 1) passo:
- escrevi todos os elementos do lead no quadro, e solicitei a leitura de cada um.
OBS: Todos os alunos tiveram dificuldades, só identificaram o vocabulário “POR
QUE?” Por ter sido trabalhado no dia anterior.
2) passo: - Coloquei as fichas com os sinais na mesa e pedi para eles (individualmente)
tentarem relacionar o sinal com o vocabulário com a ajuda do dicionário trilíngue
de Capovilla ().
- Os alunos não tiveram dificuldade em pesquisar os vocabulários no dicionário.
FOTO 1 – Autoria do autor
- Depois de pesquisar todos os vocabulários eles colaram no quadro. Sinal/vocabulário
FOTO 4 – Autoria do autor
- OBS: houve polêmica no sinal “QUEM?”. No dicionário é o mesmo sinal para
“O QUÊ?”. Convidamos a professora língua de sinais, Surda, para tirarmos as
dúvidas, pois o sinal que é usado na escola pelos alunos e professores surdos é
diferente.
A professora explicou em quais situações usaria cada sinal, e disse que pode
usar também o sinal que aparece no dicionário só que teria que adicionar o sinal
de pessoa para dar o mesmo sentido.
O QUÊ? ou QUEM? (Capovilla, 2001)
3) passo:) - leitura de uma imagem
(http://www.indiretasmaternas.com.br/gente-que-inspira/criancas-brincando/)
- a apresentação dessa imagem foi muito rica e divertida, todos queriam contar
(descrever) o que estavam vendo na imagem.
- durante a descrição deles eu inseria uma ficha com os sinais para eles
continuarem, até completar todas as 6 fichas.
OBS: Todos deram conta de responder as perguntas de acordo com a imagem
(foto).
Como? Onde? Por quê?
O quê? Quando? Quem? (Capovilla, 2001)
4) passo: - escrevi todos os vocabulários no quadro, compondo um glossário para que os
alunos pudessem ter apoio na produção.
FOTO 5– Autoria do autor
- escolhemos um título; - dei um início para todos continuarem a produção;
FOTO 6 – Autoria do autor
3º ENCONTRO 1) passo: - relembrei com eles todos os elementos que havíamos trabalhado na aula
anterior
- fizeram algumas atividades de identificação do sinal com a escrita
FOTO 7 – Autoria do autor
FOTO 8 – Autoria do autor
OBS: apenas uma aluna não conseguiu realizar as atividades 2) passo:
Foto: Visita ao prefeito a foto dos alunos visitando a prefeitura de Maringá
(http://www2.maringa.pr.gov.br/site///index.php?sessao=4bc12762e2554b&id=24164)
- pedi para que contassem a notícia da visita, eles sabiam exatamente “quando?”
(mostraram no calendário)
- apresentei todas as fichas dos sinais (colei no quadro) e 4 alunos contaram a
notícia seguindo as fichas que iam apontando.
FOTO 9 – Autoria do autor
- depois de todos contarem sobre a visita (dos 5 alunos só 4 estavam no dia do
passeio) combinamos o título e iniciamos a notícia.
- confeccionamos um mural para colocamos as notícias;
FOTO 10 – Autoria do autor
- fizeram a produção da notícia;
FOTO 11 – Autoria do autor
OBS: foi necessário fazer o glossário no quadro para auxiliar na produção escrita;
FOTO 12 – Autoria do autor
4º ENCONTRO
1) passo:
- relembrei com eles todos os elementos que havíamos trabalhado na aula
anterior e pedi para cada um ir até o quadro e fazer a datilologia de cada sinal.
OBS: apenas uma aluna não conseguiu.
FOTO 13 – Autoria do autor
2) passo:
- Apresentei um lead do Jornal O Diário, dei um texto para cada aluno tentar ler
e descobrir qual era o assunto da notícia, poucos vocabulários foram
identificados, somente: Maringá e água, ninguém identificou o assunto, 2 alunos
fez o sinal de gastar água.
OBS: essa turma visitou a prefeitura e também a câmara de vereadores. Esse
tema não exigiu o uso de vocabulários totalmente desconhecidos
- fiz a leitura em Libras, discutimos o tema,
- apresentei as fichas com elementos, perguntas do lead, todos conseguiram
responder “onde?”, “quando?” “O quê?” “Por quê? “Quem?” e “como?”. Foi muito
bom.
FOTO 14 – Autoria do autor
- de acordo com as respostas dadas, fui anotando no quadro, ao lado dos sinais
das perguntas. Todos os alunos foram filmados explicando a notícia, foi
excelente.
- partindo para a leitura: fiz uma legenda com cores em cada uma das perguntas
e pedi para ele identificarem as respostas e pintarem (tinham o apoio das
anotações do quadro). Contudo, 2 alunos não conseguiram realizar a atividade
de forma independente. .
FOTO 15 – Autoria do autor
CONCLUSÃO
Somente em quatro encontros não foi possível aprofundar o emprego das
técnicas do lead. Consumi muitas aulas para conceituar cada uma das
perguntas, mas o resultado foi satisfatório. Acredito que os 6 conceitos trabalhos
de diferentes formas e situações foi realmente eficaz, somente uma aluna não
alcançou a compreensão de cada um dos conceitos. Todos os outros alunos
compreendem, escreveram e usaram os conceitos corretamente.
ANEXO 2
TEXTO: A LENDA DA IARA
LENDA DA IARA
A Iara é uma lenda do folclore brasileiro. Ela é uma linda sereia que vive no Rio Amazonas, sua pele é morena, possui cabelos longos, negros e olhos castanhos. A Iara costuma tomar banho nos rios e cantar uma melodia irresistível, desta forma os homens que a veem não conseguem resistir aos seus desejos e pulam dentro do rio. Ela tem o poder de cegar quem a admira e levar para o fundo do rio qualquer homem que ela desejar se casar. Os índios acreditam tanto no poder da Iara que evitam passar perto dos lagos ao entardecer.
Segundo a lenda, Iara era uma índia guerreira, a melhor da tribo, e recebia muitos elogios do seu pai que era pajé. Os irmãos de Iara tinham muita inveja, resolveram matá-la à noite enquanto dormia. Iara que possuía um ouvido bastante aguçado os escutou e os matou.
Com medo da reação de seu pai, Iara fugiu. Seu pai, o pajé da tribo, realizou uma busca implacável e conseguiu encontrá-la, como punição pelas mortes a jogou no encontro dos Rios Negro e Solimões. Alguns peixes levaram a moça até a superfície e a transformaram em uma linda sereia.
1) Quantos parágrafos tem o texto? 2) Vamos falar em poucas palavras, o que diz cada parágrafo. 3) Qual a causa de os homens pularem dentro do rio? 4) Que informação o texto apresenta que indica que os índios acreditam
no poder de Iara? 5) Quais as características de Iara? 6) Aponte uma característica da moça antes de se transformar em Iara. 7) Segundo a lenda, por que o pai de Iara a elogiava antes de ela se
transformar em sereia? 8) Que decisão os irmãos da índia tomaram? Por qual motivo? 9) Os irmãos da índia conseguiram realizar o que queriam? Por quê? 10) Qual o significado da palavra implacável no texto? Vamos escrever
uma frase utilizando esta. (Maringá fez uma campanha implacável para acabar com o mosquito da dengue).
11) Grife de verde as expressões utilizadas para substituir ou se referir à
palavra IARA? 12) Grife de azul as palavras escritas com letras maiúsculas. Qual
conclusão podemos chegar? (usamos letras maiúsculas em palavras que iniciam frases e em nomes (substantivos próprios)
13) Por que a palavra rio, na quinta linha do primeiro parágrafo, está grafada com letra minúscula e a da primeira linha do primeiro parágrafo está grafada com letra maiúscula?
14) Os índios evitam passar perto do rio antes ou depois do meio-dia? 15) Segundo a lenda, "[...] alguns peixes levaram a moça até a superfície
e a transformaram em uma linda sereia". Escreva outra frase com a palavra superfície. (Vivemos na superfície terrestre).
16) Este texto é uma lenda. Quais são as principais características deste gênero textual. (Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. Buscar outras informações que complementam esta ideia).
17) O quer dizer um ouvido bastante aguçado? 18) Reescreva a frase “Alguns peixes levaram a moça até a superfície e a
transformaram em uma linda sereia", considerando que foi o Boto cor-de-rosa que realizou esta ação.
O Boto cor-de-rosa levou a moça até a superfície e a transformou em uma linda sereia.
19) Reescreva a frase Seu pai, o pajé da tribo, realizou uma busca implacável e conseguiu encontrá-la, como punição pelas mortes a jogou no encontro dos Rios Negro e Solimões, substituindo a palavra grifada, em alterar a ideia.
20) Complete a tabela de acordo com informações do texto.
Lugar em que vive Iara
Características físicas de Iara
Costumes de Iara
Poderes de Iara
Castigo recebido por Iara por ter matado seus irmãos
21) Destaque palavras que indicam ações e estado no presente e passado de: IARA
Presente Passado
Vive Recebia
É Era
Possui Possuía
Costuma Escutou
Tem Fugiu
Matou
HOMENS
Presente Passado
veem
conseguem
pulam
ÍNDIOS
Presente Passado
Acreditam
Evitam
IRMÃOS DE IARA
Presente Passado
Tinham
Resolveram
PAI DE IARA
Presente Passado
PEIXES
Presente Passado
Levaram
Transformaram
Percebemos que as ações Levaram, Transformaram, resolveram foram feitas por mais
de um sujeito. Se estas ações fossem acontecer no futuro, como ficariam a frase em que aparecem as palavras levaram e transformaram?
Alguns peixes levarão a moça até a superfície e a transformarão em uma linda sereia.
BOTO COR-DE-ROSA
De acordo com a lenda, um boto cor-de-rosa sai dos rios amazônicos nas noites de festa junina. Com um poder especial, consegue se transformar num lindo, alto e forte jovem vestido com roupa social branca. Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. Vai a festas e bailes noturnos em busca de jovens mulheres bonitas. Com seu jeito galanteador e falante, o boto aproxima-se das jovens desacompanhadas, seduzindo-as. Logo após, consegue convencer as mulheres para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Na manhã seguinte volta a se transformar no boto.
O boto cor-de-rosa é considerado amigo dos pescadores da região amazônica. De acordo com a lenda, ele os ajuda durante a pesca, além de conduzir em segurança as canoas durante tempestades. O boto também ajuda a salvar pessoas que estão se afogando, tirando-as do rio.
Na cultura popular, a lenda do boto era usada para justificar a ocorrência de uma gravidez fora do casamento. Ainda nos dias atuais, principalmente na região amazônica, costuma-se dizer que uma criança é filha do boto, quando não se sabe quem é o pai.