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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A leitura e a sedução pelo mito

Elisângela Pereira

Aécio Flávio de Carvalho RESUMO: O presente projeto de implementação pedagógica tem por objetivo motivar o aluno para a formação do hábito de leitura por meio de textos literários. Especificamente, neste trabalho será tomada como análise literária do conto A Bela e a Fera, retomando como reinvenção do mito de Perséfone. O gênero escolhido, o mito, gera grande interesse nos alunos, pois desperta a fantasia e cria para o jovem leitor uma atmosfera de encantamento. No trabalho, trabalha-se a leitura do mito por meio da metodologia da estética da recepção; o procedimento será realizado com alunos do 1ª ano do ensino médio do Colégio Estadual Egídio Ballarotti, no município de Astorga. Para o objetivo, concorrerá, ainda, a interpretação e a análise da presença do mito em diversas formas de manifestação da mídia. Palavras-chave: Leitura; mito; estética da recepção. ABSTRACT: This pedagogical project implementation aims to motivate students to form the habit of reading through literary texts. Specifically, this work will be taken as literary analysis reading of the myth Persephone and the seasons by analyzing the tale Beauty and the Beast in what is perceived similarity of topic. The chosen genre, the myth generates great interest in the students, because the fantasy and the mystery surrounding it create an atmosphere of enchantment. This proposed work focuses on the reading of the myth through the methodology of the aesthetics of reception to be held with students from 1st year of high school in State College Egidio Ballarotti in the town of Astorga. The interpretation of texts by analyzing the presence of myth in various manifestations of the media will also be held.

Introdução

O presente artigo centra-se na consideração de uma proposta de

ensino da leitura.

No desenvolvimento da prática pedagógica, é possível perceber a

dificuldade que os alunos apresentam na leitura, especialmente de um texto

literário: não conseguem identificar a temática, não interpretam informações

implícitas, não demonstram autonomia de pensamento e, por isso mesmo,

carecem de senso crítico; são passivos diante do texto que, geralmente, não

interage com a realidade em que eles estão inseridos e, menos ainda, propicia

motivação adequada.

Todo professor trabalha com essas limitações no dia a dia da sala de

aula. Na tentativa de romper a mesmice do cotidiano escolar, essa produção

apresenta uma proposta diferenciada: traz para a sala de aula o chamariz do

mito e das lendas míticas como instrumento motivador para o ato de ler,

primeiro, e, depois, para o hábito da leitura.

Move-nos a convicção de que, assim, é possível suscitar um

discente/sujeito ativo na construção do conhecimento, capaz de transformar-se

e influir na sua realidade social cotidiana. Além disso, esperamos que a

experiência sirva a outros professores como inspiração para implementação de

produções similares na prática pedagógica; assim, estaria se formando uma

corrente de motivação para a leitura.

É o diagnóstico da moda: Um dos maiores problemas na educação é a

falta de interesse dos alunos pela leitura. As afirmações são recorrentes: a

defasagem na formação para o hábito de ler, desde os anos básicos do ensino,

é evidente; como consequência, a interpretação textual, ineficiente, provoca

decisivamente mau desempenho do aluno em qualquer disciplina; e, é lógico,

principalmente na área do estudo da literatura.

Nesse contexto, avulta o papel e a responsabilidade do professor de

língua portuguesa, de quem se cobram alternativas para motivar os alunos a

ler, infelizmente sem o respaldo que o tamanho da empreitada postula.

E, assim, como fazer o aluno competente para leitura, já que estamos

diante de uma situação em que eles chegam ao ensino médio sem as

habilidades básicas para a essa leitura? Como fazê-los cidadãos conscientes,

críticos da realidade que os cerca? Uma realidade caótica em que valores e

princípios da sociedade são relativos, ou seja, o indivíduo aceita tudo, tudo

pode... Perdeu-se a referência de como fazer educação; o aluno é livre para

pensar o que deseja e pode ou não estar certo; sugere-se que vale é o

pensamento individual.

Mas há consenso de que a busca do conhecimento é o caminho

fundamental para tentar solucionar o problema da educação. E a literatura,

segundo Antonio Candido (1972), como uma força humanizadora, contribui

para formação do homem. E exerce função psicológica quando satisfaz a

necessidade que temos de fantasia, isto é, de transfigurar o real ao

reconhecermos o mundo e o ser; a literatura tem, pois, uma função formadora

levando o leitor a compreender emocionalmente o mundo e se reconhecer nele

desempenhando papéis.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No contexto histórico atual, o avanço dos multimeios da mídia,

paradoxalmente, fomenta o desinteresse dos alunos na busca de

conhecimento, pois as informações chegam muito rápido por meio dos avanços

tecnológicos e a escola não é mais atrativo. Além disso, grande parte dos

professores não está capacitada para o uso das novas tecnologias da

comunicação e acabam por ficar ultrapassados.

Nesse patamar, as avaliações demonstram o quanto o aluno está

defasado em língua portuguesa e outras disciplinas. Pois não há o hábito de

leitura desenvolvido nos educandos; com isso, não relacionam informações

atuais com o conhecimento prévio, nem conseguem interpretar texto, nem

mesmo resolver os problemas matemáticos, cujo enunciado não conseguem

entender.

A base de qualquer resolução de situação problema é a interpretação e

se o aluno não é competente para isso, não terá sucesso na solução.

A leitura, em sentido amplo ou restrito, é o meio mais eficaz para chegar

à eficiente aprendizagem, ao conhecimento; e é pela leitura que se desenvolve

a criticidade para ter autonomia de pensamento.

De acordo com Solé (2010):

Basicamente, a escola ensina a ler e não propõe tarefas para que os alunos pratiquem essa competência. Ainda não se acredita completamente na ideia de que isso deve ser feito não apenas no início da escolarização, mas num processo contínuo, para que eles deem conta dos textos imprescindíveis para realizar as novas exigências que vão surgindo ao longo do tempo. Considera-se que a leitura é uma habilidade que, uma vez adquirida pelos alunos, pode ser aplicada sem problemas a múltiplos textos.

A capacitação para a habilidade de leitura deve iniciar desde cedo na

vida do estudante, já que é o guia para formação de competência em meio às

mais variadas informações recebidas durante a vida.

A escola não está dando conta de envolver os alunos para uma

interação eficiente a fim de possibilitar leituras múltiplas, ou seja, todas as

disciplinas propondo atividades que priorizem leitura para assim, conseguirem

sucesso na construção de conhecimento.

Motivar para leitura é algo relevante no trabalho do educador; buscar o

prazer estético dos textos literários com o intuito de seduzir o aluno para

interagir com esses textos é base para compreensão e interpretação. Por isso

foi escolhido, nesse trabalho, o mito como instrumento de sedução do aluno, já

que é surpreendente e misterioso estudar a mitologia, desperta no leitor o

gosto para compreender os textos e ler mais.

Ernst CASSIRER (2000, p.18) trata assim da definição de mito segundo

Max Müller:

É algo condicionado e mediado pela atividade da linguagem: é o resultado de uma deficiência linguística originária, de uma debilidade inerente à linguagem. Toda a designação linguística é ambígua e nisso é que está a fonte dos mitos.

Dessa forma, a mitologia é necessidade da própria linguagem, a qual

exerce um grande poder sobre o pensamento nas mais diversificadas atividade

humana.

Segundo GRIMAL (1982, P. 11) o mito demonstra uma realidade

simbólica que revela uma explicação para o mistério do mundo; possui vida

própria, é o caminho entre a razão e a fé.

Por outro lado, mesmo considerada a evolução das condições históricas

e étnicas, muitas vezes os mitos guardam testemunhos sobre situações que,

se não fosse o mito, estariam esquecidas.

Thomas BULFINCH (2006) trata em seu livro da criação do mundo e de

suas divindades, e a explicação para essa criação é o próprio mito que muitos

escritores utilizaram para produção de poesias nas belas artes na atualidade.

O mito serve como explicação sobre a estrutura do universo, pois os

gregos acreditavam que a Terra era redonda e a Grécia, o centro em que se

situava o Monte Olimpo, na Tessália e representava a morada dos deuses.

Para eles, a criação do universo partiu de que todas as coisas estavam

juntas e tinha um aspecto de caos, tudo estava misturado como uma massa.

Então, Deus e a natureza separaram o mar da Terra e do ar, organizaram os

rios, lagos, montanhas, vales, fontes, campos entre outros.

Não é sem razão que o mito foi base para escritas de aventuras e

epopéias fantásticas que influenciaram o ocidente.

O mito foi se desenvolvendo e/ou atualizando em todos os períodos

históricos e influenciando os povos até a modernidade. Na cultura grega, na

sua origem, estava ligada a uma visão religiosa, servindo a inspirações de

caráter artístico.

E é por meio da arte que a mitologia se firma como transformadora e

libertadora, transfigurando o real, como na arquitetura, esculturas, pinturas e na

literatura.

ROCHAL (1985) trata o mito como uma narrativa, discurso ou até

mesmo designado como fala, em que as sociedades expressam suas dúvidas,

indagações e inquietações, e o ser humano organiza e conserva símbolos que

são linguagens a fim de compor os textos como os narrativos.

Assim, o mito possui uma mensagem que está escondida, numa

linguagem falar poética, isto é, seduzindo fala sério com o leitor levando-o, à

busca de interpretações. E a eficácia mitológica está no estímulo que ele

proporciona à reflexão e não necessariamente, na verdade.

De acordo com Aécio Flávio de CARVALHO (2005), a mitologia grega e

romana faz parte de um momento de rica produção cultural, que persiste até a

atualidade, em todos os campos do conhecimento, servindo, ainda,

extraordinariamente, à finalidade da educação.

Na Grécia, a produção poética primeira foi preponderantemente épica,

carregada de mitos, e, através destes, de valores e atitudes morais. Poemas

épicos, como Ilíada e Odisséia, de Homero e os poemas Teogonia e Os

trabalhos e os Dias de Hesíodo, bem espelham a mentalidade da sociedade da

época.

Ainda de acordo com CARVALHO (2005) o poema de Hesíodo, Os

trabalhos e os Dias, extremamente didático, era para seu irmão Perses

objetivando ensinar o irmão ao trabalho e a justiça, além de dar conselhos e

orientações sobre agricultura e navegação, dias favoráveis e desfavoráveis às

atividades.

Dessa forma, as características educativas estavam explícitas no poema

e, além disso, Hesíodo trouxe para a modernidade os seus ensinamentos

como, por exemplo: o trabalho não é vergonha, mas a preguiça sim, o homem

que tem preguiça é acompanhado pela fome, não roubar riquezas, guardar a

alma e temer aos deuses, não obter lucros desonestos. Esses ditados

nasceram no século VIII a.C. e perduram até hoje.

Daí a propriedade da definição de GRIMAL (1982, p. 8 ):

Dá-se o nome de mitologia grega ao conjunto de relatos maravilhosos e de lendas de todo tipo, cujos textos e monumentos figurados nos mostram que sua ocorrência se deu nos países de língua grega, entre o IX ou VIII século antes de nossa era, época à qual nos reportam os poemas homéricos.

Metodologia

De acordo com Aguiar e Bordini (1993), o caráter Iluminista da teoria

da Estética da Recepção apresenta a literatura como arte revolucionária,

afetando a história, formando leitores criativos pela interação ativa com textos e

com a sociedade.

Com base nisso, o presente trabalho, de cunho exploratório, será

desenvolvido a partir da observação das etapas apresentadas pela estética da

recepção.

Primeira etapa: determinação do horizonte de expectativa em que o

professor coloca o aluno em contato com diferentes gêneros textuais a fim de

observar opiniões emitidas durante a leitura, para assim reconhecer o interesse

desses alunos, a preferência, ou seja, o que realmente gostam de ler.

Esse interesse já foi contatado e que chamou atenção deles foi o mito.

Segunda etapa, o professor cria toda essa atmosfera de leitura, pode

utilizar-se de provocações a fim de levar a participação desse aluno com

questionamentos, experiências, críticas sobre contos em geral.

Em seguida, assistem ao filme da história A bela e a Fera atendendo o

horizonte de expectativa do aluno, após discutem sobre a obra: o que

entenderam, o conflito da narrativa, as ações das personagens, o clímax, o

desfecho, quem poderia representar a Fera atualmente em nossa sociedade,

porque agia como monstro, quem poderia ser a Bela hoje em dia, como uma

atitude de carinho pode modificar as situações, colocar-se no lugar do outro

para poder compreender os problemas vividos.

O professor questiona sobre as histórias antigas, o que os alunos

conhecem, e acaba por levá-los a pensar nos mitos, buscar na vivência deles

características mitológicas.

Na terceira etapa da estética da recepção, momento de transição para

uma literatura mais exigente em que o aluno precisa se deparar com o

desconhecido para ampliar seu conhecimento como emancipação do

pensamento. É nesse aspecto que o professor cria o meio de mostrar o que

não é convencional, momento esse da ruptura do horizonte de expectativa em

que o professor o envolve com a leitura de Perséfone e as estações do ano,

leitura individual para que ele dialogue com o texto.

Em seguida, questionar sobre o mito lido, o que entenderam, o que tem

de semelhante com o conto de fadas A Bela e a Fera, também trabalhar com a

estrutura da narrativa, além de propor leitura de outros mitos, conhecer heróis e

lendas míticas. Levar o aluno a perceber que o mito faz parte da nossa vida e

está em todos os lugares como na TV, em filmes, novelas, reportagens.

Assim, a ampliação do horizonte de expectativa do aluno se concretizará

por meio das leituras, discussões e dramatização desse mito que encanta o

jovem leitor.

Finalizando esse trabalho com a dramatização do mito Perséfone e as

estações do ano, assim os alunos poderão expressar suas ideias e

sentimentos.

ETAPAS DE LEITURA:

LEVANTAMENTO DO CONHECIMENTO PRÉVIO

O que é mito?

Como surgiram os mitos?

Você já leu algum texto ou assistiu algum filme/novela envolvendo mito (s)?

Qual?

Nós ainda vivenciamos mitos atualmente? Exemplifique.

Mito:

Segundo GRIMAL (1982, P. 11) o mito simboliza uma realidade; tenta

fornecer uma explicação para o mistério do mundo, possui vida própria, situa-

se a meio caminho entre a razão e a fé.

Além disso, o mito pode expressar a evolução das condições históricas e

sociais, que, muitas vezes, não fosse o testemunho do mito, estariam

esquecidas.

Thomas BULFINCH (2006) comentando sobre relatos fabulosos da

criação do mundo e de suas divindades, entende que a explicação para essa

criação é o próprio mito, trabalhado por muitos escritores para produção nas

belas artes, em todos os tempos, até na atualidade. Ou seja, o mito é sempre

uma narrativa. E o mito greco-latino foi a base para narrativas de aventuras e

epopéias fantásticas que influenciaram o ocidente. E foi se desenvolvendo em

todos os períodos históricos e influenciando os povos. Profundamente

impregnada de um sentimento religioso na sua origem, a narrativa/mito

revestiu-se de um caráter artístico, consolidando-se como matéria de outras

manifestações estéticas em todos os tempos.

É por meio dessa arte que a mitologia se firma como transformadora e

libertadora, transfigurando-se como real na arquitetura, na escultura, na pintura

e na literatura.

ROCHA (1985) apresenta o mito como um discurso cifrado. Assim, o

mito possui uma mensagem que está escondida num falar poético. Isto é, o

mito fala sério, mas necessita de uma interpretação. E a eficácia da narrativa

mitológica está no estímulo que proporciona à reflexão e não na verdade. É na

narrativa mítica – cuja riqueza e condição de sedução apenas resumimos nas

linhas acima – que buscaremos suporte para o desenvolvimento dos

procedimentos didáticos a serem adotados em função da presente produção

didático pedagógica.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DA UNIDADE DIDÁTICA

Detalhados os elementos essenciais da narrativa (personagem, espaço,

tempo, ação, narrador, discursos, etc...) em aula(s) preparatória (s), a primeira

aula em que irá ocorrer a implementação propriamente dita da produção

didático-pedagógica, no primeiro ano do Ensino médio do Colégio Estadual

Egídio Ballarotti, no município de Astorga, será o momento em que os alunos

assistirão ao filme A Bela e a Fera.

Roteiro do filme A Bela e a Fera

Antes dos alunos assistirem ao filme, o professor explanará um roteiro

sobre o mesmo em que eles deverão se ater:

Observar as características dos personagens principais;

As ações;

O problema que se desenvolve na história;

Como esse problema é resolvido;

Se os alunos conhecem alguma história atual parecida com a da Bela e a Fera.

Após o filme, em outra aula, o professor propiciará a discussão da obra

assistida, questionando o que entenderam.

Em seguida, será realizada uma atividade de interpretação sobre a

história da Bela e a Fera, em que os alunos farão o registro escrito do

entendimento, conforme roteiro sugerido.

Interpretando o filme – roteiro

Atividades escritas:

Qual o assunto da obra?

O conflito?

O clímax?

O desfecho surpreende? Por quê?

Se na obra o conflito não existisse, a história aconteceria? Por quê?

Quem poderia representar a Fera e a Bela, atualmente?

Por que a personagem Fera agia como monstro?

A atitude de carinho de Bela para com a Fera pôde modificar a situação? Por

quê?

Se fosse você que estivesse no lugar da Fera como agiria? Explique:

A personagem Bela agiu de modo coerente com sua consciência? Justifique

sua resposta:

Os problemas vivenciados na história podem representar o que vivenciamos na

nossa sociedade contemporânea? Exemplifique:

Alguém conhece alguma história parecida com essa? Qual?

Atividades orais:

Conhecem algumas histórias antigas que tratam sobre os problemas que o ser

humano enfrenta no dia a dia?

O que ouviram falar sobre os mitos?

Por que foram escritos?

Quando foram escritos?

Os assuntos dos mitos podem ser visto hoje em nossa sociedade?

Exemplifique:

Em outro momento, é apresentado o mito como leitura expressiva de

Perséfone e as estações do ano aos alunos.

Interpretando o mito clássico:

Perséfone e as Estações do Ano - Mitologia Grega

Perséfone era filha de Zeus, senhor dos deuses, e de Deméter, deusa

da agricultura. Ainda era uma jovem donzela - em grego, koré, o que explica o

fato de também ser chamada de Cora - quando foi raptada por Hades, o senhor

dos mortos, que a levou para seu reino subterrâneo e a fez sua esposa. Ao

saber do rapto, Deméter ficou desesperada e descuidou-se de suas tarefas: as

terras tornaram-se estéreis e houve grande escassez de alimentos. Zeus

ordenou a Hades que devolvesse Perséfone, mas como esta comera uma

semente de romã no mundo subterrâneo não podia ficar inteiramente livre.

Estabeleceu-se então um acordo: Perséfone passaria um terço do ano

com Hades.Os quatro meses ao ano que Perséfone permanece no mundo

subterrâneo correspondem à aparência árida dos campos gregos no verão,

antes que reverdeçam com as chuvas de outono.

O mito simbolizava o ciclo anual da colheita. Deméter representava a

terra cultivável, de que nascia Perséfone, a semente que brota periodicamente.

O amor de Perséfone por Adônis, relatado em outra lenda, achava-se

igualmente vinculado aos rituais agrícolas. Na mitologia romana, a deusa foi

identificada com Prosérpina. O rapto de Perséfone foi celebrado por poetas

como Ovídio e também serviu de tema para diversos pintores do

Renascimento.

Interpretação do mito – roteiro

O que entenderam do mito e o que tem de semelhante com o filme: A Bela e a

Fera?

Atualmente, podemos observar o retorno desse mito na mídia, como?

Atividades escritas:

Identifique no mito Perséfone e as estações do ano:

Apresentação:

Conflito:

Desenvolvimento das ações:

Clímax:

Desfecho:

Você esperava esse desfecho? Justifique sua resposta:

Quem era Perséfone? E Deméter?

Quem era Hades e o que fez com Perséfone?Em sua opinião, o que Hades fez

foi correto? Justifique sua resposta:

O que poderia representar a semente de romã que aparece no mito?

As estações do ano representam, por analogia, o desenvolvimento da vida

humana. A primavera representa a juventude, o verão, a vigorosa mocidade, o

outono, a maturidade e o inverno, a morte.

Essa representação está relacionada com a sua vida? Por quê?

Compare o filme com o mito:

Semelhanças e Diferenças

Outros mitos e heróis gregos:

Nesse momento, a professora leva o mito: A caixa de Pandora para os

alunos realizarem a leitura.

http://philosophiagrega.no.comunidades.net/index.php?pagina=1162455981

Após, os alunos verificarão de qual problema humano esse mito trata,

farão uma discussão sobre esse tema e explanarão suas idéias oralmente.

Após essa explanação, farão as seguintes atividades:

Marque a resposta correta com um X em cada uma das questões:

1. A caixa de Pandora tem esse nome pelo fato de:

a) Pandora ser curiosa e abrir a caixa proibida.

b) Pandora não ficou curiosa, mas abriu a caixa.

c) Pandora não abriu a caixa, quem fez isso foi o marido dela.

2. O único dom positivo preservado naquela caixa era:

a) a fertilidade

b) a esperança

c) a beleza

d) a delicadeza

3. O que poderia representar A caixa de Pandora hoje na sociedade em que

vivemos:

a) alegria

b) paz

c) inveja

d) maldade

Em um outro momento, os alunos irão para o laboratório de informática a

fim de assistir a dois vídeos no youtube sobre os deuses gregos.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=dFI6XWamkhs

http://www.youtube.com/watch?v=V-Ktmhf6ao8

Depois dessa atividade, irão escrever informações sobre os deuses que

não conheciam a partir dos vídeos estudados.

Em seguida, será realizada uma discussão sobre as informações novas

que conheceram sobre os deuses.

Outros mitos brasileiros:

O Pé de Garrafa

http://sitededicas.ne10.uol.com.br/cfolc.htm

http://sitededicas.ne10.uol.com.br/folclore_pe_de_garrafa.htm

Analisando a lenda: Pé de Garrafa.

1. Por que essa lenda tem esse nome?

2. Quais as características do Pé de Garrafa?

3. Esse personagem da lenda é perigoso? Por quê?

4. Em todos os lugares do Brasil, o Pé de Garrafa tem esse mesmo nome ou

não? Justifique sua resposta.

5. Essa lenda faz parte do folclore brasileiro, qual a sua relação com o mito

Perséfone e as estações do ano?

6. Leia o trecho abaixo retirado da lenda acima:

A julgar pelas enormes pegadas que ficava na areia ou no barro de massapê

devia ser de estatura invulgar, talvez maior que dois homens.

As palavras em negrito no trecho acima o que significam?

Mitos:

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/mitos_e_estacees_no_ceu_tupi-

guarani.html

A Mulher da Lua

O Homem Velho

Depois da leitura de A mulher da Lua e O homem velho acontecerá uma

discussão sobre esses mitos e em que são semelhantes e diferentes do mito

de Perséfone

Dramatizando o mito:

Finalmente, os alunos se prepararão para dramatizar Perséfone e as

estações do ano, juntamente com a professora elaborarão as falas dos

personagens, farão à caracterização dos mesmos, organizarão ensaios em

horários diferentes das aulas. Será marcada a apresentação do mito

antecipadamente para outras turmas apreciarem a representação.

Resultados

Inicialmente o projeto sobre leitura foi apresentado para equipe

pedagógica no colégio. Em seguida, colocou-se em prática em sala de aula,

em que os alunos assistiram ao filme A Bela e a Fera na versão modernizada.

Eles apreciaram muito e ficaram atentos a cada detalhe.

Em outra aula, a participação dos alunos foi efetiva, construtiva, pois

discutiram e compararam o filme com o conto, diagnosticando as semelhanças

e diferenças entre os dois, compreenderam a estrutura do texto narrativo e

utilizaram-na para reconhecê-la no filme. Lembraram-se de histórias que

conheciam e que já leram ou vivenciaram, por meio de outros filmes.

Momentos em que todos participaram e construíram conhecimento

enfocando o que era significativo para eles.

O mito escolhido foi muito bem recebido pelos alunos que ficaram

intrigados a conhecer mais sobre mitologia, apreciaram os vídeos com atenção

e pediram para poder ver novamente. As atividades sobre a história de

Pandora acrescentaram curiosidade maior, levando-os à reflexão sobre os

problemas que enfrentamos no dia a dia. Realizaram pesquisa, por conta

própria, a fim de conhecer mais sobre os heróis gregos e os seus dons. O mito

sobre Pandora encantou os alunos, pois se identificaram com ele.

Assim, o trabalho se desenvolveu de maneira a levar o aluno a reflexão,

a fim de construir conhecimento e ter autonomia de pensamento. A busca pela

pesquisa sobre os heróis gregos gerou um debate sobre o que realmente o ser

humano vivencia desde a antiguidade até os dias de hoje, os problemas e as

tentativas de soluções são semelhantes. Esse enfoque criou uma atmosfera de

discussão e conclusão de pensamentos, levando os alunos à criticidade diante

do tema em estudo.

Após esse estudo, ocorreu a análise do mito brasileiro O pé de garrafa

em que os alunos fizeram à interpretação dessa narrativa comparando o mito

de Perséfone e com o filme assistido. Diante disso, perceberam que o ser

humano está cercado de mitos, somos influenciados desde antiguidade por

eles, fazem parte da vida de todos.

A finalização do trabalho com o mito culminou em uma apresentação

para a turma, do mito Perséfone e as estações do ano, os alunos que

participaram foram excelentes representando e chamaram a atenção do

público, pois compreenderam a relevância dos problemas que todos enfrentam

no dia a dia e a interação entre professor/aluno e aluno/aluno foi significativa,

compreenderam a realidade que o cercam e buscaram construir conhecimento

a partir das atividades propostas, porém não quiseram apresentar para outras

turmas, pois estavam tímidos.

Outro momento do PDE foi à socialização do projeto e da produção

didática por meio do Grupo de Trabalho em Rede, no período de março e maio

do ano de 2014, com professores de língua portuguesa de todo o Paraná.

Esse estudo e interação foram relevantes para verificar o quanto o

projeto e a produção didática foram viáveis em sala de aula.

Os cursistas do GTR agradaram-se muito do estudo referente ao mito e

das atividades propostas nesse estudo, já que os professores, atualmente,

enfrentam dificuldades com a falta de interesse dos alunos em interpretar, pois

as informações vêm de todos os lugares, internet, celular, porém, a escola não

é mais atrativo. O que fazer?

O Projeto de Intervenção Pedagógica foi produzido com a finalidade de

levar o aluno ao interesse pela leitura por meio do mito, o qual é um gênero

apreciado por eles, e os professores que participam do curso GTR também

avaliaram como positiva essa escolha.

É o grande desafio na educação, tentar levar o aluno a ter prazer na

leitura, pois é por meio dela que o conhecimento se concretiza e torna o sujeito

autônomo na construção do conhecimento.

Muitas sugestões foram compartilhadas nesse curso a fim de criar um

ambiente propício para a leitura em sala de aula, como: caixinha de leitura,

projeto de leitura, além de todas as disciplinas trabalhar com a leitura como

incentivo, pois a parceria com a filosofia e outras disciplinas também é eficaz e

demonstra que o trabalho dos professores com a interdisciplinaridade vem

sendo realizado, já que é ponto crucial das Diretrizes Curriculares.

Pensar na leitura é pensar na busca do conhecimento científico, o qual

tira as vendas dos olhos do sujeito levando-o a enxergar a realidade sem

alienação para assim, transformar a sociedade.

Um professor leitor também faz a diferença, leva o aluno ao

conhecimento de forma prazerosa e eficaz. A proposta de trabalho, nesse

curso, intensificou a utilização do mito que veio de encontro com o interesse

dos alunos, os quais identificaram, nesse gênero textual, os problemas

vivenciados.

Os mistérios envolvidos nos mitos já fazem parte da realidade dos

adolescentes e os encantam de maneira fantástica e os levam à pesquisa e

interação.

Diante desses mistérios que os mitos causam, os cursistas do GTR

deram sugestões de trabalho em sala de aula que foram as mais criativas

possíveis, como: mural dos heróis gregos, caixinha de leitura com os mais

variados textos mitológicos, interação com outras disciplinas como filosofia,

história entre outras.

O professor, criando o hábito da leitura nos alunos, segue o caminho

fundamental que é a busca do conhecimento para torná-los críticos, com

autonomia de pensamento a fim de transformar a realidade.

Conclusão

Diante dos desafios enfrentados em sala de aula, esse projeto de

implementação pedagógica enfocou o trabalho de formar a habilidade de

leitura, a fim de estimular os alunos à leitura da mitologia, pois é muito

apreciada por eles.

O objetivo de fazer esses alunos desenvolverem hábitos de leitura foi a

grande preocupação da professora que instigou os alunos ao conhecimento

dos problemas do ser humano desde a antiguidade até os dias de hoje em que

os mitos retratam.

Conhecer o que o aluno gosta é fundamental para levá-lo à autonomia

de pensamento e sujeito na construção do conhecimento.

A implementação do projeto no Colégio Estadual Egídio Ballarotti foi de

grande valia, motivou os alunos a conhecerem mais da mitologia, pois

perceberam o quanto os mitos fazem parte da vida deles e por meio dos

mistérios que os envolvem, buscam utiliza-los para solução de problemas

semelhantes.

Assim, o hábito da leitura está sendo cada vez mais incentivado por

todos os professores do colégio que viram resultado positivo diante do

conhecimento dos mitos relacionados com a realidade de cada aluno.

A leitura é fundamental na apreensão do conhecimento, é por meio dela

que o indivíduo desenvolve sua capacidade de interpretação, escrita e análise

linguística.

A resolução dos problemas de interpretação dos alunos está totalmente

voltada para a falta de leitura dos mesmos, então o caminho que o professor

deve seguir é estimular esses alunos a criar o hábito de ler. Portanto, o projeto

de implementação foi essencial para iniciar melhoria no ensino e aprendizagem

no colégio Egídio Ballarotti, proporcionando a construção de conhecimento pelo

prazer em ler mitos que estimulam a fantasia e o mistério a fim de instigar o

indivíduo a querer mais informação, buscar elementos que satisfaçam a

necessidade do ser humano.

Foi muita satisfação enfocar o trabalho com o mito, pois é por meio do

fantástico que o ser humano vai de encontro com os desejos e necessidades e

desta forma, torna-se sujeito do que irá aprender com autonomia de

pensamento e cidadão consciente do seu dever em sociedade.

Bibliografia

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e formação do

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