os desafios da escola pÚblica paranaense na … · a fotografia logo que surgiu não era...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica
Título: A produção de narrativas visuais dos alunos da Educação de Jovens e Adultos por meio de
fotografias e memórias pessoais
Autor: Akemi Ozeki
Disciplina/Área: Arte
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Barão do Rio Branco
Município da escola: Assaí
Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio
Professor Orientador: Ronaldo Alexandre de Oliveira
Instituição de Ensino Superior: UEL- Londrina
Relação Interdisciplinar:
Resumo:
Pautado na preocupação em oferecer aos alunos uma formação que venha produzir um novo olhar para a Arte, especificamente nas visuais, em que de forma geral, possuem dificuldades em compreenderem a relação do conteúdo de Arte com a sua vida, a presente produção didática propõe produzir narrativas visuais dos alunos da Educação de Jovens e Adultos, por meio de fotografias e memórias pessoais, com a finalidade de estabelecer relações entre arte e vida, a partir das memórias depositadas nos objetos pessoais desses alunos. Assim, são propostas atividades de levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre a fotografia, coleta de dados acerca das fotografias pessoais dos alunos, para que possam narrar suas histórias, e a partir daí inseri-las no contexto maior, entrelaçando com o contexto da história da arte, no sentido de identificar o universo dos alunos, conhecer quais são as visualidades apreciadas e que consideram relevantes na sua vida, e ao mesmo tempo possibilitar que os alunos conheçam e reconheçam a si próprios a partir das fotografias pessoais, promovendo o reconhecimento de sua identidade, trazendo sentido no seu processo de aprendizagem e consequentemente para sua existência.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Narrativas visuais; Fotografias; Memórias pessoais; Arte e vida.
Formato do Material Didático: Unidade Didática
Público
Estudantes da Educação de Jovens e Adultos - EJA-
Ensino Médio
PARANÁ GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
1 IDENTIFICAÇÃO
Título: A produção de narrativas visuais dos alunos da Educação de Jovens e
Adultos por meio de fotografias e memórias pessoais.
Autor: Akemi Ozeki
Área/Disciplina PDE: Arte
Escola de Implementação: Colégio Estadual Barão do Rio Branco
Município da Escola: Assaí
NRE: Cornélio Procópio
Professor Orientador IES: Ronaldo Alexandre de Oliveira
Instituto de Ensino Superior : Universidade Estadual de Londrina - UEL
Formato do material didático: Unidade Didática
Público objeto da intervenção: Estudantes da Educação de Jovens e Adultos -
EJA- Ensino Médio
Tema: Metodologia do Ensino de Arte
Conteúdo: Narrativas visuais de fotografias pessoais
2 APRESENTAÇÃO
Esta produção didático-pedagógica, em forma de Unidade Didática pauta na
preocupação em oferecer aos alunos uma formação que venha produzir um novo
olhar para a Arte, especificamente nas visuais. Segundo relatos de uma grande
maioria dos professores da disciplina, os alunos possuem dificuldades em
sistematizar os conhecimentos da arte visual, em que se vê lacunas na
compreensão do sentido e significados, sendo a concepção que possuem acerca
das artes visuais que muitas vezes, resulta em dificuldades no trabalho em sala
de aula, pois uma grande parte dos alunos, entendem as artes visuais,
independente do seu formato, como algo não vivo, sem constituição de história.
Para atender a essa dificuldade e contribuir para o ensino da Arte,
principalmente visual, propõe-se elaborar narrativas visuais na disciplina de Arte a
partir das fotografias pessoais, na perspectiva de conhecer o universo dos alunos,
tendo como finalidade contribuir na formação dos mesmos, no sentido de produzir
um novo olhar sobre ela, reconhecendo que as narrativas visuais são constituídas
de um texto acerca da imagem, que vai além da ilustração, que possuí uma história
e que a história de vida de cada um está inserida na Arte, promovendo assim a
educação do olhar no universo de imagens.
Desse modo, a intenção é efetivar ações que possam trazer para sala de
aula, fotografias pessoais dos alunos para que possam contar suas histórias e a
partir daí inseri-las no contexto maior, entrelaçando as mesmas
com o contexto da história da arte. Pretendemos com essa intervenção identificar o
universo dos alunos, conhecer quais são as suas visualidades apreciadas e que
consideram relevantes na sua vida, e ao mesmo tempo possibilitar que os alunos
conheçam e reconheçam a si próprios a partir das fotografias pessoais,
promovendo o reconhecimento de sua identidade, trazendo sentido para sua
existência.
Logo, transformando fotografias e memórias pessoais em Arte por meio da
produção de narrativas visuais deve contribuir para formação do grupo de alunos da
Educação de Jovens e Adultos, levando a entender a Arte como uma forma do ser
humano manifestar seus sentimentos, sua história e mostrar sua cultura através de
alguns valores estéticos, como a beleza, harmonia e equilíbrio, que representam um
conjunto de procedimentos utilizados para realizar a arte como é exposto nas
Diretrizes Curriculares para o Ensino da Arte.
Akemi Ozeki
3 MATERIAL DIDÁTICO
MOMENTOS DIRECIONADOS AOS ESTUDANTES
Você conhece a história da EJA?
Educação de Jovens e Adultos
A Educação de Jovens e Adultos, por lei é destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e /ou no
Ensino Médio na idade própria. O sistema EJA passou por muitas mudanças no
decorrer dos anos, desde a década de 1960, em que o governo militar criou o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) ele tem vivenciado diferentes
propostas educativas.
As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos (2006)
assinala a preocupação em atender com qualidade os seus alunos, portanto
com um currículo composto por conteúdos escolares igualmente aos do ensino
regular e encaminhamentos metodológicos diferenciados por entender que o
público adulto possui bagagem cultural e de conhecimentos adquiridos ao longo
de sua história de vida, uma vez que a escola não é o único espaço de
produção e socialização dos saberes .
Compreender o perfil dos estudantes da EJA requer conhecer a sua
história, sua cultura e costumes, entendendo-os como sujeitos com diferentes
experiências e vida, e que em algum momento de sua vida acabaram por
romper com a formação escolar, e que em uma nova etapa da vida retorna aos
bancos escolares.
E agora conte-nos a sua história!
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Um trabalho pautado nas histórias de vida dos alunos apresenta potencial
para produzir conhecimentos e sentido na sua aprendizagem, acabando por
influenciar o seu modo de sentir e ver o mundo. Nesse contexto, o ensino e
aprendizagem de arte se tornará significativo, pois tendo suas histórias e memórias
inseridas no projeto de conhecimento, os alunos sentirão parte do mundo que até
então se mostrou distante de sua realidade.
De acordo com as diretrizes Curriculares de Arte (2008), arte tem importância
em si mesma, como assunto e como objeto de estudo, devido à importância que
adquire na vida das pessoas e na sociedade, tornando-se um dos fatores essenciais
no processo de humanização do homem, pois este, como ser criador, transforma e
transforma a natureza produzindo novas maneiras de ver e sentir.
Portanto, a arte é importante na vida das pessoas, principalmente na vida dos
alunos da Educação de Jovens e Adultos por entender que por meio da Arte melhor
compreenderão as questões que envolvem o seu cotidiano, propiciando uma leitura
de mundo que lhes proporcionará a prática da cidadania.
Desse modo, esse universo composto de sujeitos com uma diversidade de
histórias, de lembranças e memórias, podendo se reconhecer em sua própria
cultura, poderão dessa forma se considerarem importantes na produção da arte.
Nessa perspectiva, o trabalho em sala de aula deve ser constituído de um
projeto de trabalho e conhecimento, que tenha como foco a aprendizagem e que
nela possa inserir elementos da cultura do aluno.
ATIVIDADE 1: Apresentação do Projeto de Intervenção aos estudantes.
Levar ao conhecimento dos estudantes o objetivo do Projeto de Intervenção:
“Estabelecer relações entre arte e vida a partir das memórias
depositadas nos objetos pessoais dos alunos da EJA”. E enfatizar a
importância da participação desses nas ações que serão desenvolvidas no processo
de aprendizagem que venham a produzir um maior significado as aulas de Arte.
Realizar a apresentação objetiva e clara da intenção do projeto através de slides.
Confecção de um banner com os tópicos do projeto para ser afixado no corredor do
Colégio como meio de divulgar o projeto para a comunidade escolar.
ATIVIDADE 2: Coleta de materiais que servem de fonte e instrumento de leitura –
narrativa oral.
Por meio de fotografias pessoais, podemos conhecer quais são as
visualidades apreciadas pelos alunos ou quais são aquelas que eles dão importância
e consideram relevantes na sua vida.
Selecionar uma fotografia como material visual para realização de leitura, no
sentido de produzir uma narrativa oral, pautado nas seguintes indagações:
- Qual é o significado que a fotografia coletada apresenta?
- Quais lembranças a fotografia revela?
- Quem fotografou?
- Para quem fotografou?
- Quais são os personagens presentes na fotografia?
Atividades propostas para implementação do projeto de intervenção
acerca da produção de narrativas visuais por meio de fotografias e
memórias pessoais.
ATIVIDADE 3: Preencher um formulário com as idéias prévias sobre fotografia,
com o objetivo de identificar os conhecimentos dos estudantes sobre a fotografia,
este questionário é constituído de perguntas objetivas e subjetivas, elaborada pela
professora Edná de Souza Gaspar(2012), que foi adaptado para esta atividade.
O que sabem sobre a fotografia?
Instrumento de coleta das idéias prévias dos estudantes acerca da fotografia.
IDENTIFICAÇÃO
Nome do Estudante:___________________________________________
Série:____________________________________ Data: ____/____/_____
A. Assinale a alternativa que está de acordo com suas idéias.
1. A fotografia é uma técnica de criação de imagem. Segundo sua opinião, quem
fotografa possui uma intenção?
( ) sim ( ) não
2. Você considera fotografia uma arte?
( ) sim ( ) não
3. De acordo com a sua opinião, além dos personagens presentes na fotografia,
os objetos também servem para ilustrar a fotografia?
( ) sim ( ) não
B. Observe a fotografia selecionada por você e responda aos questionamentos.
1. Que temática retrata a imagem? ____________________________________
2. Qual o motivo de você ter escolhido essa fotografia?____________________
3. A fotografia selecionada apresenta uma imagem recente?
( ) sim ( ) não
4. Em sua opinião, a fotografia pode trazer alguma lembrança?
( ) sim ( ) não
Responder com atenção as perguntas do instrumento abaixo
5. Observe a fotografia selecionada e descreva-a:
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ATIVIDADE 4: Ampliando conhecimento acerca de fotografia.
A FOTOGRAFIA
Fotografia significa desenhar com a
luz. É essencialmente a técnica de criação de
imagens por meio de exposição da luz,
fixando-as em uma superfície sensível
A primeira fotografia reconhecida foi
feita em 1826, pelo francês Joseph
Nicéphore Niépce. Contudo a invenção da
fotografia não é obra de um só autor.
Diversas descobertas ao longo do tempo
foram somados para que fosse possível
desenvolver a fotografia como é conhecida
hoje.
A fotografia abrange várias áreas da vida e do cotidiano do ser humano, pois
é o mecanismo que permite arquivar um momento... não é cópia fiel da realidade,
ela pode ter sido planejada, montada ou construída. É apenas um olhar, apenas
uma interpretação daquele momento.
As fotografias estão ao nosso redor: nas revistas, nos jornais, nas
propagandas, nos álbuns de família, registrando e guardando imagens de
nascimentos, casamentos, viagens e de outros momentos importantes da vida das
Segundo Boni (2007), fotografar
é escrever com a luz. A forma de
escrever em fotografia, em
primeira instância, é a forma do
fotógrafo ver o mundo. Da
mesma forma que um sujeito
letrado, com maior ou menor
riqueza de vocabulário, escreve
o que vê, o portador de uma
câmera fotográfica registra o que
vê.
Leia o texto abaixo para acrescentar novos conhecimentos sobre a fotografia
pessoas. A fotografia guardada permite uma visitação em outros momentos para
lembrar de acontecimentos e faz com que as pessoas, lembrem do seu passado e
que fiquem conscientes de quem são.
A fotografia logo que surgiu não era considerada arte, pela facilidade em
produzi-la, mas a partir do momento em que ela é uma interpretação da realidade
pode ser considerada arte.
Fazer uma entrevista com um fotógrafo profissional para que ele exponha seus
conhecimentos sobre o ato de fotografar.
ATIVIDADE 5: Na proposta de trabalho com a fotografia há alguns itens a serem
analisados, para tanto é necessário um roteiro básico para a leitura de uma imagem.
Este instrumento de coleta de informações acerca de fontes iconográficas,
baseia-se nas reflexões de Ana Maria Mauad (1996), com adaptação da professora
Edná de Souza Gaspar (2012).
Ainda segundo Boni (2007), da mesma forma que o repertório é importante para
o fotógrafo escrever melhor sua mensagem numa fotografia, ele assume igual
importância para que o leitor possa extrair o máximo de informação possível da
fotografia que estiver lendo. A leitura de uma fotografia é idiossincrática: cada um
lê à sua maneira e “n” variáveis influenciam essa leitura, do repertório pessoal às
peculiaridades do momento em que a pessoa estiver lendo a fotografia. Da frieza
da razão à emotividade que o tema fotografado pode causar no leitor.
Vamos aprender mais um pouco...
Leia o instrumento abaixo e responda as questões
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DE FONTES ICONOGRÁFICAS
(FOTOGRAFIA)
a) Produção da fotografia
1. Em que ano foi realizada a fotografia estudada? _________________
2. Em que local foi realizada a fotografia? (cidade e lugar) ________________________________________________________
3. Quem foi autor da fotografia?
( ) fotógrafo profissional autônomo
( ) fotógrafo de imprensa
( ) fotógrafo social
( ) fotógrafo amador
4. Qual é o tamanho da fotografia (medir)?____________________________ 5. Qual é o tipo da fotografia ? ( ) preto e branco ( ) colorida 6. Qual o tipo de papel ? ( ) brilhante ( ) fosco 7. Qual é o estado de conservação? ( ) bom estado ( ) precário 8. A fotografia apresenta-se nítida? ( ) sim ( ) Não
9. Disposição da fotografia:
( ) Avulsa ( ) Álbum ( ) Quadro ( ) digitalizada 10.Tipo da Máquina: ( ) Analógica ( ) Digital
b) Constituição da fotografia
1. Qual foi o tema (evento)? _________________________________
2. Quais são os objetos apresentados na fotografia? ______________________
3. Quais são os personagens apresentados na fotografia?
4. ( ) pessoas. Quem? :_____________________
5. ( ) Animais. Quais __________________________
6. Qual é o posicionamento dos personagens (sentado, de pé, direita, esquerda,
centro)? : __________________________________________
7. Qual a natureza do espaço? ( ) Adultos ( ) crianças
C) Circulação e consumo
1. Ao fazer o registro fotográfico, o fotógrafo teve a intenção de:
( ) Documentar um fato ( ) representar um estilo de vida
2. Quem encomendou a fotografia? _____________________________
3. O que o fotógrafo queria registrar?
( ) Documentar um fato ( ) representar um estilo de vida ( ) eventos
familiares
4. Para quem foi destinada a fotografia ?_____________________________ D) Memória X Conhecimento Prévio
1. Quais lembranças essa fotografia trouxe para você? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
2. O que essa fotografia revela para você ?
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3. Quais foram os motivos que levaram você a escolhê-la? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
Socialização dos conhecimentos acerca da fotografia.
Após a conclusão do questionário, fazer a leitura da imagem fotográfica a
partir dos dados advindos do questionário, na forma de uma narrativa
textual. Apresentar aos colegas a fotografia selecionada e o texto produzido a
acerca da imagem fotográfica analisada.
ATIVIDADE 6: Há obras e artistas que trabalham na perspectiva da relação da
arte e vida para promover novas relações e aproximações entre os conhecimentos
da Arte e também da vida. Por isso é importante conhecer este universo. Dentre
eles destacamos:
JOSÉ RUFINO, o artista da memória. Formado em Geologia, com pós-graduação em Paleontologia, José Rufino adotou este nome que era de seu avô, é artista plástico e professor de Paleontologia da Universidade Federal da Paraíba. Conhecido como artista da memória, leva este apelido por criar obras que fazem referências fortes ao passado, seu passado e de sua família. Mas Rufino acha que suas obras não são só resgatam o passado, mas também acrescentam novos fatos, reinventando os acontecimentos. Segundo o artista, tanto na paleontologia como na arte, resgata-se o passado e a história simultaneamente. A diferença entre estas profissões é que a arte lhe dá a liberdade de interferir e alterar este passado, criando novos significados. http://www.joserufino.com/site/biografia/. Acesso 21/10/2013
ALEXANDRE SEQUEIRA, nasceu em 1961, em Belém do Pará. Formado em arquitetura pela Universidade Federal do Pará-UFPA , é professor do Instituto de Ciências da Arte da mesma universidade, especialista em Semiótica e Artes Visuais e Mestre em Arte e Tecnologia pela Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG. Artista Plástico e fotógrafo, desenvolve trabalhos que utilizam a fotografia como meio de interação e troca de impressões com indivíduos ou grupos. O projeto de pesquisa “Nazaré de Mocajuba” desenvolvida pelo artista nos anos de 2004 e 2005 numa pequena vila de pescadores do município de Curuçá, no nordeste do estado do Pará. A partir de uma atividade como retratista do lugar, desenvolvida pelo artista, as imagens dos moradores da vila passaram a ser reproduzidas sobre objetos pessoais como cortinas, toalhas de mesa, lençóis ou redes. O resultado são dez peças com imagens fotográficas do dono impressa sobre uma superfície, além de dez fotos que registram essas peças na residência de cada fotografado. Podemos visualizar essas imagens no: http://alexandresequeira.blogspot.com.br/. Acesso 21/10/2013
ATIVIDADE 7: Exercícios para aprimorar o olhar.
ROSÂNGELA RENNÓ. Uma das mais atuantes artista no cenário das artes visuais contemporânea. Nasceu em Belo Horizonte. Artista e fotógrafa. Formada em arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais e em Artes pela Escola Guignard. Doutora em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Rosângela Rennó, é hoje referência obrigatória quando o assunto é a imagem fotográfica e seus desdobramentos. Em seus primeiros trabalhos na década de 80, propunha a ressignificação de imagens pré existentes. Negando-se a produzir novas fotografias a artista voltava o seu foco de interesse para imagens recolhidas em álbuns e arquivos de seus familiares. Posteriiormente a artistas passa a trabalhar com negativos de retratos 3x4 adquiridos em estúdios populares da cidade. Mais tarde volta-se para narrativas fotográficas. Ao expectador a artista não oferece a imagem e sim o texto que a comenta. A partir da leitura dos textos e do repertório iconográfico do próprio expectador é que a imagem é construída. Visualizar essas imagens no: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=3235&cd_idioma=28555. Acesso 21/10/2013
Vamos pesquisar e conhecer outros artistas que trabalham a relação “Arte e
Vida”?
Para refletir... Suas histórias pessoais podem ser inseridas no contexto da
história da arte?
Os objetos dizem muito a respeito de cada um de nós... Você já olhou para os seus objetos? Leia o texto a seguir!
DESCOBERTAS A PARTIR DO OLHAR
Agora vamos para as atividades!
ATIVIDADE 7.1: Remexendo os objetos: Trazer de casa, para próxima aula um
Objeto pessoal.
“O mundo contemporâneo está carregado por imagens. Nunca se falou tanto em
poluição visual, nas novas formas de aprendizagem, na necessidade de uma
alfabetização que incorpore no seu processo, a visualidade. Convivemos com as
imagens diretamente; nas ruas, na publicidade, nos meios de comunicação, nas
correspondências que recebemos diariamente nas nossas casas; aquelas que
esperávamos e também aquelas que chegam até nós sem termos pedido, nos
folhetos que recebemos apressadamente nos semáforos, e que muitas vezes não
temos tempo de ver e nem de ler...É um tempo de superexposição diante das
imagens.Nas nossas casas, convivemos também com as nossas imagens: as
fotografias de lugares e pessoas queridas, os móveis e utensílios que contam
histórias de muito longe e os objetos que vamos colecionando, das viagens, dos
presentes...muitos objetos contam histórias, são extensões de nós mesmos. São
objetos carregados de afetos, de vida, de lembranças, são objetos vivos... “A
proposta deste exercício é de que você faça uma leitura demorada, silenciosa e
profunda de algum objeto que tenha sentido para você, de um objeto que tenha
significação. Para isso você irá utilizar o roteiro abaixo e no final irá produzir um
texto onde as impressões, as lembranças, os esquecimentos possam vir à tona
por meio da veia poética de cada um. Para que você faça o exercício, escolha um
objeto, procure um tempo e um lugar tranqüilo e deixe as lembranças aflorarem,
deixe o olhar “ver”, entre na história. (Oliveira, 2011)
ATIVIDADE 7.2: Organização da exposição dos objetos pessoais dos alunos:
Colocar os objetos de forma para que os colegas de sala possam ver e analisar o
seu objeto.
ATIVIDADE 7.3: Leitura dos objetos pessoais dos alunos: Para a leitura dos
objetos utilize o roteiro abaixo.
APRENDENDO A PARTIR DOS OBJETOS 1.
Agora olhando o objeto responda as seguintes questões:
Quanto as características físicas:
1- Como é a cor deste objeto? Tem cheiro? Qual? Tem som? Qual?
2- Quais são suas dimensões? A Dimensão desse objeto lhe ajuda a entender
para qual fim ele foi pensado? Do que é feito?
3- É uma material natural ou manufaturado?
4- É um objeto completo? Foi alterado, ou acrescentado a um outro?
Quanto à construção – Como é feito?
5- Esse objeto que ora você lê foi feito à mão ou à máquina?
6- Foi feito em molde ou em peças?
7- O jeito como foi feito lhe indica, algum sentido afetivo? Ou apenas de
utilidade?
Quanto à função – para que foi feito?
8- Como o objeto tem sido usado? Seu uso se modificou?
9- Quanto ao design – está bem projetado? Ele exerce bem a função para qual
ele foi pensado e construído?
10-Existem outros materiais que você julga que seriam melhores para o fabrico
deste objeto?
Quanto ao valor – Quanto vale
1 Tal atividade foi desenvolvida pelos museus: MAC - Museu de arte contemporânea –
USP; MAE - Museu de arqueologia e etinologia da USP MIB - Museu do Instituto Butantã e
MLS - Museu Lasar Segall
11-Para as pessoas que o fizeram? Para o comércio de um modo geral? Para o
Museu?
12-Para você que o tem, quanto vale? Quais as lembranças que esse objeto lhe
traz? Faz você recordar de qual lugar? De qual pessoas? De qual situação?
De qual tempo? São lembranças tristes ou alegres? Essas lembranças
aparecem sempre em sua vida? Qual lugar esse objeto ocupa na sua casa?
Onde você o guarda? Outras pessoas querem bem esse objeto também ou
esse valor só você atribui a ele?
ATIVIDADE 7.4: Agora chegou o momento de você criar uma “Narrativa
Textual”. Dê asas a sua imaginação e viaje nas possibilidades simbólicas que
esse objeto lido foi capaz de ativar em você. Crie... Viaje... Escreva... Palavras em
forma de texto, poesia ou de Imagem!
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ATIVIDADE 8: Produção de narrativas visuais.
Socialização das narrativas textuais.
Após a criação das narrativas textuais, apresentar aos colegas de sala, o
objeto e o texto criado.
Criando novos significados
Texto de apoio
Narrativas visuais são imagens que nos dão idéias de histórias geralmente
com temas do cotidiano. São produções/criações imagéticas que se organizam a
partir de uma sucessão de episódios e ocorrências. Exemplos: animação, vídeos,
história em quadrinhos e etc. Ou em quadros que os artistas, só na imagem de
suas pinturas nos provocam uma idéia de continuidade, utilizando-se de
expressões faciais e idéias de movimentos que faz nos corpos ou objetos.
As imagens são compostas de diferentes elementos que, ao se agruparem,
ganham novos significados e novas histórias.
Então, vamos transformar fotografias e memórias pessoais em Arte,
produzindo narrativas visuais por meio de desenhos, fotografias, recorte e colagem!
Retomando a atividade 01 – Elaborar uma leitura das fotografias coletadas
confrontando com obras de artistas que realizam produções nesta perspectiva e
realizar a produção de uma narrativa visual.
Realizar produção artística (narrativas visuais), experimentando diferentes
modos de linguagem visual: pintura, desenho, história em quadrinhos, recorte-
colagem, fotografias entre outros.
Escolher a técnica que mais se identifica ou de sua preferência e direcionar o
seu olhar para as questões dos elementos formais relacionados à composição: linha,
cor, forma, textura, dimensão, movimento, volume, luz, plano, espaço, equilíbrio,
ritmo e etc.
Para produzir
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Reconhecendo que os Jovens e Adultos presentes hoje nas salas de aula
foram construídos por uma cultura diferente da apresentada, e que são oriundos de
outros sistemas educacionais, entende-se que são possuidores de memórias que
tornam suas histórias uma fonte de estudos, para compreender a produção histórica
e artística do homem enquanto um ser em construção.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), por lei é destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e /ou no Ensino
Médio na idade própria. O sistema da EJA passou por muitas mudanças no
decorrer dos anos. Desde a década de 1960, em que o governo militar criou o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) ela tem vivenciado diferentes
propostas educativas.
No Estado do Paraná, nas Diretrizes Curriculares (2006) é exposto um
histórico da EJA para melhor compreende-la. Ela destaca que na década de 1970,
com a criação da Lei nº 5692/71, havia um capítulo para o ensino supletivo e o
Parecer 699/72, do Conselho Nacional de Educação (CNA), que regulamentava os
cursos supletivos seriados e os exames com certificação.
Também ressalta que na década de 1980, com abertura democrática do país,
foram realizados fortes debates acerca das questões sociais e educacionais. Com
um quadro de acentuado número de reprovação (50%) constata-se que 30% da
população era formada por analfabetos, o que resultou em anos posteriores em
jovens e adultos sem formação escolar. Desse modo, com um número expressivo
de jovens e adultos não alfabetizados, o governo criou a Fundação Educar
(Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos), iniciando a
descentralização dos recursos e do poder decisório, passando para o estado e o
MATERIAL PARA SUBSIDIAR O TRABALHO DO PROFESSOR DE ARTE,
ELABORADO A PARTIR DAS PESQUISAS REALIZADAS PARA O PROJETO DE
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL (PDE).
município, a responsabilidade da demanda da alfabetização e escolarização desse
público.
Além do ensino supletivo seriado, o governo do Estado do Paraná criou os
Centros de Estudos Supletivos (CES), hoje Centros Estaduais de Educação Básica
para Jovens e Adultos (Ceebjas), Núcleos Avançados de Ensino Supletivo (Naes),
Postos Avançados dos Ceebjas (PAC) para a oferta de Educação de Jovens e
Adultos.
As Diretrizes Curriculares (2006) apontam dados da Declaração Mundial de
Educação Para Todos (Unicef, 1991), acerca do percentual desses alunos, em que
mais de um terço dos adultos no mundo, naquele ano, não tinham acesso ao
conhecimento impresso e às habilidades tecnológicas que poderiam melhorar sua
qualidade de vida, trazendo grande preocupação. E, que na década de 90 foi
promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96,
na qual a EJA passa a ser considerada uma modalidade da Educação Básica nas
etapas do Ensino Fundamental e Médio e com especificidade própria.
Lançadas em 2000, as Diretrizes passaram a valorizar ainda: as
especificidades de tempo e espaço para seu educando; o tratamento presencial dos
conteúdos curriculares; a importância em se distinguir as duas faixas etárias (jovens
e adultos) consignados nesta modalidade de educação e a formulação de projetos
pedagógicos próprios e específicos dos cursos noturnos regulares e os de EJA para
assim promover uma educação que atendesse o perfil desses alunos.
Como política pública, em 2004 o governo criou o Programa Paraná
Alfabetizado, para promover a continuidade da escolarização, na Rede Estadual de
Educação. E, nas Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e
Adultos(2006) há o estabelecimento do direito substituindo a idéia de compensação
em que passaram de uma educação preconceituosa para uma semelhante a do
regular.
Desse modo, em 2006, há uma redefinição da proposta pedagógica de EJA,
em que contempla 100% de carga horária total na forma presencial (1200h ou
1440h/a) com avaliação no processo, podendo a matrícula ser realizada por
disciplina. E, com duas formas de organização o aluno tem a oportunidade de optar
pela organização coletiva ou individual. Sendo a Coletiva destinada aos que podem
freqüentar com regularidade as aulas, e a individual aos que não podem freqüentar
com regularidade as aulas, isto é, os que possuem jornadas de trabalho
diferenciada, tendo como finalidade de atender as especificidades dos alunos.
A proposta pressupõe também, ações pedagógicas descentralizadas (Aped),
que são turmas de EJA em regiões com baixa demanda educacional que não
justifica a existência da estrutura de uma escola. Tais ações são voltadas às
populações indígenas, ribeirinhas, remanescentes de quilombos, acampados e
assentados em áreas rurais e outros, nos turnos e horários necessários para cada
comunidade.
As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos (2006) assinala
ainda, a preocupação em atender com qualidade os seus alunos, portanto, com
um currículo composto por conteúdos escolares igualmente aos do Ensino regular e
encaminhamentos metodológicos diferenciados acredita-se que haverá melhores
oportunidades para o aprender.
E, considerando os saberes adquiridos por esses alunos ao longo de sua
história de vida, por entender que o público adulto possui bagagem cultural e de
conhecimentos adquiridos em outras instâncias sociais, uma vez que a escola não é
o único espaço de produção e socialização de saberes como é destacado nas
Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos (2006) este novo projeto
educativo foi pensado para atender aos diferentes sujeitos que compreendem a EJA
como se destaca:
Das reflexões feitas no processo de elaboração das Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos, identificaram-se os eixos cultura, trabalho e tempo como articuladores de toda ação pedagógico-curricular. Tais eixos foram definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da cultura e do perfil do educando da EJA.(DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, P.32)
Desse modo, esta concepção traz para a vida dos alunos inseridos nessa
modalidade de ensino a oportunidade de dar sentido ao que se estuda em sala de
aula. O respeito pela cultura desses alunos é algo que vem proporcionar o
estreitamento dos laços sociais e culturais que empreende o seu contexto cultural,
do mundo do trabalho e o tempo por ele vivido como se expõe:
Uma das razões pelas quais os educandos da EJA retorna para a escola é o desejo de elevação do nível de escolaridade para atender as exigências do mundo do trabalho. Cada educando que procura a EJA, porém, apresenta tempo social e um tempo escolar vivido, o que implica a necessidade de reorganização curricular, dos tempos e dos espaços
escolares, para a busca de sua emancipação. DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, P.33)
Portanto, se faz necessário empreender a organização de tempos e espaços
para promover a aprendizagem. E, o respeito às singularidades desses alunos vêem
propiciar a sua emancipação. Logo, compreender o perfil dos estudantes da EJA
requer conhecer a sua história, sua cultura e costumes, entendendo-os como
sujeitos com diferentes experiências de vida, e que em algum momento de sua vida
acabaram por romper com a formação escolar, e que em uma nova etapa da vida
retorna aos bancos escolares. Assim, a demanda atendida pela EJA é constituída de
diversos grupos que apresentam formas diferentes para aprender como destaca:
[...]o atendimento escolar a jovens , adultos e idosos não se refere somente a uma característica etária, mas à diversidade sociocultural de seu público, composto por populações do campo, em privação de liberdade, com necessidades educativas especiais, indígenas, remanescentes de quilombos, entre outros, que demandam uma educação que considere o tempo, os espaços e a sua cultura. ( DIRETRIZES CURRICULARES DA EJA,2006, P. 31)
Desse modo, esse universo composto de sujeitos com uma diversidade de
histórias, de lembranças e memórias, podendo se reconhecerem em sua própria
cultura, poderão dessa forma se considerarem importantes na produção da arte. E,
também pautado no trabalho Cildo Meireles ( 1948 Apud FARIAS, 2002, p.71) que
relata estar “ interessado em diminuir o intervalo que separa a arte da vida “ a
presente proposta de intervenção estabelece como objetivo principal relacionar a
arte á vida.
Nessa perspectiva, o trabalho em sala de aula deve ser constituído de um
projeto de trabalho e conhecimento, que tenha como foco a aprendizagem, e que
nela possa inserir elementos da cultura do aluno como, por exemplo, a história de
vida que Josso (1999, p.18) utiliza o termo como abordagem biográfica ou
abordagem de experiência por considerar que a história produzida por relato é
limitada. Ainda sobre esses projetos Josso( 1999,p.20) destaca:
[...] é preciso frisar a necessidade de um trabalho de diferenciação, e portanto de clarificação, de projetos e de práticas de relatos autobiográficos, de abordagens de experiências e de histórias de vida, a fim de nomear mais explicitamente, se necessário, as opções fundadoras do projeto educativo subjacente-centrado sobre o formativo versus prescritivo- que reuniriam o conjunto dessas práticas , e dizer no que elas( prática e opções) questionam e se situam em ruptura com a concepção e as práticas
escolares dominantes na formação inicial e continua, geral ou profissional.
(JOSSO, 1999, p.20)
Nessa premissa, um trabalho pautado nas histórias de vida dos alunos,
apresenta potencial para produzir conhecimentos e sentido na sua aprendizagem,
acabando por influenciar o seu modo de sentir e ver o mundo. Nesse contexto, o
ensino e aprendizagem da arte se tornará significativo, pois tendo suas história e
memórias inseridas no projeto de conhecimento, os alunos se sentirão parte do
mundo que até então se mostrou distante de sua realidade.
Segundo ainda as idéias/orientações expostas nas Diretrizes Curriculares de
Arte (2008), a arte tem importância em si mesma, como assunto e como objeto de
estudo, devido à importância que adquire na vida das pessoas e na sociedade,
tornando-se um dos fatores essenciais no processo de humanização do homem,
pois este, como ser criador, se transforma e transforma a natureza produzindo novas
maneiras de ver e sentir.
Também ressalta que é por meio do trabalho criador, da apropriação dos
conhecimentos artísticos e do contato com a produção cultural existente que o aluno
se torna mais perceptivo e sensível.
Ainda ressalta, que é fundamental que por meio da disciplina de Arte, os
alunos poderão dar continuidade aos conhecimentos práticos e teóricos sobre a
Arte, apreendidos em níveis anteriores e em sua vida cotidiana, ampliando assim,
saberes sobre a produção artística, expressas em artes visuais, música, teatro e
dança.
Destaca também que é participando com práticas e teorias da linguagem
artísticas nessas áreas, a disciplina deve colaborar no desenvolvimento de projetos
educacionais interligados de modo significativos, articulando-se a conhecimentos
culturais aprendidos pelos alunos nas demais disciplinas. A prática artística, além de
possibilitarem com as demais linguagens, favorece a formação da identidade e da
cidadania dos alunos, fecundando a consciência de uma sociedade multicultural
onde ele confronta seus valores e crenças no mundo no qual está inserido.
Salienta que o ser humano tem procurado descobrir e entender os fenômenos
da natureza, o ciclo das estações, os astros no céu, as relações sociais, políticas e
econômicas, para compreender o seu lugar no universo, buscando a significação da
vida. E, nesse sentido, como é expresso nas Diretrizes Curriculares, a Arte na escola
tem uma função importante a cumprir. Ela situa o fazer artístico dos alunos como
fato humanizador, cultural e histórica, no qual as características de arte podem ser
percebidas nos pontos de interação entre o fazer artísticos dos alunos e o fazer dos
artistas de todos os tempos. Não se trata de copiar a realidade ou a obra de arte,
mas de gerar e construir sentidos.
Portanto, a Arte é importante na vida das pessoas, principalmente na vida dos
alunos da Educação de Jovens e Adultos por entender que por meio da Arte melhor
compreenderão as questões que envolvem o seu cotidiano, propiciando uma leitura
de mundo que lhes proporcionará a prática da cidadania.
A forma como se conduz um projeto de conhecimentos como se refere Josso
(1999) é algo que requer pensar em como as memórias registradas podem servir
como materiais de aprendizagem. Para melhor entender essa questão Rufino (2013,
p. 1) apresenta uma biografia que contribui para reflexão:
[...] Conhecido como o “ artista da memória”, José Rufino leva este apelido por criar obras que fazem referências fortes ao passado , algumas vezes, o seu próprio passado e de sua família. Mas Rufino acha que suas obras não só resgatam o passado, mas também acrescentam novos fatos, reinventando os acontecimentos, de certa forma. (RUFINO,2013, p. 1)
De acordo com Moacir dos Anjos(2002,p.1), no texto que escreve sobre a
obra de José Rufino ele nos diz:
A obra de José Rufino tem cuidado, desde quase o seu início, de
desacelerar o tempo e estender espaços vividos, fazendo da
memória individual (de outros ou sua) passagem para a
rememoração coletiva. Ao longo de toda a infância, o artista passou
seguidas e longas temporadas no engenho do avô paterno, no
município de Areia, Paraíba. Apropriando-se, já adulto,
do nome e dos guardados de seu ascendente, por vários anos
desenvolveu trabalhos em que lidava com o universo
escriturário e sentimental no qual seu avô vivera e
exercera o poder dos donos. Documentos, cartas,
livros, cadeiras, escrivaninhas, carimbos, velhas máquinas de
datilografar: tudo virava suporte para a criação de objetos,
instalações (Lacrymatio, Vociferatio, Sudoratio, Respiratio) e séries
de desenhos (Cartas de Areia). O que era história privada e antiga
tornava-se, com seu gesto, obra pública e recente.
Esse texto do Moacir dos Anjos a respeito da obra de José Rufino faz pensar
o quanto a obra desse artista pode ser importante para trabalhar a dimensão da
memória na Educação de Jovens e Adultos. Pois, trabalhar com as memórias dos
alunos da EJA abre possibilidades de formação com aprendizagens significativas
para esses alunos. Conhecer fatos do seu passado e entrelaçar com o universo da
arte os insere no cenário histórico e artístico, revelando participantes de diferentes
histórias, reforçando a importância da arte na vida dessas pessoas.
Existe uma potencia nas obras de José Rufino e acreditamos que elas
possam sensibilizar, encorajar os alunos da EJA a buscar em seus “baús” suas
histórias, seus guardados, suas potencias seja no seio familiar ou no seu entorno,
como assim faz o Rufino ao lançar mão dos objetos familiares. Podemos ver nas
obras abaixo a forma expressiva, e o quanto esse artista transforma esses objetos,
materiais em obras de arte.
Incertae Sedis 1, 2005 Papeleiro de madeira e raiz modificada; matais e vernizes (cerca de 350cm de diâmetro). Acervo José Rufino.
Foto: Paulinho Muniz.
Léthe, 2009 Vista da instalação na Galeria Virgílio, São Paulo. Mobiliário de madeira, raízes modificadas, metais e vernizes. Cerca de 9m
de comprimento (dimensões e configurações variáveis). Acervo José Rufino.Foto: Flávio Lamenha
Náusea, 2008 Vista da instalação no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza. Curadoria Marcelo campos. Mobiliário de aço (arquivos,
escrivaninhas, fichários) e conjuntos de gravuras à maneira de Rorschach sobre documentos bancários e contábeis. Acervo Banco do Nordeste e José Rufino. Dimensões variáveis. Foto: Breno Laproviter
Memento Mori, 2002 Vista da instalação (segunda versão, Museu Museu Orcar Niemeyer, Curitiba, 2004. Curadoria Moacir dos
Anjos). Monotipias à maneira de Rorschach sobre papéis antigos colados; molduras e cama antigas; penduradores de couro, vernizes. Acervos particulares; Museu Oscar Niemeyer e José Rufino. Foto:
Desse modo, um trabalho na perspectiva da memória e arte considera
relevante pensar as ideias de Canton( 2009, p.37) sobre narrativas visuais:
As narrativas enviesadas contemporâneas também contam histórias, mas de modo não linear. No lugar do começo-meio-fim tradicional, elas se propõem a partir de tempos fragmentados, sobreposições, repetições, deslocamentos. Elas narram, porém não necessariamente resolvem os próprios tramas.
Desse modo, como a autora apresenta sua ideia, as narrativas visuais se
apresentam com fragmentos havendo deslocamentos refazendo uma história já
construída de forma diferente do já apresentado. Em sua obra a autora propõe
narrativas enviesadas quando vai contar histórias de forma particular e
contemporânea. Ressalta que com a modernidade do século XX, as propostas de
Vanguardas foram a liberdade da representação do real, desembocando na
geometrização e na simplificação formal até a abstração, que modificou a noção de
narrativas. Ainda Canton( 2009, p.15) salienta
As palavras e seus sentidos, a memória, a herança e a tradição são elementos que passam a ser revalorizados num mundo inundado por imagens fosforescente, propagandas incessantemente pela mídia. Eles formam uma narrativa que incorpora sobreposições, fragmentações, repetições, simultaneidade de tempo e espaço – enfim, todo o jogo que pode fornecer elementos para a criação de uma obra de sentido aberto, que se constrói durante a relação com o outro, com o público, com o leitor, com o observador.
Dessa forma, as narrativas visuais apresentam potencial para trabalhar as
memórias presentes em sala de aula. E, a fotografia é um material visual de
relevância para realização desse trabalho, por entender que “ Toda fotografia tem
atrás de si uma história”(KOSSOY,2001, P.45). Ainda que
A fotografia tem um destino duplo... Ela é filha do mundo aparente, do instante vivido, e como tal guardará sempre algo do documento histórico e científico sobre ele; mas ela é também filha do retângulo, um produto das belas artes, o qual requer o preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com machas em preto e branco ou em cores. Neste sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível de escapar deste fato. ( BRASSAI(1899-1984) apud KOSSOY,2001, P.45)
Complementando sobre o uso de fotografia pessoais para pensar arte, vale
ressaltar o trabalho de Rosângela Rennó ( 1952, Apud FARIAS, 2002, p.95) sobre
retratar a realidade em que “ Antes, prefere apropriar-se de fotos de autoria
anônima, banais, rostos em 3X4;cenas de casamento;casais em poses antigas[...]”
Dado o exposto, considera frutífero para as aulas de arte um trabalho com
uma abordagem de história de vida, que propõe produzir narrativas a partir de
fotografias e memórias pessoais dos alunos da Educação de Jovens e Adultos,
vista a produção de conhecimentos na disciplina de Arte.
4.1 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Esta Unidade Didática oferece ao professor de Arte encaminhamentos
metodológicos embasados na metodologia triangular de Ana Mae Barbosa, tendo
também como aporte as idéias de Mirian Celeste Martins.
Ana Mae Barbosa, pioneira em Arte-Educação desenvolveu a metodologia
triangular que consiste na construção de conhecimentos em arte a partir da
apreciação artística, a contextualização histórica e o fazer artístico .
Mirian Celeste Martins, professora pesquisadora a respeito de mediação
cultural e estética, tendo como ponto principal da sua pesquisa os Rizomas –
conceito proposto por Deleuze e Gualtari- - uma estrutura flexível e/ou instável de
conceitos, isto é um mapa construído com várias entradas e saídas, tendo como
visualidade uma planta com suas raízes.
Saiba mais consultando:
Com o objetivo de conhecer o universo do público alvo, para que esses
possam se ver refletidos no universo maior da Arte, propõe-se um trabalho de
elaboração de narrativas visuais, a partir de fotografias pessoais, vislumbrando
elaborar histórias e narrativas de vida, utilizando-se de uma seleção de obras e
artistas que dialogam com seus temas como o apresentado na fundamentação
teórica do presente material pedagógico.
O trabalho se constitui na narrativa oral da fotografia pessoal, proporcionando
a elaboração de uma narrativa visual coletiva. A seguir, a contextualização dessa
MARTINS, Mirian Celeste;PICOSQUE, Gisa;GUERRA, Maria Terezinha Tlles. Didática do Ensino de Arte: a língua do mundo: poetizar
fruir e conhecer a arte. Ed. FTD, São Paulo,1998. BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da
Arte. Ed. Perspectiva,São Paulo, 1994.
fotografia na história da arte para que os alunos possam relacionar o conteúdo da
arte visual a sua vida, formando uma narrativa visual.
Ao longo do processo de aplicação das ações, se faz necessário a reflexão
acerca do processo de criação da arte visual, propiciando pensar no quanto a cultura
visual interfere no ensino da arte.
4.2 AVALIAÇÃO GERAL
Avaliar individualmente cada aluno no processo de criação, observando,
registrando suas ações e participação no processo da produção artística. No final
pedir para que cada aluno expõe seu trabalho e apresente para a turma suas
expectativas e uma auto avaliação de seu desenvolvimento no projeto de
intervenção.
5 REFERÊNCIAS
ANJOS, Moacir dos. Contra esquecimentos. In: Plasmatio. XXV Bienal Internacional de São Paulo. Folder produzido pelo artista. João Pessoa, 2002. BONI, Paulo César. A fotografia como forma de ver o mundo In REZENDE, Lucinea Aparecida de. Leitura e Visão do Mundo: Peças de um Quebra Cabeça.Londrina: Eduel,2007 CANTON, Kátia. Narrativas enviesadas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009
(Coleção temas da arte contemporânea). FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira Hoje. São Paulo: Publifolha, 2002( Folha Explica) KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo:Ateliê Editorial, 2001. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná – Arte . Curitiba: SEED, 2008.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná – Educação de Jovens e Adultos . Curitiba: SEED, 2006. RUFINO, José. O artista da memória. Disponível em:
artebrasileirautfpr.wordpress.com. Acesso em: 08 Jun 2013. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FERRAZ, Maria Heloisa C.de T.; FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do Ensino da Arte. Editora Cortez, 1997.
MARTINS, Mirian Celeste;PICOSQUE, Gisa;GUERRA, Maria Terezinha Tlles. Didática do Ensino de Arte: a língua do mundo:poetizar fruir e conhecer a arte. Ed. FTD, São Paulo,1998. RICHITER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino das artes visuais. Campinas, SP, Mercado de Letras, 2003.