os desafios da escola pÚblica paranaense na … · 2.1 a importância do inglês no mundo...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
MÚSICA COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA DA LÍNGUA INGLESA: UMA PROPOSTA PARA ALUNOS DO 8° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Sergio Machado de Souza1
Nelza Mara Pallú2 RESUMO A temática deste estudo foi centrada no aperfeiçoamento da leitura na língua inglesa vinculado ao PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). A escolha da estratégia justificou-se pela possibilidade de contribuir para o aperfeiçoamento da leitura dos alunos. A metodologia foi pautada na abordagem da pesquisa-ação com intervenção junto aos alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Graciliano Ramos do município de Santa Helena - Paraná. O objetivo foi de proporcionar aos alunos oportunidades em sala de aula para uma comunicação harmônica a sua realidade, com base na exploração da leitura e da oralidade, expressa nas músicas produzidas em inglês. Este estudo evidencia o uso da música com sua textualidade, na linguagem inglesa, onde os alunos passam a ampliar seu conhecimento, levando-os ao efetivo aprendizado de inglês por meio da Proposta Didático Pedagógica com a possibilidade de trabalhar diferentes estilos musicais, a leitura e a interpretação textual. PALAVRAS-CHAVE: Ensino e Aprendizagem de Inglês; Leitura; Musicalidade.
1 INTRODUÇÃO
A leitura tem um papel importante no processo de desenvolvimento do homem e da
civilização, sendo ela a habilidade principal para a sobrevivência em um modelo social cada
vez mais complexo e que exige clareza na comunicação. Seja ela de informações mais simples
até as mais complexas, que irão interferir na estrutura do ser, e consequentemente, na sua
visão da sociedade. E assim, ao entrar em contato com o uso da Língua Estrangeira, e neste
caso, mediado pelo o auxílio da música, o aluno tende a se aprofundar, por empatia, no
conhecimento e na aquisição gramatical, lexical, cultural da Língua Inglesa, despertando neles
o gosto, principalmente pela oralidade, seguido da textualidade presente nas letras musicais.
Através da música com sua textualidade, na linguagem inglesa, os alunos passam a
ampliar seu conhecimento, levando-os ao efetivo aprendizado da Língua Estrangeira, aqui em
questão, o Inglês. Não se trata apenas do conhecer informal, mecânico, mas de um
1 Professor de Língua Estrangeira do Ensino Público do Estado do Paraná – Cursista do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná 2 Professora Doutora em Letras (Língua e Literatura Inglesa) da UNIOESTE, pesquisadora do Grupo de Pesquisa Poéticas do Imaginário e Memória - CNPq, orientadora PDE.
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conhecimento vivo onde o mesmo passa à apropriação desse conhecimento e de usá-lo em sua
vida.
No contexto escolar, a leitura pode ser vista como ferramenta para a estruturação do
raciocínio dando ao aluno possibilidades de desenvolver habilidades para a sua integração
social e buscar a compreensão da realidade, incentivando para o desenvolvimento reflexivo e
social que estimula os indivíduos à participação nos processos de mudança coletiva da
sociedade com a capacidade de interferir nos processos que ultrapassam os limites da escola,
percebendo-se como membro participante da sociedade, adquirindo uma consciência crítica,
permitindo, desta forma, atribuir sentido às vivências cotidianas e à realidade.
Vivemos em uma sociedade que desejamos que venha a ser letrada, onde a oralidade
e a leitura é uma aquisição necessária a todos os indivíduos, para que possam tornar-se
verdadeiros cidadãos sociais, portanto ela passa a ser um instrumento de acesso à cultura e à
realidade social de grande importância no desenvolvimento do ser humano. Como fonte de
informação, possibilita a percepção da realidade do indivíduo, de seus problemas e conflitos,
facilitando a aquisição de diferentes pontos de vista sobre esta realidade, pois a pessoa
informada tem noção dos seus direitos e deveres, podendo exercer sua cidadania com maior
facilidade.
Nesse contexto, é papel do professor instigar e motivar seus alunos a ler e a valorizar
a leitura como fonte de informação e prazer, utilizando-a como meio de acesso ao mundo do
trabalho e de seu meio social. A promoção da criticidade no processo de ensino de inglês no
contexto escolar, acredita Pallú (2013, p.75), “inicia-se com o trabalho no sentido de levar os
alunos a reconhecerem, em suas próprias necessidades, os objetivos de aprender o idioma.” E
completa a autora:
Isso envolve o desenvolvimento de recursos para o convívio com a produção e consumo de informações que ajudem os cidadãos a tornarem-se mais conscientes das forças sociais e dos interesses presentes nas relações ideológicas e de poder que perpassam as práticas discursivas. (PALLU, 2013, p.75)
Pois, conforme permeia as Curriculares para o Ensino de Língua Estrangeira do
Estado do Paraná (2008), há necessidade de um trabalho de compreensão de textos e produção
textuais mais efetivos, a partir da experiência de ensino de Língua Inglesa que tem revelado
uma situação problemática em relação à aprendizagem dos alunos, situação esta que envolve a
dificuldade de compreensão e produção.
Diante da minha percepção de que muitos alunos também não tem o interesse frente
à aprendizagem do Inglês, da sua importância para a comunicação em um mundo globalizado
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em que vivemos, e do papel desenvolvido pelo inglês na comunicação global, vejo a
necessidade de implementar um projeto com o uso da música como estratégia para o
aprendizado da língua inglesa. Esta proposta foi desenvolvida com os alunos de 8° Ano do
Ensino Fundamental, na tentativa de atenuar um problema que não afeta somente a
aprendizagem de Língua Inglesa, mas também e, principalmente, o uso da língua materna.
Este estudo se justifica diante de sua abordagem tanto no Projeto do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, e na Proposta Didático Pedagógica – PDP, que foi de
mostrar o uso da música, como estratégias do desenvolvimento da oralidade, bem como na
compreensão da leitura e da escrita, tanto na língua materna quanto no inglês, foco principal
desse estudo.
Assim, neste artigo pretende-se relatar sobre a aplicação da Produção Didática
Pedagógica que teve como objetivo proporcionar ao educando oportunidades em sala de aula
para uma comunicação harmônica a sua realidade, com base na exploração da leitura e da
oralidade, expressa nas músicas produzidas em inglês. Proposta esta voltada aos alunos do 8º
Ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Graciliano Ramos, do município de Santa
Helena – PR. Na tentativa de incitar uma maior compreensão dos procedimentos, abordou-se
primeiramente a fundamentação teórica referente a leitura, escrita, seguido da condução da
pesquisa participativa realizada com análise dos resultados obtidos e as considerações finais
que puderam ser extraídos desse estudo aqui apresentado.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Importância do Inglês no Mundo Globalizado e o Processo de Ensino de Inglês nas
Escolas Públicas
No processo de comunicação, a língua é instrumento poderoso de ação social. Ao
mesmo tempo ela é tanto um facilitador, como pode dificultar o nosso relacionamento com as
pessoas e com as diferentes sociedades.
Diante de um mundo cada dia mais globalizado o sujeito para interagir com outras
culturas e povos, que já não estão tão distantes assim, precisa dominar outras línguas para
interagir e se comunicar, e para Pallu (2013, p. 40), “o inglês na atualidade propicia uma
maior participação dos sujeitos na comunicação global.”
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O inglês se tornou um recurso a ser utilizado cultural e comercialmente por muitos
grupos diversos, para além das diferenças nacionais. O ensino de línguas estrangeiras é uma
área com identidade própria que contribui significativamente para educação do indivíduo.
Para Pallú (2013), língua inglesa em seu “status de língua franca”, ou seja, uma língua falada
no mundo inteiro, principalmente por falantes não-nativos, se torna uma exigência cultural,
intelectual e social nos dias de hoje. Portanto, sua “aprendizagem nas escolas regulares
representa um aspecto relevante para a concretização dos direitos e da formação dos cidadãos
brasileiros.” (PALLÚ, 2013, p.89).
No contexto público de ensino de inglês, percebo que esse conhecimento ainda está
distante do interesse dos alunos, devido a dificuldades relacionadas a questões sociais,
econômicas e pedagógicas, que pouco tem contribuído para a efetivação de um ensino de
inglês com qualidade.
Diante desta constatação, a opinião pública precisa estar esclarecida quanto aos
benefícios de uma educação plurilíngue e pluricultural, para um futuro aos cidadãos com
maiores possibilidades de abertura para o mundo. A escola tem o papel de adaptar todos os
jovens, independentemente da classe social, às novas exigências do mercado e da própria
vida. O aluno tem direito a uma escolarização e a um conhecimento cultural abrangente em
um mundo globalizado. Esta é uma preocupação a qual a área de Linguística Aplicada (LA)
está se voltando. A atenção que o inglês vem tendo, recentemente, na temática da
globalização é dos desafios pelos quais a LA tem se ocupado. Como afirma Pallú (2013,
p.57), este aspecto “tem sido lançado aos linguistas e também fruto de uma preocupação
constante de fazer com que os avanços da LA sejam postos ao alcance da população fora dos
centros de pesquisa e de ensino superior.”
Diante das transformações tecnológicas e sociais, emergem novas demandas de
formação aos indivíduos, que só poderão ser atendidas se as pessoas possuírem uma base
educativa ampla para conseguirem adaptar-se à globalização, às dificuldades de acesso ao
mercado de trabalho, e aos desafios desta nova era.
Com estas transformações tecnológicas e com o surgimento da Internet, hoje a
principal ferramenta de comunicação nesse mundo globalizado, saber inglês, ter domínio e
conhecimento deste idioma se torna fundamental para aquele que busca este relacionamento
(as redes sociais), para fazer uma pesquisa eficiente na web, se comunicar com pessoas de
outros países ou culturas, por exemplo. Vemos a Internet, como o advento mais poderoso de
transmissão de informações, apta a trazer e levar informações mais eficazes e rapidamente a
qualquer parte do globo.
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Assim, vejo como uma necessidade social e educativa, o domínio da língua inglesa
por parte do aluno, e a importância do papel do professor de contribuir para que desde muito
cedo, a criança aprimore seu conhecimento do Inglês, pois só assim ela poderá perceber a
importância deste conhecimento. Aprender um novo idioma juntamente com a utilização das
tecnologias na fase inicial do letramento faz com que os aprendizes participem efetivamente
da comunicação global. Isso exige aos professores de inglês novas concepções de ensino e
aprendizagem, pois, conforme Pallú; A posição do inglês, diferentemente de uma outra LE, na medida em que ele é amplamente utilizado no globo, as formas de se entender o processo de utilização, ensino e aprendizagem de inglês se alteram e geram características diferenciadas na composição dos conhecimentos necessários ao tratamento de uma língua internacional (PALLU, 2013, p.57 e 58)
Portanto diante das colocações da autora acima, percebo a importância do domínio do
inglês, e sua efetivação nas escolas públicas, pois sendo ele utilizado na maior parte do globo,
o seu domínio significa conhecimento, aprimoramento, desenvolvimento. E, acima de tudo,
este conhecimento pode proporcionar condições de acompanhar as inúmeras transformações
que vêm ocorrendo nesse século no campo da tecnologia. No mundo dinâmico globalizado,
diariamente com inovações, nos faz perceber que vivemos um momento único da história da
sociedade, no qual o conhecimento tecnológico que ontem era novo, hoje praticamente se
torna obsoleto.
2.2 Concepções de Linguagem e Leitura
Através da língua podemos dar significado ao mundo e a sociedade, já que ela é um
sistema de signos histórico e social. Em uma concepção discursiva de língua, diferentemente
das concepções tradicionais que centralizam o ensino na aquisição gramatical, o uso da língua
é destacado, levando-se em consideração o discurso e a formação dos enunciados (orais e
escritos) (PARANÁ, 2008).
A formação enunciativa, ou seja, o local da produção de discursos, concebe a leitura
enquanto atividade da linguagem, como sendo uma prática sócio-política, constituída de
sujeitos capazes de interagir com o mundo e atuar como cidadãos, sobrepõe a concepção
tradicional de que a leitura seja um mero decifrador de códigos, repetição de um saber já
conhecido, que servia apenas para gerar automatismos.
A aprendizagem da leitura exige habilidade crítica, conhecimentos prévios para
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preencher os vazios do texto lido, percebendo não só as intenções do autor, mas construindo a
significação global do texto, atendendo as pistas indicadas por ele. É necessário que o
processo de leitura auxilie a maior compreensão do mundo e das pessoas. Sobre o processo de
aprender-se a ler, comenta Foucambert (1994 p. 37-38):
[...] aprende-se a ler com textos (...) que funcionem realmente para leitores; aprende-se a ler lendo textos que não se sabe ler, mas de cuja leitura se tem necessidade. Ler é uma negociação entre o conhecido, que está em nossa cabeça, e o desconhecido, que está no papel; entre o que está atrás e o que está diante dos olhos.
Para que a aprendizagem da leitura aconteça, ou seja, que funcione para os leitores,
como afirma Foucambert acima, é preciso se envolver com a produção e consumo de textos,
sejam escolares, de imprensa, jornalísticos, documentários, obras de ficção, contos, poesias,
charges, músicas entre outros.
Talvez, a habilidade de ler, na concepção tradicional, ficava restrita ao decifrar um
código escrito, traduzir, relacionar significante ao significado, decodificar. Mas hoje, com as
concepções sócio-discursivas, percebemos que a leitura vai além da decodificação. O
processo de ler atinge a relação que se estabelece entre a escrita e o sentido, sendo necessário
perceber as intenções e possibilidades de um texto; sua relação com outros textos,
assegurando-se de que seja interpretado e não apenas pronunciado ou traduzido, para que se
compreenda seu contexto.
Trabalhar com a leitura em uma concepção sócio-interacionista-discursiva, implica
despertar o gosto pela leitura em sala de aula, requer do educador adequações didáticas que
venham a permitir aos educandos uma progressiva maturidade, levando em consideração
todos os passos do processo. Em minha concepção, a leitura é essencial para domínio do ato
de escrever, pois ela se constitui como sendo uma das principais atividades que oportuniza o
desenvolvimento da escrita e assim a inclusão social do individuo no mundo globalizado, em
que vivemos.
Assim, ler é um processo de interação entre o leitor e o texto. E leitura é também a
construção de sentidos onde “os objetivos da leitura são elementos que devem ser levados em
conta quando se trata de ensinar as crianças a ler e a compreender”. (SOLÉ, 1998, p.22)
Dessa forma há uma profunda relação entre leitura e a escrita, já que na perspectiva
interacional da leitura a compreensão envolve tanto o escrito como o não escrito que está
contido no texto, de acordo com Solé (1998);
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Para ler necessitamos, simultaneamente, manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar ao texto nossos objetivos, ideias e experiências prévias; precisamos nos envolver em um processo de previsão e inferência contínua, que se apóia na informação proporcionada pelo texto e na nossa própria bagagem, e em um processo que permita encontrar evidência ou rejeitar as previsões e inferências antes mencionadas. (SOLÉ, 1998, p.23)
Assim, o professor deverá conhecer muito bem seus alunos, oferecer textos variados
para perceber qual o tema, o gênero, o suporte mais interessante para eles. Conhecer o aluno
implica respeitar seu ponto de vista, mesmo quando não ocorre interação no momento da
leitura. Diante deste acontecimento, a análise apurada do que estava envolvido no processo de
leitura é o caminho mais apropriado para reiniciá-lo. Isto significa que o professor deverá pôr
em prática técnicas de leitura também variadas, já que não há homogeneidade em uma sala de
aula, quer sob o prisma temático quer pelas estratégias adotadas.
Toda leitura cumpre um objetivo: lemos para obter informação, para conhecer, para
obter prazer. Seja qual for esse objetivo deve estar atrelado a uma estratégia adequada. Não é
possível trabalhar com textos literários da mesma forma como se trabalha com textos
jornalísticos ou com textos científicos; os procedimentos de leitura adotados nesses diferentes
tipos de textos devem respeitar a sua estrutura.
De acordo com Geraldi (1993), para uma aula de leitura primeiramente é preciso se
questionar quanto aos propósitos de leitura, ou seja: para que se lê, e o que se lê. E o autor
responder a indagação feita, afirmando que, para ele “os alunos, leitores e, portanto
interlocutores, lêem para atender a legitimação social da leitura externamente constituída fora
do processo em que estão eles, leitores/alunos, engajados.” (GERALDI, 1993, p.169).
Entendemos que existe sempre uma relação muito estreita entre a seleção dos
textos e o estabelecimento de objetivos de leitura, bem como com a ruptura do universo de
expectativas dos alunos, que não podem ficar estáticos em um determinado estágio de
leitura, uma vez que a compreendemos como um processo. Segundo Bordini e Aguiar
(1993), em relação aos interesses dos leitores: Quando o ato de ler se configura, preferencialmente, como atendimento aos interesses do leitor, desencadeia o processo de identificação do sujeito com os elementos da realidade representada, motivando o prazer da leitura. Por outro lado, quando a ruptura é incisiva, instaura-se o diálogo e o conseqüente questionamento das propostas inovadoras da obra lida, alargando-se o horizonte cultural do leitor. O dividendo final é novamente o prazer da leitura, agora como apropriação de um mundo inesperado. O ato de ler é, portanto, duplamente gratificante. No contato como o conhecido, fornece a facilidade da acomodação, a possibilidade de o sujeito encontrar-se no texto. Na experiência com o desconhecido, surge a descoberta de modos alternativos de ser e de viver. (BORDINI, AGUIAR 1993 p.26)
Portanto, ensinar a ler requer observação ativa dos alunos e da prática em sala de
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aula. Também envolve a atitude de compartilhar objetivos, tarefas e significados. É
necessário que as atividades de leitura produzam situações de questionamento, debates,
expressão de opiniões, estabelecimento de comparações sobre pontos de vista
diferenciados. Isso tudo precisa estar conectado com os planejamentos construídos pelo
professor.
A prática da leitura para Solé (1998) necessita de reflexão, planejamento e
avaliação das atividades propostas no decorrer do seu processo, que precisa ser flexível e
modificada. A questão do ensino da leitura é muito complexa, precisa ser desenvolvida ao
longo da escolaridade. Exige, assim, coerência, continuidade e progressão, pois, Ensinar e aprender a ler são tarefas complexas, mas gostaria de acrescentar um ponto essencial: também são enormemente gratificantes tanto pela funcionalidade do conteúdo como pelo papel de protagonista e o envolvimento que exige dos responsáveis, professores e alunos para que ocorra a aquisição dessa aprendizagem. (SOLÉ, 1998, p.19)
Portanto, a escolha das estratégias de leitura deve respeitar também a definição dos
objetivos e interesses do aluno, além de estar relacionada com as diferentes formas de
texto. Neste sentido, a aprendizagem e o ensino da leitura levam em conta a motivação
para tal fim. Os alunos devem reconhecer que o ato de ler vai muito além de possuir um
rico cabedal de estratégias e técnicas; é, antes de tudo, uma atividade voluntária e
prazerosa.
Diante destas argumentações sobre as concepções de linguagem e de leitura,
respaldadas pela corrente sócio-interacionista-discursiva, e da constatação do processo de
globalização que a atual sociedade está vivendo, há novas exigências e a necessidade de um
aprimorado letramento para podermos nos ver incluídos socialmente nela. As exigências no
campo da leitura e de escrita, são no sentido de satisfazer as demandas sociais. Assim as a
atividades que compreendem o processo de ensino e aprendizagem, devem oportunizar e
organizar de diferentes maneiras textos nos diferentes gêneros. E que contemplem aos alunos
o reconhecimento de suas estruturas, bem como o contato com uma variedade de textos.
2.3 Música como Estratégia do Desenvolvimento da Oralidade
A música é muito importante na vida do ser humano, pois auxilia no bem estar e nas
emoções dos mesmos. A boa música traz harmonia ao ser humano, “faz com que ele tenha
bons pensamentos, bons sentimentos e, portanto aja melhor” (FARIA, 2001, p. 14) e no
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contexto escolar tem sido uma aliada no processo de ensino aprendizagem de crianças e
adolescentes.
Para Gainza (1988), a música tem desempenhado papel importante na vida recreativa
de todo o adolescente e criança, ao mesmo tempo em que aprimora a criatividade, promove a
autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música também cria um terreno
favorável para a imaginação quando desperta as faculdades criadoras de cada um.
A música no contexto escolar como aliada na aprendizagem oportunizada o
desenvolvimento pleno, e a educação pela música proporciona uma educação profunda e total,
pois, a música, além de estar sempre na vida dos seres humanos, "ela também sempre está
presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos,
além de despertar neles o senso de criação e recreação”. (FARIA, 2001, p. 24).
Segundo Ongaro; Silva e Ricci (2006) a escola enquanto espaço institucional para
transmissão de conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a
aproximação das crianças com outras propriedades da música além das espontâneas e, assim,
“oportunizar a reflexão dos jovens para o que ouvem e que mensagem essa canção lhes passa
ainda que não a compreenda completamente.” (FARIA 1987, p.32)
Estudos apontam que alguns dos objetivos capazes de serem alcançados através do
uso da música no ensino de língua estrangeira é a inserção cultural, a aquisição de novo
vocabulário, o aperfeiçoamento da compreensão auditiva e o aprendizado de tópicos
gramaticais “com a música, é possível ainda despertar e desenvolver nos aluno sensibilidades
mais aguçada na observação de questões próprias da disciplina alvo". (FERREIRA, 2009, p.
48).
No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem
do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida e passa a
ser “um elemento motivacional específico no ensino de músicas em língua estrangeira.
(RIVERS, 2000, p.95).
Segundo Faria (2001), não são somente os aspectos linguísticos que devem ser
trabalhados em sala de aula com o uso da música, mas também os emocionais porque criam
um contexto favorável ao aprendizado e fazem com que o aluno traga para dentro da sala de
aula a sua sensibilidade, as suas experiências e as suas habilidades criativas, assim ele
consegue se expressar e se expor de maneira mais espontânea e internalizar o conteúdo
trabalhado.
Assim, sendo a música uma linguagem que usamos para nos expressar e interagir
com o outro, e por ser uma poderosa ferramenta na comunicação, é possível fazer uso dessa
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metodologia para o aprendizado da língua estrangeira, para facilitar a compreensão e a
aquisição do conhecimento teórico dos conteúdos estruturantes da disciplina. Este Projeto,
com a intenção de trazer para as aulas de inglês o incentivo à leitura, acolhe aspectos
enfatizados por estes autores na exploração da textualidade musical.
2.4 Gêneros Textuais: Música
O trabalho com música é uma das melhores estratégias para o tratamento da língua
em sala de aula. No entanto, trabalhar com gêneros textuais nas aulas de línguas estrangeiras
(LEs), requer estratégias de leitura diferenciadas das informadas para o ensino de língua
materna. Isso requer uma revisita às teorias de gêneros, fazendo adequações necessários ao
trabalho com as LEs. A compreensão da língua, através da utilização dos gêneros, é a
capacidade de reconhecer diferentes enunciados materializados nos textos que circulam
socialmente. O trabalho com as músicas precisa ser reconhecido dentro de sua esfera
enunciativa de produção e circulação.
Para Marcuschi (2008), isso leva o leitor a refletir sobre a inovação dessa circulação,
sobre as esferas sociais que produzem tais enunciados, sobre sua função social, seus suportes,
entendendo que o formato de qualquer texto com função sócio-comunicativa em uma
sociedade pode ser agrupado e estudado como gênero textual/discursivo. Sobre isso comenta
Bakhtin (2003);
[...] os enunciados e o tipo a que pertencem, ou seja, os gêneros do discurso, são as correias de transmissão que levam a história da sociedade à história da língua. Nenhum fenômeno novo (fonético, lexical, gramatical) pode entrar no sistema da língua sem ter sido longamente testado e ter passado pelo acabamento do estilo-gênero. (BAKHTIN, 2003, p. 285).
Portanto podemos dizer que a comunicação verbal só é possível com o uso de gênero
textual/discursivo. Aonde a língua vai assumindo formas de organização que correspondem à
atuação social dos falantes em suas interações.
A teoria dos gêneros para Marcuschi (2003), não deve ser usada apenas para a
identificação de um gênero como tal e sim para a percepção de como o funcionamento da
língua é algo dinâmico e embora sempre presente nos textos, nunca deixa de se renovar nesse
processo de construção. E tal concepção não deve ser esquecida durante o trabalho com a
música, nas aulas do ensino da língua inglesa. Adotar esse gênero implica em explorá-lo de
forma a demonstrar e, também a perceber, como a língua funciona dinamicamente. Ou seja,
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não somente identificar as características comuns do gênero, como também, a produção dos
sentidos por ele oportunizado.
Dessa forma, trabalhar com gênero textual, através da música com os alunos do
Ensino Fundamental, é uma metodologia que auxilia na tomada de consciência de sua
condição e da condição de sua comunidade para poder atuar nelas de forma ativa, construindo
sua autonomia. Entender a produção global e social do gênero das músicas apresentadas neste
projeto, bem como, o consumo local dos alunos, significa assumir que as práticas de
linguagem só podem ser pensadas em termos dos espaços sociais em que se configuram, a
partir das finalidades que as motivam e dos lugares sociais nelas instaurados (BAKHTIN,
1988). Conforme relata o autor, “se algumas vezes temos a pretensão de pensar e de exprimir-
nos em ‘toda a parte’, na realidade é claro que vemos ‘a cidade e o mundo’ através do prisma
do meio social concreto que nos engloba.” (BAKHTIN, 1988, p 233).
Diante do pensamento bakhtiniano (1988), os indivíduos para se comunicarem entre
si, necessitam de fazer uso de um determinado gênero, seja ele oral ou escrito, para que
aconteça a comunicação. E o gênero utilizado à situação discursiva precisará ser relativamente
estável e situado historicamente e socialmente. Quanto mais reconhecermos os gêneros, mais
dominaremos os diferentes discursos que organizam as esferas da atividade humana.
Segundo Dolz e Schneuwly (2004) aprender a falar e a escrever significa ter domínio
sobre os gêneros. Os autores ainda consideram os gêneros textuais/discursivos como
importantes instrumentos que possibilitam a comunicação entre os sujeitos pertencentes a
esferas da atividade da comunicação humana.
Argumenta Marcuschi (2008), sobre a importância de reconhecer as orientações
teórico-metodológicas que definem os gêneros, e assim ser possível socializar conhecimentos
práticos, cujos fundamentos apontam para estratégias de trabalho em sala de aula, que levem a
compreensão do contexto cultural, sua pluralidade inserida no mundo e no processo histórico
do homem que, por ser o protagonista dessa ação, possa se transformar, se desenvolver e
desenvolver características próprias.
E essa é nossa intencionalidade ao trabalhar com o gênero música nas aulas de Língua
Inglesa, levar o aluno a construção desse conhecimento, pois a música é uma forma de arte
que expressa às relações entre as pessoas de diferentes culturas, interferindo na harmonia dos
laços sociais, na sua ruptura ou no caos, presentes tanto na música como na literatura e nas
artes plásticas.
Para Tagg (1982), ao ouvir determinada música, o indivíduo faz comparações entre a
mesma e outras músicas que pertençam à sua memória musical e afetiva. Essas associações
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não são musicais, mas também "paramusicais", afirma Tagg, (1982, p.39)”os elementos
encontrados na música (e relacionados aos encontrados em outras músicas) estão ligados
também a sensações, cenas, imagens e sentimentos.
Como meros espectadores, supostamente passivos em todo esse processo, por não
promover a interpelação, (o ato de uma pessoa se dirige a outra formal e categoricamente) papel
este que precisa se mudado, ao se desenvolver, na escola, capacidades de reflexão e de
argumentação a partir dos textos lidos e ouvidos.
Argumenta Tatit (1987), que se tratando do gênero música, é inevitável entender que
“quem ouve uma canção, ouve alguém dizendo alguma coisa de certa maneira” (TATIT,
1987, p. 06), e continua o autor argumentando que;
As cordas vocais têm a função precípua de oferecer a matéria sonora para a fala do dia-a-dia. Se esta matéria surge em forma de canto não deixa, por isso, de transparecer a cumplicidade do cantor com seu texto, do mesmo modo que qualquer falante com suas frases. E quem estabelece este elo cúmplice é a melodia no canto e a entonação na fala (TATIT, 1987, p. 06).
Na tentativa de definir como construir uma estratégia de ensino, em palavras e
músicas, Dolz e Schneuwly (2004), afirmam: Não se pode pensar o oral como funcionamento da fala sem a prosódia, isto é, a entonação, a acentuação e o ritmo. Já que os fatos da prosódia são fatos sonoros, podemos analisá-los em termos quantificáveis de altura, intensidade e duração. Dimensões essenciais de toda produção oral, seu domínio consciente ganha particular importância quando a voz está colocada a serviço de textos escritos (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004, p.155).
Para os autores, a forma composicional da música, então, pode atuar em qualquer
esfera de atividade humana, porém em cada uma delas estará sujeita às características próprias
de cada esfera. Vemos propagandas musicalizadas, na esfera publicitária; o hino, na esfera
religiosa; os cantos de torcida, na esfera esportiva; as cantigas de ninar, na esfera familiar,
entre outros. Conforme Tatit (1987); Teremos gêneros diferentes, não apenas às designações – música/canção e jingle (canção publicitária), – mas a todo um conjunto de elementos que caracterizam o gênero. Podemos considerar “o conteúdo temático, o estilo, a finalidade, a relação com o destinatário, o meio de veiculação, o momento sócio histórico- ideológico e também o contexto de produção”. (TATIT, 1987, p. 08).
Devido a essa flexibilidade, este gênero textual/discursivo pode ser visto como
híbrido, por ser considerado uma música ou um poema cantado. Entretanto, os itens que
diferenciam a música de um poema, por exemplo, estão relacionados com o objetivo, a
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natureza, o público-alvo, a forma de apresentação, o tom de informalidade, entre outros.
Sobre hibridismo, Marcuschi (2003, p. 29) explica-nos que “a hibridização é a confluência de
dois gêneros e este é o fato mais corriqueiro do dia-a-dia em que passamos de um gênero a
outro ou até mesmo inserimos um no outro".
Esta confluência é interpretada como a intertextualidade constituinte e constitutiva
do processo de escrita/leitura, e compreende as diversas maneiras pelas quais a
“produção/recepção de um dado texto depende de reconhecimentos de outros textos por parte
dos interlocutores" (KOCH, 2011, p. 86).
Além das marcas da intertextualidade e do hibridismo, as músicas se destacam
quanto a sua temática. Tatit (1987) comenta que na constituição dos temas, o mais importante
parâmetro musical é a duração no ritmo e na melodia. Assim, para ele: O ritmo e as acentuações do componente melódico fundam os gêneros que estamos acostumados a ouvir: samba, roque, bolero, baião, marcha etc. Os arranjos instrumentais extraem sua pulsação, seu balanço e seus motivos melódicos dos temas fornecidos pela melodia da canção. Na melodia está a gênese do acompanhamento. Assim sendo, o processo intensivo de tematização conduz a uma supervalorização do gênero (TATIT, 1987 p. 49).
Interpretando o pensamento da autora, entendo que o gênero música, por nos remeter
a contextos culturais de determinadas comunidades (sertaneja, moderna, rural, sertanejo
romântico, universitário, pancadão, gaúcha, ktachak, forró, pagode, axé, etc.), coloca-nos
diante de tendências musicais que os brasileiros vêm assimilando. Isso me faz concluir que a
forma canção, pertencente, originalmente à esfera artística musical, pode dialogar com outras
esferas, servindo de modelo para outros gêneros como o jingle.
Com base nisso, compreendo a importância do trabalho com o gênero musical, no
ensino do Inglês, pois, são atividades de leitura que exercem um papel importante no processo
de aprendizagem. E, que segundo Gibbons, (2002) e Campos (2006), as atividades de leitura
têm como objetivo principal a compreensão do texto, das ideias expressas por ele, variando de
um nível de entendimento mais geral à compreensão de informações específicas. E, na
maioria das salas de aula, para Campos (2006, p. 26) “o texto não é visto como veiculador de
mensagem alguma, servindo apenas para ensinar ou testar formas gramaticais”, além de a
leitura ser considerada, pela maioria dos alunos, como uma atividade difícil e entediante. Os
estudos de Campos, apontam, como um dos resultados, das atividades de leitura que mais
despertam interesse por parte dos alunos, são as que envolvem música e vídeo.
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A esse respeito, Simões (2006) propõem a utilização de letras de música como
atividades de leitura, por acreditar que o trabalho com esse gênero textual na sala de aula
apresentam três vantagens; a) a possibilidade de lidar com um universo textual conhecido, na tentativa de promover uma aprendizagem mais significativa; b) o uso de uma abordagem interdisciplinar e que abarque tópicos transversais e; c) a oportunidade para a discussão de diferentes contextos socioculturais a partir das idéias e ideologias expostas nas letras de música. (SIMÕES et al, 2006, p.43)
Sob o entendimento de que a música é um texto, que pode ser trabalhado nas aulas de
Língua Inglesa, por ser uma forma de linguagem que apresenta em sua composição e
entonação aspectos complexos, e para que seja usada com sucesso, o professor deve dedicar-
se ao seu estudo, procurando compreendê-la, considerando os sons e ritmos variados, ou seja,
a sua amplitude.
O professor de inglês, acredito, deve estar disposto a aceitar o desafio, vencer a
timidez, caso não o tenha feito ainda, de usar e disponibilizar tanto a tecnologia, quanto de seu
próprio talento musical. Deve explorar e desenvolver atividades musicais a fim de ampliar
aspectos culturais, como expressões idiomáticas, gírias, abreviações e coloquialismos. E ficar
atento aos resultados que o uso de músicas em sala de aula pode lhe proporcionar. Segundo
Ferreira (2009), a atividade envolvendo a música, vai além da arte de combinar sons, e uma
maneira de exprimir-se e interagir com o outro, e, portanto, devemos compreendê-la.
Enfim, o que se propôs com esse Projeto de Intervenção, são atividades envolvendo a
música em sala de aula, não no sentido de aprofundar a história, teoria musical ou suas raízes
culturais, mas sim a influência que as mesmas tem aos adolescentes do Ensino Fundamental.
A proposta aqui é fazer uma ponte entre a disciplina de Inglês e a música na busca de
promover no aluno o gosto pela leitura, através do próprio “cantar” das músicas em inglês e
assim aprimorar a leitura e escrita dos do idioma.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
A presente pesquisa é de abordagem qualitativa, com características de pesquisa-
ação. A pesquisa-ação delimita um plano de ação baseado em objetivos, envolvendo um
processo de acompanhamento da ação planejada e no relato do processo.
No decorrer de 32 aulas, sendo a metodologia inspirada na proposta de Sequência
Didática proposto por Dolz e Schneuwly (2004). E, a pesquisa segue a linha metodológica em
uma abordagem da pesquisa-ação conceituada como:
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[…] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2002, p. 14).
A pesquisa-ação apresenta características de pesquisa participativa engajada, na qual
existe uma “ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação
investigada.” (THIOLLENT, 2002, p. 16). A pesquisa-ação representa a forma pela qual foi
desenvolvida a Produção Didática Pedagógica, através de um conjunto de procedimentos,
técnicas, metodologias, ideia e situações vivenciadas na prática, tendo o Gênero de textual
letra de música como objeto de estudo e os alunos como membros ativos do processo de
ensino e aprendizagem da LI. Visando melhorar a compreensão dos alunos por meio da
superação da lacuna entre a teoria e a prática.
Em relação à proposta, esta foi implementada no primeiro semestre do ano letivo de
2014 na Escola Estadual Graciliano Ramos do município de Santa Helena – PR com uma
turma de alunos dos 8º Anos do Ensino Fundamental.
3.1 A Experiência Com o GTR
Através da realização do GTR 2014, foi possível perceber durante as contribuições e
participações dos cursistas nas Temáticas propostas que atividades envolvendo o
Gênero Música podem ser utilizadas como metodologia e assim despertar nos alunos o gosto
pela leitura para desenvolver a oralidade na Língua Inglesa.
Os Fóruns foram momentos que os cursistas relatarem suas opiniões sobre a
temática, onde a maioria dos participantes comentaram que diante dos desafios enfrentados
em sala de aula para motivar os alunos ao desejo de aprender a LI, pela necessidade diante
dos avanços tecnológicos e p elo fato do inglês está presente em nosso dia a dia, começando
por palavras usadas constantemente no mundo tecnológico, motivo esse de despertar em
nossos alunos o gosto pela aprendizagem do idioma, o referido projeto de implementação
pedagógica e a PDP intitulados “Aperfeiçoamento da leitura na língua inglesa através da
música”, vem de encontro a tais necessidades e desafios, pois o gênero textual música faz
parte do cotidiano dos alunos. Assim, a proposta de atividades oportuniza os educandos a
interação com a LI e as diferentes metodologias e atividades são motivadores da
aprendizagem.
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Ainda durante as atividades do GTR em todas as temáticas houve a interação e
contribuição dos cursistas, os quais demonstraram conhecimento da temática abordada no
projeto e houve articulação nas colocações dos mesmos elencando a importância de
metodologias diferenciadas para trabalhar com a oralidade e aprendizado da LI.
Houve espaços durante o GTR em que os cursistas puderam apresentar suas
sugestões de atividades em relação a gênero textual música, sendo que foi apresentado uma
gama de diferentes metodologias que contribuirão com certeza no ensino da LI e sendo
possíveis de aplicá-las em sala de aula.
Enfim, o GRT foi o momento da interação entre o tutor/cursistas e cursistas/cursistas,
pois o mesmo foi rico de contribuições, experiências e relatos que poderá auxiliar e contribuir
em nossa vida profissional. 3.2 Implementação Da Proposta Didático Pedagógica - PDP
Para o início do desenvolvimento desse trabalho foram abordados três textos: “PDE –
Programa de Desenvolvimento Educacional”, “Importância da aprendizagem da Língua
Inglesa” e “História da música”, levando os alunos a interar-se da temática proposta, para
então dar continuidade do trabalho de linguagem interativo com uso de músicas como uma
estratégia de leitura na LE, e desenvolver o senso crítico dos alunos.
As técnicas de leitura exploradas nos seis momentos que envolveram a aplicação da
PDP traziam primeiramente as leituras subjacentes dos textos e letras das músicas ao tema em
questão.
A primeira atividade desenvolvida em cada etapa antes da leitura contribuiu para
motivar e despertar o prazer para a aula. Neste momento sempre foram realizadas questões
provocativas, considerando o conhecimento prévio dos alunos sobre os assuntos abordados
nas músicas trabalhadas sendo eles:
I – A Importância das Coisas Lindas e as Maravilhas do Mundo, What A Wonderful
World de Louis Armstrong;
II – As Questões Sociais a partir da Música They Don't Care About Us de Michael
Jackson;
III – A Realidade Brasileira e as Questões Sociais no Contexto da Música In The
Ghetto, de Elvis Presley;
IV – Traduzindo Sentimentos com a Música London, London de Paulo Ricardo;
V – Ensinamentos, Família com a música 93 Million Miles de Jason Mraz.
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A estratégia de trabalho utilizada foram os videoclipes das músicas, foi a compreensão
auditiva que possibilitou aos alunos ouviram as letras das músicas para organizar linhas e/ou
estrofes em ordem, completar lacunas com palavras relacionadas à letra da música, circular,
entre duas ou mais palavras dadas, aquela que eles ouvissem, palavra que está faltado, ditado
de palavras ou frases entre outros.
Outra metodologia usada foi a compreensão do texto, que teve como objetivo auxiliar
os alunos a elaborarem diálogos com o texto, gerar questões que facilitem a identificação das
ideias principais, que possibilitam o monitoramento da compreensão e a interação com o texto
musical. A abordagem foi explorar questões gramaticais e ampliação do vocabulário, que
auxiliou os alunos na compreensão das estruturas gramaticais e ampliação do vocabulário dos
mesmos.
E para finalizar, foram exploradas técnicas após realização pelos alunos das atividades
que possibilitaram aos mesmos a compreensão e interpretação, permitindo a exploração do
conteúdo em conformidade com as experiências dos alunos, com a apresentação de atividades
além daquelas propostas como pesquisa em laboratório, caça- palavras, charges, acrósticos e
realização de trabalho em grupo para a compreensão da temática explorada nas letras e
videoclipes das músicas.
Desse modo, algumas estratégias foram atendidas, tais como: explicitação oral sobre o
gênero letra de música; mobilização de conhecimentos prévios: linguísticos, textuais e de
mundo, para a construção dos (possíveis) sentidos do texto; pesquisas em grupos na internet
sobre os autores das letras de músicas, a época em que a letra da música foi composta e
assuntos relevantes sobre os autores; conversas informais para instigar o conhecimento prévio
dos alunos; apresentação de videoclipes sobre as músicas selecionadas; exploração dos temas
abordados, criação de acrósticos; exploração de charges; caça palavras; ampliação do
vocabulário e a oralidade dos alunos em LI.
A seguir trataremos da análise dos resultados e as considerações finais com base na
coleta das atividades desenvolvidas no decorrer do processo de implementação da PDP, na
aplicação de cada etapa do projeto junto aos alunos.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Nesse momento do artigo apresentam-se os resultados obtidos com o
desenvolvimento da Produção Didático Pedagógica – PDP desenvolvida com a explanação de
como foram trabalhados as musicas em inglês, como estratégias do desenvolvimento da
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oralidade, as quais visavam identificar as contribuições advindas da conscientização da
importância da leitura no ensino do inglês, na aplicação das atividades, envolvendo a música
como estratégia de leitura da língua Inglesa, com os alunos dos 8º Anos.
A implantação da PDP, teve seu inicio com um total de 32 alunos, na sequência do
desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma explanação para os mesmos da forma de
implementação do projeto e de como se processaria o método da PDP em forma de Unidade
Didática, onde os textos utilizados foram dos gêneros músicas, explorando a música
romântica e Rock Pop.
Seguindo esta linha teórica, inicialmente, foram trabalhados com os alunos outros
textos, anteriormente citados. Optou-se por esta prática metodológica, pois acredito que
quanto maior o contato que os alunos tiverem de diferentes gêneros textuais em uso nas
situações públicas formais maiores sua aprendizagem.
Na sequencia deu continuidade a explorar os textos musicais, pois acreditoque
atividades voltadas a essa linha metodológica oportunizam os alunos à maior interação com o
genero, além de ampliar as possibilidades de agirem eficazmente com a linguagem da leitura e
da escrita inglesa nas mais diversas situações.
Neste trabalho foram planejadas diversas atividades integradas contemplando os
elementos lingüísticos, sociais e culturais do gênero música, entre elas as mais exploradas
foram os videoclipes das referidas musicas, visando despertar o interesse dos alunos pelas
atividades, o planejamento das aulas foi organizado de forma a explorar além dos estilos
musicais, ampliação do vocabulário, compreensão textual e analise textual, gramática.
Na primeira música apresentada What A Wonderful World de Louis Armstrong; com
o tema “A Importância das Coisas Lindas e as Maravilhas do Mundo”, foi trabalhado com a
leitura oral e atividades de compreensão auditiva para aprimoramento da capacidade de ouvir
dos alunos. Após o entendimento da letra da música na língua materna, os alunos perceberam
o que o autor quis retratar com a música, sobre as coisas boas e ruins do mundo, como o autor
da música retrata o mundo. Questões que os levaram a refletir de forma crítica e relacionando
com o momento presente.
Após a realização de todas as atividades que envolviam esse primeiro momento do
trabalho, a maioria dos alunos comentou, que não conheciam a letra da música e estavam
ouvindo pela primeira vez e gostaram, sendo que seu tema era muito interessante para eles
mas não era novo.
Na segunda música explorada They Don't Care About Us de Michael Jackson com a
abordagem das Questões Sociais. Os alunos conseguiram realizar com facilidade as
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atividades. Bem como na terceira etapa da PDP onde foi explorado a questão da realidade
brasileira e as questões sociais com a música de Elvis Presley In The Ghetto. Para dar inicio
as atividades, a princípio, propus aos alunos algumas questões sobre o mundo em que vivem.
Eles foram questionados sobre o que acham do mundo, o que gostariam que mudasse e o que
poderiam fazer para tornar o mundo em que vivem um lugar melhor, refletindo sobre o que é
um mundo melhor quando estamos em sociedade.
No decorrer de todas as atividades que envolviam as músicas, foi proporcionado aos
alunos momentos para a discussão de uma temática considerada relevante e atual no dia a dia
dos alunos, as questões sociais, como educação, saúde, moradia as necessidades básicas dos
seres humanos. As discussões transcorreram na língua materna, deixando-os mais à vontade
para se expressarem. Observando a participação e o entusiasmo com que desenvolveram estas
atividades, foi gratificante enquanto professor.
Um aspecto observado durante o desenvolvimento das atividades com essas duas
músicas e que vale a pena ser apontado, foi que eles ampliaram a discussão, começaram
falando dos problemas locais e, com o nosso direcionamento, chegaram à discussão de
problemas globais ao trabalharem com as charges e o texto sobre os Direitos das Crianças.
Durante as atividades que abordaram a música London, London de Paulo Ricardo,
com o tema “traduzindo sentimentos”. Após os alunos desenvolveram as atividades de
interpretação textual e ampliação do vocabulário em inglês, comentaram que gostaram muito
de trabalhar essa música, e que chamou a atenção deles e o interesse foi o fato do cantor ser
brasileiro e sua pronúncia. Segundo os alunos é mais fácil a compreensão.
Nas atividades desenvolvidas na música 93 Million Miles de Jason Mraz, foi utilizado
o vídeo clipe, como nas demais músicas, para realizar a contextualização da música, ou seja,
este recurso foi utilizado para facilitar o entendimento acerca do contexto em que a música foi
criada. Foi primeiramente assistido o vídeo e, na sequência, seguindo um roteiro com
perguntas, os alunos puderam discutir sobre a letra da música e relacioná-la com o tema
família. Isso ajudou muito a compreensão da mensagem da música. Eles puderam perceber
que, muitas vezes, a mensagem não vem escrita de maneira direta na LI.
Em todas as etapas trabalhadas na PDP nas diferentes músicas abordadas esbarrou-se
no vocabulário limitado dos alunos e também em uma grande falta de interesse dos mesmos
em ampliá-lo. A alternativa encontrada para potencializar a leitura e a compreensão do texto
foi desenvolvê-la em duplas e pequenos grupos. Dessa maneira, os alunos trocaram
experiências e conhecimentos com os demais colegas, levando em consideração a importância
da aprendizagem por meio da socialização e da participação aspectos relevantes ao processo
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de aprendizagem.
Foi possível perceber que quando os alunos se depararem com alguma dificuldade de
compreensão de vocabulário, eles buscavam pelo dicionário, compartilhavam as dificuldades
e superações com os colegas, ficando demonstrado mais uma vez a importância do trabalho
com o gênero letra de música no desenvolvimento global dos alunos e no ensino da LI nas
escolas públicas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento da PDP, constatamos a veracidade da teoria que diz que a
utilização da música durante as aulas de LI é eficaz e agrada aos alunos além de oportunizar
atividades que desenvolvem o gosto pela leitura.
Trabalhar com letra e videoclipes de músicas em forma de Sequência Didática,
propondo atividades contextualizadas e envolvendo um tema atual e significativo ao aluno
desperta o interesse, facilita a compreensão do conteúdo e possibilita oportunidades para
discussões sobre temas atuais e relevantes para os mesmos além de ampliar o vocabulário oral
e escrito.
Mesmo diante de algumas dificuldades surgidas no decorrer da aplicação dos
trabalhos, consideramos que a implementação do Projeto do PDP trouxe contribuições e o
resultado obtido foi positivo, pois a maioria dos objetivos foram alcançados visto que os
alunos demonstraram bastante interesse em desenvolver as atividades de ouvir, gostaram de
assistir aos clipes das músicas e participaram com entusiasmo das discussões dos temas.
Um ponto considerado relevante e que vale ressaltar, foi a participação dos alunos nas
discussões, uma vez que nosso principal objetivo era levá-los a reconhecer e compreender a
diversidade linguística e cultural e também, oportunizar momentos de reflexão sobre questões
sociais, culturais, políticas e emocionais, procurando torná-los críticos em relação às coisas
que acontecem no mundo em que estão inseridos.
Enfim, com a aplicação dessa PDP em forma de Sequência Didática, foi possibilitado
aos alunos metodologias para superar dificuldades encontradas na disciplina de LI, levando-os
a interagir com as atividades e participarem das mesmas, construindo conhecimentos. Espero
que o trabalho aqui apresentado e outros que surgirão, elencando a música como estratégia de
leitura da LI, venham a contribuir na continuidade de novos estudos e melhorar o processo de
ensino aprendizagem do inglês nas escolas públicas brasileiras.
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