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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB A ÓTICA DO LÚDICO: UMA

CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DO VOLEIBOL

Tatiana Wisniewski1

Douglas Roberto Borella2

RESUMO

Neste artigo relata-se a implementação do projeto “A Educação Física sob a ótica do lúdico: uma contribuição para o ensino do voleibol”. Teve-se como objetivo propor um planejamento de atividades lúdicas relacionadas ao conteúdo voleibol para as aulas de Educação Física Escolar. Especificamente, procurou-se proporcionar métodos, meios e estratégias para o ensino do conteúdo de voleibol em ambientes escolares; formular e sistematizar didaticamente uma proposta pedagógica com atividades lúdicas sobre o voleibol; incentivar a prática do voleibol de forma lúdica, contribuindo para a qualidade de vida, melhora do bem estar e da auto estima do educando e ampliar as possibilidades de jogar voleibol nas aulas de Educação Física. As atividades foram desenvolvidas no Colégio Estadual Padre Cirilo – EFMP, turma do 6º Ano do Ensino Fundamental, composta por 30 alunos, turno matutino, do município de Capanema-PR. Concluiu-se que o voleibol trabalhado através do lúdico permite o entendimento de seus fundamentos teóricos e práticos permitindo a motivação para a prática das aulas como também a melhora das habilidades necessárias para a assimilação dos conteúdos inerentes ao voleibol, abrindo-se possibilidades de os alunos participarem das aulas de Educação Física com outra visão, ou seja, através do lúdico pode-se aprender e trabalhar de forma prazerosa sem que se perca a sua essência. PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Intervenção; Lúdico; Voleibol. 1 INTRODUÇÃO

Nas aulas de Educação Física muito se discute sobre as metodologias

adotadas e que possuem diferentes enfoques. Na literatura, autores como Darido;

Rangel (2008), Gonçalves (2002), Grespan (2002), Murcia (2005), têm reforçado a

visão de esporte, dando ênfase principalmente para a competitividade e esporte de

rendimento. Tem-se notado por meio da observação das práticas ministradas nas

aulas de Educação Física que, geralmente, os alunos não se enquadram nessa

perspectiva, ficando ociosos, não participando das atividades desenvolvidas e isso

deve ser discutido para que uma atividade atrativa venha despertar o interesse em

1 Graduada em Educação Física. 2 Professor Orientador do PDE.

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participar de forma a fazer com que as potencialidades dos alunos possam ser

desenvolvidas. Isso foi percebido no decorrer dos anos de trabalho na escola e

permitiu a elaboração desta pesquisa para que o voleibol pudesse ser ensinado de

forma atrativa e prazerosa.

Considerando a necessidade de uma intervenção pedagógica para que os

alunos melhor participem das aulas de Educação Física, questionou-se: a) Quais as

contribuições do conteúdo voleibol sob a aplicação de uma forma lúdica ao

desenvolvimento do educando no espaço escolar? b) O lúdico poderá ser uma

possibilidade social para o ensinamento do voleibol nas aulas de Educação Física?

c) Qual será a aceitação dos educandos ao receberem práticas que desenvolvam o

lúdico associado à técnica do conteúdo dentro do esporte voleibol?

O que motivou o desenvolvimento deste projeto de intervenção foram as

dificuldades encontradas na aprendizagem do voleibol, após tê-las percebido nas

aulas de iniciação ao voleibol, nos alunos e nas metodologias até então adotadas

pelos professores de Educação Física, e isto, se deve, segundo Taffarel (2003), a

mecanismos internos e externos nos cursos de formação de professores de

Educação Física.

Devido a isto, torna-se necessário reverter certas metodologias empregadas

nas aulas de Educação Física e utilizar o lúdico, como proposta de intervenção

escolar. Na escola em que trabalho a realidade não é diferente e pretende-se mudar

essa visão para que o voleibol possa ser ensinado não apenas como um esporte de

competição.

As atividades lúdicas direcionadas à aprendizagem do voleibol vão permitir

aos alunos o entendimento deste conteúdo, o qual vai dar motivação à prática das

aulas, desenvolvendo as habilidades necessárias e assimilação dos conhecimentos

(GONÇALVES, 2002).

O voleibol segundo Machado (2006), sendo utilizado como uma forma

recreativa ou como esporte, vai contribuir para a formação do indivíduo, por ser um

esporte que exige atenção e desenvolver a rapidez nos gestos e no raciocínio pelos

movimentos que exige.

Assim, com o intuito de criar e aplicar novas propostas metodológicas de

ensino nas aulas de Educação Física Escolar para os alunos e produzir o

conhecimento científico na escola, buscou-se alternativas de construção do saber e,

com isso, o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, é uma forma de

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encontrar melhorias no conteúdo do voleibol, proposta essa que venha sistematizar

um programa de atividades que possam contribuir com os professores de Educação

Física do Estado do Paraná.

O critério de inclusão do 6º ano partiu do entendimento de que nesta faixa

etária, deve-se perceber a essência do lúdico bem como a importância das

modalidades esportivas que podem ser desenvolvidas dentro deste contexto.

Portanto, objetivou-se, propor um planejamento de atividades lúdicas

relacionadas ao conteúdo voleibol para as aulas de Educação Física Escolar.

Especificamente, procurou-se proporcionar métodos, meios e estratégias para o

ensino do conteúdo de voleibol em ambientes escolares; formular e sistematizar

didaticamente uma proposta pedagógica com atividades lúdicas sobre o voleibol;

incentivar a prática do voleibol de forma lúdica, contribuindo para a qualidade de

vida, melhora do bem estar e da auto estima do educando e ampliar as

possibilidades de jogar voleibol nas aulas de Educação Física.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O VOLEIBOL NA ESCOLA

O voleibol como conteúdo da disciplina de Educação Física Escolar é

compreendido e colocado no âmbito da cultura corporal de movimento, onde se

deve trabalhá-lo de forma inclusiva, pois todos os alunos têm o direito ao

movimento, seja ele de qualquer natureza (CAMPOS, 2006). Os movimentos desse

esporte deverão ser trabalhados de modo que todos os educandos possam realizá-

los independentemente da faixa etária. Sendo assim, o docente é o educador que

deve criar várias situações de movimentos do vôlei objetivando promover a

formação integral do aluno.

Para Barroso e Darido (2010, p. 180) o voleibol é:

Uma modalidade esportiva coletiva apresentando na sua essência o jogo, fator que socioculturalmente motiva e estimula as pessoas, mostrando-se muito favorecido e propício o desenvolvimento da sua prática. Porém, apresenta-se preocupante o ensino da modalidade esportiva voleibol na escola sem um procedimento metodológico apropriado, tendo o objetivo voltado apenas para a assimilação de gestos técnicos. Desta forma, não ocorre o direcionamento para a reflexão em um contexto mais abrangente, por exemplo, o entendimento da origem e evolução da modalidade esportiva e que

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atitudes podem ser promovidas durante o seu ensino (BARROSO e DARIDO, 2010, p. 180).

Os autores acreditam que a prática esportiva do voleibol motiva os educandos

influenciando-os no seu desenvolvimento social, porém, destacam também que a

forma com que ele é ensinado é a base fundamental e norteadora para o seu

desenvolvimento. O processo de execução das aulas somente com os gestos

técnicos resulta em um aprendizado técnico, não assimilando assim a reflexão em

um contexto mais abrangente no sentido de entender sua história e evolução no

processo. Dessa forma, percebe-se a necessidade da reestruturação dessa prática

pedagógica conforme apontam as DCE's (2008):

Pensar a Educação Física a partir de uma mudança significa analisar a insuficiência do atual modelo de ensino, que muitas vezes não contempla a enorme riqueza das manifestações corporais produzidas socialmente pelos diferentes grupos humanos. Isto pressupõe criticar o trabalho pedagógico, os objetivos e a avaliação, o trato com o conhecimento, os espaços e tempos escolares da Educação Física. Significa, também, reconhecer a gênese da cultura corporal, que reside na atividade humana para garantir a existência da espécie. Destacam-se daí os elementos lúdicos e agonísticos que, sistematizados, estão presentes na escola como conteúdos de ensino (PARANÁ, 2008, p. 51).

Neste contexto, o profissional de Educação Física enquanto educador deve

estar situado nas possibilidades e perspectivas da construção de uma Educação

Física transformadora, sendo o voleibol um conteúdo, trabalhá-lo voltado para a

formação da cidadania dos alunos, ou seja, proporcionar o acesso aos bens

culturais que garantam uma vida digna a todos, através da participação,

responsabilidade, compromisso e ética, valores que contribuirão para a

emancipação humana e social do indivíduo.

A prática da atividade física deve ser um instrumento de transformação, tanto

individual quanto coletiva, buscando superar as desigualdades sociais e auxiliar na

formação de um ser humano justo e solidário que saiba interpretar seus direitos e

deveres (DARIDO e RANGEL, 2008).

De acordo com Campos (2006), a prática do voleibol além de ser fundamental

para o desenvolvimento do educando, dispõe de vários movimentos que podem ser

explorados, além de proporcionar uma integração social, pois, possibilita a

participação de meninas e meninos sem desestruturar o jogo.

Contemplando as leituras dos autores acima citados, percebe-se que nos

debates do conteúdo estruturante esporte “da” escola o Coletivo de autores (2009, p.

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69) nos dá uma ideia de como trabalhar o voleibol em uma aula de Educação Física

no ambiente escolar.

O esporte, como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos, e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus vários aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como esporte “na” escola (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 69).

Diante disto, entende-se que o voleibol como esporte deve ser planejado e

trabalhado como prática da escola, tendo esse conteúdo o objetivo de ensinar não

somente gestos técnicos, mas valores que valorizam o coletivo sobre o individual e o

respeito humano instigam “a compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é

diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário” (COLETIVO DE

AUTORES, 2009).

2.2 O LÚDICO NA ESCOLA

O maior desafio dos professores é mudar a visão sobre os potenciais das

crianças, instrumentalizando o processo de transmissão do saber, preocupando-se

com propostas que atendam as necessidades básicas de desenvolvimento do

educando, adequando os conteúdos à faixa etária. Isso implica em mudar o método

de ensino, necessita encontrar caminhos para conduzir ao conhecimento.

Uma alternativa sinalizada por Marcellino (2003) para que tal mudança ocorra

é adotar uma forma de ensinar que contemple o lúdico no processo de ensino

aprendizagem. Para o autor o conceito de lúdico, é bem mais abrangente do que o

conceito de lazer, não estando preso a um tempo definido.

Ainda, conforme o autor, o Lúdico pode ser contemplado na esfera escolar e

afirma que:

Considerar que o lazer é um espaço privilegiado para a manifestação do lúdico na sociedade contemporânea, apesar dos riscos do consumismo e da institucionalização, não significa que o elemento lúdico da cultura não possa se manifestar em outros espaços (MARCELLINO, 2009, p. 18).

Para as DCE's (2008) o lúdico tem um potencial significativo na prática

pedagógica, pois ao vivenciar os aspectos lúdicos que vem à tona das e nas

brincadeiras, o aluno desenvolve a capacidade de criar ligações entre o imaginário e

o real, e de pensar sobre os papéis exercidos nas relações em grupo. Reconhece e

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valoriza também, as formas particulares que os brinquedos e as brincadeiras tomam

em diferentes contextos e momentos históricos, nas variadas comunidades e grupos

sociais.

O lúdico deve ser entendido e considerado em seus aspectos fundamentais e

Olivier (2009), aponta em seus estudos dizendo que o lúdico é um fim em si mesmo,

ele não é o meio através do qual alcançamos o objetivo: ele é a vivência prazerosa

da atividade e deve ser entendido "gosto porque gosto", ele é espontâneo e baseia-

se à dimensão dos sonhos da magia do imaginário da sensibilidade a racionalidade

não é aqui enfatizada, pois está ligada ao prazer, o lúdico se baseia na atualidade,

ocupando-se do aqui e agora não pertencente a um futuro inexistente, favorecendo

a utopia construindo o futuro através do presente, privilegia a criatividade, a

inventividade e a imaginação por ligar-se ao prazer.

O obstáculo que muitas vezes nos impede de levar o lúdico para a sala de

aula, é que desde o início esse foi repelido em benefícios de tarefas que fossem de

maior utilidade social, primeiro o dever, depois o prazer. Atualmente vemos pessoas

que se queixam de solidão, depressão, os namoros virtuais, e então ocorre muitas

vezes o fato de alguém gostar de algo que não existe, ou criar um ser imaginário

que o decepcionará.

A ludicidade é imprescindível em nossas vidas, está presente em todas as

fases do desenvolvimento humano, mas é na infância que esta tem a sua principal

colaboração conforme Olivier (2009) descreve,

Reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância: permitir que as crianças sejam crianças e vivam como crianças; é ocupar-se do presente, porque o futuro dele decorre; é esquecer o discurso que fala da criança e ouvir as crianças falarem por si mesmas; É redescobrir a linguagem dos nossos desejos e conferir-lhe o mesmo lugar que tem a linguagem da razão; é redescobrir a corporeidade ao invés de dicotomizar o homem em corpo e alma; é abrir portas e janelas e deixar que a inclinação vital penetre na escola, espane a poeira, apague as regras escritas na lousa e acorde as crianças desse sono letárgico no qual por tanto tempo deixaram de sonhar (OLIVIER, 2009, p. 41).

Desta forma, torna-se fundamental adotar no processo de ensino-

aprendizagem o lúdico como uma forma metodológica de ensinar Educação Física,

especialmente o voleibol às crianças, a fim de oportunizá-las um aprendizado

significativo e prazeroso referente ao real sentido do voleibol, alcançando uma

formação mais crítica e criativa do ser.

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3 MÉTODO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa caracterizou-se como sendo uma pesquisa observacional que,

segundo Almeida Filho (1990), pode ser descritiva ou analítica. Optou-se pela

analítica para poder explicar a ocorrência de determinado agravo, buscando

relacionar a sua ocorrência a um ou mais fatores.

3.2 LOCAL DA IMPLEMENTAÇÃO

A escola escolhida para a implementação do Projeto foi o Colégio Estadual

Padre Cirilo Ensino Fundamental, Médio e Profissional, situado na Av. Paraná, s/n,

na cidade de Capanema-PR.

Em sua trajetória, o colégio tem contribuído na formação de cidadãos com

condições de intervirem na sociedade atual. Diante das novas demandas da

sociedade e das mudanças na Legislação Educacional, necessitou rever suas

práticas e posturas com o intuito de se adequar corretamente a tais mudanças.

O Projeto Político Pedagógico (2013) teve como objetivo principal organizar o

trabalho pedagógico, superando conflitos, eliminando relações competitivas e

autoritárias, rompendo a rotina do mando impessoal que permeia nas escolas,

eliminando os efeitos fragmentados da escola, da divisão do trabalho, os quais

reforçam as desigualdades e hierarquizam os poderes de decisão.

O Colégio reconhece os alunos como sujeitos sociais e históricos com direito

ao acesso a uma educação de qualidade com conhecimento científico e

humanizado. Os professores são habilitados, qualificados e atendem as exigências

da SEED e MEC. O ensino ministrado nesse estabelecimento está de acordo com a

LDB (art 3º) onde o acesso, permanência e sucesso do aluno são metas primordiais.

Fazem parte do corpo discente do Colégio 632 alunos, sendo que 476 são do

Ensino Fundamental e 156 do Ensino Médio.

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3.3 PARTICIPANTES

A turma escolhida para o desenvolvimento do Projeto de Intervenção foi a do

6º ano matutino, com aproximadamente 30 alunos, com faixa etária entre 11 e 13

anos de idade, sendo 13 do sexo masculino e 17 do sexo feminino.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

Inicialmente fez-se um estudo através de pesquisa bibliográfica que serviu de

subsídio para este projeto e embasou a construção desse artigo científico.

Posteriormente, realizou-se uma pesquisa observacional.

O estudo propôs uma tentativa de abordar o conteúdo voleibol seguindo as

orientações presentes nas Diretrizes Curriculares Educacionais do Paraná de

Educação Física, principalmente os seguintes elementos articuladores: Cultura

Corporal e Ludicidade e Cultura Corporal - Técnica e Tática, que proporcionasse ao

aluno um processo de aprendizagem dinâmico, interativo e que compreendesse o

real sentido do conteúdo estudado.

A fim de esclarecer a temática abordada, dividiu-se o trabalho de Intervenção

Pedagógica em três partes, procurando respeitar o tempo geralmente necessário

para o desenvolvimento do conteúdo de voleibol:

1ª parte: organizou-se e planejou-se atividades para o conteúdo

voleibol de uma forma lúdica, fazendo o planejamento e os planos de aula;

2ª parte: consistiu na apresentação do projeto para os docentes e

direção escolar durante reunião pedagógica realizada na escola; também, realizou-

se reunião com pais e responsáveis juntamente com os educandos do 6º ano

matutino para a apresentação do projeto, coletando-se as autorizações no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);

3ª parte: implementação do projeto com os alunos, a qual teve início

com a aplicação dos planos de aula. Após o encerramento de cada aula foi realizado

o preenchimento de um relatório referente a aplicação de cada aula.

Tendo o plano de aula como base, bem como a aula prática em si, foi

preenchido um relatório prescrevendo todos os acontecimentos referentes: prática

pedagógica, dinamismo das atividades propostas, aquisição dos conhecimentos

através do que foi proposto e a avaliação foi feita após cada conteúdo ministrado;

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Com o planejamento em mãos, os planos de aula e os relatórios, foi

elaborado um programa de atividades lúdicas relacionadas ao conteúdo do voleibol,

o qual serviu como uma ferramenta pedagógica aos professores da rede estadual de

ensino.

3.5 INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

Por ter sido uma pesquisa observacional onde primeiramente determinou-se o

objeto de estudo e foram selecionadas as variáveis que pudessem influenciá-lo,

definiu-se as normas de como controlar e observar os efeitos produzidos pela

variável no objeto.

Elaborou-se relatórios com os resultados obtidos, os quais nos dariam os

resultados para a análise dos dados, posteriormente. Nesse relatório constou a

atenção dos alunos no momento da explanação dos conteúdos e da forma como

seriam desenvolvidos, a participação nas atividades, os questionamentos feitos

pelos alunos e como foram resolvidos no final de cada aula.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Na formação escolar do ser humano, diferentes disciplinas são trabalhadas,

mas, a Educação Física tem se destacado pelo fato de não tratar apenas do

biológico, mas procurar desenvolver no educando o afetivo, o cognitivo e o

sociocultural. Dentro deste contexto, os profissionais da área têm discutido a

exploração geral do indivíduo, a valorização de sua existência dentro da práxis

pedagógica.

A intervenção pedagógica realizada no Colégio Estadual Padre Cirilo – EFMP,

com os alunos do 6º ano, teve o propósito de mostrar que o lúdico facilita na

aprendizagem e leva a relacionamentos grupais. Esta proposta foi possível e

permitiu que muitos rótulos fossem deixados de lado por parte de professores. Isto

foi observado após os profissionais da área, perceberem que também se pode

trabalhar com o lúdico sem que se perca a essência do conteúdo. Quanto aos

alunos, permitiu uma integração importante e necessária para a assimilação dos

conteúdos. Pode-se medir isto por meio da participação e interesse em praticar as

atividades propostas, havendo, portanto, o aumento de interesse por parte dos

alunos.

A coleta e análise dos dados ocorreram simultaneamente, ou seja, conforme

os alunos iam desenvolvendo as atividades percebeu-se a assimilação ou não dos

conteúdos, devido ter-se acumulado o conhecimento necessário sobre o tema

abordado e para tal, teve-se uma postura neutra para evitar noções pré-concebidas,

documentando-se os dados coletados.

Para um melhor entendimento da apresentação dos resultados, segue a

apresentação dos itens, os quais fizeram parte do planejamento, método, meio e

estratégias de ensino adotadas para este estudo. Segue a explanação de cada qual:

1) Quanto ao planejamento: incialmente fez-se uma abordagem para que se

captasse os conhecimentos prévios que os alunos tinha sobre o Voleibol,

questionando-os e explicando que o conteúdo pode ser aprendido de forma

prazerosa e lúdica. Nas aulas seguintes, trabalhou-se os limites da quadra com

atividades lúdicas dentro desse espaço, ensinando a posição de recepção da bola e

a iniciação do toque e a posição correta das mãos para a realização do mesmo.

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No conteúdo sobre a Manchete, trabalhou-se a posição para a recepção da

bola e o deslocamento. Já no Saque por Baixo, mostrou-se a posição do braço e da

mão como também a sua forma de execução.

Para finalizar, fez-se atividades envolvendo todo o conteúdo desenvolvido nas

aulas, permitindo aos alunos que aplicassem em forma de jogo cooperativo.

2) Quanto aos métodos, meios e estratégias: as atividades foram

organizadas e planejadas dentro do conteúdo de voleibol e elaborou-se um

planejamento e planos de aula. Para tal, utilizou-se livros para a retirada de alguns

conteúdos como também, a própria experiência como professora.

A partir daí, iniciou-se as atividades com o desenvolvimento dos planos de

aula, os quais foram divididos de acordo com a atividade a ser desenvolvida para

que permitissem aos alunos a assimilação do conteúdo.

Os métodos aplicados voltaram-se a aprendizagem coerente e baseada nos

conhecimentos científicos e técnicos e não voltados para as repetições de sistemas

que não surtiram efeitos na maioria dos ensinamentos já praticados. Também,

utilizou-se alternativas metodológicas e didáticas, as quais quando combinadas,

permitiram que os alunos construíssem o conhecimento do jogo, porque este se

aprende jogando.

Nas habilidades motoras ensinadas para essa faixa etária, a aprendizagem

deve ser feita de forma aberta onde os conteúdos aplicados por parte do professor e

praticados pelos alunos deve ter correções em sua técnica para após isto, partir para

uma aprendizagem fechada, tendo em vista, os gestos da modalidade levar para

uma iniciação desportiva, a qual vai permitir um treinamento mais rigoroso e

realmente voltado para uma competição.

A cada aula, percebeu-se a evolução da turma como também, a motivação,

tendo em vista serem realizadas em duplas ou em grupos, permitindo o

entrosamento entre eles como também, a preocupação em realizar corretamente as

atividades. Em alguns momentos, eles se corrigiam entre si e isso demonstra que o

conteúdo realmente foi apreendido.

Esta motivação faz parte da construção da cidadania e esta, deve considerar

os conhecimentos como elementos que vão permitir ao aluno a compreensão da sua

realidade na sociedade em que vive, sendo necessário que esses alunos tenham

oportunidades para desenvolver uma atitude crítica frente a essa sociedade, na qual

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onde ações e decisões são conduzidas, justificadas e planejadas a partir da

realidade (PERUZZO, 1998).

Ao final de cada aula, elaborou-se um relatório sobre a mesma, o qual

constou se os objetivos foram alcançados, se a turma correspondeu às atividades

propostas, o que deveria ser corrigido e revisto e os pontos positivos. Também, após

cada etapa proposta nos planos de aula, os conteúdos foram sendo acumulados

para o final serem trabalhados como um todo.

Isto permitiu verificar que as aulas foram produtivas e que realmente

alcançaram os objetivos, os quais procuraram ensinar o voleibol de forma lúdica,

proporcionando métodos e estratégias diferenciadas, formulando-se e

sistematizando-se a proposta pedagógica e incentivando a prática do voleibol de

forma lúdica.

3) Quanto aos planos de aula: foram divididos em pequenos blocos de

atividades, para que a turma pudesse assimilar os conteúdos por etapas para no

final, poder juntá-los e aplica-los em forma de jogo cooperativo.

O primeiro Plano de Aula envolveu três atividades, sendo a primeira, um

questionamento para se ter uma base dos conhecimentos prévios dos alunos sobre

o voleibol. A segunda e a terceira aula desse plano envolveram o Voleibol Cego,

onde os alunos tinham de se movimentar dentro dos limites da quadra de esportes

da escola, e sobre a rede foi colocado um plástico preto para que enxergassem o

outro lado e os oponentes e o objetivo era não deixar a bola cair, estimulando a

cooperação.

A outra atividade realizada foi o Volençol, onde os alunos tinham como

objetivo, integrar-se ao meio social, reforçando o trabalho em grupo. Essa atividade

estabeleceu metas como: manter a bola o maior tempo possível no ar e, o grupo que

lançar a bola para o outro lado troca de lado com a outra equipe, passando por baixo

da rede.

O segundo Plano de Aula, abordou os limites da quadra de voleibol e

desenvolve-se as atividades Queimada Cooperativa, onde os alunos tinham que

queimar qualquer colega dentro do espaço delimitado (Quadra). Desenvolveu-se

também, o Vôlei-unido, onde os alunos foram divididos em duas equipes, cada uma

de uma lado da quadra de voleibol e deveriam passar a bola para o outro lado da

rede sem deixa-la cair.

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Na atividade posição de recepção, mostrou-se como o aluno deve estar

posicionado na quadra para receber a bola e para tal, desenvolveu-se a brincadeira

Pega-pega, onde um aluno era o pegador e os outros os fugitivos e, a raia destes,

era a posição de recepção. Também, desenvolveu-se uma atividade com música,

onde os alunos foram organizados em duplas, formando dois círculos. Um dos

alunos fica no círculo interno e o seu companheiro no círculo externo. Ao ritmo da

música, os alunos, e, seus respectivos círculos, deveriam se deslocar em direções

opostas. Quando a música parava, cada aluno devia correr ao seu par, tomando-

lhes as mãos e realizando a posição de recepção. O par que realizasse a posição de

recepção por último pagava uma multa.

Na atividade de toque de bola, foi ensinado o toque por meio de balões e os

alunos após cada um receber um balão, tiveram que realizar o movimento do toque

com as duas mãos, parado e em movimento, com a mão direita, depois com a

esquerda, em duplas com um balão, e com os dois balões.

Em seguida, para o toque de bola, os alunos trabalharam com a bola de

voleibol na atividade de rolar a bola, pelas costas, pernas, braços; bater com a bola

no chão, saltar e pegar e outros exercícios com o objetivo de familiarizar-se com o

objeto.

Na atividade estafeta e equilíbrio, os alunos deveriam equilibrar a bola no

dorso da mão e correr ou trotar até o outro lado da quadra, não podendo deixar cair

a bola. Se essa cair, ele deverá voltar à posição a onde estava seu companheiro, e

este continuar.

O terceiro Plano de Aula, abordou o toque de bola por cima através da ajuda

do colega. A turma foi reunida em círculo para explicar o posicionamento das mãos

no toque por cima, pedindo que todos fizessem o movimento sem bola. Em duplas

um dos educandos ficou na posição do toque por cima e o outro o ajudou colocando

a bola nas mãos de seu colega e esse simulando o toque de bola. Ainda em duplas

um dos educandos de posse da bola a jogou para cima, esta deu um pique e o outro

educando entrou em baixo da bola e fez parar a bola na posição, realizando o toque.

Também em duplas, um dos educandos de posse da bola realizou o toque,

deixando a bola quicar segurando-a e tentando pegar o colega que teve que correr

de costas, o colega que corre só pode fazer após a bola quicar no chão.

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Na atividade Voleibol rede viva, a turma foi separada em três equipes, sendo

que uma ficou no meio da quadra, perto da linha central, em fila (rede viva), tentando

pegar a bola, enquanto as outras duas ficam jogando normalmente.

O quarto Plano de Aula teve como objetivo ensinar a Manchete, sua

posição de recepção e o deslocamento. Para tal, os alunos foram divididos em duas

equipes, cada uma organizou-se em duas colunas, uma de frente para a outra,

posicionada na linha dos três metros da quadra de voleibol, com uma bola. Ao sinal

do professor, cada equipe trocou manchetes para a sua respectiva coluna. O aluno

que fez a manchete foi para o fim da coluna. Venceu a equipe que realizou essa

tarefa mais vezes sem deixar a bola cair no chão.

Na atividade sobre o Saque por Baixo, foi explicado o movimento do braço e

da mão para a realização do saque e após, os alunos realizaram o Beisebol de

saque e foram divididos em duas equipes. Uma equipe organizou-se em coluna de

frente para a meia quadra de voleibol. O primeiro aluno da fila estava com uma bola.

A outra equipe devia espalhar-se pela outra meia quadra de voleibol. O primeiro

aluno da coluna devia sacar a bola por baixo em direção à quadra dos adversários.

Em seguida, esse aluno saiu correndo e deu uma volta em trono de toda a quadra.

Ao mesmo tempo, a equipe que estava espalhada pela outra metade da quadra

recebeu a bola vinda do saque, faz três passes e tentou atingir o aluno que sacou a

bola e saiu correndo. Os alunos que arremessaram a bola deviam fazê-lo sem sair

de sua respectiva quadra. Se o aluno conseguisse chegar ao lugar de onde partiu,

sem ser atingido pela bola, a equipe que sacou ganhou um ponto. O próximo aluno

devia repetir o procedimento, sacando a bola. Se a bola foi sacada e atingiu o aluno,

a equipe que recebeu o saque ganhou o ponto e recebeu a posse de bola.

4) Quanto aos materiais: utilizou-se aqueles disponíveis na escola como

também, outros adquiridos pela professora para que as aulas pudessem ser

ministradas e isso, veio favorecer o prazer a e motivação na realização das

atividades. Os alunos perceberam que os conteúdos podem ser desenvolvidos de

diferentes formas sem que perca a sua essência.

Assim, com a intervenção realizada, a aprendizagem dos gestos e dos

movimentos foi satisfatória e isso foi percebido individualmente em cada aluno

durante a realização das atividades e preparação para a parte desportiva, tendo em

vista os mesmos terem assimilado o que foi desenvolvido nas aulas.

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Diante deste contexto, o Colégio Estadual Padre Cirilo - EFEM, procura

garantir o conhecimento para o exercício pleno da cidadania, contribuindo assim,

para a transformação social; trabalhar os saberes por meio do processo de ensino e

aprendizagem promovendo desta maneira quem aprende e quem ensina, para

então, produzir uma sociedade que lute contra o modelo gerador das desigualdades

e exclusão social que permeiam as políticas educacionais existentes (PROJETO

POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2013).

Entendeu-se que a comunidade escolar contribuiu neste sentido, e em

especial a família do educando, que assumiu lugar central na discussão, tendo em

vista compartilhar, juntamente com a escola, dos interesses comuns na busca de

uma educação voltada para a qualidade, ou seja, uma educação direcionada para a

formação do aluno como cidadão para atuar na sociedade que ai se apresenta.

A prática pedagógica, o dinamismo das atividades propostas, a aquisição dos

conhecimentos foi com intenção de responder aos objetivos do referido estudo bem

como, permitir a sistematização de um programa de atividades lúdicas relacionadas

ao conteúdo de voleibol, o qual pode servir como uma ferramenta pedagógica aos

professores da rede estadual de ensino.

As práticas nas aulas de Educação Física Escolar ainda necessitam de

mudanças devido, em sua maioria, fazerem-se limitadas, sem significados, vazias e

virem permeadas por práticas excludentes, importando-se na maioria das vezes

mais com as incapacidades do que com as capacidades e, segundo Gonçalves

(1994, p. 03) “essa realidade contribui para a não valorização da disciplina, enquanto

área de conhecimento, que possui reais objetivos educativos, fundamentais para o

desenvolvimento integral do indivíduo.

O trabalho dos professores no Ensino Fundamental requer atitudes

pedagógicas que levem a incluir construção e significados de novos conhecimentos

quanto a práticas e teorias que são realizadas nas aulas, dando possibilidade às

crianças de compreender o que está sendo realizado, viabilizando com isso a

associação dos conhecimentos corporais que possuem com o que está sendo

recebido. Esta postura pedagógica vai fazer com que a criança encontre e perceba

sentido nas ações que desenvolve na escola (GONÇALVES, 1994).

Dizer o que deve ser feito não basta durante as aulas para que o aluno

entenda e, segundo Libâneo (1985, p. 39), “são realidades exteriores ao aluno que

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devem ser assimilados e não simplesmente reinventados, eles não são fechados e

refratários às realidades sociais”.

O mesmo autor ainda explica que, (1985, p. 39): “os conteúdos de ensino

emergem de conteúdos culturais universais, constituindo-se em domínio de

conhecimento relativamente autônomos, incorporados pela humanidade e

reavaliados, permanentemente, em face da realidade social”.

Dentro das ações educativas deve o professor perceber e observar quais os

valores que estão sendo evidenciados, sendo cauteloso para não desprezar os

saberes trazidos pelas crianças, pertencentes à sua história cultural e não ter em

mente a intenção de domesticá-las a sua maneira de ensinar e sim, levá-las a

perceber e ter uma visão de mundo (GIROUX, 2003).

Desta forma, os conteúdos são relevantes para estimular o aluno a criar e

conhecer ações e conceitos dentro de uma conjuntura que expressa a vida

corporalmente. Mas, percebe-se que isto na prática realizada nas aulas de

Educação Física, não acontece e o professor deve estimular a participação,

elevando a vontade de realização e a espontaneidade do aluno para que cada vez

mais tenha interesse de praticar atividades corporais.

As situações lúdicas se tornam educativas quando estimulam certos tipos de

aprendizagem e o que foi proposto, permitiu que os conhecimentos fossem

adquiridos em forma de brincadeira e descontração. O profissional de Educação

Física em sua prática pedagógica deve vivenciar e utilizar atividades lúdicas,

adaptando esportes de forma a tornar prazerosa sua aula e motivando os alunos a

participar.

Portanto, pode-se dizer que a intervenção pedagógica realizada com a turma

alcançou os objetivos propostos e veio somar aos conhecimentos dos alunos de

forma a prepará-los para aulas voltadas aos fundamentos e as técnicas necessárias

para a aprendizagem do voleibol.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se com este estudo que o professor de Educação Física pode ter

uma visão diferente sobre o lúdico se utilizá-lo como uma ferramenta de ensino para

aumentar a participação e o interesse nas aulas, porque se tornam mais prazerosas

e motivantes, possibilitando aos alunos a se descobrir, criar e explorar as coisas do

mundo.

O professor que se preocupa com a verdadeira formação do aluno,

desenvolve conteúdos onde o educando possa ser crítico e consciente com os seus

atos e também, permite em seu trabalho a reflexão do pedagógico, quebrando

alguns paradigmas dentro do ensino e da aprendizagem, permitindo assim, o

crescimento e desenvolvimento integral dos alunos.

Na atualidade, a reflexão tem sido a forma positiva e condizente frente à

realidade educacional que, procura a cada dia, se renovar. Isso está sendo

comprovado nas novas metodologias de ensino aplicadas por muitos professores e

estes, devem estar atentos às renovações as quais revelam as necessidades dos

alunos e qual melhor caminho a seguir.

Assim, pode-se concluir que os professores de Educação Física Escolar

devem refletir e utilizar o lúdico na aprendizagem e este estudo procurou mostrar

que é possível sim, através de lúdico, desenvolver os conteúdos escolares dentro da

disciplina, permitindo aos seus alunos aulas mais motivantes e prazerosas.

A intenção deste estudo foi propor um planejamento de atividades lúdicas

relacionadas ao conteúdo voleibol para as aulas de Educação Física Escolar e,

acredita-se que, após a aplicação do Projeto de Intervenção, abriram-se

possibilidades de os alunos participarem das aulas de Educação Física com outra

visão em relação aos conteúdos. Isto foi percebido após a aplicação do Projeto de

Intervenção, o qual, como já dito, mostrou que o voleibol como qualquer outro

esporte pode ser trabalhado de forma lúdica sem que perca a sua finalidade.

A construção educativa do educando é favorecida de acordo com as mais

variadas formas de movimento realizadas através dos conteúdos da Educação

Física Escolar, devido o corpo ser tratado não de forma fragmentada, mas como um

organismo inteiro. Assim, o conhecimento incorporado pelo aluno um conhecimento

de ações e de corpo onde os movimentos seguintes possam ser realizados de

maneira mais livre, espontânea, sem regras e sem amarras e não sendo comparado

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com a pessoa adulta como um ser considerado acabado e completo (SANTOS,

1997).

Ao refletir sobre os conteúdos de ensino e das manifestações corporais dos

alunos, a ludicidade não pode ser deixada de lado, devido ser através dela que o

indivíduo vai descobrir sua criatividade, seu prazer de livre movimentar-se e com

isso, incorporar ações, pensamentos e sentimentos, possibilitando a criação de

novos movimentos que alimentam o seu corpo.

Em relação à construção dos planos de aula e da intervenção, foram

construídos com a intenção de proporcionar aos alunos, uma maneira prazerosa de

aprender, com atividades lúdicas que viessem motivar a participação das aulas.

Encontrou-se dificuldades em relação aos materiais, sendo muitos deles adquiridos

pela professora, tendo em vista a escola não dispor dos mesmos. Em relação às

facilidades, pode-se dizer que através do lúdico, os professores podem desenvolver

os conteúdos sem os mesmos percam a sua essência e, isso, só vai oportunizar o

acesso a outros conhecimentos sem que os alunos se sintam obrigados a participar,

mas o façam motivados a aprender, Pode-se dizer assim que, os professores têm

esse recurso para desenvolver seus conteúdos, tendo em vista os mesmos serem

fáceis de serem aplicados.

Portanto, para os alunos e professores, o voleibol pode ser ensinado através

do lúdico tornando-se um veículo para o desenvolvimento emocional, intelectual e

social das crianças despertando o interesse para a aprendizagem dos

conhecimentos e entendendo para que serve, podendo-se passar este estágio para

a aprendizagem de suas regras.

Assim, acredita-se que exista na escola um espaço para o ensino lúdico, onde

a sua manifestação traz um desenvolvimento individual e próprio e ser reconhecido

como uma das fontes propulsoras da corporeidade e com isso, possibilita a

construção de novos saberes.

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