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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A LEITURA DE IMAGENS: UMA ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Margaret Maria Istschuk1 Orientadora: Dulce Dirclair Huf Bais2

Resumo – Este artigo resultou da implementação de um projeto de intervenção pedagógica sobre educação ambiental, com alunos do 9° ano do ensino fundamental da educação básica, na disciplina de ciências, regularmente matriculados em escola pública da rede de ensino estadual do Paraná. A base teórica da intervenção consistiu no uso de imagens para desenvolver, paralelamente, a observação, a criticidade, a capacidade criativa e a construção de conhecimento sobre questões ambientais, com ênfase para a preservação da Mata Atlântica. Tal direcionamento teve como elemento propulsor o fato dos alunos participantes da intervenção serem moradores do município de Colombo-PR, localizado em região limítrofe à Mata Atlântica. Neste projeto, a leitura de imagens, com base em princípios e fundamentos da semiótica, foi utilizada como estratégia de ensino e de aprendizagem de conceitos relacionados a impactos ambientais com perspectiva para uma educação ambiental, desenvolvida em dez atividades sequenciais previamente planejadas pela autora e descritas neste texto. Os resultados obtidos consistiram na demonstração da imaginação e da criatividade, a partir de representações imagéticas. Palavras-chave: Semiótica; leitura de imagens; impacto ambiental; educação ambiental.

Introdução

Frequentemente, a comunidade escolar demanda melhoria da qualidade do

ensino. Contudo, não é ela apenas que a reivindica, tal anseio é um dos desafios a

ser enfrentado por todos na comunidade escolar e também na sociedade em geral.

Essa situação afeta a pessoa humana diretamente, pois ela necessita de estímulos

e sonhos, muito além do próprio avanço tecnológico apresentado, por exemplo.

Nas escolas, o aluno também quer melhoria, mesmo que ele não demonstre

assim, nestes termos. A falta de interesse, a indisciplina, a pouca dedicação ao

estudo, entre outros, são os indicativos da necessidade do aprimoramento da

qualidade do ensino.

1 Professora de Ciências da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. E-mail: [email protected] 2 Doutora em Educação. Professora Adjunta do Departamento e Teoria e Prática de Ensino, do Setor de Educação, da Universidade Federal do Paraná.

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Destaca-se, também, o fato de um número considerado de alunos que

aprendem pouco dos conceitos e fenômenos da disciplina de ciências. O que

desencadeia esta situação? Muitos são os fatores. De que forma a estratégia de

leitura e exploração de imagens como material didático pode auxiliar nessa

compreensão? Estas questões nortearam este artigo, resultante de um projeto de

intervenção pedagógica, desenvolvido com as mesmas questões norteadoras, em

colégio vinculado à rede estadual de ensino do Paraná, através do Programa de

Desenvolvimento Educacional.

Para a aplicação da proposta na escola, foram considerados os objetivos do

projeto de implementação da intervenção pedagógica e da respectiva produção

didático-pedagógica, a saber:

Propor o uso e a leitura de imagens como estratégia pedagógica facilitadora

da compreensão de conceitos e fenômenos vinculados à disciplina de

ciências.

Demonstrar a criatividade e a imaginação pessoal e coletiva, através da

observação de imagens, seguida de interpretação verbal.

Participar efetivamente da produção de textos originados da observação de

imagens representativas de fundamentos conceituais dos conteúdos da

disciplina de ciências.

Elaborar representação imagética, a partir do uso de textos relacionados a

conteúdos da disciplina de ciências.

No desenvolvimento do projeto na escola, o conteúdo estabelecido estava

relacionado com a educação ambiental, especificamente dirigido ao impacto

ambiental, cujos objetivos se seguem:

Propor a leitura de imagens como estratégia para a compreensão do

conteúdo impacto ambiental.

Apresentar concepções referentes ao conteúdo impacto ambiental.

Diferenciar impactos ambientais causados pelo homem dos desastres

naturais.

Perceber situações em que ocorrem aspectos positivos e outras em que

ocorrem aspectos negativos do impacto ambiental.

Reconhecer o entorno da escola como parte da Mata Atlântica, onde

moramos, estudamos, brincamos, trabalhamos e vivemos.

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Reconhecer que a civilização provocou grandes impactos para se

desenvolver e sobreviver.

Entender os principais impactos ambientais causados pelo homem.

O projeto foi desenvolvido com alunos do 9º ano do ensino fundamental da

educação básica, em colégio vinculado à rede estadual de ensino, no município de

Colombo (PR).

Sob a estratégia da leitura de imagens, foram diversos os assuntos

abordados, cujos conteúdos foram relacionados com o impacto ambiental, tais

como: Mata Atlântica, os serviços ambientais fornecidos pela mata, a importância

das abelhas (principalmente as nativas) para a mata, desmatamento, queimadas,

poluição, efeito estufa, aquecimento global, desastres naturais e o impacto ambiental

propriamente dito.

Fundamentação Teórica

O mundo está muito visual e, consequentemente, a mente humana está

inundada por imagens que podem determinar no indivíduo muitas percepções,

emoções e sensações, e muitos significados. Na escola, a imagem desperta e

chama a atenção do estudante para o que é proposto pelo outro. Ela afeta os

sentidos, se tornando num recurso que agrada e ameniza a rigidez que, muitas

vezes, o conteúdo de um assunto requer. Portanto, a imagem cria uma

predisposição no estudante para apreensão do conhecimento.

A linguagem visual tem importância relativamente grande no processo de

aprendizagem, mesmo sabendo que ela por si só não conduz à plena compreensão

de conceitos. Ela se firma como um aporte facilitador, permitindo a cada um fazer

novas leituras, construir textos verbais, compreender cenários, personagens e

processos. Segundo Rocha, Pereira & Henriques (2011, p. 3), a combinação de

diversos recursos, entre eles, o imagético, favorece os processos mentais para a

aprendizagem, permitindo a interpretação do mundo a partir da sua concretude.

O registro de acontecimentos, de fenômenos e dos símbolos desde os

tempos primitivos, transformou a forma de comunicação e, por que não dizer,

transformação esta, até inesperada para quem quer que seja. Hoje, é bem claro o

quanto as imagens têm influência no cotidiano. Não apenas a imagem que o

indivíduo vê em determinado momento, no local onde se encontra; mas, aquela

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registrada por meio da fotografia, do filme, do desenho, das obras de arte e dos

próprios textos.

Entretanto, nota-se que as imagens se passam tão rapidamente sem que a

pessoa faça uma análise mais detalhada e crítica do que está sendo visto, ou

melhor, que as pessoas registrem os indícios da essência dessas imagens. Posto

isto, é como se o indivíduo tivesse impedido de interpretá-las além de suas

características qualitativas – cor, texturas, tamanho, outras.

Tais aspectos da vida contemporânea, a influência dos recursos imagéticos e

o tempo insuficiente para “contemplá-los”, influenciou na escolha do tema do projeto

de intervenção pedagógica desenvolvido, baseado nos pressupostos da semiótica,

como a leitura de imagens como estratégia de aprendizagem.

A pura e simples apresentação de imagens durante o processo de ensino e

aprendizagem de ciências, nem sempre leva o estudante a aprender e a

compreender os conceitos e fenômenos específicos da disciplina. É preciso

estabelecer as relações e as implicações por elas determinadas, além do aspecto

afetivo-emocional e sensível que as imagens despertam no indivíduo.

Dessa forma, trabalhar com os recursos imagéticos no processo de

aprendizagem, como afirma Moreira1 (1999, apud PARANÁ, 2008, p. 62) através,

“de estratégias metodológicas adequadas; de material didático de apoio

potencialmente significativo”, instigando a criatividade, auxiliam na compreensão dos

conteúdos da disciplina de ciências e a relação destes na vida do estudante.

Quando acontece uma análise mais detalhada de uma imagem, no âmbito da

semiótica, é dito que houve a leitura imagética, correspondente ao signo ou

significado da imagem. E, se esta leitura levou a pessoa a uma mudança de atitude,

a uma tomada de decisão, à compreensão de um conceito ou a estabelecer relações

entre o que observou, é dito que tal pensamento chegou à consciência. Nesse

sentido, dentro da semiótica, “o interpretante pode ser uma resposta

comportamental, um hábito determinado por um signo, uma disposição e muitas

coisas mais.” (ECO, 2012, p. 59). Assim, como exemplo, o desenho de uma flor

pode remeter à palavra “flor”, ao perfume e à beleza da flor, à lembrança da flor num

jardim, a um buquê de flores recebido como presente e tantas outras imagens mais,

contidas na história de vida da pessoa em episódios relacionados com “flor”. O efeito

1 MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. Brasília: UnB, 1999.

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interpretativo depende do meio cultural em que a pessoa está inserida, da sua

escolarização, do seu cotidiano e da própria capacidade perceptivo-sensorial da

pessoa.

Existem imagens, como fotografias, pinturas, da televisão, por exemplo, que

são de domínio material e imagens de domínio imaterial, como imaginações,

modelos, fantasias, esquemas, que são representações mentais. (SANTAELLA,

NÖTH, 2001, p.15). A imagem é considerada um signo. Na semiótica de Peirce1

(1931-1958 apud SANTAELLA, 2002, p. 12), o signo é algo que representa alguma

coisa para o indivíduo, através de outro signo, e este se enquadra em uma relação

triádica (Figura 1), como postulado lógico, cujos elementos se inter-relacionam. São

eles: o representamen (o próprio signo), o objeto (ou referente) e o interpretante (ou

referência).

Na explicação de Peirce (1995, p. 46, apud CORREIA, s/d, f. 2),

Um signo, ou representamen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente dessa pessoa, um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representa esse objeto não em todos os aspectos, mas com referência a um tipo de ideia que eu, por vezes, denominei fundamento do representamen.

FIGURA 1 – RELAÇÃO TRIÁDICA SÍGNICA FONTE: http://semiotica-unicv.blogspot.com.br/2010/04/o-representamen-o-objecto-e-o.html -20/11.

Na esquematização do triângulo acima, representamen é o próprio signo,

correspondendo à forma como algo é representado para alguém, é a intenção;

1 PEIRCE, C. S. Collected papers. In: HARTSHORNE; C. e WEISS, P. (ed.) v. 1-6 e BURKS, A. W.

(ed.) v. 7-8. Cambridge, MA, Harvard University Press, 1931-1958.

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objeto é o algo representado ou o referente; e, interpretante é a interpretação do

algo analisado ou referência que produz o efeito interpretativo.

Santaella (2002, p. 8) esclarece que

o signo é qualquer coisa de qualquer espécie (uma palavra, um livro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa, uma mancha de tinta, um vídeo, etc) que representa uma outra, chamado de objeto do signo, e que produza um efeito interpretativo em uma mente real ou potencial, efeito este que é chamado interpretante do signo. (SANTAELLA, 2002, p. 8).

A parte cognitiva de nossa mente é bastante estimulada pelos recursos

imagéticos por ela percebidos. Com datas até de 40.000 anos, tem-se os desenhos

rupestres (registros) em cavernas ou em rochas ao ar livre. Dos desenhos rupestres

a 3500 a. C. com a escrita pictográfica (símbolos-sinais e desenho-figurativo) que

representava um objeto ou um conceito.

FIGURA 2 – DESENHO PICTOGRÁFICO FONTE: http://www.casadomanuscrito.com.br/curio_01.htm.

Em paralelo à pictografia que se difundiu na Mesopotâmia (atual região do

Iraque), surgiu a linguagem por hieróglifos (sinais pictográficos) criados pela

civilização egípcia, considerado um dos primeiros sistemas de escrita.

A partir daí, já em 2000 a. C. os hieróglifos vão perdendo sua função para as

formas fonográficas com sinais que representavam sílabas. E, finalmente teríamos a

escrita com 22 signos mais a junção das vogais pelos gregos.

Apesar do alfabeto, as imagens continuaram a fazer parte da linguagem e da

comunicação, seguindo-se com as iluminuras (ornamentações decorativas), nos

manuscritos medievais dos conventos e abadias e em pinturas religiosas, utilizando-

se cores e, principalmente, o ouro e a prata.

Desse modo, é possível constatar a importância dos aspectos visuais que

davam indícios de que o que é visto pode ser muito representativo e pode ser mais

facilmente entendido, compreendido, memorizado.

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Metodologia

A principal estratégia tanto do projeto de intervenção quanto da produção

didático pedagógica foi a aplicação da semiótica para a leitura e interpretação de

imagens, leitura de textos, de poesia, de conto além de vídeos, mapa e música, no

âmbito da educação ambiental, direcionando mais, especificamente, para o impacto

ambiental.

Era objetivo do projeto, demonstrar a criatividade e a imaginação dos

estudantes através da observação das imagens, atingido, plenamente. Inicialmente,

foi proposta uma atividade para a montagem de quebra-cabeça, representando uma

imagem que serviria para introdução do assunto tratado durante a aplicação do

projeto – impacto ambiental –, somando-se à atividade a intenção de um trabalho

coletivo, pois vários alunos teriam que ajudar na montagem. A imagem era de vários

dinossauros (numa trilha) na busca de sobrevivência e, ao mesmo tempo, trazia

dicas para que o estudante colaborasse e ajudasse nisso. Depois de montado o

quebra-cabeça no chão, cada passagem tinha uma dica, como, por exemplo, "Você

encontrou um dinossauro com dificuldades de comer as folhas que estão em uma

fenda estreita. ajude-o, fique uma rodada sem jogar". Em seguida, começou uma

conversa de cada dica (Fase na trilha), abordando a questão do meio ambiente.

Depois do envolvimento dos estudantes na atividade do quebra-cabeça, foi

apresentada a atividade da confecção de um portfólio, servindo como “arquivo-

relatório” das atividades desenvolvidas durante o processo de ensino e

aprendizagem de cada um.

Feito isso, foi apresentada uma sequência de imagens em PowerPoint com

música de fundo (Do The Evolution - Pearl Jam). Vários questionamentos sobre as

imagens foram lançados, a saber:

O sentido das imagens. Qual?

As cores. Significam algo?

O que sabíamos do Planeta antes?

Os seres vivos. Sempre existiram?

O homem conhece a Terra?

Alterações no Planeta. Têm pontos positivos? E negativos?

A Terra demonstra alguma coisa para nós?

Outros questionamentos. Quer acrescentar?

Faltou alguma imagem na sequência?

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O propósito era o de uma análise dentro da semiótica de Peirce, descrita em

três categorias em que o pensamento se apresenta à consciência. A primeira

consiste na exposição de suas qualidades, como texturas, linhas, tamanho, ou seja,

é uma leitura emocional. A segunda é a fase do significado, influenciado pelo

conhecimento prévio do aluno sobre a imagem, é a contextualização e a terceira é a

interpretação, em que o aluno faz as devidas relações com o que aprendeu nas

outras fases e os conteúdos dela explorados. Alguns alunos ficaram surpresos e ao

mesmo tempo reconheceram a evolução do Planeta. Os questionamentos

mostraram que os alunos têm noção da evolução, das mudanças e das

interferências no Planeta. Relacionaram as cores amarelo, vermelho, laranja com o

calor e preto, azul cinza com o frio. Verificaram que os continentes se separaram

com o tempo. Que no início não existiam seres vivos. Pontos positivos das

interferências: conforto, por exemplo. Pontos negativos: poluição atmosférica, lixo,

doenças, aquecimento global, efeito estufa. Entenderam que os avanços

tecnológicos trouxeram muitos prejuízos para o planeta (exploração dos recursos

naturais sem controle), mas que tem sido um mal necessário. Eles não se imaginam

vivendo sem energia elétrica, água encanada, esgoto, televisão, telefone,

computador, meios de transporte, outros.

O resultado da análise vem da descrição feita por Santaella (2012) do método

de leitura de Charles Sanders Peirce, em três categorias:

Primeiridade: “Trata-se, pois, de uma consciência imediata, tal qual é.

Nenhuma outra coisa senão a de ser e de sentir. A qualidade da consciência

imediata é uma impressão (sentimento) in totum, indivisível, não analisável, inocente

e frágil.” (op. cit., p. 66).

Secundidade: "qualquer sensação já é secundidade: ação de um sentimento

sobre nós e nossa reação específica, comoção do eu para com o estímulo.” (op. cit,

p. 73).

Terceiridade: “aproxima um primeiro de um segundo numa síntese

intelectual, corresponde à camada de inteligibilidade, ou o pensamento em signos,

por meio da qual representamos e interpretamos o mundo.” (op. cit, p. 78).

Foi possível constatar, na análise de signos (imagens), o entendimento e a

percepção por parte dos estudantes sobre as transformações que aconteceram na

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Terra, que as cores do planeta se alteram entre cores frias e quentes. Visualizaram

fenômenos naturais que o homem não controla. O conforto que temos hoje.

Algumas leituras imagéticas inesperadas, como por exemplo, a destruição

dos Dinossauros (Teoria do asteroide - não percebida); ou o que a imagem de uma

mãe beijando seu filho tinha a ver (amor, carinho); que faltavam imagens

representando a morte ou a violência. Cabe aqui dizer que, a realidade, a

maturidade e o processo cultural de cada um inferem na interpretação das imagens,

produzindo diversos significados.

Isto se explica, pois “o interpretante poderia ser identificado com qualquer

propriedade intencional de um conteúdo devidamente codificada, e, portanto com a

série inteira (ou sistema) das denotações e conotações de uma expressão.” (ECO,

2012, p. 59).

A secundidade demorou a ficar aparente quando do questionamento da

imagem da mãe e do filho. A reação ao estímulo “relação humana” não foi

considerada no desenvolvimento dos homens. Em relação a esta atividade, destaca-

se que, por se tratar de uma sequência de imagens, é uma produção sígnica,

“Dizemos, pois, que se emite uma imagem, um gesto, um objeto que, para além de

suas funções físicas, objetive comunicar alguma coisa”. (ECO, 2012, p. 131). Neste

caso, a mensagem a comunicar foi a formação do Planeta, o surgimento da vida e

as transformações ocorridas.

As atividades 3 e 4 se articularam, para entender a diversidade da vida, a

relação entre as pessoas (colaboração, convivências) a relação com o meio,

contribuição para esse meio. O questionamento era: Em que meio estamos afinal?

Partindo-se de um diálogo sobre a localização da escola e da casa de cada

um, questionando como é a região e “em que região a escola está? e a nossa

casa?; “como ela era em outros tempos?”; “a escola está no meio da mata?”.

Situados a escola, a casa, o município e o Paraná na Mata Atlântica, seguiu-

se para uma análise sobre dados da Mata em 1500 comparados com mapa

mostrando a distribuição da Mata Atlântica em todo País hoje. Feita a interpretação

dos dados, a anotação e a visualização da região no mapa, discutiu-se ainda sobre

o que ocasionou a diminuição desta mata. Considerou a ação do homem como um

impacto ambiental que diminuiu a mata e não um desastre natural. Próximo passo

foi mostrar o vídeo “SOS Mata Atlântica” aos estudantes. No vídeo, chamou a

atenção, o fato de que 80% da população brasileira vivem onde era a Mata. Outro

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ponto foi em relação ao pau-brasil, raro de ser visto nos dias atuais, e a questão dos

serviços ambientais, como a manutenção das águas feita pela floresta. Em

complemento ao vídeo, a leitura de um texto sobre a devastação da Mata Atlântica,

relembrando conceitos e palavras que apareceram no vídeo, como: colonização,

fragmentação, corredores ecológicos, cerrado, hotspots, espécies endêmicas. A

Mata Atlântica é região de espécies endêmicas e de Hotspots.

No seguinte encontro, finalizadas as tarefas, foi distribuída uma atividade de

interpretação da poesia “O Mártir da Floresta” de Reynaldo Steudel, que é

considerada um signo, fundamentada por Peirce e descrito por Santaella (2002):

“Quando pronunciamos uma frase, nossas palavras falam de alguma coisa, se

referem a algo, se aplicam a determinada situação ou estado de coisas. Elas têm um

contexto.” Contexto este, que era sobre o pinheiro-do-paraná (Araucaria

angustifolia). A interpretação deu a compreensão de que a árvore era uma

sobrevivente na mata e como tal tentava se preservar, mas não relacionaram esta

situação com a palavra “mártir”. É compreensível, pois este termo não está presente

nem de longe, na linguagem cotidiana dos estudantes. Vencida esta barreira, a

finalização da atividade foi a proposta de que cada um fizesse uma representação

imagética do contexto da poesia. Como era sobre uma árvore, cabe aqui frisar que a

maioria deles fez o desenho de uma árvore, não, necessariamente, de uma

araucária. Tal fato incita a reflexão no sentido de que, para os alunos participantes

do projeto, árvore é árvore e ponto. Mediante isso, foram reforçados alguns

comentários mais sobre a araucária em especial.

Como a linguagem visual está mais presente no dia a dia, foi observado que,

nesses desenhos, os estudantes colocaram vários elementos como o vento, o corte

de árvores, o plantio, uma polícia ambiental, a gralha azul, entre outros. Assim, foi

possível concluir que os estudantes fazem melhor as imagens do que a produção de

textos, até então. Por este motivo, é preciso dedicar maior atenção e dedicação para

o desenvolvimento do hábito de leituras para elevar o nível da estruturação dos

textos.

A confecção do portfólio exigiu mais tempo do que o esperado, como já

descrito por participantes docentes, nos fóruns de discussão. Quanto à página "wiki",

conforme planejado no projeto de intervenção, igualmente ao portfólio, demonstrou

necessitar de mais tempo para a sua construção e para o início das postagens.

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Na ação 4, a empolgação de sair da sala e fazer uma atividade como

“cupcake” foi bem aceita pelos alunos. No momento, em que se faz a analogia com

as maneiras de aprender há um entendimento, mas no decorrer do desenvolvimento

das atividades, alguns alunos sentem dificuldade de pôr em prática as ‘regrinhas’ de

como aprender melhor e, realmente, conseguir mudar um comportamento. Isso

demonstra a necessidade de tais regras ou acordos serem trabalhadas sempre pelo

professor para atingir um objetivo na escola ou fora dela. O registro em fotografia ou

filmagem também é um fator que estimula a participação.

Na ação 5, a comparação entre mapa atual e a tabela com os dados sobre a

Mata Atlântica em 1500 causou espanto de como o homem ocupou os diversos

territórios e também a maneira como isso aconteceu. Em especial no Paraná, onde

restam apenas 7% de Mata Atlântica, foi destacado que, da escola, ainda é possível

observar a mata nos arredores do município.

Estabelecer a relação dos conceitos relacionados ao meio ambiente foi outro

ponto de destaque. Entretanto, a mediação do professor foi necessária para

relembrá-los, isso levou um pouco de tempo. A pesquisa por espécies da Mata

Atlântica possibilitou aos alunos descobrirem a variedade de seres da mata, não

esquecendo o pinheiro Araucária. Para essa pesquisa, também precisou mais

tempo, pois nem todos os computadores da escola estavam em funcionamento e

alguns alunos não têm acesso à internet em casa.

Na continuidade à atividade 5, relacionada com a atividade 7, veio o momento

de propor que fotografassem a escola e o entorno dela e, como tarefa, o entorno de

onde moram. Fotografaram com celular e com máquina da escola, a fim de que

todos pudessem participar da atividade. Foi orientado que cada aluno observasse o

ambiente que estava fotografando, ficando livre para dar o foco pessoal. O objetivo

foi despertar o olhar para o local de convivência, de estudo e sobre a relação

estabelecida com ele.

Reconhecendo que cada participante do projeto mora junto à Mata Atlântica e

os importantes serviços que ela oferece, foi programada uma visita ao Centro de

Referência de Agroecologia do Paraná, em Pinhais, para todos participarem de uma

palestra sobre a importância das abelhas para a mata e a natureza, principalmente

as abelhas nativas. É satisfatório ligar as atividades com a prática ou então verificar

como é o ciclo de acontecimentos na natureza. As abelhas, em si, consideradas a

salvação da mata. O ciclo de reprodução das espécies vegetais. A importância da

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preservação de espécies nativas.

Foi muito proveitoso esse momento, no qual os participantes do projeto

puderam ver na prática como acontecem vários dos conceitos estudados por eles e

também terem a consciência de que cada um estava, literalmente, na Mata Atlântica.

Cada aluno teve a oportunidade de tocar em araucárias e ver as abelhas nativas

minúsculas que nela ficam, mostradas pelo palestrante, pois são muito pequenas.

Foi muito marcante a experiência dos alunos em observar colmeias de várias

espécies nativas, experimentar o mel colhido na hora e manter contato direto com as

abelhas. A visita consistiu um dos pontos do trabalho como forma satisfatória de

ligar as atividades com a prática e verificar como é o ciclo de acontecimentos na

natureza, tais como: as abelhas consideradas a salvação da mata, o ciclo de

reprodução das espécies vegetais e a importância da preservação de espécies

nativas.

Os estudantes apresentaram relatório sobre a palestra ministrada durante a

visita e fizeram considerações e levantamento de dúvidas restantes.

Atividade 6: Veneza, mediante a observação e análise da obra de Anita

Malfatti, de 1924, intitulada “Canaletto”, retratando o Canal de Veneza, obra do

acervo do Museu de Arte Brasileira (MAB) FAAP em São Paulo, acessada pelo site

do museu. Contemplada como uma obra de arte, as três categorias de como os

fenômenos aparecem à percepção e à mente foram seguidas para a emissão da

leitura imagética.

A impressão primeira que os alunos expressaram sobre a pintura incluiu o rio,

o barco e reflexo deste como o primeiro plano e o vermelho da ponte em contraste o

verde e o marrom. Outros alunos destacaram a moradora. Esta foi a primeiridade,

em que os estudantes leram a pintura, com sentimento, como um ambiente bonito,

tranquilo.

Dando ênfase à aparência da obra da artista plástica, suas características,

tons, cores, sombras, descrição e aspectos denotativos (signos icônicos), como

elementos aparecem nesta cena; as cores; o primeiro olhar foi em que parte da

obra? Existe um personagem principal?

Os signos indiciais, como o rio e as construções próximas ou acima dele, a

moradora constituem elementos da segunda fase de uma análise que são os índices

nela contidos. Que relação você estabelece da moradora com o rio? O que a

imagem mostra se o meio é preservado? Que consequências a moradora incide o

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rio sobre a moradora? O que leva as pessoas a poluírem rios, solos e devastar

florestas? Por que é difícil as pessoas seguirem regras para o bem comum de

todos?

A relação da moradora com o rio é de harmonia, pelo menos não há

conotação que diga o contrário dentro da obra. O mesmo acontece com da relação

do rio com a moradora, não aparenta uma “revolta” ao fato de ela estar ali, descritos

pelos estudantes. Mas numa realidade atual ocorre uma dependência implícita do rio

pelos cuidados da moradora, pois esta tem obrigações nessa relação. Aí mostra a

ação do homem, ou seja, a ação antrópica sobre o meio (o Planeta).

Finalmente, a terceira categoria, a da interpretação. Estabelecer as relações

entre a pintura e o que de fato ocasiona no cotidiano esse tipo de moradia, de

cidade. A preocupação de como se vive em um local rodeado por água, como é

descartado o lixo, o esgoto, como é o transporte, considerações dos estudantes.

Analogamente, como cada um vive no bairro? Como é descartado o lixo,

existe rede de esgoto, por exemplo.

Teoricamente o percurso analítico dos signos acontece em determinados

níveis (três categorias), descritos anteriormente. Mas “que, na percepção, todos

esses níveis sempre se misturam”. (SANTAELLA, 2002, p. 41). Na prática, cada fase

se interligam, se misturam. A primeiridade logo se encaminha para a secundidade, a

percepção é bem mais hábil nesse sentido.

Depois da análise da pintura, os estudantes foram convidados a fazer um

passeio por Veneza. Como? Através de um vídeo, intitulado “Veneza através do

Google Maps”, disponível em meio virtual. Nesse momento, a ligação da obra de

Anita Malfatti ficou evidente, houve uma satisfação dos estudantes ao verem

Veneza. Os alunos tiveram interesse em ver o vídeo mais de uma vez e gostaram

muito da música do vídeo. Observaram quantas ilhas, canais, pontes e indagaram:

Veneza é realmente é como foi mostrada no vídeo? Veneza enfrenta problemas?

Veneza está sujeita a enchentes, inundações, alagamentos? A poluição (lixo), as

enchentes, o assoreamento, a relação que cada um tem com o meio onde está

diretamente inserido, foram outros tópicos discutidos.

Por que Veneza?

Veneza, construída em cima de áreas alagadas, para aumentar a cidade no

século IX, quando ela tornou-se independente do Império Bizantino. Aqui mostra a

ação do homem, ou seja, um impacto ambiental. Além disso, é grande a influência

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...coisas mais.” (ECO, 2012, p. 59). Assim, como exemplo, o desenho de uma flor pode remeter à palavra “flor”, ao perfume e à

italiana no município de Colombo, cuja parte população é composta por

descendentes de italianos.

Nesta atividade, os alunos elaboraram uma concepção pessoal de impacto

ambiental, em seguida, a compararam com a definição de impacto ambiental do

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e escreveram sobre os impactos

que afetam a vida no planeta, destacando que toda e qualquer ação que o homem

faz na busca da melhoria do seu conforto impacta no ambiente.

Na atividade 7, articulada com a atividade com a 5foi feito um comparativo de

análise imagética com as fotos tiradas pelos alunos e a rua que aparece na obra de

Anita Malfatti. Certos questionamentos foram levantados a respeito da intenção da

artista, ao produzir a obra, bem como, o enquadramento das fotos tiradas pelos

alunos. A semiótica defende que, para se dar sentido ou se ter a percepção através

dos signos, é preciso um intérprete. É dele que depende a análise dos signos, que o

efeito interpretativo somente o é quando encontra um intérprete.

A foto que um aluno tirou revelou algo que ele próprio não teve intenção. E

assim, Anita pode não ter tido a intenção de mostrar através dos ícones e índices

pintados no quadro ”Canaletto”, o que poderia ter de dificuldades ou as

consequências para Veneza ali onde está. Um intérprete pode fazer a leitura e

enxergar tais problemas que a cidade pode enfrentar.

A partir da constatação destes elementos icônicos e indiciais presentes nas

imagens (pintura e fotografia), foram estudados enchentes, inundações, erosão,

soterramento e poluição, problemas estes mostrados com frequência na mídia e tão

próximos de cada um. Através de uma leitura texto retirado do livro didático sobre “a

destruição das florestas tropicais” discutiu-se cada um destes problemas ambientais.

Concretizando os conteúdos, uma apresentação em Power point pelos alunos das

fotos tiradas anteriormente.

A atividade 8, versando sobre o desmatamento, teve como mote a

interpretação do conto de José Saramago “A maior flor do mundo”. Dela resultaram

representações imagéticas criativas dos estudantes e até um teatro de sombras

baseado neste conto. As representações foram feitas, também, na forma de uma

história em quadrinhos, incluindo a cena que mais chamou atenção do aluno ou que,

na opinião discente, tivesse sido representativa.

Durante o debate da história de José Saramago, foram feitos

questionamentos como: Sobre o que era este conto? Tem um personagem

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principal? Que papel ele desempenhou nesta história? Quem se fez de menino na

história? O que quer dizer “foram rareando as árvores”? Como estava a flor

encontrada pelo menino? O que de muito importante nos ensinou este conto? Por

que a flor estava sozinha? O que teria acontecido?

Depois da leitura, do debate e explicação dos assuntos, cada aluno fez uma

representação visual, ou seja, uma ilustração deste conto. Em cada pergunta queria

relacionar para estudo: impacto ambiental, desmatamento, urbanização (cobertura

de concreto), atitudes (do menino), aspectos positivos e negativos dos impactos. O

que mais marcou, na análise do conto, foi que o menino adormeceu sob a flor e o

rarear das árvores (desmatamento).

As representações elaboradas pelos estudantes revelaram o entendimento do

conto (intenção) e dos conteúdos abordados, ao falar como desmatamento,

queimadas, poluição se interligam e desencadeiam outras transformações

impactantes no Planeta, como o aquecimento global, por exemplo.

Numa charge analisada, os estudantes puderam compreender mais

facilmente do que se trata o problema e também indagar o que está provocando o

aquecimento, seus fatores e formas de mudança ambiental.

Para aprofundar a capacidade crítica dos alunos foi apresentado o vídeo,

intitulado “A história das coisas”, de Annie Leonard, disponível em meio virtual, com

a orientação de cada aluno anotar o que era considerado neste vídeo. Após, foi

discutido sobre o “nó” que teria sido dado na cabeça dos estudantes. Segundo eles,

estes não faziam ideia de como as coisas estão ligadas a muitas outras. Em relação

ao poder público e privado, tiveram uma compreensão, sim, mesmo que ingênua. O

desmatamento ficou bem claro e a relação que tem com o desenvolvimento

(principalmente o não sustentável). Consideraram algumas coisas que não sabiam,

como o fato de a emissão de gases não se dá apenas com o gás carbônico, mas

outros gases, tão prejudiciais.

Avançando na abordagem em relação aos impactos ambientais, foi proposta

a atividade 9, para diferenciar impacto ambiental de desastre natural. Para esta

atividade, os alunos assistiram vídeos sobre vulcões e sobre enchentes,

comparando-os entre si e respondendo aos seguintes questionamentos: O que trata

o primeiro e o segundo vídeo? Por que acontecem as enchentes? E o vulcão, o que

causa ao homem? Tem alguém responsável pela ocorrência das enchentes? E pela

erupção de vulcões?

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As respostas foram bem objetivas e, ao final, os estudantes fizeram um

desenho de um desastre e outro de impacto ambiental. As produções foram além

dos objetivos planejados.

A atividade 10 foi iniciada com uma revisão do conto “a maior flor do mundo”,

mediante a indagação: qual foi o papel do menino no conto?

Em seguida, foi apresentada uma foto tirada em um estacionamento de

bicicletas e a atividade seguiu-se em três tempos, a saber: (1º) Os alunos

observando a imagem e, logo em seguida, verbalizando sobre o que mostrava a

fotografia. (2º) Análise do possível local onde a foto foi tirada. (3º) A manifestação do

gosto de andar de bicicleta e o ponto positivo para o meio ambiente, por não emitir

gases na atmosfera.

Considerações Finais

Quando da elaboração do projeto de implementação, a finalidade primária era

a sua aplicação no ensino e na aprendizagem. Daí veio: como? com que objetivo? A

leitura da imagem a partir do estudo da semiótica serviu de amparo teórica para que

os objetivos traçados para maior entendimento e compreensão de conceitos e

fenômenos de ciências pudessem ser alcançados. Além da leitura de imagens

(signos), outros recursos como textos, vídeos, poesia e contos foram utilizados, para

o desenvolvimento da produção didático pedagógica na escola.

A imaginação e a criatividade dos estudantes foram demonstradas na

elaboração das atividades propostas. Na produção de textos e nas representações

imagéticas, principalmente. Textos e imagens sobre a Mata Atlântica que é onde a

comunidade está e os problemas ambientais, causados pelo homem, chamados

impactos ambientais que são diferentes de um desastre natural. E também atitudes

para promover o aspecto positivo do impacto ambiental das ações humanas, tendo

estas atividades o foco da educação ambiental.

Os resultados obtidos superaram o previsto. Tal aspecto reforça a

necessidade da ampliação e multiplicação de projetos dessa natureza como

recursos educacionais que promovem o pensamento crítico e criativo e a construção

do conhecimento, mediada pelo professor.

Referências

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