os desafios da escola pÚblica paranaense na …€¦ · · 2016-06-10dentro das aulas de...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
REFLEXÕES SOBRE O USO DA PLATAFORMA
MOODLE PARA O ENSINO DE VARIEDADES LINGUÍSTICAS
DA LI MEDIADO POR TV SHOWS: UMA EXPERIÊNCIA NO
PDE
Stefânia Dalto Cirino de Andrade
Orientadora: Michele Salles El Kadri RESUMO: A proposta deste trabalho é apresentar os resultados obtidos durante a intervenção
pedagógica nas aulas de LI usando como recurso tecnológico a plataforma Moodle para estudar
variações linguísticas através do gênero Tv shows a fim de motivar o engajamento dos alunos
durante as aulas. O referencial teórico está fundamentado nos estudos de pesquisadores que
defendem a necessidade de inserção de tecnologia no ensino (Prensky, 2001; ARAÚJO, 2005;
PAIVA, 2001; 2004; 2009; 2013).
Palavras-chave: Língua inglesa; tecnologias; plataforma moodle; TV shows. Introdução
Este Artigo Final é parte integrante de uma pesquisa vinculada ao Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) que teve como objetivo investigar se a
intervenção realizada por meio de TV shows e a plataforma moodle impactou na
motivação dos alunos na aula de Língua Inglesa.
Este trabalho teve como problematização a minha própria experiência
enquanto professora. Observando o crescente desinteresse nas aulas de LI, percebi
a necessidade de buscar maneiras de tentar motivar os alunos a participarem mais
ativamente das aulas. Os mesmos alunos que não tem seus interesses satisfeitos
com o uso do livro, quadro e giz vivem num mundo tecnológico, de tablets, redes
sociais e celulares que fazem tudo e que podem potenciar o uso da língua inglesa.
Foi pensando nesses alunos que decidi refletir sobre a implementação tecnológica
no cotidiano da escola e como usá-la em favor do ensino de LI. Isso porque o
crescente uso das tecnologias na sociedade é uma realidade.
Vários estudos tem sido voltados para esse tema e sobre seu uso no contexto
escolar (PAIVA, 2001;PAIVA, 2009; PAIVA, 2012; XAVIER, 2004; ) e de fato, isso
não tem sido vivenciado na maioria das escolas brasileiras (TAGATA, 2012). Este
trabalho objetiva, portanto, relatar a experiência de intervenção do Programa PDE.
Minha intervenção se deu utilizando TV shows e a plataforma moodle como forma
de motivação para as aulas de LI. Tinha como objetivo especifico, (a) descobrir as
potencialidades do moodle, no ensino de Língua Inglesa; (b) utilizar a ferramenta
moodle, como instrumento de motivação para o aprendizado de Língua Inglesa; (c)
propor atividades em que a tecnologia fosse explorada em todas as suas
possibilidades; (d) trabalhar o inglês junto com as tecnologias de uma forma
significativa para os alunos a fim de promover o interesse e consequentemente a
aprendizagem; (e) propiciar aos alunos oportunidades para experienciar diferentes
variedades lingüísticas; (f) utilizar o gênero TV shows nas aulas de LI como forma
de motivação para o aprendizado de LI. Sendo assim, neste artigo procuro relatar
minha experiência e investigar o impacto do uso do moodle na motivação dos
alunos nas aulas de LI com o uso dessa tecnologia.
Assim, as justificativas para se propor essa intervenção foram, além da
questão pessoal já descrita, de ordem acadêmica, social e pedagógica. As questões
de ordem social estão baseadas no fato de que o computador, a internet, as redes
sociais e o volume incrível de informação que chega diariamente para as pessoas
transformou a sociedade e hoje já não conseguimos pensar o mundo sem tecnologia
(PRESNKY, 2001; PAIVA, 2012; XAVIER, 2004 ). Os avanços tecnológicos têm
modificado completamente a vida moderna trazendo consigo novas concepções,
novas ideias, novos estilos e pensamentos. É um mundo novo e globalizado.
(PRESNKY, 2001; PAIVA, 2012; XAVIER, 2004 )
Na educação, observa-se o mesmo fenômeno e pensando nisso, justifica-se a
importância de trazer toda esta tecnologia para dentro da sala de aula, com um fim
pedagógico., pois segundo Silva (2010) , é nesse processo de interação social
mediada pelas tecnologias que o ensino-aprendizagem se concretiza efetivamente.
Dentro das aulas de inglês, toda essa tecnologia também trouxe novas
perspectivas para tornar o ensino de LI mais interessante, dinâmico e
contextualizado (PAIVA, 2012). É possível usá-la para trabalhar de inúmeras formas:
com a leitura, usando textos autênticos como revistas, jornais, propagandas, trechos
de livros que foram originalmente escritas em inglês; praticar a escrita com um
falante nativo ou outros aprendizes da LI através de fóruns, e-mail, blog; ou ainda
praticar o speaking através de podcast, Vlog e o listenning através de exercícios
específicos que poderiam usar trechos de filmes, músicas, tutoriais. As
possibilidades de comunicação são imensas e podem fazer toda a diferença numa
aula de inglês (RAMOS;FURUTA, 2008; PAIVA, 2001;PAIVA, 2009; GALLI, 2004).
No entanto, apesar de toda essa gama de possibilidades, ainda faltam propostas
práticas para utilizar essas tecnologias em sala de aula.
Aliado a essa questão da tecnologia, o ensino de gêneros é uma forma
concreta de possibilitar a formação do cidadão no contexto escolar (ABREU-
TARDELLI, 2007) e essa tem sido a abordagem defendida pelos documentos oficiais
(BRASIL, 2006; PARANA, 2008). As séries de TV, aqui entendidas como um gênero
que faz parte do cotidiano dos meus alunos, podem auxiliar nesse período de
transição (falta de interesse dos alunos) que a escola esta vivendo pois além de ser
interessante e os alunos adorarem, tem muitos aspectos pedagógicos e culturais
que podem ser trabalhados dentro desse tema. Além disso, por serem originalmente
em língua inglesa, tem o potencial de demonstrar a importância da língua inglesa
(que é tão desvalorizada enquanto matéria escolar devido a uma série de fatores), e
é usada de maneira unânime na área tecnologia e consequentemente no mundo
todo.
Este artigo está organizado da seguinte maneira: primeiramente apresento o
referencial teórico que embasa a proposta; depois, a metodologia, a analise dos
dados e considerações finais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção abordo os principais referenciais teóricos que foram essenciais
para essa intervenção por meio dos subtemas: Tecnologia, escola e sociedade,
Tecnologia e Língua Inglesa, Tecnologias e gêneros digitais no ensino de LI e A
plataforma Moodle no ensino de LI.
Tecnologia, escola e sociedade
O mundo está totalmente ligado na tecnologia, não se concebe nada hoje que
não esteja vinculado a ela. Ela modifica meios sociais e estabelece novas relações
entre os sujeitos. Na comunicação, essa tecnologia para Xavier (2004, p. 170), trata-
se de um fato real e incontornável com o qual precisamos aprender a conviver.
Da mesma forma que nos elucida Paiva e Braga (2009)
Atualmente, a Internet diminuiu a distância entre os países e possibilitou uma mudança de escala em relação às experiências reais na aprendizagem de língua estrangeira. Mesmo assim, essa tecnologia ainda está em busca de um nicho nas escolas. Aqueles que aceitam o desafio de usar a tecnologia devem lidar com salas de aula com grande número de alunos, poucos computadores e conexão precária com a Internet. (PAIVA e BRAGA, 2009, p. 6)
E é nessa perspectiva que torna-se imperativo para a educação que encontre
o seu espaço nesse mundo e reflita sobre uso das novas tecnologias como suporte
de ensino, em especial no ensino de Língua Inglesa, que vem sofrendo, como já foi
apontado acima, nos últimos anos com uma série de problemas (como carga horária
semanal reduzida, salas de aula lotadas, material didático insatisfatório, privilegio
apenas da leitura e escrita, em detrimento das habilidades de speaking and
listenning, etc..). A contramão do que desejam os alunos e o que, de fato, ocorre nas
aulas, tem sido apontado como fatores que causam o insucesso das aulas e a falta
de motivação dos alunos (TAGATA, 2012).
Vários pesquisadores têm ressaltado a necessidade e a importância de se
enfatizar o uso de tecnologias no ensino ((PAIVA, 2001;PAIVA, 2009; PAIVA, 2012;
XAVIER, 2004; PRESNKY, 2001 ). Prensky (2001), por exemplo, faz referência aos
desafios educacionais vivenciados hoje. Segundo o autor, devido a rápida
disseminação da tecnologia digital nas últimas décadas, a maneira com que o aluno
aprende se modificou radicalmente: sua forma de interagir, de pensar e processar
as informações é totalmente diferente dos seus predecessores, o que se dá pelos
diferentes tipos de experiências que levam ao uso de diferentes estruturas cerebrais.
Assim, argumenta o autor, essas diferenças são profundas e são resultados da
maneira como eles cresceram, imersos na tecnologia digital.
Prensky (2001), também nos traz o conceito de nativos digitais e imigrantes digitais.
Chama-se nativos digitais, os alunos/pessoas que possuem uma incrível facilidade
de usar todo e qualquer tipo de aparelho eletrônico, que são acostumados a receber
informações de forma muito rápida, que preferem gráficos antes dos textos,
apreciam a gratificação instantânea e a recompensa freqüente, que realizam
várias atividades paralelamente (como assistir TV, fazer um download de música,
pesquisar no computador, receber e enviar mensagens ) e preferem “jogos” ao
trabalho sério. Do outro lado, estão os imigrantes digitais “os professores”, pessoas
que não nasceram inseridos no mundo digital, ficaram fascinados com esse mundo
e todas as suas possibilidades, mas ainda apresentam dificuldades em utilizar a
tecnologia (como por exemplo, o que Prensky (2001) chama de “sotaque”, um
exemplo desse “sotaque” é escrever todo o trabalho em um rascunho ( de papel )
para depois digitá-lo).
Segundo o autor, os imigrantes digitais bem como o sistema educacional não
conseguiram acompanhar tal mudança. Para o autor, esse sistema não foi pensado
para os nativos digitais por isso ficou obsoleto e é muito frequente que os nativos
digitais não consigam entender o que os imigrantes digitais estão dizendo. Para
Prensky (2001), diante dos fracassos que vem acontecendo nesse confronto
nativo/imigrante, é necessário repensar conteúdo e metodologia, aprender a se
comunicar usando a linguagem dos alunos, usar menos o passo a passo dos
conteúdos, deixá-los mais dinâmicos, usar toda essa gama de recurso tecnológicos
a favor da escola e não proibi-la, de forma a mediar de um forma que o aluno
consiga usá-la de forma consciente, responsável e aprender uma nova maneira de
fazer o velho.
Como já foi ressaltado, são muitas as possibilidades de uso da tecnologia na
educação e especialmente na língua inglesa. No entanto, pesquisadores orientam
certo cuidado, pois toda vez que levada para sala de aula, deve-se ter clareza da
intencionalidade pedagógica com que será aplicada para os alunos. Isso significa
que seu uso deve ser muito bem planejado, senão poderá não surtir o efeito
desejado e ser apenas mais uma ferramenta inútil, de exclusão ou apenas de
passatempo (NEGRI, 2008; TAGATA, 2012).
No entanto, professores tem tido dificuldades para trazer a tecnologia para as
salas de aula de língua inglesa. Isso é preocupante porque de acordo com Paiva
(2013 ), um professor não pode mais ficar alheio à era da informação, pois o uso do
computador é hoje uma questão de cidadania, em um patamar idêntico ao da
alfabetização.
Pela mesma perspectiva, Braga (2004) salienta que o computador é pouco
usado como ferramenta de ensino e uma das razões para esse fato pode ser a falta
de preparo dos professores muitos dos quais são imigrantes digitais, e por não
dominarem, muitas vezes, nem o básico no que diz respeito as tecnologias, sentem
se amedrontados. Segundo o autor, a falta de habilidade na manipulação dos
equipamentos por parte dos professores leva a situações vexatórias com os alunos
e eles acabam, por esta razão, nem tentando usá-las, formando um ciclo vicioso “eu
não uso porque não sei e não consigo aprender se não usar...”. Desse modo,
continua o autor, os docentes, na sua maioria, devido à carga horária de trabalho,
estão desatualizados em relação aos alunos e não tem tempo e nem dispõe de
recursos financeiros para fazer cursos de aperfeiçoamento tecnológico, muito menos
de treinar o uso desta tecnologia, deixando de usar os recursos que a escola dispõe.
Além disso, para o autor, a escola também apresenta recursos limitados que
contribuem para essa defasagem: não tem um suporte pedagógico/tecnológico
adequado, há pouca qualidade das conexões e há falta de máquinas para todos os
alunos de uma sala de aula, desta forma, perdendo a oportunidade de tornas suas
aulas mais dinâmicas.
Tecnologia e Língua Inglesa
A questão do uso das tecnologias nas aulas de inglês se ampliou com a
globalização. Com a globalização, a internet se universalizou e o inglês foi eleito
língua comum no ambiente virtual, como já afirmado por Paiva (2011) ele se difundiu
e se fundiu com a linguagem utilizada na web, padronizando termos, adaptando
vocábulos ou usando a forma original da língua, produzindo, desta forma, uma
linguagem própria de alcance mundial. A este respeito, Galli (2004) ressalta que o
aparecimento de uma linguagem universal, no seu sentido amplo, é um dos
aspectos mais importantes da globalização. Assim, o inglês acabou fixando-se
nessa linguagem, envolvendo, também, a padronização das palavras e dos
conceitos sociais. E ainda afirma, citando Bagno, não há como impedir a
disseminação dos termos ingleses na área da informática. A consequência direta
disso esta no próprio ensino de LI nas escolas, pois traz uma nova perspectiva de
uso, a linguagem com uma função clara, bem definida.
No entanto, tem crescido as experiências que tem tentado utilizar tecnologia
nas aulas de língua inglesa. A questão do uso da tecnologia no ensino é reforçada
no ensino de inglês. (PAIVA 2001; PAIVA, 2011; SILVA 2010; GALLI, 2004;
TAGATA, 2012). Paiva é uma grande defensora dessa questão salientando que a
língua da Internet é o inglês (PAIVA, 2001), e que usar a internet no ensino de inglês
é o desafio que os professores devem enfrentar a partir desse momento. Pela
mesma perspectiva, Silva (2010) salienta que
Considerando o mundo como acessível a partir de qualquer computador conectado à internet, o ensino de LI, tendo como ferramentas os gêneros textuais digitais e as novas tecnologias, torna-se mais significativos, visto que o poder de interação social e o uso efetivo da língua se tornam mais concretos, pois com um único acesso pode-se contatar outra pessoa país diferente, em que os laços sociais vão se ampliando e o discente a partir deste fato, tem a oportunidade de se posicionar criticamente diante de sua cultura e de novas, além de desenvolver e adquirir novo repertório linguístico, mediado pelo computador. (SILVA, 2010,p. 8)
Ainda para Paiva (2001), uma das grandes reclamações dos professores de
língua estrangeira sempre foi a busca por material autêntico, contextualização do
conteúdo e sobretudo como trabalhar listenning numa sala superlotada e sem
recursos adequados de áudio e tudo isso é oferecido pela internet em qualquer
nível de aprendizagem e de uma maneira diversificada: seja usando livros didáticos
eletrônicos com tarefas interativas; som e vídeo; atividades de listenning, como por
exemplo, à interação entre os aprendizes de línguas estrangeiras com falantes
nativos; ou exercícios com feedback online, etc... em um ambiente multidimensional,
rico em subsídios. Esse tipo de atividade, segundo a autora, pode proporcionar aos
alunos não somente um melhor desenvolvimento do que os materiais tradicionais,
mas também mais autonomia.
Entendendo hipertexto como “o ser uma forma híbrida, dinâmica e flexível de
linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona e acondiciona à
sua superfície formas outras de textualidade”( XAVIER, 2004 p.171) , Xavier defende
seu uso para potencializar o ensino de inglês. Pela mesma perspectiva, para Tagata,
(2012), em relação ao uso de hipertexto,
(...) talvez fosse melhor elaborar atividades de compreensão oral mais adequadas ou próximas do universo das novas tecnologias digitais através da internet, por exemplo, atividades baseadas em vídeos disponibilizados em sites como o YouTube. Esse tipo de recurso representaria um diferencial em relação às atividades tradicionalmente executadas em ambientes presenciais de ensino de língua inglesa, justificando sua realização em um AVA.(TAGATA, 2012 p.96 )
Este autor continua salientando que é claro que tudo isso também pode ser
feito em um ambiente presencial, mas sofre perdas com os problemas apontados
acima (sala superlotada e sem recursos adequados de áudio ), especialmente no
trabalho utilizando o áudio, pois em ambos os casos a pratica oral se basea em
gravações de áudio com diferentes sotaques da língua inglesa. Contudo, a
possibilidade de trabalhá-lo em um ambiente virtual, além de mais instigante aos
alunos nesse momento, pode ser feito, além da sala de aula, em casa, fato que
proporciona um ambiente silencioso para que com maior privacidade o aluno pode
ao tomar notas sobre a atividade, responder as questões ou treinar o speaking sem
precisar ter envergonha se pronunciar alguma palavra errada. Assim, segundo o
autor, essas atividades são importantes para que os alunos tenham consciência da
heterogeneidade característica de línguas e culturas e dos usos sociais da
linguagem, mas acabam sendo deixadas de lado em uma sala presencial devido a
dificuldade em colocá-las em pratica ( TAGATA, 2012 ).
A partir de constatado esse fato, o professor consegue ter mais subsídios
para se embasar teoricamente, para trabalhar, por exemplo, com o preconceito que
ainda existe em relação a disciplina, uma vez que grande maioria dos alunos não
veem a importância em se estudar o inglês, e pensam, por exemplo, que não
precisarão estudar inglês pois nunca irão aos Estados Unidos, agora com essa nova
perspectiva de função da língua isso tende a mudar. Nas palavras de Galli (2004),
Este fato pode ser comprovado [...] visto que a maioria dos sites da Web, embora apresente palavras e expressões inglesas, consegue proporcionar aos seus usuários a compreensão das mensagens veiculadas. Assim é possível que tal linguagem seja considerada normalizada, no sentido de ser veiculada universalmente da mesma forma [...] em qualquer lugar do mundo. (GALLI, 2004, p. 130)
Desse modo, ao utilizar a tecnologia, o professor tem a chance de mostrar
que não existe um único jeito em se falar inglês, entendido até agora como sendo o
jeito americano ou o britânico. Pode enfatizar que a LI é falada em vários outros
países ao redor do mundo, com modos diferentes de falar, porém todos corretos. E
sobre essa questão, encontra-se nas tecnologias a possibilidade de trazer tanto o
falante nativo quanto falantes não nativos competentes na língua, de determinada
região ou pais, para dentro da sala de aula e se utilizar dele para observar as
semelhanças e diferenças linguísticas e fonéticas, servindo como referencia para o
listenning e o speaking dos alunos. Fazer a relação entre esses “vários ingleses”
que existem no mundo, com o próprio inglês dos alunos e com o inglês,
padronizado, que se encontra na web, de uma certa forma, o deixará mais próximo
do aluno e dando sentido a aprendizagem. Para Tagata (2012),
essa exposição possibilitaria a constatação, por parte dos alunos, do hibridismo constitutivo de culturas e linguagens, notadamente através da percepção dos múltiplos sotaques característicos de falantes de língua inglesa em diferentes localidades (TAGATA, 2012, p.90 e 91).
Tecnologias e gêneros digitais no ensino de Li
Um dos referenciais teóricos utilizados para basear o uso das tecnologias no
ensino de língua inglesa tem sido o de gêneros textuais (MARCUSCHI, 2004;
XAVIER, 2004; PAIVA, 2004 ; SILVA, 2010 ). Gêneros textuais são as formas
escritas, organizadas através de textos, de enunciados orais nas suas mais variadas
formas de uso, são esses enunciados que permitem a comunicação e a ação na
sociedade. Gêneros variam e se modificam conforme a sociedade se transforma e
necessita de novas formas de comunicação. Portanto, entende-se a importância em
utilizar os gêneros textuais diversos como embasamento para as atividades
desenvolvidas em sala de aula, ou seja, maneiras de contextualizar as aulas usando
a linguagem com seu verdadeiro propósito, de interação social, incluindo os
veiculados pela internet. (SILVA, 2010)
Os gêneros virtuais são gêneros que surgiram oriundos do contexto digital e
na sua maioria possuem semelhança com gêneros que já existem em outros
ambientes não digitais (MARCUSCHI, 2004). Contudo, eles possuem um aspecto
sócio-comunicativo, tem como característica a alta interatividade, e possibilitam
novas relações entre o gênero existente no seu contexto de uso. Concordo com
Paiva (2004, P.76) quando defende que existe um gênero específico associado a um
novo artefato.
Várias propostas com o uso de tecnologia na educação e nas aulas de inglês
têm sido efetivadas, e autores realizaram muitos estudos sobre isto e explicam os
pontos positivos e negativos em usá-las com fins educativos. ( SILVA, 2010;
PAIVA e BRAGA, 2009; MARCUSCHI, 2004; PAIVA, 2004; SILVA, 2005; SILVA e
FERRARI, 2009). E depois de analisar algumas dessas propostas que já foram
realizadas nas aulas de Língua Inglesa, a escolha para a implementação do trabalho
foi a plataforma moodle, que pode ser entendido como um suporte que engloba
diferentes gêneros emergentes.
A plataforma Moodle no ensino de LI
Segundo FRANCO (2010) e DOUGIAMAS (2009), a plataforma MOODLE é
um ambiente colaborativo que possui uma interface livre e amigável, possui um
modelo social de aprendizagem centrada no aluno e permite a ele interagir através
de uma rede de comunicação. Essa interação pode ocorrer de diversas maneiras,
dentro das possibilidades da plataforma, utilizando os recursos e ferramentas
disponíveis como os fóruns, diários, chats, bibliotecas (virtuais), indicação de links,
disponibilização de materiais, questionários de avaliação, exercícios e outras mais.
Por se tratar de um sistema aberto, ele pode ser adaptado de acordo com as
necessidades da instituição ou do curso, o que é um grande diferencial, pois pode
agilizar as modificações necessárias sem o dispêndio de grandes recursos
financeiros. Dentre as variáveis existentes, podemos destacar os seguintes como
pontos fortes, quando aplicados no desenvolvimento de atividades de ensino: maior
facilidade de distribuição de conteúdos, partilha de conteúdos entre instituições,
realização de atividades, pesquisa na web, controle de acesso, planilhas de notas e
etc. Esse ambiente agrega vários os outros, já citados, e disponibiliza tudo dentro de
um só ambiente, que pode ser usado na escola e em casa, basta ter um computador
e acesso a internet. (FRANCO 2010, DOUGIAMAS 2009,). Dessa forma, segundo
esses autores, a plataforma juntamente com os demais recursos virtuais
disponibilizados, seja on-line ou off-line, cumpre a sua função de permitir uma real
interação entre os sujeitos presentes no ambiente de aprendizado e possibilita a
construção do conhecimento do aluno, mediada por professores e ou tutores.
Alguns pontos negativos, contudo, também podem ser observados, uma vez
que o uso principal da plataforma é online é necessário que o aluno tenha
organização para saber administrar a liberdade que o moodle oferece, senão corre-
se o risco que perder prazos de atividades. Também deve-se tomar cuidado,
segundo os autores, na elaboração da proposta que será disponibilizada, para que
esta não se torne extensa e cansativa. O professor também tem um papel bem
especial quando se trata dessa plataforma, conforme indicam Valente, Moreira e
Dias (2009), pois ele deve potenciar os processos de construção de significados em
detrimento dos processos de transmissão de conteúdos, assumindo um papel de
moderador e promovendo a criação de conhecimento por todos os elementos do
grupo(VALENTE, L. MOREIRA, P. DIAS, 2009).
Na próxima seção, apresento a metodologia utilizada.
METODOLOGIA
Este trabalho de pesquisa ação foi desenvolvido no Colégio Estadual Olavo
Bilac – Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional, que localiza-se na área
central do Município de Cambé – Paraná. É um Colégio de porte nove, funciona em
três turnos e atende aproximadamente 1336 alunos, distribuídos em 53 turmas,
numa faixa etária que varia entre 11 a 50 anos. No IDEB do ano de 2011os nonos
anos alcançaram a nota 4,7.
A importância histórica da instituição, no contexto social da cidade de
Cambé, configura-se por ter sido o primeiro grupo escolar público da cidade, por
estar presente na educação desta comunidade há 74 anos, sempre tendo como
filosofia: “A integração de todos os segmentos da comunidade procurando obter sua
efetiva participação, através de organização e disciplina, visando à consecução de
seu objetivo essencial: a formação de indivíduos crítico-transformadores”.
Os participantes dessa intervenção foram alunos do 31 ano do Ensino Médio e
4 do Formação de Docentes do período matutino. Inicialmente este projeto seria
aplicado com os alunos dos 1º anos do ensino médio, mas como não foi possível
pegar essas turmas no momento de distribuição de aulas, tive que aplicá-lo para os
alunos dos 3º anos do Ensino Médio e ao 4º ano do Formação de Docentes,
distribuídos da seguinte forma duas (02) aulas semanais em três salas (3º anos )
com 34, 32 e 29 alunos, respectivamente, e uma sala (4º ano ) com 21 alunos, que
variam entre as idades de dezessete a dezenove anos de idades e pertencem a
classes culturais e sociais bem heterogêneas, com famílias muito pobres até famílias
de classe média. A intenção em aplicar a implementação em um grande número de
alunos foi justamente para observar se realmente atingiria meu objetivo principal,
que é investigar se essa metodologia impactou na motivação dos alunos na aula de
língua inglesa.
Os dados foram coletados por meio de diversos instrumentos. No material da
implementação foram usado variados recursos do moodle como questionário inicial,
diário, fórum, tarefas (pesquisas, caça-palavras, multipla escolha, relacione),
questionário final.
Desse modo, para investigar a motivação dos alunos, a analise foi feita com
base nos resultadados do uso desses recursos, ou seja, os alunos responderam o
questionário inicial, realizaram foruns e diários durante todo o período em que o
curso esteve ativo, realizaram todas as atividades que as tarefas proporam, tais
como pesquisa sobre o contexto de produção das séries, os elementos e a
sequência narrativa , exercícios de relacione, multipla escolha, caça-palavras
usando o que foi pesquisado, e atividades de listening usando as variações
lingusticas em seu contexto real, pois a plataforma moodle mostra o acesso diário
dos usuários, o desempenho dos usuários nas atividades, e também mostra o
acesso em forma de gráfico, que pode ser diário, semanal, mensal, individual ou de
1 Há uma grande mobilidade dos alunos do Ensino Médio entre os períodos matutino e noturno, fato que se da todas as vezes em que eles arrumam emprego ou quando acham o matutino muito difícil ou vice-versa, isso aconteceu também no período em que o projeto estava ativo. Os alunos que chegavam do noturno foram se adaptando e conseguiram finalizar as atividades, contudo houve alunos que deixaram de frequentar o matutino bem no final do projeto, deixando de fazer apenas a parte final que se refere ao último fórum, o questionário final e a auto avaliação. Estes alunos correspondem a 3,4% do total dos alunos inscritos.
todos os participantes, em uma atividade específica ou em todas as atividades da
plataforma.
Além da perspectiva dos alunos, também foi utilizado diário do professor
como forma de coleta de dados. O quadro abaixo demonstra os objetivos e a fonte
de dados utilizada para que fosse possível responder cada objetivo.
Objetivos Fonte de dados a) descobrir as potencialidades e limitações do moodle no ensino de Língua Inglesa;
- Relato da professora -Respostas dos alunos a questão 6 – (Escreva um parágrafo sobre essa experiência apontando as vantagens, desvantagens, contribuições, desafios e dificuldades).
b) utilizar a ferramenta moodle, como instrumento de motivação para o aprendizado de LI;
- Analise do gráfico de participação - - Relato da professora
c) propor atividades em que a tecnológia fosse explorada em todas as suas possibilidades; d) trabalhar o inglês junto com as tecnologias de uma forma significativa para os alunos a fim de promover o interesse e consequentemente a aprendizagem;
- Curso moodle – própria intervenção - Respostas dos alunos a questão 03 ( E o conteúdo escolhido “Tv shows”, o que vocês acharam da combinação feita?)
e) propiciar aos alunos oportunidades para experienciar diferentes variedades linguísticas; f) utilizar o gênero TV shows nas aulas de LI como forma de motivação para o aprendizado de LI.
- Curso moodle – própria intervenção - Respostas dos alunos a questão 3 - E o conteúdo escolhido “Tv shows”, o que vocês acharam da combinação feita?
Quadro 1: objetivos e dados
A proposta didática utiizando a plataforma moodle foi elaborada em duas
partes: a primeira parte serviu para explicar o que é e como utilizar a plataforma
moodle e a segunda parte consistiu em utilizar a plataforma moodle para estudar
variações linguísticas através do gênero Tv shows.
Análise dos dados
Nesta seção, apresento (a) meu relato em relação as dificuldades com a
implementação e (b) uma análise do desempenho dos alunos.
Para verificar se o objetivo A (descobrir as potencialidades e limitações do
moodle, no ensino de Língua Inglesa) foi atingido, olho para duas fontes de dados:
o meu relato e a pergunta 6 do questionário aplicado aos alunos ( Escreva um
parágrafo sobre essa experiência apontando as vantagens, desvantagens,
comtribuições, desafios e dificuldades).
Em relação ao meu relato, apresento primeiramente, as dificuldades e em
seguida, as potencialidades percebidas. . O excerto abaixo permite demonstrar que
as maiores dificuldades foram relacionadas as questões tecnicas de falta de
estrutura: equipamentos antigos, com falta de recursos (não ha entrada para fones),
computadores travando, etc....). O trecho abaixo comprova essa dificuldade.
A maior dificuldade foi sem dúvida o equipamento do laboratório de informática, que é antigo, e no decorrer do curso, começou a dar problemas, muitos computadores não ligavam e mesmo os que ligavam, travavam muito, dificultando o uso, especialmente em relação ao vídeos, pois cada quatro computadores são ligados em apena s uma máquina, bem como seu sistema de som e não há entrada para fone , tornando impossível o seu uso para assistir vídeos. Esse fato, essa dificuldade, de acordo com minhas observações, causou um pouco de desmotivação nos alunos, seus comentários eram “... eu tinha quase terminado e travou... ” ou “...terminei, mas não consigo enviar porque travou...”, ou se precisassem assistir novamente no momento em que estavam fazendo a atividades sobre o vídeo, não conseguiam, mas apesar disso, consegui observar também que houve um grande acesso dos alunos em horários diferentes dos das nossas aulas. E com um pouco de persistência e paciência ( que prolonguei o período do projeto ) todos conseguiram terminar suas atividades, inclusive os que não tinham computadores em casa. A escola também foi pronta em ajudar, os alunos podiam ir em outros horários para usar o laboratório, a laboratorista os atendia. Por causa desses problemas com os computadores, os vídeos estudados na primeira parte foram assistidos nas salas de aula, os alunos faziam anotações e depois na próxima aula íamos ao laboratório para eles realizarem as atividades... é claro que eles puderam assistir em casa quantas vezes fosse necessária, mas esse não era bem o meu objetivo, eu gostaria que tudo fosse feito no laboratório, mas deu certo dessa forma, os alunos conseguiam realizar as outras atividades, apesar das dificuldades até chegar na terceira parte. Esses problemas se agravaram na terceira parte do projeto, pois tínhamos várias atividades de listening e devido a essas dificuldades acabamos realizando -as em sala, fato que fugiu do que eu queria, mas também deu um resultado interessante. Os alunos adoraram as atividades, e como praticamente em todas as atividades tinham uma parte de listening e outra de pesquisa, ainda conseguimos voltar para finalizá-las no laboratório.
Já em relação as potencialidades, meu diário demonstram que a plataforma
parece ter o potencial de motivar os alunos.
A impressão que tive foi que os alunos gostavam de ir até lá e gostavam das ativ idades propostas, fato que pode-se observar pela frequência com que acessavam a plataforma e todas as atividades realizadas com sucesso . (...) Apesar dessas dificuldades com os computadores descritas, eu acho que eu consegui alcançar meu objetivo, eu acho que a maioria dos alunos gostaram tanto da proposta, quanto da metodologia e do tema escolhido, como podemos observar não apenas nas respostas que deram para o questionário final, mas principalmente nos dados da plataforma, no gráfico de participação e na realiza ção das atividades, a maioria fez todas as atividades, inclusive aqueles considerados “ alunos problemas ”, que não fazem nada em outras disciplinas, e aqueles que al egaram que não gostavam da Língua Inglesa.
Em relação a pergunta 06 (Escreva um parágrafo sobre essa experiência
apontando as vantagens, desvantagens, contribuições, desafios e dificuldades), que
objetiva verificar se o objetivo de como uso do moodle pode auxiliar no ensino-
aprendizagem da língua inglesa na sala de aula, podemos salientar que os alunos
perceberam a experiência de forma positiva. Os motivos apontados por eles foram
atividades realizadas fora da sala de aula tornando as aulas diferentes (aluno 02), a
tecnologia permite maior aproximação com as aulas de LI e interesse dos alunos
(aluno 06), atividades divertidas (aluno 57), maior motivação e interesse pela LI
(aluno 19), maior aprendizado da LI e interesse em assitir filmes e ouvir músicas em
inglês (aluno 85). As falas dos alunos representada abaixo exemplificam esses
posicionamentos.
Aluno 02: A experiência vivida trouxe várias contribuições, nos levou para fora da sala de aula (saímos um pouco do padrão) , tivemos a oportunidade de participar de um projeto, e tudo me levou a crer que é possível criar novas metodologias numa escola pública. Aluno 06: “Eu gostei muito da experiência de utilizar a tecnologia para aprender, a vantagem de utilizar a tecnologia é maior aproximamento das aulas e maior interesse dos alunos. A maior dificuoldade eram os computadores que não funcionarem direito”. Aluno 19: “Aprender inglês usando os recursos da internet é bem mais fácil, existe vários desafios como as coisas novas que você se depara. Contribuiu muito para me motivar a fazer um curso assim e me interessar mais pelo ingl ês”. Aluno 57: “Minha experiência neste curso, foi muito vantajoso, pois essa maneira de aprender é muito mais divertida e interessante do que, a que agente estava acostumado, algumas desvantagens e dificuldades foram que os computadores da nossa escola estão ultrapassados e muito lentos... mas acho que deve repetir mais vezes está maneira de estudar.... Todo vão gostar.” Aluno 85: “Ao longo do período que estou estudando inglês pelo Moodle eu aprendi mais, e fiquei mais interessada em ver filmes, músi cas em inglês. Isso contribui para o aprendizado.”
Para verificar se houve a motivação dos alunos nas aulas de LI com o uso
da tecnologia, analiso, também, duas fontes de dados: o gráfico de interação da
plataforma moodle e a pergunta 4 do questionário aplicado aos alunos ( Você sente
que ficou mais próximo da Língua Inglesa usando essa metodologia? Você se sentiu
motivado a aprender ou foi indiferente ?)
O gráfico abaixo demonstra a participação dos alunos no período em que o
curso ficou ativo. Esse dado (gráfico) é um dos recursos que a plataforma moodle
oferece e percebe-se através dele a grande participação dos alunos.
GRÁFICO 01: INTERAÇÃO NA PLATAFORMA MOODLE
Como podemos notar, O gráfico 01 é formatado através de logs, ou seja, a
quantidade de acessos que o curso obteve em determinada data. Podemos
perceber que houve participação e interação em todo momento em que o curso ficou
ativo, contudo, o pico de acesso aconteceu na segunda unidade do curso que
abordava o gênero TV Show. Nesta seção, foi trabalhado com a sequência didática
– desenvolvimento da capacidade de ação, desenvolvimento da capacidade
discursiva e da capacidade linguística discursiva - onde era necessário a interação
dos alunos através de exercícios, como: caça palavras, quiz, relacione, pesquisa,
perguntas e respostas, diários e fóruns, e por não ter videos. Nessa primeira e
segunda parte da unidade, podemos observar a grande participação dos alunos
diretamente na plataforma.
De acordo com as respostas deles ao questionário, também ficou claro que foi
a parte que a maioria gostou mais. A partir da terceira parte, em que havia muitos
vídeos, houve mais oscilação nos logs, ( e na participação diretamente na
plataforma) pois os todos os vídeos foram assistidos em sala de aula, devido aos
problemas com os computadores, e as idas ao laboratório ficaram menos
frequentes. Contudo tais atividades também foram realizadas com sucesso por
todos os alunos. Isso aponta que houve interesse dos alunos e que eles gostaram
tanto do tema escolhido para estudar “Tv shows”, quanto da forma escolhida
“plataforma moodle”.
Outra analise pertinente, é que os alunos entravam na plataforma a todo
momento sem necessariamente haver uma atividade de avaliação, eles deixavam
recadinhos, entravam para ver se alguma nova atividade havia sido aberta ou ver os
feedbacks feitos nas atividades em andamento, além de verem a pontuação. Essa
questão pode ser principalmente salientada mesmo nos períodos de 22 à 30 de Abril
em que houve a paralisação dos profissionais da Educação e 01 à 15 de Julho
referente ao recesso escolar, o gráfico mostra que houve o acesso à plataforma, ou
seja, houve estudantes que entraram nas atividades, realizaram e interagiram de
alguma forma. Isso pode demonstrar que o uso dos computadores aliado a
ferramenta moodle, motivou os alunos a estudar, participar das atividades que foram
propostas e consequentemente estudar inglês.
Essas são atitudes que não obseva-se durante aulas tradicionais (sem o uso
de computador), os alunos, por exemplo, nunca fazem tarefa, e também não trazem
mateiral usado para as aulas, , nem o livro diático e ás vezes até nem o caderno..
Outro dado que corrobora esse fato ( os alunos se sentiram motivados)
foram as respostas dos alunos ao questionário final, com o foco na questão (04)
quatro (- Você sente que ficou mais próximo da Língua Inglesa usando essa
metodologia? Você se sentiu motivado a aprender ou foi indiferente?) que
perguntava se eles se sentiram motivados a aprender a LI. O gráfico abaixo
apresenta a tabulação das respostas dadas pelos alunos.
GRÁFICO 02: AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS
MOTIVADOS
MAIS OU MENOS
INDIFERENTE
NAO RESPONDEU
Como podemos verificar no gráfico 02 acima, 74,2% dos alunos, gostaram da
metodologia utilizada e se sentiram motivados a aprender o inglês, este fato pode
ser comprovado por alugns excertos das respostas dos alunos a essa pergunta.
Alguns excertos das respostas dos alunos para essa pergunta demonstram
que apesar do inglês não ser uma disciplina tida como favorita, estes afirmam que a
ferramenta auxiliou neste processo (alunos 46, 78), que a percepção da importância
da LI e como as mídias podem ajudar no processo de aprendizagem ( alunos 61,
83), que o uso de uma metodologia diferenciada e a combinação com séries de Tv,
tornou o estudo do inglês mais prazeroso e as aulas menos monótonas (alunos 08,
71). As falas abaixo exemplificam estes posicionamentos.
Aluno 78: “Sim, pois a metodologia usada foi voltada exclusivamente ao conhecimento da Língua inglesa, tivemos o auxílio de um tradutor, porém, através do mesmo consegui aprender novos vocabulários, flexões da língua, variedades e palavras onde pude me sentir mais próxima desse universo de diversidades e observar que quando usado corretamente, obtemos muitas metodologias e novas idéias. Inicialmente fui indiferente ao tema e ao decorrer do curso e das aulas a motivação foi se to rnando maior e o envolvimento em relação ao tema proposto também .” Aluno 83: “Motivada, pois o curso demonstra a importância que a Língua Inglesa tem atualmente, e que o uso de mídias pode ajudar no aprendizado , e isso de certa forma motiva a buscar tal aprendizado.” Aluno 61: “Sim pois hoje em dia é no computador que se encontra o inglês. E pra mim foi legal e bem proveitoso.” Aluno 46: “Inglês não uma das minhas materias preferidas mas gostei e me senti motivada a aprender .” Aluno 71: “A língua inglesa está presente em lugares que nem esperamos encontrá-la, e com essa combinação de inglês com temas como TV shows a caba te motivando sem perceber, por exemplo eu mesma, sempre gostei de assistir filmes, séries, animes etc e ao decorrer dos anos diminui este costume, mas este ano as séries estão mais presentes no meu dia a dia por causa das aulas e da motivação que elas deram.
Aluno 08:” Sim, essa metodologia foi ótima pra mim, aprendi de uma forma diferente e legal , diferenciada e gostosa. Fui motivada por ser diferente e não uma coisa chata e monotona como nos anos anteriores”.
Ainda de acordo com o gráfico 2 representando acima12,9% se sentiu pouco
motivado pela metodologia usada. Contudo quando confrontamos as respostas para
esta pergunta especifica com as demais, nota-se algumas divergências, como por
exemplo, há alunos que afirmaram terem se sentido mais ou menos motivados, mas
também afirmaram que o curso foi proveitoso (como é o caso, por exemplo, dos
alunos 91,97,86 ), que as atividades foram interessantes, criativas, adoraram a
combinação feita entre moodle e tv shows ( alunos 92,93,91, 94 ):
Aluno 86 “Eu fiquei um pouco mais próxima, mas nem tanto, ainda tenho dificuldades. Mas diferente de antes, hoje já assisto séries com legenda com mais facilidade, acho que acabei me acostumando e vejo como algo positivo, que vai me ajudar mais com a língua.” Aluno 91 " Mais ou menos no meu caso preciso me interessar mais fui bastante motivado." Aluno 92 " Não, mais me senti motivada sim, despertou mais interesse." Aluno 89 “Eu fiquei mais próximo, eu sinceramente me senti um poukinho motivado mas não foi muito”.
Outro fator que fez alguns alunos responderem que se sentiram mais ou
menos motivados, apesar de terem gostado das atividades e da forma como elas
foram propostas, foi o fato de não gostarem da Língua Inglesa (alunos 93, 94,53,
98), conforme podemos notar nos excertos abaixo :
Aluno 93 " Bom não gosto muito de inglês mas me aproximei um pouco e comecei a gostar." Aluno 53" Como eu não gosto muito de inglês, entao não si dizer se eu senti algo." Aluno 98 " Eu gostei, mais não me senti motivada a aprender mais, não gosto muito do idioma." Aluno 94 “Sim. Eu senti motivado porém muito dificil entender a língua Inglesa. Agora indiferente só mesmo na dificuldade em termos da língua Inglesa.”
Também (gráfico 02) houve alunos, cuja a resposta a pergunta em questão,
foi que se sentiram indiferentes. Esses correspondem a 9,5% do total de alunos
inscritos no curso.
Contudo, embora eles tenham respondidos que se sentiram indiferentes,
suas respostas para as outras perguntas demonstram que gostaram, que as aulas
se tornaram interessantes (alunos 103, 104, 106, 69), desafiadoras, "menos
enjoativas", legais, divertidas (aluno 73,101, 105).
Aluno 73 " Foi indiferente, sempre estou motivado a aprender coisas novas." Aluno 101" Na minha opinião a internet deixa você mais próximo de tudo, foi indiferente." Aluno106 " Não me senti muito próximo não, mas acredito que valeu a pena." Aluno 69" Foi indiferente, pois desde antes eu já usava a tecnologia p\ aprender mais o inglês." Aluno 103 " Não, foi indiferente pois não aprendi quase nada." Aluno 105: “Não, pois tenho uma certa dificuldade com o inglês.”
De todos os alunos que responderam indiferente, houve apenas dois que
realmente foram coerentes em todas as questões do questionário, deixando claro
que realmente não se sentiram motivados para aprender inglês. No primeiro caso, o
aluno 108, além de não gostar de LI também não gostava de mexer no computador,
ele achou tudo difícil, chato, trabalhoso. O único momento que afirma ter gostado foi
as folhas com os exercícios de listening, em que o trecho do tv show foi passado na
tv: “ Foi indiferente porque não gosto de inglês."
E, no segundo caso, o aluno 100 deixou claro nas suas respostas que
prefere aulas de gramática em sala de aula.
Resposta a questão (04) quatro: " Para mim, não fez diferença" Resposta a questão (06) seis: "Escreva um parágrafo sobre sua experiência?" " Foi legal, teve muitas dificuldades, mas também me distrai muito com conversas, muitas vezes estava comprometida a fazer as tarefas e os meninos desligavam o computador, sem contar que os computadores não ajudaram muito, mas consegui realizar a maioria das atividades."
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo investigar se a intervenção realizada por
meio de TV shows e a plataforma moodle impactou na motivação dos alunos na aula
de Língua Inglesa. A analise permite afirmar que os alunos se sentiram motivados
em aprender a Língua Inglesa usando tecnologia e que a plataforma moodle auxiliou
nessa aprendizagem. Podemos perceber que a grande maioria dos alunos se
sentiram confortáveis com a metodologia aplicada e motivados em aprender o inglês
de uma forma mais dinâmica e, principalmente, com a utilização dos recursos que a
informática e a internet oferece, recursos que proporcionaram maior interação com o
conteúdo, tornando as atividades prazerosas (aluno 16, 38, 47, 61, 107),
despertaram a curiosidade dos alunos e transformaram o ambiente, tornando-o
mais propício para a aprendizagem, uma vez que os alunos fogem da rotina do dia a
dia, ou seja, da maneira tradicional, com as informação transmitidas através quadro
negro e somente a utilização do livro didático. Fato este que se observa não apenas
pelas respostas dadas pelos alunos ao questionário, mas também pela analise dos
dados fornecidos pela própria plataforma, que mostraram um alto índice de
participação dos alunos nas atividades propostas e a qualidade dessas
participações.
A tabela abaixo retoma os objetivos, a fonte de dados e os resultados obtidos
com essa implementação.
Objetivos Fonte de dados Resultados a) descobrir as potencialidades e limitações do moodle no ensino de Língua Inglesa;
Relato da professora Respostas a questão 6
- O uso dos recursos tecnológicos no ensino-aprendizagem da LI. - O uso dos Tv shows no ensino-aprendizagem da LI.
b) utilizar a ferramenta moodle, como instrumento de motivação para o aprendizado de LI;
Analise do grafico de participação Relato da professora
- Elevado índice de acessos. - Atividades realizadas com sucesso.
c) propor atividades em que a tecnológia fosse explorada em todas as suas possibilidades; d) trabalhar o inglês junto com as tecnologias de uma forma significativa para os alunos a fim de promover o interesse e consequentemente a aprendizagem;
Curso moodle – própria intervenção Respostas a questão 3
- Frequência nas postagens. - Atividades realizadas com sucesso.
e) propiciar aos alunos oportunidades para experienciar diferentes variedades lingüísticas; f) utilizar o gênero TV shows nas aulas de LI como forma de motivação para o aprendizado de LI.
Curso moodle – própria intervenção Respostas a questão 3
- Frequência nas postagens. - Atividades realizadas com sucesso.
O trabalho de sala de aula aliado ao uso das tecnologias surtem efeitos
positivos na motivação dos alunos, mesmo aqueles alunos que não gostam de
inglês conseguiram aprender algo com a metodologia usada e os que já gostavam
aproveitaram muito mais, se divertindo no processo.
Referências ABREU-TARDELLI, L. S. Elaboração de sequências didáticas: ensino e aprendizagem de gêneros em Língua Inglesa. In: DAMIANOVIC, M. C. (Org.). Material didático : elaboração e avaliação. Taubaté: Cabral, 2007.
BRAGA, D. B. B. A comunicação interativa em ambiente hipermídia: as vantagens da hipermodalidade para o aprendizado no meio digital. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais : novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p 144 – 162.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio : Língua Portuguesa: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, 2006.
DOUGIAMAS, C.; TAYLOR, P. C. Comunidades de aprendizes para criar um sistema de fonte aberta de gerenciamento de curso. In: ALVES, L.; BARROS, D.; OKADA, A. (Org.). Moodle: estratégias pedagógicas e estudos de caso. Salvador: EDUNEB, 2009. p. 15 – 34.
FRANCO, C. P. Parâmetros para a criação de um curso semipresencial de leitura em inglês. Linguagens e Diálogos , Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 94 - 103, 2010.
GALLI, F. C. S. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A.C. (org.). Hipertexto e gêneros digitais : novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro. Lucerna, 2004. p 120 – 134.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais : novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p 13 – 67.
NEGRI, P. S. Comunicação didática : a intencionalidade pedagógica como estratégia de ensino. Londrina: Labted, 2008. (Apostila, Módulo I). Disponível em: <www.uel.br/labted/apostila.pdf>. Acesso em: 10 maio 2013.
PAIVA, V. L. M. O. A formação do professor para uso da tecnologia. In: SILVA, K. A. et al. (Org.) A formação de professores de línguas : novos olhares. Campinas: Pontes, 2013a. v. 2, p. 209 - 230.
PAIVA, V. L. M. O. A www e o ensino de Inglês. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, 2001. p. 93 – 116.
PAIVA, V. L. M. O. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais novas formas de const rução de sentido . Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p 120 – 134.
PAIVA, V. L. M. O. O uso da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras : breve retrospectiva histórica. Disponível em: <http://www.slideshare.net/blogger.com/o-uso-da-tecnologia-no-ensino-de-línguas-estrangeiras-breve-retrospectiva.>. Acesso em: 13 abr. 2013b.
PAIVA, V. L. M. O.; BRAGA, J. C. F. Turmas grandes e limitações tecnológicas: buscando soluções. Letras & Letras , Uberlândia, v. 25, n. 2, p. 273 - 288, jul./dez., 2009. Disponível em: <http://www.veramenezes.com/narmulti.htm>. Acesso em: 10 maio 2013.
PAIVA, V. L. M. O.; BOHN, V. C. R. Uso de tecnologias em aulas de Le1. Disponível em: <www.veramenezes.com/paivabohn>. 2008. Acesso em: 30 maio 2013.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação: Diretrizes curriculares da educação básica : língua portuguesa. Curitiba, 2008.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. On the Horizon , Bradford, v. 9, n. 5, p. 1 - 6, 2001. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1108/10748120110424816>. Acesso em: 30 maio 2013.
RAMOS, S. G. M.; FURUTA, S. M. Z. C. Novas tecnologias nas aulas de língua inglesa: aprimorando o processo de ensino/ aprendizagem. Acta Scientiarum. Language and Culture , Maringá, v. 30, n. 2, p. 197 - 203, 2008.
SILVA, A. M. O uso do blog no ensino de Língua Inglesa: uma proposta sociointeracionista. Caminhos em Linguística Aplicada , Taubaté, v. 2, n. 1, 2010. p. 36 - 52. Disponível em: <www.unitau.br/caminhosla>. Acesso em: 30 maio 2013.
SILVA, F. Q.; FERRARI, H. O. A webquest como atividade didática potencilizadora da educação . RENOTE - Revista Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 7, n. 1, 2009.
SILVA, M. Internet na escola e inclusão. In: ALMEIDA, M. E. B.; MORAN, J. M. (Org.). Integração das tecnologias na educação . Brasília: SEED, 2005. p 62-69.
TAGATA, W. M. O potencial do moodle para o aprendizado colaborativo de Inglês. Revista L@el em (Dis-)curso , São Paulo, v. 5, n. 2, 2012. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/revlael>. Acesso em: 10 maio 2012.
VALENTE, L.; MOREIRA, P. DIAS, P. Moodle: moda, mania ou inovação na formação? In: ALVES, L.; BARROS, D.; OKADA, A. (Org.). Moodle : estratégias pedagógicas e estudos de caso. Salvador: EDUNEB, 2009. p. 35 – 53.
XAVIER, A. C. Leitura, texto e hipertexto. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais : novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro. Lucerna, 2004. p 170 – 180.