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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO GILCIMAR BERMOND RUEZZENE OS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA: UM PANORAMA HISTÓRICO CUIABÁ-MT 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

GILCIMAR BERMOND RUEZZENE

OS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA: UM PANORAMA HISTÓRICO

CUIABÁ-MT

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

GILCIMAR BERMOND RUEZZENE

OS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA: UM PANORAMA HISTÓRICO

CUIABÁ-MT

2012

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GILCIMAR BERMOND RUEZZENE

OS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA: UM PANORAMA HISTÓRICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Educação, Linha de Pesquisa Educação em Ciências e Matemática.

Orientadora: Profa. Dra. Andréia Dalcin

Cuiabá-MT 2012

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa Esperança – CEP: 78060900 Tel: 3615-8431/36158429 – Email: [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO: “OS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO

DE RONDÔNIA: UM PANORAMA HISTÓRICO”

AUTOR: Mestrando Gilcimar Bermond Ruezzene

Dissertação defendida e aprovada em 26/03/2012.

Composição da Banca Examinadora:

Presidente da Banca: Doutora Andréia Dalcin

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinadora Interna: Doutora Marta Maria Pontin Darsie

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinadora Externa: Doutora Maria Angela Miorim

Instituição: UNICAMP

CUIABÁ, 26/03/2012.

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DEDICATÓRIA

À minha orientadora Drª Andréia Dalcin,

Pela compreensão, encorajamento e disponibilidade irrestrita, simplesmente

um presente que Deus me deu.

Aos meus pais, Adeir Bermond Ruezzene e José Aparecido Ruezzene,

Pelo carinho, incentivo, compreensão e amor incondicional.

À minha querida irmã, Camila Bermond Ruezzene,

Pelo carinho, atenção e incentivo de todas as horas.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.

Aos meus pais, Adeir Bermond Ruezzene e José Aparecido Ruezzene, por

serem meus primeiros educadores, que me estimularam a continuar os estudos

e chegar ao mestrado.

À minha irmã, Camila Bermond Ruezzene, pelo carinho e atenção em ao longo

de nossas conversas.

À minha orientadora, Drª Andréia Dalcin, por me mostrar as inúmeras

possibilidades de caminhos a percorrer.

Às professoras, Maria Ângela Miorim, Marta Maria Pontin Darsie e Rute Cunha

pelas contribuições que ofereceram a este trabalho por ocasião do exame de

qualificação.

A todos os meus familiares, pelo incentivo e apoio constante.

À minha tia Rosane Bermond do Carmo dos Anjos e meu primo Pedro

Henrique dos Anjos, pelo apoio e carinho em vários momentos.

À minha prima Laodicéa Ruzene da Silva Evangelista e família, pelo carinho da

acolhida.

À minha querida amiga, Suelen dos Santos Alves, pela compreensão, carinho,

e atenção incondicional, dedicada ao longo deste trabalho.

A todos os professores que já tive, por serem exemplos na minha vida.

Aos meus amigos (as) do distrito de Nova Londrina (Rondônia), por sempre

torcerem por minhas conquistas.

Ao meu amigo, José Valdomiro Henriques da Silva e família, pelo carinho e

incentivo ao longo das inúmeras e ricas conversas.

À minha amiga, Jaqueline Pereira do Amaral, pela amizade e carinho irrestrito.

À minha amiga, Michele Cristine Pinto, pelo apoio de todas as horas.

À minha amiga Doraliza Braga de Matos e família, pelo incentivo e carinho de

sempre.

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Às amigas Edilamar Brandini, Liliane Jocon, Eliza Alves e Heuriele Campos

Sampaio, pelo carinho e colaboração nos vários momentos desta pesquisa.

Ao Vinícius Pereira Machado dos Santos, pelas inúmeras discussões que tanto

contribuíram com este trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação da UFMT, pelos

ensinamentos oferecidos.

A minha amiga Eliete de Souza, por sua gentileza e colaboração ao longo da

reta final deste trabalho.

Aos amigos do Programa de Pós-Graduação da UFMT, pelo incentivo irrestrito

de todas as horas.

Aos funcionários da secretaria do Programa de Pós-Graduação da UFMT, pela

colaboração constante.

À CAPES, pela ajuda financeira.

Aos entrevistados, pela atenção e colaboração, sem suas vozes muito daquilo

que escrevi não seria descortinado.

À coordenação dos cursos de Licenciatura em Matemática da, UNIR/Porto

Velho e Ji-Paraná, FIAR e FACIMED, pela atenção e colaboração.

Enfim, a todos você meus sinceros agradecimentos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Síntese do campo de investigação da pesquisa........................... 25

Figura 2 Arquivo da UNIR/Ji-Paraná........................................................... 29

Figura 3 Ocupação do prédio administrativo da UNIR/Porto Velho............ 33

Figura 4 Evolução das unidades político administrativas............................ 39

Figura 5 Mapa de Rondônia e mapa do Brasil............................................ 39

Figura 6 Localização dos Rios Mamoré, Guaporé e Madeira..................... 41

Figura 7 Alegoria Cósmico-Ferroviária no Thesouro da Juventude............ 45

Figura 8 Instituto Maria Auxiliadora - Porto Velho....................................... 51

Figura 9 Cerimônia de inauguração da BR-364.......................................... 54

Figura 10 Distribuição dos Campi Avançados............................................... 59

Figura 11 Histórico escolar de Neuza Trevizane Dellarmelina...................... 77

Figura 12 Abaixo assinado............................................................................ 89

Figura 13 Evolução da taxa de função docente com formação superior...... 95

Figura 14 Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED........ 106

Figura 15 Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR............................... 110

Figura 16 Prédio administrativo da UNIR/Porto Velho.................................. 116

Figura 17 Prédio desativado do Campus da UNIR/Ji-Paraná....................... 119

Figura 18 Diploma de Conclusão de Curso................................................... 123

Figura19 Histórico Escolar............................................................................ 124

Figura 20 Formandos da primeira turma de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná........................................................................ 125

Figura 21 Colação de grau da primeira turma de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná..................................................... 126

Figura 22 Portão de entrada da UNIR - Campus de Porto Velho.................. 132

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Textualizações.................................................................................. 26

Tabela 2 Relação de pesquisas referente à criação de Cursos de Licenciatura em Matemática............................................................. 30

Tabela 3 Relação de pesquisas referente à Educação em Rondônia............ 31

Tabela 4 Situação escolar em Rondônia: 1950-1970..................................... 56

Tabela 5 Matrículas na educação básica de Rondônia: 1979-1981............... 63

Tabela 6 Cursos oferecidos pela UFPA em Rondônia: habilitação para o ensino de Matemática...................................................................... 76

Tabela 7 Etapas do curso de Ciências Naturais oferecido pela UFPA em Rondônia.......................................................................................... 77

Tabela 8 Disciplinas oferecidas no Curso de Ciências Naturais..................... 78

Tabela 9 Distribuição dos formandos no Curso de Ciências - Habilitação em Matemática/Porto Velho............................................................. 82

Tabela 10 Distribuição dos formandos do Curso de Ciências da UNIR/Vilhena.................................................................................... 84

Tabela 11 Informações dos primeiros professores o Curso de Ciências em Ji-Paraná.......................................................................................... 85

Tabela 12 Distribuição de formandos no Curso de Ciências de Ji-Paraná....... 88

Tabela 13 Disciplinas do Curso de Complementação em Matemática............ 91

Tabela 14 Distribuição das matrículas de acordo com os pólos do Curso de Licenciatura em Matemática do PROHACAP do ano de 2003........ 99

Tabela 15 Quantidade de formandos do Curso de Licenciatura em Matemática – FACIMED................................................................... 108

Tabela 16 Quantidade de formandos do Curso de Licenciatura em Matemática – FIAR........................................................................... 114

Tabela 17 Quantidade de formandos do Curso de Licenciatura em Matemática UNIR/Ji-Paraná de acordo com o ano de colação de grau................................................................................................... 130

Tabela 18 Quantidade de Formandos do Curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Porto Velho.................................................... 135

Tabela 19 Síntese quantitativa dos formandos em Licenciatura em Matemática a partir de 1992, no estado de Rondônia...................... 138

Tabela 20 Síntese do perfil dos egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática (UNIR, FIAR, FACIMED)................................ 139

Tabela 21 Percentual de disciplinas pedagógicas e cultural-cognitiva..... 152

Tabela 22 Menção da dimensão cultural nos projetos pedagógicos dos cursos investigados.................................................................

161

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LISTA DE SIGLAS

ADUNIR - Associação dos Docentes da UNIR

ASSUNIR - Associação dos Servidores da UNIR

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEPLAC - Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira

CERON – Centrais Elétricas de Rondônia

CIMI - Comissão Indigenista Missionário

CNE – Conselho Nacional de Educação

CONSEA - Conselho Superior Acadêmico

CONSEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

CRUTAC - Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária

DIRCA – Direção de Registros e Controle acadêmico

EJA - Educação de Jovens e Adultos

EMAR - Encontro de Matemática de Rondônia

ENEM - Exame Nacional de Ensino Médio

FACIMED - Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal

FIAR - Faculdades Integradas de Ariquemes

FUFAC - Fundação Universidade Federal do Acre

Fundação RIOMAR – Fundação Rio Madeira

FUNDACENTRO - Fundação Centro de Ensino Superior de Rondônia

GRUEPEM - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LABMAT – Laboratório de Matemática

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LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério de Educação e Cultura

MEC-USAID - Ministério da Educação e Cultura/ United States Agency International for

Devolopment

PIQUE - Projeto Integrado de Qualidade Educacional

PREMEN - Programa de Expansão e Melhoramento do Ensino Médio

PROHACAP - Programa de Habilitação e Capacitação de Professores Leigos

REAMEC - Rede Amazônia de Educação em Ciências

REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais

SEDUC – Secretaria de Estado de Educação

SIASI - Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena

SOREC - Sociedade Regional de Educação e Cultura Ltda

SUCAN - Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

UEAM - Universidade Estadual da Amazônia

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

UFPA - Universidade Federal do Pará

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UNIR – Universidade Federal de Rondônia

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RESUMO

Descrever e analisar os processos de criação, expansão e consolidação dos

cursos de Licenciatura em Matemática no Estado de Rondônia é o objetivo

central desta pesquisa. Nessa perspectiva nos propomos a apresentar de

forma sintética os Cursos extintos que habilitaram professores para o ensino de

Matemática em Rondônia; fazer um mapeamento dos Cursos de Licenciatura

em Matemática existentes no Estado de Rondônia; descrever e analisar os

processos que permitiram a criação de cada um dos Cursos de Licenciatura em

Matemática em funcionamento, bem como caracterizar algumas mudanças e

permanência nos seus Projetos Pedagógicos. Essa investigação se situa no

campo de investigação da História da Educação Matemática no Brasil. Para o

desenvolvimento da pesquisa analisamos fontes históricas escritas,

iconográficas e orais, localizadas nos arquivos de instituições de ensino

superior em Rondônia, arquivos pessoais e por meio de entrevistas. Na

interação dessas fontes, buscou-se construir uma história tendo os

pressupostos teóricos de Peter Burke e Jacques Le Goff, dentre outros autores

como norteadores. Foi o constante exercício de busca e interpretação de

fontes, que permitiu (re) construir elementos da trajetória dos Cursos de

Licenciatura em Matemática em Rondônia. Observou-se que a trajetória dos

cursos investigados se caracteriza por intencionalidades políticas, nem sempre

claras, dificuldades de ordem física, estrutural, valorização social e recursos

humanos, as quais evidenciam uma região em desenvolvimento com

necessidades específicas. As mudanças nas matrizes curriculares dos cursos,

quase na sua totalidade, buscaram apenas atender a uma legislação de

formação de professores ampla e geral. Registra-se, assim, uma história

dinâmica que se articula com a história do Estado de Rondônia e das

instituições em que os cursos são criados, os quais recebem e exerce

influências internas e externas de outras instituições e contextos políticos e

econômicos.

Palavras-chave: História da Educação Matemática no Brasil; Licenciatura em

Matemática; Universidade Federal de Rondônia; Formação de Professores.

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ABSTRACT

Describe and analyze the creation, expansion and consolidation processes of

graduation courses in Mathematics in the Rondônia State is the central

objective of this research. From this perspective, we propose to present in

summary form the extinct courses that enabled teachers to teach mathematics

in Rondonia; to map the Mathematics courses in the State of Rondônia; to

describe and analyze the processes that led to the creation of Mathematics

courses in operation, as well as to characterize some changes and permanence

in their Pedagogical Projects. This research is based in the investigation about

the History of Mathematics Education in Brazil. To develop this research we

analyzed write, iconographic and oral historical sources, found in archives of

institutions of higher education in Rondônia, personal files and by interviews. In

the interaction of these sources, we sought to build a history with the theoretical

assumptions of Peter Burke and Jacques Le Goff, among other authors as a

guide. It was the constant exercise of search and interpretation in these sources

that permit (re) construct elements of the trajectory in the Bachelor Degree in

Mathematics in Rondônia. It was observed that the trajectory of the investigated

courses is characterized by political intentions, not always clear, difficulties in

physical, structural, social value and human resources, which show a

developing region with specific needs Changes in curricular courses, almost

entirely, only sought to attend a teacher training law in ample and general

way. It’s recorded, thus, a dynamic history that articulates with the Rondônia

State history and with the institutions where these courses are created, which

receives and exerts internal and external influences from others institutions and

political and economic contexts.

Keywords: History of Mathematics Education in Brazil, Graduation in

Mathematics, Federal University of Rondônia; Teacher Training.

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABLELAS

LISTA DE SIGLAS

INTRODUÇÃO...................................................................................................... 17

CAPÍTULO I A “INVENÇÃO” DO ESTADO DE RONDÔNIA............................. 37

1.1 A EXPANSÃO POPULACIONAL NO ESTADO DE RONDÔNIA........... 38

CAPÍTULO II ALGUMAS EXPERIÊNCIAS COM A INTENÇÃO DE

HABILITAR PROFESSORES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA EM

RONDÔNIA: CURSOS EXTINTOS.................................................................... 70

2.1 HABILITAÇÃO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA

PERSPECTIVA HISTÓRICA...................................................................... 70

2.1.1 Habilitação para o ensino de Matemática no estado de

Rondônia: as experiências dos convênios.................................... 73

2.1.2 Habilitação para o ensino de Matemática no estado de Rondônia: as experiências da UNIR............................................... 79

2.2 COMPLEMENTAÇÕES EM MATEMÁTICA........................................ 91

2.3 EXAMES DE SUFICIÊNCIA.................................................................. 92

2.4 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: CURSO PARCELADO............. 93

2.5 PROGRAMA DE HABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE

PROFESSORES LEIGOS – PROHACAP................................................... 94

2.5.1 O Curso de Licenciatura em Matemática: PROHACAP................. 98

2.6 TECENDO ALGUMAS INTERPRETAÇÕES......................................... 100

CAPÍTULO III UM MAPEAMENTO DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

NO ESTADO DE RONDÔNIA: CURSOS EM FUNCIONAMENTO..................... 105

3.1 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: FACULDADE DE CIÊNCIAS

BIOMÉDICAS DE CACOAL – FACIMED.................................................... 106

3.2 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: FACULDADES INTEGRADAS

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DE ARIQUEMES – FIAR............................................................................. 110

3.3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR........................... 116

3.3.1 Licenciatura em Matemática: Campus de Ji-Paraná..................... 117

3.3.2 Licenciatura em Matemática - Campus de Porto Velho................ 132

3.4 ALGUMAS PERSPECTIVAS A RESPEITO DOS CURSOS DE

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA........... 138

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 155

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 164

6. REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS.................................................................... 168

7. REFERÊNCIAS DE ENTREVISTAS................................................................ 171

8 REFERÊNCIA DE SITES.................................................................................. 173

9. ANEXOS........................................................................................................... 174

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17

INTRODUÇÃO

Ao respondermos um problema de pesquisa, numa perspectiva histórica,

Marc Bloc (2001), um dos fundadores da revista Annales (1929), nos alerta

para a importância de entendermos o momento histórico que estamos

estudando. Nesse sentido, nossa investigação tem como pano de fundo, o

Estado de Rondônia, que é relativamente novo, com uma identidade social e

cultural ainda em formação.

O processo de ocupação em Rondônia, muitas vezes desarticulado de

um planejamento político governamental explícito, implicou em inúmeros

problemas sociais para a população. De forma específica, lembramos a área

da educação, que, nas décadas de 1970 e 1980, sofreu com a falta de

professores habilitados para atuarem nas escolas que estavam em

funcionamento. Com a criação da Universidade Federal de Rondônia – UNIR

(1982), minimizou-se o problema da falta de professores em Rondônia, visto

que a Universidade criou cursos de Licenciatura por várias cidades do Estado.

Tomando o Estado de Rondônia como pano de fundo, propomo-nos,

nesta investigação, a responder ao seguinte questionamento: como ocorreram

os processos de criação, consolidação e expansão dos cursos de Licenciatura

em Matemática no Estado de Rondônia?

Ao construirmos uma história que contemple as memórias dos cursos de

Licenciatura em Matemática no Estado de Rondônia, temos por objetivos:

1. Apresentar de forma sintética os Cursos extintos que habilitaram

professores para o ensino de Matemática em Rondônia;

2. Fazer um mapeamento dos Cursos de Licenciatura em Matemática

existentes no Estado de Rondônia;

3. Descrever e analisar os processos que permitiram a criação de cada

um dos Cursos de Licenciatura em Matemática em funcionamento,

bem como caracterizar algumas mudanças e permanência nos seus

Projetos Pedagógicos;

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18

Situamos nossa pesquisa na área de Educação Matemática, mais

exatamente no campo de investigação da História da Educação Matemática no

Brasil, compreendida como:

Todo estudo de natureza histórica que investiga, diacrônica ou sincronicamente, a atividade matemática na história, exclusivamente em suas manifestações em práticas pedagógicas de circulação, apropriação e re-significação do conhecimento matemático e em práticas sociais de investigação em educação matemática (MIGUEL e MIORIM, 2002 apud DALCIN e ALVES, 2008, p.40).

Entendemos que o campo de investigação da História de Educação

Matemática no Brasil é novo e que está em processo de constituição de

autonomia. Nesse sentido, localizamos a História da Educação Matemática no

Brasil inserido nos três indicadores, citados por Miguel e Miorim (2001). São

eles: surgimento dos primeiros textos acerca do novo campo; discussões e

difusão do novo campo considerado; aparecimento de grupos preocupados em

delimitar tal campo de conhecimento. Esses indicadores caracterizam a

autonomia de um campo de investigação.

Esta pesquisa se justifica por sua potencialidade na formação do

professor de matemática; formação de um professor/pesquisador; inexistência

de pesquisas referentes à Licenciatura em Matemática no Estado de Rondônia;

preservação da memória dos Cursos considerados.

As potencialidades na formação do professor de Matemática, que um

trabalho na perspectiva da História da Educação Matemática traz, são

ressaltadas por Valente (2010), que nos aponta:

Parte-se do princípio de que se o professor de matemática mantiver uma relação histórica com as práticas profissionais realizadas no passado, tenderá a desenvolver um trabalho de melhor qualidade no cotidiano de suas atividades didático-pedagógicas [...]. No entanto, a dimensão formativa da história da educação matemática [...] aponta para a formação profissional do professor, para a sua necessidade de compreender que heranças reelaboradas o seu ofício traz de outros tempos e que estão presentes na sua prática pedagógica cotidiana (VALENTE, 2010, p.125, 133).

Estamos diante de um duplo desafio: o da pesquisa propriamente dita e

o da reflexão sobre nossa própria condição de professor pesquisador. O

exercício do fazer, a busca e análise das fontes e documentos, o trabalho com

as memórias, que também são nossas, considerando que também fazemos

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19

parte dessa história como ex-aluno do Curso de Licenciatura em Matemática

da UNIR, contribuem não somente para a constituição de um pesquisador,

mas, também, para a constituição de nossa identidade profissional como

professor de Matemática.

Rondônia se localiza na região da Amazônia Legal, possuindo em sua

configuração características próprias. Partimos do princípio de que os Cursos

de Licenciatura em Matemática, dessa região, também possuem

especificidades que precisam ser evidenciadas por meio de pesquisas. No

entanto, temos poucas possibilidades de cursos stricto senso na região, o que

dificulta o desenvolvimento de pesquisas, bem como a sua divulgação.

Devido à carência de estudos sobre os Cursos de Licenciatura em

Matemática no Estado de Rondônia, como veremos adiante, emerge a

necessidade de nosso trabalho. Acreditamos que podemos contribuir para uma

valorização daqueles cursos tanto por parte da comunidade, como pelos

governantes, ao criarem políticas educacionais futuras para o ensino superior,

especialmente para o Curso de Licenciatura em Matemática, as quais levem

em consideração as experiências do passado e realidade local.

A preservação da memória dos Cursos de Licenciatura em Matemática,

no Estado de Rondônia, por meio da escrita, faz-se necessária para que não se

percam os processos, permanências, rupturas e tudo aquilo que contribuiu para

a criação, consolidação e expansão de tais cursos. Desse modo, Atlan apud Le

Goff (2003), salienta que:

[...] a utilização de uma linguagem falada, depois escrita, é de fato uma extensão fundamental das possibilidades de armazenamento da nossa memória que, graças a isso, pode sair dos limites físicos do nosso corpo para estar interposta quer-nos outros quer nas bibliotecas (ATLAN apud LE GOFF, 2003, p.421).

De forma sintética, descrevemos alguns cursos extintos que habilitaram

professores de Matemática em Rondônia: Ciências – Habilitação de 1º grau,

Complementação em Matemática, Exames de Suficiência, Curso Parcelado

(Licenciatura Plena em Matemática), Programa de Habilitação e Capacitação

de Professores Leigos – PROHACAP. Além disso, considerando ser esse o

nosso foco, descrevemos e analisamos os quatro Cursos de Licenciatura em

Matemática que estão atualmente em funcionamento no Estado de Rondônia

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20

(dois da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, um das Faculdades

Integradas de Ariquemes – FIAR e um da Faculdade de Ciências Biomédicas

de Cacoal – FACIMED).

Em um trabalho numa perspectiva histórica, acreditamos ser importante

conceituar o que entendemos por história. Entretanto, tal tarefa nos parece

complexa ao considerarmos a ambiguidade, citada por Le Goff (2003, p. 21),

que a palavra história traz.

Ao abordar o sentido da palavra história, buscamos os apontamentos de

Le Goff (2003). Para esse autor, a história não consente um discurso absoluto,

nem singular, pois ela é essencialmente equívoca e inexata. Embora tenha a

pretensão de ser objetiva, ou seja, apesar de almejar fazer reviver, deve se

contentar em apenas (re)construir.

Toda história é evidenciada ou organizada por alguém, chamado por

Carr (1982) de “selecionador”. Nenhuma fonte considerada, numa pesquisa

histórica, fala por si só, é preciso que o selecionador (historiador) a interrogue,

busque respostas. Nesse sentido, não concebemos um modelo de história

única nem verdadeira, mas, sim, uma das possibilidades de leitura dado certa

fonte, interrogado por determinado selecionador.

Levando em consideração que a história seria feita “segundo ritmos

diferentes” (LE GOFF, 2003, p.15), o ofício do historiador seria identificar,

descrever e analisar tais ritmos. Segundo um provérbio árabe, citado por Bloc

(2001), “os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais”.

Apropriar-se de tal provérbio significa se distanciar de uma historiografia

positivista, entendida como uma “ciência do passado”, aproximando-se então,

da chamada Nova História (1929), que, segundo Bloch (2001), tinha como

objetivo combater uma história narrativa (no sentido de ser apenas descritiva)

do acontecimento. Além disso, defende esse autor, que essa Nova História

objetivava aclamar uma história problematizada, com um olhar para todas as

atividades humanas, não apenas a dimensão política, e chamar a atenção para

a questão da interdisciplinaridade numa investigação histórica.

Entendemos como Barros (2010), o campo da história organizado em

três critérios distribuídos em: dimensões, abordagens e domínios.

Uma dimensão histórica (BARROS, 2010) implica num modo de ver, o

que determina algo que olharemos em primeiro plano: História das

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Mentalidades, História do Imaginário, História Antropológica, História Cultural,

História Política, História Econômica, História Demográfica, Geo-História,

História da Cultura Material, História Social.

Uma abordagem (BARROS, 2010) implica num modo de fazer uma

investigação histórica a partir de determinadas fontes e determinados métodos.

Em relação ao tipo ou tratamento de fontes a abordagem pode ser: História do

Discurso, História Oral, Arqueologia, História Serial, História Imediata, História

Quantitativa. Em relação ao campo de observação, a abordagem pode ser:

História Local, História Regional, Micro História, Biografia.

O domínio de uma pesquisa histórica, segundo Barros (2010), refere-se

a uma escolha mais específica referente a determinados sujeitos ou objetos.

Os domínios são de números ilimitados, uma vez que se referem aos agentes

históricos, aos ambientes sociais, e a outras inúmeras possibilidades.

Em nossa investigação, assumimos a dimensão da História Cultural, na

perspectiva de Burke (2005), na qual “o terreno comum dos historiadores

culturais pode ser descrito como a preocupação com o simbólico e suas

interpretações”. Vale ressaltar que o símbolo está presente em tudo e em todos

os lugares, tornando a história cultural com uma amplitude grande.

A História Cultural, em nossa investigação, constitui-se numa dimensão

(BARROS, 2010), cujo objetivo principal é “[...] identificar o modo como em

diferentes lugares e momentos, uma determinada realidade social é construída,

pensada, dada a ler” (LOMBARDI, CASIMIRO, MAGALHÃES, 2006, p.17).

Além disso, considerando o período temporal em estudo e o fato de que

atores envolvidos nessa história estão vivos, situamos nosso trabalho como

História do Tempo Presente. Segundo Muller (2007), na história do tempo

presente:

[...] o período estudado ainda não está encerrado, não existe aquela alteridade própria do estudo dos períodos mais remotos no tempo; as questões políticas, os paradigmas, a estrutura intelectual através da qual buscamos analisar o passado ainda são partes constitutivas do presente (MULLER, 2007 p.21).

Em função do pesquisador também ser um dos atores da história que foi

construída, foi aluno do curso de Licenciatura em Matemática da UNIR entre

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2003 e 2007, estamos trabalhando com elementos da abordagem da História

Imediata. Segundo Barros (2010), ocorre quando um historiador se propõe a

desenvolver um trabalho que, de alguma forma, ele mesmo se insere no

contexto estudado. Sendo assim, o pesquisador não estará apenas analisando

o discurso do outro, tornando-se um sujeito que analisa os atores do passado,

mas, nessa perspectiva, ele também se torna um deles.

A utilização de testemunhos diretos não é uma novidade para a

historiografia. Segundo Ferreira (2000), na Antiguidade Clássica, a história

recente era foco central dos historiadores que se utilizavam de testemunhos

diretos para expor os fatos a serem preservados.

A partir do século XIX, a história recente ou contemporânea tornou se

um objeto arriscado. Pois, a história deveria ter uma visão retrospectiva e

objetivava o foco no estudo do passado por meio de documentos (LE GOFF,

2003). Essa forma de enxergar a história está ligada ao fato de, no século XIX,

ocorrer a institucionalização da história como disciplina universitária,

promovendo a separação entre historiadores profissionais e amadores, fixando

um métier com regras e prática específicas para a história (FERREIRA, 2002).

Nesse sentido, a história deveria ser praticada apenas nas academias por

historiadores profissionais que dominassem o métier. É, nesse período, que o

estudo do contemporâneo deixa de ser valorizado, passando assim a ser

objeto apenas de historiadores amadores.

Algumas tentativas de retomar a história recente ou contemporânea

foram feitas, porém, apenas no século XX, especialmente na década de 1980,

que registramos transformações importantes no campo da história (FERREIRA,

2002): revalorização das análises qualitativas, retomadas do estudo das

experiências individuais, além de paralelamente ganhar novo impulso a História

Cultural. Essas mudanças contribuíram para se resgatar a história do

contemporâneo ou uma história recente.

Atualmente, fala-se numa pluralidade de fontes para a pesquisa

histórica, inclusive é, nesse contexto, que se insere a História do Tempo

Presente, pois, segundo Lagrou (2007, p.35), é “Impossível de extrair o

observador do observado; o observador não está apenas envolvido com

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sobreviventes, ele é um deles”. Seguindo esse raciocínio, destacamos a

pertinência de uma chamada História Imediata, narrada por um ator que faz

parte de tal história.

Quanto ao processo de constituição de uma produção histórica, Valente

(2007, p.32) sintetiza como sendo: “um interesse de pesquisa, a formulação de

questões históricas legítimas, um trabalho com os documentos e a construção

de um discurso que seja aceito pela comunidade”. Nesse sentido, realizamos

um exercício de compreensão do passado, não no sentido de deixar registros

por meio de uma simples narrativa baseada em certas fontes, mas, sim,

buscamos compreender os processos mais amplos, na relação entre o geral e

o particular, no que se refere ao nosso objeto, levando em consideração as

alterações e ou permanências, suas causas e consequências.

Ao construirmos uma narrativa, produto de nossa investigação,

tentaremos aproximá-la das duas características descritas por Levi (1992), as

quais podem facilitar a questão da comunicação com o leitor. A primeira se

refere a uma tentativa de mostrar o relacionamento entre o sistema normativo e

a liberdade oferecida ao sujeito por certos espaços que estão inseridos no

próprio sistema normativo. A segunda característica está relacionada com a

incorporação, junto à narrativa, dos procedimentos da investigação, as

restrições documentais, as técnicas de persuasão, além de uma construção

interpretativa. Ou seja, dessa forma, as regras do “jogo” ficam evidentes para o

leitor.

Ao estudarmos os cursos de Licenciatura em Matemática, no Estado de

Rondônia, também observamos a história das instituições em que tais cursos

estão inseridos. Entendemos que as peculiaridades da origem de tais

instituições nos trouxeram alguns esclarecimentos sobre o objeto de estudo.

O estudo das instituições escolares é algo que se observa de longa data,

porém, se intensificou a partir de 1990 (BUFA e NOSELLA, 2009),

caracterizado principalmente pela consolidação da pós-graduação no Brasil. De

acordo com as investigações de Nosella e Buffa (2009), no período entre 1971

a 2007, foram encontradas 306 pesquisas sobre instituições escolares, tendo

como foco principal a história da instituição.

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Por se tratar de uma pesquisa em História da Educação Matemática no

Brasil, a qual dialoga com outras áreas do conhecimento, em especial a

História, Filosofia e Educação, foram necessárias uma pluralidade de fontes.

Estamos considerando as fontes, na perspectiva de Saviani (2006, p.28-28),

como sendo o impulso inicial, além de indicar a base, o ponto de apoio do

fenômeno que se busca conhecer.

Na perspectiva da História do Tempo Presente, as fontes são encaradas

não mais para se resgatar o passado, mas, sim, aquilo que estava perdido.

Segundo Muller (2007):

As fontes a serem trabalhadas nesse processo não estão dadas, prontas para resgatar um passado, mas são escolhidas para resgatar algo que estava perdido, para responder a um problema. O estudo do passado emerge, assim, não como um fim em si, mas como meio de iluminar nosso olhar sobre o presente, vindo assim a contribuir, de alguma maneira, para a discussão e, quem sabe, solução de problemas nossos contemporâneos (MULLER, 2007, p.28-29).

Nesse sentido, usamos fontes escritas oficiais e não oficiais a exemplo

dos Planos Políticos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura em estudo,

jornais, revistas e sites; entrevistas e fotografias que possam de algum modo

auxiliar na construção dessa história.

De forma sintetizada, podemos resumir nosso campo de investigação

por meio da Figura 1, a seguir. Isso não significa que enquadramos nossa

investigação numa estrutura fechada que não dialoga com outras dimensões,

abordagens e domínios do campo histórico, apenas sintetizamos algumas

características mais evidentes em nosso trabalho.

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Figura 1: Síntese do campo de investigação da pesquisa

Observamos nosso objeto de pesquisa sob a lente da História Cultural,

adotando como abordagens a História Imediata e a História das Instituições.

Além disso, assumimos como recorte de investigação, a História do Tempo

Presente.

A articulação do nosso campo de investigação acontece num sentido

duplo, ou seja, parte-se tanto da dimensão para a abordagem, como da

abordagem para a dimensão.

Ao longo do trabalho, foram feitas entrevistas, que passaram pelo

processo de transcrição e textualização, conforme descrito por Garnica (2004).

O primeiro tem o intuito de passar a fala oral, de forma exata como foi dita,

para a escrita; e a segunda consiste em melhorar a transcrição, retirando

elementos típicos da fala (repetições e vícios de linguagem).

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Percebemos que, segundo Garnica (2004), a textualização é um

momento que compreende várias etapas. Porém, não fizemos uso de todas as

etapas disponibilizadas por sua descrição de textualização. Apenas

procuramos “limpar” a transcrição das repetições desnecessárias e os vícios de

linguagem, sem passar para a próxima etapa, na qual poderíamos fundir as

perguntas nas respostas dando origem a um texto único. Nosso objetivo na

textualização é de obtermos falas claras, sem descaracterizar a essência do

que foi dito.

Acreditamos, seguindo os apontamentos de Garnica (2007), na

complementaridade existente entre oralidade e as fontes escritas. Sendo

assim, o objetivo das entrevistas gravadas e textualizadas foi de complementar

as fontes escritas oficiais e não oficiais. Para tais entrevistas, foram convidados

professores, coordenadores de cursos, ex-alunos, funcionários, dentre outros

atores, que fizeram e fazem parte da história dos Cursos de Licenciatura em

Matemática no estado de Rondônia.

As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um gravador digital,

com questões formuladas de forma semiestruturada, apelando-se para o

exercício de memória dos entrevistados. Após a transcrição de todas as

entrevistas, foi feito o processo de textualização. Vale lembrar que utilizamos

como fonte para a produção do texto final as textualizações. Todos os

entrevistados assinaram uma carta de cessão de direitos autorais (Anexo 1)

autorizando a utilização, a título gratuito e em caráter definitivo, de suas falas.

As entrevistas estão identificadas com o título textualização e uma numeração

que se inicia do número um e vai até o número vinte e cinco de forma

consecutiva. Segue abaixo, Tabela 1, a identificação de todas as textualizações

com o nome dos respectivos entrevistados:

Nº da textualização

Nome Cargo/ Instituição Data

1;21

Justo Nelson Araújo Escudeiro

Professor - UNIR/Ji-Paraná 09/07/2010

3 Marlos Gomes de Albuquerque

Professor - UNIR/Ji-Paraná 09/07/2010

1 Entrevista realizada em duas etapas.

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4 Márcia Regina de Souza Professora – SEDUC 15/07/2010

5;62 Luzevaldo Pereira Gomes Professor – SEDUC 16/07/2010

7 José Januário de Oliveira Amaral

Professor - UNIR/Porto Velho 12/07/2010

8 Beatriz Machado Gomes Professora - UNIR/Ji-Paraná 14/07/2010

9 Aristides Augusto Cezar Pires Neto

Técnico - UNIR/Porto Velho 12/07/2010

10 Daniela de Souza Moraes Técnica – UNIR/Ji-Paraná 09/07/2010

113;12

4

Reginaldo Tudéia dos Santos

Ex-coordenador Lic. em Mat./FIAR e atual professor da UNIR/Ji-Paraná

08/07/2010

13 Valdir Alves de Godoy Diretor Acadêmico/ FACIMED 07/07/2010

14 Gilmar Utzig Diretor Acadêmido/FIAR 13/07/2010

15 Emerson da silva Ribeiro Professor – UNIR/JiParaná 08/07/2010

16 Lenilson Sérgio Cândido Professor – UNIR/Ji-Paraná 09/07/2010

17 Flávio Batista Simão Professor – UNIR/Porto Velho 12/07/2010

18 Carlos Vinícius da Costa Ramos

Professor – UNIR/Porto Velho 12/07/2010

19 Sirlaine Galhardo Gomes Costa

Bibliotecária – UNIR/Porto Velho

13/07/2010

20 Tania Mara Coelho Técnica – UNIR/Porto Velho 12/07/2010

21 Moizilene Chaga Cortes Aluna (Matemática) – UNIR/Ji-Paraná

09/07/2010

22 Abnael Machado de Lima Ex-professor e um dos fundadores da UNIR

26/11/2011

23 Ariveltom Cosme da Silva Professor – UNIR/Ji-Paraná 01/12/2011

24 Zenildo Gomes da Silva Professor – UNIR/Porto Velho 30/11/2011

25 Marlos Gomes de Albuquerque

Professor - UNIR/Ji-Paraná 02/12/2011

Tabela 1: Textualizações

Dentre as entrevistas realizadas lembramos que nem todas foram

citadas de forma direta neste trabalho. Contudo, entendemos que cada uma

nos deu algum indício que auxiliou na compreensão e análise do objeto de

estudo.

Entendemos como documentos oficiais das instituições estudadas:

“memorandos, minutas de encontros, boletins informativos, documentos sobre

políticas propostas, códigos de ética, dossies, registros de estudantes,

2 Entrevista realizada em duas etapas pelo motivo de falha no aparelho de gravação.

3 Entrevista referente ao curso de Licenciatura em Matemática da FIAR (ex-coordenador do curso de

Matemática da FIAR). 4 Entrevista referente ao curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná.

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declarações de filosofia, comunicados à imprensa e coisa semelhante”

(BOGDAN E BIKLIN 2006 p.180). Além de não deixarmos de considerar

algumas informações indicadas por documentos considerados não oficias que

podem nos dar pistas sobre o objeto de estudo.

Os documentos analisados serão considerados como monumentos no

sentido de ser um sinal do passado. Sobre isso, Le Goff (2003) afirma que:

A palavra latina monuentum remete para a raiz indo-européia men, que exprime uma das funções essenciais do espírito (mens), a memória (meminí). O verbo monere significa 'fazer recordar', de onde 'avisar', 'iluminar', 'instruir'. O monumentum é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos (LE

GOFF, 2003, p. 526).

É importante destacar que, de acordo com Dalcin (2008), ao

constituirmos os documentos, devemos nos preocupar em contextualizá-los,

considerando que a interpretação não é neutra, mas inevitavelmente está

carregada de conhecimentos precedentes. Da mesma forma, não existe a

neutralidade por parte de quem produziu o documento, ou seja, quem produziu

o documento teve intencionalidades, conscientes ou inconscientes, que

precisam ser consideradas durante a interpretação.

Os documentos utilizados, nesta pesquisa, foram localizados nos

arquivos das instituições estudadas e também na residência de alguns

colaboradores. Nas instituições particulares (FIAR e FACIMED), a maior parte

dos documentos estava sob a forma digital. Já na UNIR, em sua maioria,

estavam impressos.

Vale ressaltar a precariedade dos arquivos da UNIR, onde fora

localizado grande parte dos documentos utilizados na pesquisa. Os arquivos

estavam em locais improvisados sem nenhuma preocupação com a

preservação. Para se ter uma ideia, citamos o campus de Ji-Paraná, em que

uma sala, que servia de almoxarifado (Figura 2), transformou-se em depósito

de “documentos velhos”, cheios de poeira e consumidos pelas traças. Inclusive

aquele local é onde funciona a máquina de reprografia do campus, sendo

assim, inúmeras pessoas entram e saem a todo o momento.

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Figura 2: Arquivo da UNIR/Ji-Paraná Fonte: Acervo do autor

Percebemos que tal situação não é exclusividade das instituições de

Rondônia. Segundo Nosella e Buffa (2009), no Brasil existe uma negligência

com documentos do passado, havendo pouca ou nenhuma preocupação com

sua preservação.

Destacamos a dificuldade de localização dos documentos sobre os

cursos, em parte, por não haver uma organização nas instituições que viabilize

o aceso aos arquivos com documentos. É perceptível a ausência de uma

consciência sobre a necessidade de se preservar documentos históricos por

parte das instituições, pois não existe arquivo organizado com esses tipos de

documentos, muito menos pessoas responsáveis para esse tipo de trabalho.

Também notamos uma burocracia exacerbada para se fornecer informações a

respeito dos cursos; de forma especial quando se trata de instituições públicas

a situação fica ainda mais complicada.

Além dos documentos, em nossa investigação, utilizamos as fotografias,

que são consideradas por Kossoy (2001), como uma possibilidade de fontes

frutíferas de investigação e descoberta, isso na medida em que tentamos

sintetizar suas informações, estabelecer metodologias e análises para

compreendermos seu conteúdo.

Acreditamos que o processo de análise é um constante exercício de ir e

vir entre as fontes, textos teóricos e a prática da escrita, por isso, fizemos

análises desde o início até o termino da recolha de dados.

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Iniciamos a investigação procurando teses e dissertações que se

referiam à criação dos Cursos de Licenciatura em Matemática no Estado de

Rondônia. Realizamos o levantamento com base no banco de dados da

CAPES e em bancos de dados de Programas de Pó-Graduação em Educação

no País. Não encontramos nenhuma tese ou dissertação que tomasse como

objeto de estudo os Cursos de Licenciatura em Matemática no Estado de

Rondônia.

No âmbito nacional localizamos sete trabalhos (seis dissertações e uma

tese) que trazem em suas discussões aspectos da criação de Cursos de

Licenciatura em Matemática. Tal fato foi observado por meio da leitura dos

resumos e/ou parte dos trabalhos considerados. A Tabela 2 apresenta a

relação das pesquisas encontradas.

Autor (a) Título Instituição Ano de defesa

Modalidade

Adriana de Bortoli

História da criação do curso de Matemática na Pontifícia Universidade Católica de Campinas

UNESP 2003 Dissertação

Carmem Lúcia

Valgas

Licenciatura em Matemática: aspectos históricos e curriculares na UEPG

UEPG 2002 Dissertação

Dagmar Junqueira Guimarães

Silva

Os Cursos de Matemática da Universidade Católica de Goiás e da Universidade Federal de Goiás: História e Memória Universidade Católica de Goiás Mestrado em Educação

Goiânia

UCG 2003 Dissertação

Fernando Guedes

Cury

Uma narrativa sobre a formação de professores de matemática em Goiás

UNESP 2007 Dissertação

Lydia Rossana

Nocchiziccardi

O curso de Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: uma história de sua construção /desenvolvimento/ legitimação

PUC/SP 2009 Tese

Mara Simões

Cruz Marques

Retrocessos e avanços da formação docente: um estudo sobre o curso de Licenciatura em Matemática da UFPB

UEPB 2003 Dissertação

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Rosilda Maria Alves

Processos de implantação e implementação dos cursos de Licenciatura em Matemática e Física no CEFET-PI

UNB 2009 Dissertação

Tabela 2: Relação de Pesquisas referente à criação de Cursos de Licenciatura em

Matemática

Também foi realizado um levantamento das pesquisas que trazem em

suas discussões a questão da educação em Rondônia. A busca foi realizada

nos bancos de dado de vários programas de Pós-Graduação do País, além do

CAPES. Localizamos oito trabalhos, sendo seis dissertações e duas teses. A

Tabela 3 apresenta informações sobre esses trabalhos.

Nome Título Instituição Ano de defesa

Modalidade

Pascoal de Aguiar Gomes

A educação escolar no Território Federal do Guaporé (1943 – 1956)

UFMT 2007 Dissertação

Margarida Arcari

Educação em Rondônia: uma contribuição para o seu estudo

UNESP 1996 Dissertação

Hugo Costa Pessoa

Qualificação docente e desempenho discente no Ensino Fundamental: Um Estudo de Caso na Rede Municipal de Porto Velho – Rondônia

UNIVALE 2008 Dissertação

Doresnil Alves Moreira

Universidade Federal de Rondônia (UNIR): desafios e enfrentamentos na constituição de uma instituição universitária multicampi

PUC/SP 2005 Tese

Jerzy Badocha

A habilitação de recursos humanos em nível superior, Território Federal de Rondônia. (1975 a 1980)

Sagrado Coração de Jesus – Bauru

1981 Dissertação

Haroudo Cristovam

Teixeira Leite

Avaliação de desempenho de Universidades Federais, através de um modelo de custo: aplicação na Universidade Federal de Rondônia - UNIR Porto Velho

UNIR/UFSC 1999 Dissertação

Doresnil Alves Moreira

Processo de interiorização da Universidade Federal de Rondônia na cidade de Guajará-Mirim no período de 1992 a 1999

PUC/SP 2001 Dissertação

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Maria Ivonete Barbosa Tamboril

Políticas públicas para a formação docente: Um estudo em Porto Velo – RO

USP/SP 2005 Tese

Tabela 3: relação de pesquisas referente à Educação em Rondônia

Entendemos que o pequeno número de trabalhos referentes à educação

em Rondônia, de forma específica, a inexistência de pesquisas no campo de

investigação da História da Educação Matemática no Brasil, deve-se ao fato de

existir poucos Programas de Pós-Graduação (stricto senso) nesse Estado, bem

como políticas publicas que garantam a formação continuada de professores

por meio de cursos de Pós Graduação.

O próximo passo foi o levantamento de referências bibliográficas que de

alguma forma pudessem dar suporte para a investigação, passando assim para

leituras de textos que dialogam com o objeto de estudo. Durante todo o

processo de pesquisa, realizamos um constante diálogo entre o referencial

teórico e os dados obtidos por meio das fontes consideradas. Nesse sentido, o

referencial metodológico foi sendo construído ao longo do processo

investigativo.

Paralelamente foi feito o mapeamento de todos os Cursos de

Licenciatura em Matemática, que estão em funcionamento no Estado de

Rondônia. Sendo assim, detectamos quatro cursos: dois particulares e dois

públicos. Em seguida, fizemos uma visita a todas as instituições, que oferecem

os cursos de nosso interesse em Rondônia, com o propósito de localizar

fontes, além de firmarmos contatos para posterior comunicação e colaboração.

Na primeira visita, coletamos vinte e uma entrevistas dentre alunos, ex-

alunos, professores, funcionários administrativos, e outros que, de alguma

forma, contaram-nos algo sobre nosso objeto de investigação.

Durante o exercício de análise das entrevistas, levamos em

consideração o que nos diz Le Goff (1990, p.438): “A passagem da memória

oral à memória escrita é certamente difícil de compreender”. Somos cientes de

que nossas análises sobre a fala de nossos entrevistados não são únicas, nem

definitivas.

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Tivemos acesso a algumas fotografias por meio dos entrevistados que,

como “testemunha ocular” (BURKE, 2004), participaram de momentos da

história dos Cursos de Licenciatura em Matemática no Estado de Rondônia.

Tivemos grande dificuldade em nossa última ida para Rondônia pelo

motivo de a UNIR estar com suas atividades paralisadas em virtude de uma

greve5, que durou setenta e nove dias e cobrava melhorias principalmente para

a estrutura física da Universidade. Nesse contexto, uma das reivindicações da

comunidade estudantil era a saída imediata do reitor, em exercício, José

Januário de Oliveira Amaral, um de nossos entrevistados. O prédio da UNIR foi

tomado por acadêmicos, docentes e pais de alunos, como podemos perceber

na figura 3.

Figura 3: Ocupação do prédio administrativo da UNIR/Porto Velho Fonte: Acervo do autor

A ocupação do prédio administrativo da UNIR impossibilitou o acesso ao

local, onde acreditamos que pudesse ter documentos importantes para a

pesquisa. Além disso, toda a atmosfera de tensão, que presenciamos, deixou

5 Dentre as reivindicações dos alunos, se destacam: construção de hospital universitário,

creche e restaurante, limpeza, iluminação e Internet sem fio, papel higiênico, mais computadores (que funcionem) nos laboratórios de informática, transparência na aplicação de recurso, paridade nas eleições para reitor, eleição de prefeitos dos campi e esclarecimentos sobre as denúncias de fraudes e desvio de verbas na Riomar. Os docentes pedem a contratação de professores e técnicos, mais transparência na aplicação de recursos e melhoria de infraestrutura.

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os professores apreensivos no sentido de colaborarem, principalmente quando

se tratava de conceder entrevistas. Mesmo diante da justificativa, alguns atores

de nossa história decidiram não contribuir. Durante um mês em Porto Velho, foi

possível o contato com poucos professores do Curso de Matemática.

Percebemos a pouca frequência dos professores na Universidade,

provavelmente por não terem aulas. O que conseguimos angariar em Porto

Velho, nesta última etapa do trabalho, foi resultado da colaboração dos

servidores da biblioteca, técnicos da Diretoria Integrada de Registros

Acadêmicos - DIRCA, do coordenador do Curso de Matemática, Flávio Batista

Simão, da professora do Curso de informática Liliane da Silva Coelhos Jacon,

do ex-professor Abnael Machado de Lima, além da aluna do Curso de Letras,

Heuriele Sampaio.

Mesmo diante de todas as dificuldades, durante a segunda ida para

Rondônia, coletamos quatro entrevistas, com os seguintes colaboradores:

Abnael Machado de Lima (um dos articuladores da criação da UNIR), Arivelton

Cosme da Silva (atual professor da UNIR/Ji-Paraná), padre e professor Zenildo

Gomes da Silva (ex-coordenador geral do Programa de Habilitação e

Capacitação de professores Leigos – PROHACAP), e Marlos Gomes de

Albuquerque6 (primeiro professor efetivo específico do curso de Licenciatura

em Matemática da UNIR/Ji-Paraná).

Durante todo o processo de pesquisa, foi feito um cruzamento constante

das informações obtidas entre as três fontes consideradas (documentos,

escritas oficiais e não oficiais, entrevistas e fotografias). Nesse primeiro

momento, evidenciamos o percurso teórico metodológico adotado para o

desenvolvimento da investigação. Na sequência apresentamos a pesquisa ao

leitor em três capítulos.

No primeiro capítulo, apresentamos um panorama histórico da

“invenção” do Estado de Rondônia, evidenciando a questão da educação frente

ao processo de ocupação humana. É possível perceber que o problema de

falta de professores, bem como o aumento de professores leigos nas escolas

de Rondônia, está diretamente relacionado ao crescimento populacional

6 Esta segunda entrevista teve como foco o aprofundamento de algumas questões referente a

primeira entrevista.

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daquele Estado, sem um planejamento educacional, especialmente no que se

refere a habilitação de professores.

No segundo capítulo, descrevemos como se deu algumas das

estratégias extintas para se habilitar professores para o ensino de Matemática

em Rondônia. Vale ressaltar que, apesar de os Cursos não mais existirem,

temos hoje inúmeros professores formados pelos mesmos. Sendo assim,

consideramos importante conhecer um pouco de como tais habilitações

aconteceram.

No terceiro capítulo, mostramos como se deu a criação e consolidação

dos Cursos de Licenciatura em Matemática, em funcionamento, no Estado de

Rondônia (UNIR, FACIMED e FIAR).

Na sequência, tecemos as considerações finais sobre os processos de

criação, consolidação e expansão da Licenciatura em Matemática no Estado de

Rondônia a partir das fontes encontradas, além das entrevistas consideradas e

acenamos para possibilidades de novas investigações referentes a Licenciatura

em Matemática no Estado de Rondônia.

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"O povo barbadiano,

Vivia lá em Barbados

Era um povo organizado

Ordeiro e cheio de plano

Mas um norte-americano

Trouxe eles para esse lado [...]

No começo do século XX,

O que era bom acabou-se,

E com a concorrência alemã

Uma coisa ruim formou-se

Pois no Caribe caiu

O preço da batata doce [...]"

"Os negros barbadianos

Trabalhavam com fervor,

Maquinistas e foguistas,

Funileiro e soldador,

Condutor de motors-cars

Guarda-fio e pintor [...]"

(Doca Brandão)7

7 O autor do Cordel é professor de História do estado de Rondônia.

A ilustração está localizada em: HARDMAM (2005), Anexo iconográfico 16.

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CAPÍTULO I

A “INVENÇÃO”8 DO ESTADO DE RONDÔNIA

Na construção do Estado de Rondônia muitas foram as mãos que deram

sua contribuição. Homens e mulheres, livres ou escravos, eternos indigentes

soterrados pelo tempo, esquecidos no passado.

O cordel, que abre esse capítulo, escrito por Doca Brandão, faz menção

aos negros barbadianos que deixaram suas marcas por meio do trabalho na

infernal construção da ferrovia Madeira-Mamoré ou como alguns a conheciam

ferrovia do diabo.

Tendo a literatura de cordel como pano de fundo, nosso objetivo, neste

capítulo, é discutir, considerando a literatura existente, aspectos históricos

pelos quais o Estado de Rondônia nasceu e se desenvolveu, enfatizando os

movimentos que situaram o Estado no cenário nacional por conta

principalmente de seu fortalecimento econômico nas últimas décadas.

Paralelamente, descreveremos algumas ações desenvolvidas na direção de

suprir a demanda educacional advindas da ocupação humana em Rondônia.

Observamos as mudanças e permanências sob a ótica cultural,

econômica e política, as quais possibilitaram as bases para a “invenção” de um

estado com características próprias, porém, com uma identidade ainda em

formação. Podemos dizer que Rondônia é o resultado de uma diversidade

8 O conceito “invenção” é tomado de empréstimo de Raymundo Faoro (1997). No primeiro

volume de “Os Donos do Poder” o autor faz uma releitura da história do Brasil a partir de uma ótica político-econômica mostrando que a colonização da América teve como um de seus fundamentos a “propaganda” feita na Europa sobre as maravilhas do Novo Mundo. Nesse momento era necessária uma propaganda mostrando a América como um paraíso. Aqui estamos afirmando que esse mesmo modelo de propaganda foi utilizado para promover a ocupação de Rondônia. O autor comenta a justificativa ideológica necessária para que o europeu se decidisse em vir colonizar o Brasil e a América de modo geral. Para que isso acontecesse foi necessário “além da descoberta, suscitar a invenção de modelos de pensamento e de ação” (Faoro, 1997, p. 99). Para o caso de Rondônia aplica-se a mesma ideologia uma vez que já no I PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) pode-se ler a insistente afirmação sobre a necessidade de “reorientar” as migrações e “absorver excedentes populacionais” (Brasil, 1971). Além disso, todo o planejamento desenvolvimentista dos três PNDs acena para a necessidade de integrar a Amazônia, para o quê foram criados projetos públicos e privados (CARNEIRO, 2007, p.9-10).

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cultural muito grande, trazida por pessoas que se instalaram na região em

busca de uma vida melhor.

A explosão demográfica, em Rondônia, principalmente a partir das

décadas de 70 e 80 do século XX, forçou as autoridades políticas a olharem a

educação de uma forma diferenciada. Ou seja, era preciso construir novas

escolas e aumentar a quantidade de matrículas para assim atender à multidão

de pessoas que foi incentivada a ocupar aquelas terras. Porém, a rápida

ampliação de matrículas, aliado ao pouco tempo para se planejar ações nessa

direção, pôs em evidencia o problema da falta de profissionais habilitados para

atuarem nas escolas. Tal problema foi minimizado com a criação da

Universidade Federal de Rondônia – UNIR, e com o ao processo de

interiorização de seus cursos.

A ocupação humana desorganizada em Rondônia trouxe consigo

inúmeros problemas sociais, dentre eles, destacamos a educação com suas

ações paliativas ao longo dos anos. Entender como a educação foi inserida

junto ao processo de “invenção” do Estado de Rondônia se faz necessário para

podermos compreender o que estamos vivendo hoje em tal setor. Nessa

perspectiva, ao observarmos a importância de uma reconstrução histórica,

lembramos a fala de Fonseca (2008, p.8): “A história ajuda a compreender o

que somos hoje pelo conhecimento do que fomos ontem”. Por meio da história,

podemos abordar o passado como ferramenta de interpretação das rupturas e

continuidade incorporadas nas práticas atuais e é, nessa direção, que iremos

caminhar ao longo deste capítulo.

1.1 A EXPANSÃO POPULACIONAL NO ESTADO DE RONDÔNIA

Rondônia é resultado do desmembramento de terras pertencentes aos

Estados do Amazonas e do Mato Grosso. Os mapas da Figura 4 permitem

perceber a mudança das unidades federativas do Brasil, no período de 1940 a

1960, observando a incorporação de Rondônia junto às unidades já existentes.

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Figura 4: Evolução das unidades político administrativas.

Fonte: História em Partes

O Estado de Rondônia se localiza na região norte do Brasil, faz fronteira

com os Estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso e com a República da

Bolívia, conforme observamos na Figura 5.

Figura 5: Da esquerda para direita temos o mapa de Rondônia e o mapa do Brasil-

adaptação do autor

Fonte Guia Geográfico; Portal do professor

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Rondônia faz parte da chamada Amazônia Legal, que é uma área de

terra pertencente à Bacia Amazônica, possuindo em seus territórios trechos da

Floresta Amazônica. A Amazônia Legal foi um termo cunhado por uma

estratégia política que reúne regiões com semelhantes problemas sociais,

políticos e econômicos permitindo um melhor planejamento para o

desenvolvimento daquelas regiões. Fazem parte da Amazônia Legal os

seguintes Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia,

Roraima, Tocantins e parte do Estado do Maranhão.

A área equivalente à Amazônia Legal é de 61% do território nacional.

Por meio do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena(SIASI),

verificamos que 55,9% da população indígena brasileira, ou seja, por volta de

250 mil índios, vivem naquela região.

Antes mesmo da chegada dos primeiros homens brancos ao Norte do

País, tal área era ocupada por índios “nômades e sedentários”, de acordo com

Teixeira e Fonseca (2001). Segundo informações adquiridas com a Comissão

Indigenista Missionário (CIMI), citada em Gomes (2010, p.22-23), os povos

indígenas, dos quais se tem registro no Estado de Rondônia, são: Uru-Eu-Wau-

Wau/Japú, Amondawa, Oro Win, Jabuti, Makurap, Tupari, Kanoé, Ajurú, Aruá,

Kujubim, Massaká, Pacaás Novos, Karitiana/Yjxa, Pacaá Nova, Kampé,

Arikapú, Nambikwara, Latundê, Aikanã, Kwaza, Sakirabiar, Cinta Larga,

Suruí/Paiter, Arara/Iterap, Gavião, Kaxarari, Kanoé, Aruá, Karipuna, Akuntsu,

Durante os processos de ocupação/exploração da região amazônica, a

partir do século XVI, os indígenas foram escravizados para a realização de

atividades agrícolas, artesanais e coleta das drogas9 do sertão (Cacau,

Castanha do Pará, Guaraná, Urucum, Salsa Parrilha, Canela, dentre outras.

especiarias). A busca por essas especiarias regionais, por ouro e pedras

preciosas, foi um fator que contribuiu para a exploração e povoamento da

região onde hoje se encontra o Estado de Rondônia.

A exploração da região amazônica pelas bandeiras exploratórias a

serviço da coroa portuguesa objetivava a demarcação, a exploração e o

9 As "drogas" eram produtos nativos do Brasil, que não existiam na Europa e, por isso, atraíam

o interesse dos europeus que as consideravam como novas especiarias.

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conhecimento do território. Os exploradores se utilizavam de rios navegáveis

para o deslocamento em uma região pouco povoada e quase desconhecida.

Utilizou-se principalmente a navegação nos rios Guaporé, Mamoré e Madeira

e, por isso, é justamente nos vales desses rios que nascem os primeiros

povoados de Rondônia, motivados principalmente pela descoberta de ouro.

Segundo Oliveira (2000), a primeira povoação na margem direita do rio

Madeira, ocorreu entre 1723 e 1728.

A descoberta de ouro no vale do rio Guaporé, segundo Oliveira (2000),

pelos irmãos Arthur e Fernando Paes de Barro, seduziu muitos aventureiros

para a região. Com a intenção de fiscalizar a extração de pedras preciosas da

região guaporeana, de acordo com Afonso (2005, p.46), foi criada a Capitania10

de Mato Grosso no ano de 1748. Essa compreendia a maior parte das terras

onde hoje se encontra o estado de Rondônia.

No mapa a seguir, Figura 6, localizamos os rios Guaporé, Mamoré e

Madeira, peças fundamentais para o início da ocupação humana nesse Estado.

Figura 6: Localização dos rios Mamoré, Guaporé e Madeira

Fonte: Ministérios dos transportes

10

As capitanias foram uma forma de administração territorial do Império português.

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42

Após a descoberta de inúmeras jazidas auríferas pelos bandeirantes, a

coroa portuguesa direcionou toda uma política de ocupação para a região

amazônica com o objetivo de assegurar sua posse e retirar as riquezas

daquela nova terra. A busca pelo “El Dorado”11, uma famosa lenda regional,

impulsionou um grande número de pessoas para a região que hoje é chamada

de Estado de Rondônia.

Muitos foram os aventureiros que se arriscavam em meio à inóspita

floresta amazônica em busca do reino fantástico do rei “El Dorado”, porém,

nunca conseguiram encontrá-lo.

A presença de jazidas auríferas na margem direita do Rio Guaporé,

motivou ações espanholas em território português. Para defender seus limites

territoriais, e, consequentemente, as riquezas na região guaporeana, Portugal

construiu o forte do Príncipe da Beira (1776).

Observando o Tratado de Madri (1750), que, segundo Afonso (2005,

p.46), é justificado “pelo uti possidetis de facto (usocapião), ou seja, a terra

pertence a quem ocupa de fato” (grifo do autor), Portugal direcionou toda uma

política de ocupação para a região amazônica. Com essa estratégia, garantiu a

posse definitiva daquela região por parte dos portugueses.

Um dos primeiros responsáveis pelo processo de colonização da região

amazônica foi Antônio Rolim de Moura Tavares (1709 - 1782), “nomeado

primeiro Governador do Mato Grosso” (GOMES, 2010, p.32). Esse governador

expulsou os missionários espanhóis daquela região e estabeleceu alianças

com os índios, isso possibilitou a comunicação com os demais centros e

também facilitou o processo de povoamento da região onde hoje se encontra o

atual Estado de Rondônia.

11

Conta uma antiga lenda que bem distante, no interior da floresta, existia um reino onde seus

palácios, casas e ruas eram construídas e adornadas com ouro. Todos os dias, ao amanhecer, o rei, chamado El Dorado, que significa “aquele que é encoberto de ouro”, tomava um banho com óleos perfumados e naturais. Sobre seu corpo um grupo de guerreiras lindas, jovens e virgens soprava uma fina camada de ouro em pó, de forma que toda sua pele ficava revestida do precioso metal. Após esse preparo, o rei, acompanhado pelas lindas jovens caminhava por seu reino, visitando os templos e as obras públicas, que eram todas feitas de ouro e adornadas com pedras preciosas, aproveitava também para cumprimentar os seus súditos. Ao fim da tarde, encaminhava-se para um belo lago de águas transparentes onde se banhava, deixando lá no fundo todo o ouro que encobria o seu corpo (GOMES, 2010, p.25).

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No início da ocupação dos vales do Guaporé, Mamoré e Madeira, as

pessoas sofreram em virtude das péssimas condições sanitárias e climáticas,

as quais faziam surgir inúmeras doenças, quase todas mortais devido à falta de

tratamento.

Com o declínio aurífero no Vale do Guaporé (segunda metade do século

XVIII), aquelas terras passaram por uma crise econômica. Instalou-se, então,

um processo de despovoamento naquele lugar. Pelo motivo da região

guaporeana não proporcionar outra atividade econômica, naquele momento,

não restava alternativa para os trabalhadores, que ali estavam, senão ir

embora ou viver em condições precárias num lugar incerto. Como exemplo

dessa situação, citamos o abandono quase que total de Vila Bela da

Santíssima Trindade, naquela época, capital de Mato Grosso, o que levou Bom

Jesus de Cuiabá a ser a nova capital de Mato Grosso (1825).

Com a valorização mundial da borracha, impulsionada pelo advento da II

Revolução Industrial (meados do século XVIII)12, movimenta-se o mercado em

torno desse produto. No Brasil, é nesse período que se iniciou o chamado I

Ciclo da Borracha (1870-1912). Isso fez com que um grande contingente de

pessoas se deslocasse, para os seringais amazônicos em busca de Hevea

Brasiliensis (nome científico da borracha). Nesse contexto, surgem os

povoados de Porto Velho (atual capital de Rondônia), Vila Murtinho e Guajará

Mirim. Diante da grande demanda pela borracha, a região amazônica estava

aberta aos interesses nacionais e internacionais, devido aos seus inúmeros

seringais.

Paralelamente ao povoamento do Vale do Guaporé, a oferta de

educação formal aos povos que lá viviam, foi algo secundário. Quem tinha

condições de pagar, ou seja, os donos de seringais, enviava seus filhos para

estudar em outros estados ou até mesmo na Europa. Enquanto isso, os filhos 12

Ao longo da Revolução Industrial observamos que a necessidade por novas tecnologias se

tornou algo comum a qualquer nação ou dono de indústria que quisesse ampliar seus lucros. Desta forma, o modelo industrial estipulado no século XVIII sofreu inúmeras mudanças e aprimoramentos que marcaram essa busca constante por inovações. Especialmente, a partir de 1870, um novo modelo tecnológico sedimentou a chamada Segunda Revolução Industrial. Percebemos nessa nova fase que o uso do motor à explosão, o emprego da energia elétrica, os corantes sintéticos e a invenção do telégrafo estimulou a exploração de novos mercados e a aceleração do ritmo industrial. Nesse período, muitos cientistas passaram trabalhar na elaboração de teorias e máquinas que pudessem reduzir os custos e o tempo de fabricação de produtos para ser consumidos em escalas cada vez maiores.

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dos trabalhadores ficavam excluídos de receberem educação formal. Nesse

sentido, vale ressaltar a atuação das missões religiosas:

Diante da omissão perante a situação, o Poder Público justificava-a tendo como argumento ser inexeqüível investir na educação, visto ser a imensa área geográfica dispersamente habitada. As únicas iniciativas direcionadas à oferta de ensino vieram através de religiosos, quando os padres, em suas missões, ensinavam a escrita, a leitura e a matemática aos índios, elementos facilitadores do ensinamento do catecismo (GOMES, 2007, p. 48).

Segundo Lima (1993, p.11), “A primeira escola pública municipal foi

criada em 1913, em Santo Antônio do Alto Madeira, Estado de Mato Grosso,

pelo intendente Dr. Joaquim Augusto Tanajura”. Até então o poder público

havia abandonado os seringueiros. Vale lembrar que Santo Antonio do Alto

Madeira hoje pertence ao Estado de Rondônia, antes pertencia ao estado de

Mato Grosso.

Se a ocupação/exploração dos vales dos Rios Guaporé-Mamoré-

Madeira data a partir do século XVI, porque a criação da primeira escola

pública ocorreu apenas no ano de 1913? Segundo Lima (1993), a partir de tal

momento, surgiu certo desejo por aqueles que lá viviam, aliado à “boa vontade”

do poder público em promover o progresso da região e não mais apenas

explorá-la, ou seja, percebe-se a educação como forma de desenvolvimento

socioeconômico para a região, que deu origem à Rondônia.

Durante o I ciclo da borracha, é possível observar um crescente número

de brasileiros que alcançaram a região do Acre (até então pertencente à

República da Bolívia) para coletarem borracha, desencadeando-se, então,

problemas diplomáticos entre Brasil e Bolívia, em virtude de não se respeitar os

limites territoriais dos dois países.

Segundo Teixeira e Fonseca (2001, p.137), no final do século XIX, a

República da Bolívia já havia perdido território marítimo para o Chile. Isso

impedia o escoamento da borracha boliviana para países compradores. Uma

alternativa para o escoamento da borracha boliviana seria a navegação pelo

Rio Madeira, porém, suas cachoeiras tornavam-se um empecilho difícil de ser

superado. Diante das dificuldades de navegação, as autoridades bolivianas

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sugeriram ao governo brasileiro a construção de uma ferrovia com a finalidade

de superar tais cachoeiras. Nesse sentido,

O inconveniente em superar as quedas d’água, que ocasionava perdas humanas e materiais, conduziu a discussões de propostas que viesse a facilitar o transporte naquele trecho do rio. Assim, Quentim Quevedo, que desceu o madeira em 1861 a serviço do governo boliviano, sugeriu a sua canalização ou a construção de ferrovia entre as cachoeiras de Guajará-Mirim e Santo Antônio. Também o engenheiro João Martins da Silva Coutinho que sugeriu ao governo da província do Amazonas a construção de uma ferrovia que ligasse o Madeira ao Mamoré (TEIXEIRA e FONSECA, 2001, p.137).

Uma ferrovia seria um grande empreendimento no meio da Floresta

Amazônica, que dentre os objetivos, pretendia escoar a produção de borracha

dos seringais bolivianos para o Oceano Atlântico. A primeira fase da

construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, que ligaria Porto Velho a Guajará-

Mirim, teve início no ano de 1878. Diante dessa grande empreitada, muitos

trabalhadores vieram para a região tentar a sorte num lugar tão inóspito, que

não oferecia as mínimas condições para se viver. Inúmeros operários tiveram

suas vidas ceifadas no canteiro de obras da Ferrovia Madeira-Mamoré. Uma

síntese do antagonismo existente entre empreiteiros e operários dessa ferrovia

está representada na gravura Alegoria cósmico-ferroviária no Thesouro da

Juventude, Figura 5, Citado em Hardman (2005).

Figura 7: Alegoria Cósmica-Ferroviário no Thesouro da Juventude, 1910.

Fonte: Hardman, 2005 (Anexo iconográfico 5)

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Sobre a gravura, Hardman (2005) sentencia que,

Para os patrocinadores desses projetos, cada quilômetro vencido significa ter chegado mais perto dos céus; para os operários que construíram essas torres de Babel, contudo, cada dormente a fixar era como transpor mais um degrau do inferno (HARDMAN, 2005, p.142).

As obras da ferrovia foram interrompidas por inúmeras vezes,

principalmente pela falta de infraestrutura da região e pelas chamadas doenças

tropicais, que ocasionavam inúmeras mortes entre os operários. Por conta das

muitas dificuldades em sua construção e pelas várias mortes de operários, a

Ferrovia Madeira-Mamoré ficou conhecida no País como “A ferrovia do

diabo”13.

Após as várias paralisações da obra dessa ferrovia, por meio do Tratado

de Petrópolis (1903), o Brasil se comprometia em retomar e finalizar a

construção, além de pagar para a Bolívia a quantia de dois milhões de libras

esterlinas. Em contrapartida, receberia a posse da região onde hoje se

encontra o Estado do Acre.

A Madeira-Mamoré foi uma estratégia do governo brasileiro para se

mostrar ao mundo como símbolo da modernidade, e assim, ser aceito no rol

das potências civilizadas. Ou seja, uma ferrovia no meio da selva representava

um símbolo de progresso para o Brasil.

Não podemos negar que a construção dessa ferrovia contribuiu para

estimular a oferta de educação formal em Rondônia. De acordo com Gomes

(2007), o desenvolvimento de Porto Velho e da empresa construtora da

Madeira-Mamoré impulsionou melhorias na educação formal da região, pois foi

necessário criar escolas para os filhos dos trabalhadores. Vale ressaltar que

apenas aos filhos dos funcionários graduados eram destinadas tais escolas.

Em virtude das obras da ferrovia, muitas pessoas se deslocaram para o

local do empreendimento. Instalou-se, assim, um contingente de pessoas

vindas de muitas partes do mundo para trabalhar naquela região, introduzindo

seus costumes, línguas, religiões, enfim, culturas se espalharam na região

amazônica. Gomes (2010) destaca que:

13

Essa denominação foi dada por Manoel Rodrigues Ferreira, na obra “A Ferrovia do diabo”,

publicada em 1981.

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Pessoas vindas de várias nacionalidades, aqui praticavam sua língua. Heterogênea, os trabalhadores possuindo origens diferentes adotavam seus modelos culturais, inclusive a religião. Multirracial, os novos operários possuíam origens diversas, eram: Negros, Europeus, Índios, Asiáticos etc. Globalizada, os cinco continentes estavam representados na região, e, na economia, se utilizava a moeda inglesa, a libra esterlina como uma espécie de matriz, por ter a melhor cotação no cenário capitalista internacional da época (GOMES, 2010, p.90)

Naquele momento, o Brasil tinha como presidente o mineiro Afonso

Pena, que assumiu o cargo entre 1906 a 1909. Pode-se perceber, nas ações

desenvolvidas pelo presidente Afonso Pena, a preocupação em ocupar o oeste

do País. Segundo Bueno (2003):

O café não era a única preocupação de Afonso Pena: ele promoveu a criação de parques industriais (embora não fosse industrialista), incentivou a construção de linhas férreas, modernizou os portos de Recife, Vitória e Rio Grande do Sul. Promoveu a conquista do Oeste, a cargo de Rondon, e organizou a exposição Nacional de 1908, para mostrar que o Rio se civilizara (BUENO, 2003, p.280) (Grifo nosso).

Na segunda fase da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré (1907-

1912), Hardman (2005) nos aponta um panorama do fluxo de trabalhares que

vieram para a construção e também das mortes ocorridas com tais operários:

Dos dados oficialmente exibidos pela empresa, sabe-se que foram importados, entre 1907 e 1912, 21817 trabalhadores, de cerca de cinqüenta nacionalidades diferentes; desse total foi computado pelo serviço sanitário da companhia a morte de 1593 pessoas, cifra certamente bem abaixo da realidade [...]. Manoel Rodrigues Ferreira, numa aproximação bem plausível, observa que, se considerarmos que pelo menos 50% da força de trabalho efetivamente ocupada não possuía contrato formal com a empresa, mas era engajada por intermediários de subcontratantes ou compostos de trabalhadores avulsos que chegavam ao local por conta própria, poderíamos calcular o número total de trabalhadores em mais de 30 mil. Além disso, se somássemos às ‘mortes oficiais’ (restritas apenas aos contratados que perderam a vida ao longo da via férrea e no Hospital da Candelária, construído pela companhia próxima a Porto Velho) aquelas sem dúvida ocorridas entre os empregados não formais, bem como os que abandonaram o local, vindo a perecer em trânsito ou mesmo em seus países ou regiões de origem, chegaríamos, por aproximação, a pouco mais de 6 mil trabalhadores, cerca de 20% do total (HARDMAN, 2005, p.163-164).

Com a conclusão da estrada de ferro Madeira Mamoré em 1912 e com o

declínio do preço da borracha em virtude da produção na Malásia, mais uma

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vez um processo de despovoamento, crises e problemas assolou a região do

Vale do Madeira. Tal situação só se modificou com o início da II Guerra

Mundial (1929-1945) e com a ocupação dos seringais asiáticos pelos

japoneses, ou seja, a partir daí a borracha brasileira volta a ser valorizada e

mais uma vez se intensifica a ocupação da Amazônia.

No âmbito nacional, em meio a Segunda Grande Guerra,

especificamente no ano de 1930, assume o poder no Brasil Getúlio Vargas.

Este, com um espírito nacionalista radical, traça um plano de desenvolvimento

para o País, o qual englobava ações em todo o território nacional. Percebe-se

em Vargas um olhar diferenciado para as dimensões do Brasil, especialmente

suas fronteiras e lugares pouco povoados, situação em que se encontrava a

região onde hoje chamamos Estado de Rondônia. A partir dessa visão, prega-

se uma grande marcha para o oeste do País, com o objetivo de ocupar aquela

região. O deslocamento para a região do atual Estado de Rondônia teve como

lema:

‘VAMOS LEVAR OS HOMENS SEM TERRA PARA AS TERRAS SEM HOMENS’, assim se desenrola uma grande ação Governamental na ocupação do grande vazio demográfico que se observava há muito tempo no interior do País (GOMES, 2010, p.122).

Principalmente, em virtude dos inúmeros incentivos governamentais,

milhares de trabalhadores se deslocaram para os seringais do norte do País

com o intuito de extrair a borracha. Os trabalhadores eram recrutados para os

seringais amazônicos por meio de incentivos governamentais financiados em

parte pelo governo norte americano. Como exemplo disso, citamos o acordo

firmado por meio do Decreto-lei14 nº 5813 de 14 de setembro de 1943, que

dentre outros, prevê o apoio financeiro para fixação nos seringais amazônicos

de trabalhadores de outras regiões.

Os trabalhadores dos seringais amazônicos receberam a denominação

de “soldados da borracha”, os quais, apesar de sua importância, trabalhavam

em condições precárias. Além disso, segundo Gomes (2010), foram enganados

com falsas promessas de que retornariam para sua terra natal ao final da II

14

Aprova o acordo relativo ao recrutamento, encaminhamento e colocação de trabalhadores

para a Amazônia, e dá outras providências.

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Guerra Mundial, ficando assim presos na Amazônia. De acordo com Afonso

(2005),

A exploração do látex levou à formação de vastos seringais dominados pelos seringalistas. Os trabalhadores eram os seringueiros, que podiam ser nativos (mansos) ou nordestinos (bravos). O regime do toco ou barracão, era a forma de trabalho utilizada. Esse regime condenava o seringueiro a uma dívida eterna com o seringalista (AFONSO, 2005, p.48).

Segundo Gomes (2010), se hoje regiões como Sul e Sudeste tem um

setor industrial tão desenvolvido, certamente, deve-se em muito aos

investimentos financeiros feitos por meio do Acordo de Washington (1942),

pelo governo norte americano junto ao Brasil. Em tal acordo, o governo

brasileiro se comprometia em fornecer borracha aos norte-americanos em troca

de recursos financeiros. Para isso fixou os soldados da borracha nos seringais

amazônicos e lá os esqueceu.

Com a valorização da borracha, a Amazônia volta a ter grande

importância no cenário nacional e internacional. Mais uma vez, é possível

verificar uma procissão de migrante rumo ao oeste do País. Nesse contexto, foi

criado o Território Federal do Guaporé (atual Estado de Rondônia), em 13 de

setembro de 1943, após a visita do presidente Getúlio Vargas a Porto Velho.

Sob a administração da União, após a criação do Território Federal do

Guaporé, uma nova fase política, social e econômica se iniciou naquela região,

ou seja, a condição de Território proporcionou maior respaldo junto ao governo

federal em reclamar suas necessidades sem intermediários.

Junto à criação do Território, veio o investimento em áreas estratégicas

como a educação. É nesse momento que foi criada a Divisão de Educação

que, segundo seu regimento interno, aprovado pelo Decreto nº60 de 8 de

março de 1948, constava as seguintes finalidades:

1. promover, orientar e fiscalizar o ensino em todo o Território;

2. manter estabelecimentos de grau e natureza compatíveis com as

possibilidades da Região;

3. organizar, manter e auxiliar, quando de iniciativa privada, instituições

complementares de ensino que visem o desenvolvimento cultural da

população.

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50

Em 1943, ano de criação do Território Federal de Guaporé, a educação

contava com os seguintes números: “28 escolas – 39 professores - 527 alunos

(Curso primário)” (LIMA,1993, p. 29).

Ainda sobre a educação, vale ressaltar as contribuições da ordem

religiosa da igreja católica Congregação Salesiana, que foi pioneira na

implementação do ensino secundário no Território Federal do Guaporé:

No Território do Guaporé, o ensino secundário teve a contribuição da Congregação Salesiana, através dos Padres e das Freiras, tendo sido de fundamental importância por terem procurado ajudar no encaminhamento não só dos assuntos da fé católica, como também nos de cunho educacional (GOMES, 2007, p.103-104).

Dos estabelecimentos de ensino da Congregação Salesiana, no

Território Federal do Guaporé, destacamos a escola Dom Bosco e o Colégio

Nossa Senhora Auxiliadora, este último, posteriormente, denominado de

Instituto Maria Auxiliadora.

A escola Dom Bosco iniciou sua atividade no ano de 1922, admitindo

meninos para o curso primário. No início de sua atuação, o colégio Dom Bosco

não tinha sede própria, passando a tê-la no ano de 1932. Seu regime de

funcionamento contava com a frequência de alunos internos e externos,

“mantendo curso primário e alfabetização de adulto” (LIMA, 1993, p.12).

O Instituto Maria Auxiliadora foi a primeira instituição do Território

Federal de Guaporé a oferecer o segundo ciclo do Curso Normal15:

No território Federal do Guaporé, através de iniciativa pública entrou em funcionamento, em 1948, o Curso Normal Regional Carmela Dutra, equivalente ao primeiro ciclo, e no ano seguinte foi criado o segundo ciclo do Curso Normal de caráter particular, administrado pelo Instituto Maria Auxiliadora, pertencente à Congregação Salesiana e destinado às jovens da região. Só em 1954 começou a funcionar a Escola Normal do Guaporé, correspondente ao Segundo Ciclo do Curso Normal de responsabilidade do poder público (GOMES, 2007, p.30). (grifo do autor)

O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora (Figura 7), segundo Lima (1993

p.13), “em 1938, implantou o curso normal rural de nível ginasial para

15

O Curso Normal, responsável pela formação de professores na época do Território Federal

do Guaporé, dividia-se em dois ciclos.

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habilitação do magistério”. Tal curso contribuiu para minimizar a demanda por

professores da região naquele momento.

Figura 8: Instituto Maria Auxiliadora - Porto Velho. Fonte: Polícia Civil de Jarú

Destacamos a contribuição do Instituto Maria Auxiliadora em relação à

formação de professores, que, na época da criação do Território Federal do

Guaporé, tinha a seguinte função:

Em 1943, Criado o Território Federal do Guaporé, no plano do Governo para o setor da educacional, figurava como responsável pela formação de professores para o desenvolvimento da educação na nova unidade federativa. Em 1950, implantou o curso Pedagógico de Habilitação de Professores de nível médio (LIMA, 1993, p.13).

Outra instituição que contribuiu para a formação de professores, a partir

da década de 40 do século XX, no Estado de Rondônia, foi o Instituto Nossa

Senhora do Calvário, que atuou na cidade de Guajará-Mirim:

Neste mesmo ano, era criado por Dom Xavier Reis, Bispo da prelazia, o Instituto Nossa Senhora do Calvário, funcionando sob direção das freiras destinado a oferecer ensino primário ao alunado feminino em regime externato e internato. Em 1940 passou a oferecer o Curso Normal Rural de nível ginasial para a formação de professores de ensino primário (LIMA, 1993, p.14).

Na tentativa de sanar a falta de professores no território recém criado, o

governo criou um curso específico para habilitar professores:

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Em 1947, o Governo do Território, visando suprir o sistema educacional com professores habilitados, criou através do Decreto nº 47 de 19/09/47, a Escola Normal ‘Carmela Dutra’. Mantendo o curso Normal, equivalente ao curso ginasial, com duração de 4 anos (LIMA, 1993, p.17).

No período da criação do Território Federal do Guaporé, o País passava

por várias transformações. Estava em vigência o Estado Novo (1937-1945),

fruto do golpe continuísta de Vargas de 1937, justificado pelo plano Cohen:

‘Plano Cohen na Hora do Brasil 37 na noite de setembro Há 50 quaresmas mas me lembro: No sertão vi um trem levar civil Espingarda soldado e fuzil Pois o plano ‘previa’ uma guerra Nos planaltos, nas águas e na serra ‘liderada então por comunista’ Alguém diz que foi farsa elitista Militares tomaram mar e terra... Em novembro fechado o Congresso Militares vão ser interventores Nos estados... até Governadores Entranhados na trama do processo (Pelo rádio falou repórter Esso) Vão servir ao Ministro da Justiça Porque esta maneira submissa Era letra da ‘Constituição’ Pra conter a ‘mortal revolução’ E o povo com medo vai à missa (HELENA apud CURRAN, 2003, p.116-117).

Durante o Estado Novo, vivia-se num regime com característica

autoritária, que englobava um intenso controle político social e cultural, ou seja,

naquele momento a liberdade do povo brasileiro estava posta em “cheque”.

Com o término da II Guerra Mundial em 1945, novamente a região do

Território Federal do Guaporé sofreu com a desvalorização da borracha. Visto

que a economia daquele lugar girava em torno daquela atividade, muitos

abandonaram tal espaço.

Segundo IBGE (1950), por meio do VI Recenseamento Geral do Brasil,

constatou-se que o Território Federal do Guaporé contava com uma população

de 36935 pessoas. Desse total, 9691 estavam em Guajará-Mirim e 27244 em

Porto Velho. A educação estava configurada da seguinte forma: 23135 pessoas

com idade de 15 anos e mais, sendo que desses 11674 sabiam ler e escrever

e 11396 não sabiam ler e escrever, além de 65 pessoas sem declaração de

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instrução. Das pessoas de 10 anos e mais que possuíam curso completo: 2044

pessoas com grau elementar, 366 pessoas com grau médio e 79 com grau

superior.

Na região do Território Federal do Guaporé, em virtude dos inúmeros

ciclos econômicos passageiros, várias escolas, que foram criadas, tiveram vida

efêmera, ou seja, atendiam uma demanda de momento, sendo extintas em

seguida.

Diante dos inúmeros fatores que contribuíram para o povoamento do

Oeste do País, destacamos a construção da linha telegráfica, pela Comissão

Rondon. Tal comissão foi chefiada pelo Marechal Cândido Mariano da Silva

Rondon (1865 - 1958), uma figura importante dentro da história de Rondônia,

por seu caráter de liderança na exploração da região, hoje denominada de

Rondônia. A comissão tinha dentre seus objetivos construir uma linha

telegráfica entre Cuiabá e Santo Antônio do Alto Madeira (distante sete

quilômetros de Porto Velho, atual capital de Rondônia) e desenvolver estudos

sobre a região. Sobre a Comissão Rondon, Hardman (2005) assim se

pronuncia:

Todos os depoimentos convergem para um fato: as duríssimas condições de trabalho na Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas. Sob a chefia de Rondon, de 1907 a 1915 foram construídos 2270 quilômetros de linhas e 28 estações telegráficas; realizou-se o levantamento geográfico de 50 mil quilômetros lineares de terras e águas; determinaram-se mais de duzentas coordenadas geográficas; descobriu-se doze novos rios e corrigiram-se engano sobre o curso de tantos outros; como o rio da Dúvida; iniciou-se oficialmente uma política do estado para questão indígena, com a criação do Serviço de Proteção ao Índio, em 1910 (HARDMAN, 2005, p.187).

A linha telegráfica, entre Cuiabá e Santo Antônio do Alto Madeira,

possibilitou a interligação da região aos grandes centros e deu suporte para a

construção da BR-029 (atual BR364), principal via de deslocamento rodoviário

de Rondônia.

Já no mandato do presidente Juscelino Kubitschek (1956), segundo

Gomes (2010), duas ações ficaram marcadas para a região do atual Estado de

Rondônia: a mudança de nome do Território Federal do Guaporé para Território

Federal de Rondônia (homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva

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Rondon) e a obra de abertura da BR-029 (atual BR-364). Como podemos

perceber na figura abaixo, a BR-364 foi inaugurada no governo João

Fiqueiredo, que participou da cerimônia.

Figura 9: Cerimônia de inauguração da BR-364.

Fonte: Silva, 1991, p.121

A BR-364 proporcionou um salto populacional para a região em virtude

da facilidade de interligação com os grandes centros do País. Um grande

contingente de famílias se instalou ao longo da BR-364, dando origem às

principais cidades do Estado (Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste,

Jarú, e Ariquemes).

A educação no Território Federal de Rondônia era algo preocupante, em

especial, citamos a questão do baixo índice de aproveitamento das classes de

alfabetização. De acordo com o relatório das atividades do governo de 1957 e

1958, a alfabetização no Território estava caracterizada da seguinte forma:

Das 80 (oitenta) escolas primárias de todo o Território, 38 (trinta e oito) foram mantidas fechadas, em localidades do interior, deixando-se sem instrução grande número de crianças. Um fato, posto em evidencia, permite compreender-se a situação de abandono a que foi delegado o ensino no Território: das 1013 crianças que restaram, no final do ano letivo, nas classes de alfabetização da Capital, apenas 289 foram aprovadas, isto é, foram alfabetizadas, representando esses números um índice de aproveitamento de 28,5% (Governo do Território Federal de Rondônia, 1959)

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Entendemos que a ocupação humana do Território Federal de Rondônia

aparece como uma estratégia política/militar para assegurar a posse dessa

região distante dos grandes centros e também para empurrar os problemas

sociais (falta de emprego e moradia) principalmente das regiões sul-sudeste

para o interior do País. A política adotada para a ocupação da Amazônia, na

verdade, amplia a concentração de terras e latifúndio nas mãos de fazendeiros.

Segundo Carneiro:

[...] na Amazônia, região que recebeu os trabalhadores desempregados resultantes da concentração fundiária ocorrida no sul-sudeste nos anos das décadas de 1960-1980. Esses trabalhadores começavam a representar perigo de distúrbios sociais por não ter acesso a empregos em suas regiões. [...] Embora possa parecer que o processo de expansão da fronteira amazônica tenha sido um processo de reforma agrária, isso de fato não ocorreu. Pelo contrário, aconteceu também na Amazônia, uns processos de concentração fundiária a partir do trabalho dos migrantes que abriram os lotes e depois os vendiam ou abandonavam ocasionando a concentração de terras e a ampliação do latifúndio nas mãos de fazendeiros. (CARNEIRO, 2007, p.7).

Na ocupação do Estado de Rondônia, observamos um exemplo muito

claro da falta de organização do poder público ao incentivar a ocupação

daquela região com um plano de ações, visando principalmente interesses

políticos e econômicos. “A invenção de Rondônia”, como se posiciona Carneiro

(2007), enganou milhares de migrantes que vieram para Rondônia na

esperança de resolverem seus problemas, o que de fato não se concretizou

para muitos.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA foi o

principal instrumento governamental responsável por intermediar a colonização

em Rondônia. Segundo Lima (1993), o INCRA criou um departamento que foi

responsável por instalar e manter escolas em Ouro Preto do Oeste.

Na colonização de Rondônia, os interesses políticos dos governantes

falaram mais alto, infelizmente milhares de pessoas foram enganadas por uma

ideia falsa de reforma agrária. Sendo assim, ao chegar à Rondônia, os colonos

candidatos a receberem um lote de terra passavam por uma seleção. Aqueles

que recebiam suas terras ficavam agradecidos ao Estado. Os outros

aguardavam pacificamente ser beneficiados por algo que poderia nunca

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receber. Mesmo alguns que recebiam terras, por falta de apoio governamental,

acabavam abandonando suas terras que seriam engolidas pelos grandes

latifundiários. Essa engrenagem soterrou os sonhos de muitas pessoas simples

e humildes que vieram para Rondônia apenas com a perspectiva de uma vida

melhor.

Paralelamente ao aumento populacional no Território Federal de

Rondônia, o anseio pela ampliação de novas escolas e, posteriormente, a

continuidade nos estudos por meio dos cursos de nível superior também

aumentava. Podemos visualizar, por meio da Tabela 4, a seguir, a quantidade

de matrículas no ensino básico em Rondônia nas décadas de 1950 a 1970:

Anos Quant. Escolas

Quant. Docentes

Quantidade de Alunos

PRIM. GIN. MED. SUPER. PRÉ- ESC.

SUPLET.

1950 35 119 3675 58 - - -

1960 68 260 9100 660 280 - - -

1970 178 600 21190 5580 1550 - - -

Tabela 4: Situação escolar em Rondônia: 1950-1970.

Fonte: Lima, 1993, p.29

Obs. PRIM. = Primário (1ª a 5ª série)

GIN. = Ginásio ( 1ªa 4ª série)

MED. = Médio (1ª a 3 ª série)

SUPER. = Superior

PRÉ-ESC. = Pré-Escolar

SUPLET. = Supletivo

Os dados da tabela 4 revelam o salto em relação aos alunos

matriculados em todas as modalidades de ensino em Rondônia. A expansão

das matrículas nos três níveis de ensino era uma estratégia nacional para

equilibrar o plano de desenvolvimento (cultural, social e econômico) proposto

para o País. Percebemos essa estratégia nos discursos oficiais dos órgãos

responsáveis pela educação no Brasil, como exemplo, citamos o parecer nº

207/67, aprovado em 6 de junho de 1967 pelo Conselho Federal de Educação,

que ressalta :

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Impõe-se necessário a revisão do processo de crescimento dos três ensinos, o primário, o médio e o superior. [...] O alargamento das bases educacionais é indispensável ao equilíbrio do sistema, do ponto de vista educacional, mas também do ponto de vista cultural, social e econômico (MEC,

parecer nº 207/67, 1967).

Principalmente a partir das décadas de 70 e 80 do século XX,

estabeleceu-se em Rondônia um contingente migratório muito grande e

acelerado, procedente de vários Estados do País. Vale ressaltar que, nesse

período, o País, regido pela ditadura militar, tinha como modelo econômico,

segundo Costa e Melo (1999, p.354) o tripé: “a concentração de renda, a

expansão de crédito para as camadas médias e a abertura ao capital

internacional”, sendo a educação uma forma de controle ideológico.

Apesar das iniciativas do governo de ampliar a educação nos núcleos

populacionais, que se formaram em Rondônia, de acordo com LIMA (1993), era

comum a própria comunidade se antecipar, e assim, improvisar escolas,

escolher administradores e professores de acordo com suas habilidades.

Esperar ações governamentais, nesse sentido, poderia significar muita demora

devido aos inúmeros núcleos populacionais existentes, além de existirem

poucos professores habilitados. Em síntese, a educação em Rondônia, no final

da década de 70 do século XX, era precária. Tal situação pode ser evidenciada

nos próprios documentos oficiais da Secretaria de Estado da Educação, órgão

responsável pela educação em Rondônia:

Começamos nossa análise da Educação em Rondônia a partir de 1979, pois é nesta data que se inicia um trabalho sistemático calcado em parâmetros científicos, visando superar as condições precárias da Educação, quer na rede física, quer no atendimento à clientela, quer na qualidade do ensino ministrado, quer na baixa qualificação do corpo docente, sobretudo na zona rural (Secretaria de Estado de Educação, 1982, p.2).

Diante do caos social, enfrentado por Rondônia, na década de 1970,

destacamos o “Projeto Rondon” (1967-1989), uma iniciativa nacional, que

atuou em Rondônia, com ações paliativas no sentido de minimizar seus

problemas sociais.

O projeto Rondon se constituiu numa iniciativa de cunho social,

coordenado pelo Ministério da Defesa em parceria com o Mistério da

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Educação. Segundo Rodrigues16, o projeto era caracterizado por um

movimento voluntário que tinha como objetivo ajudar a resolver alguns dos

graves problemas sociais das regiões interiorana do País, utilizando os

conhecimentos dos universitários em seus períodos de férias. Durante o

desenvolvimento do Projeto Rondon, Milhares de estudantes e professores se

deslocavam para regiões desconhecidas do interior do Brasil. Esse projeto foi

uma oportunidade para os universitários tomarem conhecimento de uma

realidade que só ouviam falar, ou seja, um Brasil esquecido no interior do País.

Ao mesmo tempo, tornou-se uma estratégia militar de desenvolvimento e

segurança nacional.

O primeiro lugar a ser contemplado com ações do Projeto Rondon foi

Rondônia. De acordo com Rodrigues (2008), no ano de 1967, um grupo de

vinte e oito universitários e dois professores da Universidade do Estado da

Guanabara/UEG chegou a Rondônia. De acordo com Pravato (2011), a equipe

realizou diversas atividades em Rondônia:

A equipe que participou da ‘Operação zero’, como ficou conhecida, permaneceu na região por 28 dias. Realizou trabalhos de levantamento, pesquisa e assistência médica, e criou o slogan ‘Integrar para não entregar’ (PRAVATO, 2011, p.23).

Por meio do Projeto Rondon, foi viabilizado a implantação de inúmeros

campi avançados pelo interior do País. Na figura a seguir podemos perceber a

localização desses campi.

16

RODRIGUES, Mauro Costa. Disponível em:

<http://www.ufrgs.br/projetorondon/framepage_historico.htm>. Acesso em: 07 fev. 2011.

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Figura 10: Distribuição dos Campi Avançados.

Fonte: Mauro Costa Rodrigues. Projeto Rondon RS

Segundo Rodrigues (2008), os campi avançados eram extensões das

Universidades, com instalações fora da universidade, nos lugares menos

desenvolvidos do Brasil. Essas extensões constituíam um local estratégico

para o estágio dos universitários.

A criação dos campi, em regiões do interior do País, está ligada à ideia

de apoiar a interiorização de profissionais de nível superior, tanto nas

profissões liberais quanto na ocupação de cargos públicos.

Nessa perspectiva, no de 1973, foi viabilizado um convênio entre o

Governo do Território Federal de Rondônia e a Universidade Federal do Rio

Grande do Sul – UFRGS. Assim foram instalados os primeiros cursos

superiores no Território de Rondônia, sendo estes: Práticas Artes, Letras,

Estudos Sociais e Ciências.

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Segundo Albuquerque e Maia (2007), as dificuldades daqueles cursos

eram imensas, destacando principalmente a escassez de livros para consulta

dos estudantes a ponto de os professores da UFRGS ter de trazer, nas suas

bagagens, os livros que os alunos utilizariam para fazer pesquisas sobre temas

de suas respectivas disciplinas. Essa iniciativa foi bastante questionada pelo

então Secretário de Educação de Rondônia, Jersy Badocha, no ano de 1975.

Seus argumentos se referiam aos gastos astronômicos com essa parceria,

questionando que, na verdade, o Estado carecia de cursos superiores

regulares.

Acreditamos que as estratégias adotadas para suprir a carência pelo

ensino superior em Rondônia, a partir da década de 70 do século XX,

reproduzam reflexos da política nacional contida no Plano Nacional de

Educação que, para o período de 1962/1970, segundo Romanelli (1986,

p.185), trazia como meta para o ensino superior “Expansão da matrícula até a

inclusão, pelo menos, da metade dos que terminem o curso colegial”.

O próximo passo do ensino superior público em Rondônia foi a criação

da Fundação Centro de Ensino Superior de Rondônia – FUNDACENTRO

(inicialmente chamada de Fundação Universitária do Município de Porto Velho),

no ano de 1975. Essa fundação tinha como objetivo fundamental, segundo

Albuquerque e Maia (2007, p. 30), “[...] implantar, promover e ministrar o ensino

superior no então Território Federal de Rondônia, compreendendo o ensino de

pós-graduação em seu sentido mais amplo, a pesquisa e a extensão

universitária”.

No ano de 1980, aconteceu o primeiro vestibular da FUNDACENTRO,

na cidade de Porto Velho, no qual foram oferecidos os Cursos de

Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas, com um total de

150 vagas, sendo 50 vagas para cada curso.

Diante dos cursos que foram oferecidos pela FUNDACENTRO,

acreditamos que exista uma relação entre a escolha desses cursos com o fato

da necessidade de uma estruturação administrativa, política e econômica,

preparando o território para se “inventar” um novo Estado. Ou seja, tais cursos

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dariam suporte para a implantação administrativa/política da nova Unidade

Federativa Nacional que estava por vir.

Vale lembrar que, no Brasil, na década de 70 do século XX, a educação,

em todas as esferas, teve significativa influência dos acordos MEC-USAID

(Ministério da Educação e Cultura/ United States Agency International for

Devolopment). De todas as ações desenvolvidas pela Agency International for

Devolopment - AID, os mais tônicos se referem ao ensino superior. Porém,

segundo Romanelli (1986):

A esse respeito, o esquema de ‘reformulação estrutural’ das Universidades é proposto de forma bastante clara e visa a uma dependência direta das instituições dos países subdenvolvidos às instituições americanas de ensino superior (ROMANELLI, 1986, p.211).

Seguindo à política adotada pelo País, expansão do ensino superior

(década de 1970), acompanhamos a firmação do convênio entre o governo do

Território Federal de Rondônia e a Universidade Federal do Pará – UFPA, para

a implantação de um Núcleo da Universidade Federal do Pará – NUFPA na

cidade de Porto Velho. Esse convênio tinha por objetivo suprir a carência de

cursos em nível superior no Território Federal de Rondônia, especialmente na

área da educação. Sendo assim, aconteceram cursos ministrados pela UFPA,

tanto na capital Porto Velho, como em cidades do interior. O Núcleo de

Educação da Universidade Federal do Pará finalizou suas atividades no ano de

1985.

Ainda na tentativa de minimizar a carência pelo ensino superior, em

especial na área da educação, segundo Lima (1993, p. 32), aconteceu um

convênio entre o governo do Território Federal de Rondônia e a Fundação

Universidade Federal do Acre – FUFAC, com a instalação de Cursos de

Licenciatura Curta na cidade de Guajará-Mirim, nas áreas de: Administração

Escolar, Estudos Sociais e Supervisão Escolar.

Além das parcerias citadas anteriormente entre o governo do Território

Federal de Rondônia e instituições de ensino superior de outros estados,

segundo Albuquerque e Maia (2007, p.119), vale ressaltar também as parcerias

com as seguintes instituições: Universidade Federal do Amazonas, Faculdade

Católica de Mato Grosso, Faculdade Estadual de Medicina do Pará,

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Universidade federal de Goiás, Universidade Federal de Mato Grosso, Centro

de Ensino Superior do Pará, Faculdade Veiga Marques – Rio de Janeiro,

Faculdade Veiga de Almeida – Rio de Janeiro, Faculdades Metropolitanas

Unidas – São Paulo e Centro Técnico de Ensino Contábil.

Essas foram algumas tentativas por parte do governo do Território

Federal de Rondônia para suprir a demanda pelo ensino superior. Entendemos

que tais medidas estão relacionadas ao plano nacional de expansão do ensino

superior posto em ação a partir do ano de 1967, explicitado pelo parecer nº

209/67, aprovado em 6 de junho de 1967, pelo Conselho Federal de Educação.

Apesar de paliativas, entendemos que a estratégia de convênio deu suporte

para a criação de uma Universidade em Rondônia que atendesse de forma

regular a população do Estado. Ou seja, aproveitou-se uma estrutura, tanto

física quanto humana, para implantar uma Universidade em Rondônia.

No ano de 1976, de acordo com Lima (1993), em Rondônia, teve início o

I Plano Territorial de Educação e Cultura prevendo ações no setor da educação

para os próximos quatro anos. Inclusive é nesse período que, por meio dos

decretos nº 1100/79 e nº149/80, a responsabilidade do ensino de 1º e 2º Graus

passa a ser dos municípios e não mais do Território.

Em meio à grande movimentação migratória rumo à Rondônia,

aconteceu a criação do Estado de Rondônia, por meio da Lei complementar nº

41 em 22 de dezembro de 1981. Sua instalação ocorreu em 4 de janeiro de

1982.

Para o progresso ser de fato consolidado em Rondônia, as autoridades

políticas perceberam ser necessário um olhar diferenciado para a educação

naquela região. É nesse momento que se observou com maior ênfase a

necessidade principalmente da autonomia no ensino superior. Não dava mais

para importar profissionais que ocupariam os cargos inerentes a engrenagem

de sustentação política, econômica e cultural do Estado recém-criado.

Faltavam profissionais em diversas áreas. Além do mais, aqueles que vinham

eram muito caros e/ou não suportavam ficar em um lugar com as mínimas

condições de vida.

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Empenhar esforços para a criação de uma universidade regular pública

em Rondônia era uma opção que poderia resolver alguns dos problemas

daquele Território. Em especial a quantidade de alunos matriculados em todas

as modalidades de ensino aumentava significativamente a cada ano, sendo

assim, a educação era uma das áreas mais carentes por profissionais

qualificados. Sobre o aumento das matrículas na educação em Rondônia

podemos verificar tal situação na Tabela 5 abaixo, disponibilizada pela

Secretaria de Estado da Educação (1982).

Período Zona

Quantidade de Alunos Matriculados

Pré-Escolar.

1º Grau

2º grau.

3º Grau.

Ensino Supletivo.

Ensino Especial

Total

1979 Urbana 3950 49389 4681 240 355 192

93689 Rural - 34802 - - 80 -

1980 Urbana 5353 62783 5934 353 7271 218

124187 Rural - 42075 - - 200 -

1981 Urbana 8354 77415 7066 677 13247 42

161782 Rural - 53132 - - 1891 -

1982 Urbana 13000 96382 11300 1564 29889 1200

225596 Rural 66150 - - 6111 -

Tabela 5: Matrículas na educação básica de Rondônia: 1979-1981.

Fonte: Secretaria de Estado da Educação, 1982

Ressaltamos o aumento quantitativo nas matrículas do 2º grau a partir

de 1979. Entendemos que tal fato também contribuiu para reclamar a

implantação do ensino superior por meio de uma universidade regular em

Rondônia.

Um marco para a educação em Rondônia aconteceu em 1981, segundo

Lima (1993), naquele ano foi dado início ao II Plano Territorial de Educação,

com uma programação de ações previstas para até o ano de 1985. Tais ações

se basearam num diagnóstico elaborado pelo Governo do Território que

constatou a seguinte situação:

a) população escolar da faixa etária de 7 a 14 anos – 243496, da qual 95450 crianças não estavam sendo atendidas por falta de salas de aula;

b) déficit de sala de aula 1532, equivalentes à 143 escolas de 10 salas de aula;

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c) professores leigos de 2725 equivalente a 33% do corpo docente geral;

d) decréscimo do percentual de repasses de recursos financeiros destinados à educação pelo Governo Federal (decréscimo de 16% no período;

e) manutenção em altos níveis do crescimento demográfico;

f) elevado índice de repetência, evasão e defasagem idade/série;

g) precariedade do ensino supletivo implicando no atendimento de parte expressiva de sua clientela pelo ensino regular em detrimento ao atendimento à clientela de 7 a 14 anos;

h) precariedade de atendimento ao pré-escolar, implicando em elevado índice de repetência e evasão na 1ª série (LIMA, 1993, p.25-26).

Na tentativa de minimizar os problemas educacionais de Rondônia,

segundo Lima (1993, p.26), “o governo indica como solução a expansão da

rede escolar construindo no período de 1986/1987, 2900 salas de aula na zona

urbana e 2735 na zona rural”. É nesse momento que se evidencia com maior

dimensão o problema da falta de professores habilitados. Ou seja, como

preencher as novas salas de aulas, com professores habilitados, num intervalo

de tempo pequeno? A criação de uma universidade regular em Rondônia

poderia ser uma solução para tal questão, ou pelo menos um “analgésico” de

efeito rápido.

Entendemos que um dos objetivos da criação de uma Universidade em

um local novo atenda à necessidade de fixação/demarcação de território e

também desenvolvimento profissional/tecnológico dessa região. Dessa forma,

acompanhando a estruturação administrativa de Rondônia junto ao Estado

recém criado, implanta-se a Fundação Universidade Federal de Rondônia -

UNIR, em 08 de julho de 1982 por meio da lei nº 7011. Inicialmente a

instituição foi implantada na cidade de Porto Velho, (capital do Estado) por

meio da incorporação da estrutura (professores, biblioteca e alguns

funcionários) da Fundação Centro de Ensino Superior de Rondônia –

FUNDACENTRO. Os cursos que estavam em funcionamento (Administração,

Ciências Contábeis e ciências Econômicas) tiveram sequência.

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65

Por meio do termo de nomeação (Anexo 2), observamos que o primeiro

reitor da UNIR (1982), empossado pelo então presidente da república, João

Figueiredo, foi o engenheiro agrônomo Euro Tourinho Filho.

A situação de Rondônia, durante o processo de criação da UNIR, estava

configurada, segundo IBGE (1980), da seguinte forma: população total de

491069 pessoas, sendo que, desse total, 178490 pessoas não tinham instrução

nenhuma. A quantidade de pessoas com 10 anos ou mais era de 101717,

dentre elas, os que possuíam curso completo, de acordo com o grau de

instrução, dividia-se em: 75884 com grau elementar; 15626 com 1º grau; 7669

com 2º grau; 2329 com ensino superior; 209 com curso de mestrado ou

doutorado.

A criação da UNIR deu ao Estado certa autonomia frente ao ensino

superior, minimizando as carências profissionais advindas de um Estado recém

criado.

Com a intenção de minimizar a carência por professores no interior de

Rondônia, no ano de 1988, aconteceu o processo de interiorização dos cursos

da UNIR. Instalou-se assim, os campi da UNIR nas cidades de Ji-Paraná,

Vilhena, Guajará-Mirim, Rolim de Moura e Cacoal.

No início da interiorização, os cursos oferecidos, nas cidades do interior,

foram: Ciências - Habilitação em Matemática, Pedagogia, Ciências, Letras e

Ciências Contábeis. A professora entrevistada, Beatriz Machado Gomes,

acredita que a criação dos campi da UNIR, no interior, foi uma estratégia para

suprir a carência de professores em virtude do aumento populacional das

décadas de 80 e 90 do século XX:

[...] na verdade os campi da Universidade Federal de Rondônia foram implantados justamente por uma necessidade, proveniente da ocupação do estado de Rondônia que foi muito intensa. Na década de 80 e 90, a migração foi muito grande, então começou a ser cobrado da Universidade preparar professores para receber esse aumento da população. O estado teria que aumentar o número de escolas, contratação de professores e se organizar socialmente. Então, por esta necessidade foram implantadas basicamente em todos os campi as licenciaturas para a formação de professores. Dessa forma foi implantado os cursos de Licenciatura em Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena, Rolim de Moura. Todos os campi do interior

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66

possuíam cursos de licenciatura (GOMES, Entrevista em... 2010).17

Atualmente, Rondônia conta com uma população de aproximadamente

um milhão e meio de pessoas, distribuídas em 52 municípios. Sua economia é

movimentada principalmente pela agricultura e pecuária, destacando-se

também, o extrativismo vegetal e mineral, piscicultura, apicultura e a

agroindústria. Não podemos nos esquecer de que um dos setores da economia

que mais cresce é o de serviços e comércio em virtude do aumento da

população urbana.

Ao final do ano de 2008, presenciamos em Rondônia mais um surto

migratório para a região impulsionada pela construção das duas usinas

hidrelétricas no Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau. Segundo Moret e Guerra

(2009, p. 5), os custos estimados para os dois empreendimentos são da ordem

de R$ 18, 4 bilhões.

A cidade de Porto Velho, devido sua proximidade com as hidrelétricas é

a mais afetada diretamente pela construção das hidrelétricas. Para se ter uma

ideia, atuando diretamente nas obras, segundo Moret e Guerra (2009), temos

os seguintes números:

Durante a construção somente 1.500 trabalhadores serão os permanentes. Entre o primeiro e o terceiro ano serão contratados em torno de 15.000 trabalhadores e o ‘pico’ da obra será de apenas 3 meses com 20 mil trabalhadores. Há denúncias dos sindicatos dos trabalhadores da cidade de Porto Velho que as relações de trabalhos são excludentes e preconceituosas, com salários diferenciados e menores para aqueles moradores da cidade, a carga horária de trabalho excessiva, falta de condições adequadas para alimentação e descanso, irregularidades com as contratações dos trabalhadores não obedecendo ao período de experiência (MORET e GUERRA, 2009).

Na contramão desse aumento populacional em Rondônia, percebe-se

uma falta de infraestrutura para acompanhar tais mudanças. Serviços básicos

como saúde, educação e transporte público são afetados promovendo caos e

desordem aos moradores, principalmente os de Porto Velho.

Muitos têm a ilusão de que as usinas do Rio Madeira são o impulso que

Rondônia precisa para se sobressair economicamente, mas, aqueles, nem

17

Textualização 8.

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67

sempre conhecem a outra face da moeda. De acordo com Moret e Guerra

(2009), “as UHE`s previstas têm como objetivo atender as demandas do centro

sul e parte tem como foco a exportação de produtos com baixo valor agregado

e por consequência grande quantidade de energia é exportada”18. Assim, após

o término das obras das hidrelétricas temos dúvidas sobre o que restará de fato

para a sociedade rondoniense.

Acompanhando a expansão do estado, atualmente a UNIR possui

campus nas cidades: Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Porto Velho, Rolim de

Moura, Presidente Medici, Ariquemes e Vilhena. A Universidade Federal de

Rondônia oferece à população, vários cursos de graduação nas mais variadas

áreas do conhecimento, além de cursos de mestrado e doutorado.

Ao ouvirmos as palavras do reitor da UNIR, em exercício (mandato de

2010), José Januário de Oliveira Amaral, percebemos algumas das dificuldades

enfrentadas por uma Universidade na região amazônica:

As nossas Universidades da Amazônia elas tem um problema, não só a UNIR, mas outras Universidades mais antigas, por que nós não temos uma capacidade instalada ainda insuficiente para atender nossas demandas, nós temos que construir o espaço físico e nós temos também que começar a construir e consolidar um quadro de professores e técnicos administrativos que possam dar suporte. Isso então é uma dupla tarefa para nós aqui na Universidade, temos que construir espaços para o professor, além disso, outra deficiência é a falta de laboratórios e equipamento quero dizer que foi muito complexo a construção das nossas Universidades, principalmente na Amazônia foram feitas sem planejamento, não houve um planejamento por parte do governo federal, elas foram simplesmente criadas a partir de algumas estruturas que já existiam, a partir daí ela foi crescendo... Crescendo... Crescendo... Nós tivemos o primeiro vestibular da UNIR com 430 alunos e o nosso vestibular de 2011 vai lançar o edital agora, tem 2700 vagas no vestibular, quer dizer é um aumento considerável em 28 anos de Universidade (AMARAL, Entrevista em... 2010).19

Percebe-se que houve uma ampliação no ensino superior em termos

quantitativo, porém, os investimentos referentes aos recursos materiais e

humanos não foram suficientes para acompanhar essa ampliação tal

problema acompanha o ensino superior desde a época das escolas superiores

18

UHE’s – Usinas Hidrelétricas. 19

Textualização 7.

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68

segundo Fernandes (1975), isso impediu algumas conquistas de funções

específicas da Universidade como:

[...] (produção de conhecimento original, principalmente através da expansão da pesquisa, e formação de um horizonte intelectual crítico, dirigido para a análise da sociedade brasileira, da situação da civilização ocidental moderna e das grandes opções históricas com que se defrontam a humanidade em nossa época). Essa inconsistência, bem ponderadas as coisas, significa ausência de uma mentalidade universitária adequada à concepção de mundo na era da ciência, da tecnologia científica e do planejamento em escala social (FERNANDES, 1975, p.58).

Uma grande dificuldade encontrada pela Universidade Federal de

Rondônia, na busca por desempenhar sua função é a fixação de doutores em

seus quadros. Esse problema fica bem evidente nas palavras do reitor da UNIR

(2010), José Januário de Oliveira Amaral:

Pra você ter uma ideia, a três mandatos atrás nós tínhamos problemas para formar a lista tríplice, por que não tínhamos professores doutores suficientes. Hoje nós temos mais de 150 doutores na Universidade, ainda é pouco, nós temos nove nos cursos de pós-graduações strito senso, 8 mestrados e um doutorado, quer dizer então, apesar das dificuldades para fixarmos doutores, aqui tem uma rotatividade muito grande em determinados cursos. O curso que você fez Matemática, é uma área muito difícil para nós fixarmos doutores aqui, nessa área básica é muito difícil (AMARAL, Entrevista em... 2010).20

Numa tentativa de minimizar o problema da fixação de doutores na

Amazônia foi criada a Rede Amazônia de Educação em Ciências – REAMEC.

Esse é um programa de Doutorado formado por instituições públicas de ensino

superior existentes nos nove Estados da Amazônia Legal. A coordenadora

geral da rede é a professora doutora Marta Maria Pontin Darsie.

O REAMEC está estruturado em três pólos: Universidade Estadual da

Amazônia (UEAM) – Manaus, Universidade Federal do Pará (UFPA) – Belém e

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Cuiabá. O programa tem duas

linhas de pesquisa: Formação de Professores de Ciências e Matemática e

Metodologia de Ensino de Ciências e Matemática.

Entendemos que o REAMEC pode contribuir para o fortalecimento da

UNIR. Uma instituição que situa-se em uma região Amazônica, longe dos

20

Textualização 7.

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69

grandes centros, merecendo uma política educacional diferenciada em virtude

de suas peculiaridades. Nem sempre esse aspecto é observado pelos

representantes parlamentares, ao criarem ou modificarem políticas

educacionais. Isso dificulta o desenvolvimento da função de uma instituição de

ensino superior em uma região com características próprias como observamos

que se apresenta em Rondônia.

Em Rondônia, a explosão demográfica, ocorrida nas décadas de 70 e 80

do século XX, e a implantação da obrigatoriedade do ensino de 1º grau a todos

entre 7 e 14 anos, aliadas à falta de planejamento para tais eventos, causou

um grande problema para o setor educacional do Estado. Sendo assim,

inúmeros leigos assumiram a docência em Rondônia, em virtude do rápido

aumento de escolas e matrículas em oposição ao pequeno número de pessoas

habilitadas para exercerem o magistério. Nesse sentido, destacamos a atuação

da UNIR, e sua contribuição na habilitação de professores no Estado de

Rondônia.

A falta de professores é um problema que, desde longa data,

acompanha e educação no Brasil, em especial citamos a carência por

professores habilitados na área de Matemática. No Estado de Rondônia, para

se ter uma ideia, de acordo com levantamento estatístico da SEDUC/RO, no

ano de 1991, havia uma necessidade de 2952 professores para normalizar seu

quadro de docentes. De forma específica, a disciplina de Matemática estava

com um déficit de 238 professores.

Ao longo dos anos, várias estratégias foram utilizadas para minimizar a

falta de professores habilitados em Matemática em Rondônia. No próximo

capítulo, mostraremos algumas das ações efetuadas nesse sentido, com

ênfase aos cursos oferecidos pela UNIR.

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CAPÍTULO II

ALGUMAS EXPERIÊNCIAS COM A INTENÇÃO DE HABILITAR

PROFESSORES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA EM RONDÔNIA:

CURSOS EXTINTOS

Ao longo deste capítulo, temos por objetivo apresentar como

historicamente aconteceram algumas das estratégias que visavam habilitar

professores para o ensino de Matemática no Estado de Rondônia. Daremos

ênfase ao Curso de Ciências – Licenciatura de 1º Grau/Licenciatura Curta,

Complementação em Matemática, Exames de Suficiência, Curso Parcelado de

Licenciatura em Matemática e Programa de Habilitação e Capacitação de

Professores Leigos - PROHACAP. Entendemos que esses Cursos supriram a

necessidade de habilitação de professores em um determinado momento. Além

disso, temos indícios de que algumas dessas estratégias serviram de suporte

para a implantação e consolidação dos Cursos de Licenciatura em Matemática

existentes hoje em Rondônia.

Vários professores de Matemática que atuam hoje em Rondônia são

frutos dos cursos que descrevemos neste capítulo. Entendemos que tais

cursos tiveram intencionalidades específicas baseadas na necessidade do

momento histórico ao qual estavam inseridos. Conhecer os cursos extintos, nos

quais se formaram professores de Matemática em Rondônia pode nos auxiliar

a distinguir o que permaneceu e o que mudou na formação que é oferecida

atualmente, considerando que cada momento teve suas características.

2.1 HABILITAÇÃO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA PERSPECTIVA

HISTÓRICA

Na tentativa de superar a carência por professores da área de Ciências,

na década de 60 do século XX, o Conselho Federal de Educação, por meio do

Parecer nº 81/65, aprovado em 12 de fevereiro de 1965, propôs a formação de

um professor polivalente com direito ao magistério de 1º ciclo, que dava

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habilitação para trabalhar: Iniciação às Ciências, Ciências Físicas e Biológicas

e Matemática. Tal proposta foi assim justificada:

[...] em primeiro lugar, o professor ginasial não deve ser um especialista; em segundo lugar, do ponto de vista pedagógico formativo, o ideal seria que, no primeiro ciclo, o mesmo mestre poderá ocupar-se de mais de uma disciplina; finalmente, porque viria contribuir para resolver o problema da falta de professores (MEC, Parecer nº 81/65, 1965).

Ainda segundo o parecer anteriormente citado, o currículo mínimo para a

formação do professor polivalente era composto das seguintes disciplinas:

Matemática, Física experimental e geral, Química (geral, inorgânica e analítica,

orgânica), Ciências Biológicas (Biologia geral, Zoologia, Botânica) e Elementos

de Geologia, Desenho Geométrico e matérias pedagógicas de acordo com o

Parecer 292/62 (MEC). Ao longo da formação do professor polivalente, para

disciplina de Matemática, o Conselho Federal de Educação sugeria os

seguintes conteúdos:

[...] Matemática, estudada em duas séries, incluindo Álgebra, Aritmética e Teoria dos Números, Geometria Analítica, e Cálculo inclusive um primeiro curso de Probabilidade e Estatística, o que é hoje indispensável à formação matemática de um professor de ensino secundário (MEC, Parecer nº 81/65, 1965).

A licenciatura polivalente tinha a duração de três anos e se destinava a

habilitar professores com visão global das Ciências. Caso não houvesse

professor com formação de quatro anos para trabalhar no 2º Ciclo (colegial), de

acordo com a Portaria nº 46 de 26 de fevereiro de 1965, em seu artigo 4º, os

concluintes da formação polivalente poderiam ocupar tal espaço, ministrando

as disciplinas estudadas em seu currículo.

O aumento na demanda pelo ensino de 1º grau, aliado à falta de

professores, na década de 60 do século XX, proporcionou a criação da Lei

5540, de 28 de novembro de 1968, que instituiu as Licenciaturas de Curta

duração, que davam habilitação para atuar no 1º grau.

Por não se ter uma legislação específica que regulava a carga horária de

tal curso, caracterizou-se um problema: as cargas horárias dos Cursos de

Licenciatura Plena e Curta acabavam sendo próximas.

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Numa tentativa de corrigir a distorção, entre as cargas horárias das

Licenciaturas Curta e Plena, por meio do Parecer nº 895/71 aprovado em 9 de

dezembro de 1971, foi instituído o currículo e a duração mínima de tais cursos.

Sendo assim, o Curso de Ciências passou a contar com a seguinte

configuração: Licenciatura Plena com carga horária de 2500 horas e

integralização de, no mínimo, três anos, e, no máximo, sete; Licenciatura Curta

(Licenciatura de 1º grau), com carga horária de 1500 horas, sendo

integralizada, no mínimo, em um ano e meio e, no máximo, quatro anos letivos.

No final da década de 60 do século XX, ocorreu a criação da escola de

1º grau, obrigatória para a faixa etária de sete a quatorze anos. Tal fato fez as

matrículas, naquela modalidade de ensino, aumentarem em um rápido intervalo

de tempo, contudo, a nosso ver, sem o devido planejamento e condições para

atendimento da demanda. De modo especial, citamos o problema da falta de

professores habilitados, sendo ainda mais precária na área de Ciências.

Com a intenção de regular a atuação no magistério, por meio da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/71, em seu artigo 30,

estabeleceram-se as exigências mínimas para se atuar nos ensino de 1º e 2º

Graus:

b) no ensino de 1º grau, de 1ª a 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representado por licenciatura de 1º grau, obtido em curso de curta duração;

c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente à licenciatura plena (MEC, Parecer nº 1304/73, 1973).

No ano de 1974, aconteceu uma alteração na carga horária das

Licenciaturas ficando estabelecida a carga horária mínima de: Licenciatura

Curta, 1800 horas, com integralização de dois a quatro anos; Licenciatura

Plena, 2800 horas, com integralização de três a sete anos.

O cenário caracterizado pela falta de professores nas áreas de Ciências

(MEC, 1972), aliado ao aumento das matrículas no 1º grau, fez o governo

militar tornar obrigatório, por meio da Resolução 30, do MEC, de 11 de julho de

1974, o Curso de Ciências - Licenciatura de 1º grau (Licenciatura Curta), para

todos aqueles que fossem fazer algum curso de licenciatura específica nas

áreas de Matemática, Biologia, Física ou Química.

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73

Com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento quantitativo, junto às

mudanças estruturais e o aperfeiçoamento do Ensino Médio, foi criado o

Programa de Expansão e Melhoramento do Ensino Médio – PREMEN, por

meio do Decreto nº 63914 de 26 de dezembro de 1968. Tal programa

apresentou, ao Conselho Federal de Educação, um projeto que visava à

habilitação de professores que já estavam em sala de aula, porém, não tinham

formação universitária.

Com especial atenção para a área de Ciências (que incluía a formação

para o ensino de Matemática, Física, Química e Biologia), na qual se

encontrava o maior déficit de professores, de acordo com o Parecer nº

1481/72, aprovado em 15 de dezembro de 1972, o “PREMEN preparou um

projeto em regime parcelado que combinava as atividades letivas exercidas

nos períodos de férias com o treinamento do professor durante os trabalhos

docentes em sua escola”.

O Curso de Ciências, proposto pelo PREMEN, tinha duração de um ano

e meio, sendo seu início previsto para janeiro de 1973. Em uma das

observações no Parecer nº 961/72 - MEC, evidenciamos o público alvo daquele

projeto: “[...] professores que lecionem em localidades onde não existem

Faculdades de Filosofia ou unidades equivalentes e que não tenham condições

de seguir seus cursos”. Essa estratégia tentou minimizar a grande quantidade

de professores leigos que atuavam nas escolas brasileiras. Vale ressaltar que a

quantidade que professores leigos era bem maior em regiões do interior do

País.

2.1.1 Habilitação para o ensino de Matemática no Estado de Rondônia: as

experiências dos convênios

Com os incentivos políticos para a ocupação de Rondônia, um grande

fluxo de pessoas se instalou naquela região. Tal fato trouxe, como

consequência, o aumento da demanda escolar. Um grande problema nesse

sentido se configurava na quantidade de professores habilitados que era

inversamente proporcional à demanda. Nesse contexto, aliado à promulgação

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 5962/71, que

instituiu as normas para se atuar na docência, o governo iniciou uma série de

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convênios com instituições superiores de outros Estados, visando amenizar o

problema da falta de professores habilitados em Rondônia.

No ano de 1973, teve início o convênio entre o governo do Território de

Rondônia e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que

resultou na implantação de um campus avançado em Rondônia. A viabilização

desse convênio foi possível por intermédio do “Projeto Rondon” (1967-1989),

que contribuiu para a criação de inúmeros campi avançados no interior do País.

Em relação ao formato dos cursos oferecidos pela UFRGS, de acordo

com Albuquerque e Maia (2007), tinham a seguinte configuração:

O curso era presencial e realizado durante as férias, em Porto Velho, nos meses de janeiro, fevereiro e julho, denominado período efetivo, com aulas ministradas por professores da UFRGS, e nos demais meses, denominados período intermediário, a orientação ficava a cargo de professores de Porto Velho (ALBUQUERQUE e MAIA, 2007, p.23).

A UFRGS realizou cursos na área educacional, inclusive uma turma de

Ciências que contou com 15 formandos. Sua atuação em Rondônia foi

finalizada no ano de 1975.

No ano de 1976, por intermédio do então governador do Território

Federal de Rondônia, Humberto da Silva Guedes, foi firmado um convênio com

a Universidade Federal do Pará – UFPA. Esse convênio previa a implantação

de uma extensão da UFPA naquele Território.

A relação de Rondônia com a UFPA foi estreita, o que resultou em

vários convênios, inclusive contou com a implantação de um Núcleo de

Educação no Território. Segundo o entrevistado Abnael Machado de Lima, o

convênio com a UFPA foi facilitado pelas singularidades dessa Instituição com

a cultura Amazônica, o que a aproximava mais da realidade Rondoniense.

[...] com a mudança de governo do território, e a formação das primeiras turmas dos cursos superiores, fruto do convênio, achou-se preferível não renovar o convênio com o Estado do Rio Grande do Sul. Foi assim que se buscou o Pará, porque, como esse Estado está no Norte, identifica-se com a cultura Amazônica em geral (LIMA, Entrevista em... 2011)21.

Durante o primeiro convênio entre a UFPA e o Território Federal de Rondônia, segundo Lima (1993), aconteceu

21

Textualização 22.

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um Curso de Ciências Naturais (Ciências - Licenciatura de 1º grau/Licenciatura de Curta duração), que ofereceu 30 vagas à comunidade rondoniense.

Não observamos durante esse primeiro convênio entre o governo de

Rondônia e a UFPA, nenhum curso que dava habilitação para o ensino de

Matemática no interior do Estado, apenas na capital, Porto Velho.

No dia 5 de janeiro de 1981, um novo convênio entre o governo de

Rondônia, representado pelo governador Jorge Teixeira de Oliveira, e a UFPA

foi firmado. Esse convênio visava a continuidade do Núcleo de Educação da

UFPA na cidade de Porto Velho, com o objetivo de promover cursos em nível

de Licenciatura Curta, Plena e especialização, a fim de suprir a carência de

professores e especialistas, para o 1º, 2º e 3º Graus.

O novo convênio contou com a atuação da UFPA em Rondônia tanto na

capital do Estado, Porto Velho, quanto no interior. De acordo com Camargo

(1997):

No período de 1979 a 1981, o Núcleo de Educação da Universidade do Pará, expandiu a sua área de atuação e cria sub-núcleo de ensino superior nas cidades de Ariquemes, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena e Guajará-Mirim. Nas quatro primeiras com as licenciaturas curtas de Letras, Estudos Sociais e Ciências. Em Guajará-Mirim, licenciaturas curtas de Ciências e licenciaturas plenas de Geografia, Letras e Pedagogia. Em Ji-Paraná, com a licenciatura curta de Ciências e licenciaturas plenas de Geografia e História. Em Porto Velho, licenciaturas plenas de Letras, Geografia, História, Matemática e Pedagogia/Orientação Educacional e curso de pós-graduação de Pesquisa e Metodologia do Ensino Superior (CAMARGO, 1997, p.32).

A partir de 1981, de acordo com a Tabela 6, podemos observar a

quantidade de cursos e o número de vagas, oferecidos pela UFPA, em

Rondônia, com o objetivo de dar habilitação para o ensino de Matemática22.

22

Não foi localizado nenhum registro com a quantidade de formandos desses Cursos. Segundo

o entrevistado Abnael Machado de Lima, os registros podem estar na UFPA. Apesar de fazermos várias tentativas, com a intenção de observar tal informação, não obtivemos sucesso.

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Curso Local Nº de vagas

Matemática - Licenciatura Plena

Porto Velho 50

Ciências Naturais – Licenciatura Curta

Ji-Paraná 50

Ciências - Licenciatura Curta Guajará-Mirm 50

Tabela 6: Cursos oferecidos pela UFPA em Rondônia: habilitação para o ensino de

Matemática.

Fonte: Lima (1993)

No arquivo do campus da UNIR de Ji-Paraná, localizamos dois históricos

escolares, de dois formandos do Curso de Ciências Naturais, oferecidos pelo

convênio entre o Governo de Rondônia e a UFPA, na cidade de Ji-Paraná. A

seguir, na Figura 11, podemos observar o histórico da aluna Neuza Trevizane

Dellarmelina, que participou desse Curso.

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Figura 11: Histórico Escolar Neuza Trevizane Dellarmelina. Fonte: Arquivo UNIR/Ji-Paraná

Por meio do histórico escolar anteriormente citado, observamos que o

Curso de Ciências Naturais (Ciências – Licenciatura de 1º grau) foi oferecido

em oito etapas, seguindo o cronograma apresentado na Tabela 7.

Etapa Data

1ª 08 de dezembro de 1981 a 13 de fevereiro de

1982

2ª 14 de junho a 13 de julho de 1982

3ª 27 de dezembro de 1982 a 26 de fevereiro de

1983

4ª 04 a 30 de julho de 1983

5ª 26 de dezembro de 1983 a 12 de março de

1984.

6ª 02 a 31 de julho de 1984

7ª 10 de dezembro de 1984 a 20 de junho de

1985.

8ª 02 a 26 de julho de 1985

Tabela 7: Etapas do Curso de Ciências Naturais oferecido pela UFPA em Rondônia

Fonte: Histórico Escolar de Neuza Trevizane Dellarmelina

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O Curso de Ciências Naturais oferecido em cidade de Ji-Paraná teve

carga horária de 2070 horas e contou com as disciplinas, apresentadas na

Tabela 8, a seguir.

Disciplina Carga horária/horas

Estudos dos Problemas Brasileiros I 30

Elementos de Química 105

Fundamentos de Matemática elementar 75

Cálculo I 75

Elementos de Matemática 105

Elementos de Biologia 105

Elementos de Física 105

Estrutura e Funcionamento do Ensino. de 1º grau

45

Língua Portuguesa e Comunicação 75

Física Geral 90

Geometria e Vetores 75

Estudos dos Problemas Brasileiros II 30

Elementos de Geologia 45

Fundamentos de Química Inorgânica 75

Fundamentos de Química Orgânica 75

Física I 75

Zoologia Geral 90

Introdução à Educação 90

Probabilidade e Estatística 60

Psicologia da Educação 75

Ecologia Básica 75

Didática Geral 120

Botânica Geral 90

Prática de Ensino I (Estágio Supervisionado) 75

Introdução ao Método Científico 75

Cálculo II 75

Educação Física 60

Total 2070

Tabela 8: Disciplinas oferecidas no curso de Ciências Naturais.

Fonte: Histórico Escolar de Neuza Trevizane Dellarmelina

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79

Segundo nosso entrevistado Arivelton Cosme da Silva, os professores,

que atuaram no Curso de Ciências Naturais, oferecido pela UFPA, em Ji-

Paraná, vieram do Pará, de Mato Grosso e alguns da própria UNIR/Porto

Velho.

Nós tivemos professores da Universidade Federal da Pará, que vieram do Pará, do Mato Grosso, da UFMT. Parece-me que dois da UFMT. Tivemos professores de Ji-Paraná, de Porto Velho. Nesse intervalo, havia iniciado o núcleo da Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho, e alguns desses professores vieram trabalhar aqui no Curso (SILVA, Entrevista em... 2011)23.

Vale ressaltar que, durante o oferecimento do Curso de Ciências

Naturais em Ji-Paraná, a UNIR, já instalada, contava com um núcleo de

Educação.

A carga horária total do Curso de Ciências Naturais pode ser confirmada

por meio do atestado de conclusão de Curso (Anexo 3) de Neuza Trevisane

Dellarmelina, uma das participantes desse Curso.

Por meio de informações localizadas em Lima (1993), verificamos que

todos os Cursos de Ciências oferecidos pela UFPA em Rondônia foram de

Licenciatura Curta.

O núcleo de educação da UFPA finalizou suas atividades em Rondônia,

de acordo com Albuquerque e Maia (1993), no ano de 1985, após formar suas

últimas turmas.

2.1.2 Habilitação para o ensino de Matemática no Estado de Rondônia: as

experiências da UNIR

Sob responsabilidade da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, foi

criado o Curso de Ciências com habilitação em Matemática (Habilitação Plena).

Esse Curso foi autorizado a funcionar na capital do Estado pelo MEC, Portaria

04/CD de 5 de novembro de 1982, oferecendo 30 vagas anuais, com tempo de

duração de quatro anos. No programa de disciplinas, verificamos o objetivo

desse Curso: 23

Textualização 23.

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80

Com o objetivo de suprir as necessidades de professores habilitados em Matemática a nível de 1º e 2º graus [...] até sua primeira metade, visava também subsidiar o acadêmico de conhecimentos básico nas áreas de: Biologia, Física e Química. Além disso, o curso oferecia noções básicas de geologia (UNIR, 2003).

O Curso de Ciência com habilitação em Matemática, de Porto Velho,

contava com uma carga horária de 2970 horas, para os ingressantes de 1983 e

1984.

A primeira reunião registrada por escrito do Departamento de Ciências

Exatas da UNIR, instância responsável por tomar decisões referentes a esse

Curso, segundo a ata do departamento, foi realizada no dia 13 de outubro de

1983 (Anexo 4), no prédio da UNIR, às 13 horas. O primeiro chefe desse

departamento foi o professor Boaventura Moraes do Amaral.

O Curso de Ciências em Porto Velho teve seus primeiros formandos no

ano de 1987. Seu reconhecimento junto ao Conselho Federal de Educação

aconteceu por meio da Portaria nº 322/87, em 11 de maio de 1987 (Anexo 5).

Fizeram parte da comissão verificadora para a aprovação desse Curso os

professores da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, José Luíz

Márcio e Antônio Dornelles. De acordo com tal comissão, em sua organização

curricular, o Curso de Ciências com Habilitação em Matemática (Licenciatura

Plena) apresentava um corpo docente formado por 22 professores, dos quais

11 eram do Departamento de Ciências Exatas e os demais de outros

departamentos. Sobre a titulação dos professores, 2 tinham mestrado

completo; 16, especialização; e 4, graduação. A seguir o nome desses

professores, bem como as respectivas disciplinas que eles ministravam:

1. Ageu Rosa de Lima (Introdução à Educação);

2. Alexandre A. M. dos Santos (Geometria Plana e Espacial;

Fundamentos da Matemática Elementar I e II);

3. Ana Maria de Lima Souza (Didática);

4. Ângelo Ourides Rech (Álgebra Linear e Matemática Aplicada);

5. Bolivar Marcelino (Língua Portuguesa);

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81

6. Eduardo Allemand Damião (Cálculo Numérico e Processamento

de Dados);

7. Ene Glória da Silveira (Elementos de Geologia);

8. Eudes Barroso Junior (Pratica de Ensino de Ciências, Prática de

Ensino de Matemática, Instrumentação para o Ensino de

Ciências);

9. Eunice Luiza J. Batista (Psicologia da Educação);

10. Gerson R. Sobreira (Educação Física);

11. Hunsilka M. O. Amorim (Metodologia Científica e Estudos dos

Problemas Basileiros);

12. José Luíz Sherer (Desenho Geométrico e Geometria Descritiva);

13. Júlio S. L. T. Militão (Química I e II);

14. Lenir Lopes Dettoni (Filosofia);

15. Marilourdes P. Azevedo (Estrutura e Funcionamento do Ensino

de 1º e 2º Graus);

16. Maria das Graças V. S.Diogo (Análise Real e Álgebra Moderna);

17. Osmar Siena (Física Geral I e II);

18. Roberto Duarte Pires (Cálculo Diferencial Integral I e II);

19. Rosália Maria P. Silva (Probabilidade e Estatística I e II);

20. Roberto Vancini (Biologia I e II);

21. Wilson José Barp (Sociologia);

22. Zenildo G. da Silva (Estrutura e Funcionamento de 1º e 2º

Graus).

O Curso de Ciências Licenciatura Plena com Habilitação em Matemática

de Porto Velho formou 100 alunos, distribuídos segundo a Tabela 9, a seguir.

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82

Ano Quantidade

1987 33

1988 01

1989 14

1990 39

1991 13

Total 100

Tabela 9: Distribuição dos formandos no Curso de Ciências com Habilitação em

Matemática/Porto Velho

Fonte: Adaptação de informações da Diretoria Interna de Registros Acadêmicos –

DIRCA/UNIR/Porto Velho

Por apresentar um Curso de Ciências (Licenciatura Plena) reconhecido

pelo Conselho Federal de Educação, o Colegiado do Curso de Ciências com

Habilitação em Matemática, propôs à Reitoria a colação de grau em Ciências –

Licenciatura Curta, para aqueles que cursassem as disciplinas estabelecidas

da grade curricular de 1984 (2130 horas) e 1987 (1815 horas) (Anexo 6). Essa

proposta foi fundamentada no Parecer 1687/74 e Resolução 30/74 do

Conselho Federal de Educação que regulamentava as Licenciaturas em

Ciências. Além disso, o Parecer 60/77 do Conselho Federal de Educação

esclarece que “se a Licenciatura Plena estiver reconhecida, a Curta já surgiria

reconhecida”, portanto, não havia empecilhos para a aprovação da proposta.

Dessa forma, de acordo com a ata da reunião extraordinária do

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE, do dia 18 de maio de

1989, essa proposta foi aprovada por unanimidade pelos seguintes

conselheiros: Ary Miguel Teixeira Ott, José Dettoni, Osmar Siena, José

Evandro Bastos de Oliveira, Haroldo Cristovam Teixeira Leite, Otina José de

Araújo Freitas, Clementino Leite Neto, Sinedei de Moura Pereira, Neidi Iohoko

Miyakava, José da Costa Silva e Sérgio Luis de Medeiros Ribeiro.

O Curso de Ciências Licenciatura Plena com Habilitação em

Matemática, no ano de 1990, contava com a duração prevista de 8 semestres

letivos e carga horária de 3075 horas. De acordo com o projeto do Curso de

Ciências da UNIR/Porto Velho de 1990, esse curso tinha o objetivo de: “[...]

formar professores para as atividades, áreas de estudo e disciplinas do 1º grau,

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83

relacionadas com o setor científico e matemático a nível de 2º grau” (UNIR,

1990, p.4). O perfil esperado para os egressos era:

Formar um educador com conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver o ensino de Ciências e Matemática de 5ª a 8ª série do 1º grau e Matemática a nível de 2º grau, dentro de um enfoque teórico, experimental e vivência do setor científico (UNIR, 1990).

No ano de 1990, aconteceu a mudança do Curso de Ciências

Licenciatura Plena com Habilitação em Matemática para Licenciatura Plena em

Matemática. Com isso o curso de Ciências apenas concluiu as turmas que já

estavam em andamento, não apresentando mais entradas.

A falta de professores e a não habilitação de inúmeros daqueles que

atuavam na docência no interior do Estado de Rondônia contribuiu para a

criação dos campi da UNIR nas cidades do interior.

O processo de interiorização da UNIR aconteceu no ano de 1988. No

estatuto da UNIR, aprovado pela Portaria nº 160 de 25 de fevereiro de 1988,

em seu artigo 1º, previa-se a “atuação em todo o Estado de Rondônia”. Com

isso, os cursos de Licenciatura se espalharam por várias cidades do interior.

Naquele período, foram criados os Cursos de Ciências Licenciatura de 1º grau

nas cidades de Ji-Paraná, Vilhena e Cacoal.

Em Vilhena, o Curso de Ciências foi autorizado a funcionar por meio do

Conselho Federal de Educação, Parecer nº 1050/87, assinado em 1 de

dezembro de 1987, com carga horária prevista de 1980 horas, sendo

integralizada em três anos.

Por meio da resolução nº 52/CONSEPE24/UNIR de 22 de novembro de

1990, aconteceu uma alteração na carga horária do curso em Vilhena, que

passou a ter 2280 horas, com integralização de, no mínimo, três anos, e, no

máximo, cinco. Entretanto, isso só seria válido para os alunos ingressantes a

partir de 1988.

De acordo com a Secretaria Acadêmica da UNIR, do Campus de

Vilhena, o Curso de Ciências contou com a entrada de três turmas, formando

um total de 79 alunos, distribuídos de acordo com a Tabela 10:

24

Conselho de Pesquisa e Extensão, da UNIR.

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84

Ano Quantidade

1993 16

1995 32

1996 31

Total 79

Tabela 10: Distribuição dos formandos do Curso de Ciências da UNIR/Vilhena.

Fonte: Adaptação de informações da Secretaria Acadêmica da UNIR/Vilhena

Na cidade de Cacoal, o Curso de Ciências, segundo a Resolução

nº53/CONSEPE25/UNIR de 22 de novembro de 1990, contava com carga

horária de 2145 horas, a serem integralizadas, no mínimo, em três anos, e, no

máximo, cinco, prevendo a entrada anual de 30 alunos, isso válido para os

alunos ingressantes a partir de 1989.

Em entrevista, o professor da UNIR/Porto Velho, Carlos Vinícius da

Costa Ramos, faz uma síntese da história do Curso extinto de Ciências com

Habilitação em Matemática da cidade de Cacoal:

O Curso iniciou em 89, era um Curso de Licenciatura Curta em Ciências com duração de 3 anos, com habilitação em Matemática. Houve 5 entradas para esse Curso, depois em 94 houve vestibular para iniciar o Curso com uma única entrada em Cacoal, esse curso foi de Licenciatura em Matemática com duração de 4 anos. [...] quando iniciou esse curso de Licenciatura Curta em Ciências, a Universidade contratou um profissional de Matemática, um de Física e um de Biologia. Como eu era professor de Matemática, assumia todas as disciplinas da área, às vezes, eu brincava que ia para a Universidade com duas camisas, porque eu tinha primeiro uma aula de Matemática 1, depois aula de Geometria, depois os Cálculos (risos), ai eu era o novo professor, era só trocar a camisa (risos). Tinha semestre que eu estava com quatro disciplinas numa mesma turma, era bem corrido. Lembro-me de que, depois, no vestibular de 95, quando foi aberta uma nova entrada para Licenciatura em Matemática, o vestibular era eliminatório, tinha uma nota mínima para ingresso. Por isso, só conseguiram aprovação seis pessoas, para as quarenta vagas. Dessa forma, a Universidade abriu vagas para portadores de títulos. Em Cacoal, tinha a FEC26, com o Curso de Pedagogia, então, os alunos, já formados em Pedagogia, ingressaram no Curso de Matemática. Lembro-me de que na primeira prova a metade da turma desistiu, (risos) em função de não ter base em Matemática. Desses quarenta, acredito que uns vinte chegaram a concluir o Curso. Inclusive, na época do provão do

25

Conselho de Pesquisa e Extensão, da UNIR. 26

FEC – Faculdade de Educação de Cacoal.

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85

MEC, essa turma saiu com um conceito B. Considero que fiz um bom trabalho com a turma, pois nós conseguimos um conceito B, foi bastante vitorioso para nós (RAMOS, Entrevista... 2010).27

Em Ji-Paraná, o Curso de Ciências foi autorizado a funcionar por meio

do Conselho Federal de Educação, Parecer nº 1050/87, assinado em 1 de

dezembro de 1987 (Anexo 7), com carga horária prevista de 1980 horas, sendo

integralizada em três anos.

Segundo a resolução nº 51/CONSEPE/UNIR de 22 de novembro de

1990, o Curso passou a ter carga horária de 2175 horas, integralizadas, num

período mínimo de três e máximo de cinco anos, isso válido para os

ingressantes a partir de 1988.

No campus de Ji-Paraná, o Curso de Ciências teve como primeira

coordenadora a professora Milca Lopes Oliveira. A Tabela 11 mostra o nome e

informações adicionais dos primeiros professores (1988/1991) que trabalharam

nesse Curso.

Nome Ano Habilitação Situação

José Eloi Lino 1988 Lic. em Matemática Conv. UNIR/SEDUC

Ari Guastala 1988 Lic. em Química Conv. UNIR/SEDUC

Milca Lpes de Oliveira 1988 Lic. e Bach. Em

Biologia Conv. UNIR/SEDUC

Maria Inês Moreno 1988 Lic. em Pedagogia Conv. UNIR/SEDUC

Antônia Silva de Souza 1988 Lic. em Matemática Conv. UNIR/SEDUC

Vera Lúcia Tilman 1988 Lic. em Pedagogia Conv. UNIR/SEDUC

Sandra Aparecida Garcia

1989 Lic. em Química Conv. UNIR/SEDUC

Paulo Roberto O. Vargas

1989 Lic. em História Conv. UNIR/SEDUC

Mª Leopoldina F. Yague 1989 Lic. em Pedagogia Conv. UNIR/SEDUC

Artur de Souza Moret 1990 Lic. Em Física UNIR

Beatriz Machado Gomes

1990 Lic. em Química UNIR

Eunice Loide S. Marcos 1990 Lic. em Pedagogia UNIR

Juarez Cardoso Garcia 1990 Lic. em Matemática Conv. UNIR/SEDUC

Mª das Graças C. A. 1990 Lic. em Pedagogia Conv. UNIR/SEDUC

27

Textualização 18.

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86

Coelho

Regina A. N. S. Inocente

1990 Lic. em Educação Física

Conv. UNIR/SEDU

Valter Rocha Meira 1990 Engenheiro

Agrônomo Colaborador

Salma Ferraz A. Oliveira 1991 Lic. Em Letras UNIR

Anna Masako Yoshinaga

1991 Lic. em Física/Lic. em Pedagogia

Conv. UNIR/SEDUC

Manoel da Conceição Silva

1991 Lic. em Filosofia UNIR

Eliel Pereira 1991 Lic. em Matemática Conv. UNIR/SEDUC

Carlos Manoel Henrique 1991 Engenheiro Civil Conv. UNIR/SEDUC

Tabela 11: Informações dos primeiros professores o Curso de Ciências em Ji-Paraná.

Fonte: Arquivo da UNIR/Ji-Paraná

Observamos, na Tabela 12, que, nos anos de 1988 e 1989, o Curso teve

apenas professores vinculados ao convênio entre a UNIR e a Secretaria

Estadual de Educação – SEDUC. Em Rondônia, o início dos campi do interior

foi marcado pela prática de parcerias entre a Universidade, o Estado e os

municípios. Sendo assim, a Universidade entrava com seu prestígio, o Estado

cedia professores e funcionários técnicos e o município colaborava com a

estrutura física e manutenção dos campi. Em alguns municípios, essa prática

funcionou de fato, em outros, não. Algumas observações, a respeito das

parcerias com os governos, foram feitas num relatório realizado pelo Núcleo de

Educação da UNIR, no ano de 1989.

CONVÊNIO UNIR/MUNICÍPIO – Lento processo de efetivação do convênio firmado por esta IFE e as Prefeituras, tornando incipiente o atendimento no tocante à manutenção do prédio, aquisição de livros, equipamentos, etc.

PROFESSORES – Os professores, em sua maioria são servidores estaduais colocados à disposição da UNIR. Faltam professores para algumas disciplinas (Inglês, Física, Introdução Educação) devido à inexistência de recursos humanos disponíveis (NÚCLEO DE EDUCAÇÃO, 1989) (grifo do autor).

Em Ji-Paraná, somente no ano de 1990, o Campus passou a ter

professores efetivos do quadro da UNIR. Destacamos que alguns dos

professores que, em 1988 e 1989, eram do quadro da SEDUC, a partir de

1990, estabeleceram-se no quadro da UNIR, por meio de concurso.

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87

As dificuldades dos Cursos de Ciências da UNIR no interior eram

inúmeras, vale destacar a questão estrutural, em especial, os laboratórios

necessários para as aulas práticas, principalmente das disciplinas de Química,

Física e Biologia. Nesse sentido, uma prática comum era o empréstimo de

equipamentos de laboratório das escolas estaduais e demais instituições para

os Cursos da UNIR. Com o objetivo de superar a carência por laboratórios, em

Ji-Paraná, destacamos as parcerias da UNIR com as seguintes instituições:

Escolas Estaduais, Aluízio Ferreira e Júlio Guerra, SUCAN (Superintendência

de Campanhas de Saúde Pública), Fundação Nacional de Saúde, CEPLAC

(Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira) e Colégio Visão.

Apesar das inúmeras dificuldades, o reconhecimento do Curso de

Ciências – Licenciatura de 1º Grau, em Ji-Paraná, ocorreu em 21 de julho de

1995, por meio da Portaria nº 873/95.

No período de 4 a 6 de setembro de 1991, por meio do ofício nº

221/UNIR/91, verificamos que aconteceu, na cidade de Cacoal, um encontro

com representantes dos três Campi, em que funcionava o Curso de Ciências

(Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena), cujo objetivo era fazer uma reforma curricular

nesse curso. Presidiu esse encontro o Dr. Almir Joaquim de Souza, professor

da UFMT. Também participaram do evento professores do Departamento de

Ciências Exatas de Porto Velho. Naquele mesmo ano, os três Cursos do

interior passaram a ter a mesma carga horária e matriz curricular, sendo esta

composta por 2070 horas.

Por meio da resolução nº 105/CONSEPE/UNIR de 16 de maio 1993

(Anexo 8), aconteceu uma alteração na matriz curricular do Curso de Ciências,

em Ji-Paraná, válida para os ingressos a partir de 1990. Essa mudança se

constituiu em excluir as disciplinas Teoria dos Números e Processamento de

Dados, além de incluir a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.

No Campus da UNIR em Ji-Paraná, o Curso de Ciências contou com

três entradas, sendo que a última turma se formou no segundo semestre de

1994. Em Ji-Paraná, o Curso de Ciências - Licenciatura de 1º grau, segundo a

secretaria acadêmica do campus, teve 45 formandos, distribuídos segundo a

Tabela 12, a seguir:

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88

Ano Quantidade

1988 15

1990 10

1991 20

Total 45

Tabela 12: Distribuição de formandos no Curso de Ciências de Ji-Paraná.

Fonte: Adaptação de informações da Secretaria da UNIR/Ji-Paraná.

Observamos que todos os vestibulares do Curso tiveram entrada de 30

alunos, ou seja, 90 alunos iniciaram o Curso, sendo que, desse total, 45

concluíram, 50%.

Entendemos que o Curso de ciências com Habilitação em Matemática

deu suporte para a criação do Curso de Licenciatura em Matemática em Ji-

Paraná, ou seja, incorporou-se uma estrutura já existente.

No ano de 1992, deu-se início ao Curso de Licenciatura em Matemática,

na cidade de Ji-Paraná. Mesmo assim, o Curso de Ciências continuou ativo.

Porém, houve intensa movimentação, por parte dos acadêmicos, para que

fosse transformado o Curso de Ciências – Licenciatura de 1º grau em

Licenciatura em Matemática. As motivações, segundo os acadêmicos eram

várias, dentre elas: dificuldades nos laboratórios de Física, Química, Biologia e

Geologia, além da falta de docentes da UNIR para ministrarem aulas nessas

áreas.

Visando a mudanças de Curso, no dia 19 de maio de 1994, os alunos do

1º período de Ciências do campus de Ji-Paraná, por meio de um abaixo

assinado, Figura 12, a seguir, solicitaram junto ao coordenador do Curso,

professor Marlos Gomes de Albuquerque, a mudança do Curso de Ciências –

Licenciatura Curta para Matemática – Licenciatura Plena.

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89

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90

Figura 12: Abaixo assinado

Fonte arquivo UNIR/Ji-Paraná

Essa solicitação foi encaminhada e aprovada pelo Conselho de Campus

no dia 30 de maio de 1994.

Das três cidades que ofereciam o Curso de Ciências – Licenciatura de 1º

grau, apenas em Ji-Paraná foi implantado o Curso específico de Licenciatura

em Matemática.

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91

2.2 O CURSO DE COMPLEMENTAÇÃO EM MATEMÁTICA

Muitos professores de Matemática que atuam hoje no Estado de

Rondônia fizeram o Curso de Ciências - Licenciatura de 1º Grau, com

Habilitação em Matemática e, posteriormente, passaram por uma

complementação, obtendo, dessa forma, a habilitação de Licenciatura em

Matemática.

O Curso de complementação constava de uma carga horária de 900

horas, divididas entre as disciplinas, de acordo com a Tabela 13.

Disciplinas Carga horária (horas)

Álgebra Linear 60

Cálculo III 90

Geometria Descritiva 60

Probabilidade 60

Álgebra Linear II 60

Geometria Analítica 60

Análise Real 60

Matemática Aplicada 60

Instrumentação de Ensino 60

Teoria dos Números 60

Cálculo Numérico 60

Prática de Ensino 120

Estr. Func. de Ensino de 2º Grau 30

Variáveis Complexas 60

Tabela 13: Disciplinas do Curso de Complementação em Matemática.

Fonte: Secretaria UNIR/Ji-Paraná

Por meio do ofício 75/DCJP28, de 23 de novembro de 1994, Anexo 9,

localizamos a data de colação de grau da primeira turma de complementação

em Matemática do Estado, que aconteceu no dia 17 de dezembro de 1994, no

Campus de Ji-Paraná.

A primeira turma do Curso de complementação em Licenciatura em

Matemática, do Estado de Rondônia, contou com 27 formandos: Arivelton

28

Direção do Campus de Ji-Paraná.

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92

Cosme da Silva; Bento de Oliveira; Caritina Francisca dos Santos; Carlos de

Oliveira Machado; Débora Carvalho Messias dos Santos; Dinamar Ataides

Guimarães; Edson Carlos da Cunha; Elza Zanqueta dos Santos; Guiomar Otilia

Rodrigues Junqueira; Ildo Mussoi; Jaini da cruz Aguiar Gabriel; João Bosco de

Moura; José Carlos Froes de Moraes; José Raymundo Pires de Medeiros;

Márcia Lúcia Toledo; Maria das Dores Soares Barsani; Maria Severino

Azevedo de Almeida; Mário Barbosa de Carvalho; Maura Cardoso de Araújo;

Neize Conceição de Barros; Pedro Alberto Engelberg Neto; Raquel Pereira;

Rosa Neide Locateli Pedri; Silvia Maria Rodrigues; Valdomiro Liberato da Silva;

Vanderlei Guedes Cardoso e Vânia Fernandes Corrêa Fulaneti.

Dentre os alunos que cursaram a complementação em Matemática na

cidade de Ji-Paraná, localizamos 12 ex-alunos do Curso de Ciências –

Licenciatura de 1º Grau de Ji-Paraná.

Também em Vilhena, por meio de informações adquiridas pela

secretaria acadêmica do campus, verificamos que aconteceu a realização do

Curso de complementação em Matemática – Licenciatura Plena. Esse curso

contou com uma turma única de 52 formandos, tendo sua colação de grau em

outubro de 2001.

2.3 EXAME DE SUFICIÊNCIA

Na década de 90 do século XX, uma possibilidade no sentido de suprir a

demanda por professores em Rondônia, nas áreas de maior carência

(Matemática, Biologia, Física e Química), era a realização de Exames de

Suficiência. A universidade, desde que autorizada pelo Conselho Federal de

Educação – CFE, poderia realizar exames de suficiência, sendo que médicos,

dentistas, engenheiros, veterinários, etc., poderiam participar desses exames.

Se aprovados, esses profissionais receberiam uma carteira para atuarem como

professor somente no Estado de Rondônia.

Os Exames de Suficiência eram uma prerrogativa da LDB 5692/71, para

aqueles que comprovavam conhecimento específico em determinadas áreas,

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93

dando habilitação para ministrar aulas tanto no 1º quanto no 2º grau. Em seu

artigo 77, a mesma lei preconiza:

Quando a oferta de professores, legalmente habilitados, não bastar para atender às necessidades do ensino, permitir-se-á que lecionem, em caráter suplementar e a título precário [...] nas demais séries do ensino de 1º grau e no 2º grau, candidatos habilitados em exames de suficiência regulados pelo Conselho Federal de Educação e realizados em instituições oficiais de ensino superior indicados pelo mesmo Conselho (LDB 5692/71, Artigo 77).

De forma específica, acreditamos que tal estratégia foi utilizada para

suprir a demanda por professores de Matemática em Rondônia, porém, não

localizamos documentos que comprovem tal fato.

2.4 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: CURSO PARCELADO

Os Cursos Parcelados de Licenciatura Plena eram destinados a habilitar

professores leigos no Estado de Rondônia. Esses Cursos eram realizados em

períodos de férias letivas escolares das redes estadual e municipal.

Entendemos que esses cursos foram um “ensaio” para a implantação do

Programa de Habilitação e Capacitação de Professores Leigos - PROHACAP,

visto que seu formato era semelhante ao mesmo.

Os municípios inicialmente contemplados com Cursos Parcelados foram:

Ariquemes, com pedagogia, Ouro Preto D’ Oeste com Letras, Pimenta Bueno

com Matemática.

O ingresso para esse Curso foi feito por processo seletivo de 1992,

dividido em três etapas:

Primeira etapa: Trabalho escrito (o tema do trabalho escrito era: “A

situação educacional no meu município”);

Segunda etapa: Prova de Redação;

Terceira etapa: Entrevista.

Cada curso no Regime Parcelado oferecia uma parte das vagas para

professores leigos, que atuavam na rede municipal e estadual de ensino, e

outra parte para pessoas da comunidade local.

Em relação ao Curso de Matemática, de acordo com Relatório da

Coordenação Geral dos Cursos Parcelados (1993, p.2), “o curso de

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94

Matemática realizar-se-á em (10) dez semestres letivos e constará de

atividades letivas intensivas e etapas de serviços programados conforme

calendário escolar previamente elaborado. Curso aprovado para 50 vagas”.

Nas conclusões do relatório dos três primeiros módulos dos Cursos

Parceladas, a coordenação classificou como positivo o andamento dos cursos,

inclusive sugeriu a continuidade e expansão de tal projeto.

Acatando a sugestão da coordenação dos Cursos Parcelados, foram

implantados cursos nas cidades de Jarú (Matemática e Letras), e Colorado do

Oeste (Letras, Matemática e Pedagogia).

No ano de 1995, deu-se início às duas turmas (Matemática e Letras), no

formato Parcelado na cidade de Jarú. O curso de Licenciatura em Matemática

contou com entrada de 50 alunos, via vestibular (1994), com prova contendo

questões de: Língua Portuguesa, Matemática e Redação. Do total de vagas

oferecidas para o Curso de Matemática, 34 eram destinadas a professores

prioritariamente da rede municipal e 16 para a comunidade local.

O Curso de Matemática, no formato parcelado em Jarú, contava com

uma carga horária de 2730, sendo um total de oito módulos. No cronograma do

convênio, celebrado entre a prefeitura de Jarú e a UNIR, as aulas deveriam ser

realizadas nos meses de janeiro, fevereiro e julho, de 1995 a 1998.

Em plena expansão, no ano de 1996, é possível verificar a presença do

Projeto/Cursos Parceladas nas cidades de Porto Velho, Ariquemes, Jaru, Ouro

Preto D’ Oeste, Pimenta Bueno e Colorado do Oeste. Sendo que suas últimas

turmas se formaram no ano de 1999.

2.5 PROGRAMA DE HABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES

LEIGOS – PROHACAP

Ao observarmos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB29 (Lei

9394/96), em seu artigo 62, evidenciamos as exigências mínimas para se atuar

no magistério a partir de 1996.

29

Lei de Diretrizes e Bases; documento que dispõe sobre todos os aspectos do sistema

educacional brasileiro.

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95

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de Licenciatura, de graduação plena, em Universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal (LDB, 2010, p.46).

Aqueles que atuavam na docência em desacordo com o artigo 62 da Lei

9394/96 eram classificados como leigos. Sendo assim, estabeleceu-se que

todos os professores deveriam ter formação superior, até o fim da década da

educação, ou seja, dezembro de 2007.

Em decorrência da exigência estabelecida pela LDB, para atuar na

docência, estava posto em Rondônia um grande problema. De acordo com

Pessoa (2008, p.99): “O contingente de docentes que seria atingido pela

mencionada medida legal no Estado de Rondônia, segundo estimativas

levantadas pela UNIR/RIOMAR, totalizava, em 1999, mais de 9.000 docentes”.

As novas exigências frente à formação de professores da Educação

Básica desencadeou inúmeras políticas para a habilitação de professores

leigos que atuavam no País. No período compreendido entre 1996 a 2005,

muitos professores da educação básica obtiveram suas formações em nível

superior.

De forma específica em Rondônia, a partir da LDB de 1996, percebe-se

um aumento quantitativo de professores com formação superior. Podemos

verificar o aumento de docentes com formação superior na Figura 13, de

acordo com Pessoa (2008).

Figura 13: Evolução da taxa de função docente com Formação Superior.

Fonte: Pessoa (2008, p.109)

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96

É no contexto desse aumento quantitativo de professores com Formação

Superior em Rondônia que se insere o Programa de Habilitação e Capacitação

de Professores Leigos – PROHACAP. Esse Programa foi uma estratégia que

se destinou a habilitar professores leigos, que atuavam na educação básica

(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), de instituições públicas

do Estado de Rondônia. Sua implantação foi iniciada em 1999, por meio da

Resolução nº 293/CONSEPE, sofrendo alterações posteriores pela Resolução

nº 304/CONSEPE/99.

A Universidade Federal de Rondônia - UNIR, juntamente, com a

Fundação Rio Madeira – RIOMAR30 foram responsáveis por conduzir o

desenvolvimento do PROHACAP.

Segundo a Resolução nº 293/CONSEPE, para ingressar no

PROHACAP, os professores deveriam fazer uma prova de múltipla escolha que

constava de 25 questões sobre as disciplinas de Língua Portuguesa, História,

Matemática e Geografia, idêntica para todos os Cursos. Vale lembrar que, no

mesmo ano para ingresso na UNIR, nos Cursos Regulares, os candidatos

passaram por duas fases de avaliações. A primeira constava de uma prova de

múltipla escolha com 80 questões, em que eram cobrados conhecimentos em 8

disciplinas. A segunda fase era composta de 4 questões dissertativas.

Os Cursos do PROHACAP foram ministrados nos períodos de férias

escolares. Usou-se essa estratégia para não prejudicar o andamento do ano

letivo nas escolas municipais e estaduais de Rondônia.

De acordo com a Diretoria de Planejamento Acadêmico da UNIR, as

aulas do PROHACAP aconteciam no formato de módulos, sendo cada um

deles formado por certa quantidade de disciplinas, com carga horária teórica e

prática. A carga horária era ministrada em 8 horas aula diárias; cada hora-aula

de 50 minutos. As aulas aconteciam de segunda a sábado, sendo assim, o

professor docente responsável por determinada disciplina, ministrava a parte

teórica, enquanto a parte prática deveria ser desenvolvida pelo discente, após

a conclusão do módulo e, posteriormente, devolvida ao docente responsável

em forma de trabalho.

30

Fundação de apoio à UNIR.

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97

A captação de recursos para o financiamento do PROHACAP foi

realizado por meio de contratos celebrados entre a UNIR, a Fundação Rio

Madeira – RIOMAR e os governos do Estado e dos municípios. Os professores

leigos, público alvo dos Cursos oferecidos pelo PROHACAP, não se isentaram

de pagar pelos cursos que realizaram. Ou seja, cada professor leigo,

participante do programa, era obrigado a pagar um valor mensal, que era

descontado diretamente em sua folha salarial.

Os professores, que ministraram as aulas no PROHACAP, eram

professores da UNIR, e para tanto, seguiam os seguintes critérios de

preferência: “a) professores do quadro permanente; b) professores substitutos;

c) professores visitantes; d) professores credenciados” (art. 30 da Resolução nº

309/CONSEPE/99).

Para facilitar o acesso ao local das aulas, utilizou-se a estratégia de

“cidades pólos”, ou seja, nomearam-se algumas cidades, localizadas

estrategicamente para receber os professores que moravam em outros

municípios. Sendo assim, criou-se:

Pólo de Porto Velho: responsável por 15 municípios – coordenado

pela professora, Marília Pimentel;

Pólo Rolim de Moura: responsável por 5 municípios – coordenado

pela professora, Maria de Lourdes Bertiol;

Pólo de Ji-Paraná: Responsável por 8 municípios – coordenado pela

professora, Irmigard Margaria Theobald;

Pólo de Vilhena: Responsável por 13 municípios - coordenado pelo

professor, José Carlos Cintra.

Na maioria das vezes, os professores que se deslocavam para outras

cidades, durante o período de aulas do PROHACAP, alojavam-se em escolas,

igrejas, e sede do sindicato dos professores.

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98

2.5.1 - O Curso de Licenciatura em Matemática: PROHACAP

Segundo informações da Fundação RIOMAR, observamos a presença

do Curso de Licenciatura em Matemática em todos os Pólos do PROHACAP.

Esse Curso tinha por objetivo “Formar professor de Matemática para atuar na

segunda fase do Ensino Fundamental e no Ensino Médio” (UNIR, 1999) e

compreendia os seguintes objetivos específicos:

Visão abrangente do papel social do educador;

Saber expressar-se com clareza e precisão;

Trabalhar em equipe multidisciplinares;

Saber compreender, criticar e utilizar novas tecnologias;

Elaborar material com proposta alternativa;

Capacidade com conceitos abstratos na resolução de problemas;

Capacidade de interpretação e representação gráfica (UNIR, 1999).

Por meio dos objetivos elencados anteriormente, o Curso de

Licenciatura em Matemática da UNIR/PROHACAP tinha a pretensão de formar

um profissional com o seguinte perfil:

Um conhecimento sólido do conteúdo de matemática da segunda fase do ensino fundamental e do ensino médio.

Conhecimento de Matemática Superior, que permita aprofundar seus conhecimentos do currículo da segunda fase do ensino fundamental e do ensino médio.

Conhecimento de disciplinas afins tais como Física, Estatística, Probabilidade e Matemática Computacional, onde a matemática encontra suas aplicações e exigências do mundo atual.

Formação Pedagógica que lhe dê condições de exercer suas atividades de educador com uma prática pedagógica crítica e criadora, com conhecimento sobre a história e a evolução da educação e o contexto sócio-político e econômico (UNIR, 1999).

A estrutura curricular do Curso de Licenciatura em Matemática era

constituída de eixos integradores, os quais eram divididos da seguinte forma:

disciplinas estruturantes: 280 horas; disciplinas complementares: 480 horas;

disciplinas de formação específicas: 2060 horas, totalizando 2820 horas.

Segundo seu Projeto de Curso, os eixos se constituíam das seguintes

disciplinas:

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99

Estruturantes: Filosofia, Língua Portuguesa, Sociologia e

Metodologia Científica;

Complementares: Física I e II, Física Experimental, Didática e

Matemática Computacional, Estrutura e Funcionamento da educação

Básica e Psicologia da Educação;

Formação Específica: Matemática I e II, Geometria Euclidiana,

Geometria Espacial, Geometria Descritiva, Cálculo I, II e III, Lógica

Matemática, Geometria Analítica e Vetorial, Álgebra, História da

Matemática, Teoria dos Números, Álgebra Linear I e II, Métodos

Numéricos, Estatística e Probabilidade, Prática de Ensino I e II,

Equações Diferenciais e Modelagem e Disciplinas Optativas I e II.

Por meio da Ata de Reunião do Conselho e Departamento de

Matemática, realizado no dia 22 de maio de 2003, verificamos uma alteração

na matriz curricular do PROHACAP, pólo de Porto Velho, a qual passou a

contar com carga horária de 2860, ou seja, aumentaram-se 40 horas para a

disciplina de Álgebra, no 3º período do Curso. Segundo a mesma Ata, a nova

matriz curricular “proporciona um ganho acadêmico aos alunos, além de

oferecer melhor operacionalização acadêmica”.

A carga horária total do Curso (2820 horas) tinha integralização mínima

de três anos e meio e máximo de seis anos.

Segundo a Fundação RIOMAR, no ano de 2003, estavam matriculados

nos Cursos do PROHACAP, 8095 alunos. Especificamente o Curso de

Licenciatura em Matemática contava com 592 matrículas, distribuídas de

acordo coma Tabela 14.

Pólo Quantidade de matrículas

Rolim de Moura 105

Ji-Paraná 222

Porto Velho 155

Vilhena 110

Total 592

Tabela 14: Distribuição das matrículas de acordo com os pólos do Curso de Licenciatura

em Matemática do PROHACAP do ano de 2003.

Fonte: Fundação RIOMAR

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100

Não foi possível localizar de forma precisa a quantidade de formandos

dos Cursos de Licenciatura em Matemática oferecidos pelo PROHACAP. Após

vários encontros e conversas com o professor e padre Zenildo Gomes da Silva,

que foi o coordenador geral do programa, supomos que essa informação não

está organizada e tabulada nos registros da UNIR.

É possível fazermos uma estimativa da quantidade de formandos desse

Curso, a partir dos dados de matrículas do ano de 2003. Segundo o relatório de

auto-avaliação institucional da UNIR (2006), estimou-se uma taxa de sucesso

para o PROHACAP, em torno de 95%. Nesse sentido, provavelmente a grande

maioria dos 592 matriculados nesse Curso o tenha concluído.

Possivelmente, o Curso, em seis anos de duração (1999-2005), tenha

formado um número próximo ou até mais alunos, do que o mesmo curso regular

que a UNIR oferece há vinte anos.

2.6 TECENDO ALGUMAS INTERPRETAÇÕES

A década de 1970, no Brasil, foi marcada politicamente por um governo

ditatorial militar, que intensificou a ideia de considerar a Amazônia como uma

fronteira de recursos a ser integrada à economia nacional. Ainda nesse

governo foi promovida a Reforma Universitária de 1968, que, segundo

Fernandes (1979), não contemplou os anseios populares, de forma que se

configurou em ações paliativas.

Durante o governo militar, percebemos uma redução na autonomia das

Universidades públicas, além de intensificar abertura do setor universitário a

iniciativa privada.

No Brasil, acompanhamos a imposição do modelo internacional de

desenvolvimento neoliberal, a partir da década de 1980, o qual, segundo

Santos (2005), favoreceu a redução de investimentos para a universidade

pública. Essa medida culminou, na década de 1990, com o enfraquecimento

das universidades públicas, além de intensificar a educação superior como

mercadoria, favorecendo a oferta do Ensino Superior por instituições

particulares.

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101

Em Rondônia, o Ensino Superior se deu, inicialmente, a partir da década

de 1970, por meio de convênios entre o governo local e instituições de ensino

superior de outros Estados. Percebemos que essa não foi uma estratégia

exclusiva adotada somente pelo Estado de Rondônia, mas sim uma tendência

nacional para as regiões interioranas do País. Como exemplo, citamos o caso

do convênio entre o Território de Roraima e a Universidade Federal de Santa

Maria – UFSM/RS, que ocorreu no ano de 1972 (SIQUEIRA, JÚNIOR,

SANTOS, 2009).

A implantação dos campi avançado no interior do Brasil foi uma proposta

do governo militar. O interesse na implantação desses campi não se restringe

apenas à questão de expandir o acesso ao Ensino Superior. Estávamos

vivendo uma ditadura militar, nesse sentido, questões como segurança

nacional, qualificação profissional, fixação populacional na Amazônia são

variáveis que devem ser consideradas.

Com a intenção de promover a extensão universitária, dois projetos

nacionais se destacaram: Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação

Comunitária – CRUTAC31 (1966) e Projeto Rondon (1968). Segundo Leite e

Nunes (2009), de forma especial, no ano de 1970, o MEC institucionalizou o

CRUTAC em todo o País.

Diante do cenário de obrigatoriedade da extensão universitária,

preconizada pela Reforma Universitária, aliada à necessidade local do Ensino

Superior, aconteceu o convênio entre o Governo de Rondônia e a UFRGS. O

convênio com a UFRGS foi o ponto de partida para iniciar as bases da

“invenção” do Estado de Rondônia. De forma especial as autoridades políticas

da região perceberam que era inviável o desenvolvimento de uma região

desligado das questões educacionais, de forma específica o Ensino Superior.

A questão da extensão universitária, segundo Souza (2007), fez a UFPA

ampliar sua atuação para os territórios da Região Amazônica. Além de

Rondônia, Amapá e Roraima, foram contemplados com ações do Núcleo de

Educação da UFPA.

31 CRUTAC – Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária é um programa

pioneiro de extensão universitária, criado e implantado por Onofre Lopes, primeiro reitor da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, em 1966.

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102

A habilitação para o ensino de Matemática em Rondônia, por meio dos

convênios, foi feita a partir do Curso de Ciências – Licenciatura Curta.

Excetuando o ano de 1981, quando foi oferecido um Curso, na capital do

Estado, de Licenciatura Plena em Matemática.

Quando o Ensino Superior em Rondônia passa a ser de

responsabilidade da UNIR, a habilitação para o ensino de Matemática no

Estado, continua sendo feito pelo Curso de Ciências. Porém, na capital, o

Curso passou a ser Ciências – Licenciatura Plena. Já no interior foi implantado

o Curso de Ciências – Licenciatura de 1º grau (Licenciatura Curta).

Entendemos que a predominância de se oferecer o Curso de Ciências,

com a intenção de se habilitar para o ensino de Matemática, em Rondônia,

tanto na época dos convênios, quanto ao longo do processo inicial da criação

da UNIR, está ligado à medida legal, Resolução 30 de 11 de julho de 1974, que

preconiza a obrigatoriedade de se oferecer inicialmente esse Curso para

aqueles que fossem realizar cursos específicos de Matemática, Biologia, Física

ou Química.

Em Rondônia, a partir do aumento das matrículas no ensino de 2º grau,

também cresceu a necessidade de professores específicos de Matemática.

Nessa perspectiva a UNIR - além de oferecer o Curso de Ciências –

Licenciatura Plena, na capital do Estado, e Ciências – Licenciatura Curta no

interior - ofereceu Curso de Complementação em Matemática. Esse Curso era

voltado para aqueles que já tinham o Curso de Ciências – Licenciatura Curta.

Localizamos informações do oferecimento desse Curso de

complementação nas cidades de Ji-Paraná e Vilhena. Contudo, não

conseguimos precisar quantos cursos de complementação exatamente

aconteceram no Estado. É possível que o Governo do Estado tenha firmado

convênio com a UNIR, para o oferecimento desse Curso, em alguns outros

municípios, com o objetivo de suprir a carência local na área de Matemática.

Outra opção para se habilitar professores em Matemática foram os

Cursos de Licenciatura no formato parcelado. Essa foi uma proposta regional,

para a habilitação de professores que já atuavam na educação, porém, não

possuíam formação em nível superior. Nesse modelo, as prefeituras firmavam

convênios com a UNIR.

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103

Os Cursos Parcelados se constituíram num “ensaio” para a implantação

de um dos maiores programas de habilitação em massa de professores de

Rondônia, o PROHACAP.

No Curso Parcelado de Licenciatura em Matemática, apesar de ter como

público alvo, professores que já atuavam em sala de aula, percebeu-se que a

experiência dos professores/discentes foi pouco aproveitada. Segundo o

entrevistado, que, na época do Curso Parcelado era discente, mas hoje atua

como docente da UNIR, Reginaldo Tudéia dos Santos:

A única diferença que eu percebia era em relação à questão do tempo. Em relação aos conteúdos e à forma que os professores trabalhavam era similar ao curso ofertado em regime regular. No nosso caso, em vez de ter 6 meses para cursar uma disciplina, tínhamos 10 ou 15 dias para cursá-la. Tínhamos aula o dia todo, de segunda a sexta, ou de segunda a sábado. Com isso, os conteúdos, que eram ministrados no regime regular, também eram ministrados nessa modalidade de ensino, só que de forma mais intensiva (SANTOS, Entrevista... 2011)32.

Essa mesma postura foi adotada para o Curso de Licenciatura em

Matemática, oferecido pelo PROHACAP. Não conseguimos perceber, no

projeto desse Curso, nenhuma intenção em considerar efetivamente a

experiência que os professores/discentes traziam das salas de aula.

Ao olharmos de forma mais atenta para as matrizes curriculares dos

Cursos de Licenciatura em Matemática da UNIR, válidas para o ano de 2000,

de Ji-Paraná (Anexo 10) e Porto Velho (Anexo 11), dos cursos regulares e do

PROHACAP (Anexo 12), percebemos poucas diferenças. Em especial na

matriz curricular do curso regular de Porto Velho, observamos que todas as

disciplinas são contempladas na matriz curricular do Curso do PROHACAP,

apresentando apenas alterações na carga horária. Dessa observação,

entendemos que houve apenas uma transposição das disciplinas do curso

regular de Licenciatura em Matemática para o Curso do PROHACAP, com

alterações na carga horária. Tal fato é reforçado pela fala do entrevistado,

Reginaldo Tudéia dos Santos, que atuou como professor no PROHACAP:

Olha, na verdade, nós tínhamos disciplinas especificas do curso regular que foram ofertadas sob a forma concentrada. [...] De forma geral, era uma política do programa, porque

32

Textualização 12.

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104

tínhamos nossas ementas de cada disciplina do curso regular. Quando cada professor ia ministrar uma disciplina no PROHACAP, trabalhava a mesma ementa. Ou seja, não tínhamos uma ementa específica para aquele público (SANTOS, Entrevista... 2011)33.

Por meio da fala de nosso entrevistado, percebe-se que as disciplinas

oferecidas pelo Curso de Licenciatura em Matemática do PROHACAP, não

teve uma ementa específica. Em geral, os professores utilizavam a mesma

ementa das disciplinas do curso regular, bem como a mesma dinâmica de

socialização da disciplina regular, porém, numa forma condensada.

A utilização de dinâmicas semelhantes na condução das disciplinas,

tanto para o curso regular quanto para o Curso do PROHACAP, de

Licenciatura em Matemática, instiga-nos a pensar que ambos os cursos tinham

a intenção de proporcionar o mesmo aproveitamento. Porém, enquanto os

alunos do curso regular tinham um semestre para cursarem suas disciplinas, os

alunos do PROHACAP tinham aproximadamente um mês, estudando em seus

períodos de férias, durante oito horas diárias de aula, as quais aconteciam de

segunda a sábado.

Percebemos que as experiências na habilitação para o ensino de

Matemática, no Estado de Rondônia, levaram em consideração as

necessidades do momento, mas também observaram as Políticas Nacionais

Educacionais. Nessa perspectiva, aconteceu a mudança, na UNIR, do Curso

de Ciências para Licenciatura em Matemática, primeiramente na capital Porto

Velho, logo em seguida na cidade de Ji-Paraná.

Por ser um Curso de baixo custo de implantação e manutenção, se

comparado, por exemplo, aos Cursos de Engenharia ou de Medicina, além de

ter uma demanda de mercado alta no Estado, testemunhamos a criação dos

Cursos de Licenciatura em Matemática nas instituições privadas, a partir do

ano de 2004.

No próximo capítulo, apresentaremos um mapeamento dos Cursos de

Licenciatura em Matemática regulares existente em Rondônia, descrevendo

alguns de seus processos de criação, expansão e consolidação.

33

Textualização 12.

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105

Capítulo III

UM MAPEAMENTO DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE

RONDÔNIA: CURSOS EM FUNCIONAMENTO

Neste capítulo, faremos um mapeamento dos quatro cursos regulares de

Licenciatura em Matemática, que estão em funcionamento, no estado de

Rondônia. Numa perspectiva história, descreveremos alguns dos processos

que permitiram a criação e consolidação desses quatro cursos que atualmente

formam professores em Rondônia: Faculdade de Ciências Biomédicas de

Cacoal – FACIMED/Cacoal; Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR/

Ariquemes e Universidade Federal de Rondônia – UNIR/Porto Velho e Ji-

paraná. Vale lembrar que dessas instituições apenas a UNIR é pública.

Não observar as mudanças e permanências que aconteceram nos

cursos de Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia ao longo dos

anos, é imaginar que tudo sempre foi como é hoje. Acreditamos que a atual

configuração dos cursos é resultado de uma construção histórica, que se

constituiu por meio de mudanças e permanências, levando sempre em

consideração as necessidades do momento e intencionalidades dos

envolvidos.

O olhar, numa perspectiva histórica, sobre as experiências pelos quais

passaram os cursos de Licenciatura em Matemática em Rondônia representa

uma oportunidade para conhecermos quais heranças reelaboradas esses

cursos trazem de outros tempos. Isso pode nos ajudar a compreender a atual

configuração dos cursos que a seguir descreveremos.

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106

3.1 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: FACULDADE DE CIÊNCIAS

BIOMÉDICAS DE CACOAL – FACIMED

Figura14: Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED Fonte: Grupos Panramio

A Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED situa-se na

cidade de Cacoal, distante 477 Km da capital do Estado. Esta é uma instituição

de ensino superior particular, cuja mantenedora é a Sociedade Regional de

Educação e Cultura Ltda. – SOREC, pessoa jurídica de direito privado.

O município de Cacoal tem sua economia voltada para a produção

agropecuária. Conta hoje, segundo dados do IBGE/2010, com uma população

de 78.601 habitantes. Sua história está vinculada ao processo de expansão

agrícola nacional, tendo sua efetiva ocupação na década de 1970. A cidade de

Cacoal foi criada através da lei nº 6448, de 11 de outubro de 1977, tem uma

área geográfica de 3793,30 Km². Limita-se: ao norte, estado do Mato Grosso;

ao sul, Pimenta Bueno; à leste Espigão D’ Oeste; à oeste, Ministro Andreazza,

Presidente Médici e Castanheiras.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico do curso de Matemática

da FACIMED (2007, p.54-55), a criação do curso foi justificada a partir de

notícias divulgadas pelo MEC sobre a falta de professores nessa área, além de

se observar a desproporção entre número de matrículas na Educação Básica e

o número de professores para atender tal demanda no município.

O curso de Licenciatura em Matemática obteve autorização para o

funcionamento por meio da Portaria nº 1060, de 8 de dezembro de 2006. O

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107

curso conta com duas entradas anuais de 50 alunos. Seu turno de

funcionamento é o noturno, num regime de matrícula seriado semestral. A

carga horária total do curso é de 3.140 horas, distribuídos por quatro núcleos

(Núcleo de Licenciatura; Núcleo de Conteúdos Básicos; Núcleos de Conteúdos

Específicos e Núcleos de Atividades Práticas). A integralização da carga

horária do curso é de: limite mínimo 3 anos e meio (7 semestres) e limite

máximo 7 anos (14 semestres). Em relação ao ingresso, existem três formas: a

primeira opção é via processo seletivo vestibular; a segunda é a transferência,

tanto interna quanto externa, preenchendo as vagas que ficaram abertas via

vestibular; a terceira opção é para portadores de diplomas superiores.

Segundo o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em

Matemática da FACIMED (2007), tem como objetivo:

[...] formar um profissional com visão abrangente do papel do educador, capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares utilizando dos conhecimentos matemáticos para a compreensão do mundo que o cerca. Tenha também o conhecimento das suas aplicações em várias áreas e que perceba o quanto o domínio de certos conteúdos, habilidades e competências próprias à matemática importam para o exercício pleno da cidadania. Também deverá apresentar capacidade de aprendizagem continuada, de aquisição e utilização de novas idéias e tecnologias, criação e adaptação de métodos pedagógicos ao seu ambiente de trabalho, para poder despertar o hábito de estudo independente e criatividade dos alunos. Além disso, deverá ter uma visão crítica da matemática que o capacite a avaliar livros-textos, a estruturar cursos e tópicos de ensino, expressando-se sempre com clareza, precisão e objetividade. Desta forma, o professor a ser formado pelo ISE/FACIMED atuará no ensino fundamental e médio de forma livre e competente. O valor fundamental da Licenciatura a ser trabalhado é o de cooperação (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO , FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DE CACOAL, 2007, p.68).

Desde a implantação do curso, os docentes atuantes foram: Dr.

Mansueto Dal Maso; Msc. Gilberto Ferreira de Souza; Msc. Marcélio Viana da

Silva; Msc. Rogério Basztabin; Msc. Viviane Gomes; Esp. Adilson Miranda de

Almeida; Esp. Aquiles Rocha Miranda Bezerra; Esp. Elda Fátima Zampiva

Baraneck; Esp. Elton Kojo Seewald. Esp. Erica Cristina Sartori; Esp. João

Bosco Ricardo Júnior; Esp. Lidomar de Oliveira Miotti; Esp. Márcia Rosa

Uliana; Esp. Rosana de Oliveira Nunes; Esp. Severino Bertino Neto; Esp.

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Simone de Oliveira Neto; Esp. Vanderlei Gonçalves Leão e Esp. Vanise

Santos.

O professor Severino Bertino Neto coordenou o curso de Licenciatura

em Matemática desde seu início, no ano de 2007, até 2010. Desde sua criação

até 2010 não ocorreram alterações na matriz curricular do curso (Anexo 13).

Já houve colação de grau de três turmas, somando um total de 64

formandos, distribuídos de acordo com a Tabela 15.

Ano de colação de grau Quantidade

2010/2 11

2011/1 18

2011/2 35

Total 64

Tabela 15: Quantidade de formandos do curso de Licenciatura em Matemática - FACIMED. Fonte: Secretaria Acadêmica/FACIMED (2011).

Para o egresso do curso é proposto um perfil com as seguintes

competências e Habilidades:

Ser capaz de trabalhar de forma integrada com os professores da sua área e de outras áreas, no sentido de conseguir contribuir efetivamente com a proposta pedagógica da sua Escola e favorecer uma aprendizagem multidisciplinar.

Possuir maturidade para utilizar adequadamente ou perceber o significado da precisão dedutiva num processo de demonstração, assim como para empregar procedimentos indutivos analógicos na criação de matemática, entendida como uma atividade de resolução de problemas, tanto na sua relação pessoal com a ciência matemática, quanto na dinâmica de aprendizagem.

Compreender as características peculiares a cada um dos raciocínios típicos da matemática: o raciocínio lógico-algébrico, o combinatório e o geométrico.

Dominar a forma lógica característica do pensamento do pensamento matemático e, ter conhecimento dos pressupostos da Psicologia Cognitiva de modo a compreender as potencialidades de raciocínio em cada faixa etária. Em outras palavras, é capaz de, por um lado, favorecer o desenvolvimento de raciocínio de seus alunos e, por outro lado, não extrapolar as exigências de rigor a ponto de gerar insegurança nos seus alunos em relação à matemática.

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Possuir familiaridade e reflexão sobre metodologias e materiais de apoio ao ensino diversificado, de modo a poder decidir, diante de cada conteúdo específico e cada classe particular de alunos, qual o melhor procedimento pedagógico para favorecer a aprendizagem significativa de matemática, estando preparado para avaliar os resultados de suas ações por diferentes caminhos e de forma continuada.

Ser capaz de observar cada aluno, procurando rotas alternativas de ação para levar seus alunos a desenvolverem-se plenamente, com base nos resultados de suas avaliações, sendo assim motivador e visando ao desenvolvimento da autonomia no seu aluno.

Visão histórica e crítica da Matemática, tanto no seu estado atual como nas várias fases de sua evolução.

Estar engajado num processo de contínuo aprimoramento profissional, procurando sempre atualizar seus conhecimentos com abertura para a incorporação do uso de novas tecnologias e para adaptar o seu trabalho às novas demanda sócio-culturais e dos seus alunos (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, FACULDADE BIOMÉDICA DE CACOAL, 2007, p. 68-69).

A evasão é uma das principais dificuldades percebida no curso. Sobre

tal questão, o diretor acadêmico da FACIMED, Valdir Alves de Godoy, em

entrevista concedida a este pesquisador no dia 7 de julho de 201034, ressaltou

alguns motivos para justificá-la: desprestígio da docência, principalmente em

relação ao baixo salário pago pela profissão; dificuldades no pagamento da

mensalidade e problemas no ensino-aprendizagem dos conteúdos. Tais

problemas causam uma evasão na ordem de 20 a 30%..

Ao olhar a FACIMED em sua totalidade, verificamos, nas palavras do

entrevistado, além das dificuldades mencionadas, outras:

Mão de obra qualificada, essa é uma grande dificuldade; opções de mercado, esse também é uma grande dificuldade. Outro grande empecilho são as muitas dificuldades que os alunos trazem do ensino fundamental e médio. Dessa forma, quando chegam num curso superior ainda faltam lacunas a serem aprendidas, onde o ensino superior tem que ser colocado de lado para que seja feito um resgate de ensino médio para depois ensinar o ensino superior, isso às vezes desmotiva as pessoas. Eu acho que as maiores dificuldade são: a questão de aprendizagem e a mão de obra qualificada (GODOY, Entrevista... , 2010)35.

34

Textualização 13. 35

Textualização 13.

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Observando as dificuldades apontadas pelo entrevistado, percebemos

que, apesar de a FACIMED ser uma instituição de ensino superior particular, a

UNIR também passa por problemas equivalentes aos da FACIMED: a fixação

de mestres e doutores em seus quadros e dificuldades dos alunos ingressantes

quanto ao domínio de conteúdos de ensino fundamental e médio.

Percebe-se nas palavras de Godoy que a importância da inserção da

FACIMED junto à cidade de Cacoal se dá pelo fato de a Instituição

proporcionar expansão populacional à cidade; aumento, principalmente, na

construção civil e giro de capital nos comércios; além do oferecimento de

aproximadamente 300 empregos diretos e cerca de 500 indiretos, fornecedores

e outras empresas prestadoras de serviços que trabalham em prol da

faculdade.

3.2 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: FACULDADES INTEGRADAS DE

ARIQUEMES - FIAR

Figura 15: Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR. Fonte: Acervo do autor, 14 de junho de 2010.

A Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR é uma Instituição de

ensino superior particular que atua na cidade de Ariquemes há 22 anos.

Oferece à comunidade 10 cursos de nível superior dentre eles: Pedagogia,

Administração de Empresas, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis,

Matemática, Letras (Inglês/Espanhol), Turismo, História e Geografia.

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O município de Ariquemes adquiriu sua emancipação política em 11 de

Outubro de 1977, por meio da lei nº 6448. Seu território tem como limites: ao

norte as cidades de Alto Paraíso, Rio Crespo e Machadinho d’Oeste; à leste a

cidade de Theobroma; ao Sul, Cacaulândia e Monte Negro; à oeste, Buritis.

Localiza-se 198 Km distante da capital do estado.

Ariquemes, segundo o IBGE/2010, conta com uma população de 90.354

habitantes, tendo uma área territorial de 4427 km². Em sua economia

destacam-se a pecuária, produção de café, cacau, guaraná e cereais, além de

possuir o maior garimpo (Bom Futuro) a céu aberto do planeta.

Uma figura muito importante na história da FIAR foi o professor Miguel

Requena Filho, fundador da Instituição que, inicialmente, passou por muitas

dificuldades, sobretudo financeira. Segundo o professor Gilmar Utizig, o

fundador da FIAR era uma pessoa muito perseverante e dedicada no

desempenho da função de administrador da Instituição.

A FIAR, no início de sua atuação na cidade, passou também por

dificuldades em relação à estrutura física, tendo inclusive iniciado suas

atividades, no ano de 1990, na escola municipal Migrantes, no centro da

cidade. As adversidades foram minimizadas por meio da mudança de

mantenedor, ou seja, recursos financeiros foram dirigidos para fazer crescer a

Instituição.

Outra dificuldade enfrentada pela FIAR no início de suas atividades foi a

inexistência de professores com titulação na cidade de Ariquemes para

trabalharem em seus cursos. Houve um período em que um micro-ônibus

levava todos os dias professores da cidade de Porto Velho até Ariquemes.

Esse problema só foi sanado quando se formaram as primeiras turmas. A partir

de então, a Instituição começou a contratar os egressos. O ex-coordenador do

curso de Matemática da FIAR, Reginal Todeia dos Santos, ressalta o problema

da titulação de professores como uma das grandes dificuldades que ainda

enfrentam para atender às exigências do MEC:

Bom, quando se trata de uma instituição privada os problemas são muitos. Um dos maiores problemas que tínhamos era em relação exatamente a mão de obra qualificada para satisfazer as necessidades do curso, uma vez que estamos em uma região bastante distante dos grandes centros. Assim como as

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escolas tinham dificuldades de profissionais qualificados para atuar em suas disciplinas, a Instituição também encontra essa dificuldade de mão de obra qualificada para atuar nas disciplinas do curso, esse é um dos grandes problemas (SANTOS, Entrevista... 2010)36.

Atendendo a uma demanda de mercado, as licenciaturas foram

implantadas na Instituição com o objetivo de suprir a carência de professores

na cidade de Ariquemes e região. Especificamente, a Licenciatura em

Matemática foi vista como uma forma de complementar a Licenciatura Curta na

área que já existia na FIAR.

O curso de Licenciatura em Matemática obteve sua autorização para

funcionamento através da portaria nº 3.298, de 18 de outubro de 2004, (Anexo

14). Seu reconhecimento ocorreu no ano de 2010, por meio da Portaria nº 375

de 9 de abril de 2010 (Anexo 15). A seguir, podemos ver uma descrição, feita

pelo diretor acadêmico da Fiar, Gilmar Utzig, sobre como aconteceu o processo

de autorização e reconhecimento do curso de Licenciatura em Matemática:

Quando eu cheguei na Instituição, em 2001, esse projeto de Matemática para autorização já estava no Ministério da Educação desde 1998. Foi protocolado lá em 98, vieram as comissões para autorizar, mas o curso teve problemas, na época problemas relacionados ao projeto pedagógico e problemas legais da Instituição. Em 2001, no ano em que eu aqui cheguei, retomamos esse processo e no final de 2002 veio outra comissão para autorizar o curso. Com essa nova comissão, a faculdade já estava mais estruturada especialmente com relação a livros, professores e assim por diante. Acabou dando tudo certo para autorizar o curso, só que existia alguns problemas ainda em relação ao antigo dono da faculdade, eu falo antigo porque a faculdade foi vendida em 2003, trocou de mantenedor. Na verdade, ela não é vendida, troca de mantenedor. No ano de 2003, fomos ao Ministério da Educação para verificarmos o que estava acontecendo e já estava tudo certo para ser autorizado o curso, tanto que em 2004 nós iniciamos o curso, só que a portaria de autorização efetivamente foi sair em outubro de 2004 e nós iniciamos as atividades em fevereiro de 2004, porque existia a garantia do Ministério da Educação que o curso seria autorizado. Nós não sabíamos de alguns problemas que existiam ainda lá de ordem pessoal com o antigo dono, porque em 2003 foi vendida, por isso fomos saber o que realmente estava acontecendo lá no Ministério de Educação em relação ao antigo dono, mas foi resolvido tudo e em 2004 o curso foi autorizado. Nós iniciamos as atividades antes da autorização, mas não teve maiores problemas, tanto que, em 2009, veio a comissão para

36

Textualização 11.

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reconhecimento e esta comissão esteve aqui para reconhecer o curso e ele foi reconhecido com conceito 4, um conceito muito bom. Então o curso teve início basicamente um ano antes de sua autorização, mas com isto não tivemos maiores problemas, claro que não é uma coisa recomendada, talvez não se pode iniciar antes, mas no nosso caso específico não tivemos problemas em relação a isso (UTIZIG, Entrevista em... 2010)37.

Na FIAR, o curso de Licenciatura em Matemática conta com 120 vagas

anuais, distribuídas em 02 turmas de 60 alunos, no turno noturno, com entrada

sempre para o primeiro semestre de cada ano. Apresenta uma carga horária de

3.560 horas, distribuídas em oito semestres.

O primeiro coordenador do curso foi o professor Gilmar Utzig (veio do

estado do Paraná), posteriormente passou pelo cargo os professores (as):

Tatiane Laquinea (de Santa Catarina); Sérgio Golveia (do Paraná); Reginaldo

Tudéia dos Santos (morava na cidade de Ariquemes, formado pela própria

FIAR); André Sandanan (do Paraná) e Lusitânia da Silva (que veio do Estado

de Santa Catarina). Exceto o professor Reginaldo, todos os coordenadores do

curso da Licenciatura em Matemática vieram de outros estados.

Atualmente, o corpo docente do curso de Licenciatura em Matemática é

formado por 9 docentes. Dentre eles, 03 professores têm pós-graduação Stricto

Sensu: Luzitânia Dall’Agnol (mestre na área de modelagem matemática),

Sergio Cândido de Gouveia Neto (mestre na área de Ciências – Energia

Nuclear na Agricultura) e Pedro Acosta Leyva (doutor na área de tecnologia);

os demais são especialistas.

A forma de ingresso no curso de Licenciatura em Matemática da FIAR é

via processo seletivo vestibular, podendo o candidato classificado no Exame

Nacional de Ensino Médio – ENEM, e devidamente inscrito no processo

seletivo, optar por sua participação nas provas ou aproveitamento do resultado

de sua classificação no ENEM. Desde que sobre vagas para o curso, será

admitido para o preenchimento destas os processos de transferência interna e

externa e a admissão via portador de diploma superior.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico do Curso (2009), o

objetivo geral é

37

Textualização 14.

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114

Formar o profissional, licenciado em Matemática, proporcionando a aquisição de um conjunto de idéias, desenvolvendo uma profunda compreensão dos conceitos e princípios matemáticos, exercitando o espírito crítico e propondo novas formas de atuação no mercado, preparando-o para atuar de acordo com valores e princípios éticos que valorizem as suas habilidades perante a comunidade, e desenvolvendo novas habilidades que lhe permitam exercer suas funções com competência, quer na pesquisa, extensão, magistério e/ou como profissional autônomo (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, FIAR, 2009, p. 26).

Desde sua criação, no ano e 2004, a matriz curricular do curso não

sofreu alteração (Anexo 16). 05 turmas já colaram grau, totalizando 261

formandos, conforme Tabela 16.

Ano de colação de grau Quantidade

2007 65

2008 83

2009 83

2010 52

2011 61

Total 261

Tabela 16: Quantidade de formandos do curso de Licenciatura em Matemática - FIAR. Fonte: Secretaria Acadêmica FIAR (2011).

Ainda de acordo com o Projeto Pedagógico, os egressos do curso

devem ter as seguintes Competências e Habilidades:

Visão de seu papel social de educador e capacidade de se inserir em realidades diferentes com sensibilidade para interpretar as ações dos educandos; Capacidade de expressar-se escrita e oralmente com clareza e precisão; Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares; Capacidade de compreender, criticar e utilizar novas idéias e tecnologias para a resolução de problemas; Habilidade de identificar, formular e resolver problemas na sua área de aplicação, utilizando rigor lógico-científico na análise da situação-problema; Habilidade para estabelecer relações entre a matemática e outras áreas do conhecimento; Capacidade para valorizar e utilizar o conhecimento de questões contemporâneas; Aquisição de uma educação multidisciplinar necessária ao entendimento do impacto das soluções encontradas num contexto global e social;

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Analisar, selecionar e produzir materiais didáticos; Habilidade para participar de programas de formação continuada; Trabalhar na interface da Matemática com outros campos de saber (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, FIAR, 2009, p.27-28).

Nossos entrevistados, Gilmar Utzig e Reginaldo Tudéia dos Santos,

ressaltam que a evasão no curso de Licenciatura em Matemática da FIAR é

pequena se comparada com outros cursos da mesma Instituição e até mesmo

quando comparada com o curso de Licenciatura em Matemática da UNIR:

[...] a evasão é uma coisa natural dos cursos. A Matemática tem uma característica interessante, a evasão é menor do que nos outros cursos. É menor porque o pessoal que vai fazer, por exemplo: Administração de Empresas, às vezes acham que é uma coisa e na verdade é outra. A própria Pedagogia, a pessoa acha que é um coisa, mas na verdade é outra. Matemática não! Quem vai fazer Matemática sabe que é uma área de muito cálculo, enfim aquela coisa toda, então as pessoas que querem fazer Matemática não vêm esperando outra coisa que não seja específica da Matemática, quem opta por fazer Matemática dificilmente abandona o curso, só se for uma questão financeira, pois infelizmente o curso é pago, ou por problemas pessoais, ou às vezes mudança de cidade, ou problema de doença. Nosso índice de desistência e trancamento de matrícula no curso de Matemática é basicamente por questões financeiras, não é porque o aluno se decepciona com o curso, ele sabe que vai trabalhar com a Matemática (UTIZIG, Entrevista em... 2010)38.

Olha, surpreendentemente, por ser um curso de matemática, onde esperamos uma evasão muito grande, eu tive experiência anterior na instituição federal e na época a evasão era grande, na FIAR a evasão era baixa. Ingressavam cerca de 100 alunos por ano e conseguimos formar 70 ou 80 alunos por ano, uma baixa evasão. Acredito eu que seja em virtude dos alunos estarem desembolsando valores para manter o curso, dessa forma eles já pensam em não perder dinheiro, e sim ganhar no futuro (SANTOS, Entrevista em... 2010)39.

Observamos nas duas falas que os entrevistados consideram a evasão

no curso de Licenciatura em Matemática da FIAR pequena, porém as

respostas são divergentes quanto aos motivos de se ter um menor número de

evasão. Enquanto o diretor acadêmico, Gilmar Utzig, diz que o fato de a

evasão no curso de Licenciatura em Matemática ser menor pelo motivo de os

alunos ingressarem no curso conscientes das dificuldades que irão encontrar, o

38

Textualização 14. 39

Textualização 11.

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116

ex-coordenador de curso, Reginal Todeia dos Santos, ressalta que a evasão é

menor devido ser pago e, por isso, os alunos terão prejuízo se abandonarem o

curso.

Anualmente, o curso de Licenciatura em Matemática organiza o

Encontro de Matemática de Rondônia – EMAR. Esse é um evento importante,

segundo nossos dois entrevistados, pois favorece uma aproximação da

comunidade local com o que é produzido nos grandes centros. No EMAR são

convidados palestrantes renomados nacionalmente para discutir temas da

atualidade dentro do contexto da Matemática. Também é oportunizado aos

estudantes divulgarem suas produções.

Pelo motivo de contenções financeiras, no ano de 2009, ao invés de se

fazer o EMAR somente com o curso de Matemática, organizou-se o encontro

das licenciaturas. Sendo assim, juntaram-se, no mesmo evento, os cursos de

Geografia, História, Pedagogia e Matemática. Segundo Santos, isso dificultou

bastante o desenvolvimento do encontro pelo motivo de terem de ofertar

palestras que satisfizessem todo esse público diferenciado.

3.3. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

Figura 16: Prédio administrativo da Universidade Federal de Rondônia em Porto Velho. Fonte: Acervo do autor, 12 de junho de 2010.

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A Universidade Federal de Rondônia - UNIR oferece atualmente o curso

de Licenciatura em Matemática em dois campi: Porto Velho e Ji-Paraná. Os

dois cursos são independentes, possuindo cada qual autonomia, inclusive com

matrizes curriculares diferenciadas.

Também verificamos a realização do curso de Licenciatura em

Matemática com tempo determinado de existência em outras cidades do

interior do Estado, ou seja, cursos não regulares. Citamos como exemplo, o

campus de Rolim de Moura, que teve uma única turma com entrada no ano de

1997. Contou 30 formandos que colaram grau no dia 20 de janeiro de 2001. A

prática de se realizar cursos com tempo determinado de existência na área da

educação foi uma estratégia empregada pela UNIR com objetivo de suprir a

carência por professores em determinados municípios. Nesse sentido, ao ser

detectado a falta de professor em determinada área, a prefeitura daquele

município, ou a própria SEDUC, solicita junto a UNIR que ofereça o curso para

minimizar a lacuna daquela área de formação.

Neste momento, deter-nos-emos em descrever e analisar como se

criaram e consolidaram os cursos de Licenciatura em Matemática regulares da

UNIR de Ji-Paraná e Porto Velho. Tais cursos são os únicos públicos do

Estado que habilitam professores de Matemática.

3.3.1 Licenciatura em Matemática: Campus de Ji-Paraná

A cidade de Ji-Paraná é a segunda mais populosa do estado de

Rondônia, com 116.587 habitantes (IBGE/2010). Localiza-se a 373 Km de

distância da capital do Estado. Já foi denominado anteriormente de Vila Urupá,

Presidente Pena e Vila de Rondônia. No ano de 1977, por meio da lei nº 6.448,

deu-se autonomia política a então Vila de Rondônia e esta passou a ser

denominada de Ji-Paraná.

As principais atividades ecômicas desenvolvidas no município de Ji-

Paraná são as indústrias de pequeno e médio porte, os laticínios, a pecuária

bovina e a agricultura familiar. Seus limites territoriais são: ao norte a cidade de

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Vale do Anari; à leste o estado do Mato Grosso; à oeste, Ouro Preto do Oeste,

Vale do Paraíso, Theobroma, Urupá e Teixeirópolis; ao sul, Ministro Andreazza.

Em Ji-Paraná, a UNIR iniciou suas atividades na década de 80 do século

XX. Naquela época, a universidade não tinha sede própria, por isso

desenvolvia suas atividades em local emprestado. Como conta o professor

Justo Nelson Araújo Escudeiro, a posse do local onde hoje se encontra a UNIR

em Ji-Paraná é resultado da ocupação de uma estrutura já existente que

estava abandonada:

[...] se não me engano foi uma entidade alemã que construiu isso daqui da melhor maneira, isso aqui era lindo. Construído da melhor maneira, toda a construção foi feita com madeira [...] se você verificar as janela, eram todas abertas, era feito mesmo para um país tropical, a construção muito boa, bacana [...] e a ideia desse grupo, dessa ONG não sei bem [...] foi de colocar máquinas para ensinar o pessoal a mexer, era uma escola tipo tecnológica, tipo uma escola técnica, mas baseada na prática. Acredito que não deu certo porque depois da construção não apareceram essas máquinas. Depois como isso daqui era do governo, acabou funcionando como hospital, [...] depois é que o governo montou a escola agrícola. A escola agrícola ocupou esta área e funcionou aqui por muito tempo, mas como aqui não era apropriado para o que queriam, construiu-se uma nova escola aqui ao lado. Isso aqui ficou sem nada, foi quando nós chegamos, vimos isso aqui [...] mato crescido, abandonado [...] mas as instalações eram bonitas, tudo funcionando [...] logicamente que tinha deteriorado alguma coisa porque ninguém fazia manutenção de nada. Foi dessa maneira que nós pegamos e conversamos com algumas pessoas e, como eu já disse, ocupamos o lugar. Se tivéssemos feito naquela época a manutenção certa do telhado dentre outros reparos, possivelmente teríamos aqueles prédios em estado de uso (ESCUDEIRO, Entrevista em... 2010)40.

Um ex-aluno do curso de Pedagogia, Luzevaldo Pereira Gomes, em

entrevista concedida no dia 16 de julho de 201041, reforça a questão da

ocupação do local onde hoje se encontra o atual campus da UNIR em Ji-

Paraná e destaca também que esse processo só teve êxito por meio da união

entre alunos e professores daquela época. Luzevaldo ressalta que, no início do

campus em Ji-Paraná, a falta de energia elétrica era algo que causava muita

dificuldade para os alunos. As aulas iniciavam às 19 h. e por volta das 20 h.

acabava a energia. A solução era usar velas ou lampião.

40

Textualização 1. 41

Textualização 5.

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A pouca assistência do poder público é bem evidente ao longo do

processo de expansão da UNIR no campus de Ji-Paraná, porém percebe-se

um espírito de colaboração em prol de melhorias para o campus. Segundo o

entrevistado, professor Marlos Gomes de Albuquerque42, ações como rifas e

cotas mensais foram utilizadas para a ampliação da estrutura física do campus

e a compra de computadores para a estruturação do laboratório de informática.

Marlos comenta que o prédio utilizado para as aulas da UNIR, em Ji-paraná, no

ano de 1992, era precário. Várias pessoas se acidentarem no piso das salas

que eram de madeira e estavam deterioradas. Inclusive, ele foi vítima de um

acidente em uma das salas de aula por causa de um defeito no assoalho.

Na Figura 17, podemos ver um dos primeiros prédios utilizados pelo

campus da UNIR em Ji-Paraná. Foi neste prédio que o professor Marlos

Gomes de Albuquerque acidentou-se.

Figura 17: UNIR/Ji-Paraná Fonte: Acervo do autor, 16 de julho de 2010.

No início das atividades no campus de Ji-Paraná não existia biblioteca

para que os alunos fizessem suas pesquisas. De acordo com Luzevaldo

Pereira Gomes, ex-aluno do campus, os primeiros títulos que chegaram foram

doados da Universidade Federal de Minas Gerais.

42

Textualização 3.

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120

O curso pioneiro no campus da UNIR em Ji-Paraná foi Letras, este

funcionou por intermédio da Universidade Federal do Pará.

Um fato que é lembrado tanto por alunos quanto por professores quando

falam sobre o passado do campus de Ji-Paraná é a morte do professor Aurélio

da Costa Neto, em plena sala de aula. Vale ressaltar que, no ano de 1996, este

professor era coordenador do curso de Matemática. O fato ocorreu em 2001 e

marcou a comunidade acadêmica de Ji-Paraná, como conta o professor Marlos

Gomes de Albuquerque:

[...] Perdemos um colega que faleceu em sala de aula, dando aula, isso no ano de 2001. Tínhamos feito uma greve, na época o presidente era Fernando Henrique e o ministro era Paulo Renato. Nosso Presidente cometeu um absurdo, pela primeira vez em nove anos nosso salário foi cortado. Isso afetou a todos nós professores, em especial esse colega que, na época, já era bem maduro, tinha 54 anos. Acredito que isso feriu muito ele, o professor Aurélio era muito calado, então, passado a greve voltamos a trabalhar, estávamos repondo aulas aos sábados, e aconteceu na sala de aula, ele teve um infarto fulminante. Perdemos o professor Aurélio, acredito que muito tem a ver com a greve (ALBUQUERQUE, Entrevista em... 2010)43.

A principal justificativa para se criar o curso de Licenciatura em

Matemática, segundo consta no Projeto Político Pedagógico (2000), foi a

questão da demanda das escolas municipais e estaduais no município de Ji-

Paraná e região, ou seja, faltavam professores qualificados na área de

Matemática:

Como os demais municípios do Estado, Ji-Paraná cresceu enfrentando sérios problemas de infraestrutura e, atualmente, convivemos com a falta de profissionais para atuar nos diversos setores públicos que se apresentam. O setor educacional é o que mais exige e é o que menos tem conseguido superar as dificuldades em termos de pessoal especializado para ocupar as cadeiras de ensino principalmente no 2o Grau. As disciplinas de Matemática estavam sendo monitoradas por pessoas de outras áreas com sérios prejuízos para a população local. [...] O curso de Licenciatura Plena em Matemática oferecido no Campus de Ji-Paraná atende acadêmicos de vários municípios. Esse curso vem ao encontro de muitas reivindicações feitas por pessoas comprometidas com o sistema educacional da região. Além de atender as necessidades da cidade de Ji-Paraná, também atende acadêmicos dos municípios de Cacoal, Rolim de Moura, Ariquemes, Mirante da Serra, Presidente Médici, Ouro Preto e Jaru. A falta de profissionais capacitados para atuarem nas

43

Textualização 3.

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áreas afins de exatas e que estavam sendo ministradas por pessoas não qualificadas, justifica plenamente a realização do curso no município de Ji-Paraná (Projeto Político Pedagógico, UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, 2000, p.3-4).

Uma justificativa oficial para a implantação do curso de Licenciatura em

Matemática, no Campus da UNIR/Ji-Paraná, além da demanda por professores

habilitados na região, foi a tentativa, por parte da UNIR, de implantar o Projeto

Integrado de Qualidade Educacional – PIQUE, aprovado pela Resolução nº

71/CONSUN de 06 de maio de 1992. Dentre as ações, previa-se a criação de

campus polos de concentração por área de conhecimento em cada município

onde a UNIR se encontrava instalada. O PIQUE previa um conjunto de ações

para todos os campi do interior e capital, como, por exemplo, a criação e

extinção de cursos. Nessa perspectiva, Ji-Paraná deveria ser o centro de

Ciências Exatas, sendo contemplado, dessa forma, com o curso de

Licenciatura em Matemática. A intenção para o campus de Ji-Paraná era criar

condições para oferecer cursos na área de engenharia.

Vale ressaltar que o PIQUE foi uma proposta polêmica que causou

inúmeras discussões entre a reitoria, representado pelo reitor, José Dettoni, e o

vice-reitor, Ari Miguel Teixeira Ott, docentes, discentes e técnicos da UNIR. As

divergências foram tantas que, no dia 19 de junho de 1992, foi realizada uma

reunião no campus de Ji-Paraná, cuja pauta dizia respeito à implantação do

PIQUE. Participaram representantes da Comissão para Avaliação de Curso da

UNIR/Porto Velho; Associação dos Docentes da UNIR – ADUNIR; Associação

dos Servidores da UNIR – ASSUNIR; Diretório Central dos Estudantes –

DCE/UNIR; Departamentos (Ciências Jurídicas, História, Psicologia, Geografia,

Letras, Ciências Exatas, Ciências da Educação e Educação Física).

Diante dos inúmeros problemas para a implantação do PIQUE, além das

muitas contestações por parte da comunidade estudantil, técnicos e docentes,

evidenciamos que tal projeto nunca se concretizou de fato.

O curso de Licenciatura em Matemática teve como primeiro professor

contratado, com formação específica na área de Matemática, Marlos Gomes de

Albuquerque, no ano de 1992.

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Inicialmente. o curso em Ji-Paraná era uma extensão de Porto Velho

inclusive com a mesma matriz curricular, como conta a professora Beatriz

Machado Gomes:

[...] nós utilizávamos a mesma grade e assim foi implantado o curso de Matemática aqui em Ji-Paraná, posteriormente o campus de Ji-Paraná elaborou a sua própria grade e o seu próprio plano de cursos. Atualmente, existem dois cursos distintos de licenciatura em matemática mas inicialmente nós éramos extensão de Porto Velho (GOMES, Entrevista em ... 2010)44

Seu reconhecimento ocorreu por meio da Portaria nº 1.280-MEC, de 23

de agosto 1999, tendo um prazo para a integralização de no mínimo 8 e

máximo 16 semestres, com entrada de 40 alunos por semestre ou anual, de

acordo com as instâncias responsáveis.

Desde sua criação, o curso passou por três reformulações em sua matriz

curricular, sempre se adequando às recomendações legais.

Na primeira matriz curricular, válida até o ano de 1999, o curso contava

com um total de 2.730 horas, sendo que destas, 180 horas eram da disciplina

Prática de Ensino.

O Anexo 17 apresenta a relação das disciplinas disponibilizadas pelo

curso, que vigorou desde o ano de 1992 até 1999.

Em 1996, especificamente no segundo semestre, formou-se a primeira

turma. Observando a Figura 18, vemos uma cópia do diploma de conclusão de

curso de Wanderley Pereira da Silva, um dos alunos da primeira turma daquele

curso.

44

Textualização 8.

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Figura18: Diploma de Conclusão de Curso - Primeira Turma de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná. Fonte: Doação de Márcia Regina de Souza (2010).

Na Figura 19, podemos ver o histórico escolar de Márcia Regina de

Souza, também aluna da primeira turma.

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Figura19: Histórico de uma aluna da Primeira Turma do Curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná. Fonte: Doação de Márcia Regina de Souza (2010).

De acordo com o convite de formatura da Primeira Turma de Matemática

de Ji-Paraná (Anexo 18), o orador foi Marcos Rogério Barbieri; juramentista,

Márcia Regina de Souza Silva e mestre de cerimônia, Mário Barbosa de

Carvalho.

O campus de Ji-Paraná, no ano de 1996, tinha como diretora a

professora Irmgard Margarida Theobald; como chefe de departamento a

professora Margarida Arcari e coordenador do curso de Matemática o professor

Aurélio da Costa Neto.

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Na primeira turma de formandos quatorze alunos se graduaram, como

vemos na Figura 20.

Figura 20: Formandos da Primeira Turma de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná Fonte: Acervo particular de Márcia Regina de Souza (2010).

Vale ressaltar que na Figura 20 há dezesseis pessoas, porém os

formandos daquele ano foram quatorze. Isto se deve ao fato de que duas

pessoas, Márcio Antônio Felix Ribeiro e Nelson Sampaio da Silveira, apenas

participaram da festa de conclusão do curso, não faziam, no entanto, parte da

turma, colando grau posteriormente. Dentre os formandos da Primeira Turma

de Licenciatura em Matemática da UNIR de Ji-Paraná temos oito homens e

seis mulheres: Clodoaldo de Oliveira Freitas; Creison Lopes de Oliveira; Edimar

da Silva Pereira; Jayme Mendes; Josirene Zalenski de Siqueira; Márcia Regina

de Souza Silva; Marcos Rogério Barbieri; Maria Margarete Ferreira; Marlucia

Vieira de Amorim; Massao Tanaka; Regina Cristina dos Santos; Ruberval

Lopes Daniel; Virgínia Simone Domingos Rios e Wanderley Pereira da Silva.

A colação de grau daquela turma aconteceu no dia 12 de dezembro de

1996, às 19 h. no Teleclube, bairro Jardim dos Migrantes, em Ji-Paraná. Na

Figura 21, vemos o momento posterior ao juramento feito pela turma, coroado

com um gesto de alegria, quando todos jogam para cima os capelos.

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Figura 21: Colação de grau da Primeira Turma de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-Paraná. Fonte: Acervo particular de Márcia Regina de Souza (2010).

O juramento (Anexo 18, convite de formatura) constou das seguintes

palavras: “Solenemente prometo, no desempenho de minhas funções de

Educador, transmitir com lealdade, integridade e honestidade os ensinamentos

humanos e científicos que façam os jovens a mim confiados profissionais e

cidadãos conscientes, responsáveis e inteligentes; se criar homens eu

conseguir, sentir-me-ei realizado”.

No ano de 1999, houve uma segunda alteração na matriz curricular do

curso de Licenciatura em Matemática de Ji-Paraná, sendo válida para os

alunos ingressos do vestibular do ano de 2000.

Em dezembro do ano de 1999, foi aprovado pelo Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão - CONSEPE da UNIR/Ji-Paraná, por meio da Resolução

334, a nova matriz do curso de Licenciatura em Matemática.

Com as devidas mudanças, a segunda matriz curricular (Anexo 19)

adotada para a Licenciatura em Matemática no Campus de Ji-Paraná, vigente

entre 2000 e 2006, passou a ter um total de 3.160 horas, sendo reservado ao

estágio 320 horas.

Uma curiosidade referente a esta matriz refere-se a ter duas disciplinas

optativas. As opções de escolha eram apenas para Teoria dos Números e

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Variáveis Complexas, ambas com carga horária de 80 horas. Dessa forma, as

optativas se tornavam obrigatórias.

Segundo o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em

Matemática (2005) de Ji-Paraná, observou-se, por meio dos professores que

atuam nesse curso, um possível distanciamento entre a Licenciatura em

Matemática e a realidade do ensino da educação básica. Isso principalmente

em virtude dos conhecimentos matemáticos que os alunos trazem ao

adentrarem no curso. Com a intenção de minimizar tal distanciamento, o

Departamento de Ciências Exatas e da Natureza do Campus de Ji-Paraná, em

consonância com as exigências da Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de

2002, alterou a matriz curricular do curso pela terceira vez.

O curso de Licenciatura em Matemática passou a contar com uma carga

horária de 3.200 horas distribuídas em: práticas, 1.060 horas e teóricas 2.140

horas. A atual matriz curricular (Anexo 20) está em vigência desde 2006.

Segundo o projeto político pedagógico, o curso objetiva:

[...] nortear as ações didáticas e pedagógicas para formar educadores na área de matemática dotados de uma consciência crítica e espírito científico, capazes de elaborar e reconstruir o conhecimento de forma a intervir na realidade tornando-se sujeitos de propostas próprias e aptos a participarem e contribuírem para o avanço democrático da sociedade brasileira. [...] formar professores para a rede pública de ensino ou privada, que possam atuar no na segunda fase do ensino fundamental e no ensino médio na área de

matemática (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, UNIR/Ji-Paraná, 2006, p. 8).

Na matriz curricular atual do curso de Licenciatura em Matemática da

UNIR/Ji-Paraná, consta duas disciplinas optativas, com carga horária de 80

horas cada. A escolha para se oferecer alguma, dentre as opções de

disciplinas optativas (Anexo 21), ficará a cargo do Departamento de Ciências

Exatas e da Natureza do campus de Ji-Paraná, de acordo com a

disponibilidade dos professores.

Um fato importante para a estruturação do curso de Licenciatura em

Matemática da UNIR/Ji-Paraná, foi a criação do laboratório de Matemática

(LABMAT), que tem como objetivo:

criar em tal espaço um centro de estudos e pesquisas com a finalidade de contribuir para a melhoria do Ensino da

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Matemática e com a formação continuada do professor formado ou em formação nos cursos de licenciatura (Parecer 722/CGR do Conselho Superior Acadêmico – CONSEA).

A articulação para a criação do LABMAT teve como proponente o

professor Marlos Gomes de Albuquerque, que também foi indicado pelo

departamento do campus como responsável pelo laboratório. A aprovação de

criação do LABMAT pelas instâncias superiores da UNIR aconteceu no dia 9

de abril de 2007, conforme Parecer 722/CGR do Conselho Superior Acadêmico

– CONSEA (Anexo 22).

Apesar das inúmeras histórias de lutas e conquistas, a valorização da

UNIR e de seus cursos, em Ji-Paraná, acontece de forma lenta por parte da

população. A professora Beatriz Machado Gomes, em entrevista concedida no

dia 14 de julho de 2010, revela-nos que tal situação pode ter relação com o fato

de que, por vários anos, o campus teve apenas cursos de licenciaturas. Para

ela, estes cursos não são bem vistos pela comunidade.

[..] no município de Ji-paraná, a universidade custou muito para ser valorizada, para ser reconhecida. Infelizmente, eu acredito que seja pela ideia de que os três cursos de licenciatura não são cursos importantes. Isso era uma situação que, àas vezes, me deixava muito triste, por várias vezes as pessoas vinham e perguntavam: ‘quando vai vir um curso bom pra Ji-Paraná? Quando vai vir um curso importante pra Ji-Paraná?’. Na mentalidade dessas pessoas o curso bom, o curso importante era medicina, direito, mas, dizemos que nenhum curso de medicina e de direito, nenhuma outra dessas engenharias não existem sem o professor, sem a educação básica. Então, a educação básica no país é muito desvalorizada, muito desprestigiada (GOMES, Entrevista em... 2010)45.

Um acontecimento marcante para o curso de Matemática em Ji-Paraná

é a Semana de Exatas, que teve início em 2001 com a denominação de

Semana de Matemática. A professora Beatriz Machado Gomes nos conta como

aconteceu a implantação dessa ideia que deu certo e continua até hoje:

Tem algumas situações que são interessantes. O campus de Ji-Paraná que lançou a semana de matemática, foi uma proposta da professora Aparecida, então foi um marco para um campus do interior, havia sempre uma pequena rixa, uma situação assim: o interior é um filho e está propondo coisas além do que a maior, a sede, então Ji-Paraná lançou a semana da matemática. [...] Meu filho, a primeira semana, rapaz, nós fizemos assim, na luta mesmo, vamos fazer o evento e vamos

45

Textualização 8.

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fazer este de qualquer forma, na verdade nós não tínhamos espaço, como agora que vamos ter o espaço físico de um auditório, de um mínimo auditório. Nós não tínhamos espaço, não tínhamos verba para alugar espaço nenhum, então nós pegamos os alunos e professores, carregamos as cadeiras, colocamos no pátio a céu aberto, colocamos um lençol, porque não era nem telão, era um lençol, para projetar ainda na época com o retroprojetor, a primeira semana da matemática foi feito a céu aberto. Rezamos para não chover (risos), e Deus foi muito bom que não choveu. Somente os alunos, apresentações locais mesmo. Eu não me lembro, isso realmente vou te falar é um caso de recordar, porque era muita vontade de fazer com que as coisas acontecessem, o local foi ali em frente onde hoje é a cozinha, naquele espaço ali, aquela graminha que você vê ali foi toda ocupada de cadeiras, nós amarramos o telão, o lençol (risos), e ali nós fizemos, nós não tínhamos o telão, não tínhamos nada. Todas as apresentações que os alunos prepararam eram no retroprojetor, os alunos e professores participaram fazendo suas apresentações, eu acho que nós fizemos somente a abertura num auditório emprestado. No outro ano, nós fizemos de novo, aí fomos organizando melhor, conseguíamos o empréstimo de um auditório, várias entidades ajudavam, a REN, a Pemaza, essas entidade e comércios sediam algum espaço para fazermos nosso evento, mas a primeira foi a céu aberto. Nós fizemos também cursos, oficinas, só que nas salas de aula. O segundo ano foi maior, o terceiro e aí fomos crescendo. Assim, nos últimos anos nós já conseguimos verba, nós já estamos conseguindo trazer pessoas convidadas, professores reconhecidos nacionalmente. As pessoas que estão diretamente ligadas a esses fatos que eu estou te falando são a professora Aparecida e o professor Marlos. A professora Aparecida foi quem idealizou a Semana da Matemática, ela contagiou todo mundo e fez, ela também trouxe a Sociedade Brasileira de Ensino da Matemática para o campus (GOMES, Entrevista em... 2010)46.

A Semana de Matemática se tornou uma oportunidade para o Campus

de Ji-Paraná abrir suas portas para a comunidade. Acadêmicos, professores do

ensino básico e docentes do curso interagem, proporcionando troca de

experiências.

Apesar das muitas dificuldades percebidas no exercício da docência

em Ji-Paraná, observamos um sentimento de cooperação entre os professores

para que estes obstáculos fossem superados e para que a função seja

exercida da melhor forma possível.

Dentre as adversidades enfrentadas pelo curso de Matemática em Ji-

Paraná, destacamos a questão da precariedade de sua estrutura física, que

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Textualização 8.

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sempre foi insuficiente. Talvez uma herança de seu germe, o curso de

Ciências.

Atualmente, presenciamos melhorias, principalmente na estrutura física

do campus de Ji-Paraná, advindas por meio do Programa de Apoio a Planos de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Em sua

essência, o REUNI, tem a finalidade de reestruturar a educação superior. Nas

palavras do entrevistado Emerson da Silva Ribeiro, docente do campus de Ji-

Paraná, evidenciou-se sua opinião em relação ao REUNI:

Acho que inicialmente a estrutura. Na minha época, não tinha esse canteiro de obras como está ocorrendo hoje em função do REUNI. Em relação ao corpo docente, não alterou muito. Durante esse período, poucos professores passaram por aqui. Quase todos são efetivos do tempo que eu me formei, hoje tem dois professores que eu não tive aula com eles. O corpo docente foi sempre precário, mas, agora com a possibilidade do REUNI, o curso de Matemática vinculou-se ao curso de Estatística. Por esse motivo, foi agraciado com mais vagas. Eu vim para este campus graças a isto. O corpo docente agora está com um número razoável em relação ao que se necessita, mas, em geral, acho que a grande mudança foi na estrutura física (RIBEIRO, Entrevista em... 2010)47.

Mesmo com todas as dificuldades, o curso de Licenciatura em

Matemática em Ji-Paraná, desde sua criação, formou 271 alunos. Segue na

Tabela 17 uma descrição da quantidade de formandos por ano de colação de

grau.

Ano de Colação de Grau Quantidade

1996 14

1997 -

1998 33

1999 4

2000 22

2001 5

2002 29

2003 25

2004 21

2005 14

2006 29

2007 27

47

Textualização 15.

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131

2008 15

2009 11

2010 12

2011 10

Total 271

Tabela 17: Quantidade de formandos do curso de Licenciatura em Matemática UNIR/Ji-Paraná de acordo com o ano de colação de grau. Fonte: Atas de colação de Grau - UNIR/Ji-Paraná (1996).

De acordo com o Projeto Pedagógico do curso de Licenciatura em

Matemática de Ji-Paraná (2006), para os egressos do curso é proposto um

perfil baseado nas seguintes competências e habilidades gerais:

Visão abrangente do papel social do educador, capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares e de exercer lideranças; Capacidade de aprendizado continuada; Abertura para aquisição e utilização de novas idéias e tecnologias; Visão histórica e crítica da Matemática, tanto no seu estado atual como nas várias fases de sua evolução; Visão crítica da Matemática que o capacite a avaliar livros, textos, estruturação de cursos e tópicos de ensino; Capacidade de comunicar-se matematicamente e de compreender Matemática; Capacidade de estabelecer relações entre a Matemática e outras áreas do conhecimento; Capacidade de utilização dos conhecimentos matemáticos para a compreensão do mundo que o cerca; Capacidade de despertar o hábito da leitura e do estudo independente e de expressar-se com clareza, precisão e objetividade; Capacidade de criação e adaptação de métodos pedagógicos ao seu ambiente de trabalho. Capacidade de conhecer as referências culturais e sociais de

seus alunos e seus conhecimentos prévios (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, UNIR/Ji-Paraná, 2006, p.7).

Por meio da atual reformulação do Projeto Político Pedagógico do

curso de Matemática de Ji-Paraná, percebe-se uma preocupação, por parte

dos docentes do curso, em romper com a tendência de uma formação com

características de bacharel.

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3.3.2 Licenciatura em Matemática - Campus de Porto Velho

Figura 22: Portão de entrada da UNIR - Campus de Porto Velho. Fonte: Acervo do autor, 12 de junho de 2010.

Porto Velho é a capital do estado de Rondônia. Possui a maior área

territorial dentre todas as capitais brasileiras, sendo esta de 34.068,50 km². A

população é constituida de 426.558 habitantes, segundo o IBGE (2010), sendo

a 3ª maior capital da região Norte em população. Sua história oficial inicia por

volta do ano de 1907, tendo sido impulsionada principalmente pela construção

da ferrovia Madeira-Mamoré.

Porto Velho tornou-se município no ano de 1914, quando ainda

pertencia ao estado do Amazonas. Em 1943, passou à condição de capital do

então Território Federal do Guaporé (hoje estado de Rondônia).

O município de Porto Velho está limitado: ao norte as cidades de Lábrea,

Canutama, Humaitá; à leste, Machadinho d'Oeste, Cujubim, Itapuã do Oeste,

Candeias do Jamari; à oeste, a cidade de Acrelândia; ao sul, Alto Paraíso,

Buritis, Nova Mamoré, departamento do Pando-Bolívia.

A economia de Porto velho é movimentada principalmente pelo

comércio, pecuária e indústrias. Atualmente, pelo motivo da construção das

hidrelétricas no rio Madeira, inúmeras empresas estão se instalando no

município, criando muitos empregos, diretos e indiretos, aumentando, assim, o

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fluxo populacional da cidade. Na contramão, percebe-se um aumento nos

problemas sociais do município em virtude da falta de infraestrutura para

suportar um aumento populacional grande num intervalo pequeno de tempo.

A atuação da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, na capital Porto

Velho, data o ano de 1982, logo após a “invenção” do estado de Rondônia.

Inicialmente, teve seu funcionamento num prédio, no centro da cidade, onde

antes funcionou o Porto Velho Palace Hotel.

Hoje, o campus da UNIR/Porto Velho está situado no Km 9,5, no sentido

Rio Branco, este campus teve sua inauguração no dia 29 de Fevereiro de

1988. De acordo com o técnico administrativo da UNIR, Aristides Augusto

Cezar Pires Neto, em entrevista concedida no dia 12 de julho e 201048, a ideia

inicial era construir o campus numa outra área, mas devido a proximidade com

o aeroporto não foi possível. O entrevistado pontua algumas dificuldades

enfrentadas pelo campus da UNIR em Porto Velho logo após sua mudança do

centro da cidade para uma área doada na zona rural:

Na época, quando iniciou o campus, primeiro, para vir para este local onde estamos, teve um projeto para trazer energia que veio até aqui à frente. Esse projeto de energia foi da própria Universidade e, posteriormente, a CERON tomaria de conta porque se tornaria público. E hoje a água também vem lá do bate estaca, é da Universidade essa instalação de água. Nessa época, também não tinha ar condicionado, era terrível a situação aqui. No início, a geração de energia era feito por geradores, pequenos geradores para a própria construção. Existia muita malária, muita carapanã, ainda há, e existia a fase de garimpo, o garimpo ainda tinha sinais, existia muito roubo muita agressão (PIRES NETO, Entrevista em... 2010)49.

O curso de Licenciatura em Matemática começou a funcionar no campus

da UNIR/Porto Velho no ano de 1991. Segundo a ata de reunião do Colegiado

do curso de Ciências – Habilitação em Matemática, do dia 23 de agosto de

1990 (Anexo 23), após várias discussões entre docentes e discentes foi

aprovada a extinção do curso de Ciências - Habilitação em Matemática da

UNIR/Porto Velho para implantar o curso de Licenciatura Plena em

Matemática. A proposta de mudança foi votada na mesma reunião por dez

participantes do colegiado. Oito docentes foram favoráveis à mudança e dois

48

Textualização 9, Anexo 2. 49

Textualização 9, Anexo 2.

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contra. Votaram favoravelmente Eudes Barroso Júnior; Heretiano G. Filho;

Gerson F. Nascimento; Flávio Batista Simão; Benedito L. da Silva; Ana Luzia

de S. Silva e Domingos dos Reis. Os contrários à mudança foram Júlio Sancho

L. Militão e Valdir Alves Facundo. Além dos docentes citados, tivemos o voto

favorável do representante discente Jomar Feliciano de Oliveira.

O curso de Licenciatura em Matemática objetiva: “formar um professor

de Matemática para a segunda fase do ensino fundamental e para o ensino

médio, que seja um profissional da área da educação” (PROJETO POLÍTICO

PEDAGÓGICO, UNIR/Porto Velho, 2006, p.2).

A primeira reunião do colegiado do curso de Licenciatura Plena em

Matemática da UNIR/Porto Velho aconteceu no dia 23 de setembro de 1991,

com a presença dos seguintes professores: Gerson Flores do Nascimento;

Flávio Batista Simão; Domingo dos Reis Cavalcante e Heretiano Gurjão Filho.

Após a implantação do curso, seu primeiro coordenador foi o professor

Heretiano Gurjão Filho.

Por meio das ações proposta pelo Projeto Integrado de Qualidade

Educacional – PIQUE- o curso de Licenciatura em Matemática da UNIR em

Porto Velho seria extinto. Sendo assim, de acordo com ata do colegiado do

curso de Licenciatura em Matemática, no dia 7 de outubro de 1992, seus

membros se reuniram para discutirem quais ações realizarem contra a medida,

Ao final, foi deliberado que fosse feito um trabalho de mobilização juntamente

aos acadêmicos do curso e demais acadêmicos, além da comunidade externa,

no sentido de não avançar a proposta de extinção do curso. Participaram

daquela reunião os professores, Gerson Flores do Nascimento; Dilcélia

Heckmann Barbalho; Maria das Graças Viana de Sousa Diogo; Domingos dos

Reis C. Filho e Keith Shirley A. de Oliveira. A extinção do curso não aconteceu,

pois a implantação do polêmico projeto PIQUE de fato nunca se concretizou.

Por meio da ata de reunião do conselho de Departamento de Ciências

Exatas, realizada no dia 3 de abril de 2000, verificamos a aprovação da

mudança na matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática da

UNIR/Porto Velho, (Anexo 24). Sendo assim, o curso passou a contar com um

total de 2.860 horas, reservadas 200 horas para a disciplina de Prática de

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Ensino. A reunião que aprovou a nova matriz curricular para o curso de

Matemática contou com a presença dos seguintes conselheiros: Gerson Flores

do Nascimento; Adeilton Fernandes da Costa; Carlos Luiz Ferreira da Silva;

Dilcélia Heckman Barbalho; Flavio Batista Simão; Julio Sancho Linhares

Teixeira Militão; Maria das Graças Viana de Sousa Diogo; Marcello Batista

Ribeiro; Valdir Alves Facundo e Vasco Pinto da Silva Filho.

A última alteração na matriz aconteceu no dia 7 de março de 2006, de

acordo com a ata de reunião do Conselho de Departamento de Matemática.

Assinaram o documento os professores: Ana Luzia de Souza Silva; Charles

Wilson Monteiro; Marçal França dos Santos; Maria das Graças Viana de Sousa

Diogo e Ronaldo Chaves Cavalcanti. Diante da nova matriz curricular (Anexo

25), os alunos ingressantes no curso de Matemática, a partir de 2007, devem

cursar um total de 3.580 horas, sendo 2.510 horas teóricas e 1.070 práticas.

Vale ressaltar que o último concurso vestibular (2012) para o curso de

Matemática da UNIR/Porto Velho contou com 45 vagas para ingressantes no 1º

semestre.

Além das disciplinas obrigatórias, os alunos devem cursar duas

disciplinas optativas (Anexo 26), com carga horária de 80 horas cada. O

oferecimento das disciplinas optativas é feito a critério do Departamento de

Matemática de acordo com a disponibilidade de professores.

Desde sua implantação, o curso já formou 371 alunos, distribuídos na

Tabela 18:

Ano de colação de grau Quantidade

1992 09

1993 15

1994 03

1995 13

1996 39

1997 21

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136

1998 29

1999 18

2000 26

2001 16

2002 24

2003 12

2004 20

2005 23

2006 25

2007 31

2008 22

2009 11

2010 04

2011 10

Total 371

Tabela 18: Quantidade de Formandos do Curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Porto Velho. Fonte: Direção de controle e registros acadêmicos - DIRCA/UNIR/Porto Velho (2011).

De acordo com o projeto em vigência, para os egressos do curso é

proposto um perfil com as seguintes características:

Dominar conhecimento matemático específico e não trivial, tendo consciência do modo de produção próprio desta ciência - origens, processo de criação, inserção cultural - tendo também conhecimento das suas aplicações em várias áreas. Percebe o quanto o domínio de certos conteúdos, habilidades e competências próprias à matemática importam para o exercício pleno da cidadania. É capaz de trabalhar de forma integrada com os professores da sua área e de outras áreas, no sentido de conseguir contribuir efetivamente com a proposta pedagógica da sua Escola e favorecer uma aprendizagem multidisciplinar e significativa para os seus alunos. Tem maturidade para utilizar adequadamente ou perceber o significado da precisão dedutiva num processo de demonstração, assim como para empregar procedimentos

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indutivos ou analógicos na criação de matemática, entendida como uma atividade de resolução de problemas, tanto na sua relação pessoal com a ciência matemática, quanto na dinâmica de ensino-aprendizagem. Compreende as características peculiares a cada um dos raciocínios típicos da matemática: o raciocínio lógico-algébrico, o combinatório e o geométrico. Dominar a forma lógica característica do pensamento matemático e, tem conhecimentos dos pressupostos da Psicologia Cognitiva de modo a compreender as potencialidades de raciocínio em cada faixa etária. Em outras palavras, é capaz de, por um lado, favorecer o desenvolvimento de raciocínio de seus alunos e, por outro lado, não extrapolar as exigências de rigor a ponto de gerar insegurança nos seus alunos em relação à matemática. Possui familiaridade e reflexão sobre metodologias e materiais de apoio ao ensino diversificados de modo a poder decidir, diante de cada conteúdo específico e cada classe particular de alunos, qual o melhor procedimento pedagógico para favorecer a aprendizagem significativa de matemática, estando preparado para avaliar os resultados de suas ações por diferentes caminhos e de forma continuada. Ser capaz de observar cada aluno, procurando rotas alternativas de ação para levar seu alunos a desenvolver-se plenamente, com base nos resultados de suas avaliações, sendo assim motivador e visando o desenvolvimento da autonomia no seu aluno. Visão histórica e crítica da Matemática, tanto no seu estado atual como nas várias fases de sua evolução. Estar engajado num processo de contínuo aprimoramento profissional, procurando sempre atualizar seus conhecimentos com abertura para a incorporação do uso de novas tecnologias e para adaptar o seu trabalho às novas demandas sócio-culturais e dos seus alunos (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, UNIR/Porto Velho, 2006, p.).

Um problema existente no curso, explicitado por nossos entrevistados, é

a questão da evasão que, segundo eles, acontece por falta de conhecimento

prévio dos alunos sobre os conteúdos matemáticos; falta de opções para

outros cursos e pela estrutura física da Instituição.

Entendemos que o problema da evasão no curso de Matemática é um

caso sério que merece ser observado com maior atenção. É preciso conhecer

de fato quais variáveis influenciam e levam os alunos a desistirem para um

possível enfrentamento, para isso uma pesquisa específica se faz necessário.

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138

3.4 – ALGUMAS PERCEPÇÕES A RESPEITO DOS CURSOS DE

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO ESTADO DE RONDÔNIA

A partir do ano de 1992, localizamos 997 formandos nos cursos

regulares de Licenciatura em Matemática no estado e Rondônia. Isto,

considerando instituições privadas e a Universidade Federal. A Tabela 19 traz

uma síntese, da quantidade, por ano, de formandos do curso de Licenciatura

em Matemática no estado de Rondônia.

Ano Pública Privada Total

Unir/Porto

Velho UNIR/Ji-Paraná

UNIR/Rolim de Moura

FACIMED FIAR50

1992 09 - - - - 9

1993 15 - - - - 15

1994 03 - - - - 3

1995 13 - - - - 13

1996 39 14 - - - 53

1997 21 - 30 - - 51

1998 29 33 - - - 62

1999 18 4 - - - 22

2000 26 22 - - - 48

2001 16 5 - - - 21

2002 24 29 - - - 53

2003 12 25 - - - 37

2004 20 21 - - - 41

2005 23 14 - - - 47

2006 25 29 - - - 54

2007 31 27 - - 65 123

2008 22 15 - - 83 109

2009 11 11 - - 83 120

2010 04 12 - 11 52 79

2011 10 10 -- 53 - 73

2012* - - - 61 61

Total 672 - 325 997

Tabela 19: Síntese quantitativa dos formandos em Licenciatura em Matemática a partir de 1992, no estado de Rondônia.

Fonte: Tabelas anteriores (17; 18; 19; 20 e secretaria acadêmica da UNIR/Rolim de Moura), adaptação nossa.

50

Na FIAR, os formandos de 2011 colaram grau em 2012.

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139

De acordo com as informações da Tabela 19, percebemos que a maior

parte dos formandos, com um percentual de 67,4%, concluíram o curso

Licenciatura em Matemática regular, no estado de Rondônia, pela UNIR.

Em Rondônia, a oferta do curso de Licenciatura em Matemática por

instituições particulares favoreceu o aumento da quantidade de formandos. A

partir de 2007, o número foi sempre maior nas instituições de ensino superior

privada, se comparado com a Universidade Federal.

Por meio dos projetos pedagógicos dos cursos investigados,

identificamos a proposição de um perfil para seus egressos, de acordo com a

Tabela 20, a seguir.

Instituição Perfil do egresso

UNIR/Porto Velho

Capacidade de trabalhar de forma integrada com professores de sua área e de outras áreas;

Possuir maturidade para utilizar adequadamente ou perceber o significado da precisão dedutiva num processo de demonstração, assim como para empregar procedimentos indutivos ou análogos na criação de matemática;

Compreender as características peculiares a cada um dos raciocínios típicos da Matemática: o raciocínio lógico–algébrico, o combinatório e o geométrico;

Dominar a forma lógica característica do pensamento Matemático e, ter conhecimentos dos pressupostos da Psicologia Cognitiva de modo a compreender as potencialidades de raciocínio em cada faixa etária;

Possuir familiaridade e reflexão sobre metodologias e materiais de apoio ao ensino diversificado;

Ser capaz de observar cada aluno, procurando rotas alternativas de ação para levar seus alunos a desenvolverem-se plenamente;

Estar engajado num processo de contínuo aprimoramento profissional, procurando sempre atualizar seus conhecimentos com abertura para a incorporação do uso de novas tecnologias e para adaptar o seu trabalho às novas demandas sócio-culturais.

Visão histórica e crítica da Matemática, tanto no seu estado atual como nas várias fases de sua evolução.

UNIR/Ji-Paraná

Visão abrangente do papel social do educador, capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares e de exercer lideranças;

Capacidade de aprendizado continuada;

Abertura para aquisição e utilização de novas idéias e tecnologias;

Visão histórica e crítica da Matemática, tanto no seu estado atual como nas várias fases de sua evolução;

Visão crítica da Matemática que o capacite a avaliar livros, textos, estruturação de cursos e tópicos de ensino;

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140

Capacidade de comunicar-se matematicamente e de compreender Matemática;

Capacidade de estabelecer relações entre a Matemática e outras áreas do conhecimento;

Capacidade de utilização dos conhecimentos matemáticos para a compreensão do mundo que o cerca;

Capacidade de despertar o hábito da leitura e do estudo independente e de expressar-se com clareza, precisão e objetividade;

Capacidade de criação e adaptação de métodos pedagógicos ao seu ambiente de trabalho.

Capacidade de conhecer as referências culturais e sociais de seus alunos e seus conhecimentos prévios.

FIAR

Visão de seu papel social de educador e capacidade de se inserir em realidades diferentes com sensibilidade para interpretar as ações dos educandos;

Capacidade de expressar-se escrita e oralmente com clareza e precisão;

Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares;

Capacidade de compreender, criticar e utilizar novas idéias e tecnologias para a resolução de problemas;

Habilidade de identificar, formular e resolver problemas na sua área de aplicação, utilizando rigor lógico-científico na análise da situação-problema;

Habilidade para estabelecer relações entre a matemática e outras áreas do conhecimento;

Capacidade para valorizar e utilizar o conhecimento de questões contemporâneas;

Analisar, selecionar e produzir materiais didáticos;

Aquisição de uma educação multidisciplinar necessária ao entendimento do impacto das soluções encontradas num contexto global e social;

Habilidade para participar de programas de formação continuada;

Trabalhar na interface da Matemática com outros campos de saber

FACIMED Obs. - Exatamente idêntico ao perfil da UNIR/Porto Velho.

Tabela 20: Síntese do perfil dos egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática (UNIR, FIAR, FACIMED). Fonte: Projetos Pedagógicos dos cursos de Licenciatura em Matemática (UNIR, FIAR e FACIMED

Ao observarmos algumas interseções existentes entre todos os cursos

investigados, é possível traçarmos um perfil geral para os egressos dos cursos

de Licenciatura em Matemática do estado de Rondônia. Nessa perspectiva,

assim delineamos:

Capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar;

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Competência para utilização de novas tecnologias;

Capacidade de aprendizado continuado;

Capacidade de analisar e selecionar materiais didáticos;

Capacidade de identificar as referências culturais de seus alunos.

Da Tabela 22 também decorre que a dimensão histórica da Matemática

é uma característica que está presente, de forma explícita, no perfil proposto

para os egressos de todos os cursos pesquisados, exceto o oferecido pela

FIAR.

No curso da FIAR, a dimensão histórica da Matemática não se configura

como característica proposta para o futuro professor. Contudo, apresenta em

sua matriz curricular a oferta de uma disciplina de História da Matemática, com

carga horária de 80 horas, proposta para o 4º período.

Por outro lado, nos cursos oferecidos pela UNIR/Porto Velho e Ji-Paraná

e FACIMED, apesar de encontrarmos a dimensão histórica da Matemática

como proposta para o perfil dos futuros professores, em seus projetos

pedagógicos essa característica se restringe ao oferecimento de uma disciplina

específica de História da Matemática, com carga horária, respectivamente de:

UNIR/Porto Velho (60 horas – 4 º período); UNIR/Ji-Paraná (80 horas – 7º

período); FACIMED (40 horas -7º período). A nosso ver, essa estratégia se

constitui numa forma limitada para se oferecer essa dimensão histórica da

Matemática aos futuros professores. Nesse sentido, entendemos ser

necessária uma articulação histórica da Matemática do início ao fim do curso,

não apenas limitá-la a uma disciplina.

Ainda, pela Tabela 22, percebe-se que é proposto para os egressos, de

todos os cursos investigados, o conhecimento da cultura local – em

conformidade com a região do curso, porém, não fica claro, nas propostas

pedagógicas dos cursos, como isso será realizado.

Os egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática do estado de

Rondônia possivelmente atuarão na rede de ensino do próprio Estado. Um

lugar que se localiza na região amazônica e possui suas especificidades com

um público educacional diferenciado, por exemplo: ribeirinhos, indígenas e

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quilombolas. Nessa perspectiva, não conseguimos observar essa diversidade

sendo contemplada nas matrizes curriculares dos cursos pesquisados, embora

isso esteja previsto no Projeto Político Pedagógico, quando se trata das

competências e habilidades propostas para os egressos.

Parece-nos contraditória a questão da diversidade cultural amazônica

ficar fora das matrizes curriculares dos cursos de Licenciatura em Matemática

no estado de Rondônia, ainda que esteja proposto no perfil dos egressos,

conforme exposto acima. Afinal, olhando historicamente para tais cursos,

evidenciamos que foram criados justamente para atender uma demanda

regional por professores de Matemática.

A intenção de promover um curso de Licenciatura em Matemática no

estado de Rondônia com as mesmas características de um curso oferecido em

um grande centro do país, por exemplo, fica evidente na fala de alguns de

nossos entrevistados.

Tudo bem que pode existir essa diferença, mas eu acho que um professor formado em Rondônia ou São Paulo deve ter a mesma condição de profissional, de conhecimento, das disciplinas básicas, nesse aspecto não tem diferença. Porém, a diferença, ela pode residir talvez no trato com a clientela, mas eu não penso que deve ser tão diferenciada, no caso do curso de Matemática não. Exatas é uma particularidade, assim como eu não posso pensar que o engenheiro formado em São Paulo, tem que ser um engenheiro diferente de um formado em Rondônia. Se formos olhar assim, tem concursos aqui que muitas vezes vêm pessoas de outros estados. Muitas vezes, essas vagas são preenchidas por alunos oriundos da Universidade de Rondônia. Então, se fosse diferente ou teria uma aprovação muito maciça, dos alunos de Rondônia, ou uma aprovação maciça dos alunos de outros lugares, mas, não. Eles concorrem em pé de igualdade (SILVA, Entrevista em... 2011)51.

O fato de não serem inseridas as especificidades do contexto regional

do estado de Rondônia dentro da proposta pedagógica dos cursos investigados

pode ser justificado pelo parâmetro que alguns docentes atuantes no curso

utilizam para qualificá-lo. Para eles, o curso da forma como está, sem atender

especificidades, é valorativo, pois há exemplos de egressos desses cursos

terem sido aprovados em concursos de outros estados. Ou seja, a aprovação

dos egressos em concursos e principalmente nos programas Stricto Senso

51

Textualização 23.

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143

apontam que as especificidades não fazem falta. Verificamos nos discursos

abaixo, que não há nenhuma menção à questão das especificidades. Para os

entrevistados, os cursos são bons, pois aprovam sejam em concursos, sejam

em cursos de qualificação. Vejamos as falas de alguns docentes a seguir.

Percebemos que estamos no caminho certo, com nossos alunos sendo aprovados em concursos de instituições federais. Recentemente, o governo federal abriu vagas nos institutos e os alunos aprovados no próprio Mato Grosso, aqui em Rondônia e Roraima são alunos que passaram por este Campus. Quando retornam aqui para nos dizerem sobre isto, nós vibramos de alegria com eles, isso mostra que nosso curso tem qualidade e que temos uma amizade com nossos alunos. Estamos sempre em parceria com os alunos vibrando junto com eles. Fora esses institutos federais nós temos aqui casos de professores que foram alunos nossos e foram aprovados em concursos aqui neste Campus. Isso para nós é de grande alegria, pois, percebemos que nossa Instituição está cumprindo o papel dela (ALBUQERQUE, Entrevista... 2010)52.

[...] considero bem positivo essa experiência, inclusive vários professores que saíram desse sistema de formação e foram se submeter em concursos, conseguiram boas classificações (SILVA, Entrevista... 2011)53.

Olha o que temos de positivo, acredito que pode se dizer é questão de conhecimento, da capacitação. Apesar de todas as dificuldades de nossos alunos, temos muitos com uma boa aprendizagem e que saem daqui com uma bagagem suficiente para ingressarem em uma Pós-Graduação Strito Senso. Nesse ano, nós formamos agora em julho dez alunos, dos quais três já estão aprovados no mestrado. Dois deles em Matemática pura, em Recife. Acredito que esse legado é interessante, é algo de positivo, ou seja, nossos alunos estão saindo com uma bagagem suficiente para enfrentar os mestrados ou as Pós-Graduações pelo país em condições de concorrer com alunos oriundos de outras instituições das regiões mais desenvolvidas que Rondônia (SANTOS, Entrevista... 2010)54.

Nessa perspectiva, um curso que se aproxima daqueles, oferecido nos

grandes centros, proporciona, segundo nossos entrevistados, uma

competitividade igualitária entre os egressos que se formam em Rondônia e

aqueles que se formam em outro lugar.

Podemos dizer que o condicionamento de se inserir os egressos dos

cursos de Licenciatura em Matemática do estado de Rondônia em Programas

de Pós-Graduação de outros estados com o objetivo de dar continuidade na

52

Textualização 3. 53

Textualização 23. 54

Textualização 12.

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144

sua formação se constitui num problema que dificulta a formação de uma

identidade para os cursos de Licenciatura em Matemática no estado de

Rondônia.

Uma das formas de aproximação entre os cursos de Licenciatura em

Matemática oferecidos em Rondônia e aqueles de instituições dos grandes

centros pode acontecer por meio da matriz curricular. Em alguns momentos, ao

se pensar numa reformulação curricular para os cursos de Rondônia, são

tomados como parâmetros instituições já consolidadas de outras regiões.

[...] nós temos aqui um grupo de professores, com o enfoque na Educação Matemática, então, me lembro que utilizamos a Licenciatura em Matemática da UNESP em Rio Claro, pois lá eles tem a linha de Educação Matemática, utilizamos a PUC em São Paulo, as federais daqui do Norte [...] (ALBUQUERQUE, 2010)55.

De acordo com os diretores acadêmicos em exercício da FIAR e

FACIMED, respectivamente, Gilmar Utizig e Valdir Alves de Godoy, os cursos

de Licenciatura em Matemática dessas instituições ainda não sofreram

alterações em sua matriz curricular. Não foi possível identificar se essas

instituições particulares se pautaram em instituições já consolidadas para

construírem suas matrizes iniciais, visto que aqueles que a formularam já não

estão mais nas Instituições.

Já as matrizes curriculares dos cursos oferecidos pela UNIR passaram

por diversas alterações. Geralmente, essas mudanças estão relacionadas ao

atendimento dos dispositivos legais para formação de professor. Sobre a última

alteração na matriz curricular do curso de Ji-Paraná, o professor Marlos Gomes

de Albuquerque diz:

[...] essa grade atual, ela foi modificada em 2006, procurando atender às necessidades do MEC com relação à mudança no estágio curricular, antes eram duzentas horas hoje são quatrocentas horas de estágio curricular e, ao todo, são mil horas do montante do curso que tem que ser feita extra sala (Albuquerque, Entrevista em... 2010)56.

De forma específica, a última mudança na matriz curricular dos cursos

da UNIR visou de forma especial atender à Resolução do Conselho Nacional

de Educação - CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002, que institui a duração e

55

Textualização 3. 56

Textualização 3.

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a carga horária dos cursos de Licenciatura, de graduação plena, de formação

de professores da Educação Básica em nível superior.

No projeto de mudança da matriz curricular do curso da UNIR/Ji-Paraná,

lê-se: “Em atendimento a Resolução CNE/CP 2, de 19 de Fevereiro de 2002, a

carga horária total do curso, ficou assim distribuída [...]” (UNIR/Ji-Paraná, 2005,

p. 22). Já no memorando 048/2006 do departamento de Matemática da UNIR

de Porto Velho, lê-se:

O Departamento visando a readequação do curso de Licenciatura Plena em Matemática destas IFE, conforme Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em Nível Superior,reuniu-se com os conselheiros que discutiram e aprovaram por unanimidade a Nova Proposta Curricular para o curso de Matemática a ser implantada a partir do 1º semestre de 2007 (MEMORANDO nº 48, UNIR, 2006).

Nessa perspectiva, identificamos que as mudanças mais acentuadas

nas matrizes dos cursos de Licenciatura em Matemática, tanto em Porto Velho

como em Ji-Paraná, foi apenas para se enquadrar no dispositivo legal, o que

mudou de forma significativa foi somente a carga horária dos estágios, a qual

passou a ser de 400 horas; incluiu-se 200 horas de atividades acadêmico-

científico-culturais; fixou-se 400 horas de prática como componente curricular.

Fazendo uma comparação da matriz curricular do curso de Matemática

da UNIR/Porto Velho, do ano 2000, para a implantada em 2007, atualmente em

vigor, observamos a inclusão das seguintes disciplinas: Informática no Ensino

da Matemática; Didática da Matemática; Seminário em Pesquisa Matemática;

Metodologia do Ensino da Matemática; Trabalho de Conclusão de Curso I;

Física III; Trabalho de Conclusão de curso II; Estágio Supervisionado III;

Estágio Supervisionado IV e Trabalho de Conclusão de Curso III.

No curso de Matemática da UNIR/Ji-Paraná, na última mudança na

matriz curricular, foram incluídas as seguintes disciplinas: Iniciação à

Modelagem Matemática; Matemática Financeira; Tecnologias Educacionais

Aplicadas ao Ensino Matemática; Prática do Ensino Fundamental; Prática do

Ensino Médio; Trabalho de Conclusão de Curso e Seminários de Matemática

Em Ji-Paraná, nossos entrevistados comentaram sobre a última

mudança ocorrida na matriz curricular do curso:

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O curso de Licenciatura em Matemática, da UNIR de Ji-Paraná, até pouco tempo tinha a ideia de formar alunos com características de bacharel, com uma carga horária de disciplina na área exata e aplicada bem grande. De um a dois anos atrás, passamos a ter uma grade curricular pensando mais na formação de professores. Nesse sentido, foi reduzida a carga de disciplinas da Matemática pura para acrescentarmos mais disciplinas pedagógicas. Disciplinas que pensam na formação do professor. Como exemplo, citamos a Modelagem Matemática, além da Prática de Ensino, que o aluno aprende na universidade, como ensinar, para depois ele ir à escola trabalhar e aplicar os estágios. O nosso curso já mudou bastante, ganhou uma cara nova. Esta com um formato, que pensa especificamente na formação do professor. Pensamos em formar nossos alunos para trabalharem com os alunos do ensino médio, o que antes não acontecia (SANTOS, Entrevista em... 2011)57.

Não sei se estou sendo ousado em dizer, mas vou falar por mim. Em 2006, nós fizemos a última reformulação na matriz curricular do curso. Antes, tínhamos um foco de, como meu orientador diz: ‘bacharelesco’, e não de licenciatura, que é um curso para professor, por isso mudamos em 2006. Com esse novo modelo de matriz curricular, propomos formar um Educador Matemático, que se preocupa com conhecimentos prévios e com metodologias. Incluímos disciplinas de cunho pedagógico, as disciplinas voltadas para o bacharelado continuam existindo, porém com uma carga horária menor (ALBUQUERQUE, Entrevista em... 2011)58.

Nas falas dos nossos entrevistados, fica evidente a perspectiva de

formar um professor de Matemática com foco nas necessidades da educação

básica. Percebe-se ainda uma tentativa de se desprender das heranças das

licenciaturas da década de 30 do século XX, em que prevalecia o modelo 3+1,

três anos de disciplinas específicas mais um ano de disciplinas pedagógicas.

De forma geral, tanto os cursos da UNIR, que já fizeram várias

mudanças em suas matrizes curriculares, como os cursos ofertados pela FIAR

e FACIMED, que ainda não alteraram suas matrizes curriculares, avançaram

em suas propostas de formação inicial de professores. No entanto, ainda

deixam de considerar algumas questões que acreditamos ser importantes na

formação do futuro professor de Matemática. Por exemplo, a EJA e a inclusão

de alunos com necessidades especiais na educação básica regular.

57

Textualização 12. 58

Textualização 25.

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147

A respeito da Educação de Jovens e Adultos – EJA, excetuando o curso

oferecido pela FACIMED, que apresenta em sua matriz curricular uma

disciplina de 40 horas, nenhum outro curso investigado proporciona uma

disciplina para se discutir as especificidades dessa modalidade de ensino.

As inúmeras pesquisas ligadas ao EJA, de forma especial as do

GRUEPEM59 (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática),

vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT, apontam-

nos inúmeras particularidades desse público, que se diferenciam dos alunos

que estão dentro da faixa etária de estudo. Inserir as particularidades da EJA

na formação do futuro professor de Matemática pode ajudar o processo de

ensino-aprendizagem desse público tão específico.

Ainda a inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino

básico é outra questão quase esquecida pelos cursos investigados. Mesmo

depois do Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que em seu artigo 3º

preconiza a obrigatoriedade da disciplina de Libras, nos cursos de Formação

de professores, observamos que apenas a FIAR cumpre este dispositivo legal.

Nesse sentido, apresenta em sua matriz curricular a disciplina de Libras com

carga horária de 80 horas.

A inclusão de crianças com necessidades especiais na rede pública de

ensino é uma realidade que está posta. Não discutir ou não conhecer suas

especificidades durante o curso de Licenciatura em Matemática só irá

perpetuar uma tendência que estamos vendo, ou seja, uma “inclusão que não

inclui”.

Muito se avançou em relação à habilitação para o ensino de Matemática

no estado de Rondônia, porém ainda há muito a se fazer. Atualmente, o grande

debate entre os docentes que atuam nos curso de Licenciatura em Matemática

no estado de Rondônia se constitui em função da insatisfação da atual

realidade do Ensino Médio no Estado. Fica evidente que grande parte dos

entrevistados acredita que os problemas referentes ao Ensino Médio, de

alguma forma, repercutem nos cursos superiores, de forma especial ao curso

de Matemática. Nessa perspectiva, a grande discussão hoje em Rondônia

59

Grupo coordenado pela professora Drª Marta Maria Pontin Darsie, que tem na EJA, seu

principal foco.

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148

refere-se à redução da carga horária no Estado para a disciplina de

Matemática.

A disciplina de Matemática poderia ter um número maior de aulas, tanto no ensino fundamental quanto médio. Como, isso o aluno poderia vir melhor preparado, com uma ideia se realmente ele quer fazer Matemática [...] (SILVA, Entrevista em... 2011)60.

Outro fato que dificulta muito nossa atuação como docente é a política adotada pelo Estado em reduzir a carga horária de Matemática. Dessa forma, quando os alunos ingressam no curso, percebemos que eles tem uma defasagem muito grande dos conhecimentos básicos (RIBEIRO, Entrevista em... 2010)61.

Com a redução da carga horária na disciplina de Matemática, o processo de aprendizagem dos alunos ficou deficiente. Como a carga horária que já existia, de 4 aulas semanais, já não era suficiente e agora com 2 aulas semanais o índice aprendizagem dos alunos ficou bem defasado em Matemática. Assim, quando vão fazer curso na área de exatas, na área de engenharia, encontram muitas dificuldades, porque não aprenderam os conteúdos básicos necessários para um curso na área de exatas (SANTOS, Entrevista em... 2011)62.

No estado de Rondônia, a partir de 2005, a disciplina de Matemática no

ensino médio passou a contar com duas aulas semanais de 60 minutos. Essa

medida do governo estadual, segundo alguns docentes dos cursos de

Licenciatura em Matemática, prejudica o processo de ensino aprendizagem,

tornando os conhecimentos adquiridos no ensino médio insuficientes para

iniciarem o curso de Matemática. Inclusive no campus de Ji-Paraná foi criado

um curso de nivelamento, do qual os alunos são convidados a fazer antes de

iniciar o curso. Esse nivelamento acontece como se fosse uma disciplina, em

que são trabalhados conteúdos básicos do ensino médio.

Entendemos que a medida adotada pelo curso em Ji-Paraná se constitui

numa forma paliativa de enfrentar a situação na medida em que as políticas

públicas para a educação estadual e a Universidade não estabelecem uma

relação de diálogo. Produzir políticas públicas educacionais para o Estado sem

discutir com a Universidade, bem como com os cursos de Licenciatura em

Matemática e, desse modo, desconsiderar a realidade da educação básica,

60

Textualização 23. 61

Textualização 15. 62

Textualização 12.

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149

desaguará em problemas futuros para ambos. A troca de experiência pode

facilitar a formação dos futuros professores de Matemática.

Segundo Saviani (2009), historicamente, a formação de professor se

constituiu por meio da oposição entre dois modelos: “o modelo dos conteúdos

culturais-cognitivos”, no qual a formação se esgota na cultura geral e no

conhecimento específico das disciplinas que irá ensinar e “o modelo

pedagógico-didático”, opõe-se ao anterior e considera que a formação do

professor só será completa por meio do eficaz preparo pedagógico-didático.

A separação entre disciplinas pedagógicas e específicas, segundo

Fürkotter e Morelatti (2007), constitui-se num problema para a formação do

futuro professor de Matemática. Porém, de acordo com Zimmermann (2003), a

superação desse obstáculo pode ser feita por meio da interação entre as

disciplinas pedagógicas e específicas.

Foi possível identificar o modelo de formação de professor proposto para

cada um dos cursos pesquisados, quando observamos a distribuição, ao longo

dos cursos, da carga horária das disciplinas didático-pedagógicas em relação

às culturais-cognitivas.

Entendemos por disciplinas culturais-cognitivas aquelas que se

relacionam com o conhecimento da cultura geral e com o conhecimento

específico das disciplinas diretamente relacionadas à Matemática. De forma

sintética, consideramos as disciplinas culturais-cognitivas e as didático-

pedagógicas como complementares.

Por disciplinas didático-pedagógicas ou simplesmente pedagógicas,

entendemos aquelas que, na perspectiva de Fiorentini (2004), contemplam o

duplo sentido dos conceitos de didática e pedagogia, definido pelo autor como:

DIDÁTICA: explora as relações professor-aluno-conteúdo [triângulo didático, segundo a Didática Francesa]. A Didática centra foco no processo de ensinar e aprender um determinado conteúdo e, também, no que antecede esta ação (o planejamento de uma boa seqüência) e a sucede (a avaliação do ensino e da aprendizagem).

PEDAGOGIA: preocupa-se com o sentido formativo ou educativo do que ensinamos e aprendemos. Ou seja, preocupa-se com as conseqüências da ação didática. O que pode promover em termos de formação humana do sujeito (seu desenvolvimento emocional, afetivo, social, cultural, intelectual

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e cognitivo). A pedagogia, portanto, governa e vetoriza a ação didática, pois dá sentido à ação didática, preocupando-se com questões tais como: por que, para que e para quem ensinamos?(FIORENTINI, 2004, p.1-2, grifo do autor).

Sob a luz desses conceitos, foi possível identificar as disciplinas

didático-pedagógicas contidas na matriz curricular que vigoram nos cursos

investigados, tendo como suporte suas ementas. Após a identificação, é

possível perceber sua distribuição ao longo dos cursos; em conformidade com

os gráficos 1, 2, 3 e 4 a seguir.

Gráfico4: Distribuição da carga horária das disciplinas pedagógicas63

em relação às

disciplinas culturais-cognitivas do curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Ji-

Paraná.

63

Didática Geral, Prática de Ensino, Psicologia da Educação, Estágio Supervisionado do Ensino

Fundamental, Prática do Ensino Médio, Estágio Supervisionado do Ensino Médio I e II, Trabalho de Conclusão de Curso e Seminário de Matemática.

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151

Gráfico 2: Distribuição da carga horária das disciplinas pedagógicas64

em relação às

disciplinas culturais-cognitivas do curso de Licenciatura em Matemática da UNIR/Porto

Velho.

Gráfico 3: Distribuição da carga horária das disciplinas pedagógicas65

em relação às

disciplinas culturais-cognitivas do curso de Licenciatura em Matemática da FACIMED.

64

Psicologia da Educação, Didática geral, Didática da Matemática, Seminário em Pesquisa

Matemática, Estágio Supervisionado I-II-III-IV-V, Metodologia do Ensino de Matemática, Trabalho de Conclusão de Curso I e II.

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152

Gráfico 4: Distribuição da carga horária das disciplinas pedagógicas66

em relação às disciplinas culturais-cognitivas do curso de Licenciatura em Matemática da FIAR.

Percebe-se, por meio dos gráficos 1, 2, 3 e 4, que todos os cursos

investigados convergem para uma formação cultural-cognitiva, ou seja,

evidenciamos uma formação de professores de Matemática em Rondônia que

privilegia a cultura geral e o conhecimento das disciplinas específicas.

A ênfase dada ao oferecimento de disciplinas cultural-cognitivas pelos

cursos investigados pode ser melhor evidenciado por meio da Tabela 21, a

seguir.

Disciplinas (%)

Culturais-Cognitivas Pedagógicas

UNIR/Ji-Paraná 76,62 23, 38

UNIR/Porto Velho 72 28

FACIMED 79,73 20,27

FIAR 72,62 27,38

Tabela 51: Percentual de disciplinas pedagógicas e cultural-cognitiva.

65

Psicologia da Educação, Estágio Supervisionado I-II-III, Educação Matemática, Didática

Geral, Trabalho de Conclusão de Curso. 66

Psicologia da Educação, Prática e Instrumentalização para o Ensino da Matemática I, Didática

Geral, Prática e Instrumentalização para o Ensino da Matemática II, Didática Aplicada à Matemática, Prática de Ensino, Métodos e Técnicas Matemática, Estágio Supervisionado I – Ensino Fundamental.

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153

Corroboramos que, dentre todos os curso investigados, aquele que

apresenta maior percentual de disciplinas pedagógicas é o curso da

UNIR/Porto Velho, seguido de forma bem próxima pelo curso da FIAR.

Também são esses dois cursos que melhor distribuem as disciplinas

pedagógicas ao longo do curso. Se pensarmos numa formação de professor

que, segundo Zimmermann (2003), articule uma aproximação entre disciplinas

pedagógicas e culturais-cognitivas dentre os cursos pesquisados os que

melhor fazem isso são os da UNIR/Porto Velho e o da FIAR.

Consideramos importante uma distribuição homogênea das disciplinas

pedagógicas ao longo do curso de Licenciatura em Matemática, pois, segundo

Fiorentini (2004), as disciplinas pedagógicas têm foco no processo de ensinar e

aprender determinado conteúdo e ao mesmo tempo dá sentido a este

processo.

De acordo com gráficos 1, 2, 3, 4, a maior parte da carga horária das

disciplinas pedagógicas dos cursos investigados, concentra-se nos seus três

últimos semestres, com maior proeminência no curso oferecido pela FACIMED.

Essa forma de organização da matriz curricular pode apontar para o que

Morellati e Fürkotter (2007) chamaram de “[...] Licenciatura como um apêndice

ao bacharelado”, talvez uma herança do esquema de formação “3+1”, da

década de 1930.

Algo emergencial que se pode fazer para privilegiar a formação do futuro

professor de Matemática em Rondônia, tendo em vista a tendência de

formação que evidenciamos, pode ser a reflexão sobre a postura dos docentes

que ministram as disciplinas culturais-cognitivas. Segundo Saviani (2004),

grande parte dos professores que ministram as disciplinas específicas do curso

de Matemática podem pensar que apenas ensinam conceitos e procedimentos.

Não tomando consciência que ensinam também uma forma de ser professor.

Ao observarmos os dados da Tabela 21 acima, percebemos que, em

todos os cursos pesquisados, mais de 70% das disciplinas tem caráter cultural-

cognitivo, entendemos, porém, que a formação pedagógica é um elemento

essencial na formação do futuro professor. Dessa forma, faz-se necessário

incluir um caráter pedagógico junto ás disciplinas específicas. Como incorporar

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154

essa nova prática junto a uma postura já cristalizada de longa data torna-se a

grande questão posta para os docentes que atuam nestes cursos.

Acreditamos que a simples percepção desse fato já se constitui num

avanço ao se pensar a formação do futuro professor de Matemática em

Rondônia.

Ao longo deste capítulo, percebemos como foi criado, expandiu-se e se

consolidou o curso de Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia.

Esses processos estão ligados entre si pela demanda por professores de

Matemática no Estado.

A consolidação dos cursos investigados se constituiu em um processo

dinâmico e constante. Percebemos que os cursos investigados estão sujeitos a

ações externas que influenciam suas mudanças e ou suas continuidades.

Nos cursos investigados percebemos uma formação que privilegia o

oferecimento de disciplinas específicas. Já as disciplinas pedagógicas a maior

parte de sua carga horária se concentra nos três últimos semestres do curso.

Dos cursos investigados, percebemos que mudar ou permanecer

relaciona-se aos dispositivos legais que regulamentam a formação de

professor.

Observamos, ainda, que há uma tentativa de oferecer um curso de

Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia com as mesmas

características de um curso localizado num grande centro do país. Nessa

perspectiva, as especificidades regionais nem sempre são contempladas nos

projetos desses cursos.

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155

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação é produto da pesquisa que teve por objetivo descrever

e analisar os processos de criação, expansão e consolidação dos cursos de

Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia. Sem ter a pretensão de

expressar verdade única, completa ou definitiva, representa o nosso olhar

sobre uma realidade especifica.

Ao longo dessa investigação, deparamo-nos com inúmeras dificuldades.

Interrogamos incessantemente as fontes consideradas, porém, de acordo com

Dalcin (2008), entendemos que essa (re)construção histórica resultou em

verdades subjetivas e relativas. Isso porque, segundo Le Goff (2003), a história

se constitui como paradoxal e ambígua. Dessa forma, mergulhamos num

oceano de possibilidades e incertezas.

Mesmo diante da subjetividade e relatividade expressa numa história

(re)construída não a perdemos de vista como possibilidade de prática social, na

medida em que sua leitura se articula sobre o anseio de transformá-la (LE

GOFF, 2003). Nesse sentido, essa pesquisa pode se tornar um elemento na

formação do futuro professor de Matemática, na medida em que promove a

reflexão de algumas representações de outros tempos a respeito da

Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia.

Compreender algumas especificidades históricas dos cursos de

Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia nos possibilita identificar

heranças de outros tempos presentes nesses cursos atualmente. Tendo

sempre como pano de fundo um Estado relativamente novo, inserido em uma

região que passou por inúmeras mudanças políticas, sociais e econômicas

antes de ser incorporada como Unidade Federativa do Brasil.

Segundo Carneiro (2007), as ações no sentido de desenvolver o

capitalismo nacional, especialmente a partir do governo militar, “inventou”

Rondônia. Essa estratégia que se configurou numa forma de minimizar os

problemas do capitalismo e, ao mesmo tempo iludiu as vítimas do capital.

Nesse sentido, milhares de trabalhadores sem-terra e desempregados,

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156

migraram para essa região, tendo em suas bagagens o sonho de uma vida

melhor, que para muitos não se concretizou.

Principalmente, a partir da década de 1960, as várias estratégias

políticas, de ocupação e fixação implantadas na região, onde hoje se encontra

o Estado de Rondônia, proporcionaram um grande aumento populacional para

o lugar. Quase nunca essas estratégias acompanhavam as necessidades

sociais do momento. Áreas como saúde e educação nem sempre se

desenvolveram de forma proporcional ao aumento da população. Durante a

passagem de Território para Estado (1981), segundo Lima (1993), mais de 95

mil crianças em idade escolar, entre sete e quatorze anos, estavam fora das

escolas, pelos motivos, sobretudo da falta de salas de aulas e professores.

Durante a época do Território Federal do Guaporé (1943–1956),

acompanhamos uma expansão do ensino superior em nível nacional. Uma

ação que não chegou naquele Território. Segundo o entrevistado Abnael

Machado de Lima, existia no Ministério da Educação uma política não oficial

que dificultava a implantação de universidades em Territórios.

O empecilho que se encontrava era a resistência no Ministério da Educação. Não está escrito em lugar nenhum, mas, no Ministério da Educação eles diziam que nos Territórios Federais não podíamos ter Universidade (LIMA, Entrevista... 2011)67.

De acordo com Oliven (2002), durante a Nova República, foi criada no

Brasil 22 Universidades, todas nas capitais do país. Acreditamos que essa

estratégia não foi por acaso. Especialmente os interesses políticos

direcionaram a implantação de universidades em determinadas Unidades

Federativas do Brasil. Enquanto isso a postura adotada para o Território

Federal do Guaporé estava centrada na questão da ocupação/expansão

populacional, com pouca preocupação em relação a fixação dos migrantes e

estruturação político/administrativa da região. Portanto, naquele momento a

implantação de uma Universidade seria pouco importante.

O período compreendido pelo Território Federal de Rondônia (1956–

1981) é marcado pela ditadura militar. O ensino superior tem, na Reforma

Universitária de 1968, um caráter de controle social. Uma reforma que,

67

Textualização 22.

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157

segundo Fernandes (1979), não atendeu a nenhum anseio social de mudança

educacional, mas apenas manteve as tensões populares da época.

A obrigatoriedade da extensão universitária, a partir da Reforma 1968,

implantou vários campi avançados no interior do país. Com esta estratégia, o

governo militar proporcionou a base para a fixação populacional da região

amazônica, possibilitando a habilitação de mão-de-obra qualificada para

atender, mesmo que de forma precária, algumas das necessidades das regiões

do interior do país.

As primeiras experiências de habilitação para o ensino de Matemática

nesse Território aconteceram na década de 1970, por meio de convênios entre

o Governo do Território Federal de Rondônia e instituições de ensino superior

de outros estados.

A criação dos cursos de habilitação para o ensino de Matemática no

Estado de Rondônia está ligada diretamente ao seu processo de ocupação

populacional. A explosão demográfica em Rondônia, especialmente a partir da

década de 1970, reclamou junto ás autoridades políticas uma maior

estruturação em seu sistema educacional. Nesse momento, tornou-se mais

evidente o problema da falta de professores, de forma especial destacamos a

área de Matemática.

Na década de 1980, junto à estruturação política/administrativa do

Estado de Rondônia foi criada a Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

Observando ingenuamente esse fato, podemos até pensar numa mera

coincidência de datas, porém, entendemos que naquele momento,

politicamente uma Universidade seria de extrema importância, principalmente

para a formação de mão-de-obra qualificada na região. Um olhar nessa

perspectiva reforça nossa hipótese de que a criação de uma Universidade em

um local novo atenda aos interesses de fixação/demarcação de território, além

de desenvolvimento tecnológico/profissional da região.

Sob a responsabilidade da UNIR (1982), a habilitação para o ensino de

Matemática, no estado de Rondônia aconteceu por meio do Curso de Ciências

– Licenciatura de 1º grau (Licenciatura Curta), exceto na capital, Porto Velho,

onde o curso de Ciências se configurou como Licenciatura Plena com

habilitação em Matemática.

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158

Oferecer o Curso de Ciências, e não o curso específico de Licenciatura

em Matemática, por exemplo, pode ter as seguintes explicações.

Primeiramente, devido a grande carência no Estado por professores de

diversas áreas. Nessa perspectiva, um profissional polivalente seria mais útil,

podendo ocupar-se de diversas disciplinas, visto que o curso de Ciências dava

uma visão geral nas áreas de Biologia, Física e Química, além de Matemática.

Outro motivo pode ter relação com a Resolução 30, do MEC, de 11 de julho de

1974, que prevê a obrigatoriedade do curso de Ciências – Licenciatura de 1º

grau (Licenciatura Curta) para todos que fossem cursar licenciaturas

específicas na área de Matemática, Biologia, Física ou Química. Com o curso

de Ciências sendo obrigatório para a formação específica, não restava outra

opção a não ser oferecê-lo inicialmente, antes da futura formação específica.

O primeiro curso de Licenciatura em Matemática foi criado em Rondônia

na década de 1990 na UNIR. Algumas possíveis motivações para a criação

desse curso podem ser destacadas: exigências legais para se atuar na

educação básica; grande demanda por professores de Matemática naquele

momento; baixo custo de implantação do curso de Matemática, se comparado,

por exemplo, à estruturação dos laboratórios de Biologia, Física e Química, que

eram outras possibilidades de desdobramento do curso de Ciências.

Inicialmente, para sistematizar o curso de Licenciatura em Matemática

da UNIR, utilizou-se a estrutura já existente do curso de Ciências, herança da

época dos convênios. Nesse sentido, percebemos o aproveitamento de seu

corpo docente. Sobre isto nosso entrevistado, professor Flávio Batista Simão,

comenta:

Inicialmente, o nosso Departamento era composto por químico, físico, biólogo, matemático, estatístico e ciência da computação, porque se queria todo esse contexto para dentro do curso. Com a nova reformulação do curso, algumas disciplinas foram saindo, alguns professores foram criando novos cursos, de Química, de Física, alguns foram se voltando para outros departamentos (SIMÃO, Entrevista... 2010)68.

Essa estratégia de incorporar a estrutura do curso de Ciências junto ao

curso de Licenciatura em Matemática aconteceu nos campi da UNIR, tanto em

Porto Velho como em Ji-Paraná.

68

Textualização 17.

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159

Até o ano de 2004, a única instituição que oferecia o curso de

Licenciatura em Matemática, de forma regular, no estado de Rondônia, era a

UNIR. Esta instituição disponibilizava para a comunidade, em média, um total

de 80 vagas anuais.

A ampliação da quantidade de vagas no curso de Licenciatura em

Matemática aconteceu principalmente após a criação desse curso em

instituições privadas de ensino superior no Estado. Segundo Santos (2005),

podemos identificar a ampliação do ensino “superior como mercadoria”

notadamente a partir da década de 1980, fruto do modelo internacional de

desenvolvimento econômico, adotado no Brasil, conhecido como

neoliberalismo.

O modelo econômico neoliberal agravou ainda mais a situação das

universidades públicas, que, desde o início da ditadura militar, já sofria com a

imposição do “econômico sobre o sociocultural e o predomínio do interesse

privado sobre o público” (HILSDORF, 2005, p.127). Esse cenário culminou com

o que Santos (2005), chamou de a “crise institucional” da universidade pública,

caracterizada principalmente por: colapso na sua estrutura física, corpo

docente mal remunerado e escasso ou inexistente investimento em pesquisa.

Principalmente a partir da implantação do modelo neoliberal, um

caminho trilhado para as Universidades pública no Brasil se configurou em:

reduzir os recursos da universidade pública e ampliar o mercado universitário,

isto é, abrir universidades e centros de ensino superior privado. Esse modelo,

ditado principalmente por organismos externos, foi amplamente absorvido e

difundido nacionalmente, especialmente a partir das décadas de 1980 e 1990.

É neste cenário que surgem os cursos de Licenciatura em Matemática

nas Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR (2004) e Faculdade de

Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED (2006) acompanhando um

movimento nacional de expansão de universidades e centros de Ensino

superior privados em todo o país.

Como resultado desse processo, nos últimos cinco anos, observamos

que o total de formandos por ano nos cursos de Licenciatura em Matemática

nas faculdades privadas foi superior à quantidade de formandos da

Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

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160

Um problema que influencia na quantidade de formandos nos cursos

investigados refere-se a evasão. Esse “gargalo” foi algo percebido em todos os

cursos investigados, sobretudo na instituição pública (UNIR). Observamos que

a taxa de sucesso (quociente entre o número de diplomados e o número total

de alunos ingressantes) é maior nas instituições privadas se comparadas com

a pública. Nesse sentido, identificamos a necessidades de novas pesquisas

que tomem a evasão como objeto de estudo.

Em relação a formação do futuro professor de Matemática no Estado de

Rondônia, percebemos uma tendência que privilegia o conhecimento das

disciplinas específicas, ou seja, notadamente a carga horária das disciplinas

específicas é bem maior que a carga horária das disciplinas pedagógicas. As

disciplinas pedagógicas se concentram em sua maioria nos três últimos

semestres, indício de uma herança da formação “3+1” predominante

principalmente a partir da década de 1930, no Brasil.

Foi possível observarmos uma convergência em oferecer uma formação

para os futuros professores em Rondônia com as mesmas características dos

cursos dos grandes centros do país. Essa visão pode ter relação com o critério

que alguns docentes que atuam nos cursos investigados utilizam para qualificar

esses cursos, ou seja, o curso alcança seu objetivo quando: aprova os

egressos em concursos públicos ou em cursos de Pós-Graduação.

Acreditamos que essa perspectiva pode dificultar a formação de uma

identidade própria para os cursos de Licenciatura em Matemática no Estado de

Rondônia, além de, por exemplo, não contemplar elementos culturais

específicos regionais durante a formação do futuro professor de Matemática.

Não podemos esquecer que o Estado de Rondônia localiza-se numa

região com características culturais específicas. Conhecê-las, durante o

processo de formação dos futuros professores de Matemática, torna-se algo

importante. É preciso criar situações que possibilitem ao futuro professor o

conhecimento das inúmeras manifestações culturais que existem em Rondônia.

Isso pode minimizar as tensões na relação professor/aluno, quando um

professor, por exemplo, se deparar com uma realidade cultural diferente

daquela que lhe é comum. De certa forma, encontramos menções da dimensão

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161

cultural proposta para os egressos dos cursos investigados impressos em seus

programas oficiais, como podemos ver na Tabela 22, a seguir.

Preparar o profissional num processo de formação onde o ensino resulte na produção de novos conhecimentos visando com isso, uma constante reflexão do conhecimento científico e suas implicações pedagógicas no ensino, na sociedade e para o homem em sua totalidade;

Visão de seu papel social de educador e capacidade de se inserir em realidades diferentes com sensibilidade para interpretar as ações dos educandos (FIAR, 2009, p.26). (grifo nosso)

Estar engajado num processo de contínuo aprimoramento profissional procurando sempre atualizar seus conhecimentos com abertura para incorporação do uso de novas tecnologias e para adaptar o seu trabalho às novas demandas sócio-culturais e dos seus alunos (FACIMED, 2007, p.69). (grifo nosso) Capacidade de conhecer as referências culturais e sociais de seus alunos e

seus conhecimentos prévios (UNIR/Ji-Paraná, 2006, p.7). (grifo nosso)

Estar engajado num processo de contínuo aprimoramento profissional procurando sempre atualizar seus conhecimentos com abertura para incorporação do uso de novas tecnologias e para adaptar o seu trabalho às novas demandas sócio-culturais e dos seus alunos (UNIR/Porto Velho, 2006, p.?). (grifo nosso)

Tabela 22: Menção da dimensão cultural nos projetos pedagógicos dos cursos investigados.

Apesar de ser perceptível a questão cultural nos projetos pedagógicos

dos cursos investigado, entendemos que por meio das suas matrizes

curriculares, não se oportuniza uma aproximação do futuro professor junto a

realidade cultural mais ampla do estado. Essa lacuna pode dificultar a atuação

dos egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática no estado de

Rondônia, quando, por exemplo, se depararem com alunos indígenas,

ribeirinhos ou quilombolas. Mesmo sabendo da existência dessa diversidade

cultural em Rondônia, não localizamos em nenhum momento uma disciplina

que proporcionasse a discussão a cerca desses públicos específico, durante a

formação inicial do futuro professor de Matemática.

Diante das várias dificuldades enfrentadas pelos cursos investigados

destacamos a falta de profissionais com titulação para atuarem nesses cursos.

De forma geral, a fixação de mestres e doutores em Rondônia é um

problema enfrentado tanto pela UNIR, quanto pelas Instituições privadas

de ensino superior. Com a finalidade de minimizar esse problema, vale

ressaltar o Programa de Doutorado em Educação em Ciências e

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162

Matemática da Rede Amazônia de Educação em Ciências – REAMEC. A

intenção é formar e fixar doutores nas instituições de ensino superior da

Amazônia Legal. Acreditamos que ao término desse programa, haverá um

aumento significativo na quantidade de doutores na Amazônia, de forma

particular em Rondônia. Isso poderá proporcionar a criação de novos

programas de Pós-Graduação na região, possibilitando opções de formação

continuada mais acessível aos egressos dos cursos de Licenciatura em

Matemática no estado de Rondônia.

Após o término dessa pesquisa, algumas possibilidades de investigação

nos instigam a continuar estudando os cursos de Licenciatura em Matemática

no Estado de Rondônia, buscando, por exemplo: entender as causas da

evasão existente nesses cursos; compreender os motivos pelos quais a taxa de

sucesso das instituições privadas é maior em relação a instituição pública;

verificar se os egressos desses cursos de Licenciatura em Matemática estão

atuando em sala de aula; comparar o perfil proposto pelos cursos investigados

e o perfil adquirido ao seu término; aprofundar o que mudou e permaneceu nas

matrizes curriculares dos cursos da UNIR, após suas alterações; analisar de

forma mais minuciosa a formação oferecida para os professores em serviço em

comparação com a formação oferecida para aqueles que não tiveram

experiência em sala de aula; conhecer o perfil dos docentes que atuam nos

cursos investigados e sua possível influência na tendência do modelo de

formação de professor; entender até que ponto elementos referente a

diversidade cultural regional devem ser inseridas ou não na formação do futuro

professor de Matemática no Estado de Rondônia; analisar possíveis

aproximações e distanciamento entre os cursos de Licenciatura em Matemática

do Estado de Rondônia e cursos de outros estados.

Esperamos com essa investigação contribuir para a valorização dos

cursos em análise, seja pela comunidade, como pelos governantes que, ao

proporem políticas educacionais vindouras para o ensino superior, sobretudo

para o curso de Licenciatura em Matemática, levem em consideração o

conhecimento do passado e a realidade local, a fim de que possam criar

melhores condições de existência e permanência desses cursos.

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163

Ao longo desta investigação, caminhamos sempre atrelados a um duplo

desafio: o da pesquisa propriamente dita e a reflexão sobre minha própria

condição de professor pesquisador. Nesse sentido, certamente, esta pesquisa

não favoreceu somente a constituição de um pesquisador, mas também a

construção de minha identidade profissional como professor de Matemática.

Esperamos que o pensamento que encerra esse texto estimulasse o

leitor a refletir sobre a importância de se descortinar as memórias do passado,

afinal, essa foi uma das bandeiras que carregamos ao longo dessa

investigação.

“Enquanto os leões não tiverem os seus próprios historiadores, as

histórias de caça continuarão a glorificar o caçador”.

(Joseph Ki-Zerbo)69

69

(1922 – 2006) Político e historiador de Burkina Faso.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da história, ou, o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorgr Zahar Ed., 2001.

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6. REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

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BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parecer nº 961/72 aprovado em 15 de setembro de 1972. Dispõe sobre nova modalidade de Licenciatura de 1º Grau em Ciências. Documenta: Brasília, ano XI, n.142, p. 140-144, setembro de 1972.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Portaria nº 46, de 26 de fevereiro de 1965. Dispõe sobre o currículo mínimo para a formação do professor de Ciências. Documenta: Rio de Janeiro-GB, fevereiro de 1965.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre a duração e carga horária dos cursos de licenciatura graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 9.

BRASIL. Ministério da educação e cultura. Resolução nº 30 de 11 de julho de 1974. Fixa os mínimos de conteúdos e duração a observar na organização do curso de licenciatura em Ciências. Documenta: Brasília, ano 13, n.164, p. 509-511, junho de 1974.

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BRASIL. Universidade Federal de Rondônia. Resolução nº 309/CONSEPE/99. Dispõe sobre as normas para contratação de professores. Porto Velho, 1999.

Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal. Projeto políticos Pedagógicos do Curso de Matemática. Cacoal: FACIMED, 2007, 138p.

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IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: dados gerais, migração, instrução, fecundidade, mortalidade. Rio de Janeiro: IBGE, 1980.

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Ministério da Educação e Cultura. Parecer n. 1050, de 1 de dezembro de 1987. Dispõe sobre a autorização de funcionamento do curso de Ciências – Licenciatura de 1º grau, ministrado pela Universidade Federal de Rondônia nas cidades de Ji-Paraná e Vilhena. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cd007896.pdf> Acesso em: 27 jun. 2011.

Núcleo de Educação – UNIR. Relatório de viagem realizada aos municípios de interior – Cursos de Licenciatura. Porto Velho, 1989.

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Universidade Federal de Rondônia. Coordenação Geral Cursos Parceladas: Relatório – I – II – III Módulos. Porto Velho, 1993.

Universidade Federal de Rondônia. Curso de Licenciatura em Ciências com Habilitação em Matemática – Programas de disciplinas – Ingressos no período de 1983 a 1984. Porto Velho: 2003, 96p.

Universidade Federal de Rondônia. Grade Curricular e ementas do Curso de Ciências com Habilitação em Matemática. Porto Velho: 1990, 40p.

Universidade Federal de Rondônia. Memorando nº 48/2006 – DM, Departamento de Matemática. Porto Velho, 30 de março de 2006.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho . Ata do colegiado do curso de Licenciatura em Matemática, realizada no dia 7 de outubro de 1992.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho . Ata do Departamento de Ciências Exatas, realizada no dia 03 de abril de 2000.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho . Ata do Conselho de Departamento de Matemática, realizada no dia 22 de maio de 2003.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho. Ata do Conselho de Departamento de Matemática, realizada no dia 24 de junho de 2005.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho . Ata do Conselho de Departamento de Matemática, realizada no dia 7 de março de 2006.

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Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho Ata do Colegiado do Curso de Ciências, realizada no dia 23 de agosto de 1990.

Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho. Ata do colegiado de curso do Departamento de Ciências Exatas, realizada no dia 13 de outubro de 1983.

Universidade Federal de Rondônia. Programa de Habilitação e Capacitação de Professores Leigos – PROHACAP: Grade curricular, ementário e quadro docente. Porto Velo: 1999.

Universidade Federal de Rondônia. Projeto políticos Pedagógicos do Curso de Matemática. Ji-Paraná: 2000, 143p.

Universidade Federal de Rondônia. Projeto políticos Pedagógicos do Curso de Matemática. Ji-Paraná: 2005, 137p.

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7. REFERÊNCIAS DE ENTREVISTAS

ALBUQUERQUE, Marlos Gomes de Albuquerque. Textualização 3. Ji-Paraná. (1h2min14s): gravador Digital.

AMARAL, José Januário de Oliveira. Textualização 7. Porto Velho. (14min53s): gravador digital.

COELHO, Tania Mara. Textualização 20. Porto Velho, 2010. (7min45s): gravador digital.

CANDIDO, Lenilson Sérgio. Textualização 16. Ji-Paraná, 2010. (23min12s): gravador digital.

CÔRTES, Moizilene Chagas. Textualização 21. Ji-Paraná, 2010. (5min16s): gravador digital.

COSTA, Sirlaine Galhardo Gomes. Textualização 19. Porto Velho, 2010. (18min14s): gravador digital.

ESCUDEIRO, Justo Nelson Araújo. Textualização 1. Ji-Paraná, 2010. (33min48s): gravador digital.

__________. Textualização 2. Ji-Paraná, 2010. (8 min 49 s): gravador digital.

GODOY, Valdir Alves de. Textualização 13. Cacoal, 2010. (17min9s): gravador digital.

GOMES, Beatriz Machado. Textualização 8. Ji-Paraná, 2010. (52min54s): gravador digital.

GOMES, Luzevaldo Pereira. Textualização 5. Ji-Paraná, 2010. (14min31s): gravador didital.

__________. Textualização 6. Ji-Paraná, 2010. (6min35s): gravador didital.

__________. Textualização 25. Ji-Paraná, 2011. (37min53s): gravador didital.

LIMA, Abnael Machado de. Textualização 22. Porto Velho, 2011. (1h18min6s) gravador digital.

MORAES, Daniela de Souza. Textualização 10. Ji-Paraná, 2010. (14min24s): gravador digital.

NETO, Aristides Augusto Cezar Pires. Textualização 9. Porto velho, 2010. (22min6s): gravador digital.

RAMOS, Carlos Vinícius da Costa. Textualização 18. Porto Velho, 2010. (22min46s): gravador digital.

RIBEIRO, Emerson da Silva. Textualização 15. Ji-Paraná, 2010. (32min30s): gravador digital.

SANTOS, Reginaldo Tudeia. Textualização 11. Ji-Paraná, 2010. (19min8s): gravador digital.

__________. Textualização 12. Ji-Paraná, 2010. (45min52s): gravador digital.

SILVA, Ariveltom Cosme da. Textualização 23. Ji-Paraná, 2011. (25min39s) gravador digital.

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SILVA, Zenildo Gomes da. Textualização 24. Porto Velho, 2011. (4min43s) gravador digital.

SIMÃO, Flávio Batista Simão. Textualização 17. Porto Velho, 2010. (45min52s): gravador digital.

SOUZA, Márcia Regina de Souza. Textualização 4. Ji-Paraná, 2010. (22min 48s): gravador digital.

UTIZIG, Gilmar. Textualização 14. Ariquemes, 2010. (1h17min24s): gravador digital.

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8. REFERÊNCIA DE SITES

Fundação RIOMAR (2003). Disponível em: <http://www.unir.br/pro_reitoria/proplan/cid/catalogo2003/prohacap.htm> Acesso em: 12 jul. 2011.

Guia Geográfico de Rondônia; portal do professor. Disponível em: < <http://www.brasilturismo.com/mapas/rondonia.htm> e HTTP://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000001034/0000011677.gif>. Acesso em 08 fev. 2011.

História em Partes. Disponível em: <http://historiaempartes.blogspot.com/2008/10/mapa-poltico-brasil-1940-60.html>. Acesso em: 01 de abril de 2011.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>.Acesso em: 23 de julho de 2011.

Ministério dos transportes. Disponível em: <http://www2.transportes.gov.br/bit/hidrovias/Figuras/I-mamore.htm>. Acesso em 02 abril 2011.

Panoramio. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/4141374>. Acesso em: 23 jan. 2011.

PRAVATO, Camila Medeiros. Projeto Rondon e Ensino no Brasil: construção de uma aliança entre conhecimento empírico e científico. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação. Disponível em: <http://www.bocc.uff.br/pag/pravato-camila-projecto-rondon-e-ensino-no-brasil.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2012.

RODRIGUES, Mauro Costa. Projeto Rondon RS. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/projetorondon/framepage_historico.htm>. Acesso em: 07 fev. 2012.

RODRIGUES, Mauro Costa. Projeto Rondon RS. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/projetorondon/framepage_historico.htm>. Acesso em: 07 fev. 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR. Relatório para Auto-Avaliação da UNIR. Porto Velho 23 de agosto de 2006. Disponível em: <http://www.unir.br>. Acesso em: 02 de out. 2006.

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9. ANEXOS

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ANEXO 1

CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS

E AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO EM MEIO ELETRÔNICO

Eu,

..........................................................................................................................,

nacionalidade ................................... estado civil ..................................., inscrito

(a) no CPF sob nº .................................................................., portador da

cédula de identidade nº ....................................., expedida por ........................,

pelo presente termo, autorizo o Programa de Pós- Graduação da Universidade

de Mato Grosso, através do mestrando Gilcimar Bermond Ruezzene e sua

orientadora Drª Andréia Dalcin, a publicar esta entrevista em artigos e na

dissertação em andamento que visa fazer um resgate histórico dos cursos de

Licenciatura em Matemática no estado de Rondônia, cedendo-lhe, a título

gratuito e em caráter definitivo, os direitos autorais patrimoniais dela

decorrentes.

Autorizo ainda, a publicação em quaiquer meios e suportes existentes,

inclusive na internet, e em CD-Rom, bem como a reprodução em outras

comunicações ao público a edição, a reedição ou a adaptação e distribuição.

Por ser verdade, firmo o presente e dou fé.

..................................................de ..................................2010.

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ANEXO 2

Termo de posse do primeiro reitor da UNIR

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ANEXO 3

Atestado de conclusão de curso de Neuza Trevizane Dellarmelina

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ANEXO 4

Ata da primeira reunião do Departamento de Ciências Exatas da UNIR.

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ANEXO 5

Diário Oficial da União, Portaria nº 322/87, do Conselho Federal de Educação,

reconhecimento do Curso de Ciências com Habilitação em Matemática da UNIR.

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ANEXO 6

Matriz curricular para o curso de Ciências (Licenciatura Curta), ingressos

de 1984 e 1987.

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ANEXO 7

Conselho Federal de Educação, Parecer 1050/87, aprovado em 01 de

dezembro de 1987.

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ANEXO 8

Resolução nº 105/CONSEP/UNIR de 16 de maio 1993.

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ANEXO 9

Ofício 075/DCJP, convite para a formatura da primeira turma, no estado

de Rondônia, de complementação em Matemática.

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ANEXO 10

Matriz curricular do curso regular de Licenciatura em Matemática da

UNIR/Ji-Paraná, válida para o ano 2000.

PE

R

DISCIPLINAS C

H

C

R

PRÉ-REQUISITO

Filosofia 60 04 -

1O Matemática 90 06 -

Geometria Euclidiana 60 04 -

Língua Portuguesa 60 04 -

Sociologia 60 04 -

Prática Desportiva I 30 02 -

Cálculo I 90 06 Matemática

Elementos de Matemática 60 04 Matemática

2o Geometria Espacial 60 04 Geometria Euclidiana

Metodologia Científica 60 04 -

Física I 75 05 -

Prática Desportiva II 30 02 Prática Desportiva I

Cálculo II 90 06 Cálculo I

Fundamentos de Matemática 60 04 -

3o Geometria Analítica e Vetorial 90 06 -

Física II 75 05 Física I

Física Experimental I 30 02 -

Cálculo III 90 06 Cálculo II

Psicologia da Educação 90 06 -

4o Desenho Geométrico 60 04 Geometria Analítica e Vetorial

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Física III 75 05 Física II

Física Experimental II 30 02 Física Experimental I

Teoria dos Números 60 04 -

Lógica da Matemática 60 04 -

5o Estatística 60 04 -

Geometria Descritiva 60 04 -

Processamento de Dados 60 04 -

Álgebra I 60 04 -

Didática 90 06 -

6o Probabilidade 60 04 Estatística

Álgebra Linear I 60 04 -

Cálculo Numérico 60 04 Processamento de Dados

Álgebra II 60 04 Álgebra I

Analise Real I 75 05 Cálculo I

7o Prática de Ensino I 90 06 Didática

Álgebra Linear II 60 04 Álgebra Linear I

Estrutura e Func. do Ensino. de

1o e 2o Graus

60 04 -

Equações Diferenciais 90 06 Cálculo III

8o Analise Real II 75 05 Analise Real I

Prática de Ensino II 90 06 Prática de Ensino I

Variáveis Complexas 75 05 Cálculo III

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ANEXO 11

Matriz curricular do curso regular de Licenciatura em Matemática da

UNIR/PortoVelho, válida para o ano 2000.

PE

R DISCIPLINAS CH CR

Língua Portuguesa 4 80

1O Metodologia Científica 4 80

Matemática I 5 100

Geometria Euclidiana 4 80

Lógica Matemática 3 60

Sociologia 3 60

Filosofia 3 60

Cálculo I 4 80

2o Matemática II 5 100

Geometria Espacial 3 60

Teoria dos Números 3 60

Física I 5 100

Cálculo II 5 100

3o Álgebra I 4 80

Geometria Analítica Vetorial 4 80

Psicologia da Educação 4 80

Física II 5 100

Cálculo III 5 100

4o Álgebra II 4 80

Desenho Geométrico 3 60

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191

Didática 4 80

Física Experimental 4 80

Matemática computacional 6 120

Álgebra Linear 4 80

5o Estatística e Probabilidade 6 120

Geometria Descritiva 3 60

Prática de Ensino I 5 100

Análise Matemática 4 80

Álgebra Linear II 4 80

6o Optativa I 4 80

Legislação Educacional e Gestão

Escolar 4 80

Prática de Ensino II 5 100

Análise Matemática II 4 80

Equação Diferencial e Modelagem 4 80

7o Resolução de Problemas 4 80

Optativa 4 80

História da Matemática 3 60

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ANEXO 12

Matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática oferecido pelo

PROHACAP, no ano de 2000.

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ANEXO 13

Matriz curricular em funcionamento do curso de Licenciatura em

Matemática da FACIMED.

1º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Fundamentos da Matemática 40 40 80 4

Fundamentos da Física 40 40 80 4

Metodologia do Trabalho Científico 20 20 40 2

Oficina de Texto: Leitura e Escrita 40 20 60 3

Informática Básica 40 20 60 3

Química Geral I 60 20 80 4

Total 240 160 400 20

2º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Cálculo I 60 60 3

Física I 60 60 3

Informática Aplicada à Educação 20 40 60 3

Sociologia da Educação 60 60 3

Estrutura e funcionamento do Ensino Fundamental e Médio

40 40 2

Números Complexos e Polinômios 60 60 3

Políticas Públicas em Educação 40 20 60 3

Total 340 60 400 20

3º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Geometria Analítica e Vetores 80 80 4

Alfabetização de jovens e Adultos 20 20 40 2

Psicologia da Educação 40 20 60 3

Filosofia da Educação 40 40 2

Física II 60 60 3

Cálculo II 60 60 3

Lógica 60 60 3

Total 360 40 400 20

4º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Laboratório de Matemática I 60 60 3

Fundamentos da Geometria I 60 60 3

Teoria dos Números 60 60 3

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Análise Combinatória e Probabilidade

60 60 3

Cálculo III 60 60 3

Matrizes e Sistemas Lineares 60 60 3

Matemática Aplicada 60 20 80

Total 360 80 440 22

5º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Laboratório de Matemática II 60 60 3

Álgebra I 60 60 3

Geometria Descritiva 60 60 3

Cálculo IV 60 60 3

Fundamentos da Geometria II 40 40 2

Estágio Supervisionado I 160 160 8

Total 220 220 440 22

6º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Fundamentos da Geometria III 60 60 3

Cálculo V 60 60 3

Álgebra II 60 60 3

Progressões e Matemática Financeira 60 60 3

Currículos e programas de Matemática

20 20 40 2

Estágio Supervisionado II 140 140 7

Total 260 160 420 21

7º Período

Disciplinas Teórica Prática Carga Horária

Créditos

Estatística 60 60 3

Álgebra Linear 60 60 3

Educação Matemática 40 40 2

Didática Geral 40 20 60 3

Análise Real 60 60 3

História da Matemática 40 40 2

Estágio Supervisionado III 100 100 5

TCC 40 40 2

Total 300 160 460 23

Fonte: Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal, (p.81-82)

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ANEXO 14

Portaria nº 3298, de 18 de outubro de 2004.

Nº 201-E - Brasília – DF, Seção 1, Página 17 - terça-feira, 19 de outubro de 2004

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA Nº 3.298, DE 18 DE OUTUBRO DE 2004

O Ministro de Estado da Educação, usando da competência que lhe foi delegada pelo

Decreto no 3.860, de 09 de julho de 2001, alterado pelo Decreto no 3.908, de 04 de

setembro de 2001, e tendo em vista o Despacho no 1.489/2004, da Secretaria de

Educação Superior, conforme consta dos Processos nºs 23000.011899/98-04 e

23000.007836/2000-49, do Ministério da Educação, resolve:

Art. 1o Autorizar o funcionamento do curso de Matemática, licenciatura, com 120

(cento e vinte) vagas totais anuais, nos turnos diurno e noturno, a ser ministrado pelas

Faculdades Integradas de Ariquemes, no âmbito do instituto superior de educação, na

Avenida Guaporé, nº 3577, Bairro Setor Institucional, na cidade de Ariquemes, no

Estado de Rondônia, mantidas pelo Centro de Ensino Superior de Ariquemes -

CESUAR, com sede na cidade de Ariquemes, no Estado de Rondônia.

Art. 2o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENRO

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197

ANEXO 15

Portaria de Reconhecimento do curso de Licenciatura em Matemática da FIAR.

A Secretária de Educação Superior, usando da competência que lhe foi conferida pelo Decreto no5.773, de 9 de maio de 2006,

alterado pelo Decreto no6.303, de 12 de dezembro de 2007, conforme

consta do Registro E-MEC no20077514, do Ministério da Educação,

resolve:

Art. 1oReconhecer o curso de Matemática, licenciatura, com

120 (cento e vinte) vagas totais anuais, no turno noturno,

ministrado

pelas Faculdades Integradas de Ariquemes, na Avenida Guaporé, nº

3.577,SetorInstitucional,bairroSetor 06,nacidadedeAriquemes,

no Estado de Rondônia, mantidas pelo Centro de Ensino Superior de

Ariquemes,comsede nacidadedeAriquemes,no EstadodeRon-

dônia, nos termos do disposto no artigo 10, § 7odo Decreto no5.773

de 9 de maio de 2006.

Parágrafo único. O reconhecimento a que se refere esta Por-

tariaéválido exclusivamenteparaocurso ministradonoendereço

citado neste artigo.

Art. 2oEsta Portariaentraemvigornadata desuapu-

blicação.

MARIA PAULA DALLARI BUCCI

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198

ANEXO 16

Matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática da FIAR.

PRIMEIRO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

01 Fundamentos de Matemática Elementar I 80 60 20

02 Introdução ao Método Científico 80 80 -

03 Geometria Analítica I 80 80 00

04 Introdução a Computação 80 20 60

05 Desenho Geométrico e Geometria Descritiva

80 80 -

Totais do 1° Semestre 400 320 80

SEGUNDO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

06 Fundamentos de Matemática Elementar II

80 60 20 01

07 Cálculo Diferencial e Integral I 80 80 - -

08 Psicologia da Educação 80 80 - -

09 Geometria Analítica II 80 80 - 03

10 Estatística I 80 60 20 -

11 Prática e Instrumentalização para o Ensino da Matemática I

80 - 80 -

Totais do 2° Semestre 480 360 120

TERCEIRO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

12 Didática Geral 80 60 20 11

13 Cálculo Diferencial e Integral II 80 80 - 07

14 Geometria Euclidiana I 80 60 20 -

15 Estatística II 80 60 20 10

16 Prática e Instrumentalização para o Ensino da Matemática II

80 - 80 11

Totais do 3° Semestre 400 260 140

QUARTO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

17 Física Geral I 80 60 20 14

18 Cálculo Diferencial e Integral III 80 80 - -

19 Lógica da Matemática 40 40 - - 20 Geometria Euclidiana II 80 80 - - 21 Álgebra Linear I 80 80 0 - 22 Didática Aplicada à Matemática 80 40 40 -

Totais do 4° Semestre 440 380 60

QUINTO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

23 Física Geral II 80 60 20 17

24 Matemática Financeira 40 40 - -

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199

25 Cálculo Diferencial e Integral IV 80 80 - 18

26 Álgebra Linear II 80 80 - 21

27 História da Matemática 80 60 20 -

28 Equações Diferenciais I 80 80 - -

Totais do 5° Semestre 440 400 40

SEXTO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

29 Prática de Ensino 40 20 20 -

30 Equações Diferenciais II 80 80 - 28

31 Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio

80 60 20 -

32 Estruturas Algébricas 80 80 - -

33 Análise Matemática I 80 80 - -

34 Filosofia da Educação 40 40 - -

Totais do 6° Semestre 400 360 40

SÉTIMO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

35 Métodos e Técnicas Matemática 80 40 40 -

36 Análise Matemática II 80 80 - 33

37 Modelagem Matemática 40 20 20 -

38 Estágio Supervisionado I – Ensino Fundamental

200 40 160 -

- Subtotais 200 140 60 -

Totais do 7° Semestre 400 180 220

OITAVO SEMESTRE

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Pré-

Requisito Total Teórica Prática

39 Sociologia da Educação 40 40 - -

40 Matemática Aplicada 80 80 - -

41 Libras 80 40 40 -

- Subtotais 200 160 40 -

42 Estágio Supervisionado II – Ensino Médio 200 40 160 38

Totais do 8° Semestre 400 200 200

43 70Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 200 00 200 -

TOTAL DO CURSO 3.560 2.460 1.100

Fonte: PPP do curso de Licenciatura em Matemática da FIAR, 2009, p. 32-34.

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200

ANEXO 17

Primeira matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática da

UNIR de Ji-Paraná (1992 -1999).

PER DISCIPLINAS CH CR PRÉ-REQUISITO

Filosofia 60 04 -

1O Matemática 90 06 -

Geometria Euclidiana 60 04 -

Língua Portuguesa 60 04 -

Sociologia 60 04 -

Prática Desportiva I 30 02 -

Cálculo I 90 06 Matemática

Elementos de Matemática 60 04 Matemática

2o Geometria Espacial 60 04 Geometria Euclidiana

Metodologia Científica 60 04 -

Física I 75 05 -

Prática Desportiva II 30 02 Prática Desportiva I

Cálculo II 90 06 Cálculo I

Fundamentos de Matemática

60 04 -

3o Geometria Analítica e Vetorial

90 06 -

Física II 75 05 Física I

Física Experimental I 30 02 -

Cálculo III 90 06 Cálculo II

Psicologia da Educação 90 06 -

4o Desenho Geométrico 60 04 Geometria Analítica e Vetorial

Física III 75 05 Física II

Física Experimental II 30 02 Física Experimental I

Teoria dos Números 60 04 -

Lógica da Matemática 60 04 -

5o Estatística 60 04 -

Geometria Descritiva 60 04 -

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201

Processamento de Dados 60 04 -

Álgebra I 60 04 -

Didática 90 06 -

6o Probabilidade 60 04 Estatística

Álgebra Linear I 60 04 -

Cálculo Numérico 60 04 Processamento de Dados

Álgebra II 60 04 Álgebra I

Analise Real I 75 05 Cálculo I

7o Prática de Ensino I 90 06 Didática

Álgebra Linear II 60 04 Álgebra Linear I

Estrutura e Func. do Ensino. de 1o e 2o Graus

60 04 -

Equações Diferenciais 90 06 Cálculo III

8o Analise Real II 75 05 Analise Real I

Prática de Ensino II 90 06 Prática de Ensino I

Variáveis Complexas 75 05 Cálculo III

Tabela 6 – Primeira matriz curricular do curso de licenciatura em matemática da Unir/Ji-Paraná. Fonte: Universidade Federal de Rondônia, 2000, p. 25-26.

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202

ANEXO 18

Convite de Formatura da primeira turma de Licenciatura em Matemática

da UNIR/Ji-Paraná.

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206

ANEXO 19

Segunda matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática da Unir/Ji-Paraná (2000 - 2005).

N0 DÍSCIPLINAS C.HORÁRIA

PRÉ-REQUISITOS

Teórica Prática1

I PERÍODO

M01 M02 M03 M04 M05

Matemática I Lógica Matemática Língua Portuguesa Sociologia Filosofia

80 80 80 60 60

40 - - - -

- - - - -

II PERÍODO

M06 M07 M08 M09

Matemática II Cálculo I Psicologia da Educação Metodologia Científica

80 120 80 80

40 - - -

- M01

- -

III PERÍODO

M10 M11 M12 M13

Matemática III Cálculo II Geometria Analítica e Vetorial Didática

80 120 80 80

40 - - -

- M07

- -

IV PERÍODO

M14 M15 M16 M17 M18

Cálculo III Física I Física Experimental I Desenho Geométrico Probabilidade e Estatística

120 80 40 80 80

- - - - -

M11 M07 M07

- -

V PERÍODO

M19 M20 M21 M22 M23

Equações Diferenciais Geometria Física II Física Experimental II Processamento de Dados

120 80 80 40 80

- - - - -

M14 -

M15 M16 M02

VI PERÍODO-

M24 M25 M26 M27 M28

Álgebra I Álgebra Linear I Cálculo Numérico Legislação Educacional – Gestão Escolar Física III

80 80 80

80 80

- - - - -

- M10

M23,M11 -

M21

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207

VII PERIODO

M29 M30 M31 M32 M**

Álgebra II Álgebra Linear II Análise Real I Prática de Ensino I Optativa

80 80 80 -

80

- - -

100 -

M24 M25 M14

M13; 27; 01,02,03

VIII PERÍODO

M33 M34 M35 M**

Análise Real II Prática de Ensino II História da Matemática Optativa

80 -

80 80

- 100

- -

M31 M32 M05

-

OPTATIVAS

M** Teoria dos Números 80 -

M** Variáveis Complexas 80 - 1 Aula prática em forma de estágio nas escolas sobre ensino dos conteúdos de matemática de

10 e 2

0 Graus.

Fonte: Universidade Federal de Rondônia, 2000, p. 27-28.

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ANEXO 20

Matriz atual curso de Licenciatura em Matemática da UNIIR/Ji-Paraná,

válida a partir de 2006.

1º Semestre

Cod

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica

Prática

Total Créditos

M1 Matemática I - 80 40 120 06

M2 Filosofia das ciências - 40 - 40 02

M3 Língua Portuguesa - 60 20 80 04

M4 Lógica matemática - 80 - 80 04

M5 Geometria Plana - 60 20 80 04

320 80 400 20

2º Semestre

Cód

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica Prática Total Créditos

M6 Matemática II - 80 40 120 06

M7 Cálculo Diferencial M1 120 - 120 06

M8 Geometria Espacial - 40 40 80 04

M9 Metodologia da Pesquisa Científica - 80 - 80 04

320 80 400 20

3º Semestre

Cód

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica

Prática

Total Créditos

M10

Matemática III - 80 40 120 06

M11

Cálculo Integral M7 80 - 80 04

M12

Psicologia da Educação - 60 20 80 04

M13

Física Básica - 120 - 120 06

340 60 400 20

4º Semestre

Cód

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica

Prática

Total Créditos

M14

Geometria Analítica e Vetorial - 80 - 80 04

M15

Iniciação à modelagem matemática - 40 - 40 02

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209

M16

Cálculo de Funções de Várias Variáveis M11 80 - 80 04

M17

Didática Geral - 40 - 40 02

M18

Prática do Ensino Fundamental - 40 40 80 04

M19

Cálculo Numérico M11 20 60 80 04

300 100 400 20

5º Semestre

Cód

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica

Prática

Total Créditos

M20

Tópicos de Cálculo M16 80 - 80 04

M21

Matemática Financeira - 80 - 80 04

M22

Estatística I - 60 20 80 04

M23

Tecnologias Educacionais Aplicadas Ao Ensino Matemática

- - 80 80 04

M24

Equações Diferenciais M16 80 - 80 04

300 100 400 20

6º Semestre

Cód

Disciplina Pré

Requisito

Carga Horária

Teórica

Prática

Total Créditos

M25

Álgebra Linear - 120 - 120 06

M26

Estágio Supervisionado do Ens. Fundamental

M12 M18

- 160 160 08

M27

Legislação Educacional - 40 - 40 02

M28

Prática do Ensino Médio M17 - 40 40 02

160 200 360 18

7º Semestre

Cod Disciplina Pré Requisi

to

Carga Horária

Teórica Prática

Total Créditos

M29 Álgebra I - 80 - 80 04

M30 Estagio Supervisionado do Ens. Médio I M12 M26

- 80 80 04

M31 Variáveis Complexas - 80 - 80 04

M32 Optativa - 80 - 80 04

M33 História da Matemática - 80 - 80 04

320 80 400 20

8º Semestre

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Cód Disciplina Pré Requisi

to

Carga Horária

Teórica Prática

Total Créditos

M34 Análise Real M16 80 - 80 04

M35 Estágio Supervisionado do Ens. Médio II M31 - 160 160 08

M36 Trabalho de Conclusão de Curso M9 M31

- 40 40 02

M37 Seminários de Matemática - - 40 40 02

80 240 320 16

Atividades Extra sala 120

Total Teórica Prática Total

2140 1060 3200

Fonte: Universidade Federal de Rondônia, 2005, p.18,19-20.

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ANEXO 21

Disciplinas optativas do curso de Licenciatura em Matemática da

UNIR/Ji-Paraná (matriz atual).

Cód. Disciplina Pré-requisito

M38 Teoria dos Números -

M39 Estatística II (Inferencial) M21

M40 Geometria Diferencial M16

M41 Álgebra II M30

M42 Programação Linear M26

M43 Tópicos Especiais de Educação

Matemática

-

M44 Processamentos de Dados -

M45 Química I -

M46 Sociologia -

M47 Sistemas Dinâmicos e Caos M24

Fonte: Universidade Federal de Rondônia, 2005, p.18 - 20.

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ANEXO 22

Parecer sobre a Criação do Laboratório de Matemática no campus da UNIR/Ji-

Paraná.

Conselho Superior Acadêmico

CONSEA

Processos: 23118.004253/2006-34

Da presidência dos Conselhos

Superiores

HOMOLOGADO EM 09.04.2007

Parecer: 722/CGR

Câmara de Graduação

Assunto: Criação do Laboratório de Matemática (LABMAT).

Interessado: Campus de Jí Paraná

Relator (a): Consª. Lucia Setsuko Ohara Yamada.

Parecer da Câmara:

Na 80ª sessão de 09 de abril de 2007, a câmara aprovou o parecer da

relatora que é: “de parecer favorável á criação do Laboratório de Matemática -

LABMAT”.

Consª. Maria Cristina Victorino França

Presidente

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ANEXO 23

Ata do Colegiado do Curso de Matemática, dia 23 de agosto de 1990.

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ANEXO 24

Ata de reunião do Conselho de Departamento de Ciências Exatas,

realiza no dia 03 de abril de 2000 (mudança na matriz curricular).

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ANEXO 25

Matriz curricular atual do curso de Licenciatura em Matemática da

UNIR/Porto Velho

1º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Sociologia 60 0 3 60

Matemática I 80 20 5 100

Geometria Euclidiana 40 20 3 60

Língua Portuguesa 80 0 4 80

Lógica Matemática 60 20 4 80

Filosofia 60 0 3 60

Total 380 60 22 440

2º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Matemática II 80 20 5 100

Cálculo I 80 20 5 100

Geometria Espacial 40 20 3 60

Desenho Geométrico 40 20 3 60

Introdução a Teoria dos Números 60 0 3 60

Psicologia da Educação 80 0 4 80

Total 380 80 23 460

3º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Metodologia da Pesquisa 40 20 3 60

Didática Geral 60 20 4 80

Cálculo II 80 20 5 100

Álgebra I 80 20 5 100

Geometria Analítica Vetorial 60 20 4 80

Total 320 100 21 420

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4º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Álgebra II 80 20 5 100

História da Matemática 40 20 3 60

Informática no Ens. da Matemática 40 20 3 60

Cálculo III 80 20 5 100

Matemática Computacional 60 20 4 80

Total 300 100 20 400

5º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Álgebra Linear I 80 20 5 100

Didática da Matemática 60 20 4 80

Seminário em Pesq. Matemática 40 20 3 60

Física I 60 20 4 80

Estágio Supervisionado I 20 80 5 100

Total 260 160 21 420

6º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Int. a Probabilidade. e Estatística 80 20 5 100

Álgebra Linear II 80 20 5 100

Física II 60 20 4 80

Metod. do Ens. da Matemática 60 20 4 80

Trab. de Conclusão de Curso I 40 0 2 40

Estágio Supervisionado II 20 80 5 100

Total 340 160 25 500

7º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Legisl. Educ. e Gestão Escolar 80 0 4 80

Física III 60 20 4 80

Resolução de Problemas 40 40 4 80

Optativa 60 20 4 80

Trab. de Conclusão de Curso II 10 30 2 40

Estágio Supervisionado III 20 80 5 100

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Total 270 190 23 460

8º Período

Disciplinas Teórica Prática Créditos Carga Horária

Equações Difer. Ordinárias 80 0 4 80

Optativa 60 20 4 80

Análise Matemática 80 20 5 100

Estágio Supervisionado IV 20 80 5 100

Trab. de Conclusão de Curso III 20 100 6 120

Total 260 220 24 480

Fonte: Universidade Federal de Rondônia (2006)

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ANEXO 26

Disciplinas optativas, da matriz curricular atual do curso de Licenciatura

em Matemática da UNIR/Porto Velho.

Disciplinas Optativas Teórica Prática Créditos Carga

Horária

Ótica 60 20 4 80

Introdução a Geometria Diferencial 60 20 4 80

Análise Estatística Multivariada 60 20 4 80

Ensino da Física 60 20 4 80

Matemática Financeira 60 20 4 80

Variáveis Complexas 60 20 4 80

Análise no Rn 60 20 4 80

Tópicos de Geometria 60 20 4 80

Matemática Discreta 60 20 4 80

Sistemas Axiomáticos 60 20 4 80

Topologia Comb. e Algébrica 60 20 4 80

Fonte: Universidade Federal de Rondônia (2006).