os anti inflamatorios

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Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são uma das classes de medicamentos mais usadas no mundo. Existem mais de 20 drogas diferentes, sendo as mais famosas: - AAS (ácido acetilsalicílico) - Diclofenaco - Ibuprofeno - Naproxeno - Indometacina - Cetoprofeno - Acido mefenâmico - Piroxican - Colecoxib São drogas que apresentam mecanismos de ação semelhantes, mas com particularidades entre elas. Todos os anti- inflamatórios apresentam 3 efeitos básicos: Antipirético (abaixa a febre), analgésico (reduz a dor) e anti- inflamatório. As diferenças costumam ser na potência de cada uma das 3 ações e nos efeitos colaterais, alguns indesejáveis, outros úteis em algumas patologias não inflamatórias. Os AINES agem inibindo uma enzima chamada ciclooxigenase que produz outra chamada prostaglandina. São essas as substâncias responsáveis pela inflamação e dor. Porém, existem mais de um tipo de prostaglandina e ciclooxigenase, apresentando outras funções além de mediar processo inflamatórios. Como a inibição realizada pelos anti- inflamatórios é não seletiva, além de abortar a inflamação, ocorre também uma alteração nos efeitos benéficos dessas substâncias. As prostaglandinas são responsáveis pelos seguintes efeitos no organismo: - Proteção do estômago contra ácidos produzidos no seu interior = Quando as prostaglandinas são inibidas, aumenta-se o risco de formação de gastrite e úlceras. Leia: (GASTRITE E ÚLCERA GÁSTRICA ) Uma das principais causas de hemorragia digestiva é uso

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Page 1: Os Anti Inflamatorios

Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são uma das classes de medicamentos mais usadas no mundo. Existem mais de 20 drogas diferentes, sendo as mais famosas:

- AAS (ácido acetilsalicílico)- Diclofenaco- Ibuprofeno- Naproxeno- Indometacina- Cetoprofeno- Acido mefenâmico- Piroxican- Colecoxib

São drogas que apresentam mecanismos de ação semelhantes, mas com particularidades entre elas. Todos os anti-inflamatórios apresentam 3 efeitos básicos: Antipirético (abaixa a febre), analgésico (reduz a dor) e anti-inflamatório. As diferenças costumam ser na potência de cada uma das 3 ações e nos efeitos colaterais, alguns indesejáveis, outros úteis em algumas patologias não inflamatórias.

Os AINES agem inibindo uma enzima chamada ciclooxigenase que produz outra chamada prostaglandina. São essas as substâncias responsáveis pela inflamação e dor. Porém, existem mais de um tipo de prostaglandina e ciclooxigenase, apresentando outras funções além de mediar processo inflamatórios. Como a inibição realizada pelos anti-inflamatórios é não seletiva, além de abortar a inflamação, ocorre também uma alteração nos efeitos benéficos dessas substâncias.

As prostaglandinas são responsáveis pelos seguintes efeitos no organismo:

- Proteção do estômago contra ácidos produzidos no seu interior = Quando as prostaglandinas são inibidas, aumenta-se o risco de formação de gastrite e úlceras. Leia: (GASTRITE E ÚLCERA GÁSTRICA)

Uma das principais causas de hemorragia digestiva é uso indiscriminado de AINES. O Colecoxib é de uma classe chamada inibidores da COX2 que não afeta as prostaglandinas do estômago e por isso causam menos lesões gástricas.

- Fluxo de sangue no rins = Pessoas normais conseguem tolerar essas alterações, mas pacientes com problemas renais dependem muito das prostaglandinas para função dos rins, e sua inibição pode levar a um quadro de insuficiência renal aguda. Não existe nenhum anti-inflamatório que não piore a função renal em pacientes com insuficiência renal. São todos contra-indicados neste caso.

- Coagulação sanguínea = Todos os AINES atuam nas plaquetas, diminuindo sua atividade. O AAS é a substância que mais inibe a função das plaquetas. Esse efeito colateral é frequentemente aproveitado em doentes com risco de infarto e AVE. É o que os leigos chamam de "afinar o sangue". Neste caso, o efeito colateral é benéfico. Mas essa inibição das plaquetas e da coagulação pode ser perigosa em doentes que se submeterão a cirurgias ou que apresentem algum traumatismo. Deve-se sempre suspender o AAS 7 dias antes das operações.

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Os AINES são drogas seguras se administradas com indicação médica. O problema é que esta talvez seja a classe de drogas mais auto-prescrita pela população. Existem inúmeros efeitos colaterais e interações com outros medicamentos que devem ser levados em conta antes de tomá-los.

Além dos efeitos já descritos acima, também podem ocorrer:

- Piora da hipertensão (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO )- Inibição da ação dos diuréticos (leia:PARA QUE SERVEM OS DIURÉTICOS ? )- Piora da insuficiência cardíaca (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - CAUSAS E SINTOMAS)- Piora da função renal em pacientes com doença avançada de fígado- Síndrome nefrótica (leia: PROTEINÚRIA, URINA ESPUMOSA E SÍNDROME NEFRÓTICA)- Hepatite medicamentosa (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES )- Interação com Varfarina (leia: INTERAÇÕES COM A VARFARINA )- Reação alérgica

Portanto, apesar de ser uma droga muito usada e segura, ela está longe de não apresentar complicações. Seu uso sem critérios pode levar a consequências graves.

Um dos mais famosos casos de pressão da indústria farmacêutica na aprovação de drogas aconteceu sobre os inibidores da COX2. Não havia estudos suficientes sobre efeitos colaterais e há suspeitas de ocultação de dados. Após ser lançada com grande repercussão pela pouca toxicidade gástrica, o Rofecoxib (VIOXX) foi retirado do mercado quando um estudo que tentava provar seu benefício no câncer de cólon, mostrou um aumento de infartos e AVCs nos pacientes que estavam tomando esta droga.

Leia mais: http://www.mdsaude.com/2008/11/antiinflamatrios.html#ixzz12An1QuSj

Em 1998 foi celebrado o centenário de produção da aspirina, um remédio geral para dores de todo o tipo tais como: dores de cabeça, de dente, a artrite, entre outras. No entanto, seu modo de ação continua um mistério. Por mais de 2500 anos o ácido salicílico tem sido utilizado para tratar uma grande variedade de doenças. Em 400 a.C., Hipócrates recomendava o uso de folhas de salgueiro, uma fonte natural de salicilatos, para diminuir as dores de parto, e Galeno, centurião e fisiologista romano, indicava o uso de extratos de salgueiro para aliviar a dor, a febre e a inflamação. Referências ao uso de salicilatos que ocorrem na natureza podem ser encontradas em textos da idade média e do renascimento.

Estudos científicos

Entre 1757 e 1763 o reverendo Edward Stone realizou os primeiros estudos científicos de uma fonte natural de salicilatos. Naquela época, a malária era endêmica em na Inglaterra e a única fonte de cura era o quinino, extraído da casca da cinchona. Entretanto, a casca da cinchona era importada da América do Sul e era muito cara. Stone percebeu que a casca do salgueiro branco da Inglaterra tinha um gosto parecido com o da cinchona. Ele também observou que o salgueiro crescia em locais onde a

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malária era comum. Daí a sugerir que o salgueiro continha a cura para a maleita foi mais um passo, e sua “intuição” foi testada com êxito em 50 pacientes, sendo seus resultados apresentados à sociedade real londrina. Mais de 60 anos depois, Fontana e Brugnatelli extraíram o agente ativo, a salicina, do salgueiro. Este glicosídeo do ácido salicílico foi convertido no ácido salicílico por Píria em 1839. O ácido é sintetizado hoje por um processo desenvolvido por Kolbe e Lautemann em 1860 (usando hidróxido de sódio, fenol e CO2). Em 1870 um dos pupilos de Kolbe, Friederich von Heiden, montou uma fábrica do ácido e a disponibilidade do ácido purificado e barato levou à expansão do uso da droga na década seguinte. O ácido salicílico, no entanto, nunca teve o status de droga milagrosa, principalmente por ser toxico para o estômago, causando diarréia e vômitos como efeitos colaterais. Em 1893, Arthur Einchengrun, chefe da seção farmacêutica da companhia Bayer, deu a Felix Hoffmann, um empregado de apenas 29 anos de idade, a missão de encontrar uma alternativa menos tóxica. Quatro anos mais tarde Hoffmann retornou com um nove derivado, o ácido acetilsalicílico – o qual segundo ele era mais leve para o estômago. Aparentemente, Hoffmann foi motivado pelo fato de seu pai ser vitima de artrite e não poder tomar o ácido salicílico sem vomitar. No entanto, o derivado de Hoffmann aliviava o sofrimento de seu pai sem o efeito colateral indesejado.

O ácido acetilsalicílico foi então testado clinicamente e entrou no mercado em 1899. O nome aspirina foi escolhido por Heinrich Dreser, chefe de química farmacêutica da Bayer. O que levou à escolha do nome aspirina ainda gera controvérsias. Especula-se, entre outras hipóteses, que o nome possa ser um tributo a St Aspirinus, um bispo Napolitano, patrono das dores de cabeça. De qualquer forma, a aspirina foi um sucesso instantâneo e nos anos que se seguiram foram descobertas suas propriedades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias. Mais recentemente, em adição a essas propriedades, a molécula parece ser ativa contra doenças do coração, contusões e até mesmo câncer.

Mas como funciona?

A aspirina e muito efetiva contra a dor proveniente da inflamação, processo através do qual os tecidos do corpo respondem a uma lesão, infecção ou algumas outras condições tais como a artrite reumatóide. Considere, por exemplo, a resposta do organismo a uma infecção bacteriana. Quando a bactéria penetra na pele ela é reconhecida por certos tipos de células sangüíneas. Por exemplo, os macrófagos reconhecem os produtos bacterianos e suas toxinas, e vários outros mensageiros químicos produzidos por outras células no processo inflamatório. Esses mensageiros aumentam a necessidade de sono, diminuem o apetite e disparam uma série de outros mensageiros que afetam a circulação local de tal forma que as células brancas do sangue passam para os tecidos e atacam a s bactérias. Como resultado do aumento do fluxo sangüíneo e do movimento das células do sangue para a área afetada ocorre um acúmulo de líquido (edema), vermelhidão e calor, que junto com a dor caracterizam a inflamação.

A dor é causada pelos efeitos de moléculas mensageiras, particularmente a prostaglandina E 2 , liberada no processo inflamatório. Ela age diretamente nas terminações nervosas enviando mensagens ao cérebro de que algo não está bem e precisa de atenção. Células que produzem histamina ou serotonina produzem ácido araquidônico, um intermediário chave no processo dor/inflamação (a produção de ácido araquidônico é inibida pelos corticosteróidoes, por isso eles são usados em condições

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como a artrite reumatóide, mais isso é uma outra história). O ácido araquidônico é convertido em prostaglandinas e tromboxanas pela via das ciclooxigenases, ou a leucotrienos e eucosanóides pela via das lipoxigenases. Todos esses componentes afetam o complexo processo de inflamação e reparo de uma lesão. Dentre as espécies citadas, a prostaglandina E 2 (PGE 2 ) é a mais fortemente envolvida no processo de produção de dor. ( O subscrito indica o número de duplas ligações nas moléculas; ‘E’ indica que a molécula se dissolve bem em éter.)

Através de vários estudos foi descoberto que a ciclooxigenase é feita, na verdade, de duas espécies, a COX 1 e a COX 2 (ciclooxigenase 1 e 2). Embora as duas sejam inibidades pela aspirina, é apenas a COX 2 que está envolvida na produção de PGE 2 , e a COX 1 produz prostaciclina PGI 2 , que protege a parede do estômago contra a irritação. ( COX 1 também desempenha um papel importante na agregação de plaquetas e por isso pequenas doses de aspirina tem sido recomendadas na prevenção de doenças cardiácas).

A corrida por uma “super aspirina”.

A “aspirina” ideal seria aquela que inibiria a atividade da COX 2 sem bloquear a COX 1. Em 1996 o laboratório da multinacional alemã Boehringer produziu o Meloxicam, uma nova droga de efeitos analgésicos/antiinflamatórios com poucos efeitos colaterais. O Meloxicam inibe seletivamente a COX 2, e por isso causa menor irritação gástrica que sua antecessora.

Respondendo agora à nossa pergunta inicial, ” Como a aspirina sabe onde agir?” – ela não sabe!, mas interage com qualquer ciclooxigenase disponível no organismo. Embora ela bloqueie o processo inflamatório e diminua a dor, também inibe a proteção das paredes estomacais o que pode causar dor. A medicina, no entanto, é uma faca de dois gumes. Enquanto a maior compreensão dos mecanismos pelos quais as drogas mais antigas agem nos permite criar novas drogas, com ações muito mais específicas, como o Meloxicam, talvez decretando a aspirina como uma droga centenária, temos de nos lembrar que futuros estudos a respeito da dor poderão mostrar os efeitos colaterais de seu sucessor que ainda não foram descobertos.

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Os antiinflamatórios não-esteroides (AINE) são um grupo variado de fármacos que têm em comum a capacidade de controlar a inflamação, de analgesia (reduzir a dor), e de combater a hipertermia (febre)[1]Apesar de em sua maioria serem constituidos por ácidos orgânicos, sua estrutura química não é relacionada. Caracterizam-se por inibir a atividade de sub-tipos da ciclooxigenase. Fazem parte deste grupo medicamentos muito conhecidos, em parte por alguns já estarem disponíveis há muito tempo, por serem de venda livre (MNSRM), e pelo vasto número de situações em que são usados. Alguns nomes sonantes incluem o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e naproxeno. O paracetamol, embora possua um mecanismo de acção semelhante e tenha efeito antipirético e analgésico[2], é praticamente desprovido de efeito antiinflamatório.

Índice

[esconder] 1 Histórico 2 Classificação química

3 Mecanismo ação

4 Efeitos

o 4.1 Efeitos adversos

5 Inibidores selectivos da COX-2

6 Danos renais

o 6.1 Com a inibição da COX-1

o 6.2 Com a inibição da COX-2

7 Usos clínicos

8 Fármacos do grupo

o 8.1 Inibidores não selectivos da COX-2

o 8.2 Inibidores preferenciais da COX-2

o 8.3 Inibidores seletivos da COX-2

9 AINE e antiulcerosos

10 Referências

[editar] Histórico

Page 6: Os Anti Inflamatorios

Salgueiro

As propriedades no alívio da febre, inflamação e dores proporcionadas pela casca do salgueiro são conhecidas há vários anos. Edmund Stone, um reverendo da Inglaterra, escreveu para um presidente da Royal Society ainda no século XVIII sobre as propriedades de cura do salgueiro no combate à febre. Este reverendo sugeriu que como a planta gostava de nascer em locais de umidade, teria como característica reduzir o calor do corpo. O salgueiro tem como princípio ativo a salicina, que é muito amarga. Este glicosídeo foi isolado por Leroux em 1829. Numa reação de hidrólise, produz glicose e álcool salicílico que pode ser transformado pelo organismo ou via síntese química em ácido acetilsalicílico. Em 1875 o salicilato de sódio foi utilizado pela primeira vez para tratar febre reumática e para reduzir a febre. Assim, Hoffman da Bayer aproveitou uma técnica deixada por Gehardt em 1853, para produzir o salicilato de sódio. Com o sucesso do antiinflamatório, Heinrich Dreser colocou o produto na medicina com o nome de ácido acetilsalicílico. Depois foram surgindo drogas sintéticas e outros compostos mais seletivos de inibição da COX-2. Desde o isolamento do ácido salicílico em 1828[3], os AINE tornaram-se uma parte importante do tratamento da febre e da dor. Uma parte da sua popularidade deve-se a não causarem dependência ou depressão respiratória, ao contrário dos opióides. Ainda assim, não são desprovidos de efeitos secundários, sendo os mais comuns a nível gastro-intestinal.

[editar] Classificação química

Existem diversos modos de classificar os AINE, por potência inibidora de COX-2 sobre COX-1, concentração para atingir efeitos clínicos, etc. Abaixo, estão classificados de acordo com sua estrutura química:

Classificação dos AINE[4]

SalicilatosDerivados

indol-acéticos

Derivados arilo-

acéticosÁcidos enólicos

Ácido Acemetacina Aceclofenaco Oxicans: Pirazolonas:

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acetilsalicílicoClonixinato de lisinaBenorilatoDiflunisalSalicilamidaEtersalatoSalsalato o ácido salicílico

GlucametacinaIndometacinaProglumetacinaOxametacinaSulindacTolmetinDifenpiramida

DiclofenacoEtodolacoFentiazacoKetorolacoBufexamacoLonazolacoAlclofenacoZomepiraco

DroxicamMeloxicamPiroxicamTenoxicamOxaprocina

FenilbutazonaMofebutazonaOxifenbutazonaClofezonaKebuzonaMetamizol (Dipirona)FeprazonaNifenazonaSuxibuzonaAminofenazona

Aspirina Sulindac Etodolaco Piroxicam Fenilbutazona

Derivados Arilpropiónicos Fenematos Outros

ButibufenoFenoprofenoFenbufenoFlurbiprofenoBenoxaprofenoSuprofenoIbuprofenoIbuproxam

KetoprofenoDexketoprofenoPirprofenoIndoprofenoNaproxenoOxaprozinaTiaprofenoDexibuprofenoFenoprofenoFlunoxaprofenoAlminoprofeno

Ácido meclofenámicoÁcido mefenámicoÁcido flufenámicoÁcido tolfenámicoÁcido niflúmicoEtofenamato (tópico)

Vários Nabumetona Glucosamina

Diacereína

Nimesulida

Proquazona

Azapropazona

Benzidamina (tópico)

Orgoteína

Feprazona

Morniflumato

Tenidap

Glucosaminogl icano, polisulfato

Coxibes: Celecoxi

b Rofecoxi

b

Parecoxi b

Valdeco xib

Etoricoxi b

Para-aminofenol:

Paraceta mol

(Acetaminofen)

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(S)-Ibuprofeno

NaproxenoÁcido

mefenámicoNimesulida Valdecoxib

[editar] Mecanismo ação

Via de síntese dos eicosanóides.

Os AINEs são inibidores específicos da enzima ciclooxigenase (COX). A COX possui duas formas ligeiramente diferentes, designadas COX-1 e COX-2. Estas transformam o ácido araquidônico, uma substância formada a partir de lípidos presentes na membrana celular pela acção da fosfolípase A2, em dois tipos de compostos, as prostaglandinas e os tromboxanos [5] . O papel destes mediadores na inflamação e na dor, assim como em vários outros processos fisiológicos (como na coagulação), é amplamente aceite.[1] No início da década de 1990, a descoberta dos dois subtipos de COX criou expectativas quanto à criação de novos fármacos que mantivessem as propriedades dos AINEs existentes e permitissem diminuir a incidência de efeitos colaterais. A diferente distribuição dos subtipos de COX levou a que fosse colocada a hipótese de que a COX-1 seria "constitutiva", ou seja, estaria sempre presente no corpo e era responsável por funções fisiológicas importantes, e que a COX-2 seria "induzida", surgindo na resposta inflamatória. Desta forma, os efeitos colaterais dos AINEs deveriam-se à inibição da COX-1[6]. Com o aparecimento de fármacos que inibem especificamente a COX-2, designados por coxibs (o primeiro fármaco deste grupo foi o celecoxib), foi possível constatar uma quase completa redução dos efeitos colaterais a nível gastro-intestinal.

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Contudo, alguns estudos vieram colocar em causa o fundamento desta abordagem, ao demonstrar que a COX-2 também desempenhava um papel fisiológico (protector) importante tanto no estômago como no rim[7]. A inibição destas enzimas pelos AINE na redução da febre ou efeito antipirético é causada pela inibição da formação de prostaglandina E2 pela COX-1. Esta prostaglandina é um mediador importante para a activação do centro nervoso (no hipotálamo), regulador da temperatura corporal. Altos níveis de prostaglandina E2 em estados inflamatórios (como infecções) elevam a temperatura. O efeito analgésico é devido à inibição da produção local de prostaglandinas aquando da inflamação. Estas prostaglandinas, se forem produzidas, vão sensibilizar as terminações nervosas locais da dor, que será iniciada por outros mediadores inflamatórios como a bradicinina. Os efeitos antiinflamatórios também estão largamente dependentes da inibição da produção de prostanóides, já que estes mediadores são importantes em quase todos os fenómenos associados à inflamação, como vasodilatação, dor e atracção de mais leucócitos ao local.

[editar] Efeitos

Os AINEs têm três efeitos benéficos principais:

diminuem a resposta inflamatória; reduzem a dor de causa inflamatória e

baixam a febre.

Algumas pesquisas revelam possíveis efeitos preventivos em relação à doença de Alzheimer, em particular o Ibuprofeno reduziu a ocorrência da doença em 40% em pessoas que tomaram Ibuprofeno por mais de 5 anos[1].

[editar] Efeitos adversos

A maioria é devida à inibição da COX-1. No estômago as prostaglandinas levam à produção de muco que protege as células da mucosa dos efeitos corrosivos do ácido gástrico.

Dispepsia Hemorragia gástrica

Em administração prolongada, risco de úlcera gástrica

Náuseas

Vómitos

Alergias como urticária na pele, eritemas e até raros casos de choque anafilático

Insuficiência renal reversível com a cessação da medicação

Nefropatia associada aos analgésicos : irreversível, por vezes com medicação contínua com paracetamol.

Aspirina:

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Síndrome de Reye - grave condição causada raramente pela aspirina em crianças. (A Aspirina não é aconselhada para crianças).

A overdose com aspirina causa acidose metabólica.

[editar] Inibidores selectivos da COX-2

Poderão ser trombóticos e causar raramente enfarte do miocárdio ou AVC.

Durante a gravidez: Tratamento com AINEs em gestantes têm sido associados, à vasoconstrição do ducto arterioso fetal, hipertensão arterial pulmonar síndrome de hipertensão pulmonar persistente no recém-nascido e inibição da agregação plaquetária (anormalidades na hemostasia).

[editar] Danos renais

[editar] Com a inibição da COX-1

As prostaglandinas são importantes moduladores fisiológicos do tônus vascular e equilíbrio hídrico nos rins (modulação da hemodinâmica glomerular, reabsorção tubular de sódio e água e regulação da secreção de renina). Ocorrendo a queda do volume sangüíneo, o sistema renina-angiotensina-aldosterona renal é activado, o que contribui para vasoconstrição sistêmica com aumento na reabsorção de sódio e água na tentativa de manter a PA em níveis satisfatórios. Por outro lado, a angiotensina provoca síntese de prostaglandinas renais vasodilatadoras, que são sintetizadas mediante COX-1(presente no endotélio, glomérulo e ductos coletores renais). Na presença de AINES, e conseqüente inibição de prostaglandinas, este mecanismo protetor falha, podendo dar isquemia e com isso irreversíveis danos renais.

[editar] Com a inibição da COX-2

A medula renal é o local da maior síntese de prostaglandinas e apresenta importante expressão de COX-1 e também COX-2. A produção de prostaciclina renal, derivada da COX-2, possivelmente na vasculatura renal, contribuindo para o balanço de sódio, apresentando importante papel na homeostase hidroeletrolítica. Novos relatos apontam para possível ação da COX-2 na filtração glomerular. PGs medulares intersticiais podem modular reabsorção de soluto e água também através de efeitos diretos na absorção de sódio no ramo ascendente da alça de Henle e ducto coletor. A perda do efeito inibitório tônico da PGE2 (derivada da COX-2) na reabsorção de sódio em tais segmentos pode contribuir para a retenção deste íon e conseqüente falha a terapêuticas anti-hipertensivas. Retardo na cicatrização de úlceras gástricas com os ICox-2: Diante de úlceras gástricas pré-existentes, observou-se maior expressão de COX-2 nas células epiteliais do estômago, induzindo a formação de prostaglandinas, dentre elas a PGE2, que contribuem para a cicatrização destas lesões.

[editar] Usos clínicos

1. Analgésia principalmente se a causa é inflamatória:2. * Dores de cabeça

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3. * Dismenorreia primária e menorragia (ambos oriundos do aumento de prostaglandinas)

4. * Dores das costas

5. * Pós-cirurgica

6. Acção Antiinflamatória:

7. * Artrite reumatóide

8. * Gota

9. * Qualquer outra condição inflamatória dolorosa.

10. Febre alta: as temperaturas acima de 40 °C são perigosas. São usados para diminui-la (qualquer indivíduo com febre acima de 40 °C deve consultar o médico imediatamente). As prostaglandinas são conhecidas por mediarem o desenvolvimento da febre.

[editar] Fármacos do grupo

Os inibidores não selectivos são mais antigos e testados, mas o inibidores selectivos da COX-2 tem menos efeitos adversos (observados após comercialização com auxílio da farmacovigilância) e colaterais (já conhecidos).

[editar] Inibidores não selectivos da COX-2

Inibem ambas COX-1 e COX-2:

Aspirina : ou ácido acetilssalicílico. Tem outras qualidades especificas e não partilhadas com outros membros do grupo.

Ibuprofeno

Naproxeno

Paracetamol (nos EUA conhecido por Acetaminophen): pouca actividade antiinflamatória mas alto poder analgésico.

Diclofenac

Indometacina e Piroxicam: mais fortemente antiinflamatórios

* Observação: Pacientes que fazem uso de antidepressivos possuem maior propensão a terem um aumento no tempo de sangramento e deve-se tomar cuidado com o uso concomitante de AINES não-seletivos, assim como também anticoagulantes pelo mesmo motivo. As plaquetas armazenam cerca de 90% da serotonina circulante e com o uso dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina e outros é de se esperar que esta concentração plaquetária de serotonina se torne menor (menos disponível às plaquetas). Como a serotonina possui atividade na agregação plaquetária, se esta estiver em menor concentração agora disponível às plaquetas e mais disponível às sinápses nervosas, o vaso lesado terá maior tempo para conter o estravasamento de sangue em caso de ruptura.

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[editar] Inibidores preferenciais da COX-2

Existe uma outra classe de AINES denominada "preferenciais" para COX-2, enquadrando-se o nimesulide e meloxicam. Estes exibiram in vitro maior seletividade que in vivo para a referida enzima e não devem ser confundidos com os "seletivos".

[editar] Inibidores seletivos da COX-2

Alguns autores denominam esta classe de antiinflamatórios com "específicos", mas na realidade eles podem também interagir com a COX-1, embora em baixissima escala. Portanto a denominação mais coerente é a que tem sido adotada atualmente: "Seletivos" pois não são específicos, mas tem maior afinidade por interagir, por se "encaixar" nos sítios de ligação da ciclo-oxigenase 2. Alguns inibidores da COX-2 foram recentemente retirados do mercado voluntariamente devido a receios que fossem pró-trombóticos e aumentassem a probabilidade de um enfarte do miocárdio ou AVC. Estes problemas só surgem provavelmente depois de vários anos de uso continuado.

[editar] AINE e antiulcerosos

É comum observarmos a prescrição de antiinflamatórios não esteroidais associados a inidores da bomba de prótons ou anti-histamínicos h2 a fim de que reduzindo a secreção gástrica ácida os efeitos diretos e indiretos do AINE sobre a mucosa gástrica sejam minimizados, uma vez que a secreção normal possa comprometer uma mucosa agora desprotegida e em contato com o AI. No entanto as condições de pH estomacal estão alteradas, portanto há de se considerar que existe repercusão também na absorção do fármaco AINE (caráter ácido fraco), comprometendo em determinado grau a eficácia do antiinflamatório. Por que pró-trombótico? Deve ser considerado que a COX-2 é essencialmente, mas não exclusivamente, inflamatória. Alguns tecidos, como renal, cerebral e pulmonar e células endoteliais sintetizam fisiologicamente a enzima cicloxigenase-2. Esta origina a prostaciclina (PGI2), responsável pela atividade antiagregante plaquetário (papel inverso dos tromboxanos) e, uma vez que grande percentagem desta COX-2 encontra-se inibida, a concentração de prostaciclina torna-se reduzida. Uma vez que não consegue-se inibir tromboxanos em grande quantidade devido a maior seletividade cox-2/cox-1, tende-se a esperar uma redução no Tempo de sangramento, com uma coagulação mais rápida. A PGI2 é um produto das células do endotélio vascular cuja produção é ativada pela COX-2. Seus efeitos consistem em potente vasodilatação e inibição da agregação plaquetária e da proliferação de músculo liso vascular. Desta forma acredita-se que a prostaciclina é um eucosanóide antiproliferativo, e a relativa deficiência dessa prostaciclina, derivada de COX-2, pode predispor aterogênese. Por que usar AINES seletivos? A maior vantagem do uso dos AINES Seletivos é a baixa possibilidade de irritação de mucosa gástrica, uma vez que não inibe substancialmente a COX-1 que originará a PGE2, responsável pela mucoproteção gástrica, como ocorre nos não seletivos. No entanto estudos têm demonstrado que a administração dos seletivos em pacientes portadores de úlceras gástricas ativas pode retardar a cicatrização destas, uma vez que a inibição da atividade da COX-2 também influencia na cicatrização das úlceras estomacais. *Alguns autores já relatam também o desenvolvimento de úlceras com AINES seletivos tomados por grandes períodos de tempo. Exemplos de medicamentos AINES seletivos para a COX-2:

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Celecoxib : nome comercial Celebrex. Lumiracoxib : nome comercial Prexige, Novartis

Etoricoxib : nome comercial Arcoxia, Merck-Sharp

Rofecoxib :retirado do mercado, nome comercial Vioxx.

Estes receios, mesmo que sustentados, deverão ser pouco significativos em relação aos benefícios de que alguns doentes podem usufruir com o seu uso, portanto há de se estipular o risco-benefício de se utilizar a longo prazo estas drogas antiinflamatórias (ex. tratamento paliativo da artrite reumatóide) Com a descoberta da Cox-4 e Cox-5, e as possíveis diferenciações entre Cox-1a e Cox-1b, entre Cox-2a, Cox-2b e Cox-2c, e ainda Cox-3 com seus sub-tipos alfa e beta, não há como citar os reais efeitos de tais fármacos, já que tais enzimas foram negligenciadas nas pesquisas, o que quer dizer que nenhum dos fármacos é seguro.