origem e evolução da serra do mar

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  • 7/23/2019 origem e evoluo da serra do mar

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    Revista Brasileira de Geocincias 28(2):135-150, junho de 1998

    ORIGEM E EVOLUO DA SERRA DO MAR

    FERNANDO FLVIO MARQUES DE ALMEIDA* & CELSO DAL R CARNEIRO**

    ABSTRACT ORIGIN AND EVOLUTION OF THE SERRA DO M AR The origin of the subparallel mountainsystems which compose the coastal Serra do Mar and the inland Serra da Mantiqueira is related to the UpperCretaceous. These features - distributed along a quite singular continental atlantic border - nave a complex evolutionarising controversial questions. The answers to these problems are mainly dependentto the dating of the Japi erosionalsurface and other younger ones, a study still faced by the small amount of detailed-scale surveys. The scarp domainscovered by dense vegetation often impose difficult trail access. Nevertheless, the present knowledge stage allows usto admit that during Tertiary the evolution of the local relief hs affected into a considerable extent the synchronicoceanic phase sediments of the Santos Basin. There is a lot of evidence and proofs that the Serra do Mar hs beendeveloped from a very different geographical position as compared to the existing one. The hypothesis supported bythe present authors is a long-term scarp retreat from southeast to northwest due to erosional processes approximatelystarting at the Santos fault line in the present continental platform.

    Keywords:

    RESUMO A origem dos sistemas montanhosos subparalelos que compem as serras do Mar e da Mantiqueiraremonta provavelmente ao Paleoceno. A evoluo de tais feies mpares da borda atlntica do continente tem

    despertado questes controvertidas, cuja resoluo sobretudo balizada pela idade das superfcies de eroso do Japie outras mais novas, cujos indcios so encontrados no Planalto Atlntico. O estudo dificultado pelo pequeno volumede levantamentos em escala de detalhe ao longo desses domnios escarpados, muitas vezes de difcil acesso e recobertospor densa vegetao. Entretanto, os conhecimentos atuais permitem admitir que, durante o Tercirio, a evoluo dorelevo regional tenha afetado grande parte dos registros sincrnicos da Bacia de Santos, restando muitas evidnciase provas de que as escarpas da Serra do Mar desenvolveram-se bem mais a leste que a posio geogrfica atual. Amudana de posio, hiptese defendida neste trabalho, principalmente devida ao recuo erosivo diferencialcondicionado pelas estruturas e unidades litolgicas pr-cambrianas.

    Palavras-chaves:

    INTRODUO O sistema de montanhas representadopelas serras do Mar e da Mantiqueira constitui a mais des-tacada feio orogrfica da borda atlntica do continentesul-americano (Fig. 1). Aspectos geolgicos relacionados origem e evoluo das serras ainda so pouco conhecidos, ese constituem em problemas complexos sobre os quais as

    opinies de gelogos e geomorflogos divergem.A Serra do Mar um conjunto de escarpas festonadas comcerca de 1.000 km de extenso, em que termina o PlanaltoAtlntico no trecho voltado para a Bacia de Santos. Ela seestende do Rio de Janeiro ao norte de Santa Catarina, ondedeixa de existir como unidade orogrfica de borda escarpadade planalto, desfeita que se acha em cordes de serras paralelase montanhas isoladas drenadas diretamente para o mar, sobre-tudo pela bacia do rio Itaja. No Paran configura uma cadeiade montanhas com cimos elevados at a 1.800 m de altitude.Em So Paulo, impe-se como tpica borda de planalto,frequentemente nivelada pelo topo em altitudes de 800 a 1.200m. Na regio centro-oriental do Rio de Janeiro apresenta-secomo uma montanha constituda por bloco de falhas inclinadopara nor-noroeste em direo ao rio Paraba do Sul (Fig. 2),

    com vertentes abruptas voltadas para a Baixada Fluminense,a sul.A origem da Serra do Mar tem suscitado dvidas. Sobre-

    tudo gegrafos, mas tambm muitos gelogos, atribuem-na aprocessos tectnicos de movimentao vertical realizados noCenozico (Almeida 1976, Asmus & Ferrari 1978), no stioonde ela se localiza. Seria portanto, em seu conjunto, umgrande fronte dissecado de falhas em que termina o PlanaltoAtlntico.

    Salienta-se o interesse prtico do estudo da origem eevoluo desse extenso e elevado desnvel topogrfico,quando se considera que desde h muito a engenharia e atcnica nacionais so desafiadas pela sua transposio. Opresente texto assinala fatos importantes para a ocupao

    humana que decorrem da peculiar situao geolgica egeogrfica da serra. Diante dos mltiplos e diferentes efeitosda ao humana na serra, torna-se conveniente apontar aspec-tos relacionados apropriao desse espao pelo Homem,como subsdio a novas pesquisas sobre a dinmica das en-costas, cujo entendimento fundamental para a preservao

    de tais domnios.Os modernos conhecimentos sobre a estratigrafia da Baciade Santos (Pereira et al1986, Pereira & Feij 1994), obtidospela Petrobrs, indicam que um relevo destacado existiu noCretceo Superior no longe de sua borda, relevo cuja erosoforneceu grande quantidade de detritos grossos que se acumu-laram na plataforma externa e na borda proximal da bacia.Seria uma proto-Serra do Mar.

    Neste trabalho os autores procuram analisar a origem eevoluo da Serra do Mar a partir de falha situada na atualplataforma continental, de onde recuou sobretudo por erosoat a posio geogrfica que atualmente ocupa.

    ESTRUTURA GEOLGICA Geologia do EscudoAtlntico A direo geral da Serra do Mar acompanha a

    orientao ENE das estruturas do Escudo Atlntico (Fig. 3).Em mapas de escala maior, porm, a crista das escarpas extremamente festonada (Ponano et al. 1981), pois acom-panha estruturas menores e falhas, alm de obedecer deci-siva, embora heterognea, influncia de corpos rochosos re-sistentes denudao. A complexa histria registrada entre oPr-cambriano e o Eopaleozico, que deu origem a diversasassociaes migmatticas e metamrficas, bem como ainmeros complexos gneos, explica a ampla variedade detipos litolgicos do embasamento exposto.

    Os estgios evolutivos do embasamento costeiro so aindamal conhecidos. As idades mais antigas distribuem-se doArqueano ao Proterozico Inferior. Tais ncleos so englo-bados por rochas e estruturas representativas de trs grandes

    * Professor Catedrtico Aposentado (Mineralogia, Petrografia e Geologia) da Escola Politcnica, USP. Al. Franca 432, Ap. 9, CEP 01422-000, So Paulo SP* * Departamento de Geocincias Aplicadas ao Ensino, Instituto de Geocincias UNICAMP. Caixa Postal 6152, CEP 13083-970, Fax (019) 239 1562, Campinas

    SP. E-mail: [email protected]

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    colagens proterozicas vinculadas aos supercontinentesAtlntica (Paleoproterozico), Rodnia (Mesoproterozico-Neoproterozico) e Gondwana Ocidental (final do Neopro-terozico). As sucessivas colagens e interaes de placasformaram faixas mveis acrescionrias, colisionais ou tran-spressionais, retomadas sucessivas vezes (Almeida et al.

    1997). Aps cada uma delas, sucederam-se processos detafrogenia e disperso de supercontinentes, acompanhados demagmatismo anorognico e sedimentao intracratnica. Asfaixas mveis circundam ncleos menores, que foram reestru-turados e afetados pela orogenia transamaznica. Rochas ar-queanas - que abrangem desde gnaisses, migmatitos egranulitos, at rochas ultramficas e metaultramfcas - estopreservadas no bloco neoproterozico Lus Alves (SC-PR),no extremo sul da Serra do Mar, estendendo-se at aproxi-madamente a Serra dos Itatins, no litoral sul de SP.

    As faixas Paraba do Sul e Ribeira - compostas por asso-ciaes complexas de gnaisses e xistos, com relquias derochas metasupracrustais - incluem na sua infra-estrutura oscomplexos Juiz de Fora, Cabo Frio e Embu, formados porrochas transamaznicas. Na parte marginal sul da faixa Apia

    (Fig. 4), o bloco situado entre as faixas brasilianas Ribeira eDom Feliciano formado por migmatitos, gnaisses, granulitose xistos subordinados, afetados por retrabalhamento meso-zonal extensivo. Nela ocorre longo colar de granitos alcalinos

    Figura l - Posio geogrfica das principais serras da regiosudeste do BrasilFigure l - Geographic position of the main coastal mountain belts in thesoutheastern region of Brazil

    anorognicos, neoproterozicos a cambrianos que, por suaresistncia eroso, sustentam a borda da Serra do Mar naregio do primeiro planalto paranaense.

    Na regio focalizada afloram abundantes granitos neopro-terozicos, sobretudo formados durante o processo de con-solidao do embasamento da Plataforma Sul-Americana (fi-

    nal do Proterozico a Cambriano). Esses corpos, associadoss derradeiras colises de placas e soerguimento de cadeiasmontanhosas, do suporte a grandes setores da Serra do Mar.No final do Proterozico, com o arrefecimento do calor emudana no regime de esforos, a compresso originouinmeras falhas transcorrentes que recortam o sudestebrasileiro. Desse estgio final, no Cambro-Ordoviciano, re-sultou denso arranjo de zonas de cisalhamento dextrais anas-tomosadas, orientadas segundo ENE a E-W (Hasui &Sadowski 1976).

    Durante a separao mesozica, que subdividiu o super-continente Gondwana e culminou na abertura do OceanoAtlntico, inmeras descontinuidades mais antigas foram rea-tivadas em pulsos descontnuos que perduraram desde oCretceo at o Tercirio. As rochas das falhas reativadas e

    mesmo das zonas de cisalhamento antigas, devido baixaresistncia eroso diferencial, governam o traado da redede drenagem. Nos planaltos, h que se lembrar ainda a rededensa e onipresente de sistemas de juntas, que obedecem adistintas direes preferenciais. Em adio, Riccomini et al.(1989) descrevem evidncias de falhamento tectnico emcamadas sedimentares de idade pleistocnica ou at mesmomais novas.

    O traado da Serra do Mar tem notvel descontinuidade,entre as cercanias do Macio de Itatins at a zona limtrofe deSo Paulo e Paran (ver Carneiro et al. 1981), onde a erosoavanou para o interior do continente, alcanando rochas dabacia Aungui, constituda de filitos, metarenitos, xistos, ro-chas carbonticas a dolomticas e, localmente, rochas meta-vulcnicas e formao ferrfera bandada. Dispostas em

    domnios adjacentes, cuja distribuio primria de difcilrecomposio, tais rochas foram afetadas por cavalgamentos,dobramentos e transcorrncias (Fiori 1994). No Paran asescarpas da Serra do Mar no atingiram tais formaes, retar-dadas nos processos erosivos por um conjunto de stocks ebatlitos granticos fini-brasilianos. No obstante, a erosoremontante da bacia hidrogrfica do rio Ribeira propiciouforte entalhamento que se abre desde a zona costeira, juntoaos tipos litolgicos da Zona de Cisalhamento (ZC) Lancinha-Cubato (Salamuni 1995), at atingir a regio a norte deCuritiba, aproveitanto sua menor resistncia eroso diferen-cial.

    Ainda quanto ao controle litolgico do relevo, desempe-nham papel expressivo rochas resistentes como os macios

    Figura 2 - Perfil esquemtico transversal s estruturas geolgicas da regio entre o Oceano Atlntico e o Vale do Paraba, no

    estado do Rio de Janeiro. A regio correspondente ao Grben da Guanabara acha-se indicada. Escala vertical logartmica(modificado de Ruellan 1944)Figure 2 - Section perpendicular to the geologic structures of the region between the Atlantic Ocean and the Paraba do Sul Ri ver Valley, Rio de Janeiro state. Theposition of the Guanabara Grben is indicated. Logarithmic vertical scale (modified from Ruellan 1944)

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    Figura 3 - Distribuio das principais feies geolgicas da regio sudeste do Pas adjacentes Bacia de Santos, entre SantaCatarina e o Rio de Janeiro. Convenes: 1. Rede de drenagem no embasamento, 2. Bacia do Paran, 3. Bacias tafrognicascontinentais: (CT) Curitiba, (SB) Sete Barras, (CN) Canania, (SP) So Paulo, (TT) Taubat, (RZ) Resende, (VR) Volta Redonda,(GB) Guanabara, (IB) So Jos de Itabora, (SJ) Barra de So Joo, 4. Cobertura cenozica, 5. Alinhamentos estruturais e falhas,6. Linhas de contorno estrutural do embasamento, 7. Diques, 8. Corpos alcalinos, 9. Limites topogrficos de rifles, 10. Falhas narea submersaFigure 3 - Distribution of the principal geologic features of the southeastern coast adjacent to the Santos Basin, between Santa Catarina and Rio de Janeiro states.Legend: l. Basement drainage, 2. Paran basin, 3. Continental taphrogenic basins: (CT) Curitiba, (SB) Sete Barras, (CN) Canania, (SP) So Paulo, (TT) Taubat,(RZ) Resende, (VR) Volta Redonda, (GB) Guanabara, (IB) So Jos de Itabora, (SJ) Barra de So Joo, 4. Cenozoic cover, 5. Structural lineaments and faults, 6.Structural contour lines of basement, 7. Dikes, 8. Alkaline bodies, 9. Topographic limits of rifts, 10. Faults in the submerged rea

    alcalinos mesozicos que ocorrem em Itatiaia e Passa-Quatro,sustentando montanhas destacadas em relao s mais altaselevaes da Serra da Mantiqueira. Da mesma forma, trs dosquatro corpos reconhecidos na Ilha de So Sebastio soprincipalmente formados por nefelina sienitos. O corpo dasCanas composto de rochas bsico-alcalinas, como ijolitos agabros nefelnicos (Hennies & Hasui 1977). Adiante discu-tido que a presena desse grande promontrio em parteexplicada pela existncia, em direo ao mar, das proeminen-tes elevaes sustentadas por rochas alcalinas.

    Rochas resistentes sustentam planaltos e escarpas, en-quanto falhas, zonas de cisalhamento, fraturas e grandesdomnios de rochas supracrustais condicionam lineamentosmaiores e segmentos locais da rede de drenagem. Evidnciasde reativao tm sido descritas para muitas das principais

    zonas de cisalhamento e falhas regionais do sudeste brasileiro.Tal evoluo, originada no Mesozico e talvez interrompidacom a cessao dos pulsos magmticos que originaram osdiques de intrusivas bsicas instalados em muitas dessas ZCs,acentuou-se no Palegeno e prosseguiu, atenuada, durante o

    Negeno e Quaternrio, at os dias atuais (Riccomini et al.1989, Suguio 1996). Esse contexto litolgico constitui em-basamento para deposio de vrios pacotes de rochas sedi-mentares, entre o Tercirio e o Quaternrio, nas bacias ta-frognicas de Curitiba, So Paulo, Taubat, Resende e VoltaRedonda. Os grbens de Sete Barras e Canania constituemzonas deprimidas, em cotas que no excedem 50 m, que foramescavadas durante o recuo erosivo da serra. Seu assoalhoencontra-se respectivamente a 100-200 e at cerca de 500 msob o nvel do mar.

    AS SUPERFCIES DE EROSO DO PLANALTOATLNTICO Uma referncia deve ser feita s principaissuperfcies de eroso ps-paleozicas da regio sudeste doPlanalto Atlntico do Pas. Como se ver, elas fornecemindcios sobre a origem e evoluo da Serra do Mar a partirde um stio que no o que ela hoje ocupa. A mais antiga delasfoi identificada por Martonne (1943) como "Superfcie dasCristas Mdias" e por Almeida (1958) denominada Japi. Sua

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    Figura 4 - Principais domnios tectnicos continentais adjacentes Bacia de Santos. Convenes: 1. Bacias tafrognicastercirias, 2. Bacia do Paran, 3. Domnios retrabalhados e metavulcano-sedimentares das Faixas Paraba do Sul, Apia e Ribeira,4. Domnios metavulcano-sedimentares da Faixa Tijucas, 5. Colar de granitos clcio-alcalinos, 6. Rochas granito-gnissico-mig-matticas retrabalhadas no Brasiliano, 7. Complexo Costeiro, 8. Rochas arqueanas gnissico-granulticas retrabalhadas noTransamaznico, 9. SerrasFigure 4 - Main continental tectonic domains adjoining the Santos Basin. Legend: 1. Tertiary taphrogenic basins, 2. Paran Basin, 3. Reworked andmetavolcano-sedimentary domains of the Paraba do Sul, Apia and Ribeira belts, 4. Metavolcano-sedimentary domains of the Tijucas belts, 5. Calc-alkalinegranites, 6. Suite of granite, gneissic and migmatic rocks reworked during the Brasiliano cycle, 7. Costeiro Complex, 8. Archean gneissic-granulitic rocks reworkedduring the Transamazonian cycle, 9. Mountain belts

    equivalente no Paran a superfcie do Purun (Ab'Saber eBigarella 1961). Seus indcios apresentam-se em grandesextenses do Brasil Sudeste, seja nivelando cumiadas de

    serras ou, localmente, restos de planaltos elevados. Onde nodeformada, sua altitude na regio oriental do Planalto Atln-tico de l .200-1.300 m. Tal superfcie nivela as mais variadasestruturas, salvo umas poucas mais resistentes, como maciosgranticos neoproterozicos/cambrianos na Serra do Mar noParan e as mais novas intruses alcalinas cretceas da Serrada Mantiqueira.

    A idade da superfcie de aplainamento Japi razoavelmentebem conhecida. Ela nivela as intruses alcalinas senonianasdo oeste de Minas e sudeste de Gois, datadas (K/Ar) porHasui e Cordani (1968): Arax (87-95 Ma); So Gotardo (80Ma); Salitre (78-83 Ma); Catalo (83 Ma); Tapira (70 Ma),assim como o macio de Poos de Caldas (63-80 Ma, Amaralet al.

    1967). Na Serra da Mantiqueira, os macios de Itatiaia(73 Ma por K/Ar) e Passa Quatro (66,7 Ma por K/Ar e 70,3por Rb/Sr, (Lauar 1988 e Kinoshita, indito, apudRiccomini1989) no chegaram a ser arrasados e elevam-se at cerca de800 metros acima da Superfcie Japi.

    A pequena bacia calcria de So Jos de Itabora a 10 kma sul de Itabora (RJ) contm uma fauna de vertebrados, entreeles mamferos datados por Couto (1953, 1958) provavel-

    mente do Neopaleoceno. Localiza-se no interior do grben daGuanabara, entre a Serra dos rgos e os Macios Litorneos,portanto num semigrben formado com a destruio da super-fcie de aplainamento Japi. A pequena dimenso dessa bacia,pois que no tem mais de l .500 m de dimetro, despropor-cional grande importncia que ela apresenta por atestar ummagno evento tectnico que deformou a superfcie entre ofinal do Cretceo e incio do Tercirio, prosseguindo menosintensamente no Eoceno/Oligoceno e provavelmente at o Eo-a Mesomioceno. Seja por falta de tempo e, ou, intensidade, aeroso no foi suficiente para arrasar as grandes intrusesalcalinas de Itatiaia e Passa Quatro durante o Cretceo, assimcomo as de Mendanha, Tingu e Rio Bonito, no grben daGuanabara.

    A superfcie de aplainamento Japi foi deformada porflexuras e grandes falhamentos. A figura 5, obtida de Almeida(1964), indica a projeo de perfis paralelos, da regio de SerraNegra (SP) para os campos do Ribeiro Fundo (MG), emdireo 70NE. A superfcie ergue-se gradualmente por flexo

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    at 1.650 m. Da ao topo da Serra da Mantiqueira a superfcieeleva-se, talvez por falhas, a 2.000-2.100 m de altitude noplanalto de Campos do Jordo.

    Durante a deformao da superfcie Japi o Planalto Atln-tico sofreu importantes desnivelamentos por falhas, desenvol-vendo semigrbens com inclinao para NNW, orientados

    segundo direes ENE dos falhamentos pr-cambrianos entoreativados. Esse sistema de bacias tafrognicas subparalelo Serra do Mar assim como charneira da Bacia de Santos ea falhamentos identificados na plataforma continental rasa(Fig. 3). As principais dessas bacias so as de So Paulo,Taubat, Resende, Volta Redonda e Guanabara. Elas sopreenchidas por sedimentos continentais de idade eocnica amiocnica, e desde o Paleoceno na Bacia de Itabora. Dasquatro primeiras, a de Taubat tem seu assoalho rebaixado amais de 2.000 m em relao superfcie Japi no topo daMantiqueira, no planalto de Campos do Jordo.

    Essas bacias, particularmente as drenadas pelo rio Parabado Sul, tm sido motivo de muitos estudos tectnicos e sedi-mentares, de sntese e de detalhe, como os de Almeida (1976),Hasui et al. (1978), Melo et al. (1985), Riccomini (1989),

    Ferrari (1990) e Moriak, Barros (1990). A Bacia de Curitiba,no Estado do Paran, pertence ao mesmo sistema mas foipouco investigada. Tambm os denominados grbens de SeteBarras (Melo et al. 1989), no vale do rio Ribeira, e de Ca-nania, na plancie costeira Canania-Iguape (Souza et al.1996), parecem a ele pertencer, por sua orientao e idadecenozica.

    Alm da sedimentao calcria paleocnica da bacia deItabora, o grben da Guanabara, a nica das bacias tafrogni-cas invadida pelo mar no Quaternrio, contm espessura decerca de 200 m de depsitos continentais que Mis e Amador(1977) denominaram formaes Pr-Macacu e Macacu. Limaet al. (1996) reuniram-nas em uma nica Formao Macacu,e com base em anlise palinolgica determinaram sua idadecomo eocnica/oligocnica, o que mais vem aproximar esse

    semigrben dos drenados pelo rio Paraba do Sul.Alm de diques de diabsio correlacionados ao magma-tismo da Formao Serra Geral (White 1906), que tambmexistem em grande nmero nos semigrbens drenados poraquele rio, o grben da Guanabara possui numerosos diques,plugs estocks de rochas alcalinas, cujas idades variam doSenoniano ao Eoceno. A se julgar pelas dataes disponveis(K/Ar, cf. Amaral et al. 1967) as grandes intruses de rochasalcalinas no interior do grben (Marapicu, 72 Ma; Tingu, 66Ma e Rio Bonito, 69 Ma) so anteriores ao afundamento domesmo, semelhana da intruso de Morro Redondo (65 Ma,Ribeiro Filho e Cordani 1966) junto Bacia de Resende nogrben do Paraba. Tambm derrames eocnicos deankaramito existem na bacia de Volta Redonda (Riccomini etal. 1983) e Itabora (Klein e Valena 1984). A Serra dos

    rgos, nome local da Serra do Mar borda norte do semi-

    grben da Guanabara, um bloco de falha, em batlitograntico, basculado para norte (Ruellan 1944). Seu cimoatinge 2.218 m na Pedra do Sino, destacando-se acima de umasuperfcie sub-horizontal que nivela cumeadas e topos arre-dondados a 2.000 m de altitude. Martonne (1943) considerou-a correlacionvel superfcie dos Campos (Japi). A vertente

    inclinada para o vale do rio Paraba tem cimos subniveladospor essa superfcie. O bloco sul do semigrben representadopelos Macios Litorneos, que incluem a ilha Grande naenseada de Angra dos Reis e os morros prximos costa,como os macios da Carioca, Niteri e outros.

    Na Bacia de Santos o importante evento tectnico quedeformou a superfcie Japi e deu origem aos semigrbens estbem assinalado pela discordncia (Fig. 6) que separa assequncias deposicionais indicadas por Pereira e Feij (1994)como K-120 (maastrichtiana) e T-10 (paleocena). No entanto,Macedo (1991) correlaciona essa discordncia superfcieJapi.

    Superfcies de eroso neognicas mais ou menos evoludasdesenvolveram-se em diferentes nveis nas bacias dos princi-pais rios do Planalto Atlntico. So certamente mais novas

    que a superfcie de aplainamento Japi, j ento deformada,mas sua datao ainda depende de estudos. Na bacia hidro-grfica do rio Tiet, estende-se em grande rea a superfcie deeroso do Alto Tiet (Almeida 1958). Apresenta-se como umsubnivelamento de cimos do relevo em rochas metamrficasmenos resistentes eroso. Tem altitude de 850 m onde nivelao topo da Serra do Mar (localmente denominada Serra doCubato), a noroeste de Santos, caindo a 800 m junto Serrada Cantareira a norte de So Paulo. No Paran a superfcie doAlto Iguau (Almeida 1955) uma das mais importantes doprimeiro planalto. Nivela as estruturas pr-cambrianas aaproximadamente 1.100 m.

    ORIGEM DA SERRA DO MAR Uma concluso impor-tante a se tirar do nivelamento dos cimos da Serra do Mar pelas

    superfcies de aplainamento do Japi e Alto Tiet que quandoelas se elaboraram o Planalto Atlntico se estendia bem maispara leste da rea hoje ocupada pela plataforma continentalinterna. Uma superfcie de aplainamento com a extenso dado Japi, identificada em vasta regio do sudeste do Pas,necessariamente prosseguia, em sua origem, para a rea hojeocupada por parte da plataforma continental.

    Aps uma grande transgresso marinha havida na Bacia deSantos, com mximo no Neocenomaniano/Eoturoniano, reali-zou-se eroso subarea e submarina da sequncia neoturoni-ana dando origem a uma discordncia com o Eoconiaciano,h cerca de 88-89,5 Ma (Pereira 1992). A discordncia refleteum importante evento tectnico, que resultou em soer-guimento pulsativo da rea a oeste da bacia, estendendo-se ato interior do continente (Pereira et al. 1996). Esse soer-

    guimento prosseguiu durante o Senoniano, constituindo rea-

    Figura 5 - Perfis paralelos projetados segundo a direo 70NE entre a regio de Serra Negra (SP) e os campos do RibeiroFundo (MG), ilustrando o soerguimento da Superfcie JapiFigure 5 - Parallel 70 NE-oriented profiles along the Serra Negra region (SP) and the Ribeiro Fundo felds (MG), illustrating the uplift of the Japi ErosionalSurface

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    Figura 6 - Parte simplificada da coluna estratigrfica ps-al-biana da Bacia de Santos (modificada de Pereira e Feij1994) indicando a influncia, na coluna sedimentar, dosepisdios erosivos da rea continental adjacenteFigure 6 - Influence of the continental erosional episodes in the sedimentarycolumn as indicated by the simplified post-Albian stratigraphic column of theSantos Basin (modified from Pereira and Feij 1994)

    fonte das formaes Santos, Juria e Itaja-Au. A primeiracompreende conglomerados, arenitos lticos vermelhos com

    intercalaes de folhelhos cinzentos e arguas vermelhas(Ojeda e Csero 1973), indicativos de sedimentao em am-biente continental a transicional na forma de leques aluviais,rios entrelaados e deltas (Pereira et al. 1986). A FormaoJuria constitui-se de arenitos finos, siltitos, folhelhos e calci-lutitos que indicam deposio em plataforma marinha. AFormao Itaja-Au, onde predominam folhelhos cinza-es-curos, representa a poro depositada em talude e bacia, sendotestemunhada em guas profundas. A grande espessura eextenso que as formaes Santos e Juria adquirem na bordaproximal da bacia (Fig. 6) bem indicam a importncia dorelevo surgido com o soerguimento.

    O soerguimento, progressivo e pulsativo, da rea platafor-mal e continental vizinha bacia foi atribudo por Asmus eGuazelli (1981), Bacoccoli e Aranha (1984, apudMacedo1991) e Macedo (1991) a efeito de compensao isostticaentre a bacia em afundamento e a rea continental em elevaoe eroso e, portanto, passando a sofrer alvio de carga. A pulsosdesse evento tectnico associa-se a retomada de fenmenosmagmticos, que resultaram nas intruses baslticas na reacentro-norte da bacia e alcalinas na regio costeira e plata-forma rasa atual.

    Uma comprovao do soerguimento do continente -nosdada por Vignol-Lelarge et al. (1994) que, utilizando omtodo dos traos de fisso em apatita em rochas do em-basamento cristalino da Serra do Mar em rea do Arco dePonta Grossa (Fig. 4), concluram que h 86 Ma a regiosofreu um levantamento acompanhado de eroso da ordem de2,5 km. A esse levantamento atriburam o soerguimento da

    Serra do Mar. H a considerar, todavia, no ser essa a idadeda serra na posio que ela hoje ocupa. O Arco de PontaGrossa um elemento tectnico com predisposio para osoerguimento desde o Trissico que, no Cretceo Superior, foi

    submetido maior elevao. Com a serra ocupando suaposio atual no poderia fornecer borda da Bacia de Santoselsticos grossos como os que so encontrados na FormaoSantos, pela distncia de at uma centena de quilmetros queas separa.

    O soerguimento progressivo da rea continental (e, por

    consequncia, da plataforma continental vizinha) foi tambmverificado por Gallagheret al (1994) ao comentarem a de-nudao e evoluo topogrfica na rea do embasamento dosul-sudeste do Brasil, com base na anlise de traos de fissoem apatita. Ela indicou que nos 50 km a partir da linha-de-costa para o interior as idades so todas inferiores a 100 Ma eto baixas quanto 50-60 Ma, o aumento das idades dos traosde fisso crescendo muito rapidamente para o interior. Osdados que obtiveram sugerem ter havido mais de 3 km dedenudao na plancie costeira e possivelmente l km no inte-rior. Uma proporo elevada de basalto Serra Geral consti-tuiria parte do material removido pela eroso. Supomos queesse processo erosivo que, no final do Cretceo Superior,levou ao desenvolvimento da superfcie Japi, exumou o em-basamento cristalino, com seus diques de diabsio e intruses

    alcalinas, na rea costeira adjacente Bacia de Santos.O divisor de guas entre as bacias de Santos e do Parandevia ento situar-se prximo quela, possivelmente no stioda atual plataforma mdia, a julgar pela natureza litolgica daFormao Santos. A eroso seria muito mais intensa na ver-tente ocenica, de acentuado declive, que na continental. Estadrenava-se para o interior do continente, contribuindo para asedimentao senoniana do Grupo Bauru (Campos 1905). Aotrmino do ciclo erosivo, na passagem do Cretceo para oTercirio, constituiu-se a superfcie de aplainamento Japi, quenivelou o Planalto Atlntico at esse divisor. A vertentemarinha desse relevo recuou subparalelamente borda dabacia, obedecendo aproximadamente, como hoje, s direesestruturais do embasamento pr-cambriano. Ao faz-lo, enta-lhou as superfcies Japi e neognicas.

    Faltam informaes que permitam bem conhecer o reflexo,na plataforma, do importante evento tectnico iniciado noPaleoceno. Falhas tm sido nela assinaladas desde a dcadade 70; provveis reativaes de falhas do embasamento, queexplicam a existncia de desnivelamento local de planaltos,como a falha do Camburu (Campanha et al. 1992) na Serra doJuqueriquer, prxima a So Sebastio, tm sido citados porvrios autores como explicao para outras feies, regionalou localmente observadas.

    Alves (1981) refere que, entre a zona de charneira quelimita a parte profunda da Bacia de Santos e a linha-de-costa,existe um proeminente falhamento normal, a Falha de Santos,cujo rejeito desconhecido por terem sido erodidas aspossveis camadas de referncia do bloco elevado, o ocidental.Asmus e Ferrari (1978) sugerem que esta falha se tenhaformado pelos mesmos processos ativos principalmente noCenozico, mas talvez desde o final do Mesozico, que origi-naram as atuais serras do Mar e da Mantiqueira. Asmus (1981)informa que a falha foi inferida a partir de dados magne-tomtricos. A Falha de Santos no deve ser confundida coma falha situada junto linha de charneira no trecho retilneoE-W entre a Baa de Ilha Grande e Cabo Frio que corresponde,segundo Moriak & Barros (1990), acentuao do mergulhodo embasamento rumo ao mar, estando associada localmentea falha bastante expressiva, cujo rejeito atinge "centenas demetros", quando se toma a superfcie do embasamento comoreferncia.

    Parece-nos plausvel supor que a atual Serra do Mar tenhasurgido na Falha de Santos como resultado de abatimentos do

    planalto durante o magno evento tectnico iniciado no Paleo-ceno. Tal como se acham assinalados no Mapa Geolgico doBrasil (Schobbenhaus et al1981) parece provvel que oarquiplago de Alcatrazes (Fig. 7) e as intruses das rochas

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    Figura 7-O grande promontrio da Serra do Juqueriquer e as principais ilhas costeiras do litoral norte paulista. Convenes:1. Limite superior de escarpa, 2. Limites topogrficos de riftes, 3. Bacias tafrognicas, 4. Corpos alcalinos, 5. Alinhamentosestruturais e falhas, 6. Linhas de contorno estrutural do embasamento na rea submersaFigure 7 - The large promontory of the Juqueriquer plateau and the principal islands of So Paulo northern coast. Legend: l. Upper limit of scarp, 2. Topographiclimits of rifts, 3. Taphrogenic basins, 4. Alkaline bodies, 5. Structural lineaments and faults, 6. Basement structural contours in the submerged area

    Figura 8 - Principais feies deprimidas no grben de Canania, segundo Souza (1996) e disposio aproximada do grben deSete Barras. Convenes: 1. Embasamento, 2. Cobertura quaternria, 3. Formao Pariquera-Au, 4. Coberturas de idadeindeterminada 5. Corpos alcalinos, 6. Falha suposta, 7. Falha definida, 7. DiquesFigure 8 - Principal depressed features in the Canania Graben (according to Souza 1996) and aproximated location of the Sete Barras Graben. Legend: l. Basement,2. Quaternary cover, 3. Pariqera-Au Formation, 4. Cover of undefned age 5. Alkaline bodies, 6. Supposed fault, 7. Defined fault, 8. Dikes

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    alcalinas das ilhas de So Sebastio, Bzios e Vitria, emdisposio alinhada ao largo da costa de So Paulo, se situas-sem prximo a essa Serra do Mar ancestral. A intruso dasrochas alcalinas da ilha Monte de Trigo (Fig. 7) ter-se-iaigualmente processado no trecho do Planalto Atlntico hojeerodido. O mar tercirio no poderia ter penetrado no grbenda Guanabara, pois ele ter-se-ia afundado no interior do Pla-nalto Atlntico, pelo que seus sedimentos tercirios so con-tinentais.

    A eroso da serra por ao de rios, mar e movimentos emmassa de suas vertentes t-la-ia feito recuar durante oCenozico, at trs a quatro dezenas de quilmetros, aban-donando numerosas ilhas e baixios prximo costa atual,entalhando a superfcie Japi e mais tarde as superfciesneognicas. No h evidncias de quando se abriu o vale dorio Ribeira, interrompendo a continuidade da serra. A seconfirmar a duvidosa idade miocnica inferior a mdia para aFormao Pariqera-Au (Lima & ngulo 1989, Melo et al.1990a), depositada no baixo vale desse rio (Fig. 8), a serra jento havia recuado at posio prxima da atual.

    O evento tectnico iniciado no Paleoceno foi muito impor-

    tante e de ampla extenso, tanto na regio sudeste do Pascomo na bacia marginal. Lembre-se que Gonalves et al.(1979) atriburam uma idade paleocnica para a formao dacharneira da bacia (Fig. 3), pela discordncia erosiva do topodo Maastrichtiano.

    Considere-se, todavia, que a hiptese ora aventada de recuoerosivo das encostas da Serra do Mar s poder ser confirmadaquando se dispuser de melhores conhecimentos sobre a Falhade Santos e, de modo geral, sobre a tectnica e sedimentaocenozica da plataforma continental mdia e interna, dianteda Serra do Mar.

    FEIES DA EVOLUO RECENTE DA SERRADO MAROs processos naturais no atual domnio da Serra

    do Mar, uma regio submetida a altas pluviosidades mdiasanuais e episdios prolongados de chuvas, envolvem intensaparticipao de movimentaes de massa. Os escorregamen-tos e deslocamentos de solos e rochas acontecem mormenteao longo de superfcies planas e inclinadas. As descontinui-dades, como juntas e falhas antigas, so aproveitadas, pelagua e pelos lentos processos de denudao associados, paradesenvolver em profundidade as massas de solo e rochadecomposta que acabam sendo afetadas pela atividade erosivaincessante. A avaliao de instabilidade da Serra do Mar, bemcomo de outros terrenos submetidos eroso acelerada, temsido uma exigncia, alm de instrumento valioso para osestudos de preveno e reduo de desastres naturais.

    Em Cubato (SP), a Serra do Mar, situada prximo aimportantes reas urbanas e industriais, tem sido inadequada-mente ocupada (nos chamados bairros-cota) e, por mais para-doxal que parea, ainda tem sido objeto de insuficiente pes-quisa para subsidiar o manejo ambiental. O quadro agravadopela vegetao degradada, devido incidncia de chuva cidaprovocada pela poluio atmosfrica. A perda de proteo dossolos intensifica processos de rastejo, assim como os efeitoscatastrficos de chuvas intensas peridicas, na forma de es-corregamentos e outros movimentos de massa espalhadospelas ngremes encostas. O registro da coluna geolgicaquaternria costeira permite asseverar que os episdios maisrecentes no so isolados, mas representam a continuidade deuma longa sucesso que, na maior parte, antecede a ocupaohumana. Os estudos sobre a origem da serra podem auxiliarem muito o entendimento da dinmica atual e subsidiar a

    formulao de critrios mais rigorosos de ocupao, gerencia-mento de reas de risco, planejamento de novas obras civis ouplanos de conservao ambiental. Alguns desses aspectos, aseguir exemplificados, reforam o interesse do estudo.

    Paran "A Serra do Mar no representa no Paran apenaso degrau entre o litoral e o primeiro planalto do interior... masconstitui tambm uma serra marginal tpica que se eleva de500 a l .000 m sobre o nvel mdio do planalto" (Maack 1968,p. 300).

    Realmente, conforme salientado por Maack (1963), a serra

    no Estado do Paran apresenta aspectos notveis que a diferemdos que se mostram em So Paulo e no Rio de Janeiro. Entrea Serra do Mar e o litoral a regio costeira do Paran apresentao Cinturo Granitde Costeiro (B asei et al. 1992), em que seinclui o batlito Paranagu (Basei et al. 1990). Constitui-se ocinturo de granitos mais ou menos foliados, granito-gnaisses,migmatitos e outras rochas foliadas com orientao principaldirigida a NE, que sustentam um relevo acidentado de morrose serras, que alcana 1.555 m de altitude na serra da Ca-navieira. Verifica-se que o fronte da Serra do Mar recuou daregio de rochas laminadas para a faixa destocks e batlitosde granitos alcalinos e peralcalinos (600-570 Ma apud SigaJr. et al. 1997) tardi-orognicos a anorognicos (Kaul e Cor-dani 1994). A natureza petrogrfica e estrutural desses grani-tos, frequentemente istropos, tornam-nos resistentes

    eroso, pelo que sustentam destacadas elevaes, com alti-tudes de 1.500 a 1.889 m (na Serra da Graciosa).Maack (op.cit.), que to bem descreveu e figurou a Serra

    do Mar no Paran, faz referncias a superfcies de erosodesniveladas e basculadas por uma tectnica de falhas, assimcomo restos de antigos nveis de aplainamento truncandonotavelmente as serras da Graciosa e Iquererim entre 1.400 el .450 m de altitude, e elevaes nas serras dos Castelhanos eAraraquara em nveis entre 1.200 e 1.250 m, em forma deplats e mesetas. Verifca-se que a superfcie de aplainamentoPurun, tal como a do Japi em So Paulo e Rio de Janeiro,tambm foi afetada por deformaes no Tercirio.

    Vale do RO Ribeira Vrias causas provocaram a inter-rupo da Serra do Mar no litoral sul de So Paulo. Elas esto

    ligadas abertura do vale do rio Ribeira de Iguape e expanso de sua bacia pelo interior do Planalto Atlntico.O Alinhamento de Guapiara (Fig. 4) uma estrutura^alon-

    gada a NW que limita o Arco de Ponta Grossa a NE. umafaixa caracterizada por intenso fssuramento e falhamentosque deram acesso ao magma basltico eocretcico, seme-lhana dos outros trs grandes alinhamentos dos flancos doarco. O Alinhamento Estrutural de Guapiara (Ferreira 1981)ou Fissuramento de Guapiara (Algarte 1972) na verdade umafaixa que tem pelo menos 600 km de extenso, 20 a 100 kmde largura e chega ao litoral na regio de Iguape. Certamentese prolonga na plataforma continental, onde ainda no foireconhecido, devendo estar coberto por sedimentaocenozica. Exibe falhamentos normais, dirigidos segundoNW e NE. O Arco de Ponta Grossa foi ativo pelo menos desde

    o Trissico, mas teve seu maior soerguimento no CretceoSuperior. No Neocomiano foi penetrado por extenso enxamede diques de diabsio orientados a NW (Fig. 8). Consideramoster sido o arco o principal fator da abertura do vale do rioRibeira. Outros fatores, porm, nela influram.

    O Cinturo Granitide Costeiro do Estado do Paran con-tinua-se no sul de So Paulo, onde tambm existem os granitosalcalinos e peralcalinos ps-orognicos que no Paran susten-tam a Serra do Mar. Formam as serras de Parate e Mandira,nos lindes com o Paran, e morros isolados na costa, como emIguape e nas ilhas do Cardoso e Bom Abrigo, intrusivos noCinturo Granitide Costeiro. No apresentam, contudo, ex-presso que lhes permita manter a continuidade da Serra doMar, como o fazem no Paran.

    Outra causa da abertura do vale do Ribeira chegarem costa, e provavelmente se estenderem plataforma continen-tal, metassedimentos de fcies xisto-verde a anfibolito doComplexo Turvo-Cajati. Alm desses fatos, o baixo vale do

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    rio Ribeira (que recebe o nome de rio Ribeira de Iguape)sujeitou-se a movimentos tectnicos durante o Tercirio. AZona de Cisalhamento do Cubato cruza a faixa do Ali-nhamento de Guapiara (Fig. 4) e, onde o faz, junto a ela sedesenvolveu o grben de Sete Barras (Melo et al1989), compreenchimento de sedimentos continentais afossilferos cuja

    espessura, entre 110 e 200 m, determinada por sondagenseltricas verticais, indica que a base situa-se bem abaixo donvel do mar. Ele se limita por falhas normais dirigidas a NEe ENE. Melo et al. (1989) julgam possvel que esses sedimen-tos tenham se depositado no Eoceno/Oligoceno. Pela anlisede estruturas Melo et al. (1990a) concluram que o grbenresultou de esforos principais trativos orientados a E-W eWNW-ESE, de falhas normais que cortam o embasamento eque no diferem significativamente das encontradas para es-foros trativos definidos para a regio das bacias de So Pauloe das drenadas pelo rio Paraba do Sul, todos no quadranteNW. Sugerem tratar-se da mesma fase distensiva regionalocorrida no Palegeno.

    Movimentos de blocos realizados no Arco de Ponta Grossa,em ocasio ainda no datada, teriam levado acumulao, no

    vale do rio Ribeira de Iguape, da Formao Pariqera-Au.Ela continental, afossilfera, mas a suposta correlao dessaunidade a depsitos semelhantes (formaes Alexandra noParan, Rio Claro e Pindamonhangaba em So Paulo) e asidades de discordncias na Bacia de Santos levaram Melo etal. (1990b) a admitirem para ela idade eo- a meso-miocnica.Mioto (1984), considerando a sismicidade discreta da regio,incluiu-a na que denominou Zona Sismognica de Cananiaou de Paranagu, qual seria relacionada a atividade do Arcode Ponta Grossa.

    Outro fator que pode ter sido preponderante na interrupoda Serra do Mar no sul de So Paulo com a abertura do valedo rio Ribeira de Iguape foi a presena do grben de Cananiasob a plancie costeira Canania-Iguape, recentemente admi-tida por Souza et al (1996). Traando dois perfis paralelos

    convenientemente localizados no mapa Bouguer (Souza1995) os autores obtiveram um modelo para o topografia doembasamento cristalino sob as ilhas Comprida e de Canania.Em cerca de metade sudoeste daquela e nesta ltima o em-basamento acha-se deprimido at cerca de 500 m sob o nveldo mar (Fig. 8), o que os levou a admitir a presena de umgrben ou meio-grben orientado a NE. No decorrer dos anos60 o antigo Instituto Geogrfico e Geolgico de So Paulorealizou duas sondagens na regio, uma delas tendo penetrado167 m de sedimentos continentais sem atingir o embasamento.Os 118 m inferiores constituem-se de sedimentos grossos,conglomerados e areias conglomerticas, sotopostos a sedi-mentos marinhos e continentais da plancie. Os dois perfisparalelos indicam uma inclinao dos blocos do embasamentopara NW. Outro baixo gravimtrico existe prximo cidade

    de Iguape, indicando a presena de quase 400 m de sedimen-tos, sendo os inferiores da mesma natureza grossa dos deCanania. Um alto entre esses dois baixos gravimtricos foiinterpretado por Souza et al. (op. cit.) como extenso dolineamento de Guapiara. Esses autores correlacionaram ogrben com os desenvolvidos no Cenozico na regio sudestedo Pas. Supomos que os grbens de Sete Barras e Cananiater-se-iam originado no Planalto Atlntico durante oPalegeno, que seria a idade da sedimentao que contm.Deles, subsistem apenas as partes mais profundas.

    A abertura do vale do rio Ribeira trouxe consequnciascatastrficas para o Planalto Atlntico. A posio da Serra doMar como borda limite do planalto passou a ser desempenhadapela Serra de Paranapiacaba, bem mais para o interior daregio. Essa serra suportada pelo batlito grantico deAgudos Grandes. nivelada a l .200-1.300 m de altitude pelasuperfcie de aplainamento Japi, que claramente se estende aossedimentos devonianos da borda da Bacia do Paran, pois

    junto serra grantica nivela tambm as camadas da FormaoFurnas, como na Serra das Furnas (PR), em altitudes prximasde 1.250 m.

    Com o recuo da borda do Planalto Atlntico para a Serrade Paranapiacaba ampla rea de metamorfitos laminados doplanalto ficou exposta eroso regressiva. O rio Ribeira

    expandiu sua drenagem pelo primeiro planalto paranaense,capturando guas da superfcie de eroso do Alto Iguauatravs do rio Aungui, a norte de Curitiba. Em So Paulo, aexpanso da drenagem do rio Juqui, afluente do Ribeira deIguape, levou sua bacia a se estender at superfcie de erosodo Alto Tiet, na regio a sul de Embu-Guau, transformandoo que deveria ser originalmente a Serra do Mar em um simplesdivisor de guas de altitude decrescente, entre a drenagemcosteira e a da bacia do Juqui. Entretanto, antes de se inter-romper prximo baixada do rio Ribeira de Iguape, volta ase elevar, atingindo l .350 m de altitude na serra de Itatins,onde suportada por rochas arqueanas de alto grau metamr-fico, do Complexo Costeiro.

    A Zona de Cisalhamento de Lancinha-Cubato, ou sim-plesmente Falha do Cubato, aproxima-se da regio costeira,

    achando-se coberta pelos aluvies da drenagem do rio Pretoa noroeste de Itanham. Dirige-se para a serra adiante deSantos, ento bem caracterizada como Serra do Mar.

    Cubato O relevo escarpado que separa o PlanaltoPaulistano da Baixada Santista de h muito chamou atenode geomorflogos e gelogos, que nele julgaram ver umimportante acidente tectnico. Martonne (1933), com-parando-o Serra Espinausse francesa, interpretou-o comoresultante de um fraturamento em estreitos blocos de falha queteriam sofrido abatimento em direo Baixada do Cubato,com consequente abertura de vales nos ngulos das falhas.O ilustre gegrafo francs no atentou devidamente estruturageolgica da regio, de resto ento bem pouco conhecida. Agrande falha transcorrente pr-cambriana do Cubato, queatravessa todo o Planalto Atlntico no Estado de So Paulo,com o recuo erosivo do fronte serrano foi alcanada pelaeroso remontante do rio Cubato. A falha, na regio, pe emcontato rochas de diferentes resistncias eroso: metassedi-mentos que incluem filitos, metacalcrios, xistos e quartzitosno bloco norte, e um complexo gnissico-migmattico-grantico a sul. Em seu recuo erosivo a escarpa alcanou afalha e por ela se estendeu para oeste, separando a Serra doPai Matias da escarpa principal (Fig. 9). Um seu afluente, orio Moji, teve idntico desenvolvimento, acompanhando afalha para leste e separando a Serra do Morro da escarpa doCubato. Tambm o rio Branco, afluente do rio Preto, maispara oeste, isolou a Serra de Mongagu, em parte suportadapor granitos e migmatitos (Almeida 1953). Sadowski (1974),em seu estudo sobre a Serra do Cubato, no encontrouevidncias de que as grandes escarpas tenham resultado demovimentos recentes da Falha do Cubato ou de outras daregio.

    importante observar que a Serra do Quilombo, a sul daFalha do Cubato, sustentada por granito istropo cambro-or-doviciano que penetrou migmatitos do Complexo Costeiro,eleva-se mesma altitude dos testemunhos da superfcie Japino planalto (Fig. 9), evidenciando que a falha no registradeslocamentos verticais entre os blocos que separa, no sendoassim responsvel pela origem da escarpa da Serra do Mar naregio. De resto, no interior do planalto atravessado pela falhaa nordeste da estao ferroviria de Paranapiacaba, no se notadesnivelamento do relevo causado por ela. Tambm o canalde Bertioga, entre a ilha de Santo Amaro e o bloco costeiro,

    aloja-se em uma falha antiga que separa unidades litolgicasdiversas do Complexo Costeiro. Com o nvel do mar maisbaixo que hoje a eroso escavou ao longo dela a depressoocupada pelo canal.

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    Figura 9-A Serra do Mar na regio santista (atualizado de Almeida J 953). Convenes: 1. Rede de drenagem, 2. Curva de nvel,3. Falha, 4. Estradas: A. Via Anchieta, B. Rodovia dos Imigrantes, C. Rodovia P. Manoel da Nbrega, D. Rodovia Piaagera-Guaruj, E. Rede Ferroviria Federal S. A., F. Ferrovias Paulistas S. A., 5. Limite de unidades geomorfolgicas, 6. Cotas superioresa 900 m, 7. Cobertura cenozica, 8. rea urbanaFigure 9 - The Serra do Mar in the Santos region (updated from Almeida 1953). Legend: 1. Drainage network, 2. Topographic contours, 3. Faults, 4. Main roads:A. Anchieta, B. Imigrantes, C. Padre Manoel da Nbrega, D. Piaagera-Guaruj, E. Rede Ferroviria Federal, F. Ferrovia Paulista, 5. Geomorphologic limits, 6.Heights abo v 900 m, 7. Cenozoic cover, 8. Urban rea

    H certos trechos da Serra do Mar em que ela vem sec-cionando superfcies de eroso neognicas cuja drenagemprovinha originalmente de reas do Planalto Atlntico hoje jdesaparecidas com o recuo erosivo da serra. Um claro exem-plo parece situar-se na borda do planalto a norte de Bertioga(SP). Entre o rio Tiet e uma rea drenada para a costa pelorio Itatinga a SSE de Mogi das Cruzes, um divisor de guas suportado por uma faixa de granitos sintectnicos e migmati-tos, limitada a norte pela Zona de Cisalhamento de Cubato.A rea drenada para o rio Tiet preserva bem claros os indciosda superfcie de eroso do Alto Tiet, que se ergueu at cercade 950 m de altitude nos granitos. O rio Jundia faz parte dascabeceiras do rio Tiet. A sul desse divisor, a bacia do rioItatinga vem se expandindo no planalto, destruindo a super-fcie do Alto Tiet, sustentada por migmatitos, com pequenoscorpos isolados de granitos. Essa rea atravessada pela Falhade Jurubatuba ou dos Freires e suas ramificaes (Fig. 10).

    A superfcie do Alto Tiet acha-se ali bem mais entalhadaque a norte do referido divisor e seus rios so muito mais

    adaptados s estruturas, sobretudo a falhas. O eixo principalde drenagem o mdio curso do rio Itatinga e seuprosseguimento para o divisor de guas, o rio Claro. Seutraado dirigido a NW parece refletir fraturas assim orien-tadas. Ao ser atravessado por uma falha orientada aproxi-

    madamente a 30 NE, provvel ramificao da dos Freires,esse eixo recebe, quase no mesmo local, dois afluentes. Pelamargem direita vem ter o rio a que os mapas atribuem o nomede Itatinga, por ser mais extenso que o rio Claro. Ele formaum vale deprimido cerca de 200-300 m abaixo das cristaslocais dominantes e acha-se claramente adaptado Falha dosFreires, especialmente em seu alto curso, onde esta apresentadistinta faixa de rochas cisalhadas. margem esquerda doreferido eixo de drenagem, seguindo a mesma direo N30E,vem ter o rio Grande, procedente do divisor de guas grantico.A Serra do Mar em seu recuo interceptou o rio Itatinga, quese precipita em canyonpara a plancie costeira, onde desaguano rio Itapanha. eixo de drenagem rio Claro - mdio rioItatinga antecedeu o posicionamento atual da serra (Fig. 10),no se podendo saber qual seu destino no trecho hoje erodidodo planalto. O declive de quase 700 m entre o mdio trechodo rio Itatinga no planalto e a plancie costeira foi aproveitadopara construo de pequena usina hidreltrica, homnima.

    A influncia dos diversos tipos rochosos no compor-

    tamento das encostas foi investigada em escala de detalhe porPires Neto et al. (1979), na regio dos morros de Santos e SoVicente. Os padres de eroso diferencial ali descritos podemser em grande parte comuns a outros trechos da Serra do Mar.Rochas anisotrpicas, como migmatitos de melanossoma xis-

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    toso (referidos como de paleossoma dominante) constituem"as partes mais rebaixadas do relevo", assim como falhas ezonas de cisalhamento espessas. Reativaes de falhamentosantigos foram identificadas, configurando escarpas de linha-de-falha, como ao longo de zona de cisalhamento NE retilneada regio do Morro do Marap (Santoro et al. 1979). Gra-

    nitides embrechticos e rochas granticas equigranularesistropas compem as elevaes regionais. O principal con-traste entre esses dois grandes grupos de rochas reside nafoliao marcante dos embrechitos, que condiciona a orien-tao das cristas, enquanto nos granitos no-foliados predomi-nam as formas dmicas, as altitudes mais elevadas e os toposarredondados.

    So Sebastio O cimo da Serra do Mar continua paraleste, suportado por migmatitos variados do ComplexoCosteiro, e nivelado a cerca de 800 m de altitude pelasuperfcie de eroso do Alto Tiet. Do ribeiro Guaratuba ata Serra do Juqueriquer a Serra do Mar passa a se apoiar emrochas granitides sintectnicas, com o que seus cimos sub-nivelados se elevam a 1.200 - 1.300 m, que a altitude do

    divisor de guas das bacias dos rios Tiet e Paraibuna noplanalto, prximo serra.A genericamente denominada Serra do Juqueriquer

    avana em promontrio em direo ilha de So Sebastio.Campanha et al. (1994) realizaram estudos geolgicos e mor-fotectnicos dessa serra, dos mais detalhados j feitos na Serrado Mar. Distinguiram um bloco mais elevado, a l. 150 - l .300m de altitude, de composio grantica, adjacente a outro,constitudo de gnaisses e migmatitos e deprimido em relaoquele por seu subnivelamento entre 900 - 950 m de altitude.Seu limite retilneo com o degrau mais baixo coincide com afalha pr-cambriana de Camburu. esta uma zona de cisa-lhamento dctil com dezenas a centenas de metros de largurade rochas milonticas. Este degrau foi chamado Planalto doJuqueriquer (Ponano et al. 1981). Suas rochas, que so

    migmatitos paraderivados, so divididas em blocos menorespor numerosas pequenas falhas, que seriam responsveis peloabatimento de cerca de 300 m em relao ao degrau anterior,tendo o movimento diferencial maior se processado na falhade Camburu.

    Face falta de sedimentos datveis, sugeriram os referidosautores correlao desses nveis com superfcies morfolgicasque se conhecem na regio, assim como discordncias nacoluna estratigrfica da Bacia de Santos. A superfcie maisalta correlacionaram do Japi que, por coincidncia ou no,tem idntica altitude que os anis externos dosstocks alcalinosda ilha de So Sebastio. O patamar intermedirio, constitudode rochas mais facilmente erodidas que as granticas do pla-nalto cimeiro, seria resto de uma superfcie de erosomesomiocnica, que foi em parte tectonicamente deprimida

    no Neomioceno para formar o Planalto de Juqueriquer. Aresistncia eroso oferecida pelas intruses alcalinas emgranitos laminados da ilha de So Sebastio vem retardandoo recuo da Serra do Mar e originando a formao do destacadopromontrio constitudo pela Serra de Juqueriquer com seusdegraus e tambm pela ilha, do qual esta geograficamenteparticipou antes da transgresso Flandriana. Constitui umaprova de que a Serra do Mar esteve inicialmente bem alm daposio em que hoje se situa, sendo o seu recuo basicamentedevido eroso.

    Parati A Serra do Mar no trecho compreendido entre asserras do Juqueriquer e do Parati (Fig. 7) um relevo escar-pado, com altitudes de 800 a 1.000 m, em que termina o

    planalto do Paraitinga-Paraibuna. constituda de rochasgranitides, sobretudo variedades de migmatitos com foliaoa NE - ENE. Em seu sop, a partir de cerca de 20 km para ENEde Caraguatatuba, apresenta-se uma faixa de rochas granulti-

    cas, principalmente charnockitos, que se dirige para SE, sfaldas da Serra do Parati, at Pianguaba.

    A Serra do Parati (Fig. 7) constitui a maior parte de umpromontrio avanado para SE, separando as baas de IlhaGrande e Ubatumirim. Seu ponto mais alto, o pico do Cus-cuzeiro, alcana l .426 m acima do nvel do mar. suportada

    por um grandestockde granito istropo, ps-tectnico, doEopaleozico (Cordani e Kawashita, 1971). Duas falhas trans-correntes pr-cambrianas perlongam a Serra do Mar e seureverso. Melo e Pires Neto (1977) interpretaram as escarpasda serra nesse trecho como resultado de abatimentos e bascu-lamentos de blocos de falha. Dada a continuidade topogrficada Serra do Parati com o planalto, parece-nos mais provvelque elas representem o fronte de eroso remontante da bordado planalto entre os dois macios resistentes dos promontriossustentados pelas rochas alcalinas da ilha de So Sebastio eo granito do Parati.

    A Serra da Bocaina um tpico conjunto de planaltoselevados, embora desnivelados entre si (ver Fig. 4.3 dePonano et al1981), que se situa entre o vale do rio Parabado Sul a norte e nordeste e o Planalto do Paraitinga-Paraibuna

    a oeste. Seu relevo montanhoso inclina-se para o litoral a sul,terminando nas escarpas erosivas da Serra do Mar, elevadasde uns l .000 m diante da baa da Ilha Grande.

    O limite norte da Serra da Bocaina relaciona-se ao tecto-nismo por falhas do grben do Paraba, sem que se conheamdetalhes. E possvel que o planalto da Bocaina seja resduo deeroso de abaulamento em que se deprimiu o grben, pois suaaltitude a norte, em torno de 1.800-2.000 m, a mesma que ada Serra da Mantiqueira do outro lado do grben, abstraindo-se naturalmente o relevo dos macios de Itatiaia e Passa-Qua-tro. A drenagem longitudinal do Planalto do Paraitinga-Paraibuna, favorecida pelas estruturas pr-cambrianas pre-dominantemente orientadas a ENE, teria grandemente facili-tado o recorte erosivo dessa elevao, como ainda hoje seobserva no flanco ocidental da Bocaina onde se situam os

    cursos d'gua formadores do rio Paraitinga.O planalto da Bocaina tem uma extenso para leste, oelevado espigo, em parte grantico, da Serra da Carioca, queo vale do rio Pira separa da Serra das Araras. Entre elas seestabeleceu o colo de Ldice (550 m de altitude), que permite rodovia e ferrovia provenientes de Angra dos Reis, nolitoral, transporem a Serra do Mar numa altura relativamentepouco elevada, para alcanarem Barra Mansa, s margens dorio Paraba do Sul.

    RO de Janeiro O mdio vale do rio Paraba do Sulapresenta, entre Barra Mansa e Barra do Pira, nas reas derochas pr-cambrianas, um relevo de colinas arredondadas dotipo chamado "mar-de-morros", cujos cimos se mostram emaltitudes prximas de 500-550 m. Definem um nvel de erosoem que se encaixa o rio (358 m de altitude em Barra do Pira).Esse nvel continua-se pela bacia do rio Pira e cercanias darepresa do Ribeiro das Lajes. Essa superfcie de erosoestende-se at borda do planalto, onde truncada pelasescarpas em recuo da Serra das Araras, nome local da Serrado Mar, e que responde por seu subnivelamento local, Esserecuo causou a captura do ribeiro das Lajes (hoje represado),desviando para o mar, pelo rio Guandu, as guas que antesfluiam para o rio Pira.

    O grben da Guanabara formou-se no Paleoceno no interiordo Planalto Atlntico. Nessa ocasio este se estendia bem maispara sudeste, at a Serra do Mar que, como supomos, se elevouna mesma ocasio junto Falha de Santos. O recuo erosivode suas escarpas durante meia centena de milhes de anos fezcom que se aproximasse da borda sul do grben, desfazendo-a

    em morros e serras que constituem os Macios Litorneos: aIlha Grande e a de Sepetiba; as serras da Carioca e Niteri, emais para leste, outras serras e morros costeiros. Alcanamaltitudes de cerca de l .000 m a oeste, mas de Niteri para leste

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    Figura 10 - rea de planalto drenada diretamente para o mar: bacia do rio Itatinga, entre Mogi das Cruzes e Bertioga. Ilustraobaseada em mapas na escala 1:50 000 do IGG, respectivamente folhas Bertioga SF.23-Y-D-IV-4, 1971, e Mogi das Cruzes

    SF.23-Y-D-IV-2,1972. Convenes: 1. Rede de drenagem, com sentido defluxo, 2. Adutora, 3. Estrada, 4. Curva de nvel, 5. Limitesuperior de escarpa da serra, 6. Cotas superiores a 900 mFigure 10 - Planaltic rea with drained towards the sea: Itatinga ri ver basin, between Mogi das Cruzes and Bertioga. Based on IGG maps at the 1:50 000 scale,respectively Bertioga SF.23-Y-D-IV-4, 1971, and Mogi das Cruzes SF.23-Y-D-IV-2, 1972. Conventions: 1. Drainage network, with flow sense, 2. Aqueduct, 3.Roads, 4. Topographic contours, 5. Upper limit of scarp, 6. Heights above 900 m

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    tornam-se mais baixos. So considerados como restos deblocos de falha basculados para o interior do grben (Ruellan,1944). Durante estgio de rebaixamento generalizado do nveldo mar desenvolveu-se em seu interior um sistema de dren-agem que escoou para o mar por um rio que passava na atualentrada da baa de Guanabara, o rio de Janeiro. A transgresso

    Flandriana inundou parte dessa bacia hidrogrfica, formandouma ria, a baa de Guanabara (Ruellan 1944). Foram igual-mente inundadas as baas de Sepetiba e Ilha Grande, orladaspelas escarpas da Serra do Mar, assim como o canal de SoSebastio e o paleo-vale fluvial que se inicia em sua entradasul dirigindo-se para SE (Furtado et al. 1996).

    Ferrari (1990) sintetizou com preciso as caractersticas daregio centro-ocidental do grben e indicou que a Serra doMar da regio de Itacuru ruma para NE, seguindo pela Serradas Araras. Assinala os limites erosivos dos blocos afundadosat alcanarem a Serra dos rgos, acompanhando assim olimite norte do grben da Guanabara.

    A Serra dos rgos foi reconhecida por Ruellan (1944)como um bloco falhado inclinado para o norte (Fig. 2), comfalhas a NNE, o que foi posteriormente confirmado. Consti-tui-se de um batlito com cerca de 100 km de extenso, derochas granticas e ortognissicas sintectnicas do Pr-Cam-briano Superior, intrudidas por granitos ps-tectnicos eopa-

    leozicos (Ledent & Pasteels 1968, Cordani et al. 1973). ASerra do Mar para leste da Serra dos rgos torna-se descon-tinuada, mas o nome tem sido aplicado s serras situadas margem esquerda do rio Imb, a sul de So Fidlis.

    Finalmente, justo lembrar que o gelogo e geomorflogoJ. L. Rich (1953), aps visitar a serra no Rio de Janeiro, SoPaulo e Paran, sobrevo-la e examinar aerofotos, declarouno ter visto indcios de falhas recentes que seriam causadorasdas escarpas. Sugeriu um arqueamento, que teria elevado ocontinente, associado a um afundamento da regio costeira, oprimeiro fornecendo material para a depresso e restabele-cendo-se de tal modo o equilbrio isosttico.

    Figura 11 - Esquema da origem e recuo erosivo da Serra do Mar, na regio entre a Bacia do Paran, no continente, e a Baciade Santos, a sudeste. Estgios: 1. Soerguimento senoniano erodido, causando deposio nas bacias de Santos e do Paran.Depsitos da Formao Santos indicados na primeira e do Grupo Bauru na segunda. Vulcanismo alcalino (A); Falha de Santos(F). 2. Desenvolvimento da superfcie de aplainamento Japi no final do Senoniano. 3. Deformao da Superfcie Japi no Paleoceno.Surge a Serra do Mar (SM) na Falha de Santos (F), o sistema de grbens continentais e comea a se desenvolver, na costa, aplataforma continental (P). 4. Recuo erosivo (R) da Serra do Mar para sua posio atual. A posio esquemtica da DepressoPerifrica e indicada (DP). Intruses alcalinas sustentam ilhas. Convenes: 1. Depsitos da Fm. Santos, 2. Cobertura fanerozicasotoposta ao basalto Serra Geral, 3. Formao Serra Geral, 4. Corpos alcalinos, 5. Grupo Bauru, 6. FalhasFigure 11 - Schematic diagram of the origin and erosional SE-NW retreat of the Serra do Mar, in the region between the inland Paran Basin, and the Santos Basin.Stages: 1. Eroded Senonian uplift, allowing deposition in both basins. Santos Formation deposits indicated in the later and Bauru Group in the former. Alkalinevolcanism (A); Santos Fault (F). 2. Development of the Japi Erosional Surface at the end of Senonian. 3. Paleocene deformation of the Japi Surface. The Serra doMar (SM) is generated at the Santos Fault (F), the system of continental rifts is originated and the continental platform is formed in the coast (P). 4. Erosionalretreat (R) of the Serra do Mar towards its present position. The aproximate position of the Depresso Perifrica is indicated (DP). Alkaline intrusions sustainislands. Conventions: 1. Santos Formation deposits, 2. Phanerozoic cover beneath the Serra Geral basalt, 3. Serra Geral Formation, 4. Alkaline bodies, 5. BauruGroup, 6. Faults

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    CONCLUSES Este trabalho mostra uma aceitvel cor-relao entre os fatos geolgicos e geomorfolgicos ora co-nhecidos e as inferncias relativas evoluo ps-turonianada regio compreendida entre a Bacia de Santos, a regiocosteira, a Serra do Mar na posio que hoje ocupa e osplanaltos de seu reverso, com o sistema de riftes ali instalados.

    As superfcies de aplainamento Japi e Alto Tiet, sobretudopela extenso que os vestgios daquela ocupam na regiosudeste do Pas, forosamente se continuavam mais para lesteque o indicam seus indcios no nivelamento dos cimos da Serrado Mar. Consideramos a superfcie Japi como trmino de umprocesso erosivo que arrasou o relevo surgido com o soer-guimento senoniano realizado na plataforma continental eregio adjacente do continente. Os detritos dessa eroso foramlevados para a borda da plataforma (formaes Santos, Juriae Itaja-Au) e para o interior do Pas (Formao Bauru).

    O importante evento tectnico iniciado no Paleoceno, quecausou a deformao por flexuras e falhamentos da superfcieJapi dando origem s bacias tafrognicas do sudeste e a Serrada Mantiqueira, supomos que tambm tenha feito surgir aSerra do Mar na rea da atual plataforma continental, por

    soerguimento do bloco ocidental da Falha de Santos e abati-mento do oriental, que se cobriu com sedimentos marinhoscenozicos. Sugerimos que no decorrer de trs a quatrodezenas de milhes de anos a eroso tenha feito recuar asencostas da serra at sua posio atual (Fig. 11).

    apresentada uma descrio sucinta dos principais aspec-tos geolgicos, tectnicos e geomorfolgicos que se verificamem toda a extenso da serra e que nos conduziram s seguintesconcluses e inferncias:

    1 - A Serra do Mar no denota evidncias de ter resultadode importantes falhamentos neotectnicos ocorridos em seustio atual.

    2 - A anlise das estruturas e relevo evidencia que a serraresultou de eroso diferencial regressiva, adaptando-se nesseprocesso extrema diversidade de estruturas geolgicas e de

    resistncia diferencial das rochas eroso, bem como mor-fotectnica que se manifestou no Planalto Atlntico durante oPalegeno e o Mioceno. Essas condies causaram a abertura

    do vale do rio Ribeira, sobretudo pela presena do Ali-nhamento de Guapiara; as caractersticas peculiares da serragrantica no Estado do Paran; a persistncia de promontriossustentados por intruses de rochas granticas e alcalinas; asnumerosas ilhas abandonadas durante seu recuo para formara plataforma continental rasa atual; o peculiar relevo que se

    apresenta na regio costeira e o desvio da serra para o interior,no Rio de Janeiro, estabelecendo-se prximo borda norte dogrben da Guanabara.

    3 - Com o recuo erosivo das encostas da serra para oeste,estas vieram seccionando superfcies de eroso do planalto,que determinam frequentemente o subnivelamento de seuscimos. Rios do planalto foram decapitados, como no recuo daSerra do Cubato (SP), ou capturados, como o ribeiro dasLajes (RJ), ou ainda a drenagem que se faz do planalto para omar foi seccionada, como a dos rios Itatinga (SP) e cabeceirasdo rio Itapanha (SP).

    4 - Nos stios em que as superfcies neognicas esto sendotruncadas pelas escarpas em regresso apresentam-se locaismais baixos que facilitam a transposio rodo-ferroviria daserra. Assim, as que sobem da Baixada Santista pela Serra do

    Cubato, em direo a So Paulo, galgam a superfcie deeroso do Alto Tiet, cerca de 400 m mais baixa que a do Japi;a Serra das Araras, no Rio de Janeiro, intercepta o nvel decerca de 500-550 m de altitude do relevo de mar-de-morrosda bacia hidrogrfica do rio Pira e de seu antigo afluente, oribeiro das Lajes, e propicia fcil acesso de ferrovia e rodoviaao vale do rio Paraba do Sul.

    5 - O recuo erosivo das escarpas entalhando superfcies deeroso neognicas criou condies favorveis a represamen-tos no planalto prximos borda da serra e instalao deusinas hidreltricas em seu sop. Tais so as de Cubato (SP),Itatinga (SP) e Ribeiro das Lajes (RJ).

    Agradecimentos Os autores registram profundosagradecimentos Profa. Dra. Ana Maria Pimentel Mizusaki,

    ao prof. Luiz Jos Homem Del'Rey e Silva e a dois revisoresannimos da RBG pelos comentrios e sugestes que muitocontriburam para o melhoramento do texto.

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  • 7/23/2019 origem e evoluo da serra do mar

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    Reviso dos autores em 20 de maio de 1998Reviso aceita em 27 de maio de 1998

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