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  • 8/18/2019 ANÁLISE HISTÓRICA DAS RESSACAS DO MAR NO LITORAL DE FORTALEZA (CEARÁ, BRASIL): ORIGEM, CARACTERÍSTI…

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    C apítulo2

    Davis Pereira de Paula 1*, Jáder Onofre de Morais2, Óscar Ferreira 3, João Alveirinho Dias3

    1. Introdução: As ressacas do mar induzem uma série de impactos im-

    portantes como a erosão de praias, dunas e falésias, galgamentosoceânicos e inundação de zonas costeiras. Como consequência dodesenvolvimento urbano mal ou não planejado dos espaços cos-teiros, as frentes urbanas têm sofrido bastante com os impactos

    das ressacas do mar, que geralmente são acompanhadas de danosnas infraestruturas e com efeito direto sobre o uso dos recursoscosteiros (CIAVOLA et al., 2007).1Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, Departamento de Engenharia Civil,Programa de Pós-graduação em Geogra a-UVA, [email protected] Estadual do Ceará-UECE, Departamento de Geogra a, Programa de Pós-graduação em Geogra a-UECE, Pesquisador Pq do CNPq, [email protected] do Algarve, Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Faro, Portu-

    gal, [email protected]; [email protected]*Autor de correspondência: [email protected]

    ANÁLISE HISTÓRICA DAS RESSACAS DO MAR NDE FORTALEZA (CEARÁ, BRASIL):

    ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E IMPACTOS

    Paula, D. P. de; Morais, J.O.; Ferreira, .; Dias, J.A. (2015) – Análise histórica das ressacas do mar no litoral de Fortaleza(Ceará

    !

    , Brasil): origem, características e impactos. In: Davis Pereira de Paula & J. Alveirinho Dias (orgs.), Ressacas do Mar /Temporais e Gestão Costeira, pp.173-201, Editora Premius, Fortaleza, CE, Brasil. ISBN: 978-85-7924-440-7

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira As mudanças mais rápidas e bruscas na paisagem costei-

    ra (natural e antropizada) ocorrem, especialmente, durante umevento de alta energia (FERREIRA, 2005; ALMEIDA et al.,2010). Contudo, a caracterização dos impactos sobre a morfolo-gia costeira e as estruturas urbanas não é fácil, sendo, por vezes,inconclusiva. A principal limitação é a disponibilidade de sériesobservacionais históricas de ondas e marés que permitam denir,com precisão, os limiares para ocorrência de impactos.

    Os estudos que relatam a inuência das ressacas do mar na

    evolução da morfologia costeira (e.g. praias e dunas frontais) sãorecentes e escassos no Brasil (em especial no Nordeste brasileiro).Para quanticar o impacto das ressacas do mar é preciso denirpreviamente a origem e as suas características, o que é difícil, poisnão existe um sistema de monitorização por meio de ondógrafos,com exceção do litoral de Pernambuco, que desde 2011 possuiuma boia — medindo altura, período e direção das ondas — ins-talada a 2 km da costa, em frente ao Porto de Suape, no municí-pio de Ipojuca.

    As estruturas de engenharia costeira, a ocupação humana eoutras atividades socioeconômicas aumentaram a vulnerabilidadeda costa aos processos oceânicos (por exemplo, ondas de ressa-ca) e potencializaram o risco de erosão costeira e de galgamentos

    oceânicos, às vezes causando fortes danos físicos, econômicos,sociais e patrimoniais em núcleos urbanos costeiros (e.g. Fortale-za, Natal, João Pessoa, Recife, Paulista e Rio de Janeiro). Apesardisso, a pressão humana (por exemplo, demanda turística) temaumentado durante os últimos anos sem qualquer preocupaçãocom a capacidade de resiliência do sistema costeiro. Dessa for-ma, o presente estudo teve por objetivo precípuo colaborar para

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira um melhor entendimento do assunto, especicamente no queconcerne à origem, as características e os impactos induzidos poreventos de ressaca do mar no litoral de Fortaleza (Ceará, Brasil).

    2. Área de Estudo A cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, loca-

    liza-se na região Nordeste do Brasil, na Costa Atlântica, a apro-ximadamente -3º43’02” (latitude) e 38º32´25´´ (longitude), asua área territorial é de 313, 14 km2 e altitude média de 16 m

    (IPECE, 2013). O litoral em questão possui mais de 20 km deextensão, onde situam-se mais de 10 praias urbanas, todas arti-cializadas direta ou indiretamente por estruturas rígidas de en-

    genharia costeira (e.g. espigões, enrocamentos e quebra-mares)(Figura 1). A densidade demográ ca dos bairros litorâneos é deaproximadamente 7 mil hab/km² .

    Figura 1. Litoral de Fortaleza com a identicação das principais praias.

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira O litoral de Fortaleza está situado em uma zona de clima

    Tropical Quente Subúmido, caracterizado por duas estações bemde nidas — uma chuvosa (concentrada especialmente em quatromeses) e uma seca (ocorre em mais de 60% do ano). No pri-meiro semestre do ano, os índices pluviométricos podem atingir,em média, 1.405 mm, correspondendo a mais de 90% do totalanual. O comportamento térmico é caracterizado, basicamente,por temperaturas elevadas e amplitudes reduzidas. A temperaturamédia anual é de 26,9ºC, com variações que não ultrapassam os5ºC. O regime de ventos é sazonal e, ao longo do ano, apresentavalores médios de 3,0 m/s (verão) e de 4,3 m/s (inverno).

    O litoral de Fortaleza tem um ambiente de mesomaré comamplitudes variando entre 2 m e 4 m com regime semidiurno.Segundo o INPH (1996), o nível mais elevado vericado nosregistros maregrá cos foi de 3,67 m, enquanto que o mais baixo

    foi de 0,2 m. O nível médio (NM) é de 1,55 m. Ondas comaltura signicativa igual ou superior a 2,0 m ocorrem apenas em1,38% do ano, sendo provenientes principalmente de ESE (mastambém, em menor frequência do quadrante E a NE). É derelevar, embora com frequência muito pequena, a ocorrência deondas com altura signicativa superior a 2,4 metros, provenientes

    de ESE. As ondas com períodos longos, superiores a 12 segundos(swell ), ocorrem cerca de 15% do ano e têm proveniência, es-sencialmente, de NE (8,8% das ocorrências) e de NNE (4,5%).Neste contexto, é de ressaltar a ocorrência de ondas com períodosde pico superiores a 18 segundos, com frequência anual de 0,6%(INPH, 2002).

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira 3. As ressacas do mar no litoral de Fortaleza

    As ressacas em Fortaleza não são temporais como os queocorrem nas altas e médias latitudes com ondas que ultrapassamos 4m de altura. No Brasil, é comum os casos de sobre-elevaçãoprovocados por abaixamento de pressão atmosférica nas regiõesSul e Sudeste, onde as frentes frias percorrem o litoral sul-ameri-cano, atingindo latitudes relativamente altas até 20ºS (CAMAR GO e HARARI, 1994).

    Conforme Melo et al., (1995), no litoral do Ceará, mais es-

    peci camente no de Fortaleza, as ressacas do mar estão associadasà ação de furacões extratropicais do Hemisfério Norte que provo-cam fortes tempestades, resultando na chegada de ondasSwell nacosta Nordeste do Brasil. Melo e Alves (1993) destacaram que nolitoral de Fortaleza as ondas preponderantes são de curto período,mas entre dezembro e março ocorrem ondas de longo períodoprovenientes do Hemisfério Norte, como aconteceu nas ressacas

    que atingiram a cidade entre os dias 5 e 6 e 24 e 25 de janeiro de1992.

    Os mesmos autores, analisando as condições meteorológi-cas no Atlântico Norte, observaram a formação de dois temporaisnas proximidades do Arquipélago Açores e relacionaram-nos comos eventos de ressaca do mar que atingiram o litoral de Fortalezaalguns dias depois (Figura 2). Segundo Melo e Alves (1993), nãodeveria haver relação causal devido à distância entre o local deformação da tempestade e a costa atingida. As ressacas que atin-gem a cidade de Fortaleza parecem estar associadas à agitação no Atlântico Norte, sobretudo aos eventos tempestivos nos Açores.

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    Figura 2. Área de ação das ondas de longo período, extraído de Melo e Alves (1993).

    Viana (2000) descreveu a ocorrência de uma sequênciade ressacas na costa norte do Nordeste brasileiro entre os anosde 1999 e 2000. Para o autor, as ressacas nesta região são oresultado de uma coincidência entre marés muito altas e ondaslongas vindas do quadrante norte, geralmente ocorrendo a partirdo mês de dezembro, causadas por furacões extratropicais. Essas

    ressacas, forçadas remotamente, não se enquadram nos modelos

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira tradicionais de ressacas causadas por efeitos de tempestadeslocais. Em sua análise preliminar observou a ocorrência de umagrande ressaca entre os dias 23 e 27 de outubro/1999. Nesseperíodo, o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH)noticiou por meio do seu técnico (Aluízio dos Santos Araújo),em Fortaleza, que no dia 23/10/99 foi registrado pelo ondógrafo(instalado ao largo do Porto do Pecém) ondas com Hmax de 4m e Hs de 1,7 m, Tp de 20 s de e direção de 35º (Figura 3). Omarégrafo registrou um nível de maré de 3,2 m, isso signicou 10

    cm acima da maré prevista pela tábua de maré da DHN para odia. No dia seguinte o jornalDiário do Nordeste estampou em suacapa a seguinte matéria “Destruição de casas e ruas em Fortaleza ePecém pela ressaca do mar (matéria veiculada no dia 24/10/99)”.

    Figura 3. Espectro Direcional de Ondas obtido no ondógrafoDatawell Waverider do INPHdurante a ressaca do mar caracterizada por Viana (2000). Fonte: Modicado de Viana, 2000.

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Viana (2000) calculou que ondas de 20s viajam no ocea-

    no com velocidade média de 1.375 km/dia, de maneira que umgrupo de ondas causadas por um furacão em 45N levaria 3,8 diaspara chegar ao litoral de Fortaleza. O mesmo autor observou pormeio de imagens do satéliteTopex/Poseidonque no dia 18/10/99havia a formação de um furação na região dos Açores.

    De acordo com as considerações de Melo et al., (1995) eViana (2000), a comunidade cientíca brasileira tem utilizadoo termo ressaca do mar com diferentes denições, tornando suacompreensão por vezes confusa e inconclusiva. Em trabalhos de-senvolvidos por Paula et al., (2011 e 2012), as ressacas do mar sãocaracterizadas como fenômenos naturais induzidos, especialmen-te, pelo empilhamento da massa de água junto à costa, provocan-do uma sobre-elevação momentânea do nível de água acima donível médio (Wave setup), o que facilita o galgamento das estru-

    turas urbanas e potencializa os danos ao patrimônio edicado.É importante destacar que o resíduo de maré (maré obser-vada ou real) que ultrapassa os valores da maré prevista (ou teó-rica) constitui um fenômeno associado à ressaca do mar, ou seja,a sobre-elevação do nível do mar de índole meteorológica (Stormsurge ) para o litoral de Fortaleza é induzida, principalmente, por

    forçamentos naturais (ondas, marés e ventos). Assim, as ressacasdo mar em Fortaleza ocorrem quando há transferência de energiapara coluna de água através da quebra das ondas, ação dos ventos(Wind setup), processos astronômicos (super lua e maré equinocial)e fenômenos meteorológicos (ciclones tropicais e depressões sub-polares muito cavadas) que envolvam variações do nível do mar.

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira As ressacas do mar podem ocorrer durante boa parte do

    ano, o que vai diferenciar é ação das forçantes naturais e os im-pactos costeiros. Por exemplo, entre os meses de dezembro emaio, o forçamento é induzido por ondas (Swell/wave setup) queprovocam o empilhamento da massa de água na costa. Nesse pe-ríodo pode ocorrer a associação das ondas de longo período comuma maré de sizígia (maré viva). Logo, o efeito destrutivo doevento é potencializado, ocorrendo danos ao patrimônio públicoedi cado ao longo da costa. Em menor grau de energia e impac-to, podem ocorrer ressacas do mar induzidas por bojos de marésolares e lunares, o que reforça a amplitude das marés. Nesse casopodemos destacar à ação das marés equinociais (que ocorrem,especialmente, fevereiro a abril) e dos eventos de Super Lua (queocorrem, especialmente, junho e agosto). Em ambos os casos, opoder destrutivo do evento é menor, pois ocorrem na presença de

    ondas do tipoSea . Contudo, podem ocorrer também na presençade ondasSwell , o que elevaria a magnitude do evento.Os eventos de ressacas do mar também podem ser poten-

    cializados pela ação dos ventos (Wind setup), que provocam eleva-ção vertical do nível de água. No litoral de Fortaleza, esse cenárioocorre, especialmente, entre os meses de setembro e novembro

    (temporada de ventos fortes) e, geralmente, está associado a ondalocais (menor poder destrutivo) (Figura 4).

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira

    Figura 4. Imagens da orla de Fortaleza após eventos de ressaca do mar induzidos pordiferentes forçantes. 4A – Ressaca do mar ocorrida em Fevereiro/12 induzida porondasSwell e potencializada por uma maré de sizígia; 4B – Ressaca do mar ocorridaem outubro/13 induzida por ação associada de vento, onda e maré.

    O quadro 1 sintetiza os principais cenários de ocorrência

    de ressaca do mar e seus impactos associados.

    A

    B

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira

    Q u a d r o

    1 . S í n t e s e

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    Seção

    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira 4. Caracterização das ressacas do mar em Fortaleza

    Geralmente, os estudos de ressaca do mar/temporais/tem-pestades são baseados em dados instrumentais. No caso do litoralde Fortaleza, os registros são escassos e incompletos em termos desérie temporal. Dessa forma, para suprir a ausência dessas infor-mações, adotaram-se dois métodos de análise — o primeiro foibaseado em informações coletadas nos jornais locais, enquantoque o segundo foi com base em dados de previsão de onda.

    As ressacas do mar, como visto anteriormente, são fenôme-

    nos naturais e intrínsecos a zona litorânea que, juntamente como adensamento urbano desordenado da orla costeira potenciali-zam a vulnerabilidade ambiental e os danos físicos, a exemplo dosmunicípios litorâneos de Fortaleza, Rio de Janeiro, Florianópolise Recife, dentre outros. No caso do Rio de Janeiro, Pontes e Zee(2010) analisaram a situação das ressacas através de um levanta-mento no banco de dados da imprensa local, isso devido à limi-

    tação de recursos e de sistemas de monitoramentos ambientais.Outros trabalhos também utilizaram o método de coleta

    de dados em meios de comunicação escrita como os de Caruzzo& Camargo (1998) e Campos e Camargo (2006). Pontes e Zee(2010) utilizaram os dados obtidos com a pesquisa documentalem jornais para correlacionar o aumento de ressacas com o au-mento da ocorrência de processos erosivos no litoral do Rio de Janeiro.

    No estudo das ressacas do mar em Fortaleza, na ausênciade uma base de dados longa, optou-se pela análise de matérias jornalísticas. Dessa forma, para suprir a ausência dessasinformações, adotou-se o método hemerográ co, que consistena aquisição de dados e informações em hemerotecas. Nesse

    caso utilizaram-se as bibliotecas dos jornaisO Povo e Diário do

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Nordeste , recuperando-se todas as matérias sobre o tema publicadasentre 1953 e 2010. Destas foram extraídas as seguintes informações:a) data da matéria; b) título da matéria; c) região atingida; d) dadosdo clima oceanográ co (Hs, Tp e Dº); e) nível de atuação da maré;e f) tipo de impacto costeiro (físico/social). Em alguns casos osregistros de maré foram complementados com dados de previsãode maré da Diretoria de Hidrogra a e Navegação – DHN.

    As informações adquiridas foram inseridas em uma base dedados, em que sua organização foi elaborada com dados de entrada

    das características oceanográ cas (Hs,Tp, Dº e maré) e impactoscosteiros (consequências observadas no litoral a partir das matérias)em cheiros ASCII. A leitura da base de dados e o processamentoforam realizadas com osoftware Matlab, permitindo a determina-ção das condições mínimas de ressaca que causaram impactos, ouseja, os limiares de ocorrência para impactos costeiros.

    O processamento das informações permitiu estabelecer o

    nível máximo de atuação da agitação marítima a cada evento deressaca. A associação entre as consequências ambientais e as in-formações de agitação marítima permitiu estabelecer dois níveisde impactos com relação às consequências: Impacto 1 – corres-ponde a consequências menos graves, incluindo principalmentealterações morfológicas (erosão de dunas e praias); Impacto 2 –correspondente a danos ou destruição de infraestruturas urbanas(casas, praças, calçadões, pontes e estradas).

    4.1. Determinação dos impactos costeiros induzidospor ressacas do mar a partir de dados de jornaisEntre 1953 e 2010, foram registrados 162 eventos de res-

    saca do mar, isto é, cerca de três episódios por ano. Os resultados

    devem ser interpretados numa lógica de inter-relação (processo/

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira resposta), ou seja, considerando a lógica mediática em que o im-portante é a notícia e o que não é notícia (não afeta pessoas oubens) não é geralmente publicado. Por exemplo, a erosão de umaduna não ocupada durante um evento de ressaca não tem aspectosde drama social e, consequentemente, não é normalmente divulga-da pelos meios de comunicação. Entretanto, quando se vericamdanos físicos em edicações (como casas ameaçadas de desabamen-to, destruição de estradas e calçadões), existe interesse potencial doleitores e, por consequência, os jornais noticiam o fato.

    Em outras palavras, o registro das ressacas do mar em jor-nais ocorre em função do nível de ocupação do litoral e a reper-cussão dos dramas sociais. Isto foi observado no conjunto de da-dos obtidos, visto que mais de 95% dos eventos de ressaca foramregistrados e publicados a partir da década de 1980, momentoem que houve a intensicação da ocupação/urbanização do lito-ral de Fortaleza (Figura 5).

    Figura 5. Registro das notícias sobre ressacas do mar no litoral de Fortaleza entreos anos de 1953 e 2010.

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Na gura 5 é possível observar que os registros das ressa-

    cas do mar por matérias jornalísticas apresentam dois períodosdistintos: o primeiro está compreendido entre os anos de 1953e 1979 — período em que o evento tinha efeito contemplativo,pois não havia destruições e aspectos de drama social, além dis-so, o baixo índice de urbanização da costa minimizava o efeitodestrutivo das ressacas do mar (Figura 6 A) — o segundo estácompreendido entre os anos de 1980 e 2010 — momento emque o evento deixa de ser contemplativo para ser temido pela so-

    ciedade, isso devido aos danos causados, levando a sua publicaçãonos meios de comunicação social (Figura 6 B).

    Figura 6 - A) Espectadores contemplando o espetáculo da ressaca do mar naPraia dos Diários em 10/02/1982; B) Destruição do calçadão da Praia de Iracema11/03/1997. Fonte: (A) Jornal Diário do Nordeste e (B) Jornal O Povo.

    Na gura 5 ainda é possível observar que a partir de 1982ocorreu um aumento signicativo nos registros de ressaca emFortaleza. Entre 1982 e 2010 (28 anos) os jornais ( O Povo eDiário do Nordste) noticiaram mais de 95% de todos os registrosde eventos do período em análise (57 anos). Tal resulta, por cer-to, do aumento no número de infraestruturas de uso comum aí

    A B

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira construídas (e.g. estradas, calçadões, barracas de praia, obras de de-fesa costeira, etc.). A partir da década de 80 do século passado, houveamplicação dos casos de danos ou destruições, levando os casos amídia.

    A análise dos dados aludidos revela que as ressacas apresen-tam forte sazonalidade: a temporada de ressacas ocorre, especial-mente, de setembro a maio, com maior frequência entre os mesesde dezembro e março (84%). O mês de janeiro é o que apresentaa maior frequência individual, com mais de 30% das ocorrências.

    Podemos observar que ao longo de 75% do ano pode haver al-gum evento de ressaca do mar em Fortaleza (Figura 7).

    Figura 7. Grá co de frequência mensal dos eventos de ressaca do mar noticiados nolitoral de Fortaleza entre os anos de 1953-2010.

    Na gura 7 é possível fazer duas observações quanto aoagente indutor das ressacas do mar no litoral de Fortaleza. A pri-meira é que a ocorrência de ressacas entre os meses de setembroe novembro é induzida pelos ventos fortes que atingem a costado Ceará. Nesse período a velocidade média dos ventos é de 30km/h, com rajadas de até 70 km/h4. No primeiro semestre do anoesse valor médio não ultrapassa os 14 km/h. Nessa época do ano,4Dados observados na matéria veiculada pela TV Verdes Mares em 2008 através do

    seu portal eletrônico “Última Hora” > http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noti-cias.asp?codigo=232083&modulo=178

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira a diferença da pressão atmosférica que gera o movimento do ar,aumenta no Oceano Atlântico. Os ventos alísios que sopram emregiões equatoriais como o Nordeste do Brasil se intensicam. Nolitoral do Ceará eles são ainda mais fortes. A segunda observaçãoé que as ressacas do mar que ocorrem entre os meses de dezembroe maio são impulsionadas pelas ondas de longo período, como jádescrito no quadro 1.

    A integração das informações qualitativas (consequências)e quantitativas (clima oceanográ co) permitiu estabelecer dois

    limiares para ocorrência de impactos costeiros (I e II) induzi-dos por ressacas do mar no litoral de Fortaleza (Tabela 1). Osdados processados permitiram classicar 85 eventos do total de162 eventos registrados (mais de 50% do total). Dos 85 eventosclassicados, 15 foram qualicados como de impacto do tipo I,enquanto que 70 foram considerados do tipo II (Figura 8). Essadisparidade entre os registros se deu porque os meios de comuni-

    cação não se interessam muito pelo impacto I (só erosão da praianão causa dano físico), pois o que é noticiado é o dano, pelo quehá mais notícias e maior robustez no impacto II.Tabela 1. Limiares hidrodinâmicos para ocorrência de impactos costeiros.

    701-$89513*" :;9" ?:@A B+4"360 30-6$*,0

    B+4"360 B NA ≥ 3,5 m C,0-D0 /$ /91"- $ 4,"*"-

    B+4"360 BB :@ E FGH + I"10 J $-6,969," 9,#"1"

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira

    Figura 8. Determinação do número de eventos de ressaca do mar com impactotipo I e II para o litoral de Fortaleza.

    4.2. Determinação dos impactos costeiros induzidospor ressacas do mar a partir de dados de previsão de ondas

    Os dados de altura signicativa de onda (Hs) foram obti-dos do modelo de previsãoWaveWatch III doCenters for Environ-mental Prediction –NCEP/NOAA. Para a presente análise foramextraídos dados de onda (altura, período e direção) para o litoralcentral do Ceará, que engloba o litoral de Fortaleza. Os dados deprevisão de ondas estavam disponíveis de janeiro/08 a agosto/11.Essas informações foram complementadas com dados de previsãode maré da Diretoria de Hidrogra a e Navegação – DHN parao Porto do Mucuripe (lat.3º42,9`S/Long.38º28,3´W). Os dadosforam usados para estabelecer as características das ondas e o ní-vel máximo de atuação da maré a cada evento de ressaca. A essesdados foram adicionados os registros históricos de galgamentos,danos em estruturas urbanas e erosão da praia obtidos por Paula

    et al., (2011) para o litoral de Fortaleza.

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Para determinar os limiares hidrodinâmicos para ocor-

    rência de ressacas do mar em Fortaleza com consequências so-cioambientais foi utilizada a função “SE” (IF) dosoftware Excel .Essa função permite testar, em um conjunto de dados, condiçõeshidrodinâmicas para ocorrência de ressacas do mar com impac-tos costeiros, quais sejam: Impacto I – erosão da praia; ImpactoII – dano à estrutura urbana; e Impacto III – potencial de ala-gamento. Em observações de campo (de fevereiro a agosto de2011), constatou-se a adequação dessas informações às condições

    hidrodinâmicas testadas pela função “SE”. Nos experimentos decampo foi delimitado o alcance máximo do espraio das ondassobre a praia e a localização das estruturas urbanas, utilizandoum DGPS (Di ff erential Global Positioning System/GTRG2/GLO-NASS)a funcionar em modo cinemático.

    A integração dos dados hidrodinâmicos previstos e dosimpactos costeiros permitiu denir três limiares (Tabela 2). Para

    ocorrência de impactos costeiros em Fortaleza, o empilhamentoda massa de água junto à costa deve ultrapassar 4 m para que oalcance máximo do espraio da onda (wave runup) atinja as estru-turas urbanas.Tabela 2 – Limiares hidrodinâmicos para ocorrência de impactos costeiros a partirde dados de previsão de ondas.

    701-$89513*" :;9" ?:@A B+4"360 30-6$*,0

    B+4"360 B NA ≥ 3,5 m C,0-D0 /$ /91"- $ 4,"*"-

    B+4"360 BB 4,0 ≥ NA ≤ 4,5 m I"10 J $-6,969," 9,#"1"

    B+4"360 BBB E FGL M N06$13*"% /$ "%">"+$160

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Impacto I – Erosão da praiaForam contabilizados 91 eventos (com duração mínima de

    2 dias) com potencial efeito para provocar erosão da praia, apro-ximadamente 25 eventos por ano.

    Impacto II – Potencial dano em infraestruturas urbanasOs danos causados ao patrimônio edicado (e.g. estradas,

    calçadas e casas) são resultantes da potencial erosão das praiasinduzida pelo impacto das ressacas do mar. Isso ocorre quandohá infraestruturas urbanas limitando a praia (Mendoza e Jiménez,

    2009). Consequentemente há erosão da praia interna e o recuo dalinha de costa em direção à malha urbana, em alguns casos comgalgamentos (Overtopping ) do calçadão da Avenida Beira-Mar,em Fortaleza, e recuo da linha de costa, originando situações deriscos para o patrimônio edicado.

    A frequência com que esse tipo de evento tem-se repetidoaumentou um pouco entre os anos de 2008 e 2011, possivelmen-

    te devido à intensicação da ocupação desse trecho costeiro porestruturas urbanas, que naturalmente elevam o risco costeiro (e.g. perda de patrimônio edicado) a eventos de alta energia. En-tre os anos de 2008 e 2011 foram contabilizados, nos resultadosdo modelo, 41 eventos (duração média de 3 dias) com potencialpara provocar danos ao patrimônio edicado, isto é, 11,3 ressa-cas/ano.

    O trecho mais afetado está situado entre o Porto do Mucuri-pe e a Praia da Barra do Ceará (litoral norte) que está totalmentearti cializado por estruturas de engenharia costeira (e.g. espigões,marinas e enrocamentos), corresponde a um litoral humanizado,sendo ainda caracterizado pela alta densidade populacional (maisde 8.000 hab/km2, IBGE, 2010), reduzida faixa de praia e dunas

    antropizadas, completamente cobertas pela malha urbana.

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira Impacto III - Potencial de AlagamentoO alagamento da frente urbana de Fortaleza ocorre quando

    o nível de água (setup)está acima da elevação do topo das estrutu-ras rígidas ou da crista da duna, potencializando o alcance máxi-mo dos espraio das ondas (Figura 9). Nesse caso, há galgamentodas estruturas por ação combinada dos fatores naturais descritosno quadro 1. No caso da orla turística de Fortaleza, a cota médiado calçadão da Avenida Beira-Mar é de 4,5 m acima do ZH. Emtrechos como o da Praia dos Diários a cota média é de 4,0 m,

    altimetria que não impede que o espraio máximo (wave run-up)das ondas galgue as estruturas continentais.

    Figura 9. Alagamento da Avenida Beira-mar após a ressaca do mar ocorrida no dia28/10/13.

    A interação de ondas-estruturas é complexa, pois envolveprocessos não lineares como a propagação e a transformação dasondas e variáveis climáticas (e.g. pressão atmosférica e ventos)(Didier e Neves, 2009). Com base nos dados do modelo foi pos-sível observar que, em média, o litoral de Fortaleza é atingido por28 eventos com duração média de 4 dias, o que contabiliza cercade 8 eventos por ano, e cerca de 32 dias (totais) de ressacas por

    ano com potencial de alagamento.

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    Figura 10. Praias mais afetadas pelas ressacas do mar em Fortaleza entre os anosde 1953 e 2010.

    Na gura 10 é possível observar que as matérias veiculadasnos jornais locais apontam como principais áreas afetadas pelasressacas do mar em Fortaleza as praias de Iracema (31,3%), Pi-rambu (27,5%) e Meireles (27%). Essa disparidade observadaentre as praias mais afetadas e menos afetadas pode ser explicadapor dois fatores principais: o primeiro é porque os meios de co-municação não se interessam por áreas com impactos I e II (esseúltimo quando não há grande adensamento populacional), poiso que é noticiado é o drama social; o segundo é porque as trêspraias mais afetadas congregam valores sociais, culturais e econô-micos que são atrativos à imprensa, são eles: grande adensamentopopulacional, patrimônio edicado em risco, áreas com valor tu-

    rístico (no caso da Iracema e o Meireles) e área de risco social (nocaso do Pirambu).De forma geral, as praias localizadas no litoral central e

    oeste de Fortaleza são vulneráveis a um evento de ressaca do mar,em que mais de 50% das praias de Fortaleza apresentam impactosdo tipo II (dano à estrutura urbana) e III (potencial de alagamen-to). Na gura 11 é possível identicar os impactos costeiros portrechos praiais ao longo do litoral de Fortaleza.

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    Figura 11. Mapa de impactos costeiros induzidos por ressacas do mar nas praiasdo litoral de Fortaleza.

    5. Considerações FinaisPara o litoral de Fortaleza as consequências socioambientais

    decorrentes de um evento de ressaca do mar passaram a ter maiornotoriedade a partir da intensicação da urbanização, que expôsainda mais a costa à ação energética do mar, vulnerabilizando osistema de retroalimentação ( feedback ) das praias e colocando-asem estado de risco. A partir dos resultados e discussões apresenta-dos é possível a rmar que as ressacas do mar que atingem o litoralde Fortaleza são resultantes de uma sobre-elevação dinâmica, quetem como forçantes indutoras ondas, marés e ventos, que sãoresponsáveis pelo empilhamento vertical da massa de água juntoà costa. Situação que leva à ocorrência de ressacas do mar emFortaleza. Neste trabalho também foi possível estimar um quadrode limiares para ocorrência de três impactos derivantes das con-dições de ondas e marés: Impacto I – Erosão da praia; Impacto

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    2 Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira II - Potencial dano em infraestruturas urbanas; e Impacto III -Potencial de alagamento.

    Os dados colhidos nos jornais de Fortaleza publicados entre1953 e 2010 revelaram uma tendência de aumento da frequênciados episódios de ressaca que provocam consequências socioeco-nômicas, colocando em risco o patrimônio edicado.

    Os resultados mostram que o número de eventos que pro-vocam danos ao patrimônio edicado e alagamentos aumentoude 2008 para 2011, enquanto que o que provoca apenas erosão da

    praia manteve-se estável. A série de dados não permite constatarse houve alteração dos parâmetros oceanográ co-climáticos, massim relacionar o aumento dos impactos do tipo II e III a intensi-cação da urbanização do litoral. A soma dos níveis de água pre-

    cisam ultrapassar 4m para que haja alagamento de alguns trechoscosteiros no litoral de Fortaleza. O método baseado em previsões(ondas e marés) pode ser aplicado nas denições dos impactos

    provocados por ressacas do mar. Contudo, é imprescindível pro-ceder, no futuro, correlação direta com dados observacionais.Em Fortaleza a intensa urbanização da costa é fator condi-

    cionante da vulnerabilidade deste litoral a eventos de alta energia(ressacas do mar). Nesse caso as estruturas de engenharia costeiranão são completamente ecazes na defesa do patrimônio edica-do, ocorrendo destruições de bens públicos (estrada, calçadão epostes de energia) e privados (casas e barracas de praia) e alaga-mento de alguns trechos da costa. Porm, constata-se que o mé-todo baseado em relatos de jornais foi um importante indicadorna análise dos impactos socioambientais, permitindo estabelecerinter-relações entre a dinâmica do meio e as consequências quenão seriam possíveis de analisar apenas com dados observacio-

    nais. Contudo, é imprescindível proceder, no futuro, correlação

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    2Ressacas do Mar/Temporais e Gestão Costeira direta com dados medidos, complementados com modelos com-putacionais, para que se possam estabelecer com mais detalhes erigor os limiares das ondas de ressaca e de maré com potencialpara induzirem impactos prejudiciais à sociedade.

    Agradecimentos:Os autores agradecem o apoio do Conselho Nacional de De-

    senvolvimento Cientíco e Tecnológico – CNPq (479255/2009-1 / 483811/2013-0) e a Fundação Cearense de Desenvolvimento

    Cientí co e Tecnológico – FUNCAP (PRONEX).6. Referências Bibliográ cas ALMEIDA, L. P., FERREIRA, O., PACHECO, A.T resholds formorphological changes on an exposed sandy beach as a function ofwave height.Earth Surface Processes and Landforms, v. 36, Issue 4,p. 523-532, 2010.

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