orientações para uso seguro de fluidos frigoríficos ... · sistemas com hidrocarboneto 111 5.1.1...

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Orientações para uso seguro de fluidos frigoríficos hidrocarbonetos Um manual para engenheiros, técnicos, instrutores e formuladores de políticas – Para uma refrigeração e climatização mais sustentável Projeto para o Setor de Serviços PROGRAMA BRASILEIRO DE ELIMINAÇÃO DOS Em cooperação com

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  • Orientaes para uso seguro de fluidos frigorficos hidrocarbonetos Um manual para engenheiros, tcnicos, instrutores e formuladores de polticas Para uma refrigerao e climatizao mais sustentvel

    Projeto para o Setor de Servios

    PROGRAMABRASILEIRO DEELIMINAO DOS

    Em cooperao com

  • Orientaes para uso seguro de fluidos frigorficos hidrocarbonetos Um manual para engenheiros, tcnicos, instrutores e formuladores de polticas Para uma refrigerao e climatizao mais sustentvel

  • Editado porDeutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbHSedes registradasBonn e Eschborn Proklima Dag-Hammarskjld-Weg 1-5 65760 Eschborn, AlemanhaTelefone: +49 6196 79 -1022Fax: +49 6196 79 80 - 1022 www.giz.de/[email protected]

    Gerente do programa: Bernhard Siegele,[email protected]

    Em nome doMinistrio Federal Alemo da Cooperao Econmica e Desenvolvimento (BMZ) Diviso do Meio Ambiente e Uso Sustentvel de Recursos Naturais Dahlmannstrae. 453113 Bonn, AlemanhaTelefone: +49 228 99 535 0Fax: +49 228 99 535 3500www.bmz.de

    Co-Editado porMinistrio do Meio Ambiente (MMA)Secretaria de Mudanas Climticas e Qualidade AmbientalDepartamento de Mudanas Climticas, Gerncia de Proteo da Camada de OznioSEPN 505, Lote 2, Bloco B, Sala 303, Ed. Marie Prendi CruzCEP: 70.730-542 Braslia-DF, BrasilTelefone: +55 61 2028-2248Fax: +55 61 2028-2908www.mma.gov.br

    Autor PrincipalDaniel Coulbourne, Proklima, [email protected]

    Autores ColaboradoresRolf Huehren, Proklima, [email protected]

    Bernhard Schrempf, TV SD, [email protected] TV SD Industrie Service GmbH Westendstr. 199 80686 MnchenAlemanha

    Stefanie von Heinemann, Proklima, [email protected]

    Sabine Meenen, TV SD, [email protected]

    EditoresDr. Volkmar Hasse, GIZ Dr. Daniel Colbourne, ProklimaLinda Ederberg, ProklimaRolf Huehren, Proklima

    Revisor EspecialistaStephen Benton (Cool Concerns Ltd)Pedro Serio

    Foto da Capaice cube Katarzyna Krawiec Fotolia.com

    Projeto GrficoLeandro Celes

    Impresso em GrficaQualyt Grfica Editora Ltda

    Braslia, setembro de 2015.

    Catalogao na Fonte

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    B823o Brasil. Ministrio do Meio Ambiente.

    Orientaes para uso seguro de fluidos frigorficos hidrocarbonetos: um manual para enge-nheiros, tcnicos, instrutores e formuladores de polticas para uma refrigerao e climatizao mais sustentvel / Ministrio do Meio Ambiente. Braslia: MMA, 2015.

    344 p. ; Il. Color.

    ISBN 978-85-7738-250-7

    1. Manual (Refrigerao). 2. Ar condicionado. 3. Camada de oznio. 4. HCFCs-PBH. 5. Protocolo de Montreal. I. Ministrio do Meio Ambiente. II. Secretaria de Mudanas Climticas e Qualidade Ambiental. III. Departamento de Mudanas Climticas. IV. Ttulo.

    CDU(2.ed.)621.565

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE. Orientaes para uso seguro de fluidos frigorficos hidrocarbonetos: um manual para engenheiros, tcnicos, instrutores e formuladores de polticas para uma refrigerao e climatizao mais sustentvel. Braslia: MMA, 2015. 344 p.

    mailto:[email protected]

  • Nota: Esta Publicao uma traduo da edio de 2010 publicada pela GTZ* Proklima no idioma ingls com atualizaes.

    A traduo desta Publicao foi realizada por meio do Programa Brasileiro de Eliminao dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministrio do Meio Ambiente (MMA), por meio da Gerncia de Proteo da Camada de Oznio vinculada Secretaria de Mudanas Climticas e Qualidade Ambiental.

    *Desde 1 de Janeiro de 2011, a GIZ rene as capacidades e experincias de trs organizaes: a Deutscher Entwicklungsdienst (DED) GmbH (Servio Alemo de Desenvolvimento), a Deutsche Gesellschaft fr Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH (Cooperao tcnica alem) e InWEnt gGmbH (Capacitao Internacional).

  • 4

    PROKLIMA um programa da Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, comissionado pelo Ministrio Federal Alemo da Cooperao Econmica e Desenvolvimento (BMZ).

    O programa PROKLIMA vem oferecendo apoio tcnico e financeiro aos pases em desenvolvimento desde 1996, para implementar as clusulas do Protocolo de Montreal sobre Substncias que Destroem a Camada de Oznio.

    O objetivo desta publicao da GIZ Proklima apresentar as informaes existentes e orientaes relativas utilizao segura de fluidos frigorficos hidrocarbonetos, mas tambm para informar de modo abrangente a forma com que todas as etapas do tempo de vida do sistema so abordadas de maneira interligada.

    Reconhece-se que simplesmente descrever requisitos tcnicos nem sempre suficien-te por si s para garantir que um elevado nvel de segurana seja alcanado e, tam-bm, importante a introduo de uma infraestrutura slida e adequada. Por exemplo, os rgos como o governo ou a indstria podero criar regimes de certificao de treinamento tcnico, ou fabricantes, distribuidores ou empresas contratantes podero organizar seus sistemas de gesto de qualidade para ajudar na melhoria contnua dos nveis de segurana, etc. Todas estas so consideraes importantes.

    Este manual dever funcionar como um guia para os formuladores de normas envol-vidos com a formulao de polticas de mbito nacional para apoiar o uso de fluidos frigorficos naturais (ou seja, aspectos regulatrios, normas, etc.) e tambm para os fabricantes e instaladores de equipamentos de HCFC e HFC, os quais podero avaliar de modo confivel a adequao das opes de hidrocarbonetos e, posteriormente, im-plement-las.

    A GIZ PROKLIMA fez uma parceria com a TV SD para garantir que o sistema de se-gurana fosse descrito a partir de dois ngulos, tanto do ponto de vista de terceiros (third party) como de uma agncia implementadora. Ambas as organizaes traba-lham com a implementao de fluidos frigorficos inflamveis e se uniram para desen-volver essas orientaes.

  • 5

    ndice

    PREFCIO 17

    PARTE 1: INFRAESTRUTURA DE SEGURANA 21

    1.1 INTRODUO GERAL 211.1.1 Informaes bsicas 211.1.2 Utilizao do manual 221.1.3 Conceito do manual 241.1.4 Consideraes para os formuladores de polticas 271.1.5 Principais estgios durante o tempo de vida dos equipamentos 28

    1.2 SEGURANA BSICA PARA O USO DE FLUIDOS FRIGORFICOS INFLAMVEIS 301.2.1 Introduo 301.2.2 Classificao do grupo de segurana dos fluidos frigorficos HCs 311.2.3 Consideraes bsicas para trabalhar com fluidos frigorficos inflamveis 33

    1.3 DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE SEGURANA 341.3.1 Introduo 341.3.2 Desenvolvimento de polticas 351.3.3 Gesto e preparao dos funcionrios 361.3.4 Planejamento e definio das orientaes 371.3.5 Avaliao de desempenho 391.3.6 Auditoria e reviso 40

    1.4 IDENTIFICAO DOS PARCEIROS DE COOPERAO 401.4.1 Introduo 401.4.2 Associaes da indstria 411.4.3 Institutos e associaes tcnicas 411.4.4 Agncias de desenvolvimento 421.4.5 Autoridades nacionais 421.4.6 rgos de padronizao 441.4.7 Organismos de acreditao 45

    1.5 MODELO DE REGULAMENTAES E NORMAS 461.5.1 Introduo 461.5.2 Regras nacionais de sade e segurana 461.5.3 Regulamentaes 471.5.4 Normas 471.5.5 Outras publicaes 53

    PARTE 2: SISTEMAS DE QUALIDADE RELACIONADOS SEGURANA 54

    2.1 INTRODUO 542.1.1 Viso geral 542.1.2 Sistemas de controle de qualidade 56

  • 2.2 ELEMENTOS DE ENTRADA (INPUTS) 59

    2.3 TESTES 602.4.1 Introduo 622.4.2 Utilizao de servios de inspeo terceirizados 632.4.3 Funcionamento de um organismo de inspeo 632.4.4 Aspectos prticos das inspees 64

    2.5 MONITORAMENTO 65

    2.6 FEEDBACK E AO PREVENTIVA/CORRETIVA 66

    2.7 ACREDITAO E CERTIFICAO 67

    PARTE 3: TREINAMENTO 70

    3.1 INTRODUO AO TREINAMENTO 703.1.1 Significado do treinamento 703.1.2 Reconhecimento da importncia do treinamento 713.1.3 Conceito do treinamento e certificao 723.1.4 Treinamento para tcnicos de servio em campo 73

    3.2 ESTRUTURA DAS INSTALAES DO LOCAL DE TREINAMENTO 743.2.1 Introduo 743.2.2 Configurao ideal do local de treinamento prtico 743.2.3 Ferramentas e equipamentos 753.2.4 Implicaes da situao do local 77

    3.3 SISTEMA DE GESTO 783.3.1 Introduo 783.3.2 Necessidades de recursos 803.3.3 Avaliao 813.3.4 Mtodo para certificao de pessoas 813.3.5 Registro de tcnicos e empresas (licenciamento) 843.3.6 Inspeo das operaes e do monitoramento 84

    3.4 CONTEDO DAS NORMAS PARA TREINAMENTO DE REFRIGERAO 853.4.1 Introduo 853.4.2 Categorizao dos tpicos do ARC e descrio das competncias do ARC 863.4.3 Contedo programtico adicional para fluidos frigorficos HCs 863.4.4 Exemplo de critrios de avaliao 86

    3.5 TREINAMENTO DE PROJETO E DESENVOLVIMENTO 863.5.1 Introduo 863.5.2 Treinamento tcnico bsico 873.5.3 Treinamento bsico de produtos 873.5.4 Treinamento fundamental 873.5.5 Treinamento secundrio 87

  • 7

    3.6 TREINAMENTO DE PRODUO 883.6.1 Procedimentos de trabalho na rea de produo 883.6.2 Conscientizao dos funcionrios da produo 883.6.3 Equipe a ser treinada 883.6.4 Identificao das reas 883.6.5 Mudanas na situao de trabalho 893.6.6 Reviso dos procedimentos 893.6.7 Treinamento da equipe para distribuio 89

    PARTE 4: INFRAESTRUTURA DA LINHA DE PRODUO E FABRICAO 91

    4.1 INTRODUO 91

    4.2 FORNECIMENTO DE FLUIDO FRIGORFICO 924.2.1 Armazenamento de fluido frigorfico 924.2.2 Bombeamento do fluido frigorfico e controle de abastecimento 944.2.3 Tubulao de distribuio e armazenamento de fluido frigorfico 94

    4.3 PRODUO DE EQUIPAMENTOS 944.3.1 reas de realizao da carga de fluido frigorfico 944.3.2 rea de reparos de equipamentos e recolhimento de fluido frigorfico 954.3.3 Outras reas de trabalho 95

    4.4 SISTEMA DE SEGURANA DA FBRICA 964.4.1 Introduo 964.4.2 Deteco de gs 974.4.3 Sistema de ventilao 974.4.4 Alarmes de advertncia 974.4.5 Sistema de controle 974.4.6 Marcao e sinais 984.4.7 Instrues e procedimentos 98

    4.5 CONSIDERAES PARA REAS DE SERVIOS/REPAROS 994.5.1 Introduo 994.5.2 Layout da rea 994.5.3 Sistema de segurana da rea de servio 1014.5.4 Prticas de trabalho 1014.5.5 Equipamentos para rea da oficina 101

    4.6 TRANSPORTE DOS SISTEMAS 1024.6.1 Introduo 1024.6.2 Transporte terrestre 1034.6.3 Transporte martimo 1034.6.4 Transporte areo 103

    4.7 ARMAZENAMENTO DOS SISTEMAS 1034.7.1 Introduo 1034.7.2 Avaliao de riscos 1054.7.3 Poltica de preveno de acidentes 1064.7.4 Configurao dos locais de armazenamento 1064.7.5 Procedimentos gerais 108

  • 8

    4.7.6 Procedimentos de expedio/recebimento 1084.7.7 Procedimentos de manuteno de registros 1094.7.8 Procedimentos relacionados a equipamentos danificados 109

    PARTE 5: PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE EQUIPAMENTO 111

    5.1 INTRODUO AOS CONCEITOS DE PROJETO PARA OPERAO SEGURA DE SISTEMAS COM HIDROCARBONETO 1115.1.1 Segurana integrada 1115.1.2 Outras consideraes de segurana 114

    5.2 PREVENO DE VAZAMENTO 1155.2.1 Introduo 1155.2.2 Princpios gerais de projeto 1165.2.3 Consideraes relacionadas ao projeto e instalao da tubulao 1185.2.4 Consideraes relacionadas ao projeto e instalao dos principais componentes do sistema 1185.2.5 Consideraes relacionadas s selees das vlvulas 1195.2.6 Deteco de vazamento 119

    5.3 LIMITES DE QUANTIDADE DE CARGA DE FLUIDO FRIGORFICO 1215.3.1 Introduo 1215.3.2 Categorias de ocupao 1225.3.3 Ocupaes de Categoria A (ocupao geral) 1245.3.4 Ocupaes de Categoria B (ocupao supervisionada) 1245.3.5 Ocupaes de Categoria C (ocupao autorizada) 1255.3.6 rea desocupada 1265.3.7 Clculo das quantidades de carga permitidas (MPER) 1265.3.8 Fluxo de ar do equipamento 127

    5.4 REDUO DA QUANTIDADE DE CARGA 1315.4.1 Introduo 1315.4.2 Conceito geral 1315.4.3 Consideraes relacionadas a cada tipo de componente do sistema 133

    5.5 FONTES DE IGNIO E MTODOS DE PREVENO 1375.5.1 Introduo 1375.5.2 Superfcies quentes 1375.5.3 Fontes de ignio provenientes de componentes eltricos 1385.5.4 Orientaes relacionadas s peas dos ventiladores 1395.5.5 Consideraes adicionais 1405.5.6 Testes de simulao de vazamento para fontes potenciais de ignio 142

    5.6 PROJETO DA INSTALAO DO SISTEMA 1495.6.1 Introduo 1495.6.2 Requisitos gerais para a instalao de sistemas dentro de locais fechados 1495.6.3 Requisitos gerais para instalao de sistema em locais abertos 1495.6.4 Sala de mquinas 1515.6.5 Gabinetes ventilados 1545.6.6 Instalao da tubulao 1575.6.7 Sistemas indiretos ou secundrios 1595.6.8 Uso de dispositivos de segurana para controle de presso 159

  • 9

    5.6.9 Detector (fixo) de fluido frigorfico 1645.6.10 Integrao dos conceitos de segurana 165

    5.7 SINALIZAO E INSTRUES 1695.7.1 Introduo 1695.7.2 Indicao e sinalizao 1695.7.3 Manuais e outras instrues 172

    5.8 ANLISE DE RISCO 1755.8.1 Introduo 1755.8.2 Tcnicas gerais de avaliao de riscos 1755.8.3 Metodologia especfica 1825.8.4 Caractersticas de inflamabilidade 1915.8.5 Vazamento de fluido frigorfico 1915.8.6 Disperso de vazamentos de fluido frigorfico 1945.8.7 Consequncias da ignio 199

    PARTE 6: OPERAO E INSTALAO DE SISTEMAS E EQUIPAMENTOS 204

    6.1 ATIVIDADES REALIZADAS PELOS TCNICOS E MANUSEIO DE FLUIDOS FRIGORFICOS 2046.1.1 Introduo 2046.1.2 Avaliao de risco 2056.1.3 Precaues gerais para a realizao dos servios 2096.1.4 Acessando o circuito de refrigerao 2116.1.5 Recolhimento de fluido frigorfico 2126.1.6 Liberao de fluido frigorfico 2146.1.7 Reparo de vazamentos 2156.1.8 Verificao de vazamento (teste de estanqueidade) 2166.1.9 Teste de resistncia (presso) 2176.1.10 Evacuao do sistema 2176.1.11 Carga de fluido frigorfico 2186.1.12 Reparos dos componentes eltricos 2196.1.13 Verificaes de rotina do sistema 2206.1.14 Deteco de gs 2216.1.15 Manuseio do cilindro 221

    6.2 INSTALAO DO EQUIPAMENTO 2246.2.1 Introduo 2246.2.2 Preparao 2246.2.3 Conformidade com as orientaes de segurana 2256.2.4 Local de trabalho 2276.2.5 Realizao de testes 2286.2.6 Sinalizao e documentao 228

    6.3 COMISSIONAMENTO DE SISTEMAS E INSTALAES 2286.3.1 Introduo 2286.3.2 Requisitos de comissionamento 2296.3.3 Aspectos preliminares do projeto 2306.3.4 Especificao 2316.3.5 Pr-comissionamento 232

  • 10

    6.3.6 Manuseio do fluido frigorfico 2356.3.7 Configuraes e ajustes 2356.3.8 Partida, parada e operao inicial do sistema 2366.3.9 Entrega final e documentao da instalao 237

    6.4 CONVERSES NO LOCAL E NA OFICINA 2376.4.1 Princpios bsicos e avisos 2376.4.2 Consideraes que afetam as converses 2406.4.3 Realizao de converses 242

    6.5 DESMONTAGEM 247

    PARTE 7: ESTUDO DE CASOS 248

    7.1 Introduo 248

    7.2 Benson ar-condicionado (Austrlia) 249

    7.3 Carter Retail Equipment (Reino Unido) 250

    7.4 DeLonghi (Itlia) 251

    7.5 JCI (Dinamarca) 252

    7.6 Hindustan Unilever / Kwality Walls Ice Cream (ndia) 253

    7.7 Lidl (Alemanha) 256

    7.8 Palfridge (Suazilndia) 258

    7.9 Victorian Transport Refrigeration Transporte refrigerado e A/C de veculo (Austrlia) 260

    7.10 Parceria da Waitrose com a John Lewis (Reino Unido) 262

    BIBLIOGRAFIA, NORMAS E LEITURA ADICIONAL 264

    ABREVIAES 269

    GLOSSRIO 271

  • 11

    ANEXOS 278

    ANEXO1:ASPECTOSTCNICOSQUENOESTORELACIONADOSSEGURANA 278

    ANEXO2:EXEMPLODOSPROCEDIMENTOSDECONVERSO 285

    ANEXO3:RELAODOSPARCEIROSDECOOPERAO 290

    ANEXO4:CARACTERSTICASINFLAMVEISDOSHCs 297

    ANEXO5:CLCULODECONCENTRAOEMCASODEVAZAMENTO 302

    ANEXO6:EQUIPAMENTOPARAOTREINAMENTODOSTCNICOS 307

    ANEXO7:CONTEDODASNORMASPARATREINAMENTOTCNICO 320

    ANEXO8:EXEMPLODECRITRIOSDEAVALIAODOSTCNICOS 339

    ANEXO9:LIVRODEREGISTROSPARAUSODEFLUIDOSFRIGORFICOS 341

    ANEXO10:TABELASDEPRESSODEVAPOREDENSIDADEDELQUIDOS 342

  • 12

    Lista de TabelasTabela 1: Viso geral das vrias partes do manual e dos grupos-alvo ................................................................................................................23

    Tabela 2: Esquema de classificao de segurana dos fluidos frigorficos .......................................................................................................32

    Tabela 3: Resumo das normas de segurana relevantes ..............................................................................................................................................51

    Tabela 4: reas relevantes para criao do local de treinamento de HC ............................................................................................................75

    Tabela 5: Nveis de risco total associados com a aplicao de HCs em diferentes tipos de sistemas .............................................83

    Tabela 6: Recursos de segurana para tanques de armazenagem de fluido, reas e salas de cilindros e salas de bombas ..................................................................................................................................................................................................................................93

    Tabela 7: Intervalo tpico do vazamento de fluido frigorfico emprico mdio para tipos diferentes de sistema ..................... 116

    Tabela 8: Limites inflamveis e limites prticos de vrios fluidos frigorficos HCs .................................................................................. 122

    Tabela 9: Tipos de ocupao e exemplos ............................................................................................................................................................................. 123

    Tabela 10: Resumo das quantidades mximas e permitidas de cargas de fluido frigorfico de acordo com vrias normas ............................................................................................................................................................................................................................ 129

    Tabela 11: Viso geral dos diversos requisitos de teste para diferentes tipos de equipamento........................................................ 147

    Tabela 12: Identificao da Categoria de PE para sistemas de HC que utilizam vasos de presso e tubulaes de tamanho pequeno ...................................................................................................................................................................................................... 161

    Tabela 13: Exemplo de mtodos de deteco e aes preventivas, bem como seus nveis de eficcia ......................................... 166

    Tabela 14: Viso geral de informaes necessrias para manuais .................................................................................................................... 174

    Tabela 15: Exemplo de algumas perguntas FMEA para um sensor de deteco (fixo) de gs inflamvel. ................................. 177

    Tabela 16: Exemplo de aplicao de HazOp durante o procedimento de carga de fluido frigorfico HC no sistema ............. 182

    Tabela 17: Critrios de risco aceitvel mximo sugerido .......................................................................................................................................... 190

    Tabela 18: Exemplos de causas de vazamento, taxa de desenvolvimento e preveno .......................................................................... 192

    Tabela 19: reas de aplicao para fluidos frigorficos naturais - Refrigerao ........................................................................................ 241

    Tabela 20: Fatores de converso (Cf1) para estimar a quantidade da carga de HC equivalente ........................................................ 242

    Tabela 21: Fluidos frigorficos HCs e suas propriedades bsicas ......................................................................................................................... 278

    Tabela 22: Compatibilidade e solubilidade dos HCs com diferentes tipos de leos .................................................................................. 279

    Tabela 23: Fluidos frigorficos HCs usados para substituir os fluidos frigorficos SDOs e HFCs ........................................................ 280

    Tabela 24: Propriedades inflamveis de alguns fluidos frigorficos HCs .......................................................................................................... 298

  • 13

    Lista de FigurasFigura 1: Viso geral do conceito usado nesse manual .................................................................................................................................................25

    Figura 2: Indicao da relevncia de cada parte do manual ......................................................................................................................................26

    Figura 3: Viso geral dos estgios do tempo de vida dos equipamentos, pessoas-chave e grupos de tpicos que podem ser necessrios para execuo do trabalho ....................................................................................................................................................29

    Figura 4: Tringulo de fogo .............................................................................................................................................................................................................33

    Figura 5: Viso geral dos principais elementos do sistema de gerenciamento de segurana................................................................35

    Figura 6: Viso geral dos vnculos entre organizaes de padronizao internacionais, europeias e nacionais (organismos nacionais so mostrados como exemplos) ..........................................................................................................................45

    Figura 7: Hierarquia de regulamentaes, normas e orientaes do setor ......................................................................................................46

    Figura 8: Mtodo tpico de implementao da norma de segurana ......................................................................................................................48

    Figura 9. Aspectos de um sistema de refrigerao implcito nas normas de segurana ..........................................................................49

    Figura 10: Principais normas europeias e internacionais que tratam de fluidos frigorficos HCs, comits tcnicos e pessoas envolvidas com as associaes .....................................................................................................................................................50

    Figura 11: Viso geral de um sistema de qualidade para tratar de questes de segurana ...................................................................56

    Figura 12: Tipos mais comuns de testes e onde eles so executados ..................................................................................................................61

    Figura 13: Exemplo de representao esquemtica da estrutura tpica do sistema educacional (incluindo VET) na Alemanha ........................................................................................................................................................................................................................77

    Figura 14: Viso geral de um sistema de qualidade geral aplicado ao treinamento, certificao e registro de tcnicos ....79

    Figura 15: Cronograma sugerido para introduo passo a passo de fluidos frigorficos hidrocarbonetos de acordo com o nvel de risco ..............................................................................................................................................................................................................83

    Figura 16: Viso geral das categorias de treinamento a serem consideradas ................................................................................................86

    Figura 17: Processo de fabricao tpico, identificando as reas nas quais vazamentos de fluido frigorfico podem ocorrer ................................................................................................................................................................................................................................92

    Figura 18: Exemplos de sinalizao apropriada ................................................................................................................................................................98

    Figura 19: Layout sugerido para rea de servios /reparos .................................................................................................................................... 100

    Figura 20: Mtodo geral o qual dever ser respeitado nos casos de armazenamento e estocagem de equipamentos .......... 104

    Figura 21: Fluxograma indicando os passos de projeto para introduzir substncias inflamveis com segurana ................ 111

    Figura 22: Uma indicao da tendncia a vazamento de cada um dos diferentes componentes ....................................................... 117

    Figura 23: Determinao da quantidade de carga mxima de fluidos frigorficos HCs e tamanho da sala ................................. 130

    Figura 24: Ilustrao de como a carga de fluido frigorfico especfica pode variar conforme a capacidade de refrigerao do sistema e intervalo de temperatura de aplicao .......................................................................................................................... 132

    Figura 25: Variao da carga de fluido frigorfico especfica para, aproximadamente, 250 aparelhos de ar-condicionado split usando R22, de nove fabricantes diferentes ................................................................................................................................. 132

    Figura 26: Exemplo de distribuio de carga de fluido frigorfico dentro de um ar-condicionado do tipo split ....................... 133

    Figura 27: Ilustrao dos benefcios da reduo do dimetro do tubo do condensador com R290 .................................................. 135

    Figura 28: Indicao da distncia segura de um sistema de refrigerao .................................................................................................. 151

    Figura 29: Sugesto para entradas e sadas de ventilao mecnica para uma sala de mquinas ................................................ 154

    Figura 30: Diagrama esquemtico de opes para gabinetes ventilados ........................................................................................................ 156

    Figura 31: Fluxograma para determinar os meios adequados de proteo contra presso excessiva ......................................... 163

    Figura 32: Efeito da reduo de carga de fluido frigorfico em determinados parmetros de um sistema, para um sistema com dispositivo de expanso termosttica (esquerda) e um sistema com um tubo capilar (direita) baseado em temperatura externa de 35 graus .................................................................................................................................................................... 167

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    Figura 33: Alterao na concentrao de fluido (acumulado no piso da sala) atravs da ativao e desativao do fluxo de ar (note que essa ilustrao no indica que uma opo mais eficaz do que outra, a diferenciao serve apenas para um melhor esclarecimento do diagrama)...................................................................................................................... 168

    Figura 34: Uso de uma vlvula solenoide normalmente fechada em um sistema remoto ou dividido ........................................... 169

    Figura 35: Alguns sinais de proibio que podem ser utilizados durante o manuseio do fluido frigorfico e as outras atividades ...................................................................................................................................................................................................................... 171

    Figura 36: Alguns sinais de aviso que podem ser aplicados aos equipamentos e reas de trabalho ............................................ 171

    Figura 37: Alguns sinais obrigatrios para uso em equipamentos ...................................................................................................................... 171

    Figura 38: Alguns sinais obrigatrios para uso em reas de trabalho .............................................................................................................. 172

    Figura 39: Sinalizao de risco de gs inflamvel .................................................................................................................................................... 172

    Figura 40: Perguntas a serem feitas para cada componente em um sistema como parte de um FMEA .................................. 176

    Figura 41: Exemplo da definio de riscos, com base na frequncia da ocorrncia de um evento no planejado e no valor do custo dos danos causados por consequncia desse evento: A inaceitvel, G aceitvel .............. 177

    Figura 42: Exemplo de uma rvore de eventos para um vazamento de gs inflamvel de uma tubulao ......................... 179

    Figura 43: Exemplo de uma rvore de falha conduzindo a um evento top que uma ignio de um gs inflamvel proveniente de um SOI desprotegido ........................................................................................................................................................... 180

    Figura 44: Tpico diagrama de fluxo de trabalho para realizao de uma anlise HazOp ................................................................... 181

    Figura 45: Sequncia bsica de eventos que causam risco relacionados aos fluidos frigorficos inflamveis ......................... 183

    Figura 46: Mapa de modos, locais e pblico-alvo a serem considerados na anlise de risco ............................................................ 184

    Figura 47: Diagrama de Venn indicando as ocorrncias necessrias para ignio .................................................................................... 186

    Figura 48: Propores de volume-tempo inflamvel presentes no nvel inferior para vrias situaes diferentes .............. 187

    Figura 49: Exemplo de uma curva de frequncia-consequncia para ignio de fluido frigorfico inflamvel a partir de vazamentos de tamanhos diferentes em unidade interior, unidade exterior e espao ocupado para um ar condicionado ................................................................................................................................................................................................................ 190

    Figura 50: Exemplo de uma distribuio de tamanhos de vazamentos para um conjunto de sistemas, nos quais grandes vazamentos no so frequentes, mas pequenos vazamentos so muito mais frequentes ........................................... 193

    Figura 51: Exemplo de orifcios de vazamento de fluido frigorfico por corroso ....................................................................................... 193

    Figura 52: Mtodo de medio da taxa de vazamento de um componente, conexo ou outro elemento ....................................... 194

    Figura 53: Ilustrao da regio inflamvel aps um vazamento de fluido frigorfico de um evaporador dentro de uma sala .................................................................................................................................................................................................................................. 195

    Figura 54: Ilustrao da regio inflamvel aps um vazamento de fluido frigorfico dentro do gabinete do equipamento e o escape gradual da mistura ......................................................................................................................................................................... 195

    Figura 55: Concentrao mxima sobre o cho aps o vazamento de uma determinada quantidade de R290 em uma sala de 25 m2 com tempos diferentes de vazamento .......................................................................................................................... 196

    Figura 56: Concentrao mxima sobre o cho aps o vazamento de 300 g em uma sala de 25 m2 para alturas e tempos diferentes de vazamento .................................................................................................................................................................... 196

    Figura 57: Concentrao mxima sobre o cho para um vazamento de 0,5 kg dentro de uma sala entre um perodo de 7 minutos sem nenhum fluxo de ar dentro da sala ................................................................................................................................... 197

    Figura 58: Concentrao mxima sobre o cho para um vazamento dentro de uma sala com uma massa correspondente a 8 g/m3 entre um perodo de 7 minutos, com e sem fluxo de ar ................................................................................................. 197

    Figura 59: Efeito da velocidade de ar mdia na sala de um vazamento em uma sala de 25 m2. Para uma velocidade de ar suficientemente alta, a concentrao mxima a mesma que a concentrao mdia sobre o cho ............... 198

    Figura 60: Efeito da rea do duto de sada do ar em relao a concentrao sobre o cho de um vazamento de 0,5 kg em 7 min dentro de uma sala de 25 m2. Uma menor rea de duto proporciona uma velocidade mais alta que consequentemente cria uma melhor mistura ........................................................................................................................................... 198

    Figura 61: Efeito da altura do vazamento em relao altura da descarga de ar, quando o duto est na mesma altura do vazamento, e quando a altura do duto fixa ............................................................................................................................................ 199

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    Figura 62: Variao na concentrao sobre o cho para diferentes fluidos frigorficos HC, em relao a uma faixa de vazo de ar ................................................................................................................................................................................................................... 199

    Figura 63: Processo de combusto levando s consequncias .............................................................................................................................. 200

    Figura 64: Exemplos de desenvolvimento de sobrepresso da sala sob diferentes situaes ........................................................... 202

    Figura 65: Exemplos de desenvolvimento de sobrepresso do compartimento com construes diferentes............................ 202

    Figura 66: Identificao das atividades que possam envolver emisso de fluido frigorfico ............................................................... 208

    Figura 67: Diagrama ilustrando o posicionamento e a forma que a mangueira de liberao deve ser instalada ................... 215

    Figura 68: Procedimento geral para a instalao de sistemas e equipamentos ......................................................................................... 224

    Figura 69: Resumo de limites de quantidade de carga de fluido frigorfico HC para um circuito nico dentro de um espao ocupado, de acordo com o tipo de sistema .............................................................................................................................. 225

    Figura 70: Viso geral e sequncia dos estgios mais importantes envolvidos no comissionamento ........................................... 230

    Figura 71: Quadro indicativo para auxiliar na deciso sobre a possibilidade de converter um sistema, para que ele passe a utilizar fluido frigorfico HC, em conformidade com as normas relevantes ....................................................... 239

    Figura 72: Fluxograma indicando a sequncia de atividades para converter um sistema para o uso de fluido frigorfico HC ................................................................................................................................................................................................................ 246

    Figura 73: Variao da temperatura de autoignio, conforme a concentrao do gs .......................................................................... 299

    Figura 74: Variao da energia mnima de ignio, conforme a concentrao do gs ............................................................................. 299

    Figura 75: Variao do calor de combusto, conforme a concentrao do gs ............................................................................................ 300

    Figura 76: Variao de temperatura adiabtica da chama, conforme a concentrao do gs ............................................................ 300

    Figura 77: Variao da velocidade laminar da chama, conforme a concentrao do gs ...................................................................... 301

    Figura 78: Exemplo de diferentes concentraes no nvel do piso e a mdia dos valores .................................................................... 302

    Figura 79: Diagrama esquemtico dos parmetros envolvidos no clculo da concentrao ............................................................... 303

    Figura 80: Gradiente da evoluo da concentrao junto ao piso, em relao ao tempo ....................................................................... 305

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    Agradecimentos

    GIZ Proklima presta seus agradecimentos aos profissionais a seguir por suas valiosas contribuies para essa publicao:Alberto Aloisi, DeLonghiAlex Cohr Pachai, JCIAndreas Schwarz, LidlAtul Padalkar, Singhad CollegeBernhard Siegele, GIZ ProklimaBerty Jacob, UnileverBrent Hoare, Green Cooling AssociationIgor Croiset, GIZ ProklimaJoachim Schadt, LidlLes King, Waitrose / John Lewis PartnershipPeter Matthews, HSM Distributors AustraliaPiero Poggiali/Ronni Capodaglio, Galileo TP SrlRene van Gerwen, UnileverRohan Cox, VTRRoy Singh, PalfridgeSukumar Devotta

    Gostaramos de agradecer especialmente pela reviso, como especialista tcnico, a:Stephen Benton da Cool Concerns Ltd.

    Alm do mais, expressamos tambm nossos agradecimentos a todos os que nos auxiliaram na produo, pesquisa, edio e preparao visual:Rebecca Kirch, GIZ ProklimaEwa Macinski, GIZ Proklima

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    PREFCIO

    Por Dr. Volkmar Hasse, GIZ Proklima, Eschborn, maio de 2010

    Em 2007 os participantes do Protocolo de Montreal decidiram por uma eliminao progressiva dos hidro-clorofluorcarbonos (HCFCs), um grupo de substncias que destroem a camada de oznio (SDOs) e que possuem alto potencial de aquecimento global (GWP). Uma parte importante dessa deciso foi o acordo de assistncia a pases em desenvolvimento por parte do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal que devem priorizar tecnologias alternativas aos HCFCs, as quais minimizam os efeitos climticos e outros efeitos ambientais. Para isso, o GWP dos fluidos frigorficos alternativos deve ser o mais baixo possvel e a eficincia energtica dos equipamentos deve ser a maior possvel.

    O HCFC usado mais frequentemente em ar-condicionado o fluido frigorfico HCFC-22. Todas as alter-nativas convencionais facilmente disponveis para substituir o HCFC-22 so baseadas em gases hidrofluor-carbonos (HFC), os quais tambm possuem alto GWP.

    Algumas alternativas ao HCFC-22 que apresentam baixo GWP so inflamveis, porm em diferentes n-veis de inflamabilidade e, portanto, exigem precaues apropriadas. Dentre essas opes, as escolhas menos problemticas so os fluidos frigorficos naturais hidrocarbonetos (HC). Estes apresentam potenciais de aquecimento global desprezveis e caso venham a pegar fogo no produziro gases nocivos. Na verdade, o fluido frigorfico hidrocarboneto HC-290 um propano altamente refinado, sendo que este gs utilizado globalmente na cozinha.

    A introduo de hidrocarbonetos como substitutos ao HCFC-22 ser um fator importante na preveno de emisses de gases com alto poder de contribuio para o efeito estufa, que esto aumentando progres-sivamente. Isso necessrio para ajudar na preveno das catstrofes climticas previstas para este sculo, as quais afetariam mais severamente os pases em desenvolvimento. , portanto, responsabilidade da nossa gerao facilitar essa transio e torn-la possvel. Os benefcios ambientais dessa tecnologia so fundamen-tais e podem ajudar literalmente a salvar milhes de vidas.

    Ainda que evitar as mudanas climticas seja o mais importante desafio dos nossos dias, continua sendo importante prestar ateno aos detalhes de como esto ocorrendo as converses para os fluidos frigorficos hidrocarbonetos mais sustentveis, para evitar acidentes desnecessrios causados por falta de conhecimento ou negligncia.

    H atualmente um enorme crescimento do uso de HCFCs e HFCs nos pases em desenvolvimento. Isso alarmante, visto que claramente anula os esforos mundiais para conter outros gases de efeito estufa menos potentes. Alm disso, proporciona um desperdcio econmico, pois pode-se prever que os atuais esforos internacionais que visam uma reduo de HFC exigiro converses industriais mais caras em um futuro prximo. Muitos pases em desenvolvimento j perceberam essa situao e esto buscando uma converso para tecnologias sustentveis e definitivas. Os pases em desenvolvimento expressaram, em diversas vezes, suas preferncias pela introduo de tecnologias com base em fluidos frigorficos naturais com nenhum ou com insignificante potencial de aquecimento global e maior eficincia energtica.

    Devido a esse fenmeno, o Comit Executivo do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal decidiu oferecer um aumento de 25% no financiamento dos planos de gerenciamento para eliminao dos HCF-Cs, caso sejam escolhidas alternativas de baixo GWP. Portanto, com a eliminao do HCFC-22 ser vanta-joso introduzir os fluidos frigorficos naturais.

    Contudo, quando os pases em desenvolvimento comearem a adotar hidrocarbonetos como fluidos frigorficos, as autoridades e empresas, assim como tcnicos e engenheiros autnomos, encontraro algu-mas barreiras na sua implantao. Muitas delas esto relacionadas falta de informaes e a percepes

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    equivocadas sobre a inflamabilidade, levando ao medo e relutncia. Mas, mesmo assim, observa-se a ado-o crescente de hidrocarbonetos nos pases em desenvolvimento, porm, infelizmente, com pouco conhe-cimento, o que resulta em condies operacionais perigosas do equipamento.

    Mesmo no podendo nos responsabilizar por qualquer converso de tecnologia, consideramos que essen-cial contribuir da melhor forma, fornecendo informaes sobre segurana de forma facilmente compreens-vel, a fim de garantir uma converso segura e sustentvel para os fluidos frigorficos naturais. importante destacar que todos j utilizam os gases hidrocarbonetos na vida diria, seja na cozinha , como gs de cozi-nha ou em refrigeradores; nos veculos, como um combustvel mais sustentveis que substitui a gasolina; e como gs propelente em produtos de higiene, tais como, desodorantes e spray para cabelos. Portanto, reco-nhecemos que os fluidos frigorficos hidrocarbonetos podem ser utilizados com segurana nas mais diversas aplicaes, incluindo aparelhos de ar-condicionado.

    Com este manual queremos dar um passo alm, com relao segurana, fornecendo informaes slidas e confiveis sobre as precaues que podem ser tomadas para evitar acidentes indesejveis.

    Este manual destinado a um pblico preocupado com a introduo de fluidos frigorficos hidrocarbone-tos em todos os nveis: projeto, fabricao, instalao, manuteno e reviso do equipamento, assim como o descarte ao final do seu tempo de vida e tem como objetivo:

    Ajudar os formuladores de polticas a incentivar a adoo nacional da tecnologia de hidrocarbonetos, com nfase na segurana e na tecnologia de ponta;

    Permitir que fabricantes e instaladores de equipamentos HCFC e HFC avaliem e posteriormente im-plantem as diferentes opes de hidrocarbonetos de forma adequada e confivel;

    Permitir a transio dos HCFCs diretamente para fluidos frigorficos naturais, ignorando a introduo de HFCs transitrios e de alto GWP;

    Para oferecer um servio ainda melhor para nossos pases parceiros, a GIZ Proklima formou uma aliana com TV SD, uma autoridade reconhecida em sistemas de segurana e qualidade.

    A GIZ Proklima tem a experincia de trabalhar, em primeira mo, com a introduo de fluidos frigorficos hidrocarbonetos em pases em desenvolvimento em nveis governamentais, industriais e de servios. Essa experincia vem sendo acumulada desde 1995, em aproximadamente 40 pases em desenvolvimento, co-meando com a introduo da tecnologia de hidrocarbonetos Greenfreeze para refrigeradores na China e na ndia, e por meio de extensivos programas de treinamento para tcnicos de refrigerao e ar-condicio-nado, atribuindo diversas questes complexas relacionadas ao setor de servios. A GIZ Proklima tambm implanta diversos projetos com fluido frigorfico natural no mundo todo, incluindo ar-condicionado, refri-gerao comercial e industrial.

    Como complemento, a TV SD oferece a experincia na avaliao de segurana de sistemas de refrigera-o no mundo todo, incluindo certificao e acreditao de equipamentos recentemente desenvolvidos. As contribuies da TV SD vo desde a definio da infraestrutura de controle de qualidade e inspees correspondentes, at o treinamento e a certificao.

    Este o momento ideal para a ampla introduo de novos fluidos frigorficos, mais baratos e sustentveis, nos pases em desenvolvimento, a fim de oferecer uma refrigerao mais sustentvel para sistemas de con-forto e processos. Uma mudana dos HCFCs (os quais destroem a camada de oznio) diretamente para fluidos frigorficos hidrocarbonetos contribuir para um crescimento mais verde das economias emergen-tes. Essa atitude evitar um acmulo imenso de emisses de gases de efeito estufa, contribuindo para a pre-servao do planeta para nossos filhos.

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    Por Bernhard Schrempf, TV SD, Munique, maio de 2010

    A aplicao de fluidos frigorficos naturais na indstria de refrigerao e ar-condicionado est aumentan-do, e isso se deve em grande parte s suas caractersticas ambientais favorveis. Por mais de um sculo, a amnia (R717) foi usada predominantemente em grandes sistemas de refrigerao (geralmente com ca-pacidades acima de 100 kW), e esse trajeto apresentou grande sucesso. Contudo, para sistemas de menor capacidade, o uso da amnia (R717) menos vivel por diversas razes tcnicas e pelo alto custo dos com-ponentes e equipamentos necessrios para esse tipo de fluido.

    Portanto, a adoo de outros fluidos frigorficos naturais, como os hidrocarbonetos propano (R290), propileno (R1270) e tambm o butano (R600a) pode ser amplamente utilizada. Esses fluidos frigorficos so obviamente muito inflamveis e explosivos, de forma que, enquanto sua aplicao como fluidos frigor-ficos produz excelentes benefcios ambientais, seu manuseio demanda uma especializao fundamental. Ou seja, desde que sujeita conformidade com certos princpios de segurana, a aplicao de fluidos frigorfi-cos hidrocarbonetos inflamveis pode ser realizada de forma to segura quanto a de qualquer outro tipo de fluido frigorfico.

    Este manual tem como objetivo informar a respeito das boas prticas de aplicao, manuseio e trabalho com fluidos frigorficos inflamveis, de modo que os sistemas e as operaes sejam conduzidos de forma segura. Alm das informaes gerais sobre segurana, este manual descreve formas de garantir a qualidade associada ao projeto e a construo de componentes e sistemas, e descreve tambm as prticas desejveis de manuseio que devem acompanhar seu uso.

    Alm disso, um dos aspectos mais importantes que o setor de refrigerao enfrenta hoje em dia o vaza-mento de fluido frigorfico. Essa questo importante para todos os grupos de fluidos frigorficos, e no somente aos inflamveis. Sistemas com vedao permanente oferecem tanto um alto nvel de segurana, quanto preservam a eficincia do sistema. Dessa forma, a questo da estanqueidade do sistema tambm abordada detalhadamente neste manual.

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    ATENO: AVISO LEGAL

    A GIZ e a TV SD no assumem quaisquer responsabilidades por declaraes feitas neste manual ou quaisquer aes tomadas por seus leitores ou usurios, as quais possam causar danos no intencionais ou leses como resultado de quaisquer recomendaes ou declaraes nele contidas. Embora todas as declara-es e informaes contidas neste documento sejam consideradas precisas e confiveis, elas so apresentadas sem garantia de qualquer espcie, explcitas ou implcitas. As informaes aqui fornecidas no excluem a responsabilidade do leitor ou usurio de realizar a sua prpria avaliao e anlise da situao. Sendo assim, o leitor ou usurio assume todos os riscos e responsabilidades no uso das informaes, aes e eventos ob-tidos. O leitor ou usurio no deve presumir que todos esses dados de segurana, medidas e orientaes sejam suficientes ou que outras medidas no possam ser exigidas. Este manual apenas faz recomendaes gerais sobre o uso de hidrocarbonetos como fluido frigorfico, e no substitui orientaes e instrues mais especficas. As leis nacionais e orientaes devem ser consultadas e respeitadas em todas as circunstncias. O manuseio de fluidos frigorficos inflamveis, com seus sistemas e equipamentos associados, deve ser reali-zado somente por tcnicos qualificados e treinados.

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    PARTE 1: INFRAESTRUTURA DE SEGURANA

    1.1 INTRODUO GERAL

    1.1.1 Informaes bsicasO interesse nos fluidos frigorficos a base de HC e sua aplicao esto em expanso, especialmente agora que o impacto dos fluidos frigorficos no aquecimento global est se tornando cada vez mais importante para o setor de refrigerao e ar-condicionado.

    A eliminao acelerada dos HCFCs sob o Protocolo de Montreal, em setembro de 2007, e uma regula-mentao prevista sobre emisses de gases fluorados em um futuro acordo sobre mudanas climticas no escopo de Montreal e Quioto intensificam a necessidade de substituio das substncias fluoradas ampla-mente utilizadas em favor de fluidos frigorficos sustentveis.

    Os fluidos frigorficos base de hidrofluorcarbono (HFC) com seu alto potencial de aquecimento global (GWP), bem como os fluidos frigorficos naturais sustentveis (como os hidrofluorcarbono, a amnia e o dixido de carbono) esto todos disponveis como tecnologias maduras para a maioria das aplicaes, tanto nos pases industrializados como naqueles em desenvolvimento. Se os HFCs continuarem a substituir os HCFCs de forma substancial, os benefcios climticos do Protocolo de Montreal podero ser perdidos em curto perodo de tempo. Apesar de suas propriedades superiores, os fluidos frigorficos naturais ainda per-manecem nas sombras, principalmente por causa das preocupaes exageradas em termos de segurana, as quais so raramente abordadas de modo apropriado.

    amplamente conhecido o fato de que os HCs so excelentes fluidos frigorficos em termos de desempe-nho e de seus aspectos desprezveis em relao ao impacto ambiental. Entretanto, existe um entendimento geral de que seu principal obstculo est relacionado sua inflamabilidade.

    Atualmente, as informaes sobre os problemas de segurana dos fluidos frigorficos naturais no esto consolidadas em um nico local ou material e com a evoluo contnua das normas de segurana muitas das informaes existentes publicadas esto cada vez mais desatualizadas. Para garantir um bom nvel de segurana necessrio que todos os estgios do tempo de vida do equipamento da concepo destrui-o sejam considerados. A maioria das publicaes atualmente disponveis somente aborda os elementos mais comuns do tempo de vida de um sistema, por exemplo, manuseio do fluido frigorfico, atividades de manuteno, orientaes de projeto, etc. Alm disso, algumas publicaes so muito bsicas ou incom-pletas, ao passo que outras (como as normas de segurana) parecem frequentemente complexas e exigem conhecimentos especializados para sua compreenso.

    Portanto, o objetivo desta publicao no somente comparar muitas das informaes e orientaes exis-tentes relacionadas ao uso seguro dos fluidos frigorficos HCs, mas tambm apresentar as informaes de modo compreensvel, no sentido de abordar todos os estgios do tempo de vida do sistema de forma correlacionada.

    Este manual dever funcionar como um guia para os formuladores de polticas, envolvidos no planejamen-to de polticas com abrangncia nacional, de modo a apoiar a utilizao dos fluidos frigorficos naturais (isto , aspectos de regulamentao, normas, etc.) e tambm para as empresas privadas que esto decidindo sobre a introduo de fluidos frigorficos HCs e que precisam de conhecimentos sobre todos os aspectos tcnicos, econmicos, ambientalmente relevantes e regulamentares na utilizao segura dos HCs.

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    Tambm tem sido reconhecido o fato de que a simples descrio dos requisitos tcnicos nem sempre su-ficiente por si s para garantir a obteno de um alto nvel de segurana, portanto, tambm importante considerar a introduo de uma infraestrutura robusta. Por exemplo, como rgos governamentais e in-dustriais podem estabelecer programas de treinamento tcnico, ou como os fabricantes, distribuidores ou empreiteiras podem organizar seus sistemas de gesto de qualidade para ajudar na melhoria contnua dos nveis de segurana, entre outros, so consideraes importantes.

    1.1.2 Utilizao do manualEsse manual aborda uma ampla gama de aspectos, como organizacionais, regulamentares e tcnicos.

    Desse modo, ele est dividido em vrias sees, cada qual sendo destinada a determinados grupos de usu-rios. As partes so as seguintes:

    Parte 1: Infraestrutura de segurana;

    Parte 2: Sistemas de qualidade relacionados segurana;

    Parte 3: Treinamento;

    Parte 4: Infraestrutura da linha de produo e fabricao;

    Parte 5: Projeto e desenvolvimento de equipamentos;

    Parte 6: Servios e atividades realizadas em sistemas e equipamentos;

    Parte 7: Estudos de casos.

    Para fornecer alguma orientao sobre quais grupos de usurios podero ser mais beneficiados da leitura de determinadas sees, um breve resumo e os grupos-alvo sugeridos esto listados na Tabela 1. Obvia-mente, que esses grupos no esto completos, mas, mesmo assim, podem ser utilizados para fornecer uma indicao sobre o tipo de conhecimento que pode ser obtido pela anlise dos elementos relevantes de uma determinada parte deste manual. Tambm se observa que, frequentemente, algum texto contido em uma parte faz meno ao texto de outra parte e, desse modo, cada parte no pode ser sempre independente. Por exemplo, para aqueles que trabalham com sistemas, o material da Parte 6 mais relevante, apesar de um tcnico tambm ter a eventual necessidade de conhecimento das regras que especificam os limites de carga dos fluidos frigorficos, abordados em detalhes na Parte 5, pois essas questes so basicamente um assunto de projeto. A Parte 7 fornece alguns estudos de caso e no inclui os requisitos para a utilizao de HCs, mas fornece algumas informaes sobre as experincias das empresas que passaram pelo processo.

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    Tabela 1: Viso geral das vrias partes do manual e dos grupos-alvo

    Parte Descrio Grupos-alvo Ligao com

    Parte 1: Infraestrutura de segurana

    Viso geral das implicaes dos HCs em todos os estgios do tempo de vida dos equipamentos e informaes bsicas para o gerenciamento de problemas de segurana

    Diretores e gerentes responsveis por: aspectos tcnicos, desenvolvimento de produto, linha de produo, treinamento; formuladores de polticas e autoridades nacionais; associaes de comrcio e institutos tcnicos

    Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6

    Parte 2: Sistemas de qualidade relacionados segurana

    Consideraes para preparao e operao de um sistema de gesto de segurana focando no manuseio de fluidos frigorficos HCs

    Gerentes e engenheiros responsveis por: produo de equipamentos, projetos; formuladores de polticas e autoridades nacionais

    Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6

    Parte 3: Treinamento

    Mtodo de implementao do treinamento de diferentes grupos de pessoas em diferentes temas e formas de transferncia de informaes

    Formuladores de polticas, unidades nacionais de oznio, instituies de treinamento/instrutores, professores e palestrantes

    Parte 4, Parte 5, Parte 6

    Parte 4: Infraestrutura da linha de produo e fabricao

    Aspectos gerais relacionados preparao da infraestrutura das linhas de produo e pequenas linhas de montagem (ex.: montagem de rack de supermercado) de sistemas e equipamentos utilizando HCs, bem como das reas destinadas aos servios de manuteno e reparo desses sistemas e equipamentos

    Gerentes e engenheiros envolvidos com: produo de equipamentos, manuteno e reparos

    Parte 2, Parte 5

    Parte 5: Projeto e desenvolvimento de equipamentos

    Elaborao das regras e informaes gerais relativas ao projeto e construo de sistemas utilizando HCs, e conceitos de avaliao de riscos para auxlio na avaliao da segurana dos equipamentos

    Engenheiros e tcnicos envolvidos com: desenvolvimento, projeto, comissionamento e manuteno de sistemas; associaes de comrcio e institutos tcnicos

    Parte 2

    Parte 6: Servios e atividades realizadas em sistemas e equipamentos

    Orientaes gerais para o manuseio prtico de fluidos frigorficos HCs e equipamentos durante a instalao, servio, manuteno e atividades relacionadas

    Todos os engenheiros e tcnicos de campo envolvidos com: servios, reparo, manuteno, descarte e manuseio de fluidos frigorficos; e associaes de tcnicos

    Parte 3, Parte 5

    Parte 7: Estudos de casos

    Exemplos de como as empresas tm adotado o uso de fluidos frigorficos HCs

    Fabricantes de sistemas, usurios finais e operadores

    Todas as partes

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    Alm disso, os anexos fornecem informaes suplementares para fins de consulta sobre:

    Aspectos tcnicos no relacionados segurana Este anexo contm algumas informaes gerais sobre a aplicao de fluidos frigorficos em sistemas de refrigerao comparando o comportamento dos fluidos frigorficos HCs com os fluidos frigorficos convencionais, e tambm uma viso geral dos tipos de sistemas e aplicaes que utilizam HCs normalmente;

    Exemplo de procedimentos de converso Fornece uma orientao ilustrada aos engenheiros e tcni-cos sobre como os sistemas podem ser convertidos para utilizao segura dos HCs;

    Parceiros de cooperao inclui uma seleo de diferentes tipos de parceiros que podem ser de interes-se, dependendo do pas ou da regio a considerar;

    Caractersticas de inflamabilidade dos HCs Descreve algumas caractersticas de inflamabilidade com o objetivo de esclarecer as implicaes das substncias inflamveis;

    Clculos de concentraes de fluido frigorfico Esse anexo inclui algumas informaes relacionadas estimativa da concentrao de fluido frigorfico decorrente de vazamentos que podem ser aplicadas a uma variedade de circunstncias diferentes em espaos confinados. Este tpico importante e visa auxi-liar nas avaliaes de segurana;

    Equipamentos para tcnicos Descreve uma lista razoavelmente extensa de ferramentas e equipamen-tos que sero normalmente necessrios ao trabalho ou conduo de seminrios relacionados a treinamen-to prtico sobre a utilizao dos HCs;

    Material para os mdulos de treinamento sobre refrigerao Essas informaes detalham os crit-rios dos requisitos mnimos em termos de habilidades e competncias dos tcnicos de refrigerao;

    Formulrio de registro da utilizao de fluidos frigorficos um exemplo de formulrio de dados que acompanha um sistema para que possa ser registrado seu histrico de servio e manuteno;

    Tabelas de presso-temperatura de vapor e densidade de lquido Essas tabelas podem ser utilizadas para estimar presses mximas de operao de diferentes fluidos frigorficos e tambm nos clculos para estimar as cargas de fluido frigorfico dos sistemas.

    O manual tambm complementado com um glossrio e uma bibliografia abrangentes, incluindo normas de segurana e cdigos de prticas relativos aos problemas de refrigerao, bem como as reas de risco e vrias outras fontes para leitura posterior.

    Por ltimo, reiteramos que a segurana desses sistemas e equipamentos requer a abordagem de muitos outros aspectos, como presso, mecnica, toxicidade e segurana eltrica, para os quais orientaes sobre segurana em geral e segurana de refrigerao devero ser consideradas.

    1.1.3 Conceito do manualPara ajudar o leitor na utilizao deste manual, apresentada uma viso geral de como ele compilado. Na Figura 1 ilustrada uma viso geral conceitual dos elementos importantes que contribuem para lidar com a segurana dos equipamentos de refrigerao e ar-condicionado (RAC) durante todo o seu tempo de vida. Os estgios conceituais gerais pelos quais o equipamento passa ao longo de sua vida esto indicados no centro da Figura 1, comeando com o seu projeto e terminando com o seu descarte ao final do tempo de vida. Cada um desses estgios requer normalmente informaes ligeiramente diferentes por causa das demandas especficas daquele estgio.

    As informaes so, principalmente, obtidas do setor, normalmente na forma de regulamentaes, normas de segurana e tambm informaes tcnicas essenciais. Essas informaes podem ento ser trans-postas para formatos mais usuais. Normalmente, isso feito pela indstria. Organismos especficos associados ao setor de RAC, como associaes da indstria, institutos tcnicos, universidades e faculdades e agncias de desenvolvimento (particularmente no caso dos pases A5) podem compilar as informaes das fontes do setor para criar orientaes gerais (destinadas ao setor industrial), cdigos de prtica e outros

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    materiais similares. De modo similar, organizaes privadas, como fabricantes, empreiteiras ou at mesmo empresas de treinamento tambm podem produzir suas prprias orientaes internas. Para isso, as informa-es podem ser obtidas de regulamentaes, normas, entre outros e tambm, se disponvel, das orientaes gerais. Com frequncia, as orientaes, com abrangncia setorial ou interna de uma organizao especfica, sero amplamente aplicveis a um ou dois dos estgios dos equipamentos (por exemplo, estgio de projeto ou instalao e estgio de manuteno).

    Figura 1: Viso geral do conceito usado nesse manual

    FEEDBACK

    APRENDIZAGEM

    ORGANIZAO

    KNOW-HOW DA INDSTRIA

    KNOW-HOW DO SETOR

    Regulamentaes

    Normas de segurana

    Fundamentos

    COLETA DE DADOS

    ESTGIO DO EQUIPAMENTO

    Design

    Fabricao

    Distribuio

    Instalao

    Servio, Manuteno

    Fim do ciclo de vida

    Diretrizes internas

    Testes

    Dados de campo

    Inspees

    Mtodo

    Diretrizes industriais

    ORGANIZAO / TERCEIROS

    Recomendaes

    Associaes industriais, institutos tcnicos, rgos de

    treinamento, agncias de desenvolvimento

    Treinamento

    Seminrios

    Workshops

    Leitura

    Prtica

    Certificao

    Aprovao

    Avaliao

    Verificao

    O modo pelo qual essas informaes so transferidas s pessoas diretamente envolvidas com os equipa-mentos em cada um dos estgios de seu tempo de vida de extrema importncia. Desse modo, a garantia de uma abordagem abrangente para aprendizagem essencial, podendo ocorrer na forma de treinamento tcnico, participao em seminrios e workshops prticos, leitura de literatura pertinente e colocao em prtica das informaes assimiladas. Tambm devem ser abordados os tpicos relevantes ao envolvimento da pessoa com o equipamento fornecendo uma viso geral de muitos dos problemas.

    Para assegurar que os projetos, prticas, operao e outras atividades sejam desenvolvidos conforme plane-jado, um processo de coleta de dados dever ser conduzido e pode ser voluntrio ou obrigatrio de acordo com determinadas estipulaes. Essa coleta de dados poder ser na forma de registro de mtodos ou proce-dimentos de trabalho, realizao de testes no local ou em laboratrio, inspees ou coleta e compilao de dados no campo.

    Esses dados podem ser ento utilizados de diferentes formas, internamente por algumas pessoas da organi-zao ou por terceiros. Os dados podem ser utilizados para avaliao da confiabilidade dos componentes, processos ou operaes. Tambm podem ser utilizados para verificar o atendimento de determinados crit-rios designados e, em alguns casos, aprovao e certificao de projetos, testes, procedimentos entre outros. Alm disso, os mesmos procedimentos de coleta de dados e avaliao e certificao podem ser utilizados para garantir que os processos de aprendizagem necessrios esto sendo conduzidos de modo apropriado.

  • 26

    Um dos resultados mais teis da coleta de dados e das atividades realizadas por terceiros o fornecimento de feedback em relao s recomendaes, orientaes e outros conselhos que possam ser relevantes. Tanto a viabilidade do fornecimento de feedback quanto o seu sucesso podem contribuir para melhorar os ma-teriais de orientao inicial para o projeto, fabricao, servios, ou, no caso de realmente haver qualquer problema com o know-how da indstria relacionada, por exemplo, com algumas partes das normas de segurana.

    A Figura 2 fornece uma indicao de quais partes deste manual so aplicveis aos diferentes temas que tra-tam da segurana dos equipamentos RAC. Entretanto, deve-se observar que existem cruzamentos entre a maioria dos tpicos cobertos, de modo que a indicao na Figura 2 apenas aproximada. (Observe que a Parte 7 no est includa, pois ela no fornece orientao direta.)

    Figura 2: Indicao da relevncia de cada parte do manual

    F E E DB A C K

    A P R E N DIZA G E M

    ORGANIZAO

    K NO W-H OW DA IND S T R IA

    K NO W-H OW DO S E T OR

    Regulamentaes

    Normas de segurana

    Fundamentos

    C OL E T A DE DA DOS

    E S T G IOS DO E QU IPA ME N T O

    Design

    Fabricao

    Distribuio

    Instalao

    Servios, Manuteno

    Fim do ciclo de vida

    Diretrizes internas

    Testes

    Dados de campo

    Inspees

    Mtodo

    Diretrizes industriais

    ORGANIZAO / TERCEIROS

    Recomendaes

    Associaes industriais, institutos tcnicos, rgos de

    treinamento, agncias de desenvolvimento

    Treinamento

    Seminrio

    Workshops

    Leitura

    Prtica

    Certificao

    Aprovao

    Avaliao

    Verificao

    F E E DB A C K

    C OL E T A DE DA DOS

    Testes

    Dados de campo

    Inspees

    Mtodo

    ORGANIZAZZ O /TERCEIROS

    Recomendaes

    Certificao

    Aprovao

    Avaliao

    Verificao

    A P R E N DIZA G E M

    Treinamentott

    Seminrio

    Workshops

    Leiturar

    Prrr tica

    Fabricao

    Distribuio

    Instalao

    Servrr ios,Manuteno

    Fim do ciclode vida

    Design

    K NO W-H OW DA IND S T R IA

    K NO W-H OW DO S E T OR

    Regulamentaes

    Normas de segurana

    Fundamentos

    Diretrizes industriais

    Associaesindustriais, institutostcnicos, rgos de

    treinamento, agnciasde desenvolvimento

    P A R T E 1 P A R T E 2

    P A R T E 6

    P A R T E 5 P A R T E 4

    P A R T E 3

    No geral, as diferentes partes do manual so amplamente organizadas, nas quais os aspectos mais gerais so tratados nas primeiras partes (1, 2 e 3) e, depois, os aspectos mais especficos, relacionados a cada estgio do tempo de vida do equipamento, so tratados nas partes finais (4, 5 e 6).

    Como observao final, preciso notar que cada situao dever ser considerada com discernimento e pru-dncia, especialmente em relao as regulamentaes de cada pas. Em muitos casos, as prticas podem ser adequadas ou apropriadas em um pas, porm no em outro. Principalmente nos casos em que os sistemas legais e as infraestruturas de segurana existentes variam entre pases e, muitas vezes, entre regies. Portan-to, as orientaes nesse manual podem ter que ser convertidas para se adequarem s diferentes regies geo-grficas e suas polticas, bem como a determinadas empresas e produtos.

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    1.1.4 Consideraes para os formuladores de polticasExistem algumas questes importantes que devero ser consideradas pelos formuladores de polticas. De acordo com as tendncias atuais, amplamente aceito o fato de que os fluidos frigorficos HCs ocuparo uma parte considervel da utilizao de fluidos frigorficos em um futuro prximo a mdio prazo. Obvia-mente, essa utilizao proporcionar significativa eficincia energtica e ambiental e, em muitos casos, sero mais baratas, alm de evitar ou at mesmo substituir a dependncia de fluidos frigorficos sintticos alter-nativos de alto custo. Entretanto, essencial que as autoridades tratem a situao de modo estratgico, no somente com planejamento de futuras eventualidades, mas tambm explorando a situao, por exemplo, na conduo de treinamento necessrio, incentivos adicionais devero ser introduzidos para ajudar a elevar os padres das qualificaes tcnicas incluindo um entendimento mais profundo da eficincia energtica, aspectos ambientais e confiabilidade de modo a preparar todo o setor para uma nova tecnologia que seja sustentvel no longo prazo.

    Em termos de consideraes gerais para a introduo de fluidos frigorficos HCs, os itens a seguir so pertinentes:

    Conscientizao importante que no somente os tcnicos de RAC estejam cientes das questes relativas ao fluido frigorfico (em termos de eficincia e meio ambiente), mas tambm as outras partes envolvidas que estejam nas reas perifricas do setor. Tambm importante que sejam desenvolvidas campanhas de conscientizao para o setor de RAC e outros setores mais amplos relacionados, como os arquitetos, a construo civil, aos operadores de sistemas de edifcios, aos gerentes das instalaes, aos usurios finais, entre outros;

    Foco no treinamento A garantia de um alto nvel de segurana essencial e um dos principais meios de alcan-la com o treinamento dos tcnicos e dos engenheiros do setor. Isso no somente visa a questo de segurana, mas tambm ajuda a desenvolver o setor de servios em termos de melhoria dos conhecimentos (know-how), da qualidade de trabalho, da conscientizao, entre outros. O suporte a essa atividade dever ter foco nos programas de registro e licenciamento de tcnicos e engenheiros. Portanto, pode ser apropriado definir nveis de qualificaes e a atribuies dos nveis correspondentes com per-misses para trabalhar em determinados tipos de sistemas;

    Mudana da cultura Em muitos locais, a importncia de uma cultura de segurana no est incor-porada na indstria como em outros pases. Logo, medidas devero ser introduzidas para ajudar a mudar a cultura do setor de modo a levar a segurana (bem como os tpicos relacionados, como preveno de vazamentos, eficincia, entre outros) muito mais a srio. Mais uma vez, isso pode ser alcanado por meio de legislao, conscientizao e incentivos;

    Treinamento progressivo Deve-se lidar com a instruo sobre HCs de modo controlado e constante, e de forma que as prticas de trabalho e o comportamento possam ser mudados de maneira mensurada e controlada. Um conceito seria considerar uma introduo passo a passo do HC dependendo dos setores. Por exemplo, comeando com sistemas simples/fceis e avanando, com o passar do tempo, para as ins-talaes mais complexas. Outra opo integrar com os sistemas de registro tcnico, novos ou existentes, onde somente os tcnicos mais bem treinados e mais qualificados tenham permisso de utilizar os HCs, e alm disso importante a utilizao de sistemas de acreditao. Ou uma combinao de ambos;

    Especialistas nacionais Possivelmente estabelecer um ponto central no pas ou regio onde a se-gurana ou outras questes tcnicas possam ser resolvidas. Para isso, as autoridades podero incentivar determinadas pessoas do mercado a se tornarem especialistas nacionais, que podero se dedicar coleta de informaes e que possam trabalhar com empresas e orient-las na introduo dos HCs de forma apropriada e segura, minimizando os problemas. Alm disso, uma outra opo pode ser a concesso de autoridade a organizaes ou a especialistas na conduo de verificaes e inspees para garantir o cum-primento das regras relevantes e a obteno do nvel necessrio de segurana;

    Criao de incentivos Apesar do amplo conhecimento dos benefcios ambientais, incentivos podem ser fornecidos para estimular o setor a superar as implicaes inerentes a utilizao de HCs. Os exemplos incluem: dedues de impostos ou outros benefcios financeiros que favoream a utilizao de fluidos

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    frigorficos com baixo GWP, considerao dos encargos de importao ou, de forma inversa, outros meios para desestimular a utilizao de alternativas com alto GWP. Em qualquer caso, essas aes deve-ro estar vinculadas garantia da utilizao de HCs de forma segura e responsvel;

    Regulamentaes e normas As autoridades podem considerar a introduo de medidas legais e outros instrumentos, como normas de segurana para ajudar a direcionar a utilizao e aplicao de fluidos fri-gorficos HCs ou at mesmo todos os fluidos frigorficos. Como alternativa, se essas regras j existem, as autoridades podem identificar meios de modificar as regulamentaes e normas existentes no sentido de permitir a utilizao mais ampla e segura de HCs. Entretanto, ao fazer isso, importante averiguar que as regulamentaes e normas no sejam apenas prescritivas, mas empreguem um modelo que permi-ta o uso seguro e inovador dos HCs, sem proibir seu uso desnecessariamente. Desse modo, pertinente a utilizao de especialistas nacionais e internacionais para analisar e orientar regulamentaes e normas novas ou modificadas. Para muitas das consideraes expostas acima, importante envolver o setor de RAC. Ao fazer isso, aconselhvel fortalecer as entidades setoriais que abrange todas as partes interes-sadas no setor, incluindo aquelas que esto nas reas perifricas, como agncias de desenvolvimento e ONGs ambientais. Ao mesmo tempo, tambm pode ser prudente evitar o fortalecimento excessivo de qualquer organismo ou grupo de interesse, pois como j visto muitas vezes no passado um forte vis poder emergir e, portanto, comprometer o desenvolvimento de novas tecnologias. O envolvimento de todo o setor pode ser a forma de estabelecer fruns regulares para: intercmbio tcnico, compartilha-mento de experincias, informao sobre os ltimos desenvolvimentos e comparao dessas informaes tcnicas para ampla disseminao. Isso tambm pode incluir desenvolvimento e estabelecimento de pa-dres mnimos para organizaes de treinamentos e a criao de orientaes tcnicas sobre boas prticas de trabalho por meio de estratgias e polticas.

    1.1.5 Principais estgios durante o tempo de vida dos equipamentosPara garantir que os produtos e as instalaes que utilizam fluidos frigorficos HCs permaneam seguros durante todo o seu tempo de vida tanto para a populao em geral como para as pessoas que trabalham diretamente com esses produtos e instalaes essencial abordar todos os estgios do tempo de vida de cada equipamento. Nesta seo, os estgios do tempo de vida dos equipamentos ilustrados na Figura 1 so detalhados, conforme mostrado na Figura 3.

    Os principais estgios do tempo de vida dos equipamentos so mostrados esquerda da Figura 3, da con-cepo do produto ao descarte do equipamento. A coluna central mostra exemplos de profissionais envol-vidos principalmente no trabalho relacionado a esses estgios. direita, temos exemplos dos tipos de ati-vidades nos quais os profissionais devero ser competentes de modo a manter um alto nvel de segurana. Todos os profissionais envolvidos precisam estar cientes de suas responsabilidades e os encarregados devero se certificar de que esses profissionais esto informados e cientes de suas obrigaes. Alm disso, evidente que as aes tomadas pelos profissionais em qualquer estgio do tempo vida dos equipamentos normal-mente tero consequncias nos estgios posteriores a esse perodo.

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    Figura 3: Viso geral dos estgios do tempo de vida dos equipamentos, pessoas-chave e grupos de tpicos que podem ser necessrios para execuo do trabalho

    PRO

    DU

    O

    FIM

    DO

    CIC

    LO D

    E VI

    DAOP

    ERA

    O

    Projeto

    Produo

    Armazenamento e distribuio

    Instalao

    Servios

    Descomissionamento

    Desenvolvimento do produto

    Comissionamento

    Manuteno

    Descarte

    Gerentes tcnicosengenheiros de

    desenvolvimentoengenheiros projetistas

    Gerente de produotcnicos da linha de

    montagem

    Tcnicos de servio, manuteno e outros campos

    Tcnicos de servio, manuteno e outros campos

    Tcnicos de instalao

    Departamento de logstica

    Engenheiro de comissionamento

    ESTGIOS DO EQUIPAMENTO TIPOS DE PROFISSIONAIS EXEMPLOS DE ATIVIDADES

    Projeto e desenvolvimento de equipamentos

    Conformidade com as regulamentaes e normas

    Conceitos de anlise de riscos

    Testes de segurana do produto

    Produo e fabricao

    Testes de amostras

    Instalao do equipamento

    Manuseio do fluido frigorfico

    Verificao da instalao

    Testes funcionais

    Prticas de servio e manuteno

    Manuseio do fluido frigorfico

    Reformas e converses na oficina

    Descomissionamento e descarte

    Manuseio do fluido frigorfico

    Armazenamento dos produtos e peas

    Transporte

    Existem atividades comuns em muitos dos estgios, significando que muitas das pessoas envolvidas nesses estgios precisam estar familiarizadas com os detalhes tcnicos das vrias sees. Por exemplo, todas as pessoas que trabalham nas atividades de produo, instalao, servio, manuteno e descomissionamento precisam conhecer as boas prticas de manuseio de fluidos frigorficos. Alm disso, todas as pessoas en-volvidas no projeto, comissionamento, servio e manuteno precisam estar familiarizadas com as normas de segurana. Por isso, muitas das questes esto interligadas em todos os estgios do tempo de vida do equipamento.

    Em geral, enquanto uma organizao estiver preparando materiais e trabalhando em cada um dos estgios do tempo de vida do equipamento, as seguintes questes devero ser consideradas:

    Auxiliar as pessoas que trabalham nos vrios estgios, disponibilizando manuais concisos e de f-cil utilizao, notas de orientao, entre outros, focando cada parte ou atividade-chave que elas

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    precisam executar. Alm disso, deve-se garantir que os manuais estejam compreensveis e revisados por especialistas;

    Fornecer treinamento, terico e prtico, apropriado e completo aos envolvidos;

    Verificar outras literaturas, manuais, guias, orientaes gerais (destinadas ao setor industrial), documen-tao de fabricantes, informaes dos fornecedores dos fluidos frigorficos, entre outros. E tambm ve-rificar as regulamentaes e normas de segurana originais para garantir que as informaes esto sendo usadas corretamente;

    Desenvolver um sistema para obteno de feedback dos outros estgios e elaborar um esquema para compartilhamento das informaes. Utilizar o feedback, por exemplo, dos dados de campo, dos tcni-cos, entre outros, sobre aspectos como vazamentos, falhas de equipamentos e componentes, problemas com reparos, acidentes leves ou graves, etc. A utilizao dessas informaes ir melhorar bastante o nvel de segurana no futuro.

    Por ltimo, a publicao de orientaes no poder nunca prever todas as situaes que podem ser encon-tradas ou todas as peculiaridades dos diferentes tipos de equipamentos. Portanto, importante que as pes-soas entendam a lgica por trs das regras que esto relacionadas a essas exigncias e, desse modo, possam se adaptar a equipamentos e situaes novas ou imprevisveis.

    1.2 SEGURANA BSICA PARA O USO DE FLUIDOS FRIGORFICOS INFLAMVEIS

    1.2.1 IntroduoA segurana um ponto de preocupao na aplicao de qualquer fluido frigorfico em relao aos riscos decorrentes da toxicidade, asfixia, exploses sob presso, danos mecnicos, entre outros. A utilizao de fluidos frigorficos HCs impe um risco adicional que a inflamabilidade. Quantidades de lquidos ou gases inflamveis podem ser encontradas na maioria dos locais de trabalho, residncias e outros ambientes. Os exemplos incluem gasolina, tintas, artigos de limpeza, combustveis para aquecimento e lcool. Em todos os casos, essas substncias devero ser embaladas, manuseadas e utilizadas de forma apropriada. Caso contrrio, elas representam um srio perigo. Portanto, alguns princpios de segurana so seguidos para garantir a manuteno de um alto nvel de segurana. Na utilizao segura de fluidos frigorficos HCs, essencial entender os riscos de inflamabilidade e os meios correspondentes para obteno de um nvel de segurana apropriado.

    Existem trs aspectos principais a serem considerados ao lidar com fluidos frigorficos HCs:

    Garantir que o sistema esteja estanque a vazamentos e permanea suficientemente resistente ao longo de seu tempo de vida;

    Garantir a segurana do equipamento que usa fluidos inflamveis ou est em contato com atmosferas explosivas;

    Proteger os trabalhadores que possam entrar em contato com atmosferas explosivas no local de trabalho.

    A responsabilidade pela estanqueidade a vazamentos e a segurana geral dos equipamentos normalmente recai sobre o seu fabricante/produtor e/ou instalador. Os equipamentos devem ser projetados e construdos de modo a eliminar, da forma mais prtica possvel, a criao de atmosfera explosiva. Isso pode ser alcana-do por meio de projeto que considere a estanqueidade do sistema, ventilao e alguns sistemas de proteo.

    Onde existe a possibilidade de criao de uma atmosfera explosiva, os responsveis pelo posicionamento ou instalao dos equipamentos devero ter certeza que no seja possvel uma ignio nessa atmosfera, por

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    exemplo, por meio da eliminao das fontes potenciais de ignio. Essas questes so abordadas principal-mente nas Partes 4 e 5 deste manual.

    A responsabilidade pela proteo dos trabalhadores normalmente recai nos empregadores e proprietrios ou operadores de instalaes onde podem ocorrer atmosferas explosivas. Portanto, importante que essas pessoas estejam cientes da presena de substncias inflamveis, implantem medidas de controle dos riscos e reduzam a ocorrncia de quaisquer incidentes por meio de planejamento e procedimentos. Isso tambm inclui a garantia de que os funcionrios e outros trabalhadores sejam informados adequadamente e treina-dos no controle ou tratamento apropriado dos riscos, alm de identificar e classificar as reas no local de trabalho onde podem ocorrer atmosferas explosivas e evitar fontes potenciais de ignio nessas reas. Essas questes so abordadas principalmente nas Partes 3 e 6 deste manual.

    1.2.2 Classificao do grupo de segurana dos fluidos frigorficos HCsA classificao de substncias mais usada a das Naes Unidas (UN), as quais so denominadas merca-dorias perigosas e recebem uma classificao de acordo com seus riscos principais. Todos os HCs normal-mente utilizados como fluidos frigorficos, so classificados como Classe UN: 2, gases, Diviso 2.1, gs inflamvel. Entretanto, no setor RAC, um esquema de classificao diferente aplicado. A maioria dos fluidos frigorficos recebe uma classificao de segurana em funo de sua toxicidade e inflamabilidade. O esquema de classificao adotado por normas como ISO 817 e EN 378. Uma viso geral desse esquema mostrada na Tabela 2.

    A classificao de toxicidade se baseia no fato de a toxicidade ter sido ou no identificada em concentraes abaixo de 400 ppm por volume, com base nos dados utilizados para determinar o TLV-TWA (threshold limit value time weighted average) ou ndices consistentes. Existem duas classes de toxicidade:

    Os fluidos frigorficos da Classe A so aqueles nos quais nenhuma toxicidade foi observada abaixo de 400ppm;

    Os fluidos frigorficos da Classe B so aqueles nos quais se observou toxicidade abaixo de 400 ppm.

    A classificao de inflamabilidade depende da possibilidade ou no das substncias sofrerem ignio nos testes padronizados e, em caso positivo, quais seriam o limite inferior de inflamabilidade (LII) e o calor de combusto. As classes de inflamabilidade so:1

    Os fluidos frigorficos da Classe 1 so aqueles que no propagam chamas quando testados no ar a 60 C e presso atmosfrica normal;

    Os fluidos frigorficos da Classe 2 so aqueles que propagam chamas quando testados no ar a 60 C e presso atmosfrica normal, mas tm um LII maior que 3,5% por volume e calor de combusto menor que 19.000 kJ/kg;

    Os fluidos frigorficos da Classe 3 so aqueles que propagam chamas quando testados no ar a 60 C e presso atmosfrica normal, mas tm um LII igual ou menor que 3,5% por volume e calor de combus-to igual ou maior que 19.000 kJ/kg.

    Como os fluidos frigorficos HCs mais comuns (R290, R600a, R1270) tm um TLV-TWA de 1.000 ppm ou mais (dependendo da fonte de informao), eles recebem uma classificao de toxicidade Classe A. En-tretanto, esses fluidos frigorficos exibem propagao de chamas sob condies atmosfricas normal e seu LII normalmente em torno de 2%, com o calor de combusto em torno de 50.000 kJ/kg. Desse modo, a

    1 Atualmente existem tentativas de introduzir uma nova classe de inflamabilidade mais baixa (Classe 2L) em algumas normas de se-gurana, que se destina a dar vantagens a alguns fluidos frigorficos base de HFC. Entretanto, essa classificao proposta no afeta a utilizao dos fluidos frigorficos HCs.

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    classificao de inflamabilidade Classe 3. No geral, essas caractersticas colocam essas substncias na clas-sificao de segurana A3, de acordo com as normas pertinentes.

    Tabela 2: Esquema de classificao de segurana dos fluidos frigorficos

    Classificao

    Toxicidade

    Classe A Classe B

    menor toxicidade crnica maior toxicidade crnica

    Inflamabilidade

    Classe 1 sem propagao de chamas A1 B1

    Classe 2 menor inflamabilidade A2 B2

    Classe 3 maior inflamabilidade A3 B3

    Por comparao, os fluidos frigorficos base de CFC, HCFC e HFC mais comuns, inclusive o R744 (di-xido de carbono), tm uma classificao A1, apesar de alguns HFCs apresentarem classificao A2. Alguns poucos HCFCs e HFCs tm uma classificao B1, enquanto que o R717 (amnia) classificado como B2. No existe nenhum fluido frigorfico B3 (apesar de essa classificao ser possvel com algumas misturas).

    Normalmente, uma classificao mais alta isto , toxicidade Classe B em vez de Classe A, e inflamabi-lidade Classe 3, em vez de Classe 1, significa que o sistema de refrigerao apresenta requisitos de projeto mais onerosos para enfrentar esse risco mais alto devido ao fluido frigorfico. A orientao includa nas Par-tes 5 e 6 deste manual abordam essas questes.

    Alm disso, existe outra medida para a aplicao de fluidos frigorficos, denominada limite prtico (LP). Ela representa o nvel mximo de concentrao de um fluido em um espao ocupado, que no resultar em nenhum efeito nocivo (isto , agudo) no caso de vazamento. Desse modo, essa medida representa, princi-palmente, o perigo da concentrao mnima de um fluido frigorfico atravs do uso de um fator de segu-rana. A estimativa do LP se baseia no menor valor entre os seguintes limites:

    Limite de exposio de intoxicao aguda (ATEL - Acute toxicity exposure limit), com base na morta-lidade (em termos de LC50) e/ou sensibilizao cardaca e/ou efeitos anestsicos ou no sistema nervoso central (SNC);

    Limite mnimo da concentrao de oxignio para evitar risco de asfixia (ODL Oxygen Deprivation Limit);

    20% do limite inferior de inflamabilidade (LII).

    No caso dos fluidos frigorficos HCs, 20% do LII representa a concentrao mnima entre as listadas aci-ma, portanto, o valor utilizado para determinar o LP. O LP normalmente expresso em termos de massa por volume unitrio e, para os fluidos frigorficos HCs mais comuns, ele aproximadamente 0,008 kg/m3, ou 8 g/m3. Para outros fluidos frigorficos, como a maioria dos CFCs, HCFCs e HFCs, o LP se baseia nos valores de ATEL e ODL e, portanto, tende a ser mais alto do que para os HCs. Consequentemente, a quantidade de fluido frigorfico HCs permitida tende a ser muito menor que a maioria dos CFCs, HCFCs e HFCs. (Entretanto, os princpios gerais se aplicam aqui a todos os fluidos frigorficos inflamveis, inde-pendentemente de serem HCs ou no.)

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    1.2.3 Consideraes bsicas para trabalhar com fluidos frigorficos inflamveisTodas as pessoas envolvidas na utilizao de substncias inflamveis devero ter em mente o seguinte:

    Estar cientes sobre a utilizao de uma substncia inflamvel e quais so as suas caractersticas;

    Conhecer as prticas de manuseio e armazenamento seguros das substncias inflamveis;

    Introduzir procedimentos e aplicar projetos de preveno de acidentes resultantes das substncias inflamveis;

    Procurar informaes mais detalhadas, quando necessrio.

    essencial entender o conceito bsico de inflamabilidade. Trs ingredientes so necessrios para iniciar um incndio: um combustvel na concentrao certa, uma quantidade de oxignio, normalmente no ar, e uma fonte de ignio. A forma mais comum de ilustrar essa combinao por meio do tringulo de fogo, na Figura 4. Se esses componente