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Orientação Técnica: “Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos” Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial FFC - UNESP - Marília/SP

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Page 1: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Orientação Técnica: “Dislexia: Subsídios de Ensino para as

Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos”

Claudia Regina Mosca GirotoEducação Especial

FFC - UNESP - Marília/SP

Page 2: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Secretaria de Estado da Educação de São Paulo

CAPE – Centro de Apoio Pedagógico Especializado

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PROGRAMA

A dislexia no contexto da educação inclusiva

A (in) definição de Dislexia por órgãos nacionais e internacionais

Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional

Os “sintomas” disléxicos e os critérios de classificação da Dislexia X a relação com os aspectos idiossincráticos

da apropriação da linguagem escrita

Os equívocos na avaliação de crianças consideradas disléxicas

Formas de intervenção pedagógica no processo de ensino aprendizagem do aluno considerado disléxico:

procedimentos e orientações

Page 4: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

OBJETIVOS

Proporcionar aos participantes a atualização de conhecimentos relativos à Dislexia, com base em múltiplos enfoques

Permitir a análise crítica e comparativa sobre tais enfoques

Fornecer subsídios que contribuam para o levantamento de indicadores que evidenciem a natureza das dificuldades

apresentadas pelo aluno considerado como sendo aquele que apresenta dislexia

Fomentar a correlação teórico-prática sobre os diferentes aspectos envolvidos na compreensão acerca da dislexia que

resulte na otimização da atuação pedagógica com alunos considerados disléxicos

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A dislexia no contexto da educação inclusiva

INCLUSÃO

SE INSERE NUM MOVIMENTO SOCIAL QUE BUSCA UMA SOCIEDADE MAIS IGUALITÁRIA E MAIS JUSTA, QUE RESPEITE A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS

DIREITOS ESTABELECIDOS PELO ESTADO DEMOCRÁTICO

PROCESSOS SOCIAIS DE EXCLUSÃO

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PRINCÍPIOS DA INCLUSÃO

DIVERSIDADE

IGUALDADE

OPORTUNIDADE

PARTICIPAÇÃO

FLEXIBILIDADE

EDUCAÇÃO PARA TODOS

Page 7: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Objetivos da construção de uma sistema educacional inclusivo

Combater atitudes discriminatórias a fim de criar

comunidades acolhedoras à construção de uma sociedade

inclusiva para alcançar a educação para todos

Page 8: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Educação Inclusiva

Escola: espaço de apropriação e construção do conhecimento.

Escola que garante:

- individualidade;

- identidade;

- equidade (ideais democráticos);

- remoção de barreiras para a aprendizagem;

- participação de toda comunidade escolar.

Page 9: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Princípio fundamental da escola inclusiva

A escola deve reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos e assegur uma educação de qualidade,

pois todas as crianças devem aprender juntas sempre

que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter

Page 10: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PROMOÇÃO DE IGUALDADE DE ACESSO À ESCOLA POR GRUPOS MINORITÁRIOS

ALUNOS COM NEE

ASSEGURAR UMA EDUCAÇÃO EFETIVA

OFERECER SUPORTE PEDAGÓGICO

CONSTRUIR REDE DE SOLIDARIEDADE

Page 11: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Elementos essenciais da Inclusão

CRIANÇAS

Todas freqüentam as escolas:- na sala regular;

- com apoio apropriado.

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Elementos essenciais da Inclusão

PROFESSORES

Todos aceitam a responsabilidade por todos os alunos:

- recebendo apoio apropriado;- tendo oportunidade para um maior

desenvolvimento profissional.

Page 13: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Elementos essenciais da InclusãoESCOLAS

• Ressignificam os seus valores:

- reestruturando a organização, o currículo e a avaliação;

- superando as barreiras para que todos possam aprender e participar;

- oferecendo condições adequadas para responder às necessidades de todos os seus alunos e professores.

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Educação Inclusiva, Necessidades Educacionais

Especiais e o aluno com Dislexia

discussão conceitual e implicações na prática

pedagógica

Page 15: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Necessidades Educacionais Especiais

• Expressão que resgata a funcionalidade do processo educativo;

• Considera o que o aluno requer em relação a atendimento, recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas;

• Desloca o foco do aluno e direciona paras as respostas educacionais que ele precisa para poder aprender.

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Necessidades Educacionais Especiais

1- Dificuldades acentuadas de aprendizagem que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares:

- aquelas não vinculadas a uma causa orgânica;- aquelas vinculadas a condições, disfunções, limitações

ou deficiências

2- Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos

3- Altas habilidades /superdotação, grande facilidade de aprendizagem

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Alunos com Necessidades Educacionais Especiais

Precisam de meios e metodologias diferenciadas para atender às suas necessidades educacionais

Requerem ajustes e recursos pedagógicos distintos dos requeridos pela maioria dos estudantes

Apresentam defazagem em relação ao currículo precisando de adequações curriculares, adequações na organização da sala de aula e serviços de apoio especial

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Implicações Pedagógicas da Educação Inclusiva

Atendimento adequado das necessidades básicas de aprendizagem de todo aluno

Universalização da educação com qualidade garantindo a participação nas atividades e aprendizagem de todos os alunos

Envolvimento de toda comunidade escolar

Combate a todas as formas de exclusão

Page 19: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

(IN) DEFINIÇÃO DE DISLEXIA

ÓRGÃOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS

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Word Federation of Neurology (2001)

Dislexia: transtorno da aprendizagem da língua escrita que ocorre apesar de uma inteligência normal, da ausência de problemas sensoriais ou neurológicos, de instrução escolar considerada adequada, de oportunidades socioculturais suficientes.

Trata-se de uma definição formulada em função de critérios excludentes.

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International Dyslexia Association (1994)- Associação Brasileira de

Dislexia

Dislexia: distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade em decodificar palavras simples incompatíveis em relação à idade da pessoa. Apesar de submetida a instrução convencional, ter adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldades com diferentes formas de linguagem, frequentemente incluídos problemas leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar.

Page 22: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Organização Mundial da Saúde (1993)- CID 10

Dislexia: Comprometimento específico e significativo no desenvolvimento das habilidades de leitura, o qual não é unicamente justificado por idade mental, problemas visuais ou escolaridade inadequada. A habilidade de compreensão da leitura, o reconhecimento de palavras, a habilidade de leitura oral e o desempenho de tarefas que requerem leitura podem estar todos afetados. Dificuldades para soletrar estão frequentemente associadas a transtorno específico da leitura e muitas vezes permanecem na adolescência mesmo depois de que algum progresso na leitura tenha sido feito. (...). Crianças com transtorno específico da leitura, seguidamente têm uma história de transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem, e uma avaliação abrangendo funcionamento corrente da linguagem muitas vezes revela dificuldades contemporâneas sutis. (...)

Page 23: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais (2000)

Dislexia: dificuldade de leitura e de escrita especificamente relacionada à infância e a adolescência. Tal dificuldade está circunscrita no âmbito dos transtornos de aprendizagem e, por conseguinte, explicada como conseqüência de anormalidades subjacentes ao processamento cognitivo, como, por exemplo, déficits na percepção visual, distúrbios de atenção, problemas de memória, alterações nos processos lingüísticos ou, ainda, uma combinação desses fatores. A dislexia pode estar associada a transtornos da matemática, manifestando-se, geralmente, nos anos escolares iniciais, em crianças que freqüentam entre a primeira e a quarta série.

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Commitee on Dyslexia of the healt of the Ntherlhands

Transtorno caracterizado por alterações na leitura oral e escrita sob ditado na fase de desenvolvimento

Alguns autores PINHEIRO (1995): transtorno caracterizado por nível

de leitura abaixo do esperado para a escolaridade, levando-se em consideração a ausência a ausência de problemas neurológicos, intelectuais, sensoriais, emocionais e educacionais

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Alguns autores

ELLIS (1995): transtorno decorrente do fracasso na habilidade alfabética que acarreta sérias implicações para a escrita e para qualquer tipo de leitura que requeira decodificação, na análise e síntese de letras e na interrupção da aquisição da habilidade alfabética, resultando em disfunção básica do sistema fonológico

Page 26: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Alguns autores

ARDILA (1997)

Dislexia é uma alteração específica na aquisição da leitura. A dificuldade para aprender a ler e escrever é apenas uma manifestação particular de um ou vários déficits cognitivos fundamentais, que eventualmente podem levar a falhas na aprendizagem normal do sistema de leitura/escrita = distúrbio específico de leitura ou dislexia do desenvolvimento

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DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO

Em estudos mais atuais como fatores etiológicos:

- fatores genéticos: relação entre o padrão de herança e a dislexia do desenvolvimento (filhos de pais com problemas de leitura têm maior probabilidade de apresentarem esse transtorno - cromossomos 2, 6 e 15)

(NOPOLA-HEMMI et al, 2002)

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DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO

fatores neurológicos:

- anomalias de migração celular que afetam a região perisilviana - hemisfério esquerdo entre a 16ª e a 24ª semana gestacional

- anomalias do desenvolvimento do córtex cerebral e outras estruturas do SNC

acarretam comprometimento funcional da rede neural

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DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO

Em estudos mais atuais são tidos como fatores agravantes:

fatores ambientais- pedagógicos

- psicológicos

- sócio-econômicos

- culturais

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Considerações sobre as (in) definições

• modelo de processamento cognitivo da leitura que envolve:

- processos receptivos de decodificação (“input”) = sistema auditivo, visual e tátil-cinestésico)

- processos integrativos (atenção, identificação, discriminação, análise, síntese, armazenamento, integração, contextualização, rememorização, organização, planificação e decisão)

- processos de codificação (“output”)

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Considerações sobre as (in) definições

Disfunções no processamento da informação auditiva,

visual e na integração auditivo-visual comprometem a leitura acarretando problemas em atividades intraneurosensoriais = Ênfase unicamente nas capacidades percptomotoas :

- apenas um processamento (visual ou auditivo): repetição de palavras e cópia

- uso de dois ou mais processamentos (ex.: auditivo-visual):leitura oral ou escrita sob ditado (LURIA, 1963)

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Considerações sobre as (in) definições

Modelo de Processamento da leitura:

- identificação da letra na palavra - ativação de estruturas do lobo occipital

- processamento fonológico da palavra - estruturas do córtex frontal

- acionamento do significado da palavra: ativação de estruturas do lobo temporal

SHAYWITZ (1996)

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Sistema Nervoso

Lobos:

- frontal

- parietal

- temporal

- occiptal

Page 34: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Sistema Nervoso

Lobos:

- frontal

- parietal

- temporal

- occiptal

Page 35: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial
Page 36: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

DISLEXIAX

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEMX

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Page 37: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Distúrbio de aprendizagem

caracterizado pela presença de disfunção neurológica responsável por problemas na escrita, na leitura e no cálculo matemático

Dificuldade de Aprendizagem

déficit específico da atividade escolar

Page 38: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Distúrbio de aprendizagem

caracterizado pela presença de disfunção neurológica que se manifesta por dificuldades específicas na aquisição e uso das habilidades de audição, fala, leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático

Dificuldade de Aprendizagem

déficit específico da atividade escolar especificamente relacionados a problemas de origem pedagógica

(CIASCA; ROSSINI, 2000)

Page 39: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Dist. Aprendizagem- inteligência normal

- presença de dist. fonológico, falhas nas habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas das linguagens oral e escrita pré-escolar e escolar

- comprometimento da habilidade narrativa para contagem, recontagem e compreensão de histórias (atenção, memória e

Dislexia- inteligência normal

- presença ou não de distúrbio fonológico antes da escolarização

- falhas nas habilidades fonológicas, sintáticas e semânticas da linguagem escrita

Page 40: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Dist. Aprendizagem

percepção), dificuldade quanto ao número de frases completas, à organização do texto, ao uso de elementos coesivos entre as frases, seqüenciamento lógico de eventos no texto e dificuldades em responder a perguntas inferenciais presentes na estrutura textual

Dislexia

habilidade narrativa comprometida para recontagem de histórias (uso de memória) com dificuldade com o conteúdo textual (número de palavras e unidades de ação), com a complexidade da sentença e uso de pronomes referenciais

Page 41: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Dist. Aprendizagem

- déficits no processamento das informações auditivas e visuais

- dificuldade em organizar, planejar e executar atividades matemáticas isoladas e com leitura prévia (resolução de problemas matemáticos com enunciados)

Dislexia

- déficits na função expressiva e alteração no processamento das informações auditivas e visuais

- dificuldade em realizar atividades matemáticas que envolvam leitura prévia (resolução de problemas matemáticos com enunciados)

Page 42: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Diagnóstico Diferencial

Dislexia de desenvolvimento: defasagem entre o desempenho esperado nas habilidades de leitura e escrita e o desempenho efetivamente observado com comprometimento do processo de aprendizagem iniciado na fase escolar

Distúrbio de aprendizagem: comprometimento do processo de desenvolvimento e aprendizagem desde os primeiros anos de vida

Page 43: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia X Distúrbios de Aprendizagem

Raciocínio lógico- matemático como parâmetro diferencial

Dislexia de desenvolvimento: não há dificuldade no entendimento da execução de um cálculo matemático em si, mas em seu enunciado, pelas dificuldades de compreensão do texto

Distúrbio de Aprendizagem: dificuldade não só na execução, mas na resolução de problemas com enunciado

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Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional

ABORDAGEM CLÍNICA

• relação saúde-educação

centrada na patologização da aprendizagem

• ações individuais

• encaminhamentos clínicos

• descaracterização do contexto educacional

• fracasso escolar aluno

ABORDAGEM EDUCACIONAL

práticas sociais perpassadas pelas singularidades

despatologização da aprendizagem

fracasso escolar multiplicidade de fatores

Page 45: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional

ABORDAGEM CLÍNICA

- visão homogeneizadora que desconsidera as singularidades estabelecidas entre o aluno e a linguagem

- culpa o sujeito pelo seu fracasso escolar isentando a escola e suas práticas pedagógicas como co- responsáveis por tal situação.

ABORDAGEM EDUCACIONAL

multiplicidade de fatores:

lingüístico: manifestações da linguagem tais como: fala ininteligível, produção verbal alterada e limitada quanto à qualidade e quantidade, sintaxe imatura, progressão temática... psicossocial: adaptação social (aspectos interacionais) e componentes psicológicos (estrutura emocional)...

Page 46: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional

ABORDAGEM CLÍNICA

- desprovida de conhecimentos específicos acerca do ensino e da aprendizagem

- nomenclatura patológica para referir-se a questões que dizem respeito à escolarização

ABORDAGEM EDUCACIONAL

cognitivo: processamento das informações (atenção, seleção, memória, percepção...

acadêmico: aspectos envolvidos e utilizados no aprendizado formal da leitura e escrita...

Page 47: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia: abordagem clínica X abordagem educacional

ABORDAGEM CLÍNICA

- desprovida de conhecimentos específicos acerca do ensino e da aprendizagem

- nomenclatura patológica para referir-se a questões que dizem respeito à escolarização

ABORDAGEM EDUCACIONAL

sócio-culturais (condições de letramento anterior ao acesso escolar; falta de acesso aos bens culturais socialmente valorizados, entre outros)

Page 48: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos, relacionais e contextuais

Necessidade de identificação desses aspectos:

- Investigar os elementos dos contextos educativos escolares e sua importância no desenvolvimento de atividades de ensino-aprendizagem e no rendimento dos alunos (escola e sala de aula)

- se distanciar da perspectiva mais biológica que privilegia apenas os aspectos individuais e considerar a idéia de multiplicidade/diversidade de fatores

Page 49: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos, relacionais e contextuais

aspectos individuais demandam diferenças individuais:

desenvolvimento de estratégias diferenciadas

a necessidade de adequação do ensino às características individuais

Page 50: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos, relacionais e contextuais

• a necessidade de adequação do ensino às características individuais

- modo como o aluno pode ser auxiliado a enfrentar as atividades escolares

- refletir entre “Posso fazer” ou “Como posso fazer”

- centrar-se no processo de realização da atividade e não apenas nos resultados

- interpretar os erros como algo natural e que é possível aprender com os fracassos

Page 51: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Aprendizagem escolar e fatores psicossociológicos, relacionais e contextuais

- perceber a incerteza relativa aos resultados como um desafio e não como uma ameaça

- priorizar atividades nas quais o aluno pode se destacar

- avaliar a própria atuação com critérios pessoais flexíveis idéia cristalizada no professor de que tem dificuldade para solucionar as dificuldades de seus alunos

- considerar o professor como uma fonte de orientação e ajuda/mediador

Page 52: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Os “sintomas” disléxicos e os critérios de classificação da Dislexia X a relação com os aspectos idiossincráticos

da apropriação da linguagem escrita.

• HOUT (2001): os dados a respeito da dislexia apontam para a diversificação, tanto em suas causas e manifestações quanto no agrupamento dos sintomas.

• A visão patológica permanece conceitualmente indefinida e fragilizada. Por falta de entendimento acerca da linguagem, reduz a escrita a uma atividade mecânica ou a um conjunto de habilidades e destrezas.

Page 53: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Sintomas Disléxicos(Ianhez; Nico, 2002)

(Cuba dos Santos, 1987)

- Aspectos gerais

• Dificuldades de realizar cálculos mentais;

• Dificuldade em organizar tarefas

• Dificuldades com noções espaço-temporais

Page 54: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Sintomas Disléxicos(Ianhez; Nico, 2002); (Cuba dos Santos, 1987)

- Aspectos relacionados à linguagem:

• Desempenho inconstante com relação à aprendizagem da leitura e escrita

• Dificuldade com os sons das palavras e, consequentemente, com a soletração

• Escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas

• Relutância para escrever• Confusão entre letras de formas vizinhas : moite/ noite,

espuerda/esquerda

Page 55: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Sintomas Disléxicos(Ianhez; Nico, 2002); (Cuba dos Santos, 1987)

- Aspectos relacionados à linguagem:

• Confusão entre letras foneticamente semelhantes: tinda/ tinta, popre/pobre, gomida/comida

• Omissão de letras e/ou sílabas: giado/guiado, entrando/ encontrando

• Adição de letras e/ou sílabas: muimto/muito, fiaque/ fique

• União de uma ou mais palavras e/ou divisão inadequada de vocábulos: a mi versário/aniversário, eraumaves umome/era uma vez um homem

• Leitura e escrita em espelho

Page 56: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Desempenho inconstante com relação à aprendizagem da leitura e escrita

• Crítica:

- a aquisição da escrita implica tentativa, erros, hipóteses.

- é um processo instável e não linear e constante

- é um processo que requer reflexões, comparações e perguntas.

Page 57: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dificuldades com os sons das palavras /soletração / escrita incorreta

• Críticas:- As trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas

podem revelar falta de clareza a respeito das diferenças existentes entre fonemas e letras.

- Há diferenças entre oralidade e escrita que precisam ser consideradas: pronúncia diferente da escrita, ausência do interlocutor etc.

- É preciso reconhecer e compreender as especificidades da escrita: uniformalização gráfica, convencionalidade, relações variáveis entre sons e letras

Page 58: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Relutância ao escrever

• Críticas:- Pode evidenciar o medo e a repulsa que o aluno

desenvolve diante da atividade da escrita.Medo de manipular a escrita, de tentar, errar e ser rotulado como imaturo, lento, incapaz e disléxico

- O medo deve provocar uma reflexão acerca do contexto social e educacional vigente bem como a história singular da criança com a escrita.

Page 59: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Confusão entre letras , trocas, omissões e adições de letras ou sílabas

• Críticas:- Revela as hipóteses sobre a escrita que os sujeitos estão

construindo.

- No processo de construção da escrita o sujeito pode escrever usando só vogais, repetindo sílabas

- Quanto a aglutinação, demonstra que o aluno usa na

escrita as pistas prosódicas da fala. Não compreende como se dá a segmentação das palavras na escrita.

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Leitura e escrita em espelho

• Críticas:- Sujeitos com comprometimentos cerebrais não irão

manifestar problemas só na escrita.

- Leitura e escrita espelhada, longe de ser sintoma de doença, pode indicar que o aluno ainda não apreendeu as noções básicas dessa modalidade de linguagem quanto aos aspectos gráficos e funcionais.

Page 61: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Perspectiva discursiva

• A linguagem não é uma estrutura pronta, um sistema abstrato de formas normativas que deve ser registrado por um aprendiz inerte, passivo (Bakhtin)

• A linguagem é uma ação, um trabalho constantemente construído e modificado pelo sujeito. (Franchi)

Page 62: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Classificação da dislexia

• DISLEXIA DISFONÉTICA

• DISLEXIA DISEIDÉTICA

• DISLEXIA VISUAL

• DISLEXIA AUDITIVA

• DISLEXIA MISTA

Page 63: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia disfonética

• Dificuldades de percepção auditiva de fonemas, bem como dificuldades espaço-temporais:

- Troca de fonemas e grafemas diferentes: moto por modo

- Alteração na ordem das letras e sílabas: azedo por adezo

Page 64: Orientação Técnica: Dislexia: Subsídios de Ensino para as Escolas na Identificação dos Alunos Disléxicos Claudia Regina Mosca Giroto Educação Especial

Dislexia disfonética

• Dificuldades de percepção auditiva de fonemas, bem como dificuldades espaço-temporais:

- Omissão e acréscimo de letras: escola por ecola nem por neim

- Trocas de palavras por outras semelhantes: infâmia por infância

- Dificuldades no reconhecimento e na leitura de logotomas: duepo, pebade.

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Crítica

• Todos os aspectos considerados apontam para fenômenos absolutamente previsíveis que acompanham o processo de aquisição da escrita

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Dislexia diseidética:

• Dificuldades na percepção visual de fonemas

- Aglutinação e fragmentações de palavras: fazerisso por fazer isso, em quanto por enquanto

- Trocas por equivalentes fonéticos: vaca por faca, pato por bato

- Leitura silábica, sem síntese de palavras: comigo por

com- migo por

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Críticas

• Os aspectos não consideram que a criança apropria-se da escrita como se fosse uma transcrição fonética.

• O trabalho do professor deve se orientar no sentido de levar a criança a compreender as diferenças existentes entre ortografia e transcrição fonética

• A leitura silabada pode estar associada a um ensino pautado em métodos tradicionais

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Dislexia Visual

• Déficit na percepção visual, relacionada à coordenação viso-motora

• Dificuldade para visualizar cognitivamente o fonema: troca m por n; a por e; q por p.

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Críticas

- As trocas, supressões ou acréscimos de letras demonstram as tentativas do aluno e não evidências patológicas

- Não é possível visualizar um fonema, afinal fonema é som.

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Dislexia auditiva

• Dificuldade para audibilizar cognitivamente o fonema em função de uma deficiência de percepção auditiva.

• Acarreta várias trocas na escrita: pato por bato, gato por cato.

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Críticas

• Tais inversões ocorrem apenas com as consoantes que constituem parem mínimos, ou seja, que só tem um traço distintivo.

• Os alunos precisam manusear a escrita para diferenciar da transcrição fonética.

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Dislexia mista

• Capacidade razoável para a leitura de palavras ditas reais, ou seja, munidas de significado, e muita dificuldade para a leitura de palavras não familiares e;ou não-palavras, também chamadas logatomas.

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Críticas

• Se o objetivo da leitura é interpretar a escrita, para que serve a capacidade de reproduzir em voz alta um amontoado insignificante de letras?

• A escrita é uma atividade interativa no contexto das práticas sociais e culturais.

• Sintomas muitas vezes apontam não para uma dislexia, mas sim, para a manifestação de elaborações e reelaborações acerca da escrita.

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Os equívocos na avaliação de crianças consideradas disléxicas.

• Tratam a linguagem como código estável que será transmitido a um sujeito passivo.

• Centram-se em pré-requisitos: orientação temporal, esquema corporal, noções de lateralidade.

• Como tomam como referência casos patológicos adultos, que em decorrência de danos neurológicos, têm alterada a capacidade de ler e escrever, a área médica explica as dificuldades na aquisição da escrita inicial em função da visão patologizadora.

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Itens considerados pré-requisitos para a aprendizagem da escrita

• Organização espaço-temporal;• Noções de lateralidade;• Noções de esquema corporal;• Discriminação e percepção auditiva;• Memórias tátil e cinestésica;• Memórias imediata e de longo prazo;• Praxias orofaciais;• Movimentos manuais grossos e finos;• Coordenação viso-motora;• Postura.

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Críticas

• Habilidades motoras com o lápis, lateralidade, memorização, conhecimento do esquema corporal, não garantem sucesso na aquisição da leitura e da escrita;

• É por meio da própria linguagem que os alunos atuam sobre o mundo estruturando a realidade, e, por isso, a atividade lingüística desempenha papel fundamental na constituição da percepção, memorização, lateralidade etc.

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Tarefas avaliativas relacionadas a aspectos lingüísticos

• Manipulação de fonemas (inversão de fonemas iniciais de palavras)

• Fluência verbal (verbalização de palavras que comecem com a mesma letra)

• Reprodução de sons que iniciam ou terminam proferidas pelo professor

• Formação de palavras (a partir de sílabas)

• Formação de frases (a partir de palavras)

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Tarefas avaliativas relacionadas a aspectos linguísticos

• Soletração e repetição de palavras

• Leitura e separação de palavras

• Leitura de logatomas

• Extração de conceitos fundamentais de um texto

• Identificação de letras do alfabeto, lista de palavras, de frases

• escrita espontânea

• Correção de frases que não seguem critérios semânticos ( Branca de Neve é um bruxo)

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Críticas - Conclusões

• As tarefas avaliativas são fragmentadas e descontextualizadas; ignoram as ações com, sobre e da linguagem; e se pautam em procedimentos que assumem uma postura confusa entre a oralidade e a escrita.

• As tarefas denotam situações não habituais para a atividade da linguagem, tais como: ditado, cópia, leitura em voz alta etc.

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Críticas - Conclusões

• É preciso considerar a intenção comunicativas dos interlocutores nas tarefas avaliativas.

• É preciso reconhecer a história e a singularidade de cada criança, sua relação com a escrita.

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Atuação Interdisciplinar

• Pedagogo

• Fonoaudiólogo

• Psicopedagogo

• Psicólogo

• Neurologista

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Atuação Interdisciplinar

• Pedagogo

Favorecer o acesso ao currículo ao propor adequações mais ou menos significativas, a fim de que tal flexibilidade curricular permita o ajuste de seu fazer pedagógico às necessidades do aluno

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Atuação Interdisciplinar

• Fonoaudiólogo

Favorecedor de situações de estimulação das habilidades de aprendizagem que repercutam nas atividades escolares que exigem a leitura e a escrita

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Atuação Interdisciplinar

• Psicopedagogo

Articula, apoiado na psicologia da educação e ensino escolar, conhecimentos das práticas educativas escolares.

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Atuação Interdisciplinar

• Psicólogo

Contribui interferindo nos processos de mudanças comportamentais em situações educativas em geral e, escolares.

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Atuação Interdisciplinar

• Neurologista

identificação dos fatores neurológicos que possam estar envolvidos por meio de exames de neuroimagem funcional: tomografia por emissão de pósitrons (PET), tomografia monofotônica (SPECT) e os estudos funcionais de ressonância magnética (RMF) que podem medir a atividade metabólica envolvida na atividade cerebral ampliadamente distribuída.

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Formas de intervenção pedagógica no processo de ensino aprendizagem do aluno considerado

disléxico: procedimentos e orientações

Ressignificação da prática pedagógica nas classes comuns Adequação do aspecto físico da sala de aula

Ação didática-pedagógica transdisciplinar

Uso de recursos tecnológicos

Uso de pesquisa como estratégia

Aprendizagem cooperativa

Revisão dos procedimentos de avaliação

Participação da comunidade

Organização de adequações curriculares

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Escola de qualidade / Escola Inclusiva

Remove barreiras para aprendizagem e participação de todos os alunos.

Promove a interação entre alunos, professores, familiares e funcionários.

Estimula e desenvolve as competências e habilidades de todos os alunos.

Avalia e providencia os recursos para acessibilidade curricular e física dos alunos com NEE.

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Análise de Textos

• Fátima

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Oficina de Textos: análise textual

Considerar

Aspectos discursivos da escrita

Aspectos formais da escrita

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos discursivos da escrita referem-se às características da linguagem em

uso

- coesão textual: diz respeito ao conjunto de recursos por meio dos quais as sentenças se interligam

(BRASIL, 1997)

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos discursivos da escrita referem-se às características da linguagem em

uso

- coerência textual : modo como os elementos expressos na superfície do textual e os que se encontram implicados permitem a construção do sentido

(BRASIL, 1997)

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais da escrita:

referem-se às características de representação gráfica da linguagem

(BRASIL, 1997)

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Oficina de Textos: análise textual Aspectos formais

• ao apreender o sistema alfabético a criança tende, em diversos momentos, a representar na escrita, os sons da fala tal como os pronuncia

• no transcorrer do processo de construção da escrita a criança passa a perceber que a escrita é mais complexa do a simples transcrição da oralidade

• nesse processo a criança propõe sua própria ortografia

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

• Soluções propostas pela criança = erros ou sintomas de construção da escrita?

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Oficina de Textos: análise textual Aspectos formais• no ambiente escolar a criança deve apreender

as regras convencionais e manifestar-se por escrito de acordo com tais convenções = forma de inclusão educacional/social

• O que se questiona não é a necessidade do domínio do “padrão oficial” da escrita, mas a forma como tal domínio é conduzido!!!

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Oficina de Textos: análise textual Aspectos formaisDesse modo:• A representação direta da oralidade na escrita

é suficiente para a criança alcançar a apropriação da escrita?

• As ocorrências em desacordo com as convenções do sistema de escrita devem ou não ser consideradas patológicas?

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Oficina de Textos: análise textual Aspectos formais

• É necessário que o professor considere que fato singular, que aspecto do contexto, de forma ou de significação lingüística, ou ainda, que possível combinação desses fatores pode ter adquirido saliência particular para a criança, colocando-se assim, na origem do problema para o qual passa a buscar uma solução, ainda que muitas vezes episódica e circunstancial

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

• Ex.: As “trocas” na fala e na escrita: Geralmente são compreendidas como decorrentes de dificuldades com a correspondência grafema-fonema e trabalhadas com tarefas de consciência fonológica

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Oficina de Textos: análise textual

Consciência fonológica

se refere à habilidade de refletir explicitamente sobre a estrutura sonora das palavras, percebendo-as como uma seqüência de fonemas. Quando uma criança apresenta alteração na consciência fonológica, nada mais é do que apresentar dificuldade para entender o princípio alfabético da escrita, que é a compreensão da relação entre as letras e os sons e o que eles representam ( a criança precisa relacionar os componentes sonoros da palavra com as letras da palavra)

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Oficina de Textos: análise textual

Situações em que não há correspondência letra-som

• uma mesma letra pode ser articulada com base em sons distintos (sapato e casa)

• um mesmo som pode ser grafado por diferentes letras (fonema [g] por g e j; [x] em próximo e exame)

• letras que não têm som nenhum na fala, mas que estão presentes na escrita (h em hoje)

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Oficina de Textos: análise textual

Situações em que não há correspondência letra-som

• possibilidades de muitas palavras serem pronunciadas de maneiras distintas em função das variedades lingüísticas (pastel, leite)

• as letras podem apresentar um valor silábico (apto, afta)

• utilização de duas letras para representar um som (guerra, queijo)

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

- instabilidade quanto ao domínio das diferentes possibilidades de representar, graficamente, um determinado som representações múltiplas (“xeio”, “maxa”, “xega”, “civocê” demonstram confusão com o uso de x, ch e s)

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

- confusão com o uso de m e n: “tanbe”, “nãoven”

- confusão com uso de r: “matan”, “acaban”, “acumula”

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

- assistematicidade do uso de marcação de nasalidade: “maxa”, “lipa”, “dengue”, “tanbe”

- assistematicidade quanto à compreensão sobre a quantidade de elementos que podem compor uma sílaba: “bancas”, “banco”, “brica”

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Oficina de Textos: análise textual

Aspectos formais

- instabilidade no uso de critérios de utilização de espaços em branco na escrita: segmentação na escrita

. Hipossegmentações: “civocê”, “nãoven”, “nosvasos”, “tesasas”, “propipa”, “denguepodemata”

. Hipersegmentações: “e le”, “ a reia”

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...o importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.

Fala de Riobaldo, personagem de Grande Sertão Veredas João Guimarães Rosa (1908-1967)

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Roteiro para análise

• Formar grupos com seis pessoas para a análise dos textos de 1 a 5, cada grupo vai analisar um texto. (crianças de 3ª série

• O que o aluno sabe?

• O que o aluno precisa saber?

• Encaminhamentos necessários.