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1 UNIVERSIDADE POTIGUAR UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO MURIELLE CRISTINA GUANABARA RAMALHO CÂMARA ORIENTAÇÃO PARA SERVIR EM CONTRATOS DE ADESÃO NATAL 2015

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1

UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

MURIELLE CRISTINA GUANABARA RAMALHO CÂMARA

ORIENTAÇÃO PARA SERVIR EM CONTRATOS DE ADESÃO

NATAL

2015

2

MURIELLE CRISTINA GUANABARA RAMALHO CÂMARA

ORIENTAÇÃO PARA SERVIR EM CONTRATOS DE ADESÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração, na área de Estratégia e Competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Nóbrega.

NATAL

2015

3

Câmara, Murielle Cristina Guanabara Ramalho. Orientação para Servir em Contratos de Adesão / Cristina Guanabara Ramalho Câmara – Natal, (107)f. Orientador: Kleber Cavalcanti Nóbrega Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós Graduação. Bibliografia (93-98)f. 1. Percepção de Valor – Dissertação. 2. Contrato de Adesão. 3.

Orientação para Sevir. I Título.

4

MURIELLE CRISTINA GUANABARA RAMALHO

ORIENTAÇÃO PARA SERVIR EM CONTRATOS DE ADESÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção de título de Mestre em Administração, na área de Estratégia e Competitividade, pela comissão julgadora composta pelos membros:

Resultado: Aprovada

Natal, 04 de agosto de 2015.

________________________________________________

Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Nóbrega

Orientador – Universidade Potiguar-UnP

________________________________________________

Profa. Dra. Laís Karla da Silva Barreto

Membro Examinador Interno – Universidade Potiguar - UnP

______________________________________________

Profa. Dr. José Alfredo Ferreira Costa

Membro Examinador Externo – UFRN

______________________________________________

Dr.Paulo Luciano Maia Marques

Membro Examinador Externo

Juiz Coordenador dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Rio Grande do Norte

5

Mãe, o meu amor por você me fará

continuar. Por você, seguirei o meu

caminho. Por você continuarei a viver e

voltarei a sorrir. Obrigada por tudo,

principalmente pelo seu exemplo de amor,

força e coragem. Te amo eternamente.

6

AGRADECIMENTOS

Agredeço primeiramente a Deus, fonte inesgotável de forças para trilhar com fé e

otimismo essa trajetória de 2 anos.

À minha mãe, pela paciência, tolerância e cumplicidade nos momentos difíceis, com

quem sempre pude contar para cuidar da netinha para que a filha conseguisse se

aprofundar nos estudos e alcançar a meta de se tornar mestre. Infelizmente você não

está aqui fisicamente para presenciar a conclusão e realização de nosso sonho, mas

tenho a certeza que, aonde você estiver, estás feliz por mim. Obrigada minha mãe,

por tudo, por ser a melhor mãe e melhor amiga. Te amo e te amarei para sempre.

Ao meu esposo Tiago e minha pequena Marina, pelo incentivo durante todo este

tempo.

Ao meu orientador professor Kleber Nóbrega, pela generosidade, cobrança e

estímulo constantes.

Aos demais professores do mestrado, pela indispensável colaboração. À Glícia por

sua atenção e cordialidade.

Aos colegas da turma de “estratégia e competitividade”, em especial Thereza e Aline,

cumplices durante esta caminhada.

Aos meus amigos Fernando Cabral e Ana Rachel, que me encorajaram a ingressar no

mestrado e, mesmo quando tudo parecia impossivel, não me deixaram desistir.

Agredeço ainda aos profissionais do Direito que tanto contribuíram para esta

pesquisa. A disponibilidade e o compromisso na análise dos contratos de adesão,

missão árdua que exigiu paciência e cautela, foram indispensáveis. A todos, muito

obrigada.

7

RESUMO

Analisando a competitividade e a necessidade de um novo olhar sobre a gestão de serviços, percebe-se a iminente exigência de uma maior clareza e amplitude das propostas de serviço, e, consequentemente, uma melhor percepção do cliente sobre o que, de fato, se está contratando. Neste sentido, considerando que a percepção de valor se inicia no momento da contratação de um serviço, revela-se importante compreender e direcionar o mercado e a comunidade acadêmica a uma conceituação de aplicação teórica e prática sobre o que seria um contrato orientado para servir ao cliente. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar quão servidores são os contratos de adesão oferecidos por empresas fornecedoras dos serviços TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa. O universo da pesquisa correspondeu a 5 (cinco) empresas que atuam em Natal/RN/Brasil. A partir de um modelo conceitual de contrato servidor, foram avaliadas quatro dimensões: aspectos físicos, razoabilidade, inteligibilidade e foco no cliente. Os contratos foram analisados por profissionais do Direito, denominados juízes, que responderam ao questionário. A análise do índice de validação de conteúdo (IVC), submetido à avaliação dos juízes, indicou que os contratos analisados apresentam moderada orientação para servir, permitindo assim, mapear a estratégia de aperfeiçoamento de contratos para estabelecer uma melhor percepção de valor por parte do cliente. Além disso, correlacionando os resultados da pesquisa com o ranking de ajuizamento de ações contra as empresas, constatou-se que quanto melhor o contrato, menor o número de ações destinadas, especificamente, a impugná-lo. .

Palavras-chave: Percepção de Valor. Contratos de Adesão. Orientação para Servir.

8

ABSTRACT

Analyzing competitiveness and the need for a fresh look at the management of services, we see the imminent need for greater clarity and breadth of service proposals, and consequently a better customer perception as to what, in fact, we are hiring. In this sense, considering that the perception of value is initiated at the time of hiring a service, proves to be important to understand and drive the market and the academic community to theoretical concepts and practical application of what would be a directed contract to serve customer. This research aims to evaluate how servers are subscription contracts offered by suppliers of TV subscription services, broadband internet and fixed telephony. The research universe corresponded to five (5) companies operating in Natal / RN / Brazil. From a conceptual model of server contract were assessed four dimensions: physical aspects, reasonable, intelligibility and customer focus. The contracts were reviewed by legal professionals, called judges who responded to the questionnaire. The analysis of content validity index (CVI), submitted to the evaluation of the judges indicated that the contracts analyzed have moderate orientation to serve, thus allowing map the contracts enhancement strategy to establish a better perception of value by the customer . In addition, correlating the search results with the filing of ranking of actions against the companies, it was found that the better the contract, less the number of shares allocated specifically to contest it.

Keywords: Perception of Value. Adhesion Contracts. Service Orientation.

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da Dissertação ............................................................................. 21

Figura 2 - Classificação dos Serviços .......................................................................... 33

Figura 3 - Esquema de uma Organização Servidora................................................... 43

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Porcentagem de avaliação dos contratos por segmento .......................... 74

Gráfico 2 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de Internet .................. 77

Gráfico 3 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de Telefonia ............... 78

Gráfico 4 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de TV por assinatura . 78

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica do Direito do Consumidor . 28

Quadro 2 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica da Gestão de Serviços ..... 38

Quadro 3 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica do Senso de Servir ........... 45

Quadro 4 - Comparativo das Dimensões à luz dos três construtos estudados (Direito

do Consumidor, Dimensões SERVQUAL e Processo Servidor) ................................. 47

Quadro 5 - Explicação da Dimensão Aspectos Físicos em um Contrato Servidor ...... 52

Quadro 6 - Explicação da Dimensão Razoabilidade em um Contrato Servidor .......... 52

Quadro 7 - Explicação da Dimensão Inteligibilidade em um Contrato Servidor .......... 53

Quadro 8 - Explicação da Dimensão Foco no Cliente em um Contrato Servidor ........ 55

Quadro 9 - Construto Teórico de um Contrato Servidor .............................................. 56

Quadro 10 - Coleta de Dados ...................................................................................... 61

Quadro 11 - Variáveis analíticas da Pesquisa ............................................................. 62

Quadro 12 - Resumo das análises estatísticas utilizadas ........................................... 64

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Teste estatístico de confiabilidade do questionário por itens....................... 60

Tabela 2 - Interpretação do Teste Kappa .................................................................... 66

Tabela 3 - Teste de Kappa entre os juízes – Internet .................................................. 67

Tabela 4 - Teste de Kappa entre os juízes - Telefonia ................................................ 67

Tabela 5 - Teste de Kappa entre os juízes – TV por Assinatura ................................. 67

Tabela 6 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (Internet) ........................................ 69

Tabela 7 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (Telefonia) ..................................... 69

Tabela 8 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (TV por assinatura) ........................ 69

Tabela 9 - Índice de Validade do Conteúdo por itens .................................................. 70

Tabela 10 - Avaliação dos contratos por segmento .................................................... 74

Tabela 11 - Média das dimensões estudadas por segmento ...................................... 75

Tabela 12 - Estatística descritiva das dimensões estudadas por segmento ............... 76

Tabela 13 - Comparação das dimensões por operadoras (Internet) ........................... 79

Tabela 14 - Comparação das dimensões por operadoras (TV por assinatura) ........... 79

Tabela 15 - Comparação das dimensões por operadoras (Telefonia) ........................ 80

Tabela 16 - Ranking da Anatel de empresas mais reclamadas no serviço de telefonia

no período de janeiro a dezembro de 2014. ................................................................ 81

Tabela 17 - Ranking da Anatel de empresas mais reclamadas no serviço de tv por

assinatura no período de janeiro a dezembro de 2014. .............................................. 82

Tabela 18 - Ranking do reclameaqui.com.br de comparação de desempenho das

empresas pesquisadas nos últimos 12 (doze) meses. ................................................ 82

Tabela 19 - Ranking de ajuizamento de ações em que as empresas pesquisadas

figuram como rés. ........................................................................................................ 83

Tabela 20 - Análise descritiva da comparação do desempenho das empresas .......... 84

Tabela 21 - Análise descritiva dos melhores e piores desempenhos das dimensões

nos três serviços.......................................................................................................... 85

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 13

1.2 PROBLEMA .......................................................................................................... 16

1.3 OBJETIVOS DE PESQUISA ................................................................................. 17

1.3.1 Geral .................................................................................................................18

1.3.2 Específicos........................................................................................................ 18

1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 18

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 22

2.1 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DO

DIREITO CONTRATUAL E DO CONSUMIDOR ......................................................... 22

2.1.1 Princípios do Direito Contratual ...................................................................... 23

2.1.2 Os Contratos de Adesão à luz do Código de Defesa do Consumidor: nova

concepção social dos contratos .............................................................................. 26

2.1.3 Um bom contrato à luz do Direito do Consumidor. ....................................... 27

2.2 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DA

GESTÃO DE SERVIÇOS ............................................................................................ 30

2.2.1 Conceito de Serviço ......................................................................................... 30

2.2.2 Pacote de Serviços e seus elementos ............................................................ 33

2.2. Momentos da Verdade e o Ciclo de Serviço .................................................... 35

2.2.4 A Escala SERVQUAL e a Qualidade de Serviço ............................................ 37

2.2.5 Um bom contrato à luz da Gestão de Serviços .............................................. 38

2.3 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DO

SENSO DE SERVIR .................................................................................................... 40

2.3.1 Senso de Servir ................................................................................................ 40

2.3.2 Empresa Servidora ........................................................................................... 42

2.3.3 O Serviço-processo e a orientação para servir - Processos Servidores ... 43

3 CONTRATOS DE ADESÃO ORIENTADOS PARA SERVIR – O CONSTRUTO

TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR ............................................................... 47

3.1 ATRIBUTOS DE UM CONTRATO DE ADESÃO ORIENTADO PARA SERVIR

SOB A ÓTICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR, DA GESTÃO DE SERVIÇOS E DO

SENSO DE SERVIR .................................................................................................... 47

14

3.2 O CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR ............................. 51

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 58

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................... 58

4.2 UNIVERSO/AMOSTRA DA PESQUISA ................................................................ 59

4.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA ........................................................................... 59

4.4 COLETA DE DADOS ............................................................................................ 61

4.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS ...................................................................................... 62

4.6 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................... 64

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 66

5.1 GRAU DE CONCORDÂNCIA DAS ANÁLISES REALIZADAS PELOS JUÍZES

........................................................................................................................66

5.1.1 Análise da Concordância através do Teste de Kappa .................................. 66

5.1.2 Avaliação dos Contratos através do Índice de Validação de Conteúdo

(IVC).............................................................................................................................67

5.2 AVALIAÇÃO DOS CONTRATOS ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO GERAL DOS ITENS

DO QUESTIONÁRIO ................................................................................................... 74

5.3 AVALIAÇÃO DOS CONTRATOS ATRAVÉS DE COMPARAÇÃO DE MÉDIAS

........................................................................................................................75

5.4 COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO ENTRE AS EMPRESAS PESQUISADAS . 78

5.5 CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM O RANKING DE

AJUIZAMENTO DE AÇÕES NO JUIZADO ESPECIAL CENTRAL DA COMARCA DE

NATAL/RN ................................................................................................................... 81

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 87

6.1 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 87

6.2 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ............................................................................... 90

6.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................................ 91

6.4 FUTURAS PESQUISAS ........................................................................................ 91

ANEXOS ..................................................................................................................... 99

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Atualmente vivencia-se um momento de intensa competição nos diversos

setores do mercado de consumo. O caráter competitivo das organizações é

ressaltado na corrida para a obtenção de lucros e retenção de clientes, especialmente

no contexto de sobrevivência das empresas após períodos de crise econômica.

Destaca-se que o setor de serviços é o que mais cresce nas diversas

economias do mundo (IBGE, 2013). Segundo Grönroos (2009), em países

desenvolvidos, o setor de serviços tem representado mais de responsável 50% do

produto interno bruto e da empregabilidade. Em relação ao Brasil, dados do Cadastro

Central de Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012)

revelam que no ano de 2010 houve um crescimento de 18% no número de empresas

e organizações prestadoras de serviços. Ainda de acordo com o mesmo instituto

(IBGE, 2013), o setor de serviços corresponde, nos dias de hoje, a 69,4% do PIB

nacional.

Neste aspecto, devido ao incremento do setor de serviços, tem-se constatado,

nos últimos anos, uma mudança global no foco da prestação de serviços, haja vista a

competitividade do mercado e a necessidade de sobrevivência das empresas após

períodos de crise econômica.

Algumas razões justificam a mudança de foco na gestão de serviços. No

Brasil, em 1990, foi publicada a Lei 8.078 que instituiu o Código de Defesa do

Consumidor, o qual entrou em vigor ao dia 11 de março de 1991, exigindo uma nova

postura das empresas prestadoras de serviço, as quais deveriam ressaltar e proteger

a figura do consumidor em inúmeros aspectos (BRASIL, 2014).

Por uma outra ótica, destaca-se que antes da revolução digital, os clientes

conheciam as empresas e seus serviços, mas dispunham de dados limitados, o que

não excluía a indicação “do boca a boca”. Entretanto, no presente, devido ao livre

acesso à internet e redes sociais, o cliente tem poderes reais, sendo muito bem

informado sobre seus direitos e, muitas vezes, mais conhecedores do produto/serviço

que os próprios vendedores e prestadores.

Portanto, a orientação para servir tem norteado a estratégia de várias

organizações. Segundo Kotler (2013), as empresas que sobreviverão serão aquelas

14

que compreendem, de fato, as necessidades e os desejos dos mercados-alvo e são

mais capazes que as outras de garantir a satisfação do cliente.

Neste sentido, é preciso compreender que a percepção de valor sobre um

serviço inicia no momento da contratação. Dessa forma, demonstra-se relevante que

a orientação para servir ocorra nos primeiros contatos do cliente, como no ato da

celebração do contrato.

Analisando a competitividade e a necessidade de um novo olhar sobre a

gestão de serviços, percebe-se a iminente exigência de uma maior clareza e

amplitude das propostas de serviço, e, consequentemente, uma melhor percepção do

cliente sobre o que, de fato, se está contratando.

Considerando o momento da contratação do serviço, Marques (2005) ressalta

que com a revolução industrial e o acréscimo populacional expressivo, os contratos

passaram a ser contratos de massa, ou seja, as relações contratuais passaram a ser

massificadas e os instrumentos referentes a elas firmados sob a forma de contrato de

adesão, disponibilizados ao público em um modelo uniforme, geralmente impresso,

com cláusulas preestabelecidas unilateralmente pelo parceiro contratual

economicamente mais forte. É um fenômeno típico da contemporaneidade,

produzindo-se em múltiplos campos.

Hoje, aderir a um serviço significa aceitar os termos contratuais em sua

integralidade, uma vez que o consumidor não tem a oportunidade de discutir

previamente quaisquer das cláusulas contratuais que lhe são impostas. Ao cliente

resta apenas a possibilidade de concordar com os termos do contrato e, no futuro,

havendo prejuízo de qualquer natureza, lhe resta a opção de discutir o contrato e a

prestação do serviço em juízo.

Os Contratos de Adesão são contratos padronizados e aplicados à massa

consumidora, os quais são estabelecidos unilateralmente pelo fornecedor de produtos

ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu

conteúdo (BRASIL, 2014).

Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor exige uma nova postura

das empresas prestadoras de serviço, as quais devem ressaltar e proteger a figura do

consumidor em inúmeros aspectos (BRASIL, 2014). O código consumerista pátrio

estabelece princípios, direitos básicos e uma tutela diferenciada para os contratos de

consumo, os quais devem assegurar informações corretas, claras, precisas,

ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,

15

quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros

dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos

consumidores (BRASIL, 2014).

Ademais, os clientes buscam, em muitas ocasiões, a personalização dos

serviços que lhe são prestados (NÓBREGA, 2013). Este fato se contrapõe à prática

das adesões contratuais, quando, na oportunidade de contratar qualquer dos

serviços, o consumidor tem a oportunidade apenas de aceitar e se submeter às

regras do jogo, sob pena de não obter a prestação de serviço de que tanto necessita.

Ao mesmo tempo, a gestão de serviços apresenta uma abordagem atual

voltada para além da mera prestação do serviço, a ideologia do sistema aberto, cujo

foco é o mercado, e não apenas o serviço prestado. Quando antes se imaginava a

qualidade de um serviço como custo, hoje a qualidade da prestação do serviço é

interpretada como investimento indispensável para as empresas. Dessa forma, o

pacote de serviços reconhece dimensões diversas, que ultrapassam o serviço em si e

analisam todos os aspectos que permeiam a sua prestação, abordando, inclusive os

aspectos acessórios, operacionais e psicológicos do processo (FITZSIMMONS e

FITZSIMMONS, 2005).

Pequenas e médias empresas tendem a consolidar estratégias de

aproximação do cliente, visando sua satisfação, e, por uma via reflexa, a manutenção

de seus negócios, inclusive como forma de se contraporem as estratégias de

competição baseadas em preço de grandes redes.

Dessa forma, a opção pelo senso de servir pode contribuir significativamente

para a conquista e retenção de clientes, através de uma liderança que favoreça a

construção de uma cultura de “serviço ao cliente”, culminando com o planejamento e

adoção de processos que façam os clientes perceberem esta cultura adotada

(NÓBREGA, 2007).

Zeithmail et al (1997) afirma que experiências de serviço são fruto das

interações entre as organizações, sistemas relacionados/processos, funcionários e

clientes. Eis que surge o conceito de integralidade no processo de serviço, a qual é

alcançada quando o sistema de prestação de serviço de uma empresa corresponde

ao cliente típico na amplitude das suas expectativas (PARASURAM et al, 2009).

Apresentam-se, oportunamente, os construtos teóricos de Empresa Servidora

e dos Processos Servidores, em que são avaliadas características indispensáveis que

16

buscam facilitar a vida do usuário, a exemplo dos aspectos informativo, da

flexibilidade e foco no cliente (NÓBREGA, 2009).

Com alicerce no construto teórico de Empresa Servidora, especificamente dos

Processos Servidores, são avaliadas características indispensáveis que buscam

facilitar a vida do usuário, a exemplo dos aspectos informativo, da flexibilidade e foco

no cliente (NÓBREGA, 2009).

Destarte, demonstra-se necessário analisar o perfil dos contratos de

prestação de serviço das empresas fornecedoras e relacionar o conteúdo destes

instrumentos com o senso de servir. Na ótica de práticas voltadas para o “melhor

servir”, o ato do contrato e os esclarecimentos mínimos são importantes para uma

boa impressão do consumidor e sua fidelização.

A presente pesquisa, portanto, se revela importante uma vez que apresenta

um modelo conceitual de Contrato Servidor, bem como avalia quão servidores são os

contratos de adesão oferecidos por empresas prestadoras de serviço de tv por

assinatura, internet banda larga e telefonia fixa.

Após a análise de aspectos relacionados à previsão de aspectos físicos do

serviço, equilíbrio entre as cláusulas contratuais que apresentam direitos e obrigações

para o cliente, a disposição inteligível destes direitos e obrigações, bem como o foco

no cliente presente no contrato, se torna possível vislumbrar as oportunas melhorias

nos contratos de adesão fornecidos pelas empresas prestadoras de serviço com o fito

de constituir uma percepção de valor positiva do cliente em relação ao serviço

contratado.

Além disso, correlacionando os resultados obtidos com o ranking de Ações de

Revisão de Contrato ajuizadas no Juizado Especial de Natal correspondente à cada

empresa, é possível analisar a influência e efeitos dos contratos no contexto das

demandas judiciais que os questionam.

Portanto, o foco do presente trabalho é analisar até que ponto empresas de

prestação de serviços de TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa

estabelecem contratos de adesão orientados a servir ao cliente.

1.2 PROBLEMA

A intensa concorrência, a busca por grandes lucros e retenção de clientes são

os principais desafios no setor de serviços. Neste aspecto, um dos diferenciais

17

competitivos para as empresas é a gestão direcionada ao senso de servir

(NÓBREGA, 2013).

Entretanto, o consumidor, no ato de contratar o serviço de uma determinada

empresa fornecedora, costuma aderir a um contrato pronto, estabelecido

unilateralmente pelo prestador, sem que haja a oportunidade de esclarecer ou discutir

os termos do acerto. Eis que surge, portanto, a necessidade de avaliar esses

instrumentos contratuais e analisar se eles buscam servir ao cliente de maneira

satisfatória.

Em que pese a aplicação das práticas tradicionais de mercado, o Código de

Defesa do Consumidor prevê princípios, direitos básicos do consumidor e uma tutela

diferenciada para os contratos de consumo.

Por seu turno, a gestão de serviços é direcionada à qualidade, com a busca

em direcionar o serviço às pretensões do consumidor, principalmente os benefícios

que o cliente deseja obter, além da prestação do serviço.

Ademais, o senso de servir é reflexo da orientação para o cliente, em

contraponto à cultura tradicional de orientação interna, com foco na empresa.

A partir da análise das premissas estabelecidas pelo Direito do Consumidor,

pela Gestão de Serviços e pelo Senso de Servir, é importante direcionar a pesquisa

para a análise dos contratos de adesão, uma vez que constituem elemento importante

do processo de prestação do serviço.

Neste sentido, demonstra-se relevante analisar o equilíbrio entre as cláusulas

contratuais, avaliar se os direitos e deveres estão claramente apresentados, e

verificar se o contrato é orientado para servir.

Dessa forma, a partir da construção de um modelo teórico de contrato

servidor, com dimensões e atributos próprios, essa pesquisa irá responder: Quão

servidores são os contratos de adesão estabelecidos por empresas de

prestação de serviços de TV por assinatura, internet banda larga e telefonia.

1.3 OBJETIVOS DE PESQUISA

Diante da problemática apresentada, os objetivos procuram oferecer

respostas para a indagação realizada. Portanto, são apresentados o objetivo geral e

os objetivos específicos, estes últimos indispensáveis para o alcance do objetivo

geral.

18

1.3.1 Geral

Avaliar quão servidores são os contratos de adesão oferecidos por 5 (cinco)

empresas fornecedoras dos serviços TV por assinatura, internet banda larga e

telefonia fixa que atuam em Natal/RN.

1.3.2 Específicos

Para a condução desta pesquisa são propostos os seguintes objetivos

específicos:

1. Apresentar um construto teórico, com dimensões e atributos próprios,

que representa um contrato com orientação para servir (Contrato Servidor).

2. Verificar se as cláusulas contratuais contemplam aspectos físicos do

serviço;

3. Constatar se as cláusulas contratuais apresentam razoável equilíbrio

entre os direitos e obrigações previstos para o cliente;

4. Avaliar se os direitos e deveres estão inteligivelmente estabelecidos no

contrato;

5. Averiguar se os contratos de prestação de serviço são elaborados com

foco no cliente;

6. Correlacionar os resultados das avaliações dos contratos com o índice

de demandas judiciais contra as 5 (cinco) empresas estudadas, no âmbito do Juizado

Especial de Natal.

1.4 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, em decorrência do incremento e crescimento do setor de

serviços, as empresas fornecedoras têm sentido a necessidade de uma gestão que

vai além da simples prestação de um serviço, de modo que a qualidade, diferente do

que acontecia no passado, começa a ser interpretada como um importante

investimento no mundo empresarial.

Neste aspecto, a revolução digital, com o livre acesso à internet e às redes

sociais, promove, atualmente, um alto grau de conhecimento dos consumidores em

relação aos serviços.

19

Por seu turno, vivencia-se uma intensa concorrência entre as empresas

prestadoras de serviço, o que, de certa forma, força os fornecedores a repensarem

uma melhor forma de agregar clientela e lucrar satisfatoriamente.

Entrementes, no que se refere ao mercado de produtos e serviços, fala-se

dos contratos de massa, os famosos contratos de adesão. Como já dito

anteriormente, ao contrário dos contratos paritários, em que as partes tem a

oportunidade de discutir as cláusulas do acerto, os contratos de adesão são

elaborados unilateralmente pelas empresas, cabendo ao consumidor do serviço

aceitar ou não os seus termos. Caso o cliente se sinta prejudicado, ele acaba por

fazer a opção de aderir ao contrato e, em um momento posterior, decide discutir

judicialmente os seus termos, o que lhe acarreta aborrecimentos e prejuízos

financeiros.

Visualizando o ato da contratação de um serviço como momento decisivo e

que interfere na satisfação do cliente, revela-se importante compreender e direcionar

o mercado e a comunidade acadêmica a uma conceituação de aplicação teórica e

prática sobre o que seria um contrato orientado para servir ao cliente.

O estudo colaborará para o desenvolvimento de estratégias, que possibilitem

a agregação dos clientes da empresa, estimulando o planejamento de processos,

especificamente no que se refere à elaboração dos contratos de adesão.

Téorica e academicamente, a presente pesquisa se revela importante uma

vez que apresentará um modelo conceitual de Contrato Servidor, ou seja, um contrato

orientado a servir ao cliente.

Por seu turno, é indiscutível a relevância social da pesquisa, uma vez que

ressalta a cultura do “melhor servir”, no afã de que nos tornemos uma economia

lembrada pela qualidade dos serviços prestados.

Ademais, a motivação pessoal por parte da pesquisadora se justifica na

congruência entre os conhecimentos de um ramo do Direito, qual seja o Direito do

Consumidor, e os conhecimentos de Estratégias de Gestão de Serviços e Senso de

Servir.

A viabilidade do estudo se vislumbra em razão do provável acesso a contratos

de diversas empresas prestadoras de serviço, uma vez que se referem contratos de

consumo, que fazem parte do dia a dia das pessoas. Trata-se, pois, de uma realidade

muito próxima de todos, pois fomos, somos e seremos consumidores a todo tempo.

20

Destarte, a presente pesquisa será fundamentada, especialmente, no âmbito

do Direito Contratual e Direito do Consumidor, por Marques (2013), Tartuce (2011) e

Russel (2007). Sob a ótica da Gestão de Serviços, o estudo será abalizado por

Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005), Grõnross (2006), Nóbrega (2013), Parasuraman,

Zeithaml e Berry (1990), Marshall e Murdoch (2003), Gummesson (1992) e Zeithmal e

Bitner (2003). Por fim, no que se refere ao Senso de Servir, a fundamentação teórica

será norteada por Nóbrega (2013) e Nóbrega e Lopes (2013).

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Para o desenvolvimento do estudo buscar-se-á alicerce na revisão da

literatura relacionada às áreas do Direito do Consumidor, Gestão de Serviços e Senso

de Servir, para que se realize uma interface entre cada um dos temas e o conceito de

um contrato ideal.

Partindo da revisão da literatura, será apresentado um construto teórico de

um contrato servidor, com dimensões e atributos específicos, a partir do qual será

realizada a pesquisa.

Para tanto, inicialmente, será realizado um estudo dos Princípios e regras do

Direito Contratual e do Direito do Consumidor. Através desta análise, serão

apresentadas algumas características essenciais para que o instrumento contratual

possa ser considerado bom sob a ótica do Direito.

Em seguida, analisar-se-á o conceito, pacote e ciclo de serviços, bem como a

abordagem das dimensões SERVQUAL, em sede de qualidade de serviços. Partindo

destes pressupostos, serão apresentadas dimensões que se aplicam a um conceito

de contrato ideal sob a ótica da gestão de serviços.

Será realizado, ainda, o estudo relacionado ao Senso de Servir, com a breve

exposição teórica sobre empresas servidoras e processo servidor. A partir das

nuances do senso de servir, especificamente às dimensões do processo servidor,

serão elencadas algumas características de um bom contrato sob a ótica do senso de

servir.

Dessa forma, após a revisão da literatura sobre as três facetas citadas, quais

sejam, Direito Contratual e do Consumidor, Gestão de Serviços e Senso de Servir,

cada qual com dimensões próprias, será apresentado o construto teórico do Contrato

Servidor.

21

Em seguida, será realizada uma pesquisa de natureza descritiva, através de

pesquisa documental, com a finalidade de verificar quão servidoras são os contratos

de adesão disponibilizados pelas empresas prestadoras de serviço, com a

especificação sobre os que apresentam baixo, moderado e alto graus de senso de

servir. A Figura 1 apresenta a estruturação da pesquisa:

Figura 1 - Estrutura da Dissertação

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DO

DIREITO CONTRATUAL E DO CONSUMIDOR

A necessidade de contratar nasceu a partir do momento em que as pessoas

passaram a viver em sociedade. A própria palavra sociedade remete à idéia de

contrato, uma composição entre as partes com uma determinada finalidade. Neste

sentido, o filósofo iluminista Rousseau (2008), no clássico O Contrato Social, partiu do

pressuposto da união de pessoas para um objetivo específico, com a concepção de

que o poder emana do povo e, portanto, estabelece um tratado de concepções

políticos, com anseios de liberdade, com o afã de garantir os direitos da coletividade.

A celebração de um contrato, portanto, se caracteriza, em regra, como um ato

jurídico bilateral, com pelo menos uma declaração de vontade, o qual tem por

finalidade introduzir, modificar ou eliminar direitos e obrigações (TARTUCE, 2011).

Em uma noção preliminar sobre contrato, imagina-se que, no ato da

contratação, as partes têm a oportunidade de discutir previamente as suas cláusulas,

idealizando o instrumento contratual como um acordo de vontades ideal, com critérios

de justiça e igualdade para ambas as partes.

Ressalta-se, entretanto, que os contratos, sob a ótica do Direito Civil

Brasileiro, recebem várias classificações. A classificação que interessa para o

presente trabalho se refere à categorização que considera a negociação de conteúdo

pelas partes.

Neste aspecto, existem os contratos paritários, uma raridade para a realidade

brasileira, pois são os contratos em que partes envolvidas tem a oportunidade de

discutir previamente as suas cláusulas. Em contraponto, existem os contratos de

adesão, aqueles em que uma das partes impõe o conteúdo negocial, restando à outra

parte, o aderente, apenas duas opções: aceitar ou não o conteúdo do negócio

(TARTUCE, 2011).

Ainda segundo Tartuce (2011, p. 479), o conceito de contrato de adesão

“deve ser visto em sentido amplo, de modo a englobar todas as figuras negociais em

que as cláusulas são preestabelecidas ou predispostas, caso do contrato-tipo e do

contrato formulário, figuras negociais em que as cláusulas são predeterminadas até

por um terceiro”.

23

Em paralelo aos contratos de adesão há o que se chama de contrato de

consumo, um conceito de contrato apresentado pelo Código de Defesa do

Consumidor. Nos termos dos 2º e 3º da Lei 8.078/1990 (Brasil, 2014), o contrato de

consumo seria aquele em que alguém, um profissional, fornece um produto ou serviço

a um destinatário final denominado consumidor, mediante remuneração direta ou

vantagens indiretas.

Importa ressaltar que nem todo contrato de adesão é um contrato de

consumo e nem todo contrato de consumo é contrato de adesão, em que pese

ressaltar que na imensa maioria dos contratos disponibilizados pelos fornecedores de

produtos e serviços, os consumidores, clientes e usuários não tem a oportunidade de

discutir os termos da negociação.

Destarte, no âmbito dos contratos de consumo, em que se aplicam os

contratos de adesão, a realidade é bem distante da ideia inicial de acordo de

vontades. No referido contexto, as cláusulas são preestabelecidas ou predispostas,

caso do contrato-tipo e do contrato formulário, ou seja, quando uma das partes impõe

o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, apenas duas opções: aceitar

ou não o conteúdo do negócio.

2.1.1 Princípios do Direito Contratual

Na conceituação de Mello (2012), princípios são o núcleo de um sistema,

verdadeiro alicerce dele. No âmbito do Direito Contratual Contemporâneo Brasileiro, a

teoria geral dos contratos é alicerçada por alguns princípios basilares.

Inicialmente, como princípio basilar do direito contratual, destaca-se a

Autonomia da Vontade. Para efeitos de celebração de um contrato, ou seja, de um

acordo entre partes, deve prevalecer a vontade de cada um dos lados. Nesta ótica, a

liberdade de contratar se refere, inicialmente, à autonomia de celebrar o contrato, bem

como ao conteúdo do negócio jurídico, que, como regra, deve ser fruto da vontade de

ambos contratantes.

Roppo (1998, p.142) afirma que “o princípio da autonomia privada implica que

a vontade das partes deve considerar-se como a principal fonte de determinação do

regulamento contratual”.

Entretanto, o referido princípio, como muitos conceitos do direito, não é

absoluto, pois direitos ou interesses maiores podem se sobrepor ao interesse e a

liberdade individual, a exemplo de interesses metaindividuais ou, até mesmo, direito

24

individual relacionado à dignidade da pessoa humana, nos termos do Enunciado 23

do Conselho da Justiça Federal (CNJ, 2014).

Como exemplo prático da relatividade do princípio da autonomia da vontade,

tem-se que, muitas vezes, o domínio econômico de uma pessoa prevalece sobre a

outra, quando o economicamente mais forte dita as regras do negócio. Eis que os

contratos de adesão, são padronizados e elaborados unilateralmente por uma das

partes (Tartuce, 2011).

Noutro pórtico, o princípio do pacta sunt servanda, ou força obrigatória dos

contratos, o qual estabelece que o contrato faz lei entre as partes, é igualmente

relativizado. A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 2014) estabeleceu princípios

como a proteção da dignidade humana (art. 1º, III), a solidariedade social (art. 3º, I) e

a igualdade em sentido amplo (art. 5º, caput).

Além disso, o artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal (Brasil, 2014),

através do Princípio da Inafastabilidade da Tutela Jusrisdicional, dispõe que a lei não

excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Assim, o Poder

Judiciário poderá intervir nas relações de direito privado, principalmente, quando

constatados abusos e lesões a direito constitucionalmente garantidos.

Por seu turno, o Código Civil, por ser posterior à Constituição Federal de

1988, também recebeu interpretação constitucional. Portanto, no âmbito do Direito

Civil Constitucional, o Código Civil estabelece expressamente, através do artigo 421,

o princípio da função social dos contratos: "A liberdade de contratar será exercida em

razão e nos limites da função social do contrato" (Brasil, 2014) .

Dessa forma, a Função Social dos Contratos se refere a um outro princípio, o

qual permeia a finalidade coletiva e relativiza o princípio da Força Vinculante dos

Contratos.

Portanto, quando a autonomia da vontade for oposta a regras que tutelam

interesses superiores, direitos que ultrapassam o limite do individual, a autonomia da

vontade e a força obrigatória dos contratos caem por terra. Eis que se apresenta

como outro princípio contratual, qual seja, a Relatividade das Convenções.

Percebe-se, que esse peso e essas condições de inalterabilidade e

aplicabilidade obrigatória dão lugar à aplicação de regras básicas, fundamentais, que

envolvem direitos fundamentais, direitos coletivos, direitos de um hipossuficiente, ou

aplicação de regras de ordem pública.

25

Por fim, um outro importante princípio do direito contratual, indispensável para

o presente estudo, se refere ao Princípio da Boa-Fé, que, antes da vigência do atual

Código Civil, já era previsto pelo Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo 4º,

inciso III:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores (BRASIL, 2014);

A boa-fé se refere, ao conceito subjetivo de lealdade da conduta das partes

contratantes, como um dever anexo às obrigações do próprio contrato. Conforme

aduz Marques (2005), boa-fé objetiva significa, uma atuação refletindo, pensando no

outro, respeitando-o, compreendendo seus interesses legítimos, suas expectativas,

seus direitos, agindo sem abuso, sem causar lesão ou desvantagem excessiva.

Conforme Oliveira (2009), em paralelo ao princípio da boa-fé, é importante a

existência da confiança na relação contratual, mesmo em se tratando de aspectos

ligados ao contrato de adesão, de massa. Neste sentido, não podemos colocar na

mesma balança os contratos de natureza exclusivamente pessoal, celebrados por

pessoas que se conhecem, regidos pelo Código Civil e os contratos de consumo, que

traduz fenômenos sociais. Em relação ao Princípio da Boa-fé, o Código de Defesa do

Consumidor estabelece:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; (BRASIL, 2014);

O Código Civil apresenta o referido o princípio em alguns de seus artigos

(artigos 113, 187 e 422 do CC), e, para efeitos de contrato, ele poderá ser aplicado

como uma forma de interpretação das regras do contrato, como mecanismo de

26

controle ao abuso de direito e de integração, que garante a sua observância em todas

as fases contratuais, até o final de sua execução (TARTUCE 2011).

Apresentados os elementares princípios que regem o universo dos contratos,

cumpre analisa-los à luz do Código de Defesa do Consumidor.

2.1.2 Os Contratos de Adesão à luz do Código de Defesa do Consumidor: nova

concepção social dos contratos

Segundo Marques (2005), são chamados de contratos de consumo todas

aquelas relações contratuais que envolvem um consumidor a um profissional,

fornecedor de bens ou serviços. Esta nova terminologia engloba todos os contratos

civis e mesmo comerciais, nos quais, por estar presente em um dos pólos da relação

um consumidor; já se presume um desequilíbrio entre os contratantes, a

hipossuficiência de uma das partes, e, portanto, a imperatividade de aplicação de uma

norma jurídica de proteção específica, o Código de Defesa do Consumidor.

A lei 8.078/90 trouxe para o direito brasileiro o reforço do conceito do

equilíbrio contratual, o qual se revela indispensável para as relações de consumo,

haja vista a praxe dos contratos de massa, através dos quais os clientes dos serviços

aderem aos termos e condições estabelecidos unilateralmente pelo fornecedor, sem a

oportunidade discussão do conteúdo do contrato. A referida norma estabelece, em

seu artigo 6º, que um dos direitos básicos do consumidor é a modificação das

cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão

em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (BRASIL,

2014).

Como já mencionado em linhas anteriores, a normativa que protege os

consumidores, quando estabelece a imposição do equilíbrio contratual, relativiza

alguns dos princípios do direito contratual, a exemplo da liberdade de contratar e a

força obrigatória dos contratos.

Ressalta-se que, em matéria contratual, em decorrência do equilíbrio entre as

partes, os clientes, consumidores, usuários de um serviço, tem o direito à

transparência e informação no ato de contratar, bem como no desenrolar da relação

jurídica. Neste sentido, os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos

claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior

ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor (BRASIL,

2014).

27

Por seu turno, os deveres de lealdade, clareza e transparência não significam

onerosidade para os fornecedores, uma vez que o equilíbrio contratual exigido pelo

Código de Defesa do Consumidor se refere ao mínimo de direitos, nos termos do

artigo 31 do referido diploma legal:

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores (BRASIL, 2014).

Ademais, para as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor

deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

E, no que se refere à limitação de direitos, demonstra-se indispensável, em

sede de direito das relações de consumo, a verificação da boa-fé contratual, através

da análise da existência de cláusulas abusivas ou excessivamente onerosas ao

consumidor, as quais, inclusive, são passíveis de nulidade.

2.1.3 Um bom contrato à luz do Direito do Consumidor.

Apresentados os princípios norteadores do Direito do Consumidor e as

previsões legais dispostas no código consumerista, cumpre apresentar as dimensões

e atributos que permeiam o conceito de um contrato com orientação para servir

conforme ótica dos princípios e premissas da doutrina consumerista e do Código de

Defesa do Consumidor.

Destaca-se, por oportuno, que as dimensões que permeiam um bom contrato,

à luz do Direito do Consumidor, refletem a função social do contrato, princípio que

norteia a estabilidade das promessas e dos acordos como uma forma de servir o bem

comum. Nesta forma, para servir, os contratos devem promover a confiança nas

relações, bem como a viabilidade de contratar, estimulando a criação de mercados

robustos e, consequentemente, o desenvolvimento da sociedade (RUSSELL, 2007).

Na ótica da proteção contratual conferida ao consumidor, faz-se necessário

verificar as dimensões presentes no Código de Defesa do Consumidor, as quais

reportam à existência de equilíbrio das cláusulas contratuais, transparência e clareza

do fornecedor, elementares ao dever de informar, bem como a boa-fé na elaboração

28

de termos do contrato. O Quadro 1 apresenta as dimensões de um contrato orientado

para servir sob a ótica do Direito do Consumidor:

Quadro 1 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica do Direito do Consumidor

DIMENSÕES

DO DIREIITO DO

CONSUMIDOR

EXPLICAÇÃO DA DIMENSÃO

EQUILÍBRIO

Proporcionalidade entre as cláusulas que apresentem direitos e

obrigações para o contratante. (MARQUES, 2013; TARTUCE,

2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

TRANSPARÊNCIA

Destaque para as cláusulas que signifiquem limitação de

direitos ou obrigações, permitindo fácil e imediata compreensão.

(MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014;

RUSSEL, 2007)

CLAREZA

Redação em termos claros, linguagem simples e com

caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte facilite a

compreensão. Apresentação de informações corretas, claras,

precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre

características, qualidades, quantidade, composição, preço,

garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem

como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se

existirem. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC –

BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

BOA-FÉ

Eliminação de cláusulas que representem onerosidade

excessiva ou cláusulas de natureza abusiva, bem como a

lealdade na proposta contratual, para a mesma possa ser

fielmente cumprida. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC

– BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

Fonte: (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

Constata-se que a dimensão Equilíbrio sugere a ideia de paridade de direitos

e obrigações constantes do contrato, para que o mesmo seja proporcional em ônus e

bônus tanto para o cliente, como para o fornecedor.

Diante da fragilidade do consumidor, que não pode discutir previamente o

conteúdo dos contratos, o Código de Defesa do Consumidor reforçou o conceito do

equilíbrio contratual e estabeleceu normas protetivas, garantindo o direito básico do

consumidor à modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações

29

desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem

excessivamente onerosas (BRASIL, 2014).

As dimensões Transparência e Clareza fazem parte do dever de informação

inerente ao fornecedor, e remete ao destaque para toda e qualquer cláusula que

sugira restrição de direitos do consumidor, bem como à facilitação das informações,

para que o cliente tenha amplo acesso aos termos do contrato, e, logicamente, do

serviço que está contratando.

Portanto, em matéria contratual, em decorrência do equilíbrio entre as partes,

os clientes, consumidores, usuários de um serviço, tem o direito à transparência e

informação no ato de contratar, bem como no desenrolar da relação jurídica. Neste

sentido, os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com

caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo

doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor (BRASIL, 2014).

Ademais, dentre os Princípios do Direito Contratual, o Princípio da Boa-Fé se

destaca, pois se refere ao conceito subjetivo de lealdade da conduta das partes

contratantes, como um dever anexo às obrigações do próprio contrato.

A boa-fé, princípio do Direito Contratual e dimensão elementar estabelecida

pelo Código de Defesa do Consumidor, traduz o dever de lealdade contratual de

ambas as partes. Para o fornecedor do serviço, a boa-fé é norteada pelo o dever de

ser fiel à proposta contratual, bem como de não oferecer ônus excessivo ao

contratante.

Conforme aduz Marques (2005), boa-fé objetiva significa, uma atuação

refletindo, pensando no outro, respeitando-o, compreendendo seus interesses

legítimos, suas expectativas, seus direitos, agindo sem abuso, sem causar lesão ou

desvantagem excessiva.

Nos contratos, a verificação da boa-fé contratual diz respeito à análise da

existência de cláusulas abusivas ou excessivamente onerosas ao consumidor, as

quais, inclusive, são passíveis de nulidade.

Por seu turno, os deveres de lealdade, clareza e transparência não significam

onerosidade para os fornecedores, uma vez que por imposição legal, os contratos

devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua

portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,

garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos

que apresentam à saúde e segurança dos consumidores (BRASIL, 2014).

30

Por fim, as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor

deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

De um modo sucinto, na ótica da proteção contratual conferida ao

consumidor, um bom contrato de adesão deve contemplar de um modo perfeito

quatro dimensões: Equilíbrio, Transparência, Clareza e Boa-Fé.

Portanto, a percepção de valor de contratos sob a ótica do Direito do

Consumidor se refere a um ideal de contrato que contemple o equilíbrio das cláusulas

contratuais, clareza e transparência nos termos do contrato, e, consequentemente,

uma melhor percepção do cliente sobre o que, de fato, se está contratando, além da

boa-fé contratual, para que o consumidor contratante não seja lesado em decorrência

de práticas abusivas da empresa contratada.

2.2 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DA

GESTÃO DE SERVIÇOS

Após a identificação das dimensões e atributos que permeiam um conceito

ideal de contrato de adesão sob a ótica do direito, especificamente, à luz do direito do

consumidor, revela-se imprescindível avaliar os referidos contratos sob a ótica da

gestão de serviços.

Destarte, como a proposta inicial do presente trabalho se refere à construção

de um ideal de contrato servidor que reflita positivamente na qualidade do serviço, a

revisão da literatura será norteada pelo construto teórico do pacote de serviços

(FITZSIMMONS e FITZSIMMONS, 2005), os conceitos de momento da verdade e

ciclo de serviços, apresentando ênfase ao serviço-processo e o modelo de qualidade

de serviço proposto por Parasuraman, Zeithml e Berry (1990), a Escala SERVQUAL.

2.2.1 Conceito de Serviço

Conforme Nóbrega (2013), a administração contemporânea ainda está

direcionada ao modelo de indústria, em que se procura agregar valor aos bens, pelo

sentimento de propriedade, transferência de posse de objetos, visão que se afasta da

existência de bens intangíveis.

Entretanto, sob a ótica dos serviços, é preciso que nos afastemos da ideia de

apropriação de bens físicos, uma vez que a prestação de serviços envolve produtos

intangíveis, os quais não se revelam através de coisas, mas, especialmente, através

de sensações.

31

Serviço, portanto, é uma atividade ou um conjunto de atividades

caracterizadas por certa intangibilidade oferecida como solução aos problemas dos

clientes (GRÖNROOS, 2009). Para Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011, p. 21) os

serviços podem ser definidos como “atividades econômicas entre duas partes,

implicando um intercâmbio de valor entre vendedor e comprador em um mercado”.

Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 30) conceituam serviço afirmando que se refere

a uma “experiência perecível, intangível, desenvolvida para um consumidor que

desempenha o papel de coprodutor”.

Para Parasuraman (2006), os serviços não são objetos, mas são prestados

através do desempenho de prestadores de serviços. Assim, a maioria dos serviços

não pode ser contada, medida, inventariada, testada e verificada antes da venda, para

garantir a qualidade. O referido autor afirma ainda que na falta de evidências

tangíveis, com base nas quais se avalie a qualidade, os consumidores avaliam outras

dicas.

Segundo Zeithaml e Bitner (2003), serviços são ações e processos que

envolvem atividades econômicas, cujo produto, nem sempre, é perceptível por algo

físico e, geralmente, é percebido na medida em que é produzido, proporcionando

valores, conveniências, entretenimento, oportunidades, conforto ou saúde.

Da análise dos conceitos de serviço, percebe-se que a intangibilidade é

característica essencial, mesmo que não se apresente de forma predominante. Para

Parasuraman (2006), os serviços não são objetos, mas são prestados através do

desempenho de prestadores de serviços. Assim, a maioria dos serviços não pode ser

contada, medida, inventariada, testada e verificada antes da venda, para garantir a

qualidade. O referido autor afirma ainda que na falta de evidências tangíveis com

base nas quais se avalie a qualidade, os consumidores avaliam outras dicas.

Neste aspecto, Nóbrega (2013) sustenta que, além da característica de

produtos intangíveis, os serviços possuem outros aspectos relevantes, tais como a

simultaneidade da produção-consumo, a participação do cliente, a heterogeneidade e

a ênfase em pessoas e processos. Portanto, os serviços não são estáveis, uma vez

que a produção ocorre no mesmo momento em que o cliente recebe o serviço e,

desta forma, a participação do cliente é tão relevante, especialmente quando se trata

de serviços personalizados. Por seu turno, diferente do que ocorre com a produção de

produtos físicos, os serviços são heterogêneos, de difícil padronização, e sua ênfase

32

é em pessoas e processos, uma vez que, em tese, são realizados de acordo com a

necessidade e expectativa dos clientes.

Percebe-se, portanto, que os serviços se caracterizam por considerável

interação entre clientes e fornecedores. Em relação ao grau desta interação, Silvestro

(1999) propõe a classificação dos serviços em três categorias, elencadas utilizando

critérios de baixa, média e alta personalização.

Segundo a classificação de Silvestro (1999), os serviços profissionais se

encaixam na categoria de serviços que possuem menor demanda e uma maior

aproximação entre clientes e fornecedores. Noutro extremo deste conceito se

encontram os serviços de massa, caracterizados por uma alta frequência e maior

padronização. Na linha mediana entre as duas categorias citadas, apresenta-se o

conceito de loja de serviços, caracterizada por média repetição e customização.

Os serviços profissionais se caracterizam pela participação ativa do

consumidor durante o processo da especificação e realização do serviço. Conforme

Silvestro (1999), o relacionamento com o prestador geralmente se torna de longo

prazo, o ocasiona maior retenção de clientes, o que pode envolver custos mais altos,

tendo em vista as habilidades direcionadas de maneira personalizada para cada

cliente. Diferentemente, nos serviços de massa os processos são determinados

previamente sem a participação direta do cliente. Mesmo que haja possibilidades de

serviços diferentes a serem ofertados e escolhidos, neles não há personalização que

justifique criação de vínculo e duração prolongada. Por fim, a loja de serviços,

conforme Silvestro (1999), envolve os serviços em que o consumidor participa até

certo momento, não sendo tão engessados como os serviços de massa ou tão

flexíveis e personalizados como os serviços profissionais.

A Figura 2 mostra a relação entre quantidade demanda e grau de interação

entre consumidor e fornecedor:

33

Figura 2 - Classificação dos Serviços

Fonte: Adaptado de Silvestro, 1999.

Destaca-se, por oportuno, que no universo dos contratos de adesão ou

contratos em massa residem, em sua maioria, os serviços de massa, uma vez que

são oferecidos de maneira padronizada e pré-estabelecida pelo fornecedor, através

de contratos de adesão, sem que os consumidores tenham a oportunidade de discutir

detalhes da oferta e da execução do serviço.

2.2.2 Pacote de Serviços e seus elementos

De acordo com o modelo de Pacote de Serviços proposto por Fitzsimmons e

Fitzsimmons (2005), os serviços apresentam aspectos tangíveis e intangíveis. No

âmbito dos aspectos tangíveis, os serviços são compostos pelas instalações e

equipamentos (instalações de apoio), ou seja, os recursos físicos disponíveis antes do

oferecimento do serviço, e por materiais entregues (bens facilitadores), que seriam

materiais fornecidos durante a prestação do serviço. Por outro lado, no que se refere

ao aspecto intangível do serviço, este se desmembra em serviço processo (serviços

explícitos), ou seja, as atividades e etapas de execução para atender as necessidades

e expectativas dos clientes, e serviço produto (serviços implícitos), que seria os

34

benefícios, inclusive psicológicos, que são resultado do processo da prestação do

serviço.

Neste aspecto, o pacote de serviços reúne os itens oferecidos ao cliente que

compõe a prestação do serviço e, portanto, não se limita à prestação isolada do

serviço, mas todos os elementos essenciais e acessórios que promovem o benefício

ao usuário. Deste modo, o pacote de serviço exige o estudo de todas as atividades

que permeiam o serviço, revelando a dimensão das operações e os desafios

organizacionais que os gestores devem enfrentar.

Analisando as nuances da prestação de serviços, as instalações de apoio são

recursos disponíveis antes da oferta do serviço e que são utilizadas na sua execução.

Por seu turno, os bens facilitadores são bens disponibilizados ao usuário, a serem

utilizados durante a prestação do serviço. (FITZSIMMONS e FITZSIMMONS, 2005).

Entretanto, o grande destaque do modelo de pacote de serviços se refere à

divisão dos serviços em explícitos e implícitos, que fazem parte da intangibilidade e

são direcionados ao processo de execução do serviço que resulta em benefícios aos

usuários.

Os serviços explícitos são os benefícios imediatamente percebidos pelos

usuários e que consistem nas características essenciais e intrínsecas dos serviços,

decorrentes das etapas de execução. Já os serviços implícitos são os benefícios

sentidos pelo usuário, inclusive de natureza psicológica.

Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005), a idealização do pacote de serviços

delimita o conjunto de serviços que são ofertados, os quais constituem a percepção

dos seus usuários. Além disso, o pacote auxilia na compreensão dos efeitos

psicológicos que cada faceta do serviço pode causar no usuário.

Conforme os ensinamentos de Nóbrega (2013), para o planejamento

adequado do serviço, o gestor deve se preocupar não apenas com a estratégia, que

em envolve a análise das oportunidades, concorrência, competências essenciais,

diferenciais do serviço, matriz de oportunidades e segmentação de mercado. De um

modo consideravelmente especial, é preciso definir o produto da prestação do

serviço, ou seja, estabelecer quais sensações se pretende provocar no consumidor, o

que, de acordo com o modelo de Pacote de Serviço proposto por Fitzsimmons e

Fitzsimmons (2005), se encaixa no conceito de serviço produto. Para tanto, é preciso

se colocar no lugar do cliente, bem como reforçar a capacitação de pessoas para o

processo de prestação de serviço.

35

Ressalta-se que no universo dos elementos intangíveis do pacote de serviços,

Nóbrega (2013) afirma haver uma importante relação entre o serviço processo e

serviço produto, tendo em vista que, geralmente, quanto mais se pretende oferecer

valores ao cliente, mais robusto será o serviço processo, com rol mais complexo de

atividades e etapas a serem executadas.

Analisando os elementos propostos por Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005),

compreende-se que os serviços implícitos podem ser o resultado dos demais

elementos, os quais se executados de maneira adequada, refletirão em excelentes

benefícios psicológicos para os clientes.

Infelizmente, por mais óbvio que pareça, não é incomum gestores

negligenciarem à totalidade dos serviços, transformando-os em pontos de desserviço

que só são lembrados quando há uma falha conjugada à reclamação do usuário, o

que poderá causar danos ao desempenho da organização, tornando-a menos eficaz

na tarefa de projetar, desenvolver e aperfeiçoar suas atividades (GRÖNROOS, 2009).

Apresentados os elementos que constituem o pacote de serviços, é possível

compreender que vários aspectos, que não apenas a prestação do serviço em si

mesma, colaboram para a satisfação do cliente.

2.2.3 Momentos da Verdade e o Ciclo de Serviço

Vários são os momentos importantes e decisivos na relação que se

estabelece entre fornecedor prestador do serviço e o consumidor. Neste aspecto,

Gronroos (2006) ressalta que “os serviços são produtos que exigem elevado

envolvimento do consumidor no processo de consumo. Nas interações entre

comprador e vendedor, durante as etapas simultâneas de produção e consumo, o

consumidor normalmente encontrará um grande número de atividades a avaliar”.

Nóbrega (2013) afirma que a empresa precisa ter a consciência de que, por

estar diante do cliente, não dispõe de tempo e oportunidade para erros ou refletir

sobre o que deve ser feito. Neste aspecto, considerando que o serviço é dotado da

característica da simultaneidade produção-consumo e da intangibilidade, para que

possamos planejar e projetar o serviço, é necessário procurar tangibilizar aspectos

intangíveis, buscando estabelecer atributos que revelem uma forma precisa e objetiva

para as etapas de execução do serviço de um modo satisfatório.

Para que a missão acima se torne possível, é preciso definir o ciclo do

serviço, ou seja, a reunião de todos os momentos da verdade. Destaca-se como

36

momento da verdade, qualquer momento em que o cliente entra em contato com

algum aspecto da organização (NÓBREGA, 2013). A partir destes conceitos, é

possível realizar um mapeamento do serviço a partir da ótica do cliente e atribuir, de

um modo mais direto, aspectos que revelem a qualidade para cada encontro do

serviço.

Neste sentido, a maioria dos serviços se caracteriza por uma reunião entre o

fornecedor do serviço e o consumidor, chamada de “momento da verdade” ou

“encontro do serviço”. Muitas empresas investem boa parte de suas energias nestes

momentos para torna-los mais positivos possíveis. Assim, os consumidores avaliam a

possibilidade de retornar e fazer negócios com a empresa (BARBOSA, Frederico, et

al.,2010).

Dentre estes momentos importantes e decisivos, um deles se destaca, qual

seja, o ato da contratação. Embora muitas empresas não considerem relevante a

citada ocasião, é pacífico que o ato da contratação é, em muitos casos, momento de

intensa interação, quando o consumidor irá se deparar com as distintas nuances do

pacote de serviços que lhe farão decidir por contratá-lo ou não.

Ressalta-se que a celebração do contrato é um importante momento da

prestação do serviço, pois faz parte dos momentos da verdade iniciais, que refletem

na primeira impressão do consumidor sobre o serviço que será prestado.

Não obstante imposições contratuais estabelecidas em um contrato de

adesão, praxe do mercado atual, há que se ter em mente a importância do cliente

como elemento decisivo para o sucesso do serviço.

Refletindo as nuances do pacote de serviços, avalia-se que o contrato de

prestação de serviços, o qual apresenta cláusulas estabelecidas unilateralmente pelo

fornecedor, se refere a um componente do serviço explícito o qual interfere

decisivamente no serviço implícito, ou seja, na sensação psicológica positiva ou

negativa do serviço a ser prestado.

Portanto, para que o contrato contribua para um positivo efeito psicológico do

consumidor, ele deve preencher requisitos que remetam à confiabilidade, clareza,

informação, segurança, razoabilidade, dentre outras sensações que beneficiem o

cliente no ato da contratação.

37

2.2.4 A Escala SERVQUAL e a Qualidade de Serviço

Conforme Parasuraman, Zeithml e Berry (2006. P. 98), a percepção da

qualidade do serviço resulta de uma comparação entre expectativas do consumidor e

a prestação efetiva do serviço e as avaliações de qualidade não são feitas apenas

com base no resultado do serviço; envolvem, também, avaliações do processo de

prestação do serviço. Esta afirmação é reflexo das particularidades do conceito de

serviço, já mencionadas em linhas anteriores.

Gronroos (2006), apresenta o modelo que divide a qualidade do serviço em

qualidade técnica, que se refere ao objeto do serviço, ou seja, o serviço em si mesmo,

o serviço produto, e a qualidade em processo, que se refere ao serviço processo, ou

seja, como o serviço é prestado, a maneira em que são executadas as suas fases.

Por sua vez, Parasuraman, Zeithml e Berry idealizaram um conceito teórico

de avaliação da qualidade, fundamentado em dimensões e atributos específicos que

procuram objetivar os critérios de avaliação. Para tanto, estabeleceram dimensões

para a avaliação da qualidade do serviço, as denominadas dimensões servqual

(PARASURAMAN, ZEITHML E BERRY, 1990).

A pesquisa realizada por Parasuraman, Zeithml e Berry consistiu em

entrevistas aprofundadas com o fito de descobrir, sob a ótica do cliente,

primeiramente, como ele imaginaria uma empresa ideal, em um determinado ramo de

atividade. Em seguida, Parasuraman, Zeithml e Berry (1990) realizaram uma

comparação entre o conceito de empresa ideal e o desempenho da empresa real.

Foram criadas 5 (cinco) dimensões para mensurar a qualidade do serviço, quais

sejam, tangibilidade, Confiabilidade, Segurança, Responsividade e Empatia.

Para conduzir a pesquisa, os referidos autores desenvolveram o modelo

SERVQUAL, instrumento de pesquisa criado para verificar a qualidade de serviços,

composto por 22 (vinte e dois) itens, relacionados às dimensões apresentadas.

Especificamente em relação às dimensões SERVQUAL, a tangibilidade se

refere a elementos físicos que permeiam a prestação do serviço, e podem interferir

positivamente na avaliação de qualidade. Conforme Marshall e Murdoch (2003), os

elementos tangíveis significam as representações físicas ou imagens de serviço a ser

prestado. Gummesson (1992) se refere à importância dos aspectos tangíveis do

serviço, especialmente, porque as instalações físicas podem afetar na maneira como

as pessoas percebem as organizações.

38

Neste sentido, o instrumento de pesquisa utilizado por Parasuraman, Zeithml

e Berry (1990) mensura a qualidade quando as instalações e equipamentos são

considerados modernos, atrativos ou apresentam aparência agradável. Tangibilidade,

pode, ainda, se relacionar à aparência e o modo com que os funcionários se vestem

(ZEITHAML E BITNER,2003).

Por sua vez, a confiabilidade se relaciona à habilidade de cumprir com o

prometido. Zeithaml e Bitner (2003) sustentam que a percepção de qualidade de um

serviço também pode ser influenciada pelo comportamento dos funcionários, ao se

tornarem responsáveis pelo funcionamento e execução do serviço e,

consequentemente, da organização.

Por sua vez, a responsividade significa a capacidade de a empresa responder

de um modo positivo à limitações e problemas dos clientes. Para Zeithaml e Bitner

(2003), traduz, simplesmente, a boa vontade de prestar os serviços.

Já a segurança pode ser interpretada como a avaliação do cliente sobre a

capacidade de a organização responder prontamente às expectativas do consumidor,

de modo que este se sente seguro sobre o serviço que recebe. Portanto, segundo

Zeithaml e Bitner (2003), depende, logicamente, do grau de habilidade das pessoas

envolvidas no serviço.

Por seu turno, a empatia corresponde à capacidade de dar atenção, ouvir,

adaptar e ser flexível às necessidades dos clientes (ZEITHAML E BITNER, 2003).

Dessa forma, se relaciona à disposição da empresa em oferecer atenção, presteza e

personalização aos usuários do serviço.

2.2.5 Um bom contrato à luz da Gestão de Serviços

Apresentada a ideia conceitual das dimensões SERVQUAL, cumpre analisar

o reflexo das referidas dimensões nos contratos de adesão, com atributos específicos,

adaptados do Questionário aplicado por Parasuraman, Zeithml e Berry (1990):

Quadro 2 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica da Gestão de Serviços

DIMENSÕES SERVQUAL

EXPLICAÇÃO DA DIMENSÃO

39

TANGIBILIDADE

O contrato contempla os aspectos físicos, tangíveis do serviço, como estrutura física, equipamentos, documentos necessários, pessoal. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH, 2003; GUMMESSON,1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados)

SEGURANÇA

Número proporcional entre as cláusulas que apresentem direitos e obrigações para o contratante. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003 ;Adaptados)

CONFIABILIDADE

Explicação de Termos Técnicos Contrato isento de erros Linguagem simples Caracteres ostensivos e legíveis (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados)

RESPONSIVIDADE

O contrato contempla prazos para a realização do serviço. A duração do serviço prevista no contrato é razoável. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER,2003; Adaptados)

EMPATIA

O contrato contempla, de algum modo, personalização do serviço aos seus clientes (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados)

Fonte: Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1990; Marshall e Murdoch, 2003; Gummesson,1992; Zeithaml e

Bitner, 2003; Adaptados.

Para que o contrato contribua para um positivo efeito psicológico do

consumidor, ele deve preencher requisitos que remetam à confiabilidade, clareza,

informação, segurança, razoabilidade, dentre outras sensações que beneficiem o

cliente no ato da contratação. Os requisitos citados compõe as dimensões

SERVQUAL, construto teórico proposto por Parasuraman, Zeithml e Berry (1990), o

qual se aplica a um conceito de um bom contrato sob a ótica da gestão de serviços.

Nos contratos de adesão, a tangibilidade pode ser verificada quando o

instrumento contratual contempla os aspetos físicos, haja vista que o encontro do

cliente com os referidos aspectos pode ainda não ter ocorrido na ocasião da

contratação do serviço.

Interpretando a dimensão confiabilidade como a capacidade de cumprir com o

prometido, verifica-se que para que o contrata atinja sua finalidade, cumpra com a sua

promessa, qual seja, estabelecer e informar claramente os termos de um acerto, é

40

preciso que apresentem uma linguagem simples, caracteres ostensivos e legíveis,

esteja isento de erros e explique satisfatoriamente os termos técnicos.

Ademais, a segurança, para fins de contrato, pode ser vislumbrada quando

estabelece um número proporcional entre as cláusulas que apresentem direitos e

obrigações para o contratante, haja vista que interfere nas expectativas do

consumidor e na sua perspectiva de que ele está seguro e ciente que não possui

apenas obrigações.

Por seu turno, a responsividade contratual pode ser interpretada como a

previsão de prazos e a expectativa de que o serviço será realizado em tempo

razoável, uma vez que se trata da solução para algum problema do cliente.

E, finalmente, a empatia pode ser vislumbrada no contrato quando o mesmo

contempla, de algum modo, personalização do serviço aos seus clientes.

Portanto, a percepção de valor de contratos sob a ótica da Gestão de

Serviços, através das dimensões SERVQUAL, se refere a um ideal de contrato que

contemple os aspectos tangíveis do serviço, a segurança, a confiabilidade,

responsividade e empatia.

2.3 PERCEPÇÃO DE VALOR EM CONTRATOS DE ADESÃO SOB A ÓTICA DO

SENSO DE SERVIR

2.3.1 Senso de Servir

O senso do servir surge da premissa de facilitação da prestação de serviço

de qualidade. Uma concepção que se coaduna com o próprio conceito etimológico da

palavra serviço, do latim “servitium”, sugere escravidão, servidão. Dessa forma, o

conceito de servir se relaciona à sensação de utilidade e pode se desenvolver tanto

em um nível pessoal como em nível organizacional. Pensando na organização, o

servir seria caminho para toda uma equipe, que deve estar voltada a agir de forma

sincera e empática ao cliente (MARTINS, 2008).

Yoshimura (1996) chama de “espírito de servir” os comportamentos que

revelam a sensação de bem-estar ao cliente, através da presteza, atitude cordial,

disposição em auxiliar, o que não significa, propriamente, comportamento de

subserviência ou inferioridade.

Conforme Martins (2008), o senso do servir nasce da premissa de facilitação

da prestação de serviço de qualidade. Dessa forma, o conceito de servir se relaciona

41

à sensação de utilidade e pode se desenvolver tanto em um nível pessoal como em

nível organizacional. Em sede individual, o servir se destaca pela busca ativa de

oportunidades de satisfazer o próximo. Por outro lado, pensando na organização, o

servir seria caminho para toda uma equipe, que deve estar voltada a agir de forma

sincera e empática ao cliente.

Molnar (2007) afirma que a liderança em servir se relaciona com

conceito de uma ética baseada na virtude que enfatiza o caráter moralista pessoal do

agente. Neste sentido, o sevir parte do seguinte questionamento: "Que

tipo de pessoa eu sou? ". A partir desta indagação, outras deverão surgir, a exemplo:

"Como eu deveria me comportar de modo a maximizar o bem e minimizar os danos

para todas as partes envolvidas? ".

Nóbrega, Ribeiro e Marques (2006, p.3) definem servir como “executar as

atividades visando proporcionar benefício àqueles a quem servimos”. Insere-se,

portanto, como instrumento de alteração comportamental da organização, a “postura

de servir” reflete a conduta da organização de identificar as necessidades dos clientes

e atendê-las consequentemente. Dessa forma, a adoção do senso de servir se

vislumbra desde a concepção da estratégia do negócio, passando pelo

amadurecimento da cultura de “serviço ao cliente”, culminando com o planejamento e

adoção de mecanismos que façam os clientes perceberem esta cultura adotada.

Neste sentido, é importante que o comportamento servidor na organização se

desenvolva espontaneamente, sem sentimento de obrigação e resulte na

transformação e crescimento pessoal dos envolvidos (Zeithaml e Bitner, 2003).

Para Nóbrega (2009), a diferenciação através da prestação de serviços foi

identificada como uma crescente tendência no mundo dos negócios. Entretanto, sobre

o senso servidor, há uma indagação elementar a se fazer: as empresas estão

realmente preparados para servir? Na sua pesquisa, Nóbrega (2009) elenca alguns

atributos para o comportamento servidor, os quais incluem responsabilidade,

simplicidade, renúncia, iniciativa, vontade, para ajudar, prática do bem-estar e

utilidade.

Além disso, com fulcro na cultura orientada para serviços, Nóbrega (2009)

desenvolveu o conceito do senso de servir e de empresa servidora, importantes para

as organizações que desejem atingir a excelência na qualidade em serviços

direcionada aos seus clientes. A partir de atributos do indivíduo servidor, foram

desenvolvidos os elementos constituintes da empresa servidora.

42

2.3.2 Empresa Servidora

Pequenas e médias empresas tendem a consolidar estratégias de

aproximação do cliente, visando sua satisfação, e, por uma via reflexa, a manutenção

de seus negócios, inclusive como forma de se contraporem as estratégias de

competição baseadas em preço de grandes redes. Dessa forma, a opção pelo senso

de servir pode contribuir significativamente para a conquista e retenção de clientes,

através de uma liderança que favoreça a construção de uma cultura de “serviço ao

cliente”, culminando com o planejamento e adoção de processos que façam os

clientes perceberem esta cultura adotada (NÓBREGA, 2007).

Neste sentido, analisando a opção estratégica do senso de servir, Nóbrega

(2009) idealizou o construto teórico da empresa servidora, ou seja, a organização

orientada para serviço com a característica essencialmente competitiva, qual seja, o

senso de servir. De acordo com o modelo teórico de empresa servidora, o senso de

servir se revela através da união de seis dimensões, quais sejam, comportamento

servidor, estratégia de serviço, produtos servidores, processos servidores, cultura de

serviço e liderança servidora.

Nóbrega (2009) afirma que uma organização servidora deve construir seus

princípios a partir das dimensões cultura e estratégia de serviços. O comportamento

servidor dos funcionários, aliado a uma liderança servidora e execução de processos

servidores, resulta em um bem ou serviço que também possua essas características.

O cerne da cultura de serviços é que a mesma deve estar focada nos

resultados, no respeito, no servir, na responsividade, comprometida com os outros, na

utilidade e na eficiência. Por seu turno, o comportamento servidor está pautado na

responsabilidade, simplicidade, renúncia, iniciativa, desejo de ajudar, práticas do bem,

utilidade. A liderança servidora, por sua vez, se relaciona com os resultados e

persuasão , polidez e paciência, saber ouvir e servir, influência e consciência, empatia

e preocupação com o crescimento das pessoas, bem comum e construção de

comunidade e educação. Já estratégia de serviços se refere ao marketing interno,

marketing de relacionamento, acesso, serviços suplementares, desenvolvimento de

pessoas, responsabilidade social e foco no serviço. Os produtos servidores têm a ver

com a qualidade intrínseca e facilidade de uso, ser informativo, inteligente, focado no

cliente, não agredir ao meio-ambiente e em atributos suplementares. E, por fim, os

processos servidores são avaliados a partir do respeito ambiental, facilitador,

43

responsividade, simplicidade, flexibilidade, foco no cliente e informativo (NÓBREGA,

2009). A Figura 3 ilustra o Esquema de uma Organização Servidora:

Figura 3 - Esquema de uma Organização Servidora

Fonte: Nóbrega, 2012.

Para o presente estudo, importa analisar as nuances de um processo

servidor, uma vez que na órbita dos processos estão os contratos de adesão,

componentes acessórios do serviço.

2.3.3 O Serviço-processo e a orientação para servir - Processos Servidores

Os processos servidores proporcionam benefícios aos clientes através das

sete características já apresentadas, quais sejam respeito ambiental, aspecto

facilitador, responsividade, simplicidade, flexibilidade, foco no cliente e informação.

Conforme Lopes e Nóbrega (2013), o respeito ambiental se relaciona à

exigência dos consumidores de que os serviços atendam a requisitos de

sustentabilidade e consciência ambiental. Neste sentido, medidas que se

compatibilizem com a proteção ao meio ambiente podem ser tomadas durante a

execução do serviço, tornado o processo social e ambientalmente correto.

O aspecto facilitador se relaciona, de certa forma, ao grau de participação do

cliente no serviço-processo. Dessa forma, tudo que facilite e seja necessário à boa

prestação do serviço torna o processo orientado ao melhor servir. Neste sentido,

aspectos tangíveis, como estrutura físicas e demais bens facilitadores não essenciais

nesta característica (PARASURAMAN, ZEITHAML E BERRY, 1990).

44

Por seu turno, a Responsividade envolve precaução e ações que previnam ou

identifique falhas e a atenção para que, ao final, o usuário do serviço tenha sido

atendido em suas solicitações (LOPES e NÓBREGA, 2013), tal como a proposta da

resposividade apresentada nas dimensões SERVQUAL (PARASURAMAN,

ZEITHAML E BERRY, 1990).

A simplicidade se revela através de processos não burocráticos, que podem

ser executados de forma ágil e simples, não onerando o tempo e a energia do

cliente ou usuário.

Em relação à flexibilidade, outra dimensão do modelo teórico de um processo

servidor apresentado por Lopes e Nóbrega (2013), esta se reflete em processos

capazes de se adequar a diferentes necessidades por parte de cliente e usuário.

Por sua vez, a dimensão do foco no cliente se refere a processos

apropriados para servir, de forma sistemática, ressaltando não somente a

atividades necessárias, mas o benefício proporcionado ao cliente (LOPES e

NÓBREGA, 2013).

Por fim, no que se refere à dimensão do caráter informativo, segundo os

ensinamentos de Lopes e Nóbrega (2013), considera-se os processos que mantêm o

cliente informado do início ao fim da execução do processo ou atendimento.

2.3.4. Um bom contrato à luz do Senso de Servir

Para analisar os contratos de prestação de serviço sob a ótica de processos

servidores, faz-se necessário uma interpretação adaptada de alguns de seus

aspectos.

Vale ressaltar, primeiramente, que para uma aplicação adaptada do construto

teórico do processo servidor aos contratos de adesão, no que se refere à orientação

para servir específica do contrato, há de se considerar as dimensões da simplicidade,

flexibilidade, foco no cliente e informação:

45

Quadro 3 - Dimensões para um bom contrato sob a ótica do Senso de Servir

DIMENSÕES DE UM

PROCESSO SERVIDOR

EXPLICAÇÃO DA DIMENSÃO

FLEXIBILIDADE

Cláusulas contratuais que visualizem situações de imprevisão, mas que não onerem excessivamente o cliente. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

INFORMAÇÃO

Informações sobre o processo (etapas da execução do serviço)

Informações sobre como o cliente deve proceder para que a prestação do serviço aconteça de forma satisfatória. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

FOCO NO CLIENTE

Exposição exaustiva dos direitos do cliente. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

SIMPLICIDADE

Contrato simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

Fonte: Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013). Adaptados.

Destaca-se que na esteira dos processos servidores, impõe-se a uma nova

valoração ao contrato, o qual pode estar dotado de atributos que permitam ao cliente

uma percepção de encanto que o faça acreditar que, mesmo sem ainda experimentar

o serviço, fez uma excelente opção, pois as lacunas existentes foram preenchidas

com as informações constantes do instrumento contratual.

Nóbrega (2009) ao dissertar sobre o senso de servir, apresenta, como

exemplo, que ao escrever um texto, o autor deve ter em mente a clareza, objetividade

de idéias e facilidade de compreensão por parte do leitor. Ele deve se preocupar em

tornar mais fácil e acessível. O benefício para o leitor é entender o conteúdo

claramente, através do texto lido. Se o autor tem o sentido de servir, ele vai escrever

o texto mais claro e fácil de se compreender.

Para efeitos de contrato, a dimensão simplicidade se justifica, em muitos

casos, pela hipossuficiência do cliente, que necessita de um instrumento contratual

simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada. Dessa forma, a

simplicidade, a qual no construto teórico do processo servidor sugere a ausência de

formalidades, complementa o requisito da clareza e transparência, abordados pelo

Direito do Consumidor.

Em relação à flexibilidade em sede de contratos, esta pode ser interpretada

com a possibilidade de previsão de cláusulas contratuais que visualizem situações de

46

imprevisão, mas que não onerem excessivamente o cliente. Neste sentido, a

flexibilidade do processo servidor que permeia a adequação às necessidades do

cliente, conduz à flexibilização de alguns dos termos dos contratos, de modo a se

compatibilizar com a relativização de sua força obrigatória e função social.

Neste aspecto, o foco no cliente, numa análise contratual, pode ser

vislumbrado quando o contrato aborda de maneira exaustiva os seus direitos e não

apenas as suas obrigações, de modo que haja o equilíbrio entres os direitos e

deveres. Neste aspecto, o efeito psicológico que o contrato gera no consumidor é

extremamente positivo, haja vista que eleva a confiança do usuário por ele se sentir

parte integrante da prestação do serviço.

Destaca-se, por oportuno, o essencial dever de informar a que se presta um

contrato, haja vista ser um acordo celebrado entre as partes em que se presume a

aceitação recíproca de todas as nuances da prestação do serviço. Dessa forma, o

caráter informativo, presente no construto teórico do processo servidor, e igualmente

assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor, é reforçado pelas teses

relacionadas ao senso de servir, uma vez que a informação é indispensável, inclusive,

para o sucesso da prestação do serviço.

Em síntese, na ótica do serviço-processo, o ideal é que as cláusulas

contratuais visualizem situações de imprevisão, mas que não onerem excessivamente

o cliente, informem as etapas da execução do serviço e os comportamentos

necessários por parte do cliente, apresentem exaustivamente os direitos do

contratante e seja simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada,

para que cumpra com o papel esclarecedor de uma etapa do serviço, qual seja, a

contratação.

Portanto, a percepção de valor de contratos sob a ótica do Senso de Servir se

refere a um ideal de contrato que contemple a flexibilidade, o caráter informativo e a

simplicidade, bem como o foco no cliente.

47

3 CONTRATOS DE ADESÃO ORIENTADOS PARA SERVIR – O CONSTRUTO

TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR

3.1 ATRIBUTOS DE UM CONTRATO DE ADESÃO ORIENTADO PARA SERVIR

SOB A ÓTICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR, DA GESTÃO DE SERVIÇOS E DO

SENSO DE SERVIR

Realizadas as análises de dimensões aplicadas a contratos referentes ao

Direito do Consumidor, à Gestão de Serviços e ao Senso de Servir, revela-se

imprescindível analisar os atributos relacionados a cada uma das dimensões

apresentadas, para que, assim, seja possível a apresentação de um modelo teórico

de um contrato ideal, com a congruência das três nuances abordadas. Cumpre, neste

momento, apresentar o quadro comparativo entre as dimensões de cada uma das

áreas de conhecimento:

Quadro 4 - Comparativo das Dimensões à luz dos três construtos estudados (Direito do Consumidor,

Dimensões SERVQUAL e Processo Servidor)

Dimensões do Direito do Consumidor

Marques (2013) Tartuce (2011)

CDC (RASIL, 2014)

Dimensões da Gestão de Serviços SERVQUAL

Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990)

Dimensões do Processo Servidor

Nóbrega (2013) Lopes e Nóbrega(2013);

TAN

GÍV

EIS

O contrato contempla os aspectos físicos, tangíveis do serviço, como estrutura física, equipamentos, documentos necessários, pessoal. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH, 2003; GUMMESSON, 1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados)

48

EQU

ILÍB

RIO

Proporcionalidade entre os direitos e obrigações para o contratante. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

SEG

UR

AN

ÇA

Número proporcional entre as cláusulas que apresentem direitos e obrigações para o contratante.

(ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNER, 2003; Adaptados) FLEX

IBIL

IDA

DE

Cláusulas contratuais que visualizem situações de imprevisão, mas que não onerem excessivamente o cliente, como a flexibilização do valor da multa pela desistência do serviço. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

CLA

REZ

A/T

RA

NSP

AR

ÊNC

IA

Redação em termos claros, linguagem simples e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte facilite a compreensão. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Apresentação de informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Destaque para as cláusulas que signifiquem limitação de direitos ou obrigações, permitindo fácil e imediata compreensão. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

CO

NFI

AB

ILID

AD

E

Explicação de Termos Técnicos

(ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNER, 2003; Adaptados)

Contrato isento de erros,

simples, direto, objetivo, com

uma linguagem menos

rebuscada.

(ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNER, 2003; Adaptados)

INFO

RM

ÃO

Informações sobre o processo (etapas da execução do serviço) (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados) Informações sobre como o cliente deve proceder para que a prestação do serviço aconteça de forma satisfatória. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

SIM

PLI

CID

AD

E

Contrato simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

49

BO

A-F

É Eliminação de cláusulas que representem onerosidade excessiva ou cláusulas de natureza abusiva, como a cobrança excessiva de juros.

(MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Lealdade na proposta contratual, para que a mesma possa ser fielmente cumprida, com uma proposta de serviço que realmente possa ser cumprido conforme o prometido. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

RES

PO

NSI

VID

AD

E

O contrato contempla prazos para a realização do serviço. (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNER, 2003; Adaptados)

A duração do serviço prevista no contrato é razoável. (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNER, 2003; Adaptados)

FOC

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O C

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Exposição exaustiva dos direitos do cliente (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

EMP

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O contrato contempla, de algum modo, personalização do serviço aos seus clientes. (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 1990; ZEITHAML e

BITNEr,2003; Adaptados)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Marques, 2013; Tartuce, 2011; CDC – BRASIL, 2014; Russel,

2007, Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013), Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Marshall e

Murdoch(2003); Gummesson (1992); Zeithaml e Bitner (2003); Adaptados

Inicialmente, em relação à dimensão tangíveis, que se refere aos aspectos

físicos, consideram-se como atributos a previsão de aspectos da Estrutura Física,

equipamentos utilizados/necessários, documentos utilizados/necessários e número de

pessoal (ZEITHAML, PARASURAMAN E BERRY, 1990; Adaptados). Para esta

dimensão, não existe aspecto correlato nas dimensões abordadas sob a ótica do

Direito do Consumidor e do Senso de Servir (Processo Servidor).

No âmbito do Direito Contratual e do Consumidor, foi apresentada a dimensão

equilíbrio, a qual permeia o conceito de isonomia entre as partes do contrato.

Desmembrando a referida dimensão, é possível estabelecer como atributos a

proporcionalidade entre direitos e obrigações para a parte contratante, para que o

conteúdo das cláusulas contratuais não revele uma demasiada carga de obrigações

em relação aos direitos estabelecidos (MARQUES, 2013, TARTUCE, 2011 e CDC –

BRASIL, 2014).

Na mesma esteira, como interpretação da dimensão segurança, dentre as

dimensões SERVQUAL (ZEITHAML, PARASURAMAN E BERRY, 1990; Adaptados),

apresenta-se a proporcionalidade entre o número de cláusulas que versem sobre

50

direitos e obrigações, numa visão complementar à proporcionalidade estabelecida no

Código de Defesa do Consumidor.

Uma outra dimensão correlata às dimensões equilíbrio e segurança, a

flexibilidade, elemento do processo servidor, consiste, em uma visão adaptada de

Nóbrega (2013), na flexibilização dos ônus contratuais para o contratante e

observação de cláusulas contratuais que visualizem situações de imprevisão, mas

que não onerem excessivamente o cliente, como a flexibilização do valor da multa

pela desistência do serviço.

Noutro pórtico, inseridos nas dimensões clareza e transparência

estabelecidas pelo Direito do Consumidor, encontram-se os atributos contratuais que

vislumbram caracteres ostensivos e legíveis, fonte em tamanho legível, destaque para

as cláusulas que signifiquem limitação de direitos ou obrigações, permitindo fácil e

imediata compreensão, a eliminação de cláusulas que representem onerosidade

excessiva ou cláusulas de natureza abusiva, como a cobrança excessiva de juros,

bem como a demonstração exaustiva sobre características, qualidades, quantidade,

composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem

como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem

(MARQUES, 2013, TARTUCE, 2011 e CDC – BRASIL, 2014).

Por analogia às dimensões clareza e transparência, dentre as dimensões

SERQUAL encontra-se a Confiabilidade, que traduz da ideia de que o contrato deve

cumprir com o seu papel de informar claramente as regras que permeiam a relação

criada entre cliente e fornecedor (ZEITHAML, PARASURAMAN E BERRY, 1990,

Adaptado). Dessa forma, é possível identificar atributos que definam um contrato

simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada, bem como um

instrumento contratual que explique, suficientemente, os termos técnicos, quando

necessário.

Ainda no raciocínio da clareza, transparência e confiabilidade contratuais, o

processo servidor, dentro da ótica do senso de servir, possui como dimensões a

informação e simplicidade. Em uma interpretação adaptada, vislumbra-se como

atributos sugeridos por Nóbrega (2013) e Lopes e Nóbrega (2013), a presença de

informações sobre as etapas da execução dos serviços e como o cliente deve

proceder para que a prestação do serviço aconteça de forma satisfatória.

A dimensão boa-fé, princípio do Direito Contratual e presente na disciplina do

Código Consumerista reflete na eliminação de cláusulas abusivas e na lealdade na

51

proposta contratual, para que a mesma possa ser fielmente cumprida, com uma

proposta de serviço que realmente possa ser cumprido conforme o prometido.

Desdobramento da boa-fé contratual, encontram-se as dimensões da

responsividade e empatia, ambas interpretadas como desdobramento do Questionário

SERVQUAL proposto por Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990). A primeira delas se

refere à previsão contratual de prazos adequados para a realização do serviço. A

segunda sugere como atributo contratual a contemplação, de algum modo, ainda que

se tratando de contratos de adesão padronizados, de personalização do serviço ao

contratante.

Complementando as dimensões da boa-fé, responsividade e empatia,

destaca-se a dimensão do Foco no Cliente, cujo atributo reflete, de um modo sucinto,

na exposição exaustiva dos direitos do cliente (NÓBREGA, 2013, LOPES E

NÓBREGA, 2013, Adaptados).

Destaca-se, por oportuno, que algumas dimensões de cada uma das áreas de

conhecimento se relacionam entre si de forma direta, o que consolida a formação de

um novo construto, com dimensões e atributos resultantes da revisão da literatura e

dos aspectos apresentados.

3.2 O CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR

Após a abordagem de novas percepções de contrato, utilizando as interfaces

propostas pelo Direito do Consumidor, Gestão de Serviços (dimensões SERVQUAL) e

Senso de Servir (Processo Servidor), eis que se define o modelo teórico de um

Contrato Servidor, com suas dimensões e atributos próprios, o qual apresenta uma

nova perspectiva valorativa aos contratos de adesão:

Os aspectos físicos, parte tangível do serviço, se referem à verificação se o

contrato contempla aspectos da estrutura física, equipamentos, documentos

necessários, pessoal, especialmente para os serviços em que esses requisitos sejam

indispensáveis e relevantes.

52

Quadro 5 - Explicação da Dimensão Aspectos Físicos em um Contrato Servidor

REVISÃO DA LITERATURA

CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR

DIMENSÃO ASPECTOS FÍSICOS

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O contrato contempla os

aspectos físicos, tangíveis

do serviço, como estrutura

física, equipamentos,

documentos necessários,

pessoal.

(ZEITHAML,

PARASURAMAN e

BERRY, 1990; MARSHALL

e MURDOCH,2003;

GUMMESSON, 1992;

ZEITHAML e BITNER,

2003;Adaptados)

A1.O contrato contempla aspectos da Estrutura Física; A2. O contrato contempla equipamentos utilizados/necessários; A3. O contrato contempla documentos utilizados/necessários; A4. O contrato contempla número de funcionários;

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Marshall e Murdoch,(2003);

Gummesson (1992); Zeithaml e Bitner (2003);Adaptados

A dimensão razoabilidade se relaciona à análise do equilíbrio e

proporcionalidade das cláusulas que versem sobre os direitos e deveres do

contratante. Além disso, na ótica do que se possa considerar razoável, vislumbra-se

para esta dimensão específica a verificação de uma onerosidade excessiva para o

cliente e a inclusão de cláusulas que resguardem, de alguma forma, situações de

imprevisão, sem que as mesmas causem demasiado prejuízo para o contratante.

Quadro 6 - Explicação da Dimensão Razoabilidade em um Contrato Servidor

REVISÃO DA LITERATURA

CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR DIMENSÃO RAZOABILIDADE

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Número proporcional entre as cláusulas que apresentem direitos e obrigações para o contratante. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003;Adaptados) Proporcionalidade entre os direitos e obrigações para o contratante. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Cláusulas contratuais que

visualizem situações de

imprevisão, mas que não

onerem excessivamente o

cliente, como a

flexibilização do valor da

multa pela desistência do

serviço. (NÓBREGA, 2013,

LOPES e NÓBREGA,

2013, Adaptados)

A5. Número proporcional

de cláusulas que

apresentem direitos e

obrigações ao

cliente/contratante

A6. Proporcionalidade

entre os direitos e

obrigações para o

contratante

A7.Previsão de situações

de imprevisão, mas que

não onerem

excessivamente o cliente

A8. Flexibilização dos ônus

contratuais para o

contratante.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Marques (2013); Tartuce (2011); CDC – BRASIL, (20140; Russel,

(2007), Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013), Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Zeithaml e

Bitner (2003); Adaptados

Entrementes, a inteligibilidade, pela noção conceitual daquilo que é inteligível,

é algo que se entende facilmente, de simples compreensão. Desta forma, traduz

idéias de clareza e acessibilidade. Portanto, trata-se da dimensão que abrange o tipo

de linguagem do contrato, a presença de caracteres ostensivos e legíveis, o tamanho

da fonte, a amplitude de informações, a simplicidade, o caráter objetivo, a explicação

de termos técnicos, informações sobre as etapas do serviço processo, instruções

direcionadas ao cliente, destaque para cláusulas prejudiciais ao contratante e a

isenção de erros.

Quadro 7 - Explicação da Dimensão Inteligibilidade em um Contrato Servidor

REVISÃO DA LITERATURA

CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR DIMENSÃO INTELIGIBILIDADE

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Linguagem simples. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Caracteres ostensivos e legíveis. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Fonte em tamanho legível. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Informações exaustivas sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Contrato simples, direto, objetivo, com uma linguagem menos rebuscada. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; Zeithaml e Bitner, 2003Adaptados) Explicação de Termos Técnicos. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003 Adaptados) Informações sobre como o cliente deve proceder para que a prestação do serviço aconteça de forma satisfatória. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados) Destaque para as cláusulas que signifiquem limitação de direitos ou obrigações, permitindo fácil e imediata compreensão(MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007)

A9. Simplicidade da linguagem. A10. Contrato legível e com caracteres ostensivos A11. Fonte em tamanho legível A12. Informações exaustivas sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. A13. Objetividade do contrato A14. Esclarecimentos sobre termos técnicos A15. Esclarecimentos sobre o processo, com a explicação sobre as etapas da execução do serviço A16. Explicações sobre a conduta do cliente A17. Destaque para cláusulas prejudiciais ao cliente

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Marques (2013); Tartuce (2011); CDC – BRASIL, (2014); Russel,

(2007), Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013), Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Zeithaml e

Bitner (2003); Adaptados

Por fim, o modelo conceitual proposto sugere uma quarta e última dimensão,

denominada foco no cliente, que remete aos conceitos de boa fé, responsividade e

presteza contratuais. Refere-se à verificação de cláusulas abusivas ou que

representem onerosidade ao consumidor, bem como a análise se o contrato expõe

exaustivamente os direitos dos clientes. Consiste ainda no estudo da lealdade da

55

proposta contratual e dos prazos estabelecidos. Ademais, em que pese o construto

teórico proposto se destinar a contratos de adesão, elaborados unilateralmente pelas

organizações prestadoras de serviço, é possível que, de algum modo, o instrumento

contratual vislumbre formas de personalização do serviço, o que demonstra o foco em

servir ao cliente.

Quadro 8 - Explicação da Dimensão Foco no Cliente em um Contrato Servidor

REVISÃO DA LITERATURA

CONSTRUTO TEÓRICO DE UM CONTRATO SERVIDOR DIMENSÃO FOCO NO CLIENTE

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Eliminação de cláusulas que representem onerosidade excessiva ou cláusulas de natureza abusiva, como a cobrança excessiva de juros. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Lealdade na proposta contratual, para que a mesma possa ser fielmente cumprida, com uma proposta de serviço que realmente possa ser cumprido conforme o prometido. (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) Exposição exaustiva dos direitos do cliente. (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados) O contrato contempla prazos para a realização do serviço. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados) A duração do serviço prevista no contrato é razoável. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados) O contrato contempla, de algum modo, personalização do serviço aos seus clientes.(ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003;Adaptados)

A18. Eliminação de

cláusulas abusivas

A19. Proposta de

serviço possível de ser

executada conforme o

prometido

A20. Destaque para

as cláusulas que

apresentem direitos ao

cliente/contratante

A21. Previsão de

prazos

A22. Previsão de

prazo razoável de

realização do serviço

A23. Previsão de personalização do serviço

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Marques (2013); Tartuce (2011); CDC – BRASIL, (2014); Russel,

(2007), Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013), Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Zeithaml e

Bitner (2003); Adaptados

56

Portanto, reunidas as quatro dimensões, quais sejam, Aspectos Físicos,

Razoabilidade, Inteligibilidade e Foco no Cliente, sugere-se o modelo conceitual de

um contrato servidor, resultado da análise e adaptação das interfaces dos princípios e

regras presentes no Código de Defesa do Consumidor (MARQUES,2013; TARTUCE,

2011; CDC – BRASIL, 2014), da Gestão de Serviços, com fulcro no Construto Teórico

SERVQUAL (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990), e do Senso de Servir,

com alicerce no Construto Teórico da Empresa Servidora/Processo Servidor

(NÓBREGA, 2013; LOPES e NÓBREGA, 2013), conforme o Quadro 9:

Quadro 9 - Construto Teórico de um Contrato Servidor

DIMENSÕES E ATRIBUTOS

DIMENSÃO ASPECTOS FÍSICOS A1.O contrato contempla aspectos da Estrutura Física (Dimensão Tangíveis - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH,2003; GUMMESSON, 1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A2. O contrato contempla equipamentos utilizados/necessários (Dimensão Tangíveis - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH,2003; GUMMESSON, 1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A3. O contrato contempla documentos utilizados/necessários(Dimensão Tangíveis - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH,2003; GUMMESSON, 1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A4. O contrato contempla número de funcionários (Dimensão Tangíveis - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; MARSHALL e MURDOCH,2003; GUMMESSON, 1992; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados).

DIMENSÃO RAZOABILIDADE A5. Número proporcional de cláusulas que apresentem direitos e obrigações ao cliente/contratante (Dimensão Segurança - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A6. Proporcionalidade entre os direitos e obrigações para o contratante (Dimensão Equilíbrio - (MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007); A7.Previsão de situações de imprevisão, mas que não onerem excessivamente o cliente (Dimensão Flexibilidade - NÓBREGA 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados); A8. Flexibilização dos ônus contratuais para o contratante. (Dimensão Flexibilidade - NÓBREGA 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados).

57

DIMENSÃO INTELIGIBILIDADE A9. Simplicidade da linguagem. (Dimensões Clareza/Transparência- MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) A10. Contrato legível e com caracteres ostensivos (Dimensões Clareza/Transparência- MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) A11. Fonte em tamanho legível (Dimensões Clareza/Transparência- MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007) A12. Informações exaustivas sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. (Dimensões Clareza/Transparência- MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEl, 2007); A13. Objetividade do contrato (Dimensão Confiabilidade - ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A14. Esclarecimentos sobre termos técnicos (Dimensão Confiabilidade - Zeithaml, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A15. Esclarecimentos sobre o processo, com a explicação sobre as etapas da execução do serviço (Dimensão Informação/Simplicidade -NÓBREGA 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados); A16. Explicações sobre a conduta do cliente (Dimensão Informação/Simplicidade -NÓBREGA 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados); A17. Destaque para cláusulas prejudiciais ao cliente (Dimensões Clareza/Transparência- MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007).

DIMENSÃO FOCO NO CLIENTE A18. Eliminação de cláusulas abusivas (Dimensão Boa-fé - MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007); A19. Proposta de serviço possível de ser executada conforme o prometido (Dimensão Boa-fé - MARQUES, 2013; TARTUCE, 2011; CDC – BRASIL, 2014; RUSSEL, 2007); A20. Destaque para as cláusulas que apresentem direitos ao cliente/contratante (Dimensão Foco no Cliente – NÓBREGA, 2013, LOPES, e NÓBREGA, 2013, Adaptados); A21. Previsão de prazos (Dimensões Responsividade/Empatia -ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A22. Previsão de prazo razoável de realização do serviço (Dimensões Responsividade/Empatia -ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados); A23. Previsão de personalização do serviço (Dimensões Responsividade/Empatia -ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; ZEITHAML e BITNER, 2003; Adaptados);

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014. Marques (2013); Tartuce (2011); CDC – BRASIL (2014); Russel,

(2007), Nóbrega (2013), Lopes e Nóbrega(2013), Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990); Marshall e

Murdoch(2003); Gummesson (1992); Zeithaml e Bitner (2003); Adaptados

Com base no modelo teórico exposto, realizou-se a pesquisa, a qual se

propõe a avaliar quão servidores são os contratos de adesão oferecidos por 5 (cinco)

empresas fornecedoras dos serviços TV por assinatura, internet banda larga e

telefonia fixa que atuam em Natal/RN.

58

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de pesquisa de abordagem descritiva, na medida em que avaliou o

perfil dos contratos de adesão disponibilizados por empresas prestadoras de serviço e

analisou até que ponto os referidos instrumentos contratuais possuem o

direcionamento para servir ao cliente. Foi desenvolvida através de pesquisa

documental, haja vista que foram objeto de análise os contratos de prestação de

serviços.

A referida análise consistiu na avaliação dos contratos de adesão de 5 (cinco)

empresas fornecedoras dos serviços TV por assinatura, internet banda larga e

telefonia fixa que atuam em Natal/RN/Brasil (um contrato para cada operadora e para

cada serviço), todos disponibilizados através dos sites oficiais das respectivas

operadoras.

Participaram da pesquisa 8 (oito) profissionais do Direito, que foram

denominados juízes, pois avaliaram instrumentos contratuais. Após realizarem a

leitura atenta de cada um dos contratos, responderam aos quesitos constantes do

Questionário, que contempla as dimensões e atributos do Construto Teórico do

Contrato Servidor, apresentando três opções de respostas, as quais direcionavam às

escalas de não contempla, contempla moderadamente e contempla adequadamente,

sugerindo, portanto, baixo, médio e alto graus de senso de servir.

Dessa forma, foi evidenciado, em diferenciados aspectos, especialmente nas

dimensões aspectos físico, razoabilidade, inteligibilidade e foco no cliente, quão

servidores são os contratos disponibilizados pelas cinco empresas estudadas, nos

três serviços citados.

Destaca-se, por oportuno, que a pesquisa documental é constituída pelo exame

de materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser

reexaminados com vistas a uma interpretação nova ou complementar. Pode oferecer

base útil para outros tipos de estudos qualitativos e possibilita que a criatividade do

pesquisador dirija a investigação por enfoques diferenciados. Além disso, os

documentos são uma fonte de pesquisa não-reativa e especialmente propícia para o

estudo de longos períodos de tempo (NEVES, 1996).

59

No que se refere aos procedimentos da coleta, trata-se de uma pesquisa de

campo pelo fato de que a coleta de dados foi realizada sem a interferência do

pesquisador, procurando o aprofundamento dos questionamentos propostos e as

características da população estudada (GIL, 2007). No entanto, como já mencionado,

foram aplicados questionários com os profissionais do direito, denominados, nesta

pesquisa, de juízes dos contratos.

Por seu turno, em relação à natureza, o presente estudo apresentou perfil

quantitativo, uma vez que se alicerçou em um modelo teórico e o abordou

estatisticamente. A abordagem quantitativa apresenta algumas características como a

observação e valorização dos fenômenos, as evidências das ideias e a mostra do

grau de fundamentação (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Segundo Malhotra (2006), a pesquisa quantitativa busca quantificar os dados e

aplicar, de alguma maneira, a análise estatística. Neste aspecto, a pesquisa analisou

os contratos de adesão e submeteu as análises a tratamento estatístico quantitativo,

com escala que buscou analisar o grau de concordância dos juízes, bem como a

avaliação geral dos contratos.

4.2 UNIVERSO/AMOSTRA DA PESQUISA

O universo da pesquisa correspondeu a 5 (cinco) empresas fornecedoras dos

serviços TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa que atuam em

Natal/RN/Brasil.

A opção por analisar contratos de empresas fornecedoras de TV por

assinatura, telefonia e internet banda larga se justifica pela conveniência de acesso

aos contratos, uma vez que os mesmos são disponibilizados nos sites oficiais das

operadoras.

Dentre os contratos analisados, realizou-se avaliação entre os contratos que

apresentam nenhum, moderado ou adequado senso de servir, conforme o construto

teórico (Quadro 9) e o instrumento de pesquisa (Apêndice 1).

4.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA

O instrumento de pesquisa aplicado foi um questionário com perguntas

fechadas, o qual apresenta três opções de respostas, letras “a”, “b” e “c”, que

correspondem às escalas de não contempla, contempla moderadamente, contempla

adequadamente, respectivamente.

60

Para fins de tratamento estatístico, foi atribuída a nota 1 (não contempla), 2

(contempla moderadamente) e 3 (contempla adequadamente), seguindo a gradação

representada no questionário.

Inicialmente, o questionário foi aplicado isoladamente aos contratos referentes

ao serviço de TV por assinatura. Após a aplicação do instrumento de pesquisa para

os citados contratos, constatou-se que não houve necessidade de ajustes.

Aos resultados obtidos desta coleta inicial, foi realizado teste estatístico que

verificou a confiabilidade dos dados, o que, de certo modo, validou, previamente, o

instrumento de pesquisa utilizado.

A através do teste estatístico Cronbach's Alpha, que verifica a confiabilidade do

questionário, pode-se observar que todos os 24 itens avaliados pelos 8 juízes sobre

os contratos das operadoras de TV por assinatura, telefonia e internet, obtiveram um

alfa de Cronbach's oscilando entre 0,874 a 0,961. Ou seja, consistência dos dados

classificada como satisfatória (NUNNALLY, 1978), conforme demonstra a

Tabela 1.

Tabela 1: Teste estatístico de confiabilidade do questionário por itens

Tabela 1: Teste estatístico Cronbach’s Alpha por item

Itens Internet Telefonia TV por assinatura

Geral 0,959 0,944 0,886

Q1 0,956 0,939 0,874

Q2 0,957 0,941 0,881

Q3 0,960 0,941 0,888

Q4 0,961 0,945 0,887

Q5 0,956 0,942 0,878

Q6 0,957 0,940 0,882

Q7 0,958 0,947 0,889

Q8 0,957 0,941 0,879

Q9 0,957 0,940 0,881

Q10 0,959 0,942 0,884

Q11 0,960 0,942 0,882

Q12 0,957 0,940 0,880

Q13 0,958 0,941 0,880

Q14 0,957 0,940 0,881

Q15 0,957 0,941 0,879

Q16 0,957 0,943 0,876

Q17 0,959 0,944 0,885

Q18 0,957 0,941 0,885

Q19 0,957 0,942 0,880

61

Q20 0,956 0,941 0,880

Q21 0,957 0,941 0,878

Q22 0,960 0,941 0,888

Q23 0,957 0,944 0,885

Q24 0,958 0,940 0,880

Fonte: Pesquisa 2015

4.4 COLETA DE DADOS

O desenvolvimento da coleta de dados ocorreu por meio de contratos (obtidos

através dos sites oficiais das operadoras pesquisadas) e questionários impressos, a

partir de dados primários, embasado pela literatura.

Como já mencionado, participaram da pesquisa oito juízes, cada um

analisando 5 contratos (um de cada operadora), para cada um dos três serviços

estudados, quais sejam tv por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa. A

coleta de dados ocorreu no mês de fevereiro de 2015, conforme ilustração

apresentada no Quadro 10.

Quadro 10 - Coleta de Dados

Fonte: Pesquisa 2015

Ressalta-se, por oportuno, que a Empresa 5 não fornece o serviço de telefonia

fixa. Por essa razão, não há referência ao contrato deste serviço para a referida

operadora.

62

Além disso, é importante destacar que a coleta de dados foi realizada com o

total de 8 (oito) profissionais do Direito, pois cada um dos oito juízes analisou 14

contratos (5 contratos de TV por assinatura, 5 contratos de internet banda larga e 4

contratos de telefonia fixa).

Por seu turno, no que corresponde aos dados relacionados ao tempo utilizado

na coleta, considerou-se o tempo médio de 30 (trinta) minutos para a leitura de um

contrato e resposta de um questionário (um para cada contrato).

Depois de realizadas as avaliações dos contratos, buscou-se correlacionar os

dados obtidos com algum ranking referencial comparativo entre as empresas

pesquisadas. Para tanto, foram pesquisados rankings publicados nos sites oficiais da

ANATEL, “reclameaqui.com”, Procon-RN e, através de requerimento formal, dados

fornecidos pelo setor de Tecnologia da Informação e Comunicação dos Juizados

Especiais de Natal.

4.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Em relação às variáveis analíticas apresentadas na pesquisa, foram 4(quatro)

dimensões relacionadas com o construto teórico de um Contrato Servidor. As

dimensões foram encontradas em pesquisas empíricas e são as seguintes: Aspectos

Físicos, Razoabilidade, Inteligibilidade de Foco no Cliente, conforme demonstra o

Quadro 11.

Quadro 11 - Variáveis analíticas da Pesquisa

Dimensões

Questão correspondente

Referências

Asp

ec

tos F

ísic

os

1. O contrato (não contempla/ contempla moderadamente/ contempla adequadamente) aspectos da Estrutura Física do serviço. 2. O contrato (não contempla/ contempla moderadamente/ contempla adequadamente) equipamentos utilizados/necessários para a prestação do serviço. 3. O contrato (não contempla/ contempla moderadamente/ contempla adequadamente) documentos utilizados/necessários para a prestação do serviço. 4. O contrato (não contempla/ contempla moderadamente/ contempla adequadamente) documentos número de funcionários para a prestação do serviço.

(ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; Adaptados)

63

Dimensões

Questão correspondente

Referências

Ra

zo

ab

ilid

ad

e

5. Número proporcional de cláusulas que apresentem direitos e obrigações ao cliente/contratante - o contrato (não apresenta/ apresenta em número inferior/ apresenta em número superior) cláusulas que representam direitos ao contratante, em relação às cláusulas que estabelecem obrigações. 6. Proporcionalidade entre os direitos e obrigações para o contratante - o contrato contempla obrigações (onerosas, pouco onerosas, proporcionais) em relação aos direitos. 7. Situações de imprevisão (previstas/ não previstas, previstas favoravelmente) em contrato. 8. O Contrato (não contempa/ contempla moderadamente/ contempla adequadamente) a flexibilização de ônus contratuais.

ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; Adaptados)

(MARQUES, 2013, TARTUCE, 2011 e CDC – BRASIL, 2014) (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

Inte

lig

ibil

idad

e

9. Linguagem de (nenhuma/ moderada/ adequada) compreensão. 10. Contrato ilegível e sem caracteres ostensivos/ legível, com nenhum ou poucos caracteres ostensivos/ adequadamente legível e com caracteres ostensivos. 11. Fonte em tamanho (ilegível/ moderadamente legível/ adequadamente legível). 12. O contrato (não apresenta/ apresenta de forma moderada / apresenta de forma adequada) as informações sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. 13. Contrato não objetivo/ moderadamente objetivo/ adequadamente objetivo. 14. O contrato (não esclarece/ esclarece moderadamente/ esclarece adequadamente) sobre termos técnicos. 15. O contrato (não esclarece/ esclarece moderadamente/ esclarece adequadamente) sobre o processo, com a explicação sobre as etapas da execução do serviço. 16. O contrato (não apresenta explicações, explica moderadamente/ explica adequadamente) sobre a conduta do cliente. 17. Cláusula prejudicial ao cliente (não destacadas/ destacadas moderadamente/ destacadas adequadamente) no contrato.

(MARQUES, 2013, TARTUCE, 2011 e CDC – BRASIL, 2014)

ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; Adaptados)

(NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados)

64

Dimensões

Questão correspondente

Referências

Fo

co

no

Cli

en

te

18. O contrato apresenta elevado número de cláusulas abusivas/ mediano ou baixo número de cláusulas abusivas/ não contempla cláusulas abusivas. 19. Proposta de serviço apresentada de maneira que ( não poderá ser cumprida/ poderá ser cumprida moderadamente/ poderá ser cumprida adequadamente) conforme o prometido. 20. Cláusulas que apresentem direitos ao cliente/contratante (não destacadas/ destacadas moderadamente/ destacadas adequadamente) no contrato. 21. Prazos (não previstos/ previstos moderadamente/ previstos adequadamente) em contrato. 22. Previsão de prazo (irrazoável/ moderado/ adequado) para a realização do serviço. 23. Personalização do serviço (não prevista, prevista moderadamente/ prevista adequadamente) em contrato.

(MARQUES, 2013, TARTUCE, 2011 e CDC – BRASIL, 2014, Adaptados) (NÓBREGA, 2013, LOPES e NÓBREGA, 2013, Adaptados) ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 1990; Adaptados)

24.Percepção Geral do Contrato: O contrato apresenta (nenhuma ou pouca/ moderada/ adequada) orientação para servir.

Fonte: Pesquisa 2014

4.6 TRATAMENTO DOS DADOS

Após a análise documental, que consistiu na avaliação dos contratos de adesão

por profissionais do Direito, através de questionário que contempla dimensões e

atributos de um contrato servidor, os dados coletados foram tratados quantitativamente,

através de estatística descritiva.

O banco de dados foi apresentado em formato EXCEL, versão 2010, para

realização das tabelas descritivas e aplicação de testes estatísticos (ANOVA,

MANOVA, teste de Tukey e alpha de cronbach’s) foi utilizado o software Statistica

SPSS, versão 20.0.

O Quadro 12 apresenta o resumo do tratamento dos dados, com as análises

estatísticas utilizadas:

Quadro 12 - Resumo das análises estatísticas utilizadas

An

álise

Nome da análise Objetivo da análise Dados utilizados Apresentação

de Resultados

1

Grau de concordância das análises realizadas pelos juízes.

Mensurar, através de dados estatísticos que demonstrem um grau de concordância, as diferentes opiniões dos 8

Teste de Kappa

Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5

65

juizes envolvidos na pesquisa Índice de Validação

de Conteúdo (IVC)

Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9

2

Análise dos Contratos através da avaliação geral dos itens do questionário

Analisar os números e percentuais de quesitos que não contemplam, contemplam moderadamente e contemplam adequadamente os atributos e dimensões do contrato servidor.

Percentuais Tabela 10 Gráfico 1

3

Avaliação dos contratos através de comparação de médias

Através da atribuição de notas às diferentes respostas do questionário, comparar o desempenho geral na avaliação dos contratos, em especial cada serviço, dimensões e atributos

Mínima Máxima

Universo 25% Universo 75%

Mediana Média

Desvio Padrão Coeficiente de

variação Valor p

Box Plot dos domínios

Tabela 11 Tabela 12 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4

4

Comparação de desempenho entre as empresas pesquisadas.

Através do desempenho na avaliação dos contratos, comparar o desempenho das empresas pesquisadas, nos contratos referentes aos três serviços estudados.

Mínima Máxima

Universo 25% Universo 75%

Mediana Média

Desvio Padrão Coeficiente de

variação Valor p

Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15

5

Correlação dos resultados obtidos com o ranking de ajuizamento de ações no Juizado Especial Central da Comarca de Natal/RN.

Correlacionar os resultados obtidos na avaliação dos contratos com ranking de ajuizamento de ações no Juizado Especial Central da Comarca de Natal/RN.

Análises descritivas

Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21

Fonte: Pesquisa 2015

66

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente capítulo busca apresentar os resultados obtidos, relacionados com

os objetivos da pesquisa. Os dados estão exibidos em análises descritivas, tabelas,

quadros e gráficos para melhor compreensão.

5.1 GRAU DE CONCORDÂNCIA DAS ANÁLISES REALIZADAS PELOS JUÍZES

5.1.1 Análise da Concordância através do Teste de Kappa

Para verificar o grau de concordância dos julgadores (Especialistas) quanto aos

contratos avaliados nas operadoras de TV por assinatura, telefonia e internet, foi

aplicado o teste de Kappa.

O Índice Kappa é um indicador de concordância ajustado, e seus valores

oscilam de “menos 1” a “mais 1”, quanto mais próximo de 1 melhor o nível de

concordância entre os observadores (PEREIRA, 1995). Sua distribuição e os

respectivos níveis de interpretação estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Interpretação do Teste Kappa

Valor de Kappa Interpretação

Menor que 0 Sem concordância

0-0.19 Concordância fraca

0.20-0.39 Concordância regular

0.40-0.59 Concordância moderada

0.60-0.79 Concordância substancial

0.80-1.00 Concordância quase perfeita

Fonte: LANDIS JR, KOCH GG (1977).

Dessa forma, foi aplicado o Kappa para verificar o grau de concordância entre

os juízes nas análises dos contratos dos três serviços estudados, quais sejam,

internet, telefonia e internet banda larga.

Entretanto, observa-se que os coeficientes de Kappa entre os juízes

obtiveram concordâncias fraca e regular. O Kappa geral para internet, telefonia e TV

por assinatura apresentaram os respectivos resultados: 0,32, 0,30 e 0,31, ou seja,

concordância regular (LANDIS JR, KOCH GG, 1997), conforme se observa nas

Tabelas 3, 4 e 5:

67

Tabela 3 - Teste de Kappa entre os juízes – Internet

Kappa Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 1 ** 0,29** 0,12** 0,26** 0,50** 0,76** 0,18** 0,39** Juiz 2

** 0,09 0,40** 0,39** 0,36** 0,41** 0,24**

Juiz 3

** 0,29** 0,08 0,08 0,24** 0,30** Juiz 4

** 0,22** 0,21** 0,74** 0,51**

Juiz 5

** 0,65** 0,25** 0,16* Juiz 6

** 0,18** 0,26**

Juiz 7

** 0,25** Juiz 8

**

Kappa Geral Internet – 0,32

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 4 - Teste de Kappa entre os juízes - Telefonia

Kappa Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 1 ** 0,16* 0,04 0,23** 0,38** 0,25** 0,15 0,44** Juiz 2

** 0,30** 0,42** 0,24* 0,15 0,33** 0,36**

Juiz 3

** 0,23** 0,09 0,12 0,26** 0,12 Juiz 4

** 0,41** 0,28** 0,69** 0,59**

Juiz 5

** 0,51** 0,37** 0,39** Juiz 6

** 0,31** 0,19

Juiz 7

** 0,32** Juiz 8

**

Kappa Geral Telefonia – 0,30

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 5 - Teste de Kappa entre os juízes – TV por Assinatura

Kappa Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8 Juiz 1 ** 0,57** 0,26** 0,34** 0,38** 0,26** 0,36** 0,52** Juiz 2

** 0,28** 0,39** 0,19* 0,17* 0,41** 0,28**

Juiz 3

** 0,29** 0,19* 0,18* 0,41** 0,32** Juiz 4

** 0,24** 0,17* 0,35** 0,26**

Juiz 5

** 0,53** 0,23** 0,31** Juiz 6

** 0,22** 0,22**

Juiz 7

** 0,27** Juiz 8

**

Kappa Geral TV por Assinatura – 0,31

Fonte: Pesquisa 2015

Como o resultado geral do Kappa apresentou concordância irregular para os

contratos dos três serviços pesquisados, foi necessário encontrar outro mecanismo

para mensurar as diferentes avaliações dos 8 (oito) juízes respondentes.

5.1.2 Avaliação dos Contratos através do Índice de Validação de Conteúdo

(IVC)

Em busca de uma maior segurança aos resultados, foi utilizado o Índice de

Validação de Conteúdo (IVC), proposto por Waltz, Strickland e Lenz (1991).

68

O Índice de Validade/Validação de Conteúdo (IVC) verifica a proporção ou

porcentagem de juízes que estão em concordância em relação a determinados

aspectos de um instrumento e de seus itens, além de permitir a análise de cada item

individualmente e do instrumento como um todo (ALEXANDRE;COLUCI, 2011).

Conforme Waltz; Strickland; Lenz (1991), o foco principal da validação de

conteúdo é determinar se os itens especificados no documento representam a

adequação do conteúdo, de acordo com as opiniões dos juízes envolvidos. Neste

aspecto, o Índice de Validação do conteúdo indica a proporção de juízes

concordantes sobre determinados aspectos do documento e de seus itens.

A apreciação de juízes ou análise de conteúdo é alicerçada, essencialmente,

no julgamento realizado por um grupo de juízes experientes na área, a qual caberá

analisar se o conteúdo está correto e adequado ao que se propõe (MOURA et al,

2008).

Em que pese o Índice de Validação de Conteúdo possua intensa aplicação

prática na validação de instrumentos, prontuários e diagnósticos da área de saúde,

não se verifica óbice para aplicação análoga deste índice de verificação em relação

aos contratos de adesão fornecidos pelas empresas pesquisadas, até porque a

análise dos juízes consiste na adequação do conteúdo do contrato a um padrão ideal,

no caso em tela, o contrato servidor.

O cálculo do Índice de Validação de Conteúdo é obtido através da

comparação individual de um juiz com as avaliações dos demais, calculando-se o IVC

para cada par de juízes, da seguinte forma:.

Neste aspecto, a avaliação de cada juiz foi comparada com as avaliações dos

demais, calculando-se o IVC para cada par de juízes (juiz 1 x juiz 2; juiz 1 x juiz 3; juiz

2 x juiz 3; ... e assim sucessivamente).

Portanto, preenchidos os questionários, pelos 8 (oito) juízes, as respostas

foram submetidas a tratamento estatístico, para o cálculo do IVC. No caso, a forma

utilizada foi a média dos valores dos itens calculados separadamente.

Inicialmente, em relação ao Índice de Validação de Conteúdo (IVC), calculados

para cada serviço, constatou-se uma correlação desfavorável à validade do conteúdo,

69

demonstrando que, no geral, para os três serviços pesquisados, os contratos foram

avaliados como inadequados.

As tabelas 6, 7 e 8 apresentam os valores obtidos através do cálculo do Índice

de Validade de Conteúdo. Representando os oitos juízes pelos números de 1 a 8, a

intersecção das linhas abscissas com as ordenadas apresenta o valor que

corresponde ao índice de concordância entre os mesmos:

Tabela 6 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (Internet)

IVC Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8

Juiz 1 ** 0,81 0,48 0,72 0,91 0,93 0,68 0,77

Juiz 2

** 0,42 0,67 0,82 0,83 0,66 0,68

Juiz 3

** 0,42 0,47 0,48 0,40 0,45

Juiz 4

** 0,72 0,72 0,66 0,66

Juiz 5

** 0,93 0,70 0,75

Juiz 6

** 0,70 0,77

Juiz 7

** 0,68

Juiz 8

**

IVC Internet - 0,67

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 7 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (Telefonia)

IVC Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8

Juiz 1 ** 0,71 0,33 0,72 0,78 0,83 0,69 0,81

Juiz 2

** 0,34 0,61 0,61 0,66 0,58 0,66

Juiz 3

** 0,32 0,30 0,34 0,32 0,32

Juiz 4

** 0,65 0,68 0,66 0,70

Juiz 5

** 0,75 0,62 0,70

Juiz 6

** 0,67 0,73

Juiz 7

** 0,63

Juiz 8

**

IVC Telefonia - 0,60

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 8 - Índice de Validade do Conteúdo - IVC (TV por assinatura)

IVC Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5 Juiz 6 Juiz 7 Juiz 8

Juiz 1 ** 0,82 0,58 0,71 0,85 0,83 0,74 0,80

Juiz 2

** 0,56 0,68 0,79 0,78 0,72 0,73

Juiz 3

** 0,50 0,58 0,57 0,55 0,56

Juiz 4

** 0,71 0,69 0,63 0,65

Juiz 5

** 0,87 0,74 0,79

Juiz 6

** 0,73 0,77

Juiz 7

** 0,68

Juiz 8

**

IVC TV por assinatura - 0,70

Fonte: Pesquisa 2015

70

Destaca-se, por oportuno, que para fins de IVC são considerados como ponto

de corte de validação, ou seja, resultado a partir do qual possa se considerar válido o

conteúdo, valores acima de 0,78 ou 0,90 (Alexandre e Colluci, 2011).

Neste aspecto, foram obtidas as médias gerais de IVC nos serviços de

internet, telefonia e TV por assinatura, quais sejam, 0,67, 0,60 e 0,70,

respectivamente. Portanto, segundo o IVC, os contratos das cinco operadoras, nos

três serviços, foram avaliados como inadequados, ou seja, com pouca orientação

para servir.

Por outro lado, analisando o desempenho de cada um dos itens abordados no

instrumento de pesquisa, foi calculado o IVC (Índice de Validação de Conteúdo)

médio por cada atributo avaliado:

Tabela 9 - Índice de Validade do Conteúdo por itens

Itens Internet Telefonia TV por assinatura

Atributo 1-Q1 0,81 0,75 0,68

Atributo 2- Q2 0,91 0,54 0,85

Atributo 3 -Q3 0,40 0,25 0,30

Atributo 4 -Q4 0,00 0,00 0,01

Atributo 5 -Q5 0,81 0,80 0,80

Atributo 6 -Q6 0,29 0,24 0,34

Atributo 7 -Q7 0,34 0,29 0,17

Atributo 8 -Q8 0,31 0,33 0,36

Atributo 9 -Q9 0,85 1,00 0,95

Atributo 10-Q10 1,00 1,00 1,00

Atributo 11-Q11 1,00 0,88 1,00

Atributo 12-Q12 0,75 0,81 0,76

Atributo 13-Q13 0,77 0,81 0,90

Atributo 14-Q14 0,81 0,63 0,85

Atributo 15-Q15 0,85 0,44 0,76

Atributo 16-Q16 1,00 0,94 1,00

Atributo 17-Q17 0,84 0,46 0,91

Atributo 18-Q18 0,23 0,32 0,56

Atributo 19-Q19 0,90 0,88 0,95

Atributo 20-Q20 0,44 0,34 0,47

Atributo 21-Q21 0,75 0,81 0,85

Atributo 22-Q22 0,91 0,88 0,95

Atributo 23-Q23 0,40 0,29 0,58

Percepção Geral – Q4 do Contrato

0,81 0,65 0,86

Fonte: Pesquisa 2015

71

De acordo com a Tabela 10, de forma geral, os IVC’s foram identificados como

inadequados nos contratos de internet nos seguintes itens: Q3, Q4, Q6, Q7, Q8, Q18,

Q20 e Q23. Nos contratos de telefonias, os IVC’s foram identificados como

inadequados nos seguintes quesitos: Q2, Q3, Q4, Q6, Q7, Q8, Q14, Q15, Q17, Q18,

Q20, Q23 e Q24. Por último, nos contratos de TV por assinatura, os IVC’s foram

identificados como insatisfatórios nos itens: Q1, Q3, Q4, Q6, Q7, Q8, Q18, Q20 e

Q23.

Em relação à dimensão Aspectos Físicos, foram avaliados os atributos 1 a 4.

Quanto à verificação se os contratos contemplam aspectos da estrutura física, o IVC

médio para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram,

respectivamente, 0,81, 0,75 e 0,68. No que corresponde à verificação se os contratos

contemplam equipamentos utilizados/necessários, os IVC’s médios para os serviços

de internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 0,91, 0,54 e 0,85.

Sobre a menção a documentos utilizados/necessários, os IVC’s médios para os

serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 0,4, 0,25 e

0,3. Por fim, em relação à referência ao número de funcionários, os IVC’s médios para

os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente 0,0, 0,0 e

0, 01.

Com base nos dados acima, constata-se que a dimensão Aspectos Físicos

apresentou baixo desempenho, principalmente nos quesitos que avaliam a previsão

de documentos e número de funcionários para a execução do serviço.

Por outro lado, no tocante à dimensão Razoabilidade, foram avaliados os

atributos 5 a 8. Em relação ao número proporcional de cláusulas que apresentam

direitos e obrigações ao cliente, os IVC’s médios para os serviços de internet,

telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente 0,81, 0,8 e 0,8. No tocante à

verificação da proporcionalidade entre direitos e obrigações para o contratante, os

IVC’s médios para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram,

respectivamente 0,29, 0,24 e 0,34. Sobre a previsão de situações de imprevisão, os

IVC’s médios para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram,

respectivamente, 0,34, 0,29 e 0,17. Por fim, ainda na dimensão razoabilidade, sobre a

análise da flexibilização dos ônus contratuais para o contratante, os IVC’s médios

para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, 0,31, 0, 33 e 0,36,

respectivamente.

72

Com fulcro nos resultados acima, constata-se que a dimensão razoabilidade,

que avalia os aspectos do equilíbrio, segurança e flexibilidade, apresentou baixo

desempenho. Em que pese o atributo 5, que avalia o número proporcional de

cláusulas que versem sobre direitos e obrigações, tenha sido bem avaliado, não foi o

suficiente para qualificar positivamente a dimensão em questão. Mesmo que haja o

equilíbrio entre o número de cláusulas, os quesitos da proporcionalidade no conteúdo,

da imprevisão favorável ao consumidor e da flexibilização de ônus contratuais

deixaram a desejar e, consequente, puxaram para baixo o desempenho da dimensão

razoabilidade.

Em relação à dimensão Inteligibilidade, foram avaliados os atributos 9 a 17.

Sobre os atributos simplicidade da linguagem, os IVC’s médios para os serviços de

internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 0,85, 1,0 e 0,95. No que

corresponde legibilidade do contrato, os IVC’s médios para os serviços de internet,

telefonia e tv por assinatura foram todos 1,0. Sobre o tamanho da fonte, os IVC’s

médios para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, 1,0, 0,88 e

1,0, respectivamente. Por outro lado, sobre a verificação de informações exaustivas

sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de

validade e origem, além de esclarecimentos sobre a segurança, os IVC’s médios para

os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 0,75,

0,81 e 0,76. Em relação à objetividade do contrato, os IVC’s médios para os serviços

de internet, telefonia e tv por assinatura foram, 0,77, 0,81 e 0,9, respectivamente. Os

esclarecimentos sobre termos técnicos apresentaram os IVC’s médios para os

serviços de internet, telefonia e tv por assinatura, nos valores 0,81, 0,63 e 0,85,

respectivamente. Em paralelo, na verificação sobre os esclarecimentos sobre o

processo (execução do serviço), os IVC’s médios para os serviços de internet,

telefonia e tv por assinatura foram 0,85, 0,44 e 0,76, respectivamente. Já em relação

às explicações necessárias sobre a conduta do consumidor, os IVC’s médios para os

serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 1, 0,94 e

1,0. Por fim, em relação ao destaque de cláusulas prejudiciais ao consumidor, os

IVC’s médios para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram 0,84,

0,46 3 0,91, respectivamente.

Percebe-se, portanto, que a dimensão Inteligibilidade apresenta um excelente

desempenho, apresentando avaliação negativa apenas nos contratos de telefonia nos

aspectos pertinentes aos esclarecimentos de termos técnicos e explicação sobre as

73

etapas da execução do serviço, bem como ao destaque de cláusulas contratuais

prejudiciais ao consumidor.

Finalmente, relacionados à dimensão Foco no Cliente, foram avaliados os

atributos 18 a 23. No que se refere à eliminação de cláusulas abusivas, os IVC’s

médios para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram 0,23, 0,32 e

0,56, respectivamente. Em relação à possibilidade de execução do serviço conforme

o prometido, os IVC’s médios para os serviços de internet, telefonia e tv por

assinatura foram, respectivamente, 0,9, 0,88, e 0,95. Para o destaque de cláusulas

favoráveis ao contratante, os IVC’s médios para os serviços de internet, telefonia e tv

por assinatura foram, 0,44, 0,34 e 0,47, respectivamente. Por outro lado, na avaliação

sobre a previsão de prazos nos contratos, os IVC’s médios para os serviços de

internet, telefonia e tv por assinatura foram, respectivamente, 0,75, 0,81 e 0,85. Já em

relação à razoabilidade dos prazos, quando previstos em contrato, os IVC’s médios

para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram, 0,91, 0,88 e 0,95,

respectivamente. Por fim, no aspecto da personalização do serviço, os IVC’s médios

para os serviços de internet, telefonia e tv por assinatura foram 0,4, 0,29 e 0,58,

respectivamente.

Dos resultados obtidos na avaliação da dimensão Foco no Cliente, percebe-

se, obviamente, que os piores desempenhos se referem aos atributos que avaliam a

eliminação de cláusulas abusivas, o destaque de cláusulas favoráveis ao contratante

e a personalização do serviço, reflexo do padrão dos serviços e contratos de massa,

que não prezam pela atenção e individualização do consumidor, oferecendo um

padrão de contrato e serviço, sem, entretanto, atentar para as particularidades de

cada cliente. Ainda assim, a dimensão Foco no Cliente apresenta o segundo maior

IVC médio, o que a coloca dentre as dimensões melhor avaliadas.

Dessa forma, percebe-se que, em relação às dimensões Aspectos Físicos e

Razoabilidade, as dimensões Inteligibilidade e Foco no Cliente apresentaram melhor

desempenho.

Ademais, comparando a avaliação dos contratos por serviço, pelo quesito

percepção geral do contrato, percebe-se que os contratos de telefonia apresentam

pior desempenho, com IVC médio 0,65, ao passo que os contratos de internet ficam

na segunda posição, com IVC médio 0,81. Os contratos de TV por assinatura são os

melhores avaliados, com IVC médio 0,86.

74

5.2 AVALIAÇÃO DOS CONTRATOS ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO GERAL DOS

ITENS DO QUESTIONÁRIO

Além da análise do Índice de Validação de Conteúdo, foi realizada a

avaliação geral de todos os itens do questionário, conforme a Tabela 10:

Tabela 10 - Avaliação dos contratos por segmento

Serviços Frequência Contrato não

contempla Contrato contempla de

moderadamente Contrato contempla

adequadamente Total

Internet N 198 388 374 960

% 20,63 40,42 38,95 100,00

Telefonia N 200 343 225 768

% 26,04 44,66 29,30 100,00

TV por assinatura

N 181 411 368 960

% 18,85 42,81 38,34 100,00

Fonte: Pesquisa 2015

No gráfico que segue, revela-se a porcentagem das respostas apresentadas

pelos juízes por itens, totalizando 960 respostas pra o segmento de internet e TV por

assinatura, e 768 para empresa de telefonia.

Gráfico 1 - Porcentagem de avaliação dos contratos por segmento

Fonte: Pesquisa 2015

Para o serviço de Internet, do total de 960 quesitos respondidos (oito

questionários, com 24 quesitos cada, respondidos para cinco empresas), 198

apresentaram respostas destinadas à escala “não contempla”, 388 à escala

“contempla moderadamente” e 374 “contempla adequadamente”.

Para o serviço de telefonia, do total de 768 quesitos respondidos (oito

questionários, com 24 quesitos cada, respondidos para quatro empresas), 200

75

apresentaram respostas destinadas à escala “não contempla”, 343 à escala

“contempla moderadamente” e 225 “contempla adequadamente”.

Para o serviço de TV por assinatura, do total de 960 quesitos respondidos

(oito questionários, com 24 quesitos cada, respondidos para cinco empresas), 181

apresentaram respostas destinadas à escala “não contempla”, 411 à escala

“contempla moderadamente” e 368 “contempla adequadamente”.

Nos contratos de internet, 20,63% dos quesitos não contempla os atributos,

40,42% contempla moderadamente os atributos e 38,95% contrato contempla

adequadamente os atributos de um contrato servidor.

Nos contratos de telefonia fixa, 26,04% dos quesitos não contempla os

atributos, 44,66% contempla moderadamente os atributos e 29,30% contrato

contempla adequadamente os atributos de um contrato servidor.

Por último, nos contratos de TV por assinatura, 18,85% dos quesitos não

contempla os atributos, 42,81% contempla moderadamente os atributos e 38,34%

contrato contempla adequadamente os atributos de um contrato servidor.

5.3 AVALIAÇÃO DOS CONTRATOS ATRAVÉS DE COMPARAÇÃO DE MÉDIAS

Como dito em linhas anteriores, para fins de tratamento estatístico, foi atribuída

a nota 1 para a resposta “não contempla”, nota 2 para a resposta “contempla

moderadamente” e nota 3 para a resposta “contempla adequadamente”, seguindo a

gradação representada no questionário.

Para fins de comparação de médias, foi realizada a análise isolada das

dimensões estudadas, nos serviços de TV por assinatura, internet e telefonia. Para

esta análise, foi obtida a seguinte estatística descritiva:

Tabela 11 - Média das dimensões estudadas por segmento

Itens TV por assinatura Internet Telefonia

Valor-p Média DP Média DP Média DP

Aspectos físicos 1,93 0,44 1,96 0,44 1,78 0,51 0,236

Razoabilidade 1,78 0,49 2,01 0,72 1,89 0,57 0,231

Inteligibilidade 2,50 0,34 2,41 0,44 2,27 0,47 0,068

Foco no cliente 2,19 0,35 2,10 0,56 1,95 0,45 0,098

Fonte: Pesquisa 2015

76

Em sede de análise estatística, é importante ressaltar que, embora tenha se

obtido médias diferenciadas para as quatro dimensões em cada um dos três serviços

pesquisados, o valor p é determinante para considerar se há diferença estatística

entre os valores encontrados.

Neste aspecto, chamado de nível de significância, o valor p representa a

probabilidade de se observar diferenças entre grupos. A comunidade científica

convencionou que o valor p < 0,05 é aceitável para avaliar a significância do resultado

obtido. Ou seja, quanto menor o valor de p, maior a evidência de diferenças

(THOMAS, 2011).

Entretanto, de acordo com os resultados apresentados na Tabela 11, todos os

valores de p foram acima de 0,05, não se evidenciando, para um nível de significância

de 5%, diferença estatística entre os 3 tipos de segmentos avaliados com as 4

dimensões estudadas.

Ou seja, analisando isoladamente as dimensões, nos três serviços

pesquisados, não há relevante diferença estatística.

Entretanto, resultado diverso é obtido quando se compara o desempenho das

dimensões entre si:

Tabela 12 - Estatística descritiva das dimensões estudadas por segmento

Domínios Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média Desvio-padrão CV Valor-p

Internet

Aspectos físicos 1,00 3,00 1,75 2,00 2,25 1,96 0,44 22,63

0,000 Razoabilidade 1,00 3,00 1,25 1,88 2,75 2,01 0,72 35,58

Inteligibilidade 1,44 3,00 2,11 2,39 2,83 2,41 0,44 18,49

Foco no cliente 1,17 3,00 1,67 2,17 2,50 2,10 0,56 26,77

Telefonia

Aspectos físicos 1,00 2,75 1,50 1,75 2,13 1,78 0,51 28,91

0,000 Razoabilidade 1,00 3,00 1,50 1,75 2,25 1,89 0,57 30,03

Inteligibilidade 1,33 3,00 1,89 2,33 2,67 2,27 0,47 20,49

Foco no cliente 1,00 2,83 1,67 1,83 2,17 1,95 0,45 23,15

TV por assinatura

Aspectos físicos 1,00 2,75 1,75 2,00 2,25 1,93 0,44 23,01

0,000 Razoabilidade 1,00 3,00 1,50 1,75 2,25 1,78 0,49 27,38

Inteligibilidade 1,89 3,00 2,22 2,56 2,78 2,50 0,34 13,56

Foco no cliente 1,17 2,67 2,00 2,17 2,42 2,19 0,35 15,93

Fonte: Pesquisa 2015

Na tabela 12, a mínima corresponde à menor média dos quesitos (atributos) de

uma dimensão atribuída por um juiz. Ou seja, significa a pior avaliação por dimensão,

dentre as 8 (oito) realizadas.

77

Ao contrário, a máxima corresponde à maior média dos quesitos (atributos) de

uma dimensão atribuída por um juiz. Ou seja, significa a melhor avaliação por

dimensão, dentre as 8 (oito) realizadas.

Além disso, a tabela 12 apresenta as notas médias ofertadas por 25% (vinte e

cinco por cento) e por 75% (setenta e cinco por cento) dos juízes, a mediana, a média

de todas as notas obtidas, o desvio padrão e o coeficiente de variação.

Diferente da análise isolada das dimensões, constata-se que, comparando as

dimensões em cada segmento, o valor p, para todos os serviços, foi igual a zero.

Portanto, através do teste de análise de variância multivariada para um nível de

significância de 5%, evidencia-se diferença estatística quanto ao desempenho nas

dimensões estudadas.

Neste sentido, a dimensão inteligibilidade apresenta melhor desempenho nos

contratos dos 3 tipos de segmentos avaliados. O segundo melhor desempenho,

igualmente para os três serviços, se refere à dimensão foco no cliente. Por outro lado

o pior desempenho é percebido nas dimensões aspectos físicos e razoabilidade.

Portando, constata-se uma similitude no desempenho isolado de cada

dimensão nos três serviços. Ou seja, independentemente do serviço estudado, o

desempenho de cada dimensão é o mesmo.

Entretanto, comparando o desempenho entre cada domínio, para os três

serviços, a Inteligibilidade e o Foco no Cliente se destacam em relação às dimensões

Aspectos Físicos e Razoabilidade.

A seguir, apresenta-se o desempenho das dimensões por meio de médias

aritméticas dos itens atribuídos para as 4 dimensões estudadas, através do gráfico

box plot:

Gráfico 2 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de Internet

Fonte: Pesquisa 2015

78

Gráfico 3 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de Telefonia

Fonte: Pesquisa 2015

Gráfico 4 - Box Plot dos domínios de avaliação dos contratos de TV por assinatura

Fonte: Pesquisa 2015

Nos gráficos 2, 3 e 4, percebe-se que no intervalo de notas entre 1,0 e 3,0, a

dimensão inteligibilidade apresenta as maiores nota mínima, máxima, mediana e

média para os três serviços estudados. Comparativamente, a dimensão foco no

cliente apresenta segundo melhor desempenho.

5.4 COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO ENTRE AS EMPRESAS PESQUISADAS

Realizada o estudo isolado de cada dimensão nos três serviços pesquisados,

bem como a análise do desempenho das dimensões para cada um dos serviços,

79

realizou-se a avaliação do desempenho das quatro dimensões entre as empresas

pesquisadas, para cada serviço, conforme as tabelas 13, 14 e 15:

Tabela 13 - Comparação das dimensões por operadoras (Internet)

Domínio Operadoras Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor-

p

Aspectos físicos

Empresa 1 1,50 2,50 1,63 1,88 2,50 2,00 0,44 22,16

0,849

Empresa 2 1,00 2,50 1,38 1,75 2,38 1,81 0,59 32,77

Empresa 3 1,50 2,50 1,63 2,00 2,25 1,97 0,36 18,51

Empresa 4 1,75 3,00 1,75 2,00 2,38 2,13 0,44 20,86

Empresa 5 1,50 2,50 1,50 1,88 2,25 1,91 0,40 20,96

Razoabilidade

Empresa 1 1,00 2,75 1,25 1,50 2,75 1,84 0,77 41,60

0,805

Empresa 2 1,25 3,00 1,63 2,25 2,88 2,22 0,69 30,97

Empresa 3 1,00 3,00 1,25 1,88 2,75 1,97 0,85 43,16

Empresa 4 1,00 3,00 1,50 2,00 2,63 2,03 0,70 34,46

Empresa 5 1,25 3,00 1,38 1,88 2,63 2,00 0,71 35,36

Inteligibilidade

Empresa 1 1,89 3,00 2,00 2,28 2,78 2,38 0,43 18,19

0,859

Empresa 2 1,67 3,00 2,00 2,39 2,44 2,29 0,41 17,76

Empresa 3 1,89 3,00 2,22 2,44 3,00 2,53 0,44 17,54

Empresa 4 1,44 3,00 2,22 2,44 2,89 2,44 0,51 20,90

Empresa 5 1,56 3,00 2,06 2,39 2,83 2,39 0,51 21,24

Foco no cliente

Empresa 1 1,17 2,83 1,58 1,92 2,42 1,98 0,57 28,62

0,589

Empresa 2 1,33 2,50 1,58 1,83 2,33 1,92 0,43 22,29

Empresa 3 1,17 3,00 1,67 2,42 2,75 2,23 0,67 29,89

Empresa 4 1,33 3,00 2,00 2,33 2,75 2,31 0,55 23,88

Empresa 5 1,33 3,00 1,58 1,92 2,67 2,08 0,62 29,93

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 14 - Comparação das dimensões por operadoras (TV por assinatura)

Domínio Operadoras Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor-

p

Aspectos físicos

Empresa 1 1,50 2,50 1,75 2,00 2,13 1,97 0,31 15,83

0,281

Empresa 2 1,75 2,50 1,75 2,13 2,50 2,13 0,35 16,64

Empresa 3 1,00 2,25 1,38 1,75 2,00 1,69 0,44 25,96

Empresa 4 1,00 2,25 1,38 2,00 2,13 1,78 0,47 26,46

Empresa 5 1,00 2,75 1,75 2,25 2,38 2,06 0,55 26,52

Razoabilidade

Empresa 1 1,00 1,75 1,38 1,50 1,75 1,50 0,27 17,82

0,240

Empresa 2 1,25 3,00 1,50 2,25 2,50 2,09 0,64 30,57

Empresa 3 1,00 2,25 1,50 1,75 1,88 1,69 0,40 23,42

Empresa 4 1,00 2,50 1,50 2,00 2,38 1,91 0,55 28,85

Empresa 5 1,25 2,25 1,50 1,50 2,13 1,72 0,39 22,58

Inteligibilidade

Empresa 1 1,89 2,89 2,44 2,61 2,83 2,57 0,33 12,75

0,873

Empresa 2 2,11 2,89 2,39 2,67 2,78 2,58 0,28 10,72

Empresa 3 1,89 3,00 2,22 2,39 2,72 2,44 0,37 14,98

Empresa 4 1,89 3,00 2,06 2,61 2,83 2,49 0,44 17,54

Empresa 5 2,00 2,89 2,11 2,50 2,67 2,43 0,33 13,70

80

Foco no cliente

Empresa 1 1,17 2,33 2,17 2,25 2,33 2,13 0,40 18,63

0,944

Empresa 2 1,83 2,67 2,00 2,33 2,58 2,29 0,33 14,41

Empresa 3 1,50 2,50 2,00 2,25 2,42 2,17 0,35 15,92

Empresa 4 1,33 2,67 1,92 2,08 2,50 2,13 0,44 20,86

Empresa 5 1,83 2,60 2,00 2,25 2,42 2,22 0,27 12,01

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 15 - Comparação das dimensões por operadoras (Telefonia)

Domínio Operadoras Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor-

p

Aspectos físicos

Empresa 1 1,00 2,50 1,50 1,88 2,25 1,84 0,52 28,01

0,898

Empresa 2 1,00 2,75 1,38 1,75 2,50 1,88 0,65 34,91

Empresa 3 1,00 2,50 1,50 1,63 1,88 1,69 0,44 25,96

Empresa 4 1,00 2,50 1,38 1,63 2,13 1,72 0,51 29,54

Razoabilidade

Empresa 1 1,50 2,25 1,50 1,75 2,13 1,81 0,32 17,68

0,063

Empresa 2 1,25 3,00 1,63 2,38 3,00 2,28 0,76 33,36

Empresa 3 1,00 1,75 1,25 1,50 1,75 1,47 0,28 19,17

Empresa 4 1,25 2,75 1,63 2,00 2,38 2,00 0,52 25,88

Inteligibilidade

Empresa 1 1,44 3,00 2,06 2,33 2,56 2,29 0,47 20,72

0,058

Empresa 2 1,89 3,00 2,11 2,61 2,78 2,49 0,40 16,19

Empresa 3 1,33 2,56 1,72 1,89 2,00 1,89 0,35 18,33

Empresa 4 1,44 3,00 2,33 2,44 2,67 2,42 0,46 18,84

Foco no cliente

Empresa 1 1,17 2,83 1,58 1,83 2,25 1,92 0,53 27,89

0,213

Empresa 2 1,67 2,83 1,75 1,92 2,17 2,02 0,38 18,93

Empresa 3 1,00 2,67 1,58 1,67 1,83 1,73 0,47 27,23

Empresa 4 1,50 2,67 1,83 2,17 2,42 2,13 0,39 18,15

Fonte: Pesquisa 2015

Analisando os dados obtidos nas tabelas 13, 14 e 15, percebe-se que, para

um nível de significância de 5%, não temos evidências de diferença estatística entre

as operadoras avaliadas com as 4 dimensões estudadas.

Ou seja, de acordo com esta análise comparativa entre as operadoras,

constata-se que nenhuma das empresas pesquisadas apresentou dimensão ou um

contrato com melhor desempenho. Portanto, os resultados acima demonstram que os

contratos das 5 empresas pesquisadas apresentam desempenhos gerais

semelhantes, ou seja, nenhum deles se destacou em relação às demais.

Dessa forma, dos cinco contratos avaliados, para cada um dos serviços,

constatou-se que, no geral, todos apresentam moderada orientação para servir e que,

dentre eles, nenhuma das empresas disponibiliza para o cliente um contrato que

possa ser considerado melhor avaliado ou com maior orientação para servir.

81

Por fim, das dimensões propostas no modelo teórico de um Contrato Servidor,

quais sejam, Aspectos Físicos, Razoabilidade, Inteligibilidade e Foco no Cliente,

apenas as duas últimas apresentaram melhor desempenho.

Percebe-se, portanto, que, embora existam duas dimensões com um melhor

desempenho, ainda assim as mesmas não se mostraram suficientes para a

caraterização geral dos contratos como adequados, ou seja, com adequada

orientação para servir.

5.5 CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM O RANKING DE

AJUIZAMENTO DE AÇÕES NO JUIZADO ESPECIAL CENTRAL DA COMARCA DE

NATAL/RN

Realizadas as análises dos contratos de prestação de serviço das 5 (cinco)

empresas pesquisadas, nos ramos de telefonia fixa, internet banda larga e tv por

assinatura, cumpre, como objetivo final desta pesquisa, associar os resultados obtidos

através das análises do contratos com algum ranking que compara as cinco empresas

estudadas.

Inicialmente, buscou-se dados oficiais fornecidos pela Agência Nacional de

Telecomunicações. Entretanto, como o site da Anatel compara o desempenho das

empresas em âmbito nacional, a Empresa 1 não foi elencada, uma vez que sua

atuação se restringe ao Estado do Rio Grande do Norte. Além disso, para fins de

ranking comparativo, a Anatel divulga, no site oficial, apenas as empresas mais

reclamadas nos serviços de TV por assinatura e telefonia, o que impossibilita,

portanto, a análise em relação ao serviço de internet banda larga.

As tabelas 16 e 17 apresentam as empresas pesquisadas que estão no rol das

mais reclamadas no período de janeiro a dezembro de 2014, nos serviços de telefonia

fixa e tv po assinatura, respectivamente:

Tabela 16 - Ranking da Anatel de empresas mais reclamadas no serviço de telefonia no período de

janeiro a dezembro de 2014.

Telefonia Fixa Local: Grupos mais reclamados

Grupo Econômico

Número de assinantes

(média no período)

Número de reclamações (acumulado)

Percentual de Número de Reclamações

Empresa 4 16.300.659 535.212 3,28%

Empresa 2 4.381.159 65.090 1,48%

Fonte: Anatel, 2015

82

Tabela 17 - Ranking da Anatel de empresas mais reclamadas no serviço de tv por assinatura no

período de janeiro a dezembro de 2014.

TV por Assinatura: Grupos mais reclamados

Grupo Econômico

Número de assinantes

(média no período)

Número de reclamações (acumulado)

Percentual de Número de Reclamações

Empresa 4 968.690 30.680 3,16%

Empresa 2 800.288 19.520 2,43%

Empresa 5 5.572.523 121.175 2,17%

Empresa 3 6.429.814 78.675 1,22%

Fonte: Anatel, 2015

Em seguida, buscou-se o ranking de desempenho de empresas fornecido

pelo site reclame.aqui.com.br, o qual apresenta a comparação das empresas nos

últimos 12 (doze) meses:

Tabela 18 - Ranking do reclameaqui.com.br de comparação de desempenho das empresas

pesquisadas nos últimos 12 (doze) meses.

Empresa

Recla

maçõ

es

Resp

on

deu

No

ta

Co

nsu

mid

or

Índ

ice d

e

So

lução

Vo

ltari

a a

fazer

neg

ócio

s?

Avali

ação

Empresa 1

(atua apenas no RN)

15 0 -- -- -- Não

Recomendada

Empresa 4 (móvel,

Fixo, Internet, Tv)

(âmbito nacional)

68878 0 1.13 % 28.2 % 14.8 % Não

Recomendada

Empresa 5

(âmbito nacional)

76589 47.2 % 2.38 % 48.3 % 26.3 % Não

Recomendada

Empresa 2

(âmbito nacional)

25066 0 1.69 % 34.3 % 23.6 % Não

Recomendada

Empresa 3

(âmbito nacional)

87300 96.9 % 5.66 % 77.9 % 60.1 % Bom

Fonte: reclameaqui.com.br (acesso em junho de 2015)

Entretanto, para fins de correlação de dados, alguns problemas permeiam a

utilização do ranking fornecido pelo referido site. Além de não se tratar de dados

oficializados, os mesmos comparam empresas em âmbitos de atuação distintos

83

(dados de âmbito nacional e local), bem como envolvem serviços que não foram

abordados nesta pesquisa, a exemplo do serviço de telefonia móvel.

Dessa forma, buscando dados que comparam, em um contexto uniforme, as

empresas pesquisadas, utilizou-se o ranking comparativo das cinco empresas

fornecido pelo setor de tecnologia da informação do Juizado Especial Central da

Comarca de Natal. De acordo com o referido ranking, os dados representam o

universo de usuários dos serviços em Natal. Portanto, os dados correspondem ao

número de ações ajuizadas por consumidores em face das empresas pesquisadas,

bem como o número destas ações que possuem a temática revisão de contrato,

conforme demonstra a Tabela 19:

Tabela 19 - Ranking de ajuizamento de ações em que as empresas pesquisadas figuram como rés.

EMPRESA

NÚMERO DE PROCESSOS CONTRA A EMPRESA NO

JUIZADO ESPECIAL CENTRAL – COMARCA

NATAL/RN

(JANEIRO A DEZEMBRO DE 2014)

NÚMERO DEPROCESSOS CONTA A EMPRESA NO

JUIZADO ESPECIAL CENTRAL – COMARCA

NATAL/RN NO ASSUNTO: Interpretação/Revisão de

Contrato

PERCENTUAL DE AÇÕES DE REVISÃO DE CONTRATO

EMPRESA 1 50 0 0%

EMPRESA 2 1 0 0%

EMPRESA 3 357 5 1,4%

EMPRESA 4 159 1 0,62%

EMPRESA 5 286 7 2,44%

Fonte: Juizado Especial Central da Comarca de Natal (junho, 2015)

Entrementes, existem algumas limitações na correlação dos dados acima com

os resultados obtidos na pesquisa. Trata-se de dados que não individualizam os

serviços reclamados. Neste contexto, apesar de serem dados públicos sobre ações

judiciais, por se referir, em sua maioria, ao sistema do processo judicial eletrônico, a

visualização das petições iniciais e, consequentemente, a identificação dos pedidos

dos consumidores, fica restrita aos advogados cadastrados.

Ademais, em relação à empresa 4, os dados, provavelmente incluem o serviço

de telefonia móvel, o qual não é objeto deste estudo, e portanto, não podem ser

considerados para esta pesquisa.

84

No entanto, mesmo diante das limitações apresentadas, o ranking de ações

ajuizadas no âmbito do Juizado Especial da Comarca de Natal ainda é o referencial

mais próximo do ideal, uma vez que representa o universo de consumidores da

cidade do Natal, e, portanto, um universo comum de atuação das cinco operadoras

pesquisadas.

Destarte, para fins de analogia, serão utilizadas as médias obtidas pelas

empresas nas quatro dimensões e nos três serviços pesquisados. Entretanto, como a

análise estatística não evidenciou diferença relevante entre as cinco operadoras

avaliadas, será utilizada, para fins de correlação, a seguinte análise descritiva:

Tabela 20 - Análise descritiva da comparação do desempenho das empresas

Empresa 1

(média) Empresa 2

(média) Empresa 3

(média) Empresa 4

(média) Empresa 5

(média)

Dim

en

são

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

Asp

ecto

s

físic

os

1,84 2,00 1,97 1,88 1,81 2,13 1,69 1,97 1,69 1,72 2,13 1,78 x 1,91 2,06

Razo

ab

ilid

ad

e

1,81 1,84 1,50 2,28 2,22 2,09 1,47 1,97 1,69 2,00 2,03 1,91 x 2,00 1,72

Inte

lig

ibilid

ad

e

2,29 2,38 2,57 2,49 2,29 2,58 1,89 2,53 2,44 2,42 2,44 2,49 x 2,39 2,43

Fo

co

no

clien

te

1,92 1,98 2,13 2,02 1,92 2,29 1,73 2,23 2,17 2,13 2,31 2,13 x 2,08 2,22

Fonte: Pesquisa 2015

Inicialmente, é importante destacar que o número total de ações contra as

empresas corresponde a toda e qualquer demanda de clientes que reclamam qualquer

falha no serviço, desde o descumprimento de uma obrigação, falha no serviço a

cobrança indevida e indenização por danos, por exemplo. Neste sentido, quando

85

analisamos o número de ações por assunto, ou seja, pelo assunto

interpretação/revisão de contrato, as demandas, ao que se indica, correspondem a

problemas no instrumento contratual, a exemplo de revisão de cláusulas

inadequadas/abusivas e inadequação da proposta do serviço.

Em uma primeira análise, de acordo com a Tabela 19, o número de ações

genéricas é bem superior ao número de ações que discutem especificamente o

contrato. Tal constatação pode sugerir que a insatisfação, no geral, não se refere

propriamente aos contratos, mas ao serviço em si.

Entretanto, é importante destacar que existe uma coerência entre os dados

fornecidos pelo Juizado Especial e a análise descritiva que demonstra os melhores e

piores desempenhos das empresas nas quatro dimensões e nos três serviços

estudados.

Tabela 21 - Análise descritiva dos melhores e piores desempenhos das dimensões nos três serviços

Dim

en

são

Tele

fon

ia

Inte

rnet

TV

po

r

assin

atu

ra

EMPRESA COM MAIOR

MÉDIA

EMPRESA COM MENOR

MÉDIA

EMPRESA COM

MAIOR MÉDIA

EMPRESA COM

MENOR MÉDIA

EMPRESA COM MAIOR

MÉDIA

EMPRESA COM MENOR MÉDIA

Asp

ecto

s

físic

os

Empresa 2 Média 1,88

Empresa 3 Média 1,69

Empresa 4 Média 2,13

Empresa 2 Média 1,81

Empresa 2 Média 2,13

Empresa 3 Média 1,69

Razo

ab

ilid

ad

e

Empresa 2 Média 2,28

Empresa 3 Média 1,47

Empresa 2 Média 2,22

Empresa 1 Média 1,84

Empresa 2 Média 2,09

Empresa 1 Média 1,5

Inte

lig

ibilid

ad

e

Empresa 2 Média 2,49

Empresa 3 Média 1,89

Empresa 3 Média 2,53

Empresa 2 Média 2,29

Empresa 2 Média 2,58

Empresa 5 Média 2,43

Fo

co

no

clien

te

Empresa 4 Média 2,13

Empresa 3 Média 1,73

Empresa 4 Média 2,31

Empresa 2 Média 1,92

Empresa 2 Média 2,29

Empresa 1 e 4 Empate Média 2,13

86

Fonte: Pesquisa 2015

Preliminarmente, é importante esclarecer que, em relação à empresa 4, o

número de ações ajuizadas contra a operadora inclui, provavelmente demandas

judiciais que reclama o serviço de telefonia celular, o qual não foi objeto do estudo. Por

essa razão não será estabelecida correlação dos dados fornecidos pelo Juizado

Especial e o desempenho da referida empresa.

De acordo com avaliação dos contratos de prestação dos serviços de

telefonia, internet e tv por assinatura das cinco empresas pesquisadas, constatou-se

que, no geral, os contratos apresentam moderada orientação para servir,

demonstrando um índice de desempenho mediano sob a ótica dos juízes avaliadores.

Ao mesmo tempo, percebe-se que do total de ações judiciais contra as empresas

estudadas, são baixos os percentuais de demandas que visam, especificamente,

discutir o conteúdo do contrato.

Confrontando os percentuais de ações de revisão de contratos apresentados

na tabela 19 e a análise descritiva do desempenho das empresas constantes da tabela

20, é possível compreender, inicialmente, que a empresa 2 apresenta o melhor

desempenho em três dimensões do contrato de serviço de telefonia, em uma dimensão

do contrato de serviço de internet e em todas as quatro dimensões do contrato de tv

por assinatura, e, consequentemente, apresenta o menor número de demandas

judiciais e 0% (zero por cento) de ações que discutem especificamente o contrato.

Entrementes, a empresa 3 é a operadora que mais é ré em ações judiciais no

Juizado Especial da Comarca de Natal e apresenta o segundo pior percentual de ações

judiciais que, claramente, questionam o contrato. Ao mesmo tempo, nesta pesquisa, de

acordo com a tabela 21, foi a empresa que teve o pior desempenho em todas as

dimensões do contrato correspondente ao serviço de telefonia.

Portanto, não obstante as limitações existentes para uma perfeita correlação

dos resultados obtidos com as análises dos contratos e o ranking de demandas

judiciais, especialmente por não haver a identificação das ações por serviço reclamado,

é possível identificar a coerência entre o desempenho geral dos instrumentos

contratuais e o baixo índice de ações que, de forma clara e específica, questionam o

conteúdo do contrato.

87

6 CONCLUSÕES

O presente capítulo está desmembrado em quatro tópicos a seguir:

conclusões, implicações gerenciais, limitações da pesquisa e futuras pesquisas.

6.1 CONCLUSÕES

O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar quão servidores são os contratos

de adesão oferecidos por 5 (cinco) empresas fornecedoras dos serviços TV por

assinatura, internet banda larga e telefonia fixa que atuam em Natal/RN.

Para alcançar o referido objetivo, apresentou-se o modelo teórico de um

Contrato Servidor, composto por 4 (quatro) dimensões e 23 (vinte e três atributos).

A partir do construto teórico proposto, o estudo buscou verificar se as

cláusulas contratuais contemplam aspectos físicos do serviço, analisar se as

cláusulas contratuais apresentam razoável equilíbrio entre os direitos e obrigações

previstos para o cliente, examinar se os direitos e deveres estão inteligivelmente

estabelecidos no contrato, averiguar se os contratos de prestação de serviço são

elaborados com foco no cliente, e, por fim, correlacionar os resultados das avaliações

dos contratos com o índice de demandas judiciais contra as 5 (cinco) empresas

estudadas, no âmbito do Juizado Especial Central da Comarca de Natal.

As constatações a seguir apresentadas demonstram que os objetivos da

pesquisa foram alcançados.

Inicialmente, apresentou-se uma nova perspectiva valorativa aos contratos

de adesão através do modelo teórico de Contrato Servidor, o qual é resultado das

interfaces entre as dimensões de contrato orientado para servir sob a ótica do Direito

do Consumidor, da Gestão de Serviços e do Senso de Servir.

De acordo com o construto teórico de um Contrato Servidor, os contratos de

prestação de serviço devem se alicerçar nas quatro dimensões apresentadas, quais

sejam, aspectos físicos, razoabilidade, inteligibilidade e foco no cliente.

Com fundamento no modelo teórico apresentado, partiu-se para a realização

da pesquisa, com a participação de 8 (oito) profissionais do Direito, os quais

denominamos juízes, e que, após realizarem a leitura atenta de cada um dos

contratos, responderam aos quesitos constantes do questionário.

88

Inicialmente, para verificar o grau de concordância dos julgadores

(Especialistas) quanto aos contratos avaliados nas operadoras de TV por assinatura,

telefonia e internet, foi aplicado o teste de Kappa, o qual demonstrou uma

concordância irregular entre os juízes para os contratos dos três serviços

pesquisados.

Em busca de uma maior segurança aos resultados, foi utilizado o Índice de

Validação de Conteúdo (IVC). Os resultados apresentaram uma correlação

desfavorável à validade do conteúdo, demonstrando que, no geral, para os três

serviços pesquisados, os contratos foram avaliados como inadequados.

Na análise isolada das dimensões, nos três serviços pesquisados, não foi

evidenciada relevante diferença estatística. Ou seja, uma mesma dimensão, em

diferentes serviços, apresentou desempenho uniforme.

Entretanto, resultado diverso foi obtido quando se comparou o desempenho

das dimensões entre si. Neste sentido, a dimensão inteligibilidade apresenta melhor

desempenho nos contratos dos 3 tipos de segmentos avaliados. O segundo melhor

desempenho, igualmente para os três serviços, se refere à dimensão foco no cliente.

Por outro lado o pior desempenho é percebido nas dimensões aspectos físicos e

razoabilidade.

Constatou-se, ainda, que dimensão Aspectos Físicos apresentou baixo

desempenho, principalmente nos quesitos que avaliam a previsão de documentos e

número de funcionários para a execução do serviço.

A dimensão razoabilidade, que avalia os aspectos do equilíbrio, segurança e

flexibilidade, também apresentou baixo desempenho. Em que pese o atributo 5, que

avalia o número proporcional de cláusulas que versem sobre direitos e obrigações,

tenha sido bem avaliado, não foi o suficiente para qualificar positivamente a dimensão

em questão. Mesmo que haja o equilíbrio entre o número de cláusulas, os quesitos da

proporcionalidade no conteúdo, da imprevisão favorável ao consumidor e da

flexibilização de ônus contratuais deixaram a desejar e, consequente, puxaram para

baixo o desempenho da dimensão razoabilidade.

Por seu turno, os resultados demonstraram que a dimensão Inteligibilidade

apresentou um excelente desempenho, apresentando avaliação negativa apenas nos

contratos de telefonia nos aspectos pertinentes aos esclarecimentos de termos

técnicos e explicação sobre as etapas da execução do serviço, bem como ao

destaque de cláusulas contratuais prejudiciais ao consumidor.

89

Dos resultados obtidos na avaliação da dimensão Foco no Cliente, percebe-

se, obviamente, que os piores desempenhos se referem aos atributos que avaliam a

eliminação de cláusulas abusivas, o destaque de cláusulas favoráveis ao contratante

e a personalização do serviço, reflexo do padrão dos serviços e contratos de massa,

que não prezam pela atenção e individualização do consumidor, oferecendo um

padrão de contrato e serviço, sem, entretanto, atentar para as particularidades de

cada cliente. Ainda assim, a dimensão Foco no Cliente apresenta o segundo maior

IVC médio, o que a coloca dentre as dimensões melhor avaliadas.

Dessa forma, percebe-se que, em relação às dimensões Aspectos Físicos e

Razoabilidade, as dimensões Inteligibilidade e Foco no Cliente apresentaram melhor

desempenho. Portanto, a pesquisa constatou que os contratos são mais direcionados

a servir nos aspectos da clareza, transparência, informação, confiabilidade, lealdade

contratual, responsividade e foco no cliente.

Portanto, a simplicidade da linguagem, a configuração legível, a objetividade

aliada às informações, esclarecimentos e explicações necessárias, a redução de

cláusulas abusivas, a proposta do serviço possível de ser executado como prometido

e a previsão de prazos foram as características mais bem avaliadas pelos juízes.

Por outro lado, as previsões contratuais relacionadas aos aspectos físicos,

equilíbrio, flexibilidade e segurança receberam uma avaliação mais negativa,

contribuindo para a interpretação geral de que os contratos de adesão analisados

apresentam mediana orientação para servir.

Sob outra ótica, através da análise comparativa entre as operadoras

avaliadas neste estudo, constatou-se que nenhuma das empresas pesquisadas

apresentou dimensão ou um contrato com melhor desempenho. Portanto, os

resultados demonstraram que os contratos das 5 empresas pesquisadas

apresentaram desempenhos gerais semelhantes, ou seja, nenhum deles se destacou

em relação aos demais

Dessa forma, dos cinco contratos avaliados, para cada um dos serviços,

constatou-se que, no geral, todos apresentam moderada orientação para servir e que,

dentre eles, nenhuma das empresas disponibiliza para o cliente um contrato que

possa ser considerado melhor avaliado ou com maior orientação para servir.

Percebe-se, portanto, que, embora existam duas dimensões com um melhor

desempenho, ainda assim as mesmas não se mostraram suficientes para a

90

caraterização geral dos contratos como adequados, ou seja, com alta orientação para

servir.

Por fim, para fins de alcance do objetivo final da pesquisa, realizou-se a

correlação entre os resultados obtidos através das análises dos contratos com o

ranking de ações ajuizadas contra as operadoras no âmbito do Juizado Especial

Central da Comarca de Natal/RN.

Nesta última análise, foram utilizadas as médias obtidas pelas empresas nas

quatro dimensões e nos três serviços pesquisados. Entretanto, como o diagnóstico

estatístico não apontou diferença relevante entre as cinco operadoras avaliadas,

foram adotadas, para fins de correlação, as análises descritivas do desempenho dos

contratos.

Evidenciou-se que existe uma coerência entre os dados fornecidos pelo

Juizado Especial e a análise descritiva que demonstra os melhores e piores

desempenhos das empresas nas quatro dimensões e nos três serviços estudados.

Partindo do pressuposto de que os contratos foram avaliados como

moderadamente orientados para servir, percebeu-se, paralelamente, que do total de

ações judiciais contra as empresas estudadas, são baixos os percentuais de

demandas que visam, especificamente, discutir o conteúdo do contrato.

Constatou-se que, a partir da análise descritiva, a empresa que apresentou o

melhor desempenho em três dimensões do contrato de serviço de telefonia, em uma

dimensão do contrato de serviço de internet e em todas as quatro dimensões do

contrato de tv por assinatura, apresentou, consequentemente, no ano de 2014, o

menor número de demandas judiciais e 0% (zero por cento) de ações que discutem

especificamente o contrato. Desta forma, a correlação realizada a partir dos resultados

da pesquisa e o ranking de desempenho das empresas pesquisadas apontam que

quanto melhor o contrato, menor o índice de ajuizamento de ações destinadas,

especificamente, para reclamar o instrumento contratual.

6.2 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Sob a ótica das implicações gerenciais, o estudo apresenta importante

eficácia prática, pois poderá nortear as empresas do mercado de TV por assinatura,

internet banda larga e telefonia a adotarem estratégias de melhoria na elaboração do

contrato, para que os instrumentos contratuais se revistam de cláusulas que

promovam a sensação de um melhor serviço ao seu cliente.

91

Ao mesmo tempo, a pesquisa apresentou resultados que podem direcionar o

gestor para o aspecto que merece maior atenção, ou seja, as dimensões que

necessitam de maior aperfeiçoamento e direcionamento para servir.

Embora tenha se constatado que existem duas dimensões mais bem

avaliadas, ainda assim as mesmas não se mostraram suficientes para a caraterização

geral dos contratos como adequados, ou seja, com alta orientação para servir.

Portanto, as empresas podem refletir em uma estratégia de aperfeiçoamento

de contratos com o objetivo de estabelecer uma melhor percepção valorativa do

cliente sobre a proposta e os elementos constituidores do serviço, bem como uma

expectativa positiva da empresa contratada.

De acordo com os resultados obtidos através desta pesquisa, as operadoras

de tv por assinatura, internet e telefonia podem direcionar uma maior atenção para as

previsões contratuais que contemplem os aspectos físicos do serviço, o equilíbrio e

proporcionalidade entre as cláusulas contratuais, além da cautela para apresentação

de cláusulas onerosas e que, de certa forma, sejam inflexíveis para o cliente.

6.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A presente pesquisa limitou-se a aplicar a análise de orientação para servir

em contratos de empresas de prestação de serviços de telefonia, internet banda larga

e tv por assinatura.

Constatada a moderada orientação para servir dos contratos das empresas

pesquisadas, buscou-se correlacionar os resultados obtidos com o ranking de número

de ações ajuizadas contra as operadoras. Entretanto, o ranking comparativo das

empresas utilizado nesta pesquisa, qual seja, o ranking de demandas judiciais, foi, de

certa forma, genérico, pois não identificou, para fins de uma correlação mais

completa, as particularidades dos serviços objeto das ações.

6.4 FUTURAS PESQUISAS

Sugere-se, para fins de pesquisas futuras, que a análise das dimensões e

atributos do construto teórico de um contrato servidor se aplique a outras empresas e

outros ramos empresariais e verifique se os contratos disponíveis no mercado

preenchem os atributos apresentados.

Recomenda-se, portanto, para os próximos estudos, que a análise das

dimensões e atributos de um contrato servidor seja aplicada para contratos que

92

apresentam alto índice de reclamação dos consumidores, a exemplo dos contratos de

instituições financeiras.

Ademais, sugere-se que se obtenha um ranking entre as empresas mais

específico, classificado por serviço, para que se possa aperfeiçoar as constatações

que relacionam a orientação para servir dos contratos e a posição da respectiva

empresa no ranking utilizado como paradigma.

93

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99

ANEXOS

ANEXO A – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS

Tabela 22: Estatística descritiva dos itens estudados (Internet) Item Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média Desvio-padrão CV

1 1,00 3,00 2,00 2,50 3,00 2,40 0,67 27,99 2 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,50 0,60 23,97 3 1,00 3,00 1,00 2,00 2,25 1,90 0,78 40,94 4 1,00 3,00 1,00 1,00 1,00 1,05 0,32 30,12 5 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,38 0,67 28,10 6 1,00 3,00 1,00 2,00 3,00 1,98 0,95 47,95 7 1,00 3,00 1,00 2,00 3,00 1,90 0,84 44,28 8 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,80 0,79 43,94 9 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,40 0,63 26,35

10 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,68 0,47 17,73 11 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,65 0,48 18,23 12 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,25 0,67 29,77 13 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,33 0,69 29,84 14 1,00 3,00 2,00 2,50 3,00 2,40 0,67 27,99 15 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,30 0,61 26,42 16 2,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,40 0,50 20,67 17 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,25 0,63 28,02 18 1,00 3,00 1,00 1,50 2,00 1,68 0,76 45,62 19 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,43 0,59 24,51 20 1,00 3,00 1,00 2,00 3,00 2,03 0,83 41,07 21 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,30 0,69 29,86 22 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,28 0,55 24,36 23 1,00 3,00 1,00 2,00 3,00 1,93 0,80 41,40 24 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,23 0,62 27,85

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 23: Estatística descritiva dos itens estudados (Telefonia) Item Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média Desvio-padrão CV

1 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,25 0,67 29,87 2 1,00 3,00 1,75 2,00 3,00 2,06 0,76 36,82 3 1,00 3,00 1,00 2,00 2,25 1,78 0,83 46,72 4 1,00 2,00 1,00 1,00 1,00 1,03 0,18 17,14 5 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,28 0,68 29,95 6 1,00 3,00 1,00 1,00 3,00 1,78 0,91 50,89 7 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,78 0,79 44,49 8 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,72 0,68 39,75 9 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,53 0,51 20,03

10 2,00 3,00 2,00 2,50 3,00 2,50 0,51 20,32 11 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,47 0,62 25,17 12 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,25 0,62 27,65 13 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,28 0,63 27,80 14 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,13 0,75 35,36 15 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,84 0,72 39,23 16 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,44 0,56 23,15 17 1,00 3,00 1,00 2,00 3,00 2,00 0,84 42,12 18 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,63 0,61 37,48 19 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,31 0,59 25,61 20 1,00 3,00 1,00 2,00 2,25 1,81 0,82 45,27 21 1,00 3,00 2,00 2,00 2,25 2,16 0,57 26,63 22 1,00 3,00 2,00 2,00 2,00 2,16 0,51 23,88 23 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,63 0,61 37,48 24 1,00 3,00 2,00 2,00 2,00 1,97 0,65 32,85

Fonte: Pesquisa 2015

100

Tabela 24: Estatística descritiva dos itens estudados (TV por assinatura) Item Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média Desvio-padrão CV

1 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,30 0,76 32,95 2 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,60 0,63 24,33 3 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,70 0,72 42,54 4 1,00 2,00 1,00 1,00 1,00 1,10 0,30 27,62 5 1,00 3,00 2,00 2,00 2,00 2,10 0,55 25,97 6 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,68 0,69 41,42 7 1,00 3,00 1,00 1,00 2,00 1,58 0,75 47,44 8 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,78 0,70 39,30 9 1,00 3,00 2,75 3,00 3,00 2,73 0,51 18,56

10 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,68 0,47 17,73 11 2,00 3,00 3,00 3,00 3,00 2,93 0,27 9,12 12 1,00 3,00 2,00 2,00 2,00 2,10 0,59 28,12 13 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,48 0,60 24,19 14 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,48 0,64 25,86 15 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,28 0,68 29,84 16 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,53 0,51 20,03 17 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,35 0,58 24,66 18 1,00 3,00 1,75 2,00 2,00 1,80 0,52 28,69 19 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,60 0,55 20,98 20 1,00 3,00 1,00 2,00 2,00 1,88 0,72 38,55 21 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,38 0,59 24,74 22 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,40 0,55 22,72 23 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,05 0,71 34,84 24 1,00 3,00 2,00 2,00 3,00 2,23 0,58 25,92

Fonte: Pesquisa 2015

Tabela 25: Ranking dos itens avaliados por segmento

Internet Telefonia TV por assinatura

Item Média Ranking Item Média Ranking Item Média Ranking

10 2,68 1 9 2,53 1 11 2,93 1

11 2,65 2 10 2,50 2 9 2,73 2

2 2,50 3 11 2,47 3 10 2,68 3

19 2,43 4 16 2,44 4 2 2,60 4

1 2,40 5 19 2,31 5 19 2,60 4

9 2,40 5 5 2,28 6 16 2,53 5

14 2,40 5 13 2,28 6 13 2,48 6

16 2,40 5 1 2,25 7 14 2,48 6

5 2,38 6 12 2,25 7 22 2,40 7

13 2,33 7 21 2,16 8 21 2,38 8

15 2,30 8 22 2,16 8 17 2,35 9

21 2,30 8 14 2,13 9 1 2,30 10

22 2,28 9 2 2,06 10 15 2,28 11

12 2,25 10 17 2,00 11 24 2,23 12

17 2,25 10 24 1,97 12 5 2,10 13

24 2,23 11 15 1,84 13 12 2,10 13

20 2,03 12 20 1,81 14 23 2,05 14

6 1,98 13 3 1,78 15 20 1,88 15

23 1,93 14 6 1,78 15 18 1,80 16

3 1,90 15 7 1,78 15 8 1,78 17

7 1,90 15 8 1,72 16 3 1,70 18

8 1,80 16 18 1,63 17 6 1,68 19

18 1,68 17 23 1,63 17 7 1,58 20

4 1,05 18 4 1,03 18 4 1,10 21 Fonte: Pesquisa 2015

101

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Questionário de Pesquisa - Análise de Contratos de Adesão

Eu, Murielle Cristina Guanabara Ramalho, mestranda do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, sob a orientação do Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Nóbrega, estou realizando uma pesquisa que tem por objetivo avaliar o grau de orientação para servir em contratos de adesão disponibilizados por empresas prestadoras de serviço de telefonia, internet banda larga e tv por assinatura. A sua participação nesta pesquisa é voluntária e nos relatórios e resultados do estudo será mantido o caráter confidencial das análises. Para participar da pesquisa, solicita-se que você leia atentamente o(s) contrato(s) e marque o grau de atendimento, para cada atributo, de acordo com as alternativas de classificação sugeridas. Certa de poder contar com a sua colaboração, agradeço antecipadamente.

Atenciosamente,

Murielle Cristina Guanabara Ramalho

Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar

1.Aspectos relacionados à Estrutura Física do Serviço a) O contrato não contempla aspectos da Estrutura Física do serviço. b) O contrato contempla aspectos da Estrutura Física, ainda que de um modo insuficiente para boa prestação do serviço c) O contrato contempla aspectos da Estrutura Física de um modo adequado para boa prestação do serviço 2. Equipamentos utilizados/necessários para a prestação do serviço a) O contrato não contempla equipamentos utilizados/necessários para a prestação do serviço b) O contrato contempla aspectos equipamentos utilizados/necessários, mesmo que de um modo insuficiente para boa prestação do serviço. c) O contrato contempla equipamentos utilizados/necessários de um modo adequado para boa prestação do serviço 3.Documentos utilizados/necessários para a prestação do serviço. a) O contrato não contempla documentos utilizados/necessários para a prestação do serviço. b) O contrato contempla documentos utilizados/necessários, mesmo que de um modo insuficiente para boa prestação do serviço. c) O contrato contempla documentos utilizados/necessários, de um modo adequado para boa prestação do serviço.

102

4. Número de funcionários para a prestação do serviço. a)O contrato não contempla número de funcionários para a prestação do serviço. b)O contrato contempla quantidade de funcionários, porém de um modo insuficiente para boa prestação do serviço c)O contrato contempla quantidade de funcionários, de um modo adequado para boa prestação do serviço 5.Número proporcional de cláusulas que apresentem direitos e obrigações ao cliente/contratante a)O Contrato não apresenta cláusulas que representam direitos ao contratante. b)O Contrato apresenta cláusulas que representam direitos ao contratante em número inferior ao número de cláusulas que estabelecem obrigações c)O Contrato apresenta cláusulas que apresentam direitos em número igual ou superior ao número de cláusulas que estabelecem obrigações. 6.Proporcionalidade entre os direitos e obrigações para o contratante a)O Contrato contempla obrigações onerosas em relação aos direitos. b)O Contrato contempla obrigações pouco onerosas em relação aos direitos. c)Contrato contempla obrigações e direitos proporcionais para o contratante. 7.Previsão de situações de imprevisão, mas que não onerem excessivamente o cliente. a)Situações de imprevisão previstas em contrato de um modo que oneram o cliente. b)Situações de imprevisão não previstas em contrato. c)Situações de imprevisão previstas em contrato de um modo favorecem o cliente. 8.Flexibilização dos ônus contratuais para o contratante. a)O Contrato não apresenta flexibilização de ônus contratuais para o contratante b)O Contrato apresenta flexibilização dos ônus contratuais de forma moderada. c)O Contrato apresenta flexibilização dos ônus contratuais de forma adequada.

9.Simplicidade da linguagem. a)Linguagem de nenhuma compreensão. b)Linguagem de moderada compreensão. c)Linguagem de adequada compreensão.

10.Contrato legível e com caracteres ostensivos a)Contrato ilegível e sem caracteres ostensivos

103

b)Contrato legível, com nenhum ou poucos caracteres ostensivos c) Contrato adequadamente legível, com caracteres ostensivos oportunamente apresentados 11.Fonte em tamanho legível a)Fonte em tamanho ilegível b)Fonte em tamanho moderadamente legível. c)Fonte em tamanho adequadamente legível 12. Informações exaustivas sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. a)O contrato não apresenta informações sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. b)O contrato apresenta de forma moderada as informações sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. c)O contrato apresenta de forma adequada as informações sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança, se existirem. 13.Objetividade do contrato a)Contrato não objetivo. b)Contrato moderadamente objetivo. c)Contrato adequadamente objetivo. 14.Esclarecimentos sobre termos técnicos a)O contrato não esclarece sobre termos técnicos b)O contrato esclarece sobre termos técnicos de forma moderada. c)O contrato esclarece sobre termos técnicos de forma adequada. 15.Esclarecimentos sobre o processo, com a explicação sobre as etapas da execução do serviço a)O contrato não esclarece sobre o processo. b)O contrato esclarece sobre o processo de forma moderada c)O contrato esclarece sobre o processo de forma adequada 16.Explicações sobre a conduta do cliente a) O contrato não apresenta explicações sobre a conduta do cliente b) O contrato apresenta explicações sobre a conduta do cliente de forma moderada c) O contrato apresenta explicações sobre a conduta do cliente de forma adequada

104

17.Destaque para cláusulas prejudiciais ao cliente a) Cláusula prejudiciais ao cliente não destacadas no contrato e/ou disfarçadas por tamanho de fonte ou localização. b) Cláusulas prejudiciais ao cliente moderadamente destacadas no contrato. c) Cláusulas prejudiciais ao cliente adequadamente destacadas no contrato 18.Eliminação de cláusulas abusivas a)O contrato apresenta elevado número de cláusulas abusivas b)O contrato apresenta mediano ou baixo número de cláusulas abusivas c) O contrato não contempla cláusulas abusivas. 19.Proposta de serviço possível de ser executada conforme o prometido a)Proposta de serviço impossível de ser cumprida conforme o prometido b)Proposta de serviço apresentada de maneira que poderá ser cumprida moderadamente conforme o prometido c)Proposta de serviço apresentada de maneira que poderá ser cumprida adequadamente conforme o prometido 20.Destaque para as cláusulas que apresentem direitos ao cliente/contratante a)Cláusula que apresentem direitos ao cliente/contratante não destacadas no contrato b)Cláusulas que apresentem direitos ao cliente/contratante moderadamente destacadas no contrato c)Cláusulas que apresentem direitos ao cliente/contratante adequadamente destacadas no contrato 21.Previsão de prazos a)Prazos não previstos em contrato b)Prazos previstos em contrato de forma moderada c) Prazos previstos em contrato de forma adequada 22.Previsão de prazo razoável de realização do serviço a)Previsão de prazo irrazoável para a realização do serviço b)Previsão de prazo moderado para a realização do serviço c)Previsão de prazo adequado para a realização do serviço 23.Previsão de personalização do serviço a)Personalização do serviço não prevista em contrato b)Personalização do serviço moderadamente prevista em contrato c)Personalização do serviço adequadamente prevista em contrato 24.De um modo geral, como é possível avaliar o contrato? a) O contrato apresenta nenhuma ou pouca orientação para servir

105

b) O contrato apresenta moderada orientação para servir c) O contrato apresenta adequada orientação para servir