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1 O tema geral da prova de primeira fase é CIDADE. ORIENTAÇÃO GERAL: LEIA ATENTAMENTE. Proposta: Escolha uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e assina- le sua escolha no alto da página de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instruções específicas. Coletânea: É um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsídio para a sua redação. Su- gerimos que você leia toda a coletânea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realização da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletânea não significa re- ferência a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam arti- culados com a sua experiência de leitura e reflexão. Se desejar, você pode valer-se também de elementos presentes nos enunciados das questões da prova. ATENÇÃO: a coletânea é única e válida para as três propostas. ATENÇÃO – Sua redação será anulada se você: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletânea; c) não atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA A cidade é um lugar significativo da experiência humana. Ela tem sido objeto de re- flexão de geógrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da saúde, estudiosos da lingua- gem, filósofos, engenheiros, matemáticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procu- ram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e tão variadas atenções, a cidade mos- tra-se complexa e multifacetada. COLETÂNEA 1. No primeiro sinal verde após o relógio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no chão, calçaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestação política? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multidão instantânea) brasileira. O fenômeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior número de pessoas no menor tempo possível – por e-mail e celular – para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos já invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na versão brasilei- ra, ficou decidido tirar o sapato e batê-lo no chão, como que para tirar areia de dentro. (Adap- tado de Angélica Freitas, “40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a São Paulo”, Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 2003).

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O tema geral da prova de primeira fase é CIDADE.

ORIENTAÇÃO GERAL: LEIA ATENTAMENTE.

Proposta:

Escolha uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e assina-le sua escolha no alto da página de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geralda prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instruções específicas.

Coletânea:

É um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsídio para a sua redação. Su-gerimos que você leia toda a coletânea e selecione os elementos que julgar pertinentes paraa realização da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletânea não significa re-ferência a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam arti-culados com a sua experiência de leitura e reflexão. Se desejar, você pode valer-se tambémde elementos presentes nos enunciados das questões da prova. ATENÇÃO: a coletânea éúnica e válida para as três propostas.

ATENÇÃO – Sua redação será anulada se você:a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletânea; c) nãoatender ao tipo de texto da proposta escolhida.

APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

A cidade é um lugar significativo da experiência humana. Ela tem sido objeto de re-flexão de geógrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da saúde, estudiosos da lingua-gem, filósofos, engenheiros, matemáticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procu-ram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e tão variadas atenções, a cidade mos-tra-se complexa e multifacetada.

COLETÂNEA

1. No primeiro sinal verde após o relógio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cempessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram umsapato, bateram com o solado repetidas vezes no chão, calçaram-no novamente e seguiramseu caminho. Um novo tipo de manifestação política? Longe disso. O que a Paulista viu foi aprimeira flash mob (multidão instantânea) brasileira. O fenômeno, mania na Europa e nosEstados Unidos, consiste em reunir o maior número de pessoas no menor tempo possível – pore-mail e celular – para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos jáinvadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na versão brasilei-ra, ficou decidido tirar o sapato e batê-lo no chão, como que para tirar areia de dentro. (Adap-tado de Angélica Freitas, “40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a São Paulo”,Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 2003).

2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as estátuas da cidade, vi-sando chamar a atenção das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-diaas obras de arte em nossa cidade. Na manhã seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmoano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando umbilhete em cada uma: “O que está dentro fica, o que está fora se expande”. Em 1980, o grupo,em mais uma ação noturna, estendeu 100 metros de plástico vermelho pelos cruzamentos eentradas no anel viário da Avenida Paulista com rua Consolação. O Detran, porém, desmon-tava essa e outras ações do grupo, que realizou uma série de 18 intervenções pela cidade até1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, “Graffiteiros passo a passo rumo à vi-rada do milênio”, Revista do Patrimônio Histórico, 2, n. 3, 1995, p. 30).

3. O Mapa

Olho o mapa da cidadeComo quem examinasseA anatomia de um corpo

(É nem que fosse o meu corpo.)

Sinto uma dor infinitaDas ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei.

Há tanta esquina esquisita,Tanta nuança de paredes,Há tanta moça bonita,Nas ruas que não andei.(E há uma rua encantadaQue nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,Poeira ou folha levadaNo vento da madrugada,Serei um pouco do nadaInvisível, delicioso

Que faz com que o teu arPareça mais um olhar,Suave mistério amoroso,Cidade de meu andar(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(Mário Quintana, Apontamentos de História Sobrenatural.Porto Alegre: Globo, IEL, 1976).

4. As favelas se constituem através de um processo arquitetônico e urbanístico singular quecompõe uma estética própria, uma estética das favelas. (...) Um barraco de favela é construídopelo próprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por aca-so. A construção é cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela é ma-leável e flexível, é o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos são quasesempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro é uma experiência de percepçãoespacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o pró-prio percurso impõe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, “Estética das favelas”, emwww.anf.org.br).

5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais seaplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formaçãosocial. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade é um fixo enorme, cruzado porfluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idéias), diversos em volume, intensi-dade, ritmo, duração e sentido. Aliás, as cidades se distinguem umas das outras por esses fi-xos e fluxos. (Milton Santos, “Fixos e fluxos – cenário para a cidade sem medo”, em O país dis-torcido. O Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002).

6. Cidades globais são aquelas que concentram perícia e conhecimento em serviços ligados àglobalização, independente do tamanho de sua população. (...) Megacidade é outra categoriados estudos urbanos. As megacidades são áreas urbanas com mais de 10 milhões de habitan-

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tes. (...) Algumas são megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e SãoPaulo. (...) As cidades médias são outra categoria de classificação das cidades, com populaçãoentre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil são as pequenas cidades, ideal utópico demoradia feliz no imaginário de milhares de pessoas. (Maria da Glória Gohn, “O futuro das ci-dades”, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm).

7. Se, por hipótese absurda, pudéssemos levan-tar e traduzir graficamente o sentido da cidaderesultante da experiência inconsciente de cadahabitante e depois sobrepuséssemos por transpa-rência todos esses gráficos, obteríamos uma ima-gem muito semelhante à de uma pintura deJackson Pollock, por volta de 1950: uma espéciede mapa imenso, formado de linhas e pontos co-loridos, um emaranhado inextrincável de sinais,de traçados aparentemente arbitrários, de fila-mentos tortuosos, embaraçados, que mil vezes secruzam, se interrompem, recomeçam e, depoisde estranhas voltas, retornam ao ponto de ondepartiram.

(Giulio Carlo Argan, História da arte como história da cidade.Trad. Pier Luigi Cabra. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231).

8. A heterogeneidade de freqüentadores dos shopping centers vem se ampliando e é nítidanuma cidade como São Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos comalto poder aquisitivo, vêm abarcando, em sua expansão por outras regiões, grupos que antesnão faziam parte da clientela usual. A idéia de um espaço elitizado vai sendo substituída pelade um espaço “interclasses”. Além disso, uma “centralidade lúdica” sobrepõe-se à “centralida-de do consumo”, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shoppingcenters transformam-se em cenários, onde ocorrem encontros, paqueras, “derivas”, ócio, exibi-ção, tédio, passeio, consumo simbólico. Tornam-se uma espécie de “praça interbairros” que or-ganiza a convivência, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de di-versos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frúgoli Jr., “Os Shoppings de São Paulo e a tra-ma do urbano: um olhar antropológico”, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frúgoli Jr. (orgs.),Shopping Centers – espaço, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. São Paulo: EditoraUnesp, s/d, p. 78).

9. O tombamento de espaços como terreiros de candomblé, sítios remanescentes de quilombos,vilas operárias, edificações típicas de migrantes e outros dessa ordem, isto é, ligados ao modode vida (moradia, trabalho, religião) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados – já nãocausa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a inclusão de itens como esses na lis-ta do patrimônio cultural oficial mostra a presença de outros valores que ampliam os critériostradicionais imperantes nos órgãos de preservação. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tomba-mento em São Paulo que de certa maneira se diferencia até mesmo dos acima citados: trata-sedo Parque do Povo, uma área de 150.000 m2, localizada em região nobre e das mais valoriza-das da cidade. Dividida em vários campos de futebol de terra, é ocupada por times conhecidoscomo “de várzea”. (Adaptado de José Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, “Futebolde várzea também é patrimônio”, Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 24,1996, p. 175).

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Jackson Pollock, “Silver over Black”

10. Na Rocinha não há quem não respeite o “Doutor” (cirurgião aposentado Waldir Jazbik, 75anos). Morador há 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que podecaminhar pelas ruas de lá sem medo, mesmo morando em uma habitação fora dos padrões lo-cais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2. (...) “Meus amigosda high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomíniofechado aqui perto, mas preferi vir para cá. (...) Só vim para cá porque quero viver a vida queeu mereço viver.” (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, “Médico busca vida tran-qüila na Rocinha”, Folha de S. Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4).

PROPOSTA ATrabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:

A cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual acontecem encontros, negociações,tensões, num dinamismo permanente de criação e transformação.

Instruções:

• Discuta a cidade como um espaço múltiplo;• Argumente em favor de uma visão dinâmica dessa multiplicidade;• Explore os argumentos para mostrar que a cidade é um espaço que se configuraa partir de relações diversas.

PROPOSTA B

Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:

Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que “a cidade não dorme”. Além de freqüen-tarem bares, clubes, cinemas e bailes, há um crescente número de pessoas que circulam à noitepela cidade, física ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se.

Instruções:• Imagine a história de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e,identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva;• Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformação que o(a) personagem expe-rimentou;• Sua história pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.

PROPOSTA C

Trabalhe sua carta a partir do seguinte recorte temático:

As definições do que é patrimônio histórico têm mudado, incorporando âmbitos e aspectos queampliam o alcance do conceito e, com isso, o raio de ação da legislação. Fala-se em patrimônioedificado, mas também em patrimônio afetivo. Tudo o que é relevante para determinada co-munidade pode ser considerado patrimônio.

Instruções:• Escolha um bem urbano, material ou não, que você considere relevante para ser pre-servado em sua cidade;• Argumente em favor da preservação desse bem;• Dirija a carta a uma pessoa que, na sua opinião, pode vir a se tornar um aliado na lutapelo tombamento desse bem.

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Comentário

A Unicamp inovou mais uma vez ao trazer uma única coletânea para três recortes temáticos diferencia-dos, adaptados aos gêneros redacionais tradicionalmente presentes nesse vestibular: a dissertação, anarração e a carta argumentativa.Os textos da antologia focalizam a cidade sob os mais diferentes aspectos, tendo "a cidade como umlugar significativo da experiência humana". Poetas, arquitetos, artistas, historiadores, geógrafos, psicó-logos e outros estudiosos contribuem para fornecer uma visão particular e multifacetada dos mais dife-rentes meios urbanos. A partir de reflexões multidisciplinares, o candidato foi convidado a:a) dissertar sobre a vida nesse espaço físico, onde acontecem "encontros, negociações, tensões, numdinamismo permanente de criação e transformação".b) narrar em 1ª ou 3ª pessoa um encontro e a descoberta de um novo tipo de vivência em um grupo di-ferenciado.c) argumentar em favor da preservação de um bem (material ou não).As propostas da Unicamp 2004 foram excelentes, e mais simples que nos anos anteriores.

Redação: Expectativas da Banca de Redação

1) Apresentação – A coletânea da prova de redação 2004 é apresentada por um texto que for-nece ao candidato a perspectiva da cidade como um lugar significativo da experiência humanae, por isso, objeto de reflexão multidisciplinar. Com esta apresentação, a banca examinadorapretende sinalizar a complexidade do tema e evitar reducionismos: idéias estereotipadas,abordagens-clichê ou textos prontos, tais como a redução da cidade ao problema da violência,da pobreza, do trânsito caótico, da falta de planejamento e etc.2) Coletânea – O conjunto de excertos que compõem a coletânea da prova serve de subsídiopara as três propostas de redação, não havendo excertos exclusivos para qualquer das trêspropostas. A coletânea tem por objetivo desencadear a reflexão do candidato sobre o tema.Espera-se que o candidato articule sua experiência prévia de vida, leitura e reflexão com a lei-tura instantânea que faz da coletânea.

A coletânea não foi pensada como um roteiro interpretativo, mas como um conjuntode possibilidades diversas de abordagem da própria complexidade do tema, com o qual, su-põe-se, o candidato já tem algum contato. Além disso, a coletânea não define uma hierarquiaentre os excertos, que podem ser aproveitados de diferentes maneiras, conforme o modo decada candidato mobilizar sua experiência prévia e as sugestões da leitura instantânea, emfunção de seu projeto de texto.

Os excertos são de natureza diversa, seguindo a tradição do vestibular da Unicamp.Há alguns claramente conceituais, expondo visões sistemáticas sobre a cidade, outros de na-tureza artística, contendo elaborações subjetivas em torno do tema, e outros ainda de teordescritivo, apresentando casos concretos de experiência urbana.

Proposta A – Dissertação

Em função da apresentação que precede a coletânea e da própria natureza dos excer-tos que a compõem, a banca espera que o candidato perceba que não deve tratar o recorte te-mático da proposta A de forma redutora. Isto significa que a cidade não pode ser tomada como

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mero aglomerado físico, nem como cenário caótico, oposto à fantasia idílica do campo, tampou-co como um palco estático de problemas insolúveis. Evidentemente, espera-se do candidatoum olhar crítico sobre o recorte proposto – capacidade de identificação das partes, de análisedas relações e de interpretação dos sentidos.

A noção de “espaço em movimento” implica tratar o espaço (ruas, bairros, estátuas,muros, edificações, limites, jurisdições, etc.) a partir da presença humana, que, individual oucoletivamente, o transforma e re-significa. Esta presença humana apropria-se do espaço urba-no mediante atividades profissionais, familiares, de lazer, etc. e de modos variados (física, ar-tística, afetiva, simbólica, etc.).

A coletânea foi concebida para permitir que as contradições inerentes à cidade se ma-nifestem enquanto tais, sem que se resolvam em dicotomias demarcadas e cristalizadas, comopor exemplo periferia versus centro, pobres versus ricos, cultura popular versus erudita, etc.,que muitas vezes servem apenas como fórmula fácil. Isso não significa, evidentemente, que ocandidato está impedido de formular contrastes ou confrontos; o que se espera é a elaboraçãopessoal do candidato, reconhecendo e movimentando-se em um panorama de questões comple-xas.

A banca não vai especificar interpretações para os excertos, seja porque não há hie-rarquia entre eles e, portanto, o candidato tem ampla liberdade de abordagem, seja porque talinterpretação poderia inibir os avaliadores no acolhimento da eventual novidade apresentadapelo candidato.

As instruções especificam algumas exigências objetivas para a dissertação:1) Dissertar sobre a cidade enquanto espaço dinâmico (espaço-movimento), de permanentecriação e transformação;2) Trabalhar argumentos que mostrem a estreita relação entre a presença humana e o espaçofísico (a vida na cidade), de que resulta o dinamismo.

Proposta B – Narração

Do mesmo modo como na proposta A, espera-se que o candidato leve em conta a com-plexidade do recorte temático e considere a cidade como um lugar significativo da experiênciahumana, espaço que está sendo pensado, nos excertos oferecidos, como lugar de apropriaçãohumana. O candidato encontrará na coletânea exemplos de vivências e de re-significações doespaço urbano, tanto no plano físico quanto no simbólico.

As instruções especificam algumas exigências objetivas para a narrativa:1. a personagem deve passar por uma experiência no período noturno;2. essa experiência se dá a partir de um encontro dela com um grupo de pessoas que já viven-cia a noite; e3. desse encontro resulta uma transformação no modo como a personagem vivencia a cidade.

O texto poderá ser narrado em primeira ou terceira pessoa. Espera-se que o candida-to, além de optar por um dos focos narrativos e mantê-lo adequadamente, saiba demonstrar arelevância de sua escolha.

A banca considera adequado que o candidato se inspire em algum dos excertos da co-letânea, especialmente aqueles de teor descritivo, para construir sua narrativa.

Proposta C – Carta

Também aqui, ao redigir a carta, espera-se que o candidato considere a complexidadeapresentada na coletânea e nas formulações da prova de redação. Nesse caso concreto, háuma preliminar que diz respeito à compreensão do processo de tombamento de um bem rele-vante para uma determinada comunidade, o que sempre implica a consideração de uma vastarede de interesses e sentidos. Não se trata de pensar o patrimônio como sinônimo necessáriode edificações antigas, monumentos, obras de arte.

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A escolha do bem cuja preservação será defendida depende em grande parte da análi-se dessa complexidade e da consideração do interesse coletivo envolvido (grupo social, comu-nidade, bairro, paróquia, etc.), levando em conta a construção coletiva da memória. A idéia depreservação, como o recorte temático propõe, não alcança apenas o patrimônio material ouhistórico, mas também o afetivo e o intangível, tudo dependendo da significação estabelecidapelas relações com o espaço.

As instruções determinam um conjunto de procedimentos:1. a escolha de um bem urbano que mereça ser preservado;2. a identificação de um possível aliado na luta pela preservação do bem; e3. a argumentação que justifique o tombamento daquele bem, tramada e sustentada por meiode uma interlocução bem construída.

A cidade de Campinas tem 1 milhão de habitantes e estima-se que 4% de sua população vivaem domicílios inadequados. Supondo-se que, em média, cada domicílio tem 4 moradores,pergunta-se:a) Quantos domicílios com condições adequadas tem a cidade de Campinas?b) Se a população da cidade crescer 10% nos próximos 10 anos, quantos domicílios deverão serconstruídos por ano para que todos os habitantes tenham uma moradia adequada ao finaldesse período de 10 anos? Suponha ainda 4 moradores por domicílio, em média.

Resposta

a) Podemos supor que100% 4% 96%− = da população viva em domicílios adequados, o que corres-ponde a 1 000 000 96% 960 000⋅ = habitantes.

Como, em média, cada domicílio tem 4 moradores, há960 000

4240 000= domicílios com condições

adequadas em Campinas.b) Crescendo 10% nos próximos 10 anos, a população será de 1 000 000(1 0,10) 1 100 000+ = habi-

tantes que necessitarão1 100 000

4275 000= moradias adequadas.

Assim, em média, deverão ser construídos275 000 240 000

103 500

− = domicílios por ano, para que

todos tenham uma moradia adequada ao final do período de 10 anos.

Supondo que a área média ocupada por uma pessoa em um comício seja de 2.500 cm2, pergun-ta-se:a) Quantas pessoas poderão se reunir em uma praça retangular que mede 150 metros de com-primento por 50 metros de largura?b) Se 3/56 da população de uma cidade lota a praça, qual é, então, a população da cidade?

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Questão 1

Questão 2

Resposta

a) O número de pessoas que podem se reunir na praça, de 150 m = 15 000 cm de comprimento e

50 m = 5 000 cm de largura, é estimado em15 000 5 000

2 500⋅ = 30 000.

b) Sendo p a população da cidade temos356

p = 30 000 ⇔ p = 560 000.

Portanto a população da cidade é de 560 000 pessoas.

Da caverna ao arranha-céu, o homem percorreu um longo caminho. Da aldeia, passou à cida-de horizontal, e desta, à verticalização. O crescente domínio dos materiais e, portanto, o co-nhecimento de processos químicos teve papel fundamental nesse desenvolvimento. Uma des-coberta muito antiga e muito significativa foi o uso de Ca(OH)2 para a preparação da arga-massa. O Ca(OH)2 tem sido muito usado, também, na pintura de paredes, processo conhecidocomo caiação, onde, reagindo com um dos constituintes minoritários do ar, forma carbonatode cálcio de cor branca.a) Dê o nome comum (comercial) ou o nome científico do Ca(OH)2 .b) Que faixa de valores de pH pode-se esperar para uma solução aquosa contendo Ca(OH)2dissolvido, considerando o caráter ácido-base dessa substância? Justifique.c) Escreva a equação que representa a reação entre o Ca(OH)2 e um dos constituintes minori-tários do ar, formando carbonato de cálcio.

Resposta

a) Nome comum (comercial): cal apagada, extinta, queimada ou hidratada.Nome científico: hidróxido de cálcio.b) OCa(OH)2 é uma base. Em solução aquosa ocorre o seguinte:

Ca(OH)2(s)

H2OCa(aq)

2 + + 2OH(aq)−

Então, nessa solução teremos:

[OH −] >10 7− mol�

e [H + ] <10 7− mol�

Portanto, a faixa de valores de pH é a seguinte: pH > 7c) O componente minoritário do ar que, ao reagir com o Ca(OH)2 , forma o carbonato de cálcio é oCO2 . A equação química desse processo é:

Ca(OH) CO CaCO H O2 2 3 2+ → +

No processo de verticalização das cidades, a dinamização da metalurgia desempenhou um pa-pel essencial, já que o uso do ferro é fundamental nas estruturas metálicas e de concreto dosprédios. O ferro pode ser obtido, por exemplo, a partir do minério chamado magnetita, que éum óxido formado por íons Fe3 + e íons Fe2 + na proporção 2:1, combinados com íons de oxigê-nio. De modo simplificado, pode-se afirmar que na reação de obtenção de ferro metálico, faz-sereagir a magnetita com carvão, tendo dióxido de carbono como subproduto.

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Questão 3

Questão 4

a) Escreva a fórmula da magnetita.b) Qual é a percentagem de ferro, em massa, na magnetita? Massas molares, em g mol 1− :Fe = 56; O = 16.c) Escreva a equação que representa a reação química entre a magnetita, ou um outro óxidode ferro, e o carvão produzindo ferro elementar.

Resposta

a) A magnetita é um óxido "duplo" de ferro e pode ser formulada de várias maneiras apropriadas:

FeO Fe O2 3⋅Fe O FeO2 3 ⋅

Fe O3 4

b) Calculando a porcentagem de ferro, em massa, temos:

M 56 3 16 4fórmula Fe O

232

3 4

= ⋅ + ⋅ =� ��� ��� g/mol

portanto teremos 168 g de ferro em 232 g de magnetita:

%m168232

100% 72%= ⋅ ≅

c) As equações que representam as reações químicas dos óxidos de ferro são:2 Fe O 3 C 4 Fe 3 CO2 3 2+ → +óxido de ferro III

ouFe O 2 C 3 Fe 2 CO3 4 2+ → +magnetita

ou2 FeO C 2 Fe CO2+ → +óxido de ferro II

Comentário: em um alto-forno, o principal agente redutor é o CO(g) . Acreditamos que os candidatos queequacionaram o processo de redução do ferro usando CO e não C, como sugere uma simplificação noenunciado, também deverão receber pontuação.

Os carros em uma cidade grande desenvolvem uma velo-cidade média de 18 km/h, em horários de pico, enquantoque a velocidade média do metrô é de 36 km/h. O mapaao lado representa os quarteirões de uma cidade e a li-nha subterrânea do metrô.a) Qual a menor distância que um carro pode percorrerentre as duas estações?b) Qual o tempo gasto pelo metrô (Tm) para ir de uma es-tação à outra, de acordo com o mapa?c) Qual a razão entre os tempos gastos pelo carro (Tc) epelo metrô para ir de uma estação à outra, Tc/Tm? Con-sidere o menor trajeto para o carro.

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Questão 5

Resposta

a) Do mapa, a menor distância (dc) que um carro pode percorrer entre as duas estações é d 700 mc = .b) A distância (dm) percorrida pelo metrô para ir de uma estação à outra é dada por:

d 400 300 d 500 mm2 2

m= + ⇒ =

Assim, da definição de velocidade escalar média, o tempo (Tm) é dado por:

vdT

363,6

500Tm

m

m m= ⇒ = ⇒ T 50 sm =

c) O tempo (Tc) é dado por:

Tdv

T700183,6

T 140 scc

cc c= ⇒ = ⇒ =

CalculandoTT

c

mvem:

TT

14050

c

m= ⇒

TT

2,8c

m=

As temperaturas nas grandes cidades são mais altas do que nas regiões vizinhas não povoa-das, formando “ilhas urbanas de calor”. Uma das causas desse efeito é o calor absorvido pelassuperfícies escuras, como as ruas asfaltadas e as coberturas de prédios. A substituição de ma-teriais escuros por materiais alternativos claros reduziria esse efeito. A figura mostra a tem-peratura do pavimento de dois estacionamentos, um recoberto com asfalto e o outro com ummaterial alternativo, ao longo de um dia ensolarado.

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Questão 6

a) Qual curva corresponde ao asfalto?b) Qual é a diferença máxima de temperatura entre os dois pavimentos durante o períodoapresentado?c) O asfalto aumenta de temperatura entre 8h00 e 13h00. Em um pavimento asfaltado de10.000 m2 e com uma espessura de 0,1 m, qual a quantidade de calor necessária para aquecero asfalto nesse período? Despreze as perdas de calor. A densidade do asfalto é 2.300 kg/m3 eseu calor específico é C 0,75 kJ= /kg Co .

Resposta

a) O asfalto, por absorver mais calor, atinge temperaturas mais altas, o que corresponde à curva A.b) Do gráfico fornecido, a máxima diferença de temperatura, em um mesmo horário, ocorre às12h00min e é de aproximadamente10 Co , como é estimado a seguir:

c) A massa total de asfalto é m = d ⋅ V = d ⋅ A ⋅ e = 2 300 ⋅ 10 000 ⋅ 0,1 = 2,3 ⋅106 kg.Do gráfico fornecido, a variação de temperatura do asfalto (curva A) entre 8h00min e 13h00min é apro-ximadamente ∆θ = 56 − 31 = 25 Co , como é estimado a seguir:

Assim, da Equação Fundamental da Calorimetria, temos:

Q = mC∆θ = 2,3 ⋅106 ⋅ 0,75 ⋅ 25 ⇒ Q = 4,3 ⋅107 kJ

Obs.: 1) Se admitirmos no item b a máxima diferença de temperatura entre os dois pavimentos, em horá-rios distintos, teríamos o máximo da curva A (às 13h00min) menos o mínimo da curva B (às 8h00min), ouseja, 56 28 28 Co− = . No entanto, acreditamos que essa resposta fuja do contexto da questão.2) A unidade correta de calor específico é C = 0,75 kJ/(kg ⋅ oC).3) A notação correta de horário é 12h00min.

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Rio Claro, cidade de porte médio do interior do estado de São Paulo, apresenta alguns proble-mas relacionados à poluição urbana. A partir dessas informações e dos gráficos abaixo, res-ponda:

(Adaptado de Agnelo W. S. Castro, Clima urbano e saúde: as patologias do aparelhorespiratório associadas aos tipos de tempo de inverno, em Rio Claro – SP.

Rio Claro: UNESP/IGCE, Tese de Doutoramento, 2000).

a) Qual a massa de ar cuja atuação é intensificada nas estações de outono/inverno no sudestebrasileiro?b) Por que razão há uma tendência para o aumento do número de óbitos nas estações de outo-no/inverno na cidade de Rio Claro?c) Quais os tipos de tempo que a massa de ar mencionada acima proporciona? Como eles po-dem contribuir para o aumento do número de óbitos?

Resposta

a) Massa polar atlântica.b) Porque no período outono-inverno há uma maior ocorrência do fenômeno da inversão térmica quedificulta a dispersão de poluente, agravada na cidade de Rio Claro pela prática da queimada dos cana-viais, aumentando, assim, a possibilidade de ocorrência de doenças relacionadas ao aparelho respira-tório.c) No período outono-inverno com o maior número de entradas de frentes frias, devido à ação da mas-sa polar, temos períodos caracterizados, no geral, por médias térmicas mais baixas e alternância entredias mais secos e úmidos.Essas condições atmosféricas proporcionam a ocorrência de doenças relacionadas ao aparelho respi-ratório (meningite, gripes, resfriados, pneumonia, bronquite entre outras); pois as pessoas tendem a seaglomerar em ambientes fechados, o que favorece a propagação dos vírus e bactérias, atingindo prin-cipalmente idosos e crianças.

O fenômeno da urbanização ocorre em escala mundial, tanto nos países ricos quanto nos paí-ses pobres e em diferentes hierarquias. Considerando que as megacidades são aquelas queapresentam mais de 10 milhões de habitantes e que as cidades globais são os centros da eco-nomia mundial, observe o quadro a seguir e responda:

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Questão 7

Questão 8

Quadro. As megacidades no novo milênio – 1975/2015(áreas urbanas com mais de 10 milhões de habitantes)

AglomeraçãoUrbana/País

População (em milhões)Taxa de Crescimento

(em porcentagem)

1975 2000 2015 1975-2000 2000-2015

Tóquio – Japão 19,8 26,4 27,2 1,16 0,19

São Paulo – Brasil 10,3 18 21,2 2,21 1,11

Cidade do México – México 10,7 18,1 20,4 2,1 0,82

Nova Iorque – EUA 15,9 16,7 17,9 0,21 0,47

Mumbai (Bombaim) – Índia 7,3 16,1 22,6 3,13 2,26

Los Angeles – EUA 8,9 13,2 14,5 1,57 0,62

Calcutá – Índia 7,9 13,1 16,7 2,02 1,66

Dacca – Bangladesh 2,2 12,5 22,8 7 3,99

Déli – Índia 4,4 12,4 20,9 4,13 3,45

Xangai – China 11,4 12,9 13,6 0,48 0,36

Buenos Aires – Argentina 9,1 12 13,2 1,1 0,61

Jacarta – Indonésia 4,8 11 17,3 3,31 3,0

Osaka – Japão 9,8 11 11 0,45 –

Beijing (Pequim) – China 8,5 10,8 11,7 0,95 0,49

Rio de Janeiro – Brasil 8 10,7 11,5 1,16 0,54

Karachi – Paquistão 4 10 16,2 3,69 3,19

Manila – Filipinas 5 10 12,8 2,75 1,56

(Adaptado de www.fnuap.org.br/ESTRUT/SERV/arquivos/TAB_Indicadores8.xls).

a) Quais são as três megacidades que no período 1975-2000 apresentaram as maiores taxasde crescimento? Aponte as principais razões desse significativo crescimento.b) Dentre as megacidades, Nova Iorque e Tóquio são os principais exemplos de cidades globais.Identifique duas características das cidades globais.c) Explique uma conseqüência sócio-econômica do crescimento acelerado das megacidades nospaíses pobres. Justifique sua resposta.

Resposta

a) As maiores taxas de crescimento demográfico no período de 1975-2000 foram: Déli (Índia), Karachi(Paquistão) e Dacca (Bangladesh). Os principais fatores de crescimento, entre outros, são o elevadocrescimento vegetativo das populações dessas cidades, além do intenso processo de industrializaçãoe ampliação do setor de serviços ocorrido nos três centros urbanos, atraindo numeroso contingente po-pulacional em direção dos mesmos.b) As cidades globais coordenam a economia globalizada, irradiam o processo tecnológico, são moder-nos centros financeiros e de serviços e sede de grandes corporações multinacionais.c) As megacidades nos países em desenvolvimento vêm apresentando um acelerado e intenso proces-so de urbanização, porém caótico e desordenado, onde a infra-estrutura não acompanha o crescimen-to populacional, resultando em deficientes serviços públicos (saúde, educação, coleta de lixo, sanea-mento básico, segurança e transporte); a proliferação de habitações precárias e muitas vezes irregula-res (cortiços e favelas) em terrenos ociosos e de risco; aumento da violência urbana, do trânsito caóti-co e da poluição; entre outros problemas.

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Parques Zoológicos são comuns nas grandes cidades e atraem muitos visitantes. O da cidadede São Paulo é o maior do estado e está localizado em uma área de Mata Atlântica originalque abriga animais nativos silvestres vivendo livremente. Existem ainda 444 espécies de ani-mais, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios e invertebrados, nativos e exóticos (de outrasregiões), confinados em recintos semelhantes ao seu habitat natural. Entre os animais livrespresentes na mata do Parque Zoológico podem ser citados mamíferos como o bugio (primata) eo gambá (marsupial), aves como o tucano-de-bico-verde e, entre os répteis, o teiú. (Adaptadode www.zoologico.sp.gov.br).a) Como podem ser diferenciados os marsupiais entre os mamíferos?b) As aves apresentam características em comum com os répteis, dos quais os zoólogos acredi-tam que elas tenham se originado. Mencione duas dessas características.c) Entre os animais exóticos desse zoológico estão zebras, girafas, leões e antílopes. Queambiente deve ter sido criado no zoológico para ser semelhante ao habitat natural dessesanimais? Dê duas características desse ambiente.

Resposta

a) Entre os mamíferos, os marsupiais se distinguem por apresentar:• placenta decídua (temporária);• bolsa externa (marsúpio).

b) Características de aves em comum com os répteis:• ovos amnióticos, com casca e anexos embrionários (âmnion, córion, alantóide e saco vitelínico);• fecundação interna;• respiração pulmonar;• cloaca.

c) Para a adequação de zebras, girafas, leões e antílopes no parque Zoológico é necessário criar umambiente de savana, que corresponde ao habitat natural desses animais. As principais característicasdesse ambiente são:• grande quantidade de gramíneas;• árvores ou arbustos esparsos.

A cidade ideal seria aquela em que cada habitante pudesse dispor, pelo menos, de 12 m2 deárea verde (dados da OMS). Curitiba supera essa meta com cerca de 55 m2 por habitante. A po-lítica ambiental da prefeitura dessa cidade prioriza a construção de parques, bosques e praçasque, além de proporcionar áreas de lazer, desempenham funções como amenizar o clima, me-lhorar a qualidade do ar e equilibrar o ciclo hídrico, minimizando a ocorrência de enchentes.a) Explique como as plantas das áreas verdes participam do ciclo hídrico, indicando as estru-turas vegetais envolvidas nesse processo e as funções por elas exercidas.b) Qual seria o destino da água da chuva não utilizada pelas plantas no ciclo hídrico?

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Questão 9

Questão 10

Resposta

a) As plantas absorvem água do solo através dos pêlos absorventes da raiz. Daí a água é transportadapelos vasos lenhosos do lenho ou xilema até as folhas. Nas folhas parte da água é utilizada no meta-bolismo das células e parte é eliminada via estômatos e cutícula sob forma de vapor para a atmosfera.Uma pequena parcela pode ser eliminada via hidatódios sob forma líquida (gutação).Na atmosfera, a água sob forma de vapor, sob determinadas condições transforma-se em chuva, queserá absorvida pelo solo e no solo será absorvida pelas raízes.b) A água não utilizada pelas plantas infiltra-se no solo e fará parte dos lençóis freáticos. Uma parte daágua do solo volta para a atmosfera sob forma de vapor.

Para as artes visuais florescerem no Renascimento era preciso um ambiente urbano. Nos sé-culos XV e XVI, as regiões mais altamente urbanizadas da Europa Ocidental localizavam-sena Itália e nos Países Baixos, e essas foram as regiões de onde veio grande parte dos artistas.(Adaptado de Peter Burke, O Renascimento Italiano. São Paulo: Nova Alexandria, 1999, p. 64).

a) Cite duas características do Renascimento.b) De que maneiras o ambiente urbano propiciou a emergência desse movimento artístico ecultural?c) Por que as regiões mencionadas no texto eram as mais urbanizadas da Europa nos séculosXV e XVI?

Resposta

a) É possível citar várias características do Renascimento entre as quais podemos destacar: o huma-nismo, o antropocentrismo, a valorização da razão e da observação e a crítica aos argumentos de au-toridade.b) O ambiente urbano propicia uma maior circulação de pessoas e de idéias. É no ambiente urbanotambém que se concentram setores sociais com maiores condições de acesso a formas variadas deconhecimento, há uma maior afluência de riqueza que favorece o financiamento de atividades artísticase culturais. Enfim, é no ambiente urbano que se encontram os artistas, os intelectuais e o seu respecti-vo público.c) Tanto a Itália quanto os Países Baixos eram os centros dinâmicos do revigorado comércio europeuna Baixa Idade Média, fazendo a ligação entre o Mediterrâneo e o mar do Norte, especialmente para adistribuição dos artigos de luxo e especiarias do Oriente. Esse dinamismo comercial contribuía, por suaprópria natureza, para o desenvolvimento urbano.

Sobre a reforma urbana do Rio de Janeiro, ocorrida entre fins do século XIX e início do XX, oliterato Lima Barreto comentou: “De uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e ou-tra surgiu como se fosse obtida por uma mutação de teatro. Havia mesmo na coisa muito decenografia.” (Lima Barreto, Os Bruzundangas, em Obras de Lima Barreto. São Paulo: Brasi-liense, 1956, p. 106).

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Questão 11

Questão 12

a) Cite uma atividade política e uma econômica que sustentaram a importância da cidade doRio de Janeiro nesse período.b) Identifique duas mudanças urbanas realizadas pelo prefeito Pereira Passos na reformamencionada.c) Explique a razão pela qual o ideário burguês, cosmopolita e republicano, tinha necessidadede condenar o passado colonial do Rio de Janeiro.

Resposta

a) O Rio de Janeiro era a capital e o principal centro político-administrativo do país. Na época, o portodo Rio de Janeiro se constituía em um dos principais portos exportadores e importadores do país. A ci-dade também abrigava as primeiras iniciativas industriais do Brasil.b) Procurando eliminar do perfil da cidade o tom acanhado herdado do Período Colonial, Pereira Passosrasgou novas avenidas, especialmente a Avenida Central, no coração da cidade; demoliu cortiços; re-modelou e ampliou o porto do Rio de Janeiro; fiscalizou habitações, removendo objetos que implicas-sem em condições favoráveis à proliferação de ratos ou mosquitos; e demoliu quiosques de comérciodas ruas cariocas.c) Deve-se observar o enunciado viesado desta questão ao destacar que um determinado "ideário",seja ele qual for, tenha "necessidades", como se tratasse de um "organismo", estabelecendo "nexosnecessários", como se isso fosse possível em história. As formulações com conteúdo claramente deter-minista, como as do enunciado desta questão, são bastante discutíveis.Se observarmos com maior cuidado, já na época joanina o governo lusitano propunha mudanças urba-nas na cidade do Rio de Janeiro. A proposta de reurbanização da cidade torna-se mais forte no Segun-do Reinado, por exemplo nos discursos parlamentares no Senado observando os problemas da cidadecarente de mudanças.No final do século XIX, o fim da escravidão e a imigração européia provocaram um grande afluxo popu-lacional em direção à capital, que não tinha como absorver, em condições adequadas, toda essa popu-lação.Nesse aspecto, as mudanças no período Rodrigues Alves envolviam um projeto urbano no qual era im-possível desvincular a reforma urbano-arquitetônica de um saneamento básico e suas implicações,como a vacinação obrigatória.O prefeito Pereira Passos acompanhou a reforma de Paris por Hausmann, e com certeza o modelofrancês influenciou as mudanças no Rio de Janeiro.A capital brasileira da época era uma cidade que afastava o comércio internacional. O governo tomou ainiciativa das reformas.Observe-se que o governo anterior, Campos Sales, havia realizado um saneamento financeiro queequilibrou as contas. Dessa maneira, permitiu a Rodrigues Alves realizar projetos urbanos.Nessa ótica, fica difícil argumentar um determinado rompimento com o passado colonial.Sob a perspectiva proposta pela questão, há autores que afirmam que a reforma do Rio de Janeiro im-plicava no afastamento da população negra e mestiça do centro da cidade, resultando nessa área,após a demolição dos cortiços, uma predominância de valores cosmopolitas europeus, brancos, tendoParis como modelo da reforma.Deve-se observar, entretanto, que esta é apenas uma vertente desse processo. Podemos lembrar quemuitos episódios ocorridos no Período Colonial foram recuperados e apropriados pelo ideário republi-cano, como, por exemplo, a mitificação de Tiradentes.

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