organizando a comercialização, mulheres e homens recriam espaços e relações

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1969 Junho/2014 Organizando a comercialização, mulheres e homens recriam espaços e relações fica localizado na região norte do Ceará, Odistante cerca de 35 quilômetros de Sobral. Nessa região existe a organização de vários assentamentos de Reforma Agrária e comunidades rurais. A partir desses grupos, nasceu em 2006 a Cooperativa Agropecuária de Agricultores de Santana do Acaraú (Coopasa), com o objetivo de fortalecer a comercialização dos produtos da agricultura familiar e sua inclusão nas políticas públicas de aquisição de alimentos para as escolas. “A gente teve que se organizar para vender para a prefeitura, para a merenda escolar. Por isso surgiu a necessidade de criar nossa cooperativa”, conta seu Domingos, atual presidente. No início, a Coopasa contava com 22 cooperadas/os. Atualmente são 114, sendo que destes, apenas 50 têm participação ativa nos processos. A auto-organização se deu pela necessidade de terem um canal de comercialização. Com isso tem sido construída uma dinâmica de rede, gerando renda e oportunidade de vida digna no campo. Nenhum processo de organização acontece sem dificuldades. E nesse caso, alguns obstáculos impedem a melhor atuação do grupo. Nas palavras de dona Fátima aparece uma situação preocupante, que é a dificuldade de acesso à água, principalmente para a produção. “Não tem água. Na hora que termina a chuva, se nós não tiver a cisterna, a água vai embora nas areias”. Nesse sentido, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), município de Santana do Acaraú Santana do Acaraú

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Da organização de vários assentamentos de reforma agrária e comunidades rurais, surge em 2006 a Cooperativa Agropecuária de Agricultores de Santana do Acaraú (Coopasa). O objetivo foi de fortalecer a comercialização dos produtos da agricultura familiar e sua inclusão nas políticas públicas de aquisição de alimentos

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Page 1: Organizando a comercialização, mulheres e homens recriam espaços e relações

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1969

Junho/2014

Organizando a comercialização, mulheres e homens recriam espaços e relações

fica localizado na região norte do Ceará, Odistante cerca de 35 quilômetros de

Sobral. Nessa região existe a organização de vários assentamentos de Reforma Agrária e comunidades rurais. A partir desses grupos, nasceu em 2006 a Cooperativa Agropecuária de Agricultores de Santana do Acaraú (Coopasa), com o objetivo de fortalecer a comercialização dos produtos da agricultura familiar e sua inclusão nas políticas públicas de aquisição de alimentos para as escolas. “A gente teve que se organizar para vender para a prefeitura, para a merenda escolar. Por isso surgiu a necessidade de criar nossa cooperativa”, conta seu Domingos, atual presidente.

No início, a Coopasa contava com 22 cooperadas/os. Atualmente são 114, sendo que destes, apenas 50 têm participação ativa nos processos. A auto-organização se deu pela necessidade de terem um canal de comercialização. Com isso tem sido construída uma

dinâmica de rede, gerando renda e oportunidade de vida digna no campo.

Nenhum processo de organização acontece sem dificuldades. E nesse caso, alguns obstáculos impedem a melhor atuação do grupo. Nas palavras de dona Fátima aparece uma situação preocupante, que é a d i f i c u l d a d e d e a c e s s o à á g u a , principalmente para a produção. “Não tem água. Na hora que termina a chuva, se nós não tiver a cisterna, a água vai embora nas areias”. Nesse sentido, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA),

município de Santana do Acaraú

Santana do Acaraú

Page 2: Organizando a comercialização, mulheres e homens recriam espaços e relações

Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

representam esperança e possibilidade de convivência com o Semiárido.

As cooperadas e os cooperados movimentam hoje a venda do excedente de suas produções através de duas feiras no município. Uma delas acontece toda quarta-feira do mês e tem participação de 29 agricultoras e 3 agricultores. Carros fretados levam a produção que é exposta em barracas da própria cooperativa.

O grande diferencial dos alimentos fornecidos é a forma de produção sem uso de agrotóxicos, o que garante produtos de qualidade para consumo humano. Dona Fátima, uma das agricultoras, diz que existe uma enorme procura pelos produtos vendidos por elas na feira. "Os alimentos são frescos, do mesmo dia e sem veneno", explica.

Já a Feira de Agricultores Familiares acontece às sextas-feiras. Ela foi criada pela Coopasa, para que a produção das famílias seja comercializada coletivamente. É independente e conta com o Mercadinho da Agricultura Familiar para estoque. Nelas são comercializados diversos produtos agroecológicos como maxixe, acerola, cajarana, limão, caju, ovo, cajuína, batata, doces, queijo, cheiro verde, frutas, bolos, entre outros, assim como o artesanato. “Todo produto que se traz, se vende”, diz Dona Zeneide, uma das agricultoras.

A Coopasa possui parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), Incubadora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Terra Três, Ematerce, Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Cáritas Diocesana de S o b r a l , M o v i m e n t o d o s Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Incra, Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na Agricultura do Estado do Ceará (FETRAECE) e as Secretarias de Agricultura e de Educação Municipais.

Assim, organizar o processo de comercialização na cooperativa e nas feiras tem exigido muito esforço e criatividade de mulheres e homens que acreditam ser possível vencer os desafios e transformar a realidade em que vivem.

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