ora bolas, que horas são no seu...

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(Capa) Ora bolas, que horas são no seu coração? por Marcelo Jucá ilustrações Ana Muriel QR CODE 1

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(Capa)

Ora bolas,

que horas são no seu coração?

por Marcelo Jucá ilustrações Ana Muriel

QR CODE 1

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Folha de Rosto

Ora bolas, que horas são

no seu coração?

Este projeto recebeu a bolsa de criação literária infantil do

Programa de Ação Cultural – ProAC da Secretaria de Governo do Estado de São Paulo, em 2016.

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Ficha Catalogar Texto: Marcelo Jucá Ilustraçôes: Ana Muriel

A história a seguir acontece nesse livro e também fora dele. Quer dizer, acontece também na parte digital. Encontre os Qr Codes e com o tablet ou celular, tenha acesso e continue a leitura de uma forma totalmente digital. Quando for indicado, volta novamente para as páginas deste livro, e assim por diante.

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Como acessar o QR Code: Faça o download na loja (colocamos as imagens Google Play

e Apple Store). Abra o aplicativo e aponte para o QR Code. A tela

automaticamente será direcionada. Vamos fazer um teste? QR CODE 1

Tudo certo? Então boa leitura!

Ele dormia demais. Ela nem tanto. Mas nenhum dos dois

perdia a hora, afinal. Sempre foram muito pontuais. Que

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pena, pois nesse caso, Ele e Ela deveriam viver um

grande amor.

Só que pra isso, eles deviam se conhecer, pois é

impossível amar quem não se conhece.

Ele e Ela combinam mesmo e precisam um do outro,

muito mais do que o arroz precisa do feijão ou o ouvido

necessita de um cotonete.

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Ela precisa dele para perder seus medos. Ele precisa dela

para vencer os seus. E mais do que isso. Para Ele fazer

cafuné nela, e para Ela pegar na mão dele. E não é só

isso. Para que Ela possa ser mais sonhadora e Ele mais

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pé no chão. E no final, para que eles possam dar beijinho

de esquimó.

A complicação de tudo, como eu disse antes, é que eles

não conseguiam se encontrar -- melhor dizendo, eles não

sabiam que deviam se encontrar – o que dificultava um

pouquinho mais as coisas.

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E essa dificuldade toda não é só porque não acertavam

direito as horas, mas porque apesar de viverem no

mesmo planeta, no mesmo país, estado, cidade, bairro, e

até no mesmo prédio, o tempo para os dois era

completamente diferente, apesar de parecidos.

Explico já e você vai entender o tamanho da confusão.

A vida no no planeta Terra chegou a tal ponto em que

realmente o dia tem 24 horas.

- Como assim? Sempre teve!

Calma... Antes, não se usavam as 24 horas como

atualmente (com excessão de hospitais e algumas

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farmácias). Pois, de madrugada a maioria das pessoas

dormia. Sua mãe, seu cachorro, o peixe do vizinho

(apesar de ele ficar com o olhão aberto) e até o porteiro

de qualquer prédio por aí.

Mas as coisas mudaram.

A quantidade de pessoas que vive de madrugada é

imensa, incontável, incrível!!! Zumbis, bruxas e

lobisomens ganharam a companhia de mais

trabalhadores. Agora tem padaria, posto de gasolina e até

floricultura 24 horas!

Ou seja, devido a esse – vamos chamar de “fenômeno” –

então, devido a esse “fenômeno”, têm pessoas que só

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vivem de dia. E pessoas que só vivem de noite. E elas

nunca se encontram!

É claro que com a quantidade de pessoas espalhadas em

cada canto do mundo, não vamos conhecer todas

mesmo, mas entendam, Ele e Ela deveriam se conhecer.

Lembra? Eles deviam viver um grande amor.

- É só ajustar o relógio dos dois e pronto!

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Mas a história não é bem por aí.

Veja bem, o relógio Dela funciona como o seu. Calma, o

relógio de ponteiro, não o digital. Então, o relógio marca

as horas no sentido horário. O Dele, não, pois como Ele

vive à noite, tudo acaba sendo ao contrário, até o seu

relógio, que gira na direção contrária.

Olha que situação esquisita.

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(TEXTOS E ILUSTRAÇÕES NO DIGITAL)

Quando Ela sai de casa, a primeira coisa que fala para o

Seu Zé, da portaria, é “Bom Dia”.

Já Ele, ao contrário, fala primeiro, “Boa Noite Seu Odair”.

Mas como quase sempre o Odair está tirando uma

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soneca, antes fala, “Acorda Odair”, e depois, “Boa Noite,

Seu Odair”.

Tudo neles era tão ao contrário que Ela era alegre e

adorava usar roupas coloridas, fazer sempre novas

combinações e tal.

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Já Ele gostava mesmo é de usar preto, no máximo um

branco. Ainda mais porque achava que durante a noite

não ficava legal usar camisetas floridas e calça verde ou

laranja.

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O café da manhã Dele era na hora da janta Dela. E vice-

versa, e versa-vice. Como não podia deixar de ser, Ela

achava a Lua mais bonita que o Sol – tinha até uma

tatuada no ombro -, e o Sol era o preferido Dele.

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(INDICAÇÃO DE VOLTAR PARA O IMPRESSO)

Os dois, apesar de ao contrários em quase tudo, tinham

nesse tudo algumas partes que combinavam tão bem,

que até parecia que eles tinham coisas em comum em

quase tudo. Complicado, né?! Mas é assim mesmo. Amor

não se explica, se sente e vive.

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É nessa hora que a sorte entra na história. Algumas

pessoas preferem chamar a mesma coisa de destino.

Outro mesmo de coincidência.

E sinceramente, tanto faz, tanto fez, se foi pura sorte,

forte destino, ou essa coincidência ser tão forte e dar

sorte tanto para ele quanto para ela.

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Então, numa sexta-feira 13, Ela saiu 30 minutos mais

tarde do escritório em que trabalhava, porque seus

colegas organizaram uma festa à fantasia. Ela ficou só

esse pouquinho e saiu de fininho, pois não era chegada

nessas coisas de terror (morria de medo, a coitada), nem

em fantasias (imagninem Ela de múmia, e se ficasse com

vontade de fazer xixi?!). E voltou para casa caminhando

como gostava para ver a Lua surgir no céu.

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Enquanto isso, na mesma sexta-feira 13 Ele foi

convidado a chegar 15 minutos mais cedo no trabalho e

participar de uma festinha que o pessoal organizou para

o Jason, o aniversariante do dia. E Ele não podia deixar

de comparecer, porque ia ter bolo, e Ele gostava do Jason

também. Até comprou presente.

Sendo assim, o encontro dos dois estava armado, já que

Ela sairia antes e Ele também, mudando as rotinas e

fazendo com que dessa forma se encontrassem,

finalmente.

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Eles se encontraram da seguinte forma:

Ele pegou o elevador com sua bicicleta e desceu.

Ela chegou ao prédio, que era o mesmo do dele, e foi

esperar o elevador.

Assim que chegou ao térreo, o elevador abriu as portas e

eles se viram.

Se cumprimentaram educadamente.

Ela entrou coloridamente.

Ele saiu com seu preto habitual.

Mas Ele esqueceu o presente do amigo lá em cima, e

voltou correndo antes que o elevador fosse embora.

Ela segurou a porta.

Ele derrubou a bicibleta. Meio envergonhado, a levantou

e deixou-a encostada na parede e agradeceu pela

gentileza.

Ela perguntou:

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(TEXTOS E ILUSTRAÇÕES NO DIGITAL)

- Você sempre pedala à noite? – ela perguntou.

- Sim, a uso para ir trabalhar!

- Uhhhh, trabalhar de noite na sexta-feira 13 dá muito

medo! Acabei de fugir de uma festa à fantasia terrível!

- Do que está fantasiada? Vou advinhar: um sorvete de

uva demoníaco!!!

- Fantasia?! É a roupa que fui trabalhar!

- Ops..., foi mal – desculpou-se Ele levando as mãos ao

rosto. O detalhe é que suas mãos se sujaram de graxa

quando ele levantou a sua bicicleta.

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Ela o encarou (agora, realmente parecia um sorvete

demoníaco).

Ele baixou os olhos.

Ela gargalhou.

Ele gargalhou (de alívio, pois ainda estava morrendo de

medo).

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- É verdade, estou parecendo um sorvete de uva com esta

blusa ridícula! E você se sujou com graxa. Está hilário.

Quem agora parece um monstro é você.

- Não, não, eu quis dizer... Ei, o quê? Graxa?

- Deixe pra lá! Tenho um lenço aqui que resolve.

- Poxa, valeu!

- Ah, e seja bem-vindo ao nosso prédio.

- Bem-vindo? Como assim? - ele ficou sem entender.

- Ué, você não é novo por aqui? – perguntou Ela.

-Não, moro aqui há mais de dez anos. Pensei que você

que fosse nova moradora – falou Ele.

-Não, não. Já tem mais de sete anos que estou aqui. Mas

como nunca nos vimos?

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Ele logo matou a charada:

-Já sei. É porque trabalho a madrugada inteira, e

durante o dia fico dormindo.

-Entendi! Igual a um morcego. Posso te chamar de

Batman ou você tem um outro nome?

- Meu nome é Daniel (apesar de ele gostar da ideia de ser

o Batman).

- Eu sou Melinda.

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O elevador chegou no andar dela. As portas se abriram.

Os dois se despediram. Eles se conheceram. E ficaram

com vontade de conhecer mais. Gostaram um do outro.

Simpatizaram. Ele gostou do jeito maluco dela, e Ela da

bota preta dele.

Daniel e Melinda não pararam de pensar um no outro e

lembravam do rápido momento em que ficaram juntos.

Mas Ela, Melinda, cochilou no sofá enquanto assistia um

filme, enquanto Daniel, bem, Ele estava indo para o

trabalho e não podia ficar sonhando com aquela

interessante moça que encontrara no elevador.

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O que aconteceu nos dias seguintes foi bem engraçado.

Eles queriam se encontrar, sem que um soubesse da

vontade do outro. Mas, apesar da vontade, com os

horários de volta ao normal, ia ser difícil. Em um fim de

tarde, Daniel pensou, “Vou sair 15 minutos mais cedo

para encontrá-la de novo”, mas nesse dia Melinda

participou de uma reunião tão cansativa que desviou o

caminho de casa para tomar um sorvete.

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Na manhã seguinte, é claro, foi ao contrário. Melinda é

quem pensou em sair um pouco mais cedo para tentar

encontrar Daniel indo para o trabalho. E não é que deu

errado de novo?! Nessa manhã Ele foi andar de bike no

parque logo depois do expediente.

Que dificuldade meio besta na história desses dois.

O engraçado (e um pouco triste também) é que

dependendo do ponto de vista, o tempo era o grande vilão

dos dois apaixonados.

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Mas o mundo dá voltas (e o tempo com ele).

O que está embaixo vai pra cima.

E vice-versa.

E versa-vice.

Sempre se deve pensar nos dois lados da mesma moeda

e também olhar os dois lados da rua antes de atravessar.

Para perceber que na verdade a vida, seja em sua

magnitude ou na sua mais detalhada aparição, é

múltipla e não só duas opções. Sempre pode ter uma

terceira, quarta, quinta e mais alguns outros caminhos.

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Acontece que o tempo, o suposto vilão, foi dando um

tempo, um tempinho a mais e foi passando, ando, e

passou um tempo. O curioso é que foi no pior mau tempo

possível que o mais difícil começou a acontecer.

Era um dia daqueles bem estranhos, que amanhece

nublado, aí faz Sol, depois garoa um pouco, aí garoa com

Sol, e o tempo fecha de novo. Uma indecisão! No

entardecer, uma brisa esperta veio carregando aquele

cheiro de chuva. O céu, que já estava escuro, parece que

ficou mais, e até as árvores começaram a se balançar de

medo.

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Nessa hora, Melinda olhou pela janela do escritório e

pensou, “Vou sair mais cedo para não pegar chuva”. E o

Daniel, que estava no banheiro da sua casa, ouviu lá de

dentro um trovão berrar o anúncio da chuva, então ele

pensou, “Vou sair mais cedo para não pegar chuva”.

E os dois saíram. Melinda saiu primeiro, porque Daniel

ficou indeciso na hora de escolher entre a camiseta preta

ou a cinza escuro.

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A indecisão foi muito importante na história dos dois. Ás

vezes o erro ajuda a ajeitar a vida.

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(TEXTOS E ILUSTRAÇÕES NO DIGITAL)

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Parado com a bicicleta na entrada do prédio, Ele viu a

chuva despencar e o vento forte correr ligeiro até fazer

uma menina voar com seu guarda-chuva pelo céu. Aonde

será que a criança foi parar?

Para não ficar todo ensopado e correr o risco de sair

voando com bicicleta e tudo, deciciu ir de metrô com a

ajuda de uma capa de chuva sempre presente na

mochila.

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E a sorte, destino ou tanto faz o nome deu as caras

novamente. Coisas surpreendentes acontecem todos os

dias, é só dar tempo ao tempo.

Ele entrou na estação, pagou a catraca e desceu correndo

pela esquerda na escada rolante para chegar ao trem

antes que ele ficasse cheio.

O som das portas se abrindo soou alto e praticamente

uma cidade inteira saiu dali. E, no meio da multidão, lá

estava ela colorindo o cinza do tempo.

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O susto ao se encontrarem foi grande. A felicidade maior

ainda.

-Melinda... – suspirou Daniel.

-Batman! Veio me salvar da chuva?! – brincou a moça.

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Os dois caíram na gargalhada. Batman e...quer dizer,

Daniel e Melinda ficaram se olhando, como deveria ser,

pois eles tinham que viver um grande amor. Os olhos

deles brilhavam até que uma voz cortou o ar:

Senhores passageiros, informamos que os trens

estão circulando com velocidade reduzida.

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Aguardaremos cinco minutos na estação para

realinhamento de todos os veículos. Obrigado!

- Acho que temos cinco minutos para botar o papo em

dia! – sorriu Daniel.

- Eu começo! Sabia que... ei, por que está tremendo?

- Mesmo com a capa me molhei um pouco e fiquei com

frio, não é nada demais. Continue.

Então Melinda puxou delicadamente de seu pescoço o

cachecol, e sem dizer nada, o colocou em volta do de

Daniel.

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Ela e Ele demoraram para trocar palavra. Ficaram se

olhando, totalmente apaixonados. Nessa hora, parece

que o tempo para e os dois minutos que faltavam para o

trem voltar a andar pareciam infinitos. Apesar de todas

as pessoas e o universo acontecendo ao redor, eles

estavam ilhados um no outro.

Então Daniel falou sem pensar:

-Eu gosto de você.

Melinda, não deixou por menos:

-Eu também gosto de você.

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Os dois ficaram tímidos, e apesar de descobrirem que se

gostavam, não sabiam como enfrentar a situação, porque

eles bem lembraram, viviam vidas completamente

diferentes:

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-Mas será que pode dar certo? – questionou Melinda.

-Acho que depende de nós – rebateu Daniel.

-Mas temos que fazer muitos sacrifícios.

-Sempre vamos ter que fazer, é só saber escolher pelo que

vale a pena se sacrificar.

-Mas temos que agir com razão. Não podemos fazer as

coisas sem pensar.

-Nós vamos pensar, conversar e nos entender. Vamos

encontrar uma solução. Só não desista antes de tentar.

-Mas...

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-Você só fala “Mas”? – questionou Ele rindo.

(Uma pausa)

-E como vamos nos encontrar? – choramingou Ela.

-Podemos nos encontrar à meia-noite e ao meio-dia,

brincou Ele. – Nos intervalos dos nossos trabalhos.

- Mas e quando entrar o horário de verão, vai ser uma

baita confusão! - de forma sincera disse Ela.

- Nossos relógios podem estar em sentidos contrários,

mas o ponteiros acabam passando sempre pelos mesmo

lugares, cabe a nós sincronizá-los – filosofou Daniel.

-Mas só vamos nos ver duas vezes por dia?

-Tenha calma, linda Melinda.

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Melinda, que realmente era linda com seus vestidos

coloridos, sorriu feliz, e acreditou nas palavras de Daniel.

-Eu já dei entrada com um pedido de transferência no

trabalho. Quero ver o Sol. E principalmente agora, quero

te ver - confessou Daniel.

-Mas você acha que consegue?

-Pode demorar um pouco. Em alguns meses, tudo estará

certo.

-Mas...

TUUUUUUMMMMM!

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Era o sinal que o trem fecharia as portas para continuar

sua rota.

Daniel foi rápido e emendou um SMACK em Melinda, que

a partir de então, nunca mais falou “Mas”. Bem, só de

vez em quando...

O trem partiu e eles se despediram com um até daqui a

pouco.

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Eles começaram a namorar. E no começo, não vou

mentir, eles acharam difícil. Sentiam muitas saudades

um do outro, e se gostavam tanto que resolveram deixar

as dificuldades de lado e enfrentar tudo juntos. Trocavam

e-mails, deixavam surpresas um na porta do outro e

admiraram a Lua cheia e por-do-sol muitas vezes

abraçadinhos.

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Anos depois, numa sexta-feira 13, eles decidiram viver

juntos. E um poeta peregrino, amigo dos companheiros,

Hélio, ergueu sua taça de vinho e gritou: É meio-dia em

nossa vida!

Todos comemoraram, gritaram e festejaram, porque

aqueles dois, que deveriam se conhecer, estavam vivendo

um grande amor.

E, claro, Daniel e Melinda não se desgrudaram mais nem

por um segundo.

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FIM

QR CODE 5

(perfil Marcelo Jucá)

QR CODE 6

(perfil Ana Muriel)

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Sabia que você pode acessar e ler outros milhões de livros

pelo seu tablet e celular?

E nem precisa de QR Code, a leitura é digital do começo

ao fim. Em alguns casos até tem interação.

Você pode começar a conhecer por aqui:

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