oportunidades para redução de efluentes líquidos industriais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA MONOGRAFIA OPORTUNIDADES PARA REDUÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS - CASO DA OPP QUÍMICA S. A. - Autores: Samuel Gomes dos Santos Edilson Nunes Miguel Orientador: Prof.: José Geraldo P. Filho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA

ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA

MONOGRAFIA

OPORTUNIDADES PARA REDUÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS

- CASO DA OPP QUÍMICA S. A. -

Autores: Samuel Gomes dos Santos Edilson Nunes Miguel

Orientador: Prof.: José Geraldo P. Filho

EDILSON NUNES MIGUEL SAMUEL GOMES DOS SANTOS

OPORTUNIDADES PARA REDUÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS

- CASO DA OPP QUÍMICA S. A. -

Monografia apresentada ao Curso de Especialização, da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria.

Orientador: Prof.: José Geraldo P. Filho

Salvador 2002

“ Se tens de lidar com a água, consulta primeiro a experiência, e depois a razão.” Leonardo da Vinci

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Professor José Geraldo Pacheco Filho por nos ter orientado e que

através da sua dedicação e paciência nos fez chegar ao final desta.

Agradecemos a todos os integrantes da OPP QUÍMICA S.A – Unidade de Polietileno

de Camaçari/BA que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

importante projeto.

Por fim, agradecemos às nossas famílias que souberam, sabiamente nos incentivar

e nos motivar.

RESUMO

Neste trabalho foi aplicada uma metodologia para identificar oportunidades e soluções para minimização e reuso de efluentes líquidos na Unidade de Polietileno da OPP Química S.A em Camaçari/BA. São apresentados treze estudos de caso com soluções que deverão resultar numa redução na geração de efluentes líquidos da ordem de 80% com pequeno custo de modificação de processo. Esta metodologia demonstra ser possível aplicar as técnicas de produção mais limpa na indústria de produção de polietileno com benefícios econômicos e ambientais.

Palavras-chave: Minimização; Reuso; Efluentes líquidos; Meio Ambiente; Produção limpa.

ABSTRACT

In this work it was to identified opportunities and solutions for minimization and reuse of liquid effluents at the OPP Química S.A Polyethylene Plant in Camaçari-BA. It was studied thirteen cases with solutions which will result in a reduction in the liquid effluents generation of about 80 per cent with little expense in process modification. This methodology demonstrates to be possible applying the techniques of cleaner production in the industry of polyethylene production with economic and environmental benefits.

Key Words: Minimization; reuse; liquid effluents; environment; cleaner production.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................7

LISTA DE TABELAS........................................................................................8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................9

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................10

2. OBJETIVO.......................................................................................................12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................13

4. DESCRIÇÃO DO PROCESSO INDUSTRIAL.................................................17

5. METODOLOGIA DE TRABALHO...................................................................19

6. RESULTADOS................................................................................................22

6.1 DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA NA FÁBRICA....................................22

6.2 DADOS HISTÓRICOS..........................................................................22

6.3 BALANÇO HÍDRICO.............................................................................23

6.4 ESTUDOS DE CASOS.........................................................................28

6.5 IMPLEMENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES..................................................41

7. CONCLUSÕES................................................................................................47

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................48

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema simplificado de produção de PEAD da Uni-Camaçari.. 18

Figura 2: Fluxograma da rede de efluentes líquidos da OPP-PE................ 25

Figura 3: Balanço hídrico da OPP-PE......................................................... 27

Figura 4: Sistema de alimentação da torre de resfriamento....................... 29

Figura 5: Sistema de alimentação da torre de resfriamento com

alteração do layout......................................................................

29

Figura 6: Sistema de retrolavagem do filtro lateral da torre de

resfriamento................................................................................

31

Figura 7: Resfriamento externo das zonas das extrusoras........................ 32

Figura 8: Alimentação dos tanques de água de transporte de produto

acabado.......................................................................................

33

Figura 9: Alimentação dos tanques de água de transporte de produto

acabado com as mudanças propostas.......................................

34

Figura 10: Vazamento de água pelo engaxetamento de uma bomba da

unidade........................................................................................

36

Figura 11: Bacia de emergência da rede de efluentes orgânicos................ 38

Figura 12: Sistema de resfriamento das células de carga das

alimentadoras de resina..............................................................

38

Figura 13: Registro fotográfico de soluções de casos implementados........ 43

Figura 14: Geração Média Mensal de Efluentes Líquidos OPP-PE............. 44

Figura 15: Tendência da Geração de Efluentes Líquidos OPP-PE.............. 44

Figura 16: Efluente Orgânico (Carga Orgânica)........................................... 45

Figura 17: Efluente Orgânico (Concentração Orgânica).............................. 46

Figura 18: Índice de Efluentes Líquidos....................................................... 46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cronograma de Implantação....................................................... 21

Tabela 2: Dados Históricos OPP-PE........................................................... 22

Tabela 3: Status das Soluções.................................................................... 42

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC – Água Clarificada

ANA –Agência Nacional de Águas

AP – Água Potável

CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente

CETREL – Central de Efluentes Líquidos

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPENE – Companhia Petroquímica do Nordeste

CRA – Centro de Recursos Ambientais

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

EFI – Efluente Inorgânico

EFO – Efluente Orgânico

EFS – Efluente Sanitário

EP – Efluente Pluvial

EPC – Efluente Pluvial Contaminado

ISO – International Organization for Standardization

MS – Materiais em Suspensão

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

OHSAS – Occupational Health and Safety Management Systems

PEAD – Polietileno de Alta Densidade

PLC – Programmable Logic Controllers

1. INTRODUÇÃO

A questão ambiental é hoje um dos assuntos que preocupa toda a humanidade,

estando também cada vez mais integrada ao conceito de modernidade

empresarial. O aumento populacional, a industrialização e o incremento nas

atividades humanas foram os principais motivos da multiplicação dos efluentes

líquidos orgânico, inorgânico e sanitário. A questão destes efluentes nos obriga a

refletir sobre os meios atuais de produção e hábitos de consumo, fazendo-se

necessária a adoção de novos valores e a reflexão sobre o nosso modo de vida.

A dimensão ambiental vem sendo incorporada ao processo produtivo das

indústrias e à gestão empresarial, inclusive como base para conseguir reduções

de custos e aumentos de lucratividade, onde são incorporados cada vez mais

nas organizações, a adoção de medidas para minimização, reuso e reciclo dos

efluentes líquidos gerados pelos diversos processos industriais.

Por outro lado, o tratamento não adequado destes efluentes pode representar

um aumento na degradação ambiental em detrimento da qualidade de vida, além

de requerer normalmente médios investimentos nos processos de tratamento.

Como se sabe, a variável econômica exerce grande influência quando se quer

definir a melhor tecnologia disponível para tratamento dos efluentes líquidos

gerados, que até certo ponto é influenciada por fatores relativamente

independentes das necessidades de controle da poluição.

Neste sentido, além de planejamento e ações voltadas para a minimização,

reuso e reciclo destes efluentes, há necessidade de adoção de procedimentos e

formas de tratamento e destinação destes gerados em consonância com os

conceitos de Desenvolvimento Sustentável.

No Pólo Petroquímico de Camaçari-BA, as empresas químicas e petroquímicas

instaladas operam com seus efluentes líquidos gerados sendo coletados e

enviados para a central de tratamento de efluentes líquidos, empresa

denominada CETREL S.A. Sendo as empresas, como a própria CETREL,

licenciadas ambientalmente para operarem pelo Conselho Estadual do Meio

Ambiente através da resolução CEPRAM n° 2.113 e com fiscalização do Centro

de Recursos Ambientais – CRA.

A OPP Química S.A., sendo uma das empresas instaladas no Pólo e com

licença de operação (Portaria CRA n° 1845/02), através do seu sistema de

gerenciamento integrado da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança tem

entre os seus objetivos, a melhoria contínua do desempenho ambiental e o

reconhecimento da sociedade. Afim de alcançá-los, compromete-se, através de

sua política da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança, a aprimorar

continuamente os seus processos buscando superar padrões internacionais de

desempenho e a agir preventivamente minimizando riscos ao meio ambiente,

através da prevenção da poluição, entre outros compromissos. Em atendimento

a esta política foi identificada a oportunidade de promover um programa de

redução da geração de efluentes líquidos, o que, além de contribuir para a

minimização da degradação ambiental decorrente das suas atividades, promove

uma melhoria da sua imagem perante a sociedade.

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi apresentar uma proposta de oportunidades para

redução de efluentes líquidos na Unidade de Polietileno da OPP Química S.A.

de Camaçari-BA; com a identificação, quantificação e caracterização de todas as

correntes geradas para eliminar/reduzir ou reusar as mesmas em outros pontos

do processo, minimizando o impacto ambiental e tornando o processo mais

limpo.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A metodologia utilizada nesta revisão foi de pesquisas em livros, acessos a sites

de busca e pesquisa na internet, além de leitura de artigos de jornais e revistas.

Do ponto de vista de PEREIRA (2000), a grande diversidade das atividades

industriais ocasiona durante o processo produtivo a geração de resíduos

líquidos, os quais podem poluir/contaminar o solo e a água, sendo preciso

observar que nem todas as indústrias geram resíduos com poder impactante

nesses ambientes. Em um primeiro momento, é possível imaginar serem simples

os procedimentos e atividades de controle destes resíduos líquidos na indústria.

Todavia, as diferentes composições físicas, químicas e biológicas, as variações

de volumes gerados em relação ao tempo de duração do processo produtivo, a

potencialidade de toxidade e os diversos pontos de geração na mesma unidade

de processamento recomendam que os mesmos sejam caracterizados,

quantificados e tratados adequadamente, antes da disposição final no meio

ambiente.

De acordo com a Norma Brasileira NBR-9800/1987, efluente líquido industrial é

o líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações

de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e

esgoto doméstico.

Ainda, segundo PEREIRA (2000), por muito tempo não existiu a preocupação de

caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus

impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a

conscientização ambiental fazem com que algumas indústrias desenvolvam

atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos resíduos

líquidos industriais. A vazão dos efluentes líquidos industriais é relacionada com

o tempo de funcionamento de cada linha de produção e com as características

do processo, da matéria-prima e dos equipamentos, podendo ser constante ou

variada.

De acordo com AZEVEDO NETTO et al. (1998), a quantificação da vazão do

resíduo líquido industrial pode ser realizada em equipamentos eletro-mecânicos

ou em medidores hidráulicos (Parshall e vertedouros), sendo importante para

verificar se:

a) a vazão é contínua ou intermitente no processo produtivo;

b) é grande a diferença entre os valores mínimo, médio e máximo;

c) existe contribuição indevida, como águas pluviais e esgoto sanitário;

d) há pico localizado de contribuição, especialmente de determinada fase do

processamento;

e) os índices de controle são adequados, como os que relacionam o volume

efluente líquido industrial (m³) com o consumo e custo, de água e de matéria-

prima ou mesmo da quantidade de produto final da empresa.

VON SPERLING (1995) comenta que a vazão de esgotos advinda dos despejos

industriais é função precípua do tipo e porte da indústria, processo, grau de

reciclagem, existência de pré-tratamento, etc. Desta forma, mesmo no caso de

duas indústrias que fabriquem essencialmente o mesmo produto, as vazões de

despejos podem ser bastante diferentes entre si.

As características físicas, químicas e biológicas do efluente líquido industrial são

variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria-

prima utilizada, com a reutilização de água, etc. Com isso, o efluente líquido

pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração, orgânico

ou inorgânico.

Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida estão as

determinações físicas (temperatura, cor, turbidez, sólidos, etc), as químicas (pH,

alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais, etc) e as biológicas (bactérias,

protozoários, vírus, etc).

Uma das determinações mais realizadas é a da matéria orgânica total, que pode

ser biodegradável ou não. Para quantificar as concentrações de matéria

orgânica total e de matéria orgânica biodegradável são realizadas as

determinações da Demanda Química de Oxigênio – DQO e da Demanda

Bioquímica de Oxigênio – DBO5, respectivamente.

Segundo VILLIERS (2000), a água é a força da vida e seu nutriente. No entanto,

os recursos hídricos do planeta a cada dia se tornam mais escassos. Somente

um terço das águas que fluem para o mar é acessível aos homens. Desta

quantidade, a maior parte já foi usada, apropriada e finalmente degradada.

Segundo VALENZUELA (1999), hoje, nossos rios e lagos são o destino final dos

efluentes industriais e do esgoto doméstico, estando seriamente contaminados

com metais pesados e esgotos, que dizimam muitos tipos de vida aquática

benéfica ao homem e também geram um ambiente propício a outras espécies

aquáticas não desejáveis. Esse autor complementa citando que os aqüíferos

freáticos também vêm sendo poluídos através de infiltração, de fossas sépticas,

sumidouros ou reservatórios de águas residuárias industriais, disso resultando

contaminação de pessoas e animais que usam águas subterrâneas.

SCHIANETZ (1999) observa que o problema dos passivos ambientais é uma das

características das sociedades industriais modernas, sendo o resultado de

muitas décadas de produção industrial despreocupada da eliminação dos seus

produtos.

Por outro lado, a consolidação das leis ambientais e a participação da sociedade

aumentam a atuação e o rigor dos órgãos ambientais federal, estadual e

municipal, obrigando que as indústrias modifiquem as interações com o meio

ambiente ou, então, ampliem seu quadro jurídico para enfrentar possíveis

demandas no campo do direito ambiental. Para evitar esse tipo de situação, um

expressivo número de indústrias já implantou, ou está implantando, treinamentos

e auditorias internas para adequar suas atividades às exigências das normas

internacionais da série ISO 14.000.

Na maioria das indústrias é preciso diminuir a carga poluente/contaminantes

(vazão x concentração) lançada nos corpos d’água para atender as

recomendações do CONAMA nº 20/1986. Para isso, uma das medidas é a

redução da vazão do efluente líquido, o que pode ser conseguido alterando o

consumo de água, eliminando as perdas e desperdícios e implementando

medidas para o reuso da água.

AZEVEDO NETTO et al. (1998) comentam que o uso industrial da água pode ser

dividido em 4 (quatro) grandes categorias, que são: água utilizada como matéria-

prima, água usada no processo industrial, água empregada para resfriamento e

água necessária para as instalações sanitárias, refeitórios, etc. O consumo de

água é variável com o tipo de indústria, as técnicas, processos e equipamentos

utilizados nas etapas de processamento, os sistemas de tratamento e com as

recomendações e reaproveitamentos internos.

De acordo com HESPANHOL (2000), os custos elevados da água industrial,

associados às demandas crescentes, têm levado as indústrias a avaliar as

possibilidades internas de reuso e a considerar ofertas das companhias de

saneamento para a compra de efluentes tratados (água de utilidade). O autor

comenta que em algumas áreas da região metropolitana de São Paulo o custo

da água potável e da água de utilidades estão em torno de R$8,00/m3 e

R$2,00/m3, respectivamente.

O reuso de efluentes líquidos na própria indústria pode reduzir o consumo de

água em torres de resfriamento, caldeiras, lavagem de instalações e outros

processos. MOURA (1993) salienta que, em uma indústria farmacêutica, a água

usada para lavagem dos frascos novos (antes da embalagem de remédios) pode

ser aproveitada depois para a lavagem de pisos, descargas de sanitários,

irrigação do gramado e assim por diante. Além das vantagens internas, o reuso

de água também é uma forma de reduzir sua captação de mananciais e diminuir

o volume de efluentes líquidos destinado ao meio ambiente.

Independente do tipo de fornecimento, é preciso incentivar a utilização racional

da água na unidade de processamento, pois a redução no consumo de água

resulta em menor geração de efluentes líquidos industriais, sendo essa uma das

formas de reduzir os custos operacionais e minimizar ou eliminar a

produção/contaminação ambiental.

O reuso de água representa, assim, um instrumento excelente de promoção da

imagem da empresa junto à comunidades e consumidores, de atendimento da

legislação ambiental e uso racional das nascentes, bem como de adaptação

para as mudanças na gestão dos recursos hídricos decorrentes da recém-criada

Agência Nacional de Águas (ANA).

4. DESCRIÇÃO DO PROCESSO INDUSTRIAL

A OPP Química S.A. – Unidade de polietileno de alta densidade, inserida no

Pólo Petroquímico de Camaçari, possui 115 integrantes no seu quadro funcional.

Tendo o eteno como sua principal matéria-prima para produção de polietileno,

consome ainda buteno, ambos fornecidos pela COPENE e hexeno importado da

África do Sul. A água clarificada (AC), água potável (AP), vapor (V42) e energia

elétrica (EE) também são fornecidos pela COPENE. O nitrogênio é fornecido

pela White Martins.

Os efluentes líquidos gerados no processo são enviados para a CETREL para

tratamento e disposição final, e é coletado e escoado na planta através das

redes de efluente orgânico (EFO), efluente inorgânico (EFI), efluente sanitário

(EFS), efluente pluvial (EFP) e efluente pluvial contaminado (EPC).

Esta Unidade de Polietileno possui capacidade de produção de 200.000 t/ano e

utiliza no seu processo produtivo a tecnologia UNIPOL®, desenvolvida pela

Union Carbide (UC), que se caracteriza por ser uma tecnologia flexível,

econômica e, sobretudo, limpa, já que dispensa o uso de solventes orgânicos, o

que eleva os níveis de emanações gasosas para o meio ambiente e geração de

efluentes, comuns a outras tecnologias de produção de polietilenos.

O esquema do processo é mostrado na Figura 1. O processo de polimerização

em fase gasosa tem como principal característica o uso de reator de leito

fluidizado. O reator comporta em seu interior partículas sólidas de polietileno em

crescimento ao redor de partículas de diferentes tipos de catalisador de altíssima

produtividade, fluidificados por uma corrente gasosa contendo eteno,

comonômero (buteno ou hexeno), agente de transferência de cadeia (hidrogênio

ou oxigênio) e inerte (nitrogênio). A mistura gasosa entra no reator pela sua base

impulsionada por um compressor de recirculação, passando por um prato de

distribuição e promovendo a agitação do leito de partículas sólidas comportando-

se no interior do reator como um líquido em ebulição.

Produção de polietileno de alta densidade (PEAD)

M Catalisador

EtilenoHidrogênioNitrogênio

ButenoHexeno

CWR CWSM

SilagemEnsaque

Saco: 25 kgBig Bag: 1,25 t

M

M

Extrusora

Aditivos

PEAD ( Pó )

(Clientes)

PEAD (Pellet)

Figura 1 – Esquema simplificado de produção PEAD da OPP Química S.A. de Camaçari-BA

Certificada pela norma de qualidade ISO 9001, a OPP Química S.A foi a primeira

produtora de resinas do Brasil a ter suas instalações certificadas com base na

norma ISO 14001, pois considera sua relação com o meio ambiente parte

integrante de seus negócios. A empresa está se preparando para obter a

certificação OHSAS 18001, a partir do Sistema de Gerenciamento Integrado

(SGI) de Saúde e Segurança, Meio Ambiente e Qualidade.

5. METODOLOGIA DE TRABALHO

Baseado em estudo de casos, para realização do trabalho de minimização de

efluentes líquidos da OPP Química S.A., Unidade de Polietileno de

Camaçari/BA, através de análise documental, observação de campo e aplicação

de técnicas de produção limpa, foi adotado um programa de ações composto

das seguintes etapas:

- Planejamento para implantação do programa com a elaboração de um

cronograma de implantação, conforme Tabela 1, definido por uma equipe de

trabalho visando cumprimento das metas e seus responsáveis;

- Divulgação do programa na fábrica com o objetivo de conscientizar os

funcionários para contribuírem com idéias que visassem a minimização da

geração de efluentes líquidos;

- Levantamento de dados históricos referentes a consumo de água e geração

de efluentes líquidos gerados;

- Identificação das áreas e equipamentos do processo que recebem

alimentação de água e que geram efluentes líquidos;

- Realização de balanço hídrico atualizado, cujas medições de vazão, nos

pontos onde não existiam sistemas de medição, foram efetuadas da seguinte

forma:

- Por volumetria, com utilização de provetas de 1000 mL e tolerância de ± 10

mL para vazões até 50 L/hora, sendo efetuadas três tomadas de 1 minuto

em dias e horários diferentes;

- Por volumetria, com utilização de provetas de 2000 mL e tolerância de ± 20

mL para vazões entre 50 L/hora e 115 L/hora, sendo efetuadas três

tomadas de 1 minuto em dias e horários diferentes;

- Por gravimetria, com utilização de balde plástico, tarado, e balança

mecânica com precisão de ±1,0%, sendo efetuadas três tomadas de 1

minuto em dias e horários diferentes para vazões superiores a 115 L/hora.

- Estudo de oportunidades de redução, reuso ou reciclo dos efluentes gerados

através da análise de viabilidade das sugestões coletadas junto ao grupo de

operação da planta;

- Apresentação de soluções de casos com estudo de viabilidade técnico -

econômica, que consiste na avaliação dos possíveis impactos ao processo e

cálculo dos custos para a sua implementação;

- Implantação progressiva de todas as propostas aprovadas na análise de

viabilidade técnico – econômica.

dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

1 PLANEJAMENTO

1.1 Aprovação Gerencial do Programa X Samuel / Edilson

1.2 Definição do Cronograma de Trabalho X Samuel / Edilson

1.3 Divulgação do Programa na Fábrica X X X X Samuel / Edilson

2 LEVANTAMENTO DE DADOS

2.1 Histórico de Consumo de Água Clarificada X Sidney / Edna

2.2 Histórico de Geração de Efluentes Líquidos X Sidney / Edna

2.3 Balanço Hídrico - Revisão X X Samuel/Operadores

2.4 Auditoria Hídrica X X Samuel/Operadores

2.5 Coleta e Análise de Sugestões X X X X X Samuel / Edilson

3 APRESENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES X X X X X X X X X Operação/Processo

DE CASOS

4 IMPLEMENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES X X X X X X X X X Todos

LEGENDA :

X PREVISTO

REALIZADO

nov

Tabela 1 - Cronogram

a de Implantação O

PP QU

ÍMIC

A

PeríodoEtapas

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÂOEmpresa : OPP QUÍMICA S.A. - Projeto : MINIMIZAÇÃO DE GERAÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

2000 2001 Responsáveljul ago set out

21

22

6. RESULTADOS

6.1 DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA NA FÁBRICA O programa de minimização de efluentes foi apresentado em palestras,

seminários, debates e reuniões específicas para 115 funcionários da OPP

e 62 funcionários terceirizados, sempre adotando como premissa básica o

slogan “GERAÇÃO CONTÍNUA DE EFLUENTE ZERO”.

O objetivo da divulgação foi conscientizar os funcionários para contribuir

com idéias e teve como resultado a apresentação de 22 sugestões de

melhoria.

6.2 DADOS HISTÓRICOS

Nesta etapa foram levantados dados históricos de consumo de água e

vapor, geração de efluentes líquidos e seus contaminantes, necessários

para servir de referência do estudo. Na Tabela 2 é apresentado um resumo

de dados médios relativos ao ano de 1999 e ao primeiro semestre de 2000.

Tabela 2 – Dados históricos de consumo de água e geração de efluentes

Média Mensal Dados 1999 2000*

Efluente Orgânico (EFO) (m³/mês) 8.216 8.042 11,17 m³/h

Efluente Inorgânico (EFI) (m³/mês) 2.396 2.192 3,04 m³/h

Efluente Sanitário (EFS) (m³/mês) 1.908 1.592 2,21 m³/h

Eflu

ente

s

Total de Efluentes (m³/mês) 12.520 11.826 16,42 m³/h

Índi

ce d

e de

sem

penh

o

Volume de efluentes gerado por unidade de massa de polietileno produzido (m³/t)

0,67 0,69 --------

Água Clarificada (AC) (m³/mês) 33.636 31.471 43,71 m³/h

Água Potável (AP) (m³/mês) 1.947 1.591 2,21 m³/h

Con

sum

o

Vapor de 42Kgf/cm³ (t/mês) 1.902 1.886 2,62 t/h *Dados de jan a jun

Observa-se uma diferença entre o consumo total de água / vapor e a

quantidade total de efluentes gerados, que é devido à evaporação da água

em torres de resfriamento e na seção dos secadores de pellets e emissão

de vapor para a atmosfera nas estações de redução de pressão. Observa-

se também uma redução de consumo de água potável, em conjunto com a

geração de efluente sanitário no ano de 1999 em relação ao ano de 2000,

em função da desmobilização de uma parte do pessoal da fábrica.

A pequena diferença entre os dados médios dos anos 1999 e 2000 em

estudo revela a estabilidade das variáveis pesquisadas, conferindo

consistência para comparação da situação atual com a situação proposta

após as implementações, conforme apresentado posteriormente.

6.3 BALANÇO HÍDRICO Foi efetuado por uma equipe multidisciplinar uma auditoria hídrica sob a

forma de visitas a todas as áreas da planta com o intuito de identificar,

quantificar e caracterizar os pontos de consumo de água e geração de

efluentes para comparação com os dados de projeto, mapeamento da rede

de efluentes e balanço hídrico até então existentes, e para verificar se não

existia algum tipo de infiltração para o solo. Foram efetuadas medições

para quantificação do consumo de água e da geração de efluentes líquidos

em todos os pontos do processo onde foram identificadas possibilidade de

redução da geração.

Essa auditoria identificou a necessidade de um remapeamento da rede,

bem como da realização de um novo balanço hídrico a fim de adequá-los

às atuais condições de operação da planta e a constatação da integridade

das redes coletoras e direcionadoras dos efluentes orgânico, inorgânico,

sanitário e pluvial contaminado quanto à existência de algum ponto de

vazamento.

Foi efetuado um remapeamento da rede de efluentes líquidos gerados na

OPP, conforme Figura 2, onde podemos observar 16 áreas que geram

efluentes líquidos, cada uma com a lista dos equipamentos que contribuem

para a formação dos efluentes. A rede de efluentes da OPP-PE possui 5

tipos de linhas coletoras: orgânico, inorgânico, pluvial, pluvial contaminado

e sanitário.

Os efluentes orgânicos são representados pela linha preta cheia e são

gerados em quase todas as áreas, exceto na torre de resfriamento,

subestações e ADRI (Área de Disposição de Resíduos Industriais), num

total de 62 pontos, que são direcionados para a bacia de emergência da

estação de tratamento de efluentes, passa por um separador de óleo, é

monitorado através de amostragem e análises, passa por uma estação de

medição e é enviado para a CETREL.

Os efluentes inorgânicos, representados pela linha pontilhada, são gerados

apenas na torre de resfriamento, na área de utilidades, passam pela

estação de medição e são enviados para o riacho Bandeira (riacho

monitorado pelo CETREL).

Os efluentes pluviais, representados pela linha traço-pontilhada, são

gerados por água de chuva (coletada de telhados dos prédios e de áreas

isentas de contato eventual com produtos utilizados no processo industrial)

e direcionados para o riacho Bandeira (riacho monitorado pela CETREL).

Os efluentes pluviais contaminados, representados pela linha laranja, são

gerados por água de chuva coletada nas canaletas perimetrais de 10

áreas, são recolhidos em uma caixa de passagem e daí direcionados para

a bacia de emergência, sendo integrado à rede de efluente orgânico. Após

30 minutos de chuva (tempo necessário para garantir a limpeza da rede de

qualquer material orgânico) é efetuado um alinhamento manual dessa

caixa de passagem para a rede de efluente pluvial.

O efluente sanitário, representado pela linha tracejada, é gerado nos

prédios, sanitários e refeitório da fábrica e é enviado para a CETREL.

Efluente Pluvial Efluente Sanitário Efluente Orgânico Efluente Inorgânico Efl. Pluvial Contaminado

L e g e n d a

Figura 2 - Fluxograma da rede de efluentes líquidos da O

PP Quím

ica S.A

. de Cam

açari-BA

-Caixa da moega-Telhado sudoeste do Armazém

Armazém

Armazém-Carregamento de prod. ensacado

-Almoxarifado a céu aberto-Laboratório-Central de ar condicionado

Oficinas / Laboratório

-Oficina-Sala de baterias (No-break)- Laje da sala de baterias (pátio do transformador)

Separador de grãnulos

Gerador a diesel

Gerador

-Cobertura do Secador centrífugo-Sistema de lubrificação da Gear-pump-Sistema hidráulico da diverter / troca de filtro-Poço do elevador-Canaleta de contorno da área-Drenagem da capela-Sistema de aditivo líquido- " de lubrif. da extrusora-1- " hidráulico do Slot-S-6211 (alimentador de pó))-Árvore de aliment. de CW /SM p/ as zonas da extrusora- D-6202 (silo de produto)-G-7012 / 7013 (bombas)-K-7019 (soprador)-D-7008 (tanque de água)

Granulação - 1-Cobertura do Secador centrífugo-Drenagem da capela-Drenagem da laje e pisos.

-Canaleta de contorno da área-C-6001 (vaso coletor de condensado)-Sistema de lubrif. da extrusora-2- " hidráulico do Slot- " " da diverter / troca de filtro- S-6511 (alimentador de pó)-Árvore de aliment. de CW /SM p/ as zonas-D-6202 (silo de produto)-G-7312 / 7313 (bombas)-K-7319 (soprador)-D-7308 (tanque de água)-Purgador do header de SM-15

Granulação - 2

-Drenagem do pátio dos transformadores

Sub-estação

-Canaleta no fundo da casa dos sopradores

-Sopradores-Canaletas dos silos de recebimento, silos grandes e canaleta central-C-8572 (tanque de água de lav. dos silos)-K-8539 (soprador)

Silagem-Canaletas laterais da área

-Sistemas de lubrificação / selagem do K-4X03 (compressor)-Dreno da árvore de alimentação de C2

-G-4X04 (bomba)-E-4X02 (trocador)

Reação

-UCAT-J-Purgador do header de SM-3

Caixa decontenção

-Drenos do vaso de selagem hidráulica

Flare-Canaletas dos equi pamentos e contorno da área

Aliment. de T2

Baciade queima

-Compressores de ar-Tq. pulmão

Ar comprimido

-Drenagem da área de descarga de carretas-Dique dos tanques de MP-Bombas de transferência

Estocagem de mat. primas

-Canaletas-Casa de óleo de lubrificação

A D R I

Caixa deóleo

Cx. de contenção

C X C - 0 9

B a c i a

d e

Emergência

Separadorde

Óleo

Tanquede

Óleo

Medição

Medição

C e t r e l

Riacho Bandeira

Efluente Sanitário

Efluente Pluvial

-G-6107/6108/6109-G-6110-G-6103/6104-G-6105/6113-G-6301/6302/6303 (bombas)

Utilidades-TR-6304 (torre de resfriamento)- Drenagem da casa de produtos de tratamento de água de resfriamento

-Drenagem do pátio dos transformadores

Sub-estação

-Canaleta de contorno das áreas-Purgadores dos header´s de SM-42/15/8.- " " 4 trocadores da área-K-1102 / 1122 (compressores)-Purgador do E-1108 (trocador)-Purgador de Sm-15 para o Vent-stack-G-1002/1014 (bombas)-Dreno do Vent-stack-Sistema de refrigeração de gases (Sabroe)-K-5206/5506 (compressores)-G-5X13/5X15 (bombas)-G-5221 (bomba)-C-2111 (coluna de purificação)-PSV's de CW S dos E-5X08 (trocador)

Purificação / Recuperação de gases

Separador de grãnulos Separador

de grãnulos

Separador de

grãnulos

25

26

Também, como resultado da auditoria hídrica, foi realizado um novo

balanço hídrico da unidade, apresentado na Figura 3, a partir dos dados de

projeto existentes e medições de vazões de alimentação e de consumo de

água clarificada, água potável e vapor e medições de vazões de efluentes

gerados.

Pode-se observar na Figura 3 que o balanço hídrico foi desenvolvido com

bastante detalhamento, apresentando dados de vazões dos principais

pontos de consumo de água clarificada (indicado pelas linhas verde -

claro), água potável (indicado pelas linhas azul – escuro) e vapor (indicado

pelas linhas cinza), bem como de geração dos efluentes orgânicos

(indicado pela linha vermelha), efluentes inorgânicos (indicado pela linha

verde – escuro), efluentes pluviais contaminados (indicado pelas linhas

laranja), efluentes pluviais (indicado pela linha azul – claro) e efluentes

sanitários (indicado pela linha marrom).

Este balanço hídrico foi útil para fechar o balanço de massa de entradas de

água e saídas de efluentes aquosos, líquidos e gasosos. Os dados

contidos no balanço hídrico juntamente com os dados históricos do 1º

semestre de 2000 foram utilizados como referência para o estudo de

oportunidades de redução e reuso dos efluentes.

F ig u ra 3 - B a la n ç o H íd r ic o d a O P P Q u ím ic a S .A . d e C a m a ç a ri-B A V a lo re s e x p re s s o s e m m ³/h

E v a p o ra ç ã o P ro c e s s o A rra s te2 2 ,3 3 2 0 3 1 ,0 0 1 ,1 0

A g u a C la rif. C O P E N E T o rre d e re s fr ia m e n to4 3 ,6 0 2 6 ,5 2 3 ,0 9

R e g a d u ra0 ,6 7

T o rre s a lp in a / e v a p o ra ç ã o3 ,9 0

1 ,6 0

T e s te d e h id ra n te s A tm o s fe rae o u tro s 0 ,1 0 1 2 ,4 1 1 0 ,8 1 0 ,2 0

V a p o r 4 2 C O P E N E C o n d e n s a d o2 ,6 0 2 ,4 0 0 ,2 5

P ro c e s s o2 ,1 5

E flu e n te p lu v ia l c o n t. 0 ,0 5 E flu e n te o rg â n ic o1 1 ,1 1

A g u a P o ta v é l C O P E N E E flu e n te s a n itá r io2 ,2 0 2 ,2 0 2 ,2 0

Á g u a d e c h u v a sE flu e n te p lu v ia l

S a n itá r io s , c h u v e iro s , re fe itó r io

E flu e n te In o rg â n ic o

R ia c h o B a n d e ira

A p ó s 3 0 m in . d e c h u va

C E T R E L E s ta ç õ e s d e s e rv iç o /

P ro c e s s o

E v a p o ra ç ã o / S e c a d o re s d e p e lle ts

A q u e c im e n to d e e q u ip a m e n to s

(M o n ito ra d o p e la C E T R E L )

27

28

6.4 ESTUDOS DE CASOS As idéias apresentadas na fase de coleta de sugestões, conforme

mencionado no cronograma de implantação, tiveram como colaboradores

os operadores de processos e supervisores de produção cuja maioria com

vasta experiência em plantas químicas e petroquímicas. Para todas as

sugestões acolhidas, num total de vinte e duas, foi efetuado estudo de

viabilidade técnico-operacional-econômica pelo corpo técnico da empresa

(engenharia de processo, manutenção e projetos e técnico operacional). As

idéias aprovadas para serem implantadas estão descritas a seguir na forma

de treze estudos de casos.

Para cálculo da taxa de retorno de investimento das modificações de

processo em cada estudo de caso foi tomado como base os seguintes

valores cobrados pela CETREL para tratamento dos efluentes líquidos

enviados e pela COPENE para o fornecimento de água:

- Efluente orgânico (EFO) = R$ 0,20 / m³;

- Efluente inorgânico (EFI) = R$ 1,75 / m³.

- Água clarificada (AC) = R$ 0,57 / m³

- Água potável (AP) = R$ 1,44 / m³.

A taxa de retorno de investimento para cada caso foi obtida através da

seguinte equação: T = C ÷ (P × V), onde:

- T é a taxa de retorno de investimento;

- C é o custo das modificações / implementações;

- P é o preço de tratamento dos efluentes ou de fornecimento de água;

- V é o volume mensal de redução da geração de efluente ou de redução

do consumo de água.

Caso 1 – Alimentação da torre de resfriamento

Problema: Elevada perda de água para o efluente inorgânico (EFI) em

função da transferência de água com elevados teores de sólidos

suspensos para a torre de resfriamento, resultantes do projeto original do

sistema, mostrado na Figura 4. Este projeto prevê a alimentação para a

torre de resfriamento a partir do tanque de água de processo / incêndio,

alimentado com água clarificada (AC) da COPENE, que por sua

concepção, acumula muitos sólidos suspensos. A partida das bombas de

combate a incêndio suspende os sólidos depositados no fundo do tanque.

Como esta água é transferida para a torre, torna-se necessário o aumento

da purga do sistema “blow down” para manter os padrões de qualidade da

água.

Figura 4 – Sistema de alimentação da torre de resfriamento

Solução: Alteração do layout de alimentação da torre de resfriamento,

passando a ser diretamente da COPENE, suprimindo a alimentação a partir

do tanque de água de processo / incêndio, conforme Figura 5.

Água clarificada (processo e incêndio)

AC COPENE

Sólidos decantados

AC COPENE

Água clarificada (processo e incêndio)

Vol. total = 5000 m³

Torre de resfriamento Água clarificada

(processo)

Água clarificada (incêndio)

Alteração

Sólidos decantados

Vol. total = 5000 m³

Torre de resfriamento

Água clarificada (incêndio)

Água clarificada (processo)

Figura 5 – Sistema de alimentação da torre de resfriamento com alteração do layout

A partir do alinhamento proposto, a água de alimentação da torre será de

melhor qualidade, o que reduzirá o custo com o tratamento da mesma

devido à elevação do ciclo de concentração propiciado pela redução da

purga, que culminará em redução significativa da geração de efluente

inorgânico (EFI).

Investimento / resultado

Custo : R$ 13.000,00

Retorno : 3,5 meses

Ganho : Redução da geração do efluente inorgânico (EFI) de 1.548

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 2 – Retrolavagem do filtro lateral da torre de resfriamento

Problema: Elevada geração de efluente inorgânico (EFI) em função do

procedimento de retrolavagem (acionamento de válvulas de atuação

manual) para limpeza do filtro lateral da torre (filtro para remoção de sólidos

em suspensão e cloretos insolúveis), necessitando da presença do

operador durante toda a manobra.

Solução: Modificação do sistema com instalação de válvulas automáticas

em substituição às manuais (indicadas pelas setas na figura 6), acionadas

por PLC.

Com a modificação proposta, ocorrerá uma redução na geração de efluente

inorgânico (EFI), pois a operação automática conferirá eficiência máxima

ao procedimento de retrolavagem.

Figura 6 – Sistema de retrolavagem do filtro lateral da torre de resfriamento

Investimento / resultado

Custo : R$ 24.000,00

Retorno : 26 meses

Ganho : Redução da geração de efluente inorgânico (EFI) de 401,10

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de AC.

Caso 3 – Resfriamento das zonas das extrusoras

Problema: Freqüente obstrução dos canais de circulação de água de

resfriamento nas camisas das zonas das extrusoras, provocado por

incrustação em função da concentração de sais na água de resfriamento,

associada a baixas vazões e altas temperaturas de operação. A baixa

eficiência de troca térmica leva à necessidade de resfriamento adicional

externo (uso de mangueiras), o que leva à geração de uma quantidade

elevada de efluente para a rede de efluente orgânico (EFO), conforme

observado na Figura 7.

Figura 7 – Resfriamento externo das zonas das extrusoras

Solução: Instalação de um sistema de resfriamento fechado para as

camisas das zonas das extrusoras com utilização de um inventário inicial

com água desmineralizada e make-up com excesso de condensado

proveniente do vaso coletor de condensado de vapor.

A implementação deste sistema representará, além da solução definitiva

para a deficiência de troca térmica, uma enorme redução do volume de

efluente lançado na rede de efluente orgânico (EFO), por se tratar da

eliminação de uma fonte potencial e contribuindo igualmente na redução do

consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : R$ 200.000,00

Retorno : 28 anos

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 768,00

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 4 – Nível dos tanques de água de transporte de produto acabado

Problema: O transporte de produto acabado das extrusoras para os

secadores de pellets é feito com água de transporte hidráulico proveniente

de dois tanques de armazenamento desta água (D-7X08). A alimentação

destes tanques, conforme o projeto original e representado pela Figura 8, é

composta por duas correntes:

- A primeira é proveniente do vaso coletor de condensado de vapor da

planta (insuficiente para manutenção do nível de operação);

- A segunda é proveniente de complemento de água clarificada para

manutenção do nível do tanque, com controle manual, o que provoca a

ocorrência de transbordamentos, elevando o volume de efluente

orgânico (EFO) gerado.

D-7308 D-7008 C-6001 (Tanque

coletor de condensado)

Condensado de vapor da

planta

Água clarificada (processo)

Figura 8 – Alimentação dos tanques de água de transporte de produto acabado

Solução: Instalação de um sistema de medição e controle automático de

nível nos dois tanques de água de transporte hidráulico com alimentação

comum de água clarificada (AC) e de condensado do tanque coletor de

condensado de vapor. Prevendo a elevação do nível do tanque coletor de

condensado durante fases de baixo consumo, promover o direcionamento

do condensado em excesso para o sistema fechado de resfriamento das

zonas das extrusoras ou para a torre de resfriamento. Consistindo este

último na instalação de uma válvula on-off atuada pelos alarmes de níveis

alto / baixo do tanque coletor de condensado. As modificações propostas

estão destacadas em vermelho na Figura 9 a seguir.

Válvula on-off

Condensado de vapor da planta

Água clarificada (processo)

D-7308 D-7008

C-6001 (Tanque coletor de condensado)

Válvula bóia

Torre de resfriamento ou sistema fechado de resfriamento das extrusoras

Figura 9 – Alimentação dos tanques de água de transporte de produto acabado com as mudanças propostas

Situações de controle:

- Complemento do nível do tanque de água de transporte hidráulico;

- Controle do nível do tanque coletor de condensado. Quando o nível

estiver alto, direcionamento para a torre de resfriamento.

Como resultados das alterações sugeridas, os tanques de água de

transporte hidráulico não mais transbordarão e consequentemente ocorrerá

eliminação da geração de efluente orgânico (EFO) neste sistema e redução

do consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : R$ 2.000,00

Retorno : 1,8 meses

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 1.440,00

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 5 – Aquecedores das colunas degaseificadoras de comonômero

Problema: Atualmente o condensado gerado nos refervedores das colunas

degaseificadoras de comonômero, é direcionado para a rede de efluente

orgânico (EFO) em função da deficiência operacional das bombas de

condensado.

Solução: Transferir este condensado para o vaso coletor de condensado

de vapor. Para efetivar este projeto, será necessário elevar a pressão de

alimentação de vapor para os aquecedores de 8 kgf/cm2 para 15 kgf/cm2 a

fim de garantir a operacionalidade das bombas.

Isto representará a redução do volume de efluente orgânico (EFO) pela

eliminação de mais uma fonte de geração, e, redução do consumo de água

clarificada (AC), visto que o vaso de condensado supre os tanques de água

de transporte hidráulico das extrusoras.

Investimento / resultado

Custo : R$ 2.500,00

Retorno : 15 meses

Ganho: Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 216,00

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 6 – Engaxetamento das bombas de água

Problema: As bombas necessitam de selagem para evitar vazamento do

fluido bombeado pela conexão entre o eixo de acionamento e o seu corpo.

No sistema de selagem por engaxetamento, as gaxetas tanto isolam o

fluido do ambiente, como também evitam o contato entre o eixo de

acionamento e o corpo da bomba. A fim de evitar o superaquecimento da

gaxeta e das partes fixa e rotativa faz-se necessária a adoção de um

sistema de lubrificação e resfriamento, que nas bombas de água é feito

com a própria água através de um pequeno gotejamento pela gaxeta. Com

o tempo ocorrem o desgaste e o ressecamento do material transformando

o pequeno gotejamento em um vazamento. Como por exemplo, o

vazamento em uma das bombas de água da unidade indicado na Figura 10

a seguir.

Figura 10 – Vazamento de água pelo engaxetamento de uma bomba da unidade

Solução: Substituição das gaxetas de teflon por gaxetas pastosas

injetáveis identificadas em pesquisas por novas tecnologias. Estas gaxetas,

pela constituição do seu material, além de garantir a selagem, não

necessitam de gotejamento para lubrificação.

A adoção desta nova tecnologia de engaxetamento promoverá a

eliminação de vazamentos em gaxetas nas 18 (dezoito) bombas de água

instaladas na unidade. Isto representará um impacto significativo na

redução da geração de efluentes orgânicos (EFO), e consequente redução

do consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : R$ 16.000,00

Retorno : 20,5 meses

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 960 m³/mês, e

redução respectivamente de 50,00 m³/mês e 910,00 m³/mês, nos

consumos de água potável (AP) e água clarificada (AC).

Caso 7 – Caixa de passagem da rede de efluente pluvial contaminado

Problema: A rede de efluente pluvial contaminado (EPC) é composta pelas

canaletas perimetrais das áreas industriais e uma caixa de passagem com

válvula de acionamento manual possibilitando o seu alinhamento para a

rede de efluente orgânico (EFO), que é o alinhamento normal, ou para a

rede de efluente pluvial (EFP), após 30 minutos de chuva, executado por

um operador. Como a válvula tem acionamento manual, podem ocorrer

alinhamentos indevidos ocasionados por falha humana.

Solução: Acionamento automático da válvula pelo painel de controle com

indicação de posição da válvula (para a rede de efluente orgânico (EFO) ou

para a rede de efluente pluvial (EFP)).

Com esta modificação tanto se garante o alinhamento padrão para a rede

de efluente orgânico (EFO), como também se evita a elevação indevida do

volume deste durante as chuvas.

Investimento / resultado

Custo : R$ 6.000,00

Retorno : Não existe

Ganho : Garantia de atendimento à legislação e redução da geração de

efluente orgânico (EFO) de 14,40 m³/mês.

Caso 8 – Bacia de emergência

Problema: A bacia de emergência da rede de efluentes orgânicos (EFO),

pela sua localização no ponto mais baixo da fábrica e não ter isolamento,

recebe indevidamente efluente pluvial de água das chuvas possibilitado

pela topografia do terreno circunvizinho.

A bacia encontra-se retratada na Figura 11 a seguir.

Figura 11 – Bacia de emergência da rede de efluentes orgânicos

Solução: Construção de uma mureta isolando a bacia de efluentes

orgânicos do terreno circunvizinho evitando a entrada de água das chuvas.

Investimento / resultado

Custo : R$ 600,00

Retorno : 3,2 anos

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 80,00 m³/mês.

Caso 9 – Refrigeração das células de carga (S-6X11)

Problema: A água utilizada no resfriamento das células de carga das

alimentadoras de resina (S-6X11) para as extrusoras é direcionada para a

rede de efluente orgânico (EFO). Sistema de uma das células mostrado na

Figura 12 a seguir.

Figura 12 – Sistema de resfriamento das células de carga das alimentadoras de resina

Solução: Substituição da água de resfriamento utilizada atualmente (da

torre de resfriamento) por água desmineralizada do sistema fechado de

resfriamento das zonas das extrusoras.

Isto representará a eliminação de mais um ponto de geração de efluente

com conseqüente redução do volume de efluente orgânico (EFO) e

redução do consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : R$ 1.200,00

Retorno : 28 meses

Ganho: Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 56,00 m³/mês,

com igual valor correspondente na redução do consumo de água clarificada

(AC).

Caso 10 – Lavagem dos silos de produto acabado

Problema: O procedimento operacional de lavagem dos silos de produto

acabado ocorre quando há necessidade de acondicionar um produto

diferente, sem considerar as implicações decorrentes das diferenças entre

as propriedades.

Solução: Modificação do procedimento substituindo as lavagens dos silos

por sopragem com ar seguida da coleta dos resíduos (finos e pellets de

polietileno) e prescrição de lavagem apenas nas alternâncias entre

produtos cujas diferenças de propriedades impliquem em geração de

produto não conforme, o que ocorre apenas eventualmente.

Isto cessará quase que totalmente a geração de efluente orgânico (EFO)

na área de silagem e redução no consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : Zero

Retorno : Economia mensal e imediata de R$ 1.757,45.

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 2.282,40

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 11 –Nível da selagem do flare

Problema: Controle do nível da água de selagem do sistema de tocha

muito instável implicando na necessidade de transbordamento contínuo a

fim de garantir a operacionalidade do equipamento.

Solução: Modificação da malha do transmissor de nível e promoção de

sintonia para ajuste do sistema de controle automático.

O sucesso desta ação resultará em redução da geração de efluente

orgânico (EFO) por eliminação de mais uma fonte, bem como redução do

consumo de água clarificada (AC).

Investimento / resultado

Custo : R$ 1.700,00

Retorno :3 meses

Ganho : Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 720,00

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 12 – Lavagem do piso da área industrial

Problema: A lavagem diária dos pisos da área industrial é feita com água

clarificada (AC), a qual apresenta baixa pressão e volume excessivo.

Condições estas, que desfavorecem este tipo de aplicação, que necessita

de altas pressões e baixo volume para deslocar os resíduos.

Solução: Aquisição de máquina de água pressurizada tipo lava-jato para o

serviço e alteração da freqüência das lavagens para duas vezes por

semana.

Investimento / resultado

Custo : R$ 5.500,00

Retorno : 8,0 meses

Ganho: Redução da geração de efluente orgânico (EFO) de 813,60

m³/mês, com igual valor correspondente na redução do consumo de água

clarificada (AC).

Caso 13 – Torneiras dos sanitários

Problema: Geração excessiva de efluentes nos sanitários pelo tipo de

torneira utilizada (acionadas manualmente para abertura e fechamento).

Solução: Substituição das válvulas dos lavatórios e mictórios por válvulas

automáticas com fechamento temporizado para todos os sanitários da

fábrica.

Isto resultará numa redução do consumo de água potável (AP), com

consequente redução na geração de efluente sanitário (EFS).

Investimento / resultado

Custo : R$ 14.000,00

Retorno :24,5 meses

Ganho: Redução da geração de efluente sanitário (EFS) de 348,00 m³/mês,

com igual valor correspondente na redução do consumo de água potável

(AP).

6.5 IMPLEMENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES O programa de implantação das propostas é apresentado na Tabela 3.

Inicialmente foram implementadas, as soluções que demonstravam

simplicidade e baixo nível de investimento.

TABELA 3 – Status das Soluções implementadas até dez/01. REDUÇÃO NA

GERAÇÃO TOTAL

C A

S O

S O L U Ç Ã O

GER

AÇÃO

N

O P

ON

TO

(m³/h

)

(m³/h) %

T I P

O REDUÇÃO

NO CONSUMO

(m³/h) T I P

O

CONDIÇÃO ATUAL

1 Alteração de layout para tanque de água 2,15 2,15 69,5 EFI 2,15 AC Implementado

2 Automatização de válvulas acionadas por PLC p/filtro 0,94 0,56 18,0 EFI 0,56 AC Aguardando liberação de investimento

3 Sistema fechado de resfriamento para as extrusoras 1,07 1,07 9,6 EFO 1,07 AC Aguardando liberação de investimento

4 Instalação de sistema de controle automático p/ D-7x08 2,00 2,00 18,0 EFO 2,00 AC Implementado

5 Alteração de pressão para bombas de condensado. 0,30 0,30 2,7 EFO 0,30 AC Aguardando novo estudo de dimensionamento

0,07 AP6 Nova tecnologia de engaxetamento para bombas. 1,33 1,33 12,0 EFO

1,26 ACImplementado

7 Automatização de válvula de desvio da caixa 9 0,05 0,02 0,2 EFO - - Implementado

8 Construção de mureta de isolamento para a bacia. 0,11 0,11 1,0 EFO - - Implementado

9 Substituição da água das células. 0,08 0,08 0,7 EFO 0,08 AC Aguardando solução do caso 3

10 Modificação de procedimento de lavagem dos silos. 3,43 3,17 28,5 EFO 3,17 AC Implementado

11 Modificação e sintonia de controle do nível do flare. 1,00 1,00 9,0 EFO 1,00 AC Implementado

12 Modificação de procedimento de lavagem dos pisos. 1,19 1,13 10,2 EFO 1,13 AC Implementado

13 Aquisição e substituição de válvulas sanitárias automáticas 0,69 0,48 22,0 EFS 0,48 AC Aguardando liberação de investimento

42

43

A seguir, registros fotográficos de alguns pontos de soluções de casos

implementados, conforme Figura 13.

Mureta da baciade emergência

Engaxetamento

injetado

Caso 8 Caso 6

Automatização doalinhamento do efluente

pluvial contaminado

Transmissor de nível dotanque de água de transportede produto acabado

Caso 7 Caso 4

Figura 13 – Registro fotográfico de alguns casos ( casos 4, 6, 7 e 8) já implementados

Os resultados obtidos até o final de 2001 com as soluções parcialmente

implementadas refletem os objetivos inicialmente previstos para a redução da

geração de efluentes líquidos, os quais podem ser observados nas Figuras 14 e 15.

12.520 11.660

3.978 2001 4021

Figura 14 - Geração Média Mensal de Efluentes Líquidos OPP-

[Fonte: Lima e Santos, 2001]

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1999 2000 2001

Média Mensal de Efluentes Líquidos (m³/mês)

Figura 15 - Tendência da Geração de Efluentes Líquidos(Inorgânico e Orgânico) da OPP-PE

[Fonte: Lima e Santos, 2001]

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

jan/00 abr/00 jul/00 out/00 jan/01 abr/01 jul/01 out/01Inorgânico Orgânico

Vazão de Efluentes Líquidos (m³) - 2000-2001

Em paralelo à redução da geração de efluentes líquidos, observou-se um outro

impacto positivo quanto à qualidade da composição do efluente orgânico (EFO),

conforme visto na Figura 16. Pode-se observar uma redução de 71% na carga

mássica (kg) de demanda bioquímica de oxigênio e 86% de redução na carga

mássica (kg) de materiais em suspensão, em decorrência de maior cuidado dos

operadores e técnicos de manutenção com a questão da geração de volume dos

efluentes líquidos, comprovando uma mudança de cultura com relação à

minimização de resíduos líquidos.

[Fonte: Lima e Santos, 2001]

Figura 16 - Qualidade da demanda bioquímica de oxigênio e materiais emsuspensão no Efluente Orgânico (EFO) OPP-PE

Carga Orgânica (kg)

0

50

100

150

200

250

300

350

2000 2001

(Kg)

D B OM S

Além da redução da carga orgânica, decorrente da redução do volume dos efluentes

gerados, outro impacto positivo relacionado à qualidade da composição do efluente

orgânico (EFO), foi a redução das concentrações orgânicas (mg/l) conforme visto na

Figura 17, onde observa-se uma redução de 13% na concentração da demanda

bioquímica de oxigênio e 60% de redução na concentração de materiais em

suspensão, atestando a extensão do programa à toda área da fábrica, com foco no

processo produtivo.

#

Figura 17 – Concentrações da demanda bioquímica de oxigênio et i imateriais em suspensão no Efluente Orgânico (EFO) OPP-PE

Concentração Orgânica (mg/l)

0

5

10

15

20

25

30

2000 2001

(mg/l)DBOMS

Foi avaliado também o índice de efluente gerado por unidade de produto final produzido (m3 de efluente / tonelada de polietileno) conforme apresentado na Figura 18. Neste caso, observa-se uma redução neste índice de 68%.

Figura 18 - Índice dd

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

m³/t

19

Índice de Efluentes Líquidos

0,743

e Efluentes Líquide efluente / tonela

99 20

0,752

[Fonte:

os por unidade dda de polietileno)

00 20

0,244

Lima e Santos, 2001]

e produto final (m³

01

7. CONCLUSÕES

No programa de minimização de efluentes líquidos proposto na OPP Química

S.A. - Unidade de Polietileno de Camaçari-BA foram propostos13 estudos de

casos com suas respectivas soluções, 8 das quais já implementadas e que

culminaram numa redução de 66% da geração de efluentes líquidos até o final

de 2001 com relação ao primeiro semestre de 2000. Foi constatado ser possível

a obtenção de 80% de redução da geração de efluentes líquidos industriais com

a implementação de todas as propostas.

A divulgação do programa para todos os operadores levou à participação na

geração de idéias simples para minimização de efluentes e também apresentou

como benefício o aumento da consciência e elevação da difusão da cultura

ambiental entre os funcionários da empresa com relação à minimização da

geração não apenas de efluentes líquidos como também de resíduos sólidos e

gasosos, sendo o trabalho considerado pelos mesmos como algo inovador e

gratificante pela oportunidade dada a todos de contribuir na empresa para a

melhoria do meio ambiente.

Tendo em vista a escassez de água como insumo e as crescentes exigências

em relação à quantidade dos efluentes líquidos gerados e dos altos custos

aplicados no seu tratamento, a metodologia aplicada, associada às técnicas de

produção limpa, demonstra ser viável para utilização na indústria de produção de

polietilenos com benefícios econômicos e ambientais.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AZEVEDO NETTO, Martiniano de et al. Manual de Hidráulica, 8ª edição. Editora Edgard Blucher, São Paulo, 1998.

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SCHIANETZ, Bosan. Passivos Ambientais: Levantamento Histórico, Avaliação de Periculosidade e Ações de Recuperação. SENAI. Curitiba. 1999.

HESPANHOL, Ivanildo. Reuso de Água: Uma alternativa Viável. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente. Volume 11, nº 18, Rio de Janeiro, 2001.

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MUSTAFA, G. S, Reutilização de Efluentes Líquidos em Indústria Petroquímica. Dissertação da Tese de Mestrado, Universidade Federal da Bahia, 1998.

NBR 9800 – ABNT. Critérios para lançamento de efluentes industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1997.

NBR 9896 – ABNT, Glossário de Poluição das Águas, agosto de 1993.

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Resolução nº 20/CONAMA de 18 de junho de 1986, DOU de 30/07/1986.

VALENZUELA, Júlio. Tratamento de Efluentes em Indústrias Galvanotécnicas. Editora Páginas & Letras. Guarulhos, 1999.

VILLIERS, Marq de, Água. Editora Ediouro Publicações S.A, Rio de Janeiro, 2000.

VON SPERLING, Marcos. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. DESA/UFMG, Belo Horizonte, 1995.

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