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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
PRATICANDO O ATLETISMO DE FORMA LÚDICA
Genário Mendes de Oliveira1
Luís Sérgio Peres2
RESUMO: Uma das possibilidades de trabalhar o atletismo de forma lúdica para despertar o gosto pelo conteúdo, reside no atletismo escolar, tendo em vista sua diversificação de atividades, as quais desenvolvem o adolescente de forma completa. Sabemos que o atletismo é a base de todos os esportes e, praticá-lo proporciona diversos benefícios, principalmente no que se refere à saúde, autonomia e aquisição de habilidades motoras, como corridas, equilíbrio estático e dinâmico, giros, lançamentos, saltos, que serão utilizados no decorrer de outras práticas esportivas. Assim, o objetivo geral deste estudo foi oportunizar a prática do atletismo de forma lúdica e atraente através do miniatletismo. Objetivou-se abranger um grande número de alunos para a prática, assim como trabalhar formas de movimentos básicos e variados, garantindo que não só as crianças mais fortes e velozes têm contribuições para um bom resultado, mas também os demais de biótipos menos favoráveis à prática desse esporte. Assim sendo, foram priorizadas atividades que estimulem as crianças a usar sua energia a fim de preservar a saúde a longo prazo, bem como propiciar, um ambiente de ludicidade, contribuindo, deste modo, para a interação social e aceitação de suas diferenças. A população para o estudo foi composta por 90 alunos do 8º ano do Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva de Toledo-Pr. As estratégias de ação para o desenvolvimento das atividades foi a formação de grupos mistos para análise e confecção de materiais a ser utilizados nas atividades - o desenvolvimento de provas de corridas, como velocidade, barreira, revezamento e resistência, salto em distância e lançamento de dardo e disco. Para obtermos as conclusões do presente estudo, foi realizada uma análise de conhecimento inicial e posterior da atividade, bem como pareceres dos alunos referentes à intervenção pedagógica.
Palavras Chave: Miniatletismo, ludicidade, participação, competição, respeito.
1. INTRODUÇÃO
No nosso dia a dia na escola, encontramos diversas situações que nos
levam a reflexões, como o caso de alunos comentando que o atletismo é um esporte
“sem graça”; que nos jogos escolares, na fase municipal, não há essa modalidade
para disputar; que não ocorre nenhuma competição em nível municipal para
descobrir novos talentos; que pouco ou quase nada de investimento financeiro
ocorre na modalidade; que professores de Educação Física reclamam que não
1 Professor da Rede Estadual de Ensino, núcleo de Toledo, pertencente ao grupo do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, turma 2014/2015.
2 Professor Doutor da Unioeste – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Curso de Educação Física junto ao
Campus de Marechal Cândido Rondon – PR, Orientador.
conseguem trabalhar o conteúdo de atletismo por falta de espaço, estrutura e
material, e muitas outras situações.
Situações estas que nos levam a ter uma certeza, clara e notória de que, na
maioria das escolas, a prática do atletismo foi deixada de lado, pela dificuldade em
realizar as atividades. Hoje em dia torna-se quase impossível realizar provas de
atletismo na rua, devido ao crescimento populacional e, consequentemente, o
automotivo, cujo fluxo é intenso.
Neste sentido, ao analisar o conteúdo “atletismo”, no colégio Ayrton Senna,
no município de Toledo – Pr, verificou-se que nos últimos cinco anos foram
utilizados, na maioria das vezes, vídeos e livros e nos limitamos apenas em levar os
alunos a um campo de futebol para realizar algumas provas. Isso pode explicar a
apatia dos alunos com o conteúdo, já que somos sabedores de que crianças gostam
de competir e medir forças entre si.
Para isso, o profissional da educação deve seguir sempre duas abordagens fundamentais: uma que é o que repassar para o aluno (conteúdo) e a outra é a forma de como repassar tal conhecimento (metodologia). Assim, o bom ensino é tanto uma ciência em seu uso da técnica, como uma arte criada através da habilidade, experiência e personalidade do professor. (PERES, p.59, 2008)
Através dessa realidade percebeu-se à importância de intervir nessa
problemática para dar uma nova visão, aplicando uma nova metodologia, no que diz
respeito à prática do atletismo e, para isso, temos que realizar um trabalho de base,
resgatando o atletismo escolar. Uma das possibilidades possíveis é trabalhar o
atletismo de forma lúdica para que os alunos possam de fato apreciar o conteúdo.
Desta maneira, desenvolveram-se, neste projeto, atividades do
miniatletismo, utilizando estratégias e didáticas específicas para a idade, de forma
que os alunos sentissem prazer e alegria e que servissem para o conhecimento
prático e aquisição das habilidades motoras, necessárias para o desenvolvimento
humano.
O atletismo, por ser a base de todos os esportes, proporciona diversos
benefícios, principalmente no que se refere à saúde, autonomia e aquisição de
habilidades motoras como corridas, equilíbrio estático e dinâmico, giros,
lançamentos, saltos, que serão utilizados no decorrer das práticas esportivas.
A proposta não necessitava de materiais oficiais, a ideia foi criar, elaborar e
confeccionar o próprio material para possibilitar a prática do miniatletismo de forma
lúdica, criativa e colaborativa.
As Diretrizes Curriculares da Educação básica do estado do Paraná
menciona que deve-se “garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre
as práticas esportivas, além de adaptá-las á realidade escolar, que devem ser ações
cotidianas na rede pública de ensino”. (DCE, 2008, p.63)
Assim, proporcionou-se novos conhecimentos para nossos alunos a partir do
atletismo, uma vez que essa modalidade faculta condições para um
desenvolvimento integral da criança e adolescente.
Neste sentido, o objetivo principal do estudo foi oportunizar a prática do
atletismo de forma lúdica e atraente através do miniatletismo, cujas linhas mestras
baseou-se no Guia Prático do Miniatletismo para despertar o gosto pelo conteúdo do
atletismo, promovendo a prática simultânea de um grande número de alunos,
trabalhando formas de movimentos básicos e variados do atletismo e garantindo que
não só as crianças mais fortes e velozes tenham contribuições para um bom
resultado, mas todos de forma geral.
2. DESENVOLVIMENTO
Tendo como referência o atletismo de forma lúdica, o embasamento teórico
construído ao longo desse estudo, teve como propósito pontuar questões
consideradas essências da temática em questão. Assim, foram abordadas questões
do atletismo, tais como: seu resgate histórico; a importância do atletismo na escola;
o atletismo como ferramenta para o desenvolvimento motor e intelectual; o mini-
atletismo - iniciação ao esporte; a importância do miniatletismo para os alunos, e o
lúdico no processo ensino-aprendizagem, conforme contemplaremos abaixo.
2.1. ATLETISMO: RESGATE HISTÓRICO
O atletismo é considerado o precursor das modalidades esportivas, pois se
baseia nos movimentos naturais como saltar, correr, e arremessar. “O Atletismo é
estritamente ligado aos movimentos naturais do ser humano de correr, marchar,
lançar, arremessar e saltar, e, por isso, é chamado de esporte base.” (GONÇALVES,
2007, p. 01).
A palavra “atletismo” deriva do grego athlon, que significa “combate”.
Essa modalidade nasceu e ganhou fama na Grécia antiga e teve sua consagração
na época dos jogos olímpicos e até hoje é a maior realização esportiva de todos os
tempos.
Os estádios foram criados para que neles se realizassem as corridas a pé, o mais antigo esporte praticado na Grécia. O interesse que despertaram outras provas atléticas, além das corridas, fez com que os helenos desdobrassem a primitiva finalidade dos estádios para a realização de provas tais como arremesso de disco, dardos e saltos. (SILVA E PITAHN, p.23, 1972).
Desde o reinício das olimpíadas modernas em 1896, o atletismo vem
evoluindo espetacularmente, quebrando recordes a cada olimpíada, e demonstrando
o quão fascinante é.
No Brasil, o atletismo foi introduzido em 1910, mas se popularizou somente
em 1940. Na década de 50, nosso país conquistou as primeiras medalhas de ouro
no atletismo com Ademar Ferreira da Silva, nas olimpíadas de Helsinnque, em 1952,
e nas olimpíadas de Melborne 1956.
2.2. A IMPORTÂNCIA DO ATLETISMO NA ESCOLA
A escola tem a função de ofertar e, sempre que possível vivenciar todos os
esportes. Uma vez que nosso município não oferece escolinha de atletismo, pois
nossa cultura é voltada principalmente para os esportes coletivos a iniciação a esta
modalidade fica sob a inteira responsabilidade da escola.
Ainda que seja o mais comum, existem outras possibilidades de conhecimento dessa modalidade que merecem ser revistas, ou seja, para além dessa perspectiva competitiva e restrita a grandes eventos mundiais, é preciso que se explore o lado educacional do atletismo. (MATTHISSEN, 2005, p.15)
Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que o atletismo é pouco
praticado e também pouco explorado pela mídia, a não ser em época de olimpíadas.
Além disso, não há um grande ídolo para que os alunos possam se espelhar, como
acontece em outros esportes, principalmente no futebol.
Embora tradicionalmente, a prática do atletismo se inspire no princípio citus, altius, fortius (mais rápido mais alto mais forte) a linha pedagógica proposta nesse livro opõe-se a idéia de iniciar a todos apenas para aproveitar os melhores. Não será por forjar os “campeões do amanha” que a iniciação ao atletismo ganhara sentido pedagógico. Antes disso, sua razão de ser estará mais em sua capacidade de corresponder as necessidades individuais de alto-realização, de satisfazer os interesses de práticas esportivas da faixa mais ampla possível de pessoas e de categorias sociais (KIRSCH; ORO p. 2, 1984).
Para mudar essa realidade, temos que dar ênfase ao conteúdo relativo ao
atletismo na escola, pois sua prática não pode ficar impedida pela carência de
infraestrutura, já que é um esporte que apresenta múltiplas e versáteis formas de
implementações e equipamentos adaptados.
2.3. O ATLETISMO COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR
E INTELECTUAL
O atletismo proporciona uma riqueza de habilidades motoras que vão desde
os movimentos humanos básicos de correr, saltar e arremessar, até os movimentos
mais complexos de destrezas motoras, equilíbrio estático e dinâmico, que são
construídos através da interação com o meio e de suas próprias realizações. O
movimento é suporte que auxilia o aluno a adquirir o conhecimento do mundo que
lhe rodeia através de seu corpo e de sua percepção. É importante que o aluno
acumule o maior número de experiências motoras satisfatórias, o que o tornará mais
consciente da posição de seu corpo no espaço e da imagem dele em relação ao
ambiente, capacitando-o a fazer os ajustes corporais necessários, baseado em sua
interpretação do ambiente.
As habilidades motoras especializadas são resultado da fase de movimentos fundamentais. Na fase especializada, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Este é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. (GALLAHUE, 2005, p. 61)
Estão incluídas neste nível de desenvolvimento motor as habilidades
relativas ao atletismo. Este período da classificação motora exige do aluno,
capacidade de executar uma ação motora complexa com alto grau de eficiência.
Os movimentos característicos do atletismo atuam como elementos básicos
nas relações humanas, têm sempre um fundamento sócio-cultural e intervém
inclusive no desenvolvimento intelectual, nas relações com o outro, influenciando o
comportamento habitual, agindo como um meio de expressão, de aprendizagem e
facilitador da socialização.
“O ato transforma o pensamento, o gesto transforma a palavra e o corpo
transforma a consciência”. (FONSECA, 1998, p.390).
2.4. MINIATLETISMO – INICIAÇÃO AO ESPORTE
De acordo com Bozzoli et al. (2002), no guia prático de miniatletismo, nós
professores somos sabedores de que os alunos gostam de competição, de medir
força e comparar umas com as outras. O miniatletismo, com variedades de provas,
pode facultar essa interação social, sem com isto descaracterizar o aspecto
pedagógico, específico às aulas de educação física. Por isso, a IAAF (International
Amateur Athletics Federation) buscou aperfeiçoar atividades para as crianças, que
atendessem às seguintes condições:
1- apresentar às crianças um atletismo agradável;
2- oferecer às crianças um atletismo descomplicado;
3- disponibilizar às crianças um atletismo didático pedagógico .
O objetivo do miniatletismo é despertar a vontade pela prática do atletismo,
com um festival de atividades interessantes e organização inovadora darão
condições aos alunos de descobrirem as atividades básicas: velocidade, corridas de
resistência, saltos, arremessos e lançamentos em qualquer lugar (quadra de esporte
campo de futebol praças etc.).
As atividades do miniatletismo darão aos alunos a oportunidade de obter maior
proveito da prática do esporte, quanto à saúde, educação e autossatisfação.
O Atletismo a ser utilizado na escola deve ser considerado como um “pré-atletismo”, onde numa primeira fase faz-se através de gestos motores básicos como correr, saltar e lançar e numa segunda fase mantêm-se os da primeira, avançando-se para as tarefas que exigem uma maior codificação dos gestos motores básicos, aproximando progressivamente a criança do Atletismo. (COSTA, 1992).
2.5. A IMPORTÂNCIA DO MINIATLETISMO PARA OS ALUNOS
O ideal é favorecer o aumento da cooperação entre os alunos e oferecer as
mesmas oportunidades de jogar para todos. Assim sendo, os alunos continuam
competindo um contra o outro, mas a importância do resultado é diminuída, a ênfase
passa a ser o envolvimento ativo no jogo e a diversão.
As diversas modalidades do miniatletismo contribuem para o
desenvolvimento motor do aluno, aprimorando os movimentos de correr, saltar e
arremessar preparando-o para a execução dos movimentos técnicos exigidos no
atletismo.
Os modelos mais conhecidos, através de atletas do atletismo, do correr,
saltar e arremessar/lançar, devem ser utilizados como apoio para as mudanças
didático-pedagógicas, mas suas condições devem abranger vários campos de
experiências e conhecimentos para os alunos e não apenas serem direcionadas
para os formatos normatizados de realização dessas atividades. É isso que permite
perceber criticamente uma realidade, no caso, o esporte.
2.6. O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Sabe-se que brincar faz parte da natureza do ser humano e a
aprendizagem pode acontecer através de brincadeiras.
“As manifestações lúdicas caracterizam-se por momentos de prazer alegria
e diversão propiciado pelas festas jogos e brincadeiras e outras inúmeras
possibilidade de expressão cultural”.(SCHWART, p.56,2009).
De acordo com Marcelino (2007), o lúdico é um componente da cultura e,
pode ser vistos por duas perspectivas diferentes, mas que se complementam. Ele
cita o lúdico como conteúdo e o lúdico como metodologia que auxiliam na formação
do ser humano e constroem a cultura da sociedade na qual o indivíduo está inserido.
O lúdico está no imaginário das pessoas, e é totalmente subjetivo. O lúdico é o modo de ser do homem no transcurso da vida, o mágico, o sagrado, o artístico, o cientifico, o filosófico, o jurídico são expressões da experiência lúdica constitutiva da vida. O lúdico significa a experiência de “ir e voltar” “entrar e sair” “expandir e contrair’ “contratar e romper contrato” o lúdico significa a construção criativa da vida enquanto ela é vivida. O lúdico é fazer um caminho enquanto se caminha, nem se espera que ele esteja pronto, nem se considera que ele ficou pronto este caminho criativo foi feito e está sendo feito com a vida no seu “ir e vir” no seu avançar e recuar. Mais: não há como pisar as pegadas feitas, pois que cada caminho faz e fará novas pegadas. O lúdico é a vida se construindo no seu movimento. (LUCKESI, p.51, 1994).
.
Segundo Freire (2002), quando a formação está adequada ao tempo e idade
maturacional, a criança cresce segura e bem estruturada. O lúdico está presente nas
aulas de Educação Física com uma conduta mais alegre e prazerosa e como
ferramenta de grande importância, que fundamenta o aprendizado da criança sem
descaracterizar a linha desenvolvimentista do âmbito escolar. O lúdico é
considerado elemento motivador para as atividades das aulas de Educação Física
que tenham como objetivos, além das corporais, formarem opiniões sobre conceitos
de convívio social, respeito nas relações de grupo e das regras estabelecidas. É
necessário que essas orientações sejam repassadas durante as aulas, mostrando
aos alunos que todos têm a mesma oportunidade e que todos vejam as brincadeiras
como uma forma de aprendizagem.·.
3. PROCESSO METODOLÓGICO
Quanto aos processos metodológicos da pesquisa, podemos caracterizá-la
como uma pesquisa de campo descritiva exploratória participativa, onde Bisquerra
(1989) define estudo descritivo aquele que tem por objetivo a descrição dos
fenômenos.
Lakatos e Marconi (1991) comentam que o estudo descritivo exploratório
tem por objetivo descrever completamente determinado fenômeno e que uma
variedade de procedimentos de coleta de dados pode ser utilizada, como
entrevistas, questionários e análise de conteúdo.
Para Thomas e Nelson (2002), a pesquisa descritiva é um estudo de status
que tem o seu valor baseado na premissa de que os problemas podem ser
resolvidos e as práticas melhoradas por intermédio da observação, análise e
descrição objetiva e completa do fenômeno.
A população para o referido estudo foi composta por 90 alunos do 8ª ano do
ensino Fundamental que frequentam o Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva, no
município de Toledo-Pr, escolhidos de forma intencional, tendo em vista a
possibilidade de horário do professor PDE para o desenvolvimento das ações. O
instrumento utilizado no estudo foram pareceres dos professores e alunos
(questionário) referentes ao desempenho das atividades vinculadas ao projeto em si.
Como procedimento das atividades, primeiramente o projeto foi apresentado
ao Núcleo, Direção e Equipe Pedagógica, que analisaram e autorizaram sua
realização. Na sequência, foi apresentado a todos os professores em reunião
pedagógica na escola e explicado aos alunos, conforme prevê as normas éticas de
pesquisa com seres humanos. Deu-se início as atividades conforme planejamento
junto à Unidade Didática Pedagógica de implementação.
Apresentação em Power point sobre a importância e relevância da
modalidade de atletismo na escola. Utilizou-se também o recurso vídeo para
demonstrar vivências motoras e posterior discussão a cerca das habilidades
necessárias para desenvolver tais atividades.
Aula teórica sobre a divisão do atletismo em: Prova de Campo e Prova de
Pista. Sendo as Provas de Campo, todas aquelas relacionadas aos Saltos e
Lançamentos/Arremessos e as Provas de Pista as Corridas. Relacionou-se ainda as
modalidades do atletismo com as atividades do miniatletismo, justificando a
importância da prática para a iniciação ao esporte e para o desenvolvimento do
atletismo propriamente dito.
Todas as atividades práticas foram compostas de dois momentos: no
primeiro, uma turma atuou como monitora e a outra como participante e competidora
no caso da atividade final “festival de miniatletismo”. Num segundo momento, os
papéis se inverteriam, de forma que todos poderiam passar pelas duas experiências.
Assim, foram formados grupos mistos compostos de três meninas e três meninos, e
distribuídas as tarefas e as atividades selecionadas para estudo, análise e
confecção do material a ser utilizado na sua atividade.
O encaminhamento seguinte constitui-se de uma clínica de miniatletismo com
as atividades sugeridas pelo professor por atender o principio de fácil adaptação do
espaço e realidade escolar. Sendo elas: jogo dos obstáculos, estafeta dos
obstáculos, alcance o companheiro, ziguezegue, corrida de obstáculos, revezamento
de velocidade com barreiras, corrida em escada, corrida 360° e 180°, corrida
cooperativa, salto sobre o caixote, jogo do quadrado, maior distância, salto com
corda inclinada, saltando pneus, salto cruzado, salto triplo dentro de uma área
determinada, salto com corda, bola de papel, arena de lançamentos, jogo da
pontaria, lancebol, ziguezague de arremesso, lançamento de peso, lançamento do
dardo, lançamento rotacional, tempestade II.
Todas essas atividades estão descritas na Unidade Didática Pedagógica,
material que compõe as produções do PDE.
O encerramento deste projeto foi em forma de festival de miniatletismo, onde
envolveu todos os alunos e utilizaram-se todos os materiais confeccionados além de
alguns materiais cedidos pelo Núcleo Regional de Educação.
As atividades desenvolvidas no festival foram retiradas do Guia Prático de
Mini-Atletismo da IAAF e algumas criadas pelos alunos, sendo elas: fórmula um,
lançamento do dardo, alto em distância com vara sobre caixas de areia, corridas
com barreiras, salto em distância com corrida curta, lançamento ao alvo sobre uma
barreira, fórmula em curva, revezamento de velocidade, salto triplo com corrida de
aproximação curta, lançamento do disco, prova de resistência de 8’.
O festival foi organizado em forma de circuito, a sequência das atividades
ficou critério da organização do festival, lembrando de intercalar as corridas para que
os participantes tivessem um melhor rendimento. Dividiu-se as turmas em grupos de
06 alunos, cada equipe foi identificada com uma cor. Todas as equipes passaram
por todas as estações, pontuando em cada uma delas, finalizando com todas
fazendo a corrida de resistência. Após o término das atividades somou-se os pontos
e foram entregues certificados de participação para todos por ordem de
classificação.
Concomitante a essas atividades, foi aplicado um questionário
para analisar o grau de satisfação dos alunos com as atividades.
4. RESULTADOS
Após todos os procedimentos metodológicos desenvolvidos, deu-se início a
implementação, conforme já descrito acima. Uma das principais atividades foi a
aplicação do teste de conhecimento sobre o atletismo, teste esse desenvolvido
como pré-teste, ou seja, uma análise inicial do conhecimento dos alunos sobre este
importante conteúdo da Educação Física.
Como primeira questão, foi perguntado se “já tinham praticado alguma
modalidade do Atletismo, durante o período escolar”. Analisando as respostas
obtidas, percebeu-se que 65% dos alunos, tinham um conhecimento a respeito da
modalidade atletismo antes da execução do projeto, porém, no final do mesmo, 98%
demonstraram conhecer um pouco sobre o a modalidade em questão. Para melhor
visualização, poderemos observar o gráfico abaixo:
Gráfico 01: Prática do atletismo na vida escolar
Antes do Projeto
Depois do Projeto
Na sequência foi perguntado aos alunos - caso a resposta da primeira
questão fosse afirmativa - sobre qual das provas do Atletismo eles poderiam citar
que já tinham praticado na escola. Com relação a esta questão, percebeu-se que os
alunos já desenvolveram em anos anteriores e com outros professores, alguma
coisa básica, pois citaram de sua participação em corrida de 100 metros, 30% da
amostra; que saltaram em altura, outros 15%; mesmo percentual de 15% para o
salto em distância e 5% disseram que já tinham participado de minimaratonas. Para
melhor visualizar estes dados, poderemos observar o gráfico abaixo:
Gráfico 02: Modalidades do Atletismo praticadas na escola
Corrida de 100metros = 30%
Salto em Altura =15%
Salto emDistancia = 15%
Minimaratona =5%
Também foi perguntado se, caso eles não tivessem conhecimento das
modalidades do Atletismo, se teriam interesse em participar da intervenção para
aprender as modalidades. Neste sentido, tivemos uma grande aceitação do projeto,
pois 98% da amostra disseram Sim, e somente um aluno, perfazendo 2% disse que
não tinha interesse.
A pergunta seguinte questionou se eles já tinham visto, pela televisão, alguma
prova do Atletismo e a grande maioria, perfazendo 78% da amostra, disse que sim e
22% afirmaram que ainda não tinham visto nada sobre o atletismo na televisão.
Podemos entender que estes alunos talvez não tenham assistido nada ainda,
tendo em vista que competições desse tipo, são pouco difundidas pelas emissoras
de tv. Porém, perguntou-se, para aqueles que assistiram, quais tipos de provas
viram. Responderam que provas de Pista, principalmente as corridas, item esse que
deu um percentual de 68%. As provas de campo, ligadas aos saltos, ficaram como
segundo opção, com um percentual de 55%. Já as provas de campo, relativas aos
arremessos e lançamentos, ficaram como terceira opção, com 22%. Cabe aqui
ressaltar que nesta questão os alunos poderiam citar mais que uma modalidade
esportiva. Dados estes que poderemos melhor visualizar no gráfico abaixo:
Gráfico 03: Modalidades do atletismo vista na televisão
Pista - Corridas =68%
Campo - Saltos =55%
Campo -Arremessos/Lançamentos = 22%
Concluindo o questionário, perguntou-se se eles saberiam dividir as
modalidades do atletismo. Com relação a essa questão, analisando o pré-teste,
somente 14% responderam corretamente, porém, após a realização das atividades
de intervenção, obtivemos nesta questão um percentual de 82% de respostas
corretas.
Com base nos dados colhidos a partir do questionário, e após termos
desenvolvidos as ações, bem como a intervenção promovendo estudos sobre a
importância do atletismo percebeu-se que a realização das atividades foi satisfatória.
Some-se a isso, o resgate do valor histórico do atletismo e sua relevância para ser
trabalhado na escola. No presente trabalho, assim como nas atividades realizadas,
procuramos desenvolver as práticas relacionadas ao atletismo de maneira lúdica e
prazerosa. Nesse sentido, o miniatletismo foi a principal ferramenta pedagógica e
motivacional, por meio da qual os alunos aprenderam brincando. Finalmente, as
atividades foram concluídas com um festival de atletismo. Diante da boa
aceitabilidade dos alunos em relação às propostas das atividades, podemos afirmar
que o nosso propósito, de envolver o alunado em práticas relativas ao atletismo foi
alcançado, conforme as fotos abaixo demonstram.
Nossa observância positiva acerca das atividades foi também corroborada
pelo parecer da equipe pedagógica da escola, cujo teor é o que
segue:
Após o desenvolvimento das atividades de intervenção, percebeu-se que o
atletismo poderia ser mais frequentemente trabalhado na escola, como uma das
principais ferramentas pedagógicas para o desenvolvimento integral dos alunos. Isso
porque a modalidade em questão desenvolve, de modo geral, toda a parte motora
da criança. Além disso, o trato com esse esporte de forma lúdica motiva e instiga a
criança a uma pratica saudável.
Paralelamente à implementação do projeto de intervenção pedagógica na
escola realizou-se Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que faz parte das atividades
do PDE. Dos 20 cursistas inscritos, todos finalizaram o GTR, estudando, discutindo,
refletindo sobre o tema atletismo na escola e a utilização do miniatletismo como
ferramenta pedagógica para o ensino aprendizagem do atletismo escolar.
Todas as sugestões e contribuições dos colegas auxiliaram significativamente
com a implementação na escola, abrindo novas possibilidades para o projeto do
professor PDE.
Dentro os desafios de introduzir o atletismo como uma prática regular e
sistematizada, observou-se que os professores estão buscando atualizar-se através
de formação continuada, demonstrando interesse pelo tema e consideram que a
infraestrutura e materiais das escolas estaduais deixa a desejar, julgaram que o
aspecto lúdico é o mais relevante sendo um agente motivador. A opção pelo
miniatletismo como ferramenta de desenvolvimento da modalidade foi uma opção
acertada, visto que de acordo com o manual da modalidade da IAAF a condição
número um para o desenvolvimento do miniatletismo é apresentar as crianças um
atletismo agradável.
Acreditam que este projeto e os demais artigos publicados no PDE, podem
fortalecer, influenciar e oportunizar novas possibilidades para melhorar o processo
de ensino e aprendizagem dando embasamento para nossas ações pedagógicas.
5. CONCLUSÕES
Ao final da implementação e da realização deste estudo junto à escola, pode-
se concluir que o mesmo oportunizou condições gerais para a prática do atletismo
de forma lúdica e, por isso mesmo, atraente, o que só foi possível através das
atividades desenvolvidas, entre elas o miniatletismo.
É importante destacar, também, que nas atividades de caráter lúdico, os
alunos foram agentes diretamente ligados às ações, uma vez que eram eles
mesmos que elaboravam e desenvolviam os implementos para posteriormente
utilizá-los. Essas ações conjuntas despertaram sobremaneira, nos alunos, o gosto
pelo conteúdo do atletismo, bem como se promoveu o envolvimento de um grande
número de partícipes com a prática, ao mesmo tempo em que se divertiram no
espaço escolar.
Conclui-se, também, que é possível adequar e estruturar condições para o
desenvolvimento dessa modalidade na escola.
Assim, podemos ter certeza de que, com atividades dessa magnitude,
estaremos promovendo atividades que encorajem as crianças a usarem suas
energias a fim de preservar a saúde em longo prazo, criando entre os alunos um
ambiente de ludicidade, contribuindo, desse modo, para a interação social de modo
que aceitem suas diferenças.
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