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RODRIGO TREVISOLI DORIA OPERAÇÃO ANALÓGICA DE TRANSISTORES DE MÚLTIPLAS PORTAS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA São Paulo 2010

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RODRIGO TREVISOLI DORIA

OPERAÇÃO ANALÓGICA DE TRANSISTORES DE MÚLTIPLAS PORTAS

EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

São Paulo 2010

RODRIGO TREVISOLI DORIA

OPERAÇÃO ANALÓGICA DE TRANSISTORES DE MÚLTIPLAS PORTAS EM

FUNÇÃO DA TEMPERATURA

Tese apresentada à Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo para a obtenção

do título de Doutor em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Microeletrônica

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antonio

Pavanello

São Paulo 2010

Aos meus pais Francisco Pedro Doria e

Sonali Regina Trevisoli Doria que nunca

mediram esforços para a realização de

meus sonhos e ao meu irmão Renan. A

vocês devo a pessoa que me tornei. Tenho

muito orgulho de vocês.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, professor Dr. Marcelo Antonio Pavanello, que sempre

recebeu com entusiasmo todos os resultados alcançados, agradeço pela confiança

depositada e por todos os ensinamentos, tão importantes durante este trabalho.

Ao prof. Dr. Jean-Pierre Colinge por ter me recebido em seu grupo de pesquisa e

disponibilizado toda a infra-estrutura do Tyndall National Institute, Irlanda, possibilitando

que eu estudasse um dos dispositivos mais inovadores do momento.

Aos meus pais Francisco e Sonali que, por mim, foram à Irlanda e, se necessário

fosse, iriam a Marte e ao meu irmão Renan, que espero, algum dia, poder recompensar

pela grande contribuição através de idéias e discussões técnicas.

À amiga Michelly de Souza, agora professora e doutora, que procurou sanar

minhas dúvidas sempre que necessário.

Ao prof. Dr. João Antonio Martino, por me dar a oportunidade de integrar o grupo

de pesquisa SOI-CMOS e a todos os meus companheiros de grupo.

Aos meus avós Adão e Anna que sempre me incentivaram e estiveram ao meu

lado, torcendo por mim, durante toda a minha vida.

Ao Centro Universitário da FEI, por toda a infra-estrutura disponibilizada durante

meus anos de mestrado e doutorado e a todos os amigos que lá consegui.

À FAPESP, pelo suporte financeiro prestado ao longo dos últimos três anos,

tornando possível a conclusão do doutorado.

A todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram ou mostraram interesse

pelo trabalho e que tiveram seu nome aqui omitido de forma involuntária.

RESUMO

Neste trabalho, é apresentada uma análise da operação analógica de

transistores de múltiplas portas, avaliando a tensão Early, o ganho de tensão em malha

aberta, a razão da transcondutância pela corrente de dreno (gm/IDS), a condutância de

dreno e, em especial, a distorção harmônica, exibida por estes dispositivos. Ao longo

deste trabalho, foram estudados FinFETs, dispositivos de porta circundante (Gate-All-

Around – GAA) com estrutura de canal gradual (Graded-Channel – GC) e transistores

MOS sem junções (Junctionless - JL). Inicialmente, foi efetuada a análise da distorção

harmônica apresentada por FinFETs com e sem a presença de tensão mecânica

biaxial, com diversas larguras de fin (Wfin) e comprimentos de canal (L), quando estes

operavam em saturação, como amplificadores de um único transistor. Nesta análise, as

não-linearidades foram avaliadas através da extração das distorções harmônicas de

segunda e terceira ordens (HD2 e HD3, respectivamente), mostrando que a presença

de tensão mecânica tem pouca influência em HD2, mas altera levemente a HD3.

Quando os ganhos de tensão em malha aberta dos dispositivos são levados em conta,

transistores sem tensão, também chamados de convencionais, mais estreitos

apresentam grande vantagem em termos de HD2 em relação aos tensionados. Ainda

nesta análise, percebeu-se que HD2 e HD3 de transistores tensionados pioram com a

redução da temperatura, especialmente em inversão mais forte. Na seqüência, foi

efetuada uma análise de HD3 em FinFETs com e sem tensão mecânica de vários

comprimentos e larguras de canal, operando em região triodo e aplicados a estruturas

balanceadas 2-MOS, mostrando que presença de tensão mecânica traz pouca

influência em HD3, mas reduz a resistência do canal dos dispositivos (RON), o que não é

bom em estruturas resistivas, como as avaliadas. Nesta análise, ainda, pode-se

perceber uma melhora em HD3 superior a 30 dB ao se incrementar VGT de zero a 1,0 V,

em cuja tensão dispositivos mais estreitos apresentam curvas mais lineares que os

mais largos. Então, foi estudada a distorção apresentada por transistores GAA e GC

GAA operando em regime triodo, aplicados a estruturas 2-MOS, onde se pôde perceber

que GC GAAs com maiores comprimentos da região fracamente dopada apresentam

vantagem em HD3 em relação aos demais, para valores de VGT superiores a 2 V. Na

avaliação destas estruturas em função da temperatura, percebeu-se que, para VGT

superiores a 1,1 V, HD3 depende fortemente da temperatura e piora conforme a

temperatura diminui. O estudo envolvendo transistores sem junções foi mais focado em

seus parâmetros analógicos, comparando-os aos apresentados por dispositivos de

porta tripla ou FinFETs. Em inversões moderada e forte, transistores sem junção

apresentaram menores valores para gm/IDS em relação a dispositivos de FinFETs

polarizados em um mesmo nível de corrente, entretanto, a dependência de gm/IDS com a

temperatura em transistores sem junção também foi menor que a apresentada por

FinFETs. JL e FinFETs apresentaram comportamentos distintos para a tensão Early e o

ganho de tensão em malha aberta em função da temperatura. Estes parâmetros

sempre melhoram com o aumento da temperatura em dispositivos JL, enquanto que

exibem seu máximo valor em temperatura ambiente em FinFETs. Nas proximidades da

tensão de limiar, transistores sem junção com largura de fin de 30 nm exibiram tensão

Early e ganho superiores a 80 V a 57 dB, respectivamente, enquanto que FinFETs

mostraram Tensão Early de 35 V e ganho de 50 dB. Em todos os estudos efetuados ao

longo do trabalho, procurou-se apontar as causas das não-linearidades apresentadas

pelos dispositivos, a partir de modelos analíticos que pudessem relacionar a física de

funcionamento dos transistores com os resultados experimentalmente obtidos.

Palavras-chave: SOI, FinFET, GAA, Junctionless, canal gradual, porta dupla, distorção

harmônica, tensão mecânica.

ABSTRACT

In this work it is presented an analysis of the analog operation of multiple gate

transistors, evaluating the Early Voltage, the open-loop voltage gain, the

transconductance over the drain current ratio (gm/IDS), the drain conductance and,

especially, the harmonic distortion exhibited by these devices. Along the work, FinFETs,

Gate-All-Around (GAA) devices with the Graded-Channel (GC) structure and MOS

transistors without junctions (Junctionless - JL) were studied. Initially, an analysis of the

harmonic distortion presented by conventional and biaxially strained FinFETs with

several fin widths (Wfin) and channel lengths (L) was performed, when these devices

were operating in saturation as single transistor amplifiers. In this analysis, the non-

linearities were evaluated through the extraction of the second and the third order

harmonic distortions (HD2 and HD3, respectively), and it was shown that the presence

of strain has negligible influence in HD2, but slightly changes HD3. When the open loop

voltage gain of the devices is taken into consideration, narrower conventional transistors

present a huge advantage with respect to the strained ones in terms of HD2. Also, it was

perceived that both HD2 and HD3 of strained FinFETs worsen with the temperature

decrease, especially in stronger inversion. In the sequence, an analysis of the HD3

presented by conventional and strained FinFETs of several fin widths and channel

lengths operating in the triode regime was performed. These devices were applied to

2-MOS balanced structures, showing that the presence of the strain does not influence

significantly the HD3, but reduces the resistance in the channel of the transistors (RON),

which is not good for resistive structures as the ones evaluated. In this analysis, it can

also be observed an HD3 improvement of 30 dB when VGT is increased from zero up to

1,0 V, where narrower devices present transfer characteristics more linear than the

wider ones. Then, it was studied the distortion presented by GAA and GC GAA devices

operating in the triode regime, applied to 2-MOS structures. In this case, it could be

perceived that GC GAAs with longer lightly doped regions present better HD3 in

comparison to the other devices for VGT higher than 2.0 V. In the evaluation of these

structures as a function of the temperature, it could be seen that for VGT higher than

1.1 V, HD3 strongly depends on the temperature and worsens as the temperature

decreases. The study involving JL transistors was focused on their analog parameters,

comparing them to the ones presented by triple gate devices or FinFETs. In moderate

and strong inversions, Junctionless showed lower values for gm/IDS with respect to triple

gate devices biased at a similar current level. However, the dependence of gm/IDS from

Junctionless with the temperature was also smaller than the one presented by FinFETs.

Junctionless and FinFETs exhibited distinct behaviors for the Early voltage and the

open-loop voltage gain as a function of the temperature. These parameters always

improve with the temperature raise in JL devices whereas they exhibit their maximum

values around room temperatures for FinFETs. In the proximity of the threshold voltage,

Junctionless with fin width of 30 nm presented Early voltage and intrinsic gain larger

than 80 V and 57 dB, respectively, whereas FinFETs exhibited Early voltage of 35 V and

gain of 50 dB. For all the studies performed in this work, the probable causes of the non-

linearities were pointed out, from analytic models that could correlate the physical work

of the devices with the experimental results.

Keywords: SOI, FinFET, GAA, Junctionless, graded-channel, double gate, harmonic

distortion, strain.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Estruturas de transistores de porta dupla: (A) FinFET e (B) MOSFET

DELTA. ..................................................................................................................... 37

Figura 2.2 – Esquema da inversão de volume em um MOSFET de porta dupla com filme

fino em (A) VGS ≤ VTH e em (B) VGS > VTH 6. .............................................................. 38

Figura 2.3 – Estrutura multi-dedos ou multi-fins. ............................................................ 39

Figura 2.4 – Estrutura final do dispositivo Gate-All-Around em (A) perspectiva e (B) corte

transversal. ............................................................................................................... 42

Figura 2.5 – Corte transversal do dispositivo de porta circundante com arquitetura de

canal gradual (GC GAA)........................................................................................... 44

Figura 2.6 – (A) Esquema tridimensional de um transistor de múltiplas portas, (B) corte

transversal do dispositivo nMOS sem junções e (C) secção transversal de um nMOS

FinFET ou Trigate modo inversão. ........................................................................... 46

Figura 2.7 – Esquema da geração da distorção harmônica em um transistor MOS. ..... 48

Figura 2.8 – Normalização da característica corrente-tensão através do IFM. .............. 56

Figura 2.9 – Característica de transferência normalizada nos eixos x e y, onde são

evidenciadas as áreas abaixo e acima da curva. ..................................................... 57

Figura 2.10 – Diferença da saída normalizada menos o sinal de entrada, yr(x)-x, e seu

módulo |yr(x)-x| 67. .................................................................................................... 59

Figura 2.11 – Bloco amplificador formado por um único transistor MOS. ...................... 62

Figura 2.12 – Definição da tensão Early a partir da característica IDS vs. VDS de um

transistor MOS. ........................................................................................................ 63

Figura 2.13 – Esboço da curva de gm/IDS em função de IDS/(Weff/Leff) para um FinFET de

Wfin = 20 nm e L = 10 m 75. ..................................................................................... 65

Figura 2.14 – Integrador RC para pequenos sinais utilizando transistores ao invés de

resistores. ................................................................................................................. 68

Figura 2.15 – Integrador RC utilizando uma estrutura balanceada 2-MOS. ................... 69

Figura 2.16 – Esquema da geração de tensão biaxial em uma lâmina de silício relaxado.

................................................................................................................................. 72

Figura 2.17 – Efeitos da variação da temperatura na concentração intrínseca de

portadores e na largura de banda proibida............................................................... 74

Figura 2.18 – Efeitos da variação da temperatura na porcentagem de impurezas

ionizadas e no potencial de Fermi. ........................................................................... 76

Figura 3.1 – Curvas experimentais de IDS/W vs. VGT com VDS = 0,75 V para dispositivos

(A) convencionais e (B) tensionados de L = 10 µm. ................................................. 87

Figura 3.2 – Curvas de gm/IDS vs. VGT para dispositivos (A) convencionais e (B)

tensionados polarizados com VDS = 0,75 V de L = 10 µm e diversos Wfin. ............... 88

Figura 3.3 – Curvas de AV vs. gm/IDS para (A) dispositivos convencionais e (B)

transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V para diversos Wfin e L = 10 µm.

................................................................................................................................. 89

Figura 3.4 – Curvas de HD2 vs. gm/IDS para dispositivos (A) convencionais e (B)

tensionados com L = 10 μm, Va = 50 mV e diversos Wfin em VDS = 0,75 V calculadas

através do IFM e de (2.21). ...................................................................................... 92

Figura 3.5 – Curvas de gm/W e (dgm/dVGT)/W em função de gm/IDS para transistores (A)

convencionais e (B) tensionados de L = 10 μm e diversos Wfin com VDS = 0,75 V. .. 93

Figura 3.6 – Curvas de HD3 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos convencionais e (B)

transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV para diversos

Wfin e L = 10 µm calculadas através do IFM e de (2.22). ......................................... 96

Figura 3.7 – Curvas de HD3 vs. gm/IDS para dispositivos FinFETs convencionais

simuladas no Atlas 111 com L = 910 nm e três Wfin diferentes, polarizadas em

VDS = 0,75 V e Va = 50 mV. ................................................................................... 100

Figura 3.8 – HD2 vs. gm/IDS extraído para (A) dispositivos convencionais e (B)

transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos

Wfin. ........................................................................................................................ 103

Figura 3.9 – HD3 vs. gm/IDS extraído para (A) dispositivos convencionais e (B)

transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos

Wfin. ........................................................................................................................ 104

Figura 3.10 – Curvas medidas de HD2 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos

convencionais e (B) com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para

diversos L e Wfin = 20 nm. ...................................................................................... 105

Figura 3.11 – Curvas medidas de HD3 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos

convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e

Vout = 1,5 V para diversos L e Wfin = 20 nm. ........................................................... 106

Figura 3.12 – Curvas medidas de HD3/AV vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos

convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e

Va = 50 mV para diversos L e Wfin = 20 nm. .......................................................... 107

Figura 3.13 – Curvas experimentais da corrente de dreno em função de VGT para

dispositivos com tensão mecânica com VDS = 0,75 V para diversas temperaturas.

............................................................................................................................... 108

Figura 3.14 – Curvas medidas de HD2 e HD3 em função de gm/IDS para transistores

com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV em diversas temperaturas

(L = 10 µm e Wfin = 30 nm). .................................................................................... 109

Figura 3.15 – Características experimentais de HD2 e HD3 vs. T obtidas para

transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV para diversos

Wfin. ........................................................................................................................ 111

Figura 3.16 – AV vs. T extraído para dispositivos com tensão mecânica com

VDS = 0,75 V e VGT = 0,2 V para Wfin de 30 nm e 570 nm. ..................................... 112

Figura 3.17 – Esquema da estrutura balanceada com 2 transistores (2-MOS). ........... 115

Figura 3.18 – Curvas da corrente de dreno para dois FinFETs convencionais (IDS1 e IDS2)

com L = 10 µm e Wfin = 30 nm e a corrente total na fonte comum (IDSt = IDS1 – IDS2)

da estrutura 2-MOS em função de VDS com VGT = 0,5 V. ....................................... 116

Figura 3.19 – Curvas de HD3 em função de VGT extraídas para estruturas balanceadas

com FinFETs com diversos Wfin de L = 10 μm e Va de (A) 0,1 V e (B) 0,25 V. ...... 117

Figura 3.20 – Curvas de HD3 em função de Va extraídas experimentalmente para

estruturas balanceadas compostas por dispositivos FinFETs de diversos W fin,

L = 10 μm e VGT = 1,0 V. ........................................................................................ 118

Figura 3.21 – Curvas de HD3, HD5 e THD em função de VGT extraídas para estruturas

balanceadas com FinFETs de L = 10 μm, Wfin = 70 nm e Va de 0,25 V. ............... 119

Figura 3.22 – HD3 vs. Wfin extraído para estruturas 2-MOS com FinFETs de 10 μm de

comprimento com Va = 0,25 V para vários VGT. ..................................................... 120

Figura 3.23 – Curvas de HD3 em função de VGT calculadas a partir da expressão (3.11)

para estruturas balanceadas composta por FinFETs de diversos W fin, L = 10 μm e

Va = 0,1 V. ............................................................................................................. 122

Figura 3.24 – Curvas de μeff/W vs. VGT extraídas para estruturas balanceadas 2-MOS

com FinFETs de diversos Wfin, L = 10 μm e Va = 0,25 V. ...................................... 123

Figura 3.25 – Curvas de HD3 vs. VGT extraídas para estruturas 2-MOS compostas por

FinFETs convencionais e tensionados de diversos W fin com L = 10 m e Va= 0,15 V.

............................................................................................................................... 125

Figura 3.26 – HD3 vs. Wfin extraído para estruturas 2-MOS compostas por FinFETs

convencionais e com tensão mecânica de L = 10 m e Va = 0,15 V...................... 126

Figura 3.27 – Curvas de HD3 vs. VGT para estruturas balanceadas 2-MOS com FinFETs

convencionais e tensionados com Wfin = 20 nm e diversos comprimentos de canal.

............................................................................................................................... 127

Figura 3.28 – HD3 vs. RON.W extraído para estruturas balanceadas compostas por

FinFETs (A) convencionais e (B) tensionados de diversos W fin com L = 10 μm

polarizados em Va = 0,15 V. .................................................................................. 128

Figura 3.29 – Curvas de HD3 vs. L para estruturas balanceadas 2-MOS compostas por

FinFETs convencionais e tensionados com W fin = 20 nm polarizados em

Va = 0,15 V. ........................................................................................................... 129

Figura 3.30 – Curvas (A) IDS vs. VGT e (B) gm vs. VGT simuladas e experimentais com

VDS = 1,5 V para dispositivos GC GAA com L = 3 m em T = 300 K. ..................... 132

Figura 3.31 – Curvas de (A) THD e (B) HD3 experimentais e simuladas em função da

amplitude de entrada para dispositivos GC GAA. .................................................. 133

Figura 3.32 – Curvas simuladas de HD3 em função de VGT para estruturas 2-MOS

formadas por dispositivos GAA convencional e GC GAA com (A) Va = 0,25 V e (B)

Va = 0,50 V. ........................................................................................................... 135

Figura 3.33 – Curvas simuladas de HD3 vs. Va para estruturas 2-MOS compostas por

dispositivos GAA convencionais e GC GAA de diferentes razões LLD/L com (A)

VGT = 2,1 V e (B) RON = 20 k 2%. ...................................................................... 136

Figura 3.34 – Curvas simuladas de gm em função de VGT para GAAs convencionais e

GC GAAs L = 10 m com diversos LLD/L para VDS = 0,1 V. .................................... 138

Figura 3.35 – Curvas da corrente IDS em função da tensão aplicada a uma das entradas

VDS da estrutura 2-MOS formada com transistores GAA convencional para diversas

temperaturas. ......................................................................................................... 141

Figura 3.36 – Curvas de HD3 vs. VGT simuladas para dispositivos GAA convencionais e

GC GAAs de diversos LLD/L com temperaturas entre 100 K e 300 K. .................... 142

Figura 3.37 – Curvas experimentais de IDS vs. VGT com VDS = 1,0 V para dispositivos JL

e FinFETs de modo inversão (IM) de diversos Wfin,mask e L = 1,0 µm..................... 146

Figura 3.38 – (A) gm/IDS vs. IDS/(W/L) e (B) IDS vs. VGT para dispositivos JL e FinFETs de

modo inversão (IM) de diversos Wfin,mask e L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V. ............... 147

Figura 3.39 – Curvas de VEA vs. gm/IDS extraídas para JL e FinFETs de modo inversão

para transistores de diferentes Wfin,mask e L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V. ................. 148

Figura 3.40 – AV vs. gm/IDS obtido para JL e FinFETs de modo inversão com VDS = 1,0 V

para transistores de diferentes Wfin,mask e L = 1 µm. ............................................... 149

Figura 3.41 – Curvas de gm e gD em função de gm/IDS simuladas 154 e experimentais

para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão de L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V.

............................................................................................................................... 152

Figura 3.42 – Curvas de gD vs. VDS simuladas 154 para dispositivos JL e FinFETs de

modo inversão de L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V considerando µ0 similar em ambos os

dispositivos. ............................................................................................................ 153

Figura 3.43 – (A) N(x) e (B) N(x)/VDS na direção do comprimento de canal (x) obtidos

através das estruturas simuladas de JL e FinFETs modo inversão 154 de L = 1,0 µm,

Wfin,sim = 10 nm e Hfin = 10 nm em diferentes VGT. .................................................. 154

Figura 3.44 – (A) Campo elétrico e (B) Eeff(x)/VDS na direção do comprimento de canal

obtidos através das estruturas simuladas de JL e FinFETs modo inversão 154 de

L = 1,0 µm, Wfin,sim = 10 nm e Hfin = 10 nm em diferentes VGT. ............................... 155

Figura 3.45 – Curvas de IDS vs. VGS para dispositivos (A) FinFETs e (B) JL de

L = 1,0 µm e Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e diversas temperaturas e curvas IDS

vs. VGT para transistores (C) FinFETs e (D) JL em similar polarização e

temperaturas. ......................................................................................................... 158

Figura 3.46 – Características (A) gm/IDS vs. IDS/(W/L) e (B) gm/IDS vs. VGT para

dispositivos JL e FinFETs de L = 1,0 µm e W fin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e

temperaturas entre 223 K e 473 K. ........................................................................ 159

Figura 3.47 – Curvas de gm/IDS vs. IDS/(W/L) para transistores JL de L = 1,0 µm e

Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e temperaturas entre 100 K e 380 K. ............... 160

Figura 3.48 – Tensão Early em função de gm/IDS extraída para dispositivos JL e FinFETs

de modo inversão de (A) Wfin,mask = 30 nm e (B) Wfin,mask = 40 nm com L = 1,0 µm,

VDS = 1,0 V e temperaturas entre 223 K e 473 K. .................................................. 161

Figura 3.49 – VEA vs. T experimentais para dispositivos JL e FinFETs de diversos W fin e

ND com VDS = 1,0 V e VGT = 0,4 V. ......................................................................... 162

Figura 3.50 – Curvas de (A) AV vs. T e (B) AV vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e

FinFETs de L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V. ............................................................... 163

Figura 3.51 – (A) HD2 vs. gm/IDS e (B) HD3 vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e

FinFETs de modo inversão com Va = 50 mV, VDS = 1,0 V e temperaturas entre

223 K e 473 K. ........................................................................................................ 165

Figura 3.52 – (A) HD2 vs. gm/IDS e (B) HD3 vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e

FinFETs de modo inversão com Vout = 1,5 V, VDS = 1,0 V e temperaturas entre

223 K e 473 K. ........................................................................................................ 166

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Resistência série (RS.W) calculada para FinFETs com e sem a presença

de tensão mecânica e diversas larguras de fin (Wfin). .............................................. 87

Tabela 3.2 – Mobilidade de baixo campo (µ0) e coeficiente de degradação da

mobilidade (θ) calculado para FinFETs com e sem a presença de tensão mecânica

e diversas larguras de fin (Wfin). ............................................................................... 95

Tabela 3.3 – Comparação entre HD2/AV e HD3/AV de ambos os dispositivos de

Wfin = 30 nm e 570 nm em gm/IDS = 5 V-1 para diferentes temperaturas. ................ 112

Tabela 3.4 – Coeficiente de degradação da mobilidade (θ2) calculado para FinFETs

medidos experimentalmente com L = 10 m e diversos Wfin. ................................. 121

Tabela 3.5 – Fator de degradação da mobilidade (θ) calculado para dispositivos GAA

convencionais e GC GAAs de L = 10 m e diversos LLD/L. .................................... 139

LISTA DE SÍMBOLOS

s Constante de espalhamento (cm/V)

Parâmetro de ajuste do modelo de Lombardi para a rugosidade de

superfície (V/s)

side Parâmetro de ajuste do modelo de Lombardi para a rugosidade de

superfície nas laterais do FinFET (V/s)

top Parâmetro de ajuste do modelo de Lombardi para a rugosidade de

superfície no topo do FinFET (V/s)

ox Permissividade do óxido (F/cm)

Si Permissividade do silício (F/cm)

Ângulo de defasagem da função de entrada do dispositivo na análise

por Taylor

B Potencial de superfície aproximado para a inversão forte (V)

F Potencial de Fermi (V)

S Potencial de superfície (V)

Constante de efeito de corpo (V1/2)

Comprimento de canal natural (cm)

b Mobilidade do substrato (cm2/V.s)

eff Mobilidade efetiva (cm2/V.s)

0 Mobilidade de baixo campo (cm2/V.s)

ph Espalhamento por fônons acústicos (cm2/V.s)

sr Espalhamento por rugosidade da superfície (cm2/V.s)

Fator de degradação da mobilidade no modelo linear (V-1)

1 Fator de degradação da mobilidade no modelo quadrático (V-1)

2 Fator de degradação da mobilidade no modelo quadrático (V-2)

Freqüência angular do sinal de entrada (Hz)

Associação de capacitâncias de um GAA

a0 Amplitude do nível DC para a série de Fourier

an Amplitude do enésimo termo da série de Fourier em função do cosseno

de

A Amplitude da função aplicada na entrada do dispositivo

AREA1 Área acima da curva normalizada para a aplicação do IFM

AREA2 Área abaixo da curva normalizada para a aplicação do IFM

AV Ganho de tensão em malha aberta para baixas freqüências

B Parâmetro de ajuste do modelo de Lombardi para o espalhamento de

fônons (cm2/V.s)

bn Amplitude do enésimo termo da série de Fourier em função do seno de

C Capacitor presente nos integradores de circuitos 2-MOS (F)

C’ Parâmetro de ajuste do modelo de Lombardi para o espalhamento de

fônons (cm2/V.s)

C0 Coeficiente de Fourier correspondente à amplitude do nível DC do sinal

de saída

C1 Coeficiente de Fourier correspondente à amplitude do sinal de

freqüência fundamental na saída

C2 Coeficiente de Fourier correspondente à amplitude do segundo

harmônico no sinal de saída

CL Carga capacitiva de um circuito amplificador (F)

Cn Coeficiente de Fourier correspondente à amplitude do harmônico de

ordem n no sinal de saída

Cox Capacitância do óxido de porta por unidade de área (F/cm2)

CS Capacitância do silício por unidade de área (F/cm2)

D Primeira função integral para o cálculo da distorção harmônica

Dr Terceira função integral para o cálculo da distorção harmônica

Drs Quarta função integral para o cálculo da distorção harmônica

Ds Segunda função integral para o cálculo da distorção harmônica

E Campo elétrico vertical (V/cm)

EA Nível de energia das impurezas aceitadoras (eV)

Eeff Campo elétrico efetivo (V/cm)

EFp Nível de Fermi para as lacunas (eV)

Eg Largura de banda proibida (eV)

Esat Campo elétrico de saturação (V/cm)

f Freqüência do sinal de entrada (Hz)

fT Freqüência de ganho unitário (Hz)

fC Freqüência de corte (Hz)

G Transadmitância de um circuito constituído por transistores MOS (-1)

gD Condutância de dreno (Ω-1)

gm Transcondutância (Ω-1)

ħ Constante de Plank normalizada (1,055 x 10-34 J.s)

HD0 Distorção harmônica referente à parcela DC do sinal de entrada (dB)

HD2 Distorção harmônica referente ao harmônico de segunda ordem (dB)

HD3 Distorção harmônica referente ao harmônico de terceira ordem (dB)

HDn Distorção harmônica referente ao harmônico de enésima ordem (dB)

Hfin Altura do fin do dispositivo (nm)

I Corrente que flui através de um semicondutor (A)

I01 Corrente no nó da entrada negativa do amplificador operacional na

análise de estruturas balanceadas (A)

I02 Corrente no nó da entrada positiva do amplificador operacional na

análise de estruturas balanceadas (A)

Ib Corrente de alimentação do circuito amplificador unitário (A)

IDmulti Corrente de dreno da estrutura multi-fins (A)

ID0 Corrente de um transistor planar de porta simples (A)

IDS Corrente de dreno (A)

IDS1 Corrente de dreno no primeiro transistor das estruturas 2-MOS (A)

IDS2 Corrente de dreno no segundo transistor das estruturas 2-MOS (A)

IDSt Corrente total da estrutura 2-MOS (A)

Iout Corrente de saída de um circuito formado por dispositivos MOS (A)

k Constante de Boltzmann (1,38 x 10-23 J/K)

K0 Coeficiente de não-linearidade do nível DC na análise por Taylor

K1 Coeficiente de Taylor do harmônico fundamental

K2 Coeficiente do segundo harmônico na análise por Taylor

Klow Parâmetro da transcondutância para baixo campo (A/V2)

Kn Coeficiente do enésimo harmônico na análise por Taylor

L Comprimento de máscara do canal do dispositivo (μm)

Leff Comprimento efetivo do canal do dispositivo (μm)

LLD Comprimento da região fracamente dopada do canal do dispositivo GC

SOI (μm)

m* Massa de confinamento dos portadores na direção transversal (kg).

N Concentração total de dopantes (cm-3)

NA Concentração de dopantes aceitadores (cm-3)

NA- Concentração de impurezas aceitadores ionizadas (cm-3)

NAB Concentração de dopantes no substrato (cm-3)

NC Densidade de estados na banda de condução (cm-3)

ND Concentração de dopantes doadores (cm-3)

ni Concentração intrínseca de portadores (cm-3)

NV Densidade de estados na banda de valência (cm-3)

n(x) Densidade de portadores em um semicondutor (cm-3)

N(x) Densidade de portadores integrada na área da secção transversal de

um semicondutor (cm-1)

P Período da estrutura (distância entre o início de um fin e o seu

subseqüente) (μm)

Q Densidade de cargas em um semicondutor (cm-3)

q Carga elementar do elétron (q = 1,6 x 10-19 C)

R Resistência de pequenos sinais da estrutura 2-MOS (k)

RON Resistência interna ao canal dos dispositivos (k)

RS Resistência série ()

s Área da seção transversal de um semicondutor (μm2)

S Inclinação de sublimiar (mV/década de corrente)

t Tempo (s)

tox Espessura da camada de óxido de porta (μm)

tSi Espessura da camada de silício (μm)

T Temperatura absoluta (K)

THD Distorção harmônica total (dB)

THD0 Distorção harmônica total acrescida do nível DC (dB)

Vo Tensão de polarização (V)

Va Amplitude do sinal de entrada senoidal na análise por IFM (V)

VACLM Tensão Early intrínseca devido ao efeito de modulação do comprimento

de canal (V)

VB Potencial de substrato (V)

VD Potencial de dreno (V)

VD1 Tensão em uma das entradas de uma estrutura 2-MOS (V)

VDS Tensão aplicada ao dreno do transistor (V)

vds Parcela alternada do sinal aplicada ao dreno do transistor (V)

VEA Tensão Early (V)

VFB Tensão de faixa plana (V)

VG Potencial de porta (V)

VGS Tensão aplicada à porta do transistor (V)

vgs Parcela alternada do sinal aplicada à porta do transistor (V)

VGT = VGS-VTH Sobretensão de porta (V)

Vin Tensão de entrada de um circuito formado por dispositivos MOS (V)

VIN Tensão de entrada das estruturas 2-MOS (V)

Vout Amplitude do sinal de saída senoidal na análise por IFM (V)

VOUT Tensão de saída das estruturas 2-MOS (V)

VS Potencial de fonte (V)

vsat Velocidade de saturação (cm/s)

VTH Tensão de limiar (V)

VX Tensão de entrada de um amplificador operacional (V)

W Largura do canal do dispositivo (μm)

Weff Largura efetiva do canal do dispositivo (μm)

Wfin Largura de fin do FinFET (nm)

Wfin,mask Largura de fin de máscara do FinFET ou JL (nm)

Wfin,sim Largura de fin simulada do FinFET ou JL (nm)

x Posição ao longo do comprimento de canal de um dispositivo (μm)

X0 Ponto de polarização do dispositivo na análise pelo IFM

LISTA DE ABREVIATURAS

AC Corrente Alternada (Alternating Current)

ALD Atomic Layer Deposition (Deposição de Camada Atômica)

CF Coeficientes de Fourier

CVD Chemical Vapor Deposition (Deposição Química em fase de Vapor)

DC Corrente Contínua (Direct Current)

DIBL Drain Induced Barrier Lowering (Redução da Barreira Induzida pelo Dreno)

DG Double Gate (Transistor de Porta Dupla)

FD Fully Depleted (Completamente Depletado)

FET Field Effect Transistor (Transistor de Efeito de Campo)

FFT Fast Fourier Transformer (Transformada Rápida de Fourier)

GAA Gate-All-Around (Porta Circundante)

GC Graded-Channel (Canal Gradual)

HD Harmonic Distortion (Distorção Harmônica)

IFM Integral Function Method (Método da Função Integral)

IM Inversion Mode ou transistor modo inversão

Imec Interuniversity Microelectronics Center

ITRS International Technology Roadmap for Semiconductors (Mapa da

Tecnologia Internacional para semicondutores)

JL Junctionless (Transistor sem junção)

MOS Metal-Oxide-Semiconductor (Metal-Óxido-Semicondutor)

OTA Operational Transconductance Amplifier (Amplificador Operacional de

Transcondutância)

PD Partially Depleted (Parcialmente Depletado)

SCE Short Channel Effects (Efeitos de Canal Curto)

sCESL strained Contact Etch Stop Layer

SOI Silicon-on-Insulator (Silício sobre Isolante)

sSOI Strained Silicon-on-Insulator (Silício sobre Isolante Tensionado)

THD Total Harmonic Distortion (Distorção Harmônica Total)

UCC University College Cork

UCL Université Catholique de Louvain

VIP Voltage Interception Point (Tensão de Intersecção)

ZTC Zero Temperature Coefficient (Ponto invariável com a temperatura)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 27

1.1 OBJETIVOS E ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................ 32

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 35

2.1 TRANSISTORES SOI DE MÚLTIPLAS PORTAS ........................................... 35

2.1.1 Dispositivos FinFET ...................................................................................... 36

2.1.2 Dispositivo SOI Gate-All-Around (GAA) ...................................................... 42

2.1.3 Transistor Sem Junções (Junctionless – JL) .............................................. 45

2.2 CARACTERÍSTICAS ANALÓGICAS ............................................................... 47

2.2.1 Não-Linearidade ou Distorção Harmônica .................................................. 48

2.2.1.1 Método de Fourier ........................................................................................... 50

2.2.1.2 Método da Série de Taylor .............................................................................. 52

2.2.1.3 Método da Função Integral (IFM) .................................................................... 55

2.2.2 Características Analógicas de Dispositivos Operando como

Amplificadores ............................................................................................... 61

2.2.2.1 Tensão Early e Condutância de Dreno ............................................................ 62

2.2.2.2 Ganho de Tensão em Malha Aberta ................................................................ 64

2.2.2.3 Razão gm/IDS .................................................................................................... 64

2.2.2.4 Freqüência de Ganho Unitário ......................................................................... 66

2.2.3 Características Analógicas de Dispositivos Operando como Resistores 66

2.2.3.1 Estrutura 2-MOS .............................................................................................. 67

2.3 APLICAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA .......................................................... 70

2.4 EFEITOS DE REDUÇÃO DA TEMPERATURA .............................................. 73

2.4.1 Parâmetros Físicos dos Semicondutores Dependentes da Temperatura 73

2.4.2 Parâmetros Elétricos do Transistor SOI Dependentes da Temperatura... 76

2.5 SIMULADORES UTILIZADOS ........................................................................ 79

3 RESULTADOS OBTIDOS............................................................................... 84

3.1 LINEARIDADE EM FINFETS DE PORTA TRIPLA CONVENCIONAIS E DE

CANAL TENSIONADO OPERANDO EM SATURAÇÃO ................................. 85

3.1.1 Características dos Dispositivos e Medidas Experimentais ...................... 85

3.1.2 Distorção Harmônica Desprezando o Ganho de Tensão em Malha Aberta

........................................................................................................................ 90

3.1.3 Origens Físicas das Não-Linearidades ........................................................ 97

3.1.4 Distorção Harmônica Considerando o Ganho de Tensão em Malha Aberta

...................................................................................................................... 102

3.1.5 Distorção Harmônica em Função da Temperatura ................................... 107

3.2 LINEARIDADE EM ESTRUTURAS 2-MOS COMPOSTAS POR

DISPOSITIVOS FINFETS CONVENCIONAIS E TENSIONADOS ................ 114

3.2.1 Características do Circuito e dos Dispositivos ........................................ 115

3.2.2 Avaliação da Distorção Harmônica em Estruturas Compostas por

FinFETs Convencionais .............................................................................. 116

3.2.3 Avaliação da Distorção Harmônica em Estruturas Compostas por

FinFETs com a Presença de Tensão Mecânica ........................................ 124

3.2.4 Avaliação de HD3 em Termos da Resistência on (RON) ........................... 127

3.3 LINEARIDADE EM ESTRUTURAS 2-MOS COMPOSTAS POR

DISPOSITIVOS GC GAA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA ...................... 131

3.3.1 Características dos Dispositivos e Medidas Experimentais .................... 131

3.3.2 Análise da Distorção Harmônica ................................................................ 134

3.3.3 Origens Físicas das Não-Linearidades ...................................................... 137

3.3.4 Avaliação de HD3 em Temperaturas Criogênicas .................................... 140

3.4 COMPORTAMENTO ANALÓGICO E LINEARIDADE EM TRANSISTORES

SEM JUNÇÕES OPERANDO EM SATURAÇÃO .......................................... 144

3.4.1 Características dos Dispositivos ............................................................... 145

3.4.2 Parâmetros Analógicos............................................................................... 147

3.4.3 Discussão Física sobre o Funcionamento do Transistor sem Junções . 150

3.4.4 Efeito da Temperatura nos Parâmetros Analógicos ................................ 157

3.4.5 Distorção Harmônica .................................................................................. 164

4 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ................................................ 168

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 172

APÊNDICE A – SIMULAÇÃO ATLAS FINFET ........................................................... 187

APÊNDICE B – SIMULAÇÃO ATHENA GC GAA ...................................................... 192

APÊNDICE C – SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS GC GAA ............................................ 195

APÊNDICE D – SIMULAÇÃO SENTAURUS JUNCTIONLESS .................................. 197

27

1 INTRODUÇÃO

A redução das dimensões dos dispositivos, decorrente da evolução da

microeletrônica, tem imposto diversos desafios tecnológicos à aplicação de transistores

de efeito de campo planares da tecnologia Metal-Óxido-Semicondutor (Metal-Oxide-

Semiconductor Field-Effect-Transistor – MOSFET). Com a miniaturização dos

dispositivos, o controle das cargas na região do canal pela porta se torna menos

efetivo, devido à maior proximidade entre as regiões de fonte e dreno do transistor e a

conseqüente interação de suas regiões de depleção com aquela originária da porta,

proporcionando a ocorrência de efeitos de canal curto. Devido às dificuldades

encontradas na aplicação de transistores MOS convencionais, diversos dispositivos

com características elétricas superiores, tais como, maior corrente e inclinação de

sublimiar mais próxima do ideal, têm sido desenvolvidos em tecnologias mais

avançadas, com o intuito de aumentar a sobrevida de transistores de efeito de campo.

Entre os dispositivos mais promissores 1, estão aqueles fabricados na

tecnologia Silício sobre Isolante (Silicon-on-Insulator – SOI), em que uma camada de

material isolante, normalmente chamada de óxido enterrado, separa a região ativa da

lâmina (onde são fabricados os dispositivos) do substrato. Este isolamento é

responsável por uma série de melhorias nas características elétricas de dispositivos

com comprimento reduzido de canal, como a redução das capacitâncias de junção de

fonte e dreno 1 e a redução da dependência da tensão de limiar dos dispositivos com o

comprimento de canal. Esta redução se deve ao maior controle das cargas de depleção

1. Outra vantagem observada em transistores desenvolvidos em lâminas SOI diz

respeito à grande diminuição do efeito de corpo em relação a dispositivos MOS

fabricados em tecnologia convencional, embora esta vantagem seja observada apenas

em dispositivos que possuam a camada de silício na região ativa suficientemente fina,

de modo que toda a camada de silício esteja em depleção (transistor completamente

depletado) 2.

Nos dispositivos completamente depletados há, ainda, uma sensível diminuição

e, em alguns casos, supressão de diversos problemas apresentados por transistores

28

com camada de silício na região ativa mais espessa (parcialmente depletados) como a

redução na corrente de fuga 1 e a degradação por portadores quentes, devido à

ionização por impacto. Além disso, a tecnologia SOI apresenta, sobretudo para

dispositivos completamente depletados, grande potencial de aplicação em sistemas de

baixo consumo de potência 3.

Embora dispositivos planares fabricados em tecnologia SOI apresentem

características superiores aos MOSFETs convencionais, como melhor inclinação de

sublimiar e menor efeito de corpo, diversos outros tipos de transistores, também

desenvolvidos a partir da tecnologia SOI, têm apresentado características elétricas

ainda melhores. Entre os mais promissores estão aqueles chamados de transistores de

múltiplas portas. Tais dispositivos possuem mais de uma porta associada à sua região

de canal, proporcionando um maior controle das cargas espaciais e reduzindo efeitos

decorrentes da redução das dimensões 4. Além disso, com a aplicação de potencial à

porta, toda a camada de silício pode se depletar, aumentando a transcondutância (gm) e

resultando em um maior ganho de tensão em malha aberta (AV) quando comparado ao

transistor SOI planar 5. Neste trabalho serão estudados alguns dos transistores de

múltiplas portas mais promissores, como o dispositivo de porta circundante (Gate-All-

Around – GAA) 6, o FinFET 7 e o transistor sem junções (Junctionless – JL) 8.

Embora possuam a região de canal envolta por óxido e material de porta, os

transistores GAA são considerados dispositivos de porta dupla, uma vez que a

espessura da camada de silício é bastante inferior à sua largura e os canais formados

em suas laterais podem ser desprezados. Os transistores GAA estudados ao longo

deste trabalho possuem uma configuração peculiar, que consiste em um perfil

assimétrico de dopantes na região de canal (Graded-Channel – GC) 9,10, onde a

concentração de dopantes natural da lâmina é mantida na região próxima ao dreno,

enquanto que no restante do canal é feita uma implantação iônica para o ajuste da

tensão de limiar (VTH). Esta configuração visa a reduzir os efeitos decorrentes do forte

campo elétrico na região de dreno do dispositivo e tem sido abordada em diversos

estudos 11,12,13,14,15, mostrando excelente desempenho em diferentes circuitos

analógicos como amplificadores operacionais de transcondutância (Operational

Transconductance Amplifiers – OTAs), espelhos de corrente e buffers. Nestes circuitos,

29

a estrutura GC promove um grande aumento do ganho de tensão em malha aberta,

redução da condutância de saída e aumento da transcondutância, que são

fundamentais em aplicações analógicas. Ao unir as estruturas GAA e GC, as vantagens

proporcionadas por cada uma delas se somam, tornando o dispositivo final (GC GAA)

ainda mais interessante para aplicações analógicas 5,16,17. De acordo com a referência

[5], o ganho de tensão de malha aberta apresentado pelo GC GAA resultou em uma

melhora significativa de 30~40 dB em relação a um dispositivo GC de porta simples e

de 20~30 dB em um GAA uniformemente dopado de dimensões similares. A aplicação

da estrutura GC em um transistor planar de porta simples mostrou melhorar o seu

ganho de tensão de 38 dB para 52 dB 13.

FinFETs, por sua vez, são dispositivos que possuem canal vertical e podem ser

transistores de porta dupla ou tripla, dependendo de seu processo de fabricação 7. Os

dispositivos FinFETs estudados ao longo do trabalho possuem toda a região de canal

com baixo nível de concentração de dopantes, ou seja, a concentração de dopantes

natural da lâmina é intencionalmente mantida, não havendo implantação iônica para

ajuste da tensão de limiar, que é controlada diretamente pela função trabalho do

material de porta 18. Assim, a estes transistores não é aplicada a estrutura GC. Diversos

trabalhos têm mostrado as vantagens proporcionadas por FinFETs sobre dispositivos

de porta simples decorrentes do melhor controle das cargas de canal 19.

Parte dos FinFETs analisados é fabricada sobre lâminas SOI tensionadas

(sSOI). Estas lâminas podem ser obtidas através do crescimento epitaxial de uma liga

relaxada de SixGe1-x, com a deposição de silício monocristalino tensionado em sua

superfície 20. A tensão mecânica tem sido bastante utilizada em tecnologias recentes,

com o intuito de aumentar a mobilidade em dispositivos MOS 21 e pode ser uniaxial

(apenas na direção do canal do dispositivo) ou biaxial (nas direções do canal e da

largura do dispositivo), dependendo de seu processo de fabricação. A tensão uniaxial

pode ser obtida através da deposição de uma camada de Si3N4 sobre o dispositivo

(strained Contact Etch Stop Layers – sCESL) 22, enquanto que a biaxial deriva de

lâminas SOI tensionadas, como nos FinFETs avaliados ao longo deste trabalho.

Diversos estudos têm reportado resultados experimentais de FinFETs sob tensão

uniaxial e biaxial, mostrando um aumento da mobilidade sem incremento da corrente de

30

fuga em relação a FinFETs convencionais 23,24. Apesar disso, poucos estudos tratam

das propriedades analógicas de FinFETs convencionais ou tensionados.

Os transistores sem junção constituem nanofios de silício de porta tripla,

similares às estruturas dos FinFETs. No entanto, diferentemente destes, não possuem

junções fonte/canal e canal/dreno. Diferentemente dos FinFETs, onde os dopantes de

fonte e dreno (p ou n) são de tipo contrário ao do canal, o JL apresenta um perfil

constante de dopantes entre fonte, canal e dreno (tipo n nos dispositivos nMOS e tipo p

nos pMOS). Estes dispositivos foram recentemente desenvolvidos com o intuito de

reduzir a complexidade no processo de fabricação de dispositivos nanométricos 8.

Idealmente, quanto mais abruptas forem as junções de um transistor, ou seja, quanto

menor for a região de transição da concentração de dopantes do canal para a fonte ou

o dreno, melhor será o comportamento elétrico dos dispositivos estudados 25. Devido à

miniaturização dos dispositivos, as junções devem apresentar uma transição ainda mais

abrupta uma vez que a concentração de dopantes tem que variar em diversas ordens

de magnitude em alguns nanômetros. Assim, se torna necessário um controle

extremamente preciso das condições térmicas e de concentração de dopantes para

evitar a difusão de impurezas na região do canal 25. Devido ao peculiar perfil de

dopantes, os dispositivos JL operam em regime de acumulação, diferentemente dos

demais transistores estudados, os quais funcionam em modo inversão 25.

Embora seja de fundamental importância em diversos circuitos analógicos tais

como filtros, conversores analógico-digitais e sistemas de áudio, a não-linearidade em

transistores de múltiplas portas tem sido pouco estudada. A não-linearidade dos

dispositivos, comumente denominada de distorção harmônica, está presente em

qualquer dispositivo MOS 26. Ao se aplicar um sinal alternado (normalmente senoidal)

na entrada de um sistema não-linear, este sistema gerará em sua saída um sinal na

mesma freqüência do sinal de entrada, chamado de sinal fundamental, e diversos

outros sinais de freqüências diferentes 26. Quanto mais desprezíveis forem estes sinais

frente ao fundamental, menor será a distorção associada ao sistema. Neste trabalho

será feito um estudo sobre o comportamento analógico dos dispositivos FinFETs e GC

GAAs com vistas à AV, gm, gD e resistência de canal, dando ênfase ao estudo das não-

linearidades. Por se tratar de um dispositivo extremamente inovador, o estudo

31

envolvendo transistores sem junção será focado, principalmente, em seus parâmetros

analógicos, embora suas figuras de mérito de não-linearidade também sejam

apresentadas. O estudo envolvendo os diferentes dispositivos utilizados será estendido

para aplicações em função temperatura (T).

Inicialmente, será feita a análise das não-linearidades apresentadas

experimentalmente por FinFETs, operando como amplificadores na região de

saturação, em função do comprimento do dispositivo (L) e da largura do fin (Wfin). Neste

estudo serão determinadas as distorções harmônicas de segunda e de terceira ordens

(HD2 e HD3, respectivamente) na saída dos dispositivos. HD2 representa a maior fonte

de não-linearidade em amplificadores unitários, sendo o principal responsável pela

distorção harmônica total (THD), enquanto que HD3 constitui o harmônico de terceira

ordem, que é de extrema importância em circuitos diferenciais 27. Neste estudo,

procurar-se-á determinar também as origens físicas das não-linearidades apresentadas

por FinFETs, através da aplicação de modelos analíticos e simulações. Além disso,

será observada a influência de AV na não-linearidade dos dispositivos.

Na seqüência, a distorção harmônica destes mesmos transistores será avaliada

quando estiverem operando na região triodo, como resistores quase-lineares 28,29. Com

o intuito de reduzir a distorção ao longo desta análise, os dispositivos serão aplicados a

circuitos balanceados compostos por dois transistores (2-MOS) 27, uma vez que tais

circuitos suprimem a distorção gerada por harmônicos pares, que normalmente é

dominante, e a não-linearidade passa e ser dada, fundamentalmente, por HD3. Como

se tratam de circuitos resistivos, neste estudo, HD3 será avaliado também em função

da resistência apresentada pelos dispositivos (RON), que normalmente é requisito do

projeto. Neste caso, também serão determinadas as fontes das não-linearidades.

Tanto no estudo de FinFETs operando em saturação como em triodo, a distorção

harmônica de dispositivos convencionais será comparada com a de transistores com a

presença de tensão mecânica biaxial, mostrando em que circunstâncias cada um dos

dispositivos apresenta melhor comportamento elétrico. Em um primeiro momento, a

avaliação de FinFETs ocorrerá apenas em temperatura ambiente e, posteriormente, a

temperatura será variada.

32

Na seqüência, será avaliada, através de HD3, a distorção apresentada por

dispositivos GC GAA operando em triodo, aplicados a estruturas 2-MOS, em função do

comprimento da região de canal fracamente dopada (LLD). Este estudo, baseado em

medidas experimentais de dispositivos e simulações de estruturas 2-MOS,

complementa a avaliação de GC GAAs, operando em saturação, apresentada na ref.

[17] e procurará explicar a origem das não-linearidades apresentadas pelos

transistores. Este estudo, inicialmente feito em temperatura ambiente, foi estendido

para temperaturas criogênicas de até 100 K.

Finalmente, serão apresentadas as principais características analógicas de

transistores JL, tais como a razão da transcondutância pela corrente de dreno (gm/IDS),

a tensão Early (VEA) e o ganho de tensão em malha aberta (AV), comparando os

parâmetros analógicos apresentados por estes dispositivos aos exibidos por

transistores de porta tripla ou FinFETs modo inversão (IM). O estudo será efetuado para

dispositivos operando em saturação como amplificadores unitários e considerará a

dependência das propriedades analógicas com Wfin e com a temperatura. Além disso,

este trabalho procurará identificar as razões físicas dos resultados obtidos através de

simulações tridimensionais. A partir deste estudo serão extraídas as não-linearidades

(através de HD2 e HD3) dos dispositivos.

Para a obtenção das características de não-linearidade (HD2 e HD3) dos

transistores, será utilizado o método da função integral (Integral Function Method – IFM)

30, que é um método matemático que permite a obtenção da linearidade a partir das

curvas obtidas em corrente contínua.

1.1 OBJETIVOS E ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho tem como objetivo o estudo de transistores SOI de múltiplas portas,

visando à aplicações analógicas. O estudo visa a determinar o desempenho analógico

através da distorção harmônica, de dispositivos FinFETs convencionais e biaxialmente

tensionados, operando tanto em saturação como em triodo e de transistores GC GAA,

33

operando em triodo. Embora seja de grande importância em diversos circuitos

analógicos, a resposta de tais dispositivos em termos de distorção permanece

desconhecida. Tanto em FinFETs como em GC GAAs, o estudo em triodo é feito

através da aplicação de estruturas balanceadas, que proporcionam aumento na

linearidade. Além disso, as propriedades analógicas e a distorção harmônica de

dispositivos JL serão avaliadas quando estes estiverem operando em regime de

saturação. Diversas das análises efetuadas considerarão a influência da temperatura

nos resultados obtidos. FinFETs com e sem tensão mecânica, GC GAAs e transistores

sem junção foram escolhidos para o estudo atual devido ao interesse que tais

dispositivos de múltiplas portas têm despertado na comunidade científica como pode

ser observado em [19],[21],[25].

Este trabalho foi dividido em quatro capítulos, dispostos conforme pode ser

observado a seguir.

O Capítulo 2 trata dos conceitos teóricos necessários para o entendimento do

trabalho. Neste capítulo, serão abordados os fundamentos básicos dos transistores

FinFET, GC GAA e JL, e em seguida, será feita uma introdução às características

analógicas dos dispositivos. Na seqüência, será efetuada uma explanação sobre os

conceitos de não-linearidade e distorção harmônica, culminando com os métodos de

sua extração, em especial do IFM, e serão introduzidas as estruturas balanceadas 2-

MOS. Adiante, será abordada a aplicação de tensão mecânica nos dispositivos e,

finalmente, serão apresentados alguns tópicos sobre a redução da temperatura.

No Capítulo 3, serão apresentadas as análises da distorção harmônica de

FinFETs convencionais e com a presença de tensão mecânica e GC GAAs. No que diz

respeito aos transistores sem junções, um estudo de suas características analógicas e

sua linearidade será efetuado. Neste capítulo, serão abordadas as análises de FinFETs

operando tanto em triodo (aplicados a estruturas balanceadas) como em saturação em

função das dimensões dos dispositivos, a análise de GC GAAs operando em regime

triodo em função do comprimento da região de canal fracamente dopada e da

temperatura e a análise de transistores sem junção operando em saturação como

amplificadores em função da largura dos dispositivos e da temperatura. Nesse estudo,

34

as propriedades analógicas dos JL serão comparadas às de dispositivos FinFETs de

porta tripla, também denominados Trigate.

Finalmente, no Capítulo 4, serão apresentadas as conclusões obtidas ao longo

do trabalho, bem como as propostas de sua continuidade.

35

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Este capítulo apresenta uma introdução teórica, onde são abordados os

principais conceitos necessários para a compreensão do trabalho. Inicialmente, será

apresentado o FinFET 7, serão abordadas as características básicas dos transistores de

porta circundante Gate-All-Around 6 com estrutura de canal gradual 10 e então serão

introduzidos os transistores sem junção (Junctionless – JL) e suas principais

características. Na seqüência, um tópico tratará dos principais conceitos envolvendo

não-linearidades, culminando com os principais métodos de sua extração e, então, será

feita uma introdução às características analógicas dos dispositivos e serão

apresentadas as estruturas balanceadas compostas de 2 transistores (2-MOS).

Adiante, serão introduzidos os principais conceitos relacionados à aplicação de tensão

mecânica aos dispositivos e, finalmente, abordados alguns tópicos sobre a operação

dos dispositivos em baixas temperaturas.

2.1 TRANSISTORES SOI DE MÚLTIPLAS PORTAS

Com a evolução da microeletrônica e a conseqüente miniaturização dos

dispositivos, diversos problemas decorrentes da redução das dimensões dos

transistores vieram à tona, como os efeitos de canal curto. Assim, diversos dispositivos

de múltiplas portas vêm sendo desenvolvidos, buscando a redução ou mesmo

supressão destes problemas, visando à obtenção de melhores características elétricas,

como maior intensidade de corrente, inclinação de sublimiar mais próxima do valor ideal

de 60 mV/década 19, redução do efeito de corpo, entre outras 1. Entre os principais

dispositivos de porta dupla (Double Gate – DG) desenvolvidos, pode-se mencionar:

XMOS 31, MFXMOS 32,33, Gate-All-Around 6, DELTA (Fully Depleted Lean-Channel

Transistor) 34, condutor triangular (triangular-wired) 35,36 e FinFET 7. Dentre aqueles de

porta tripla, podem ser citados o Trigate 37 e o “quantum-wire” 38. Além destes, existem

36

dispositivos com portas tripla+ como o -gate 39 e o -gate 40 e com porta circundante

como o CYNTHIA 41 e o TSNWFET 42. Embora desenvolvido recentemente, o transistor

sem junções 8 dispõe de uma estrutura semelhante ao Trigate ou FinFET de porta tripla

e tem sido alvo de diversos estudos que o credenciam a compor esta lista.

Neste tópico será dada uma breve explicação sobre as estruturas SOI

completamente depletadas aplicadas a dispositivos de múltiplas portas. Na introdução

teórica apresentada, será dada ênfase aos dispositivos GAA, FinFET e JL, os quais se

apresentam como alguns dos mais promissores para o futuro da microeletrônica. Nesta

seção também serão abordadas as principais características elétricas dos dispositivos.

2.1.1 Dispositivos FinFET

Os transistores FinFET podem ser considerados como uma evolução do

dispositivo DELTA 34, o primeiro dispositivo de porta dupla já fabricado. Assim como

ocorre com o DELTA, o dispositivo FinFET apresenta canais de condução verticais

diferentemente do transistor planar. Deste modo, o FinFET é fabricado sobre uma ilha

de silício alta e estreita, que é chamada de finger, leg ou simplesmente fin. A estrutura

FinFET é bastante similar à DELTA e só difere desta última devido à presença de uma

camada dielétrica, chamada hard mask, no topo da camada de silício. Este dielétrico

evita a inversão dos cantos superiores do dispositivo, prevenindo a formação de canais

parasitas. Na Figura 2.1, podem-se observar as estruturas esquemáticas do dispositivo

DELTA e do FinFET.

Embora o dispositivo DELTA apresente portas nas laterais e no topo da camada

de silício, este transistor pode ser considerado como um dispositivo de porta dupla já

que a altura do fin é bem superior à sua largura 43. No entanto, atualmente, existem

alguns dispositivos chamados Trigate em que a largura e a altura do fin são mais

próximas, fazendo com que o seu comportamento seja o de um dispositivo de porta

tripla. Em algumas literaturas, dispositivos semelhantes a este são considerados triple

gate FinFETs também chamados de FinFETs de porta tripla ou Trigates 4.

37

(A) (B)

Figura 2.1 – Estruturas de transistores de porta dupla: (A) FinFET e (B) MOSFET DELTA.

FinFETs de porta dupla ou tripla possuem diversas características que os tornam

mais atrativos que dispositivos de porta simples com dimensões similares. A tecnologia

de múltiplas portas apresenta melhores resultados em termos de transcondutância (gm),

efeitos de canal curto, inclinação de sublimiar (S) e intensidade de corrente (IDS), entre

outros 1. Estas características, além de outras, serão detalhadas a seguir.

Uma importante vantagem apresentada por dispositivos de múltiplas portas, diz

respeito à maior transcondutância quando comparado a dispositivos de porta simples. A

transcondutância é definida como a derivada da corrente IDS em função da tensão de

porta (VGS) e representa a eficácia do controle da tensão de porta sobre a corrente.

Nestes dispositivos, gm resulta em um valor que pode superar o dobro do valor obtido

em transistores SOI de porta simples 6.

Embora o valor teórico máximo da transcondutância em um dispositivo de porta

dupla seja o dobro daquele observado em transistores de porta simples, tais

dispositivos podem exibir uma transcondutância ainda maior. Isto se deve ao fenômeno

da inversão de volume, presente em dispositivos totalmente depletados (Fully-Depleted

– FD) e inicialmente observado em dispositivos GAAs 6. Este fenômeno, de natureza

quântica, consiste no aumento da concentração de elétrons no interior da camada de

silício, diferentemente do que ocorre em transistores de porta simples, onde os

portadores de inversão ficam confinados nas proximidades das interfaces entre óxido e

silício. Como o espalhamento dos portadores no interior da camada de silício é menor

38

que nas interfaces 44, a mobilidade efetiva (eff) nas proximidades das interfaces se

torna inferior à apresentada no interior da camada de silício. Este aumento na

mobilidade se reflete em um incremento da transcondutância, uma vez que existe uma

relação direta entre mobilidade e transcondutância (gm eff).

Por se tratar de um fenômeno quântico, a concentração de elétrons não pode ser

calculada unicamente com a solução da equação de Poisson em dispositivos com a

presença de inversão de volume, pois esta leva em conta apenas a física clássica. À

equação de Poisson, deve-se adicionar a solução da equação de Schrödinger 45, que

trata de fenômenos quânticos. Normalmente, a inversão de volume se torna importante

em dispositivos de camada de silício com espessura inferior a 30 nm 6. Um esquema da

inversão de volume presente em dispositivos de camada fina é mostrado na Figura 2.2.

Poisson

Poisson + Schrödinger

Profundidade

no Silício

Profundidade

no Silício

Co

nce

ntr

ação

de

Elé

tro

ns

0 tSi

0 tSi

(A) (B)

Figura 2.2 – Esquema da inversão de volume em um MOSFET de porta dupla com filme fino em (A)

VGS ≤ VTH e em (B) VGS > VTH 6.

Embora a corrente de dreno tenha relação direta com a mobilidade, IDS é dada,

principalmente, pela razão W/L efetiva e pela tensão de limiar do dispositivo de

múltiplas portas. Deste modo, a corrente de dreno é essencialmente igual à soma das

correntes fluindo através de todas as interfaces cobertas por óxido de porta. Assim, a

corrente através do FinFET porta dupla torna-se próxima ao dobro da corrente do

dispositivo convencional de porta simples e a corrente do Trigate é próxima ao triplo da

corrente do dispositivo convencional (considerando as três portas com comprimentos de

canal semelhantes) 46. Entretanto, a corrente final costuma ser menor que o valor

mencionado já que a mobilidade dos portadores, que é proporcional à corrente, sofre

39

alteração conforme a orientação cristalográfica do silício. A mobilidade dos elétrons nas

superfícies laterais costuma ser inferior à da superfície superior, já que as laterais

costumam ter orientação (110), enquanto que o topo da lâmina tem orientação (100) 47.

Com o objetivo de aumentar a corrente, são utilizados multi-dedos, ou seja,

diversos fins são conectados em paralelo, de forma que a corrente total seja dada pela

corrente de cada fin multiplicado pelo número de fins (considerando que a mobilidade

seja igual em todas as interfaces óxido-silício). Uma estrutura multi-dedos ou multi-fins

é representada na Figura 2.3. A corrente apresentada pelo transistor multi-fins (IDmulti) é

relacionada com aquela que flui em um transistor planar por unidade de largura de

canal (ID0) através da equação (2.1).

Figura 2.3 – Estrutura multi-dedos ou multi-fins.

P

H2WII finfin

0DDmulti

(2.1)

onde Hfin é a altura de um fin e P é o período da estrutura, ou seja, a distância entre o

início de um fin e o seu subseqüente. Para que a estrutura multi-fin seja vantajosa, a

corrente IDmulti deverá ser maior que ID0. Em dispositivos de porta tripla, onde a largura e

a altura do fin são iguais, P deve ser menor que 3W fin para que a corrente no multi-fin

seja maior que em um dispositivo de porta simples de dimensões equivalentes 48.

Assim como em outros dispositivos de múltiplas portas, nos FinFETs a tensão de

limiar se dá em valores inferiores ao dobro do potencial de Fermi (F) devido ao

mecanismo de inversão fraca 49. Para dispositivos extremamente estreitos, no entanto,

a condução poderá ocorrer em valores superiores a 2F 19. Dispositivos de porta tripla

dopados podem apresentar efeito de canto (corner effect), que consiste na inversão

40

prematura da região onde existe a união das portas laterais com a porta superior,

dando origem a correntes parasitas indesejáveis, devido à maior influência do campo

nestas regiões. O efeito de canto pode ser atenuado ou mesmo suprimido ao se utilizar

cantos com grandes raios de curvatura ou uma dopagem reduzida no canal. Neste

caso, a tensão de limiar pode ser controlada com o uso de um midgap material (material

com função trabalho próxima à do silício intrínseco – em torno de 4,7 eV) como material

de porta 50.

Outro parâmetro de suma importância no estudo de transistores, especialmente

de dimensões submicrométricas, consiste nos efeitos de canal curto (Short Channel

Effects – SCE), que são responsáveis por uma dependência indesejável da tensão de

limiar com o comprimento de canal dos dispositivos 46. Além disso, esses efeitos

provocam um aumento da corrente de fuga e uma degradação na inclinação de

sublimiar dos dispositivos 46.

Os efeitos de canal curto são provocados pela redução do controle das cargas

no interior do canal pela porta. Em transistores de canal curto, o campo elétrico

resultante das regiões de depleção de dreno e fonte passam a exercer maior influência

nas cargas da região de canal, passando a competir com a porta pelo seu controle.

Este efeito é menos pronunciado em transistores de múltiplas portas em comparação

aos dispositivos de porta simples, uma vez que ao se aumentar a quantidade de portas

de um dispositivo, o controle de cargas na região do canal aumenta 19. A fim de

determinar a influência dos efeitos de canal curto em um FinFET de porta dupla pode-

se calcular o comprimento natural da estrutura () que representa a distância de

penetração das linhas de campo elétrico do dreno no interior do corpo do dispositivo,

expressa através da equação (2.2) 19.

SiOX

OX

Si tt2

(2.2)

onde Si e OX são as permissividades do silício e do óxido, tOX a espessura da camada

de óxido e tSi a espessura da camada de silício que, em FinFETs de porta dupla,

equivale a Wfin. Para efeito de comparação, o comprimento natural de um transistor

41

planar é dado por SiOX

OX

Si tt

. Logo, pode-se notar que o valor de é 2/1 menor

em dispositivos de porta dupla em relação aos planares. Quanto menor for o

comprimento natural, maior a imunidade do dispositivo à efeitos de canal curto.

Nos FinFETs de porta tripla, o comprimento natural passa a ter um valor

intermediário entre o obtido pela equação (2.2), para dispositivos de porta dupla, e

aquele dado pela equação (2.3), para dispositivos de quatro portas.

SiOX

OX

Si tt4

(2.3)

Através das equações referentes ao comprimento natural, pode-se determinar as

espessuras mínimas das camadas de óxido e de silício para que o dispositivo fique livre

dos efeitos de canal curto. Para que isso ocorra, o comprimento de canal do transistor

deve ser de 5 a 10 vezes maior que o comprimento natural do dispositivo 51.

Devido à presença de duas ou três portas, a inclinação de sublimiar obtida no

dispositivo FinFET, expressa através da equação (2.4), apresenta uma significativa

melhora em relação aos transistores convencionais, com valores próximos ao limite

teórico de 60 mV/década em temperatura ambiente 19.

)Ilog(

VS

DS

GS

(2.4)

Assim como no caso dos efeitos de canal curto, a melhor inclinação de sublimiar

se deve ao maior controle das cargas no interior do canal. No entanto, a inclinação de

sublimiar pode adquirir valores superiores se o efeito de redução da barreira junto à

fonte induzida pelo dreno (Drain Induced Barrier Lowering – DIBL) estiver presente. O

DIBL é definido como uma redução da barreira de potencial junto à fonte induzida pelo

campo elétrico na região do dreno, normalmente significante em dispositivos de canal

curto. Esta alteração na barreira de potencial faz com que ocorra uma variação da

tensão de limiar de um dispositivo ao se incrementar sua tensão de dreno. Em

42

transistores de múltiplas portas este efeito é sensivelmente menor que em transistores

SOI planares 19.

Embora o fenômeno da ionização por impacto altere as características de

sublimiar, este fenômeno é sensivelmente menor nos dispositivos de múltiplas portas

em relação ao apresentado por dispositivos de porta simples parcialmente ou

completamente depletados (Partially e Fully Depleted – PD e FD, respectivamente) 52.

2.1.2 Dispositivo SOI Gate-All-Around (GAA)

O transistor SOI de porta circundante (GAA), exibido na Figura 2.4, foi

desenvolvido em 1990 6 e pode ser considerado como um dispositivo de porta dupla,

embora todo o seu canal seja envolvido por isolante e material de porta, pois como a

largura do seu canal é muito maior que a espessura do filme de silício, o efeito das

portas nas laterais do canal podem ser desprezados. Como o canal fica na posição

horizontal, diferentemente da maior parte dos transistores apresentados até agora, que

exibem canal vertical, este dispositivo pode ser fabricado a partir do processo de um

transistor SOI de porta simples, com a necessidade de apenas algumas modificações,

apresentadas na referência 6.

Porta

Porta

Fonte

N+

Dreno

N+

Óxido Enterrado

P+

L

(A) (B)

Figura 2.4 – Estrutura final do dispositivo Gate-All-Around em (A) perspectiva e (B) corte transversal.

43

Muitas das vantagens apresentadas para os FinFETs de porta dupla e tripla

continuam válidas para os dispositivos GAAs, como a maior transcondutância resultante

do fenômeno de inversão de volume 6. Neste caso, o fenômeno da inversão é

semelhante ao relatado para dispositivos FinFETs. De fato, a inversão de volume foi

constatada primeiramente em transistores GAAs e, algum tempo depois, nos demais

dispositivos 19. Outra vantagem mantida em dispositivos GAAs é o aumento da corrente

de dreno, que é essencialmente igual à soma das correntes fluindo através de todas as

interfaces cobertas por óxido de porta. Assim, a corrente através do GAA torna-se

próxima ao dobro da corrente do dispositivo convencional de porta simples 19.

Da mesma forma como ocorrem em FinFETs, em dispositivos GAAs, a

determinação da tensão de limiar se torna impossível a partir da definição convencional

em que a inversão forte se dá quando o potencial de superfície (S) atinge duas vezes

ao potencial de Fermi. Nos transistores GAAs, a tensão de limiar pode ser obtida com

tensão de porta de 10 mV a 90 mV inferiores àquela que levaria ao dobro do potencial

de Fermi 6. Assim, para estes dispositivos, a tensão de limiar deve ser determinada por

métodos alternativos 49 como, por exemplo, o ponto de máximo da segunda derivada da

corrente de dreno em função de tensão de porta.

Devido à presença de múltiplas portas possibilitando o melhor controle das

cargas na região de canal, os efeitos de canal curto e a inclinação de sublimiar

apresentadas pelo GAA são semelhantes aos descritos para os FinFETs no item

anterior. Como GAAs são considerados dispositivos de porta dupla, o comprimento

natural é dado pela equação (2.2), da mesma forma como ocorrem com FinFETs de

porta dupla.

Uma importante desvantagem dos dispositivos SOI em relação ao MOS

convencional consiste no efeito de auto-aquecimento (self-heating). A camada de óxido

enterrado presente nos dispositivos SOI tem baixa condutividade térmica e, por esta

razão, não permite que toda a energia térmica, gerada por efeito Joule no dispositivo,

seja dissipada. Assim, existe uma redução da mobilidade e, por conseqüência, da

corrente de dreno dos dispositivos 53. Os dispositivos de porta circundante são mais

imunes ao efeito de auto-aquecimento (self-heating) que os dispositivos SOI de porta

44

simples uma vez que não possuem óxido enterrado diretamente abaixo do canal, mas

uma camada de silício policristalino e uma fina camada de óxido de porta 53.

Devido ao processo de fabricação utilizado, o dispositivo resultante tem uma

porta inferior mais longa que a superior, como observado na Figura 2.4 (B), o que

representa uma maior capacitância parasita, como apresentado em 54. No entanto,

recentemente, GAAs com comprimento de canal de 50 nm foram fabricados com

sucesso, na qual o problema das portas desalinhadas foi suprimido, demonstrando o

interesse despertado por esta estrutura 55.

Como mencionado anteriormente, o processo de fabricação utilizado permite que

o transistor GAA seja construído com uma arquitetura assimétrica de canal, conhecida

por canal gradual (Graded-Channel – GC), que propicia diversas vantagens em circuitos

voltados para aplicações analógicas 10. Inicialmente apresentada em 2000, a arquitetura

GC apresenta dois perfis distintos de dopagem no interior do canal, conforme pode ser

observado na Figura 2.5, que apresenta o corte transversal de um dispositivo GAA com

arquitetura GC.

Porta

Porta

Fonte

N+

Dreno

N+

Óxido Enterrado

P+ P-

LLD

L

Figura 2.5 – Corte transversal do dispositivo de porta circundante com arquitetura de canal gradual (GC GAA).

Em uma região de comprimento LLD, próxima ao dreno, não ocorre a implantação

iônica para ajuste da tensão de limiar e a concentração de dopantes é mantida igual à

concentração natural da lâmina. Deste modo, a implantação é feita apenas na região

próxima à fonte, que se torna responsável pelo controle da tensão de limiar. Assim, o

comprimento efetivo de canal do dispositivo passa a ser dado por Leff = L - LLD. Nestes

dispositivos, grande parte do potencial aplicado ao dreno é absorvida na região

45

fracamente dopada. Este efeito proporciona uma sensível redução na condutância de

dreno e um conseqüente aumento no ganho de tensão em malha aberta que pode

alcançar 20~30 dB 13,16,17 em relação à GAAs convencionais, colaborando para o

melhor desempenho em aplicações analógicas.

Devido à facilidade de adequação de seu processo de fabricação ao de

transistores SOI convencionais e às características elétricas superiores, o dispositivo

GAA se torna bastante atrativo em aplicações de baixa tensão e baixo consumo de

potência 54.

2.1.3 Transistor Sem Junções (Junctionless – JL)

As vantagens apresentadas por dispositivos de múltiplas portas em relação aos

transistores planares mencionadas nos itens 2.1.1 e 2.1.2, fazem estes dispositivos,

especialmente aqueles com larguras de canal inferiores à 50~60 nm, potencialmente

importantes para reduzir os limites de integração estabelecidos para transistores de

porta simples 56. No entanto, quando o comprimento de canal dos diversos transistores

de múltiplas portas apresentados (como FinFETs, Trigates ou GAAs) é extremamente

reduzido, a formação de junções ultra-abruptas entre fonte/dreno e canal se torna de

alta complexidade, uma vez que a concentração de dopantes necessita variar em

diversas ordens de magnitude em alguns poucos nanômetros. Deste modo, o controle

das condições térmicas e de dopagem durante o processo de fabricação deve ser

preciso para evitar a difusão de impurezas na região do canal. O transistor JL foi

desenvolvido justamente com o intuito de suprimir este problema, uma vez que este

apresenta arquitetura não-convencional, sem a presença de junções de fonte/dreno

com o canal ou gradiente de dopantes 8,25,57. No entanto, a estrutura física do JL se

assimila à de dispositivos FinFETs de porta tripla ou apresentando uma fina camada de

silício coberta por material de porta como pode ser observado na Figura 2.6 (A).

46

Figura 2.6 – (A) Esquema tridimensional de um transistor de múltiplas portas, (B) corte transversal do

dispositivo nMOS sem junções e (C) secção transversal de um nMOS FinFET ou Trigate modo inversão.

Apesar da semelhança física com os FinFETs, os dispositivos JL apresentam

uma concentração de dopantes sensivelmente maior que os demais dispositivos de

múltiplas portas estudados, que é constante em toda a região compreendida pela fonte,

pelo canal e pelo dreno. Nas Figura 2.6 (B) e (C) podem ser observadas as secções

transversais de um nFinFET e de um nMOS JL, respectivamente, onde se pode

observar claramente os diferentes perfis de dopagem entre os dispositivos. O transistor

JL apresenta concentração de dopantes da ordem de 1019 cm-3 nas regiões de canal

fonte e dreno. Neste caso, dispositivos nMOS são dopados apenas com impurezas tipo

n, enquanto que pMOS são dopados desde a fonte até o dreno com impurezas tipo p.

Desta forma, o JL pode ser entendido como um resistor 25. Para efeito de comparação,

os FinFETs apresentados na seção anterior e estudados ao longo do capítulo 3 exibem

concentração de dopantes em torno de 1015 cm-3 na região de canal. Para esta

estrutura funcionar adequadamente, espessuras muito finas de camada de silício são

necessárias, com valores iguais ou inferiores a 10 nm, o que representa um

complicador importante na fabricação dos transistores JL.

Apesar de apresentar um perfil de dopantes relativamente similar ao exibido por

transistores modo acumulação (P+ -P -P+) como descrito na referência 58, JL não podem

ser considerados como modo-acumulação uma vez que, neste último, a condução

ocorre tanto no corpo como nas interfaces do dispositivo, enquanto que no transistor

sem junções ela se dá principalmente no interior do corpo dos dispositivos, a alguns

nanômetros das interface. De fato, diversas vantagens do transistor JL em relação a

FinFETs de porta tripla (que operam em modo-inversão) têm sido demonstradas

47

recentemente. De acordo com a referência 59, JL apresentam características de DIBL e

inclinação de sublimiar melhores que a de dispositivos Trigate de dimensões similares.

Além disso, um estudo do JL em função da temperatura mostrou resultados

interessantes uma vez que o ponto invariável com a temperatura (Zero Temperature

Coefficient – ZTC), normalmente observado nas curvas IDS-VGS, não está presente em

tais dispositivos 60.

No entanto, o transistor sem junções dispõe de algumas características inferiores

aos Trigate, por exemplo. Por ser um dispositivo altamente dopado, a mobilidade de

baixo campo do JL é severamente reduzida em relação à de outros dispositivos de

múltiplas portas como os FinFETs analisados em 2.1.1. A menor mobilidade leva

inerentemente à redução da corrente de dreno e da transcondutância. A tensão de

limiar, por sua vez, acontece através de um mecanismo diferente à dos dispositivos de

modo inversão. Quando o dispositivo JL (substrato tipo N) está polarizado com tensão

de dreno e tensão de porta próxima de zero ou negativa, haverá certa quantidade de

cargas positivas em seu canal, fazendo com que este esteja invertido. Ao se aumentar

a tensão aplicada à porta, o dispositivo entrará em depleção e passará a conduzir no

momento em que a região central de seu corpo sair da depleção e atingir a

concentração natural da lâmina. Para altos valores de tensão de porta, o dispositivo

começará a operar em acumulação e continuará conduzindo.

Tendo em vista que o estudo do transistor em questão iniciou-se recentemente,

ainda não existem estudos a respeito de seu comprimento natural. Apesar de ter a

aparência de um transistor porta tripla, não apresenta canais de condução nas

interfaces 25, dificultando a aproximação de λ pelas equações (2.2) e (2.3).

2.2 CARACTERÍSTICAS ANALÓGICAS

Este tópico apresenta as principais características dos transistores MOS quando

empregados em circuitos analógicos e está dividido em três partes: a primeira trata dos

conceitos básicos da distorção harmônica e seus principais métodos de extração, a

48

segunda visa ao estudo das características analógicas de dispositivos operando em

saturação como amplificadores e a terceira ao estudo de transistores em triodo, através

de estruturas 2-MOS.

2.2.1 Não-Linearidade ou Distorção Harmônica

A não-linearidade em dispositivos eletrônicos pode ser definida como a

deformação observada no sinal de saída em relação ao aplicado em sua entrada,

exceto por um fator multiplicativo 61. Assim, a distorção harmônica constitui um

importante parâmetro para o desenvolvimento de estruturas MOS voltadas a aplicações

analógicas 28,62,63.

O sinal da saída de um sistema pode sofrer dois tipos de distorção: linear ou

não-linear. A primeira ocorre quando o sinal atravessa dispositivos reativos, como

capacitores, onde a amplitude ou a fase do sinal passam a ser função da freqüência de

operação, como acontece em filtros 64. A segunda, entretanto, resulta da característica

de transferência não-linear de um dispositivo, como acontece com diodos retificadores e

transistores MOS, ou seja, na distorção não-linear o sinal de saída depende do ponto

de operação e da amplitude do sinal de entrada.

Figura 2.7 – Esquema da geração da distorção harmônica em um transistor MOS.

A distorção não-linear é comumente denominada por distorção harmônica 64. A

distorção harmônica obtida em transistores MOS corresponde à presença de sinais de

49

freqüências múltiplas à do sinal original. Quanto menores forem esses sinais, mais

linear será a curva de saída apresentada. Assim, ao se aplicar um sinal de entrada

senoidal com freqüência angular de = 2f, onde f é a freqüência do sinal, a um

transistor MOS, sua característica de transferência não-linear proporcionará em seu

sinal de saída harmônicos com freqüências múltiplas a , que degradarão o sinal

original como esquematizado na Figura 2.7.

Para a análise da linearidade de um transistor MOS, se mostram eficientes

diversas figuras de mérito. Em circuitos amplificadores, a figura de mérito mais comum

é a distorção harmônica total (Total Harmonic Distortion – THD), que corresponde à

soma de todos os harmônicos presentes na forma de onda de saída, enquanto que em

estruturas 2-MOS se torna mais comum a distorção harmônica de terceira ordem ou

HD3, que corresponde ao primeiro harmônico de ordem ímpar presente no sinal de

saída. Isto ocorre porque nestas estruturas a distorção harmônica tende à distorção

exibida pelo harmônico de terceira ordem como será visto na seção 2.2.3.1. Outra figura

de mérito também bastante utilizada na determinação da distorção harmônica é a

tensão de intersecção (Voltage Interception Point – VIP).

Para a determinação da não-linearidade apresentada na saída de um sistema, o

método mais comumente aplicado consiste na obtenção da transformada ou da série de

Fourier, a fim de que o sinal de saída seja exibido em função da freqüência,

possibilitando a determinação das diversas figuras de mérito através de seu espectro.

No entanto, esta técnica necessita que os dispositivos sejam caracterizados em

corrente alternada, dificultando sua aplicação. Além disso, não permite a visualização

dos mecanismos físicos responsáveis pela não-linearidade 64.

Uma técnica que elimina o problema da caracterização dos dispositivos em

corrente alternada consiste na expansão por série de Taylor das características

corrente-tensão 64,65. Porém, por ter como base o cálculo das derivadas de ordens mais

altas, que são sensíveis aos ruídos de medição e apresentam grande complexidade

matemática, esta expansão somente é recomendada quando o sinal aplicado à entrada

do dispositivo puder ser precisamente descrito pelos três primeiros termos de sua série

de Volterra 66.

50

A expansão da série de Volterra também pode ser utilizada na determinação da

não-linearidade. Entretanto, este método é utilizado apenas em sistemas com indutores

e capacitores operando em alta freqüência, sendo que, os componentes não-lineares

de um circuito são convertido em elementos lineares alocados paralelamente à fontes

de corrente que exprimem a sua não-linearidade (Method of Non-linear Currents) 66.

O Método da Função Integral (Integral Function Method – IFM) não apresenta os

problemas vistos nos demais 30,67,68, já que possibilita a análise em dispositivos

operando em baixas freqüências (através de pequenas adaptações, também em

freqüências mais altas 69), a partir das características dos dispositivos em corrente

contínua, e necessita de matemática menos complexa em sua aplicação. Logo, será

bastante utilizado ao longo do trabalho, embora possua limitações em circuitos com

múltiplos sinais de entrada, já que não permite a determinação da distorção em

sistemas intermodulados 68.

Adiante serão abordados, de forma mais específica, os principais métodos para a

determinação da distorção harmônica.

2.2.1.1 Método de Fourier

Como mencionado anteriormente, o método de Fourier é o mais comumente

utilizado para a determinação da distorção harmônica nos mais diversos sistemas 64.

Este método pode ser aplicado através da série de Fourier ou da transformada de

Fourier. Esta última, chamada também de integral ou transformada rápida (neste caso

apenas o algoritmo) de Fourier (Fast Fourier Transformer – FFT) se torna necessária

para a determinação da distorção harmônica em sistemas com a presença de sinais

não-periódicos, enquanto que a série de Fourier é aplicada a sinais periódicos, como

aqueles utilizados ao longo do trabalho atual. Para a determinação da distorção, são

calculados os coeficientes de Fourier (CF) da série de Fourier de uma função de

excitação periódica com freqüência angular = t, como descrito em (2.5):

51

1n

nn0 )]n(senb)ncos(a[

2

af (2.5)

Na equação (2.5), an e bn representam as amplitudes de Fourier de um

harmônico de ordem n e podem ser determinadas através das expressões (2.6) e (2.7).

2

0

n d)ncos(f1

a (2.6)

2

0

n d)n(senf1

b (2.7)

O termo a0, por sua vez, se refere à amplitude do nível DC e é dado por (2.8).

2

0

0 df1

a (2.8)

De posse dos valores de an e bn, pode-se calcular o coeficiente de Fourier do

harmônico de ordem n através de (2.9):

2

n

2

nn baC (2.9)

O coeficiente de Fourier apresenta relação direta com a amplitude do sinal

observado. O coeficiente C0, por exemplo, remete à amplitude do sinal continuo na

forma de onda de saída, enquanto que o termo C1 à amplitude do sinal de primeira

ordem e C2 à amplitude do segundo harmônico.

Logo, esta relação permite estabelecer que Cnsen(n) corresponde à amplitude

do harmônico de enésima ordem no sinal de saída. Assim, a distorção harmônica de

enésima ordem (HDn) pode ser obtida através da divisão do coeficiente de ordem n

pelo de primeira ordem ou fundamental. Na expressão (2.10), é definida a distorção

52

harmônica de terceira ordem, bastante utilizada na seqüência deste trabalho e

importante na identificação da influência dos harmônicos ímpares no sinal de saída.

Também utilizada ao longo do trabalho, THD mostra o nível de distorção

introduzido por todos os harmônicos de freqüência diferente à do fundamental no sinal

de saída. A distorção harmônica total é dada pela raiz quadrada da somatória do

quadrado do módulo dos coeficientes de Fourier de todos os harmônicos maiores que o

fundamental (n 2) com relação ao quadrado do fundamental (n = 1), como disposto na

equação (2.11) 67.

|C|

|C|3HD

1

3 (2.10)

2

1

2n

2

n

C

C

THD

(2.11)

2.2.1.2 Método da Série de Taylor

Este método tem como base uma determinada função f(x), que representa a

relação entre os sinais de entrada x(t) e saída y(t) de um dispositivo, a qual é

desenvolvida em uma série de potências, conforme descrito em (2.12).

...)t(xK)t(xK)t(xK)t(xKKtxfty 4

4

3

3

2

210 (2.12)

Se a série à direita da igualdade (2.12) for convergente para f[x(t)], o coeficiente

de não-linearidade referente ao harmônico de ordem n, definido como Kn, pode ser

determinado através do cálculo da derivada de ordem n da função de entrada 64, como

descrito em (2.13).

53

n

n

ndx

fd

!n

1K (2.13)

Considerando um sinal de entrada senoidal dado por f(x) = A.cos(t+), onde A

corresponde à amplitude do sinal aplicado e ao seu ângulo de defasagem, o sinal de

saída observado será igual àquele descrito por (2.14) 64.

...3t3cosA4

K

2t2cosA2

KtcosA

4

K3AKA

2

KKtcosAy

33

22331

220

(2.14)

No primeiro termo à direita da igualdade (2.14), percebe-se o nível DC no sinal

de saída. Como pode ser observado pela presença de K2, harmônicos pares elevam o

nível DC na saída. De um mesmo modo, a amplitude do harmônico de primeira ordem

ou fundamental é influenciada por harmônicos de ordem ímpar, como denota a

presença de K3 no segundo termo à direita da igualdade (2.14), indicando a influência

do harmônico de terceira ordem no sinal fundamental. Na equação (2.14), as

amplitudes de cada um dos harmônicos dadas pelos termos que multiplicam a função

cossenoidal, são entendidas como os coeficientes de Fourier e a equação (2.10), que

descreve HD3, pode ser reescrita com a presença dos coeficientes de não-linearidade.

Sendo C3 = (K3/4)A3 e C1 = [K1A+(3K3/4)A3], tem-se (2.15).

2

31

2

3

AK3K4

AK3HD

, desde que 2

31 AK4

3K (2.15)

Apesar de extremamente mais trabalhoso, THD poderia ser calculado de forma

aproximada para um número finito de harmônicos a partir da equação (2.11).

De acordo com a referência 70, onde é efetuada a análise dimensional de (2.14),

|K2|-1 e |K3|

-1/2 são dados em Volts e representam as amplitudes para as quais os

produtos de distorção de segunda e terceira ordens apresentam a mesma magnitude

do sinal de entrada 70. Assim, |K2|-1 e |K3|

-1/2 são chamados de tensões de intersecção

54

de segunda e terceira ordens, respectivamente. Quanto maiores forem estas tensões,

menor será a distorção introduzida pelo circuito.

Se o sinal de entrada de um dispositivo MOS ou de um circuito constituído por

transistores MOS for dado por x(t) = Vin e o sinal de saída por y(t) = Iout, seu fator de

admitância será G = dIout/dVin para Vin ≠ 0, resultando na equação (2.16), em que são

considerados apenas os sinais dos três primeiros harmônicos.

3

in3

2

in2inout VKVKVGI (2.16)

Ao diferenciar a equação (2.16) duas vezes tem-se K2 e diferenciando-se

novamente, pode ser obtido K3, como descrevem as expressões (2.17) e (2.18),

respectivamente.

in

out

in2

out

2

2dV

dI2

dV

IdK (2.17)

in

out

in3

out

3

3dV

dI6

dV

IdK (2.18)

Considerando x(t) = Vin e y(t) = Iout na equação (2.12) e aplicando algumas

propriedades trigonométricas, as distorções de segunda (HD2) e terceira ordens podem

ser diretamente determinadas, como descrevem as expressões (2.19) e (2.20), em que

um sinal senoidal de amplitude Va é aplicado à entrada.

VaK2

1HD2 2 (2.19)

2

3VaK4

1HD3 (2.20)

Substituindo as equações (2.17) e (2.18) em (2.19) e (2.20), respectivamente, em

um transistor MOS, as distorções de segunda e terceira ordens podem ser dadas em

55

função da transcondutância dos dispositivos e suas derivadas, como apresentado em

(2.21) e (2.22), uma vez que gm = dIDS/dVGS.

m

GT

m

2g

dV

dg

Va2

1HD2 (2.21)

m

GT2

m

2

2

g6

dV

gd

Va4

13HD (2.22)

Assim, através das expressões (2.21) e (2.22) pode-se estudar a origem física da

não-linearidade apresentada pelos dispositivos, como será apresentado mais adiante.

Em diversos circuitos não balanceados, a distorção total é, essencialmente, dada pela

distorção de segunda ordem, sendo possível aproximá-la pela expressão (2.21).

2.2.1.3 Método da Função Integral (IFM)

O método da função integral (Integral Function Method – IFM) apresenta diversas

vantagens sobre os outros métodos propostos, não necessitando da caracterização em

tensão alternada dos dispositivos avaliados como ocorre com a série de Fourier ou do

cálculo das derivadas de ordens mais altas como na série de Taylor 67. Logo, este

método apresenta mais imunidade a ruídos de medidas, do que o método baseado na

série de Fourier, e menor erro que o obtido no cálculo das derivadas empregadas na

série de Taylor. No entanto, o IFM permite apenas a determinação de THD, HD2, HD3 e

suas tensões de interseção, não possibilitando a observação da distorção referente a

harmônicos de ordens mais altas 30. Apesar disso, estas figuras de méritos calculadas

através do IFM são as mais usuais na análise da distorção em circuitos analógicos e

também importantes no trabalho atual.

Para a determinação da distorção harmônica através do IFM, o sinal de entrada

do dispositivo ou circuito em questão será considerado como aquele apresentado em

56

(2.23), em que X0 representa o nível DC ou o ponto de polarização do sinal de entrada e

A a sua amplitude.

AsenXX 0 , onde t (2.23)

Na seqüência, a região de interesse da curva de transferência (Y vs. X) em que

será aplicado o IFM deverá ser selecionada conforme apresentado na Figura 2.8 e esta

região (y vs. x) dada por y = f(x) deverá ser normalizada em ambos os eixos no

intervalo [0;1] através das equações (2.24), (2.25) e (2.26).

Figura 2.8 – Normalização da característica corrente-tensão através do IFM.

A2

AXX

AXAX

AXXx 0

00

0

(2.24)

AXYAXY

AXYXYy

00

0

(2.25)

1x2AXX 0 (2.26)

A partir da substituição de (2.26) em (2.25), a característica de saída do sistema

é obtida em função de X0 e A, como mostrado em (2.27).

57

AXYAXY

AXY1x2AXYxy

00

00

(2.27)

A região de interesse da curva de transferência formará um quadrado de área

igual a 1, como pode ser observado na Figura 2.9. São, então, salientadas as áreas

acima (ÁREA 1) e abaixo (ÁREA 2) da curva normalizada.

Figura 2.9 – Característica de transferência normalizada nos eixos x e y, onde são evidenciadas as áreas abaixo e acima da curva.

A função D, base do método da função integral, é definida como a diferença

entre as áreas acima e abaixo da curva normalizada, como mostram as expressões

(2.28) e (2.29):

dx)x(ydy)y(x2AREA1AREAD

1

0

1

0

(2.28)

1

0

1dxxy2D (2.29)

De acordo com 30, o valor obtido pela função D de uma curva de transferência

qualquer tem relação com THD0, que é definido como a distorção harmônica total dada

por (2.11) acrescida do nível DC presente no sinal de saída, dado pelo termo

58

(|C0|2/|C1|

2). A função THD0 é expressa em (2.30) e, de acordo com 30, THD0 = 1,06D.

Substituindo-se THD0 por 1,06D em (2.30), THD pode ser expresso através de (2.31).

2

1

2

02

0

C

CTHDTHD (2.30)

2

1

2

02

C

C)D06,1(THD (2.31)

Logo, vê-se que a distorção harmônica pode ser calculada em função de D. No

entanto, esta análise é prejudicada quando a curva avaliada cruza a bissetriz do

quadrado delimitado pelas duas áreas, pois as regiões acima e abaixo da curva se

compensam. Nestes casos, pode-se definir ys(x) e Ds, como mostrado nas equações

(2.32) e (2.33) para suprimir o problema. Pode-se perceber, através das equações

(2.29) e (2.33), que as funções D e Ds apresentam resultados iguais quando toda a

característica normalizada se encontra acima ou abaixo da bissetriz.

xxxyxys (2.32)

1

0

1dxxys2Ds (2.33)

Como será visto em 2.2.3.1, em certos casos, como em circuitos balanceados,

os harmônicos de ordem par são suprimidos e THD passa a ser dado apenas por

aqueles de ordem ímpar 67, quase que essencialmente por HD3. A supressão dos

harmônicos pares pode ser determinada a partir da diferença do sinal de saída Yr,

descrita em (2.34). Visando à criação de outra função integral que mostre esta

supressão, o sinal Yr(x) é normalizado como mostrado nas equações (2.24) a (2.26), e

resulta na expressão (2.35).

AsenXYAsenXYYr 00 (2.34)

59

AXYrAXYr

AXYr1x2AXYrxyr

00

00

(2.35)

De acordo com 67, a supressão dos harmônicos de ordem par resulta em uma

grande diminuição da distorção total e a característica de saída adquire uma forma

perfeitamente simétrica.

A Figura 2.10 apresenta o gráfico da diferença entre os sinais de saída e entrada

normalizados versus o sinal de entrada normalizado [yr(x)-x] vs. x, resulta em um valor

nulo para a diferença yr(x)-x quando yr(x) = x = 0,5. Assim, a nova função integral Dr,

descrita na expressão (2.36), é definida no intervalo entre 0 e 0,5 e o seu resultado é

multiplicado por 2.

Figura 2.10 – Diferença da saída normalizada menos o sinal de entrada, yr(x)-x, e seu módulo |yr(x)-x| 67

.

5,0

0

25,0dxxyr22Dr (2.36)

No caso da função Dr, a função diferença yr(x) do sistema analisado pode cruzar

a bissetriz do gráfico normalizado mais de uma vez, de forma que ocorra a

compensação das áreas, assim como ocorria com a função D. Portanto, uma quarta

função integral, denominada Drs, responsável por transportar toda a curva para a

60

região acima da bissetriz, evitando a compensação de áreas, foi desenvolvida. A nova

função Drs integral foi desenvolvida com base na equação (2.37) e é apresentada em

(2.38). Observando-se as expressões (2.38) e (2.36), percebe-se que se yr tiver apenas

uma inflexão no ponto x = 0,5, as funções Dr e Drs apresentarão resultados similares.

xxxyrxyrs (2.37)

1

0

1dxxyrs2Drs (2.38)

Para a determinação da distorção harmônica a partir das funções integrais, será

utilizado novamente o conceito de THD0 definido em (2.30), já que esta componente

pode ser relacionada com D ou Ds. Conforme descrito na referência 67, THD0 pode ser

determinado a partir da raiz quadrada da soma dos quadrados dos harmônicos de

ordem n, como mostra a expressão (2.39), onde HD0 é a distorção harmônica

correspondente à componente DC do sinal.

222

0 3HD2HD0HDTHD (2.39)

Como mencionado anteriormente e descrito na expressão (2.14), componentes

DC geradas por harmônicos de ordem par são observadas no sinal de saída 64 e

contribuem para o incremento deste sinal. De fato, o nível DC presente na saída é,

quase que na totalidade, fruto dos harmônicos de ordem par, sendo que, HD2 é o

principal responsável por esta componente 30. Assim, como mostra (2.40), HD0 pode

ser aproximado para HD2.

Ds06,13HD2HD2THD 22

0 (2.40)

Excluindo-se a componente DC de THD0, tem-se THD, como descrito em (2.41).

22 3HD2HDTHD (2.41)

61

Partindo da definição de Drs e das expressões (2.40) e (2.41), THD pode ser

determinado em função de Ds e Drs como expresso na equação (2.42):

2

Drs

2

Ds06,1THD

22

(2.42)

Utilizando o mesmo raciocínio, chega-se à expressão (2.43) que descreve HD2.

2

Drs

2

Ds06,12HD

22

(2.43)

Como mencionado anteriormente, a função Dr tem como objetivo o cálculo da

distorção harmônica quando os harmônicos de ordem par são suprimidos. Assim, o

valor de Dr pode ser aproximado para HD3, uma vez que este é o principal harmônico

ímpar no sinal resultante. Portanto, desconsiderando os harmônicos ímpares de ordens

mais altas resulta-se na expressão (2.44).

Dr3HD (2.44)

Uma explicação mais detalhada sobre as funções normalizadas e as funções

integrais utilizadas no IFM pode ser encontrada na referência 71.

2.2.2 Características Analógicas de Dispositivos Operando como Amplificadores

Circuitos amplificadores representam uma das principais aplicações analógicas

de transistores MOS 72. Desta forma, para a análise dos parâmetros analógicos dos

dispositivos operando como amplificadores, foi considerado um circuito equivalente ao

disposto na Figura 2.11, onde é apresentado um amplificador unitário, alimentado por

uma fonte de corrente (Ib), responsável pelo seu ponto de polarização. Este circuito

62

analógico tem como propósito amplificar a parcela alternada (vgs) do sinal aplicado à

porta do transistor, gerando um sinal de saída também composto de uma componente

contínua (VDS) e outra alternada (vds), onde é considerada uma carga capacitiva CL.

Com base no circuito apresentado na Figura 2.11, diversas características

analógicas dos dispositivos de múltiplas portas serão analisadas ao longo do trabalho.

Assim, os parâmetros mais relevantes, tais como, tensão Early, condutância de dreno,

ganho de tensão em malha aberta e razão gm/IDS são apresentados na seqüência.

Outra característica analógica extremamente importante diz respeito à distorção

harmônica, abordada em 2.2.1. Esta característica é importante para quaisquer circuitos

analógicos, tanto com dispositivos operando em saturação como em triodo.

Figura 2.11 – Bloco amplificador formado por um único transistor MOS.

2.2.2.1 Tensão Early e Condutância de Dreno

A tensão Early é uma característica de fundamental importância em circuitos

analógicos operando como amplificadores, uma vez que está relacionada com a

variação da corrente de dreno em função da tensão de dreno (VDS) aplicada e,

conseqüentemente, com o ganho de tensão em malha aberta. Quando dispositivos

MOS entram em regime de saturação, ou seja, quando VDS = VGS – VTH, o campo

elétrico decorrente da região de depleção de dreno induzirá um pinçamento (pinch-off)

63

no canal do dispositivo. Ao se aumentar VDS, este pinçamento será ligeiramente

deslocado para o interior do canal, reduzindo seu comprimento efetivo. Logo, a região

de saturação da característica IDS-VDS do dispositivo adquirirá certa inclinação. A tensão

Early é definida como o ponto em que o prolongamento da característica IDS-VDS na

região de saturação cruza o eixo de VDS como mostrado na Figura 2.12. Deste modo, a

tensão Early pode ser aproximada pela razão IDS/gD do dispositivo quando este opera

em saturação. Devido ao bom acoplamento vertical e ao melhor controle do potencial

no interior do canal em relação aos transistores de porta simples, em dispositivos de

múltiplas portas existe uma menor influência do potencial de dreno na corrente de

condução, resultando em uma menor condutância de dreno, o que eleva a tensão Early

5.

Figura 2.12 – Definição da tensão Early a partir da característica IDS vs. VDS de um transistor MOS.

Ao se analisar as características analógicas dos FinFETs, percebe-se que neles

a tensão Early aumenta conforme se reduz a largura do fin devido ao maior

acoplamento de suas portas laterais e, para dispositivos extremamente estreitos onde

há a presença de inversão de volume, os valores obtidos para VEA chegam a ser da

ordem de 1000 V 73. Mesmo em dispositivos com fins mais largos, onde não há a

presença de inversão de volume, pode-se ter uma tensão Early até dez vezes superior

à de um transistor de porta simples com comprimento de canal equivalente 73. De forma

similar, a análise da tensão Early em GC GAAs mostrou a grande superioridade destes

transistores em relação aos dispositivos planares ou mesmo GAA convencionais,

exibindo tensão Early de ordem de 1200 V, enquanto GAA convencionais de dimensões

similares apresentam VEA em torno de 300 V 5. Em termos de tensão Early, dispositivos

JL têm apresentado resultados similares e, em alguns casos, até superiores às de

dispositivos FinFET, como será abordado adiante.

64

2.2.2.2 Ganho de Tensão em Malha Aberta

O ganho de tensão em malha aberta (ou intrínseco) desponta como uma das

principais características de circuitos amplificadores. Sendo o ganho intrínseco de

tensão do transistor definido pela equação (2.45) 74, nota-se sua proporcionalidade com

a tensão Early. Assim, devido à maior tensão Early obtida em GC GAAs e em FinFETs

em relação aos transistores de porta simples, um aumento considerável do ganho de

tensão em malha aberta pode ser observado, levando a um excelente comportamento

analógico 5,73.

EA

DS

m

D

mV V

I

g

g

gA

(2.45)

Como se poderia esperar através de correlação entre ganho e VEA descrita por

(2.45), dispositivos GC GAAs e FinFETs apresentam AV sensivelmente maiores que

transistores planares. Segundo a referência 5, o ganho apresentado pelo GC GAA

resultou em uma melhora significativa de 30~40 dB em relação a um dispositivo GC de

porta simples e de 20~30 dB se comparado com um GAA convencional de dimensões

similares. De modo similar, as referências 75,76 mostram que FinFETs podem atingir

ganhos de até 70 dB, ou seja, cerca de 30 dB superiores a dispositivos planares de

dimensões similares. No trabalho atual, será mostrado que dispositivos JL podem

apresentar ganhos tão expressivos como os de FinFETs.

2.2.2.3 Razão gm/IDS

A razão gm/IDS representa a eficiência de um dispositivo em converter a corrente

elétrica em transcondutância, ou seja, equivale à medida da amplificação proporcionada

por um transistor (gm) dividida pela energia dissipada para tal (IDS) 74. Nos circuitos dos

65

amplificadores operacionais de baixa potência, a razão gm/IDS representa uma

importante ferramenta para a determinação das dimensões dos transistores, já que não

depende do comprimento e da largura dos dispositivos 74. Assim, esta é normalmente

apresentada em função da corrente de dreno normalizada (IDS/(Weff/Leff), onde Weff e Leff

são, respectivamente, a largura e o comprimento efetivos de canal do dispositivo), como

pode ser observado para um FinFET de Wfin = 20 nm na Figura 2.13 75.

1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-40

5

10

15

20

25

30

35

40

gm/I

DS [

V-1]

IDS

/(Weff

/Leff

) [A]

Inversão

Fraca Inversão

Moderada

Inversão

Forte

FinFET

Wfin

= 20 nm

Hfin

= 60 nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Figura 2.13 – Esboço da curva de gm/IDS em função de IDS/(Weff/Leff) para um FinFET de Wfin = 20 nm e

L = 10 m 75

.

Como está fortemente relacionada com o desempenho de circuitos analógicos,

através da equação do ganho em malha aberta, dada pela expressão (2.45), a razão

gm/IDS facilita a identificação da região de operação dos dispositivos, como pode ser

observado na figura. Assim, pode-se definir uma dada IDS/(Weff/Leff) para que o

dispositivo opere em certa região. Logo, se o circuito disposto na Figura 2.11 for

polarizado com um corrente que o leve a operar na região de inversão fraca, gm/IDS será

maior, fazendo com que um ganho superior seja alcançado 74.

66

2.2.2.4 Freqüência de Ganho Unitário

A freqüência de ganho unitário (fT) representa outro importante parâmetro dos

circuitos amplificadores. Embora para baixas freqüências o ganho em malha aberta

possa ser expresso através de (2.45), ao se aumentar a freqüência de operação dos

dispositivos, ocorre uma redução significativa do ganho 72. Em certa freqüência, a

amplitude do sinal de saída torna-se igual à da entrada. Esta freqüência é denominada

de freqüência de ganho unitário e pode ser expressa pela equação (2.46) 72.

L

m

L

DS

DS

mT

C2

g

C2

I

I

gf

(2.46)

A freqüência de corte (fC), por sua vez, corresponde àquela em que o ganho em

malha aberta é 3 dB inferior ao determinado pela equação (2.45). Esta freqüência tem

relação com a freqüência de ganho unitário e pode ser expressa pela equação (2.47) 72.

L

D

m

D

L

m

V

TC

C2

g

g

g

C2

g

A

ff

(2.47)

2.2.3 Características Analógicas de Dispositivos Operando como Resistores

Além da implementação de circuitos amplificadores, outra aplicação analógica de

transistores MOS diz respeito à sua utilização como resistores variáveis 28,77, usados

em filtros de tempo contínuo 78. Para estas aplicações, a resistência do canal

(resistência-on – RON, definida como VDS/IDS ou 1/gD) e a distorção harmônica presente

na saída são importantes figuras de mérito 28. A resistência do canal é controlada

através da tensão aplicada à porta do dispositivo e as regiões de fonte e dreno passam

a atuar como os terminais do resistor. Normalmente, para aplicações em filtros, é

67

desejado que o dispositivo apresente resistências da ordem de algumas dezenas a

centenas de k 79. A distorção harmônica é dada pelo nível de não-linearidade obtido

em sua característica de saída e é função de diversos fatores como a degradação da

mobilidade, o efeito de corpo e o descasamento dos dispositivos 79. Para reduzir a

distorção exibida na característica de saída, diversas estruturas alternativas foram

propostas, entre as quais, estruturas balanceadas compostas por dois (2-MOS) ou

quatro (4-MOS) transistores 80,81,82,83. Apesar de estas estruturas promoverem grande

redução da não-linearidade, proporcionam também uma redução na resistência de

canal, que pode ser suprimida através da utilização de transistores mais longos 79.

Ao longo do trabalho atual foi estudada a linearidade das estruturas 2-MOS,

compostas por transistores FinFETs (através de medidas experimentais em dispositivos

convencionais e com a presença de tensão mecânica) e GC GAAs (através de

simulações em função da temperatura). Em tais estruturas, a distorção de segunda

ordem, que normalmente é responsável pela maior parcela de THD, é suprimida, e a

distorção de terceira ordem se torna dominante 80.

2.2.3.1 Estrutura 2-MOS

Abordado inicialmente em um estudo que visava o aumento da linearidade em

filtros RC ativos 80, o conceito da redução da distorção proporcionada por estruturas

diferenciais (2-MOS) foi primeiramente demonstrado a partir da equação da corrente de

dreno de um dispositivo operando em triodo, como mostrado na expressão (2.48), dada

pela referência 84.

23

23

22

2

3

2

1

2

BBSBBD

BSBDSDBFBBG

DS

VVVV

VVVVVVVVV

KI

(2.48)

68

onde 21

21

SiAB

ox

qNC

e L

WC.

2

1K oxeff . Nesta equação, VG, VB, VD e VS

correspondem aos potenciais de porta, substrato, dreno e fonte em relação à

referência, eff é a mobilidade efetiva no canal, VFB é a tensão de faixa plana, NAB é a

concentração de dopantes do substrato, Cox é a capacitância do óxido por unidade de

área, Si é a permissividade do silício, q é a carga do elétron e B é o potencial de

superfície aproximado na inversão forte (normalmente considerado igual a 2F). A

equação (2.48) pode ser expandida através de uma série de Taylor, como mostrado na

expressão (2.49).

33

3

22

21 SDSDSDDS VVKVVKVVKKI (2.49)

Na expressão (2.49), o termo K.K1 corresponde à condutância do transistor, ou

seja, o inverso deste termo representa a resistência (RON), cuja equação é apresentada.

1

1

..

1

THGoxON VV

L

WC

KKR (2.50)

A melhora propiciada na distorção através do uso da estrutura balanceada 2-

MOS pode ser observada em um circuito integrador RC, como o apresentado na Figura

2.14.

VG

VIN

C

VB +

- VOUT

Figura 2.14 – Integrador RC para pequenos sinais utilizando transistores ao invés de resistores.

69

A expressão que define a tensão de saída do inversor pode ser exibida com base

nas equações (2.49) e (2.50).

t t

INININOUT dtVKVKC

KdtV

RCV

3

3

2

2

1 (2.51)

Na expressão (2.51), o primeiro termo à direita da igualdade corresponde à

resposta ideal do integrador (como se houvesse sido utilizado um resistor na entrada do

amplificador operacional) e o segundo representa o erro introduzido pela característica

não-linear do transistor. O circuito balanceado 2-MOS exibido na Figura 2.15 pode ser

utilizado com o intuito de cancelar parcialmente a distorção na saída. O circuito utilizado

apresenta simetria em relação à tensão de referência, tanto na entrada através de VIN e

–VIN como na saída através de VOUT e –VOUT.

VX

VG

-VIN

C

-VOUT

VG

VIN

C

VB

- +V

OUT

+ -V

X

IDS1

IDS2

I01

I02

Figura 2.15 – Integrador RC utilizando uma estrutura balanceada 2-MOS.

A partir das equações (2.52) a (2.55) a equação (2.56), que exprime a tensão de

saída do integrador apresentado na Figura 2.15, é deduzida.

t

XOUT VdtIC

tV 01

1)( (2.52)

t

XOUT VdtIC

tV 02

1)( (2.53)

t

OUT dtIIC

tV 02012

1)( (2.54)

210201 DSDS IIII (2.55)

70

t

2DS1DSOUT dtIIC2

1)t(V (2.56)

A partir da série de Taylor apresentada na equação (2.49) e do desenvolvimento

da equação (2.56), pode-se obter a expressão (2.57), que diz respeito à corrente que

flui através da estrutura 2-MOS.

5

5

3

3121 2 INININDSDS VKVKVKKII (2.57)

Como pode ser observado na equação (2.57), os termos pares da série de Taylor

são suprimidos, o que significa que a distorção relativa ao harmônico de segunda

ordem, normalmente dominante, é suprimida, fazendo com que a distorção de terceira

ordem se torne responsável por grande parte da distorção presente na saída. Nas

estruturas formadas por 2 transistores, HD3 é determinado pela interação mútua entre a

degradação da mobilidade e o efeito de corpo 70.

Conforme descrito na referência 79, na utilização de estruturas 2-MOS, a

distorção causada pelo efeito de corpo se contrapõe àquela resultante da degradação

da mobilidade e tende a cancelá-la. No entanto, na tecnologia SOI, o efeito de corpo é

extremamente reduzido, de forma que o nível de HD3 é dado, quase que em sua

totalidade, pela degradação da mobilidade 85.

2.3 APLICAÇÃO DE TENSÃO MECÂNICA

Embora as propriedades do silício quando este se encontra sob tensão mecânica

sejam conhecidas há décadas 86, apenas nos últimos anos a utilização de transistores

com a presença de tensão mecânica tem se difundido 87,88. Quando o silício se encontra

sob tensão, ocorre um rearranjo dos átomos no seu interior e um aumento considerável

da mobilidade e, como conseqüência, da corrente de dreno é obtido 88. Se a tensão for

71

tensora, o rearranjo dos átomos gera um aumento na mobilidade dos elétrons e,

portanto, beneficia transistores de canal tipo n, enquanto que se a tensão for

compressiva é observado um aumento na mobilidade das lacunas, que privilegia

transistores com canal tipo p 89. Tendo em vista a utilização de tensão mecânica em

diversas tecnologias atuais 87, as características de dispositivos nMOS com a presença

de tensão mecânica foram analisadas no trabalho atual. Desta forma, as explicações

contidas neste tópico se referem a tais dispositivos.

A tensão mecânica pode ser aplicada tanto de forma uniaxial, ou seja, em

apenas um dos eixos do dispositivo (na direção do canal), como de forma biaxial, com

aplicação de tensão em dois de seus eixos (nas direções do canal e da largura).

A tensão uniaxial pode ser gerada a partir do efeito de dilatação térmica dos

materiais. Se um material é depositado sobre outro numa certa temperatura e após a

deposição esta temperatura é reduzida, os materiais tendem a encolher. Se os

coeficientes de dilatação térmica destes materiais não forem iguais, um deles tenderá a

encolher mais do que o outro. No entanto, isto não será possível já que ambos os

materiais se encontram unidos. Assim, é gerada uma força tensora impedindo que o

material se contraia, a chamada tensão mecânica. Esta forma de tensão costuma ser

gerada através da aplicação de uma camada de nitreto de silício sobre o dispositivo

(strained Contact Etch Stop Layer - sCESL). Como o nitreto apresenta coeficiente de

dilatação térmica maior que o silício, o transistor estará sob tensão mecânica. Nesta

técnica, a tensão mecânica se torna mais efetiva à medida que o comprimento de canal

do transistor é reduzido 87,89.

Na geração de tensão biaxial, por sua vez, é utilizada uma liga de silício-

germânio (SixGe1-x), uma vez que este tipo de tensão é originado a partir da própria

estrutura cristalina. Assim, utilizando-se de uma camada de silício convencional como

substrato, é feito o crescimento gradual de uma liga de silício-germânio, até que esta

adquira certa proporção de átomos de Si e Ge. Neste ponto, haverá uma camada de

SiGe relaxado. Então, é crescida uma camada epitaxial de silício puro. Como a

distância interatômica do silício é menor que a da liga SiGe, o silício crescido

epitaxialmente estará sob efeito de tensão mecânica biaxial. A obtenção da tensão

mecânica biaxial é esquematizada na Figura 2.16. O equacionamento da deformação na

72

camada de silício resultante devido ao descasamento das distâncias interatômicas do

Si e da liga SiGe é apresentado na referência 90. Para a aplicação desta técnica em

tecnologia SOI, a estrutura gerada é unida a outra lâmina com uma camada de óxido e,

então, a camada de SiGe é removida, restando apenas o Si tensionado sobre o óxido.

Esta técnica é descrita com detalhes em 88,91.

Figura 2.16 – Esquema da geração de tensão biaxial em uma lâmina de silício relaxado.

A melhora de mobilidade apresentada por dispositivos tensionados pode ser

explicada pela redução da massa efetiva dos portadores 87. A massa efetiva é dada

pelas componentes de massa longitudinal e transversal relativas aos seis vales de

energia do silício. Estes vales compõem a banda de condução do silício, sendo

responsáveis pela energia mínima de condução, e se distribuem nos eixos do cristal

(dois deles em cada um dos eixos (100), (010) e (001)).Quando o silício não está sob

tensão mecânica, todos os vales possuem a mesma energia. Se uma tensão biaxial é

aplicada, ocorre uma divisão nos níveis energéticos que acaba reduzindo a energia em

dois dos vales e aumentando nos demais. Logo, os elétrons passam a ocupar de forma

prioritária os vales de menor energia, os quais apresentam menor massa transversal,

reduzindo a massa efetiva. Como a mobilidade é inversamente proporcional à massa

efetiva, a redução desta causa um aumento na mobilidade. Além disso, a divisão dos

níveis energéticos também atinge a banda de valência e as lacunas passam a ocupar

os níveis mais altos 92. Devido ao aumento da banda de valência e à redução de banda

73

de condução, a largura da banda proibida (Eg) se torna menor, diminuindo VTH. Um

efeito similar ocorre ao se aplicar tensão uniaxial, conforme é descrito na referência 93.

Um modelo bastante utilizado para cálculos envolvendo dispositivos com a

presença de tensão mecânica, é baseado em piezoresistências e é descrito pela

referência 94, já que materiais sob efeito de tensão mecânica apresentam uma alteração

em sua resistência elétrica, causada por alterações na resistividade e nas dimensões

dos dispositivos. No caso do silício, o termo relativo às dimensões é bem menor que o

da resistividade, podendo ser desprezado 94. Assim, em uma aproximação de primeira

ordem, a variação da resistividade pode ser considerada proporcional à tensão

mecânica presente no dispositivo 94.

2.4 EFEITOS DE REDUÇÃO DA TEMPERATURA

A redução da temperatura é responsável por uma significativa alteração no

comportamento de dispositivos semicondutores. Neste tópico são apresentados

brevemente os principais parâmetros físicos alterados pela variação de temperatura e

as conseqüentes modificações nas características elétricas dos dispositivos.

2.4.1 Parâmetros Físicos dos Semicondutores Dependentes da Temperatura

A concentração intrínseca de portadores (ni) corresponde à quantidade de

portadores livres presentes no material intrínseco, ou seja, sem a adição de dopantes.

Esta concentração é função apenas do material e da temperatura 95. Já que em um

semicondutor intrínseco os portadores livres são gerados somente através de excitação

térmica, quando um material é submetido à temperatura de 0 K, todos os portadores

estarão ligados à rede cristalina e a concentração intrínseca de portadores será nula.

Ao se incrementar a temperatura, é percebido um aumento da concentração intrínseca

74

de portadores, que é descrito pela equação (2.58) 95, onde NC e NV são,

respectivamente, as densidades de estados nas bandas de condução e valência.

kT2

Egexp.N.Nn VCi (2.58)

A própria largura de banda proibida também tem relação com a variação da

temperatura. Este parâmetro é definido como a região existente entre as faixas de

valência e condução. Em baixas temperaturas ocorre um aumento da faixa proibida

dificultando a formação de um par elétron-lacuna. A variação de Eg com a temperatura

pode ser descrita pelas equações (2.59) e (2.60) para temperaturas abaixo e acima de

170 K, respectivamente 95.

K170T,T.10.05,6T.10.059,117,1Eg 275 (2.59)

K170T,T.10.05,3T.10.025,91785,1Eg 275 (2.60)

Os efeitos da temperatura sobre a concentração intrínseca de portadores e a

largura de banda proibida podem ser observados na Figura 2.17.

50 100 150 200 250 300 350 40010

-45

10-40

10-35

10-30

10-25

10-20

10-15

10-10

10-5

100

105

1010

1015

Temperatura [K]

ni [

cm

-3]

1,09

1,10

1,11

1,12

1,13

1,14

1,15

1,16

1,17

1,18

EG [e

V]

Figura 2.17 – Efeitos da variação da temperatura na concentração intrínseca de portadores e na largura de banda proibida.

75

Como pode ser observado na Figura 2.17, a redução da temperatura é

responsável por uma variação de diversas ordens de grandeza em ni. Esta redução é

responsável por um sensível aumento do potencial de Fermi do semicondutor 95. Em

um dispositivo nMOS, esta variação é dada pela equação (2.61) para temperaturas

superiores a 100 K. Para temperaturas inferiores, o fenômeno da ionização incompleta,

em que a energia térmica não é suficiente para ionizar todos os dopantes, se torna

importante e a quantidade de impurezas aceitadoras ionizadas (NA-) será inferior à

concentração de dopantes do dispositivo. Neste caso, F será deverá ser calculado

através de (2.62) 96.

i

AF

n

Nln

q

kT (2.61)

i

AF

n

Nln

q

kT (2.62)

O cálculo de NA- pode ser efetuado através da equação (2.63), onde EA é o

potencial de energia predominante das impurezas aceitadoras e EFp é o nível de Fermi

para as lacunas 97.

kT

EEexp41

NN

FpA

AA (2.63)

Na Figura 2.18, são apresentados os efeitos da redução da temperatura no nível

de Fermi e na porcentagem de impurezas ionizadas para um material com

concentração de dopantes aceitadores NA = 1015 cm-3.

76

0 50 100 150 200 250 300 350 400

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Temperatura [K]

Po

rce

nta

ge

m d

e

imp

ure

za

s io

niz

ad

as [

%] N

A = 10

15 cm

-3

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

F [V

]

Figura 2.18 – Efeitos da variação da temperatura na porcentagem de impurezas ionizadas e no potencial de Fermi.

Para o cálculo do potencial de Fermi em transistores pMOS, necessita-se apenas

substituir as variáveis NA e NA- por ND e ND-, definidos como a concentração de

dopantes doadores e a quantidade de impurezas doadoras ionizadas.

2.4.2 Parâmetros Elétricos do Transistor SOI Dependentes da Temperatura

Importantes parâmetros elétricos dependem da temperatura de operação dos

dispositivos tais como: a tensão de limiar, a inclinação de sublimiar, a mobilidade, a

transcondutância e os efeitos de canal curto, entre outros.

A tensão de limiar dos dispositivos é, normalmente, definida a partir do potencial

de Fermi 98 e, como já mencionado, F aumenta conforme a temperatura de operação

do dispositivo é reduzida. Logo, pode-se esperar um incremento da tensão de limiar do

dispositivo quando a temperatura é reduzida 98. Outro fator de extrema importância na

variação da tensão de limiar é o efeito das armadilhas de interface. Embora a

densidade de armadilhas independa da polarização do dispositivo, esta se torna

significativa com a redução da temperatura, também contribuindo para o aumento de

77

VTH. Um modelo da variação da tensão de limiar com a temperatura desenvolvido para

FinFETs estreitos como os avaliados neste trabalho é proposto em 99. A variação de

VTH com T em dispositivos de porta dupla como o GAA é modelada em 100. Em

dispositivos de porta dupla, o aumento de VTH em baixas temperaturas decorre

principalmente da grande dependência de T com ni demonstrada pela expressão (2.64)

101, onde ħ é a constante de Plank normalizada (1,055x10-34 J.s) e m* é a massa de

confinamento dos portadores na direção transversal.

2

Si

*

22

Sii

2

oxmiTH

tmq2tnq

kTC2ln

q

kTV

(2.64)

A inclinação de sublimiar é proporcional à temperatura de operação dos

dispositivos, fazendo com que qualquer redução de temperatura implique em uma

redução de S 1. Além disso, o fator de corpo está diretamente relacionado à associação

de capacitâncias do dispositivo, que inclui as capacitâncias das armadilhas da primeira

e da segunda interfaces, as quais estão relacionadas com as densidades de armadilhas

da primeira e da segunda interfaces, que se elevam rapidamente com a redução de T 1.

A mobilidade dos portadores representa outra importante característica no

estudo de transistores MOS, já que está diretamente relacionada com a corrente que

flui através do dispositivo. A mobilidade independente de campo elétrico (0) sofre a

influência de diversos tipos de espalhamento, alguns dos quais apresentam forte

dependência com a temperatura.

O espalhamento de rede ou por fônons envolve o cálculo da energia dos fônons

e do cristal e está relacionado com as vibrações da rede cristalina e a interação

entre os portadores. Ao se reduzir a temperatura de operação dos dispositivos,

as vibrações da rede cristalina diminuem, aumentando a mobilidade de elétrons

e lacunas. Um modelo empírico bastante utilizado para o espalhamento por

fônons é o proposto por Sah et. al 102.

O espalhamento por impurezas ionizadas causa a degradação de mobilidade em

regiões com altas concentrações de portadores. Dessa forma, torna-se

importante em tecnologias mais atuais, uma vez que para reduzir as dimensões

78

dos dispositivos mantendo suas características elétricas, deve-se aumentar a

dopagem do semicondutor. Devido a este espalhamento, dispositivos altamente

dopados apresentam menor dependência da mobilidade com a temperatura. Um

modelo que considera conjuntamente os espalhamentos de rede e por impurezas

ionizadas é apresentado em 103.

O espalhamento portador-portador apresenta fraca dependência com a

temperatura e é importante em dispositivos que apresentam altas densidades de

corrente como dispositivos de potência ou transistores submicrométricos em que

a quantidade de portadores supera em muito a de dopantes 104.

O espalhamento por impurezas neutras ocorre devido às impurezas não-

ionizadas em baixas temperaturas e não influencia 0 para temperaturas

superiores a 150 K 105.

Por fim, será apresentada a relação da mobilidade dependente de campo com a

temperatura.

Em transistores MOS, o campo elétrico vertical gerado pela tensão aplicada à

porta é responsável por certa degradação da mobilidade, uma vez que este atrai os

portadores para perto da interface, onde há maior rugosidade. O campo elétrico lateral

também tem influência em eff, já que, devido à sua presença, a velocidade de

saturação dos portadores é reduzida, refletindo na mobilidade. A mobilidade

dependente do campo elétrico pode ser expressa pela equação (2.65) 106.

effs

0eff

E1

(2.65)

onde s é a constante de espalhamento e Eeff o campo elétrico efetivo nas direções

vertical e horizontal.

A mobilidade dependente de campo também apresenta dependência com a

temperatura, dado que o campo elétrico efetivo sobre influência de F 95. Em baixas

temperaturas, portanto, o aumento do potencial de Fermi se traduz em um maior campo

elétrico e uma conseqüente degradação da mobilidade.

79

Conforme mencionado anteriormente, a transcondutância é proporcional à

mobilidade. Desta forma, sua variação com a redução de temperatura está diretamente

vinculada ao aumento da mobilidade, ou seja, em baixas temperaturas, percebe-se um

aumento da transcondutância. No entanto, em temperaturas extremamente baixas

(inferiores a 150 K), a redução da mobilidade decorrente do espalhamento de superfície

pode se tornar relevante, causando a degradação da mobilidade e, conseqüentemente,

da transcondutância 95.

Relacionados com a competição do controle das cargas no interior do canal entre

a porta e as regiões de depleção de fonte e dreno, os efeitos de canal curto tendem a

ser amenizados com a redução de temperatura, uma vez que ocorre a diminuição

percentual das cargas que sofrem a influência das regiões de depleção de fonte e

dreno 107. Outra característica influenciada pela redução do comprimento de canal dos

dispositivos é o DIBL, que também tende a diminuir com a temperatura, devido à

melhora nas características de sublimiar 107,108 e ao menor efeito de canal curto.

Ao se reduzir a temperatura de operação dos MOS, ocorrem incrementos da

mobilidade e da intensidade de corrente, que podem ser relacionados com a menor

agitação da rede cristalina. Em presença de altos campos elétricos, esse aumento da

mobilidade faz com que os portadores adquiram mais energia, resultando em uma

maior geração de pares elétron-lacuna, o que culmina com um considerável aumento

da ionização por impacto 109. Assim, pode ser percebido um aumento da condutância

de dreno na região de saturação, responsável por uma redução da Tensão Early,

parâmetro importante em circuitos analógicos.

2.5 SIMULADORES UTILIZADOS

Este item tem como principal objetivo dar uma visão geral dos simuladores

utilizados ao longo do trabalho. Os simuladores de processos Athena 110 e de

dispositivos Atlas 111 foram utilizados conjuntamente para obter boa parte dos

resultados referentes a dispositivos GAA e GC GAAs. Nos tópicos relacionados a

80

FinFETs, foram feitas simulações de dispositivos, todas tridimensionais, utilizando o

simulador Atlas. Por fazerem parte de um mesmo pacote de softwares, todos

desenvolvidos pela Silvaco os dois simuladores podem ser executados através de um

mesmo ambiente, o Deckbuild 112. Um exemplo de arquivo de entrada para simulações

de FinFETs no Atlas pode é disposto no Apêndice A do trabalho, enquanto que um

exemplo de arquivo para a simulação do processo de fabricação do GC GAA é

apresentado no Apêndice B. Nas simulações apresentadas no tópico referente ao

estudo de dispositivos JL, entretanto, um outro simulador de dispositivos foi utilizado

uma vez que os dispositivos sem junção apresentam dimensões extremamente

reduzidas sujeitas a efeitos quânticos. Embora o Atlas tenha em sua biblioteca modelos

que levam em conta tais efeitos, nenhum deles apresentou resultados condizentes com

a física dos dispositivos JL. Neste caso, todas as simulações (mesmo as efetuadas para

dispositivos de porta tripla modo inversão similares ao simulados em Atlas) foram

efetuadas no Sentaurus, simulador de dispositivos desenvolvido pela Synopsys 113.

Baseado nas equações físicas e químicas que regem o processo de fabricação

de semicondutores, o Athena é um simulador bidimensional de processos em que todas

as etapas de fabricação devem ser descritas de maneira seqüencial, ou seja, após

definida a geometria ou a grade da estrutura inicial (normalmente uma lâmina de silício),

são definidas todas as etapas de fabricação do semicondutor desejado, que envolvem

corrosão, implantação iônica e difusão, entre outras, e os modelos físicos a serem

utilizados. Este simulador difere de outros que propõem a modelagem empírica,

permitindo a simulação precisa de muitos sistemas, mas não fornecendo uma visão do

ocorrido no processo, gerando resultados muitas vezes imprevisíveis.

Como mencionado, o simulador de dispositivos Atlas faz parte do mesmo pacote

do Athena e, por esta razão, permite a simulação das características elétricas de

estruturas geradas neste último. O Atlas é baseado em equações físicas e possibilita a

simulação das características elétricas de estruturas bi e tridimensionais nos regimes de

corrente contínua, corrente alternada e transitório. Para tal, o dispositivo simulado é

discretizado em uma grade bi ou tridimensional (que pode ser gerada no Athena ou

num editor de dispositivos como o Devedit 112), a cujos pontos serão aplicadas as

81

equações derivadas das leis de Maxwell. Para isso, são definidos os modelos físicos

utilizados e as condições de polarização, em que as características serão simuladas.

O simulador Atlas possui, ainda, um módulo para a simulação de circuitos, como

por exemplo as estruturas balanceadas 2-MOS definidas ao longo do trabalho. Neste

caso, as grades dos dispositivos integrantes do circuito devem ser importadas do

simulador de dispositivos do Atlas, do Athena ou então de um editor de dispositivos

como o Devedit e, então, as conexões entre os nós dos transistores e demais

elementos do circuito devem ser especificados, como ocorrem em simulações SPICE

114, e os modelos utilizados para cada um dos dispositivos, definidos. Um exemplo do

arquivo de entrada para a simulação de circuitos 2-MOS compostos por GC GAAs é

apresentado no Apêndice C.

Os modelos utilizados nas simulações Atlas efetuadas ao longo do trabalho 111

são descritos na seqüência. Tanto as simulações envolvendo FinFETs como aquelas

feitas para GAAs e GC GAAs utilizaram modelos similares.

CVT (Lombardi): modelo de mobilidade de camada de inversão que leva em

consideração a degradação da mobilidade devido à ação do campo elétrico vertical

115. Inclui dependências com concentração de dopantes, temperatura e campo

elétrico horizontal. É utilizado em dispositivos não planares. Modelo explicado com

maior detalhamento no item 3.1.3.

KLA (Klaassen): modelo de mobilidade proposto nas referências 116,117, que inclui

dependência com concentração de portadores, concentração intrínseca de

portadores e temperatura absoluta. Aplica diferentes mobilidades para portadores

majoritários e minoritários. É recomendado para transistores da tecnologia SOI.

- MUMAXN.KLA e MUMAXP.KLA: parâmetros configurados pelo usuário de forma

a modificar os resultados iniciais do modelo KLA para a mobilidade máxima de

elétrons e lacunas.

BGN (Bandgap Narrowing): modelo de estreitamento de banda, se torna importante

em regiões altamente dopadas 118 e é necessário para a correta modelagem do

ganho do transistor bipolar parasita intrínseco ao transistor SOI. Deve ser utilizado

junto com o modelo KLA.

82

FERMI (Fermi - Dirac): Responsável por uma aproximação estatística da diminuição

da concentração de portadores em regiões altamente dopadas 98.

CONSRH (Concentration Dependent Lifetime SRH): modelo de recombinação onde

o tempo de vida dos portadores depende da concentração 119. É recomendado para

estruturas de silício.

AUGER: modelo de recombinação através da transição direta de três partículas,

onde um portador é capturado ou emitido 120. É importante em altas densidades de

corrente.

FLDMOB (Parallel Electric Field Dependence): modelo de degradação da mobilidade

dependente do efeito de campo lateral, utilizado para estruturas de silício e arseneto

de gálio 103. É necessário para a modelagem de qualquer efeito relacionado à

velocidade de saturação dos portadores.

INCOMPLETE: Importante em baixas temperaturas, considera a ionização

incompleta das impurezas 121.

IONIZ: Deve ser utilizado conjuntamente com o INCOMPLETE, para que seja

considerada ionização completa em silício com alta concentração de dopantes 121.

SELB (Selberherr): este modelo de ionização por impacto dependente do campo

elétrico horizontal em um ponto específico da estrutura é recomendado para a

maioria dos casos 122. Inclui parâmetros dependentes da temperatura.

Embora desenvolvido por outro fabricante, o simulador de dispositivos Sentaurus

tem a mesma finalidade que o Atlas e, por esta razão, grande parte dos modelos

apresentados para o Atlas possui um equivalente compatível com o Sentaurus. As

simulações efetuadas em Sentaurus utilizaram os modelos PhuMob (Philips Unified

Mobility Model) 116,117, Lombardi 115, IncompleteIonization 103, BandGapNarrowing

(OldSlotboom) 118, Canali Model 103 e SRH 119 que são equivalentes, respectivamente.

aos modelos KLA, CVT, INCOMPLETE, BGN, FLDMOD e CONSRH definidos no Atlas.

Além destes, foi utilizado o modelo Density Gradient Quantization Model para levar em

conta a presença de efeitos quânticos nos dispositivos JL. Este modelo se torna

necessário em dispositivos de dimensões extremamente reduzidas, como é o caso dos

transistores sem junção simulados que possuem largura de fin de 10 nm.

83

No entanto, existem diversas peculiaridades entre os dois simuladores. A

primeira delas relacionada ao ambientes de trabalho. Enquanto que o Atlas permite a

execução em ambiente Windows®, o Sentaurus somente funciona em Linux. A

construção do arquivo de simulação também difere entre os dois simuladores. No

Sentaurus são utilizados dois arquivos texto, um para a geração da estrutura e outro

para a simulação do dispositivo. No Atlas, é utilizado apenas um arquivo onde são

definidas a grade do dispositivo, a estrutura e as condições de polarização de maneira

seqüencial. Um arquivo utilizado para a simulação de dispositivos JL utilizando o

Sentaurus é mostrado no Apêndice D.

84

3 RESULTADOS OBTIDOS

Este capítulo é dedicado à apresentação dos resultados obtidos nos estudos

efetuados, em que foi focada a operação analógica de dispositivos FinFET, GC GAA e

JL. Na análise dos dispositivos FinFET e GC GAA foi dada especial atenção à distorção

harmônica. No estudo envolvendo FinFETs, procurou-se determinar as não-linearidades

presentes em dispositivos convencionais e com a presença de tensão mecânica,

operando em saturação e em triodo. Para a análise em saturação, os transistores foram

polarizados como amplificadores unitários, como mostrado na Figura 2.11, enquanto

que para a análise em triodo os dispositivos foram aplicados a estruturas balanceadas

2-MOS, como as descritas no item 2.2.3.1. O estudo da distorção em transistores GC

GAA, por sua vez, focou unicamente a operação em triodo quando estes dispositivos

são aplicados a estruturas 2-MOS, dando prosseguimento ao trabalho apresentado na

referência 123 . Embora a avaliação da distorção em GC GAAs operando em saturação

não seja apresentada no trabalho atual, alguns estudos a este respeito foram efetuados

anteriormente e podem ser vistos em 17,124. Tanto no estudo envolvendo FinFETs como

naqueles em que GC GAAs são avaliados, as origens da distorção harmônica são

apontadas. O estudo envolvendo transistores JL, por sua vez, visou principalmente à

determinação das características analógicas dos dispositivos, sua explicação e

comparação com dados experimentais de dispositivos de porta tripla, uma vez que não

existiam estudos prévios de tais características na literatura. Ao fim do estudo, no

entanto, a distorção harmônica dos transistores JL foi determinada, quando estes

operavam em saturação, como amplificadores unitários.

85

3.1 LINEARIDADE EM FINFETS DE PORTA TRIPLA CONVENCIONAIS E DE

CANAL TENSIONADO OPERANDO EM SATURAÇÃO

Neste estudo, foi investigada a não-linearidade ou distorção harmônica

apresentada por transistores FinFET convencionais e com a presença de tensão

mecânica biaxial, operando em saturação como amplificadores. O estudo, desenvolvido

para transistores com diferentes comprimentos de canal e larguras de fin, foi executado

através da caracterização elétrica de dispositivos, simulações numéricas tridimensionais

e modelagem. A não-linearidade foi estudada inicialmente em termos de HD2 e HD3,

desconsiderando a influência do ganho dos dispositivos no resultado de saída através

da aplicação de um sinal de entrada com amplitude (Va) semelhante entre todos os

transistores. A influência do ganho de tensão de malha aberta, que é dependente das

dimensões dos dispositivos 74, foi observada através das mesmas figuras de mérito,

porém com os dispositivos projetados para fornecer uma tensão de mesma amplitude

de saída (Vout). De acordo com diversas referências 28,70,78, THD (ou HD2) inferiores a -

45 dB e HD3 da ordem de -65 dB são valores considerados bons para circuitos

amplificadores. Uma análise procurando identificar as principais fontes das não-

linearidades presentes em FinFETs foi feita, de forma a determinar as variáveis físicas

responsáveis pela distorção harmônica e sua relação com a variação das dimensões (L

e Wfin) dos dispositivos.

3.1.1 Características dos Dispositivos e Medidas Experimentais

Tanto os transistores convencionais como aqueles com tensão mecânica foram

fabricados no IMEC (Interuniversity Microelectronics Center), Bélgica, em uma lâmina

SOI (no caso dos transistores com tensão, strained SOI – sSOI) de acordo com o

processo de fabricação descrito na referência 18. Todos os dispositivos analisados ao

longo do estudo apresentam características de fabricação similares, como concentração

86

de dopantes tipo P de 1015 cm-3 e dielétrico de porta formado com 1 nm de SiO2

seguido de 2 nm de HfO2. No estudo, foram considerados dispositivos de diversos

comprimentos de canal e larguras de fin. Os dispositivos convencionais apresentam

altura de 60 nm, enquanto que aqueles com a presença de tensão mecânica, têm

Hfin = 55 nm. Conforme apresentado anteriormente, a largura total dos dispositivos

equivale a W = 2Hfin + Wfin, por se tratarem de transistores de porta tripla. As

espessuras do óxido enterrado em dispositivos convencionais e tensionados são de

145 nm e 130 nm, respectivamente. Os transistores tensionados foram fabricados em

lâminas sSOI com tensão biaxial intrínseca de 1,5 GPa. Como os transistores

analisados possuem baixa concentração de dopantes, a tensão de limiar destes

dispositivos é controlada através do uso de materiais midgap (materiais cuja função

trabalho se aproxima à do silício intrínseco) com função trabalho próxima de 4,7 eV

(obtido através de 5 nm de TiN depositado por camada atômica (Atomic Layer

Deposition – ALD) seguido de uma deposição de 100 nm de silício amorfo). Os

dispositivos estudados se assemelham aos esquematizados na Figura 2.1.

Como a altura do fin dos transistores convencionais e tensionados apresenta

uma pequena diferença, a resistência série (RS) dos dispositivos medidos foi extraída

através do método descrito na referência 125, com o intuito de verificar a possível

variação da resistência entre dispositivos convencionais e tensionados, influenciando o

resultado obtido para a distorção. Sendo assim, os valores de RS.W obtidos para os

dispositivos convencionais variam de 338 Ω.µm nos dispositivos mais largos

(Wfin = 2,873 µm) com L = 10 µm a 810 Ω.µm naqueles com Wfin = 30 nm e similar

comprimento de canal. Transistores com tensão biaxial exibiram RS.W levemente

superior à apresentada por dispositivos convencionais de dimensões similares, porém

este aumento foi inferior a 15 % para dispositivos de quaisquer dimensões. As

resistências série obtidas para dispositivos de diferentes W fin avaliados são

apresentadas na Tabela 3.1.

87

Tabela 3.1 – Resistência série (RS.W) calculada para FinFETs com e sem a presença de tensão mecânica e diversas larguras de fin (Wfin).

Wfin (nm)

RS.W (.μm)

Convencionais Sob Tensão intrínseca

de 1,5 GPa

30 810 926

70 644 692

120 505 533

370 380 392

870 364 375

2870 338 343

Inicialmente, os dispositivos estudados tiveram sua curva de corrente de dreno

normalizada pela largura dos dispositivos (IDS/W, W = Wfin + 2Hfin) em função da

sobretensão de condução (VGT = VGS - VTH) extraídas. Na Figura 3.1 são apresentadas

as curvas de IDS/W vs. VGT para dispositivos convencionais e tensionados de L = 10 µm.

-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,60

2

4

6

8

10

12

Wfin = 370nm

Wfin = 870nm

Wfin = 2870nm

Transistores Convencionais

IDS /W

[A

/m

]

I DS/W

[A

/m

]

VGT

[V]

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V1E-12

1E-11

1E-10

1E-9

1E-8

1E-7

1E-6

-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,60

4

8

12

16

20

IDS /W

[A

/m

]

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Transistores Tensionados

I DS/W

[A

/m

]

VGT

[V]

1E-12

1E-11

1E-10

1E-9

1E-8

1E-7

1E-6

1E-5

(A) (B)

Figura 3.1 – Curvas experimentais de IDS/W vs. VGT com VDS = 0,75 V para dispositivos (A) convencionais e (B) tensionados de L = 10 µm.

Dispositivos com tensão biaxial naturalmente exibem maior corrente de dreno

com relação aos convencionais, uma vez que a presença de tensão mecânica propicia

um aumento na mobilidade dos elétrons, independente da largura do fin dos

88

dispositivos. Em VGT = 0,5 V, o transistor tensionado mais estreito (Wfin = 30 nm)

apresenta IDS/W = 10 µA/µm, enquanto que o dispositivo convencional de dimensões

similares exibe IDS/W = 6 µA/µm. Além disso, pode-se observar na figura que IDS/W

aumenta conforme Wfin tanto nos transistores convencionais como nos tensionados.

Este comportamento está relacionado com o plano de condução dominante na corrente

total, que se move das laterais do fin em transistores estreitos (onde a corrente flui na

direção (110)) para o topo do fin em dispositivos mais largos (onde predomina a

corrente na direção (100)), já que as laterais apresentam maior degradação de

mobilidade devido à maior rugosidade de superfície 47. Logo, dispositivos largos podem

ser considerados equivalentes a dispositivos SOI planares, uma vez que a contribuição

das portas laterais na corrente total se torna desprezível.

Como mencionado anteriormente, quando transistores unitários operando em

saturação são usados como amplificadores, o ganho de tensão em malha aberta

disposto na equação (2.45), se torna uma importante variável que tem influência no

desempenho da distorção harmônica 72, como será comprovado nas seções a seguir.

Na análise atual, AV é apresentado em função de gm/IDS para garantir que todos os

transistores estejam polarizados na mesma região de operação 74, ou seja, em um

mesmo nível de inversão.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

3

4

5

6

7

8

9

10

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

Transistores Convencionais

gm/I

DS

[V-1]

VGT

[V]0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

3

4

5

6

7

8

9

10

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

Transistores Tensionados

gm/I

DS [

V-1]

VGT

[V] (A) (B)

Figura 3.2 – Curvas de gm/IDS vs. VGT para dispositivos (A) convencionais e (B) tensionados polarizados com VDS = 0,75 V de L = 10 µm e diversos W fin.

89

A correlação entre gm/IDS e VGT não é linear e pode ser observada na Figura 3.2

para dispositivos convencionais e tensionados. Como se pode perceber através da

figura, valores de gm/IDS de 3 V-1 a 10 V-1 correspondem a valores de VGT entre 0,6 V e

0,2 V, em ordem reversa. Deste modo, pode-se notar que todos os dispositivos

encontram-se polarizados em saturação para todo o intervalo de gm/IDS avaliado. De

acordo com as curvas apresentadas, dispositivos mais largos apresentam atingem

gm/IDS = 10 V-1 em VGT inferiores aos transistores mais estreitos. Este comportamento

se deve aos dispositivos mais largos apresentarem maiores valores de efeito de corpo

que passa a ter grande influência em gm/IDS em inversões fraca e moderada. Por outro

lado, dispositivos mais largos atingem gm/IDS = 3 V-1 em tensões superiores a FinFETs

mais estreitos devido à maior influência da resistência série nestes últimos.

3 4 5 6 7 8 9 1030

40

50

60

70

80

90

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Av [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Convencionais

3 4 5 6 7 8 9 1030

40

50

60

70

80

90

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

A

v [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Tensionados

(A) (B)

Figura 3.3 – Curvas de AV vs. gm/IDS para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V para diversos Wfin e L = 10 µm.

O ganho de tensão em malha aberta para dispositivos convencionais e

tensionados de L = 10 µm e diversas larguras de W fin é apresentado na Figura 3.3.

Como pode ser observado na figura, dispositivos não tensionados mais largos exibem

ganho levemente menor que os tensionados de dimensões similares. O transistor

convencional de Wfin = 2870 nm apresentou uma redução de 5 dB em AV com respeito

ao tensionado para altos valores de gm/IDS. Diferentemente, transistores convencionais

mais estreitos apresentam valores de AV superiores aos dos tensionados. O FinFET

90

convencional de Wfin = 30 nm, por exemplo, tem ganho da ordem de 80 dB para

gm/IDS = 6,5 V-1, enquanto que o transistor com tensão mecânica de dimensões

similares apresentou AV menor que 65 dB para o mesmo valor de gm/IDS. Resultados

similares aos da Figura 3.3 são apresentados na referência 75, em que os menores

ganhos apresentados por dispositivos tensionados são atribuídos à degradação da

tensão Early intrínseca devido ao efeito de modulação do comprimento de canal (VACLM)

descrito pela expressão (3.1) 75, onde Esat é o campo elétrico de saturação dado por

2vsat/µeff, sendo vsat a velocidade de saturação. De acordo com [75], o aumento na

mobilidade efetiva dos portadores devido à presença de tensão mecânica se sobrepõe

ao incremento na velocidade de saturação dos elétrons, resultando em uma redução no

campo elétrico de saturação (Esat), o qual influencia diretamente a tensão Early

intrínseca 75.

sat

DSsatDSGTsatA

E

VVVLEV

CLM (3.1)

Além disso, a VACLM depende do comprimento natural do dispositivo que, em

FinFETs de porta tripla, é sensível à variação de Hfin, a qual difere levemente em

transistores convencionais e tensionados 75 como descreve a expressão (3.2).

OX

finfin

finfin

ox

Si tH2W

HW

(3.2)

3.1.2 Distorção Harmônica Desprezando o Ganho de Tensão em Malha Aberta

Para que a não-linearidade fosse extraída diretamente a partir das características

DC dos dispositivos, o método IFM, descrito na seção 2.2.1.3, foi aplicado diretamente

às curvas IDS/W vs. VGT com VDS = 0,75 V apresentadas na Figura 3.1, com o intuito de

se determinar HD2 e HD3. Apesar de não ter sido efetuada caracterização AC nos

91

dispositivos medidos, um sinal de entrada senoidal deve ser considerado na rotina de

cálculo do IFM 67. Assim, um sinal de entrada senoidal de amplitude de pico Va = 50 mV

foi adicionado à tensão de polarização (Vo = VGT), e a tensão de entrada dos

dispositivos passou a ser dada por VGS = Vo + Va.sen(t) com t variando entre 0 e 2.

Num primeiro momento, HD foi avaliada somente para dispositivos longos, que

costumam apresentar melhores resultados em aplicações analógicas devido a razões

de casamento e ruído 126,127. Ao longo deste trabalho, a distorção harmônica é

apresentada em decibéis (dB), sendo o nível de referência igual a 1 V/V. O nível de

referência é derivado da análise de Fourier e significa que se a amplitude Van de um

harmônico de enésima ordem (Van.sen(nt)) é igual à amplitude do fundamental

(Van.sen(t)), a distorção de ordem n será igual a 1 V/V ou 0 dB (HDn = 20log(1)).

Diversos trabalhos 128,129 argumentam que a distorção é gerada

fundamentalmente pelas derivadas da corrente de dreno em função da tensão no

terminal. Em concordância com estes, Groenewold 70 e Wambacq 64 concluíram que,

para sinais senoidais de pequenas amplitudes, a distorção harmônica de segunda

ordem pode ser determinada através da transcondutância e sua derivada de primeira

ordem, como descrito na expressão (2.21), que foi obtida através da análise de Fourier.

No caso de transistores operando como amplificadores unitários, THD pode ser

aproximado por HD2 (THD HD2), pois a distorção total é descrita essencialmente pelo

comportamento da harmônica de segunda ordem 64,70.

A distorção harmônica de segunda ordem foi calculada tanto através do IFM

como da aplicação da equação (2.21) às curvas de IDS vs. VGT experimentais. Assim

como no caso de AV, HD2 é apresentado em função de gm/IDS, garantindo que todos os

dispositivos estejam polarizados em um mesmo nível de inversão 74. A distorção de

segunda ordem resultante de transistores convencionais e tensionados de 10 m de

comprimento é apresentada na Figura 3.4 para dispositivos com diferentes Wfin. De

acordo com a figura, a determinação de HD2 através da equação (2.21) resulta em

valores bastante próximos àqueles extraídos através do IFM em transistores

convencionais e com tensão mecânica. Apesar das diferenças observadas na corrente

de dreno, devido à presença da tensão aumentando a mobilidade dos portadores,

transistores convencionais e tensionados apresentam HD2 similar, indicando que o

92

efeito da tensão mecânica biaxial não afeta HD2 de modo importante. Na Figura 3.4, os

valores de HD2 são inferiores àqueles considerados ideais (-45 dB) no início deste

tópico, por não se considerar a influência do ganho intrínseco na distorção.

3 4 5 6 7 8 9 10-45

-40

-35

-30

-25

-20

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

, Wfin

=30nm

, Wfin

=70nm

, Wfin

=120nm

, Wfin

=370nm

, Wfin

=870nm

, Wfin

=2870nm

HD

2 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Convencionais

Linhas - HD2 obtido do IFM

Símbolos - HD2 obtido da eq. (2.21)

< Wfin

3 4 5 6 7 8 9 10-45

-40

-35

-30

-25

-20

Linhas - HD2 obtido do IFM

Símbolos - HD2 obtido da eq. (2.21)

, Wfin

=30nm

, Wfin

=70nm

, Wfin

=120nm

, Wfin

=370nm

, Wfin

=870nm

, Wfin

=2870nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

HD

2 [

dB

]g

m/I

DS [V

-1]

Transistores Tensionados

< Wfin

(A) (B)

Figura 3.4 – Curvas de HD2 vs. gm/IDS para dispositivos (A) convencionais e (B) tensionados com L = 10 μm, Va = 50 mV e diversos W fin em VDS = 0,75 V calculadas através do IFM e de (2.21).

A diferença na mobilidade dos elétrons entre transistores convencionais e com a

presença de tensão mecânica é responsável por uma significativa variação em gm e em

sua derivada de primeira ordem para dispositivos com e sem a presença de força

tensora, conforme mostrado na Figura 3.5, em que são apresentados gm e dgm/dVGT de

diversos FinFETs em função de gm/IDS. Para que as curvas fossem exibidas do mesmo

modo que HD2, seus valores foram extraídos em dB (neste caso, como gm e dgm/dVGT

não são adimensionais foi utilizado o índice i – dBi). Embora dispositivos

mecanicamente tensionados apresentem maior mobilidade (o que implica em maior gm)

com relação aos convencionais, a influência da transcondutância dificilmente pode ser

percebida em HD2 de todos os dispositivos. As curvas de gm e dgm/dVGT observadas

em dispositivos convencionais e tensionados possuem formas similares, no entanto,

transistores convencionais apresentam menor transcondutância e valores reduzidos de

dgm/dVGT na excursão inteira de gm/IDS. A inclinação das curvas de gm/W aumenta com

a largura do fin, o que pode ser explicado pela menor degradação da mobilidade dos

elétrons observada em dispositivos mais largos conforme a porta superior aumenta seu

93

controle sobre as cargas na região de canal. A redução na inclinação das curvas de

gm/W conforme Wfin é reduzido não é proporcional entre dispositivos convencionais e

tensionados devido à suas diferentes mobilidades, resultando em um aparente

deslocamento das curvas.

3 4 5 6 7 8 9 10-108

-104

-100

-96

-92

-88

(dg

m/d

VG

T )/W [d

Bi]

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

Transistores Convencionais

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

gm/W

[d

Bi]

gm/I

DS [V

-1]

-100

-98

-96

-94

-92

-90

-88

-86

3 4 5 6 7 8 9 10-104

-100

-96

-92

-88

-84

-80

(dg

m/d

VG

T )/W [d

Bi]

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

Transistores Tensionados

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

gm/W

[d

Bi]

gm/I

DS [V

-1]

-90

-88

-86

-84

-82

-80

(A) (B)

Figura 3.5 – Curvas de gm/W e (dgm/dVGT)/W em função de gm/IDS para transistores (A) convencionais e (B) tensionados de L = 10 μm e diversos W fin com VDS = 0,75 V.

Para o melhor entendimento da dependência de HD2 com W fin, uma vez que a

distorção harmônica total apresenta uma leve degradação com o aumento da largura do

fin, tanto em transistores convencionais como naqueles tensionados, um modelo

simples para a corrente de dreno de FinFETs válido para dispositivos de canal longo foi

aplicado à expressão (2.21). O modelo de Subramanian, que leva em consideração a

mobilidade e a resistência série 47, é descrito na equação (3.3), onde

Keff = μeff(εox/tox)W/L.

THGSeffS

2

THGSeffsat,DS

VVKR12

VVKI

(3.3)

A mobilidade efetiva, presente na expressão que descreve Keff, varia com a

tensão aplicada à porta do dispositivo. Procurando considerar esta variação, um modelo

de primeira ordem foi aplicado à μeff 1, como mostra a expressão (3.4), onde θ é o fator

94

de degradação da mobilidade pelo campo elétrico.

THGS

0eff

VV1

(3.4)

Considerando que Klow = μ0(εox/tox)W/L, Keff é dado por Klow/[1+θ(VGS-VTH)].

Substituindo (3.4) em (3.3) e derivando duas vezes, as equações equivalentes para gm

e dgm/dVGT foram obtidas. Deste modo, os termos para a transcondutância e sua

derivada de primeira ordem foram substituídos em (2.21), resultando na expressão (3.5)

apresentada adiante. Com o intuito de simplificar a expressão resultante, VGS-VTH foi

substituído por VGT.

2

GT

2

lowSGTlowSGT V.KRθV.KRθ32V

VaHD2

(3.5)

De acordo com a expressão (3.5), RS, Klow e θ são parâmetros chave para a

explicação da variação de HD2 entre dispositivos de diferentes dimensões. A partir da

equação que descreve Klow e de (3.5), pode ser observado que o aumento de qualquer

uma das variáveis RS, W, μ0 ou θ contribui para a redução de HD2. A correlação de 0

com HD2 pode ser diretamente entendida, uma vez que este parâmetro aumenta com

gm. De acordo com (2.21), o aumento de gm leva à melhora de HD2. Os valores de 0

foram extraídos dos dispositivos convencionais e tensionados a partir do método

descrito em 130 e são apresentados na Tabela 3.2. A mobilidade de baixo campo obtida

para FinFETs convencionais resultou entre 240 cm2/V.s e 300 cm2/V.s e, para os

tensionados, em torno de 460~520 cm2/V.s. Contudo, o aumento de 0 induzido pela

tensão mecânica não é suficiente para alterar significativamente HD2, uma vez que a

influência de 0 na distorção é menor que a de θ, cujos valores são também

apresentados na Tabela 3.2 para transistores convencionais e tensionados. Assim

como µ0, os valores de θ foram obtidos através do método descrito em 130.

95

Tabela 3.2 – Mobilidade de baixo campo (µ0) e coeficiente de degradação da mobilidade (θ) calculado para FinFETs com e sem a presença de tensão mecânica e diversas larguras de fin (Wfin).

Wfin

[nm]

θ [V-1] µ0 [cm2/V.s]

Convencionais Tensionados Convencionais Tensionados

30 2,87 1,91 237 463

70 2,20 1,56 240 455

120 1,63 1,52 251 452

370 1,24 1,10 270 461

870 1,15 1,08 289 506

2870 0,95 0,97 304 525

Como os dispositivos foram avaliados no regime de saturação, suas

características de transferência IDS-VGT apresentam uma forma parabólica, que tendem

a se tornar mais lineares com o aumento da degradação da mobilidade dado por θ 131 .

Assim, os menores valores de θ apresentados pelos dispositivos mais largos

contribuem para a degradação de HD2, enquanto que a maior mobilidade de baixo

campo em tais dispositivos reduz a distorção de segunda ordem, embora este efeito

seja influenciado por RS devido à correlação entre as duas variáveis, como mostrado

em (3.5). O incremento de RS, por sua vez, reduz a tensão de entrada efetiva (Va),

propiciando uma melhora em HD2.

Na verdade, os impactos de RS e W em HD2 são correlacionados e a

dependência de RS.W com Wfin tende a reduzir em dispositivos mais largos, como

mostrado na Tabela 3.1 para dispositivos convencionais e tensionados. Um leve

aumento de RS.W é obtido com a redução de W fin até 120 nm e, somente para

transistores mais estreitos, RS.W aumenta de forma mais abrupta. Conforme W fin é

reduzido, a degradação da mobilidade aumenta devido ao maior efeito da condução

lateral na corrente total do dispositivo e RS.W sofre um incremento, assim, melhorando

levemente HD2. Este fenômeno é similar tanto em transistores convencionais como nos

tensionados. A associação da menor degradação da mobilidade, da maior µ0 e da

levemente superior RS apresentada por transistores tensionados em comparação com

os convencionais é responsável por manter HD2 similar em ambos os dispositivos.

96

Os valores de RS, W, θ e µ0 apresentados nas Tabela 3.1 e 3.2 para os diversos

FinFETs avaliados foram aplicados à equação (3.5), objetivando validá-la. Ao aplicar os

parâmetros correspondentes aos transistores convencionais com W fin de 30 nm e de

2870 nm em gm/IDS = 9 V-1 à equação (3.5), HD2 resultou em -25,07 dB no dispositivo

mais estreito e em -22,05 dB no mais largo. De outro modo, se os parâmetros das

Tabela 3.1 e 3.2 forem aplicados aos FinFETs tensionados de dimensões similares

polarizados no mesmo gm/IDS, HD2 resulta em -23,12 dB no transistor mais estreito e

em -21,34 dB no mais largo. Embora os resultados de obtidos através da equação de

HD2 para transistores tensionados sejam cerca de 3 dB superiores aos experimentais

apresentados na Figura 3.4, os dados obtidos através da equação (3.5) apresentam

tendência similar aos extraídos a partir dos resultados experimentais, validando a

expressão desenvolvida.

Apesar de menos importante que HD2 em um transistor operando como

amplificador, HD3 foi analisado neste trabalho por constituir a maior fonte de não-

linearidade em amplificadores diferenciais 65. Nestes circuitos uma grande redução em

HD2 é observada e HD é essencialmente dado por HD3 132. A Figura 3.6 exibe HD3 em

função de gm/IDS para FinFETs convencionais e tensionados com VDS = 0,75 V e

Va = 50 mV para dispositivos de várias larguras de fin.

3 4 5 6 7 8 9 10

-120

-100

-80

-60

-40

Linhas - HD3 obtido do IFM

Símbolos - HD3 obtido da eq. (2.22)

Transistores Convencionais

, Wfin

= 370 nm

, Wfin

= 870 nm

, Wfin

= 2870 nm

, Wfin

= 30 nm

, Wfin

= 70 nm

, Wfin

= 120 nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

HD

3 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

3 4 5 6 7 8 9 10

-120

-100

-80

-60

-40, W

fin = 370nm

, Wfin

= 870nm

, Wfin

= 2870nm

, Wfin

= 30nm

, Wfin

= 70nm

, Wfin

= 120nm

Linhas - HD3 obtido do IFM

Símbolos - HD3 obtido da eq. (2.22)

Transistores TensionadosL = 10 m

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

HD

3 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.6 – Curvas de HD3 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV para diversos Wfin e L = 10 µm calculadas através do

IFM e de (2.22).

97

Ao contrário de HD2, HD3 não é determinado por dgm/dVGT. Esta figura de mérito

pode ser obtida através da transcondutância e sua derivada de segunda ordem 70,

como descrito na expressão (2.22). Similarmente à HD2, HD3 foi obtido tanto através

de IFM como da equação (2.22) aplicada aos valores experimentais como mostrado na

Figura 3.6. De acordo com esta figura, a equação (2.22) descreve HD3 de forma

precisa e pode ser utilizada para sua explicação.

Como mostrado na Figura 3.6, ambos os transistores convencionais e

tensionados apresentam picos de linearidade na curva de HD3. Ao lado direito destes

picos (maior gm/IDS) pode ser observada uma degradação em HD3 conforme W fin é

aumentado, enquanto que para baixos valores de gm/IDS uma melhora em HD3 é

observada para dispositivos mais largos. O comportamento da distorção de terceira

ordem com Wfin é associado à degradação da mobilidade, tanto nos transistores

convencionais como nos tensionados. O nível de HD3 tem uma maior correlação com

gm e o formato da curva de HD3 é determinado principalmente por d2gm/dV2GT, incluindo

os picos de linearidade, que ocorrem em d2gm/dV2GT = 0 17. De fato, através das

equações (2.21) e (2.22), pode-se perceber que os picos de linearidade são

coincidentes com pontos de máximo ou mínimo em dgm/dVGT 30 (no estudo atual, HD2

apresenta um ponto de mínimo quando gm tem um máximo e HD3 exibe um mínimo

quando dgm/dVGT tem um mínimo). Mesmo sem levar em conta o efeito do ganho, a

distorção apresentada por FinFETs convencionais ou tensionados está próxima do

valor de – 65 dB, considerado bom para circuitos amplificadores 72.

3.1.3 Origens Físicas das Não-Linearidades

Conforme discutido na seção anterior, as não-linearidades podem ser modeladas

através da transcondutância e suas derivadas de ordens mais altas, uma vez que a

distorção harmônica é fortemente influenciada pela mobilidade e seu fator de

degradação , como descrito na expressão (3.5). Como HD2 sofre influência não

somente da mobilidade dos portadores, mas também de Wfin e RS, os fenômenos físicos

98

relacionados à degradação da mobilidade que influenciam HD2 não podem ser

distinguidos. Assim, a influência de cada uma das componentes da mobilidade (que

determinam o fator ) na distorção foi analisada através das curvas de HD3, que são

relacionadas com a interação de dois importantes fenômenos físicos associados com a

mobilidade dos portadores: espalhamento pela rugosidade da superfície e

espalhamento de fônons. A referência 129 apresenta um estudo da degradação da

mobilidade em MOSFETs convencionais (bulk), no qual os fenômenos citados são

levados em consideração para a modelagem correta da transcondutância e suas

derivadas de primeira e segunda ordens.

Neste trabalho, simulações tridimensionais dos dispositivos foram executadas

com o simulador Atlas 111, procurando determinar as origens físicas das não-

linearidades observadas (uma das simulações efetuadas pode ser vista no Apêndice A).

Assim, as estruturas simuladas têm levado em conta os diferentes coeficientes de

degradação da mobilidade no topo e nas laterais do fin, considerando diferentes

coeficientes para rugosidade e espalhamento de fônons nos planos do topo e das

laterais ((100) e (110), respectivamente). Os dispositivos simulados têm características

similares aos medidos experimentalmente, exceto pelo comprimento de canal, que foi

reduzido para 1 μm. As simulações foram desenvolvidas utilizando o modelo de

camada de inversão proposto por Lombardi 115, que leva em consideração a

degradação da mobilidade devido à ação do campo elétrico vertical. O modelo de

Lombardi descreve a degradação da mobilidade devido ao campo gerado pela porta do

dispositivo, considerando os efeitos de espalhamento por fônons acústicos (ph) e o

espalhamento por rugosidade da superfície (sr). Estas contribuições à mobilidade são

combinadas com a mobilidade do substrato (μb) através da regra de Matthiessen, como

descrito na equação (3.6). Neste trabalho, a regra de Matthiessen será utilizada por

permitir uma previsão razoável da degradação resultante de cada uma das

componentes da mobilidade. Contudo, a aplicação da regra de Matthiessen muda os

picos de linearidade observados para menores valores de gm/IDS 129. Assim, os

diferentes fenômenos poderiam ser combinados de forma mais precisa, através de

expressões mais complexas como as descritas na referência 129. Apesar do

espalhamento por efeito Coulomb também contribuir para a degradação da mobilidade

99

total, ele não é levado em conta no decorrer deste trabalho por se tornar importante

apenas quando os dispositivos operam em inversão fraca ou em temperaturas inferiores

a 100 K 129. Além disso, o espalhamento por efeito Coulomb não depende da espessura

da camada de silício para transistores SOI com espessura de silício superiores a 6 nm

133.

srphbeff

1111

(3.6)

O efeito do espalhamento de fônons é dado pela expressão (3.7) e depende da

temperatura, do campo elétrico vertical (E) e da concentração total de dopantes (N). B

e C’ são parâmetros do modelo utilizados para ajustar a espessura efetiva da camada

de inversão.

1/3

1/8

phT.E

C'.N

E

(3.7)

Para um FinFET convencional, foram ajustados valores diferentes para estes

parâmetros no topo e nas laterais do fin. B foi definido como 4,7 x 107 cm2/V.s na

superfície superior e 1 x 107 cm2/V.s nas laterais, enquanto que C’ foi definido como

1,74 x 105 e 1,28 x 105 no topo e nas laterais, respectivamente, de acordo com os

valores experimentais obtidos para a mobilidade efetiva, conforme descrito na ref. 134.

Todas as simulações foram feitas em temperatura ambiente (T = 300 K).

A rugosidade da superfície se torna especialmente importante em FinFETs, uma

vez que ela tem forte dependência com a orientação do cristal 135. O modelo de

Lombardi descreve o efeito da rugosidade da superfície através da equação (3.8), onde

foi inicialmente ajustado para 5,82 x 1014 V/s e 3,5 x 1014 V/s para o topo (top) e as

laterais (side) do fin, respectivamente, já que a degradação da mobilidade nos planos de

condução do topo e das laterais é diferente. Os valores iniciais de top e side foram

obtidos como descrito na referência 134.

100

2sr

E

(3.8)

Na Figura 3.7, são apresentadas as curvas de HD3 obtidas a partir das

características IDS/W vs. VGT simuladas para dispositivos convencionais com Wfin de

20 nm, 40 nm e 200 nm. De acordo com a figura, os três dispositivos apresentaram uma

distorção similar independentemente de seu Wfin. Em uma análise mais profunda, pode-

se observar que os parâmetros utilizados nas simulações subestimam o efeito da

rugosidade da superfície. Assim, as curvas de HD3 apresentadas na Figura 3.7 para os

valores padrão de top e side são determinadas fundamentalmente pelo espalhamento

de fônons que praticamente independe da orientação do cristal para a excursão de W fin

sob análise 19. Então, através de novas simulações, os parâmetros puderam ser mais

precisamente ajustados para as superfícies do topo e da lateral do fin, com o intuito de

aumentar a influência da rugosidade da superfície em HD3. Os novos valores de para

o topo e as laterais são 1,0 x 1014 V/s e 3,6 x 1013V/s, respectivamente, e foram

diretamente determinados através do ajuste das curvas simuladas às experimentais.

3 4 5 6 7 8 9 10

-120

-100

-80

-60 Transistores Convencionais

L = 910 nm

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

HD

3 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

top

= 5,82 , 1,00 x 1014

side

= 3,50 , 0,36 x 1014

, Wfin

= 20 nm

, Wfin

= 40 nm

, Wfin

= 200 nm

Figura 3.7 – Curvas de HD3 vs. gm/IDS para dispositivos FinFETs convencionais simuladas no Atlas 111

com L = 910 nm e três W fin diferentes, polarizadas em VDS = 0,75 V e Va = 50 mV.

101

As curvas de HD3 vs. gm/IDS obtidas com os novos valores dos parâmetros

também são exibidas na Figura 3.7, para transistores com Wfin de 20 nm, 40 nm e

200 nm e mostram que o comportamento de HD3 está diretamente relacionado à

rugosidade da superfície, que é mais pronunciada em altos valores de VGT (baixo

gm/IDS), enquanto que para menores VGT (ou maiores gm/IDS) o espalhamento de fônons

prevalece como a maior fonte de não-linearidade. Quando ambos os efeitos adquirem

similar magnitude, uma compensação destes em HD3 é observada, gerando mínimos

de distorção. De acordo com a referência 136, tanto o espalhamento por fônons como

aquele devido à rugosidade de superfície são processos dependentes da energia.

Assim, para valores intermediários de campo elétrico efetivo, os elétrons tendem a

povoar diferentes sub-bandas de energia em ambos os vales de energia paralelo e

transversal do silício, gerando uma transição abrupta do espalhamento de fônons para

aquele decorrente da rugosidade de superfície, que é traduzida como um pico de

linearidade em HD3 129.

Conforme sr se torna mais influente, com o novo ajuste de , pode-se perceber

uma degradação em HD3 à esquerda destes picos, enquanto que à sua direita, uma

redução da distorção de terceira ordem é observada. Com o novo ajuste de , as

posições dos picos de linearidade em função de gm/IDS também são influenciadas.

Conforme a parcela da mobilidade devido à rugosidade da superfície se torna mais

importante, os picos de linearidade se movem para valores mais altos de gm/IDS,

indicando que a rugosidade se torna importante para VGT mais baixos. Para os

dispositivos mais estreitos, a maior contribuição das portas laterais na corrente total

propicia um efeito da rugosidade mais efetivo em relação aos transistores mais largos

devido à maior influência da orientação (110), movendo os mínimos de distorção para

maiores gm/IDS. Logo, pode ser concluído que a variação da rugosidade de superfície

entre os dispositivos alteram suas características de transferência, movendo os picos

de linearidade ao longo de gm/IDS, que é responsável pelas diferenças observadas na

distorção harmônica em dispositivos de dimensões diferentes.

Os resultados apresentados para dispositivos convencionais podem ser

satisfatoriamente estendidos para os transistores tensionados, já que os formatos das

curvas de HD3 para dispositivos convencionais e tensionados são similares. Contudo,

102

os picos de linearidade observados em FinFETs estreitos sob efeito de tensão

mecânica ocorrem para gm/IDS inferiores aos observados em transistores convencionais

e uma maior distorção de terceira ordem é obtida à direita destes picos, como

apresentado na Figura 3.6. Este efeito pode ser explicado pela atenuação da

rugosidade de superfície inerentemente observada em dispositivos tensionados descrita

em 137,138.

3.1.4 Distorção Harmônica Considerando o Ganho de Tensão em Malha Aberta

Como mencionado no item 3.1.1, o ganho de tensão em malha aberta, dado pela

equação (2.45), se torna uma variável importante em circuitos amplificadores, que

influencia o desempenho da distorção harmônica 72. Através da mudança das

dimensões dos dispositivos (comprimento do canal e largura do fin), gm e gD

apresentam variações significativas, sendo que o ganho AV é reduzido conforme Wfin

aumenta e L diminui. Assim, as curvas de HD2 e HD3 apresentadas nas Figura 3.4 e

3.6, respectivamente, têm ignorado as diferenças nas amplitudes de saída de

transistores com dimensões diferentes. Quando amplificadores unitários são projetados

para uma amplitude de saída Vout almejada, dispositivos com diferentes AV necessitam

de diferentes amplitudes de entrada. Deste modo, FinFETs mais estreitos necessitam

de uma menor amplitude de entrada com respeito aos mais largos, devido ao seu maior

ganho. As diferentes amplitudes de entrada são refletidas na distorção harmônica no

sinal de saída (quanto menor for a amplitude Va necessária para se atingir Vout, mais

linear será o sinal de saída 67).

Para considerar esta diferença na análise da não-linearidade, FinFETs de

diferentes dimensões foram polarizados de forma a gerar uma mesma tensão de saída

Vout e, então, foi efetuada a extração da distorção harmônica. As curvas de HD2 e HD3

para dispositivos convencionais e com a presença de tensão mecânica de L = 10 m e

diversos Wfin são apresentadas nas Figura 3.8 e 3.9 em função de gm/IDS, para

Vout = 1,5 V. Os diferentes ganhos obtidos nos dispositivos medidos causaram um

103

grande impacto em HD2. Os maiores ganhos apresentados por dispositivos

convencionais mais estreitos (com Wfin inferiores a 120 nm) são responsáveis por uma

enorme redução no nível da distorção, levando a uma melhora de 15 dB em HD2 com

relação a dispositivos tensionados de dimensões similares para altos valores de gm/IDS.

4 5 6 7 8 9 10-90

-80

-70

-60

-50

-40

-30

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

HD

2 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Convencionais

4 5 6 7 8 9 10-90

-80

-70

-60

-50

-40

-30

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

HD

2 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Tensionados

(A) (B)

Figura 3.8 – HD2 vs. gm/IDS extraído para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos Wfin.

De forma análoga, a influência do ganho também é observada em HD3.

Conforme se vê na Figura 3.9 (A), o maior ganho obtido em transistores convencionais

mais estreitos reduz o nível de HD3, fazendo estes dispositivos mais interessantes que

aqueles mais largos para aplicações analógicas. A Figura 3.9 (B), por sua vez, mostra

que a variação de AV com Wfin em dispositivos tensionados compensa as diferenças em

HD3 apresentadas na Figura 3.6 (B) à esquerda dos picos de linearidade, levando

todos os dispositivos a um valor similar de HD3. À direita destes picos, a melhora em

HD3 observada para dispositivos mais estreitos na Figura 3.6 é amplificada devido ao

maior AV.

104

4 5 6 7 8 9 10-220

-200

-180

-160

-140

-120

-100

-80

-60

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

HD

3 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Convencionais

4 5 6 7 8 9 10-220

-200

-180

-160

-140

-120

-100

-80

-60

L = 10 m

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 370nm

Wfin

= 870nm

Wfin

= 2870nm

Wfin

= 30nm

Wfin

= 70nm

Wfin

= 120nm

HD

3 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

Transistores Tensionados

(A) (B)

Figura 3.9 – HD3 vs. gm/IDS extraído para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos Wfin.

A avaliação da distorção harmônica de FinFETs com diferentes comprimentos de

canal também foi feita, uma vez que dispositivos de canais mais curtos têm sido

utilizados freqüentemente em aplicações analógicas 139. Para esta análise, HD2 e HD3

foram obtidos a partir da caracterização de dispositivos multi-fins, que dispõem de 30

fins em paralelo com Wfin = 20 nm (neste caso W = 30.(2Hfin + Wfin)) e diversos

comprimentos de canal, como mostrado nas Figura 3.10 e 3.11 para Vout = 1,5 V.

De acordo com a Figura 3.10, HD2 diminui para transistores longos,

independentemente da presença da tensão mecânica. Este resultado é fortemente

influenciado pelo aumento do ganho de tensão em malha aberta com o comprimento de

canal, que está relacionado com o maior valor de gm.(L/W), exibido em dispositivos

longos devido à menor degradação da mobilidade e com a redução de gD para L

maiores. Quando HD2 de transistores convencionais e tensionados são comparados, o

maior ganho obtido em dispositivos convencionais prevalece. A menor distorção

propiciada por FinFETs convencionais é observada, principalmente, para altos gm/IDS.

Em gm/IDS = 7 V-1, o transistor convencional mais longo apresenta HD2 20 dB melhor

que o tensionado de dimensões similares. Quando os dispositivos convencionais e

tensionados mais curtos são comparados, uma vantagem superior a 10 dB em HD2 é

obtida em favor do convencional para toda a excursão de gm/IDS. De fato, se a influência

do ganho em HD2 é desprezada, o comportamento da distorção é similar em

105

dispositivos convencionais e tensionados e uma leve melhora em HD2 é observada em

transistores mais curtos em comparação com os mais longos.

4 5 6 7 8 9 10-100

-80

-60

-40

-20

L = 310 nm

L = 610 nm

L = 3000 nm

L = 60 nm

L = 90 nm

L = 150 nm

L = 190 nm

Transistores Convencionais

HD

2 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 20 nm

4 5 6 7 8 9 10-100

-80

-60

-40

-20

L = 60 nm

L = 90 nm

L = 150 nm

L = 190 nm

L = 310 nm

L = 610 nm

L = 3000 nm

Transistores Tensionados

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 20 nm

HD

2 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.10 – Curvas medidas de HD2 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos convencionais e (B) com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos L e W fin = 20 nm.

Seguindo a tendência de HD2, HD3 reduz com o aumento de L. Em dispositivos

convencionais, a rugosidade da superfície domina HD3 para toda a excursão de gm/IDS

exceto para os transistores mais longos, onde picos de linearidade indicam a maior

influência do espalhamento de fônons em maiores gm/IDS. Em dispositivos tensionados

uma menor rugosidade da superfície é observada e picos de linearidade estão

presentes na curva de HD3 de todos os dispositivos. Embora as curvas não sejam

apresentadas no trabalho, quando o ganho de tensão em malha aberta é desprezado

(mantendo Va fixo entre os dispositivos), transistores convencionais de maior

comprimento de canal exibem uma pequena vantagem em HD3 em relação aos mais

curtos em toda a excursão de gm/IDS (exceto à direita dos picos de linearidade

observados nos dispositivos mais longos), enquanto que nos FinFETs tensionados mais

longos uma redução em HD3 é observada para baixos valores de gm/IDS (em

comparação com HD3 obtido em dispositivos mais curtos) e uma pior distorção de

terceira ordem é obtida em gm/IDS mais altos (à esquerda e à direita dos picos de

linearidade, respectivamente, conforme rugosidade ou espalhamento de fônons

prevalece). Entretanto, se a influência do ganho for considerada como nas Figura 3.10

106

e 3.11, transistores não-tensionados de canal longo apresentam HD2 e HD3

extremamente reduzidos em comparação com os tensionados de dimensões similares.

No dispositivo convencional de L = 3000 nm, uma melhora de 60 dB é obtida em HD3 e

de 45 dB em HD2 em gm/IDS = 7 V-1 com relação ao dispositivo tensionado de mesmo

comprimento de canal.

4 5 6 7 8 9 10

-200

-180

-160

-140

-120

-100

-80

-60

-40

L =310 nm

L =610 nm

L =3000 nm

L =60 nm

L =90 nm

L =150 nm

L =190 nm

Transistores Convencionais

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 20 nm

HD

3 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

4 5 6 7 8 9 10

-200

-180

-160

-140

-120

-100

-80

-60

-40

L = 60 nm

L = 90 nm

L =150 nm L =190 nm

L =310 nm

L =610 nm

L =3000 nmTransistores Tensionados

VDS

= 0,75 V

Vout = 1,5 V

Wfin

= 20 nm

HD

3 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.11 – Curvas medidas de HD3 vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Vout = 1,5 V para diversos L e W fin = 20 nm.

Outro modo também eficaz para a determinação da influência do ganho de

tensão em malha aberta na distorção harmônica seria a normalização dos valores de

HD2 e HD3 dos diferentes dispositivos polarizados com uma mesma amplitude de

entrada Va por AV. Para efeito de comparação, as curvas de HD3 apresentadas na

Figura 3.11 para dispositivos de diferentes comprimentos de canal polarizados de modo

a gerar uma amplitude de saída de Vout = 1,5 V são reapresentadas na Figura 3.12

normalizadas por AV quando os diferentes transistores são polarizados com uma tensão

de entrada de amplitude Va = 50 mV. Como pode ser observada através da Figura 3.11

e da Figura 3.12, a tendência das curvas de HD3 e HD3/AV é bastante semelhante,

apesar dos valores absolutos da distorção serem diferentes devido às diferentes

polarizações dos FinFETs.

Embora todo o estudo efetuado tenha considerado os amplificadores em aberto,

ou seja, sem carga na saída, podem ser feitas algumas ponderações para o caso em

107

que cargas resistivas ou capacitivas estejam presentes. Quando uma carga capacitiva é

aplicada na saída e o circuito opera em baixa freqüência ou a capacitância é de baixo

valor, de forma que sua impedância seja extremamente superior à resistência RON, a

resistência de saída tenderá a RON e a distorção obtida seguirá a mesma tendência

daquela apresentada na seção atual. Se a carga, seja ela resistiva ou capacitiva,

apresentar uma resistência muito menor que RON, a resistência de saída tenderá ao

valor da impedância da carga e a distorção tenderá à apresentada na seção 3.1.2.

4 5 6 7 8 9 10

-180

-160

-140

-120

-100

-80

L =60 nm

L =90 nm

L =150 nm

L =190 nm

L =310 nm

L =610 nm

L =3000 nm

Transistores Convencionais

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

Wfin

= 20 nm

HD

3/A

v [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

4 5 6 7 8 9 10

-160

-140

-120

-100

-80

-60 L = 60 nm

L = 90 nm

L =150 nm

L =190 nm

L =310 nm

L =610 nm

L =3000 nm

Transistores Tensionados

VDS

= 0,75 V

Va = 50 mV

Wfin

= 20 nm

HD

3/A

v [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.12 – Curvas medidas de HD3/AV vs. gm/IDS obtidas para (A) dispositivos convencionais e (B) transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV para diversos L e W fin = 20 nm.

O estudo efetuado no tópico atual pode ser encontrado com nas referências

131,140.

3.1.5 Distorção Harmônica em Função da Temperatura

Após a extração da distorção harmônica, sua análise e o estudo de suas origens

físicas, o comportamento das não-linearidades apresentadas pelas características

IDS vs. VGT de FinFETs operando como amplificadores unitários foi avaliado em função

da temperatura. A distorção foi estudada a partir de suas componentes de segunda e

108

terceira ordens no intervalo de 210 K a 380 K. Na análise atual são levados em conta

apenas dispositivos FinFETs tensionados, como aqueles descritos em 3.1.1, uma vez

que é esperado que os resultados de dispositivos convencionais e tensionados

apresentem uma mesma tendência com a variação temperatura. Toda a análise foi

efetuada para dispositivos de diferentes W fin entre 30 nm e 570 nm e a distorção foi,

mais uma vez obtida através do IFM. Na Figura 3.13 são apresentadas as curvas de IDS

vs. VGT para um dispositivo tensionado de Wfin = 30 nm e L = 10 µm em diferentes

temperaturas. Através da figura pode-se notar um aumento da corrente IDS conforme a

temperatura é reduzida. Este comportamento está diretamente relacionado à maior

mobilidade dos elétrons observada em baixas temperaturas associada à redução do

espalhamento por fônons como descrito em 2.4.2.

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,60,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Wfin

= 30 nm

Hfin

= 55 nm

VDS

= 0,75 V

Temperatura

210 K

225 K

250 K

275 K

300 K

380 K

I DS [A

]

VGT

[V]

Figura 3.13 – Curvas experimentais da corrente de dreno em função de VGT para dispositivos com tensão mecânica com VDS = 0,75 V para diversas temperaturas.

As curvas de HD2 e HD3 resultantes das características IDS vs. VGT apresentadas

na Figura 3.13 são exibidas na Figura 3.14 para os dispositivos polarizados com uma

amplitude de entrada Va = 50 mV em função de gm/IDS. De acordo com as curvas da

figura, HD2 do dispositivo de Wfin = 30 nm apresenta uma fraca dependência com a

variação de temperatura para altos gm/IDS, ou seja, quando o dispositivo caminha da

inversão forte em direção à moderada. No entanto, esta dependência aumenta quando

109

o transistor é polarizado em inversão mais forte e um aumento de HD2 é observado

com o incremento da temperatura. A partir da equação (3.5), pode-se deduzir que a

melhor linearidade em baixas temperaturas está relacionada com o incremento da

mobilidade e sua maior degradação. O aumento da degradação da mobilidade com a

redução de temperatura é responsável por um incremento da razão gm/IDS onde o

dispositivo muda de regime de saturação para triodo diminuindo HD2. Embora a

resistência série dos transistores reduza com a temperatura, o que segundo a equação

(3.5) deveria piorar HD2, esta redução é bastante sutil não influenciando na linearidade.

3 4 5 6 7 8 9 10-70

-60

-50

-40

-30

-20

275 K

300 K

380 K

210 K

225 K

250 K

HD

2 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

HD

3 [d

B]

Temperatura

Va = 50 mV

VDS

= 0,75 V

Wfin

= 30 nm -100

-80

-60

-40

-20

Figura 3.14 – Curvas medidas de HD2 e HD3 em função de gm/IDS para transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV em diversas temperaturas (L = 10 µm e W fin = 30 nm).

Ao se analisar HD3, percebe-se que o aumento da temperatura beneficia a

distorção em gm/IDS mais baixos, enquanto que a sua redução melhora a distorção de

terceira ordem em gm/IDS mais altos, nas proximidades da tensão de limiar. Assim como

na seção 3.1.3, as curvas de HD3 podem ser associadas com os mecanismos de

espalhamento da mobilidade. À direita dos picos de linearidade observados na figura, a

distorção presente no dispositivo analisado é dada principalmente pelo espalhamento

por fônons e à esquerda pela rugosidade da superfície. Conforme a temperatura é

reduzida, ocorre, como já mencionado, uma diminuição do espalhamento por fônons

102, fazendo com que a rugosidade de superfície se torne mais efetiva em temperaturas

110

mais baixas. Deste modo, os mínimos observados em HD3 se movem para valores de

gm/IDS mais elevados, indicando a predominância da rugosidade sobre o espalhamento

por fônons em tensões de porta mais baixas.

HD2 e HD3 também foram estudados em função da temperatura para

dispositivos de diferentes Wfin como mostrado na Figura 3.15. Nesta figura, pode-se

notar que o comportamento de HD2 é similar para dispositivos de diferentes Wfin,

indicando a variação de RS, µ0 e θ seguem um mesmo perfil para os diferentes

transistores em função da temperatura, embora dispositivos mais estreitos apresentem

melhor linearidade que os mais largos devido às maiores degradação da mobilidade e

resistência série. De outro modo, ao se analisar HD3 em função de T, percebe-se

diferentes tendências dependendo do valor de gm/IDS em que os dispositivos estão

polarizados. Em gm/IDS = 5 V-1, FinFETs mais estreitos apresentam HD3 pior que os

mais largos e a distorção se reduz com o aumento da temperatura. Deste modo, pode-

se notar que em um amplificador diferencial projetado para a operação em altas

temperaturas é preferível a utilização de transistores mais largos visando à redução de

HD3. Quando se avalia a distorção de terceira ordem em gm/IDS = 9 V-1, no entanto,

dispositivos mais estreitos apresentam melhor linearidade em comparação com os mais

largos em toda a faixa de temperatura. Entretanto, HD3 piora com aumento da

temperatura fazendo com que os dispositivos mais estreitos se tornem uma melhor

opção para circuitos diferenciais projetados para a operação em baixas temperaturas.

Estes diferentes comportamentos de HD3 observados para diferentes gm/IDS estão

associados à componente de degradação da mobilidade mais efetiva em cada uma das

polarizações. Em gm/IDS mais altos, θ é dominado pelo espalhamento por fônons que

diminui com a temperatura, reduzindo HD3 com a diminuição de T. Em gm/IDS mais

baixos, por sua vez, a rugosidade de superfície se torna mais efetiva. Como em

dispositivos mais estreitos uma maior fração da corrente flui através do plano (110), que

apresenta maior rugosidade de superfície em relação ao (100), tais dispositivos

apresentam pior HD3 que os mais largos em gm/IDS = 5 V-1.

111

200 250 300 350 400-72

-68

-64

-60

-32

-30

-28

-26

HD

2 [

dB

]g

m/I

DS = 9 V

-1

gm/I

DS = 5 V

-1

Va = 50 mV

VDS

= 0,75 V

HD

3 [

dB

]

Temperatura [K]

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 570 nm

HD2 para gm/I

DS = 5 V

-1

Figura 3.15 – Características experimentais de HD2 e HD3 vs. T obtidas para transistores com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e Va = 50 mV para diversos W fin.

Assim como na seção 3.1.4, os diferentes ganhos intrínsecos obtidos ao se

variar Wfin dos transistores são responsáveis por amplitudes de saída distintas. Ao se

projetar dois dispositivos, um mais estreito e outro mais largo, para que se tenha a

mesma amplitude de saída, o FinFET mais estreito necessitará de menor amplitude de

entrada, reduzindo a distorção.Na Figura 3.16 é apresentado o ganho intrínseco de

tensão em função da temperatura para dois dispositivos de diferentes larguras de fin

polarizados com VDS = 0,75 V e VGT = 0,20 V.

Ao se reduzir a temperatura de operação de 380 K a 275~300 K, ambos os

dispositivos apresentam um leve aumento de AV, que está relacionado ao incremento

de gm com a redução da temperatura devido à maior mobilidade dos portadores. Além

disso, o FinFET mais estreito exibe um ganho maior que o dispositivo mais largo, que é

atribuído à dependência de Wfin com o comprimento característico dos transistores,

influenciando a tensão Early e, conseqüentemente, a condutância de saída 75. Em

baixas temperaturas, a degradação de AV apresentada pelos dois dispositivos é

atribuída à piora em gD, que se contrapõe à melhora de gm.

112

200 250 300 350 40055

60

65

70

75

80

Hfin

= 55 nm

VDS

= 0,75 V

VGT

= 0,20 V

AV [d

B]

Temperatura [K]

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 570 nm

Figura 3.16 – AV vs. T extraído para dispositivos com tensão mecânica com VDS = 0,75 V e VGT = 0,2 V para Wfin de 30 nm e 570 nm.

Na Tabela 3.3 são apresentados HD2 e HD3 normalizados por AV, para uma

análise mais precisa da distorção. Em 210 K, as diferenças de HD2/AV e HD3/AV entre

ambos os dispositivos são de 5,4 dB e 1,8 dB, respectivamente, enquanto que em

300 K, o FinFET mais estreito mostra uma vantagem de 10 dB em HD2/AV e de 5 dB

em HD3/AV com respeito ao mais largo influenciado pelo maior ganho.

Tabela 3.3 – Comparação entre HD2/AV e HD3/AV de ambos os dispositivos de Wfin = 30 nm e 570 nm em gm/IDS = 5 V

-1 para diferentes temperaturas.

Wfin [nm] HD2/AV [dB] HD3/AV [dB]

T = 210 K T = 300 K T = 210 K T = 300 K

30 -92,0 -107,5 -118,2 -137,0

570 -86,6 -97,5 -116,4 -132,0

Embora não apresentado neste trabalho, as características de distorção

harmônica de FinFETs sem a presença de tensão mecânica em função da temperatura

são extremamente similares às mostradas no tópico atual. O estudo do efeito da

temperatura na distorção harmônica de FinFETs convencionais e tensionados é

apresentado na referência 141.

113

DORIA, R. T.; MARTINO, J. A.; CERDEIRA, A. e PAVANELLO, M. A.; Fin Width Influence on the Harmonic Distortion of Standard and Strained FinFETs Operating in Saturation, em: SBMicro 2009 – 24th International Symposium on Microelectronics Technology and Devices, v. 23, p. 613-620, Natal, 2009.

DORIA, R. T.; CERDEIRA, A.; MARTINO, J. A.; SIMOEN, E.; CLAEYS, C.; PAVANELLO, M. A.; Harmonic distortion of unstrained and strained FinFETs operating in saturation, aceito para publicação no IEEE Transactions on Electron Devices, 2010.

DORIA, R. T.; MARTINO, J. A.; SIMOEN, E.; CLAEYS, C.; PAVANELLO, M. A.; Harmonic distortion of strained triple-gate FinFETs at low temperatures, em: Proceedings of WOLTE 9, p. 57-59, 2010.

114

3.2 LINEARIDADE EM ESTRUTURAS 2-MOS COMPOSTAS POR

DISPOSITIVOS FINFETS CONVENCIONAIS E TENSIONADOS

Diversos circuitos analógicos, como conversores analógico-digitais 65,142,143,

requerem o uso de filtros de tempo contínuo. Filtros ativos RC como o MOSFET-C, por

exemplo, são excelentes candidatos para tais circuitos, pois permitem o uso de

dispositivos em tecnologia SOI completamente depletados, que apresentam baixo

consumo de potência, mesmo em tecnologias ultra-submicrométricas 79,132,144. Nestes

filtros, transistores operando em regime triodo podem ser utilizados 28. A fonte e o dreno

do dispositivo fazem o papel dos terminais do resistor e a tensão aplicada à porta

controla a resistência. A utilização de transistores MOSFET ao invés de resistores reduz

a área ocupada e permite ajustes na polarização para a compensação de variações

oriundas do processo de fabricação ou temperatura de operação 145.Usualmente,

valores de resistência interna de canal (com VDS = 0,1 V) da ordem de algumas

centenas de k são necessários. Logo, os dispositivos utilizados devem ser de canal

longo 79.

Contudo, o comportamento extremamente não-linear apresentado pelas

características I–V de transistores MOS impedem que estes dispositivos sejam

largamente utilizados como resistores. Alternativamente, como mencionado em 2.2.3.1,

estruturas 2-MOS podem ser utilizadas com o propósito de reduzir a distorção

harmônica 132. Nesta parte do trabalho foi feita uma avaliação das não-linearidades

apresentadas em estruturas resistivas 2-MOS compostas por FinFETs de porta tripla

convencionais e com a presença de tensão mecânica. Por se tratar de um circuito

diferencial, a não-linearidade foi avaliada em termos da distorção de terceira ordem,

que neste caso é a maior fonte de distorção, em função da largura do fin, do

comprimento de canal, da tensão de porta e da amplitude da tensão de entrada. A não-

linearidade também foi analisada em função de RON, que constitui um parâmetro chave

em tais circuitos. Durante a análise da distorção, as causas da não-linearidade foram

apontadas.

115

3.2.1 Características do Circuito e dos Dispositivos

Como mencionado no item 2.2.3, numa estrutura 2-MOS há supressão dos

harmônicos de ordem par apresentados no sinal de saída. Assim, a distorção de

segunda ordem, normalmente a de maior importância, é reduzida e THD passa a ser

determinado pela distorção de terceira ordem. A Figura 3.17 mostra um esquema da

estrutura 2-MOS sob análise, onde Vo representa a polarização DC (ajustada para 0 V),

VG é a tensão de porta (comum a ambos os transistores) e Va é a amplitude de um

sinal senoidal aplicado simetricamente ao dreno dos dois dispositivos (o sinal de

entrada foi considerado como uma tensão DC associada a um sinal senoidal de

amplitude Va.sen(t) com t variando entre 0 e 2). Ao longo deste estudo, Va foi

variado de 0 a 0,5 V, que implica em uma amplitude de entrada pico-a-pico de 1 V.

IDS2

IDS1

Vo

VG

Vo + Va

Vo - Va

Figura 3.17 – Esquema da estrutura balanceada com 2 transistores (2-MOS).

Os dispositivos FinFETs de porta tripla convencionais e tensionados estudados

neste tópico são idênticos aos utilizados na seção 3.1. Serão utilizados transistores

FinFETs convencionais e tensionados de diversos comprimentos e larguras de canal (L

entre 150 nm e 2910 nm e Wfin entre 30 nm e 120 nm). Do mesmo modo que no estudo

da linearidade com os dispositivos operando em saturação, HD3 foi determinado

através da aplicação do Método da Função Integral 30. Na Figura 3.18 são

apresentadas as curvas experimentais da corrente de dreno de ambos os transistores

(IDS1 e IDS2) e a corrente total na fonte comum (IDSt = IDS1 – IDS2) que flui através da

estrutura 2-MOS mostrada na Figura 3.17 em função da tensão de dreno para uma

116

sobretensão de porta VGT = 0,5 V. As curvas apresentadas foram obtidas para uma

estrutura 2-MOS composta por FinFETs convencionais com L = 10 m e Wfin = 30 nm.

Como se pode notar através da figura, a curva da corrente total IDSt é visivelmente mais

linear que a corrente que flui através de cada um dos transistores.

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

VGT

= 0,5 V

L = 10 m

Wfin

= 30 nm

Co

rre

nte

de

dre

no

[A

]

VDS

[V]

IDS1

IDS2

IDSt

= IDS1

- IDS2

FinFETs Convencionais

Figura 3.18 – Curvas da corrente de dreno para dois FinFETs convencionais (IDS1 e IDS2) com L = 10 µm e Wfin = 30 nm e a corrente total na fonte comum (IDSt = IDS1 – IDS2) da estrutura 2-MOS em função de VDS

com VGT = 0,5 V.

3.2.2 Avaliação da Distorção Harmônica em Estruturas Compostas por FinFETs

Convencionais

Num primeiro momento, a distorção foi extraída apenas em dispositivos

convencionais, sem a presença de tensão mecânica, com objetivo de observar seu

comportamento e analisar suas prováveis causas. Para tal, foi avaliada a distorção de

terceira ordem apresentada por dispositivos com L = 10 m e Wfin entre 30 nm e

120 nm em função da sobretensão de porta e da amplitude do sinal de entrada.

Sendo assim, HD3 foi obtida, inicialmente, em função da sobretensão de

condução conforme apresentado na Figura 3.19, para duas diferentes amplitudes de

entrada: Va = 0,10 V e Va = 0,25 V. As curvas HD3 vs. VGT são de grande importância

por permitirem a determinação da melhor tensão de porta necessária para polarização

117

dos dispositivos em termos de HD3. Apesar das diferentes larguras de fin, todos os

dispositivos apresentam um comportamento semelhante de HD3 em função de VGT.

Para sobretensões de porta mais baixas, uma importante degradação da distorção

harmônica é observada (no intervalo de VGT entre 0 V e 0,2 V, HD3 chega a apresentar

redução de 40 dB quando Va = 0,1 V), uma vez que os transistores mudam seu regime

de operação de triodo para saturação. Com o incremento de VGT, uma melhora em HD3

é obtida para as duas amplitudes de entrada consideradas atingindo valores inferiores a

– 60 dB quando Va = 0,1 V, conforme a tensão de saturação se move para valores mais

altos, exceto na região dos picos de linearidade, onde uma menor distorção é obtida.

Quando diferentes amplitudes de sinal de entrada são avaliadas, o mesmo

comportamento é observado em função de VGT. Contudo, a redução da amplitude do

sinal de entrada é responsável por uma melhora superior a 15 dB da distorção

harmônica em dispositivos de quaisquer W fin como demonstrado na Figura 3.20, onde a

distorção harmônica de terceira ordem é apresentada em função da amplitude do sinal

de entrada para dispositivos de diversos Wfin com VGT = 1,0 V.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0-90

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

HD

3 [d

B]

VGT

[V]

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 50 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

Va = 0,10 V

Vo = 0 V

L = 10 m

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

-70

-60

-50

-40

-30

-20

Va = 0,25 V

Vo = 0 V

L = 10 m

HD

3 [d

B]

VGT

[V]

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 50 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

(A) (B)

Figura 3.19 – Curvas de HD3 em função de VGT extraídas para estruturas balanceadas com FinFETs com diversos Wfin de L = 10 μm e Va de (A) 0,1 V e (B) 0,25 V.

De acordo com a Figura 3.20, a menor distorção apresentada pelo FinFET de

Wfin = 30 nm se estende através de toda a faixa de amplitudes do sinal de entrada

analisada. Além disso, ao se reduzir a amplitude do sinal de entrada pico-a-pico de

118

1,0 V para 0,1 V, HD3 é reduzido de -40 dB para -70 dB. Esta variação em HD3 está

diretamente relacionada com a região de operação dos dispositivos. Conforme a

amplitude de entrada aumenta, os dispositivos passam a operar mais próximo da

saturação, onde a curva de IDS vs. VDS passa a apresentar um comportamento distinto

daquele exibido em triodo.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5-110

-100

-90

-80

-70

-60

-50

-40V

GT = 1,0 V

Vo = 0 V

L = 10 m

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 50 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

H

D3 [d

B]

Va [V]

< Wfin

Figura 3.20 – Curvas de HD3 em função de Va extraídas experimentalmente para estruturas balanceadas compostas por dispositivos FinFETs de diversos W fin, L = 10 μm e VGT = 1,0 V.

De acordo com as referências 70,79, o comportamento não-linear apresentado por

estruturas 2-MOS é resultante de dois fenômenos: efeito de corpo e degradação da

mobilidade. De acordo com a referência 79, em transistores MOS planares, HD3 é

dominado pelo efeito de corpo à esquerda dos picos de linearidade (baixos valores de

VGT), onde um pior HD3 é observado. Embora seja consideravelmente menor que em

transistores de porta simples, o efeito de corpo em SOI FinFETs é confirmado na

referência 146. À direita dos picos de linearidade, a distorção é governada pela

degradação da mobilidade 70,79. Os picos de linearidade observado em torno de

VGT = 0,3 V são causados pela combinação dos dois fenômenos. Nesta região, as não-

linearidades devidas ao efeito de corpo são compensadas por aquelas resultantes da

degradação da mobilidade 79. Apesar de uma considerável melhora na linearidade seja

obtida, a polarização dos dispositivos na região dos picos de linearidade não é prática,

uma vez que variações no processo de fabricação e na temperatura de funcionamento

podem ocasionar mudanças nos picos ao longo do eixo de VGT. Além disso, os picos de

119

linearidade apresentados em HD3 não são observados para distorções harmônicas de

ordens mais altas para esta mesma tensão de porta. Assim, nesta região das curvas, a

distorção total é dominada pela harmônica de quinta ordem (HD5) e os picos de

linearidade são atenuados se a distorção total for observada 30. As distorções total, de

terceira e quinta ordens são apresentadas na Figura 3.21 para o transistor de

Wfin = 100 nm com Va = 0,25 V, onde HD5 foi determinada através do cálculo da série

de Fourier (FFT) de um sinal senoidal aplicado à característica I–V desta estrutura.

0,20 0,25 0,30 0,35 0,40-70

-60

-50

-40

Va = 0,25 V

Vo = 0 V

L = 10 m

Wfin

= 100 nm

Dis

torç

ão

H

arm

ôn

ica

[d

B]

VGT

[V]

THD

HD3

HD5

FinFETs Convencionais

Figura 3.21 – Curvas de HD3, HD5 e THD em função de VGT extraídas para estruturas balanceadas com

FinFETs de L = 10 μm, Wfin = 70 nm e Va de 0,25 V.

Considerando a limitação mencionada para a polarização dos dispositivos nos

picos de linearidade, da perspectiva da distorção de terceira ordem, a melhor região de

operação das estruturas 2-MOS ocorre para VGT superiores a 0,4 V,

independentemente de Wfin. Deste modo, a melhor região de operação se dá quando

HD3 é dominado pela degradação da mobilidade. De acordo com a Figura 3.19, para

VGT > 0,4 V, HD3 tem uma leve dependência com VGT, mas melhora para tensões de

porta mais altas. Nesta região das curvas pode-se notar também que a variação de W fin

muda a inclinação da curva de HD3 em função de VGT. Por esta razão, em torno de

VGT = 0,4 V, HD3 se degrada conforme Wfin é aumentado enquanto que em VGT = 1,0 V,

a distorção é melhor para dispositivos mais estreitos. Este comportamento é observado

de forma mais clara na Figura 3.22, onde HD3 é apresentado em função de W fin para

diversas tensões de porta com Va = 0,25 V. De acordo com a Figura 3.22, todos os

120

dispositivos medidos apresentam distorção harmônica similar em VGT = 0,8 V. Em

VGT = 0,4 V, o transistor mais largo exibe uma melhora de HD3 de 6 dB em relação ao

dispositivo de Wfin = 30 nm, enquanto que em VGT = 1,0 V uma vantagem de 2 dB em

HD3 é obtida em favor do FinFET mais estreito.

20 40 60 80 100 120-54

-52

-50

-48

-46

-44

-42

-40

-38

HD

3 [d

B]

Wfin

[m]

VGT

= 0,4 V

VGT

= 0,8 V

VGT

= 1,0 V

Va = 0,25 V

L = 10 m

Figura 3.22 – HD3 vs. Wfin extraído para estruturas 2-MOS com FinFETs de 10 μm de comprimento com Va = 0,25 V para vários VGT.

Procurando entender as diferentes curvas de HD3 para VGT maior que 0,4 V

observadas quando Wfin é alterado, a distorção de terceira ordem foi calculada através

da expressão (2.22), oriunda da referência 70, onde HD3 é expressa a partir da

transcondutância e sua derivada de segunda ordem. Para calcular HD3 em função da

degradação da mobilidade, considerou-se a dependência de gm com a mobilidade e sua

proporcionalidade a ela, admitindo-se para a degradação de µeff um modelo quadrático

como o expresso na equação (3.9), onde θ1 e θ2 são os coeficientes de degradação da

mobilidade 1. θ1 exprime a dependência linear da mobilidade com VGT enquanto que θ2

exprime sua dependência quadrática.

2

GT2GT1

0eff

V.V.1

(3.9)

Como a transcondutância é diretamente proporcional à μeff, gm pode ser

determinada diretamente através da multiplicação da expressão (3.9) por um fator

121

multiplicativo κ independente de VGT, conforme mostrado na expressão (3.10).

2

GT2GT1

0m

V.V.1

.g

(3.10)

Derivando-se a expressão (3.10) duas vezes em função de VGT, d2gm/dVGT2

pode ser obtido como mostra a equação (3.11):

2GT1

2

GT2

20

3

GT1

2

GT2

2

1GT20

2

GT

m

2

1V.V.

..k2

1V.V.

)V..(..2

dV

gd

(3.11)

Substituindo a transcondutância descrita pela expressão (3.10) e a sua derivada

de segunda ordem dada por (3.11) na equação de HD3 descrita por (2.22), κ e 0 são

cancelados e a degradação de mobilidade dada por 1 e 2 pode ser expressa de forma

satisfatória utilizando-se apenas 2. Deste modo, a distorção de terceira ordem pode ser

descrita em função de 2, como apresentado em (3.12).

22

GT2

2

2

GT

2

22

1V.3

V..3..Va

4

1HD3

(3.12)

Tabela 3.4 – Coeficiente de degradação da mobilidade (θ2) calculado para FinFETs medidos

experimentalmente com L = 10 m e diversos Wfin.

Wfin [nm] θ2 [V-2]

30 2,374

40 2,265

50 2,169

70 2,014

100 1,887

120 1,796

122

Procurando confirmar a dependência entre HD3 e a degradação da mobilidade

validando a expressão (3.12), HD3 foi calculado através da determinação de θ2 a partir

das características IDS vs. VDS das estruturas 2-MOS medidas. O fator de degradação

da mobilidade θ2 foi determinado através da aplicação do método descrito em 130 e é

apresentado na Tabela 3.4.

As curvas de HD3 em função de VGT extraídas a partir da equação (3.12) são

apresentadas na Figura 3.23 para dispositivos com Wfin entre 30 nm e 120 nm. De

acordo com a figura, o perfil da distorção harmônica calculado a partir da equação

(3.12) se assemelha àquele obtido na Figura 3.19 a partir das curvas experimentais

para VGT > 0,4 V. Nesta região, diferentes inclinações de HD3 em função de VGT são

obtidas para dispositivos com diferentes Wfin, em concordância com os resultados

apresentados na Figura 3.22. Assim, a equação (3.12) tem demonstrado reproduzir

satisfatoriamente o comportamento de HD3, confirmando a dependência da distorção

harmônica na degradação da mobilidade. Para VGT menores que 0,4 V, entretanto, HD3

não pode ser modelado por (3.12), uma vez que nesta região, HD3 é dado pelo efeito

de corpo que não é levado em conta no modelo proposto.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0-100

-90

-80

-70

-60

-50

-40

Va = 0,25 V

Vo = 0 V

L = 10 m

HD3 Calculado

HD

3 [d

B]

VGT

[V]

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 50 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

Figura 3.23 – Curvas de HD3 em função de VGT calculadas a partir da expressão (3.11) para estruturas balanceadas composta por FinFETs de diversos W fin, L = 10 μm e Va = 0,1 V.

Apesar da influência da degradação da mobilidade em HD3 ter sido verificada, a

origem das diferentes inclinações obtidas para a distorção de terceira ordem conforme

123

Wfin é alterado não pôde ser determinada. Por esta razão, 0 foi extraído para as

estruturas 2-MOS compostas por transistores de diversos Wfin e a razão eff/W foi

calculada em função de VGT, como disposto na Figura 3.24. Os valores obtidos para a

mobilidade de baixo campo foram, também, calculados a partir da aplicação do método

descrito em 130. Seguindo uma tendência similar com HD3, em VGT mais baixos, a

diferença apresentada pela mobilidade normalizada entre dispositivos mais estreitos e

mais longos é maior que aquela exibida em VGT mais altos concordando com os

resultados apresentados nas referências 147,148 e seguindo comportamento similar ao

apresentado pelas curvas de HD3, onde a diferença de distorção entre dispositivos

estreitos e largos é maior para VGT mais baixos. As características obtidas indicam que

os diferentes coeficientes de degradação da mobilidade entre os dispositivos

determinam este comportamento, sendo responsáveis pela variação de HD3 com VGT

em estruturas 2-MOS e consolidando os resultados apresentados em 79,149.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,00,0

0,4

0,8

1,2

1,6

Va = 0,25 V

Vo = 0 V

L = 10 m

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 50 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

e

ff/W

[cm

2/V

.s/n

m]

VGT

[V]

Figura 3.24 – Curvas de μeff/W vs. VGT extraídas para estruturas balanceadas 2-MOS com FinFETs de diversos Wfin, L = 10 μm e Va = 0,25 V.

Com o intuito de determinar o mecanismo de espalhamento predominante na

degradação da mobilidade dos FinFETs estudados, simulações numéricas

tridimensionais de dispositivos foram efetuadas. Para este propósito, o simulador Atlas

111 foi utilizado e foram simulados dispositivos com características idênticas às dos

transistores medidos com comprimento de canal de 10 m, espessuras de silício e

124

óxido de porta de 60 nm e 2 nm, respectivamente, e W fin = 30 nm. De mesmo modo, a

concentração de dopantes dos FinFETs simulados é similar à dos medidos, sendo igual

a 1015 cm-3. Modelos levando em conta a degradação da mobilidade devido aos

campos elétricos lateral e transversal, tempo de vida dos portadores dependente da

dopagem e estreitamento de banda foram incluídos nas simulações. De mesmo modo

como nas simulações de dispositivos operando em região de saturação, no caso atual

foi utilizado o modelo de Lombardi 115 que considera a influência tanto do espalhamento

por fônons como daquele devido à rugosidade de superfície na mobilidade. No estudo

atual, os coeficientes para os espalhamentos mencionados foram ajustados através do

casamento das curvas de I–V simuladas com as experimentais. Para que o casamento

fosse satisfatório nos resultados obtidos, os parâmetros relacionados ao espalhamento

por fônons deveriam prevalecer sobre aqueles referentes à rugosidade de superfície.

Assim, o espalhamento por fônons pode ser considerado como o principal responsável

pela degradação da mobilidade nos FinFETs medidos.

3.2.3 Avaliação da Distorção Harmônica em Estruturas Compostas por FinFETs

com a Presença de Tensão Mecânica

Conforme mencionado anteriormente, a utilização de tensão mecânica

objetivando o aumento da mobilidade em transistores tem sido largamente explorada 89.

Por esta razão, foram estudadas estruturas 2-MOS compostas por FinFETs com a

presença de tensão biaxial, visando observar o efeito da tensão em HD3. Assim como

no estudo com transistores convencionais, inicialmente, procurou-se determinar a

influência da largura do fin em HD3. Neste caso, dispositivos convencionais e

tensionados de um único fin com diversos Wfin e comprimento de canal de 10 μm,

tiveram sua não-linearidade extraída. A Figura 3.25 apresenta as curvas de HD3 em

função da sobretensão de porta com Va = 0,15 V para os dispositivos tensionados,

juntamente com aquelas apresentadas para transistores convencionais na Figura 3.19,

possibilitando a comparação entre elas.

125

Como pode ser observado através da Figura 3.25, transistores com a presença

de tensão mecânica apresentam HD3 similar aos obtidos por dispositivos convencionais

para todo o intervalo de VGT estudado. Para baixos valores de VGT (à esquerda dos

picos de linearidade), tanto os dispositivos convencionais como aqueles com tensão

mecânica exibem HD3 muito próximos, devido ao similar efeito de corpo. À direita dos

picos de linearidade, uma melhora bastante sutil na linearidade pode ser observada nos

dispositivos com a presença de tensão mecânica, conforme mostrado na Figura 3.26,

onde a degradação da mobilidade domina HD3. Nesta figura são apresentados os

valores de HD3 em função de Wfin para dispositivos convencionais e tensionados para

VGT de 0,5 V e 0,7 V. Assim como no caso de transistores convencionais, em

dispositivos tensionados uma compensação na linearidade pode ser observada quando

efeito de corpo e degradação da mobilidade ocorrem simultaneamente, resultando em

picos de linearidade ao redor de VGT = 0,3 V.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7-90

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

, Wfin

= 30 nm

, Wfin

= 40 nm

, Wfin

= 70 nm

, Wfin

= 100 nm

, Wfin

= 120 nm

Va = 0,15 V

Vo = 0 V

L = 10 m

HD

3 [

dB

]

VGT

[V]

Transistores Convencionais - Linhas

Transistores Tensionados - Símbolos

Figura 3.25 – Curvas de HD3 vs. VGT extraídas para estruturas 2-MOS compostas por FinFETs

convencionais e tensionados de diversos W fin com L = 10 m e Va= 0,15 V.

Através da Figura 3.26 pode-se perceber que para VGT 0,5 V todos os

transistores tensionados apresentam alguma melhora em HD3 com relação ao

convencional de dimensões similares. Em VGT = 0,5 V, o transistor tensionado de

Wfin = 40 nm apresenta uma melhora de 2 dB em HD3 quando comparado ao

convencional de igual Wfin. Desta forma, a largura do fin do transistor tensionado pode

126

ser aumentada até Wfin = 100 nm sem que seu HD3 se torne pior que o do dispositivo

convencional de Wfin = 40 nm.

20 40 60 80 100 120-57

-56

-55

-54

-53

-52

-51

-50Convencionais

VGT

= 0,5 V

VGT

= 0,7 V

Tensionados

VGT

= 0,5 V

VGT

= 0,7 V

HD

3 [

dB

]

Wfin

m]

Va = 0,15 V

L = 10 m

Figura 3.26 – HD3 vs. Wfin extraído para estruturas 2-MOS compostas por FinFETs convencionais e com

tensão mecânica de L = 10 m e Va = 0,15 V.

Assim como no caso de transistores convencionais de diferentes W fin

previamente discutidos, a melhora na distorção obtida em transistores tensionados em

relação aos convencionais de dimensões similares pode ser correlacionada com sua

degradação da mobilidade. Apesar de dispositivos tensionados apresentarem um

importante incremento na mobilidade dos portadores quando comparados aos

convencionais, um fator de degradação da mobilidade similar é obtido em ambos no

regime de triodo, levando a um HD3 semelhante. No entanto, dispositivos tensionados

inerentemente exibem rugosidade de superfície levemente inferior aos transistores

convencionais 137,138. A menor rugosidade contribui para uma pequena redução da

degradação da mobilidade, como pode ser observado na Tabela 3.2 para alguns dos

dispositivos, resultando em uma sutil melhora de HD3.

Uma análise similar foi efetuada para dispositivos de diferentes comprimentos de

canal, uma vez que transistores de canal curto têm sido utilizados com sucesso em

diversas aplicações analógicas 139. Com o intuito de determinar a influência do

comprimento de canal em HD3, a não-linearidade foi extraída para dispositivos

convencionais e tensionados de múltiplos fins (com 30 fins) com Wfin = 20 nm e

127

diversos comprimentos de canal. Na Figura 3.27, são apresentadas as curvas de HD3

em função de VGT para transistores convencionais e tensionados com L variando entre

150 nm e 2910 nm. Nos dispositivos tensionados, uma pequena melhora de 2 dB em

HD3 é obtida em relação aos convencionais para VGT > 0,2 V em todos os

comprimentos de canal avaliados. Assim como ocorria quando os FinFETs eram

analisados em função de Wfin, neste caso, a melhor HD3 exibida por transistores

tensionados para altos valores de VGT está relacionada com a menor degradação da

mobilidade, possivelmente associada à menor rugosidade de superfície de tais

dispositivos. Como se pode notar também, a distorção de terceira ordem sofre uma

redução com o aumento de L para todo o intervalo de VGT. O vantajoso HD3 observado

em transistores longos pode ter correlação com seu reduzido fator de degradação da

mobilidade com respeito aos dispositivos mais curtos.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

-60

-50

-40

-30

-20Transistores Convencionais - Linhas

Transistores Tensionados - Símbolos

, L = 150 nm

, L = 190 nm

, L = 310 nm

, L = 610 nm

, L = 2910 nm

Va = 0,15 V

Vo = 0 V

Wfin

= 20 nm

HD

3 [

dB

]

VGT

[V]

Figura 3.27 – Curvas de HD3 vs. VGT para estruturas balanceadas 2-MOS com FinFETs convencionais e tensionados com Wfin = 20 nm e diversos comprimentos de canal.

3.2.4 Avaliação de HD3 em Termos da Resistência on (RON)

Como já mencionado, a resistência dos transistores é de extrema importância em

estruturas 2-MOS, uma vez que diversos circuitos tais como filtros MOSFET-C são

128

projetados para uma certa RON, usualmente da ordem de algumas centenas de kΩ 79.

Por esta razão, a seção atual se dedica a avaliar a distorção harmônica em termos de

RON para estruturas 2-MOS compostas por FinFETs convencionais e tensionados de

diferentes comprimentos de canal e larguras de fin. Como RON é inversamente

proporcional à largura do dispositivo, transistores com menor W fin apresentam uma

maior resistência em relação a dispositivos mais largos. Desta forma, para evitar a

dependência direta entre IDS e W, a resistência de canal é avaliada através da curva de

IDS/W vs. VDS, ou seja, RON.W.

22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0-65

-60

-55

-50

VGT

= 0,6V VGT

= 0,5V

HD

3 [

dB

]

RON

.W [k.m]

Convencionais

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

Va = 0,15 V

Vo = 0 V

L = 10 m

VGT

= 0,4V

10 12 14 16 18-75

-70

-65

-60

-55

-50

VGT

= 0,6V VGT

= 0,5V

HD

3 [d

B]

RON

.W [k.m]

Tensionados

Wfin

= 30 nm

Wfin

= 40 nm

Wfin

= 70 nm

Wfin

= 100 nm

Wfin

= 120 nm

Va = 0,15 V

Vo = 0 V

L = 10 m

VGT

= 0,4V

(A) (B)

Figura 3.28 – HD3 vs. RON.W extraído para estruturas balanceadas compostas por FinFETs (A) convencionais e (B) tensionados de diversos W fin com L = 10 μm polarizados em Va = 0,15 V.

Na Figura 3.28 são apresentadas as curvas de HD3 em função de RON.W para

dispositivos (A) convencionais e (B) tensionados de diversos W fin com Va = 0,15 V.

Como mostrado na Figura 3.25, ao se polarizar dispositivos tensionados e

convencionais em um mesmo VGT, a diferença na linearidade apresentada por ambos é

bastante sutil. Logo, no intervalo de VGT entre 0,35 V e 0,65 V, a resistência no interior

do canal de transistores convencionais e tensionados é observada quando estes

apresentam um similar nível de distorção. Através da Figura 3.28, pode-se notar que o

parâmetro RON.W é reduzido por um fator de 2 em dispositivos tensionados em relação

aos convencionais de diversas dimensões. Esta redução na resistência constitui um

ponto negativo para a aplicação de FinFETs tensionados em estruturas 2-MOS, uma

vez que a redução de RON é, normalmente, evitada em estruturas resistivas e pode ser

129

explicada pelo incremento proporcionado pela tensão mecânica na mobilidade dos

portadores. Através das Figura 3.28 (A) e (B), pode-se notar que em ambos os

dispositivos HD3 melhora com o aumento de Wfin para todo o intervalo de RON.W

estudado.

O comportamento de HD3 em RON.(W/L) = 6,5 k com a variação do comprimento de

canal de FinFETs convencionais e tensionados é apresentado na Figura 3.29 para

dispositivos multi-fins com 30 fins de Wfin = 20 nm. De acordo com esta figura,

transistores tensionados de menores comprimentos de canal (L ≤ 210 nm) apresentam

HD3 até 5 dB melhor que os convencionais de mesmo L, enquanto que dispositivos

mais longos convencionais e tensionados exibem uma distorção similar. Somente para

FinFETs mais longos, como aquele de L = 570 nm, dispositivos não-tensionado

mostram vantagem em HD3 com relação aos tensionados. Contudo, para transistores

de tal comprimento de canal, RON.(W/L) de 6,5 k somente é atingido para baixos

valores de VGT (em torno de 0,3 V) onde os dispositivos estão polarizados na região dos

picos de linearidade, que, por dependerem do processo e da temperatura de operação,

são difíceis de se atingir na prática.

100 1000-54

-52

-50

-48

-46

-44

-42

-40Convencionais

RON

.(W/L) = 6,5 k

VGT

= 0,4 V

Tensionados

RON

.(W/L) = 6,5 k

VGT

= 0,4 V

HD

3 [

dB

]

L [nm]

Va = 0,15 V

Wfin

= 20 nm

Figura 3.29 – Curvas de HD3 vs. L para estruturas balanceadas 2-MOS compostas por FinFETs convencionais e tensionados com W fin = 20 nm polarizados em Va = 0,15 V.

Na Figura 3.29 também são apresentadas as curvas de HD3 vs. L, quando os

diferentes dispositivos estão polarizados em VGT = 0,4 V. Para esta sobretensão de

130

condução, dispositivos tensionados apresentam uma melhor distorção de terceira

ordem que os convencionais. Assim como no caso de transistores com diversos Wfin, a

redução de HD3 observada em FinFETs tensionados de vários L pode ser

correlacionada à sua reduzida rugosidade de superfície 137, que resulta em uma menor

degradação da mobilidade quando comparado aos não-tensionados. Deste modo,

transistores tensionados mais curtos podem ser utilizados com o objetivo de se atingir o

mesmo nível de linearidade de um dispositivo convencional em um VGT semelhante. Ao

se multiplicar RON.(W/L) por (L/W), todos os dispositivos analisados de diferentes

dimensões apresentam resistência interna de canal da ordem de 100 k a 250 k, que

são valores considerados interessantes 79 para a utilização em estruturas 2-MOS.

O estudo da aplicação de FinFETs em estruturas balanceadas 2-MOS pode ser

encontrado nas referências 149,150,151.

DORIA, R. T.; SIMOEN, E.; CLAEYS, C.; MARTINO, J. A.;PAVANELLO, M. A.; Harmonic distortion of 2-MOS structures for MOSFET-C filters implemented with N-type unstrained and strained FinFETs, submetido à Solid-State Electronics. DORIA, R. T.; MARTINO, J. A.; CERDEIRA, A.; PAVANELLO, M. A.; Harmonic Distortion Analysis of SOI Triple Gate FinFETs Applied to 2-MOS Balanced Structures, ECS Transactions, v. 19, n. 4, p. 289-294, 2009.

DORIA, R. T.; MARTINO, J. A.; SIMOEN, E.; CLAEYS, C.; PAVANELLO, M. A.; Non-linear behavior of 2-MOS structures implemented with biaxially strained FinFETs for MOSFET-C filters, em: Proceedings of EUROSOI, p. 77-78, 2010.

131

3.3 LINEARIDADE EM ESTRUTURAS 2-MOS COMPOSTAS POR

DISPOSITIVOS GC GAA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

Ao contrário dos estudos envolvendo transistores FinFETs que foram

desenvolvidos principalmente a partir da caracterização de dispositivos, a análise da

linearidade em estruturas 2-MOS compostas por GAAs e GC GAAs foi baseada

majoritariamente em simulações bidimensionais através do simulador Atlas 111, embora

algumas medidas experimentais tenham sido efetuadas visando à validação da

estrutura simulada. Este estudo é uma seqüência daquele apresentado em 123, onde foi

feita uma primeira abordagem sobre a utilização de GC GAAs em estruturas 2-MOS, e

complementa o estudo da distorção harmônica apresentada por dispositivos GC GAAs

operando em saturação efetuado na referência 17. No estudo atual foi feita uma análise

da distorção harmônica apresentada em transistores GAAs e GC GAAs com diversas

razões de LLD/L. O estudo foi efetuado principalmente em termos de HD3 que, como

mencionado anteriormente, constitui a maior fonte de não-linearidade em estruturas

balanceadas 64 e procurou-se determinar as origens da distorção observada.

Primeiramente, a distorção harmônica foi avaliada em temperatura ambiente e, então,

as simulações efetuadas foram estendidas para temperaturas criogênicas.

3.3.1 Características dos Dispositivos e Medidas Experimentais

Os transistores GC GAA medidos experimentalmente foram produzidos na UCL

(Universidade Católica de Louvain), Bélgica, a partir de uma lâmina SOI tipo-p com

concentração intrínseca de dopantes de 1015cm-3 seguindo o processo de fabricação

descrito na referência 6. Os dispositivos medidos são compostos por três fingers

conectados em paralelo com o comprimento e a largura de canal iguais a 3 m. As

espessuras finais do óxido de porta, da camada de silício na região ativa e do óxido

enterrado são de, respectivamente, 30 nm, 80 nm e 390 nm. Transistores com diversas

132

razões LLD/L foram produzidos com dopagem de 1017 cm-3 na região fortemente dopada

(em que ocorre a implantação iônica para o ajuste da tensão de limiar).

Simulações bidimensionais do processo e dos dispositivos foram efetuadas

utilizando os simuladores Athena 110 e Atlas 111, respectivamente. Exceto pelos valores

máximos para a mobilidade de baixo campo de elétrons e lacunas do modelo Klaassen,

que foram ajustados para 510 cm2/V.s e 170 cm2/V.s, respectivamente, os coeficientes

padrões do simulador foram utilizados. Dispositivos GAA uniformemente dopados

também foram simulados de modo a permitir que o seu desempenho fosse comparado

com o do GC GAA. Nos Apêndices B e C, respectivamente, constam simulações de

processo e de circuitos 2-MOS efetuadas ao longo do trabalho.

A Figura 3.30 (A) mostra as características IDS vs. VGT em uma tensão de dreno

de 1,5 V para dispositivos GC GAAs medidos experimentalmente e simulados com

diversas razões de LLD/L. Como esperado, IDS aumenta com LLD/L devido à redução do

comprimento efetivo de canal. Na Figura 3.30 (B), por sua vez, são apresentadas as

curvas de gm vs. VGT para os mesmos dispositivos e um aumento em gm máximo pode

ser observado tanto nas curvas simuladas como nas experimentais, conforme LLD/L

aumenta. Adicionalmente, pode ser observada uma boa concordância entre as curvas

experimentais e simuladas apresentadas na Figura 3.30, validando as simulações de

processos/dispositivos.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,50,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

IDS [m

A]

Experimentais

LLD

/L = 0,2

LLD

/L = 0,4

LLD

/L = 0,5

I DS [

mA

]

VGT

[V]

Simuladas

LLD

/L = 0,2

LLD

/L = 0,4

LLD

/L = 0,5

L = 3 m

VDS

= 1,5 V

1E-9

1E-8

1E-7

1E-6

1E-5

1E-4

1E-3

-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

gm [x10

-3

-1]

VGT

[V]

Simuladas

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,4

GC GAA LLD

/L = 0,5

Experimentais

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,4

GC GAA LLD

/L = 0,5

L = 3 m

VDS

= 1,5 V

(A) (B)

Figura 3.30 – Curvas (A) IDS vs. VGT e (B) gm vs. VGT simuladas e experimentais com VDS = 1,5 V para

dispositivos GC GAA com L = 3 m em T = 300 K.

133

0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

L = 3 m

VGT

= 2 V

TH

D [dB

]

Va [V]

Simuladas GC GAA - L

LD/L = 0,2

GC GAA - LLD

/L = 0,4

GC GAA - LLD

/L = 0,5

Experimentais GC GAA - L

LD/L = 0,2

GC GAA - LLD

/L = 0,4

GC GAA - LLD

/L = 0,5

0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0-120

-100

-80

-60

-40

-20

Simuladas

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,4

GC GAA LLD

/L = 0,5

Experimentais

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,4

GC GAA LLD

/L = 0,5

HD

3 [

dB

]

Va [V]

VGT

= 2 V

L = 3 um

(A) (B)

Figura 3.31 – Curvas de (A) THD e (B) HD3 experimentais e simuladas em função da amplitude de entrada para dispositivos GC GAA.

As distorções harmônicas total e de terceira ordem também foram extraídas para

os dispositivos medidos e simulados, como mostrado na Figura 3.31. Assim como nos

estudos envolvendo FinFETs, para a determinação da distorção, o sinal de entrada dos

dispositivos foi considerado como um sinal senoidal Va.sen(ωt), com ωt variando entre

0 e 2 associado a um nível DC, dado por Vo. Logo, a tensão aplicada ao dreno do

dispositivo é considerada como VD = Vo ± Va.sen(ωt). A distorção harmônica

apresentada na Figura 3.31 foi extraída para dispositivos polarizados em Vo = 0 V com

Va variando entre 0 e 2,0 V com VGT fixo de 2 V.

A combinação dos resultados apresentados na Figura 3.30 e na Figura 3.31

permite a utilização de simulações bidimensionais como uma ferramenta para o estudo

do desempenho de circuitos 2-MOS compostos por dispositivos GAA convencionais e

GC GAAs. De fato, através da Figura 3.31, não apenas THD, mas também HD3, que é

a distorção dominante em estruturas 2-MOS, é validada. Com este propósito, o módulo

de circuitos do simulador Atlas foi empregado com o mesmo conjunto de modelos

adotado nas simulações de circuitos unitários apresentadas nas Figura 3.30 e 3.31.

134

3.3.2 Análise da Distorção Harmônica

Como mencionado anteriormente, a análise da distorção foi efetuada com base

em HD3, devido à sua preponderância em THD e, para a sua determinação diretamente

através das características DC, foi utilizado o IFM. Todos os dados apresentados a

respeito da distorção harmônica de estruturas 2-MOS compostas por GAAs ou GC

GAAs foram obtidos através de simulações.

Para a avaliação de HD3 em função de VGT, visando à determinação da tensão

de porta que resulta na melhor linearidade, as curvas da corrente de dreno versus a

tensão de dreno (VD = Vo ± Va) da estrutura 2-MOS foram simuladas com VD variando

de -0,5 V a 0,5 V para diversos VGT entre 0,6 V e 3,0 V. O menor VGT simulado foi

escolhido de forma a evitar que os dispositivos passassem a operar em saturação. As

simulações foram efetuadas para dispositivos longos com L = 10 m com o propósito de

manter a resistência do canal em torno de 20 k no pior caso, para permitir um

casamento da largura de banda com o uso de capacitores de valores comerciais. As

curvas de HD3 em função de VGT para dispositivos com vários LLD/L em uma

polarização DC Vo de 0 V são apresentadas na Figura 3.32 (A) para Va = 0,25 V e na

Figura 3.32 (B) para Va = 0,5 V. Em uma estrutura 2-MOS diferencial, amplitudes de

entrada de 0,25 V e 0,5 V representam amplitudes pico-a-pico de 0,5 V e 1,0 V,

respectivamente.

As curvas apresentadas na Figura 3.32 para transistores GAAs têm formato

bastante similar às mostradas na Figura 3.19 para FinFETs. Contudo, o intervalo de VGT

para o qual HD3 é dominado pelo efeito de corpo (à esquerda dos picos de linearidade)

é bastante menor em FinFETs que em GAAs. Para um valor de Va similar, dispositivos

GAA convencionais e GC GAAs apresentam distorção similar para valores de VGT

abaixo de 1,1 enquanto que FinFETs diferentes exibem similar distorção apenas até

VGT = 0,3 V. Acima destes valores são observados picos de linearidade. Nos GAAs, por

sua vez, picos de linearidade são observados para diferentes VGT em cada um dos

dispositivos de diferentes LLD/L, apenas quando VGT é incrementado acima de 1,1 V.

Estes picos são mais acentuados conforme LLD/L aumenta, resultando em melhor HD3.

135

Para VGT = 1,8 V, o GC GAA de LLD/L = 0,3 apresenta HD3 inferior a -125 dB quando

Va = 0,25 V, o que representa uma melhora de 40 dB em relação ao dispositivo

convencional em um VGT similar.

0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8

-120

-100

-80

-60 GAA Convencional

GC GAA LLD

/L = 0,1

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,3

HD

3 [d

B]

VGT

[V]

L = 10 m

Vo = 0 V

Va = 0,25 V

0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8-120

-100

-80

-60

-40

L = 10 m

Vo = 0 V

Va = 0,50 V

HD

3 [d

B]

VGT

[V]

GAA Convencional

GC GAA LLD

/L = 0,1

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,3

(A) (B)

Figura 3.32 – Curvas simuladas de HD3 em função de VGT para estruturas 2-MOS formadas por dispositivos GAA convencional e GC GAA com (A) Va = 0,25 V e (B) Va = 0,50 V.

Contudo, como mencionado anteriormente no estudo envolvendo FinFETs, a

polarização dos dispositivos nestes picos se torna difícil, já que variações no processo

de fabricação e temperatura de operação dos dispositivos podem deslocá-los no eixo

de VGT. Além disso, na região dos picos a distorção total é, normalmente, dominada

pela distorção de quinta ordem. Logo, uma análise mais realista pode ser efetuada para

o patamar observado à direita dos picos de linearidade, para VGT ≥ 2,1 V. Neste caso, a

linearidade aumenta conforme a razão LLD/L e um HD3 de -100 dB é obtido no GC GAA

de LLD/L = 0,3 com Va = 0,25 V em VGT = 2,1 V, que representa uma melhora de 15 dB

com respeito ao dispositivo uniformemente dopado em similares condições de

polarização. Quando Va é incrementado de 0,25 V para 0,50 V, uma pequena

degradação em HD3 é observada em todos os dispositivos, porém as formas das

curvas se mantêm similares e o dispositivo de LLD/L = 0,3 se mantém com linearidade

melhor que os demais. Estruturas com razões LLD/L maiores também foram simuladas,

porém, por exibirem picos de linearidades em tensões de porta superiores, são menos

interessantes para aplicações de baixa tensão e não serão considerados adiante.

136

As curvas de HD3 em função de Va para VGT de 2,1 V são apresentadas na

Figura 3.33 (A), para estruturas 2-MOS compostas por GAAs convencionais e GC

GAAs. Como pode ser observado, para toda a excursão do sinal de entrada, as

estruturas 2-MOS implementadas com dispositivos GC GAAs apresentam maior

linearidade. De acordo com as curvas, HD3 diminui conforme a razão LLD/L aumenta e

uma melhora na linearidade superior a 10 dB é obtida em toda a excursão de Va com

respeito ao transistor GAA convencional.

A Figura 3.33 (B) apresenta HD3 em função de Va para um valor fixo de

RON = 20 kΩ 2%. Como mencionado anteriormente, o valor de RON é normalmente

requisito do projeto do circuito. Assim, através das curvas apresentadas na Figura 3.33

(B), pode ser observado que a variação de HD3 para um RON fixo é similar à

apresentada na Figura 3.33 (A). Com intuito de se manter RON constante entre os

dispositivos, cada um deles foi polarizado em diferente VGT, entre 1,9 V e 2,1 V.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5-160

-140

-120

-100

-80

HD

3 [d

B]

Va [V]

GAA Convencional

GC GAA LLD

/L = 0,1

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,3

L = 10 m

VGT

= 2,1 V

Vo = 0 V

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

-160

-140

-120

-100

-80

HD

3 [d

B]

Va [V]

GAA Convencional

GC GAA LLD

/L = 0,1

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,3

L = 10 m

RON

20 k 2%

Vo = 0 V

(A) (B)

Figura 3.33 – Curvas simuladas de HD3 vs. Va para estruturas 2-MOS compostas por dispositivos GAA

convencionais e GC GAA de diferentes razões LLD/L com (A) VGT = 2,1 V e (B) RON = 20 k 2%.

137

3.3.3 Origens Físicas das Não-Linearidades

De acordo com a referência 1, a corrente de dreno para dispositivos de porta

dupla operando em triodo pode ser descrita essencialmente em função do coeficiente

de degradação da mobilidade, da resistência série e das dimensões dos dispositivos,

como mostra a expressão (3.13)

DlowSGTlowS

2

DDGTlow

DS

V2

1.K2.RVK2.R1

V2

1VVK2

I

(3.13)

onde é dado pela equação (3.14) e Klow = μ0(εox/tox)W/L, como mencionado no item

3.1.3. Nestas expressões, CS é a capacitância do silício por unidade de área.

CsC

Cs

OX (3.14)

A partir de algumas modificações na equação (2.22), a derivada de terceira

ordem da corrente de dreno em função da tensão de porta pode ser relacionada com

HD3 para um sinal de entrada com amplitude de 1 V, como mostrado na equação

(3.15), onde o termo do denominador IDS/VGT deve ser resolvido para VGT 0 V.

GT

DS

3

GT

DS

3

V

I24

V

I

3HD

(3.15)

Resolvendo a equação (3.15) simbolicamente para estruturas balanceadas

2-MOS, a distorção harmônica de terceira ordem revelou ser proporcional ao quadrado

do fator de degradação da mobilidade, como apresentado na equação (3.16).

138

GTlowS

2

DlowSGTlowS

VKR1

V2

1KRVKR1

3HD

(3.16)

Como mostrado na equação (3.16), as diferenças obtidas nas não-linearidades

dos dispositivos estudados são dadas essencialmente pelo fator de degradação da

mobilidade conjuntamente com as dimensões dos dispositivos (L e W), que são

representadas pelo termo Klow, já que todos os outros parâmetros foram mantidos

constantes entre os dispositivos estudados. Resolvendo a equação (3.16), percebe-se

que o fator de degradação da mobilidade θ é o termo mais influente em HD3, sendo em

qualquer caso superior a uma ordem de grandeza ao produto RSKlow. Deste modo pode-

se concluir que, assim como no caso dos FinFETs, em GC GAAs, HD3 é função quase

que unicamente da degradação da mobilidade.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,50,0

0,1

0,2

0,3

0,4

gm [x10

-6

]

VGT

[V]

GAA Convencional

GC GAA LLD

/L = 0,1

GC GAA LLD

/L = 0,2

GC GAA LLD

/L = 0,3

L = 10 m

VDS

= 0,1 V

Figura 3.34 – Curvas simuladas de gm em função de VGT para GAAs convencionais e GC GAAs

L = 10 m com diversos LLD/L para VDS = 0,1 V.

Contudo, a influência de θ na distorção somente se torna importante para altos

VGT. Como demonstrado na referência 79, o efeito de corpo, que é praticamente igual

em todos os dispositivos avaliados, domina as não-linearidades para baixas

sobretensões de porta. Assim, as curvas de HD3 versus VGT apresentadas na

139

Figura 3.32 adquirem um formato de v, que é dominado pelo efeito de corpo à esquerda

dos picos de linearidade e pela degradação da mobilidade à direita 79, onde os

dispositivos GC GAAs exibem um melhor HD3.

Com o intuito de determinar a influência da mobilidade em HD3 dos dispositivos

analisados, gm foi determinado para GAAs convencionais e GC GAAs de diversas

razões LLD/L para baixos valores de VDS quando os dispositivos estão operando em

região triodo, uma vez que gm tem forte correlação com a mobilidade e, através dela,

seu fator de degradação θ pode ser estimado. Na Figura 3.34, as curvas de gm são

apresentadas em função de VGT para dispositivos convencionais e para GC GAAs. A

partir das curvas exibidas na Figura 3.34, o fator de degradação da mobilidade θ foi

calculado para vários dispositivos e é mostrado na Tabela 3.5.

Devido à redução do comprimento efetivo de canal proporcionado pela

arquitetura GC conforme LLD/L aumenta, os picos de transcondutância são mais

intensos para maiores razões de LLD/L. Contudo, uma maior redução de gm é observada

para GC GAAs à direita dos picos conforme LLD/L é incrementado. Esta redução está

correlacionada com a degradação da mobilidade na região fracamente dopada do canal

10, embora a diferença obtida em θ dos diferentes dispositivos seja bastante sutil como

pode ser observado na Tabela 3.5, e com a similaridade entre as densidades de carga

de inversão em ambos os lados do canal conforme VGT aumenta, levando o

comprimento efetivo do canal do dispositivo a se aproximar daquele de um transistor

convencional 28. A correlação entre ambos os efeitos faz com que dispositivos com

maior LLD/L apresentem melhor HD3 em VGT mais altos.

Tabela 3.5 – Fator de degradação da mobilidade (θ) calculado para dispositivos GAA convencionais e GC

GAAs de L = 10 m e diversos LLD/L.

Dispositivo θ (V-1)

Convencional GAA 0,307

GC GAA LLD/L = 0,1 0,336

GC GAA LLD/L = 0,2 0,369

GC GAA LLD/L = 0,3 0,423

140

Os picos de linearidade observados tendem a mais altos VGT conforme LLD/L é

aumentado, o que pode estar relacionado com a maior tensão de saturação

apresentada pela estrutura GC, uma vez que os dispositivos convencionais começam a

operar em triodo em VGT mais baixos 10.

3.3.4 Avaliação de HD3 em Temperaturas Criogênicas

Sendo comprovado o bom casamento das curvas experimentais com as

simuladas em temperatura ambiente, e tendo em vista o estudo das origens da

distorção harmônica em temperatura ambiente, foi dado prosseguimento às simulações

de estruturas resistivas 2-MOS em função da temperatura. Estas simulações têm por

objetivo determinar a variação da distorção para dispositivos GC GAA com diferentes

LLD/L entre as temperaturas de 100 K e 300 K.

Através do módulo de circuitos do simulador Atlas, foram simuladas famílias de

curvas ID vs. VDS com diversos VGT para o circuito apresentado na Figura 3.17 (onde

IDSt = IDS1 – IDS2 e VDS = VD1 = Vo + Va) polarizados em diversas temperaturas, como

mostrado na Figura 3.35 para dispositivos GAA convencionais. No entanto, estas

simulações também foram efetuadas para GC GAAs de várias razões LLD/L. As curvas

foram simuladas para tensões de porta variando entre –0,5 V e 0,5 V. Como se pode

observar na Figura 3.35, para uma mesma sobretensão de porta, a corrente de dreno

apresenta um incremento com a redução da temperatura. Como mostrado

anteriormente, este incremento já era esperado, uma vez que, para baixas

temperaturas, ocorre um aumento da mobilidade dos portadores devido à menor

vibração na rede cristalina 95.

As curvas apresentadas na Figura 3.35, assim como outras para diferentes VGT,

foram submetidas ao Método da Função Integral e a distorção harmônica de terceira

ordem foi obtida. Na Figura 3.36, é apresentado HD3 em função da sobretensão de

porta para dispositivos GAA convencionais e GC GAAs de LLD/L entre 0,1 e 0,3 nas

temperaturas de 100 K, 200 K e 300 K, com o intuito de determinar a melhor condição

141

de polarização dos dispositivos quando estes operam em estruturas 2-MOS. Embora as

curvas sejam apresentadas para Va = 0,15 V, comportamento similar é observado em

qualquer amplitude de entrada entre 0,01 V e 0,5V.

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6-300

-200

-100

0

100

200

300

I DS [A

]

VDS

[V]

; ; T = 100 K

; ; T = 200 K

; ; T = 300 K

VGT

= 1,0 V; 2,0 V; 3,0 V

L = 10 m

> VGT

, < T

Figura 3.35 – Curvas da corrente IDS em função da tensão aplicada a uma das entradas VDS da estrutura 2-MOS formada com transistores GAA convencional para diversas temperaturas.

Como pode ser observado na Figura 3.36, para baixos valores de VGT (inferiores

a 0,5 V) todos os dispositivos estudados exibem HD3 similar, apresentando pouca

variação com LLD/L e com a temperatura de operação. No entanto, uma pequena

melhora na distorção é percebida conforme LLD/L ou a temperatura aumenta. Para VGT

entre 0,5 V e 1,3 V, dependendo da temperatura de operação, os dispositivos

apresentam picos de linearidade e uma significativa melhora em HD3 (em alguns casos

superior a 40 dB) pode ser observada em relação à linearidade mostrada à direita ou à

esquerda do pico. Entretanto, a polarização dos transistores nestes picos de linearidade

não é prática, como já mencionado 79. Para VGT superiores a 1,3 V, uma melhor

linearidade é obtida. Contudo, esta melhora em HD3 tem forte dependência com a

temperatura, sendo que o aumento da temperatura melhora a linearidade.

142

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

HD

3 [

dB

]

VGT

[V]

100K , 200K, 300K

, , GAA Convencional (LLD

/L = 0)

, , GC GAA - LLD

/L = 0,1

, , GC GAA - LLD

/L = 0,3

Va = 0,15 V

L = 10 m

Vo = 0 V

Figura 3.36 – Curvas de HD3 vs. VGT simuladas para dispositivos GAA convencionais e GC GAAs de diversos LLD/L com temperaturas entre 100 K e 300 K.

Como já discutido para estruturas 2-MOS compostas por FinFETs, a piora na

distorção à esquerda dos picos de linearidade pode ser devida ao fato dos dispositivos

estarem saindo da região de triodo e tendendo à saturação. Nesta região, a distorção é

dominada pelo efeito de corpo dos dispositivos 78, que apresenta pouca variação com

LLD/L e T 16. À direita dos picos de linearidade, a distorção é função, principalmente, da

mobilidade e de sua degradação. Conforme a temperatura diminui, ocorre uma maior

degradação da mobilidade por conta do espalhamento da superfície 95. No entanto, em

baixas temperaturas um significativo aumento da mobilidade é apresentado por todos

os dispositivos 102. Aparentemente, a interação entre a maior mobilidade e o aumento

de sua degradação é responsável por uma piora em HD3, conforme a temperatura de

operação dos dispositivos é reduzida. Também, como mencionado para estruturas

2-MOS compostas por FinFETs, os picos de linearidade resultam da compensação

entre efeito de corpo e degradação da mobilidade 79, de forma que ocorre uma

compensação das não-linearidades geradas por cada um dos efeitos. Conforme a

temperatura é reduzida, estes picos migram para sobretensões de porta mais baixas, o

que pode estar relacionado com o maior efeito da degradação da mobilidade em HD3

para VGT mais baixos.

143

DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; CERDEIRA, A.; RASKIN, J. P.; FLANDRE, D.; Application of Double Gate Graded-Channel SOI in MOSFET-C Balanced Structures, em: The 211th Electrochemical Society Meeting, v. 6, p. 217-222, 2007. DORIA, R. T.; CERDEIRA, A.; RASKIN, J. P.; FLANDRE, D.; PAVANELLO, M. A.; Linearity Analysis in double Gate Graded-Channel SOI Devices applied to 2-MOS MOSFET-C Balanced Structures, em: SBMicro 2008 – 23rd International Symposium on Microelectronics Technology and Devices, p. 273-282 , Gramado, 2008.

144

3.4 COMPORTAMENTO ANALÓGICO E LINEARIDADE EM TRANSISTORES

SEM JUNÇÕES OPERANDO EM SATURAÇÃO

Como mencionado em diversas oportunidades, o transistor sem junções

(Junctionless – JL) constitui um dispositivo desenvolvido recentemente 8. Por esta

razão, ao se iniciar seu estudo, foi constatado que nenhum dos seus parâmetros

analógicos era sequer conhecido, diferentemente do que ocorria em transistores

FinFETs e GC GAAs. Logo, no estudo de transistores JL se mostrou necessária uma

análise mais abrangente no que tange às suas características analógicas. Deste modo,

inicialmente, foram observadas as curvas da corrente de dreno de transistores JL e,

então, avaliados diversos parâmetros-chave em aplicações analógicas como a razão de

gm/IDS, a tensão Early e o ganho de tensão em malha aberta. Na análise de tais

parâmetros, os resultados obtidos foram comparados aos apresentados por FinFETs de

porta tripla ou Trigate de modo-inversão (IM) produzidos através de um processo de

fabricação similar ao do transistor sem junções. Os resultados apresentados pelo

transistor sem junções não devem ser comparados com aqueles mostrados para

FinFETs produzidos no Imec no item 3.1, uma vez que o processo de fabricação de tais

dispositivos é bem mais maturo que o do transistor JL estudado no item atual. O estudo

procurou, ainda, identificar através de simulações tridimensionais as razões físicas

responsáveis pelas diferenças nos parâmetros de dispositivos JL e IM. Na seqüência,

foi observado o comportamento das principais características de ambos os transistores

em função da temperatura e, apenas então, foi brevemente estudada a distorção

harmônica, através de HD2 e HD3, de transistores JL quando estes operavam em

saturação como amplificadores unitários.

145

3.4.1 Características dos Dispositivos

Ambos os dispositivos JL e IM, cujas características são apresentadas no

trabalho atual, foram fabricados no Tyndall National Institute, UCC (University College

Cork), Irlanda, em lâminas SOI padrão de acordo com o processo de fabricação

descrito em 57. Inicialmente, a região ativa da camada de silício foi reduzida para cerca

de 10~15 nm através de oxidação de sacrifício e remoção úmida. Na seqüência, depois

de afinada, a região ativa de silício foi moldada em estreitas ilhas, comumente

chamadas nanowires, através da aplicação de litografia por feixe de elétrons. A

utilização desta técnica permitiu a confecção de dispositivos com largura de fin de

máscara (Wfin,mask) entre 30 nm e 50 nm (é esperado que a largura efetiva do fin dos

dispositivos seja em torno de 10~15 nm menor que W fin,mask). Subseqüentemente, foi

efetuada a oxidação de porta e um implante iônico de material N+ para a geração de

dispositivos nMOS JL com concentração de dopantes da ordem de 31019 cm-3. No

caso dos transistores IM, uma dopagem com material tipo P foi efetuada, gerando uma

concentração na região de canal da ordem de 110 18 cm-3. Devido à dopagem tipo N

feita no canal do JL, valores razoáveis para a tensão de limiar de tais dispositivos (em

torno de 0,4 V) somente puderam ser atingidos através do uso de materiais de porta

com altos valores de função trabalho. Por este motivo, os dispositivos JL utilizados no

estudo atual foram fabricados com silício policristalino P+ como material de porta.

Apesar de transistores FinFET de modo inversão serem geralmente fabricados com

materiais de porta midgap (materiais cuja função trabalho é próxima à do silício

intrínseco – por volta de 4,7 eV), os dispositivos medidos têm porta confeccionada com

silício policristalino tipo N+. Em ambos os dispositivos IM e JL, o silício policristalino de

porta tem espessura em torno de 50 nm e foi depositado por deposição química de

vapor (Chemical Vapor Deposition – CVD) em baixa pressão. Todos os dispositivos

apresentam espessuras da camada de silício e de óxido de porta de 10 nm e

comprimento de canal de 1 µm. Como no caso dos FinFETs, a largura total dos

dispositivos JL foi estimada como W = 2Hfin + Wfin,mask devido à presença de duas porta

laterais e uma superior.

146

As curvas da corrente de dreno em função da sobretensão de porta para

transistores Trigate de modo inversão e JL de diferentes Wfin,mask são apresentadas em

temperatura ambiente na Figura 3.37 para VDS = 1,0 V. Como se pode observar na

figura, a influência de Wfin,mask é semelhante em transistores JL e IM de forma que em

ambos os casos um aumento de IDS é obtido para dispositivos mais largos. Quando a

corrente de dreno de dispositivos IM e JL de dimensões similares é comparada para o

mesmo VGT, uma maior IDS é percebida no transistor modo inversão. De acordo com a

referência 59, este comportamento é explicado pela menor mobilidade de baixo campo

apresentada pelo JL com respeito ao transistor modo inversão, que pode ser

diretamente correlacionada à sua maior concentração de dopantes no canal. Embora

apresente mobilidade reduzida, a razão das correntes ligado-desligado (ION/IOFF) de

dispositivos JL se adéquam perfeitamente àquelas requeridas no ITRS (International

Technology Roadmap for Semiconductors – Mapa da Tecnologia Internacional de

Semicondutores) 152.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,20

1

2

3

4

5

6

7

8

I DS [

x1

0-7 A

]

VGT

[V]

JL

.,

.,

., ID

S [x1

0-6 A

]

L = 1,0 m

VDS

= 1,0 V

0

1

2

3

4

5

IM

Wfin,mask

= 30 nm

Wfin,mask

= 40 nm

Wfin,mask

= 50 nm

Figura 3.37 – Curvas experimentais de IDS vs. VGT com VDS = 1,0 V para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão (IM) de diversos W fin,mask e L = 1,0 µm.

147

3.4.2 Parâmetros Analógicos

Nesta seção, os parâmetros analógicos de transistores sem junções e FinFETs

foram avaliados quando os dispositivos são polarizados em saturação e operam como

amplificadores. Na Figura 3.38 são mostradas as curvas de gm/IDS para dispositivos JL e

de modo inversão extraídas a partir das características IDS vs. VGT apresentadas na

Figura 3.37 tanto em função da corrente normalizada IDS/(W/L) como em função de VGT,

ambas com VDS = 1,0 V. Como mencionado em 2.2.2.3, a razão gm/IDS traduz a

eficiência de um transistor em converter corrente de dreno em transcondutância.

1E-9 1E-7 1E-50

5

10

15

20

25

30

35

40

gm/I

DS [V

-1]

IDS

/(W/L) [A]0,0 0,4 0,8 1,2

0

5

10

15

20

25

30

35

40

L = 1,0 m

VDS

= 1,0 V

JL IM

, Wfin,mask

= 30 nm

, Wfin,mask

= 40 nm

, Wfin,mask

= 50 nm

gm/I

DS [V

-1]

VGT

[V]

(A) (B)

Figura 3.38 – (A) gm/IDS vs. IDS/(W/L) e (B) IDS vs. VGT para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão (IM) de diversos Wfin,mask e L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V.

Em regime de inversão fraca (gm/IDS ≈ 35 V-1), todas as curvas de

gm/IDS vs. IDS/(W/L) apresentadas na Figura 3.38 (A) exibem o mesmo comportamento,

uma vez que nesta região, gm/IDS é dado principalmente pelo efeito de corpo dos

dispositivos, que é praticamente igual em JL e FinFETs de modo inversão levando a um

gm/IDS comum em ambos os transistores em um dado valor de corrente. Os reduzidos

valores de gm/IDS obtidos para dispositivos JL com respeito aos IM em inversões

148

moderada e forte (IDS/(W/L) > 10-9 A) também estão relacionados com sua menor

degradação de mobilidade na região de canal derivada da alta concentração de

dopantes. A partir da Figura 3.38 (B), pode-se notar que transistores JL e IM têm similar

eficiência na conversão de IDS em gm em um mesmo VGT. A partir desta curva também

se pode perceber que a correlação entre gm/IDS e VGT em JL não é linear, da mesma

forma como ocorre em FinFETs, sendo que ao se variar VGT entre zero e 1,2 V, gm/IDS

sofre alteração de 25 V-1 a 2 V-1, em ordem reversa.

Na Figura 3.39 são mostradas as curvas da Tensão Early de dispositivos JL e

FinFETs de modo inversão em função de gm/IDS para VDS = 1,0 V. Como citado em

2.2.2.1, VEA constitui um parâmetro de extrema importância para circuitos analógicos,

uma vez que sua interação com gm/IDS indica o ganho de tensão de malha aberta dos

transistores. A tensão Early foi obtida no trabalho atual através da razão entre a

corrente de dreno IDS e a condutância de dreno gD. Ao se fazer a curva de VEA em

função de gm/IDS, a tensão Early pode ser estudada quando todos os dispositivos estão

polarizados em um nível de inversão similar.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

15

30

45

60

75

90

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

IM JL Wfin,mask

, 30 nm

, 40 nm

VE

A [V

]

gm/I

DS [V

-1]

Figura 3.39 – Curvas de VEA vs. gm/IDS extraídas para JL e FinFETs de modo inversão para transistores de diferentes Wfin,mask e L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V.

Como se pode observar na Figura 3.39, uma redução de VEA é notada quando

Wfin,mask é incrementado tanto no JL como no transistor modo inversão. Nestes últimos,

a redução de VEA é observado para gm/IDS inferiores a 4 V-1 e está associada à

149

dependência de Wfin,mask com o comprimento característico dos dispositivos. O aumento

de Wfin,mask leva a uma degradação da condutância de saída, reduzindo VEA como

mostrado na referência 75 e previamente discutido no estudo envolvendo apenas

transistores FinFETs. De acordo com esta figura, este fenômeno parece ser mais

efetivo em dispositivos JL devido ao seu maior nível de dopantes na camada de silício

(superior a uma ordem de grandeza).

Como confirmado pela Figura 3.39, a tensão Early do transistor JL apresenta

maior dependência com Wfin,mask em comparação com VEA do transistor modo inversão

para gm/IDS > 4 V-1. Contudo, este comportamento será propriamente tratado na seção

3.4.3, onde é proposta uma discussão física sobre o funcionamento do JL. Quando

avaliados em termos do nível de inversão, pode-se perceber que em inversão mais

forte, em baixos gm/IDS (altos VGT), ambos JL e IM apresentam degradação em VEA.

Este comportamento também está associado à degradação da condutância de dreno

em ambos os dispositivos como descrito na referência 153. Conforme gm/IDS aumenta,

entretanto, transistores JL e IM apresentam comportamentos distintos. Dispositivos de

modo inversão apresentam um VEA máximo para gm/IDS em torno de 3~4 V-1 enquanto

que no JL a tensão Early aumenta com o incremento de gm/IDS em todo o intervalo

estudado. Este comportamento pode ser relacionado ao melhor acoplamento do

transistor sem junções e é explicado na seção 3.4.3.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1010

20

30

40

50

60

IM JL Wfin,mask

, 30 nm

, 40 nm

L = 1,0 m

VDS

= 1,0 V

Av [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

Figura 3.40 – AV vs. gm/IDS obtido para JL e FinFETs de modo inversão com VDS = 1,0 V para transistores de diferentes Wfin,mask e L = 1 µm.

150

Conforme mencionado anteriormente, o ganho de tensão intrínseco dos

dispositivos, descrito em (2.45), é de extrema importância em circuitos analógicos e

proporcional à VEA. Deste modo, AV é apresentado na Figura 3.40 em função de gm/IDS

para transistores JL e FinFETs de modo inversão de diversas larguras de fin com

VDS = 1,0 V.

Assim como no caso de VEA, o ganho intrínseco de ambos os dispositivos JL e

FinFET diminuem com o incremento de Wfin,mask. Do mesmo modo, o ganho dos

transistores sem junções apresenta uma dependência levemente maior com a largura

do fin que o dos Trigate de modo inversão, concordando com os resultados de VEA

mostrados na Figura 3.39. Apesar deste fato, as curvas de AV extraídas de ambos os

dispositivos exibem uma tendência similar ao longo do eixo de gm/IDS. Em inversão mais

forte, uma redução do ganho intrínseco relacionada com o aumento de gD é observada

em todos os dispositivos, enquanto que em gm/IDS mais altos, transistores JL têm

mostrado maior AV em comparação com os dispositivos modo inversão devido ao

menor gD, atingindo 58 dB em 9,0 V-1 para o transistor com Wfin,mask = 30 nm.

3.4.3 Discussão Física sobre o Funcionamento do Transistor sem Junções

Como discutido na seção anterior, este tópico tem por objetivo promover uma

visão física do comportamento analógico do transistor sem junções, correlacionando

suas características analógicas com seu peculiar modo de operação. Esta visão foi

alcançada através de medidas experimentais e simulações numéricas tridimensionais

de dispositivos. As simulações efetuadas nesta seção se encontram na referência 154 e

foram efetuadas utilizando o simulador Sentaurus 155. Modelos analíticos considerando

a degradação da mobilidade pelos campos lateral e vertical, tempo de vida dos

portadores dependente da dopagem, estreitamento de banda e quantização do

gradiente da densidade de portadores foram incluídos nas simulações. A concentração

de dopantes dos transistores JL simulados foi ajustada para 11019 cm-3. Os

dispositivos simulados apresentam espessura de óxido de porta de 2 nm, largura de fin

151

(Wfin,sim) e espessura da camada de silício de 10 nm. As características I–V de

transistores nMOS FinFETs de porta tripla com dimensões similares também foram

simuladas. Como diversos artigos recentes sobre transistores de múltiplas portas de

modo inversão têm mostrado que dispositivos com o canal fracamente dopado (NA em

torno de 1015 cm-3) representam uma boa alternativa tecnológica 73,76,156, transistores IM

com concentração de dopantes no canal de 1015 cm-3 e 1018 cm-3 foram simulados. No

caso dos dispositivos mais fracamente dopados, a tensão de limiar é controlada através

da utilização de materiais de porta midgap de função trabalho por volta de 4,7 eV, da

mesma forma como ocorria nos transistores FinFET apresentados em 3.1.1. Todos os

dispositivos simulados apresentam comprimento de canal de 1 µm.

A condutância de dreno de saída e a transcondutância têm fundamental

importância neste estudo, uma vez que ambas apresentam estreita relação com o

ganho intrínseco (vide expressão (2.45)). As curvas experimentais e simuladas de gm e

gD são mostradas em função de gm/IDS na Figura 3.41 para dispositivos JL e IM com

VDS = 1,0 V. Como se pode visualizar, o formato das curvas simuladas de gm e gD se

assemelha ao das curvas medidas. Contudo, seus valores absolutos são levemente

deslocados com respeito aos experimentais devido às diferentes concentrações de

dopantes e dimensões. Além disso, nenhum dos parâmetros presentes nos modelos

utilizados na simulação foi otimizado para a análise atual. Todas as curvas simuladas

exibidas na Figura 3.41 estão em concordância às medidas, validando as simulações

tanto para os JL como para os Trigate de modo inversão.

De acordo com a Figura 3.41, transistores JL apresentam menores gm e gD com

respeito aos IM. Este efeito poderia ser esperado já que a corrente dos dispositivos JL é

sensivelmente inferior àquela apresentada pelos FinFETs de modo inversão em

temperatura ambiente devido à sua reduzida mobilidade de baixo campo. Apesar do

papel-chave da mobilidade em gm e gD, outros fatores poderiam alterar estes

parâmetros. De acordo com a expressão de deriva (3.17), a corrente que flui em um

semicondutor (I) é dada não somente pela sua mobilidade, mas também pelo campo

elétrico e a densidade de portadores integrada na secção transversal (s) do dispositivo

(N(x)), onde x é a posição ao longo do semicondutor. Na equação (3.17), t corresponde

ao tempo e q a carga elementar do elétron.

152

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101E-10

1E-9

1E-8

1E-7

1E-6

1E-5

gD [S

], Na = 10

18 cm

-3

Na = 1015

cm-3

Nd = 1019

cm-3

Nd = 3 x 1019

cm-3

IM

IM

JL

gm [S

]

gm/I

DS [V

-1]

Linhas - Simulações

Símbolos - Medidas

JL

L = 1 m

VDS

= 1,0 V

Figura 3.41 – Curvas de gm e gD em função de gm/IDS simuladas 154

e experimentais para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão de L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V.

)x(E)x(qNds)x(E)s(nqdt

dx

dx

dQI effeffeff

s

eff (3.17)

Para descobrir se o campo elétrico ou a densidade de portadores influenciam a

corrente de dreno do JL em relação aos transistores de modo inversão, possivelmente

modificando gm e gD, ambos os dispositivos tiveram IDS simulada considerando um valor

similar para a mobilidade de baixo campo. Na análise atual, 100 cm2/V.s foi atribuído à

µ0 para transistores JL e IM. Este valor é similar ao apresentado por dispositivos sem

junções de diferentes dimensões e em torno de um terço daquele obtido em FinFETs

de modo inversão. Neste caso, não foram utilizados modelos de degradação da

mobilidade.

Assim, as curvas da corrente de dreno de transistores IM e JL foram simuladas

em função de VDS em VGT = 0,2 V e 0,8 V e gD foi extraído como mostrado na

Figura 3.42. De acordo com a figura, IDS que flui através de ambos os dispositivos é

diferente, causando uma variação entre suas condutâncias de dreno. Esta variação

prova que a diferença entre a mobilidade dos dispositivos não é o único fator que afeta

153

gD. Considerando que a condutância de dreno é dada por dIDS/dVDS, a expressão (3.17)

pode ser diferenciada em função de VDS, resultando em (3.18).

0,0 0,5 1,0 1,5

1E-9

1E-8

1E-7

1E-6

gD [S

]

VDS

[V]

IM JL

VGT

= 0,2 V

VGT

= 0,8 V

L = 1,0 m

Wfin,sim

= 10 nm

Figura 3.42 – Curvas de gD vs. VDS simuladas 154

para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão de L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V considerando µ0 similar em ambos os dispositivos.

DS

eff

DS

effeffD

V

)x(N)x(E

V

)x(E)x(Nqg (3.18)

Procurando verificar o efeito de N(x) e Eeff(x) em gD, a densidade de portadores,

o campo elétrico, Eeff(x)/VDS e N(x)/VDS foram extraídos para ambos os dispositivos

em sua região ativa. As curvas de N(x) dos dispositivos são apresentadas na

Figura 3.43 (A) ao longo do canal para dispositivos IM e JL. Nesta figura, o canal dos

dispositivos começa em x = -0,5 µm e termina em x = 0,5 µm. A fonte e o dreno são

estabelecidos, respectivamente, para x menor que -0,5 µm e maior que 0,5 µm. Como

se pode notar através da figura, transistores JL apresentam menor quantidade de

portadores em comparação com FinFETs de modo inversão ao longo de todo o canal.

Apesar da pequena diferença entre a quantidade de portadores de ambos os

dispositivos, a reduzida densidade de portadores do JL contribui para uma menor

corrente de dreno, afetando gD. A dependência da concentração de portadores com a

tensão de dreno é observada através do termo N(x)/VDS, como na Figura 3.43 (B),

154

onde N(x)/VDS é apresentado ao longo do comprimento de canal para dispositivos IM

e JL com VGT de 0,2 V e 0,8 V. A partir da figura, pode-se perceber que dispositivos JL

são mais sensíveis à VDS com respeito aos IM. De fato, em um similar VGT, JL exibem

uma derivada da quantidade de portadores mais negativa em relação aos IM. Logo,

pode-se concluir que o termo N(x)/VDS contribui para a redução de gD em transistores

JL com respeito aos FinFETs modo inversão. Quando a dependência de N(x) e

N(x)/VDS com VGT é observada, pode-se notar uma variação similar de N(x) em

transistores JL e de modo inversão. De mesmo modo, N(x)/VDS apresenta um maior

decremento com o aumento de VGT em dispositivos JL em comparação com os modo

inversão.

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,610

4

105

106

107

108

109

Dreno

N(x

) [c

m-1]

Posição ao longo do canal [m]

IM JL

VGT

= 0,2 V

VGT

= 0,8 V

VDs

= 1,1 V

L = 1,0 m

Wfin,sim

= 10 nmFonte

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

Dreno

IM JL

VGT

= 0,2 V

VGT

= 0,8 V

Posição ao longo do canal [m]

L = 1,0 m

Wfin,sim

= 10 nm

Fonte

(A) (B)

Figura 3.43 – (A) N(x) e (B) N(x)/VDS na direção do comprimento de canal (x) obtidos através das estruturas simuladas de JL e FinFETs modo inversão

154 de L = 1,0 µm, Wfin,sim = 10 nm e Hfin = 10 nm em

diferentes VGT.

A referência 157 reporta que transistores JL apresentam campo elétrico

extremamente reduzido quando comparado ao de transistores de porta tripla de modo

inversão. Esta afirmação foi confirmada para os dispositivos estudados através da

Figura 3.44 (A), em que Eeff(x) é apresentado ao longo do comprimento de canal em

transistores sem junções e FinFETs para VGT de 0,2 V e 0,8 V. O campo elétrico foi

extraído em ambos os dispositivos na região de sua seção transversal de máxima

densidade de portadores. Deste modo, no JL, Eeff(x) foi extraído no centro da camada

155

de silício devido à condução volumétrica enquanto que em transistores IM, o campo foi

determinado a 1 nm abaixo da interface óxido de porta/silício uma vez que sua

condução é superficial. De acordo com a Figura 3.44 (A), dispositivos IM sempre

apresentam um campo elétrico superior aos JL e este campo aumenta com o

incremento de VGT. Em transistores JL, no entanto, um comportamento oposto de Eeff(x)

é observado com a tensão de porta. Neste caso, uma redução do campo elétrico é

percebida com o aumento de VGT. Nos transistores JL, o incremento da tensão de porta

induz a uma diminuição da região de depleção reduzindo Eeff(x), enquanto que em

dispositivos IM, o aumento do potencial de porta tende a incrementar as cargas de

inversão resultando em um maior campo elétrico. A Figura 3.44 (B) considera a

dependência do campo elétrico com VDS através do termo Eeff(x)/VDS ao longo do

comprimento de canal de ambos os dispositivos. Através da figura, pode-se perceber

que em ambos VGT avaliados, transistores IM têm mostrado uma maior derivada de

Eeff(x) com VDS em relação ao JL. Além disso, a dependência de Eeff(x)/VDS com VGT

em dispositivos sem junções é menor que a obtida em FinFETs de modo inversão. De

fato, em transistores JL o valor máximo de Eeff(x)/VDS obtido em ambas as

polarizações é similar e apenas um leve deslocamento deste valor de pico ao longo do

canal é observado com o aumento de VGT.

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6Dreno

Ee

ff(x

)[x

10

6 V

/cm

]

Posição ao longo do canal [m]

IM JL

VGT

= 0,2 V

VGT

= 0,8 V

L = 1,0 m

Wfin,sim

= 10 nm

Fonte

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6

0,0

0,4

0,8

1,2

1,6

2,0

0,48 0,49 0,50 0,51 0,52

0,0

0,5

1,0

1,5

IM JL

VGT

= 0,2 V

VGT

= 0,8 V

E

eff(x

)V

DS [

10

6/c

m]

Posição ao longo do canal [m]

E

eff(x

)V

DS [1

06/c

m]

Posição ao longo do canal [m]

(A) (B)

Figura 3.44 – (A) Campo elétrico e (B) Eeff(x)/VDS na direção do comprimento de canal obtidos através das estruturas simuladas de JL e FinFETs modo inversão

154 de L = 1,0 µm, Wfin,sim = 10 nm e

Hfin = 10 nm em diferentes VGT.

156

Contudo, os termos N(x).[Eeff(x)/VDS] e Eeff(x).[N(x)/VDS] extraídos a partir da

expressão (3.18) foram avaliados conjuntamente objetivando o entendimento de seu

efeito em gD. Nesta análise, pode ser notado que o termo Eeff(x).[N(x)/VDS] se torna

negativo uma vez que a variação da densidade de portadores com VDS é negativa ao

longo do canal de ambos os dispositivos. No transistor sem junções, N(x)/VDS adquire

valores mais negativos que aqueles obtidos em transistores modo inversão tendendo a

melhorar gD, enquanto que seu menor campo elétrico se contrapõe ao maior

|N(x)/VDS| compensando a tendência da variação da carga tendendo a degradar gD.

De forma semelhante, a maior dependência de N(x)/VDS com VGT observada em

dispositivos IM, contribui para uma maior variação de gD em FinFETs modo inversão

conforme a tensão de porta é incrementada. Entretanto, este efeito não é observado

nas curvas de gD apresentadas na Figura 3.42 uma vez que o termo citado é pelo

menos dez vezes menor que N(x).[Eeff(x)/VDS], o qual se torna o mais importante,

para a redução de gD no JL em relação ao modo inversão. Deste modo, a reduzida

condutância de dreno do transistor JL pode ser atribuída não somente à mobilidade,

mas também à menor densidade de cargas exibida pelo JL e seu menor Eeff(x)/VDS. A

mais forte dependência de gD com VGT obtida no JL, de outro modo, pode ser

relacionada com a interação entre a dependência levemente superior de N(x) com VGT

em transistores JL com respeito aos FinFETs modo inversão e a menor dependência de

Eeff(x)/VDS com VGT de dispositivos JL. Em transistores de modo inversão, o aumento

da carga derivado do aumento do potencial de porta é compensado pela redução de

Eeff(x)/VDS observado em VGT mais altos. Embora o JL também apresente um

incremento de N(x) com VGT, o termo Eeff(x)/VDS nestes transistores praticamente não

tem dependência com VGT. Logo, a condutância de dreno de dispositivos JL é mais

sensível à variação da tensão de porta com respeito àquela exibida por transistores de

modo inversão.

Numa situação real, a degradação da mobilidade também pode assumir um

papel importante nas curvas de gD. Como mencionado em 157, a degradação da

mobilidade em transistores modo inversão mostrou ser mais severa que em JL devido

ao seu maior campo elétrico. Logo, uma pequena parcela da melhora de gD obtida no

transistor sem junções pode ser atribuída à sua menor degradação da mobilidade.

157

3.4.4 Efeito da Temperatura nos Parâmetros Analógicos

Ao se variar a temperatura de transistores sem junções e Trigate de modo

inversão, um comportamento distinto pode ser observado em suas características

IDS–VGS como mostrado na referência [60]. De acordo com esta referência, e como

descrito em 2.1.3, dispositivos JL não apresentam ZTC e IDS se torna praticamente

independente da variação de temperatura. Estes fatores podem mudar

consideravelmente a dependência dos parâmetros analógicos do JL com a temperatura

em comparação com aqueles apresentados pelos transistores de modo inversão. Para

confirmar a ausência de ZTC nos dados experimentais, a Figura 3.45 mostra as curvas

experimentais de IDS em função de VGS e VGT de transistores IM e JL polarizados com

VDS = 1,0 V e diferentes temperaturas entre 223 K e 473 K.

Como se pode observar na Figura 3.45 (A), em transistores de modo inversão, o

ZTC é dado pela interação entre a redução de VTH e a maior degradação da mobilidade

com o aumento da temperatura. A maior dependência de VTH com a temperatura

apresentada por transistores JL na Figura 3.45 (B) os impede de apresentarem ZTC.

0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,50,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Temperatura

223 K

300 K

373 K

423 K

473 K

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 30 nm

I DS [A

]

VGS

[V]

nMOS FinFET

ZTC

0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,50,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

nMOS Junctionless

L = 1 m

VDS

= 1,0 V

Wfin,mask

= 30 nm

Temperatura

223 K

300 K

373 K

423 K

473 K

I DS [A

]

VGS

[V]

(A) (B)

158

-0,4 0,0 0,4 0,80,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Temperatura

223 K

300 K

373 K

423 K

473 K

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 30 nm

I DS [A

]

VGT

[V]

nMOS FinFET

> T

-0,4 0,0 0,4 0,80,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

nMOS Junctionless

L = 1 m

VDS

= 1,0 V

Wfin,mask

= 30 nm

Temperatura

223 K

300 K

373 K

423 K

473 K

I DS [A

]

VGT

[V]

(C) (D)

Figura 3.45 – Curvas de IDS vs. VGS para dispositivos (A) FinFETs e (B) JL de L = 1,0 µm e Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e diversas temperaturas e curvas IDS vs. VGT para transistores (C)

FinFETs e (D) JL em similar polarização e temperaturas.

De acordo com as Figura 3.45 (C) e (D), nota-se uma redução da corrente com a

temperatura sensivelmente maior em dispositivos IM em relação à JL a qual está

associada à degradação da mobilidade. Deste modo, através da Figura 3.45 (D) é

possível perceber que a degradação da mobilidade do JL com a variação da

temperatura tem efeito desprezível na corrente. A referência 60 atribui este

comportamento à reduzida mobilidade de baixo campo observada em dispositivos JL

devido à alta concentração de dopantes. A grande degradação da mobilidade mostrada

na Figura 3.45 (C) para os dispositivos IM fabricados no Tyndall National Institute

concorda com aquela apresentada na referência 158 para FinFETs de porta tripla

produzidos no IMEC.

A razão da transcondutância por IDS foi extraída para as curvas mostradas na

Figura 3.45 e podem ser vistas na Figura 3.46 em função de IDS/(W/L) e VGT com

VDS = 1,0 V em temperaturas entre 223 K e 473 K para transistores JL e de modo

inversão com Wfin,mask = 30 nm. Em inversão fraca, gm/IDS reduz com a temperatura

(nesta região gm/IDS é dado pelo inverso da inclinação de sublimiar que é proporcional à

T como descrito em 2.4.2) e apresenta alguma dependência com o fator de corpo, que

é similar em dispositivos JL e IM em todo o intervalo de temperaturas. Logo, os valores

159

de gm/IDS em um dado IDS/(W/L) de transistores JL e FinFETs operando em inversão

fraca são semelhantes. Apesar dos comportamentos similares em altos gm/IDS, em

inversão moderada ou forte, o maior gm/IDS exibido por transistores IM operado em

temperatura ambiente na Figura 3.39 é mantido para praticamente toda a faixa de

temperaturas estudada. Contudo, conforme a temperatura aumenta, ocorre uma

redução na diferença apresentada em gm/IDS para transistores JL e FinFETs num dado

IDS. Este efeito está relacionado com a maior dependência da mobilidade com a

temperatura em transistores IM com respeito aos JL. Como descrito em 2.4.2, em

dispositivos fortemente dopados, o espalhamento por impurezas ionizadas, que

apresenta baixa dependência com a temperatura, se torna de extrema importância.

Deste modo, em altas temperaturas, os valores de gm/IDS de dispositivos JL e de modo

inversão são bastante similares em todo o intervalo de IDS/(W/L) avaliado.

1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5

0

10

20

30

40

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 30 nm

gm/I

DS [

V-1]

IDS

/(W/L) [A]

FinFET modo inversão

Junctionless

473 K

223 K T = 223 K, 273 K, 300 K,

373 K, 423 K, 473 K

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,20

10

20

30

40

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 30 nm

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

gm/I

DS [V

-1]

VGT

[V]

(A) (B)

Figura 3.46 – Características (A) gm/IDS vs. IDS/(W/L) e (B) gm/IDS vs. VGT para dispositivos JL e FinFETs de L = 1,0 µm e Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e temperaturas entre 223 K e 473 K.

A fraca influência da temperatura na mobilidade do transistor sem junções faz

com que curvas similares de gm/IDS vs. IDS/(W/L) sejam obtidas em qualquer

temperatura. Esta peculiaridade torna os transistores JL extremamente interessantes

para a aplicação em circuitos analógicos polarizados por corrente, como, por exemplo,

em espelhos de corrente, uma vez que, devido às características do JL, estes circuitos

podem ser mantidos operando em um grande intervalo de temperaturas sem que se

160

altere seu nível de inversão, garantindo propriedades satisfatórias em termos de

casamento e ruído 74. De acordo com a Figura 3.46 (B), a eficiência de ambos os

dispositivos estudados para converter IDS em gm em função de VGT é semelhante

independentemente da temperatura.

As curvas de gm/IDS em função de IDS/(W/L) de um transistor JL com uma

dopagem um pouco superior às apresentadas anteriormente (ND = 5x1019 cm-3) para

uma maior faixa de temperaturas são apresentadas na Figura 3.47. Neste caso, os

dispositivos foram caracterizados no intervalo entre 100 K e 380 K. Como se pode notar

na figura, a variação da concentração de dopantes de 3x1019 cm-3 para 5x1019 cm-3 tem

pouca influência nas curvas de gm/IDS. Em inversão fraca, gm/IDS equivale ao inverso de

S e aumenta com a diminuição da temperatura. Ao se aumentar IDS/(W/L), as curvas,

inclusive aquelas de temperaturas mais baixas que não eram mostradas anteriormente,

tendem ao mesmo gm/IDS em um dado valor de corrente da mesma forma como na

Figura 3.46.

1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-40

10

20

30

40

50

60

70

80

90

gm/I

DS [V

-1]

IDS

/(W/L) [A]

VDS

=1V; L=1m

Wfin,mask

= 30 nm

ND = 5.10

19 cm

-3

T=100K, 125K, 150K,

175K, 200K, 300K, 380K

>T

Junctionless

Figura 3.47 – Curvas de gm/IDS vs. IDS/(W/L) para transistores JL de L = 1,0 µm e Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e temperaturas entre 100 K e 380 K.

Na Figura 3.48 são mostradas as curvas de VEA em função de gm/IDS para

dispositivos JL e de modo inversão com Wfin,mask de (A) 30 nm e (B) 40 nm em

diferentes temperaturas. Para ambas as dimensões avaliadas, a tensão Early máxima

do transistor FinFET ocorre em temperatura ambiente. Tanto em temperaturas mais

161

altas como em mais baixas, transistores FinFET apresentam uma redução de VEA

concordando com os resultados dispostos na referência 158. Conforme mencionado

anteriormente, o menor VEA obtido em temperaturas mais altas se deve ao aumento da

degradação da mobilidade com T, enquanto que a degradação de VEA em temperaturas

mais baixas está associada com a piora da condutância de dreno que se opõe ao

aumento de gm. Na verdade, a dependência de gD com a temperatura também é

observada em transistores JL. Assim como no caso de dispositivos de modo inversão,

transistores JL exibem um aumento de gD com a diminuição da temperatura, que

contribui para uma queda em VEA. Em ambos os dispositivos, a degradação de gD com

a diminuição da temperatura é associada ao aumento da modulação do comprimento

de canal. De outro modo, a degradação da mobilidade do JL tem uma fraca

dependência com a temperatura 60, fazendo com que ocorra o incremento da tensão

Early com T mesmo para temperaturas superiores a 300 K. Quando as Figura 3.48 (A)

e (B) são comparadas, pode-se concluir que em ambos os dispositivos existe uma

redução de VEA quando Wfin,mask é aumentado de 30 nm para 40 nm, embora a

tendência das curvas permaneça similar.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

15

30

45

60

75

90

Wfin,mask

= 30 nm

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

VE

A [V

]

gm/I

DS [V

-1]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

15

30

45

60

75

90

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 40 nm

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

VE

A [V

]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.48 – Tensão Early em função de gm/IDS extraída para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão de (A) Wfin,mask = 30 nm e (B) Wfin,mask = 40 nm com L = 1,0 µm, VDS = 1,0 V e temperaturas entre

223 K e 473 K.

Na Figura 3.49, são apresentadas as curvas de VEA vs. T para dispositivos JL

entre 100 K e 450 K com VGT = 0,4 V. A análise compara transistores sem junções com

162

duas concentrações de dopantes diferentes e dispositivos de modo inversão. De

mesma forma como apresentado na figura anterior, transistores IM têm seu máximo VEA

em torno de 300 K, enquanto que JL apresentam um incremento linear de VEA com T,

devido à baixa dependência da degradação da mobilidade destes dispositivos com a

variação da temperatura. A variação da concentração de dopantes no canal de

3x1019 cm-3 para 5x1019 cm-3 praticamente não afeta a dependência de VEA com T,

enquanto que o aumento de Wfin,mask reduz VEA e sua dependência com a temperatura.

Pode-se notar através da Figura 3.48 que este efeito é observado tanto em dispositivos

de modo inversão como em JL. Em dispositivos de modo inversão, o aumento de

Wfin,mask modifica o comprimento característico dos dispositivos reduzindo VEA e

alterando sua dependência com a temperatura 158. Como mostrado em 3.4.3, um efeito

similar é observado em transistores JL.

100 150 200 250 300 350 400 450 500

20

40

60

80

100

120

FinFETs modo inversão

(Wfin,mask

= 30nm, NA= 1.10

18cm

-3)

VE

A [V

]

Temperatura [K]

Junctionless W

fin,mask N

D

30nm , 5.1019

cm-3

30nm , 3.1019

cm-3

40nm , 3.1019

cm-3

L = 1m

VDS

= 1,0 V

VGT

= 0,4 V

Figura 3.49 – VEA vs. T experimentais para dispositivos JL e FinFETs de diversos Wfin e ND com VDS = 1,0 V e VGT = 0,4 V.

A influência da temperatura no ganho intrínseco dos dispositivos é salientada na

Figura 3.50. As curvas de AV vs. T são exibidas na Figura 3.50 (A) para dispositivos de

modo inversão e JL com Wfin,mask de 30 nm e 40 nm polarizados com VDS = 1,0 V e

VGT = 0,4 V. As curvas apresentadas mostram uma tendência semelhante com as

curvas de VEA apresentadas na Figura 3.49. Transistores de modo inversão têm seu

máximo ganho em temperatura ambiente, enquanto que o ganho do JL sempre

163

aumenta com T. Como no caso de VEA, a redução de AV em temperaturas mais baixas é

atribuída à maior condutância de dreno em ambos os dispositivos. De mesmo modo, a

diminuição de AV em transistores de modo inversão em altas temperaturas está

relacionada com sua degradação da mobilidade. De forma semelhante ao que ocorria

em VEA, a variação da concentração de dopantes no canal de 3x1019 cm-3 para

5x1019 cm-3 não afeta a dependência do ganho com a temperatura. A Figura 3.50 (B)

mostra as curvas de AV vs. gm/IDS para dispositivos JL e IM de Wfin,mask = 30 nm

polarizados com VDS = 1,0 V em diferentes temperaturas, mostrando que o melhor AV

obtido no JL em temperaturas mais altas é mantido em todo o intervalo de gm/IDS. Este

efeito também é observado em dispositivos Trigate ou FinFETs, que apresentam

máximo AV em temperatura ambiente em todo o intervalo de gm/IDS.

100 150 200 250 300 350 400 450 500

38

40

42

44

46

48

50

52

54

FinFET modo inversão

(Wfin,mask

= 30nm, NA= 1.10

18cm

-3)

L = 1m

VDS

= 1,0 V

VGT

= 0,4 V

Junctionless W

fin,mask N

D

30nm , 5.1019

cm-3

30nm , 3.1019

cm-3

40nm , 3.1019

cm-3

AV [d

B]

Temperatura [K]1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10

20

30

40

50

60

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

A

V [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

Wfin,mask

= 30 nm

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

(A) (B) Figura 3.50 – Curvas de (A) AV vs. T e (B) AV vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e FinFETs de

L = 1,0 µm com VDS = 1,0 V.

O estudo comportamento analógico de transistores sem junções pode ser

encontrado nas referências 153,154,159.

164

3.4.5 Distorção Harmônica

As não-linearidades apresentadas por transistores sem junções e de porta tripla

de modo inversão foram avaliadas em termos das distorções geradas pelas harmônicas

de segunda e terceiras ordens uma vez que, como mencionado anteriormente, estas

duas figuras de mérito são complementares e juntas podem fornecer uma visão

satisfatória da distorção intrínseca de um transistor. A distorção será avaliada para os

dispositivos operando em saturação como amplificadores unitários, da mesma forma

como feito em 3.1.2. Assim como nas análises anteriores, a distorção harmônica do JL

foi extraída com o auxílio do Método da Função Integral 30. Este método foi aplicado

diretamente às características IDS–VGS considerando um sinal senoidal de amplitude Va

associado ao sinal de entrada do dispositivo, fazendo a polarização de porta do

transistor VGS = VGT + Va.sen(ωt), com ωt entre 0 e 2π.

As Figura 3.51 (A) e (B) exibem, respectivamente, HD2 e HD3 em função de

gm/IDS para JL e dispositivos modo inversão de Wfin,mask = 30 nm com VDS = 1,0 V e

amplitude do sinal de entrada Va = 50 mV. A partir das curvas de HD2 apresentadas

para diversas temperaturas, pode-se notar que a distorção de segunda ordem é

praticamente insensível ao tipo de dispositivo (JL ou modo inversão) e à variação da

temperatura. De acordo com a expressão (3.5) desenvolvida para FinFETs de porta

tripla ou dispositivos Trigate, HD2 é influenciado principalmente pela resistência série e

pela degradação da mobilidade, levando a suspeita que RS seja levemente superior em

JL com respeito aos transistores modo inversão, compensando a maior degradação da

mobilidade dos FinFETs modo inversão. Pode-se concluir também que esta relação

entre θ e RS apresenta pequena variação com a temperatura. Os mínimos de distorção

observados em baixos gm/IDS para todas as curvas de HD2 indicam a polarização em

que os dispositivos mudam do regime de saturação para o triodo.

Através da Figura 3.51 (B) pode-se perceber que a distorção de terceira ordem

de ambos os dispositivos é extremamente inferior a HD2. De fato, HD3 é mantido pelo

menos 40 dB inferior que HD2 em todo o intervalo de gm/IDS, o que evidencia que, assim

como nos FinFETs, HD2 domina THD no JL. De acordo com a figura, dispositivos JL e

165

IM apresentam similares valores de HD3, exceto por um deslocamento dos picos de

linearidade ao longo de gm/IDS. Também neste caso acredita-se que estes picos

correspondam à polarização em que o efeito dominante na degradação da mobilidade

muda de espalhamento de fônons para espalhamento devido à rugosidade da

superfície. Em níveis de inversão mais altos, HD3 é dominado pela rugosidade de

superfície e em maiores gm/IDS pelo espalhamento de fônons. Conforme a temperatura

é reduzida, os picos de linearidade do transistor modo inversão se movem para gm/IDS

mais altos, indicando que a rugosidade de superfície prevalece sobre o espalhamento

de fônons em VGT mais baixos. Estes resultados concordam com aqueles mostrados na

referência 160 para FinFETs, onde é demonstrado que a rugosidade da superfície

domina a degradação da mobilidade em baixas temperaturas enquanto que o

espalhamento de fônons prevalece conforme T é aumentado. Entretanto, este

fenômeno não pode ser claramente observado em transistores JL. Nestes dispositivos,

a redução da temperatura move os picos de linearidade para inversão mais forte. Este

comportamento pode ser relacionado com o fato que o transistor sem junções

apresenta condução volumétrica, principalmente através da região central da camada

de silício, ao contrário dos transistores modo inversão em que a condução ocorre

próximo às interfaces.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

-70

-60

-50

-40

-30

-20

Wfin,mask

= 30 nm

Va = 50 mV

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

HD

2 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

-110

-100

-90

-80

-70

-60

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wfin,mask

= 30 nm

Va = 50 mV

IM JL Temp.

, 223 K

, 300 K

, 473 K

HD

3 [d

B]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.51 – (A) HD2 vs. gm/IDS e (B) HD3 vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão com Va = 50 mV, VDS = 1,0 V e temperaturas entre 223 K e 473 K.

166

De forma análoga à apresentada em 3.1.4, a influência do ganho intrínseco de

tensão AV na distorção foi determinada. Assim como na seção citada, foram extraídos

HD2 e HD3 de transistores JL e modo inversão para uma amplitude de tensão de saída

Vout almejada, objetivando uma análise mais realista. A Figura 3.52 exibe a distorção

harmônica de dispositivos JL e IM de Wfin,mask = 30 nm em função de gm/IDS para Vout =

1,5 V.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

IM JL Temp.

, 223 K

, 300 K

, 473 K

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wmask

= 30 nm

Vout

= 1,5 V

HD

2 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-200

-160

-120

-80

-40

VDS

= 1,0 V

L = 1 m

Wmask

= 30 nm

Vout

= 1,5 V

IM JL Temperatura

, 223 K

, 300 K

, 473 K

HD

3 [

dB

]

gm/I

DS [V

-1]

(A) (B)

Figura 3.52 – (A) HD2 vs. gm/IDS e (B) HD3 vs. gm/IDS extraídas para dispositivos JL e FinFETs de modo inversão com Vout = 1,5 V, VDS = 1,0 V e temperaturas entre 223 K e 473 K.

Como pode ser observado ao se comparar as curvas da Figura 3.52 (A) com

aquelas apresentadas na Figura 3.51 (A), todas as curvas de HD2 são deslocadas para

menores níveis de distorção. Este deslocamento é explicado pela influência de AV na

distorção. De acordo com a análise de Fourier 70, a distorção harmônica depende da

amplitude de entrada em um amplificador unitário e diminui com a redução de Va.

Como transistores JL apresentam AV superior ao dos dispositivos de modo inversão,

eles permitem que se atinja o Vout almejado através da aplicação de uma menor

amplitude de entrada, reduzindo HD. Transistores sem junções também apresentam

melhor distorção harmônica com o aumento da temperatura devido ao incremento de

AV, enquanto que transistores de modo inversão apresentam sua menor HD2 em

temperatura ambiente. As curvas de HD3 vs. gm/IDS mostradas na Figura 3.52 (B)

seguem a mesma tendência de HD2 e transistores JL exibem melhor linearidade que

167

aqueles de modo inversão. Além disso, HD3 reduz com o aumento de T no dispositivo

JL e apresenta seu melhor resultado em temperatura ambiente para dispositivos IM.

Quando dispositivos de diferentes W fin,mask são avaliados em termos de HD2 e

HD3 (Wfin,mask é aumentado de 30 nm para 40 nm), a distorção harmônica se mantém

praticamente igual à apresentada na Figura 3.51 quando a análise é feita com um

similar Va. Quando um Vout semelhante é almejado, as curvas de HD2 e HD3 de ambos

os dispositivos exibem tendência similar àquelas da Figura 3.52. Contudo, conforme AV

diminui com o incremento de Wfin,mask, uma degradação levemente mais forte de HD2 e

HD3 é obtida com respeito à mostrada na Figura 3.52 para ambos os dispositivos.

Uma análise da distorção harmônica apresentada por transistores sem junções

quando estes operam em saturação como amplificadores é efetuada na referência 161.

DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; TREVISOLI, R. D.; DE SOUZA, M.; LEE, C.W.; FERAIN, I.; AKHAVAN, N. D.; YAN, R.; RAZAVI, P.; YU, R.; KRANTI, A.; COLINGE, J. P.; Junctionless multiple gate transistors for analog application, a ser submetido ao: IEEE Transactions on Electron Devices. DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; LEE, C. W.; FERAIN, I.; AKHAVAN, N. D.; YAN, R.; RAZAVI, P.; YU, R.; COLINGE, J. P.; Junctionless Multiple Gate Transistors Performance for Analog Applications, em: Proceedings of EUROSOI, p. 79-80, 2010. DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; LEE, C. W.; FERAIN, I.; AKHAVAN, N. D.; YAN, R.; RAZAVI, P.; YU, R.; KRANTI, A.; COLINGE, J. P.; Analog Operation and Harmonic Distortion Temperature Dependence of nMOS Junctionless Transistors, em: SBMicro 2010 – 25th International Symposium on Microelectronics Technology and Devices, São Paulo, 2010. DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; TREVISOLI, R. D.; DE SOUZA, M.; LEE, C.W.; FERAIN, I.; AKHAVAN, N. D.; YAN, R.; RAZAVI, P.; YU, R.; KRANTI, A.; COLINGE, J. P.; Analog Operation of Junctionless Transistors at Cryogenic Temperatures, a ser publicado no: Proceedings of International SOI Conference, 2010.

168

4 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Neste trabalho foi realizado um estudo da operação analógica de alguns dos

mais promissores transistores de múltiplas portas, com especial atenção à distorção

harmônica apresentada pelos dispositivos. O trabalho foi efetuado com base nas

características elétricas de FinFETs, GAAs convencionais e com estrutura de canal

gradual e transistores sem junções (JL). No caso de FinFETs, a presença de tensão

mecânica no canal do transistor foi também considerada.

Inicialmente, foi feito um estudo da distorção harmônica apresentada por

FinFETs convencionais e tensionados operando em saturação como amplificadores

unitários. Neste estudo, dispositivos convencionais e tensionados de L = 10 m e

diversos Wfin apresentaram similar distorção de segunda ordem (HD2) para toda a

excursão de gm/IDS avaliada. Tanto em transistores convencionais como em

tensionados, HD2 reduz levemente com a largura de fin do dispositivo (Wfin) passando

de -25 dB em gm/IDS = 9 V-1 no dispositivo convencional mais largo para -22 dB no mais

estreito, o que está relacionado com a mútua interação entre a mobilidade de baixo

campo (μ0), a degradação da mobilidade (θ), Wfin e a resistência série (RS). A análise da

distorção de terceira ordem (HD3), contudo, mostrou que transistores mais largos

exibem menor distorção em baixos gm/IDS (redução que pode ser superior a 10 dB em

relação ao mais largo) e pior HD3 em altos gm/IDS apresentado valores de 10 dB a

20 dB mais altos que o mais largo. Neste último caso, dispositivos convencionais

parecem proporcionar uma resposta mais linear com respeito aos tensionados. Como

HD2 sofre influência não somente da mobilidade dos portadores, mas também de RS e

Wfin, o efeito de cada componente de mobilidade (tais como rugosidade de superfície e

espalhamento de fônons) não podem ser distinguidas. Assim, estes efeitos foram

observados através de HD3.

Como distorção harmônica e ganho de tensão em malha aberta (AV) são

variáveis correlacionadas, o ganho de tensão em malha aberta de amplificadores

unitários compostos por FinFETs foi determinado e as figuras de mérito HD2 e HD3

foram obtidas para uma similar amplitude de saída Vout para proporcionar uma

169

comparação justa. Como os transistores tensionados mais estreitos mostram AV

reduzido em cerca de 15 dB em relação aos dispositivos convencionais, uma grande

vantagem em favor dos dispositivos convencionais mais estreitos foi obtida tanto para

HD2 como para HD3 com respeito aos tensionados. Ao se avaliar HD2 e HD3 em

FinFETs tensionados em função da temperatura, percebeu-se que tanto HD2 como

HD3 apresetam pequena variação, inferior a 5 dB no intervalo de 380 K a 210 K. Ao se

considerar a influência do ganho de tensão intrínseco, dispositivos mais estreitos

apresentam melhor linearidade que os mais largos para qualquer temperatura no

intervalo analisado.

A análise das não-linearidades exibidas por estruturas 2-MOS compostas por

FinFETs de porta tripla em termos de polarização de porta, amplitude de entrada, W fin e

resistência interna do canal (RON) permitiu concluir que o ponto ótimo para a polarização

da sobretensão de condução (VGT), da perspectiva da distorção, ocorre para tensões

superiores a 0,4 V. Para sobretensão de condução maior que 0,4 V, dispostivos de

diferentes Wfin apresentam HD3 entre -57 dB e -63 dB quando Va = 0,1 V. Para VGT

maiores, uma melhora linear pode ser observada em HD3 para dispositivos de diversos

Wfin. Entre VGT = 0,5 V e 0,8 V, HD3 é menor em dispositivos mais largos, enquanto que

para sobretensões de condução maiores que 0,8 V a distorção aumenta com W fin. Este

comportamento está relacionado com a degradação da mobilidade observada em

transistores de diferentes larguras de fin. Quando HD3 é avaliado em função de RON, os

dispositivos mais largos apresentam menor HD3 em quase toda a excursão e

proporcionam a redução de até 5 dB em relação ao dispositivo mais estreito em

RON.W = 30 kΩ.µm. Assim como no caso anterior, as origens da distorção foram

apontadas.

A presença de tensão mecânica afeta levemente as não-linearidades em

estruturas 2-MOS e, quando avaliada em função de VGT, a distorção apresentada por

dispositivos tensionados é sempre menor que aquela exibida por transistores

convencionais de dimensões similares independente da largura ou do comprimento dos

dispositivos. De outro modo, a avaliação de HD3 em termos de RON para um VGT fixo

mostrou que dispositivos tensionados de L = 10 µm promovem uma redução de RON.W

por um fator de 2 com respeito aos convencionais, mantendo similar HD3, o que é

170

indesejável em estruturas resistivas. Contudo, para dispositivos mais curtos a redução

de RON.(W/L) propiciada pela tensão mecânica é menor e, para dispositivos com

L < 310 nm, um aumento de RON.(W/L) é observado. Logo, ao considerar um RON.(W/L)

similar, estruturas 2-MOS compostas por FinFETs tensionados de L = 150 nm

melhoram HD3 em até 5 dB em relação às compostas por dispositivos convencionais,

enquanto que aquelas com L = 610 nm degradam HD3 em 5 dB.

Embora efetuada majoritariamente através de simulações bidimensionais, a

avaliação da linearidade apresentada por estruturas 2-MOS compostas por GAAs

convencionais e de canal gradual (GC GAAs) com diversas razões de LLD/L permitiu

concluir que a melhor polarização para estes dispositivos em termos de HD3 ocorre

para sobretensões de condução superiores a 2,0 V. Deste modo, pode se perceber que

os transistores GAAs e GC GAAs analisados se mostram interessantes em tecnologias

que utilizem tensão de alimentação superiores a 2 V, enquanto que os FinFETs

avaliados permitem tensões inferiores a 1 V. A estrutura GC se mostrou eficiente na

redução da distorção, e em VGT = 2,1 V, GC GAAs com quaisquer LLD/L apresentam

melhora em HD3 de pelo menos 10 dB em relação ao GAA convencional para toda a

excursão do sinal de entrada. Neste estudo também foi proposta uma discussão

buscando clarear as causas das não-linearidades, mostrando que os diferentes HD3

para dispositivos de vários LLD/L estão relacionados com a maior degradação da

mobilidade apresentada por GC GAAs. Ao se diminuir a temperatura de 300 K para

200 K uma importante piora em HD3 (superior a 20 dB) é observada em todos os

dispositivos.

Finalmente, foi efetuado um estudo envolvendo transistores JL que teve como

principal foco suas características analógicas. Assim, foi feita uma análise comparativa

dos parâmetros analógicos do JL com aqueles apresentados por FinFETs de porta

tripla de modo inversão (IM) em função da temperatura (T). Neste caso, os resultados

do dispositivo JL não foram comparados com aqueles dos dispositivos pruduzidos no

Imec devido à diferente maior maturidade no processo de fabricação de destes últimos.

A análise de gm/IDS mostrou que ambos os dispositivos JL e IM se comportam de modo

similar em inversão fraca, enquanto que o transistor IM apresentou maior gm/IDS com

relação ao JL em inversão moderada/forte. Contudo, o dispositivo JL aparenta ser

171

insensivel à variação de temperatura em inversão moderada/forte uma vez que ele

apresenta similar nível de inversão em um dado IDS/(W/L) para uma grande faixa de

temperaturas, enquanto que o IM mostra degradação de gm/IDS com o aumento de T. A

tensão Early (VEA) do transistor JL sempre aumenta com o incremento de T levando-o a

apresentar VEA superiores a 100 V em temperatura superiores a 400 K, enquanto que

IM apresentam sua máxima VEA (~55 dB) em temperatura ambiente. Como o ganho de

tensão dos dispositivos é derivado de VEA, AV aumenta com T em transistores JL e

apresenta seu máximo valor em temperatura ambiente em dispositivos IM. Ambos os

dispositivos mostraram similares HD2 (-25 dB ~ -30 dB) e HD3 (-65 dB ~ -75 dB)

quando polarizados com uma amplitude de entrada semelhante e os JL apresentaram

alguma vantagem nestas duas figuras de mérito quando os dispositivos foram

polarizados de forma a fornecer similar amplitude de saída, devido ao maior AV.

A partir dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se dar prosseguimento ao

estudo da distorção harmônica em estruturas de múltiplas portas, procurando verificar a

influência da redução da temperatura em HD2 e HD3 apresentados por FinFETs

operando em triodo, aplicados a estruturas balanceadas. Pode-se também, nesta

mesma análise, polarizar-se estruturas 2-MOS compostas por FinFETs ou GC GAAs

através de fontes de corrente para avaliar seu comportamento quando uma corrente

constante é aplicada nos dispositivos. Poder-se-ia, ainda, verificar o comportamento

analógico e a distorção harmônica gerada por tais dispositivos em função da freqüência

de operação ou então quando estes fossem aplicados a circuitos mais complexos,

como amplificadores operacionais.

Por ser um dispositivo extremamente recente, a continuação do trabalho

envolvendo transistores JL, permite uma série de estudos, desde o desenvolvimento de

modelos matemáticos para sua corrente de dreno e tensão de limiar, até a análise de

ruído e sua aplicação em circuitos analógicos.

172

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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160 COLINGE, J. P.; FLOYD, L.; QUINN, A. J.; REDMOND, G.; ALDERMAN, J. C.; XIONG, W.; CLEAVELIN, C. R.; SCHULZ, T.; SCHRUEFER, K.; KNOBLINGER, G.; PATRUNO, P.; Temperature effects on Trigate SOI MOSFETs, IEEE Electron Device Letters, v. 27, n. 3, p. 172-174, 2006. 161 DORIA, R. T.; PAVANELLO, M. A.; LEE, C. W.; FERAIN, I.; AKHAVAN, N. D.; YAN, R.; RAZAVI, P.; YU, R.; KRANTI, A.; COLINGE, J. P.; Analog Operation and Harmonic Distortion Temperature Dependence of nMOS Junctionless Transistors, em: SBMicro 2010 – 25th International Symposium on Microelectronics Technology and Devices, São Paulo, 2010.

187

APÊNDICE A – SIMULAÇÃO ATLAS FINFET

Abaixo segue um dos arquivos de simulação tridimensional Atlas do dispositivo

FinFET com L = 910 nm, Wfin = 40 nm e Hfin = 60 nm:

#############################################################

# Simulação do dispositivo FinFET

# L=910 nm Wfin=40 nm Hfin=60 nm

# Obtenção das curvas Id x Vg para Vds = 0,75 V

#############################################################

# Geração da grade no Devedit

go devedit simflags="-3d"

DevEdit version=2.8.5.R

#Dopagem da lâmina

set Na=15

#Definição do tamanho da estrutura

work.area x1=-0.022 y1=-0.13 x2=0.022 y2=0.032

#Definição do óxido de porta

region reg=1 mat="Silicon Oxide" z1=-0.605 z2=0.605 \

polygon="-0.022,0.03 -0.02,0.03 -0.02,-0.03 0.02,-0.03 0.02,0.03

0.022,0.03 0.022,-0.032 -0.022,-0.032"

#Definição do corpo central

region reg=2 name=body1 mat=Silicon z1=-0.605 z2=0.605 \

polygon="0,-0.02 0.02,-0.03 -0.02,-0.03"

#

#Definição do corpo esquerdo

region reg=3 name=body2 mat=Silicon z1=-0.605 z2=0.605 \

polygon="0,0.03 0,-0.02 -0.02,-0.03 -0.02,0.03"

#

#Definição do corpo direito

region reg=4 name=body3 mat=Silicon z1=-0.605 z2=0.605 \

polygon="0,0.03 0,-0.02 0.02,-0.03 0.02,0.03"

#Definição do óxido enterrado

region reg=5 name=box mat="Silicon Oxide" z1=-0.605 z2=0.605 \

polygon="-0.022,0.03 -0.022,0.13 0.022,0.13 0.022,0.03"

############################

#Grade

############################

bnd.cond when=never

188

constr.mesh id=1 mat.type=semiconductor max.height=0.01 max.width=0.004

min.height=0.009 min.width=0.0035

constr.mesh id=2 region.id=5 max.height=0.04 max.width=0.006 min.height=0.035

min.width=0.0055

constr.mesh id=3 x1=-0.02 y1=0.03 x2=-0.019 y2=-0.03 default max.height=0.004

max.width=0.001 min.height=0.0035 min.width=0.0009

constr.mesh id=4 x1=-0.019 y1=0.03 x2=-0.015 y2=-0.03 default

max.height=0.004 max.width=0.004 min.height=0.0035 min.width=0.0035

constr.mesh id=5 x1=0.015 y1=0.03 x2=0.019 y2=-0.03 default max.height=0.004

max.width=0.004 min.height=0.0035 min.width=0.0035

constr.mesh id=6 x1=0.019 y1=0.03 x2=0.019 y2=-0.03 default max.height=0.004

max.width=0.001 min.height=0.0035 min.width=0.0009

constr.mesh id=7 x1=-0.019 y1=-0.028 x2=0.019 y2=-0.03 default

max.height=0.001 max.width=0.004 min.height=0.0009 min.width=0.0035

constr.mesh id=8 x1=-0.019 y1=0.03 x2=0.019 y2=0.029 default max.height=0.001

max.width=0.004 min.height=0.0009 min.width=0.0035

constr.mesh id=9 x1=-0.02 y1=0.03 x2=-0.0198 y2=-0.03 default

max.height=0.004 max.width=0.0002 min.height=0.0035 min.width=0.00015

constr.mesh id=10 x1=0.02 y1=0.03 x2=0.0198 y2=-0.03 default max.height=0.004

max.width=0.0002 min.height=0.0035 min.width=0.00015

constr.mesh id=11 x1=0.0198 y1=-0.0298 x2=-0.0198 y2=-0.03 default

max.height=0.0002 max.width=0.004 min.height=0.00015 min.width=0.0035

constr.mesh id=12 x1=-0.021 y1=-0.031 x2=0.021 y2=-0.03 default

max.height=0.001 max.width=0.004 min.height=0.0009 min.width=0.0035

constr.mesh id=13 x1=-0.021 y1=-0.03 x2=-0.02 y2=0.03 default

max.height=0.004 max.width=0.001 min.height=0.0035 min.width=0.0009

constr.mesh id=14 x1=0.021 y1=-0.03 x2=0.02 y2=0.03 default max.height=0.004

max.width=0.001 min.height=0.0035 min.width=0.0009

constr.mesh id=15 x1=-0.021 y1=0.031 x2=0.021 y2=0.03 default

max.height=0.001 max.width=0.004 min.height=0.0009 min.width=0.0035

constr.mesh id=16 x1=-0.02 y1=-0.028 x2=0.02 y2=-0.024 default

max.height=0.002 max.width=0.004 min.height=0.0015 min.width=0.0035

constr.mesh id=17 x1=-0.02 y1=-0.024 x2=0.02 y2=-0.018 default

max.height=0.004 max.width=0.006 min.height=0.0035 min.width=0.0055

constr.mesh id=18 x1=-0.02 y1=0.12 x2=0.02 y2=0.13 default max.height=0.01

min.height=0.009

Mesh Mode=MeshBuild

z.plane z= -0.605 spacing=0.05

z.plane z= -0.505 spacing=0.02

z.plane z= -0.465 spacing=0.008

z.plane z= -0.455 spacing=0.008

z.plane z= -0.445 spacing=0.008

z.plane z= -0.41 spacing=0.004

z.plane z= -0.38 spacing=0.025

z.plane z= -0.2 spacing=0.1

z.plane z= 0.0000 spacing=0.1

z.plane z= 0.2 spacing=0.1

z.plane z= 0.38 spacing=0.025

z.plane z= 0.41 spacing=0.004

z.plane z= 0.445 spacing=0.008

z.plane z= 0.455 spacing=0.008

z.plane z= 0.465 spacing=0.008

189

z.plane z= 0.505 spacing=0.02

z.plane z= 0.605 spacing=0.05

z.plane max.spacing=1000000 max.ratio=2

structure outf=Wfin40L910_estrutura_T300.str

#Simulação da estrutura no Atlas

go atlas

#TITLE Finfet Intrinseco L=910 nm - T=300 K

#*******************************

# Simulaçao do Finfet

# L=910 nm Wfin=40 nm Hfin=60 nm

# Canal intrinseco Na=1E15 cm-3

# Temperatura = 300 K

# toxf=2.0 nm toxb=100 nm

#*******************************

#Definição dos eletrodos

electrode name=gate x.min=-0.022 x.max=0.022 y.min=-0.032 y.max=-0.032 z.min=-

0.455 z.max=0.455

electrode name=gate2 x.min=-0.022 x.max=-0.022 y.min=-0.032 y.max=0.03 z.min=-

0.455 z.max=0.455

electrode name=gate3 x.min=0.022 x.max=0.022 y.min=-0.032 y.max=0.03 z.min=-

0.455 z.max=0.455

electrode name=source z.max=-0.555 y.max=-0.03 x.min=-0.02 x.max=0.02

electrode name=drain z.min=0.555 y.max=-0.03 x.min=-0.02 x.max=0.02

electrode name=substrate bottom

#Definição das dopagens

doping uniform conc=1e15 boron reg=2 x.min=-0.022 x.max=0.022 y.min=-0.03

y.max=0.03 z.min=-0.605 z.max=0.605

doping uniform conc=1e15 boron reg=3 x.min=-0.022 x.max=0.022 y.min=-0.03

y.max=0.03 z.min=-0.605 z.max=0.605

doping uniform conc=1e15 boron reg=4 x.min=-0.022 x.max=0.022 y.min=-0.03

y.max=0.03 z.min=-0.605 z.max=0.605

#doping uniform conc=1.5e18 boron reg=2 x.min=0.15 x.max=0.20 y.min=0

y.max=0.065 z.min=0.002 z.max=0.122

#doping uniform conc=1.5e18 boron reg=2 x.min=0.4 x.max=0.45 y.min=0

y.max=0.065 z.min=0.002 z.max=0.122

#doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.2 lat.char=0.00304 reg=2 x.r=0.15

z.min=0.002 z.max=0.022

#doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.2 lat.char=0.00304 reg=2 x.l=0.24

z.min=0.002 z.max=0.022

#doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.2 lat.char=0.00304 reg=2 x.r=0.1

z.min=0.002 z.max=0.022

#doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.2 lat.char=0.00304 reg=2 x.l=0.29

z.min=0.002 z.max=0.022

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=2 z.r=-0.455

x.min=-0.02 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=2 z.l=0.455

x.min=-0.02 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

190

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=3 z.r=-0.455

x.min=-0.02 x.max=0 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=3 z.l=0.455

x.min=-0.02 x.max=0 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=4 z.r=-0.455

x.min=0 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=1e19 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=4 z.l=0.455

x.min=0 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=2 z.r=-0.505

x.min=-0.02 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=2 z.l=0.505

x.min=-0.02 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=3 z.r=-0.505

x.min=-0.02 x.max=0 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=3 z.l=0.505

x.min=-0.02 x.max=0 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=4 z.r=-0.505

x.min=0 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

doping gaussian n.type conc=5e20 char=0.02 lat.char=0.00304 reg=4 z.l=0.505

x.min=0 x.max=0.02 y.min=-0.03 y.max=0.03

#Definição dos contatos

contact name=gate workfunc=4.7

contact name=gate2 workfunc=4.7 common=gate

contact name=gate3 workfunc=4.7 common=gate

contact name=substrate workfunc=4.95

#Geração da estrutura básica

save outf=fin90_Wfin40_T300.str

#Definição dos modelos

models fermi kla cvt auger bgn fldmob consrh incomplete ioniz print temp=300

mobility region=2 BN.CVT=4.7E7 CN.CVT=1.74E5 DELN.CVT=5.82E14 FELN.CVT=1.0E50

mobility region=3 BN.CVT=1E7 CN.CVT=1.28E5 DELN.CVT=3.5E14 FELN.CVT=0.2E50

mobility region=4 BN.CVT=1E7 CN.CVT=1.28E5 DELN.CVT=3.5E14 FELN.CVT=0.2E50

#Definição dos métodos de resolução

method newton autonr bicgst trap maxtrap=10

output minset

#Polarização

solve init

# Incremento de Vds até 0,75 V

solve vdrain=1e-3

solve vdrain=5e-3

solve vdrain=0.01 vstep=0.02 vfinal=0.75 name=drain

#Geração da estrutura com dreno polarizado

solve outf=fin90_Wfin40_T300_1.sol

#Ionização por impacto

impact selb

191

solve prev

# Curva Ids x Vgs para Vds=0,75 V

log outf=idvgfin90_Wfin40_T300_075_maiorrug.log master

solve vgate=0.0 vstep=0.01 vfinal=1.2 name=gate

quit

192

APÊNDICE B – SIMULAÇÃO ATHENA GC GAA

Abaixo segue o arquivo de simulação Athena do processo de fabricação de um

dispositivo GC GAA com L = 3 m e relação LLD/L = 0,5:

#################################################################

#Processo de Fabricação de um Transistor nMOS GC GAA com #LLD/L = 0,5,

tsi = 80 nm e tox = 30 nm

#################################################################

go athena

# Grade na direção x

line x loc=0.00 spac=0.125 tag=left

line x loc=1.9 spac=0.125

line x loc=2.1 spac=0.01

line x loc=2.25 spac=0.0025

line x loc=2.4 spac=0.01

line x loc=2.6 spac=0.1

line x loc=3.4 spac=0.1

line x loc=3.6 spac=0.05

line x loc=3.75 spac=0.0025

line x loc=3.9 spac=0.05

line x loc=4.1 spac=0.1

line x loc=4.9 spac=0.1

line x loc=5.1 spac=0.01

line x loc=5.25 spac=0.0025

line x loc=5.4 spac=0.01

line x loc=5.6 spac=0.125

line x loc=7.5 spac=0.125 tag=right

# Grade na direção y

line y loc=0.0 spac=0.005 tag=top

line y loc=0.02 spac=0.005

line y loc=0.025 spac=0.01

line y loc=0.053 spac=0.01 tag=bottom

# Definição da lamina

region silicon xlo=left xhi=right ylo=top yhi=bottom

# Definição da concentração inicial da lâmina

init boron=1.0e15

method grid.ox=0.005

# Etapa 10 - Oxidação de porta – parte 1

diffus temp=950 time=47 dryo2

diffus temp=950 time=20 inert t.rate=-15/2

diffus temp=800 time=30 inert

###### Etapa extra - implantação iônica para formação do GC

depo photoresist positive thick=1 divi=5

193

etch photoresist start x=2.25 y=-2

etch photoresist cont x=2.25 y=1

etch photoresist cont x=4.65 y=1

etch photoresist done x=4.65 y=-2

# Etapa 11 - Implantação Iônica para ajuste de Vth

implant boron dose=1.1E12 energy=20 pears

etch photoresist all

#etch oxide all

diffus time=30 temp=400 inert

# Etapa12 - Oxidação de porta - parte 2

diffus temp=950 time=10 dryo2

diffus temp=950 time=30 inert t.rate=-15/2

diffus temp=800 time=60 inert

# Etapas 13 e 14

depo poly thick=0.34 div=4 phosphor=1e20

diffus temp=900 time=60 inert

diffus temp=800 time=15 inert

# Etapa 15 - Definição do Si-poli

etch poly left p1.x=2.25

etch poly right p1.x=5.25

diffus time=30 temp=400 inert

# Etapa 16 - Implantação de Fonte e Dreno

implant arsenic dose=4e15 energy=40 pearson

# Etapa 17 - Ativação das impurezas

diffus temp=850 time=20 dryo2

diffus temp=850 time=170 inert

# Etapas 18 - Deposição de 350 nm de SiO2

depo oxide thick=0.25 div=4

diffus time=30 temp=900 dryo2

# Etapa 19 - Abertura das janelas de contato

etch oxide start x=0.75 y=-2

etch oxide continue x=0.75 y=0.03

etch oxide continue x=1.5 y=0.03

etch oxide done x=1.5 y=-2

etch oxide start x=6.0 y=-0.4

etch oxide cont x=6.75 y=-0.4

etch oxide cont x=6.75 y=0.03

etch oxide done x=6.0 y=0.03

# Etapa 20 - Deposição de Al

deposit alumin thick=0.5 div=5

# Etapa 21 - Definição do Al

etch alumin start x=2.25 y=-2

etch alumin continue x=5.25 y=-2

etch alumin continue x=5.25 y=1

194

etch alumin done x=2.25 y=1

# Espelhamento da estrutura

structure mirror bottom

#Definição dos eletrodos

electrode name=gate x=3.75 y=-0.1

electrode name=source x=0.2 y=-0.4

electrode name=drain x=7.2 y=-0.4

electrode name=gate2 x=3.75 y=0.2

electrode name=source2 x=0.2 y=0.5

electrode name=drain2 x=7.2 y=0.5

#Geração do arquivo de saída e visualização no TONYPLOT

structure outfile=LLD05-Athena.str

tonyplot LLD05-Athena.str

quit

195

APÊNDICE C – SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS GC GAA

Abaixo segue um dos arquivos de simulação do módulo de circuitos do Atlas

utilizado para a simulação de estruturas 2-MOS compostas por GC GAAs com

L = 10 m e relação LLD/L = 0,3:

#############################################################

# Simulação da estrutura 2-MOS GC GAA com LLD/L = 0,3

# Obtenção das curvas Id x Vd para Vgt = 1 V.

#############################################################

go atlas

.BEGIN

# Definição das fontes Vg, VD1 e ED2 (simétrica à VD1)

VG 2 0 0

VD1 1 0 0

ED2 3 0 1 0 -1

# Definição dos transistores e dos arquivos de entrada

AGCIN 1=drain 2=gate 0=source 2=gate2 1=drain2 0=source2 INFILE=LLD03-Athena-

L10.str

AGCOUT 3=drain 2=gate 0=source 2=gate2 3=drain2 0=source2 INFILE=LLD03-Athena-

L10.str

# Gravação do arquivo de incremento dos potenciais

.LOG OUTFILE=IDxVD_2tr_Vgtxx_LLD03--1a1_NEWcvt_T200

# Incremento de Vg de 0 a 1.18 V (Vgt = 1V)

.DC VG 0.08 0.18 0.1

.NODESET V(1)=0

# Decremento de VD1 de 0 a -0.5 V

.DC VD1 0 -0.5 -0.1

# Incremento de VD1 de –0.5V a 0.5 V para a curva Id x Vd1

.DC VD1 -0.5 0.5 0.01

.END

# Definição dos modelos utilizados em cada um dos dispositivos

MODELS DEVICE=AGCIN FERMI KLA CVT BGN CONSRH AUGER FLDMOB INCOMPLETE IONIZ

PRINT TEMP=200

MOBILITY DEVICE=AGCIN NEWCVT

IMPACT DEVICE=AGCIN SELB

MODELS DEVICE=AGCOUT FERMI KLA CVT BGN CONSRH AUGER FLDMOB INCOMPLETE IONIZ

PRINT TEMP=200

MOBILITY DEVICE=AGCOUT NEWCVT

IMPACT DEVICE=AGCOUT SELB

#Definição dos contatos para cada dispositivo

196

contact name=gate n.poly device=AGCIN

contact name=gate2 n.poly device=AGCIN

contact name=drain neutral device=AGCIN

contact name=source neutral device=AGCIN

contact name=drain2 neutral device=AGCIN

contact name=source2 neutral device=AGCIN

contact name=gate n.poly device=AGCOUT

contact name=gate2 n.poly device=AGCOUT

contact name=drain neutral device=AGCOUT

contact name=source neutral device=AGCOUT

contact name=drain2 neutral device=AGCOUT

contact name=source2 neutral device=AGCOUT

# Definição dos métodos

method newton autonr trap maxtrap=10

GO ATLAS

quit

197

APÊNDICE D – SIMULAÇÃO SENTAURUS JUNCTIONLESS

Abaixo segue um dos arquivos de simulação do Sentaurus utilizado para a

simulação de dispositivos Junctionless L = 1 m e Wfin,sim = 10 nm:

#########################

File * input files:

Grid = "L1000-W10-H10-tox02-Na1e19_msh.tdr"

Doping = "L1000-W10-H10-tox02-Na1e19_msh.tdr"

Parameter = "Param.par"

* output files:

Plot = "1000-10-10-02-1e19_IdVd_Vg0.05_T300_des.tdr"

Current = "1000-10-10-02-1e19_IdVd_Vg0.05_T300_des.plt"

Output = "1000-10-10-02-1e19_IdVd_Vg0.05_T300_des.log"

Electrode

Name="fonte" Voltage= 0.000

Name="dreno" Voltage= 0.000

Name="porta" Voltage= 0.000 Material="PolySi"(P)

Name="substrato" Voltage= 0.000 Material="Silicon"(P=1e15)

##Modelos

Physics

Temperature=300

Mobility (

Phumob Enormal HighFieldSaturation IncompleteIonization)

IncompleteIonization

Recombination( SRH(DopingDep TempDependence)

)

EffectiveIntrinsicDensity (BandGapNarrowing (OldSlotboom))

Physics (Material="Silicon") eQuantumPotential

##Parâmetros do arquivo de saída

Plot

AcceptorConcentration

BandGap BandGapNarrowing

ConductionBandEnergy

ConductionCurrent

DielectricConstant

DonorConcentration

Doping

DisplacementCurrent

eCurrent eDensity eDriftVelocity eEffectiveStateDensity eENormal

eEparallel eEquilibriumDensity eMobility eQuantumPotential eQuasiFermi

eRelativeEffectiveMass eSaturationVelocity eVelocity

EffectiveBandGap EffectiveIntrinsicDensity

ElectricField

198

ElectronAffinity

Potential EquilibriumPotential

hCurrent hDensity hDriftVelocity hEffectiveStateDensity hENormal

hEparallel hEquilibriumDensity hMobility hQuantumPotential hQuasiFermi

hRelativeEffectiveMass hSaturationVelocity hVelocity

IntrinsicDensity

Temperature

Current

TotalRecombination

ValenceBandEnergy

SpaceCharge

SRHRecombination

Math

ExitOnFailure

Math

Method = ils

number_of_threads = 2

stacksize = 1000000

Solve

## Solução inicial

Quasistationary ( Goal name="porta" voltage=0.000 )

Coupled Poisson CurrentPlot ( Time = (-1))

Quasistationary ( Goal name="porta" voltage=0.000 )

Coupled Poisson eQuantumPotential CurrentPlot ( Time = (-1))

Quasistationary ( Goal name="porta" voltage=0.000 )

Coupled Poisson Electron Hole eQuantumPotential CurrentPlot

( Time = (-1))

## Polarização de dreno

Quasistationary ( Goal name="dreno" voltage=0.05 )

Coupled Poisson Electron Hole eQuantumPotential CurrentPlot

( Time = (-1))

## Rampa de tensão na porta

Quasistationary

( Minstep=0.00001

Goal name="porta" voltage=1.5 )

Coupled Poisson Electron Hole eQuantumPotential CurrentPlot

( Time = (range = (0 1) intervals = 150))