Ópera em movimento

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anorama P NO PALCO Porto Alegre, quarta-feira, 30 de maio de 2012 - Nº 3 Mariana Amaro, especial JC U ma fusão entre circo, dan- ça e poesia é a proposta do espetáculo Paracasoscia, da companhia italiana de dança Botega. A ópera, que faz parte do Fes- tival Palco Itália, funde habilmente a dança contemporânea com o break do street dance e árias italianas. O grupo se apresenta hoje no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n), às 19h, com ingressos gratuitos, que devem ser retirados antecipadamente no local. Uma mistura inovadora e experimen- tal de estilos, a apresentação reúne di- ferentes escolas de dança e até técnicas acrobáticas no mesmo palco, conduzindo o público para um universo criativo e irônico. O espetáculo é uma abordagem moderna à ópera, capaz de aproximar o público jovem do repertório lírico italia- no, de compositores como Verdi e Rossi- ni, através de uma brincadeira artística. “É o poder da arte de eliminar o tempo, juntando manifestações inicialmente opostas - quando se pensa em clássico e moderno - mas absolutamente passíveis de convivência harmoniosa”, explica o diretor e coreógrafo da companhia, Enzo Celli. A fusão de movimentos é a marca registrada do grupo. De encontros inesperados o diretor criou uma lingua- gem única e original que caracteriza as produções desta companhia. Para isto é necessário que a bagagem individual de cada dançarino se incorpore com o estilo pessoal do coreógrafo. “Isto fun- ciona como uma orquestra, em que cada instrumento tem o seu som próprio, mas quando tocam juntos, a harmonia gera uma beleza específica”, compara ele, ci- tando como exemplo integrantes vindos do futebol e até - no caso do próprio Celli - dos esportes radicais. As diferentes origens dos bailarinos estão bem representadas nas coreogra- fias, que usam elementos do atletismo e do circo com conceitos da dança moderna para transmitir uma sensação de leveza. A intenção deste processo, de acordo com o diretor, é desmistificar a impressão do público de que ópera ou dança contempo- rânea são artes inatingíveis. “A grande mídia deveria contribuir mais na divul- gação da dança e da música erudita para um público mais amplo, pois são lingua- gens universais e todo ser humano tem capacidade de apreciar”, avalia Celli. Nesta primeira vez que a companhia vem ao Brasil a turnê integra o Festival Palco Itália 2012, do Momento Itália Brasil (MIB), que propõe um intercâmbio cultural entre os dois países. Destacando a força e riqueza da cultural nacional, o coreógrafo se diz surpreendido com a capacidade de improvisação e espontanei- dade dos dançarinos locais, “Os europeus ficam muito presos à técnica, ao conhe- cimento formal, enquanto os brasileiros são mais soltos, mais livres. Isto me deixou muito entusiasmado com o futuro impacto na equipe do Botega”, diz ele. Paracasoscia - expressão que significa “parece um sopro” - propõe uma revisi- tação sagaz às árias clássicas, mas em uma linguagem jovem e efervescente. Brincando com as tradições da ópera, a abordagem diferenciada do espetáculo é descrita por seu diretor como “inusitada e inovadora que, justamente por unir linguagens diferentes, se torna universal e é entendida pelos povos de países e culturas diversas”. Características que o tornam uma peça essencial para cele- brar os laços entre os dois países como propõe o MIB. Ópera de muitos movimentos Espetáculo Paracasoscia propõe uma revitalização na linguagem da ópera DABIDE LENA/DIVULGAÇÃO/JC DABIDE LENA/DIVULGAÇÃO/JC

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Matéria sobre o espetáculo Paracasoscia para o Jornal do Comércio.

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Page 1: Ópera em movimento

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Porto Alegre, quarta-feira, 30 de maio de 2012 - Nº 3

Mariana Amaro, especial JC

Uma fusão entre circo, dan-ça e poesia é a proposta do espetáculo Paracasoscia, da companhia italiana de dança

Botega. A ópera, que faz parte do Fes-tival Palco Itália, funde habilmente a dança contemporânea com o break do street dance e árias italianas. O grupo se apresenta hoje no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n), às 19h, com ingressos gratuitos, que devem ser retirados antecipadamente no local.

Uma mistura inovadora e experimen-tal de estilos, a apresentação reúne di-ferentes escolas de dança e até técnicas acrobáticas no mesmo palco, conduzindo o público para um universo criativo e irônico. O espetáculo é uma abordagem moderna à ópera, capaz de aproximar o público jovem do repertório lírico italia-

no, de compositores como Verdi e Rossi-ni, através de uma brincadeira artística. “É o poder da arte de eliminar o tempo, juntando manifestações inicialmente opostas - quando se pensa em clássico e moderno - mas absolutamente passíveis de convivência harmoniosa”, explica o diretor e coreógrafo da companhia, Enzo Celli.

A fusão de movimentos é a marca registrada do grupo. De encontros inesperados o diretor criou uma lingua-gem única e original que caracteriza as produções desta companhia. Para isto é necessário que a bagagem individual de cada dançarino se incorpore com o estilo pessoal do coreógrafo. “Isto fun-ciona como uma orquestra, em que cada instrumento tem o seu som próprio, mas quando tocam juntos, a harmonia gera uma beleza específica”, compara ele, ci-tando como exemplo integrantes vindos

do futebol e até - no caso do próprio Celli - dos esportes radicais.

As diferentes origens dos bailarinos estão bem representadas nas coreogra-fias, que usam elementos do atletismo e do circo com conceitos da dança moderna para transmitir uma sensação de leveza. A intenção deste processo, de acordo com o diretor, é desmistificar a impressão do público de que ópera ou dança contempo-rânea são artes inatingíveis. “A grande mídia deveria contribuir mais na divul-gação da dança e da música erudita para um público mais amplo, pois são lingua-gens universais e todo ser humano tem capacidade de apreciar”, avalia Celli.

Nesta primeira vez que a companhia vem ao Brasil a turnê integra o Festival Palco Itália 2012, do Momento Itália Brasil (MIB), que propõe um intercâmbio cultural entre os dois países. Destacando a força e riqueza da cultural nacional,

o coreógrafo se diz surpreendido com a capacidade de improvisação e espontanei-dade dos dançarinos locais, “Os europeus ficam muito presos à técnica, ao conhe-cimento formal, enquanto os brasileiros são mais soltos, mais livres. Isto me deixou muito entusiasmado com o futuro impacto na equipe do Botega”, diz ele.

Paracasoscia - expressão que significa “parece um sopro” - propõe uma revisi-tação sagaz às árias clássicas, mas em uma linguagem jovem e efervescente. Brincando com as tradições da ópera, a abordagem diferenciada do espetáculo é descrita por seu diretor como “inusitada e inovadora que, justamente por unir linguagens diferentes, se torna universal e é entendida pelos povos de países e culturas diversas”. Características que o tornam uma peça essencial para cele-brar os laços entre os dois países como propõe o MIB.

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Espetáculo Paracasoscia propõe uma revitalização

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