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Recordar quem partiu São quase todos os dias que nos recorda- mos de quem cá já não está. Mas, é nos pri- meiros dias de Novem- bro que o sentimento saudade tem outra força. Não são dias fá- ceis para quem perdeu alguém, mas talvez a melhor forma de alcan- çar a paz interior será fazer a devida home- nagem a quem já par- tiu. A homenagem pode ser feita através de flores e claro da ora- ção. Nos dias 1 e 2, Dia de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos, respectivamente, são os mais lembrados du- rante o ano. Recorde-se que apenas o dia 1 de No- vembro é feriado e por isso as famílias apro- veitam esse dia para se deslocarem aos ce- mitérios, que estão, sem dúvida alguma, mais bonitos com a presença de flores de múltiplas cores e tam- bém de velas. Assinalar o Dia dos Fiéis Defuntos poderá fazer todo o sentido quando ligado ao Dia de Todos os Santos, porque podemos acre- ditar que uma pessoa quando morre alcança também uma santi- dade. De resto, as religiões até podem ser muitas, mas em todas a morte é vista com muito res- peito, onde o corpo pa- rece não ter tanta impor- tância, sendo dada mais importância à vida. Se a morte é um facto incontornável da vida, devíamos saber aproveitar cada dia, como se fosse o úl- timo. Pode até soar a cliché, mas era assim que devia ser. Cadáveres não são reclamados A homenagem das flores Não deve haver ninguém que não goste delas, mas podemos dizer que traduzem um sentimento de felicidade, mas também de dor. Nos dias de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos, as famílias procuram fazer uma escolha criteriosa quanto às flores. No entanto, o nosso carinho não se mostra pelas flores caras que com- pramos, mas antes por uma escolha que mais se identifique com a forma de ser da nossa família. Nesta oca- sião, por norma, as floristas têm muitas encomendas e muitas vezes as flores nem chegam para tantas soli- citações. Por isso, se já tem alguma coisa pensada em relação ao tipo de flores que pretende faça a sua encomenda o mais rápido possível. Caso contrário, ficará dependente do que há na loja. Lembre-se que os profissionais das flores podem ajudá-lo(a) a fazer a melhor escolha e que nem sempre o que é caro é o mais bonito ou adequado. De resto, como deve saber, e para tentar que os clientes não esperem muito tempo, há floristas que têm arranjos florais já feitos, o que pode ser uma boa opção. Todos os anos, cerca de 80 corpos ficam por reclamar nos gabi- netes do Instituto de Medicina Legal (IML), na sua maioria de sem-abrigo, toxicodependentes e imigrantes. No ano passado, 67 corpos não foram reclamados e este ano já são 55, a sua maioria em Lisboa (18) e Porto (16). De acordo com o presidente do IML, Duarte Nuno Vieira, tra- tam-se essencialmente de casos de pessoas idosas, que moram sozinhas, em lares ou hospitais, que as famílias não reclamam para não gastarem dinheiro nos funerais. Existem também corpos de toxicodependentes, entre os 30 e 40 anos, afastados da família e que a sociedade marginaliza. O prazo de reclamação dos corpos é de 30 dias. Quando nin- guém os reclama, as Câmaras Municipais enterram os corpos em campas identificadas com um número, para o caso de, um dia, aparecer algum familiar. Funeral social Todas as agências devem dispor, obrigatoriamente, de um serviço básico de funeral social, que está sujeito ao regime especial de preços. Para quem desconhece, o preço máximo a ser prati- cado para o serviço básico de funeral social é, neste momento, de 356,20 euros desde 26 de Outubro de 2007. No entanto, os agen- tes económicos poderão, caso assim o entendam, pra- ticar preços inferiores. As agências funerárias devem dispor, obrigatoriamente, de um serviço básico de funeral social, sujeito a um preço máximo, a realizar no con- celho onde ocorreu o óbito e está sedeada a agência. Urna em madeira de pi- nho, com uma espessura mí- nima de 15mm, ferragens, lençol, almofada e lenço, transporte fúnebre indivi- dual e serviços técnicos prestados pela agência. Dia dos Fiéis Defuntos Dia dos Fiéis Defuntos no próximo dia 2 de Novembro

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Funeral social Dia dos Fiéis Defuntos no próximo dia 2 de Novembro lençol, almofada e lenço, transporte fúnebre indivi- dual e serviços técnicos prestados pela agência. São quase todos os dias que nos recorda- mos de quem cá já não está. Mas, é nos pri- 22 p pu ub bl li ic ci id da ad de e

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Page 1: OP 5C

Recordar quem partiu

São quase todos osdias que nos recorda-

mos de quem cá já nãoestá. Mas, é nos pri-

meiros dias de Novem-bro que o sentimentosaudade tem outraforça. Não são dias fá-ceis para quem perdeualguém, mas talvez amelhor forma de alcan-çar a paz interior seráfazer a devida home-nagem a quem já par-tiu. A homenagempode ser feita atravésde flores e claro da ora-ção.

Nos dias 1 e 2, Diade Todos os Santos eDia dos Fiéis Defuntos,respectivamente, sãoos mais lembrados du-rante o ano.

Recorde-se queapenas o dia 1 de No-vembro é feriado e porisso as famílias apro-veitam esse dia parase deslocarem aos ce-mitérios, que estão,sem dúvida alguma,mais bonitos com a

presença de flores demúltiplas cores e tam-bém de velas.

Assinalar o Dia dosFiéis Defuntos poderáfazer todo o sentidoquando ligado ao Diade Todos os Santos,porque podemos acre-ditar que uma pessoaquando morre alcançatambém uma santi-dade.

De resto, as religiõesaté podem ser muitas,mas em todas a morte évista com muito res-peito, onde o corpo pa-rece não ter tanta impor-tância, sendo dada maisimportância à vida.

Se a morte é umfacto incontornável davida, devíamos saberaproveitar cada dia,como se fosse o úl-timo. Pode até soar acliché, mas era assimque devia ser.

Cadáveresnão são reclamados

A homenagem das flores Não deve haver ninguém que não goste delas, mas podemos dizer que traduzem um sentimento de felicidade,mas também de dor. Nos dias de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos, as famílias procuram fazer umaescolha criteriosa quanto às flores. No entanto, o nosso carinho não se mostra pelas flores caras que com-pramos, mas antes por uma escolha que mais se identifique com a forma de ser da nossa família. Nesta oca-sião, por norma, as floristas têm muitas encomendas e muitas vezes as flores nem chegam para tantas soli-citações. Por isso, se já tem alguma coisa pensada em relação ao tipo de flores que pretende faça a suaencomenda o mais rápido possível. Caso contrário, ficará dependente do que há na loja. Lembre-se que osprofissionais das flores podem ajudá-lo(a) a fazer a melhor escolha e que nem sempre o que é caro é o maisbonito ou adequado. De resto, como deve saber, e para tentar que os clientes não esperem muito tempo, háfloristas que têm arranjos florais já feitos, o que pode ser uma boa opção.

Todos os anos, cerca de 80 corpos ficam por reclamar nos gabi-netes do Instituto de Medicina Legal (IML), na sua maioria desem-abrigo, toxicodependentes e imigrantes.

No ano passado, 67 corpos não foram reclamados e este anojá são 55, a sua maioria em Lisboa (18) e Porto (16).

De acordo com o presidente do IML, Duarte Nuno Vieira, tra-tam-se essencialmente de casos de pessoas idosas, que moramsozinhas, em lares ou hospitais, que as famílias não reclamampara não gastarem dinheiro nos funerais.

Existem também corpos de toxicodependentes, entre os 30 e40 anos, afastados da família e que a sociedade marginaliza.

O prazo de reclamação dos corpos é de 30 dias. Quando nin-guém os reclama, as Câmaras Municipais enterram os corpos emcampas identificadas com um número, para o caso de, um dia,aparecer algum familiar.

Funeral social Todas as agências devemdispor, obrigatoriamente, deum serviço básico de funeralsocial, que está sujeito aoregime especial de preços.Para quem desconhece, opreço máximo a ser prati-cado para o serviço básicode funeral social é, nestemomento, de 356,20 eurosdesde 26 de Outubro de2007. No entanto, os agen-tes económicos poderão,caso assim o entendam, pra-ticar preços inferiores. Asagências funerárias devemdispor, obrigatoriamente, deum serviço básico de funeralsocial, sujeito a um preçomáximo, a realizar no con-celho onde ocorreu o óbito eestá sedeada a agência.

Urna em madeira de pi-nho, com uma espessura mí-nima de 15mm, ferragens,

lençol, almofada e lenço,transporte fúnebre indivi-dual e serviços técnicosprestados pela agência.

Dia dos Fiéis Defuntos

Dia dos Fiéis Defuntos no próximo dia 2 de Novembro

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Informações úteis

Subsídios de funeral De modo a compensar as despesas efectuadas como funeral, o Estado atribui, sob a forma de um subsí-dio de funeral, um montante fixo em dinheiro.

O requerente deve dirigir-se à Segurança Socialda área da residência num prazo de seis meses a par-tir do primeiro dia do mês seguinte àquele em queocorreu o óbito e preencher um formulário. É aindanecessário apresentar uma fotocópia de certidão deóbito ou certidão de nascimento com o óbito aver-bado, o recibo original da agência funerária compro-vativo do pagamento das despesas de funeral e o mo-delo RP5033/1-DGSSS, no caso de a morte ser daresponsabilidade de terceiros.

O familiar ou pessoas que tenham suportado asdespesas de funeral de um pensionista da Caixa Ge-ral de Aposentações (CGA) também podem requerero pagamento de tais encargos.

Os familiares, como o cônjuge ou os descendentes,de um beneficiário dos regimes contributivos de se-gurança social falecido podem requerer a Pensão deSobrevivência. Esta pensão também pode ser pe-dida, em determinadas situações, pelos ex-cônjugese ascendentes. Esta pensão só é atribuída se o be-neficiário falecido tiver descontado para a Segu-rança Social por um período igual ou superior a 36meses. Para tal, os interessados devem dirigir-seaos serviços de Segurança Social da área da resi-dência no prazo de cinco anos a contar da data damorte do familiar.

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Pensão de Sobrevivência

É atribuída a crianças e jovens, até atingirem a maio-ridade ou emancipação, que sejam órfãos de pes-soas não abrangidas por qualquer regime de pro-tecção social e que satisfaçam uma das seguintescondições: rendimentos ilíquidos mensais iguaisou inferiores a 40% da Remuneração Mínima Men-sal Garantida (RMMG), desde que o rendimento dorespectivo agregado familiar não seja superior a 1,5vezes aquela remuneração ou o rendimento do agre-gado familiar, por pessoa, não superior a 30% daRMMG e estar em situação de risco ou disfunção so-cial. Esta pensão pode ser reclamada por quem pro-var ter a cargo as crianças ou jovens ou pelos pró-prios titulares se forem maiores de 14 anos. Estaprestação é pedida nos serviços de segurança socialda área de residência, no prazo de cinco anos acontar da data da morte do pai ou da mãe da criançaou jovem.

Pensão de Orfandade

O subsídio por morte atribuído pela Caixa Geralde Aposentações consiste numa prestação pe-cuniária paga de uma só vez e correspondente aseis vezes o valor da pensão mensal do utente fa-lecido. No entanto, o cônjuge de um beneficiárioda pensão social falecido tem direito a requerera pensão de viuvez, se não tiver, por si, direito aqualquer pensão ou retribuição mínima mensalgarantida. O montante que a pessoa viúva re-cebe é igual a 60% da pensão social.

Subsídio por morte –Caixa Geral

de Aposentações

Aqui visa-se proteger a família da pessoa que fale-ceu. No caso do regime geral, este montante as-cende a seis vezes a remuneração média mensal dosdois melhores anos dos últimos cinco com registo deremunerações e pode ser pedido pelo cônjuge, porex-cônjuges, descendentes e ascendentes logo quereúnam determinadas condições.

Subsídio por morte –Regime Geral

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25pública: 29 de Outubro de 2008eessppeecciiaall

Num momento de dor para as famílias

O importante papel das ffuunneerráárriiaass

As agências funeráriasencarregam-se de todosos trâmites relacionadoscom o funeral, do registodo óbito nas conservató-rias, passando pelas dili-gências necessárias à ob-tenção de uma certidãode óbito (que é passadapor um médico), até àmarcação das capelasmortuárias e dos serviçosreligiosos. De acordo comos profissionais do sec-tor, as agências funerá-rias prestam um serviço,não são apenas, única eexclusivamente, vende-dores de urnas. Paraquem não sabe, depoisde cada funeral há umtrabalho que dura cercade um mês.

Aliás, discrição, pro-fissionalismo e qualidadedevem ser as característi-cas de uma agência fune-rária, até porque o traba-lho realizado acontecenum momento em que asfamílias estão a passarpor uma grande dor emo-cional.

No caso da morte deuma pessoa, deve ser afamília ou amigos a esco-lher a agência funeráriapara tratar do serviço fú-

nebre. Lembre-se queeste serviço não deve serescolhido por ninguém,nem por um suposto'amigo', nem por outraentidade, como um hos-pital.

É rigorosamente proi-bida a designada anga-riação de funerais porquem quer que seja. Naverdade, este hábito pa-rece estar a perder ter-reno, porque em termoslegais isso não podeacontecer, como tambémas famílias estão melhorinformadas e devem es-colher a agência que que-rem que faça o serviço.

Em termos de custos,

um funeral não fica pormenos de mil euros à ex-cepção do funeral social.Recorde-se que um ser-viço fúnebre implica sem-pre uma urna, mais sim-ples ou mais trabalhada, aornamentação da capelaou igreja, e ainda as lega-lidades/formalidades quesão necessárias cumprir.

MMaaiiss rriiggoorr Ao contrário do que

se possa imaginar, sãoos próprios agentes fu-nerários que pedemuma maior fiscalizaçãodo próprio sector paraque a má imagem queperdurou durante alguns

anos seja, de facto,“limpa”. São tambémmuitos os que exigemmais formação para ostrabalhadores destaárea para que as coisasfuncionem melhor nahora de prestar os seusserviços, porque o capi-tal humano é muito im-portante. Afinal lidarcom famílias enlutadasrequer preparação e umolhar amplo sobre amorte. No fundo, osagentes funerários fun-cionam como mediado-res de uma despedidadolorosa.

Outro dos aspectosmuitas vezes referenciadoé em relação ao trabalhodos coveiros. Ainda hojepersiste o problema de ha-ver quem não passe re-cibo por este trabalho,impossibilitando àsagências de possuíremum comprovativo quesirva como prova de pa-gamento. Assim, algunsagentes acreditam que omelhor seria as CâmarasMunicipais terem essesfuncionários e serem elasa passarem um recibo,uma vez que é muito pe-sado, financeiramente,cada Junta ter esses fun-cionários.

SSoofifiaa AAbbrreeuu SSiillvvaa

Boas práticas no sseeccttoorr ffuunneerráárriioo

Todos os cadáveres devem serdesinfectados e conservados an-tes de serem sepultados. É essaa principal exigência da normaeuropeia NP EN 15 017 que entrouem vigor em Portugal e que seaplica às agências funerárias quequiserem receber este certificadode qualidade. Apesar de aindanão ser prática corrente no País,a tanatopraxia - técnica de con-servação de cadáveres - é utili-zada lá fora e quem já a realizaem Portugal assegura que énesse sentido que o sector temde evoluir.

O objectivo das boas práti-cas, já em vigor em alguns paí-ses da Europa, é trazer rigor eprofissionalismo aos serviçosfúnebres, que vão desde a pre-paração do cadáver, o manu-seamento do corpo até à hi-gienização do mesmo ou àaplicação de cosméticos para arecuperação do rosto.

Outro aspecto importante eque tem preocupado a Associa-

ção do Sector Funerário tem a vercom o material do qual são feitasas urnas. De facto, a preocupa-ção com o ambiente tem levadoalgumas empresas do sector aapostar em caixões biodegradá-veis que facilitam a degradaçãodo corpo e não contaminam osolo.

SSaabbiiaa qquuee…… Já há empresas que oferecem

outras funcionalidades na horade velar e sepultar os defuntos?Podemos ter serviços de cate-ring, música, entretenimento decrianças ou estacionamento. Sãosinais de que o cliente está cadavez mais disposto e exige um ser-viço completo. Há casos, em quehá outras ideias, como fazer umajóia com uma mancha de cabelodo ente querido.

Na realidade, o que se pre-tende é mesmo que um funeralseja uma cerimónia semelhantea outras, e, se for possível, me-nos dolorosa.