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Santa Terezinha R I O S S E T N O M o i g é l o C IX PRÊMIO JOVEM ESCRITOR ...uma homenagem a Clarice Lispector! "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo." 2014

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Santa Terezinha

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IX PRÊMIO JOVEM ESCRITOR...uma homenagem a Clarice Lispector!

"Minha liberdade é escrever.A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

2014

APRESENTAÇÃO

Estamos em uma época em que a rapidez da informação e da comunicação instantânea é incontestável e isso domina a rotina de nossos jovens.

Sinto muito orgulho de nossa equipe de professores da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias pelo incentivo dado aos nossos alunos, levando-os a refletir sobre o fascinante mundo das palavras, pois é por meio delas que fluem nossos pensamentos e nos expressamos para o mundo.

Eis aqui o resultado de um trabalho da parceria educador-educando: uma obra representativa do talento, dedicação e criatividade.

Queridos alunos, sei que farão bom uso desta que é uma das dádivas com que fomos abençoados: a capacidade de eternizar nossos pensamentos através de registros.

Somos palavras...Palavra é sentimento.

Neuza Maria ScattoliniMANTENEDORA E DIRETORA

PREFÁCIO

No início de cada ano letivo, os professores procuram estabelecer estratégias que ajudem os alunos a desenvolver gosto pela leitura e pela escrita. As atividades de produção de texto do primeiro semestre procuram, dessa forma, desenvolver a expressão escrita como desafio transformador.

Os textos que compõem este livro são a prova inquestionável do estímulo à criatividade, ao exercício da produção e interpretação textual, e, acima de tudo, da oportunidade de trabalharmos alguns dos temas transversais: saúde, ética e cidadania, pluralidade cultural e meio ambiente.

Assim, nossos jovens são inseridos num contexto de produção de conhecimento, uma vez que o exercício autoral dota o adolescente da possibilidade da descoberta.

Os leitores encontrarão uma variedade de gêneros, dos jornalísticos aos tipos textuais mais rígidos, a exemplo da dissertação. Todos os escritos foram selecionados pelo critério do potencial criativo do aluno e da habilidade da expressão linguística.

É, enfim, um convite à reflexão sobre o sentido da vida individual e coletiva, importante experiência na formação de nossos alunos-escritores.

O homem se faz livre por meio do domínio da palavra.É através dela que ocorre o enriquecimento intelectual e cultural do ser humano.

EQUIPE DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

os6 Anos - Fundamental

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os7 Anos - Fundamental

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SUMÁRIO

A PERSEGUIÇÃO - Mariana Romero do Valle

AUTOBIOGRAFIA - Caio Lopes Wakai

ANDANDO DE BICICLETA - Mitie Yoshitake Rocha

BRASIL, GANHA PARA MIM! - Victor Hideki Oossawa

AS BRINCADEIRAS - Izabela Hiromi

A CIDADE DA SALA 25 - Flávia Misawa Hama

FIM DO VILÃO - Liz Melissa Oliveira Silva

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE DOIS IRMÃOS - Gabriel Kiyoki Hanashiro

COMO SERÁ - Rodrigo Volpe Battistin

VIAGEM PARA MIAMI - Nicole Carvalho Gordano

ERA UMA VEZ UM VESTIDO - Vitória Aranha de Medeiros

HEXACAMPEÃO - Helena Micucci Pires do Amaral

MUDANÇA TOTAL NO PRÉDIO - Pedro Baron Drudi

MEUS PENSAMENTOS - Bruna Trombotto

O PROBLEMA DO BULLYING - Rodrigo Santos Martines

BRASIL, GANHA PRA MIM! - Stephany Mika Uno

CAÇAR? NEM PENSAR - Aline Cristina de Souza Garcia

UM GRANDE ACORDO - Guilherme Policeno Consentino

MEU DESESPERO - Giovanna Micucci Pires Amaral

O GAROTO ESTRANHO - Gabriela Yuri Ishikawa

O INSANO - Vinicius Lopes de Queiroz

COPA DO MUNDO... ISSO É BOM OU RUIM? - Daniela Pedro Fontes

O PNEU FURADO - Beatriz Suemi Fugimoto

MADE IN USA - SEM RECALQUES - Pedro Yanaze

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os8 Anos - Fundamental

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os9 Anos - Fundamental

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E AGORA? - Guilherme Háfez Knirsch Pereira

LUA NUA - Thais Delfino

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO! - Letícia Dametto de Souza

A FOLHA - Maurício Martins

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO - Giovana Mirna Gonçalves

EU? POETA? - Ana Cláudia Bérgamo

A COLISÃO - Mateus Navarro Alle

V-REX - Thiago Chagas Baz

UM PIRATA PERDIDO NO GRANDE OCEANO - Paulo Canedo

O ACIDENTE QUE MUDOU SUA VIDA - Gustavo Misawa Hama

O ESTRANHO CASO DE JACAREZINHO, PARANÁ - Eric Batista da Silva

UM DIA - Luis Gustavo de Castro Calixto

BRANCO - Lucas Hayasida

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO! - Giovanna Dias

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO - Marcella Nogueira Zini

UMA VIDA VAZIA - Julia Baron Drudi

GUERRA - Paula Naomi Yonamine

NAS RUAS DE IPANEMA - Maria Julia de Azevedo

UM ACAMPAMENTO INFERNAL - Rafael Nazima

GUERRA - Carolina Takose Yamauti

CASA MAL ASSOMBRADA - Natália Barreto Meira

A SUPERAÇÃO NO ESPORTE - Renato Abate

UMA CARTA PARA A GAROTA MAIS DOCE QUE JÁ CONHECI - Thaly Yukie Wachi Tamura

QUEM SOU EU? - Beatriz Barreto Meira

os2 Anos - Ensino Médio

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RIR É O MELHOR REMÉDIO - Gabriela Tiemi Kasahara

CARTA À VEJA - Thais Carvalho Ferreira

CARTA - Gabriel Harada Luna

CARTA À VEJA - Samantha Laksmi Viegas

CARTA À VEJA - Joana Terumi Uchino Rezende

CARTA ARGUMENTATIVA - Isabela Cristina Hashimoto Alvarez

CARTA DO LEITOR - Giulio Mezzacapa

CARTA ARGUMENTATIVA - Leonardo Baiardi Lopes

AONDE OS PROBLEMAS NOS LEVAM - Raphael Gavino Biondi

ALTERNÂNCIA DE CARÁTER, POSSÍVEL JOGO DE MARKETING - Guilherme Higuchi Kato

CARTA REDAÇÃO SENSACIONALISMO - Victor Velanga

CARTA À VEJA - Gabriel Lipere Rodrigues

os1 Anos - Ensino Médio

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A FUGA - Leila Mayumi Andersen

UM AMOR PERDIDO - Mariana Suzue Matsubara

UM SONHO NEBULOSO ESTADUNIDENSE - Caroline Puccione Katsuda

NÓS NOS LEVANTAMOS LENTAMENTE - Vinicius Cravo Gontijo

MEIOS - Guilherme Dias de S. Matunaga

WE DIDN’T BELONG TO THE OUTSIDE WORLD - Larissa Fagali Garritano

O AMOR ULTRAPASSA LIMITES - Natália Morita Rosseto

PAZ E AMOR? - Beatriz Miho Kague

O GAROTO POR QUEM ME APAIXONEI - Letícia Lemos Loschiavo

PAZ E AMOR - Leonardo de Carvalho Porta

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA - Fábio Luigi Rucignolli

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os3 Anos - Ensino Médio

O PROBLEMA DOS MENORES CRIMINOSOS - Samuel Leon Cunha Lara

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA VIDA DAS PESSOAS - Beatrice Constance F. Belem Simão

A ARTE DAS RUAS - Vinicius Brito Martins

PRIVACIDADE PÚBLICA - Thabata Lima Araújo Reis

A DIFERENÇA - Priscila de Andrade Pedra

REALIDADE TRANSPARENTE - Verônica Righetti

os 6 Anos

Aline

Guilherme

BrunaMariana

Helena

Mitie

Pedro

Caio

Victor

Rodrigo

Izabela

IX PRÊMIO JOVEM ESCRITOR

Stephany

o6Anos - Fundamental

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Professora Maria Inez Ferreira de Jesus

Difícil falar sobre nós mesmos! Entretanto, mesmo estando no início de uma jornada emocionante e marcante, mesmo estando apenas no 6º ano, estes alunos já demonstram saber o que querem para a vida deles; já nos mostram o que querem e reconhecem; valorizam o seu passado, a sua história e sonham com um futuro brilhante, que se inicia neste princípio de adolescência. Esses são os nossos alunos que “estavam na barriga da mamãe” quando o Brasil foi campeão mundial de futebol, em 2002, por isso, eles pedem para o Brasil jogar e ganhar essa Copa para eles.

A própria história, a história dos amigos de classe, o sonho do hexacampeonato, momentos de transição, as novas responsabilidades, os heróis que parecem resolver todos os problemas, a transcrição de uma pintura rupestre estudada nas aulas de história... quanta imaginação têm esses meninos e meninas com asas imensas, alçando voos que prometem ser emocionantes, já que são abastecidos pelo inesgotável combustível dos sonhos!

A seguir, vocês poderão saborear as mais bonitas histórias de nossos alunos osdos 6 Anos nesta edição anual do Prêmio Jovem Escritor, e também

descobrir a riqueza que essas pessoas, tão especiais, podem nos oferecer nos textos que criam.

IX PRÊMIO JOVEM ESCRITOR

...uma homenagem a Clarice Lispector

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A PERSEGUIÇÃOMariana Romero do Valle

Certo dia Ketai, um jovem alto, de cabelos escuros, procurava por alguma árvore que tivesse frutos. Onde vivia não tinha muitos animais, nem mesmo vegetação. Ele procurava, mas nenhuma fruta aparecia, até que viu um animal correr a alguns metros de distância. Era um cavalo. Ketai o seguiu até um rochedo e lá estava outro cavalo. O jovem voltou então para a sua caverna.

Ao chegar lá, Duma, sua amiga, tentava acender uma fogueira. Ketai lhe disse que achou comida, mas precisava de ajuda para caçá-la.

Goota, outro amigo, o mais novo dali, trouxe-lhes mais lenha. Ketai falou que precisava de ajuda para caçar e o garoto concordou em ajudá-lo.

No dia seguinte, logo cedo, o jovem e seus amigos correram para o rochedo onde estavam os animais.

Havia lá três cavalos: um macho, uma fêmea e um filhote.Os três amigos combinaram que Ketai caçaria o cavalo macho e Goota e Duma

caçariam a fêmea e o filhote.Ketai espantou o cavalo para fora do rochedo. Duma ficava impedindo a fuga do

filhote e de sua mãe. A égua colocou-se à frente de seu filhote para protegê-lo, mas Goota pulou de cima de uma pedra e agarrou o pequeno cavalo. Ao virar para trás, a égua ergueu-se sobre suas patas traseiras, pronta para pisotear o menino, quando o amigo de Goota apareceu e atirou uma pedra no animal, que caiu no chão, ferido.

Ketai juntou-se a Goota e Duma, ele tinha capturado o macho e o levado para a caverna. Eles levariam o filhote para a caverna também, mas não saberiam o que fazer com uma égua ferida que não conseguia se levantar.

Os dois mais velhos voltaram à caverna e decidiram que mudariam de “casa”; iriam viver na caverna do rochedo.

Goota ficou sentado, olhando a égua deitada. Ele não gostava de ver aquilo. Então, segurou delicadamente a cabeça dela e arrumou suas patas para que ele pudesse levantá-la. E assim, ela conseguiu levantar-se. O garoto amarrou-a com um cipó atrás do rochedo para que, quando Ketai e Duma chegassem, ele pudesse assustar os cavalos e soltar a fêmea.

Quando os dois voltaram, Goota berrou. O cavalo libertou-se dos cipós do garoto mais velho e fez Duma soltar o filhote de seus braços. Rapidamente, o menino correu para trás do rochedo e libertou a égua.

Goota ficou orgulhoso do que fez, até porque salvou vidas.

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AUTOBIOGRAFIACaio Lopes Wakai

Meu nome é Caio, tenho 10 anos, nasci no dia 14 de abril de 2003 e estudo no Colégio Montessori. Agora vamos ler a minha autobiografia.

1ª fase: nasceu o pescadorNo meu nascimento minha mãe estava no hospital Santa Joana. Eram

10 horas e 30 minutos quando eu nasci.Quase todos os meus parentes estavam lá: meus tios Marcos, Haroldo, Nelson, Xandi, Fredi, as tias Lucélia e Neca e, claro, os

meus primos Paulo Henrique e João Pedro. Meu pai acompanhou o parto todo e ele foi super tranquilo.

Eu cresci um pouquinho e meus brinquedos favoritos eram o BJ, um bicho de pelúcia que não deixava lavar e carrinhos; me recordo também de que eu pegava as coisas da

minha irmã e saía correndo. Eu não gostava de chupeta.

MUDANÇA TOTAL NO PRÉDIOPedro Baron Drudi

A minha última semana de aula no quinto ano foi maravilhosa; forçava meu pai a sair de casa mais cedo e, quando chegava na escola, curtia com os meus amigos como se não tivesse o amanhã.

Nas minhas férias inteiras fiquei em Ubatuba, com a minha família, numa casa alugada, longe da praia. O dia inteiro brincava com os meus amigos, mas esse sossego só durou até o dia vinte e sete de janeiro.

No último dia de férias, nem dormi, fiquei esperando a noite passar e fui para a escola sem tomar café.

Ao chegar, vi a lista de chamada e fiquei triste porque ficara sem metade dos meus amigos. O pessoal do oitavo zoou um pouco comigo, mas dei o troco nesses meus amigos mais velhos. Não tive problemas escolares, pois na segunda semana, eu já estava engrenado.

Parei de falar com alguns amigos, pois comecei a andar com o pessoal da outra sala. Pedi à Branca para ela me mudar de sala, mas ela não deixou.

Agora estou muito feliz, mesmo que eu não esteja na sala da maior parte dos meus amigos, os vejo na entrada, no intervalo e na saída. Também os encontro nas festas. Estou sem espaço para tristeza.

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MEUS PENSAMENTOSBruna Trombotto

Na última semana de aula do ano passado, eu estava muito triste e meus amigos também, pois estávamos pensando negativamente, já que a minha antiga escola só ia até o 5º ano e todos nós íamos nos separar. Eu tinha uma amiga que, desde os dois anos de idade, éramos super amigas!

Na sexta-feira, último dia de aula, houve o show de talentos na minha escola e minhas amigas se apresentaram e ganharam. Aconteceu a comemoração e, ao final, todos nós começamos a chorar, junto com a professora, foi pior a choradeira que um velório de novela. Logo depois, começaram a chamar os nossos nomes para irmos embora e todos nós falávamos “Eu não vou embora!”. Acabaram as aulas, mas não acabou o nosso contato! Nas férias criamos grupos no Facebook, no Whats App.

Depois de um mês, acabaram as férias e entrei nessa escola maravilhosa. Pensei que todos os meus amigos do Montessori não fossem descolados, fossem ricos, chatos, mimados, mas percebi que era exatamente o contrário disso. Eles são simpáticos, gentis, bondosos, muito legais e descobri que as aparências enganam!

Na vida todos nós seguimos nossos caminhos e o meu é esse!

2ª fase: do que eu gostava...Quando tinha 5 anos eu provocava muito a minha irmã, falando que eu era melhor

que ela. Eu também adorava cantar.Eu lembro que gostava de animais e tinha vários deles de brinquedo. Lembro-me

de quando eu era pequeno e não era nada tímido.Quando eu tinha mais ou menos 6 anos, eu adorava jogar futebol com meu pai. Eu

brincava muito com minha irmã e adorava tocar bateria, então ficava imitando as baquetas com o dedo.

3ª fase: eu fiquei grandeQuando tinha 7 anos eu ainda brincava com meus carrinhos, inventava histórias e

desenhava muito bem.Eu também gostava de brincar de pescar e cortava camarão para minha irmã. Até

hoje gosto muito de assistir a filmes.

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ANDANDO DE BICICLETAMitie Yoshitake Rocha

Com quatro anos eu andava de bicicleta com rodinhas e eu gostava muito de andar assim. Quando fiz cinco anos, decidi andar sem rodinhas. Todos os dias, depois da aula, eu ia para o quintal com meu pai para eu andar de bicicleta, mas na hora de andar, eu caía muito e, com certeza, eu me machucava, mas não chorava, porque faz parte cair, já que é assim que você vai aprendendo.

O meu pai me ajudava, me empurrando e, com o tempo, consegui ter equilíbrio e não cair mais.

Depois fui aprendendo a virar com a bicicleta, isso já era um pouco mais fácil, mas demorei algumas semanas para aprender.

Quando fiz seis anos meus pais me deram uma bicicleta nova e eu adorei.Com oito anos já andava até na rua, com minha mãe e meu pai.Até que meu irmão nasceu. Ele está com seis anos e agora é a vez dele aprender!

O PROBLEMA DO BULLYINGRodrigo Santos Martines

Bullying sempre acontece,Não tem jeito de escapar.Um dia aparecepara nos torturar.

Se você puder,tente ignorar.se não puder,tente resolver.

Tome atitude,pedindo ajudase preciso, mas não seja rudepara se defender.

Não deixe isso o abalar,se não, irá sua vida atrapalhar.Vamos nos conscientizarpara com isso acabar.

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HEXACAMPEÃOHelena Micucci Pires do Amaral

Esse ano tenho esperanças do Brasil ser campeão mundial novamente, e ver, com meus próprios olhos, o que todos sempre disseram “Quando o Brasil ganhou a Copa...” Isso é o que eu sempre quis, desde pequenininha torcendo, desde pequenininha sofrendo, ver, a cada quatro anos, uma festa em outro país, não no nosso! Não no Brasil!

Esse ano também verei uma grande festa que não será na Espanha ou na Itália, será aqui, no meu país.

Acordar, ligar a TV e escutar o locutor, a cada jogo, gritar "É gooooolll!" e será no Brasil, até que um dia escutarei "É hexacampeão!". Ter orgulho de ser brasileira, ter orgulho da minha nação. Olhar pela janela e ver a felicidade de cada um., sentir o que eu sempre quis, orgulho de onde nasci, de onde eu vivo e aprendi tudo o que sei, ver a cara de todos aqueles que já falaram mal do Brasil mudar de opinião e usar a camiseta da Seleção Brasileira!

Será que meu sonho será realizado? Brasil, ganha essa Copa pra mim!

BRASIL, GANHA PRA MIM!Stephany Mika Uno

Eu nunca presenciei o Brasil ganhar a Copa do Mundo. Bem no ano em que eu nasci, o Brasil foi campeão e ganhou a Copa, mas eu ainda não tinha nascido e é por isso que eu quero muito que o Brasil ganhe.

As chances agora são maiores, já que a Copa vai ser aqui no Brasil, meu país.Eu estou muito ansiosa com essa Copa e acho que toda a população brasileira

também.O Brasil é o ÚNICO pentacampeão no mundo, a emoção vai ser muito

grande se eu puder ver o Brasil ganhar, na sua própria casa, e ainda saber que poderá ser o ÚNICO Hexacampeão no mundo.

Ah, Brasil, joga e ganha pra mim, vai?!

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BRASIL, GANHA PARA MIM!Victor Hideki Oossawa

Eu vou fazer 11 anos e, por um ano, eu não vi a festa no país, todo o Brasil sendo campeão da Copa do Mundo de 2002.

O nosso país sempre foi conhecido como o país do futebol, sendo o único a ganhar cinco mundiais de seleções da Fifa e a participar das 19 edições da Copa do Mundo, conquistando medo e respeito por parte das seleções que nos enfrentam em campeonatos.

O futebol está finalmente voltando para a sua “casa”, para o lugar onde mais se destacou, então nós, brasileiros, teremos que fazer nosso dever de casa e apoiar a nossa seleção ao máximo, mostrando para todo mundo o lado festeiro do nosso país, quando formos campeões.

O nosso país criou o Pelé e o Garrincha, que sempre foram conhecidos como os melhores de todos os tempos. Criou também outros craques e mesmo assim eu não o vi jogando por nenhum de seus cinco títulos. Agora esta Copa dá mais uma chance, agora com o incentivo de jogar em casa, então, por favor, Brasil, ganha para mim.

CAÇAR? NEM PENSARAline Cristina de Souza Garcia

Um pai de quarenta e dois anos foi ensinar a seu filho de dez a caçar. Embora o filho fosse nervoso e mal-humorado, o pai insistiu tanto, que ele aceitou.

- Frederico, meu filho, vamos caçar!- Pai, estou assistindo à paisagem!- Ora, filho, desgruda os olhos da paisagem e vamos!

- Não!- Escuta, eu sei que você é magrelo e fraco, mas papai o ensina a ser

um garoto forte, cheio de músculos e você poderá se tornar um belo caçador!

O menino olhou para o pai, desconfiado, e aceitou ir com ele, afinal o pai tinha muitos músculos, era forte, saudável e todos

gostavam do seu nome: Josefy.Uma hora depois, conseguiram pegar um bisão filhote,

que começou a chiar e fazer muitos sons bem estranhos. Tantos foram os sons que logo sua mãe apareceu e os

ameaçou, fugindo com seu filhote.

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Então, desapontados, os dois “caçadores” já estavam a caminho de volta de sua caverna, quando viram um homenzinho gorducho, pulando e gritando, surgir:

- Ei, tiozinho!- Quem? Eu? – Perguntou o pai, intrigado.- É. Você e seu gurizinho. Venham aqui. Quero lhes dizer que os vi caçando sem

sucesso e vejo que estão com fome. Venham para a minha lanchonete. Eu tenho filés maravilhosos.

E assim foi. Pai e filho ficaram de barriga cheia. Quando saíram da lanchonete, o filho comentou:

- Pai, agora que temos uma lanchonete perto da nossa caverna, caçar de novo, nem pensar, né?!

AS BRINCADEIRASIzabela Hiromi Kague

O Carnaval de 2014 eu passei na casa do meu tio, lá em Itupeva. Fiquei lá apenas os quatro dias.

No primeiro dia, não deu para fazer muita coisa, porque chegamos muito tarde e, além disso, tinha acabado a luz!

No segundo dia, comemoramos o aniversário da minha prima. Lá fizemos churrasco e ficamos o dia inteiro na piscina. No final do dia, cantamos parabéns, cortamos o bolo, fomos ao parquinho, pulamos no pula-pula, jogamos basquete, brincamos de “três corta” e de várias outras brincadeiras divertidas, mas a que eu mais gostei foi de brincar com as latinhas de espuma! Corremos pela casa toda, com as latinhas e com caixinhas de biribinhas!

No terceiro dia pulamos no pula-pula, com bexigas d'água! Foi muito divertido! No final do dia, ficamos mais uma vez sem luz.

No último dia, pintamos os cabelos, com spray de tinta, mas logo após, fomos embora.

O que eu mais gostei nessa viagem foi de ficar com a minha família!

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UM GRANDE ACORDOGuilherme Policeno Consentino

Era uma vez um menino chamado João. Ele levava uma vida normal com amigos, pais, irmão e escola.

Ele, todos os dias, tinha que acordar bem cedo para tomar banho, arrumar a cama, tomar café da manhã e ir para a escola. Ele se esforçava, mas não conseguia tirar notas boas e, sempre que chegava em casa, seu irmão o esperava para lhe pregar uma peça. Seus pais viviam dando bronca nele, sua vida era um desastre, nada dava certo para João.

Até que certo dia, quando ele foi dormir, ouviu um pequeno barulho de passos sobre o piso de madeira de seu quarto. Ele acendeu o abajur para ver se via alguma coisa e, quando olhou para o chão, viu um rato gordo e peludo, com um chapéu de mágico na cabeça.

João deu um berro enorme, mas o rato o parou e disse: - Não grite! Não grite! Eu só estou aqui para ajudar.João, apesar de assustado, ficou quieto e, quando seu pai entrou no quarto, João

disse:- Não é nada, pai! Era só um sonho!E seu pai foi embora.O rato disse que se ele o ajudasse a encontrar sua família, iria melhorar sua vida,

fazendo com que tudo desse certo.João aceitou a proposta e o rato deu sua varinha mágica a ele.Do dia para a noite a vida de João melhorou muito, tudo que ele queria, num passe

de mágica; acontecia. Só que então chegou a hora de João ajudar o rato a encontrar sua família que morava muito longe. O rato a perdera em um dia de muita chuva.

João fez um barco para o rato, já que sua família estava do outro lado do oceano, em uma ilha, e o único jeito de chegar lá, era de barco. João

também fez um mapa e entregou uma bússola para ele se localizar. O rato queria que João fosse junto, mas ele disse que não, porque seus pais

não poderiam saber de nada.

os 7 Anos

Nicole

Gabriela

GabrielVinicius

Flavia

Giovanna

Liz

Rodrigo

Daniela

Beatriz

Pedro

IX PRÊMIO JOVEM ESCRITOR

Vitória

o6Anos - Fundamental

os7

Professora Maria Inez Ferreira de Jesus

Com o objetivo de diferenciar enredo de história nas narrativas ficcionais, os textos produzidos seguem uma sequência linear, com uma disposição cronológica, ou não linear, usando a inversão de ordem, com saltos no tempo, elipses e cortes, surpreendendo-nos pela criatividade.

Deixar que o outro se “apodere” da história ao narrá-la em 3ª pessoa do discurso, ou contando a história do outro como se fosse ele próprio, narrando em 1ª pessoa um enredo que não foi vivido por ele mesmo, uma experiência que resultou em textos envolventes.

Perceber a poesia como meio de demonstrar opinião de uma forma divertida ou sensível.

Criar narrativas de aventuras, usando o fantástico e a ficção, como dar características humanas a animais, e opinar sobre fatos atuais, como a realização da Copa do Mundo de Futebol em nosso país.

os Os alunos dos 7 Anos homenageados deste ano conseguiram expressar os seus melhores sentimentos, emocionando-nos e enchendo-nos de alegria por descobrir talentos tão jovens e cheios de criatividade.

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MEU DESESPEROGiovanna Micucci Pires Amaral

Era setembro de 2013 e, naquele fim de semana, eu sairia com meus amigos. Em cima da hora, minha mãe me avisou que iríamos para o meu sítio, mas ela me deixou levar a Agatha, minha melhor amiga.

Era uma sexta-feira; nós começamos a viagem e, para variar, eu adormeci. Foram duas horas bem calmas.

Chegamos lá e todos estavam cansados, então fomos direto para a cama, onde entramos em um sono profundo.

No dia seguinte, nós fomos para a piscina e, depois de um tempo, minha irmã falou que estava com fome, então a minha mãe levou bolinhas de queijo para comermos, só que a Agatha é intolerante a lactose, mas mesmo assim, ela comeu as bolinhas de queijo.

Meia hora depois, a Agatha começou a passar mal e nós resolvemos descer. Nos trocamos e começamos a colocar o papo em dia, no quarto do meu tio, que estava desocupado.

Dali a alguns instantes, a Agatha teve a brilhante ideia de colocar a cabeça no buraco da grade da janela, mas ela conseguiu tirá-la facilmente. Minha irmã nem tentou, do jeito que ela é cabeçuda, ficaria certamente presa! Eu coloquei a cabeça sem problema, mas quem disse que eu conseguia tirar a cabeça do buraco da grade?!

Eu comecei a entrar em pânico, chorar e depois berrar. Elas saíram correndo para chamar a minha mãe.

Do jeito que a minha mãe é exagerada, eu acho que ela pensou que eu estivesse morta. Quando ela me viu, ficou meio tranquila, mas eu disse que estava doendo, não era para ela ficar tranquila!

Minha mãe, com calma, conseguiu tirar minha cabeça (eu não sei como). Depois eu deitei na cama, tomei fôlego, ri um pouco e voltei ao papo!

No dia seguinte, pedi para as meninas não contarem para ninguém sobre o acontecido e continuamos a viagem.

Na escola, já passado o susto, eu não liguei mais e contei para todo mundo, e rimos muito juntos.

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A CIDADE DA SALA 25Flávia Misawa Hama

Alis, um garoto de 17 anos, e sua cadela Dee andavam por um corredor esburacado de sua velha escola em uma cidade que agora era abandonada. Então chegaram à sala 25, onde perceberam haver um buraco negro no lugar em que deveria estar a porta. Eles entraram e perceberam estar em uma sala totalmente nova. Pela janela era possível ver a cidade que deveria estar abandonada, mas que, naquele momento, estava totalmente restaurada, pois aquela era a “Cidade da Sala 25”. Uma cidade presa a um loop, que se repetia sempre no dia 27 de abril. A cidade estava apinhada de gente, porém nenhuma daquelas pessoas tinha conhecimento do ciclo do loop que sempre aparecia no dia 27 de abril.

Entretanto. Alis percebeu que não era apenas a cidade que mudava naquelas condições, mas sua cadela Dee também adquiria uma forma humana, tornando-se uma linda garota de cabelos compridos, aquela era sua forma real, mas ela apenas adquiria aquela forma ali, na sala 25.

Os dias foram se passando. Alis corria pela cidade real, procurando por uma forma de romper o loop, enquanto Dee, em forma de cadela, fazia de tudo para impedir Ali de fazê-lo, pois acreditava que sua morte, no mundo real, ocasionara o ciclo e sua destruição faria com que desaparecesse.

Dee decidiu, então, agir rápido e foi até a sala 25, sua antiga classe. Posicionou-se na frente de todos e, já na forma humana, simplesmente jogou uma pedra na cabeça de um dos seus colegas. O garoto caiu e o sangue começou a se espalhar. Segundos se passaram, o menino se levantou, como se nada tivesse acontecido. No chão, o sangue desaparecera e todos olharam boquiabertos. Dee deu um sorriso sarcástico e começou a falar:

- Viram? Esse é o efeito do loop! Mas vocês não se lembram de como ele surgiu, certo?

Ela foi até a lousa e escreveu “27 de abril”. Houve um tremor no ar e ela se dirigiu até a janela.

- Nós nos preparávamos para o festival; eu prendia uma faixa aqui, nesta janela e... caí. A atmosfera mudou.

- Sim! Pela janela vimos tanto sangue! Desejamos que aquilo nunca tivesse acontecido! – balbuciavam os alunos – então criamos acidentalmente essa cidade presa ao loop.

Na biblioteca, Alis notara os estranhos tremores, a cidade estava recomeçando o ciclo. Ele correu até a sala 25.

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- Infelizmente isso Alis não poderá saber. Recomeçarei o loop, assim ele ficará preso ao loop e eu poderei viver.

Ela subiu no parapeito da janela e se jogou naquele dia 27 de abril. Porém alguém a agarrou e a puxou de volta e esse alguém era Alis. Então ela se lembrou:

- Não fui eu! Alis, foi você que morreu para me salvar... E mesmo assim, tentou romper o ciclo, mesmo sabendo que eu desapareceria?!

- É claro, eu já morri, mas vocês não. Ainda há uma vida para se viver. Houve um tremor e a porta se transformou no mesmo buraco de antes. Agora que sabem da verdade, podem sair.

Todos hesitaram, mas foram saindo aos poucos. Dee tentou se desculpar, mas recebeu um beijo na testa e logo foi empurrada por Alis para a porta. A cidade da sala 25 se autodestruiu junto a Alis. Ele já estava morto, mas foi salvo pelos seus colegas. Agora foi sua vez: os salvou dando sua própria vida.

O GAROTO ESTRANHOGabriela Yuri Ishikawa

Esse é o ano da Copa do Mundo de futebol no Brasil. Alegria, felicidade para todo brasileiro, mas sem pensar em investimentos mais importantes que agradassem os brasileiros e não só os estrangeiros.

Há pontos positivos e negativos da Copa do Mundo de futebol que tanto poderão melhorar o nosso país, mas também piorar para nós, brasileiros.

O Brasil tem muitos problemas, mas também houve muitas melhoras em pontos como a geração de empregos, a melhoria na infraestrutura de aeroportos, estádios, estradas, transporte público, entre outros.

O foco, que antes era a saúde, a educação, o combate à violência em geral, passou a ser outro: a realização da Copa. Parece até que os problemas cessaram, foram resolvidos, só que não. Estão gastando bilhões na realização dessa Copa, mas se esquecem do essencial para o nosso país.

Não sabemos ainda como será a realização dessa Copa, já que muitos estádios ficaram prontos na última hora, assim como toda a infraestrutura necessária, mas devemos acreditar que o Brasil conseguirá fazer uma bela Copa, afinal o brasileiro ama futebol e é otimista.

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FIM DO VILÃOLiz Melissa Oliveira Silva

Certa vez, na Grécia antiga, havia um herói chamado Homero. Ele tinha 21 anos e era fantástico: alto, forte, bonito, bem-humorado, honesto, inteligente, ágil e, simplesmente, adorava salvar as pessoas e vê-las felizes, fora de perigo.

Entretanto, na mesma Grécia, havia um vilão conhecido por Senhor Sombrio, que não gostava de Homero, pois este era amado por todos e tinha uma vida simplesmente perfeita.

O Senhor Sombrio era um vilão porque quando criança seus pais morreram repentinamente e nenhum de seus parentes gostava dele, então, abandonaram-no numa caverna fria e escura, onde ele passou a viver e ali cresceu até tornar-se adulto. Este local passou a ser, então, o seu esconderijo.

Os dois viviam em conflito, já que o Senhor Sombrio estava sempre tentando atrapalhar o caminho de todos e, Homero, tentando sempre salvar o povoado.

Um dia o Senhor Sombrio tapou o sol com uma de suas sombras. Todas as pessoas ficaram desesperadas, pensando em como não poderiam mais cultivar suas plantas e que, dias depois, todos estariam mortos.

Então apareceu Homero. Ele e o vilão tiveram uma briga feia por causa da sombra que tapava o sol e, depois de uma hora, o herói havia matado o Senhor Sombrio por completo. Depois de alguns meses, Homero se aposentou, já que não havia mais com quem guerrear. Então ele virou uma pessoa comum e seus poderes desapareceram por falta de uso.

O INSANOVinicius Lopes de Queiroz

No dia 26 de abril de 2014, eu e minha família viajamos para Fortaleza, no Ceará.

Acordei às 5h15 da manhã, tomei café da manhã, me troquei e saímos rumo ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em

Guarulhos.Quando chegamos, como o meu pai já tinha feito o check-

in pela internet, só despachamos as bagagens e fomos lanchar.Depois disso, chegamos à aeronave da TAM, um Airbus

A321 e, não demorou muito para dizerem “Decolagem autorizada”. Pouco depois das 10h, decolamos.

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Pousamos no Aeroporto Internacional Pinto Martins, às 13h. Depois fomos, de carro, à Arena Castelão, onde almoçaríamos. Para ser sincero, a Arena é enorme, tudo muito moderno e a comida é ótima!

Chegamos ao hotel Acqua e, na hora, eu fui descansar no quarto. Também assisti à tevê até a hora do jantar. A refeição tinha uma variedade de opções de salada a frutos do mar. Nos primeiros dias de Beach Park, fui em várias atrações: Arrepius, Kalafrio, Ramubrinká, Atlantis, Zumptchinum, entre outros. A única em que não fui foi no “Insano”.

O “Insano” é uma atração radical, que tem 41 metros de altura, no qual você pode atingir até 110km por hora.

No dia 29, numa terça-feira, eu decidi tentar a sorte. Foram cinco minutos de subida, até chegar ao topo, quando, finalmente, chegou a minha vez.

Contei até três e soltei da barra... desprendi-me e foram quatro segundos de queda livre. Foi inesquecível! Fui mais quinze vezes!

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE DOIS IRMÃOSGabriel Kiyoki Hanashiro

Oi, eu sou a Mariana e gosto muito de brincar com o meu irmão porque, confesso, tenho inveja dele. Eu vou explicar. Eu sou só um rostinho bonito, enquanto o meu irmão Gabriel Hanashiro é lindo, inteligente, esperto e tem pouquíssimos defeitos. Eu sei que sou horrível com ele... ahh, esperem, ele vem vindo!

- Oi, Mariana!- Ah... não encha a minha paciência, seu chato! - Que ignorância, hein, garota?!- Ah... oh mãe, o Gabriel acabou de me bater! – tentei usar a chantagem.- Mas eu não fiz nada! – disse ele com aquela cara de quem sempre está

certo!Agora minha mãe vem, briga com ele e tira o videogame PS3 novinho

dele! O que eu fiz? Eu sou mesmo horrível!Algumas horas depois de me arrepender muito pelo que eu fiz

ao meu querido irmão, de chorar incessantemente, em minha mente escondem-se minhas emoções que se fortalecem com as músicas que ouço. Agora quero me despedir de vocês, pois vou dormir, já que sou mesmo muito má e o meu irmão é o máximo!

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COPA DO MUNDO... ISSO É BOM OU RUIM?

Daniela Pedro Fontes

O ano de 2014 finalmente chegou. Copa do mundo, eleições, tudo no mesmo ano, tudo no meu país, o Brasil! Todo mundo com orgulho de ser brasileiro, até que a gente se lembra... e reflete.

Sobre a Copa do mundo de futebol, há pontos negativos, como o governo que “planejou” tudo e, por isso, os estádios quase não ficaram prontos; muitas obras não conseguiram ser concluídas. como aeroportos, estradas. Além disso, a saúde, a educação e os cuidados com a violência foram deixados de lado e tudo isso por causa da Copa do Mundo.

Entretanto, o fato da Copa do mundo ser realizada em nosso país, também trouxe pontos positivos, como reunir as famílias, os vizinhos, os amigos para assistirem aos jogos, o futebol do mundo volta-se para o Brasil, todos ficaremos animados, muitos turistas estarão aqui e é uma coisa diferente que ocorrerá este ano em meu país e eu vou presenciar e viver isso.

Quando pensamos na Copa do Mundo, pensamos em todos juntos, reunidos, torcendo, sem mesmo nem se conhecer. Entretanto hoje, já não é assim, pois pensamos também na falta de educação, de saúde, enfim, nas necessidades que muitas pessoas estão passando porque o governo não faz a sua parte.

Mesmo assim, já está feito, os estádios estão prontos, os jogadores escalados, enfim, agora é “curtir” o momento, é fazer tudo para que os outros países não achem que a Copa, no Brasil, foi uma droga! Agora temos que fazer bonito e receber todos muito bem, com respeito e educação.

COMO SERÁRodrigo Volpe Battistin

Graças à realização da Copa, muitos empregos foram gerados na construção dos estádios, na melhoria da infraestrutura, além do

comércio em geral. Esses novos trabalhadores estão aperfeiçoando os aeroportos, as estradas, o transporte público,

o que não aconteceria sem a presença da Copa em nosso país.O governo passou a investir muito mais no país após a

confirmação da realização da Copa aqui. O Brasil não sediava uma Copa há mais de 60 anos e isso também deixou a

população, a princípio, muito eufórica.

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A realização da Copa trará, também, muito dinheiro com a venda de ingressos, de passagens aéreas e terrestres, de hospedagem. Entretanto, não temos certeza de que o Brasil tenha tanta capacidade para hospedar todos os turistas.

O valor investido nas construções voltadas para a Copa é muito maior do que deveria ser, além de que o governo deveria gastar esse dinheiro em outros investimentos como saúde, educação, no combate à violência, entre outros.

Sabemos que a realização da Copa em nosso país poderá também ser usada nas campanhas eleitorais, o que é injusto, pois isso serve apenas para iludir o povo de que o político é bom para ser eleito, ou reeleito, mesmo não sendo.

MADE IN USA - SEM RECALQUESPedro Yanaze

Tudo começou no dia 3 de julho de 2013, quando minha mãe me contou que iríamos para os Estados Unidos. No começo eu achei ruim (não me pergunte o porquê), mas ao longo do tempo, me conformei, né? Faltavam, na época, ainda cinco meses para a viagem, mas tudo passou rápido demais.

No dia do embarque, o aeroporto estava vazio. Graças a Deus, deu tudo certo. Quando nos chamaram, foi uma alegria. Demorou um pouco para decolarmos, mas logo pousamos no aeroporto de Los Angeles. Passamos pela alfândega e subimos por um túnel onde meu tio nos esperava para nos levar para sua casa.

No dia seguinte, fomos às compras. Nos dias 8, 9 e 10 fomos à Disney. Foi sensacional! Eu só não entendi por que as mães levam os seus filhos de 2 anos para a Disney. Eles nem vão lembrar mesmo que foram, né? Mas... enfim...

Nos dias 11 e 12 descansamos e fomos às compras mais uma vez. Já no dia 13 fomos ao Sea World, um parque aquático bem maneiro. Nos últimos dias fomos visitar os museus e as cidades.

Foi bem divertido, pois fomos a vários lugares legais e famosos. Um lugar no qual fomos e que é famoso, mas que eu não gostei tanto, foi Hollywood. Lá há muitas pessoas fumando e tal. Eu ainda não sei como respirei tanta fumaça de cigarro dos outros lá!

No fim da tarde daquele dia fomos ao Museu de Ciências, onde pude ver um monte de coisas legais e a nave espacial Endeavour, muito legal!

Eu gostaria de contar muito mais aqui, mas já são 23h e eu estou tão cansado. Valeu, pessoal!

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VIAGEM PARA MIAMINicole Carvalho Gordano

A viagem dos sonhos estava prestes a acontecer! Uma semana em Miami com minha mãe!

Como uma boa irmã, a Natália e o namorado dela levaram-nos até o aeroporto. Chegando lá, percebemos que estávamos atrasadas por causa do congestionamento, então eu e minha “mamis poderosa” ficamos em uma fila de uma hora e quarenta minutos para, apenas, despachar as malas! Quase perdemos o avião! Naquela hora me deu uma culpa por não ter ouvido o meu pai e ter saído de casa mais cedo!

Depois de esperarmos tanto e de ouvir aquela famosa frase “Se está assim agora, imagina na Copa?!” umas quinhentas vezes, finalmente fomos a caminho da fila de embarque. E, quando estávamos quase embarcando, , os policiais acharam que no sapato da minha mãe tinha algum tipo de droga, aí você já viu, né?! Revistaram a bolsa, o sapato... enfim, tudo! Só depois de meia hora eles viram que não tinha nada no sapato e deixaram-nos, finalmente, embarcar!

Longas oito horas depois, finalmente, chegamos a Miami! O lugar era perfeito! As lojas enormes e mega baratas, só que havia um problema: o inglês! Eu e minha mãe falamos o básico para sobreviver!

A caminho do hotel, depois de muita dificuldade para falar com o taxista, vimos tudo aquilo que aquele lugar maravilhoso tinha para oferecer: casas lindas, barcos luxuosos...

Chegamos ao hotel e, graças a Deus, o recepcionista era brasileiro! Ele nos entregou dois cartões que tinham que ser usados para usar o elevador e abrir a porta do quarto. Neste dia só demos uma passeada pelo hotel e, depois fomos dormir.

No outro dia fomos à piscina e, quando chegou mais a noite, deixei minha mãe no quarto e fui até a recepção do hotel, onde o sinal da internet era melhor.

Quando subi para o quarto, quem disse que o cartão funcionava? Lógico que não funcionava! Mandei uma, duas... dez mensagens para a minha mãe pedindo socorro, mas nada! Tive que me virar sozinha! Esperei

alguém entrar no elevador para eu entrar junto porque, claro, nem no elevador o cartão estava funcionando.

Depois de alguns minutos, estava eu, como uma louca, batendo na porta do quarto para, uns quarenta minutos depois, poder entrar, já que minha mãe estava dormindo.

Fizemos muitas compras, comi um churros que era uma delícia. Comemos fora em alguns lugares diferentes e lindos.

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Infelizmente chegou o dia de voltarmos para o Brasil, dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Atrasamos um pouco e quase que passamos a noite de Natal no avião, mas, por sorte, chegamos a tempo da ceia. Eu sempre tive um sonho: sabe quando há aquelas pessoas que seguram uma placa com o nome da pessoa que está desembarcado? Então, o meu pai fez isso, só que não era uma plaquinha qualquer, era um cartaz! Foi um mico, mas confesso que eu nem liguei na hora, pois a saudade do meu pai era tanta que eu não me importei!

Eu adorei Miami, mas o que eu gostei mesmo foi voltar para casa e perceber o quanto sentiram saudades de mim.

O PNEU FURADOBeatriz Suemi Fugimoto

Hoje de manhã abri a loja bem cedo e percebi quando um carro parou em frente à minha banca de jornais.

- Oi, moço... tudo bem? – eu perguntei.- Ah... nem me fale! É que furou o pneu... vou procurar por ajuda.Logo em seguida, uma moça bem bonita parou no ponto de ônibus, ao lado do

carro e, uns cinco minutinhos depois, um outro carro para atrás do carro com o pneu furado e um jovem desceu e disse para a moça:

- Nossa...- olhando para o pneu furado – você tem macaco?- Não. – respondeu ela.- Tudo bem, eu tenho – disse o rapaz – Você tem estepe?- Não. – disse a moça.- Vamos usar o meu. – O rapaz decidiu.E eu só vendo a cena do rapaz tentando ajudar a moça a trocar o pneu do carro, que

ele não sabia que não era dela. Eu evitei rir daquela situação, mas queria ver no que ia dar aquilo. E o rapaz começou a trocar o pneu, enquanto a moça olhava. Foi quando parou um ônibus no ponto onde a moça estava e esta subiu no veículo e seguiu o seu caminho. O moço olhou para o ônibus partindo e não entendeu o que acontecia. Nesse momento o dono do carro chegou e disse:

- Nossa! Você trocou o pneu para mim! Muito obrigado!- É... eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.- Coisa estranha!- É uma compulsão. Sei lá...E eu ali, só vendo a cena que parecia mais feita para o cinema.

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ERA UMA VEZ UM VESTIDOVitória Aranha de Medeiros

Em outubro de 2011, em uma quinta-feira, minha mãe estava arrumando nossas malas para irmos ao Nordeste no casamento do meu primo, toda emocionada, pois ela e o meu pai seriam os padrinhos. Completamente distraída, não percebeu que esqueceu o mais importante... o vestido de madrinha que ela usaria.

Já no avião, com minha tia, que encontramos no aeroporto, meu pai e meu irmão, minha mãe começou a arrumar o cartão que daríamos aos noivos, então olhou o 'vestido de bonequinha' do cartão e, de repente, paralisou. Levei um susto quando ela começou a gritar quase sem respirar:

- Meu vestido! Meu vestido!Foi aí que a viagem começou mesmo. Estávamos fazendo uma conexão em Recife e

corríamos de um lado para o outro, tentando ligar para a tia Lia, que estava em nossa casa, para despachar o vestido pelo Correio. De nada adiantou, o vestido não chegaria a tempo.

Nosso destino era para Juazeiro do Norte. Chegamos lá e fomos alugar um carro, ainda desesperados por causa da minha mãe. Não tinha como esconder, todos estávamos preocupados.

Meu pai, como sempre, começou a conversar sobre a história com o motorista do carro alugado e, graças a Deus, o homem disse que sua esposa poderia ajudar, indicando uma loja para alugar vestido de festa.

Assim que pegamos o carro, seguimos para o endereço da loja e nosso desespero acabou quando ela alugou um vestido lilás, que, por sinal adorou. Pelo menos era o que pensávamos.

Após a cerimônia na igreja que aconteceu em São João do Rio do Peixe (PB), fomos para a festa na cidade de Cajazeiras. Lá, estavam distribuindo chinelinhos como

lembrança do casamento e minha mãe arranjou outro problema: o sapato de salto dela ficou no salão.

Depois de tudo resolvido, passamos a ver essa viagem como engraçada e inesquecível. Por que, aliás, foi mesmo.

os 8 Anos

Thais

Marcella

GuilhermeMauricio

Julia

Giovanna

Lucas

Luis

Giovana

MariaJúlia

Paula

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Leticia

osO processo com os 8 Anos começou com um desafio: aprimorá-los no gênero

lírico. O ato mais simples de rimar já parecia um suplício. Foi com o desafio que conseguimos galgar terreno. Revisadas as estruturas que compõem as estratégias lúdicas com as palavras, a sonoridade, a musicalidade e o desvendar de versos livres, brancos, rimas intercaladas e paralelas, lançamo-nos na reflexão do fazer poético. Verdadeiros campeonatos de rima animaram nossas manhãs.

A exigência partiu antes deles, queriam rimas ricas, jogos mais rebuscados com as palavras. O trabalho do poeta é descobrir sua paixão pelas palavras e assim encantar o mundo.

Selecionei aqui um trabalho especial. Meu último desafio foi dar a eles um tema metaliguístico, tinham que elaborar um poema com o seguinte mote: “E agora? Uma folha em branco!”. Encararam o desafio com muita valentia, até porque o grande dragão a ser enfrentado por eles é dar o primeiro passo diante da folha em branco.

Dos efeitos pedagógicos colaterais que podemos colocar em relevância deste processo, podemos ressaltar:

- a poesia desperta a sensibilidade para a manifestação do poético no mundo, nas artes e nas palavras;

- o convívio com a poesia favorece o prazer da leitura do texto poético e sensibiliza para a produção dos próprios poemas;

- o exercício poético ajuda no desenvolvimento de uma percepção mais rica da realidade, aumenta a familiaridade com a linguagem mais elaborada da literatura e enriquece a sensibilidade.

Os textos selecionados foram os que saíram do senso comum, apresentaram ousadia e demonstraram absorção dos recursos colocados em sala de aula.

“Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!É ser mendigo e dar como quem sejaRei do Reino de Aquém e de Além Dor!”

FLORBELA ESPANCA

Anos - Fundamentalos8

Professora Maína Machado

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E agora? O que posso fazer por hora...Meu coração está quase pulando fora

Enquanto me aqueço com meu casaco cor de amoraMeu fôlego já está indo embora

Correndo em meio a chuva estouTentando escapar da pegadinha que o destino me armou

O asfalto da rua meu pé perfuraEm meio à grandeza de sua largura

Meu destino avisto de longe...Tentando me acalmar assim como um monge

A água da chuva se mistura ao meu suor Com sorte minha situação não fica pior

A água da chuva banha minha face violentamenteEnquanto o desespero tenta tomar minha mente

Mesmo assim, eu consigo ir em frentePois meu tempo é curto e inconsequente

Por fim, chego ao meu destinoChega deste meu desatino

Pelos corredores aperto o passoPara chegar a tempo de um abraço

A doença já se proliferouSeu rosto pálido já ficou

A tempo de um adeus eu chegueiNessas mal traçadas linhasO tempo valer eu farei.

E AGORA?Guilherme Háfez Knirsch Pereira

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BRANCOLucas Hayasida

Começo a encará-lo: um papel em branco.

Penso em algo, não escondo meu espanto.

Por isso eu falo, pergunto num solavanco:

Qual será o alvo? Quem secará meu pranto?

Tudo que escrevemos a borracha apaga.

E o nosso pensamento? No espaço vaga.Estou no sétimo,

já se foi o verso sexto.Eu estava cético,

que não escreveria um texto.

Das estranhezas da mente em mimCaminhei lentamente

Fui pacienteFim

LUA NUAThais Delfino

Rua pura Fato exato

Mito enganadoDe sol a solEu continuo

Folha de árvoreFolha da vida

Folha estimulanteFolha mística

Mas sem imaginaçãoSem produção

Sem pensamentoSem desenvolvimento

Sem concentraçãoSem continuaçãoSem lembranças

Sem texto

O leito da vida É como o mar

Sem ventoSem onda

Sem contextoSem nada a declarar

É uma folha em branco.

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Em uma folha em branco O pintor

Reflete nela o seu prantoEm uma noite quente de dezembro

E menina se reflete no espelhoPara tentar enxergar o seu medo

Em uma folha em brancoEu enxugo meu pranto

E nessa sala cheia de medoEu vou quebrar o espelho

E ele nunca mais me mostraráO quanto eu tenho medo de ser eu mesmo

Em uma folha em brancoEnxugo meu sangueQue fizeste escorrer

Em meu pulso machucadoCom tuas palavras frias

Jogadas ao vento

E as lembrançasVoltam a mim

E a garota sonhadoraQue não entende

Só tem a dizerE agora?

Uma folha em branco.

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO!Giovanna Dias

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E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCO!Letícia Dametto de Souza

A fábula, o texto, o conto policialA moral e a ética que vêm do animal

A fábula fugiuO texto apagou

O animal se jogou do barrancoE agora? Uma folha em branco!

As linhas iam saindoAs letras todas fugindo

Os acentos pulandoOs hifens gritandoE agora, portanto,

Uma folha em branco

A sintaxe começa a voltarVamos todos cantar

Os versos que eram brancosGanharam cor e vida

E agora? Uma folha coloridaToda florida

Os parágrafos cantandoDaquela folha em branco

Não há mais nenhum pranto.

E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCOMarcella Nogueira Zini

Olhando para o papelPensando no que escrever

Podia ser um cordelMas não sabia como fazer

Pensei em fazer um desenhoMas não tinha lápis de cor

Então faria em branco e pretoUm trem a vapor

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UM DIALuis Gustavo de Castro Calixto

Este é somente mais um dia,como qualquer outro dia.

Mas... E se for o seu último dia?Será como os outros?

Simples dias sem romarias?

Não.Então viva eternamente,

Como uma folha em branco,Num livro de capa dura

A dureza da vida que a gente bem senteQuando engolimos o pranto

Perante a realidade nua e crua.

Viva da praia que você um dia já foi,Viva do parque que um dia você já foi,

Viva de tudo aquilo que você já foi,Viva cada minuto cúmplice e íntimo.

Mas... o mais importante: Viva como se cada dia fosse o último.

Nesse trem eu entravaE viajava pelo mundo inteiro

Pensando aonde iriaNaquele sonho passageiro

Durante a viagemA muitos países eu iriaMesmo não sabendoPor qual começaria

Então pensei no papelQue ainda estava em branco

Olhei para o céuE deixei-o no canto.

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UMA VIDA VAZIAJulia Baron Drudi

Vazia como uma caixa,Abandonada.

Uma caixa lacrada,Jogada ao mar.

Escuridão nas profundezasNa caixa uma folha em branco

Usada em vãoNo vão dos vales escondida

Uma vida assimNem merece ser vivida

E nessa sobrevidaSobrevivida sem alegria

Sem corSem valor

Deixo as rimas esquecidas.GUERRA

Paula Naomi Yonamine

Do seu simples ato amigoEntrego-lhe a confiança,

Mas por um mero olhar nocivo,De você quero distância

Seu esforço é incapaz,Sua desordem é assaz

E neste lugar sem justiçaO próprio Deus é a polícia

O olhar é como o melA voz como um venenoTem a mente tão cruelÉ simplório e ingênuo

A FOLHAMaurício de Luccia Martins

Escrevo lembrançasDe quando era criança

Rendi-me à redaçãoQue rendeu uma cançãoAs lembranças me fogem

Mas fica a folha em brancoCoço a cabeça

Antes que eu me esqueça

A folha ali sem palavrasQuero ideias que me deem asas

Antes seria crívelSe não fosse impossível

E sejamos francosDeixo nesta folha em branco

Rimas desritimadasNo entanto, animadas.

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E AGORA? UMA FOLHA EM BRANCOGiovana Mirna Gonçalves

Uma folha em brancoO que escrever?Nenhuma ideia

Nada interessante,Tento imaginar,

Mas nada bom o suficiente.

Crônica, poema... o que escrever?Pode ser um conto de fadasCom uma rainha e um rei

Cabeça vazia,Não posso desistir,

Apesar de ser difícil pra mim.

Surge uma inspiração,Um turbilhão de ideias,

De tanto insistir,Finalmente consegui,

Com muito sentimento,Surge um poema de dentro de

mim.

“O mundo que eu amoAs lágrimas que eu derramo

Fazem parte da ondaQue não pode parar

E para sempre eu me perguntoSe tudo isso é para você me olhar.”

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NAS RUAS DE IPANEMAMaria Julia

Amor, amorO que será essa coisaQue todo mundo fala?

Que todo mundo procura?Enquanto faço as malas

Reflito sobre essa coisa pura

Uma viagem de pensamentos e angústiasUma lembrança de amores e fúrias

A viagem se embala nas músicasEsta musicoterapia me cura

De dores e lamentosDos meus sentimentos

Com a realidade me contentoMas ainda não me basta

Acho que cheguei a uma definiçãoTudo aquilo que penseiSei que nada foi em vão

Mas ainda assim estou farta

Amor é a magia dos humanosQue todos dizem não existir

Para construir leva anosPara acabar, é só insistir

Finalizo meu poemaTentando me acalmarNas ruas de Ipanema

Para, da minha cabeça,Os sentimentos libertar.

os 9 Anos

Eric

Beatriz

RafaelMateus

Thaly

Carolina

Renato

Gustavo

AnaCláudia

Thiago

Paulo

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Natália

Uma profunda revisão das estruturas textuais mais diversas fecha o ciclo do Ensino Fundamental. Os Gêneros Lírico, Narrativo e Dissertativo são abordados de forma a tornar claros e amarrar conceitos que podem não ter sido absorvidos por causa da crueza juvenil que ainda não se encontra amadurecida para certas estruturas.

O 9º ano é uma fase de transição importante. As reflexões são feitas de forma a dar-lhes uma prévia do que será o Ensino Médio e daí a importância de se firmarem conceitos estruturais do tecido de palavras que forma o texto.

A leitura vem sempre atrelada à boa produção textual. Foi um trabalho marcante e insistente entre a equipe de português para que fossem desvendadas não só a produção, como uma boa interpretação textual. Uma grande dificuldade dos alunos é a boa compreensão dos enunciados (seja em que área for). Este foi nosso ponto de partida: formar bons leitores. Nosso ponto de chegada já é o momento presente em que consumamos a formação de bons e jovens escritores.

Os textos selecionados foram os que apresentaram definições claras das estruturas textuais escolhidas, clareza de linguagem e criticidade de modo a transgredir o senso comum.

PAULO FREIRE

“Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De

modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos para sabermos o que seremos.”

Anos - Fundamentalos9

Professora Maína Machado

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UM ACAMPAMENTO INFERNALRafael Nazima

Você deve ter ouvido falar do Puncher, bem este é seu apelido na cadeia,um homem que diz não merecer estar preso. Ele passa seus dias repetindo uma mesma frase, sempre e sempre.

“Acampar, acampar, Vamos acampar”, repetia o homem chamado Steeler, um normal trabalhador. 20 horas de trabalho, 4 para descansar. Cansado da cidade, queria ir acampar para relaxar, chamar sua família e seu amigo.

Dia 13 de outubro foi o dia programado para o evento, uma longa viagem. Preparados para passar o dia andando e depois achar um bom lugar para acampar. Alguns salgadinhos, sete garrafas de água para as crianças e a mãe, o pai e o amigo Miguel achavam que não precisavam trazer mais água ou refrigerantes. Tudo que necessitavam era uma boa cerveja e assim começaram a caminhada de seu fim.

Depois de algumas horas, chegaram a um ponto onde deveriam escolher: entrar na floresta, que parecia ter uma trilha, ou seguir um rio, pois perderam a trilha que antes estavam seguindo. O rio parecia ter uma forte correnteza, com pedras muito molhadas e a floresta parecia comum, com um chão cheio de folhas. O filho dizia para seguirem o rio, como ele havia visto na televisão, mas o pai já tinha uma opinião diferente: seguir a trilha para achar alguém, afinal alguém a criou provavelmente. Era o que ele acreditava.

Seguiram a ideia do pai, porém sem perceber se perderam nessa trilha e ficaram presos na floresta. Não havia nenhum sinal de civilização ou de celular,. Com fome, frio e sem esperanças, na floresta escura onde apenas barulhos de mosquitos encobriam o ar pesado, cada um com ódio do outro por estar lá. Depois de algumas horas, havia algo errado com Steeler. Ele estava muito pálido e não parava de tremer; seu agradável sorriso mudou para algo mais forçado.

Steeler começou a ficar zonzo e começou a ver alguns espíritos. Ele percebeu que estava sangrando muito e sentia uma enorme dor toda vez que um daqueles seres o tocava. Um deles pegou a única coisa que o mantia: sua cerveja. Assim ele enlouqueceu, arrancou o olho deste com as mãos e, rindo, socou os outros até pararem de o assombrar e enterrou esses “espíritos”.

Ao acordar Steeler estava preso e o chamavam de Puncher, sem saber o que aconteceu, o guarda o contou a realidade. Os que estavam com você foram enterrados vivos enquanto estavam desmaiados, claro, pelo Puncher.

Agora, passa os dias dizendo que foram os fantasmas, não ele.

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GUERRACarolina Takose Yamauti

Por que guerra?Quem a criou?

Qual foi o motivo?Na minha opinião vacilou

Muita morteMuito sangue

E a pazSe perdeu naquele instante

Quando tudo acabouCada um foi para seu lado

A paz voltou E todos ficaram jogados

Mas nunca, jamaisCause uma guerra

Já houve morte demaisVocê não seria capaz

Vamos relaxarDeixar a guerra de lado

Vamos nos encaixarDe modo educado

EU? POETA?Ana Cláudia Bérgamo

O Poeta é uma pessoa sensível.Uma pessoa que pensa...

Reflete...E descobre beleza nas coisas

Em um simples olhar.

Às vezes, fico pensando...O que seria do mundo

Sem os Poetas?Ou até mesmo...

Com o dobro deles...

Às vezes fico pensando...Como seria

Falar com objetos,Tocar o escuro.

Sentir o que ninguém jamais sentiria...

Às vezes, fico pensando...Como seria amar e ser notado?Escrever para os outros lerem Sem o medo de ser julgado...

E... às vezes eu fico pensandoSe eu não sou um poeta também.

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A COLISÃOMateus Navarro Barbosa Alle

Em dezembro de 2013, James estava com sua família, no almoço de Natal, em Porto Alegre.

Estavam junto com ele seus dois filhos Ana e Carlos, e sua esposa Marina.Divertiam-se demais, era risada pra cá, brincadeira pra lá, mas James cometeu um

terrível erro...Abusou demais do álcool e dirigiu, arriscando a vida de todos no carro. Quando de

repente... O ar fica repleto de fumaça, um imenso estrondo acompanhado de fogo e morte.

Mas as mortes que ocorreram não foram no carro de James e sua família Foi no outro carro com o qual James, embriagado, colidiu. Nele havia um homem e uma mulher, que tinham acabado de sair do hospital com uma nova responsabilidade: tinham acabado de se tornar pais, mas todo o sonho havia acabado.

A mulher e o recém-nascido faleceram, e sobrou apenas o homem, o homem que provavelmente se tornaria um grande pai. James foi preso, deixando 2 mortos e sua família, que acreditava nele, que nunca pensara que ele, o herói, faria uma coisa dessas.

A vida deles nunca seria mais a mesma em Porto Alegre. Tinham vergonha do acontecido, tinham vergonha que James havia destruído um sonho. Após 4 anos de prisão, após 4 anos de arrependimento, 4 anos de sofrimento, tanto para James como para sua família e para o homem chamado Ron que havia perdido sua família.

A família não acolheu James e o abandonou, para ele pagar pra sempre pelo que havia feito, e chamou Ron para morar com eles, para no mínimo, se perdoar com ele.

Após anos morando juntos, Marina se apaixonou por Ron, mas algo realmente ruim aconteceu. James voltou para se perdoar novamente e descobriu que sua esposa estava com outro. Ficou muito mais deprimido, começou a morar nas ruas, depender do álcool e esquecer de sua antiga e boa vida.

Três anos depois, chega uma carta de James dizendo: “Ron, sinto realmente muito pelo que houve com sua esposa e seu filho. Se eu pudesse, com certeza voltaria no tempo para arrumar tudo o que fiz. Cuide bem da Marina, pois a amo muito, e peça desculpas aos meus filhos”.

James cometeu suicídio no mesmo dia em que escrevera a carta, mas nem com sua partida, a grande tragédia se foi. Ela nunca será esquecida assim como ele.

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CASA MAL ASSOMBRADANatália Barreto Meira

O ano era 1944. Carlos que antes morava em Itaperuna-RJ, iria se mudar para Natividade-RJ. Estava à procura de uma casa grande e que ficasse dentro de um condomínio fechado e, depois de algumas visitas, encontrou uma que seria ideal para acomodar sua família. Ao sair da casa, os vizinhos o alertaram de que ela era mal assombrada pelo espírito do antigo morador conhecido como “Marcos Açougueiro”. Carlos, que era metido a valentão, ignorou os avisos dos futuros vizinhos e a família mudou-se na semana seguinte.

Quarta-feira, 7 de setembro, Carlos e seus amigos terminaram de arrumar os quartos da Emily, 7 anos, John, 15 e do Michael, 1.

Natasha, esposa de Carlos, acabara de fazer o almoço. As crianças saíram correndo para comer uma lasanha com arroz quente e para o Michael uma sopa de legumes.

Os dias foram passando e John começou a estranhar algumas coisas. Seus amigos foram conhecer a sua nova casa e ao chegarem à cozinha, encontraram todas as facas no chão formando uma letra “M”. Seus amigos ficaram assustados, porém John explicou que Emily sempre fazia essas brincadeiras.

Duas semanas depois, Emily começa a chorar e grita pela mãe. Ao chegar no banheiro onde se encontrava Emily, Nath grita desesperada pelo Carlos. Quando ele olha para a parede, está escrito com carne de porco e boi “Cuidado eu sei cortar - M”. John ao saber da história fala para o seu pai que também já havia visto esse “M”. Carlos fala para todo mundo ir dormir e que estava tudo bem.

As semanas foram passando e pelo menos uma vez por semana “- M” deixava uma mensagem, como, “Vá embora, eu sei cortar - M” e Carlos não queria sair da casa de nenhum jeito.

Chega dia 31 de outubro, lua cheia, todas as casas enfeitadas. John está fantasiado de caveira, Emily de princesa e Michael de pirata. Todos saem para brincar,

menos Natasha que está passando mal. Chega meia noite e Nath escuta um barulho de serra elétrica vindo do seu quarto. Ao chegar ao seu

quarto, ela entra em desespero ao ver Marcos vindo em sua direção.Quando todos chegam em casa, se deparam com a cabeça da

Nath na mesa e o intestino formando um “- M” no chão logo abaixo da sua cabeça, logo atrás de Carlos, Marcos com uma serra elétrica corta a cabeça de todos e escreve com o sangue “Eu sei cortar, agora as suas cabeças estão cortadas igual a de

bois e porcos (hahaha) com carinho - M”.

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A SUPERAÇÃO NO ESPORTERenato Abate

Em uma cidade do interior de São Paulo, um adolescente estava na escola, conversando com a sua melhor amiga quando meninos folgados começaram a fazer brincadeiras maldosas. Assim seguiram os dias; cada dia mais fazendo brincadeiras maldosas. O menino precisava desabafar.

Pensando em seu quarto, o menino percebeu que não era forte o suficiente para enfrentar os meninos de sua sala. Pensou em uma forma de desabafar e de descarregar a raiva. Decidiu fazer um esporte e mudar seu estilo de vida.

Pegou sua mesada e foi a uma loja de esportes radicais e assim que viu o skate, ficou apaixonado. Começou a andar de skate e viu que enquanto andava a sua raiva passava, ele parava de pensar em tudo e se concentrava apenas no skate. Começou a se empenhar no esporte, ouvir rap e descobriu que esse estilo lhe fazia bem. Após alguns meses os meninos pararam de fazer brincadeiras maldosas, pois eles não tinham mais o que transformar em brincadeiras maldosas.

Quando criança ele havia levado uma lição para a vida inteira. Aquele menino que antes queria cursar biologia, hoje segue a carreira de skatista profissional e ganhou o respeito de todos os meninos que o irritavam.

V-REXThiago Chagas Garcia Baz

No interior da misteriosa ilha da caveira, um vastatossauro rex fêmea adulto está procurando por uma presa. Ela não come há dias e está faminta. Depois de muito tempo procurando, algo lhe chama a atenção: um ferrucutus (descentente do tricerátops) solitário desafia outro ferrucutus pelo controle de um bando. As batalhas entre esses titãs são sangrentas, muitas vezes, resultando na morte do perdedor. Eles davam chifradas e cabeçadas um no outro.

A v. rex faminta sabia que aquele seria o seu dia de sorte, pois, com ela a espreita, o ferrucutus perdedor seria o seu almoço. Então, o ferructus desafiado (o dono do bando) deu o último golpe na pata do adversário, que saiu ferido, mancando e sangrando. Era a hora perfeita: saiu correndo de seu esconderijo e pegou o ferrucutus de surpresa, que mal pôde reagir. Usou suas mandíbulas para quebrar-lhe o pescoço e acabar com mais uma caçada bem sucedida ao mais temível dinossauro carnívoro que já existiu.

Compreendi que viver é ser livre…Que ter amigos é necessário…Que lutar é manter-se vivo…Que pra ser feliz basta querer…Aprendi que o tempo cura…Que mágoa passa…Que decepção não mata…Que hoje é reflexo de ontem…Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas…Que um verdadeiro amigo permanece…Que dor fortalece…Que vencer engrandece…Aprendi que sonhar não é fantasiar…Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos…Que o valor está na força da conquista…Compreendi que as palavras têm força…Que fazer é melhor que falar…Que o olhar não mente…Que viver é aprender com os erros…Aprendi que tudo depende da vontade…Que o melhor é ser nós mesmos…Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!

E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.Apesar de, se deve comer.Apesar de, se deve amar.Apesar de, se deve morrer.Inclusive muitas vezes é o próprio apesarde que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústiaque insatisfeita foi criadora de minha própria vida.

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UM PIRATA PERDIDO NO GRANDE OCEANOPaulo José Pouparina Canedo

Há muito tempo, as ilhas Canárias, que ficam ao sul da Península Ibérica, eram o centro de viagens marítimas. Ali havia um porto secreto onde piratas podiam estacionar seus enormes navios cheios de ouro e de pedras preciosas, e nas redondezas desse porto existia uma periferia onde João Cristóvão havia nascido e vivido sua infância. Ele estava muito animado, já que esse seria o dia em que ele se tornaria um adulto e, virando um adulto, poderia viver seu sonho de infância: se tornar um pirata!

Ele estava muito empolgado e queria se alistar logo para ir ver o lindo e extenso oceano sobre o qual as pessoas que retornavam diziam ser a coisa mais bonita que já viram. Ele estava tão empolgado que poderia correr pela ilha inteira de cabeça para baixo e as pernas para o alto como se fosse um louco. Decidiu que iria dormir um pouco para o dia passar o mais rápido possível para quando chegar a noite ele poder se alistar aos piratas. Quando deitou na cama e tentou dormir, percebeu que não era possível, pois sua ansiedade era tanta que nem dormir conseguia. Após perceber isso, ele resmungou baixinho:

- Raios! Como farei para o dia passar mais rápido?Então, com uma grande ideia pensou: vou jogar futebol, e quando acabar irei para

a taverna e me alistarei o mais rápido possível num navio pirata. E isso foi o que ele fez. Se alistou e foi direto para o navio que segundo o capitão, sairia em 1 hora. Após 1 hora o capitão não aparecia . Ele pensou para si mesmo “ele deve ter se atrasado por que ainda não conseguiu piratas o suficiente. Esperarei mais um pouco” e ele esperava, e esperava, e esperava , mas o capitão nunca chegava para irem finalmente em busca de tesouros. Ficou cansado de esperar e foi atrás de seu “capitão” foi quando descobriu

que estava esperando na frente do navio errado e que o seu capitão já havia partido há alguns minutos.

João, louco para alcançar o seu navio verdadeiro, roubou um barquinho de madeira e foi para o mar. Porém ele não achava o seu

navio. Estava começando a ficar com fome e com sede e não tinha nada para comer ou beber. Deu muita sorte de naquele dia chover

e ele poder recolher um pouco de água para os próximos dias à procura do navio pirata. Ele não achava aquele navio de jeito nenhum porém, à beira da morte ele avista um navio muito longe dele e pensou: mesmo não sendo o meu navio, eles

talvez queiram alguém para ajudá-los como um pirata.

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O quanto mais perto do navio mais nitidamente podia ver que aquele não era um navio comum de pirata, mas sim o navio do pirata mais temido por todos os mares e oceanos, o Barba Negra, um pirata malvado e destruidor que estava o tempo todo à procura de novos tripulantes. E essa foi a sua sorte, mas ele pensou para si mesmo “o meu corpo frágil e machucado não servirá de nada para ele. Talvez o Barba Negra me jogue aos tubarões ou algo do tipo, mas vale a pena arriscar”. Chegando lá, ele gritou:

- Barba Negra, eu sei que não é um bom momento para isso, mas eu poderia fazer parte de sua tripulação? Estou perdido no mar há 6 dias e estou precisando de algo para comer e algo para beber. Por favor me deixe entrar para sua tripulação!

- Quantos anos você tem? - disse Barba Negra - Você ficara mais forte após comer um pouco! E, aliás, qual o teu nome?

- Meu nome é João Cristóvão, senhor! E tenho 20 anos, a idade exata para poder virar um pirata, e sim, eu ficarei mais forte se comer um pouco!

- Está bem. Você faz parte da minha tripulação.Animado, João usa quase toda sua força para subir no navio que o aceitou de braços

abertos.

QUEM SOU EU?Beatriz Barreto Meira

Não sou cantor e nem pintor,Sou apenas um estudante,Um estudante que estuda como gente grandeMas se diverte como uma criança.

Não sou compositor , e nem poeta ,Mas me expresso com palavras,Palavras que dizem quem eu sou,E eu sou assim, um simples estudante Um estudante que não perde a esperança.

Sou um adolescente que não virou aborrecente,Que expressa seus sentimentos,E não usa a violência,Apenas usa os seus conhecimentos E eu sou assim, um simples adolescente.

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O ACIDENTE QUE MUDOU SUA VIDAGustavo Misawa

João era um jovem de 25 anos. Tinha família, um bom emprego, vários amigos, porém sua vida era conturbada. Ele bebia muito, não dava atenção para sua família e não se preocupava com a saúde.

Certo dia, algo terrível aconteceu. Ele tinha acabado de sair de uma festa. Ele tinha bebido muito, mas não se preocupou com sua segurança ao dirigir embriagado. Porém o pior aconteceu; ele se envolveu em um grave acidente e foi levado às pressas ao hospital.

Quando ele acordou lhe disseram que haviam se passado 25 anos desde o acidente. Sua vida tinha mudado completamente: sua mulher, Elisa o havia trocado, pois não teve paciência de esperá-lo acordar; seus filhos já estavam adultos e não tinham tanto afeto por seu pai, por ele estar tanto tempo ausente em suas vidas; não tinha mais nenhum amigo e estava desempregado. Com tudo isso ele ficou muito deprimido, mas decidiu tentar reestruturar sua vida novamente.

Ele começou tentando reconquistar sua mulher, Elisa. João descobriu onde ela morava e foi até lá para conversar. Apesar de ter tentado insistentemente retomar o seu relacionamento, ela recusou dizendo:

- Não posso voltar com você. Já tenho uma vida construída aqui, amo meu marido e não o trocaria por você. Você ficou muito tempo em coma e eu não queria perder tanto tempo da minha vida sozinha. Além disso, você não me dava atenção, sempre estava bêbado e nunca fez nada romântico para nós. Sinto muito, mas não irei voltar com você.

Com isso João ficou muito abalado, mas foi tentar criar laços afetivos com os filhos. Ele passou muito tempo com os filhos, fizeram várias atividades juntos, porém nunca

iria conseguir criar uma afetividade entre pai e filhos com eles, devido ter ficado toda a infância deles ausente.

Percebendo que nunca iria conseguir reconstruir sua vida, tentou criar uma nova. Começou a frequentar baladas, shows e entrou em um

site de namoro para tentar achar um novo amor, mas ele já estava velho demais para criar uma vida amorosa, além de ter várias

cicatrizes no rosto pelo acidente.Percebendo que sua vida estava horrível ele tomou a

decisão de acabar com seu sofrimento. Ele foi até o ultimo andar de seu prédio e saltou de lá. Durante a queda ele

começou a ver embaçado e o mundo começou a sumir.

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Foi quando ele percebeu que estava todo suado e em uma cama hospitalar. Olhou para os lados e viu Elisa segurando sua mão com um sorriso no rosto. Ele perguntou quanto tempo ele tinha passado no hospital e Elisa respondeu que apenas dois dias. Ele ficou extremamente feliz e prometeu a si mesmo que seria uma pessoa melhor agora; daria mais atenção aos filhes e à sua mulher; reduziria drasticamente a bebida que ele iria tomar. E assim se tornou uma pessoa totalmente diferente e mudou sua vida.

UMA CARTA PARA A GAROTA MAIS DOCE QUE JÁ CONHECIThaly Yukie Wachi Tamura

Eu estava todo desajeitado naquela festa do Marcos. Geralmente não ia à festas. Simplesmente me afundei no sofá da sala e fiquei lá a festa inteira. Ficava vendo as pessoas dançando, bebendo e se agarrando, tudo normal para uma party house universitária. Não sou o tipo de cara que frequenta lugares como aquele, mas sim o que fica em sua própria casa jogando vídeo game e vendo seriados. Ah, e comendo pizza também, assim agradeço até hoje por ter pizza naquela festa. Se não fosse por isso, eu não teria conhecido você.

É estranho pensar que conheci uma garota tão doce, delicada, mas ao mesmo tempo moleca e brincalhona por causa de uma fatia de pizza.

Sim, ainda me lembro daquela festa. Cada detalhe, cada fala, cada sorriso e o beijo.Encontrei-a segurando aquela caixa de papelão ensopada de gordura. Você me

ofereceu o último pedaço, mas eu o deixei cair em minha camiseta. Rindo de mim, me chamou para irmos conversar no quintal da casa; estava muito barulho na sala.

Conversamos por horas e horas. Você me disse que era prima de Marcos e não era desta cidade, morava em outro estado e esse era o seu último dia aqui. Contou-me sobre seus gostos, que não eram nada parecidos com os meus. Você gosta de coisas antigas, eu de modernidade. Ficamos falando tanto que uma hora o assunto acabou. Você me olhou com aquele olhar doce e naturalmente demos um beijo.

Agora escrevo esta carta, do jeito que você gosta, para mantermos contato. Mesmo se a gente nunca mais se encontrar, lembrarei de você com muito carinho. Juro, Lola, você é a garota mais doce que eu já conheci.

Com amor e uma pitada de meu jeito atrapalhado,

Rodrigo.

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O ESTRANHO CASO DE JACAREZINHO, PARANÁ.Eric Batista da Silva

Joaquim foi um garoto que sempre morou em cidades grandes, porém, neste novo ano seu pai conseguiu um novo emprego, com um salário maior e uma série de outras vantagens. O único contra é que eles teriam de se mudar para uma pequena cidade do interior do Paraná, chamada Jacarezinho.

Logo nas primeiras semanas, desde que eles começaram a morar lá, Joaquim reparou algo muito estranho. As pessoas começavam a ficar inquietas assim que a noite se aproximava, com uma expressão de medo e pânico em seus rostos. Já às oito horas da noite, as ruas ficavam desertas, nenhuma alma penada tinha coragem de perambular por aquela região.

Quando ele perguntava a alguém sobre isso, a pessoa não conseguia responder sem gaguejar, não parava de olhar de um lado ao outro, além de várias outras atitudes suspeitas e estranhas.

Na cabeça de Joaquim havia algo de errado naquela cidade e com aquelas pessoas, concluiu que deveria começar a fazer suas próprias investigações para encontrar a verdade.

Ele tinha um plano bem simples: ficar até tarde na rua para descobrir o problema.“Como eu vou conseguir convencer meu pai para me deixar sair na rua nesse

horário?” pensou o garoto. “Acho que vou sair escondido. Como ele dorme cedo, não será algo muito difícil”.

Na noite seguinte o garoto decidiu colocar o seu simples plano em ação. Equipado com uma lanterna, um celular e uma câmera, ele começa a perambular no “horário proibido” pela cidade, sem a menor ideia do que o aguardava.

O som de seus passos no asfalto rígido, o luar intenso como nunca, afinal, era lua cheia, estava frio como um pesadelo, o medo no ar e o garoto solitário nas ruas.

Passos e mais passos, era somente isso que ele conseguia ouvir, somente os seus passos, nada além disso; nenhuma coruja ou qualquer outro animal de hábito noturno ousava revelar a sua posição; estavam todos

escondidos; a única pergunta que resta no ar é a seguinte: Se escondendo de quê?

Repentinamente, o garoto escuta um som alto e muito agudo, um som sofrido e dolorido. Não poderia ser um homem ou qualquer animal conhecido. O que seria então?

Algo está se aproximando rapidamente. Os passos acelerados intrigavam a criança, que não demorou muito para começar a correr. Ele sabia que se continuasse ali iria morrer.

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A respiração ofegante do monstro; passos apressados. Uma perseguição somente afirmava um resultado obvio: o fim do garoto estava próximo, “Sou jovem demais para morrer!” pensava ele. “O que devo fazer?”.

Foram efetuados cinco disparos, nenhum acertou a criatura, que fugiu logo em seguida. Joaquim estava vivo, ele sobreviveu graças a ajuda de alguém. O garoto ficou procurando de onde foram disparados os tiros, mas não achou ninguém por perto. “Devo voltar para casa, já está muito tarde e já tive uma noite muito perigosa. Amanhã descubro quem me salvou”.

Inicia-se mais um dia na cidade de Jacarezinho. Da noite passada parece que não restou nada nas ruas, nem um rastro e nenhuma gota do sangue do suposto monstro. Esse fato intrigou muito Joaquim. Como não havia nenhum resquício da perseguição?

Sem a menor dúvida, começou a perguntar novamente para as pessoas da cidade se elas sabiam algo ou não. Joaquim não conseguiu descobrir. Todos pareciam temer sendo lá o que fosse.

“Desta vez, não vou me esquecer de gravar e tirar fotos. Quem sabe talvez eu ache quem me salvou?”

A noite cai. O plano entra em ação: procurar por mais pistas e descobrir quem foi o “herói” da noite passada, desta vez, com a câmera ligada e preparada.

Mais uma vez, somente conseguindo ouvir seus próprios passos e sua respiração ofegante, nada além disso, continua o garoto em sua caminhada noturna e solitária em busca de mais informações, ou até de resposta para este mistério.

Aquele som novamente se repete. Desta vez bem mais alto. A criança já se esconde e começa a gravar. A criatura procura pelo garoto, incansavelmente; não encontra. As filmagens foram perfeitas, é possível ver nitidamente o que é, mas antes de conseguir identificar o que seria aquele monstro, Joaquim acidentalmente derruba a câmera no chão, perdendo a sua gravação de ouro.

Pelo que ele se lembra, a criatura era bem alta, por volta de dois metros e meio, parecia possuir um rabo ou algo do gênero, além de ter uma forma humanoide. Com essas informações ele não teve dúvida. Somente poderia ser uma mistura de homem com algum animal que possui rabo e pelagem escura.

Com estas descobertas, ele começou novamente a perguntar para os moradores da cidade, até que ele conseguiu mais algumas informações com um velho senhor. Seu nome era Ernesto e ele tinha 65 anos de idade.

- Meu filho, você não deve ir atrás dessa criatura. Ela possui uma história muito triste, além de ser extremamente perigosa!-Disse o velho homem

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-Vamos lá, por favor, me diga algo sobre ela!-Insistiu o garoto-É algo muito antigo, assombra poucas pessoas neste mundo, não se envolva,

porque senão...- “Senão...” Diga logo, não estou aguentando!-Isso pode acabar destruindo você. Ela não consegue se controlar. Acredite, ela não

gostaria de ferir ninguém! disse Ernesto que logo depois começou a chorar.“Uma Maldição! Poderia somente ser isso! Como não pensei nisso antes! Mas

então, a pessoa que me salvou pode ser na verdade alguém muito próximo da criatura, e então por isso me salvou, para que sendo lá quem seja não se arrependesse.”

“Tenho uma teoria! Este velho homem começou a chorar logo que eu falei sobre o assunto. Talvez ele seja alguém próximo da vitima da maldição. Creio que foi ele quem me salvou!”

-Ei, senhor! Posso lhe fazer somente mais uma pergunta?-Diga, garoto! disse Ernesto logo depois de secar suas lágrimas.-Você tem alguma arma?-Sim, por quê?-O senhor por acaso a utilizou nesses dias?-Sim, para proteger um garoto, que possuía mais ou menos a sua idade. Não seria

você?-Sim, era eu. Muito obrigado! Tem algo que eu possa fazer para recompensá-lo?-Sim, porém você não deve contar nada para ninguém, combinado?-Combinado.-Minha família é atormentada por essa maldição há gerações. Meu filho mais velho

é a vitima atual da maldição. Estou velho, preciso de ajuda para protegê-lo. Você, no futuro, quando estiver mais velho, poderia me ajudar a cuidar dele?

-Não sei se consigo, mas...-O povo dessa cidade me ajuda muito, realmente a única coisa que peço é que você não espalhe a história dele, para que ninguém faça mal a ele.

-Pode ficar tranquilo, não contarei para ninguém.-Hoje à noite, mostrarei como ele fica alterado.

A noite chegou. Lua cheia. A verdade é que o filho daquele velho senhor foi pouco a pouco se transformando em um lobisomem.

Sua face foi se alterando, a pelagem crescendo, a roupa sendo rasgada.

No final, ele fica irreconhecível. Parece outro ser.O garoto fica contente em resolver este mistério e não para

de pensar na promessa que fez. Cumpriria com certeza.

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Natália

FábioGuilherme

Beatriz

Vinicius

Leila

Caroline Letícia

Mariana

Leonardo

Larissa

“VÓS SOIS ESCRITORES”

A Pop Arte de Roy Lichtenstein foi inspiração para a narrativa da Primeira Atividade de Criação do material didático que utilizamos. Há uma sugestão latente de apresentar a sociedade norte-americana da década de 60. Um mundo entre guerras e as ideologias libertárias entrando em efervescência foi palco de uma história de amor que culmina num beijo estonteante. A composição de personagens é algo que deve ser feito quase que artesanalmente. Enquanto docente, emociona-me a entrega de alunos que se dão aos personagens, não apenas tempo de pesquisa, mas traços tão particulares e ao mesmo tempo tão literários.

A descrição não apenas física e ambiente, mas o aprofundamento psicológico através da sensação das personagens criadas, dá ao enredo um charme de compreensão de mundo desta fase tão sedenta de mudanças e romances: a adolescência.

Esta é uma etapa em que não se pautam os gêneros literários propriamente ditos, mas aspectos de linguagem que podem ser percebidos, compreendidos e explorados. O desafio lançado foi contar uma história. Havia vários recursos: narrador em primeira pessoa ou onisciente, discurso direto ou indireto, caracterização descritiva de personagens através de ações ou narrativa, entre muitos outros abordados no Ensino Fundamental e aprofundados nesta primeira etapa do Ensino Médio. Foi difícil escolher os seis melhores dentre tantos de uma excelente qualidade.

Os textos selecionados foram aqueles que se destacaram pela criatividade e dedicação ao enredo, à trama e à descrição aprofundada dos personagens. Do Salmo 82:6 e João 10:34 “ Vós sois deuses”, adapto a estes jovens, com toda convicção destes poucos, mas intensos anos de docência: “Vós sois escritores”.

Anos - Ensino Médioos1

Professora Maína Machado

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O AMOR ULTRAPASSA LIMITESNatália Morita Rosseto

Meu nome é Rosa, sou judia, tenho 30 anos e estive presa em um campo de concentração para mulheres por mais de 20 dias. Nasci no interior da Alemanha, tenho ascendência Israelense e estive no meio da Segunda Guerra Mundial, liderada por Hitler. Por pura ironia do destino, namoro um rapaz, Frank, de família nazista. Quando se deu início à guerra, minha família foi uma das primeiras a serem sequestradas e levadas aos temidos campos de concentração, mas por algum motivo eu não estava em casa no momento do ataque. Foi então que eu e meu namorado decidimos nos esconder, fugir. Infelizmente, nossa estratégia de nos mantermos juntos não durou muito. Fui capturada pelo exército alguns meses após meus queridos pais.

Frank me prometia que se eu fosse levada pelos nazistas, ele não iria descansar até me ter de volta, nem que isso lhe custasse a vida. Não sei o que me fazia acreditar nele, eu apenas acreditava. Era como se fôssemos feitos um para o outro, nossa sintonia era sem igual. Eu não podia me separar dele. Não podia.

Foi quando, no dia 09 de abril de 1940, nosso conto de fadas teve fim. Estávamos abrigados em uma cidadezinha próxima à fronteira com a Holanda, quando 7 homens armados invadiram o abrigo e me tomaram como sua prisioneira. Naquele momento eu sabia que não havia mais esperanças, que era hora de esperar a morte sofrida e violenta chegar, mas mesmo assim, eu continuava acreditando nas promessas feitas por Frank. Eu continuava imaginando um futuro brilhante ao lado dele. Eu simplesmente acreditava.

O tempo foi passando. Três. Quatro. Cinco dias. Uma semana. Duas semanas e nada de meu namorado tentar vir me resgatar. A angústia tomava conta de mim. A saudade de meus pais aumentava a cada dia. A dor estava ficando cada vez mais insuportável. Eu não sabia se estaria viva no dia seguinte e isso me incomodava, pois sentia que o fim estava cada dia mais próximo. Eu rezava. Rezava para que estivesse tudo bem com Frank e para que eu pudesse ter mais um dia de vida. Tudo era incerto. Foram os 20 dias mais longos de toda minha vida.

Era manhã de 29 de abril de 1940. Tudo parecia normal; mais um dia de trabalho cansativo e incessante. De repente, ouviu-se um estrondo gigantesco e em seguida, pessoas correndo por todos os lados e gritando desesperadamente. Olhei para trás e me deparei com uma bola de fogo enorme. O campo havia sofrido um ataque e estava em chamas.

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Logo raciocinei e instantaneamente um sorriso pairou sobre meus lábios.Enquanto estava absorvendo a ideia de que realmente poderia ser Frank vindo me

salvar, um soldado veio correndo em minha direção, me levantou pelo pescoço e me atirou longe. Como não comia direito desde que cheguei ali, não tive forças para me reerguer. A chama se alastrava e logo chegaria até mim, mas antes que eu começasse a me arrastar, escutei uma voz familiar.

Era ele. Meu herói vindo me socorrer. Ele se debruçou sobre mim com o rosto derretido em lágrimas. Disse a ele que iria me levantar, que precisávamos sair dali enquanto era tempo. Ele me ajudou e nós nos levantamos lentamente... como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior... como nadadores em um sonho nebuloso... que não precisassem mais respirar. O beijo foi tão intenso, tão verdadeiro, que foi naquele momento que eu realmente tive a certeza do que era um amor verdadeiro.

Durante aqueles rápidos 7 segundos me senti em um universo paralelo, nada mais tinha importância, nem mesmo o fogo me assustava mais. Se fosse para morrer, que eu morresse bem ali, nos braços dele.

Nós fugimos, largamos tudo o que nos pertencia, deixamos tudo para trás para viver nossa história de amor. O que mais queríamos era construir uma vida juntos.

Embarcamos no primeiro navio para qualquer lugar longe da Europa e desembarcamos no Brasil. Só tínhamos um ao outro e para nós, aquilo já era mais do que o suficiente.

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MEIOSGuilherme Dias de Souza Matunaga

Abro os olhos. Não com vontade. Muito menos com alguma centelha de gratidão por abri-los. Por que abrimos os olhos? O mundo dos sonhos não é bem mais...seguro?

Ok, lá podem acontecer coisas horríveis, mas elas não estão realmente acontecendo, estão? Ou será o sonho nossa verdadeira realidade?

O levantar de nossas pálpebras que significa que o sonho começou? Afinal, nos nossos supostos sonhos não lembramos de muitas coisas de nossa suposta realidade e vice-versa...

Meu pai já está saindo da mesa. Como sempre, apressado. Um olhar, um abraço rápido, um beijo e algo sobre “estar indo salvar mais um pouquinho do mundo”. Não há nada que coopere para eu poder esquecer de tudo... Ainda ouço a bagunça, enxergo o barulho na minha cabeça.

Vou ouvir o rádio para pelo menos abafar tantos ruídos. Advinha? Mais um debate sobre a Guerra Fria.

Guerra. Essa é a razão de tudo de ruim na minha vida recentemente. Não pelos corpos mortos ou o que restou deles. Não pelas estruturas quebradas. Não pelos choros. Mas pelo meu corpo sem estrutura, as lágrimas. Vivo na inconstância. Morro na constância de não poder vê-lo, por ele ser contra os disparos. Os disparos que, ironicamente, são libertos pelo meu pai, pela minha família. Alívio e dor. Salvação e perdição. Vida e... “Acaba-se de confirmar o óbito de mais de 10 manifestantes que eram contra a ação do governo. Entre eles o líder do movimento, Nagaer Raw...” Morte.

Acordo ofegante, encharcada de suor. Avisto, no outro canto do quarto, um corpo de terno derramando o mesmo sangue que corre em minhas veias.

Os cabelos grisalhos derramados pelo seu deformado rosto. Me alivio ao ter certeza de que tudo ocorreu bem, e, como não se fosse bom o suficiente, uma mão puxa meu rosto e me faz olhar para seu dono. É ele. Nagaer.

Nós nos levantamos lentamente... Como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior... Como nadadores em um sonho nebuloso... Que não precisassem mais respirar...

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A FUGALeila Andersen

Lucy, como sempre, estava com seu vestido rosa, de saia rodada na altura do joelho. Seu pai a obrigava a usá-lo, afinal, “é assim que as moças americanas devem ser”.

John exibia seu longo cabelo e exalava sua falta de banho, da qual se orgulhava. Acabara de voltar de uma praça isolada qualquer, depois de uma longa noite de sexo e alucinações.

Desceu da Kombi exatamente na frente de sua casa, e lá estava ela, sorridente e graciosa como sempre.

-O que você tem na cabeça? Se seu pai imaginar que esteve aqui, nós estamos mortos! – Disse John assim que a viu.

-Ele não teria coragem de me matar.-Não estou falando de nós dois, falo de meu pai e de mim. Vamos para o sótão, mas

faça silêncio. Meus pais não podem vê-la.A família de ambos era rica, afinal seus pais eram grandes políticos (que não nos

convém saber os nomes). Por isso, o sótão era tão impecável como o restante da casa.-John, qual o seu problema com a América? Estamos no lugar que qualquer um

desejaria a Deus.-Como? Consumismo desenfreado, discriminação racial, diferença social, falta de

amor...-Eu te amo - ela interrompeu-. Isso não é suficiente?-Eu te amo também, mas o que são duas pessoas se amando contra dois países

guerreando?-Por que você mudou tanto?-Por que você não mudou nada?

Ficaram em total silêncio por, no mínimo, cinco minutos.-Lucy, você fugiria comigo?-Fugir?! Você está louco? Para onde nós vamos? O que vamos fazer? Onde vamos ficar?

-Você pensa demais. Vamos viver. Simples assim.-Eu não... Fugir? Aí sim meu pai teria coragem de me matar.-Ele não precisa saber.Lucy pensou, pensou e pensou.-Quer saber? Vamos. O que pode acontecer de errado?

-Tudo. Mas é errando que se aprende não? - Eles riram.

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Seus pais costumavam finalizar acordos com um aperto de mãos, mas John e Lucy selaram o seu de uma maneira muito mais conveniente aos dois.

-Ah! Antes que eu me esqueça, ontem de noite escrevi um texto pensando em você. Ele está na minha bolsa, quer ver?

John balançou a cabeça em tom afirmativo.-“Nós nos levantamos lentamente... como se não pertencêssemos mais ao mundo

exterior... como nadadores em um sonho nebuloso... que não precisassem mais respirar...”

PAZ E AMOR ?Beatriz Miho Kague

Catarina era uma jovem que cabia perfeitamente no padrão de beleza. Loira e magra. Seu sorriso era branco como as nuvens e os olhos azuis como o céu. Podia ser facilmente confundida com uma modelo ou atriz. Fernando era um rapaz que raramente penteava o cabelo, ou sequer tomava banho. Usava a mesma roupa durante toda a semana, e trocava - às vezes - , no sábado, para que a camiseta e a regata pudessem ser lavadas. Como dizia o velho ditado, “os opostos se atraem”. Ela, preocupada em continuar com os cabelos hidratados, e ele ignorando todas as “leis” impostas pela sociedade.

Encontram-se pela primeira vez em um protesto na rua da casa dela. Foi assim, o primeiro encontro. Um choque, dolorido. Ambos foram ao chão. As pessoas seguiram até uma praça antiga, e os dois ficaram pra trás. Ela reclamava pra si mesma de dor no ombro, e ele tentava lembrar como ele havia se chocado com ela.

O sangue de Catarina ferveu, e sua maior vontade era de gritar com ele até não poder mais. Porém, assim que seus olhos claros encontraram os dele, ela sentiu uma paz inexplicável. Era como se, de repente, todo seu universo girasse em torno daquele menino, que ela nem sabia o nome. Ele sorriu, e a ajudou a levantar. Ela não conseguia tirar os olhos dele. Os dois sorriam sem perceber. Ele pensava o quanto ela era bonita, e ela já adorava o sorriso dele. Ela voltou pra casa, e ele correu para se juntar ao grupo do protesto novamente, sem dizer nada. Ela não agradeceu, e ele não se apresentou.

No dia seguinte, ela só conseguia dizer o quanto o menino era bonito, e ainda se lamentava por não ter conseguido dizer nada a ele. Ela havia se apaixonado pelo jeito alternativo dele, e o sorriso... Ah, o sorriso.

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Ela só pensou nele o dia todo. Na possibilidade de que pudessem se encontrar algum dia, por aí. Ele só conseguia pensar em como suas mãos eram macias e pequenas e quando ele iria sentir aquela sensação novamente. Toda vez que a imagem da menina frágil vinha a sua mente, seus pelos se eriçavam e ele sorria sozinho.

Poucas semanas depois, ela saía de casa, com um vestido todo de bolinhas azuis e um lencinho branco amarrado na cabeça. Ele a viu de longe e não sabia se ia até ela ou não. Ele se olhou: a mesma camiseta e a mesma bermuda daquele dia, não que ele se importasse. Respirou fundo, contou até três e foi.

- Oi. - ele disse, parando-a no meio da calçada.- Olá. - ela respondeu, com um brilho imenso nos olhos e um sorriso enorme

estampado no rosto. - Não sabia que morava por aqui.- Na verdade, não moro por aqui. Eu moro por aí. Vivo mudando de moradia.

Minha mãe fala que moradia é onde estão as pessoas que você gosta. - Ele parou de falar, perguntando se havia falado demais. Um silêncio abrangeu os dois.

- E você está morando onde agora? – perguntou Catarina, curiosa.- Onde você estiver. - Fernando disse e abaixou a cabeça. Se xingou de burro. Não

era a hora certa.Catarina ficou claramente sem graça. Não sabia mais o que responder. Disse que

tinha que ir, estava atrasada para um compromisso. Despediram-se, mais uma vez, sem dizer seus nomes. Fernando e Catarina só se lembraram desse detalhe depois. Ela pensou na resposta dele durante o resto do dia. Ele pensava nela da mesma forma que ela pensava nele. Nunca haviam sentido aquilo antes. Era como se não fosse mais a gravidade que os prendesse ao chão, e sim o sentimento que tinham um pelo outro.

Foram semanas conversando às escondidas. Ele dizia para ela fugir com ele, mas ela não concordava, não queria deixar seu pai, já muito velho, sozinho. Sua mãe havia falecido anos antes, no parto do seu irmão, que não conseguiu sobreviver. Ela queria lutar por um mundo melhor, servir o exército, e ele, só queria saber de sexo. Semanas

foram virando meses. Começaram a namorar. Ele dizia coisas sobre a visão dele do mundo.

- Se continuarmos assim, um dia, tudo isso vai acabar. Não terá mais pessoas, mais natureza, nada. Tudo virará pó. As pessoas já estão

morrendo, provando que o fim está próximo. Quero que isso acabe logo. - Ela apenas concordava e guardava a vontade de servir o exército lá no fundo. - Quero estar ao seu lado, cuidando de nossos futuros filhos, em paz. - Ela sorria e concordava. Filhos... Não eram novos demais pra pensar em

filhos?

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Sexo, sexo, sexo... Era tudo que sabiam e gostavam de fazer. Ela havia largado a escola e o pai, pobre pai. Não sabia de metade do que a filha fazia, sonhava, pensava. Depois de um tempo, ela já estava cansada daquela vida. Não era aquilo que havia sonhado para ela, porém, Fernando parecia contente e ela gostava de vê-lo sorrir. O sorriso dele iluminava o dela. Havia dias em que ela pensava que só precisava de amor para viver. Passaram meses se alimentando daquele amor. Por que não continuar assim a vida inteira?

- Fernando. Precisamos conversar. – Catarina disse, acordando de manhã, depois de uma longa noite fria. – Eu estou cansada de amor. – Virou-se para ele, que parecia assustado com o que havia acabado de ouvir. – Eu te amo, mas não é o suficiente. Quero mais.

- Teremos mais. Só nos resta esperar. – ele respondeu, abraçando-a de lado.- Esperar o quê? Estou cansada de esperar.- Esperar a paz reinar. Não quero me esforçar pra essa sociedade que não consegue

ver o bem no próximo. Eu quero que nosso amor...- Para! - ela o interrompeu. - Eu te amo, nunca se esqueça disso. - Ela o abraçou

forte, e selaram os lábios. – Vou me alistar para o exército. – E ao noticiar aquilo, saiu da cama, vestiu suas roupas e seguiu para casa, sem esperar uma reação ou resposta.

Fernando ainda digeria tudo aquilo. Exército? O amor da sua vida iria contribuir para que a guerra continuasse? Continuou sentado na cama, repetindo para si mesmo as palavras ditas por Catarina. Se ela o amava, por que iria embora? Vestiu uma roupa, e foi à casa dela. Não podia deixar que ela fosse embora. Bateu na porta uma, duas, três vezes. Nada. Tentou novamente. Nada. Esperou um pouco e ouviu um barulho de passos, dentro da casa. Encostou o ouvido na parede. Ouviu a voz de sua amada despedindo-se do pai e prometendo voltar logo. Esperou. Esperou. Esperou.

Depois de muito tempo esperando, a porta finalmente se abriu e ele a abraçou, dando-lhe um susto. Ele implorou que ela não fosse; jurou que por ela, mudaria. Mudaria de vida, mudaria de roupa, mudaria o jeito que leva e vê a vida, mudaria... Mudaria. Ela segurou as lágrimas, mas elas não evitaram de cair. Ela o olhou e ele segurou sua cabeça, de modo que seus olhos se encontrassem.

- Eu te amo e não posso prometer que voltarei, mas meu coração sempre pertencerá a você. - sussurrou ela, deixando mais lágrimas escorrerem pelo rosto branco e delicado. Ele limpou suas lágrimas e soltou-a de seu abraço. Ela, que já estava fragilizada, caiu, e ele a segurou. Sentaram-se no degrau que havia depois da porta da casa de Catarina.

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UM AMOR PERDIDOMariana Suzue Matsubara

Quando eu era jovem, morava em uma cidadezinha dos Estados Unidos. Eu vivia com meu pai, que lutava pela paz e por direitos iguais. Eu seguia os ideais dele e, claro, o apoiava e ia às passeatas, mas uma doença acabou impedindo-o de continuar com os movimentos contra o governo. Então eu comecei a ir sozinho.

Após a morte de meu pai, comecei a ir mais as passeatas e acabei virando um dos líderes. O governo nos odiava e nós apenas querendo os nossos direitos. Houve dias em que quase fomos presos, mas conseguimos fugir.

Em uma das passeatas, que foi na frente da escola da filha do prefeito, um grupo de jovens com a minha idade me parou e um deles perguntou:

- Por que vocês fazem isso? Não sabem que nada disso vai dar certo?Eu preferi ignorar, mas eles persistiram e começaram a debochar de mim, então

não pude ficar quieto e disse:- Eu faço porque não quero que meu filho cresça em um país onde comprar é mais

importante que qualquer sentimento verdadeiro; um país ignorante em que não pode um branco ser amigo de um negro ou de um homossexual.

Eles simplesmente deram risada e saíram, mas reparei em uma menina. Ela era linda, olhos claros, cabelos negros e uma pele bem

branquinha. Não reparei nela só por ser bonita e sim porque ela não riu do que eu falei; parecia concordar com o que eu dizia. Ela ficou

me olhando um tempo até que gritaram por ela:- Liza, é pra hoje ou vai ficar aí na passeata? Seu pai ia amar

te ver nos jornais. A voz estava com um ar de ironia; então ela saiu correndo

e acabou derrubando seu lenço. Peguei e guardei.

E então, ele lembrou de uma frase que havia lido certa vez.- “We rose up, slowly... As if we didn't belong to the outside world any longer... Like

swimmers in a shadowy dream... Who didn't need to breath...”(“Nós nos levantamos lentamente... Como se não pertencêssemos ao mundo

exterior. Como nadadores em um sonho nebuloso... Que não precisassem mais respirar...” – ele disse, ajudando-a a levantar-se, assim como no primeiro encontro).

Beijaram-se com o encanto da primeira vez, com o gostinho do desespero, com o medo de que fosse a última vez. Ele a deixou ir.

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Cheguei em casa e comecei a ver o jornal e a ler sobre o prefeito. Havia uma foto dele com sua família e lá estava a menina do lenço. Ela era filha do prefeito!

No dia seguinte decidi ir à escola pra devolver o lenço. Ao sair, ela estava sozinha e lendo um livro, meio distraída. Então me aproximei e pus o lenço na frente do livro e disse:

- Acho que alguém perdeu este lenço ontem.- Nossa! Muito obrigada, procurei que nem louca nas minhas coisas ontem. É meu

lenço favorito. Respondeu levando um susto ao ver quem era e saiu andando mais rápido. Fui

atrás e perguntei:- Esta fugindo de mim? Só porque sou um dos líderes das passeatas e você filha do

prefeito? Não vou querer te matar; aliás eu luto pela paz. Ela sorriu e me respondeu:

- Estou fugindo das mentiras que podem inventar. Não quero confusão.Então a deixei ir embora e reparei no livro que ela estava lendo: era um dos meus

favorito. Pensei em voltar e emprestar outro para ela ler.Esperei uma semana para aparecer novamente. Então quando eu a vi saindo da

escola, acenei de longe e ela sorriu, mas não veio na minha direção. Provavelmente estava com medo das “mentiras que podiam inventar”. Então fui ter com ela e disse:

- Com medo das mentiras? - O que você acha? – respondeu sorrindo – Perdi mais alguma coisa para você vir

aqui?- Desta vez não. Eu reparei no livro que você estava lendo e trouxe este. Acho que

vai gostar. - Nunca li este. Vou ler, mas como eu vou te devolver? respondeu ela e eu já tinha a

resposta na cabeça:- Faremos assim: semana que vem eu apareço aqui, bebemos um

refrigerante e falamos sobre o livro, combinado? Ela sorriu e aceitou. E claro que a semana foi a mais lenta de todas.

Tivemos três passeatas e eu estava exausto, mas não ia me esquecer do encontro que tinha com Liza. Finalmente conseguiria falar com ela, conhecê-la e mostrar que não era um monstro.

Chegou o dia e eu me arrumei até demais, mas queria estar apresentável para ela. Fui correndo para a escola e quando ela saiu, estava com o lenço que havia perdido. Então fui na frente para que ninguém percebesse que íamos juntos, ela foi atrás e nos encontramos em uma lanchonete meio vazia.

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Então me apresentei, porque ela ainda não sabia o meu nome:- John Clark, prazer.- Elizabeth Smith, prazer. - me respondeu com seu lindo sorriso - Eu amei o livro,

obrigada. - Que bom que gostou, pode ficar com ele, já li tantas vezes. - Eu estava nervoso e

minhas mãos estavam suando. - Eu queria saber de uma coisa: no dia da passeata, você não riu do que eu havia falado por quê?

- Porque concordo com você. Não é por eu ser filha do prefeito que tenho que achar que ele está certo com suas atitudes. Já tentei falar com ele, mas não dá, ele não tem tempo para mim.

Ela me respondeu triste. Tinha me arrependido de perguntar, então mudei o assunto. Ficamos conversando um pouco e ela tinha que ir embora, então, quando ela se levantou da cadeira, deixou cair seus cadernos e papéis. Abaixei para ajudá-la a pegar, até que nossas mãos se encontraram e nos olhamos.

Aproximei-me, ela recuou. Peguei a mão dela, ela me olhou e nós nos levantamos lentamente... Como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior... Como nadadores em um sonho nebuloso... Que não precisassem mais respirar. E nos beijamos. Um beijo sem malícia, ingênuo, com carinho, com amor. Um beijo tão curto, mas eterno na minha vida.

Ela então foi embora e depois daquele dia, nunca mais a vi. Não sei o que aconteceu com ela. Pensei em várias possibilidades. Que seu pai havia descoberto e mudou a filha de estado ou algo do tipo. Mas ela estará eternamente no meu coração. Como o meu primeiro amor.

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O GAROTO POR QUEM ME APAIXONEILetícia Lemos Loschiavo

Tudo começou quando minha mãe me obrigou a ficar duas semanas na fazenda da minha avó. Não conseguia ver motivos bons para ir pra lá. Mato e animais: que menina da cidade grande iria gostar disso? Eu que não iria ser! E tudo isso porque sai escondida para encontrar um garoto. Mas não era qualquer garoto. Era o menino mais bonito do colégio, o que todas as minhas amigas queriam, e eu não poderia recusar um pedido para um encontro, não é?

E chegou, o horroroso dia que tive que pegar um ônibus para ir à fazenda da minha avó. Quando cheguei lá, quis logo ir para o meu quarto. Não falei com ninguém, apenas fui. Depois de horas dormindo, finalmente acordei e resolvi dar uma volta. Peguei um táxi até a praia mais próxima. Chegando lá, vi um garoto que me chamou a atenção. Era muito bonito, mas logo reparei que era mulherengo - odeio meninos desse tipo. Sentei na areia e fiquei admirando a paisagem.

Alguns minutos se passaram e eu acordei com o tal garoto me chamando. Tinha caído no sono e quando acordei estava toda ardida. Depois de muito tempo conversando com o garoto, achei ele superinteressante. A gente tinha muitas coisas em comum. Ele me deixou em casa e minha avó, furiosa, veio brigar comigo, pois o garoto era de uma família rival da minha, mas eu não tinha noção disso, então ela deixou passar. Mas o garoto tinha uma coisa que mexia comigo de um jeito que eu gostava, e lógico que marquei de me encontrar com ele no dia seguinte.

Depois de duas semanas saindo escondida com ele, eu tinha que ir embora, mas não queria, pois acabei me apaixonando. Não queria deixá-lo. Então, decidimos contar tudo para nossas famílias. Quando contamos, ninguém aceitou e acabou dando uma briga imensa. Minha avó me mandou para a minha casa. Quando voltei, contei tudo para minha mãe, que brigou comigo e não aceitou.

Eu estava muito triste; queria voltar pra lá para vê-lo. Depois de mais ou menos dois meses minha mãe deixou eu voltar. Assim que cheguei, liguei para ele e ele foi me buscar. Nós reunimos nossa família para falar que nada iria nos separar. Eles ficaram muito bravos e tentaram nos separar de novo, mas eu fugi com ele. Não queria saber de nada, apenas de nós. Chegamos em um chalé lá por perto, e nos beijamos como se nada importasse, apenas a gente. Foi assim que nos casamos.

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WE DIDN'T BELONG TO THE OUTSIDE WORLD.Larissa Fagalli Garritano

Como não acreditar que éramos todos heróis de uma guerra interminável contra o mal, limpando o mundo de toda a sujeira? O final da Segunda Grande Guerra foi, no mínimo, um dos melhores auges que uma população poderia atingir. Ou era assim, pelo menos, que víamos as coisas naqueles tempos.

Os quadrinhos estouraram e gastei quase todo o dólar que consegui com aquelas benditas representações de heróis que salvavam a América. Mesmo com as de romance, os clichês que se tornariam clássicos. Mas era impressionante como todos idolatravam os Estados Unidos e nunca pensavam nas tantas crianças inocentes mortas - porque criança é criança em todo lugar; tantos soldados que se perderam; tantas coisas ruins que aconteceram em todo o mundo. Mundo, não. Afinal, também temos a péssima mania de achar que a Europa e os Estados Unidos são o mundo todo, e a não darmos bola alguma para outros países que também tiveram lá suas guerras e suas dificuldades.

Tanto faz, agora. E, me vendo naquele país que salva todos de tudo, também estava feliz – não tanto quanto os outros –, mas era um bocado contagiante.

Deveria estar lá no meu décimo cigarro. Na realidade, devo ter parado de contar no décimo. Tinha um leve aroma de canela e deixava o quarto inteiro com um cheiro forte, contudo, bom. Ótimo, se quer ouvir a verdade. As coisas, para mim, começavam a ficar um tanto monótonas. Eu via aquela mesma felicidade todos os dias e aquilo estava me incomodando. Sabe, quando se vê os mesmos sorrisos e os mesmos assuntos sendo tratados todos os dias a todo momento, as coisas ficam chatas. Estava esperando algo a mais. Nada era para sempre, aliás. Lembrava disso a todo o momento e pensar que toda a felicidade do país poderia vir a ser só passado me deixava um tanto chateado. Mas também me via numa situação um bocado complicada.

Havia uma garota. Afinal, todos os mocinhos têm que ter sua pequena, não? E eu estava naquele nervosismo todo por ela. Mas não era só uma garota. Era aquela garota que anda pelos corredores do colégio e todos

viram o pescoço. Aquilo era tão clichê...Porém, eu retiraria esse comentário mais tarde.

Ela olhava para mim durante a aula de inglês e aquilo me tirava um pouco o jeito. Mas esse ainda não era o clímax da história. Foi durante um dos intervalos que ela se aproximou, com pastas e mais pastas nas mãos.

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Tropeçou, mas com sorte, pude segurá-la. Nós nos levantamos lentamente, juntos. Mantinha seu corpo por perto e uma necessidade absurda de seus lábios.

E aconteceu. Foi como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior. Como nadadores em um sonho nebuloso, que não precisam mais respirar. Me via totalmente fora daquela monotonia e, além disso, via que mais uma história em quadrinhos terminava ali, deixando para a próxima edição a história do casal principal. Mais um dos vários heróis norte-americanos que fariam de tudo para proteger sua garota e que, com sorte, ainda desviaria de todos os golpes dos vilões.

PAZ E AMORLeonardo de Carvalho Porta

Era um dia ensolarado, não tinha uma nuvem no céu, os passarinhos cantavam felizes. Letícia não achava graça no dia que estava tão bonito; de tão triste que se sentia, não dava valor a mais nada que estava acontecendo ao seu redor. Antigamente, ela cantava com os passarinhos e cultivava margaridas em seu jardim, porém de uns tempos para cá ela está sempre de mau humor.

Laura, uma mulher de meia idade, com cabelos longos e negros, pele rachada como o deserto e mãos calejadas de tanto trabalhar em uma lanchonete, era quem cuidava de Letícia. Mesmo sendo uma mulher muito desajeitada, Laura sempre deu seu suor em benefício de Leticia, que por muitas vezes esquecia-se de agradecer por ter tudo que desejava.

Letícia estava em um momento ruim de sua vida. Todos os dias acordava e via que seu país era responsável por causar mortes e guerras, e sempre se sentia inútil, não tinha força para mostrar que guerrear é errado. Ela se reunia com amigos na lanchonete em que sua mãe trabalhava, e era sempre na última mesa do canto que ela e seus amigos discutiam sobre as atualidades. Um dia quando eles foram se sentar à mesa que sempre estava vazia por ser muito longe do balcão da lanchonete, ali havia um menino com a pele escura ajeitando seus óculos que deslizavam pelo seu nariz oleoso lendo uma história em quadrinhos do Capitão América. Os amigos de Leticia já estavam se acomodando em outra mesa, quando ela decidiu ir conversar com aquele menino. Ele estava lendo uma história em quadrinhos que defendia o patriotismo, mas para Leticia era errado o tal patriotismo em uma época em que seu pais espalhava a guerra pelo o mundo.

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Primeiro Leticia perguntou qual era o nome do garoto que estava ali tão solitário, e muito educado o garoto respondeu com um sorriso no rosto que seu nome era Hugo.

Antes que ela perguntasse para ele o motivo dele estar ali sozinho, ele convidou-a para sentar-se ao seu lado. Logo depois de sentar, Leticia muito ansiosa, baseando-se no que Hugo estava lendo, perguntou por que motivo ele era patriota se seu país era tão prejudicial para o mundo exterior. Foi então que Hugo disse que vinha da Etiópia e estava lendo aquela história em quadrinhos para saber um pouco mais sobre a cultura dos EUA.

Leticia falou para Hugo que tudo aquilo que o quadrinho mostrava estava errado, porque boa parte dos jovens não tem orgulho de seu país e querem que as guerras acabem, e que os quadrinhos serviam somente para tentar alienar os jovens.

Hugo era um menino calmo; nunca se metera em nenhuma briga apesar de ser um menino forte; ele fazia parte do movimento Rastafári, muito comum em sua nacionalidade, e ficou impressionado com a revolta da menina sobre seu próprio país. Resolveu mostrar para Letícia que o povo tinha sim força para mostrar que o governo estava errado; usou como exemplo o Martin Luther King Jr. (que fora o motivo principal da ida dele para os EUA) e a luta pela igualdade racial.

Impressionada, Letícia resolveu contar a história de Hugo para todos seus amigos, os fazendo pensar sobre como eles tinham força para mostrar que o que o mundo precisava era de paz e amor e não de guerra. Ela e o grupo de amigos que sempre se reuniam na lanchonete, resolveram começar um movimento que recebeu o nome de movimento Hippie.

Todos os dias Letícia ia encontrar Hugo na lanchonete onde sua mãe trabalhava, para contar todas as novidades sobre o movimento que ela teria começado com a ajuda de amigos, e sempre falava que esse movimento começou inspirado na história dele. Ele estava apaixonado por ver que aquela moça tinha capacidade de mostrar ao mundo que paz e amor eram o que todos precisavam, e ela estava apaixonada por

conhecer um rapaz com uma história tão bonita. Foi nesse momento que os dois se sentiram com o dever cumprido e finalmente selaram todas suas conquistas com um beijo. “Nós nos levantamos lentamente...

como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior... como nadadores em um sonho nebuloso... que não precisassem mais

respirar...”.

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UM SONHO NEBULOSO ESTADUNIDENSECaroline Puccioni Katsuda

Tip.Tic.Toc. Esse é o barulho da antiga máquina de datilografar, que aliás não para de me incomodar nem por um segundo. A minha tarefa é escrever “de um novo jeito”, escolhendo palavra por palavra. Tic-tac... é o tempo correndo, os minutos voando e mais notícias para serem omitidas. Sim, passamos por um momento de crise, uma pobreza mascarada e milhões de estadunidenses buscando paz, equilíbrio de espírito e harmonia, se manifestando nas ruas, músicas e obras de arte. Nosso país é o centro de tudo (ou para o presidente deveria ser assim) e ainda reside em cada um de nós aquele antigo exemplo de vida “the american way of life”. O peso nas nossas costas, (nós, jornalistas infelizes com o salário), é a pressão para transmitir ao leitor do jornal uma visão positiva do governo, omitindo, se necessário nossas falhas e a real situação. Porém, discordo de tudo isso e prefiro não acreditar que o nosso representante mundial (sim, o presidente Kennedy), tenha certas provas de adultério.

É, já é noite e estou farta disso. O café acabou, assim como a minha energia, mas finalmente sou dispensada. Sinto-me presa nessa falta de expressão, liberdade. Ter que esconder do próprio povo o que realmente acontece? Seria a mentira mais verdadeira de todas. No bar, só consigo mergulhar no rock rebelde e perceber o contra-senso de negros e brancos, separados nas ruas, ônibus, bairros.

No meio de meus próprios devaneios e loucuras das altas horas, chego a ver meu herói na mesa ao lado. Continua com seus olhos castanhos quietos e a boquinha curta. Estava sentado, calado como sempre, bebendo suas próprias mágoas e quem sabe Deus, fazendo uma nova hipótese filosófica. Aproximo-me dele como quem não quer nada e refletimos, não sobre Filosofia (que sempre detestei), mas sobre coisas concretas. Política, economia, sociedade, necessidade. Do que os Estados Unidos da América precisam? Talvez um herói de verdade, uma nova cara da realidade, através de histórias irreais e personagens mutáveis. Algum salvador perfeito, invencível e corajoso. Passamos até a questionar: talvez seja essa a ânsia do ser humano; querer sempre ser melhor do que ele é, ter poderes para realizar seus desejos e vencer qualquer obstáculo da vida sem sofrer. Ser feliz, ser alguém com voz nesse capitalismo descontrolado.

É, ele trouxe cor aos meus desenhos que, de criança, ficaram empoeirados assim como acendeu o amor que eu tanto guardava. Ele me encarava diferente, e não nos importávamos mais com o rock, economia, política e muito menos a Filosofia de Sócrates.

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Estávamos valsando em cima do nosso próprio universo, até tropeçarmos na imensidão. Nós nos levantamos lentamente...como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior... como nadadores em um sonho nebuloso... que não precisassem mais respirar...

AMOR EM TEMPOS DE GUERRAFábio Luigi Rucignolli

Fernanda era filha de militar, porém não apoiava o que o seu pai fazia. Certo dia, um soldado do batalhão, chamado William, foi à sua casa para conversar com seu pai.

O pai de Fernanda era muito rígido e nunca permitiu que ela namorasse. Willian foi para o exército muito jovem, então, nenhum dos dois havia dado o primeiro beijo.

Ele começou a frequentar muito a sua casa para discutir estratégias com o seu pai e eles começaram a conversar e com o tempo viram que tinham muita coisa em comum. Ela tinha muito medo de que seu pai morresse na guerra e ele tinha medo de morrer por causa da sua família. Ambos não concordavam com o motivo da guerra, mas não tinham o que fazer.

Uma noite, o pai dela saíra para explicar para a tropa o que seria feito no dia seguinte e William pediu permissão para levá-la para conhecer uma cidade próxima.

Ele a levara a um mirante de onde se conseguia ver toda a cidade e uma parte do campo de batalha.

Ambos estavam nervosos e não sabiam o que fazer. Por um momento só conseguiam ouvir suas respirações.

Quando ele a beijou, foi como se todos os problemas tivessem desaparecido. Eles não estavam mais preocupados se o dia seguinte seria o ápice da guerra e o que poderia acontecer; só conseguiam pensar que aquele momento seria infinito.

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NÓS NOS LEVANTAMOS LENTAMENTEVinicius Cravo Gontijo

Lá estava ele mais uma vez sentado à beira da praia. Lembrava dos horrores da guerra como se tivesse sido ontem. Perdera sua mulher para outro homem e o seu melhor amigo naquela interminável guerra. O uísque que segurava parecia a solução para todos os problemas. A cada gole via sua mulher e seu amigo juntos na ceia de natal, porém quando a garrafa acabava ele se dava conta da sua triste realidade e então ele recomeçava a beber de uma nova garrafa.

Levantou-se, pois iria começar a chover. A chuva era um triste fato para Ted, pois ele percebia que iriamos cair do céu e acabaríamos debaixo da terra sem ninguém perceber a nossa ausência. A vida não fazia mais sentido. Foi então que ele decidiu atravessar a rua para ir a um bar que ficava em frente à praia. A neblina impossibilitava uma visão abrangente, então, quando Ted estava no meio da rua um carro o atropela.

Acordou em um quarto de hospital com um vaso de flores. Ele se perguntou: quem teria colocado um lindo vaso como aquele? Quando virou para o lado viu uma mulher negra que ele não conhecia.

- Quem é você?- Meu nome é Lisa e fui eu que infelizmente o atropelei. Gostou das flores?Naquele momento Ted ficou muito enfurecido, afinal, quem deixou uma negra

entrar na ala de brancos do hospital? Porém percebeu que a mulher tinha boas intenções e também ela era a única pessoa que ele tinha no momento.

- Sim, são lindas. O que aconteceu comigo?- Você estava bêbado e atravessou a rua fora da faixa, porém não se preocupe, o

médico disse que você ficará bem em duas semanas.Cada vez mais Ted gostava de Lisa, afinal ela fazia tudo por ele, desde ajudá-lo a

tomar banho até amaciar seu travesseiro. Ele se recuperou lentamente e cada dia que passava se apaixonava mais por Lisa. O amor dos dois era recíproco.

O tempo vai passando. Ted sai do hospital e vai viver com sua nova namorada, Lisa. Ela estava dirigindo o carro com as últimas caixas da mudança e escuta em seu ouvido Ted dizendo:

- Nós nos levantamos lentamente como se não pertencêssemos mais ao mundo exterior, como nadadores em um sonho nebuloso que não precisassem mais respirar.

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”“Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura. O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através da literatura que poderá talvez se manifestar.”“Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável”.

por

VIVER E ESCREVER

Clarice Clarice Clarice Clarice

os 2 Anos

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Guilherme

IsabelaJoana

Raphael

Gabriela

Gabriel

Leonardo

Gabriel

Thais

Samantha

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Giulio

Um grande mergulho nos tipos textuais que compreendem o Gênero Jornalístico, assim podemos definir o processo com o 2º ano. A percepção das nuances descritivas, narrativas e dissertativas presentes nos diversos setores que compõem tal gênero foi o eixo escolhido pelo material do Anglo para nortear nossos pretensos jornalistas. Dentre os textos selecionados, estão cartas argumentativas direcionadas a uma revista de importância relevante em nosso país. Foi uma Atividade de Criação proposta pelo material didático no primeiro módulo.

A carta argumentativa carrega em si a necessidade de uma visão crítica de mundo. Os alunos foram inseridos nas diretrizes do universo jornalístico não apenas textual, mas no que tange suas dinâmicas administrativas e diplomáticas. Tal processo foi importante para construírem seus argumentos de forma a saírem do senso comum.

Outro tipo textual importante selecionado entre eles foi o Artigo Assinado. O texto de opinião é uma prévia de reflexão mais profunda que vão enfrentar no decorrer do Ensino Médio rumo ao processo seletivo para adentrarem nas Universidades.

Para estudar os meios midiáticos jamais poderia faltar um olhar mais profundo sobre eles. No decorrer do nosso processo, vários documentários foram abordados e discutidos a fim de incutir-lhes o senso crítico necessário para suscitarem com qualidade seus argumentos.

Os textos selecionados foram os que conseguiram expressar uma seleção mais formal da linguagem e uma visão mais crítica sobre o objeto a ser analisado.

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

“Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão

que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja

disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do

que nunca no minuto seguinte.”

Anos - Ensino Médioos2

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CARTA DO LEITORGiulio Mezzacapa

São Paulo, 25 de fevereiro de 2014Cara equipe editorial da revista Veja,

Escrevo esta carta com a intenção de parabenizar a todos pela excelente escolha da foto de capa da edição 1870, 8 de setembro de 2004, que por mais trágica que possa ser, mostra, sem pudores, a consequência do ataque terrorista ocorrido na escola de Beslan, na Rússia, em setembro do mesmo ano. Para muitos a capa pode ser considerada “ofensiva” e de certo mau gosto, mas para mim tem apenas um objetivo: mostrar a triste realidade do fato.

Penso que, na verdade, as pessoas que julgam a imagem cruel, e até mesmo sensacionalista, não se preocupam com o acontecimento, pois este não interfere em suas vidas e preferem não “cair na real” sobre o fato de que a violência e a estupidez do ser humano vêm tornando-se cada vez maior e mais comum no cotidiano de todas as nações.

Crimes e tragédias ocorrem todos os dias em todo lugar, e nem sempre são divulgados pela mídia em geral, pois ainda existe uma censura sobre o que deve ser apresentado à população e de que maneira isso deve ser feito, já que as pessoas preferem não “tomar partido” sobre determinados assuntos e por acreditarem e até mesmo se importarem, apenas pelo que as interessa. Mas a coragem de vocês em quebrar com tal censura merece um reconhecimento, pois torna evidente que a preocupação de sua revista, que deveria ser seguida por todos os meios de informação, é delatar sobre o que está acontecendo no mundo sem importar-se com a opinião alheia.

O sofrimento da mãe ao acariciar o rosto de sua filha morta pode até causar uma má impressão, repugnância em certa parte da população, mas, ao contrário do que esta parte afirma, a imagem não tem a intenção de chocar e angustiar apenas por si própria, e sim de causar uma reflexão sobre os perigos que corremos a cada dia e de mostrar o outro lado da história, o da dor que muitas famílias sentiram e sentem até hoje quando recordam daquele amaldiçoado dia que vitimou mais de 200 pessoas, com sua maioria formada por crianças inocentes que ainda tinham muito que viver. Respeitosamente, Giulio Mezzacapa.

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CARTA AGUMENTATIVALeonardo Baiardi Lopes

São Paulo, 23 de fevereiro de 2014Prezados publicitários da revista Veja,

Mesmo após a tragédia ter ocorrido em Beslan, Rússia, a notícia ter sido televisada e espalhada por todos os meios de comunicação e

informação possíveis, vocês utilizaram a foto de uma mãe e sua criança morta para conseguir mais atenção sobre a revista.

Existem diversas bancas de jornal onde as revistas são expostas na parte inferior ou até na frente das prateleiras, onde uma criança teria fácil acesso a esse conteúdo,

visualizando o registro de uma criança morta.

REFLEXÃO SOBRE O TEMA: RIR É O MELHOR REMÉDIOGabriela Tiemi Kasahara

Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo ótimo artigo e pela forma simples e sensata que expôs tudo o que se precisa ter para ser feliz.

Ser feliz é encontrar nas dificuldades um motivo pra sorrir, ser bem-humorado, sair do sério. Esta é uma realidade que poucos dão conta de que estão perdendo.

A realidade nem sempre é o que esperamos. Há sempre um chefe exigente, trânsito para todo o lado, discussões familiares, trabalhos estressantes. Mulheres cada vez mais querem entrar no tal “padrão de beleza”, uns gostam de namorar pessoas do mesmo sexo, outros preferem se apaixonar por animais, mas o mais importante é que esteja onde estiver, fazendo o que for, ria, sorria, independentemente da situação.

Em quantos lugares já não se viram crianças com câncer obter uma melhora muito grande com o simples fato de rir com palhaços, sorrir com suas mágicas, esquecer, nem que seja por minutos, a seriedade do problema? Por que não olhar para o problema apenas como um obstáculo para a recompensa?

Não é bom quando rimos de nossos próprios defeitos, quando rimos entre amigos? Quando sorrimos mesmo sabendo que há coisas erradas? Quando sorrimos para quem amamos, quando voltamos a ser crianças? Por que não aplicar a felicidade, o simples “ser idiota”, no cotidiano? Olhar para vida com um sorriso no rosto, e rir daquilo que temos dificuldades. Por que “rir não é o melhor remédio”?

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É comum saber que a partir dos dez anos de idade, a criança já começa a ter acesso a todo tipo de informação vinda de todos os lados, principalmente da internet. Porém antes dessa idade, é difícil que o indivíduo já tenha tido uma conversa com os pais sobre tragédias e assassinatos, fazendo com que o jovem vá atrás desse tipo de conteúdo e resultando em um trauma ou na necessidade de algumas consultas ao psicólogo.

Esse problema também pode ser relacionado à hipocrisia, pois todos os dias mães morrem junto aos filhos em hospitais públicos e isso não traz nenhuma repercussão na mídia, porém como é um problema internacional e também um ato terrorista é necessário ter uma grande exposição. Atenciosamente,

Leonardo Baiardi Lopes.

CARTA À VEJAThais Carvalho

Prezados senhores,

Escrevo esta carta, para vocês, editores da revista Veja, para tratar a respeito da foto do massacre ocorrido em 2004 em uma escola na Rússia, publicada por vocês. Tenho em mente que no gênero jornalístico, para chamar e prender a atenção do leitor, é preciso o uso de títulos bem elaborados e principalmente de imagens, que podem ter a intenção de causar comoção e chocar, como a em questão. Mas esta foto é extremamente apelativa, sensacionalista e falsa.Primeiramente apelativa, pois a criança deitada, morta e ensanguentada é uma cena muito forte e chocante. Falsa porque a mãe que chora pelo seu filho nem parece que está realmente sofrendo, ela não toca direito na filha, parece que está com nojo. Está muito arrumada, com brincos, pulseiras, anéis, o cabelo penteado e bem preso e faz uma cara de quem está fingindo dor, como se ela estivesse posando para a foto. Para mim uma mãe que perde um filho estaria desolada, abraçada a ele.Essa foto não deveria ter sido usada, pois ela não transmite verdade alguma e a criança morta é angustiante. Com essa foto eu acredito que a revista apenas perdeu credibilidade, por isso acho que vocês deveriam fazer uma retratação e nunca mais usar imagens parecidas, para chamar a atenção.

Thais Carvalho

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CARTAGabriel Harada Luna

São Paulo, 23 de Fevereiro de 2014 Sr. Reginaldo,

Envio esta carta, para informá-lo sobre minha opinião referente à foto que foi divulgada em uma de suas capas. Gostaria de comentar

que não sou a favor e nem contra a divulgação de imagens impactantes em revistas, mas sim estou elogiando o jeito que retrataram o sofrimento da mãe, que é uma ótima forma de chamar a atenção do público para esses problemas, apesar da cena chocante (devido ao fato da criança estar morta). Ela

relata a realidade vivida hoje em dia.

AONDE OS PROBLEMAS NOS LEVAMRaphael Gavino Biondi

A famosa frase “a ignorância é uma bênção” finalmente trouxe a luz da razão à minha cabeça após a seguinte frase do Arnaldo Jabor “entregue os problemas na mão de Deus”. É inconcebível na minha mente, e acredito que na maioria dos que leem esta crítica, que em pleno século XXI alguém espere que Deus ou outro alguém possa resolver nossos problemas. Cito com veemência o célebre cantor Emicida: “Vai, levanta e anda”, ou seja, faça acontecer”.

Afinal, a vida, para ser bem vivida, é preciso um sorriso no rosto, um alguém que faça o coração bater mais forte e nos arranque suspiros e dilua os problemas da vida.

Ah, esses problemas que supostamente nos tornam miseráveis e só servem para complicar nossas vidas! Porém nos esquecemos que são esses problemas que movem o mundo. Quantas ideias geniais já não surgiram a partir de um problema, e tem gente que crê que a melhor forma de lidar com eles é “entregar na mão de Deus”. Ao meu ver, problemas são oportunidades de sair da média para o extraordinário e, quem sabe, mudar o curso da história.

Nossos primeiros ancestrais podiam muito bem se “aconchegar” juntos para passar o frio, e assim o fizeram, até que alguém saiu da média: percebeu que o fogo serviria para solucionar esse problema e aprendeu a manipulá-lo. A comunicação era demorada? Surgiram o telégrafo, o telefone, a Internet e outros meios. Acredito que seja fulcral para o mundo todo que não fuja dos seus problemas, e sim vá lá resolvê-los.

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Contudo, muitos criticam a ação do fotógrafo, alegando a insensibilidade e falta de respeito em divulgar o sofrimento da mãe. Concordo que não é uma ação muito respeitosa à mãe, porém, com todo o respeito, nós devemos mostrar à nossa sociedade que a vida não pode ser feita somente de tragédias. Governadores, deputados, o governo em geral deve-se preocupar mais com a violência; e com essas cenas chocantes talvez um dia consegamos chamar a atenção suficiente para isso mudar e finalmente alcançarmos a verdadeira paz. Atenciosamente,

Gabriel Harada Luna.

ALTERNÂNCIA DE CARÁTER PARA POSSÍVEL JOGO DE MARKETING

Guilherme Higuchi Kato

A publicação entitulada “Seja um Idiota”, do autor Arnaldo Jabor, apresenta características que contradizem as que ele naturalmente possui, deixando implícita uma possível falsidade de ideais no desenvolvimento do texto.

Através da obra, entende-se que Jabor critica positivamente o fato de todos, especificamente nós brasileiros, agirem de uma maneira fora do comum, ou seja, com um estilo mais 'retardado de ser'. Com isso, o autor afirma que iremos apresentar um aumento em nosso bom humor e felicidade, pois estamos sempre sujeitos a problemas em nossas rotinas e que não sabemos mais como viver quando estamos livres do trabalho.

Analisando concretamente os fatos, notei divergências entre o perfil do colunista e o conteúdo do texto, pois Jabor recebeu destaques nas décadas passadas por escrever sobre os brasileiros e as perspectivas do meio onde se vive, e notam-se diversas críticas feitas por ele quando trata do modo que as pessoas de nossa nação estão vivendo.

Ao meu ver, o jogo de marketing realizado por Arnaldo Jabor foi de certa inteligência, pois mudar seus ideais para compor sua obra que tenderá a motivar os brasileiros a agir de maneira diferente e não ficarem totalmente submetidos ao trabalho, acarreta polêmicas e, consequentemente, publicidade e benefícios monetários ao colunista.

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CARTA À VEJASamantha Laksmi Viegas

São Paulo, 25 de fevereiro de 2004Aos editores da revista Veja,

Meu nome é Samantha e estou aqui para falar sobre a reportagem que vocês fizeram, em 2004, sobre o ataque terrorista ocorrido em Beslan-Rússia. Não vim falar especificamente da reportagem, mas sim, do que chama a atenção visualmente: a foto da suposta mãe, acariciando o rosto de sua “filha” (Que estava na capa, no dia 8 de Setembro de 2004, enfatizando a tragédia). Vocês devem estar se perguntando: por que “suposta” mãe? Pois bem, vou explicar. Como se sabe, a realidade de hoje em dia é muito cruel e dolorosa, e a maioria das pessoas ainda não sabe lidar com certos tipos de acontecimentos. Muito menos uma mãe que viu o filho morto, ensanguentado, jogado no chão, vitima de terrorismo. A Veja podia ter tido o mínimo de senso, e perceber que nenhuma mãe iria estar numa posição tão artificial, ao ver o filho nesse estado. Na foto, a suposta mãe está parecendo não sentir dor nenhuma, apenas um ego enorme para aparecer bonita na notícia. Eu (e tenho certeza que todas as outras mães) ao presenciar um momento assim, estaria completamente fora de mim, desesperada e ligando apenas para o filho. Acho que não fui a única a reclamar dessa foto, pois está totalmente desrespeitosa e sem nexo nenhum com a realidade. Sejam um pouco mais realistas e sentimentais. Vejam se realmente essa foto se enquadra no sofrimento das mães e das famílias. Bom, falei minha opinião e espero que esse tipo de foto sensacionalista não se repita, pois não só eu, mas o Brasil inteiro irá se revoltar. Obrigada pela atenção.

Samantha Laksmi

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CARTA À VEJAGabriel Lipere Rodrigues

São Paulo, 09 de setembro de 2004.Ilmo. Senhor Editor,

Venho, por meio desta, expor certos aspectos sobre a reportagem datada em 8 de setembro. V. Sa. ultrapassou os limites, abusando do sensacionalismo e explorando, de maneira cruel e reprovável, a sensibilidade e a angústia que sofreram as famílias russas, em decorrência do ataque terrorista a Beslan. Tais famílias permaneceram três dias dentro de uma escola, a qual encontrava-se sob o domínio de terroristas com pesado poderio bélico. Lembrando que a maioria dos reféns eram crianças e, por isso, jamais deveriam fazer parte de um conflito armado.

Não obstante, V. Sa. aproveitou-se desse momento frágil, visando ao único fim de obter fotos, com o objetivo de lucrar e, portanto, não fomentar pela ética profissional, especialmente na carreira jornalística. Conforme pontuam os ditames éticos da mídia, a obrigação de qualquer comunicador é denunciar o que, de fato, ocorre em âmbito mundial, sem a busca inescrupulosa pelo dinheiro.

O objetivo deveria ser conscientizar e corroborar para que a sociedade tenha resguardada sua segurança e conforto, sem a necessidade de expor aspectos tão gélidos quanto às atrocidades que, infelizmente, acometem quaisquer grupos sociais pelo planeta. A postura da Revista VEJA é lamentável. Um meio de comunicação que goza de vasta popularidade, desperdiçar o respeito angariado pelas suas reportagens dessa forma é não só grosseiro, mas também indigno da atenção de sérios leitores.

Com meus melhores cumprimentos, subscrevo-me com o máximo respeito.Gabriel Lipere Rodrigues

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CARTA À VEJAJoana Terumi Uchino Rezende

São Paulo, 10 de setembro de 2004,Editora Abril,

Por meio desta carta venho expressar minha opinião sobre a capa da revista Veja, do dia 8 de setembro, que continha a foto de uma das crianças mortas no sequestro ocorrido nessa mesma época, em uma escola em Beslan, no interior da Rússia, (dia 3 de setembro).

O fato ocorrido, que por si só já é devastador, teve repercussão pelo mundo inteiro, dando chance a muitos jornais e revistas de se posicionarem, e lógico que a Veja, uma das mais importantes e relevantes revistas do Brasil não poderia deixar de expor sua opinião.

Esse fato mostra o aumento da violência nos dias atuais, sendo um meio dos grupos terroristas de exporem suas ideias e ideais para o mundo, como foi o exemplo ocorrido em Nova York, EUA, (dia 11 de setembro de 2001) no ataque às Torres Gêmeas.

Ao expor imagens tão fortes utilizando-as como marketing, a revista instiga o público a comprá-la e faz com que os atos terroristas alcancem suas metas, que são: o medo e divulgação de suas ideias. E, as mostrando, a notícia deixa de ser apenas argumentos impessoais, tornando-se imagens que exploram o sentimentalismo do leitor. Porém, o jornalismo é um meio de comunicação informativo, no qual não se deve colocar a opinião do jornalista em questão.

Portanto, as chocantes imagens, que foram utilizadas de forma inteligente, buscaram usufruir do sofrimento das vitimas do atentado, passando uma imagem sensacionalista. Dessa forma, não concordo com a foto de capa desta edição.

Grata pela atenção,Joana Terumi

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CARTA REDAÇÃO SENSACIONALISMOVictor Velanga

São Paulo, 9 de setembro de 2004.Caro José Eduardo Barella,

Após receber a Veja desta semana, ontem, me chamou muito a atenção ao ver, na capa, uma mãe acariciando sua filha morta. Fiquei surpreso e horrorizado com a quantidade desnecessária de fotos extremamente sensacionalistas que foi colocada nesta reportagem, não apenas na capa da revista - que fica na cara de todos nas bancas, inclusive das crianças - mas na reportagem toda, e logo resolvi contatar o senhor.

Após muito refletir sobre o assunto, continuei com a mesma impressão de sensacionalismo extremo da reportagem. É uma quantidade dispensável de sangue na revista, que parece que a qualquer ponto vai escorrer das páginas.

Sei que seu ponto pode ter sido chocar a população, ou até não ter sido você que tenha tirado tais fotos, mas com certeza, o senhor escreveu sobre isso, e sei que o senhor podia ter sido um pouco menos sanguinário em sua reportagem. O massacre pode ter sido feio - já que é por isso que se chama massacre - mas esse sensacionalismo é puro negócio.

Tal sensacionalismo é o que faz muitas pessoas pararem de ler a revista. Muitos jornais e revistas como o Diário Popular são feitos para esse tipo de pessoas, seu público alvo, mas eu tenho certeza que matérias assim não atingiram o seu. Não importa que sua revista seja séria, isso não é sinônimo de sensacionalismo, não quer dizer que o senhor tenha o direito de fazer tais reportagens.

Peço encarecidamente para que tente mudar isso. Não nesta reportagem, mas nas futuras. Caso contrário, serei obrigado a parar de ler a revista Veja. Agradeço a atenção e a colaboração.

Cordialmente, Victor.

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CARTA ARGUMENTATIVAIsabela Cristina Hashimoto Alvarez

São Paulo, 15 de setembro de 2004.Srs. Diretores e editores da revista Veja,

Venho por meio desta fazer uma crítica a respeito da capa da edição publicada no dia 8 de setembro de 2004 da revista, que tem como ilustração a foto de uma mãe russa acariciando o rosto da filha que foi covardemente morta no sequestro da escola, em Beslan.

Minha principal crítica é que achei a foto sensacionalista e apelativa. A revista tem como objetivo dar notícias de diversos gêneros e informar as pessoas,. Entendo que há necessidade de mostrar a realidade, porém era necessária essa foto na capa? Acredito que vocês deveriam pensar mais a respeito do fato de que essas revistas são expostas em bancas, padarias, lojas, por onde passam pessoas de todas as faixas etárias e de que adultos que têm crianças em casa, as compram. Essas crianças não são obrigadas a ver esse tipo de imagem; com certeza deve assustar muitas, a maioria eu diria! E quanto às pessoas frágeis que não gostam de ver imagens fortes como essa?

Espero realmente que vocês reflitam sobre isso e que não tenham colocado a imagem bem na capa, como uma forma apelativa de chamar a atenção do público para comprarem sua revista. Muitos dizem que “o povo gosta de desgraça”, porém não é por aí... Há também o público que não consegue, por motivos diversos, ou não quer ver coisas desse tipo e crianças que não deveriam ver cenas fortes assim tão cedo. Mostrem a realidade, porém pensando no público que terá acesso à revista e pensem duas vezes antes de colocar as imagens de capa.

Isabela Alvarez

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Vinicius

ThabataVerônica

SamuelPriscilaBeatrice

Anos - Ensino Médio

A PERCEPÇÃO DO EU PARA A PERCEPÇÃO DO MUNDO

Dissertar é como estar num monólogo expressando sua própria opinião sem poder ser diretamente pessoal. O desafio de argumentar sem poder dizer “eu acho que”. Isso resume de forma bastante sucinta o trabalho feito com nossos pré-vestibulandos. Argumentar nunca deixa de ser uma arte, ainda que com maior estratégia e regras a serem seguidas. Às vezes, os alunos, já aborrecidos com a rotina e pressão desta fase tão difícil, lançam a nós professores, de redação, aquele olhar de desespero e agonizam num desabafo “professora, estou sem criatividade hoje”. A resposta vem rápida e com o intuito de tranquilizá-los: “ótimo, porque a dissertação é uma questão preponderante de estratégia. Jogue com os argumentos, eu passei as regras e você é um adversário de peso; portanto, não se preocupe em ser mais estratégico que criativo hoje; amanhã você pode fazer o contrário”.

O trabalho feito com o derradeiro ano do Ensino Médio é chamado de Oficina de Redações, mas antes da produção, o trabalho realizado é o de uma Oficina de Reflexões. Os alunos são convidados a produzirem uma redação por semana, podendo optar por um dos 60 temas trazidos pelo material Anglo. É uma coletânea dos principais temas de vestibulares do país na última década. Com base na análise das provas desses vestibulares, foi possível depreender que a grande maioria dos temas podia ser agrupada em três grandes eixos temáticos: temas que abordem a relação do homem consigo mesmo, a relação do homem com a sociedade e a relação do homem com o meio biofísico.

Os textos selecionados foram os que apresentaram melhor evolução quanto à organização dos argumentos, melhor posicionamento perante questões polêmicas, melhores justificativas pautadas em embasamento científico e melhor progressão textual. Tratam-se todos de dissertações argumentativas moldadas através de reflexões bem aprofundadas em sala de aula sobre diversos assuntos que não devem e nem podem ser ignorados pela sociedade.

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Professora Maína Machado

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O PROBLEMA DOS MENORES CRIMINOSOSSamuel Leon Cunha Lara

Na sociedade moderna, o fluxo de informações acelerado atinge muito mais indivíduos do que apenas seu público alvo. Uns desses grupos são as crianças e adolescentes. Esses jovens acabam por aprender muito cedo conceitos complexos e avançados, entre eles o crime. Grande parte das vezes é o contexto social que obriga menores de idade a entrar no âmbito do crime. A maioria dos jovens pertence às classes sociais mais baixas ou está envolvida com drogas, seja por uso ou contrabando.

Uma criança de 10 anos, por exemplo, tem consciência de sua situação social e pode fazer algo para tentar mudar este quadro, mesmo assim, opta por aquilo que é proibido pela lei. O termo “trombadinha” refere-se às crianças e pré-adolescentes que furtam objetos de pessoas ou estabelecimentos.

O grande problema é que a maioria dos casos fica impune. Por serem menores de idade, esses jovens são absolvidos de seus crimes e continuam suas atividades ilícitas. Para que esses jovens fossem devidamente punidos a maioridade penal deveria ser reduzida para pelo menos 12 anos.

A redução da maioridade penal eliminaria pelo menos 75% dos criminosos nas zonas populares, diminuindo drasticamente a ocorrência de roubos e assaltos e até de assassinatos. Esta seria uma solução imediata; há envolvidas, é claro, muitas medidas a longo prazo que deveriam ser tomadas, tais como a ampliação de presídios, mas esta é uma solução que já traz consigo certa eficácia.

PRIVACIDADE PÚBLICA Thabata Lima Araujo Reis

Com os avanços da tecnologia, as redes sociais tomam conta, cada vez mais, da população mundial, forçando-a a se render a esse sistema de invasão de privacidade. Sabendo disso, por que participar dessa rede de doação de informações pessoais?

O primeiro empecilho causado por qualquer rede social são os textos gigantescos em letras miúdas que fazem com que todo e qualquer usuário não os leia, ou seja, assinam um contrato sem saber o que está sendo colocado. Para comprovar essa suspeita, uma empresa chamada Game Station colocou em seus termos que seus assinantes estariam doando suas almas à companhia: em um só dia houve mais de três mil adesões.

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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA VIDA DAS PESSOASBeatrice Constance F. Belém Simão

Do rock ao funk, da MPB ao axé. Seja no rádio, no elevador ou nos fones de ouvido, a música está presente no dia a dia de todos. É uma linguagem universal. Suas diversas formas, ritmos e letras agradam a todos. Independentemente de etnia, classe social, religião ou valores, há melodias para todos os gostos.

A música tanto ajuda no desenvolvimento intelectual como no estímulo a criatividade como também na possibilidade de expressar sentimentos por meio dos sons. Ao mesmo tempo que uns utilizam da música de forma comercial, muitas vezes com a produção em massa de canções vazias, outros a veem como um refúgio, uma forma de relaxar e expressar seus sentimentos.

Ademais, os benefícios da música são utilizados no campo da medicina com a musicoterapia que consiste no uso de música e de seus elementos - som, ritmo, melodia e harmonia - para a reabilitação física, mental e social

de indivíduos ou grupos. Pesquisas comprovam sua eficácia no tratamento de pacientes autistas, na deficiência mental e na

paralisia cerebral, entre outros.Nas palavras do poeta inglês Robert Browning, “Quem ouve

música, sente a sua solidão de repente povoada”.A música trouxe avanços para a humanidade, não só pela

forma como ela é capaz de descrever e transmitir emoções, como pelas suas propriedades terapêuticas.

Um segundo problema seria a falta de seriedade com que empresas como, por exemplo, Facebook são sustentadas. A imagem que elas passam às pessoas é de que são suas amigas, que seriam incapazes de qualquer mal. Entretanto, existem como empresas e devem ser tratadas como tal, para que não se aproveitem da ingenuidade e da hipocrisia das pessoas. Como prova de que não é tão “amiga” assim, pode ser citada a mudança que o Facebook fez em seus termos e condições sem prestar qualquer tipo de aviso aos seus usuários, o que é considerado como alto grau de seriedade.

Outro grande equívoco é acreditar que essas redes gratuitas realmente não são pagas. Muito pelo contrário. Paga-se com algo muito mais valioso, que é responsável por todo esse empreendimento: informações pessoais dos usuários.

A cada ano que passa, mais informações vêm sendo compartilhadas na internet. Porém, se em qualquer relação é bom que uma pessoa não saiba tudo sobre a outra, por que, então, publicar cada ação e cada pensamento? É uma dependência que vem crescendo, acabando com as relações interpessoais e colocando a privacidade e segurança das pessoas em risco.

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A ARTE DAS RUASVinicius Brito Martins

Atualmente, as cidades encontram-se visualmente muito poluídas pelo lixo acumulado nas calçadas; há falta de capricho em obras e construções e pixação em muros e edifícios. Porém, amenizando esse quadro, existe uma arte realizada por artistas geralmente anônimos que dá vida a grandes paredes com cores vibrantes e muito sentimento. O grafite, uma arte espontânea presente em diversos locais das grandes cidades, é considerado uma forma de expressar-se e transmitir sensações fortes a quem o vê devido às suas diferentes formas e à mesclagem de cores intensas. Realizada geralmente por artistas anônimos, a arte de grafitar está presente em pistas de skate, parques, praças, pontes e em locais abandonados, e é nesses espaços se inicia um certo tipo de confusão.

A DIFERENÇAPriscila de Andrade Pedra

Podemos considerar os padrões sociais como um fator de comportamento da sociedade que apresenta coerção e molda atitudes. A coerção advém de uma pouca chance de escapatória dos ditames da sociedade, que já vem com uma forma pronta para “enquadrar” comportamentos. No Brasil principalmente, há pouco respeito pela individualidade. Pode-se aferir como resquício de uma ditadura uniformizadora que vivemos desde o descobrimento até o slogan da Copa do Mundo “Somos todos um”.

A partir do momento em que se é imposto um modo de vida, fere-se o livre arbítrio de cada um na maneira como se vestir, gosto musical, entre outros. Além disso, a sociedade condena características que muitas vezes não fazem parte de um carácter de escolha tais como cor da pele, tipo físico, genética e orientação sexual. A necessidade de percepção de que somos todos um, mas cada um composto por vontades próprias e características diferentes, faz-se urgente para uma melhor educação moral.

O que é diferente com certeza causa estranhamento, curiosidade e muitas vezes medo, mas isso não dá o direito a ninguém de reprimir e condenar características e ações que não causam mal a ninguém. Atitudes como chamar jogadores de futebol de macacos, agredirem, matarem ou até demitirem pessoas por serem homossexuais são fortes indícios de um primitivismo de baixa tolerância.

O que falta à Humanidade é a percepção de que não existem apenas padrões num meio em que a individualidade prepondera. Se grandes mudanças aconteceram para o mundo foi porque pessoas fora dos padrões sociais lutaram pelos seus direitos e isso só agregou ao desenvolvimento da sociedade.

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REALIDADE TRANSPARENTEVerônica Silva Righetti

Estar exposto a todo tipo de mídias torna perceptível o quanto estamos numa era de novas tecnologias e consequentemente em novos meios de comunicação. É visto que, para a juventude atual, o meio mais prático de se chegar à fama pode ser a internet.

Foi-se o tempo em que ser respeitado não requisitava a fama, já que esta sempre esteve reservada a uma pequena parte da população brasileira. Hoje, o status social é o que mais importa enquanto prestígio, notoriedade e uma boa reputação julgam pessoas para, com isso, recolocá-las na sociedade. A aparente sensação de que ser famoso é estar associado a lucro e áreas Vips, traz ao jovem a informação de que fama traz respeito, mas não especifica que este respeito pode vir de pessoas interessadas no material e não no conteúdo. Uma representação disso é o estilo musical chamado funk da ostentação, bastante provido de exaltação aos bens materiais e amplamente destituído de conteúdo cultural e social. Em alta no Brasil, tal

fenômeno mostra a facilidade que a internet dá ao processo de reconhecimento a este estilo de música. Quanto mais acessos os vídeos têm, mais importância ele cria no mercado musical.

Com apenas um video no Youtube e alguns carros importados, ser reconhecido se torna mais fácil. Tal reconhecimento carrega consigo a

fama e seus malefícios aos famosos. A vida de celebridade nem sempre é uma dádiva, com ela vêm uma agenda cheia de compromissos e uma exposição pública que suga qualquer tipo de privacidade. Portanto, é fácil também concluir que não é possível chegar à felicidade plena através da fama tanto pela desconfiança na

verdadeira amizade das pessoas quanto o quanto ela exige da paz de espírito de cada indivíduo.

A arte do grafite é confundida com o crime de pixar e vandalizar muros e outros diversos locais com letras, símbolos e mensagens feitas de formas ilegais e arriscadas. Esse vandalismo é que faz muitas pessoas deixarem de apreciar o grafite e também é o culpado por uma das maiores poluições visuais presentes nas cidades. Muitos casos de vândalos arriscando-se altamente são flagrados, como a alta altitude que atingem em prédios e muros, onde se penduram, e o quão perto ficam de lanças de segurança e cabos elétricos, e tudo isso para apenas deixarem a sua marca.

Hoje em dia, muitos grafiteiros são contratados para fazer sua arte em muros de casas e de obras públicas, como as do Metrô, e também em obras privadas, como as de grandes edifícios comerciais em renomadas avenidas, mostrando ser um trabalho muito apreciado e prazeroso visualmente. O preconceito sempre irá existir por parte de muitas pessoas, que consideram essa arte como uma forma de vandalismo, mas ,dia após dia, o grafite cresce, evolui e é respeitado e valorizado por muitos na sociedade.

Sinceros agradecimentos da equipe de Português aos colegas das demais áreas do conhecimento e à equipe técnico-pedagógica, pela

presença constante e incentivo diário.

EQUIPE TÉCNICO-PEDAGÓGICA

Mantenedora e Diretora-geral - Neuza Maria ScattoliniGerente Administrativa - Maria IoccaCoordenadora Geral - Vera Aurora A. KmiliauskisOrientadora Educacional (Ensino Fundamental) - Branca Denigres FaustoOrientadora Educacional (Ensino Médio) - Ivete Fierro Araújo Segabinazzi

EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA

Professora Luciane dos SantosProfessora Mailu AlcántaraProfessora Maína MachadoProfessora Maria Inez Ferreira de JesusProfessora Silvana E. O. da Matta Vívolo

DESIGNER GRÁFICO - Silvio da Matta

Santa Terezinha

RIOSSETNOM oigélo

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PARA QUEM LEVA A EDUCAÇÃO A SÉRIO E FAZ DA VIDA UM ETERNO APRENDIZADO

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