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REVISTA O MUNDO DA USINAGEM 76TRANSCRIPT
Publicação da Sandvik coromant do braSil iSSn 1518-6091 rg bn 217-147
Grandes mandriladorasVersatilidade, precisão e 80 toneladas de cavacos por mês
Trens de pouso
76
Síntese de operações reduz ciclo produtivo
novas alternativasRevisão de processos elimina gargalos de produção
Shut
ters
tock
para começar...
Construir e reconstruir são, no fundo, atividades muito semelhantes. O que fará a grande diferença
é o ânimo, a vontade, o desejo, a coragem, o entusiasmo, a vibração, a criatividade, a inspiração, a
determinação, o conhecimento, a sabedoria, a sede de vencer e a fé que servirão de impulso a cada
movimento, a cada decisão feita por aquele que decidir tomar para si um destes dois desafios.
O Mundo da Usinagem �
Índice76edição 04 / 2011
03paracomeçar...
04ÍNDIce/expeDIeNte
06machINeINveStmeNtS:SaIbamaISSobreoSproceSSoSDeuSINagememgraNDeSmaNDrIlaDoraS
18geStãoempreSarIal:elebotImIzaproDuçãoDepeçaSparaoSetoraeroeSpacIal
26eStratégIa:laNmaralcaNçareSultaDoSexpreSSIvoScomprogramaDeINcremeNtoDaproDutIvIDaDe
32teNDêNcIaSeoportuNIDaDeSI:pré-SaljámovImeNtaImportaNteSSetoreSDaINDúStrIa
36teNDêNcIaSeoportuNIDaDeSII:pequeNaSINIcIatIvaSformamgraNDeSempreeNDeDoreS
40NoSSaparcelaDereSpoNSabIlIDaDe
42aNuNcIaNteS/DIStrIbuIDoreS/falecomeleS
Publicação da Sandvik Coromant do BrasilISSN 1518-6091 RG. BN 217-147
eXpedienteo mUndo da UsinaGeméumapublicaçãodaSandvikcoromantdobrasil,
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O Mundo da Usinagem�
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machine investments
Há 100 anos no mercado, Bardella utiliza grandes mandriladoras para produzir de forma ágil peças de grandes dimensões para
diversos setores da indústria
Produtividade ideal na usinagem de
grande porte – Parte II
O Mundo da Usinagem�
Na primeira parte desta re-
portagem (edição 74), vi-
mos como a demanda por
máquinas de grande porte, mais
especificamente de grandes man-driladoras, vem crescendo nos
últimos anos. Nesta edição, segui-
remos abordando mais algumas
particularidades deste mercado em
expansão, como a produtividade
potencial destes equipamentos, a
segurança das operações e a espe-
cialização de mão de obra que este
tipo de máquina requer.
A bardella – fornecedora de
equipamentos para os setores indus-
triais de Metalurgia, Energia, Petróleo,
Gás e Movimentação de Materiais – é
uma das empresas que vêm obtendo
resultados positivos com a utilização
deste tipo de máquina. Mandrilado-
ras floor type com mesa giratória e
mandriladoras portal fuso 130 e 210
são os principais equipamentos de
grande porte utilizados pela empresa
para usinar peças de amplas dimen-
sões como carros de pontes rolantes,
estruturas de máquinas para minera-
ção e equipamentos hidromecânicos
e siderúrgicos.
Segundo Antônio José Pereira Machado, engenheiro do depar-
tamento de Usinagem da Bardella,
os custos relativos à usinagem das
peças de grande porte representam,
em média, cerca de 20 a 30% do
custo total de fabricação.
A grande vantagem de se utilizar
equipamentos de grande porte está
no fato de permitirem o processa-
mento de diversas operações de usi-
nagem, do desbaste ao acabamento,
sem a necessidade de remoção da
peça da máquina. “Em máquinas de
mandriladoras floor type e mandriladoras portal são os
principais equipamentos de grande porte utilizados pela empresa
médio porte, a peça usinada deve
ser movimentada várias vezes, o
que gera uma perda de produtivi-
dade devido ao elevado número de
preparações necessárias”, lembra
Machado.
Ferramentas robustasOperando com profundidade
de corte entre 5 e 7 mm e a uma
velocidade de 150 metros/min,
estas máquinas operatrizes também
possibilitam a remoção de cavacos
em grande escala e permitem atingir
profundidades de corte maiores do
que as das máquinas convencionais.
Na avaliação de Machado, estas ca-
racterísticas podem contribuir para
dinamizar a produção da empresa.
Na Bardella, os materiais mais
comumente usinados são o aço
carbono 1.020 e o aço RST 52,3.
A maioria dos materiais apresenta
dureza de 130 HB, e alguns variam
entre 150 e 250 HB. Para usinar
materiais tão rígidos, a empresa
utiliza ferramentas específicas para
cada tipo de operação, sendo as de
metal duro intercambiável as mais
empregadas.
Outras soluções utilizadas nos
processos produtivos da Bardella
são as brocas, machos e ferramentas
compostas de HSS (aço rápido).
“No caso de torneamento de peças
temperadas ou de alta dureza, utili-
zamos ferramentas de cerâmica ou
ferramentas com ponta de nitreto
cúbico de boro”, conta Machado.
“Em alguns casos de furações mais
profundas também são utilizadas
brocas canhão, brocas com pastilhas
intercambiáveis e brocas piloto”,
completa.
O Mundo da Usinagem �
Padrão de qualidadePara refrigerar a região do corte,
a Bardella utiliza uma mistura de ar
comprimido com óleo refrigerante,
conhecida como névoa. Neste sis-
tema, o fluido lubrificante é injetado
por meio de pressão nos pontos de
furação e, no caso das operações de
fresamento, a névoa é pulverizada
sobre a superfície das peças a serem
trabalhadas.
Quanto ao nível de precisão
destas máquinas, ao contrário do
que comumente se pode pensar, as
mandriladoras não exigem necessa-
riamente tolerâncias dimensionais
maiores – na verdade elas trabalham
com tolerâncias proporcionais ao
tamanho de suas peças.
Estas proporções são calculadas de
acordo com um conjunto de normas,
denominado Sistema de Ajustes e
Tolerâncias ISO (International Organi-
zation For Standardization), que tem
como finalidade padronizar o sistema
de ajustes, garantindo, desta forma, a
qualidade do produto final independen-
temente de suas dimensões.
Cuidados necessáriosSegurança é outro requisito
essencial ao se trabalhar com equi-
pamentos de grande porte. “Para
fixar as peças nos dispositivos das
mandriladoras, por exemplo, os
preparadores precisam subir em
plataformas que acompanham o ca-
bardella utiliza grandes mandriladoras na usinagem de carros de pontes rolantes, estruturas de máquinas para mineração e equipamentos hidromecânicos e siderúrgicos
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beçote das máquinas, em alturas de
até seis metros”, explica Machado.
Nestas ocasiões, alguns cuida-
dos básicos devem ser colocados
em prática para evitar acidentes.
Os operadores utilizam cintos de
segurança e, em alguns casos, são
preparadas plataformas auxiliares
machine investments
e os chamados cabos vida, que
são equipamentos instalados na
parte de melhor acesso, impedindo
que ocorram quedas em caso de
desequilíbrio.
Devido ao elevado peso das
peças, que podem chegar a até
100 toneladas, o manuseio dos
equipamentos é um trabalho que
deve ser feito com a ajuda de, no
mínimo, duas pessoas. Além dis-
so, para que as peças não sejam
danificadas em caso de acidentes,
deve-se tomar muito cuidado com
a movimentação rápida da máquina
para evitar colisões das ferramentas
com partes da peça. Este cuidado
deve ser constante, já que alguns
Há um século no mercado fundadapeloimigranteitalianoantoniobardellaem1911,abardellaco-
meçoucomoumapequenaoficinanobairrodabarrafunda,emSãopaulo,fabricandofogões,gradesparajanelasejardinseoutrosartefatosdeferropararesidências.
hoje,aempresapossuiduasplantaslocalizadasnoestadodeSãopaulo,umaemguarulhoseoutranacidadedeSorocaba.Detentoradealtacapacida-detécnica,abardellaforneceserviçosdecaldeiraria,usinagememontagemdeequipamentosparaossetoresindustriaisdemetalurgia,energia,petróleo,gás,movimentaçãodemateriais,Service,açostrefiladoseaçoslaminados.
Desde2003,aempresaparticipadoprojetoformare,criadopelafunda-çãoIochpe,umaorganizaçãocivilsemfinslucrativos.oprojetooferececursosde capacitaçãopara40 jovens, eneleprofissionaisdabardellaministramaulasreferentesaoapoioesuporteasistemasdegestãodeprocessos,pro-dutosemeioambiente.aempresaaindapossuicertificadosISoreferentesàqualidadeemeioambiente.
machine investments
clientes exigem em suas cláusulas
contratuais a reposição da maté-
ria-prima caso não seja possível a
recuperação da peça.
Outra particularidade da usina-
gem de grande porte são as altas
taxas de remoção de material. Na
Bardella, cerca de 80 toneladas de
cavacos são removidos todos os
meses. Por uma questão de segu-
rança, cavacos longos são evitados
ao máximo, mas, quando inevitáveis,
são manipulados por operadores
que utilizam luvas de proteção e
ganchos apropriados para isso.
Produção dinâmicaUm dos momentos mais impor-
tantes ao se trabalhar com mandri-
ladoras deste porte é a preparação
da máquina. “Nos casos em que as
peças ocupam toda a extensão do
equipamento, esta operação exige
parada de máquina, o que interrompe
a produção por, aproximadamente,
nove horas”, informa Machado.
Operações em grandes mandriladoras trabalham
com profundidade de corte variando entre 5 e 7
mm e uma velocidade de 150 metros/min
O Mundo da Usinagem10
Assim, se uma preparação for
feita de modo equivocado, o set
up deverá ser refeito, o que acaba
gerando perda de produtividade. Já
quando se tratam de peças seme-
lhantes, os tempos de set up podem
ser minimizados com a fabricação
de dispositivos de fixação comuns
a todos os processos. Os mais
comumente utilizados são platôs,
prisioneiros, macacos com rosca,
correntes, garras e travessas.
Também com a intenção de oti-
mizar sua produção, a Bardella optou
por uma mudança em seu parque
industrial. Atualmente, apesar de ainda
atuar com um layout do tipo funcio-
nal, a empresa está em processo de
montagem de células de trabalho por
meio de projetos de Lean Manufac-
turing – filosofia de gestão que tem
machine investments
na bardella, cerca de 80 toneladas de cavacos são removidos todos os meses
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anuncio_usinagem_202x133.pdf 1 4/11/2010 10:12:57
machine investments
como objetivo reduzir os desperdícios
e implantar o conceito de produção
enxuta nas empresas.
Demanda por profissionais
Segundo o engenheiro da Bar-
della, encontrar profissionais quali-
ficados nesta área do mercado pode
ser difícil. “Os cursos de engenharia
ministrados pelas universidades são
voltados quase que inteiramente
para a indústria seriada, de médio
e pequeno porte”, relata. Macha-
do adianta que um dos requisitos
fundamentais para engenheiros
interessados em ingressar nos
departamentos de Engenharia de
Manufatura de uma empresa como
a Bardella é a experiência em usina-
gem com peças diversas.
devido à dificuldade de encontrar profissionais qualificados, bardella treina seus profissionais internamente, processo que pode durar mais de sete anos
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machine investments
Por este motivo, a Bardella cos-
tuma treinar seus profissionais inter-
namente, em seu departamento de
Engenharia de Manufatura e Orça-
mentos. Ali, os operadores começam
trabalhando em máquinas menores
e, por meio do desenvolvimento de
seus potenciais, chegam até o nível
necessário para operar mandrila-
doras pesadas, num processo de
evolução que costuma demandar no
mínimo sete anos.
Para alguém interessado em
trabalhar como processista,
Machado alerta: “Co-
nhecimento de má-
quinas CNC, leitura
e interpretação de
desenho, Auto Cad,
conhecimento das
ferramentas, máqui-
nas e dispositivos de
fixação da peça e conhe-
cimento de medição em processo
são necessários”.
Superando desafiosSeguindo a tendência do mer-
cado, diversas fabricantes de man-
driladoras pesadas surgiram nos
últimos anos. Segmentos como o
de mineração e siderurgia estão em
constante crescimento, alavancando
o mercado de máquinas pesadas e
superpesadas.
Mas o setor também enfrenta
desafios. Temporadas de
grande demanda do
mercado são alter-
nadas com épocas
de baixa demanda
em usinagem pe-
sada. Lidar com
esta entressafra é o
principal desafio das
empresas deste setor:
é necessário saber administrar
estes períodos. “Na Bardella, pro-
curamos compensar as épocas de
baixa aumentando a prestação de
outros serviços, como reformas e
atualização tecnológica de equipa-
mentos”, afirma Machado.
Já nas vendas, a principal ques-
tão a ser gerenciada é a concen-
tração da demanda em serviços
que requerem um mesmo tipo de
máquina, causando ociosidade em
outros equipamentos. “Às vezes,
temos uma alta procura por servi-
ços que demandam a utilização do
torno vertical, enquanto nossa maior
disponibilidade pode ser atender
serviços de mandriladoras, por
exemplo”, comenta Machado.
Operando há cem anos no
mercado de usinagem pesada, a
Bardella tem conseguido superar
os desafios da usinagem de grande
porte com sucesso e garante que
a razão para isso está no fato de
honrar integralmente todos os seus
compromissos contratuais, satisfa-
zendo sempre seus clientes.
thais PaivaJornalista
Custo relativo ao processo de usinagem
pode representar de 20 a 30% do custo total de fabricação de uma peça
de grande porte
no torneamento de peças temperadas ou de alta dureza, bardella utiliza insertos de cerâmica ou insertos com ponta de nitreto cúbico de boro
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O Mundo da Usinagem1�
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Embraer/Eleb utiliza centros de usinagem na fabricação de peças para o setor aeroespacial e consegue reduzir tempos de produção e set up
dinamizam Produção industrial
máquinas multitarefas
Gestão empresarial
Produzir mais peças em menos
tempo é um desafio enfrenta-
do diariamente por todas as
indústrias. Outros objetivos comuns
às empresas do setor metalmecâni-
co são atingir maior flexibilidade nas
entregas, melhor qualidade dos pro-
dutos, e redução do work in process,
bem como dos ciclos de produção
e dos custos de fabricação.
No caso da embraer/eleb equi-
Peças exigentesJosé luiz Fragnan, diretor da
unidade Eleb, explica que as peças
deste setor são produzidas em
processos lentos e fragmentados.
“Os produtos passam por máquinas
diversas que exigem uma grande
variedade de ferramentas, o que
implica numerosos set ups”, ressalta
Fragnan. “Esta troca constante de
ferramentas pode acarretar falhas
pamentos ltda – fabricante de equi-
pamentos aeroespaciais –, as exigên-
cias do mercado não são diferentes.
Além dos desafios comuns enfrentados
por muitas indústrias, a Eleb ainda deve
lidar com questões próprias da indús-
tria aeroespacial, tais como a alta com-plexidade das peças produzidas e
o vasto mix de produtos de baixa demanda, que exigem produções em
lotes pequenos.
O Mundo da Usinagem18
Gestão empresarial
que geram prejuízo às empresas”,
completa.
O diretor também indica que
outra particularidade do setor ae-
roespacial é trabalhar com maté-
rias-primas muito resistentes, o que
gera um desgaste excessivo de
ferramentas. Além disso, a baixa
velocidade de corte exigida pela alta
resistência dos materiais demanda
a utilização de ferramentas e dis-
positivos de fixação robustos que
garantam a estabilidade do processo
– itens que, segundo Fragnan, não
são encontrados no mercado com
facilidade.
O surgimento de novos materiais
e novas tecnologias de produção
para este setor exige que as indús-
trias em geral estejam preparadas
para trabalhar com produtos de alta
complexidade. “O nível de comple-
xidade dos produtos cresce perma-
nentemente; por isso, as empresas
que não utilizam tecnologia de ponta
hoje estão sujeitas a sofrer uma
perda de produtividade que pode
ser fatal”, prevê Fragnan.
Solução versátilCom o objetivo de solucionar
estes desafios, a Embraer/Eleb
adotou em 2006 suas primeiras
máquinas multitarefas, os cen-
tros de torneamento. A empresa
foi uma das primeiras da América
Latina a adquirir este tipo de tecno-
logia. O principal diferencial deste
equipamento é a possibilidade de
realizar diversas operações – como
fresamento, furação e torneamento
– em uma só máquina.
“Conseguimos reduzir significa-
tivamente a quantidade de opera-
ções necessárias para a fabricação
da maioria de nossas peças, pois
com os centros de torneamento
podemos executar diversas ope-
José Luiz Fragnan, da Eleb: “Máquinas
multitarefas diminuem de forma expressiva
a possibilidade de equívocos, pois exigem
apenas um set up
com nova tecnologia, empresa pôde trabalhar com lotes menores, garantindo flexibilidade para atender a demanda do mercado
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Gestão empresarial
rações de uma só vez”, justifica
Fragnan. Isto é possível devido à
quantidade de ferramentas que
podem ser acopladas ao magazine
da máquina, possibilitando a troca
rápida do ferramental sempre que
necessário.
Por apresentar alto nível de
automação, as máquinas multi-
tarefas também permitem que o
operador controle diversos eixos,
tanto lineares quanto circulares,
além de utilizar ferramentas fixas e
ferramentas que são acionadas con-
forme a necessidade de fabricação
do produto. “Com a utilização desse
recurso de seleção das ferramentas
de corte, conseguimos praticamen-
te eliminar a possibilidade de falhas
com o set up, o que poderia causar
a perda do produto, e com isso
aumentamos nossa produtividade
e aprimoramos a qualidade das
peças”, conta Fragnan.
Otimizando a produção
Apesar do elevado investimento
inicial, as máquinas multitarefas
apresentaram um excelente custo–
benefício para a Embraer/Eleb. “Uma
peça estrutural, que antes requeria
50 horas para ser produzida, agora
pode ser concluída em apenas 10
horas”, conta. “Como os testes de
conceito são muito mais rápidos,
conseguimos fabricar os protótipos
em um tempo muito menor, o que
acelera todo o processo de fabrica-
ção”, avalia o diretor.
Outra vantagem é a flexibilidade
que estas máquinas apresentam,
podendo operar com vários tipos
de matéria-prima, como aço, alumí-
nio, titânio e fibras de carbono. Ao
reduzir as etapas necessárias para
a produção das peças, foi possível
reduzir o work in process (trabalho
em andamento no chão de fábrica),
redução das etapas de produção eliminou o tempo de fila dos produtos, reduzindo significativamente o lead time
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Gestão empresarial
o que levou a uma consequente
redução dos estoques. Com estas
características de processo, a Eleb
também pôde produzir lotes meno-
res, atendendo melhor as necessi-
dades do mercado.
Com este novo processo, o ge-
renciamento da produção também
se tornou mais fácil. Todos os pro-
dutos ficam estocados em um único
local aguardando a operação, já que
todos serão usinados na mesma má-
quina. No sistema anterior, era preci-
so gerenciar diferentes estoques de
peças para as diferentes máquinas
que faziam parte do processo de
usinagem.
“Antes da implantação destas
máquinas, utilizávamos um equipa-
mento para cada tarefa e, às vezes,
ainda havia a necessidade de fazer
um acabamento manual”, lembra
Fragnan. Hoje, todos os processos
podem ser realizados em uma única
máquina.
Robustas e precisasOs centros de torneamento
multitarefas são equipamentos cons-
tituídos por um monobloco fundido,
com guias temperadas a 64 HRC e
montadas com dois carros transver-
sais independentes, características
que oferecem rigidez e versatili-
dade à máquina e evitam qualquer
contato das guias com os cavacos
produzidos durante a usinagem.
Desta forma, o equipamento fica
protegido de danos que poderiam
ser causados pela interferência dos
cavacos na operação de corte.
Estes centros de torneamento
também possibilitam a troca de
ferramentas em qualquer ponto da
operação, o que otimiza o tempo de
produção. Graças ao direcionamento
das forças de corte às áreas mais
rígidas do equipamento, os centros
de torneamento são considerados
máquinas robustas que executam
as operações com precisão. Tam-
bém devido a esta característica,
os blocos modulares podem ser
realinhados caso sofram colisões
durante o processo. Segundo Fragnan, a qualidade
oferecida pelas máquinas multita-
refas também pode ajudar outros
tipos de indústrias, além da aeroes-
Segurança no setor de aviação
aelebéumaunidadeindustrialdaembraerS.a.queestáinstaladaemSãojosédoscampos(Sp),ocupaumaáreatotalde23.700m2eumaáreaconstruídade19.300m2.aempresaatendeosegmentodeaviaçãocomercialdemédiopor te,fabricandocomponentesparaheli-cópteros,aviaçãoexecutivaeaviaçãodedefesa.entreosprincipaisserviçosoferecidosestãoodesenvolvimentoeproduçãodetrensdepousoecomponenteshidráulicoseeletromecânicos–atuadores,vál-vulas,acumuladoresepilones.
aempresatambéméresponsávelpelotestedaspeçasfabricadasemsuaunidade.algunsdostestesrealizadossãoensaiosdequedalivre,decargaestática,defadiga,dedurabilidade,testeshidráulicosedetempe-ratura.osprodutosaprovadossãocertificadospelaempresaechegamaomercadocomgarantiadequalidadeesegurança.
pacial. “A indústria automotiva, por
exemplo, também pode se beneficiar
deste tipo de equipamento, já que
trabalha com peças de usinagem
complexa como eixos e engrena-
gens”, sugere. Fragnan ainda des-
taca a importância da inspeção de
qualidade nestas duas indústrias.
“Em ambos os casos, a qualidade
não só diz respeito apenas à vida útil
da peça, mas à própria segurança
das pessoas que utilizam os nossos
produtos”, afirma. “Não pode haver
tolerância em relação a falhas neste
processo porque, nestes casos,
qualquer erro pode ser fatal”.
No caso da indústria aeronáutica,
o diretor acredita que o principal
objetivo a ser alcançado é superar
o conceito artesanal da produção,
priorizando os recursos tecnológicos
disponíveis que podem favorecer a
qualidade e a produtividade.
Thais Paiva e Rodrigo Hora
Jornalistas
Centros de torneamento
possibilitaram aprimoramento da
qualidade dos produtos, pois apresentam
acabamento mais preciso
O Mundo da Usinagem2�
tolândia (SP), a lanmar – fabricante
de peças para o setor petrolífero e
aeroespacial – é uma das empresas
que vem colhendo resultados expres-
sivos depois de sua adesão ao pro-
grama. Desde seu primeiro contato
com o PIP, em 2007, por intermédio
da cutting tools – distribuidor
autorizado de ferramentas Sandvik
O ritmo de crescimento de
uma empresa depende da
capacidade de identificar
e solucionar os problemas em sua
produção. Pensando nisso, a Sandvik
Coromant desenvolveu o Programa de incremento da Produtividade
(PIP), em 2005 mundialmente e em
2006 no Brasil, que reúne espe-
cialistas em diversas operações de
usinagem para antecipar os resul-
tados que podem ser obtidos com
a aplicação de novas soluções nos
processos produtivos. A vantagem
é que os resultados podem ser cal-
culados e comparados antes mesmo
da aplicação da solução proposta.
Localizada na cidade de Hor-
Doriv
alS
ilvei
ra
Lanmar investe em novas ferramentas e processos para otimizar a produção de peças e consegue elevar o nível de
produtividade em até 800%
a Produtividade em alta
estratéGia
O Mundo da Usinagem2�
Coromant –, a empresa conseguiu
otimizar a maioria dos processos
envolvidos na fabricação de algumas
de suas peças, alcançando economia
de tempo e custos muito acima do
esperado.
Novas estratégias de produção
A primeira oportunidade para a
implementação do programa surgiu
em 2008 com as dificuldades susci-
tadas pela peça mandril, componen-
te que integra a chamada “árvore de
natal” – equipamento constituído por
uma série de válvulas, utilizado no se-
tor petrolífero para controlar a vazão
de óleo de um poço de exploração
de petróleo ou de gás natural.
“Este equipamento exigia di-
versas operações de usinagem,
como furação, torneamento, canal e
mandrilamento, além de empregar
duas máquinas distintas em sua
produção, uma mandriladora e um
torno vertical”, explica Fabiano da silva Rodrigues, representante de
vendas da Cutting Tools.
Para Valdomiro Fincatti, en-
carregado de produção na Lanmar,
o caráter fragmentário do processo
envolvia muitas horas e equipamen-
tos e retardava toda a produção,
gerando altos custos. “Precisávamos
de novas estratégias de usinagem
que diminuíssem o lead time das
peças e o desgaste de ferramentas”,
conta Fincatti.
Assim, com o propósito de au-
mentar a produtividade da empresa,
Rodrigues e os especialistas de
produtos da Sandvik Coromant
Okis bigelli, Antônio giovanetti e dorival silveira identificaram as
mudanças necessárias no processo
de fabricação da peça e sugeriram
alternativas de usinagem com a uti-
lização de novas ferramentas.
“O mandril tem dois furos, com
diâmetros de 110 e 60 mm”, expli-
ca Silveira, especialista em furação
que participou da implantação do
programa na empresa. “Antes do PIP,
eram necessárias mais de oito horas
para realizar esta operação e, após
a consultoria técnica prestada, con-
seguimos diminuir esse tempo para
apenas 1hora e meia”, continua.
Resultados expressivos
Esta redução significativa no
tempo de usinagem foi alcançada
com a adoção das brocas corodrill 800.24 de 60 mm de diâmetro e
t-Max drill 424.10 de 110 mm de
diâmetro. Juntas, estas ferramentas
compõem o sistema ejector, que
foi utilizado em uma mandriladora
Cutmax 3. Além disso, os especia-
listas sugeriram a utilização dos be-dames de 15 mm no torno vertical,
equipamento também utilizado no
processo de produção do mandril.
Além do ferramental, a assessoria
técnica da Cutting Tools ofereceu um
treinamento especial para que os
operadores da Lanmar pudessem
se familiarizar com a nova tecnologia
aplicada no chão de fábrica.
Após esta mudança na opera-
ção de furação, o resultado final foi
um ganho de produtividade de 159%, com uma redução no ciclo
de usinagem de 14 para apenas 6
horas. “Antes, a Lanmar utilizava uma
broca para completar a furação em
duas etapas, pois a peça precisava
ser virada. Depois deste processo,
ainda havia a necessidade de mandri-
lar os furos para obter o acabamento
desejado”, lembra Rodrigues.
gust
avo
mag
nuss
on
lanmar é uma das empresas que vem colhendo resultados expressivos desde sua adesão ao PiP, em 2007
em alta
O Mundo da Usinagem 2�
estratéGia
O mandrilamento é um processo
de usinagem onde ferramentas de
corte são fixadas em barras de man-
drilar. “Com a aplicação das brocas
Ejector, a furação passou a ser feita
em uma única etapa; além disso, a
excelente qualidade do acabamento
final obtido permitiu eliminar a ope-
ração de mandrilamento”, continua
Rodrigues.
Já a operação de canal foi ainda
mais bem sucedida, gerando um
ganho de produtividade de 800%.
O processo anterior utilizava um be-
dame e duas ferramentas de tornea-
mento – uma direita e outra esquerda
– para abrir um canal, o que era feito
em uma série de etapas. Com o novo
processo implementado (bedames
de 15 mm) é possível realizar toda a
operação com uma única ferramenta e
o tempo de usinagem foi reduzido de
14 horas para apenas 1,5 hora.
Expandido soluçõesDiante dos bons resultados atin-
gidos na linha de peças para o setor
petrolífero, a Lanmar resolveu adotar
operações de corte interrompido em
suas extremidades, formando um
quadrado”, explica Rodrigues. “Para
isso, utilizávamos duas máquinas,
um torno e um centro de usinagem,
o que tornava o processo final demo-
rado e representava alto custo para
a empresa”, detalha.
Deste modo, a peça era primei-
ramente desbastada no centro de
usinagem com uma fresa de disco até
que o quadrado fosse formado. Após
essa etapa, a peça seguia para um
torno para o desbaste final de acaba-
mento. Todo este processo consumia
de forma excessiva pastilhas de fre-
samento e levava aproximadamente
2,5 horas para concluir cada peça.
Menos etapas, mais economia
De acordo com Fincatti, a linha
de produção de peças para o setor
aeroespacial exigia ferramentas ro-
bustas e com classes de pastilhas de
metal duro apropriadas para seu tipo
de material. “Além disso, ainda havia
gust
avo
mag
nuss
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Fabiano da Silva rodrigues, da cutting tools, especialistas de produtos da Sandvik coromant dorival Silveira e okis bigelli e, ao meio, valdomiro Fincatti, da lanmar
o PIP também na fabricação de peças
para o setor aeroespacial, outro seg-
mento atendido pela empresa, onde
havia sido identificado um gargalo
de produção.
Neste caso, a produção da peça
conexão apresentava alguns desa-
fios, como a geometria complexa e a
dureza de sua matéria-prima – o aço
inoxidável endurecido. “A peça é se-
melhante a um cotovelo e demandava
gust
avo
mag
nuss
on
diante dos bons resultados atingidos na linha de peças para o setor petrolífero, a lanmar resolveu adotar o PiP também na fabricação de peças para o setor aeroespacial
O Mundo da Usinagem28
o desafio de remover altas taxas de
cavacos, que precisava ser superado”,
completa ele.
Após um estudo detalhado do
processo de fabricação da peça, a
solução adotada foi a utilização de
bedames de 8 mm para o desbaste
do quadrado até a medida final da
peça. Este novo processo eliminou a
Experiência em usinagem fundadahá38anoscomoresultadodaparceriaentrequatroamigos,
alanmaréumaempresaespecializadanausinagemdepeçasdepeque-no,médioegrandeportecomaltaprecisãoparaasindústriasaeronáuticaepetrolífera.aempresasededicaàusinagemdeligasespeciaiscomotitânio,inconel,alumínioeaço.
entreosprincipaisserviçosoferecidosestãoocortecomjatod’águadealtapressão,fabricaçãoemontagensdemáquinas,processosdedobracNc,montagensecravaçãodeporcasdeflangeemon-tagensmecânicas.
em2006aempresamudou-separaomunicí-piodehortolândia(Sp),ondeagoraestálocalizadasuanovaplantade62.000m²,quecontacom285funcionários.aempresapossuioscertificadosISo9000, que assegura sua gestão de qualidade, eNbr15100,quegaranteosistemadaqualidadeaeroespacialdesuafábrica.
utilização do centro de usinagem na
fabricação do componente aeronáu-
tico, pois a operação de fresamento
tornou-se desnecessária após a apli-
cação das novas ferramentas.
“Com isso, obtivemos um ganho de produtividade de 278%, o que
levou a uma economia de aproxima-
damente R$ 53.000,00 ao ano”,
comemora Rodrigues. “Em relação
ao tempo de usinagem, a redução
também foi extremamente positiva,
passando de 2,5 horas para apenas
40 minutos”, contabiliza.
Confiança que dá frutos
Parceiras há aproximadamente
quatro anos, a Lanmar
e a Cutting Tools estão
muito satisfeitas com os
resultados obtidos. Por
meio de visitas sema-
nais, a equipe da Cut-
ting Tools está sempre
atenta a possibilidade
de detectar problemas
junto aos operadores de máquinas da
Lanmar, para posteriormente propor
projetos que possam solucioná-los.
Atualmente, a empresa for-
nece brocas para furações profundas,
a linha de bedames para usinagem
pesada e pastilhas para torneamento.
“Estamos muito satisfeitos com a as-
sessoria prestada pela Cutting Tools”,
informa samuel Amate, gerente
industrial da Lanmar. “A redução do
tempo de usinagem e a diminuição
do consumo de ferramentas geraram
uma economia muito significativa em
nossos processos de fabricação”,
afirma Amate.
Para Rodrigues, o apoio do cliente
foi uma condição essencial para o
sucesso do trabalho. “A confiança
depositada em nossas sugestões foi
muito importante para que, em con-
junto, conseguíssemos alcançar estes
ótimos resultados”, conclui.
Thais Paiva
Jornalista
estratéGia
com sistema Ejector, tempo de usinagem foi reduzido de oito horas para 1 hora e meia
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O Mundo da Usinagem�0
DCG Ⅲ: Driven at the Center of Gravity Ⅲ
Com a exploração do pré-sal, surge um novo mercado que deverá movimentar todos os setores da indústria
ra, a estatal Petrobras já se prepara
para o desenvolvimento do pré-sal,
com a perspectiva de que sua ex-
ploração comercial se firme a partir
de 2014 e se consolide por volta
de 2030, quando espera-se que o
Brasil já esteja entre os cinco maiores
produtores de petróleo do mundo.
Desenvolvimento necessário
A Petrobras é reconhecida em todo
o mundo como uma das empresas de
ponta na exploração de petróleo em
águas ultraprofundas (a partir de
1.000 metros). No caso do pré-sal, a
lâmina d’água onde ocorrerão as per-
furações de poços apresentam entre
2 mil e 3 mil metros de profundidade.
O principal desafio destas operações
está no fato de que, para atingir os de-
Em 2006 a Petrobras descobriu,
a poucos quilômetros de nosso
litoral, gigantescas reservas
de petróleo e gás natural de alta
qualidade, que podem transformar o
Brasil em um dos maiores produtores
dessas commodities no mundo. O
pré-sal pode ser descrito como uma
cadeia rochosa localizada nas porções
marinhas de grande parte do litoral
brasileiro e que apresenta grande
potencial para a geração e acúmulo
de petróleo.
Os chamados campos de pré-sal
encontram-se em alto mar, entre 250
km e 300 km longe da costa, em uma
faixa que vai do Espírito Santo até San-
ta Catarina, somando aproximadamen-
te 800 km de comprimento. Este novo
eldorado brasileiro reúne jazidas que,
em alguns casos, estão mais de 7 mil
metros abaixo do nível do mar. Apesar
dos desafios naturalmente ligados ao
pré-sal, especialistas consideram que
a exploração comercial dessa riqueza
é plenamente viável e deverá movi-
mentar a economia nacional.
As reservas brasileiras de petróleo
e gás anteriores à descoberta do
pré-sal somavam aproximadamente
14 bilhões de barris equivalentes.
Somente com as reservas estimadas
de áreas já descobertas, como Tupi
(agora conhecida como campo Lula),
Iracema (agora renomeada campo
Cenambi), Iara, Guará, Libra, Franco
e outras, a disponibilidade total pode chegar a cerca de 40 bilhões de barris. Todavia, há estimativas de
que a região do pré-sal possa con-
ter de 50 a 100 bilhões de barris.
Maior empresa petrolífera brasilei-
tendências e oportUnidades i
desafios da
nova fronteira
Divu
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bras
O Mundo da Usinagem�2
pósitos de petróleo e gás do pré-sal,
deverão ser realizadas perfurações que atingirão até 5 mil metros sob o solo. As atuais tecnologias já
permitem a exploração comercial de
poços nessas condições, mas ainda
será preciso investir no desenvolvi-
mento de novas soluções para que os
custos de extração sejam reduzidos
e, consequentemente, a capitalização
dos poços possa ser viabilizada.
Recursos e perspectivas
Para que isso ocorra é preciso,
acima de tudo, dispor de capital hu-
mano qualificado em várias áreas de
conhecimento, para dar sustentação
aos novos processos necessários
para a exploração comercial dos
recursos do pré-sal. Será preciso
dispor de pesquisadores, técnicos
e gestores capacitados em quan-
tidade suficiente para desenvolver
as soluções exigidas; para construir
e ampliar os recursos de infraes-
trutura; para operar equipamentos;
e para gerenciar os processos de
extração, armazenamento, dis-
tribuição e comercialização do
petróleo, gás e seus subprodutos.
Segundo estimativas de especia-
listas, do ponto de vista financeiro,
a exploração do pré-sal demandará
investimentos de mais de US$ 200
bilhões ao longo dos próximos anos.
Além destes investimentos, destinados
à exploração das camadas pré-sal e à
expansão do segmento produtivo de
petróleo e gás (que inclui prospecção,
refino, distribuição e transformação),
muitos outros setores deverão ser
estimulados. É o caso das indústrias
metalúrgica, naval, da construção
civil, além de um sem-número de
prestadores de serviços que serão
direta ou indiretamente beneficiados
pelo fenômeno. Um exemplo notável
desse envolvimento multissetorial é o
mercado imobiliário, que já vem ex-
perimentando um forte aquecimento
nos negócios em cidades litorâneas
próximas às novas regiões de explo-
ração do pré-sal.
Para se ter ideia da demanda que
haverá por profissionais qualificados
nestas regiões, somente a Petrobras
deverá contratar mais de 200 mil
pessoas até 2013 para atender às
necessidades do projeto pré-sal.
Os reflexos dessa demanda podem
ser percebidos também no setor da
Educação. Algumas instituições de
ensino superior estão desenvolvendo
novos cursos nas áreas de engenharia
e química direcionados ao segmento
petrolífero. Mas vale lembrar que este
mercado exigirá ainda profissionais de
nível técnico, administradores e gesto-
res para dar suporte ao crescimento
geral esperado.
Preparando para o crescimento
As empresas que pretendem se
beneficiar da exploração do pré-sal
devem planejar seu crescimento e
investir desde já em treinamento,
organização e contratação de su-
porte especializado para oferecer
capacitação a seus colaboradores.
Aos profissionais e estudantes que
pretendem aproveitar o crescimento
proporcionado pelo pré-sal, capacita-
ção, qualificação e especialização são
as palavras-chave para ser bem-su-
cedido neste breve futuro, quando se
espera um mercado ávido por grande
volume de profissionais.
Por outro lado, iludem-se aqueles
profissionais que pensam poder entrar
neste mercado sem as credenciais exi-
gidas pelas empresas. Em um mundo
globalizado como o nosso, a impor-
tação de mão de obra – em especial
daquela altamente especializada – é
um dos fatores que sem dúvida serão
ponderados pelos contratantes na
hora de formar suas equipes.
Somente a Petrobras deverá contratar mais de 200 mil pessoas até 2013
Artigo produzido por Marcelo Gonçalves
Auditor e professor de Finanças e controladoria em
cursos de pós-graduação e MbA
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Do
O Mundo da Usinagem ��
tendências e oportUnidades ii
Considerado a força motriz do mercado, empreendedorismo exige criatividade e ousadia
movendo aeconomia brasileira
Segundo a pesquisa Global En-
trepreneurship Monitor (GEM)
– utilizada para medir as taxas
do empreendedorismo mundial –, o
Brasil está entre os países mais em-
preendedores do mundo. A taxa mé-
dia de empreendedorismo nos últimos
dez anos no Brasil é de 13%. Apenas
no ano de 2009, essa taxa era de
15%, o que significa que a cada 100
brasileiros 15 estão empreendendo.
Essa pesquisa também revelou
mudanças recentes no perfil dos
empreendedores nacionais. O núme-
ro de jovens e mulheres que estão
empreendendo aumentou conside-
ravelmente nos últimos anos. Outra
mudança foi o nível de estudo dos
atuais empreendedores. “Quem se
considera um profissional completo
ao pegar o diploma está enganado.
O novo empreendedor já percebeu
que o aprendizado deve ser diário
e constante”, aponta João batista diniz leite, professor do ibMec
(Instituto Brasileiro de Mercado de
Capitais), de Brasília.
Segundo Ângelo Mori Macha-do e José luiz Amaral Machado,
diretores da gerencial Auditoria e
consultoria, este é um momento
favorável para o empreendedor bra-
sileiro. O País passa por um processo
de crescimento econômico que ainda
deve ser intensificado com os investi-
mentos que serão feitos para a Copa
do Mundo FIFA de 2014 e para os
Jogos Olímpicos, em 2016.
Além disso, os especialistas ressal-
tam que, com uma possível reforma
tributária e previdenciária no País, os
empresários brasileiros teriam bene-
fícios com uma eventual redução dos
impostos, o que favoreceria ainda mais
a realização de novos negócios. A
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Hurth infer, de Sorocaba (SP)
O Mundo da Usinagem��
Faça muito mais peças em muito menos tempo com o Centro de Furação e Rosqueamento de alto desempenho Haas. A DT-1 troca as ferramentas em 0,8 segundos, e seu spindle de 15.000 rpm permite rosqueamento a 5000 rpm. Avanços rápidos de 61m/min e aceleração de até 1G, combinam para reduzir
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Haas Factory Outlet – Brazil
reforma também possibilitaria maiores
investimentos na indústria, gerando
mais empregos e atraindo mais em-
presas estrangeiras ao Brasil.
Afinal, o que é empreender?
O termo empreendedorismo foi
usado pela primeira vez em 1950,
pelo economista Joseph Schumpeter.
Segundo o economista, o empreen-
dedor seria uma pessoa criativa, que
é capaz de obter sucesso com suas
inovações. Renato Fonseca, consul-
tor do sebrae-sP (Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas de São
Paulo), amplia o conceito proposto
por Schumpeter. “O empreendedor
deve ser uma pessoa que sabe captar
oportunidades, sabe apresentar suas
ideias e defendê-las, buscando os
recursos necessários para realizar seu
propósito; em resumo, empreendedo-
res são aqueles que realizam visões”,
esclarece o consultor.
De acordo com Schumpeter, o
empreendedorismo seria a prática
necessária para a manutenção do
mercado, pois os produtos inovadores,
que são resultado de soluções empre-
endedoras, tomam o lugar dos produ-
tos antigos. Com isto, a concorrência
no mercado fica restrita às empresas
inovadoras. Esse conceito recebe o
nome de destruição criativa, que
garante a rotatividade do sistema.
Baseando-se neste conceito,
o professor João Batista aponta o
empreendedorismo como o principal
responsável pelo crescimento da
economia e do capitalismo de modo
geral. “Quando falamos em empre-
ender, estamos falando em iniciativas
que podem ser feitas na fabricação
de um produto, na inovação ou apri-
moramento de um processo ou na
oferta de um serviço, não significa
necessariamente apenas criar um
novo negócio”, adverte o professor.
Exemplo a ser seguidoUm modelo de empreendedoris-
mo é a empresa Hurth infer indús-tria de Máquinas e Ferramentas. Inicialmente batizada como Infer, a
empresa foi fundada em 1963 pelo
imigrante italiano Pasquale Milone e
pelo brasileiro Leopoldo Funaro.
Os dois profissionais trabalhavam
como funcionários de uma empresa
do setor de ferramentas e detectaram
uma oportunidade neste setor: havia
uma grande demanda da indústria por
ferramentas e os fabricantes demo-
ravam em atender os pedidos. Como
agora, na época o mercado também
oferecia muitas oportunidades para
expansão e desenvolvimento, com a
chegada das montadoras de automó-
veis ao País. Por isso, decidiram inves-
tir na criação de um negócio próprio.
Como em todo início, os sócios
tiveram de enfrentar muitos desafios.
Segundo Aniello Milone, diretor da
Hurth Infer e filho de um dos fundado-
res, o maior deles foi a consolidação
da empresa no mercado. “Éramos uma
empresa pequena e desconhecida e
tivemos que conquistar a confiança
dos clientes. Tínhamos a nosso favor
apenas a boa vontade e a experiên-
cia dos fundadores”, conta o diretor.
Aniello Milone lembra que naquela
época não havia linhas de crédito para
pequenos empreendedores; portanto,
todos os investimentos tinham de ser
feitos com capital próprio. Com o cres-
cimento, a empresa se mudou de São
Paulo para Sorocaba (SP), em 1972,
em busca de instalações maiores.
Hoje a Hurth Infer está instalada
em uma área de 60.000 m², sendo
11.000 m² de área construída, e
oferece ao mercado ferramentas rota-
tivas especiais em aço rápido e metal
duro, além de brochas e ferramentas
para usinagem de engrenagens. Seus
principais clientes são montadoras e
fabricantes de autopeças.
Investir continuamente em novas
tecnologias para a fábrica e também
tendências ii
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renato Fonseca, do Sebrae: "crescimento da economia nacional justifica mudanças no perfil do empreendedor brasileiro"
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João batista diniz leite, do ibmEc: “o novo empreendedor percebeu que o aprendizado deve ser diário e constante”
O Mundo da Usinagem�8
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aniello milone, da Hurth infer: “incentivamos nossos colaboradores a priorizar atitudes inovadoras”
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tona especialização dos colaboradores
é um bom caminho para manter
qualquer empresa competitiva no
mercado. No início dos anos 1980,
a Hurth Infer começou a se preparar
para o futuro. “A abertura do mercado
aos produtos importados só come-
çaria mais tarde e naquela época
havia dificuldades para se importar
componentes de reposição para as
máquinas”, conta Aniello Milone.
Esta dificuldade foi a oportuni-
dade encontrada pelos sócios para
que a empresa se especializasse na
fabricação de máquinas chanfradoras
e brochadeiras. Com o conhecimento
que a empresa tinha do setor, a inicia-
tiva logo alcançou sucesso. Segundo
o diretor, até hoje os investimentos
em novas tecnologias são uma prática
constante da Hurth Infer. Em 2010,
foram investidos R$ 6 milhões em
máquinas e equipamentos.
Todos podem empreender
Para manter o espírito empreen-
dedor que deu início à empresa, os
profissionais da Hurth Infer são incen-
tivados a colocar em prática atitudes
inovadoras que possam trazer apri-
moramento aos processos. Estes são
os chamados intraempreendedores, colaboradores que praticam atitudes
empreendedoras em seu trabalho diá-
rio. “O conceito de empreendedorismo
é amplo, está ligado à criatividade, à
inovação e ao conhecimento”, explica
o professor João Batista.
“Os colaboradores são parte in-
tegrante dos processos de produção,
assim, são também muitas vezes os
mais aptos a sugerir novas soluções”,
acredita Leite. Para isso, a empresa
tem de estar aberta a receber e pronta
a analisar todas as sugestões, permi-
tindo que os funcionários também
colaborem para o desenvolvimento
dos procedimentos.
Segundo especialistas em empre-
endedorismo, independentemente do
cargo que se ocupa dentro de uma
empresa todos podem se tornar em-
preendedores – basta ter disposição
para colocar as iniciativas em prática.
“Para isso, é preciso refletir sobre
os processos atuais para encontrar
soluções de melhoria”, explica Renato
Fonseca, consultor do Sebrae.
Por sua vez, o professor do Ibmec
acrescenta que o verdadeiro dife-
rencial de um empreendedor é sua
capacidade de abstração. “Este profis-
sional acredita em um ideal e por isso
arrisca. Ele também pode ter muitos
prejuízos, mas sabe aproveitar ao
máximo até mesmo seus fracassos”,
conclui Batista.
Gustavo F. Quattrone
Jornalista
Veja mais informações em:www.omundodausinagem.com.br
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tendências ii
O Mundo da Usinagem�0
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Em todo o mundo, há uma preo-
cupação cada vez maior com a
sustentabilidade em diversos
âmbitos de nossas vidas. Esta tendên-
cia vem impactando as organizações
em diversos aspectos, e um deles é a
liderança. Atualmente, espera-se que
os profissionais que ocupam estes
cargos saibam promover as mudanças
necessárias para alcançar o verda-
deiro desenvolvimento sustentável
nas empresas e na sociedade como
um todo.
A sustentabilidade está também
relacionada à consciência que as
pessoas têm do impacto de suas
ações no resto do mundo. No caso
da liderança sustentável, este princí-
pio funciona da mesma forma, pois
este profissional deve ter consciên-
cia dos efeitos que terão suas ações,
tanto na empresa quanto na socieda-
de em geral. Este tipo de liderança
demanda novos comportamentos,
que surgem a partir das alterações
dos modelos mentais predominantes
da liderança convencional.
Liderar pessoas é um desafio
constante e é possível ter sucesso
nesta tarefa sendo um líder susten-
tável. Durante o Fórum Mundial de
Liderança e Alta Performance, reali-
zado pela HSM, Luiz Carlos Cabrera,
professor de Gestão de Carreiras de
Administração de Recursos Humanos,
destacou que uma liderança sus-
tentável pode ser alcançada a partir
da prática de quatro componentes
básicos. Estes pontos são: agir com
foco nos resultados economicamente
viáveis, sendo justo em suas ações
e promovendo a perenidade do ne-
gócio; promover ações que sejam
socialmente corretas, com foco no
crescimento das pessoas; promover
ações que sejam culturalmente aceitas
e adequadas; e atuar no ambiente de
forma ecologicamente adequada.
Além destas iniciativas, o líder
sustentável deve proporcionar cres-
cimento para as pessoas ao seu
redor, mostrar interesse genuíno por
elas, ouvindo a todos atentamente
e estando sempre disponível para
conversar.
Integridade também deve ser
um de seus valores. Querer ensinar,
formando assim equipes autossu-
ficientes, e agir com ousadia são
habilidades que consolidam o perfil
deste novo profissional.
Exercer uma liderança sustentável
é manter o equilíbrio entre seus ali-
cerces. A igualdade entre os pilares
que sustentam um negócio deve ser
equilibrada e, para isso, o profissional
não deve ter medo de tomar as atitu-
des necessárias.
Podemos nos basear na teoria
de Peter Senge – especialista em
aprendizado organizacional –, que
define o comportamento de profis-
sionais em estado de medo. Nestas
ocasiões, costumamos concentrar
nossa atenção em um só ponto, o
que faz com que nossa consciência
e visão periféricas desapareçam.
Entramos, então, em um baixo esta-
do de consciência, focando nossos
esforços exclusivamente na ameaça.
Com este comportamento, o profis-
sional nunca conseguirá manter o
equilíbrio necessário para exercer a
liderança sustentável.
Para as empresas, uma das van-
tagens de contar com líderes que
têm este perfil é que, além de estar
preparados para assumir cargos de
liderança, estes profissionais já sa-
bem a melhor maneira de conduzir
a empresa e já estão inseridos na
cultura organizacional com uma visão
sustentável.
Não se trata de um modismo ou
simplesmente de um incentivo para o
comprometimento do funcionário com
a empresa, mas sim de uma ação em
prol do futuro da organização.
Harumi Nomura
gerente de Recursos Humanossandvik coromant do brasil
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nossa parcela de responsabilidade
liderança sustentável é o futuro das empresas
O Mundo da Usinagem��
aNuNcIaNteSNeStaeDIçãoo Mundo da usinagem 76
agie-charmilles . . . . . . . . . . . . . . . . .11
blaser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
bucci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
cosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3ª capa
deb´maq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34/35
dormer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
dynamach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
ergomat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
eroma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Febramec . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Feimafe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Grob . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
haas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
heller . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
hexagon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
index . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
intertech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Kone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12/14
machsystem . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
mitsui motion . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
mitutoyo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
mori seiki . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
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