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OLIVEIRA, Meire Ramalho; FERRARI, Roberto.; “Análise da Colaboração Científica sobre Empresas de Base Tecnológica”. IV Simpósio Nacional de Tecnologia e Sociedade. Curitiba – PR, 9 a 11 de novembro de 2011. Congresso: http://ct.utfpr.edu.br/ocs/index.php/tecsoc/2011 . Abstract on line: http://ct.utfpr.edu.br/ocs/index.php/tecsoc/2011/paper/view/435 (consulta aos links em setembro de 2011). Análise da Colaboração Científica sobre Empresas de Base Tecnológica Analysis of Scientific Collaboration on Technology- Based Firms Meire Ramalho de Oliveira, mestranda, UFSCar, [email protected] Roberto Ferrari Júnior, doutor, UFSCar, [email protected] Resumo O artigo identifica as relações de cooperação científica entre pesquisadores da área de Empresas de Base Tecnológica, por meio de indicadores da Web of Science. A análise demonstrou que pesquisadores dos Estados Unidos mantêm relações de cooperação principalmente com pesquisadores do Reino Unido, Canadá e China. Os resultados demonstram também que os institutos de pesquisa mais atuantes no assunto desenvolvem poucas relações de parceria: a Chalmers University of Technology com University of Nottingham. O objetivo é identificar a colaboração científica internacional sobre o tema Empresas de Base Tecnológica. Isto porque as relações que se formam entre os cientistas podem ser importantes para a percepção de oportunidades, trocas de informação e aumento do número de publicações. Palavras-chave – colaboração científica; empresa de base tecnológica; EBT Abstract This paper identifies the scientific-cooperation relations among researchers studying technology-based firms. Data has been obtained from Web of Science. Results show that researchers from 1

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OLIVEIRA, Meire Ramalho; FERRARI, Roberto.; “Análise da Colaboração Científica sobre Empresas de Base Tecnológica”. IV Simpósio Nacional de Tecnologia e Sociedade. Curitiba – PR, 9 a 11 de novembro de 2011. Congresso: http://ct.utfpr.edu.br/ocs/index.php/tecsoc/2011. Abstract on line: http://ct.utfpr.edu.br/ocs/index.php/tecsoc/2011/paper/view/435 (consulta aos links em setembro de 2011).

Análise da Colaboração Científica sobre Empresas de Base Tecnológica

Analysis of Scientific Collaboration on Technology-Based Firms

Meire Ramalho de Oliveira, mestranda, UFSCar, [email protected] Ferrari Júnior, doutor, UFSCar, [email protected]

ResumoO artigo identifica as relações de cooperação científica entre pesquisadores da área de Empresas de Base Tecnológica, por meio de indicadores da Web of Science. A análise demonstrou que pesquisadores dos Estados Unidos mantêm relações de cooperação principalmente com pesquisadores do Reino Unido, Canadá e China. Os resultados demonstram também que os institutos de pesquisa mais atuantes no assunto desenvolvem poucas relações de parceria: a Chalmers University of Technology com University of Nottingham. O objetivo é identificar a colaboração científica internacional sobre o tema Empresas de Base Tecnológica. Isto porque as relações que se formam entre os cientistas podem ser importantes para a percepção de oportunidades, trocas de informação e aumento do número de publicações.

Palavras-chave – colaboração científica; empresa de base tecnológica; EBT

AbstractThis paper identifies the scientific-cooperation relations among researchers studying technology-based firms. Data has been obtained from Web of Science. Results show that researchers from the United States develop cooperative research with researchers from the United Kingdom, Canada, and the China. Results also show that the major research institutes on the subject keep just a few scientific cooperation: Chalmers University of Technology cooperate with University of Nottingham. The objective is identify the international scientific collaboration about technology-based companies issue. This is because the relationships that form between scientists can be important for the perception of opportunities, information exchange and increase the number of publications.

Key-words - scientific collaboration; technology-based companies; TBF

1. Introdução

A colaboração científica ocorre por meio de um esforço conjunto e coordenado por

resultados e responsabilidades compartilhadas, visando maximizar o potencial entre os grupos.

Assim a colaboração científica cria uma fonte de apoio para melhorar o desempenho

(BALANCIERI et al., 2005, p.1). 1

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As relações de intercâmbio também podem ocorrer entre cientistas em eventos

internacionais, parcerias em laboratórios e cooperação em projetos de pesquisa, culminando com

aumento de produtividade entre todos os participantes (LIMA, FARIA E VELHO, 2007, p. 52).

Dessa forma, os cientistas compartilham equipamentos, informações e ideias que podem

resultar em pesquisas publicadas conjuntamente. Assim a colaboração ocorre quando se

compartilha recursos intelectuais, econômicos ou físicos. Esta prática pode ser favorável para

todos os lados, já que resulta em pesquisas mais aprofundadas e com visões diferenciadas entre

os envolvidos. Além disso, é justificada pela interdisciplinaridade da ciência, e não se limita a

proximidade física devido aos recursos tecnológicos atuais. (VANZ e STUMPF, 2010, p. 48)

O objetivo desta pesquisa é identificar a colaboração científica internacional na área de

empresas de base tecnológica. Isto porque as relações que se formam entre os cientistas podem

ser importantes para a percepção de oportunidades, trocas de informação e aumento do número

de publicações.

2. Importância da Análise da Cooperação Científica

Segundo Balancieri et al. (2005, p.1), as redes científicas resultam em ganhos sociais,

quando se compara a atuação de cientistas em separado ou trabalhando isoladamente, já que se

resulta em uma ampliação de repertório de abordagens e ferramentas provenientes das trocas de

informação e conhecimento entre os grupos, compartilhando esforços em busca de um

determinado resultado.

O estudo das redes sociais surge como uma forma de compreender as relações de

colaboração científica, valendo-se de indivíduos, grupos e instituições, tanto nacionais, como as

internacionais. (OLIVEIRA, SANTAREM e SANTAREM, 2009, p.311)

Dessa maneira, as pesquisas que ocorrem de forma cooperativa acabam se tornando

instrumentos de desenvolvimento e difusão tecnológica, podendo ser considerada como um

estágio avançado das relações entre os atores (universidade, centros de pesquisa, órgãos de

governo e empresas). Esse tipo de parceria contribui tanto para países desenvolvidos, quanto para

os pertencentes ao grupo dos “em desenvolvimento”. Entretanto sua importância para países em

desenvolvimento é ainda maior, já que os investimentos em pesquisa por parte das empresas é

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relativamente baixo e eles não dispõem de estrutura e amadurecimento tecnológico, tendo como

solução o envolvimento com universidades e empresas. Assim a cooperação pode surgir entre

universidades e empresas. E tem por intuito de redução de custos e tempo de pesquisa, acesso a

laboratórios, recursos humanos qualificados e aumentar a competividade. (LONGO e

OLIVEIRA, 2000, p.4)

3. Metodologia

Para a coleta de dados utilizou-se a base ISI Web of Science, com a expressão de busca

truncada, ou seja, utilizando o sinal (*), com a finalidade de recuperar documentos com os

seguintes radicais:

"TECHNOLOG* BASE* ENTERPRISE*" OR "TECHNOLOG* BASE* COMPAN*" OR

"TECHNOLOG* BASE* FIRM*" OR "TBF*" OR "TECHNOLOG* FIRM*" OR "TECHNOLOG*

ENTERPRISE*" OR "TECHNOLOG* COMPAN*" OR "TECHNOLOG* BASE* SMALL* FIRM*"

A busca foi realizada através do campo Topic da Web of Science, onde se puderam

recuperar documentos que continham a expressão de busca no título, abstract e palavras-chave.

A etapa de análise de resultados foi realizada com o software Vantage Point, uma vez

que esse software é uma ferramenta utilizada para a contagem de volumes de texto estruturados

visando obter padrões de relacionamentos entre os dados. Em seguida as redes foram construídas

com o auxílio dos softwares Ucinet e NetDraw (VANTAGE POINT, 2010).

4. Resultados e Discussões

O levantamento realizado a partir da ISI Web of Science forneceu indicadores de

publicações e ligações, através de mapas de co-autoria, úteis para a compreensão das parcerias

que envolvem os estudos sobre empresas de base tecnológica. A Figura 1 fornece o número de

publicações por países, onde os Estados Unidos aparece como líder, seguidos do Reino Unido e

China. O gráfico representa apenas os países principais, ou seja, com maiores números de

publicação.

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Figura1: Número de Publicações por Países

4.1. As Relações de Cooperação entre Países

Por meio da Figura 2 é possível perceber que os estudos sobre empresas de base

tecnológica se concentram nos Estados Unidos e possuem ligações com Reino Unido. Existem

também relações com o Canadá e China. A ligação com o Canadá pode ser favorecida pela

proximidade geográfica.

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Figura 2: Mapa de Co-autoria entre Países sobre Empresas de Base Tecnológica

A Tabela 1 demonstra a produção científica dos países, bem como as relações que se

formam entre eles. É possível notar que os Estados Unidos se relacionam com os principais

países em número de publicações. Enquanto que o Reino Unido e a China também

desenvolveram relações de parcerias entre os principais países. A relação com o Canadá é a

segunda de maior importância e pode ser facilitada pela proximidade geográfica, uma vez que

Oliveira, Santarem e Santarem (2009, p.311) indicam a proximidade geográfica, política e

cultural como fatores que influenciam as colaborações na comunidade internacional. Enquanto

que Vanz e Stumpf (2010, p.48) descrevem a proximidade física como um fator que encoraja a

colaboração.

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Tabela 1: Publicações por Países (Co-Autoria)

Estados

Unidos

Reino

Unido

China Suécia Canadá

Estados Unidos 259 14 6 2 8

Reino Unido 14 117 2 4 3

China 6 2 60 3

Suécia 2 4 36

Canadá 8 3 3 33

4.2. As Relações entre as Instituições de Pesquisa

Em relação aos institutos de pesquisa, os que apresentavam maior número de

publicações são Chalmers University of Technology, University of Nottingham e Politecnico di

Milano.

Chalmers University of Technology é a instituição de pesquisa com maior número de publicações

, empatada com a University of Nottingham (16 publicações), mantendo as principais relações de

parceria e University of Nottingham com a instituição Politecnico di Milano.

.

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Figura 3: Relações entre as Instituições de Pesquisa

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Por meio da Tabela 2 é possível perceber, que as principais universidades, em

número de publicações mantêm poucas parcerias entre si.

Tabela 2: Publicações por Instituição de Pesquisa (Co-Autoria)

Chalmers

UnivTechnol

Univ

Nottingha

m

Politecn

Milan

Helsinki

UnivTech

Univ

Cambridge

Chalmers Univ

Technol

16 4

Univ Nottingham 4 16 1

Politecn Milan 1 15

Helsinki UnivTech 12

Univ Cambridge 12

4.3. Relações entre os Autores

Os autores que apresentaram maior número de publicações na área de empresas de

base tecnológica foram Colombo, MG (Politecnico de Milano), Lindelof, P (Chalmers

University of Technology) e Lofsten, H (Chalmers University of Technology)

As relações de parceria entre Lindelof e Lofsten é facilitada por pertencerem a mesma

instituição de pesquisa e são as maiores apresentadas nesta análise.

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Figura 4: Relações entre os Autores

De acordo com a Figura 4 é possível perceber outra relação de parceria entre

Grilli, L e Colombo, MG, que também ocorre porque os dois pesquisadores pertencem

também a mesma instituição de pesquisa, o Politecnico de Milano.

Tabela 2: Publicações por Autores (Co-Autoria)

Colombo, MG Lindelof, P Lofsten, H Autio, E Wright, M

Colombo, MG 12 1

Lindelof, P 11 11

Lofsten, H 11 11

Autio, E 9

Wright, M 1 8

5. Conclusão

As instituições de pesquisa que produzem conhecimento sobre empresas de base

tecnológica possuem poucas parcerias, representadas principalmente pela Chalmers

University of Technology com University of Nottingham e Politecnico di Milano.

Os Estados Unidos detêm o maior número de estudos sobre o tema e demonstra

relações de parceria científica com Reino Unido, Canadá, e Finlândia.

Os autores com maiores taxas de publicação são Colombo, MG (Politecnico de

Milano), Lindelof, P (Chalmers University of Technology) e Lofsten, H (Chalmers

University of Technology). Entre os principais autores participantes deste levantamento, as

maiores relações de parceria ocorrem entre Lindelof e Lofsten, por atuarem na mesma

instituição e manterem relações de cooperação.

Melhorar as relações de parceria científica pode resultar em fortalecimento da

área, isto porque os recursos tanto físicos, humanos, como de capital financeiro podem ser

compartilhados, enquanto novas pesquisas podem ser estimuladas.

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6. Referências Bibliográficas

BALANCIERI et al. A Análise de Redes de Colaboração Científica sob as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, Brasília, v.34, n.1, p. 64-77, jan./abr. 2005.

LIMA, R. A.; VELHO, L. M. L. S.; FARIA, L. I. L. Indicadores bibliométricos de cooperação científica internacional em bioprospecção. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 50-64, jan./abr. 2007b.

LONGO, W. P.; OLIVEIRA, A. R. P. Pesquisa Cooperativa e Centros de Excelência. Parcerias Estratégicas nr.9 – outubro/2000.

SANTAREM, L. G. da S. ; OLIVEIRA, E. F. T. ; SANTAREM SEGUNDO, J. E. . Análise das redes de colaboração científica através do estudo das co-autorias, nos cursos de pós-graduação do Brasil no tema Tratamento Temático da Informação. In: Nuria Lloret. (Org.). Nuevas perspectivas para la difusión y organización del conocimiento. 1 ed. Valencia: Universidad Politécnica de Valência, 2009, v. 2, p. 986-1000.

VANZ, Samile ; Stumpf, Ida Regina Chittó . Colaboração científica: revisão teórico-conceitual. Perspectivas em Ciência da Informação (Impresso) , v. 15, p. 42-55, 2010

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