oitavo mandamento

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    Ex 20,16No dirs falso testemunho contra o

    teu prximo.

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    [2] Na explicao destemandamento, seguiremos o

    mesmo mtodo j praticado nospreceitos anteriores. Nele distinguiremos duas clusulas. Umaque nos probe dizer falso testemunho; outra que nos mandamedir nossas palavras e aes pela simples verdade, pondode parte simulao e artifcio. A proposito desta obrigao,exortou o Apstolo aos Efsios: Ef 4,15vivendo segundo averdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relao a

    Cristo, que a cabea.

    [3] Com ser especificada, pelo nome defalso testemunho, a primeira clusula

    deste preceito abrange toda afirmao categrica que se faaem abono[a] ou desabono de outrem, quer em juzo, quer foradele. Mas antes de tudo probe o falso testemunho declaradoem juzo, debaixo do juramento.

    A testemunha jura por Deus. Ora, mediante o juramento e ainvocao do Nome Divino, a declarao da testemunha ad-quire o sumo[b] grau de credito e autoridade. Tal testemunho pois arriscado, e nisto est a razo principal de sua proibio.Na verdade, as testemunhas que afirmam alguma coisa, sob

    juramento, nem o juiz sequer pode exclu-las, a no ser emcasos previstos pela Lei, ou quando notria sua m-f e per-versidade. Isto sobretudo porque h um dispositivo da Lei de

    Deus: Mt 18,16Se ele no te ouvir, toma contigo mais uma ou duaspessoas, de modo que toda questo seja decidida sob a palavra de

    duas ou trs testemunhas. 2Cor 13,1Toda questo ser resolvidapela palavra de duas ou trs testemunhas.

    Contudo, para terem os fiis uma noo ntida deste precei-to, preciso explicar-lhes o que significa a palavra prximo,

    [a] Abono: documento, garantia, recomendao, aprovao, argumento de reforoou justificativa (de opinio, conceito etc.)

    [b] Sumo: o mais alto, o mais elevado, que est na extremidade superior; que estna ponta, extremo; sumo, supremo.

    1. Falso testemunho emjuzo ...

    II. Clusula proibitiva

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    contra o qual absolutamente proibido levantar falso testemu-nho.

    [4] Pela doutrina de Cristo Nosso Se-nhor[a], prximo todo aquele que ca-

    rece de nosso auxlio, seja parente ou estranho, patrcio ou fo-rasteiro, amigo ou inimigo. erro julgar que seja licito proferirfalso testemunho contra inimigos; o preceito de Deus NossoSenhor obriga a am-los[b].

    Ainda mais. Como cada qual, em certosentido, o prximo de si mesmo, no

    se permite levantar falso contra a prpria pessoa. Os que ofazem lanam sobre si o ferrete[c] da desonra e ignomnia,prejudicam-se a si mesmo e Igreja, da qual so membros, semelhana dos suicidas que lesam tambm a coletividade.

    [a] Lc 10,

    29

    Ele, porm, querendo justificar-se, disse a Jesus: E quem o meu prximo?

    30-

    Jesus retomou: Certo homem descia de Jerusalm para Jeric e caiu nas mos de assal-tantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quasemorto. 31Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o ho-mem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou aolugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano, que estavaviajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixo. 34Aproximou-se dele e tra-tou-lhe as feridas, derramando nelas leo e vinho. Depois colocou-o em seu prprio ani-mal e o levou a uma penso, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou dois denrios eentregou-os ao dono da penso, recomendando: Toma conta dele! Quando eu voltar, pa-garei o que tiveres gasto a mais. E Jesus perguntou: 36Na tua opinio, qual dos trs foio prximo do homem que caiu nas mos dos assaltantes? 37Ele respondeu: Aquele queusou de misericrdia para com ele. Ento Jesus lhe disse: Vai e faze tu a mesmacoisa.

    [b] Mt 5,43Ouvistes que foi dito: Amars o teu prximo e odiars o teu inimigo! 44Ora, euvos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! 45Assim vostornareis filhos do vosso Pai que est nos cus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus ebons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Se amais somente aqueles que vosamam, que recompensa tereis? Os publicanos no fazem a mesma coisa? 47E se saudaissomente os vossos irmos, que fazeis de extraordinrio? Os pagos no fazem a mesmacoisa? 48Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste perfeito.

    [c] Ferrete: instrumento de ferro posto em brasa e destinado a marcar escravos,criminosos e animais; a marca deixada por esse instrumento; marca, labu; si-nal de ignomnia; estigma, labu.

    a) contra outrem ...

    b) contra si mesmo ...

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    Por isso, Santo Agostinho doutrinava assim: Aos menosperspicazes, poderia parecer no proibido declarar falso con-

    tra si mesmo, porque no preceito se acrescentou: 'Contra teuprximo'. Mas nem por isso pode julgar-se livre deste pecadoquem tiver dito falso testemunho contra si prprio; pois a regrade amor para com o prximo o amor que cada qual tem paraconsigo.[a]

    [5] Por nos ser proibido lesar o prximocom falso testemunho, ningum julgue

    que se permite o contrrio, isto , jurar falso, para con-seguirmos algum bem ou vantagem a pessoas que nos estoligadas por laos naturais ou sobrenaturais. A ningum pode-mos valer, com mentiras e subterfgios, e muito menos comfalso juramento.

    Por isso, de acordo com os ensinamentos do Apstolo, dizSanto Agostinho, na Epistolar a Crescncio sobre a mentira,

    que a mentira faz parte dos falso testemunhos, ainda quandose profira em pretenso louvor de algum. Ao comentar a pas-sagem 1Cor 15,15Se os mortos no ressuscitam, estaramos teste-munhando contra Deus que ele ressuscitou Cristo enquanto, de fato,ele no o teria ressuscitado. Diz ele: O apstolo chama de fal-so testemunho, se algum declara uma mentira a respeito deCristo, ainda que esta parea reverter e Seu louvor[b].

    [6] Sucede, com muita frequncia, que

    [a] PL 41, 34. (De Civitate Dei contra Paganos libri viginti duo, Liber Primus, CaputXX).Mt 22,39Ora, o segundo lhe semelhante: Amars teu prximo como a ti mesmo.Mc 12,31E o segundo mandamento : Amars teu prximo como a ti mesmo! No exis-te outro mandamento maior do que estes.Lc 10, 27Ele respondeu: Amars o Senhor, teu Deus, de todo o teu corao e com toda atua alma, com toda a tua fora e com todo o teu entendimento; e teu prximo como a timesmo!Lv 19,18No procures vingana nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amars o teuprximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.

    [b] PL 40, 502. (De mendacio liber unus, Caput XII, 21).

    c) a favor de outrem ...

    d) em prejuzo de outrem ...

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    pessoa prejudica outra. Certamente, faz o juiz errar na causa;levando, s vezes, por falsas testemunhas, decide contra o

    direito em favor da injustia, e v-se obrigado a sentenciardessa maneira.

    Quando uma pessoa ganha em juzo um processo, pelo fal-so testemunho de outra, e isto fica impune, no raro aconteceque ela, radiante com a inqua vitria, se habitua a subornar eempregar falsas testemunhas, com o auxlio das quais esperalevar a bom termo todos os planos de sua ambio.

    Mas a prpria testemunha fica sumamente comprometida,porque a tem por falsa e perjura, a prpria pessoa a quem aju-dou e defendeu com seu juramento. De outro lado, como asentena lhe favoreceu o crime, vai-se adestrando dia por diana prtica habitual da audaciosa impiedade.

    [7] Sendo proibido os embustes[f],mentiras e perjrios por parte das

    testemunhas, h igual proibio para os autores, rus, defen-sores, promotores, procuradores, advogados, para todos emgeral, que constituem o tribunal.

    Por ltimo, Deus probe todo testemunho que acarrete inc-modo ou detrimento[g] a terceiros, quer em juzo, quer foradele. No Levtico, onde novamente se inculcam [h] estas deter-minaes, est expresso: Lv 19,11No furtareis, no mentireis, eningum engane seu prximo.

    Assim, ningum pode duvidar de que Deus, por este precei-to, probe e condena toda espcie de mentira, Davi tambm o

    [f] Embuste: mentira, adulterao, aprontar, arapuca, ardil, ardilosa, armao, arti-fcio, astcia, barganha, blefe, burla, cambalacho, cavilao, cilada, conluio, de-fraudao, dolo, embromao, embrulho, embuste, engano, engodo, esperteza,falcatrua, falsificao, farsa, fraude, futrico, golpe, impostura, insdia, lambana,logro, ludbrio, malcia, manha, manobra, maquinao, mutreta, patifaria, perf-dia, traficncia, tramoia, trapaa, treta, truque.

    [g] Detrimento: dano moral ou material; prejuzo, perda.[h] Inculcar: gravar, imprimir (algo) no esprito de algum; recomendar, apregoar,

    indicar, citar, impingir, sugerir, revelar, demonstrar.

    2. Qualquer espcie dementira:

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    atesta com a maior evidncia: Sl 5,7Destris os mentirosos.[8] Em virtude deste preceito, probe-se

    no s o falso testemunho, mastambm o abominvel[a] vcio e costume de falar mal do prxi-mo. Como de uma peste, parece incrvel quo numerosos egraves so os danos e males que da resultam. O vezo [b] defalar do prximo s ocultas, em termos malficos e depreciati-vos, reprovado a cada passo nas Sagradas Escrituras. Sl100(101), 5No comerei com ele.[c], declara Davi. Santiago reco-menda: Tg 5,13No faleis mal uns dos outros, meus irmos. Almdas prescries, as Sagradas Escrituras aduzem exemplosque evidenciam a graveza deste pecado. Assim, Am conse-guiu, por falsas acusaes, indispor de tal maneira o reiAssuero contra os judeus, que este deu ordem de matar todosos vares daquele povo.[d] De tais exemplos esto repletas asSagradas Escrituras. Os sacerdotes dar-se-o ao trabalho decit-los, para que os fiis tenham horror ao tremendo pecado.

    [9] Para se conhecer o pecado de de-trao[e], em todas as suas modalida-

    des, preciso notar que a boa fama do homem pode ser lesa-da, no s pela calnia, como pela exagerao e exacerbaode faltas reais.

    No caso de cometer algum uma falta absolutamente ocul-ta, cuja divulgao lhe prejudica e destri o bom nome, com

    razo considerado detrator e maldizente aquele que a revela,em circunstncia no necessria de lugar, tempo e pessoas.

    Entretanto, a mais criminosa de todas

    [a] Abominvel: detestvel, que inspira averso, horror, deplorvel, execrvel.[b] Vezo: hbito ou costume de fazer algo repreensvel, maneira repetida ou fre-

    quente de agir, rotina, falta, defeito, mancha, imperfeio, vcio.[c] Gr. e sir:No comerei com ele.

    [d] Est 3,13 ou Est capitulo 13 em algumas tradues.[e] Detrao: ato ou efeito de detrair, depreciao do mrito de algum ou algo;

    detratao, menosprezo, expresso maledicente; difamao, calnia, mexerico.

    a) Calnia

    b) detrao

    c) denegrir a Religio edefender heresias ...

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    as detrataes a praticada por aqueles que desfazem nadoutrina catlica e seus pregadores. Pecado anlogo

    cometem os que louvam e exaltam os mestres de doutrinasviciosas e errneas.

    [10] no se dissociam desta mesmaclasse de homens, e participam d

    mesma culpa, os que do ouvidos aos detratores e maldizen-tes[a], os que no censuram os caluniadores, os que de bomgrado concordam com suas afirmaes.

    Conforme escrevem So Jeronimo[b] e So Bernado[c], no fcil decidir-se o que seja mais condenvel, se o murmu-rar[d], se o escutar a murmurao. Na verdade, no haveria de-tratores, se no houvera quem os escutasse.

    So da mesma categoria os que porseus enredos[e] desunem os homens, e

    assanham-nos uns contra os outros; os que muito se com-prazem em semear discrdia para com suas intrigas desfaze-rem as mais firmes unies e alianas, para levarem os melho-res amigos a dios mortais e lutas armadas.

    Estas peste de homens, o Senhor a detesta pelas palavras:Lv 19,16No espalhes boatos, nem levantes falsos testemunhos contraa vida do teu prximo.

    De tal jaez[f] havia muitos entre os conselheiros de Saul.

    Tentavam desviar-lhe a afeio por Davi, e indisp-lo como re

    [a] Maldizente: que ou aquele que fala mal dos outros, que difama; maledicente,malfalante, maldico.

    [b] PL 22, 538;[c] PL 182, 756C 757A;[d] Murmurar: lamentar-se em tom plangente, sofrido; queixar-se, lastimar-se, res-

    mungar.[e] Enredo: intriga, mexerico, artifcio enganoso; ardil, ludbrio, informao falsa ou

    controvertida; mentira, fbula, intriga, teia, trama.[f] Jaez: natureza ou qualidade fundamental; tipo especfico; conjunto de traos ou

    caractersticas.

    d) dar ouvidos a detratores ...

    e) fazer enredos ...

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    contra Ele[g].

    [11] Afinal, pecam nesta parte os adu-ladores e lisonjeiros[a]. Com blandicias e

    fingidos louvores. Insinuam-se nos ouvidos e no corao depessoas influentes, das quais esperam proteo, dinheiro ehonras. Como observa o Profeta, Is 5,20ao que mal chamambem, e ao que bem chamam mal.

    Davi exorta-nos a arredar[b] tais pessoas de nosso trato econvivncia. So suas as palavras: Sl 140,5Que o justo me batae o fiel me repreenda, mas que o leo do mpio no me perfume a ca-bea[c]; entre suas maldades continuo minhas preces.

    Ainda que nenhum mal digam de seu prximo, no deixamcontudo de prejudic-lo sobremaneira. Louvando-lhes os pe-cados, tornam-se causa de que persista neles at o fim davida.

    Mas[d]

    prejudicial, em seu gnero, aadulao que visa a desgraa e a runado prximo. Destarte[e], querendo ansiosamente expor Davi ao

    [g] 1Sm 22,9Doeg, o edomita, que estava entre os ministros de Saul, disse: Eu vi o filhode Jess chegar a Nob, casa de Aquimelec, filho de Aquitob.10E Aquimelec consultouJav por David e tambm lhe deu provises e a espada de Golias, o filisteu. []1Sm 24,2[...] 5Os soldados disseram a Davi: Este certamente o dia do qual o SE-NHOR te falou: Eu te entregarei o teu inimigo, para que faas dele o que quiseres.Ento Davi aproximou-se de mansinho e cortou a ponta do manto de Saul. 6Mas logo searrependeu por ter feito aquilo 7e disse aos soldados: Que o Senhor me livre de fa-zer uma coisa dessas ao ungido do Senhor, levantando a minha mo contra ele, oungido do Senhor. [...] 10E disse a Saul: Por que ds ouvidos aos que te dizem queDavi procura tua runa?

    [a] Lisonjeiro: que ou aquele que dirige elogios interessados a algum; adulador,bajulador, lisonjeador.

    [b] Arredar: afastar, desviar, provocar o recuo de, remover, retirar.[c] O leo do pecador a adulao.[d] Aleivosia: traio ou crime cometido com falsas demonstraes de amizade,

    perfdia, deslealdade, qualidade de quem engana, atraioa, dolo, fraude, injria,calnia, descumprimento de promessa; falseta.

    [e] Destarte: assim, desta maneira; dessarte = desta + arte.

    f) lisonjear ...

    g) aleivosia

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    furor e espada dos Filisteus, par que fosse morto, Saul li-sonjeava-o com estas palavras: 1Sm 18,17Saul disse a Davi:

    Aqui est minha filha mais velha, Merab. Eu vou d-la a ti como es-posa, contanto que sejas um valente guerreiro para mim e combatasnas guerras do Senhor. Saul pensava: Levante-se contra ele no aminha mo, mas a dos filisteus. De maneira idntica, os Judeusdirigiram a Cristo as palavras insidiosas: Mt 22,15Os fariseussaram e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra.16Mandaram os seus discpulos, junto com alguns partidrios deHerodes, para perguntar: Mestre, sabemos que s verdadeiro e queensinas o caminho de Deus segundo a verdade.

    [12] Muito mais perniciosos o falar deamigos, afins e parentes, quando s

    vezes lisonjeiam os doentes gravssimos, j prximos dedesatar o espirito. Afirmando-lhes que no h nenhum perigode morte, insistem em que fiquem alegres e satisfeitos; desvi-

    am sua ateno da Confisso dos pecados, como se fosse amias triste das lembranas; fazem afinal que o doente no cui-de nem reflita no sumo perigo a que est exposto.

    Fora , portanto, evitar toda espcie de mentira, ms sobre-tudo a que pode causar grave dano ao prximo. A mais impiadas mentiras consiste em mentir contra a Religio ou acercade assuntos religiosos.

    [13] Grave ofensa de Deus constituemas detrataes e afrontas, que se fazem

    por libelos difamatrios, e outros escritos injuriosos[a].Mentiras jocosas e oficiosas so absolutamente indignas,

    ainda que no ofendam nem defendam ningum. Esta aexortao do Apstolo: Ef 4,25Portanto, tendo vs todos rompidocom a mentira, que cada um diga a verdade ao seu prximo, pois so-

    [a] De libellis famosis. Vide bullam S. Pii V datam 1572 et bullam Gregorii XII da-tam eodem anno.

    h) iludir moribundos ...

    i) escrever libelos difamat-rios ...

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    mos membros uns dos outros.[a]

    Dai provm grande propenso parmentir frequentes e mais graves. Pelas

    mentiras jocosas[b] tomam os os homens o vezo[c] de mentir, eficam com a fama de no serem verdadeiros. Ento, para sefazerem acreditar, so obrigados jurar continuamente.

    Por ltimo, esta primeira clusula dopreceito repudia tambm o fingimento;

    h malcia de pecado, tanto no que se diga, como no que sefaa hipocritamente. Palavras e aes so ndices [d] e reflexosdo que se passa na alma do indivduo. Por esse motivo,censurando muitas vezes os fariseus, o Senhor d-lhes onome de hipcritas[e].

    [a] Ef 4,25Por isso, renunciai mentira. Fale cada um a seu prximo a verdade, pois somosmembros uns dos outros. (Bblia Ave-Maria)

    [b] Jocosa: que provoca o riso; engraado, divertido, cmico.[c] Vezo: hbito ou costume de fazer algo repreensvel,maneira repetida ou fre-

    quente de agir; costume, hbito, rotina[d] ndices = sinais[e] Hipcrita: que ou aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa

    outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre pormotivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, quali-dades ou sentimentos que no possui; fingido, falso, simulado, enganador, fingi-do, trapaceiro.Mt 15,7Hipcritas! O profeta Isaas profetizou bem a vosso respeito; 8Este povo me hon-ra com os lbios, mas o seu corao est longe de mim.Mt 22,18Jesus percebeu-lhes a maldade e disse: Hipcritas! Por que me armais uma ci-lada?Mt 23,14Ai de vs, escribas e fariseus hipcritas! Devorais as casas das vivas, fingindofazer longas oraes. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor. 15Ai de vs, es-cribas e fariseus hipcritas! Percorreis mares e terras para fazer um proslito e, quando oconseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vs mesmos. 23Ai de vs,escribas e fariseus hipcritas! Pagais o dzimo da hortel, do endro e do cominho e des-prezais os preceitos mais importantes da lei: a justia, a misericrdia, a fidelidade. Eis oque era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. 25Ai de vs,

    escribas e fariseus hipcritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estaischeios de roubo e de intemperana. 27Ai de vs, escribas e fariseus hipcritas! Sois se-melhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro esto chei-

    j) mentir por brincadeira ...

    h) fingir ou dissimular ...

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    Tanto se diga da primeira parte do preceito, que proibitiva.[a] Daqui por diante, exporemos o que o Senhor manda positi-

    vamente na segunda clusula.

    [14] Objeto prprio desta segundaparte do preceito que os tribunaisexeram a justia de acordo com

    as leis no desviando para si as causas, nem usurpando [b] ajurisdio. Pois, como escreve o Apstolo, no licito, julgarum servo alheio[c], par no se dar sentena sem plenoconhecimento de causa.

    Contra este ponto errou a assembleia de sacerdotes e es-cribas que julgaro Santo Estevo. [d] O mesmo erro comete-ram os magistrados de Filipos, dos quais escreveu o Apstolo:At 16,37Mas Paulo mandou dizer: Fomos aoitados em pblico semnenhum processo, fomos lanados na priso sem levar em conta quesomos cidados romanos; e agora nos mandam embora clandestina-

    mente? De modo algum! Que os magistrados venham soltar-nos pes-

    os de ossos, de cadveres e de toda espcie de podrido. 29Ai de vs, escribas e fariseushipcritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumentos dos justosMc 7,6Jesus disse-lhes: Isaas com muita razo profetizou de vs, hipcritas, quando es-creveu: Este povo honra-me com os lbios, mas o seu corao est longe de mim.Lc 12,56Hipcritas! Sabeis distinguir os aspectos do cu e da terra; como, pois, no sa-beis reconhecer o tempo presente?Lc 13,15Hipcritas!, disse-lhes o Senhor. No desamarra cada um de vs no sbado oseu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber?

    [a] Vide Thom. 2,2, q. 211 per totam.[b] Usurpar: apossar-se de pela fora, assumir, obter ou fazer uso de ... (sem

    direito).[c] Rm 14,4Quem s tu para condenar o servo de um outro? para seu prprio senhor que

    ele fica de p ou cai. De fato, ele vai continuar de p, pois o Senhor tem poder de susten-t-lo.

    [d] At 6,9Mas alguns membros da sinagoga chamada dos Libertos, junto com alguns judeusde Cirene e de Alexandria e outros da Cilcia e da sia, comearam a discutir com Est-vo. 10No conseguiam, porm, resistir sabedoria e ao Esprito com que ele falava. 11-

    Subornaram ento uns indivduos, que disseram: Ouvimos este homem falar blasfmias

    contra Moiss e contra Deus. 12Deste modo incitaram o povo, os ancios e os escribas.Estes prenderam Estvo e o conduziram ao Sindrio. 13A apresentaram falsas testemu-nhas, que diziam: Este homem no cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.

    III. Clusula preceptiva:1. Deveres dos juzes ...

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    soalmente.Enfim, (os juizes) no condenem os inocentes [a], nem ab-

    sorvam os culpados: no se deixem levar pela cobia, nempelo respeito humano[b], nem pelo dio, nem pela simpatia.

    Assim falou Moiss aos ancios, que constitura como ju-zes do povo: Dt 1,16Naquele tempo dei aos juzes a seguinte ordem:Ouvi vossos irmos e julgai com justia as questes que cada um ti-ver, seja com seu irmo israelita, seja com um estrangeiro. 17No fa-ais acepo de pessoas em vossos julgamentos. Ouvi tanto os pe-quenos como os grandes, sem temor de ningum, porque a Deus per-tence o juzo.

    [15] Dos rus e culpados quer Deus quedigam a verdade, se forem interrogados

    em forma judicial.[c] Este testemunho constitui, de certo modo,um louvor e glorificao de Deus, como o sentia Josu,quando procurou induzir Ac a confessar a verdade: Js7,19Josu disse ento a Ac: Meu filho, d glria ao Senhor, Deus de

    Israel. Apresenta-lhe a confisso. Conta-me o que fizeste; nada meescondas.

    [a] Ex 23,7Afasta-te de causas mentirosas. No mates o inocente e o justo, pois no vou de-clarar justo o culpado.

    [b] Chama-se de respeito humano o pecado de ter vergonha de assumir a posi-o de cristo, sobretudo de catlico, nos meios em que se vive. Assim, muitosescondem sua identidade catlica, no rezam em pblico, no participam, porexemplo, das Procisses nas ruas, e outras atividades, com receio de manifes-tarem os sinais exteriores da f catlica. Temem a zombaria e coisas semelhan-tes. Fonte: Felipe Aquino. O Cristo e o Respeito Humano. aces-so: 06/09/2010; 07h32min.

    [c] Veja-se, todavia, o que dizem em contrrio os moralistas: In causi criminalisbusvero ec iure moderno tum ecclesiastico tum civili reus non est obligatus ad confessio-nem proprii criminis, nec ad danda resposa quibus convincatur. Ratio est, quia in causacriminali reo concedi debet ius defensionis; defensio autem in eu est quod negando cri-

    men vel argumenta contraria proferendo unus probationis in iudicem devolvit (Noldin.

    Summa Theol. Mor. II IV I. 1q. 3 n 732). o CIC diz assim Iudici legitime inter-roganti partes respondere renentur et fateri veriratem. Nisi agatur de delicto ab ipsiscommisso (Can 1713 I)

    2. Deveres dos acusados ...

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    [16] Como este preceito se refere, muitoem particular, s testemunhas, deve o

    proco ocupar-se delas com maior advertncia.Pelo seu teor, o preceito no se limita a proibir o falso teste-

    munho, mas ordena tambm que se diga a verdade. Na vidahumana, emprega-se largamente o verdadeiro testemunho,pois h um sem-nmero de coisas que certamente escapari-am ao nosso conhecimento, se as no soubssemos pela de-clarao de testemunhas fidedignas.

    Portanto, nada mais necessrio do que a veracidade dostestemunhos acerca de coisas que no sabemos por ns mes-mos, mas que nem por isso podemos ignorar. Existe a prop-sito uma observao de Santo Agostinho: Aquele que ocultaa verdade, como aquele que diz uma mentira, so ambos cul-pados. O primeiro, porque no quer ser til; o segundo, por-que deseja prejudicar[a].

    Por vezes, licito calar a verdade fora do tribunal. Em juzo,

    porm, deve dizer-se absolutamente a verdade, quando a tes-temunha interrogada pelo juiz competente [b]. Nessa ocasio,guardem-se as testemunhas de confiar demais na prpria me-mria, para no afirmarem como certo o que de sua parte nofoi bem averiguado[c].

    Resta falar dos autores e advogados, dos promotores e so-licitadores.

    [17] Nas ocasies necessrias, nodevem os primeiros (advogados) negar

    s pessoas seu servio e assistncia profissional. De boavontade assistiro aos pobres; no aceitaro a defesa de cau-

    [a] PL 187,868[b] A proposio: sempre licito ocultar a verdade por meio de restries, quando for ne-

    cessrio para a defesa da vida, honra, fortuna, ou para qualquer boa obra : Foi conde-

    nada pelo mesmo como doutrina perigosa (DZ 1177).[c] De ratione, testis est. Ut factum de quo testatur sciat: scire autem testis illud tantun cen-

    setur, quod suis ipse sensibus percipit (Noldin Suma Theol. Mor. II IV q. 5 n 739)

    3. Deveres das testemunhas ...

    4. Deveres das outras partes ...

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    sas injustas; no devem protelar a ao com chicanas [a], nempali-la[b] por avareza. A remunerao de seu esforo e

    trabalho seja determinado com justia e equilbrio.[18] Os autores e promotores sejam exortados a no opri-

    mirem ningum com injustas pronncias [c], movidos por ami-zade, dio, ou qualquer outra paixo[d].

    Para todos os bons cristos vale afinalo preceito divino de sempre falarem

    sinceramente a verdade, em suas reunies e conversas; deno dizerem nada que possa lesar a fama de outrem, nemsequer daqueles que, como de seu conhecimento, os ofen-dem e perseguem. No devem esquecer que entre eles e osoutros se interpe a mais intima ligao, por serem membrosdo mesmo corpo.[e]

    [a] Chicana: dificuldade criada, no curso de um processo judicial, pela apresenta-o de um argumento com base num detalhe ou num ponto irrelevante; abusodos recursos, sutilezas e formalidades da justia; contestao feita de m-f;manobra capciosa; trapaa, tramoia.

    [b] Pali-la de paliar: revestir de falsa aparncia; encobrir, dissimular, disfarar; tor-nar menos intenso; abrandar, amenizar, atenuar; aliviar provisoriamente; tratarcom paliativo, remediar; empregar delongas; adiar, protelar

    [c] Pronncia: rubrica jurdica. Despacho pelo qual o juiz declara que algum estindiciado como autor ou cmplice de um crime

    [d] Paixo: rubrica na filosofia. inclinao emocional violenta, capaz de dominarcompletamente a conduta humana e afast-la da desejvel capacidade de auto-nomia e escolha racional, nimo favorvel ou contrrio a alguma coisa e quesupera os limites da razo.

    [e] 1Cor 12,12Como o corpo um, embora tenha muitos membros, e como todos os memb-ros do corpo, embora sejam muitos, formam um s corpo, assim tambm acontece comCristo. 13De fato, todos ns, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados nums Esprito, para formarmos um s corpo, e todos ns bebemos de um nico Esprito.Cl 1,18Ele a Cabea do corpo, que a Igreja; o princpio, Primognito dentre os mor-tos, de sorte que em tudo tem a primazia.Cl 2,19e rejeitam a cabea, Cristo, em virtude do qual o corpo todo provido e bem uni-do, com articulaes e ligamentos, e cresce como Deus o faz crescer.Ef 1,22Deus ps tudo debaixo de seus ps e o constituiu acima de tudo, como cabea daIgreja, 23que o seu Corpo, a plenitude daquele que se plenifica em todas as coisas.Gl 2,26Com efeito, vs todos sois filhos de Deus pela f no Cristo Jesus. 27Vs todos quefostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28No h mais judeu ou grego, es-

    5. Deveres dos cristos emgeral

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    [19] Mas para que os fiismais prontamente se

    precatem[e] do vcio dementir, o proco lhes far ver a enorme desgraa e torpeza [f]

    desse pecado. Nas Sagradas Escrituras, o demnio chama-sepai da mentira. Por no haver persistido na verdade, odemnio mentiroso, o autor da mentira.[g]

    A fim de extirpar to grande crime, o proco falar aindade suas pssimas consequncias. Como so inumerveis,apontar as principais origens e ramificaes de seus danos edesgraas.

    Primeiro, mostrar quanto o homem desleal e mentirosoofende a Deus e provoca Sua clera[d]. Em abono pode citar otestemunho de Salomo: Pv 6,16Seis coisas detesta o SENHOR euma stima sua alma abomina: 17olhos empinados, lngua mentirosa,mos que derramam sangue inocente, 18corao que maquina projetosperversos, ps velozes para correrem ao mal, 19a testemunha falsa,

    proferindo mentiras, e quem semeia a discrdia entre irmos.[e]

    Ora, se algum singularmente odiado por Deus quem po-

    cravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vs sois um s, em Cristo Jesus.Cl 1,24Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vs e completo, na minhacarne, o que falta s tribulaes de Cristo em favor do seu Corpo que a Igreja.

    [e] Precatem: vem do verbo precatar: pr (algum ou a si mesmo) de sobreavisoa respeito de (algo ou algum); acautelar(-se), prevenir(-se) etimologia obscu-ra; acreditam estar relacionado a precaver, ou relaciona ao espanhol percatar'advertir, considerar', sinonmia de prevenir.

    [f] Torpeza: qualidade, condio ou ato que revela indignidade, infmia, baixeza;ato ou qualidade de indecente, de obsceno; qualidade daquilo que repulsivo.

    [g] Jo 8,44O vosso pai o diabo, e quereis cumprir o desejo do vosso pai. Ele era assassinodesde o comeo e no se manteve na verdade, porque nele no h verdade. Quando elefala mentira, fala o que prprio dele, pois ele mentiroso e pai da mentira.

    [d] Clera: sentimento de violenta oposio contra o que revolta, escandaliza, mo-lesta ou prejudica; intensa raiva facilmente provocvel; ira. indignao justa epunitiva que se atribui a Deus quando Ele corrige os desvios de comporta-mento e os erros dos homens.

    [e] Ave-MariaPr 6,16Seis coisas h que o Senhor odeia e uma stima que lhe uma abomina-o: 17olhos altivos, lngua mentirosa, mos que derramam sangue inocente, 18um cora-o que maquina projetos perversos, ps pressurosos em correr ao mal, 19um falso teste-munho que profere mentiras e aquele que semeia discrdias entre irmos.

    IV. Motivao do Preceito: Pecado 1. particularmente execrado por Deus

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    deria salv-lo, para que no os mais rigorosos castigos?

    [20] Depois, haver coisa mais torpe einfame, como reparou So Tiago, do

    que servir-nos da mesma lngua com que bendizemos a DeusPai, para maldizer os homens fitos imagem e semelhanade Deus. como uma fonte que pela mesma abertura ditagua doce e gua salobra.[a]

    Com efeito, a mesma lngua que antes louvava e glorificavaa Deus, pe-se depois pela mentira a cobri-lO, quanto pode,de injurias e vituprios[b]. Esta a razo por que os mentirososso excludos da posse da celeste bem-aventurana. Por isto,quando Davi perguntou a Deus: Quem h de morar no VossoTabernculo? o Esprito Santo repondeu-lhe: Aquele quediz a verdade no corao, e no faz embustes com a lngua. [c]

    [a] Tg 3,

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    Meus irmos, no queirais todos ser mestres, pois sabeis que estamos sujeitos ajulgamento mais severo. 2Todos ns tropeamos em muitas coisas. Aquele que no pecano uso da lngua um homem perfeito, capaz de refrear tambm o corpo todo. 3Se po-mos um freio na boca do cavalo para que nos obedea, conseguimos controlar o seu cor-po todo. 4Reparai tambm nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventosimpetuosos, so, entretanto, conduzidos por um pequenssimo leme, na direo que o ti-moneiro deseja. 5Assim tambm a lngua, embora seja um membro pequeno, se gloria degrandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia!6Ora, tambm a lngua um fogo! o universo da malcia! Est entre os nossos memb-ros contaminando o corpo todo e pondo em chamas a roda da vida, sendo ela mesma in-flamada pelo inferno! 7De fato, toda espcie de feras, de aves, de rpteis e de animaismarinhos pode ser domada e tem sido domada pela espcie humana. 8Mas a lngua, ne-nhum ser humano consegue dom-la: ela um mal que no desiste e est cheia de vene-no mortfero. 9Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldioamos as pessoas,feitas imagem de Deus. 10Da mesma boca saem bno e maldio! Ora, meus irmos,no convm que seja assim. 11Porventura a fonte faz jorrar, pelo mesmo orifcio, guadoce e gua amarga? 12Porventura a figueira, meus irmos, capaz de produzir azeito-nas, ou a videira, figos? Assim tambm a fonte salina no pode produzir gua doce.

    [b] Vituprio: ato ou efeito de vituperar, vituperao; palavra, atitude ou gesto quetem o poder de ofender a dignidade ou a honra de algum; afronta, insulto; acu-sao infamante, injria; qualquer ato infame, vergonhoso ou criminoso.

    [c] Sl 15(14),1SENHOR, quem pode habitar na tua tenda? E morar no teu santo monte? 2A-quele que vive sem culpa, age com justia e fala a verdade no seu corao; 3que no dizcalnia com sua lngua, no causa dano ao prximo e no lana insulto ao vizinho.

    2. que exclui de eternabem-aventurana

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    O pior dano da mentira que constitui

    uma doena de esprito [espiritual] quase incurvel. Pois opecado de calnia e o de detratao fama do prximo noso perdoados, enquanto o caluniador no der satisfao aoofendido pelas injustias praticadas.[a]

    Isso, porm, se torna muito difcil aos homens; antes detudo, porque se deixam levar, como j advertimos, por vergo-nha e falsos sentimentos de dignidade. Ora, no podemos du-vidar que, com tal pecado, a pessoa se condena aos eternossuplcios do inferno.

    Ningum pode to pouco esperar o perdo de suas calni-as e detrataes, se antes no der satisfao a quem foi porele lesado na fama ou considerao, quer em juzo pblico,quer em conversas familiares e reservadas.

    De mais a mais, estes efeitos per-

    niciosos[b]

    vo muito longe, atin-gem outras pessoas, porquanto a fraude e a mentira destroema boa f e a veracidade, os mais slidos esteios[c] dasociedade humana. Com a supresso destes, surge extremaconfuso na vida cotidiana, de sorte que os homens em nadaparecem distinguir-se dos demnios.

    O proco ensinar ainda que preciso evitar a loquacida-de[d]. Quem a foge arreda de si outros pecados, e dispe de

    grande defesa contra a mentira. Deste vcio dificilmente seguardam as pessoas muito dadas a falar.[e]

    [a] Lembra nos que o profeta Abias, e o apostolo So Paulo que nos fala sobre ainjustia:Ab 1,15Pois o dia do Senhor est chegando para todas as naes! Como fizeste aosoutros, ser feito contigo! Os atos que praticaste cairo sobre tua cabea!Cl 3,25Quem cometer injustia receber a paga devida, sem distino de pessoas.

    [b] Pernicioso: que faz mal; nocivo, ruinoso; desfavorvel; malfico, malfazejo.[c] Esteio: sustentculo, arrimo, gide.[d] Loquacidade: palavrosidade, tagarelice, verborreia, verbosidade.[e] J 27,4meus lbios no falaro iniquidade nem minha lngua pronunciar mentiras.

    3. que quase incurvel

    4. que produz funestas eincalculveis consequncias

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    [21] Por ltimo, o proco desfar oerro dos que tenham justificar a

    impostura de suas palavras, ale-gando o exemplo de pessoas precavidas, como dizem quementem na ocasio oportuna.

    Deve ento lembrar-lhes como grande verdade, que a pru-dncia da carne morte.[a] Exorte os ouvintes a confiarem emDeus, por ocasio de aflies e necessidades, e a no recor-rerem astcia da mentira. Quem procura tal sada, d mos-tras de que quer antes apoia-se na prpria prudncia, do queconfiar na Providncia Divina.

    Alguns lanam a culpa de sua mentirasobre outros, que tambm os

    enganaram com falsidades. Devemos ensinar-lhes que aoshomens no licito vingar-se a si mesmos, nem retribuir o malcom o mal, mas que devem, antes, vencer o mal com o bem.[b]

    Pr 10,8Quem tem um corao de sbio aceita os mandamentos, quem insensato no fa-lar se arruna.Pr 10,19No muito falar no faltar o pecado, ao passo que muito prudente quem mode-ra os lbios.Pr 13,3Quem guarda a prpria boca preserva a vida; quem se descuida no falar causa aprpria runa.Pr 29,20Viste algum precipitado para falar? O ignorante d mais esperana do que ele.Ecle 3,7tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar;Eclo 13,14[poderoso] No pretendas falar com ele de igual para igual, nem creias no seupalavreado; com sua abundncia de palavras te experimentar e, entre sorrisos, perscru-tar os teus segredos.Eclo 20,5H quem, estando calado, seja tido por sbio, como se torna odioso quem descomedido no falar.

    [a] Rm 8,6Na verdade, as aspiraes da carne levam morte e as aspiraes do Esprito le-vam vida e paz.

    [b] Rm 12,17A ningum pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante detodos. 18Na medida do possvel e enquanto depender de vs, vivei em paz com todos. 19-

    Carssimos, no vos vingueis de ningum, mas cedei o passo ira de Deus, porquantoest escrito: A mim pertence a vingana, eu retribuirei, diz o Senhor. 20Pelo contrrio,se teu inimigo estiver com fome, d-lhe de comer; se estiver com sede, d-lhe de beber.

    Agindo assim, estars amontoando brasas sobre sua cabea. 21No te deixes vencer pelomal, mas vence o mal pelo bem.1Pd 3,9No pagueis o mal com o mal, nem ofensa com ofensa. Ao contrrio, abenoai,

    5. Refutao das escusas: Mentir a) vantagem ...

    b) por revide.

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    Ainda que tal revide fora licito, ningum teria vantagem emvingar-se com dano prprio, pois gravssimo o dano que nos

    infligimos a ns mesmos, quando dizemos mentira.

    Aos que aduzem, como desculpa, acovarde fragilidade da natureza

    humana, devemos lembrar-lhes a obrigao natural de pedi-rem o auxlio divino, e de no cederem fraqueza humana.

    Outros escusam-se com o hbitoadquirido. Ora, se tomaram o hbito de

    mentir, cumpre admoest-los a que esforcem por contrair ohbito contrrio de falar sempre a verdade sobretudo, porqueos useiros e vezeiros na mentira pecam mais gravemente, doque o restante dos homens.

    [22] no falta quem se cubra com o

    exemplo de outros, sustentando, emdefesa, prpria, que os outro mentem e perjuram a cadapasso. preciso desengan-los de tal opinio, argumentandoque os maus no so dignos de imitao, mas passveis decensura e correo. Todavia, se ns mesmos praticarmos amentira, pouca influncia tero nossas palavras, quando re-preendemos e corrigimos o prximo.

    Em prpria defesa, objetam alguns que,falando a verdade, tiveram muitas

    porque para isto fostes chamados: para serdes herdeiros da bno. 10De fato, quemquer amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua lngua do mal e seus lbios de falarmentiras. 11Afaste-se do mal e faa o bem, busque a paz e v ao seu encalo. 12Pois osolhos do Senhor esto sobre os justos e seus ouvidos esto atentos sua prece, mas orosto do Senhor volta-se contra os malfeitores. 13Ora, quem que vos far mal, se vosesforais por fazer o bem? 14Mais que isso, se tiverdes que sofrer por causa da justia,

    felizes de vs! No tenhais medo de suas intimidaes, nem vos deixeis perturbar. 15An-tes, declarai santo, em vossos coraes, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos adar a razo da vossa esperana a todo aquele que a pedir.

    c) por fragilidade ...

    d) por hbito ...

    e) por imitao ...

    f) por medo da verdade ...

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    vezes de passar vexames. Devem os sacerdotes refut-losque tais palavras exprimem uma acusao em lugar de

    defesa, porque o dever do cristo antes sofrer algum percal-o, do que proferir uma mentira.

    [23] Resta ainda falarmos de duasclasses de pessoas que desculpam

    suas mentiras. Como dizem, umas mentem por brincadeira;outras mentem por oportunismo, pois sem mentira no fariamcompras nem vendas vantajosas.

    Ambos os grupos devem o proco livrar dessa falsa menta-lidade. Aos primeiros [aos engraadinhos], arranc-los- do vi-cio, fazendo-lhes ver, quanto as mentiras frequentes arraigamo hbito de cometer tal pecado; dizendo-lhes tambm, que da-ro contas de todas palavra ociosa.[a]

    Aos segundos [aos injustos] repreenda, com mais rigor,porque sua desculpa envolve maior acusao contra eles

    mesmos. Pois assim claramente a entender que no acredi-tam nem prezam as palavras divinas: Procurai, antes de tudoo Reino de Deus e sua justia, e todas estas coisas vos sero

    [a] Mt 12,36Eu vos digo: de toda palavra v que se proferir h de se prestar conta, no dia dojuzo. 37Por causa das tuas palavras sers considerado justo; e por causa das tuas palavrassers condenado.Tg 3,1Meus irmos, no queirais todos ser mestres, pois sabeis que estamos sujeitos ajulgamento mais severo. 2Todos ns tropeamos em muitas coisas. Aquele que no pecano uso da lngua um homem perfeito, capaz de refrear tambm o corpo todo. 3Se po-mos um freio na boca do cavalo para que nos obedea, conseguimos controlar o seu cor-po todo. 4Reparai tambm nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventosimpetuosos, so, entretanto, conduzidos por um pequenssimo leme, na direo que o ti-moneiro deseja. 5Assim tambm a lngua, embora seja um membro pequeno, se gloria degrandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia!6Ora, tambm a lngua um fogo! o universo da malcia! Est entre os nossos memb-ros contaminando o corpo todo e pondo em chamas a roda da vida, sendo ela mesma in-flamada pelo inferno!

    Jd 1,15para exercer o juzo contra todos, e para denunciar todos os mpios a respeito detodas as impiedades que cometeram e dos insultos que, como mpios pecadores, proferi-ram contra ele.

    g) por brincadeira h) por oportunismo.

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    dadas de acrscimo.[a]

    [a] Mt 6,33Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justia, e todas essas coisasvos sero dadas por acrscimo.