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1 Boletim 1123/2016 – Ano VIII – 16/12/2016 OIT prevê queda real de 6,2% dos salários no país em 2016 Por Assis Moreira A Organização Internacional do Trabalho (OIT) projeta contração de 6,2% nos salários no Brasil em termos reais (descontada a inflação) neste ano, a maior taxa entre as grandes economias, o que é visto como mais um limitador no caminho da recuperação do país. O Relatório Mundial sobre os Salários 2016/2017, divulgado ontem, mostra o Brasil em 2015 com a segunda maior baixa de pagamentos aos empregados em termos reais, de 3,7%, só ficando atrás da Rússia com 9,5%. Com isso, reduziuse, ou mesmo inverteuse, a tendência que vinha da crise financeira global de 2008/09, quando a expansão salarial mundial foi sustentada pelos aumentos nos emergentes. Para 2016, a estimativa preliminar da entidade aponta piora e o país se torna campeão de contração salarial, que deve quase dobrar em relação ao ano passado, enquanto na Rússia há uma ligeira recuperação (0,6%). Em parceiros como China e Índia, os empregados vão ganhar mais de 5% em termos reais. A OIT diz que faz suas estimativas com base em dados nacionais e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A contração salarial acumulada no Brasil é de 10% em dois anos (2015 e 2016), no rastro da pior recessão dos últimos tempos no país, e "para 2017 as coisas tampouco são encorajadoras", na avaliação da diretorageral adjunta da OIT, Deborah Greenfield. Num contexto econômico fragilizado, a depressão salarial no Brasil afetará mais o consumo das famílias e a demanda doméstica e "o que foi alcançado antes (em termos sociais) pode ser facilmente erodido". Recentemente, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projetou que o desemprego deve continuar subindo em 2017 no Brasil e que o ritmo da recuperação da economia brasileira será limitado também pelo alto endividamento das empresas e a significativa capacidade ociosa em certos setores. Globalmente, o crescimento dos pagamentos aos empregados caiu ao mais baixo nível em quatro anos, para 1,7% ante 2,5% no ano anterior. Aumentos salariais em algumas economias desenvolvidas, como Estados Unidos (2,2%) e Alemanha (2,8%), não foram suficientes para compensar o forte declínio nos emergentes, encabeçados pelo Brasil e pela Rússia. Nos emergentes, a expansão do salário real diminuiu de 6,6% em 2012 para 2,5% no ano passado. Já nos países desenvolvidos, houve progressão de 0,2% para 1,7% nesse período. Na América Latina, houve queda de 1,3%, essencialmente por causa da

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Boletim 1123/2016 – Ano VIII – 16/12/2016

OIT prevê queda real de 6,2% dos salários no país e m 2016 Por Assis Moreira A Organização Internacional do Trabalho (OIT) projeta contração de 6,2% nos salários no Brasil em termos reais (descontada a inflação) neste ano, a maior taxa entre as grandes economias, o que é visto como mais um limitador no caminho da recuperação do país. O Relatório Mundial sobre os Salários 2016/2017, divulgado ontem, mostra o Brasil em 2015 com a segunda maior baixa de pagamentos aos empregados em termos reais, de 3,7%, só ficando atrás da Rússia com 9,5%. Com isso, reduziuse, ou mesmo inverteuse, a tendência que vinha da crise financeira global de 2008/09, quando a expansão salarial mundial foi sustentada pelos aumentos nos emergentes. Para 2016, a estimativa preliminar da entidade aponta piora e o país se torna campeão de contração salarial, que deve quase dobrar em relação ao ano passado, enquanto na Rússia há uma ligeira recuperação (0,6%). Em parceiros como China e Índia, os empregados vão ganhar mais de 5% em termos reais. A OIT diz que faz suas estimativas com base em dados nacionais e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A contração salarial acumulada no Brasil é de 10% em dois anos (2015 e 2016), no rastro da pior recessão dos últimos tempos no país, e "para 2017 as coisas tampouco são encorajadoras", na avaliação da diretorageral adjunta da OIT, Deborah Greenfield. Num contexto econômico fragilizado, a depressão salarial no Brasil afetará mais o consumo das famílias e a demanda doméstica e "o que foi alcançado antes (em termos sociais) pode ser facilmente erodido". Recentemente, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projetou que o desemprego deve continuar subindo em 2017 no Brasil e que o ritmo da recuperação da economia brasileira será limitado também pelo alto endividamento das empresas e a significativa capacidade ociosa em certos setores. Globalmente, o crescimento dos pagamentos aos empregados caiu ao mais baixo nível em quatro anos, para 1,7% ante 2,5% no ano anterior. Aumentos salariais em algumas economias desenvolvidas, como Estados Unidos (2,2%) e Alemanha (2,8%), não foram suficientes para compensar o forte declínio nos emergentes, encabeçados pelo Brasil e pela Rússia. Nos emergentes, a expansão do salário real diminuiu de 6,6% em 2012 para 2,5% no ano passado. Já nos países desenvolvidos, houve progressão de 0,2% para 1,7% nesse período. Na América Latina, houve queda de 1,3%, essencialmente por causa da

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contração no Brasil. "Não vejo os salários crescendo (globalmente) em paralelo ao aumento da produtividade, e a desigualdade aumenta'', diz Deborah. Sem surpresa, o Brasil aparece no relatório da OIT com destaque no agravamento de desigualdades na distribuição dos salários. A parte dos 10% com pagamentos mais elevados embolsa 35% da soma total paga ao conjunto dos empregados no país, vindo em seguida a África do Sul (49,2%). Além disso, a desigualdade nos pagamentos também é forte entre empresas, mais do que dentro de empresas. No Brasil, ela foi ligeiramente reduzida pelo reforço do salário mínimo desde 1995 e aceleração dos aumentos desde 2005 no país. A diferença salarial é mais marcantes para as mulheres, globalmente. No Brasil, elas recebem 22% a menos que os homens no mesmo cargo, em média. A OIT destaca que, em todo caso, desde 2006 os salários quase dobraram na média na China, cresceram 60% na Índia e somente no México houve baixa real ao longo da década. A entidade faz uma série de recomendações aos governos para que a desigualdade salarial se mantenha nos limites socialmente aceitáveis. Basta ver que, em alguns países, o grupo de 1% com salários mais elevados recebeu € 221 por hora, enquanto as empresas em que trabalham pagam € 45 por hora na média. Uma das sugestões é o uso de política fiscal para impor taxa mais progressiva afim de reduzir a remuneração dos executivos. Na Suíça, foi aprovada uma lei para limitar a 12 vezes a diferença entre o maior e o menor salário numa empresa.

Supremo julga constitucional norma sobre depósito j udicial Por Beatriz Olivon O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional uma norma de 1993 que impede a inclusão de débitos de Cofins que foram objeto de depósito judicial em parcelamento. O julgamento, em repercussão geral, foi apertado, decidido somente no último voto, da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Apesar de parecer um tema limitado ao caso específico, a Fazenda Nacional se preocupa com a tese a ser firmada, porque parcelamentos são uma constante na política fiscal brasileira, segundo afirmou na defesa oral o procurador da Fazenda Nacional Leonardo Quintas Furtado. A norma analisada é a Portaria nº 655, de 1993, do Ministério da Fazenda, que instituiu um programa de parcelamento para contribuintes com débitos de Cofins. No artigo 4º, a portaria determina não seriam incluídos no parcelamento os débitos que eram objeto de depósito judicial quando há questionamento do tributo na Justiça. A decisão foi dada em

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recurso da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na qual a Tecbraf, empresa de fornecimento de insumos para fundição, obteve o direito de incluir seus débitos no programa de parcelamento. De acordo com a decisão, a portaria impõe uma restrição ao princípio da universalidade de jurisdição e atenta contra o princípio da isonomia, ao estabelecer um tratamento diferenciado entre devedores do mesmo tributo. No STF, porém, o relator, ministro Luiz Fux, aceitou o recurso da PGFN. "Não tem o menor sentido que o depósito judicial já realizado pudesse ser levantado para depois parcelar essa dívida em 90 vezes", afirmou. No caso concreto, o depósito foi feito quando havia dúvida se a cobrança da Cofins era constitucional. Posteriormente, o Supremo decidiu que era constitucional. Portanto, o valor iria para a conta do Tesouro. O ministro afirmou ainda que o depósito judicial impede uma série de ocorrências negativas para o contribuinte. De acordo com ele, a medida tem dois objetivos: impedir o início da execução fiscal e acautelar o interesse do Fisco em receber o crédito tributário com maior rapidez. "Isso não é uma garantia igual à penhora. Esse depósito logo se converte em renda", disse. Ainda segundo Fux, o princípio da isonomia (igualdade) não se resume ao tratamento igualitário em toda e qualquer situação jurídica, mas de medidas que podem impor tratamento desigual em situações especificas que militam em prol da igualdade pretendida. O ministro Edson Fachin divergiu. Para Fachin, há dois princípios constitucionais afetados pela portaria: o da isonomia e do acesso à jurisdição, pois a norma determina que os contribuintes que buscaram a Justiça não poderiam participar do parcelamento. O ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhou a divergência, afirmou que, pela portaria, é tratado com desigualdade o contribuinte que cumpriu a lei e dado benefício ao que não cumpriu a lei, se manteve inerte. "É chegada a hora de estarmos um pouco mais ao lado do contribuinte, do sofrido contribuinte que enfrenta uma carga tributária que, comparada com a de outros países, é uma das maiores do mundo", disse. Com o julgamento foi aprovada a seguinte tese para repercussão geral: "Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no parcelamento da dívida relativa à Cofins, instituída pela Portaria 655, de 1993, dos contribuintes que questionaram o tributo em juízo, com o depósito judicial dos débitos tributários". O ministro Marco Aurélio foi contrário à aprovação da tese, já que votou em sentido contrário, "com a minoria de cinco, que revela um tribunal dividido".

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Ministros vedam prisão de depositário infiel Por Beatriz Olivon O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou seu posicionamento contrário à prisão civil de responsável por retenção de tributos de terceiros que não foram repassados ao Fisco. Ontem, o Plenário declarou inconstitucional a Lei nº 8.866, de 1994, que trata especificamente do chamado "depositário infiel" de valores pertencentes à Fazenda Pública. A decisão, unânime, foi dada em ação direta de inconstitucionalidade (Adin) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ontem foi julgado o mérito, 22 anos depois de concedida liminar à entidade. No julgamento de ontem, porém, o entendimento foi ampliado. De acordo com o advogado da CNI, Leonardo Estrela, o Supremo contemplou também sócios e empresários que poderiam ser responsabilizados. O depositário infiel é aquele responsável pela guarda de um bem que não lhe pertence e é perdido ou estraga. O artigo 4º da Lei nº 8.866 prevê que a Fazenda Nacional ou representantes de Estados, Distrito Federal ou do INSS podem pedir a pena de prisão. Ela seria decretada para período não superior a 90 dias, nos casos em que os valores em questão não fossem recolhidos ou depositados. Se o depositário infiel é uma empresa, a prisão pode ser decretada contra seus diretores administradores, gerentes ou empregados que movimentem recursos financeiros, segundo a lei. Mas esse dispositivo nunca foi usado pela Fazenda Nacional, segundo Estrela. No Supremo prevaleceu o voto do relator, Gilmar Mendes. Segundo o ministro, na época da medida provisória já existia a Lei de Execução Fiscal e a possibilidade de medida cautelar fiscal. Existia, portanto, instrumentos adequados à cobrança tributária. O mecanismo está em "franco desuso", já que o Fisco tem outros meios de cobrança. A retirada da prisão civil por dívidas também tira o objetivo da Lei nº 8.866, segundo o relator. Em julgamento realizado em 2008, o Supremo já havia estendido a proibição de prisão civil por dívida, prevista na Constituição Federal, à hipótese de depositário infiel. Porém, não havia analisado especificamente a Lei nº 8.866. Desde 2009, a Súmula Vinculante nº 25 estabelece que "é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito". (Fonte: Valor Econômico dia 16/12/2016)

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(Fonte: Estado de SP dia 16/12/2016)

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(Fonte: Folha de SP dia 16/12/2016)

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