ofídios do parque estadual sumaúma, manaus - amazonas

24
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS UEA ESCOLA NORMAL SUPERIOR ENS CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS OFÍDIOS DO PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA, MANAUS AMAZONAS. MANAUS 2015

Upload: andre-girao

Post on 09-Feb-2017

28 views

Category:

Science


7 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA

ESCOLA NORMAL SUPERIOR – ENS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

OFÍDIOS DO PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA, MANAUS –AMAZONAS.

MANAUS

2015

Page 2: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

2

ANDRÉ GIRÃO DOS SANTOS

OFÍDIOS DO PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA, MANAUS – AMAZONAS.

MANAUS

2015

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Amazonas.

Page 3: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

3

OFÍDIOS DO PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA, MANAUS – AMAZONAS.

ANDRÉ GIRÃO DOS SANTOS

ORIENTADORA DRA. CRISTINA MOTTA BÜHRNHEIM

DATA DA APROVAÇÃO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Examinador (a) / Titulação

________________________________________

Examinador (a) / Titulação

________________________________________

Examinador (a) / Titulação

Page 4: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

esposa, Nicole Farias de Oliveira

Reynaldo - que me apoia na

profissão que eu escolhi para

mim – e ao meu filho, Duncan

Girão Farias, que é o meu

legado.

Page 5: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos e colegas de turma (e futuros colegas de

trabalho) Felipe RamonMerloRosell, TalyNayandra, José Anquizes Diz de

Souza e Lucian Veras Canto, que me ajudaram a concretizar este trabalho,

indo a campo comigo, ajudando na captura dos ofídios, fazendo as fotografias

e sempre compartilhando conhecimento. Agradeço também a minha

Professora/Orientadora Cristina Motta Bührnheim, que me ajudou com os

materiais e informações necessárias para que este trabalho pudesse ser

concluído.

Agradeço a minha mãe Nilza Girão dos Santos, por ter me criado e

cuidado sempre se preocupando com o meu futuro, e ao meu pai Altair

Fernandes dos Santos, por ter aberto os meus olhos para o mundo vivo que

nos rodeia e me influenciando a seguir o caminho da biologia, assim como ele.

A gestora Amanda Gomes do PAREST por ter permitido acesso ao

parque.

“As árvores parecem dançar ao compasso da música do

vento;Parecem dois amantes, felizes e apaixonados; Bailando

durante toda vida; Se amando durante toda vida.”

André Girão

Page 6: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

6

RESUMO

Existia apenas um estudo sobre ofídios no Parque Estadual Sumaúma,

mostrando-se necessário uma pesquisa um pouco mais aprofundada das

espécies de ofídios existentes no parque, este sendo o principal objetivo deste

estudo. Registrosde ofídios, com ou sem capturas e solturasforam feitos

percorrendo as trilhas do parque,de dia e de noite. No total foram feitas

noveregistros de cinco espécies de ofídios, um número superior de espécies

encontradas em relação ao número de espécies encontradas no estudo

anterior. Fatores como, poluição e falta de estrutura dificultam o trabalho de

pesquisa científica no parque, o que precisa ser melhorado com urgência, para

que mais trabalhos de pesquisa possam ser feitos no local. As espécies

encontradas são conhecidas em áreas com perturbação antrópica, fragmentos

florestas e áreas rurais.

Palavras-Chave: Serpentes; PAREST, fragmentos florestais, parque urbano,

fauna Neotropical.

ABSTRACT

Was only one superficial study about snakes in PAREST Sumaúma,

showing necessary a research a little more profound about the species of

snakes that existing in the park, that being the main reason for that work. With

visits and catches being made covering the trails of the park, also nocturnal

focus being made. In total was made nine registers in five species of snakes, a

number superior of species found, in relationship with the previous study.

Factors who, pollution and lack of structure difficult the scientific study in the

park, what needs to be improved whit urgency, for what more research work

can be done in the local.

Keys-Word: Snakes, PAREST, forest fragments, urban park, Neotropical fauna.

Page 7: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

7

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................. 8

LISTA DE TABELAS .......................................................................................... 9

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 12

2.1. Área de Estudo.................................................................................... 12

2.2. Métodos .............................................................................................. 13

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 15

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................................. 21

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 23

Page 8: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura1 – Área atual total do PAREST Sumaúma. Fonte: Google Earth.......... 14

Figura2 – Trilhas do PAREST Sumaúma ......................................................... 15

Figura3 – Ofídios que foram encontrados mortos/morreram após captura ...... 18

Figura4 – Mudas encontradas no PAREST Sumaúma .................................... 18

Figura5 – Ofídios capturados/observados do PAREST Sumaúma .................. 21

Figura6 – Pontos onde foram encontrados os espécimes................................ 21

Figura7 – Poluição de resíduos sólidos em um dos igarapés do PAREST

Sumaúma ......................................................................................................... 23

Figura8 – Efluente oriundo do Shopping Sumaúma ......................................... 24

Page 9: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados dos aspectos físicos dos ofídios capturados ....................... 19

Tabela 2 – Ofídios do Parque Estadual Sumaúma .......................................... 17

Tabela 3 – Dados dos ofídios que foram capturados/observados .................... 22

Page 10: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

10

1. INTRODUÇÃO

Segundo COSTA e BÉRNILS (2014) ocorrem 426 espécies de ofídios no

Brasil, sendo 75 peçonhentas. Em comparação, na Venezuela ocorrem 182

espécies de ofídios e desses, 28 são peçonhentos (NAVARRETE et al.,

2009),sendo aVenezuela um país vizinho no qual possui em seu território parte

da floresta Amazônica. São tidos como peçonhentos os animais que produzem

algum tipo de veneno, ou toxina, e que possui algum aparato – no caso, dentes

semelhantes a agulhas hipodérmicas - para que esta substância seja injetada

em outro organismo. Como por exemplo as cobras, aranhas, escorpiões, entre

outros.

No Brasil, existem duas famílias de ofídios peçonhentos

epidemiologicamente importantes para a saúde pública, por serem

“responsáveis” por inúmeros acidentes ofídicos anualmente, são elas: a família

Elapidae, que abrange os gêneros Micrurus e Leptomicrurus(corais-

verdadeiras), com 18 espécies ocorrendo na Amazônia; e a família Viperidae,

com os gêneros Bothrops, Bothriopsis, Bothrocophias, Crotalus e Lachesis

(jararacas, surucucus e cascavéis), tendo 9 espécies ocorrendo na Amazônia

(BERNARDE, 2009).

Nos anos de 2003 a 2013 ocorreram cerca de 307.770 acidentes ofídicos

notificados no Brasil, sendo 90% deles atribuídos às serpentes do gênero

Bothropssp.(MOURA et al., 2015), um número que não chega a ser a

realidade, pois grande parte dos acidentes ofídicos deixam de notificados nas

regiões mais afastadas dos centros médicos, sendo este o caso da região

Norte, principalmente no estado do Amazonas (SANTOS et al., 1995).

Existem também outras famílias de ofídios no Brasil, que não geram

riscos a vida humana – por não serem peçonhentos, ou por terem uma

peçonha que não ocasione risco de morte – sendo elas: Boidae contendo os

gêneros Boa; Corallus; Epicrates e Eunectes (ofídios que matam por

constrição, como Jiboia, Salamantase Sucuri), com cinco espécies ocorrendo

na Amazônia; Colubridae, que é dividida em setesub-famílias, mas somente

com duassub-famílias ocorrendo na Amazônia, a sub-familiaColibrinae abrange

os seguintes gêneros, Chironius; Dendrophidion; Drymoluber; Mastigodryas;

Oxybelis; Pseustes; Rhinobothryum; Spilotes e Tantilla, tendo 13 espécies na

Page 11: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

11

Amazônia; a sub-famíliaDipsadinae abrange os gêneros Apostolepsis; Atractus;

Clelia; Dipsas; Drepanoides; Erythrolamprus; Helicops; Hydrodynastes;

Hydrops; Imantodes; Leptodeira; Leptophis; Liophis; Oxyrhopus; Philodryas;

Pseudoboa; Siphlophis; Taeniophallus; Umbrivaga; Xenodon e Xenopholis,

com 36 espécies na Amazônia; a família Leptotyphlopidae possui três gêneros

e 18 espécies que ocorrem no Brasil e com apenas uma espécie na região de

Manaus, Epictiatenella; a família Typhlopidae possui um gênero e seis

espécies no Brasil, com apenas uma espécie na região de Manaus,

Typhlopsreticulatus; a família Anomalepididae possui doi gêneros e sete

espécies, com apenas uma espécie na região de Manaus,

Typhlophissquamosus; e por último a família Aniliidae, com um gênero e um

espécie existente, Aniliusscytale (FRAGRA et al, 2013).

Conforme o exposto acima é de grande importância, que se conheçam as

espécies de ofídios em áreas de parques urbanos, fragmentos florestais, bem

como em outras áreas verdes nos entornos da cidade. Entre os parques

urbanos, destaca-se o Parque Estadual Sumaúma (PAREST Sumaúma), já

que o mesmo se trata de uma localidade onde pessoas de todo o munícipio de

Manaus visitam, e eventualmente podem vir a encontrar algum ofídio

peçonhento e talvez um acidente ofídico.

Portanto, foi feito um estudo dos ofídios no Parque Estadual Sumaúma

através de uma amostragem rápida com a finalidade básica de verificar quais

espécies habitam o parque, também para que possa ser feito futuramente uma

cartilha com as informações dos ofídios que habitam o parque ou até mesmo

para que sejam feitos trabalhos de educação ambiental com os visitantes e

moradores do redor do parque, para que os ofídios e outros animais que ali

residem não percam suas vidas e muito menos o seu habitat que já se

encontra bastante restrito e muito poluído.

Page 12: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

12

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de Estudo

O Parque Estadual Sumaúma(Figura 1) foi criado através do decreto nº

23.721/03 e com uma área de 51 hectares (ha) e foi redelimitado pela Lei

Estadual 3.741/12 para 52,62 hectares (ha). Está localizado na Rua Bacurí, s/n,

Bairro Cidade Nova I, na Zona Norte da cidade de Manaus – AM. A área

segundo SDS-CEUC (p. 56, 2009), correspondente ao parque é formada em

parte por floresta de mata alta mantendo elementos da floresta primária, terra

firme e sua vegetação original denominada de ombrófila densa. Houve

alterações de vegetação, corte seletivo, corte raso e alterações do solo.

Atualmente podemos encontrar uma floresta ombrófila aberta, em sua maioria

mata secundária, em diferentes níveis de perturbação. Possuindo no parque,

espécies pioneiras, como lacre, apuí e umbaúbas, goiaba de anta, murici, pau-

pombo, etc. Aparecendo também árvores de grande porte e espécies de

floresta primária de todos os portes.

No PAREST Sumaúma existe uma sede central, um laboratório de

informática, uma biblioteca, uma academia ao ar-livre e cinco trilhas, que

percorrem quase toda área do parque. As trilhas são as seguintes: (1) Trilha

Figura 1 – Área atual total do PAREST Sumaúma. Fonte: Google Earth.

Page 13: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

13

Escada de Jabuti; (2) Trilha do Buritizal; (3) Trilha Nascente do Igarapé do

Goiabinha; (4) Trilha Jupará; (5) Trilha da Samaumeira (Imagem 2). A maioria

das trilhas estão em péssimo estado, a trilha 3 e 5 estão com as pontes

danificadas ou caídas, e todas estão com muito lixo e os igarapés poluídos,

devido as chuvas que acabam levando resíduos sólidos e líquidos para dentro

do parque.

2.2. Métodos

Foram feitas visitas ao Parque Estadual Sumaúma, em um total de 12

dias de amostragem(03/09; 07/09; 09/09; 12/09; 23/09; 16/10; 21/10; 24/10;

28/10; 31/10; 07/11; 21/11), abrangendo os períodos diurno e noturno. Durante

o período diurno, o horário para a contagem/observação/captura foi de 9/10 h

da manhã até as 12 h da tarde (por os ofídios serem ectotérmicos e precisarem

do calor do Sol para se aquecer), no período da tarde foi de 14 h da tarde até

17 h, e no período noturno foi de 18/19 h da tarde/noite até as 21 h (horário de

caça/forrageamento) da noite, totalizando 32 h de amostragem.

Foi usado o método de observação direta, “ad libidum” (DEL-CLARO,

2004), com o auxílio de lanternas, para a focalização noturna, gancho

herpetológico e fita métrica para a captura e mensuração dos indivíduos e

termômetro para a medição da temperatura ambiente. Uma vez capturado

Figura 2 – Trilhas do PAREST Sumaúma.

Page 14: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

14

foram tomados os dados de georreferênciamento (GPS) do local da captura, o

exemplarfoi registrado com fotografia digital usando máquina (modelo Lumix

DMC-F 18, zoom óptico de 18x) a fim de possibilitar a identificação do

espécime ao menor nível taxonômico, conforme a chave de identificação de

serpentes de FRAGA et al. (2013). Para os ofídios peçonhentos, também foram

realizadas as mensurações do corpo total. Foi feito a medição da temperatura

do ambiente, o horário em que o espécime foi encontrado e terreno onde foi

encontrado (aquático, arbóreo ou terrestre). Todas estas informações foram

anotadas durante as visitas de campo feitas ao parque.

As rotas seguidas foram as das trilhas que o Parque Estadual Sumaúma

possui e a cada 10 metros percorridos na trilha ocorreu uma parada para a

observação e focagem na mata adjacente, em uma distância de 20 metros para

a direita, voltando para o ponto inicial e mais 20 metros para a esquerda,

retornando para o ponto inicial novamente, repetindo este processo durante o

período diurno e novamente no período noturno, seguindo as cinco trilhas

diferentes no decorrer dos 12 dias de amostragem (MARTINS e OLIVEIRA,

1998).

A partir dos dados coletados, que foram repassados para uma planilha no

programa Word, foi feito uma análise desses dados (quantidade de indivíduos

adultos – de acordo com a análise em literatura e comparação com a medição

de cada indivíduo -, desnutrição e ferimentos ou amputações), para que se

pudesse constatar as condições físicas dos indivíduos e assim afirmar se eles

conseguem sobreviver de forma apropriada na mediações do PAREST

Sumaúma.

Tabela 1 – Dados dos aspectos físicos dos ofídios capturados.

Quantidade

de indivíduos

coletados

Quantidade de

indivíduos adultos Desnutrição

Ferimentos ou

amputações Morto

9 7 Não Não 3

Page 15: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

15

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante os 12 dias de amostragem para registro/observação/captura de

ofídios no Parque Estadual Sumaúma, foram feitas seisregistros/capturas, que

foram realizadas pela equipe de pesquisa deste projeto e três

observações/catalogações que foram feitas pela equipe de AAVs (Agentes

Ambientais Voluntários) que trabalham no PAREST Sumaúma. Destas nove

contagens/capturas/observações/catalogações foram possíveis à identificação

ao menor nível taxonômico (espécie), no qual foram identificadas cinco

espécies de ofídios existentes no PAREST Sumaúma.

Quase todos os espécimes encontrados estavam aparentemente

saudáveis e bem alimentados, não fosse o espécime de Boa constrictor(Figura

3) que foi encontrado morto (em avançado estado de decomposição) bem perto

da sede do PAREST Sumaúma, um espécime de

Mastigodryasboddaerti(Figura3), que quando capturado apresentava sangue

logo atrás da cabeça e o olho esquerdo quase totalmente fora da orbita ocular,

e que depois de alguns minutos faleceu, e outra espécime de

Mastigodryasboddaerti (Figura3), que foi encontrado morto no solo do

estacionamento, provavelmente atropelado, o mesmo estava com um

espécime de lagarto em seu estômago. Além dos nove espécimes encontrados

também foram encontrados duas mudas (ecdise) – pele oriunda da mudança

de pele que os répteis fazem –, a primeira era de umaBoa constrictor medindo

cerca de 150 cm (Figura4) encontrada no soloperto da Av. Timbiras, que passa

ao lado do parque,já a segunda, era de alguma espécie da família Colubridae

(Figura4), que foi encontrada na entrada no fim da trilha 2 (Trilha do Buritizal).

Page 16: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

16

Figura 3 – Ofídios que foram encontrados mortos/morreram após captura.

(A) Mastigodryasboddaerti; (B) Mastigodryasboddaerti; (C) Boa contrictor.

Figura4 – Mudas encontradas no PAREST Sumaúma.

(A) Muda de Boa constrictor; (B) Muda de Colubridae.

Page 17: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

17

As espécies identificadas foram da Boa constrictor – jiboia;

Oxybelisfulgidus – cobra-cipó; Bothropsatrox – jararaca;

Mastigodryasboddaerti; e Leptophisahaetulla – Tabela 2.

Tabela 2 – Ofídios do Parque Estadual Sumaúma.

Espécie Quantidade

de indivíduos

Localidade

espacial

Condição

Boa constrictor 1 Solo Morto

Oxybelisfulgidus 1 Árvore Vivo

Bothropsatrox 3 Solo Vivo

Mastigodryasboddaerti 3 Solo Vivo/Morto

Leptophisahaetulla 1 Árvore Vivo

A quantidade de espécies encontradas durante o período deste trabalho é

bem inspirador, por ter um elevado número de espécies e um elevado número

de indivíduos, no caso de Bothropsatrox, Mastigodryasboddaerti e

possivelmente de Boa constrictor, ainda mais se comparado a outro trabalho de

caracterização biológica feito no PAREST Sumaúma (GORDO, 2006), no qual

foram encontrados duas espécies, Bothropsatrox e Micrurusspixii. O que difere

em relação de espécies também é a falta de uma espécie que não foi

encontrado durante o período deste trabalho, Micrurusspixii da família

Elapidae, o fato de ela não ter sido encontrada pode ter duas razões,

eliminação dessa espécie por predadores (cães domésticos, gatos domésticos

ou outros), ou então, por esta pesquisa ter sido feita em sua grande parte no

período de estiagem na região do estado do Amazonas e em Manaus, pode ter

feito o Micrurusspixii ficar escondido até o período de chuvas.

Os indivíduos foram encontrados em diferentes localidades do PAREST

Sumaúma, metade deles foi encontrada ao redor da sede, que fica

praticamente no centro do parque, a outra metade foi encontrada bem perto

das trilhas existentes no parque. No dia 03/09/2015 foi encontrado o primeiro

ofídio, uma Boa constrictor – jiboia, as 09:02 da manhã, medindo 150 cm, nas

coordenadas geográficas S 03º 02. 088’, W 059º 58. 904’, com temperatura

ambiente em 34.2ºC, no solo perto da sede e estava morta, a única que foi

Um espécime de Mastigodryas boddaerti encontrado morto e outro espécime que morreu após a

captura.

Page 18: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

18

encontrada morta; no dia 16/10/2015 foi encontrado o segundo ofídio, uma

Oxybelisfulgidus, ao 12:00 aproximadamente, medindo 135 cm, nas

coordenadas geográficas S 03º 02. 106’, W 059º 58. 932’, com temperatura

ambiente em 34ºC, em uma árvore perto do viveiro de plantas; no dia

24/10/2015 foi encontrado o terceiro ofídio, uma Bothropsatrox – Jararaca, as

09:57 da manhã, medindo 110 cm, nas coordenadas geográficas S 03º 02.

142’, W 059º 58. 773’, com temperatura ambiente em 30ºC, no solo em baixo

de uma folha morta de uma palmeira; no dia 07/11/2015 foi encontrado o

quarto e quinto ofídio, uma Matigodryasboddaerti e uma Bothropsatrox –

jararaca, sendo elas encontradas as 17:05da tarde e as 17:31 da tarde

consecutivamente, medindo 90 cm e 110 cm respectivamente, na seguinte

coordenada geográfica S 03º 02. 099’, W 059º 58. 971’, com temperatura

ambiente em 34.5ºC, ambas no solo e na mesma localidade, uma

Mastigodryasboddaerti, sendo ela encontrada as 12:00, medindo , na

coordenada geográfica S 03º 02’ 05.7”, W 059º 58’ 54.4”, com temperatura

ambiente em 34ºC, no solo do estacionamento (Tabela 4). Os outros 3 ofídios

foram encontrados/catalogados pelo AAV Lucian Vera que trabalha no

PAREST e disponibilizou as fotografias que permitiram a identificação dos

indivíduos e as coordenadas geográficas de onde foram vistos, ficando então

os seguintes dados desses 3 ofídios: espécie:Bothropsatrox, coordenada

geográfica: S 03º 01’ 59.9’, W 059º 58’ 27.3”, localidade espacial: solo, período:

diurno, filhote; espécie: Mastigodryasboddaerti, coordenada geográfica: S 03º

02. 108’, W 059º 58. 979’, localidade espacial: solo, período: diurno, adulto,

espécie: Leptophisahaetulla, coordenada geográfica: S 03º 02. 030’, W 059º

58. 971’, localidade espacial: árvore, período: diurno, adulto (Tabela 3) (Figura

5).

No dia 07/11/2015, foi encontrado a Mastigodryasboddaerti e a

Bothropsatroxno mesmo local, um fato bem intrigante e que interessante,

quandocapturada a Mastigodryasboddaerti encontrava-se com sangue logo

atrás da cabeça e com o olho esquerdo quase totalmente fora da orbita ocular,

indicando algum tipo de predação, e o mesmo indivíduo faleceu após alguns

minutos. No mesmo local onde foi encontrado o primeiro indivíduo, foi

encontrado a Bothropsatrox, o que pode indicar predação por parte da

Bothropsatrox para com outros tipos de ofídios (ofiófaga) (TURCI et al, 2009).

Page 19: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

19

A maioria dos espécimes foi encontrada aos arredores da base central e

estacionamento, como pode ser visto na imagem abaixo (Figura 6). O que pode

indicar a falta de alimento, decorrente da poluição, na mata do parque, ou por

ser mais fácil visualizar estes indivíduos em áreas abertas e não verdes, por

causa do contraste de cores com o asfalta e a falta de vegetal, que facilita o

mimetismo dos mesmos.

Figura 5 – Ofídios capturados/observados do PAREST Sumaúma.

(A) Boa constrictor; (B) Leptophisahaetulla; (C) Oxybelisfulgidus; (D)

Mastigodryasboddaerti; (E) Bothropsatrox.

Figura 6 – Pontos onde foram encontrados os espécimes.Pontos verdes:

Encontrados durante o trabalho; Pontos vermelhos: Encontrados pelos

AAVs.

Page 20: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

20

Tabela 3 – Dados dos ofídios que foram capturados/observados.

Data Horário Coordenadas Geográficas Temperatura

do Ambiente

Espécie/Tamanho (cm) Localidade

espacial/Condição Latitude Longitude

03/09/15 09:02 S 03º 02’ 05.3” W 059º 58’ 54.4” 34.2ºC Boa constrictor/ 150 cm Solo/Morta

16/10/15 12:00 S 03º 02’ 05.8” W 059º 58’ 56.6” 34ºC Oxybelisfulgidus/ 135 cm Árvore/Viva

24/10/15 09:57 S 03º 02’ 08.4” W 059º 58’ 46.5” 30°C Bothropsatrox/ 110 cm Solo/Viva

07/11/15 17:05 S 03º 02’ 06.0” W 059º 58’ 58.3” 34.5ºC Mastigodryasboddaerti/ 90 cm Solo/Viva

07/11/15 17:31 S 03º 02’ 06.0” W 059º 58’ 58.3” 34.5ºC Bothropsatrox/ 110 cm Solo/Viva

21/11/15 12:00 S 03º 02’ 05.7” W 059º 58’ 54.4” 34ºC Mastigodryasboddaerti/ 65 cm Solo/Morta

- - S 03º 01’ 59.9” W 059º 58’ 47.3” - Bothropsatrox Solo/Viva

- - S 03º 02’ 01.8” W 059º 58’ 59.9” - Leptophisahaetulla Árvore/Viva

- - S 03º 02’ 01.1” W 059º 59’ 00.1” - Mastigodryasboddaerti Solo/Viva

Page 21: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

21

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O PAREST Sumaúma é um excelente local para estudos de flora e fauna,

disponibilizando uma área verde própria para tal, porém, algumas

problemáticas são existentes. O local encontra-se “abandonado”, o que dificulta

até certo ponto o trabalho de campo no local, por exemplo: as pontes estão

deterioradas e algumas estão caídas, o que dificulta a travessia nas áreas

alagadas e de igarapés; trilhas com muita poluição (resíduos sólidos) (Figura

7), oriunda do entorno do parque; trilhas com interferência dos moradores das

imediações do parque, que acabam fazendo com que o visitante/pesquisador

acabe se perdendo; quantidade de guias insuficientes; falta de recursos como,

bebedouro, papel-higiênico e sabonete. Todo trabalho em campo têm suas

dificuldades claras de logística, mas se as problemáticas acima mencionadas

fossem sanadas, os trabalhos de pesquisa cientifica no PAREST Sumaúma

seriam mais “fáceis” de serem feitos.

Além dos problemas existentes, existe também a fragmentação do parque

para a construção da continuação da Av. Timbiras (Av. das Torres) e

posteriormente mais um corte de 600 metros de extensão por 5/7 metros de

largura, que será feito no parque para a passagem de tubulação para a

passagem de águas pluviais que virão da nova parte da Av. Timbiras, o que

facilita a extinção do parque.

Figura 7 – Poluição de resíduos sólidos em um dos igarapés do PAREST

Sumaúma. Fonte: Lucian Canto

Page 22: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

22

Vale ressaltar também que o shopping Sumaúma (antigo supermercado

DB da Cidade Nova), joga o seus efluentes para dentro do parque, sem passar

corretamente pelo tratamento devido. Alegam que passa por um sistema de

efluentes, porém o mesmo mostra-se ineficaz, já que o que é depositado dentro

do parque possui mau cheiro e coloração escura (Figura 8).

O que se busca então é a melhoria do PAREST Sumaúma e a sua

abertura para o publico em geral, para que o parque tenha a sua finalidade

alcançada, entretenimento e conhecimento sobre fauna e flora para a

população, um local ideal para pesquisa e um local lúdico para aprendizagem.

Imagem 8 – Efluente oriundo do Shopping Sumaúma. Fonte: Lucian Canto.

Page 23: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

23

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BERNARDE, P. S. Acidentes Ofídicos. Apostila. UFAC, 2009,p. 26.

COSTA, H. C.; BÉRNILS, R. S. Répteis brasileiros: Lista de espécies.

Herpetologia Brasileira, v. 3, n. 3, p. 74-84, 2014.

DEL-CLARO, K. Comportamento animal: uma introdução à ecologia

comportamental. Jundiaí: Livraria Conceito, p. 132, 2004.

FONTES, T. A.; RIBEIRO, K. C. C. Parque Estadual Sumaúma em Manaus:

Considerações sobre a Educação Ambiental e sua utilização para a

conservação do local. Revista Eletrônica Aboré, p. 91 – 106, 2010.

FRAGA, R. de; LIMA, A. P.; PRUDENTE, A. L. C. da; MAGNUSSON, W. E.

Guia de cobras da região de Manaus: Amazônia Central. Manaus: Editora

Inpa, p. 303, 2013.

GORDO, M. Caracterização Biológica do Parque Estadual Sumaúma.

Manaus: Universidade Federal do Amazonas, Relatório Técnico, p. 42, 2006.

MARTINS, M.; OLIVEIRA, M. E. História natural das cobras nas florestas da

região de Manaus, Amazônia central, Brasil. Herpetological Natural History,

v. 6, n. 2, p. 78 – 150, 1998.

MOURA, V. M. de; MOURÃO, R. S. V.; SANTOS, M. C dos. Acidentes ofídicos

na Região Norte do Brasil e o uso de espécies vegetais como tratamento

alternativo e complementar à soroterapia. ScientiaAmazonia, v.4, n.1, p. 73-

84, 2015.

NAVARRETE, L. F. S.; LÓPEZ-JOHNSTON, J. C.; DÁVILA, A. B. Guía de

lasserpientes de Venezuela: biologia, venenos, conservación y listado de

especies. Caracas: ZoocriaderoEcopets, p. 103, 2009.

Page 24: Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas

24

SANTOS, M. C. dos; MARTINS, M.; BOECHAT, A. L.; SÁ-NETO, R. P. de;

OLIVEIRA, M. E. de. Serpentes de interesse médico da Amazônia: biologia,

venenos e tratamento de acidentes. Manaus: Universidade do Amazonas, p.

70,1995.

SDS - CEUC. Rede de conservação Amazonas. FERREIRA, N. C. D.;

MACEDO, D.; FORSBERG, M. C (Eds.). The Gordon and Betty Moore

Foundation. p. 103, 2009.

TURCI, L. C. B., ALBUQUERQUE, S., BERNARDE, P. S. & MIRANDA, D. B.

Uso do hábitat, atividade e comportamento de Bothriopsisbilineatus e de

Bothropsatrox (Serpentes: Viperidae) na floresta do Rio Moa, Acre – Brasil.

Biota Neotrop.,v. 9, n. 3, p. 197 – 206, 2009.