oficio enviado a aneel pela câmara de piraju

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Page 1: Oficio enviado a Aneel pela Câmara de Piraju

Estância Turística de Piraju, 12 de abril de 2011.

Ofício LL/001/2011 Exmo. SenhorNELSON JOSÉ HÜBNER MOREIRADD Diretor Geral da ANEELSGAN 603 Módulo J70830-030 - Brasília – DF Ref: Processo 48500.002154/2010 - Autorização concedida pela ANEEL sobre a para Estudos

de Projeto Básico de PCH, situada no rio Paranapanema no município de Piraju – SP. Prezado Sr,

Vimos pela presente manifestar nossa perplexidade e indignação, bem como reiterar

informações que já são de conhecimento desta prestigiosa instituição à cerca de “Autorização”

concedida à empresa Energias Complementares do Brasil - Geração de Energia Elétrica S.A,

constante do processo em referência para “… estudos de aproveitamento para fins

hidroenergéticos do trecho do rio Paranapanema, com potência estimada de 28,5 MW, situado

às coordenadas 23°09'15" de Latitude Sul e 49°24'33" de Longitude Oeste, localizado na sub-

bacia 64..“

Tais assertivas são lastreadas nos aspectos e fatos que abaixo descrevemos:

A Resolução Normativa ANEEL nº 343, de 9 de dezembro de 2008( base para

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a autorização acima mencionada), que Estabelece procedimentos para registro, elaboração,

aceite, análise, seleção e aprovação de projeto básico e para autorização de aproveitamento de

potencial de energia hidráulica com características de Pequena Central Hidrelétrica – PCH,

define em seu Artigo 2º, Inciso III - como exigência obrigatória, básica e preliminar que :

“….Para fins de registro para elaboração de projeto básico, o interessado deverá

protocolar na ANEEL os seguintes documentos:

“… III – documentação que assegure devida autorização de uso, no caso de

aproveitamentos que utilizem estruturas de propriedade da União, dos Estados, do Distrito

Federal ou dos Municípios…”

Ressalte-se que não existe nenhuma autorização expedida pelo Município de

Piraju para quaisquer ações e muito menos intervenções neste local extremamente sensível e de

vital importância para a municipalidade, uma vez que se constitui no que pode ser considerado

como o último trecho com características naturais do rio Paranapanema que já tem 12 represas

instaladas e em funcionamento ao longo de seus 929 km de extensão (sendo 04 só no município

de Piraju) gerando uma significativa contribuição energética para o país com potência instalada,

somada, de aproximadamente 2.500 MW.

Em contrapartida, torna-se desnecessário elencar os enormes prejuízos que a

absurda concentração de empreendimentos desta natureza trouxe ao nosso município, como a

drástica alteração dos ecossistemas aquáticos e terrestres com a retirada da vegetação ripária,

assoreamento de rios contribuintes da bacia, extermínio da ictiofauna nativa, introdução

de espécies exóticas, instalação e aceleração de processos erosivos, além de considerável

perda de grandes extensões de solo agricultável, perda irreparável de patrimônios culturais,

arqueológicos, históricos, além de impossibilitar e mesmo inviabilizar o estabelecimento de

atividades ambiental e economicamente sustentáveis como a prática esportiva e atividades

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relacionadas ao turismo com o fim das corredeiras.

Ora, é evidente que a referida empresa não possui a documentação exigida

pela Resolução, pois como já deveria ser de conhecimento desta Agência Reguladora (salvo

se por juntada de algum documento que nossa municipalidade desconheça), trata-se de uma

área especialmente protegida por legislação municipal, estadual e federal (cópias anexas),

estabelecidas pela competência concorrente de Leis. a saber:

Leis municipais: 1- Lei Municipal nº 2654/2002, que “fixa um interregno de 20 anos entre o termino da

construção de uma usina hidrelétrica de iniciativa privada e o início da construção de outra,

até que todos os impactos, sociais e ambientais gerados, sejam devidamente identificados e

mitigados“.

2- Resolução nº 01/2002 do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Patrimônio

Cultural - CPMAC, que “aprova o tombamento do trecho de 7 km de calha natural do Rio

Paranapanema como patrimônio ambiental do município considerado como dotado de elementos

de valor cênico, paisagístico e cultural para a comunidade“.

3- Lei Municipal nº 2634/2002 que “cria o Parque Natural Municipal do Dourado,

Unidade de Conservação de Proteção Integral com fulcro na Lei Federal 9985/2000 que institui

o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC” que seria quase que

totalmente alagado.

4- Lei Municipal nº 2792/2004 que “institui o Plano Diretor da Estância Turística de

Piraju que reserva a referida área para a Preservação Ambiental e Desenvolvimento de Turismo.

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Mais que isto:

Em 12-6-2003, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo,

quando da primeira tentativa da instalação do malfadado empreendimento, opinou pelo

INDEFERIMENTO do respectivo licenciamento ambiental – justificado pelo fato de a obra

prevista ser “…incompatível com as normas municipais vigentes e pela impossibilidade de

emissão de certidão de uso do solo pela prefeitura da Estância Turística de Piraju…”

Em 13 de junho de 2006, a Agência Nacional de Águas – ANA, por meio de FAX

com cópia da Resolução ANA nº 212 / 2006, informou à ANEEL que suspendeu os efeitos da

Resolução ANA nº 460 / 2003, a qual declarou a reserva de disponibilidade hídrica da PCH

Piraju II”, conforme Relatório ANEEL área 20091860 (anexo).

Importante registrar que, afora contrapartidas insignificantes, a última empresa,

detentora de empreendimento hidrelétrico consolidado no Município (PCH Piraju I), só vem

cumprindo as obrigações decorrentes do Licenciamento supracitado, após enorme pressão

popular e ações judiciais, movidas pelo Ministério Público Estadual e Federal.

É certo também que, em pouco mais de 10 anos, a cidade já sofreu com surtos de

leishmaniose, febre amarela e hepatite, além de conviver com a ameaça de outras doenças, como

febre maculosa, todas elas com relação direta ou indireta ao empreendimento consolidado em

2001, de responsabilidade da empresa CBA – Companhia Brasileira de Alumínio/Votorantim

Energia.

Assim sendo e uma vez que não há mecanismos legais para aprovação de

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estudos, muito menos projetos de aproveitamento de energia hidrelétrica do intervalo do rio

Paranapanema acima identificado, solicitamos que a ANEEL registre, de uma vez por todas, tais

impedimentos no inventário de potencial hidrelétrico desta Agência e adote providências para a

cessação dos efeitos da equivocada Autorização concedida.

Desta forma estaremos evitando que, de tempos em tempos, nossa comunidade

sofra com discussões já deliberadas e exaustivamente refletidas nos mencionados diplomas

legais, bem como a adoção, por parte da municipalidade, das competentes e necessárias medidas

judiciais cabíveis contra este Ato.

Certos do pronto atendimento e do elevado espírito público que norteia esta

prestigiosa instituição, apresentamos votos de estima e apreço.

Atenciosamente,

(a.a.)Luciano Louzada Vereador com o autor assinam os Vereadores:

João Fernando José - José Carlos Brandine - Eduardo Pozza - Rubens Alves de Lima - Marco Antonio dos Santos -

Valberto Zanatta - Ronaldo Ferreira e Ary A.

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