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Andréa K. Albuquerque Oficina JORNALISMO CULTURAL

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Conteúdo da Oficina ministrada para alunos do primeiro período do Curso de Comunicação Social da UFPB. Durante a I Semana de Comunicação - 2012 - Promovida pelo C.A. - Gestão Idealize - 26.04.2012.

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Page 1: Oficina: Jornalismo cultural

Andréa K. Albuquerque

Oficina

JORNALISMO

CULTURAL

Page 2: Oficina: Jornalismo cultural

Oficina de Jornalismo Cultural?

Cultura; Eras Culturais; Jornalismo Cultural; Surgimento do Jornalismo Cultural no mundo; No Brasil; Na Paraíba; Gêneros do Jornalismo Cultural; Características do Texto; Perfil do Jornalista Cultural; Crise do Jornalismo Cultural; Polarizações do Jornalismo Cultural; Considerações Finais

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Cultura

Algumas visões sobre o termo

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Cultura e suas (in)Definições

O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam ese preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entreindivíduos em sociedade.

O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições,das manifestações artísticas, intelectuais, etc, transmitidos coletivamente, etípicos de uma sociedade: a cultura do Renascimento.

O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo.

(Dicionário Aurélio, 2001, p.12)

“Conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivasque caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca, além das artes edas letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”

(Unesco - Mondiacult – México 1982)

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Evolução do conceito de cultura

Origem do latim culturam - cultivo de alguma coisa, em geral, animais ougrãos;

No século XVI, o termo passou a se referir ao processo de desenvolvimentohumano, o cultivo da mente;

No final do século XVIII, passou a designar o desenvolvimento das faculdadeshumanas, correspondente ao termo civilização, referindo-se a ao cidadãoeducado e ordenado (França/ Inglaterra - espírito iluminista);

A “concepção clássica”, define a cultura, como o processo do desenvolvimentoe enobrecimento das faculdades humanas, sendo assimilado por trabalhosartísticos e acadêmicos;

No século XIX, passou do universal para individual, ligado às artes, religiões,valores distintos, instituições práticas, e outros;

Após as duas grandes guerras e o desenvolvimento dos meios de comunicaçãode massa a partir da década de 60, tornou-se impossível definir a culturacomo única e comum para toda a sociedade: “Nesse momento a Cultura, comletra maiúscula, é substituída por culturas no plural” (Cevasco,2003, p. 24)

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In- Definições do termo Cultura

Em 1952, dois antropólogos, Alfred L. Kroeber e Clyde Kluckhohn registraram aexistência de 164 diferentes definições de cultura, que podem ser reduzidas adois grupos: o primeiro, restrito, referindo-se a como um grupo organiza seurepertório simbólico, e o segundo, amplo, abrangendo todo o conjuntotecnológico transmissível. (GOMES, 2009, p.4).

Antropológico - a cultura é vista como um modo de vida de uma sociedadeem todos os seus aspectos;

Humanístico - um modo mais restrito de expressão dos indivíduos seja nasartes ou em atividades intelectuais

Essas acepções foram criadas pelo filósofo Johan Gottfried Von Herder no séculoXIII, defendia a pluralidade das culturas humanas, ao mesmo tempo em queafirmava existir expressões culturais advindas do trabalho artístico e intelectual.Para o filósofo, a cultura humana estava imbuída tanto no pensar como no fazer.(GOMES, 2009)

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Ela inclui todos os elementos do legadohumano maduro que foi adquirido através doseu grupo pela aprendizagem consciente, oupor processos de condicionamento – técnicasde várias espécies, sociais ou institucionais,crenças, modos padronizados de conduta. Acultura, enfim pode ser contrastada commateriais brutos, interiores ou exteriores, dosquais ela deriva. Recursos apresentados pelomundo natural são formatados para vir aoencontro de necessidades existentes.

Santaella (2003, p.31).

Sobre Cultura

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Eras

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Toda a cultura transforma o tempo e muda acompreensão da história

Cultura Oral – surgimento da fala; Cultura Escrita – Anterior a criação do alfabeto, mas atribuída aos

significados e desenhos; Cultura Impressa – Se estabelece no Ocidente com a invenção da

prensa móvel no século XV; Cultura de Massas – Difusão em escala mundial dos meios

tecnológicos surgidos no século XIX (fotografia, cinema, rádio,televisão).

Cultura das Mídias – Estabelecida com a criação de materiais como:fitacassete, videocassete, copiadora, aparelho de som e TV a cabo.(cultura do disponível);

Cultura Digital (cibercultura) – Surge a partir da popularização doscomputadores e do acesso a internet. Da convivência das mídias paraa convergência das mídias.

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Jornalismo Cultural

Alguns Conceitos

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Piza (2008) “*...] há uma riqueza de temas e implicações nojornalismo cultural que também não combina com seutratamento segmentado; afinal, a cultura está em tudo, é desua essência misturar assuntos e atravessar linguagens.”

Jornalismo Cultural – Alguns conceitos e questões

Jornalismo cultural é o ramo do jornalismo que tem pormissão informar e opinar sobre a produção e a circulação debens culturais na sociedade. Complementarmente, ojornalismo cultural pode servir como veículo para que partedesta produção chegue ao público. (GOMES, 2009, p.8)

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[...] uma segmentação da mídia voltada principalmente para expressõesartísticas ligadas ao cinema, artes plásticas, teatro, música, moda egastronomia. Atualmente, está diretamente relacionada a diversasformas de diversão e divulgação de espetáculos. Torna-se, emdeterminados veículos, uma espécie de motoboy da indústria doentretenimento e um guia de consumo.

(Bucci apud Swan, 2005, p.91).

Tudo isso é, de certo modo, um ganho para o jornalismo cultural, poisabre suas fronteiras. Seu papel, como já foi dito, nunca foi apenas o deanunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas tambémrefletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatoscom a realidade político- econômica da qual a cultura é parte ao mesmotempo integrante e autônoma.

(PIZA, 2008, p.57)

Jornalismo Cultural – Alguns Conceitos

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Jornalismo Cultural no Mundo

Os primeiros impressos que indicam a cobertura das obras culturais datam de 1665 e 1684 e são representados pelos jornais The Transactions of the Royal Society of London e News of Republic of Letters. Ambos faziam cobertura das obras literárias e artísticas, além de relatarem as novidades sociais. “A resenha de livros foi uma invenção do fim do século XVII” (Burke, 2004, p. 78).

Quanto ao contexto do surgimento do jornalismo Cultural destacamos:

Após o Renascimento, quando as máquinas começam a transformar aeconomia e a imprensa se consolida;

A propagação dos ideais humanistas propiciaram o surgimento da opiniãopublica e se formava uma promissora atividade cultural;

Essas transformações tornavam-se matriz para as conversações e ensaios dosjornalistas culturais que aos poucos fomentavam e contribuíam para omovimento iluminista no século XVIII.;

(IORE apud SWAN, 2005)

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E nasce o Jornalismo Cultural

“*...] uma data inicial, é 1711. Foi nesseano que dois ensaístas ingleses, RichardSteele (1672-1729) e Joseph Addison(1672-1719), fundaram uma revistadiária chamada The Spectator.”

O objetivo era tirar a filosofia dos meiosacadêmicos e levar para os clubes,assembleias, casas de chá, abordandoassuntos variados como livros, óperas,costumes, festivais de música e teatro,política, tudo num tom de conversaçãoespirituosa, culta sem ser formal,reflexiva sem ser inacessível, apostandonum fraseado charmoso e irônico.

(PIZA, 2008)

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The Spectator

O público alvo era o homem moderno que havia saído docampo para viver na cidade, que estava preocupado com amoda, de olho nas novidades para o corpo e a mente.

Destaca-se a atuação dos escritoresJonathan Swift e Daniel Defoe, que iniciaram a época de ourodo jornalismo cultural europeu. Além de Samuel Johnson,William Hazlitt, Charles Lamb, Denis Diderot, CharlesBaudelaire e G.E. Lessing.

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Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa

Na Inglaterra, um crítico de arte comoJohn Ruskin (1819 – 1900) era tratadocomo semideus pelos seguidores (e,claro, demonizado pelos detratores).Tratando a estética quase como umareligião, ele marcou sua época de talmaneira que se tornou uma dasmaiores influências sobre a literaturamoderna de um grande francês,Marcel Proust (1871-1922), quetambém foi crítico e militante naspáginas de Le Figaro. (PIZA, 2008)

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Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa

Saint – Beuve era considerado opapa francês da crítica oitocentista,apesar de seus erros de avaliação,como por exemplo, desprezarBalzac.

Ainda no século XIX, o jornalismocultural tornou-se influente nospaíses como Estados Unidos eBrasil. O crítico e ensaísta EdgarAlan Poe modernizou o ambienteintelectual dos Estados Unidos pré-Guerra Civil.

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Novo modelo do Jornalismo Cultural

No final do século XIX, Émile Zola eGeorge Bernard Shaw instituem um novomodelo de jornalismo cultural com ainserção de polêmicas políticas equestões sociais. Como enfatiza Piza(2008, p.17) “O crítico cultural agoratinha de lidar com ideias e realidades,não apenas com formas e fantasias”.

O jornalismo cultural descobriu areportagem e a entrevista e uma críticamais breve e participante. Dasconversações sofisticadas de Addison eSteele até as resenhas incisivas de Zola,Kraus e Shaw, o jornalismo culturaltomou sua forma moderna. (PIZA, 2008)

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Jornalismo Cultural Moderno

A revista New Yorker foiestrela nas décadas de 1940e 1950 e se tornoureferência entre osjornalistas, tendo reveladoentre os críticos mordazes :Pauline Kael na área decinema, Lewis Mumfordfalando sobre arquitetura, eArlene Croce escrevendosobre dança. (MAGALHÃES,2008)

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Contribuição para as Vanguardas Culturais

As revistas e tabloidescontribuíram bastante com osmovimentos de vanguarda, comoo surrealismo francês, o futurismorusso, o imagismo americano e omodernismo brasileiro.

Esse fato deve-se ao crescimentoda imprensa, dos recursos gráficose do público urbano sôfrego pornovidades.

Os principais representantes dojornalismo cultural dessa faseforam: Oscar Wilde, Ezra Pound,T.S. Eliot, H.L. Mencken e EdmundWilson.

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New Journalism

Outros dois importantesjornalistas revelados pela NewYorker foram Truman Capote, queimpulsionou o jornalismo literárioe John Hersey, que escreveu areportagem “Hiroshima” ondeutilizou técnicas do texto literáriopara envolver o leitor.

A concorrente da New Yorker era aEsquire, que estava associada ao“New Journalism” que através deseus escritores Norman Mailer eGay Talese mistura históriaverídica e ritmo ficcional. (PIZA,2008, p.20).

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Influência do Jornalismo Cultural

Na segunda metade do século XX, os jornais diários e as revistassemanais dedicaram um espaço maior para a crítica, que assumiu umestilo mais breve, rápido e provocativo, sem perder seu poder deinfluência. O jornalismo cultural ampliou sua atuação para livros pormeio de biografias e coletâneas de ensaios e críticas (PIZA, 2008)

A disputa por um espaço que é jornalístico, mas tem um peso comercial,faz o trabalho em cadernos de cultura ter como característica a dialéticaentre o discurso sobre arte/espetáculos/questões contemporâneas e ocapital ou entre valor de uso e valor de troca. (SIQUEIRA e SIQUEIRA,2004, apud LOPEZ e FREIRE, 2007, p.2 )

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Jornalismo Cultural Brasileiro

Alguns Conceitos

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Jornalismo Cultural Brasileiro

Correio Brasiliense (1808) e a revista As variedades(1822), ambas editadas em Londres por HipólitoJosé da Costa;

O jornalismo cultural se consolida com Machado deAssis (1839-1908) e José Veríssimo (1857-1916).Além de grandes nomes da literatura, da política eda filosofia, como Oswald de Andrade e Mário deAndrade.

Ganha expressão máxima em 1928, com a criaçãoda revista “O Cruzeiro", que teve comocolaboradores: José Lins do Rego, Vinícius deMorais, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz eMário de Andrade, e era ilustrada por Di Cavalcantie Anita Malfatti.

Aqui há um rico casamento entre o podermediador do jornalismo e a complexidade de váriosnomes importantes da história brasileira – o que sematerializa especialmente nas crônicas.

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Jornalismo Cultural Brasileiro

As crônicas eram feitas por jornalistas, escritores e, sobretudo, porhíbridos de jornalista e escritor. De Carlos Heitor Cony, passando por Joãodo Rio, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo MendesCampos, Otto Lara Resende, Ivan Lessa, entre outros (Piza, 2004, p. 33).

Em 1950, os jornais impressos brasileiros criaram o caderno de culturacomo seção obrigatória em suas edições diárias ou semanais. O primeirofoi o Jornal do Brasil em 1956, com o Caderno B. Editado por ReynaldoJardim “se tornou o precursor do moderno jornalismo cultural brasileiro”(Piza, 2004, p. 37).

Reunindo em suas páginas os mais significativos representantes da culturanacional, como Ferreira Gullar, Clarice Lispector, Bárbara Heliodora eDécio Pignatari, entre outros, o caderno tornou-se uma referência para acrítica cultural de sua época e até hoje é lembrado como ponto alto daprática do bom jornalismo cultural.

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Jornalismo Cultural Brasileiro

Seguindo a mesma tendência do JB foi criado o “Suplemento Literário” (1956-1966) de O Estado de S. Paulo, dirigido por Décio de Almeida Prado, com aparticipação de nomes importantes da crítica cultural, como Paulo Francis, queinicia sua carreira como crítico de teatro no Diário Carioca em 1957 e passa,posteriormente, por Última Hora, Pasquim, Rede Globo e GNT;

Década de 1960 – Revistas “Diners” e “Senhor” – reportagens interpretativas,crítica cultural, humor, moda e comportamento;

Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarisse Lispector e Jorge Amadopublicaram novelas na revista “Senhor”;

O Pasquim – 1969 – Linguagem personalista e ligada ao cotidiano – ComZiraldo, Milôr Fernandes, Sérgio Augusto, Jaguar e Paulo Francis;

O Pasquim e Opinião (RJ) e Movimento e Bondinho (SP) combatem a ditaduramilitar através do humor, denúncia e crítica cultural.

Após a anistia, na década de 80 foram fechados por conta dos atentados àsbancas de revistas.

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Jornalismo Cultural Brasileiro

Década de 80/90 –Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo ganhamfôlego por conta do espírito democrático proporcionado pela aberturapolítica e criam os Cadernos Ilustrada e o Caderno 2.

Para Piza (2004) na década de 90 houve uma reconfiguração no cenáriocultural, com a adesão da mídia, que deixou de investir em espaçosconsagrados a avaliação de conteúdos culturais, passando a privilegiarassuntos com mais força no mercado, como: design, moda, gastronomiaem detrimento da chamada “sétima arte” (literatura, teatro, pintura,escultura, música, arquitetura e cinema).

Gomes (2009) afirma que o indivíduo passou a cultivar o star system(indústria comercial de fabricação de mitos) não poupando nenhuma das“sete artes” e apoiados por um sistema midiático que faz de tudo paramantê-las enquanto são convenientes.

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Jornalismo Cultural Paraibano

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Jornalismo Cultural Paraibano

“A União” - fundado em 3/02/1893 – com um caderno especializadoem cultura e o suplemento literário mais antigo em circulação noBrasil, o “Correio das Artes”, criado em 1949 por Edson Régis(atualmente mensal);

Araújo (1986) relata que vários jornais fizeram parte do cenárioparaibano, mas devido a falta de recursos e analfabetismo, tiveramcurta duração;

“O Norte” - fundado em 07/05/1908 pelos irmãos Oscar e OrrisSoares. Em 1956, passou a fazer parte do sistema nacional decomunicação de Assis Chateaubriand, os Diários Associados,diferenciava-se por não está atrelado a grupos políticos locais e porabrir espaço para a reportagem. Foi encerrado no dia 1º de fevereirodeste ano, publicava diariamente o caderno “Show”.

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Jornalismo Cultural Paraibano

Jornal da Paraíba - fundado em 05/09/1971 em Campina Grande (PB).Segundo Magalhães (2008) ele foi idealizado por um grupo de empresáriosentre eles: João Rique Ferreira, José Carlos da Silva Júnior, Raimundo Lira,Humberto Almeida. O veículo publica o caderno diário “Vida e Arte”.

Correio da Paraíba - fundado em 05/08/1953 por Teotônio Neto,inicialmente com uma periodicidade semanal, devido ao grande sucessotornou-se diária, sua principal característica era a cobertura de assuntospolíticos. Segundo Araújo (1986) na década de 70 que o veículo dedicou umespaço às artes com a publicação de folhetins de escritores paraibanos. Ocaderno de cultural diário chama-se “Caderno 2.”

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Jornalismo Cultural na Paraíba

A década de 90 representou uma nova fase do jornalismo cultural no Estado,graças ao talento dos jornalistas, mudanças editoriais e a criação de novoscadernos. (MAGALHÃES, 2008).

Atualmente, jornalistas veteranos e novos talentos tem se destacado noscadernos culturais dos principais jornais em circulação: Astier Basílio, RenatoFélix, Augusto Magalhães, Carlos Aranha (Correio da Paraíba); AndréCananéa, Tiago Germano e Audaci Júnior (Jornal da Paraíba); Sílvio Osias,João Batista de Brito, Linaldo Guedes (A União).

Na blogosfera e em sites especializados encontramos profissionais deexcelência, que “fazem” um jornalismo cultural preocupado em informarsem abrir mão de uma crítica bem fundamentada.

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Gêneros do Jornalismo Cultural

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Gêneros do Jornalismo CulturalQuanto a forma, Iore (apud SWAN, 2005, p.91) acredita que o jornalismocultural nos veículos impressos apresentam três gêneros distintos: Interpretativo – formado por crônicas, cartuns, charges e histórias em

quadrinhos; Informativo – textos relacionados ao cotidiano e à atualidade, em forma

de reportagem e serviços de agenda cultural; Opinativo - realizado através de colunas e editoriais.Para Gomes (2009) em relação à estrutura, o jornalismo cultural divide-seem dois gêneros principais: Gêneros informativos - informam ao leitor algo que este não sabe. É

similar a todos os campos jornalísticos, excetuando-se a resenha. Gêneros opinativos - são aqueles que buscam apresentar ao leitor a

opinião do jornalista sobre uma obra ou evento cultural.

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Gêneros do Jornalismo Cultural

Fazem parte do Gênero Informativo:1) Programação cultural - agenda;2) Memória - notas lembrando fatos ocorridos em determinadas datas;. 3) Notícia – respostas as perguntas clássicas: o quê, quem, como, quando, onde e por quê.;4) Nota – informação breve do fato apresentado;5)Resenha – apresenta os principais pontos de uma obra. 6)Reportagem – principal instrumento jornalístico recorre a diferentes fontes para ampliar e interpretar os fatos.7) Entrevista – de fundamental importância na apuração dos fatos tanto no nível informativo, quanto no opinativo.

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Gêneros do Jornalismo Cultural

As modalidades abaixo são do Gênero opinativo, sendo específicas do jornalismo cultural.1) Comentário – texto de análise cultural, seja de uma obra, seja de um evento.2) Crítica – o instrumento nobre do jornalismo cultural. O crítico discorre amplamente sobre a peça cultural analisada.3) Ensaio – gênero que emprega diversos olhares na análise do objeto proposto, tendo um caráter atemporal.

“O jornalismo cultural é, ao mesmo tempo, um reflexo da criação cultural eele mesmo é um tipo da criação cultural.” (CARVALHO, 2005, p.91)

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Características dos Textos

O texto do jornalismo cultural deve possuir as mesmas característicaspresentes em todas as áreas do jornalismo, como clareza, coerência eagilidade. Para Teixeira (apud Swan, 2005, p.94) “O texto do jornalismocultural é diferente dos demais porque tem a crítica como coluna vertebralde sua estruturação.”

Qualidade do texto depende da capacidade crítica do jornalista.

Papel do Jornalismo Cultural: Antigamente, tinha a função didática,formar adeptos às expressões artísticas consideradas mais sofisticadas. Hojeorienta um aficionado, ou pretendente aficionado, para que se insira nopadrão estético mais elevado daquilo que se chama de tribo

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O PERFIL DO JORNALISTA CULTURAL

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Perfil do Jornalista Cultural Algumas competências específicas : “noções básicas de história da arte,alterações nos conceitos artísticos ao longo da história, tendências culturaise relações com filosofia, semiótica e teorias para contextualizar sua pauta”(PIZA, 2008, p.92)

O jornalista cultural deve usar seu senso crítico, se despir dospreconceitos e não abrir mão de um texto inteligente e perspicaz, sob apena de cair na futilidade. Para Piza (2008, p.50) “Qualquer forma dequalificação prévia, assim, é complicada. A cabeça tem de estar aberta aoque se dispõe assimilar, venha de onde vier. Ao mesmo tempo, pode e deveconfiar na experiência.”

Page 38: Oficina: Jornalismo cultural

A crise atual do Jornalismo Cultural

Para o teórico Walter Benjamin a arte produzida em escala industrial perdesua essência, tornando-se um produto para ser consumidoinstantaneamente e não despertando reflexão ou perturbação,características inerentes as obras de artes. Piza (2008, p.44) discorda dessaassertiva, ao defender que “há muitas obras de artes feitas para o grandepúblico que têm qualidades sólidas, que são tão densas ou agudas quantomuitas de outras épocas da civilização”. Apesar disso, Piza (2008, p.45)acredita que também é função do jornalista cultural fazer às ressalvaspertinentes, “a imprensa cultural tem o dever do senso crítico da avaliaçãode cada obra cultural e das tendências que o mercado valoriza por seusinteresses, e o dever de olhar para as induções simbólicas e morais que ocidadão recebe.”

Page 39: Oficina: Jornalismo cultural

Polarizações do Jornalismo CulturalVariedades – erudições – De um lado, textos bem mais longos, numalinguagem mais reflexiva e com artigos de professores universitários comuma escrita burocrática. Do outro, textos superficiais, com ênfase nocolunismo social, notícias sobre celebridades e televisão.

Elitismo – populismo - Cada veículo tem um público-alvo e deve seconcentrar em falar com ele, sem abrir mão de tentar contribuir com suaformação, com a melhora do seu repertório. Ao mesmo, a adesão aopopulismo implica na queda da qualidade do jornalismo, já que nem tudofaz sucesso é uma coisa boa. Para Piza,(2008) a solução é o equilíbrio“Temas ditos eruditos podem ser tratados com leveza, sem populismo; etemas ditos de entretenimento podem ser tratados com sutiliza, semelitismo. Suplementos semanais podem ganhar em vibração jornalística,mantendo a densidade crítica; cadernos diários, o inverso.”

Page 40: Oficina: Jornalismo cultural

Polarizações do Jornalismo Cultural Nacional – internacional - não deve ser tratada como oposição e sim de

forma equilibrada, dependendo da linha editorial de cada veículo. Pois,ignorar notícias de eventos culturais internacionais em publicaçõesdirigidas a um público com um bom grau de instrução é um grande erro,já que vivemos num mundo globalizado. Piza (2008) defende que asolução seria a alternância entre o nacional e o internacional, criandopontes entre ambos.

Piza (2008) afirma que esses falsos dilemas só contribuem para a queda daqualidade do jornalismo cultural na atualidade. Sendo os três principaisproblemas: o atrelamento à agenda cultural de lançamentos e a importância dada às

celebridades; o tamanho e a superficialidade dos textos; as críticas mal fundamentadas.

Page 41: Oficina: Jornalismo cultural

Considerações FinaisO jornalismo cultural, ao trabalhar em todas as suas instâncias com o binômioformação e informação, deve criar a necessidade de um ciclo virtuoso, no qualpotencializa acesso e divulgação cultural diversa e plural, que atinge futurosjornalistas da área. Os estudantes, estimulados a produzir um texto público, por suavez, devem ter nessa publicação a ponta de um processo que inclua precisamenteuma formação cultural ampla, aprimoramento didático e possibilidades deexperimentação. (TEIXEIRA, 2007, p. 10)

Enfim, as deficiências são muitas, mas, existem muitos profissionais que vemdesempenhando com responsabilidade a função de jornalista cultural, disseminandoinformações fundamentais para a formação cultural da sociedade. O que justifica ofato dos cadernos de cultura ainda ser um dos mais lidos, servindo de referênciapara muitos leitores fiéis.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Fátima. História e ideologia da imprensa na Paraíba: dados históricos e técnicos. João Pessoa: Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba, 1983.

CEVASCO, Maria E. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo, 2003

COELHO. Marcelo. A crítica da crítica. In: MARTINS, Maria Helena (org). Rumos da crítica. SENAC, 2000.

FERREIRA, Aurélio B. de H. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5.edição. Revisão ampliada. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

GOMES, Fábio. Jornalismo cultural. Brasileirinho Produções: 2005. Disponível em: http://www.jornalismocultural.com.br. Acesso em: 18 jun. 2010.

MAGALHÃES, Marina. Polarizações do jornalismo cultural. Marca de Fantasia. João Pessoa, 2008.

LAGE, Nilson. Reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 6.ed. Record. Rio de Janeiro, 2001.

SWAN, Isabel. Jornalismo cultural. In: PENA, Felipe (coord.). 1000 Perguntas: Jornalismo. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2005.

PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2008.

SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano - Da cultura das mídias àcibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

TEIXEIRA, Nísio. Desafios para a prática e o ensino do jornalismo cultural. Belo Horizonte, 2007.

UNESCO, Mondiacult. Conferência Mundial sobre Políticas Culturais. México, 1982.