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Oficina CH/EM Material do aluno Setor de Educação de Jovens e Adultos 1 Oficina – África Caro Aluno, Esta oficina tem por objetivo possibilitar uma reflexão sobre o continente africano, destacando suas principais características naturais, econômicas, políticas, sociais e culturais. Ela busca compreender a organização e a diversidade do continente, bem como criar possibilidades para você analisar como as histórias da África e dos africanos estão intimamente ligadas à história brasileira, exercendo grande influência na economia, na linguagem, na cultura, na corporeidade e nos sentidos e significações sociais da vida cotidiana brasileira. Assim, a oficina pretende sensibilizá-lo e convidá-lo à reflexão sobre a importância histórica da África, procurando destacar, ora com um recorte histórico, ora com um olhar geográfico, os elementos mais importantes da África, da Pré-história até a atualidade. Ao final da oficina, esperamos que você saiba: entender a importância histórica da África no processo evolutivo do homem; compreender o processo de escravidão africana; identificar as principais processos históricos da África; situar as principais características geográficas do continente africano; identificar os aspectos fundamentais do Imperialismo europeu; identificar os principais problemas do continente africano, bem como suas raízes históricas; reconhecer e identificar as heranças africanas na sociedade e cultura brasileiras. Bom trabalho!

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Oficina CH/EM Material do aluno

Setor de Educação de Jovens e Adultos 1

Oficina – África

Caro Aluno,

Esta oficina tem por objetivo possibilitar uma reflexão sobre o continente africano, destacando suas

principais características naturais, econômicas, políticas, sociais e culturais. Ela busca compreender a

organização e a diversidade do continente, bem como criar possibilidades para você analisar como as

histórias da África e dos africanos estão intimamente ligadas à história brasileira, exercendo grande

influência na economia, na linguagem, na cultura, na corporeidade e nos sentidos e significações sociais da

vida cotidiana brasileira.

Assim, a oficina pretende sensibilizá-lo e convidá-lo à reflexão sobre a importância histórica da África,

procurando destacar, ora com um recorte histórico, ora com um olhar geográfico, os elementos mais

importantes da África, da Pré-história até a atualidade.

Ao final da oficina, esperamos que você saiba:

entender a importância histórica da África no processo evolutivo do homem;

compreender o processo de escravidão africana;

identificar as principais processos históricos da África;

situar as principais características geográficas do continente africano;

identificar os aspectos fundamentais do Imperialismo europeu;

identificar os principais problemas do continente africano, bem como suas raízes históricas;

reconhecer e identificar as heranças africanas na sociedade e cultura brasileiras.

Bom trabalho!

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 2

Parte 1 – Introdução

Com pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, a África é o terceiro maior continente do

planeta e, reconhecidamente, aquele que apresenta os maiores contrastes, tanto em suas paisagens

naturais, como nos quadros políticos, econômicos, sociais e culturais.

Os 930 milhões de habitantes vivem em 54 países independentes, fazendo da África o segundo maior

continente em população.

Disponível em: <http://www.colorirgratis.com/desenho-de-mapa-com-os-limites-dos-países-do-mundo_8999.html>.

Acesso em: 08 nov. 2012. 8h40min.

Disponível em: <http://misosoafricapt.wordpress.com/2012/03/19/mapa-atualizado-da-africa-2012/>.

Acesso em: 08 nov. 2012. 8h50min.

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Exercício 1

Reconhecendo o continente

Observe as palavras e as imagens a seguir e marque com “X” aquelas que você relaciona ao continente

africano:

(__) fome

(__) petróleo

(__) pobreza

(__) conflitos

(__) ouro

(__) deserto

(__) doenças

(__) islamismo

(__) diamante

(__) savana

(__) escravidão

(__) analfabetismo

(__) safári

(__) rúgbi

(__) rio Nilo

1. (__) 2. (__)

3. (__) 4. (__)

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 4

5. (__) 6. (__)

7. (__) 8. (__)

Parte 2 – África: origens da humanidade

A África é o grande berço da humanidade. Os primeiro hominídeos e o homem moderno nasceram e

deram os seus primeiros passos no continente africano.

Observe o trecho a seguir:

“No centro-norte da África, na floresta tropical das imediações do Chade, hoje desérticas, foi encontrado o

crânio fóssil do mais antigo hominídeo conhecido até agora, com idade entre 6 e 7 milhões de anos. Pertencia ao

gênero Sahelanthropus tchadensis e foi batizado de Toumai. Na região que atravessa a Etiópia, o Quênia e Tanzânia

foram encontrados outros fósseis de ancestrais humanos, como os do gênero Australopithecus (do latim australis, “do

sul”, e do grego pithekos, “macaco”), que viveu no continente desde pelo menos 4 milhões de anos atrás e se

diferenciava de outros primatas pela dentição semelhante à dos humanos atuais, andar bípede e postura ereta. (...)

Ali viveram, portanto, diversas linhagens paralelas de nossos ancestrais, que se entrelaçaram até o surgimento do

homem moderno.”

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2010. p.31-32.

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Os indivíduos do grupo Australopithecus são os mais antigos ancestrais conhecidos da humanidade.

Ao analisar a linha do tempo dos hominídeos, observe que entre as diferentes espécies de Australopithecus

e o gênero Homo Sapiens moderno, são mais de 4 milhões de anos de diferença temporal.

Veja abaixo um interessante diagrama que demonstra a evolução das espécies de Hominídeos:

Linha do Tempo das Espécies do Hominídeo (em milhões de anos)

Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h32min.

Como é possível observar na linha do tempo acima, existiram diferentes espécies de

Australopithecus: Australopithecus afarensis, Australopithecus africanus, Australopithecus afarensis

ramidus. Acredita que provavelmente, o gênero Homo, teria se desenvolvido a partir do Australopithecus

africanus.

Lucy

Australopithecus afarensis: é a espécie de Lucy, o mais famoso dos hominídeos.

Os pesquisadores calculam que Lucy (o mais completo fóssil de um Australopithecus)

tenha vivido há cerca de 3,2 milhões de anos.

Ao lado, uma réplica de “Lucy”, no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do

México.

Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucy_(f%C3%B3ssil)>.

Acesso em: 26 nov. 2012. 11h35min.

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Você sabia... que foi na África que se desenvolveu uma das mais antigas civilizações do mundo? O Egito Antigo.

E, além disso, você sabia que é da África um dos países mais novos do mundo? O Sudão do Sul, que foi criado

oficialmente em 9 de julho de 2011.

Exercício 2

Considere o mapa dos fósseis dos hominídeos:

Localização dos fósseis.

Muitos tipos de hominídeos viveram na África entre 6 e 2,5 milhões de anos atrás Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>.

Acesso em: 26 nov. 2012. 11h26min.

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 7

Através do mapa, identifique 5 (cinco) países africanos onde foram encontrados os fósseis dos hominídeos.

Além disso, informe também a capital de cada país identificado. Caso seja necessário, consulte um mapa

político do continente africano.

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Parte 3 – Colonização da América (Escravidão)

A colonização da América significou um dos maiores deslocamentos populacionais forçados da

história da humanidade. Calcula-se que mais de 12 milhões de africanos tenham sido sequestrados e

levados para o continente americano, resultando em sérios problemas populacionais, sobretudo, um déficit

de população masculina, o que provocou um desarranjo das correlações de força entre as vilas, cidades e

povos. Vale ressaltar que menos escravos chegaram à América.

A imigração forçada e violenta de africanos para as Américas provocou o que os historiadores

denominam de Diáspora Africana ou Diáspora Negra, formando o Mundo Atlântico, resultado de

processos contínuos e dinâmicos de hibridização cultural e social. Esse fato possibilitou, sobremaneira, a

constituição de uma rica diversidade étnica e cultural na América, somado aos sucessivos ciclos de

imigração europeia, asiática e africana, livre para esse continente.

A escravidão na África

“A escravidão existiu em praticamente todas as sociedades africanas. Havia variados tipos de sociedade, desde

povos com hábitos migratórios até grandes e poderosos impérios, mas quase todos utilizavam escravos.

A maioria das sociedades escravistas, entretanto, era composta de reinos mais ou menos urbanizados, com

hierarquias bem definidas. Elas utilizaram amplamente os escravos na agricultura, no pastoreio ou em atividades

mineradoras, assim como no trabalho doméstico, em construções e até mesmo na burocracia.”

VAINFAS, R. História: volume único. São Paulo: Saraiva, 2010. p.162.

A partir do século 15, a escravidão que existia como fenômeno social histórico africano passou a ser

transformada em sistema econômico escravista, com a instituição do tráfico “negreiro” de escravos

africanos, explorado pelos países europeus, tais como Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda.

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Exercício 3

Observe o quadro com as etnias, grupos, subgrupos africanos que foram sequestrados para o Brasil:

Povo Língua Região atual Nome dado

pelos colonizadores

Subgrupos (Etnia)

Grande Grupos Étnicos

Ewes orientais,

chamados de Fon

Fongbé Benin, Togo Mina-jeje ou jeje-marrim

Mahi Sudanês

Bakongo Quicongo Congo Congos * Banto

Ambundos Quimbundo Angola Angolas

Bamberos, bangalas,

bondos, cáris, dembos, hacos, holos, hungos, ngolas, punas

etc.

Banto

Ovimbundos Umbundo Angola Benguelas

Bienos, seles, lumbos,

lumbos, gandas, sambos, cacondas

Banto

Tyos ou bataqueses

* Congo Monjolo * Banto

Iorubá Iorubá Nigeria, Benin,

Togo Nagôs

Ifa, Ana, shabe, owo, yagba

Hauca * Nigéria Malês * Sudanês

Quiloa Suaile ou Swahili

Tanzânia Quiloas * *

* Sem informação

Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/81665743/Etnias-africanas-que-vieram-para-o-Brasil>. Acesso em: 28 nov. 2012. 9h20min.

A partir do quadro acima, responda às seguintes questões:

a) Quais são os países que “forneceram” escravos para o tráfico negreiro?

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b) Quais são as línguas que os escravos falavam quando chegaram ao Brasil?

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c) Quais são os grandes grupos étnicos chegaram ao Brasil?

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Parte 4 – Africanos e africanidade no Brasil

As marcas e raízes do sistema escravista são profundas na sociedade brasileira, refletindo através da

produção e reprodução do racismo estrutural, dos baixos salários pagos a profissionais que executam

trabalho manual (ou “braçal”) e da marginalização e exclusão dos descendentes dos povos africanos, os

quais até hoje sofrem com o preconceito e a discriminação disseminados no espaço público e no espaço

privado (as famílias).

Na linguagem, na forma de se expressar, no corpo, na alimentação, na forma e nos hábitos de comer,

nos sentidos e significações da vida cotidiana, em tudo, a africanidade e a herança africana está presente

no modus vivendi, isto é, no modo de vida dos milhões de brasileiros e brasileiras.

Dessa forma, o Brasil define a sua africanidade no sentido que as nossas origens humanas estão

assentadas na África, bem como pelo fato de que as raízes da cultura e da sociedade brasileira possuem

origem e DNA africano.

Disponível em: <http://coletivoprocotasuel.blogspot.com.br/2011/02/definicao-de-africanidade.html>. Acesso em: 28 nov. 2012. 10h20min.

Na feijoada que comemos, na roda de capoeira na qual gingamos, os verbos que conjugamos e

molejo com que andamos, ou seja, em todos esses elementos e aspectos da vida social brasileira, nos

deparamos com o traço africano, sim, com certeza, híbrido, transformado e conjugado com as demais

correntes culturais e históricas do POVO BRASILEIRO.

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Apesar do Brasil ser um dos maiores países com população negra (a soma dos que se autodeclaram

pardos e pretos), persiste no nosso país uma ideologia dominante, a qual, por diversas vezes, apresenta-se

com gradações preconceituosas e/ou discriminatórias e/ou racistas, e que insiste em negar, ignorar e

desqualificar o genótipo (características genéticas do indivíduo) e fenótipo (características físicas do

indivíduo) da população descendente dos antepassados africanos, trazidos na ocasião da empresa

colonizadora.

A Igreja Católica e escravidão

Em quase todo o período de colonização, a Igreja Católica, através da

Companhia de Jesus e dos jesuítas, teve papel importante na

construção da sociedade brasileira, atuando principalmente no

trabalho de educar as elites agrárias, rurais e patriarcais da colônia e

na “salvação” e conversão da população indígena.

Contudo, com relação à escravidão dos africanos, a posição

institucional da Companhia de Jesus, da Igreja Católica e dos seus

membros acabava por ser muito ambígua e, muitas vezes, também

contraditória: ora condenavam toda e qualquer sorte de escravidão,

ora apoiavam a escravidão, seja por intenção ou por omissão. Alguns

integrantes da Igreja Católica acreditavam equivocadamente que os africanos e seus descendentes não possuíam

alma e por isso, poderiam ser escravizados e ser submetidos a violências físicas (castigo), violência simbólica e

psicológica.

Imagem: Sermão do Padre Antônio Vieira aos índios. Disponível em: <http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=veritas&subsecao=historia&artigo=igreja_escravidao&lang=bra>.

Acesso em: 29 nov. 2012. 12h32min.

Exercício 4

Línguas Africanas no Brasil

A presença de línguas africanas no Brasil está diretamente associada ao tráfico de escravos que, por mais de

três séculos sucessivos, de 1502 a 1860, introduziu no país por volta de 3.600.000 africanos, de origem diversa:

“sudaneses”, da região situada ao norte do equador (ciclo da Guiné, século 16); “bantos”, ao sul do equador (ciclo do

Congo e de Angola, século 17); “sudaneses”, novamente, da costa ocidental (ciclo da costa da Mina, início do século

XVIII, e ciclo da baía do Benim, meados do mesmo século); no século 19, chegam escravos de todas as regiões,

predominando os originários de Angola e Moçambique (Mattoso, 1982). Não se pode precisar o número das línguas

que aqui aportaram, mas sabe-se que na área atingida pelo tráfico são faladas por volta de 200 a 300 línguas, uma

pequena parcela do conjunto linguístico africano que conta com mais de 2000 línguas, segundo o inventário mais

recente (Grimes, 1996).

Disponível em: <http://www.labeurb.unicamp.br/elb/africanas/verbete_geral_africano.htm>. Acesso em: 28 nov. 2012.11h03min.

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Leia a lista de palavras abaixo e circule as palavras de origem africana:

ANGU

BATUQUE

CACHIMBO

CASA

BAGUNÇA

MOLEQUE

QUITUTE

SENZALA

CANECA

APARTAMENTO

CAÇULA

CAFUNÉ

Parte 5 – Duas Áfricas: Norte da África e África Subsaariana

A África é o berço de uma das mais antigas civilizações que se conhece: a civilização egípcia, que teve seu apogeu

entre os anos 3000 e 1000 a.C. A partir do século 8 a.C., o norte do continente foi ocupado primeiro pelos

gregos, depois pelos romanos e, posteriormente, pelos árabes, no século 6. As demais regiões eram habitadas

por inúmeras tribos e povos de diferentes etnias até a chegada dos portugueses no século 16.

TRABALHANDO COM MAPAS. O mundo subdesenvolvido. São Paulo: Editora Ática, 2004. p. 54.

Costuma-se regionalizar a África em dois grandes conjuntos: o Norte da África (também conhecido

como “África Árabe”) e a África Subsaariana (também conhecida como “África Negra”).

Observe o mapa:

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Essa divisão tem por base critérios étnicos, culturais e religiosos.

O Norte da África é constituído por 8 países: Sudão, Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Saara

Ocidental e Mauritânia.

No geral, os habitantes desses países são de origem árabe e seguem a religião islâmica.

Essa região é praticamente uma continuação do Oriente Médio, tanto do ponto de vista étnico e

religioso, como do ponto de vista natural, uma vez que nela também predominam as paisagens

mediterrâneas, semiáridas e desérticas.

Assim como no Oriente Médio, o petróleo é a principal riqueza econômica do Norte da África,

seguida pelo turismo, agricultura e pesca, nas áreas litorâneas; e pastoreio nômade, nos desertos.

Outra semelhança importante com o Oriente Médio é a presença de importantes conflitos étnicos e

religiosos, que provocam uma situação de instabilidade e insegurança na região.

A “Primavera Árabe”, uma série de manifestações populares pela queda de ditadores e mudanças de

regimes políticos, iniciadas em dezembro de 2010, ao contrário do que muitos pensam, iniciou-se no Norte

da África, na Tunísia, seguida pelo Egito e Líbia.

Abrangendo a maior parte do território e da população, a África Subsaariana, que recebe esse nome

por estar localizada ao sul do deserto do Saara, é constituída pelos outros 46 países. Ela é a África, dos

povos de etnias negras (mais de oitocentas distintas) e onde as diferenças sociais, econômicas e culturais

são mais visíveis. Ou seja, comparada ao norte do continente, a África Subsaariana é bem mais

heterogênea.

A paisagem natural varia dos desertos às florestas úmidas equatoriais, passando pelas savanas

tropicais. Em alguns países, as condições de vida são extremamente precárias e, à exceção da Nigéria e da

África do Sul, a economia dos países é incipiente e está voltada basicamente para as atividades primárias,

como agricultura e pecuária.

Os conflitos étnicos e as guerras civis fazem parte do cotidiano da África Subsaariana e despertam

um dos grandes problemas do continente: a questão dos refugiados, migrantes que são obrigados a deixar

suas regiões de origem, por conta dos conflitos. Cerca de 30% dos refugiados do mundo encontram-se em

território africano.

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 13

A fronteira natural que separa o Norte da África da África Subsaariana é conhecida como Sahel.

O Sahel é a faixa de transição ao sul do Deserto do Saara, formada por vegetação de estepes, de clima árido e

semiárido e que passa por um intenso processo de desertificação e escassez hídrica.

Essa região, de grande crescimento demográfico, possui intensos conflitos tribais e é uma das mais pobres e

violentas do continente.

Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Sahel_Map-Africa_rough.png>.

Acesso em: 12 nov. 2012. 12h25min.

Exercício 5

Complete a cruzadinha:

1. Maior cidade do mundo árabe e da África.

2. Vegetação típica das áreas tropicais do continente africano.

3. Doença que já matou mais de 2 milhões de pessoas no mundo, 75% delas na África.

4. País de colonização portuguesa que viveu um intenso conflito armado durante o processo de

independência, na década de 1970.

5. Ex-presidente sul-africano, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, foi um dos grandes

representantes da luta contra a política segregacionista do apartheid.

6. Grupo linguístico da África Subsaariana que engloba 400 etnias distintas.

7. Atividade de criação de animais de forma extensiva, típica da área dos desertos.

8. Diplomata nascido em Gana. Exerceu, de 1997 a 2007, o cargo de Secretário Geral das Nações Unidas

(ONU). Em 2001, foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz pela criação do Fundo Global de Luta

contra AIDS, Tuberculose e Malária.

9. Conhecido por sua antiga civilização, é um dos países mais ricos e desenvolvidos do continente africano.

Sua economia está baseada na indústria petroleira e no turismo. Sua capital é Cairo.

10. País mais desenvolvido do continente africano. Viveu, entre 1948 e 1994, um dos mais rigorosos

regimes segregacionistas da história, o apartheid, que privava os negros de sua cidadania.

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11. País que foi dividido após plebiscito, em 09 de julho de 2011, depois décadas de guerra civil, entre o

norte (de maioria árabe) e o sul (de população negra).

12. Maior floresta úmida do continente, e segunda maior do mundo, atrás apenas da Floresta Amazônica,

na América do Sul.

Parte 6 – Neocolonialismo do século 19

O Neocolonialismo do século 19 foi o processo de dominação e expansão econômica e militar dos

países europeus sobre os continentes africano e asiático. As ações imperialistas europeias na África já

datavam desde a metade do século 19, com a presença dos holandeses e britânicos na África do Sul e dos

britânicos e franceses na África do Norte. No entanto, a descoberta de diamantes na África do Sul e

abertura do Canal de Suez, ambos em 1869, despertaram a “cobiça” da Europa sobre o continente africano.

Resultado: os países europeus iniciaram um movimento militar e violento de disputa dos territórios

africanos, iniciando o chamado Neocolonialismo ou Imperialismo.

O processo de ocupação dos territórios dava-se, em algumas áreas, via força militar, e em outras, por

meio de negociação e acordos com os líderes africanos. Bélgica, França, Inglaterra, Portugal e Alemanha

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dividiram o território africano, em um processo denominado “Partilha da África”, colocando no mesmo

território, etnias e povos rivais e desrespeitando as peculiaridades históricas e sociais. Atualmente, essas

ações resultaram e diversos conflitos étnicos dentro do continente africano.

Exercício 6

Mapa da “Partilha da África”

Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/>. Acesso em: 28 nov. 2012. 10h20min.

A partir do mapa acima e de um mapa político atual do continente africano, informe alguns países que

foram colonizados por cada país europeu listado abaixo:

França Inglaterra Portugal Bélgica

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Parte 7 – Descolonização e problemas atuais

Com o enfraquecimento da Europa, após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) e o

fortalecimento das duas novas potências hegemônicas: Estados Unidos e União Soviética (URSS), muitas

metrópoles não conseguiram manter suas colônias na África e na Ásia.

Com intervenção norte-americana e soviética, vários países lutaram e conseguiram suas

independências. Iniciava-se aqui, a descolonização africana e asiática, após quase cem anos de colonização

europeia.

Em três décadas, após 1950, já no período da chamada “Guerra Fria”, a maioria das colônias

africanas (e asiáticas) já eram países independentes. Em alguns lugares, como Argélia, Angola e

Moçambique, ocorreram conflitos violentos pela conquista da independência.

Apesar da independência, a dominação colonial europeia deixou marcas na África que permanecem

até hoje.

A imposição do modelo de economia voltada para a agricultura de exportação (a plantation),

substituindo e destruindo as economias locais de subsistência; o desrespeito às particularidades e

diferenças de cada uma das tribos na delimitação das fronteiras africanas, são apenas alguns exemplos da

influência europeia no continente, sobretudo, na África Subsaariana.

No século 19, os europeus dividiram o continente de forma arbitrária. Criaram fronteiras artificiais,

separaram povos que viviam em conjunto e uniram pela força povos que, tradicionalmente, eram inimigos,

com cultura, línguas e hábitos diferenciados. Esses povos foram obrigados a conviver dentro de fronteiras

que não eram reconhecidas por eles e subordinados a governos que não os representavam, tampouco

foram escolhidos por eles.

Evidentemente, o único elemento que unificava as colônias africanas era a presença da Europa.

Quando essas colônias se tornaram independentes, cada novo Estado africano não possuía uma nação, mas

sim várias nações, dentro de seus territórios. A consequência foi a eclosão de sangrentas guerras civis e

étnicas após os processos de independências.

Somadas às diferenças étnicas e às guerras civis, o continente ainda presenciava as disputas pelo

poder político entre grupos rivais e pelo controle das fontes de recursos naturais, a fome, a miséria e as

epidemias, que assolavam o continente já a essa época.

O resultado dessa complicada trama se reflete nas péssimas condições de vida da população, no

subdesenvolvimento e na instabilidade política e econômica, constantemente associadas ao continente.

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Em Ruanda, uma bomba de efeito retardado

Massacres como o que é mostrado no filme Hotel Ruanda, sobre a guerra civil naquele país, são resultado da

verdadeira bomba de efeito retardado deixado pelos europeus após a descolonização. Os hutus (85%) e os tutsis

(15%) conviveram durante séculos na região, até que, ao final da Primeira Guerra Mundial, a Bélgica tomou posse

do território, atribuído anteriormente à Alemanha, derrotada naquele conflito.

Com base em teorias raciais sem nenhum fundamento científico, os belgas chegaram à conclusão de que os tutsis

eram mais semelhantes aos brancos que os hutus. Por isso, concederam diversos privilégios aos tutsis, que

receberam melhor educação e tinham preferência no acesso aos postos de trabalho e na administração colonial.

Após a independência, em 1959, os hutus, majoritários, passaram a dominar a vida política, e o ressentimento

contra os tutsis deu origem a uma série infindável de conflitos. O ódio racial explodiu em 1994, quando os hutus,

instigados por um presidente demagogo, massacraram, no período de três meses, 800 mil tutsis – homens,

mulheres e crianças.

O significado histórico da chacina vai além do número espantoso de vítimas. Mesmo com as notícias da imprensa,

que acompanhava dia a dia as atrocidades, os governos ocidentais e as Nações Unidas se omitiram, ignorando os

apelos para que interviessem a fim de acabar com o banho de sangue. O genocídio só terminou depois que uma

força rebelde tutsi tomou o poder em Ruanda e passou, por sua vez, a perseguir os hutus. Aí, a situação se inverteu.

Os tutsis atacaram os campos de refugiados hutus no Congo, causando outras centenas de milhares de mortes e

levando a guerra civil para o país vizinho.

FUSER, Igor. Geopolítica: o mundo em conflito. São Paulo, Editora Salesiana, 2010. p. 61.

Exercício 7

Observe e interprete a caricatura a seguir,

VICENTINO, C., DORIGO, G. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010. p. 718.

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No contexto da descolonização africana, apontando as consequências desse processo para o continente.

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Exercício 8

Compare o mapa de divisão étnica da África pré-colonização europeia (1) com o mapa de divisão política

atual do continente (2) e aponte as principais diferenças entre eles, destacando as justificativas para tais

diferenças. Em seguida, apresente as principais consequências do processo de constituição política das

fronteiras africanas.

(1) (2)

Disponíveis em: <http://escoladegeografia.wordpress.com/2010/10/25/conflitos-na-africa/>. e <http://www.dalvit.pro.br/mapas_mudos.htm>.

Acesso em: 12 nov. 2012. 11h30min.

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Parte 8 – Pan-africanismo: política e cultura

O movimento pan-africanista reuniu um conjunto de pensadores negros que pregava a união dos

povos de todos os países do continente africano, de forma que pudessem lutar contra o preconceito, a

opressão racial e o racismo. A partir desse grupo de pensadores, foi criada a Organização de Unidade

Africana (1963), com a participação de afrodescendentes que vivem fora da África.

As principais propostas dos pan-africanistas eram: estruturação social do continente, por meio de

uma redistribuição étnica na África, para que pudessem unir grupos separados e separar grupos rivais,

rompendo a divisão imposta pelos países europeus; o resgate de práticas religiosas; e o uso de línguas

nativas, que eram anteriormente proibidos pelos colonizadores. Os principais idealizadores da teoria pan-

africanista foram Edward Burghardt Du Bois e Marcus Musiah Garvey.

Exercício 9

Abaixo há duas pequenas biografias de líderes do movimento pan-africanista. Ao ler as pequenas

biografias, preencha as lacunas com as palavras adequadas:

Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887

– Londres, 10 de junho de 1940) foi um comunicador, empresário e

ativista jamaicano. É considerado um dos maiores ativistas da história

do movimento ___________________________. Garvey liderou o

movimento mais amplo de descendentes ____________ até então; é

lembrado por alguns como o principal idealista do movimento de

______________________________. Na realidade ele criou um

movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a

"redenção" da África, e para que as potências coloniais

_________________ desocupassem a África.

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William Edward Burghardt "W. E. B." Du Bois (Great Barrington,

Massachusetts, 23 de fevereiro de 1868 — Acra, Gana 27 de agosto de

1963) foi um sociólogo, historiador, ativista, autor e editor

estadunidense.

Ele foi o proponente do _____________________ e ajudou a organizar

vários Congressos Pan-Africanos para defender a libertação das

_______________ africanas das potências europeias.

Du Bois acreditava que o capitalismo era a causa primária do

_________________ e foi simpático às causas socialistas durante toda

sua vida. Foi um ardente ativista da ________________ e defendia o

desarmamento nuclear. A _____________________________________, que incorporava muitas das

reformas que Du Bois defendeu toda sua vida, foi promulgada um ano após sua morte.

Parte 9 – Apartheid

O regime do Apartheid ("vidas separadas") foi um regime segregacionista que discriminava a

população negra (maioria) da África do Sul e privilegiava econômica, social e politicamente a população

branca (maioria).

Apesar da segregação existir na África do Sul desde o século 17, quando a região foi colonizada por

ingleses e holandeses, o termo apartheid passou a ser usado oficialmente em 1948.

No regime do apartheid, o governo era controlado pelos holandeses e ingleses, que criaram leis

racistas e segregacionistas, dividindo o país em brancos e negros, isto é, banheiros para brancos e

banheiros para negros, restaurantes para brancos e restaurantes para negros, escolas para brancos e

escolas para negros.

Entre as leis do apartheid, podemos citar:

Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos).

Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões (bairros só para

negros);

Proibição de casamentos entre brancos e negros;

Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-africanos (branco, negro ou mestiço);

Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades;

Determinação e criação dos bantustões.

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O regime do apartheid vigorou até 1990, quando ocorreu a liberdade do ativista Nelson Mandela,

preso desde 1964 por lutar contra o regime de segregação. Em 1994, Mandela tornou-se o primeiro

presidente negro da África do Sul.

Veja a biografia de dois líderes do movimento de resistência ao regime segregacionista do apartheid:

Nelson Rolihlahla Mandela é um importante líder político da África do Sul que lutou

contra o sistema de apartheid no país. Nasceu em 18 de julho de 1918 na cidade de

Qunu (África do Sul). Mandela, formado em direito, foi presidente da África do Sul

entre os anos de 1994 e 1999.

Frases de Nelson Mandela:

"Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram

feitos para viverem como irmãos".

- “Não há caminho fácil para a Liberdade”.

- “A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias”.

- “A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo”.

Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/nelson_mandela.htm>. Acesso em: 27 nov. 2012. 9h

Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 - 12 de setembro de 1977) foi um

conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de

1960. Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos, da qual era

membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-

africanos. Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros.

Frases de Steve Biko:

- “Um dia nós estaremos em condições de dar à África do Sul o maior dos presentes -

uma face mais humana”.

- “O racismo não implica apenas a exclusão de uma raça por outra - ele sempre pressupõe que a exclusão se faz

para fins de dominação".

- “Racismo e capitalismo são faces da mesma moeda".

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Biko>. Acesso em: 27 nov. 2012. 9h15min.

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Exercício 10

Considere o discurso do líder sul-africano Nelson Mandela, realizado em Pretória, em 10 de maio de 1994:

Discurso de Nelson Mandela. Pretória, 10 de maio de 1994.

Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras partes do nosso país e do mundo,

conferimos glória e esperança à liberdade recém-conquistada.

Da experiência de um extraordinário desastre humano que durou demais, deve nascer uma sociedade da qual toda a

humanidade se orgulhará. (...)

Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a profunda dor que trazíamos no nosso

coração quando víamos o nosso país despedaçar-se num terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e

isolado pelos povos do mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da perniciosa ideologia e prática do

racismo e da opressão racial. (...)

Chegou o momento de sarar as feridas.

Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem.

Chegou o momento de construir.

Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo do

continuado cativeiro da pobreza, das privações, do sofrimento, da discriminação sexual e de quaisquer outras.

Conseguimos dar os últimos passos em direção à liberdade em condições de paz relativa. Comprometemo-nos a

construir uma paz completa, justa e duradoura. (...)

Assumimos o compromisso de construir uma sociedade na qual todos os sul-africanos, quer sejam negros ou brancos,

possam caminhar de cabeça erguida, sem receios no coração, certos do seu inalienável direito a dignidade humana:

uma nação arco-íris, em paz consigo própria e com o mundo. (...)

Que haja justiça para todos.

Que haja paz para todos.

Que haja trabalho, pão, água e sal para todos. (...)

Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra, a experimentar a opressão de uns sobre os outros, nem a

sofrer a humilhação de ser a escória do mundo.

Que reine a liberdade.

O sol nunca se porá sobre um tão glorioso feito humano.

Que Deus abençoe a África!

Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h32min.

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A partir da leitura e análise do discurso de Nelson Mandela, responda às seguintes questões:

a) Quais os problemas sociais que Mandela quer combater na África do Sul?

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b) Qual a principal mensagem transmitida pelo discurso de Nelson Mandela?

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c) Quais os valores e princípios seriam defendidos nesse novo momento político da África do Sul?

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Parte 10 – Perspectivas para o continente africano

Os problemas da África, sobretudo da África Subsaariana, são difíceis de serem solucionados.

Muitos países do continente ainda sobrevivem da ajuda humanitária de organizações internacionais,

como a ONU (Organização das Nações Unidas). Em alguns casos, essas mesmas organizações chefiam

missões de paz para tentar amenizar as marcas dos conflitos étnicos.

A qualidade de vida da população que vive ao sul do Deserto do Saara é precária e o

desenvolvimento econômico, historicamente, apresenta baixos índices de crescimento.

As escolas são superlotadas, quase um terço da população sofre com fome e a subnutrição, os

hospitais são precários, assim como as condições de esgoto e de saneamento básico. As taxas de natalidade

e a mortalidade infantil são altas; a expectativa de vida, ao contrário, é baixa.

O desemprego é elevado, e tende a aumentar com o rápido crescimento demográfico; a renda per

capita diminuiu. Segundo o Banco Mundial, um em cada três africanos vive abaixo da linha de pobreza, ou

seja, sobrevive com menos de dois dólares por dia1.

1 Muitos africanos já se encontram na linha da indigência, pois sobrevivem com menos de um dólar por dia.

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 24

Observe os mapas a seguir e reflita sobre as condições do continente africano no contexto mundial:

VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 174.

VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 234.

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 25

VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 239.

Todavia, apesar dos vários problemas, o século 21 desponta com novas perspectivas políticas e

econômicas para a África.

O continente que sempre foi considerado excluído do processo de globalização, dos avanços

tecnológicos, da competição e do desenvolvimento econômico acena, aos poucos, para mudanças.

Os regimes ditatoriais, típicos da época da descolonização, estão sendo substituídos pelo

pluripartidarismo e por governos mais democráticos.

Do ponto de vista econômico, o aumento dos preços e da procura por recursos naturais importantes,

como o petróleo, coincidem com novas descobertas de jazidas em território africano.

Somente a China e a Índia cresceram em um ritmo tão acelerado como alguns países da África. De

2000 a 2010, o PIB dos países africanos exportadores de petróleo apresentou média de crescimento de 4%.

Angola, Moçambique, Líbia e Nigéria merecem destaque nesse cenário.

Outro fator que justifica o crescimento econômico é o investimento estrangeiro no continente,

principalmente chinês. Embora Brasil, Rússia e Índia também participem desse processo.

Aos poucos, os países africanos ampliam suas relações comerciais com os países investidores que,

em troca da comercialização e da participação na exploração dos vastos recursos naturais do continente,

investem na construção, desenvolvimento e modernização de infraestruturas como estradas, ferrovias,

portos, usinas hidrelétricas e termelétricas.

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Leia a reportagem de julho de 2012:

Reportagem de 19/07/2012

China anuncia 20 bilhões de dólares para investimentos na África

Pequim - A China anunciou nesta quinta-feira (19/7) que dobrará, para 20 bilhões de dólares, seus créditos à

África e se comprometeu a fazer com que seus investidores também beneficiem os africanos, em uma decisão

que coroa a presença crescente da segunda economia mundial no continente. (...)

Hu [Hu Jitao, presidente chinês] explicou que os empréstimos, dos quais não especificou a duração, serão

destinados a infraestrutura, agricultura, indústria manufatureira e ao desenvolvimento de pequenas e médias

empresas. (...)

A segunda economia mundial tem realizado grandes investimentos no continente africano, principalmente nas

matérias-primas necessárias para seu crescimento. (...)

Desde 2009, a China é o principal sócio comercial da África. O intercâmbio comercial entre China e a África

alcançou no ano passado 166,3 bilhões de dólares, uma alta de 83% em relação a 2009, segundo o Ministério do

Comércio chinês, que indica que a China se tornou o primeiro sócio comercial da África. (...)

Mais "responsabilidade social"

A cooperação com a China é uma oportunidade "para os países africanos para diversificar suas economias, criar

emprego e melhorar a saúde e a educação", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na abertura do Fórum.

O presidente sul-africano Jacob Zuma, lembrou, no entanto, sobre o desequilíbrio das relações comerciais entre

ambos os sócios. "Este modelo de comércio não é viável no longo prazo. A experiência econômica da África com a

Europa no passado mostra que é preciso ser prudente antes de se comprometer a colaborar com outras

economias", disse.

Disponível em:<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2012/07/19/internas_economia,312746/china-anuncia-20-bilhoes-de-dolares-para-investimentos-na-africa.shtml>.

Acesso em: 13 nov. 2012. 10h05min.

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Exercício 11

Reflita sobre a situação atual do continente africano, discutida ao longo dessa oficina, levando em

consideração a interpretação da charge a seguir:

(Jornal: O Estado de São Paulo. 19 abr. 2000. p. A3).

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Indicações

Vídeos

Diamantes de Sangue. Direção Edward Zwick. EUA, 2006.

Filme que tem como pano de fundo a guerra civil de Serra Leoa na década de 1990. Narra o

encontro de um contrabandista de diamantes e um pescador forçado a trabalhar nos campos de

extração para a Força Revolucionária Unida, que trafica o recurso para financiar sua guerra contra o

governo.

Hotel Ruanda. Direção Terry George. África do Sul, 2004.

Filme baseado na história real do gerente de um hotel em Kigali, capital de Ruanda, que salvou

mais de mil pessoas durante a guerra civil entre tutsis e hutus, em 1994, e que matou mais de um

milhão de pessoas.

Invictus. Direção Clint Eastwood. EUA, 2009.

Filme que narra a vitória da desacreditada seleção sul-africana na Copa do Mundo de Rúgbi, em

1995. Nelson Mandela, presidente do país à época, usa o esporte para unir o país recém-saído do

regime do apartheid.

O Jardineiro Fiel. Direção Fernando Meirelles. EUA, 2005.

O filme narra a história de um diplomata britânico (jardineiro por hobby) residente na África, que

tem sua esposa brutalmente assassinada. Decidido a investigar, descobre que o crime foi queima

de arquivo, dirigida por uma empresa farmacêutica que usa a população como cobaia para testes

em seus remédios contra tuberculose.

Livro

FUSER, Igor. Tragédia Africana. In: Geopolítica: o mundo em conflito. São Paulo: Salesiana, 2010.

Capítulo do livro Geopolítica: o mundo em conflito, de Igor Fuser, que retrata de forma didática as

origens dos problemas atuais do continente africano.