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o DIREITO PREVIDENCIÁRIO MODERNO E SUA APLICABILIDADE ANTE O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

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o DIREITO PREVIDENCIÁRIO MODERNOE SUA APLICABILIDADE ANTE O

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

CLAUDIO RODRIGUES MORALES

~EDITORALrc

SÃO PAULO

~

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Cámara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Morales, Cláudio Rodrigues

O direito previdenciário moderno e sua aplicabilidade ante o princípio dasegurança Jurídica / Cláudio Rodrigues Morales. - São Paulo LTr, 2009.

Bibliografia.

ISBN 978-85- 361-1386-9

1 Direito previdenciário 2. Direito previdenciário - Brasil L Titulo.

09-05391 CDU-343684(81)

Índice para catalogo sisiernauco:

Brasil Dire n o previdenciário343684(81)

Produção Gráfica e Eáitoracão Eletrônica: R P TIEZZI

Capa: FÁBIO GIGLIO

Impressão ASSAHI GRÁFICA E EDITORA

© Todos os direitos reservados

EDITORA LTDA.Rua Apa, 165 - CfP 01201-90-+ - Fone (lJ) 3826-2788 - FCLx (l1) 3826-9180

São Paulo, S1' - Brasil - II'wwltr.com.br

LTr 3887.5 Junho, 2009

DEDICATÓRIA

Dedico este modesto trabalho aos professores José Roberto Sodero VicUírio,Carlos Alberto Vieira de Gouveia e Rodrigo Sodero, a direção e .funcionários

do LEGALE e UNISAL, bem como a todos os colegas de c/asse. Dedico,também, aos meus amigos: Companheiro Luiz Inácio Lula da Silva- nosso

Digno Presidente da República, ao meu amigo, o eterno Prefeito, dr: MauricioSoares de Almeida, ao sempre Presidente do Sindicato dos

Metalúrgicos do ABC, da CUT, Ministro do Trabalho e da Previdência Social- INSS e agora eleito prefeito de São Bernardo do Campo - Sp,

dr: üüz Marinho e a todos aqueles que no dia a dia lutam para que o InstitutoNacional do Seguro Social - INSS venha cumprir a missão para a qual

motivou a sua criação, ou seja, a proteção dos segurados e não segurado», naforma da legislação posta e dos principios universalmente consagrados.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente às sábias lições dos professoresJosé Roberto Sodero Victólio, Carlos Alberto Vieira de Gouveia e Rodrigo

Sodero, pela forma paciente e muita objetiva como ministram as aulas eatendem os alunos na solução de problemas não só relacionados a matéria

em curso, mas de outras mais avançadas, enfrentadas na vida prática - odia a dia do estudante e advogado atuante. São eles responsáveis pelaminha pós-graduação em Direito Previdenciário. Agradeço também aUNISAL e ao LEGALE, direção e funcionálios, pela forma criativa e

inteligente como elaboram e montam os cursos, comprovando que o baixocusto não significa perda de qualidade do ensino.

SUMÁRIO

Prefácio - José Roberto Sodero Victôrio

Introdução. . .

............................................................... 17

. 19

CAPÍTULO IDIREITO PREVIDENCIÁRIO

1. Direito previdenciário - abordagem preliminar. . . 2l

2. Evolução histórica da Previdência .. ... 2l

3. Direito previdenciário - significado.. . 22

4. Legislação previdenciária - sua compreensão. . 22

5. Seguridade Social- capacidade legislativa 22

6 Seguridade Social- termo abrangente - significado 22

6.1. Previsão normativa 23

6.2. Fontes . 23

6.2.1. Fonte direta.. . 23

6.2.1.1. Fontes - costume . 24

6.2.2. Fonte indireta . 24

6.2.2.1. Fonte - Ato administrativo. . 24

6.2.2.2. Fonte - Decreto regulamentar 24

6.2.2.3 Fonte - Decreto autônomo ... 24

6224. Fonte - Instruções 25

6.2.2.5. Fonte - Atos Normativos Administrativos .. 25

6.2.2.6. Fonte - Orientações Normativas. ... 25

6.2.2.7. Fonte-Circular........................... . 25

6.3. Fonte e analogia - efeitos ... 25

6.4. Objetivo. . 25

6.5 Organização . 26

6.6. Seguridade social- natureza jurídica 26

7 Previdência e assistência social- distinção . 26

CAPÍTULO IIASPECTOS GERAIS DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

8. Benefício prevídenciário - preservação de seu valor no curso do tempo. . 27

•••

8.1. Benefício - irredutibilidade.

8.2. Benefício previdenciário - possibilidade de redução - reflexão.

8.3. Benefício - e a lei nova mais benéfica - efeitos

9. Benefício previdenciário - recebimento indevido - não devolução de valores

10. Benefício previdenciário - reajuste - critério.

. 27

. 27

........ 27

... 28

. 28

CAPÍTULO 1IISEGURANÇA JURÍDICA

11. Segurança jurídica - significado 29

12. Segurança jurídica - conceito. . .. 30

13. Segurança jurídica - objetivo. .. 30

14. Segurança jurídica - obediência. . . 30

15. Segurança jurídica - requisitos ..... 30

16. Segurança jurídica - princípio. . ... 30

17. Segurança jurídica - interpretação de norma - critério científico 31

18. Segurança jurídica e a decisão que viola princípios da dignidade humana 31

19. Segurança jurídica e a coisa julgada . 31

19.1. Coisa julgada - limites objetivo e subjetivo. . 32

19.1.1. Coisa julgada - momento de ser alegada. . . 32

19.2. Coisa julgada - relativização . 32

20. Segurança jurídica - ação rescisória e a declaratória 32

21. Segurança jurídica e a previsibilidade 32

22. Segurança jurídica e a Lei n. 9.874/99 32

23. Segurança jurídica - não observância pela autarquia - pedido de indenização -danos e assédio moral- reflexão e peça jurídica 33

24. Segurança jurídica e o acordo trabalhista em que o INSS quer receber contribuição -efeitos.. . ... 42

24.1. Da eficácia e abrangência dos acordos. . . 42

24.2. Da preclusão de pretensão .. 42

24.3. Da não incidência de contribuição - alegação. ..... 43

24.4. Da ilegitimidade de parte. ..43

25. Segurança social- conceito . . 45

26. Direito social- previsão constitucional. . 45

26.1. Direito social- prevalência sobre o individual..... . 45

26.1.1. Direitos e garantias individuais - abolição proibida. . 46

26.2. Direito social- flexibilização vedada .. . 46

27. Direito e Justiça - como garantir . . 46

M',.

CAPÍTULO IVDIREITO - CONSIDERAÇÕES GERAIS

28. Direito - conceito..................... . 47

28.1. Direito - aquisição 47

281.1. Direito - aquisição originária.. . 47

28.1.2. Direito - aquisição derivada ..47

28.1.3 Direito - aquisição gratuita. . 47

28.1.4. Direito - aquisição onerosa................... . 47

29. Direito adquirido . 48

29.1. Direito adquirido - irrevogabilidade . 48

30. Interpretação de norma 48

CAPÍTULO VPRINCÍPIOS

31. Princípios - conceito. .. . 49

31.1. Princípios - funções. ... 50

32. Princípio - classificação....................... ... 51

33. Princípio x lei - adequação. .51

34. Princípios gerais - rol...................... . 51

35. Princípio constitucional- significado.. . 52

35.1. Princípio de direito constitucional- hierarquia. . 53

36. Princípios constitucionais processuaís - rol 53

36.1. Princípio do contraditório. . 53

36.2. Princípio da acessibilidade ao Poder Judiciário . 53

36.3. Princípio do devido processo legal . 53

36.4. Princípio da fundamentação lógica . . 54

365. Princípio da fungibilidade recursal. ... 54

37 Princípios da administração pública - rol 54

37.1. Princípio da razoabilidade .. 55

37.2. Principio da motivação. ..55

37.3. Princípio da eficiência. 55

37.4. Princípio da publicidade. . . 56

375. Princípio da moralidade 56

376 Princípio da impessoalidade/finalidade .... 56

M'M

37.7. Princípio da legalidade .. .57

37.8. Princípio da indisponibilidade do interesse público . . . 57

37.9. Princípio da supremacia do interesse público .. 57

37.10. Princípio da razoabilidade .. .. 57

38. Princípios gerais do direito público.... . .. 58

39. Princípio da economicidade . 58

40. Princípios constitucionais do processo administrativo 58

40.1. Princípio constitucional do devido processo legal. .. 59

40.2. Princípio da reserva legal.................. .. 59

41. Princípios constitucionais e específicos da seguridade social . 59

41.1. Princípio da universalidade de cobertura e do atendimento 60

41.1.1. Princípio da expansividade social . 60

41.2. Princípio da compreensibilidade previdenciária .... 61

41.3. Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios. ...... 61

41.4. Princípio da seletividade e distributividade.. . 61

41.5. Princípio da irredutibilidade do valor do benefício 61

41.6. Princípio da equidade - forma de participação no custeio 61

41. 7. Princípio da diversidade da base de financiamento........................... .. 61

41.8. Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração. . .. 61

42. Princípio da seguridade social- definição .. 62

42.1. Princípios específicos da previdência social- rol. .. 62

42.1.1. Princípios doutrinários da Previdência Social . 62

42.2. Diretrizes da previdência social. .. .. .. .. 63

43. Princípio dispositivo .. 63

44. Princípio do duplo grau de jurisdição.. .. 63

45. Princípio da eventualidade e da preclusão .. 63

46. Princípio do in dubio pro misero . .. 64

47. Princípio inquisitivo... .. 64

48. Princípio da instrumentalidade das formas . .. 64

49. Princípio da irrenunciabilidade .. 64

50. Princípio do juiz natural. 64

51. Princípio da justicialidade ou judiciaridade . .. 65

52. Princípio da legalidade................ .. 65

52.1. Princípio da legalidade e o da reserva legal- distinção.. .. 65

.tM

53. Princípio da probabilidade e da boa-fé - campo de aplicação . 65

53.1. Principio da boa-fé objetiva. . 66

53.2. Princípio da boa-fé subjetiva. . . 66

54 Principio da proporcionalidade. .. . . 66

55. Princípio da publicidade . . 66

56 Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade .. .. . 66

57. Princípio da celeridade processual. . 67

58. Princípío da segurança Jurídica . .67

59. Princípio da automaticidade das prestações de benefício previdenciário. . . 68

60. Princípio - tempus regit actum.. . 68

CAPÍTULO VIINTERPRETAÇÃO DE NORMA - REGRAS

61. Interpretação de normas de direito previdenciário - proteção do mais fraco

61.1. Hermenêutica do direito - pressupostos.. .. . .

62. Interpretação - evolução do instituto .

63 Interpretação - hermenêutica - significado.

64. Interpretação - aspectos. . .

65. Interpretação - formas

66. Interpretação - previsão normativa.

67. Interpretação -limites .

68. Interpretação do Juiz - limites . .

69. Interpretação - proteção/privilégio dos valores sociais.

70. Interpretação - apego ao texto literal da lei.

lI. Interpretação e a adequação à realidade vivida ..

n. Interpretação de declaração de vontade - critério.

73. Interpretação de lei - análise de seu todo

74. Interpretação e o respeito à norma constitucional .

75. Interpretação entre norma especial e a geral. . .

76. Interpretação autêntica.

77. Interpretação teleológica .

78 Interpretação literal.

79. Interpretação e a realidade vivida.

80. Interpretação sistemática.

81. Interpretação de causas do consumidor .....

82. Interpretação de norma coletiva.

... 69

... 69

. . 69

... 69

. 70

........................ 70

..II

. II

. 12

.12

12

. 73

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.............. 73

............. ... 73

. 73

.... 73

.... 74

..................... 74

... 74

.... 74

75

..... 75

••

83. Interpretação - auxílio histórico ... 75

84. Interpretação científica. . 75

85. Interpretação restritiva 76

86 Interpretação extensiva . 76

87. Interpretação - auxílio da lógica do razoável..... . 76

88. Interpretação - auxílio dos métodos orgânico, sistemático e finalístico 76

89. Interpretação declarativa . 77

90. Interpretação gramatical. .. 77

CAPÍTULO VIIPRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

9 r. Prescrição - significado .. 78

92. Prescrição - conceito. 78

93. Prescrição - tipos . 78

94. Prescrição e decadência - distinção .. 78

95. Prescrição - requisitos. 80

96. Prescrição e decadência - previsão normativa . 80

97. Prescrição e decadência - direito previdenciário ... 80

97. I. Prescrição previdenciária - previsão normativa. . 80

97.2. Prescrição e a perda da qualidade de segurado 80

97.3. Prescrição - restabelecimento da qualidade de segurado 80

97.3. r. Aposentadoria por idade e especial- qualidade de segurado que não seperde - requisitos legais cumpridos 80

97.3.I.I. Requisitos..... . 81

98. Prescrição - início de contagem - ação de indenização ... 81

99. Prescrição - prestações de trato sucessivo - não ocorrência . 81

99. r. Prescrição - ação acidentá ria . 81

100. Prescrição quinquenal . . 81

101. Prescrição decenal . .. . .. 81

102. Prescrição - regra de transição ... 81

103. Prescrição intercorrente .. . 81

104 Prescrição - interrupção. .. . 82

105. Prescrição - suspensão - gozo de benefício previdenciário. . 82

106. Prescrição - prazo para postular pecúlio . 82

107. Prescrição - renúncia. . . . 82

108. Prescrição - suspensão na Justiça do Trabalho - aposentadoria por invalidez.. ... 82

109. Prescrição - interrupção pelo protesto judicial. . 82

Me.

110. Decadência decenal . 82

111. Prescrição - causas impeditivas..................... ... 83

112. Prescrição - causas suspensivas .. 83

113. Prescrição - período de cumprimento de requisitório - não ocorrência. . 83

114 Prescrição - conhecimento de ofício pelo juiz... . 83

115. Prescrição - momento da alegação............. . 84

115.1. Prescrição - alegação - efeitos. 84

116. Prescrição - alegação - quem aproveita. . 84

117. Tempo em que o INSS poderá anular ato ......... 84

CAPÍTULO VIIICIDADANIA E A SEGURANÇA JURÍDICA

118. Cidadania - significado .. . 85

119. Cidadania liberal e a social - distinção. . 85

120. Cidadania - proteção constitucional 85

. 86

122. Condições para o exercício da cidadania. . 86

123. Abrangência da cidadania. . 86

124. Cidadania - dificuldades na sua garantia. . 86

125. Cidadania e o acesso ao Poder Judiciário .

121 . Segurança e Justiça - equilíbrio ..

. 87

126. Relação da cidadania com o direito de igualdade como exercício da cidadania-direito do homem. . 87

127. Cidadania e a relação com os Direitos Humanos.

128. Da erradicação da pobreza e a cidadania.

131. Cidadania e o meio ambiente - correlação existente

132. Tirania - combate como exercício da cidadania.

. 88

. 89

.. 90

. 91

... 92

. 92

129. Cidadania e liberdade - relação existente

130. Cidadania e comportamento - relação.

133. Formas de erradicação dos desmandos - sejam dos políticos e de outros que dila-pidam o erário público .. 93

134. Cidadania e neoliberalismo/globalização - conflito .. 93

Conclusão ......... 97

Bibliografia. ..... 99

••••

PREFÁCIO

o querido amigo Cláudio nos emociona, inicialmente, pela dedicatória e agrade-cimento a mim e a minha equipe (Carlos Gouveia e Rodrigo Sodero). Digo, comoProfessor, que Cláudio foi excelente e dedicado companheiro de sala de aula na pós--gradução de Direito Previdenciário do LEGALE/UNISAL. Emocionado ainda fiqueipela consistência do tema proposto, já que ao tratar do Direito Previdenciário Moder-no, Cláudio se esquiva da mesmice com que se tem abordado matéria de tão relevanteinteresse social. O livro que os senhores leitores terão oportunidade de ler trata doprincípio dos princípios, ou seja, do princípio da segurança jurídica, e Cláudio, aoconsagrá-lo como fundamento da garantia que o segurado deve ter na relação com aprevidência social, deixa clara a opção pelo estado de bem-estar social em contrapo-sição ao neoliberalismo reformista dos direitos constitucionais conquistados pelostrabalhadores brasileiros. Nesse sentido, a incessante busca pela contrarreforma cons-titucional daqueles, como Cláudio, defensores da Segurança Jurídica nas relações en-tre o Estado e os Segurados e Não Segurados da Previdência Social.

Parabéns ao Cláudio: Que sorte dos leitores!'

José Roberto Sodero Victório

INTRODUÇÃO

o autor, na presente obra, aborda o tema denominado "O Direito PrevidenciárioModerno e sua Aplicabilidade Frente ao Princípio da Segurança jurídica", idealizado,tendo em vista as constantes mudanças nas normas de direito previdenciário, sejamaquelas regras elaboradas pelo Congresso Nacional ou aquelas outras elaboradas in-ternamente pelo INSS. Objetivamos estudar o fenômeno e analisá-lo sob o critério damodernidade e aplicação face ao princípio da segurança jurídica. Demonstraremos,no curso da obra, que muitas vezes constatamos violação da segurança jurídica e deelementares regra de direito. Mudar o "jogo" em seu curso ou daquilo que podemoschamar de contratuado, data venia não pode ocorrer, sob pena de violar elementaresregras de direito. Ademais, em regra, as normas internas da autarquia, sejam as porta-rias, instruçôes normativas, dentre vários outros instrumentos, violam a legislaçãoposta, aquelas de hierarquia superior, fato que dificulta ainda mais o exercício dedireito pelos segurados. Neste trabalho, após muitas pesquisas, estudos, reflexões esem pretender esgotar suas várias facetas, fomos obrigados a estudar as mais diversasáreas do direito, assim como sobre a aplicação dos seus princípios. Para abordar otema, fomos conduzidos a fazer também estudos sobre o exercício da cidadania. Oestudo da cidadania na abordagem do tema proposto é muito importante, tendo emvista as constantes mudanças na "regra do jogo", no entra e sai governo, fato que nosleva à insegurança jurídica, uma vez que não se sabe qual será a regra no governo quevirá. Precisamos lutar incansavelmente na busca de relativa estabilidade, para umasociedade mais estável e justa. Alguns surgem nesta luta, como o dr. Sodero e equipe,dentre outros. Precisamos engrossar o "caldo" para que possamos criar no futuro umaNação mais livre, justa e fraterna para todos indistintamente. Mauro Nicolaujúnior\1l,afirma que: "As pedras fundamentais em que se assenta toda a organização política doEstado Democrático de Direito são a dignidade humana e o respeito aos direitos indi-viduais e sociais dos cidadãos, conforme destacado no preâmbulo e no artigo primei-ro de nossa Carta Magna". Para melhor compreensão do tema, fomos obrigados aabordar outros institutos, pois de obrigatória incidência no tema proposto. Em razãodo objetivo do trabalho, não pudemos fazer uma abordagem mais profunda, comoseria necessário. De qualquer maneira, não esgotamos e nem pretendemos esgotar adiscussão dos temas ventilados. Inicialmente, por óbvio, se estamos tratando de temado direito previdenciário, fizemos uma pequena abordagem sobre Direito Previdenciário,constante no Capítulo I, bem como os aspectos gerais dos benefícios, apresentados no

(1) Segurança Jurídica e certeza do direito realidade ou utopia num Estado Democrático de Direito Disponívelem: 10 3.2005 «www.jurid.com.br» Acesso em: 25.3.2005. p. 21.

MPM

Capítulo lI. Em seguida cuidamos do significado do termo Segurança Jurídica, decli-nado no Capítulo lIl. Após fizemos breve reflexão sobre o significado do termo Direi-to, constante do Capítulo IV,como o direito adquirido etc. Em seguida fizemos modestoestudo dos princípios, arrolado no Capítulo V Após, para que haja segurança jurídicanas decisões, apontamos algumas regras sobre interpretação/hermenêutica, constantedo Capítulo VI. Em seguida, não podíamos deixar de abordar a incidência sobre otema, da prescrição e da decadência, pena do trabalho ficar prejudicado, vazio, o quefizemos no Capítulo VII. Finalmente, apresentamos reflexão sobre cidadania e a segu-rança jurídica, declinando a relação existente. Para o corpo do trabalho não ficarlongo e cansativo, na parte final - dos anexos, despejamos ali outras informaçõescomplementares sobre cada tema analisado, sendo sua consulta facultativa. Após,declinamos um breve e apertado resumo dos estudos, sempre levando em conta oslimites pretendidos com o trabalho.

CAPÍTULO I

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

1 - Direito previdenciário - abordagem preliminar. O Direito Previden-ciário, para nós, está abrangido pela Seguridade Social- termo mais amplo. O Direi-to Previdenciário é um dos ramos mais polêmicos inseridos no âmbito do sistemajurídico nacional. Antes de adentrar ao tema proposto, vamos abordar algumas regrase conceitos de aplicação no direito em estudo, para melhor entender nossas reflexões.

2 - Evolução histórica da Previdência. A origem da Previdência Social nomundo está atrelada à própria essência da origem humana. O homem durante suaexistência conta basicamente com duas formas de expressar sua inteligência: a previ-são e a técnica. Portanto, quando o primeiro homem guardou o resto de seus alimen-tos para poder saciar sua fome no dia seguinte, a ideia de previdência se exteriorizou.A primeira manifestação que observamos no curso da história ocorreu em 1344, quandofoi celebrado o primeiro contrato de seguro marítimo. Em 1601, outra manifestaçãocom a lei de amparo aos pobres, editada na Inglaterra, sendo que as paróquias fica-vam responsáveis em desenvolver programação e ações para aliviar a miséria, comproteção às crianças pobres, trabalho aos desempregados e amparar os idosos e invá-lidos. Foi na Alemanha onde nasceu o conceito do sistema de seguro social totalmenteorganizado e mantido pelo ente estatal, em que havia tripla ajuda, do Estado, dasEmpresas e dos Trabalhadores como contribuintes.

A primeira Carta Política de Estado a incluir a proteção em seu corpo foi aMexicana, em 1917, e posteriormente foi acompanhada pelos Estados Unidos, que em1935 revolucionou o conceito de seguro social passando para Seguridade Social cujoobjetivo maior era o amparo geral ao cidadão. Em 1919, foi criada a on - Organiza-ção Internacional do Trabalho, objetivando atuar em todos os países, no sentido defixar regras e ou normas imperativas de trabalho, seguridade social, na busca da paz eda justiça social. No Brasil, a primeira manifestação surgiu na época do Império coma criação de Montepios e Montes Socorro, em favor dos funcionários públicos e seusfamiliares. Contudo, só viemos a conhecer regras de Previdência Social no Século XXcom a implantação do Seguro contra acidentes do trabalho através da Lei n. 2.724/19.

Em seguida tivemos o Decreto Legislativo n. 4.682/23, conhecido como LeiEloy Chaves, que criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas de estra-das de ferro do País, onde já se observada a existência de aposentadorias por invalidez,.,.

aposentadoria ordinária ou por tempo contributivo, pensão por morte e a assistênciamédica. Todavia tais benefícios só puderam ser implementados mediante a contribui-ção dos próprios trabalhadores, das empresas e do Estado. Em 1923/1933, foramcriadas várias caixas de assistência de diversos ramos de atividade. Importante obser-var que, entre nós, a Previdência Social cuida exclusivamente do trabalhador quecontribui, e Seguridade Social se preocupa com todos os cidadãos. Na Constituiçãode 1934, observamos alguns aspectos do direito previdenciário, a saber: custeio tri-partite, com participação da União, empregados e empregadores, com proteção míni-ma da velhice, invalidez, maternidade, acidente do trabalho e morte. A participaçãotripartite supra posteriormente foi confirmada pela Constituição de 1946. Nesta opor-tunidade (1934) foram também criados os vários institutos, a saber IAPB, IAPC eoutros. Em 1948 tivemos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde tam-bém encontramos várias regras e diretrizes na busca da paz social. Em 1960 tivemosa Lei n. 3.807 que criou a LOPS - Lei Orgânica da Previdência Social, que unificoua legislação previdenciária de todos os institutos existentes. Sérgio NascimentoOl afir-ma que: "Dessa forma, assevera Luiz Meléga que a instituição da previdência socialbrasileira não é decorrente de previsão constitucional, mas de obrigação assumida notratado de Versalhes". A Convenção n. 102, da Organização Internacional do Traba-lho - OIT, elenca os riscos que devem ser protegidos, para que a norma possa ter ocaráter de um sistema de proteção social.

3 - Direito previdenciário - significado. Direito previdenciário, voltandoao remoto passado, é a preocupação do homem com o seu futuro e de sua família, sejaquanto à alimentação, saúde, velhice, morte, etc.

4 - Legislação previdenciária - sua compreensão. Para compreender oDireito Previdenciário, necessário será conhecer suas fontes, como e quando se aplica,a forma como é tratada e a questão Kelsiana da Hierarquização das leis no sistemaprevidenciário, bem como a aplicação do instituto da Analogia.

5 - Seguridade Social - capacidade legislativa. A capacidade para legislarsobre matéria pertinente a Seguridade Social, é exclusiva da União, segundo constado art. 22, inciso XXIII, da Constituição Federal de 1988.

6 - Seguridade Social - termo abrangente - significado. Seguridade So-cial é um sistema de ampla proteção social que visa amparar as necessidades naturaisda sociedade como um todo, para garantir um mínimo na preservação da vida. Aseguridade social engloba a saúde, previdência e a assistência social. A previdênciafornece benefícios, a saúde fornece serviços e a assistência fornece ambos.

O) Interpretação do direito previdenciário. São Paulo: Quarricr l.aun, 2007. p. 28.

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6.1 - Previsão normativa. A seguridade social está prevista nos arts. 194 a204 da Constituição Federal e compreende o conjunto integrado de ações dos pode-res públicos e sociedade, no tocante aos que chamamos de particulares, regulado nasLeis ns. 8.213/91 e 8.212/91, dentre outras normas. Em matéria previdenciária, mui-tas vezes devemos utilizar a aplicação da equidade, em razão da omissão legislativa.Equidade é o sentimento do JUsto, em harmonia com as circunstâncias e com o casodebatido em juízo. É o recurso intuitivo das exigências da Justiça, em caso de omissãonormativa, buscando efeitos presumíveis das soluções encontradas para aquele con-flito de interesses não regulamentado, ou seja, é a conceitualização da justeza ou doque é Justo, podendo assim ser expressado: 1) por igual modo devem ser tratadas ascoisas iguais e desigualmente as desiguais; 2) todos os elementos que concorram paraconstituir a relação sub-judice, coisas ou pessoas, ou que, no tocante a estas tenhamimportância, ou sobre elas exerçam influência, devem ser devidamente consideradas;3) entre várias soluções possiveis se deve preferir a mais humana, por ser a que me-lhor atende à justiça.

6.2 - Fontes. Fontes, neste estudo, são os meios dos quais se originam e sãoformadas as regras jurídicas da previdência social. Logo, fonte é investigar o ponto deonde saiu a norma, e analisá-la diante da realidade vivida para dar-lhe correta adequa-cão/interpretação. As normas podem ter orígem nos costumes, na doutrina, jurispru-dência, nas leis e no direito comparado. Elas podem ser de duas espécies: a) formaisou diretas, são formadas pela lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais dedireito. Também são chamadas de diretas ou imediatas. Elas, por si só, já geram aregra jurídica; b) não formais, são formadas pela doutrina e jurisprudência. São tam-bém chamadas e conhecidas de indiretas ou mediatas e não geram, por si só, a regrajurídica, mas contribuem para que seja elaborada. Importante observar que a leí é aprincipal fonte de Direito. As demais são acessórias. A teoria pura do direito de HansKelsen é no sentido de que o direito deve ser visto como sistema escalonado e grada-tivo de normas, de onde se retira sua validade da camada que lhe for superior e assimsucessivamente, até se obter a norma.

6.2.1 - Fonte direta. As fontes diretas, como dito, são aquelas que, por si só,são suficientes para gerar a regra jurídica e subdividem-se em: costumes e lei.Tendoem vista que entre nós o INSS deve observar os princípios que regem a administraçãopública, logo, sua fonte de aplicação na prátíca, deve ser a norma jurídica exístente, jáque, em regra, só lhe é permitido a realização daquilo previsto em norma. O processolegislativo das normas está capitulado no art. 59 da Constituição Federal, fixandoprocesso legislativo para: Emenda Constitucional; Leis Complementares; Leis Ordi-nárias; Leis Delegadas; Medidas Provisórias; Decretos Legislativos; e Resoluções. Afonte principal é a Constituição Federal. A Emenda Constitucional decorre do poderderivado de reforma de competência do Poder Legislativo constituinte derivado. LeiComplementar regula matéria constitucional, tem processo legislativo próprio fixadono art. 69 da Constituição. Lei Ordinária contém regras gerais e abstratas. Lei Delegada

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é editada pelo Presidente da República, conforme o art. 68, caput e parágrafos. MedidaProvisória é ato normativo com força de lei, praticado pelo Presidente da República,para tratar de assuntos urgentes e relevantes e perdem sua eficácia se não convertidasem lei no prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias (EC n. 32). Decreto Legis-lativo são destinados a regular matéria de competência exclusiva do Congresso Na-cional, consoante o art. 49 da Constituição Federal, considerados atos normativosprimários. Resoluções são atos do Congresso Nacional - qualquer de suas casas,destinados, em regra, a regular matéria de competência do Poder Legislativo, confor-me o art. 59 da Constituição Federal.

6.2.1.1 - Fontes - costume. Costume é a reiteração constante de uma con-duta/comportamento, na convicção de ser a mesma obrigatória, tendo como premissamaior o uso e a convicção. Em relação à lei, o costume pode ser classificado em trêsespécies: 1) segundo a lei ou secundum legem, quando a lei se refere expressamentesobre os costumes e reconhece sua aplicação obrigatória; 2) na falta da lei ou praeterlegem, quando a lei deixa lacuna, que não são preenchidas pelos costumes; e 3) contraa lei ou contra legem, quando contrariar aquilo que dispor a lei, passando ao desuso ouletra morta - desuetudo ou quando o costume cria nova regra contrária à lei - consuetu-do ab-rogatória. O costume contra a lei, em regra não é aceito.

6.2.2 - Fonte indireta. A fonte indireta são aquelas que por si só não sãosuficientes para gerar regra jurídica, porém dão o caminho a seguir na elaboração deuma nova lei e divide-se em duas: a Doutrina e a Jurisprudência. A fonte indireta étambém chamada de secundária, já que visam a dar melhor aplicação da lei, de forçareflexa e derivada, são os Atos Administrativos, o Decreto Regulamentar, os DecretosAutônomos, as Instruções, os Atos Normativos Administrativos, as Orientações Nor-mativas, a Circular.

6.2.2.1 - Fonte - Ato administrativo. Atos Administrativos Normativos,que, na definição de Hely Lopes MeirellesC2J, é o ato pelo qual contém e orienta a me-lhor aplicação da lei. O Ato Administrativo, logo, não pode conferir nem tirar e ouexcluir direito.

6.2.2.2 - Fonte - Decreto regulamentar. O Decreto Regulamentar é de com-petência exclusiva do Chefe do Executivo, para regular situações gerais ou indivi-duais, abstratamente previstas em lei e visa complementar a norma, como forma deoperacioná-la, não podendo ampliar nem restringir a norma. A norma está capituladano art. 84, IV,da Constituição Federal.

6.2.2.3 - Fonte - Decreto autônomo. O Decreto Autônomo, surgiu com aEmenda Constitucional n. 32, de 11.9.2001, decorre da Constituição e possui efeitos

(2) Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1990. p. 158.