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O programa Ocupação celebra o que o casal Duschenes transformou em arte: a capacidade e a generosidade de dividir experiências.

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Realização

São Paulo, 2016

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expediente coordenação editorial Carlos Costaedição Maria Clara Matos

conselho editorial Ana de Fátima Sousa, Bebel de Barros, Fábio Marota, Galiana Brasil, Henrique Idoeta Soares, Josiane Cavalcanti, Tayná Menezes, Tiago Ferraz, Valéria Toloi e Vinícius Ramos

direção de arte Jader Rosa projeto gráfico Jader Rosa e Estúdio Claraboia (terceirizado)

diagramação Estúdio Claraboia (terceirizado) produção editorial Raphaella Rodrigues

supervisão de revisão Polyana Lima revisão Ciça Corrêa e Rachel Reis (terceirizadas)

colaboradores Agnaldo Farias, André Gravatá, Érica Teruel, Lenira Rengel, Maria Mommensohn, Paola Prestes e Uxa Xavier

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editorial Ela, bailarina e professora. Ele, arquiteto e professor. Ao mesmotempo juntos e cada um em sua área de atuação, Maria e Herbert dedicaram-se à educação e desenvolveram formas inovadoras de compartilhar conhecimento. O programa Ocupação chega à sua 29a edição e celebra o que o casal Duschenes transformou em arte: a capacidade e a generosidade de dividir experiências.

Maria e Herbert – ela húngara e ele alemão – chegaram ao Brasil na mesma data, em 1940, e pelo mesmo motivo – os conflitos gerados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Influenciada pelos estudos do coreógrafo e teórico da dança Rudolf Laban (1879-1958), Maria desenvolveu aqui um trabalho de dança pioneiro baseado na experimentação, na liberdade e no autoconhecimento.

As ideias vanguardistas de seu companheiro, Herbert, revelam a comunhão não apenas pessoal, mas também profissional de ambos. Na sala de aula de Herbert cabia o mundo. Os vídeos de suas viagens por diferentes culturas convidavam os alunos a enxergar o entorno de forma ampla e autônoma.

Na tentativa de fornecer indicações do trabalho que o casal desenvolveu e de lançar luz sobre temas atuais relacionados ao modo como construímos nosso conhecimento, o Ocupação Itaú Cultural homenageia pela primeira vez dois importantes nomes da cultura e da educação brasileiras. A mostra apresenta no espaço expositivo vestígios – vídeos, fotos e documentos – que fizeram parte do processo de criação de uma nova perspectiva de ensino. A obra realizada por Maria e Herbert é em si intangível e se materializa no trabalho e na atuação de seus alunos.

Esta publicação revela um pouco da história de ambos, além de apresentá-los como casal – no que se refere à parceria intelectual e à afetiva. Na sequência, algumas cartas de alunos tornam mais palpável a relação que Maria e Herbert estabeleciam com aqueles que frequentavam suas aulas. Um artigo finaliza a edição e propõe um questionamento sobre a natureza do aprender e do ensinar.

O site do programa Ocupação aprofunda tais temas por meio de entrevistas, imagens e outros conteúdos inéditos. Acesse itaucultural.org.br/ocupacao.

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Maria e HerbertA seção traz um pequeno texto sobre a trajetória individual do casal e um álbum de fotos que contempla fragmentos da vida pessoal e profissional de ambos

Ensinos fundamentais A reportagem de Érica Teruel aborda o trabalho inovador desenvolvido por Maria e Herbert na área da educação

viagens, filmes e experiênciasa dança é para tudo e para todosmovimento, consciência e improvisação

Aos mestres Em forma de cartas, ex-alunos de Maria e de Herbert contam como era a relação com seus professores e por que eles foram essenciais em suas formações

maria mommensohn agnaldo farias lenira rengel paola prestes uxa xavier

Breve ensaio sobre inércia e movimento O texto de André Gravatá propõe reflexões profundas sobre a natureza do aprender e do ensinar

desinvenção da educação

Anexo índice de imagens ficha técnica da exposição

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Além de trazer uma pequena apresentação da trajetória individual dos homenageados, esta seção revela, por meio de um álbum de fotos, momentos importantes vividos por eles na companhia de amigos e parentes. Imagens de viagens e reprodução de estudos e de programas de aula contribuem para a compreensão da vida do casal. Todas as fotos aqui reunidas pertencem ao acervo da família e do Centro Cultural São Paulo (CCSP). Consulte legendas e créditos específicos no final desta publicação.

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Maria Duschenes | professora de dança, bailarina e coreógrafa

À época Maria Ranschburg – nasceu em 26 de agosto de 1922, em Budapeste, na Hungria. Quando criança, estudou em uma escola cuja metodologia se baseava nos estudos de Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) – que futuramente seria uma de suas maiores influências. Para ensinar música a seus alunos, o pedagogo austro-suíço realizou uma extensa pesquisa sobre a integração entre a melodia e a expressão corporal.

Desde cedo Maria pôde experimentar o movimento como algo que vinha de sua personalidade – de sua experimentação –, e não do exterior, em ações e formas preestabelecidas. Mas sua adolescência não deixou de ser pontuada pela formação clássica. Durante um ano, estudou balé com o coreógrafo húngaro Aurel von Millos (1906-1988).

Em setembro de 1937, Maria entrou para a Escola de Artes de Dartington Hall, no sul da Inglaterra, onde permaneceu até 1939 – ano em que a instituição foi fechada em razão dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Entre outros artistas que

Herbert Duschenes | professor de história da arte e arquiteto

Nasceu em 13 de dezembro de 1914, em Hamburgo, na Alemanha. Uma presença marcante em sua infância foi Rudolf Laban (1879-1958) – uma das conexões entre Herbert e sua futura esposa, Maria, aluna do pesquisador em Londres. O teórico da dança e do movimento era amigo de seus pais e frequentador de sua casa. Na década de 1930, Herbert cursou história da arte na Universidade de Hamburgo e arquitetura no Instituto Politécnico de Praga, na Tchecoslováquia, atual República Tcheca.

Em razão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e das perseguições nazistas, deixou seu país e chegou ao Brasil em 1940. Aqui se tornou sócio de uma empresa de engenharia e colaborou em escritórios de arquitetura. Dois anos depois, casou-se com Maria Ranschburg (1922-2014), que se tornou Maria Duschenes.

No final da década de 1950, o casal passou a fazer viagens constantes para o exterior. E essas jornadas permaneceram alimentando a vida pessoal e profissional de ambos. Herbert produziu centenas de filmes sobre os lugares visitados – um registro de exposições de arte e da arquitetura local.

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passaram pela escola estava o coreógrafo e teórico da dança e do movimento Rudolf Laban (1879-1958) – cujos estudos foram essenciais para o trabalho que Maria viria a desenvolver mais tarde.

Dona Maria – como ficou conhecida por seus alunos – chegou ao Brasil em 1940 e dois anos depois se casou com o arquiteto alemão Herbert Duschenes (1914-2003), que aportou no país no mesmo ano. Aos 22 anos, Maria contraiu poliomielite (paralisia infantil), fato que a fez buscar novas possibilidades de movimento, o que influenciou diretamente seu desenvolvimento técnico.

Na década de 1950, a bailarina e professora passou a dar aulas práticas e teóricas em sua casa, em São Paulo, além de ministrar cursos de formação. Os anos seguintes foram marcados por importantes coreografias, como as dos espetáculos O Sacro e o Profano: Muitas São as Faces do Homem (1965), Espetáculo Cinético (1972), Magitex (1978), Origens I (1990) e Origens II (1991).

Maria Duschenes faleceu em 2014, aos 92 anos, no Guarujá, em São Paulo.

Em 1967, ingressou como docente no Departamento de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), onde lecionou por cerca de 30 anos. Durante esse período, conhecer outras culturas passou a ser parte importante da profissão de professor. Ao longo de sua atividade docente, Herbert percorreu vários locais da Europa, da Ásia, da África e da América.

Na década de 1980, época da abertura da China ao Ocidente, Herbert registrou, por exemplo, imagens de exercícios de tai chi chuan, de atividades em uma escola de educação infantil e de cerimônias do budismo. Seu olhar também se direcionou para exposições de arte, como as bienais de Veneza e de São Paulo. Documentou ainda coleções de instituições como: Museu de Arte Moderna (MoMA), Whitney e Guggenheim, os três em Nova York.

Como professor, destacou-se por sua abordagem interdisciplinar, moderna para a época. Incentivava os alunos a estudar fotografia, música, religião, filosofia, dança e cinema. Foi pioneiro, também, ao propor a análise das imagens presentes em seus filmes, contextualizando diversos períodos históricos e artísticos.

Herbert Duschenes faleceu em 2003, aos 89 anos, em Curitiba, no Paraná.

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Ensinos fundamentais

Durante sua vida, Maria e Herbert Duschenes dedicaram-se à educação como exercício de amizade e autoconhecimento

por Érica Teruel

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No número 198 da Rua Valença, no Sumaré, em São Paulo, o movimento era constante. Por mais de 40 anos, de 1955 a 1999, uma casa ampla, de linhas geométricas e cores sóbrias, recebeu artistas visuais, bailarinos, arquitetos, professores, psicólogos – a maioria bem jovem, em busca de referências que pudessem contribuir na sua formação. Não era uma escola, um centro cultural, um museu. Era uma casa – sala, quartos, cozinha e jardim – em que Maria e Herbert Duschenes – ela húngara e ele alemão, ela bailarina e ele arquiteto – construíram um momento catalisador de cultura e educação na capital paulista.

A casa não era o único lugar de trabalho dos dois. Herbert trabalhava em escritórios de arquitetura e, em 1967, passou a dar aulas regulares na Faculdade Armando Alvares Penteado (Faap) e pontualmente em outras instituições, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Maria concentrava o trabalho na casa, mas deu palestras e cursos em universidades, conduziu um projeto educativo em bibliotecas infantojuvenis e levou suas coreografias a diversos espaços da cidade. Mas a residência, aberta às aulas, aos encontros e às festas, é símbolo da relação que o casal travou com a educação e com seus alunos.

“De uma generosidade imensa e de um carinho enorme por nós, jovens”, resume o curador e professor Agnaldo Farias sobre a atitude de Herbert, que recebia grupos de estudantes em sua casa e dava aulas, com dia e horário marcados, sem cobrar nada. “Ele estava interessado em transmitir conhecimento. Era alguém preocupado com a educação, especialmente no país em que ele tinha se radicado e onde havia pouca informação. Era um exercício de amizade, pura e simples.”

No andar inferior da casa, era Maria quem dava aulas, num estúdio aberto para um jardim com plantas tropicais e para uma ampla vista da região do Pacaembu. Ali aconteciam pesquisas de movimento, aulas práticas e teóricas e até algumas apresentações. Mas Maria pensava em dança, e em elementos que poderiam inspirar improvisações, o tempo todo. “Às vezes, a gente estava conversando sobre algum outro assunto e ela ficava aérea. Aí, de brincadeira, a gente

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dizia ‘dança’, e ela imediatamente voltava a prestar atenção no assunto”, conta o filho mais velho do casal, Ronaldo Duschenes.

Bailarina formada no Dartington Hall, na Inglaterra, Maria sonhava em criar coreografias e delas participar. Mas, aos 22 anos, uma doença a obrigou a mudar seus projetos profissionais. Diagnosticada com poliomielite, ela teve de lidar com sérias sequelas nas pernas e nos pés e encarar um árduo tratamento para que pudesse voltar a andar. Depois da recuperação, a reação de Maria foi dedicar seu tempo ao ensino da dança como autoconhecimento e liberdade. Herbert comentou em suas anotações pessoais essa mudança: “Agora ela entendia melhor os problemas da movimentação do corpo. Uma reviravolta que ela conseguiu com brilho e garra admirável”.

viagens, filmes e experiências “Não era uma aula, era um espetáculo, umhappening”, descreve o arquiteto Jaime Gelcer sobre as aulas de Herbert. Tanto em casa como nas aulas de graduação na Faap, ou ainda em cursos livres, a estrutura dos encontros era semelhante: Herbert exibia os filmes que ele mesmo produzia e editava em 8 mm ou super-8, acompanhados de músicas escolhidas especificamente para cada aula, com comentários seus ao longo da apresentação – que, em algumas ocasiões, era seguida de uma conversa.

“Ele criava condições muito prazerosas para a gente aprender: a música, os filmes, a voz grave e a calma dele. Era uma aula de sensações”, opina o curador Ricardo Resende, que teve aulas com Herbert nos anos 1980. A documentarista Paola Prestes, que também foi aluna dele e prepara um documentário sobre o casal Duschenes, concorda: “Ele fazia você, aluno, se sentir parte daquilo. Era genial”.

O formato de aula que tanto agradou e marcou os alunos começou antes de chegar às salas da Faap. Quando Ronaldo nasceu, no fim de 1943, Herbert comprou uma câmera super-8, com a qual passou a registrar não apenas os momentos em família, mas também as coreografias criadas por Maria e, principalmente, as viagens que fazia – a primeira para Minas Gerais e Bahia, e depois para o exterior, em suas idas anuais para a América do

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Norte, a Europa e algumas vezes a Ásia. Nos filmes, o arquiteto descobriu uma nova paixão ou, em suas palavras, uma nova vida. “Uma euforia de ter juntado mais olhos, mais braços e mais palavras-reportagens”, escreveu certa vez.

Os filmes eram, então, exibidos na residência de Herbert e Maria, para amigos. “Mas, cada vez que ele voltava de viagem, a casa ficava lotada de gente querendo assistir. Uma hora ficou inviável”, conta a filha do casal, Silvia Nader. Em 1967, Roberto Pinto de Souza, criador da Faap, o convidou para dar aulas na instituição. Além de mais um estímulo ao seu novo ofício, o convite vinha ao encontro de um desejo que Herbert já cultivava. Segundo suas memórias, ele manifestou essa vontade para Maria quando a pediu em casamento e ela lhe perguntou qual era seu ideal de profissão. “Eu respondi que gostaria de lecionar, como professor de uma universidade, ao alcance dos estudantes.”

Quando teve oportunidade, Herbert pediu para dar aulas ao 1o ano do curso de graduação. “Ele achava que os alunos de 1o semestre vinham suficientemente crus e ainda tinham sua criatividade plena”, conta o filho, Ronaldo.

Ele se reconhecia e se comportava como repórter e cineasta, pensando enquadramentos, buscando informações e até burlando regras para obter imagens. Agnaldo Farias lembra que Herbert chegou a entrar sem permissão na casa de Salvador Dalí para filmar o local. “Tenho certeza de que tudo isso ele fazia por nós, pelos jovens brasileiros, para cuja educação ele queria contribuir.”

Com um olhar curioso e original, Herbert oferecia aos estudantes um conteúdo inusitado, fresco, destacando tanto o que havia de mais inovador em arte e arquitetura contemporâneas – em visitas à Bienal de Veneza e à Documenta de Kassel, entre outros eventos – quanto as heranças e os costumes de sociedades tradicionais. Visitas à Indonésia e ao Camboja, por exemplo, trouxeram imagens e ideias até então praticamente desconhecidas dos brasileiros. O pareamento entre esses tipos de conteúdo – o mais moderno da cultura ocidental e as manifestações populares – revelava um pensamento vanguardista e sofisticado para a

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época. “Era a arte no cotidiano das pessoas, sem distinção de alta ou baixa cultura. O Duschenes me ensinou a pensar no conhecimento, a pensar no todo”, resume Paola.

São cerca de 300 filmes, divididos por temas, que englobam diversos aspectos da cultura, como dança – as gravações também eram exibidas para os alunos de Maria – e tecnologia – como uma viagem no avião supersônico Concorde, em que Herbert registrou tudo, do espaço claustrofóbico da cabine até as taças em que eram servidas as bebidas.

A relação entre as obras de arte e o entorno aparecia em enquadramentos e tempos de filmagem elaborados, que incluíam a reação dos transeuntes, pessoas tirando fotos, crianças brincando com as obras. “Diferente dos slides, os filmes tinham movimento. Portanto, a relação com o espaço estava sempre dada”, conta o curador Agnaldo Farias, para quem esse tipo de compreensão foi fundamental. “Herbert tinha um olhar, além de esteta, antropológico.”

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a dança É para tudo e para todos Para compreender o trabalho de Maria Duschenes e a importância de suas iniciativas no Brasil, é preciso conhecer o também húngaro Rudolf Laban (1879-1958), teórico do movimento que mudou a dança do século XX. Para Laban, cada indivíduo tem um repertório de movimentos que revela sua relação com o meio. A consciência e a adequada exploração desse conjunto de gestos provocam autoconhecimento e melhora nas relações interpessoais e na produtividade. A partir desses conceitos, ele desenvolveu um sistema de notação e análise do movimento, aplicado não apenas à dança e ao teatro, mas também à pedagogia, à psicoterapia e à antropologia.

“Essas manifestações espontâneas do movimento são muito importantes para o ser humano, porque ele consegue realmente viver todas as aspirações, todos os sonhos, todas as vontades, todas as ideias mais oníricas da personalidade”, resume Maria em entrevista no documentário Maria Duschenes – o Espaço do Movimento (2006), de Inês Bogéa e Sergio Roizenblit.

Na Inglaterra, onde Laban foi morar nos anos 1930, fugindo do nazismo, seu trabalho fez com que a dança se tornasse parte do currículo escolar. As ideias do húngaro, que propunham uma interpretação do mundo a partir do movimento, foram essenciais para Maria, que já reconhecia na expressão corporal a forma mais genuína de se relacionar com seu entorno. “Minha mãe não falava. Ela dançava”, afirma Silvia Nader. Seu irmão, Ronaldo, corrobora: “Ela via movimento em tudo. Conhecia o mundo e as pessoas pelo movimento”.

Quando Maria chegou ao Brasil, em 1940, as ideias de Laban ainda eram quase desconhecidas por aqui. Havia alguns nomes que propunham outros modelos, como Yanka Rudzka (1916-2008) e Chinita Ullman (1904-1977), mas no ensino de dança predominava o balé clássico, com posições e gestos predefinidos, repetidos incontáveis vezes, sob uma atitude bastante diretiva do professor. Como Maria acreditava que essas condições poderiam tolher os movimentos naturais das crianças, difundir as teorias do húngaro passou, então, a ser o ponto de partida para o desenvolvimento do seu trabalho.

“Para Laban, a dança não era o espetáculo para o público. A dança é para todos e para tudo”, explica Maria em entrevista que pode ser vista no documentário Mar e Moto (2003), de Maria Mommensohn.

A bailarina não apenas aplicou as teorias de Laban no Brasil, mas também as adaptou, como conta em sua tese de doutorado apresentada na Universidade de Londres, intitulada “A Expansão do Método Laban para as Circunstâncias Especiais de um País Tropical” [tradução livre]. Já no primeiro trabalho realizado aqui, uma coreografia com crianças do Colégio Mackenzie, ela percebeu como a relação do brasileiro com seu corpo era diferente da dos europeus. Tanto crianças como adultos tinham muita facilidade em dançar, com um amplo repertório de movimentos, em geral flexíveis, fluidos, em sequências curtas, atentos ao ritmo e com equilíbrio.

A busca por entender as origens da cultura e do movimento brasileiros foi essencial para a aplicação do método. Histórias e costumes indígenas, lendas fantásticas e

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elementos da cultura negra eram usados como gatilho para despertar a vontade e a criatividade dos alunos. “Nunca teríamos obtido sucesso se começássemos aplicando ideias preconcebidas, deixando de observar e explorar os ricos recursos naturais à disposição, que podem nos dizer algo nunca antes ouvido sobre as raízes da dança” [tradução livre], afirma Maria no encerramento da tese.

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movimento, consciência e improvisação Dona Maria, como era chamada pelos alunos, tinha várias turmas: algumas dedicadas ao improviso, até mesmo com fins psicoterapêuticos; outras de formação, que incluíam leituras e discussões teóricas; e as voltadas para professores.

As aulas práticas começavam com um aquecimento dirigido. “Era o pêndulo, a batucada, a flor, o plié. Às vezes, íamos para a barra. Tudo de pé descalço”, conta a atriz Juliana Carneiro da Cunha, que iniciou suas aulas na casa da Rua Valença ainda criança, em 1956. Após o aquecimento, Maria trazia algum tipo de estímulo para a improvisação: uma imagem, um objeto, um som. “As músicas eram muito especiais, não eram por acaso. Se ela colocava uma música, era porque sabia que isso ia levar a gente a algum lugar”, recorda a educadora e fonoaudióloga Renata Macedo Soares.

“Ela ficava sempre sentada num cantinho. Não podia dançar, mas dançava com a gente, de outra forma, acompanhando nossos gestos”, conta Marta Teresa Labriola, outra aluna. Mesmo sem poder demonstrar alguns movimentos, Maria conseguia transmitir para os alunos provocações e pedidos, fazendo com que cada um desenvolvesse sua imaginação e sua criatividade. O olhar atento dela ficava mais evidente no fim do improviso, quando comentava detalhadamente os movimentos de cada um, fazendo elogios e apontando as possibilidades de aprimoramento.

“A dona Maria tinha o dom de fazer com que a gente se sentisse a pessoa mais talentosa da Terra!”, lembra Juliana. Cilô Lacava, uma das pessoas que mais tempo dançaram com Maria, complementa: “Além de tudo, a gente tinha o privilégio de ter a dona Maria como público. Então, não faltava nada”.

A experimentação e a liberdade eram as condições-base das aulas de Maria, qualquer que fosse a turma – adultos ou crianças, bailarinos ou leigos. “Com ela eu aprendi a ir ‘a favor’ do corpo, do ritmo da pessoa e do grupo”, conta a professora Lenira Rengel. “Se os alunos estão fazendo bagunça, eu faço também. Se a pessoa traz muitos elementos do balé clássico, eu exploro isso.”

Renata, que trabalhou com Maria no projeto desenvolvido nas bibliotecas municipais, dá outro exemplo. “Um dia eu cheguei para ela, para reclamar

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que as crianças só queriam dançar Michael Jackson. Eu estava esperando que ela concordasse comigo, lamentasse.” Mas a reação de Maria foi oposta: “Ela disse: ‘Nossa, Renata, que bom!’. Ela tinha muitas respostas assim; era desconcertante”. Lenira explica que esse tipo de posicionamento era extremamente racional. “Ela não fazia isso porque ‘era legal’. Aquilo funcionava. Era conhecimento de trabalho de corpo, que ela tinha muito.”

Ao longo dos anos, Maria criou algumas coreografias e espetáculos, como Paixão e Ressurreição de Cristo (1960), Espetáculo Cinético I e II (1971-1973) e Magitex (1978). Nesses trabalhos, era forte a participação de Herbert na criação dos cenários e da iluminação, nas soluções para o espaço. A bailarina e documentarista Inês Bogéa conta que as criações de Maria traziam aspectos inovadores para a época, como elementos multimídia e objetos diversos. “Havia essa questão de pensar numa dança que relacionava as várias artes, que era a tônica do momento deles, dela e do Herbert.”

No final dos anos 1970, Maria passou a se dedicar ainda mais ao ensino da dança educativa, que ela queria levar para diferentes grupos e classes sociais. Uma das experiências nesse sentido aconteceu em 1979, quando ela desenvolveu uma dança coral para o Centenário de Laban, no Parque Ibirapuera, com crianças do Jardim Miriam, bairro da zona sul de São Paulo. As danças corais são uma criação labaniana em que coreografias simples são executadas por um grande número de pessoas, com ou sem conhecimento em dança, numa experiência artística e coletiva.

Em 1983, Maria coordenou um projeto piloto em algumas bibliotecas da cidade. “Era um projeto que ela queria muito fazer – essa ideia de a dança não estar limitada ao espaço de dança, mas sim que pudesse estar próxima às pessoas”, lembra Renata, uma das educadoras envolvidas na iniciativa. A partir da experiência, elas apresentaram um projeto à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, à época chefiada por Gianfrancesco Guarnieri. Dança/Arte do Movimento nas Bibliotecas Infantojuvenis teve dez anos de duração, até 1994.

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Na virada da década de 1990, Maria conseguiu reunir um grande número de pessoas, entre seus alunos, funcionários de vários escalões da prefeitura e crianças das bibliotecas, para montar três danças corais: O Navio da Noite (1989, no Centro Cultural São Paulo), Origens I (1990, no Teatro Municipal) e Origens II (1991, no Parque Ibirapuera). Na apresentação de Origens I, Maria resume o trabalho nas bibliotecas e a missão a que se dedicou durante o seu tempo no Brasil: “Procurando a todo instante penetrar no universo adormecido de cada um, despertando seus potenciais de criatividade e expressão e trazendo à vida o desejo de autoconhecimento e comunicação com o próximo”.

Érica teruel é jornalista e educadora. Desde 2012 dá aulas e cria metodologias para o público jovem, utilizando o jornalismo e o audiovisual como ferramentas para estimular a percepção crítica, a autonomia e a criatividade dos estudantes. Atuou como coordenadora pedagógica na Énois | Inteligência Jovem e ministrou oficinas em ONGs como Casa do Zezinho (SP) e Fundação Casa Grande (CE) e em viagens do Coletivo Ônibus Hacker.

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Todos os frames reproduzidos entre as páginas 50 e 59 pertencem a filmes gravados em super-8 por Herbert Duschenes em suas viagens pelo mundo. Saiba de que lugares eles são no final desta edição.

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Os Duschenes elaboraram formas de trabalhar inovadoras e abordaram temas candentes, como a democratização da arte, a interdisciplinaridade e a importância do coletivo. Cultivavam, sobretudo, a vontade de contribuir para o desenvolvimento da arte e da educação no Brasil.

A lista de alunos de Herbert e Maria prova o sucesso da empreitada a que eles se propuseram. Além de nomes importantes das artes visuais, da arquitetura, da dança e do teatro, muitos de seus alunos são professores e sentem esperança e orgulho em levar adiante o que aprenderam com o casal.

Cartas, postais e pequenos bilhetes – de alunos, da família e de amigos – são detalhes preciosos e constantes nos documentos pessoais deixados pelos professores. Com o objetivo de recuperar poeticamente esse costume, convidamos alguns dos alunos, tanto de Maria quanto de Herbert, para escreverem cartas a seus mestres. Sem tema ou direcionamento, cada um deles foi instigado a colocar em palavras lembranças e emoções que pudessem descrever em parte a relação que tinha com seu professor.

Para Maria Duschenes escreveram Maria Mommensohn, Lenira Rengel e Uxa Xavier. Aos cuidados de Herbert estão textos de Paola Prestes e Agnaldo Farias.

Aos mestres

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Maria Mommensohn, que já fazia parte do grupo experimental dos atores Mario Piacentini (1944) e Luiz Roberto Galizia (1954-1985), passou a participar, no final da década de 1960, das aulas de dona Maria. Desde então integrou coreografias e grupos de formação e improvisação criados pela professora e coreógrafa.

É formada em pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP) e mestre em artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Até 1999, foi criadora dos Encontros Laban, que reuniam profissionais da dança e ex-alunos de dona Maria. Ao lado de Sergio Roizenblit dirigiu o documentário Mar e Moto (2003), sobre o casal Duschenes. Atualmente cria com o bailarino e pesquisador Henrique Schuller uma instalação fundamentada na harmonia espacial de Laban, a ser realizada em 2016 no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP).

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Herbert Duschenes não se dedicava a seus alunos apenas durante a semana – aos domingos recebia em sua residência uma turma de jovens. Na época estudante de arquitetura na Universidade Braz Cubas (Mogi das Cruzes/SP), Agnaldo Farias conheceu o professor em 1976 e, nos três anos seguintes, foi frequentador assíduo da casa dos Duschenes.

É professor-doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), crítico de arte e curador. Realizou trabalhos para instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), o Itaú Cultural e a Fundação Bienal de São Paulo.

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Lenira Rengel conheceu dona Maria em 1977, aos 20 anos, e continuou tendo aulas com ela durante os 22 anos seguintes. Nesse período, além de frequentar os vários tipos de aula que Maria conduzia e de dedicar-se ao aprendizado de técnicas de dança moderna e de Laban, Lenira participou profissionalmente da performance Magitex (1978).

É formada em direção teatral pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), mestre em artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Atualmente é professora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde é também coordenadora de pós-graduação.

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Paola Prestes é formada em artes plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), onde, em 1985, foi aluna de Herbert Duschenes. Atualmente é doutoranda pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde desenvolve pesquisa sobre os filmes de seu ex-professor. Dirige a produtora independente Serena Filmes e é professora convidada na pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 2015 lançou o documentário Massao Ohno – Poesia Presente.

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Quando criança, em 1969, Uxa Xavier acompanhava sua mãe nas aulas com Maria Duschenes. Depois de alguns anos – mais velha e decidida a transformar a dança em profissão – procurou dona Maria para se aprofundar no tema da dança para crianças. Em 1990, Uxa fez parte da equipe de artistas e educadores do espetáculo Origens I, dança coral realizada com 150 pessoas no Teatro Municipal de São Paulo. É especialista no método Laban pela Universidade de São Paulo (USP).

Atualmente, dirige o Lagartixa na Janela, grupo que desenvolve pesquisas sobre dança em espaços públicos e sobre a pedagogia em dança contemporânea para crianças. É professora convidada no curso de arte e educação na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

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103Breve ensaio sobre inércia e movimento por André Gravatá

O texto propõe uma reflexão sobre o atual sistema de ensino e seu impacto na formação de cada aluno

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Imaginemos a escola mais próxima da sua casa em horário de aula. Você entra lá de repente e observa todas as salas, o pátio, a quadra etc. Como os corpos estão dispostos pelo espaço? Grande parte dos alunos repete a mesma posição. Imita uma coreografia em que os movimentos não vêm de dentro para fora, mas, sim, são exigidos de fora para dentro. A escola conhecida pela maioria de nós é uma instituição autorizada a desempenhar um trabalho sem fim de contenção do movimento e, por consequência, gera pessoas fracas em autonomia e criatividade.

Entremos na escola com uma câmera e a deixemos ligada em sala durante uma aula inteira. Agora, venha assistir às filmagens. Por favor, dê um zoom nos alunos. Vemos o quê? Jovens sentados. Outros em pé, ouvindo dos professores o imperativo para voltarem a se sentar. Uns olham o celular. Outros se levantam mesmo depois de ouvir pela segunda ou pela terceira vez que deveriam se sentar. O corpo movediço, preguiçoso. Há quem não pare de mexer a perna. A impressão é que aguardam. Olham para o horizonte à frente e esperam. Em média, são cerca de cinco horas por dia no aguardo de informações para acumular e avaliações para responder. Esperam sobretudo a hora de ir embora. Entre uma espera e outra, fazem intervenções de natureza breve. Da criança ao adolescente, gradualmente aumenta o foco em uma educação da cabeça. O corpo é visto como mero veículo responsável por transportar a cabeça de um lugar para outro.

O sistema de ensino amplamente conhecido é par fiel dos sedentários, da expressão frouxa. Ouso dizer, aliás, que no futuro a cadeira será percebida como o principal símbolo do modelo educacional que alcançou nossa época. (Em um dia qualquer do porvir, quem sabe, alguém curioso entrará num museu para descobrir como era uma escola no passado e encontrará uma cadeira e um aluno curvado bem no centro do espaço.)

Mas a cadeira por si só não é o elemento desarticulador. O dilema é a função limitada que a cadeira assume na escola – um objeto que se presta a confinar corpos e homogeneizar movimentos. Eis a educação pela inércia. Como contraponto, quem questiona o modelo de ensino dos corpos curvados aponta outras direções.

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“Não se pode montar nas costas de uma pessoa se

ela não estiver curvada.”Martin Luther King

(1929-1968)

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desinvenção da educação No final do ano de 2015, cadeiras de muitas escolaspúblicas em São Paulo foram às ruas, usadas para bloquear avenidas durante manifestações contra um projeto de reorganização do sistema de ensino público do estado – que causou comoção ao propor, entre outras coisas, o fechamento de mais de 90 escolas.

Mais de 200 escolas paulistas foram ocupadas por alunos, que nelas se instalaram dia e noite, dedicando seu tempo a assembleias, oficinas, mutirões para preparar comida, cuidar da limpeza e reformar as instituições. No início das mobilizações, alunos da Escola Estadual Antonio Viana de Souza, em Guarulhos, compartilharam um videoclipe em que estudantes aparecem numa sala de aula lotada. Cantam a música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, com trechos inventados por eles. Comportam-se como se estivessem em aula: corpos inertes nas cadeiras, cabeças para a frente e olhos vendados. A certa altura do vídeo, uma das alunas tira a venda e grita uma famosa e já exaustivamente repetida frase do músico Geraldo Vandré (1935), que, no contexto das ocupações, ganha nova força: “[…] esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Em seguida, os alunos levantam, cantam mais um pouco e dançam até o fim do vídeo.

Atenção para uma frase resgatada pelos alunos: “esperar não é saber”. Há a espera sábia, de quem compreende o momento de agir e recuar, mas aqui estamos nos referindo a uma espera sem alma. Quando os estudantes se negam a continuar esperando, levantam-se e dançam. A educação pautada no movimento é aquela que encoraja o protagonismo. Aquela capaz de encontrar novas funções até para a cadeira – uma educação que “desinventa objetos”, para usar uma expressão do poeta mato-grossense Manoel de Barros (1916-2014). Desinventar, no imaginário de Barros, é dar novos sentidos.

Mais e mais educadores e educandos vêm atingindo um limite no incômodo com práticas de ensino que priorizam atulhar o pensamento de conteúdos em detrimento de uma educação de corpo inteiro, de exploração dos territórios onde vivem.

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Como resposta a tamanho incômodo, emergem propostas que resgatam o movimento do processo educativo, como o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), no interior de Minas Gerais, onde crianças aprimoram a escrita e a leitura ao preparar biscoitos em forma de letras. O Projeto Âncora, em São Paulo, desenvolve uma escola na qual os alunos realizam pesquisas cujos temas partem de interesses próprios. No bairro-escola Rio Vermelho, na Bahia, propõe-se uma educação que aproxime escolas e seu entorno. Quando o casal Maria e Herbert Duschenes abria a residência para receber alunos, por exemplo, esse simples ato afirmava a opção pelo movimento sensível como raiz de seus processos pedagógicos – quão encantador não é para um aluno visitar seus mestres em casa?

Se insistimos na educação do corpo que se curva, continuamos reduzindo as pessoas às suas cabeças, enclausurando-as em cadeiras que nunca respiraram ar puro. Se optamos pelo movimento, negamos a postura da inexpressiva espera, ganhamos fôlego e nos levantamos para dançar.

andrÉ gravatá é coautor do livro Volta ao Mundo em 13 Escolas e cofundador da Virada Educação. Apaixonado por educação e poesia, hoje desenvolve uma pesquisa intitulada A Vida nas Cidades Educadoras e escreve no canal on-line jornal das miudezas.

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p. 01Herbert e Maria Duschenes. Paris (1960)acervo Centro Cultural São Paulo

p. 14 e 15 p. 14: Maria Duschenesacervo família DuschenesCitação retirada do texto “O papel da dança moderna expressiva na vida atual”, de Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 15: Herbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 10 e 11 p. 10: Maria Duschenesp. 11: Herbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 16 e 17 p. 16: Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 17: Herbert Duschenesacervo família Duschenesao fundo, trecho do currículo de Herbertacervo Centro Cultural São Paulo

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p. 18 e 19 ao fundo, Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 18: citação retirada do texto “Opapel da dança moderna expressiva navida atual”, de Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 19: Maria Duschenes (três fotos)acervo família Duschenes

p. 22 e 23 p. 22: Herbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 23: Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Pauloao fundo, carta em alemão enviada porHerbert, em 12 de outubro de 1963, a Mariaacervo família Duschenes

p. 20 e 21 p. 20: Herbert Duschenesacervos família Duschenes e CentroCultural São Paulo, respectivamenteao fundo, página de plano de aula de Herbert Duschenes sobre Romaacervo Centro Cultural São Paulop. 21: Herbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 24 e 25 p. 24: Maria Duschenesacervo família Duschenesp. 25: Herbert e Maria Duschenes noGuarujáacervo Centro Cultural São Paulo

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p. 26 e 27 p. 26: Herbert Duschenesacervo família Duschenesp. 27: Maria Duschenesacervo família Duschenesao fundo, trecho de texto de MariaDuschenes para programa de aula comcoreografias de Ruth Mehler, YolandaAmadei, Norma Ribeiro e Cecília Rovneracervo Centro Cultural São Paulo

p. 30 e 31 p. 30: da esquerda para a direita,Herbert, Maria e SilviaDuschenes, filha do casal, no Guarujá e, na sequência, Maria, Herbert e RonaldoDuschenes, filho do casal, na Represa Billingsacervo família Duschenesp. 31: Ronaldo Duschenes. Campos do Jordão (1949)acervo família Duschenes

p. 28 e 29 Família Duschenes reunida. No canto direito, Herbert e Maria; à esquerda, Ronaldo, filho do casal. Canadá (1951)acervo família Duschenes

p. 32 e 33 p. 32: Herbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 33: Maria Duschenesacervo família Duschenes

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p. 34 e 35Maria Duschenesacervo família Duschenesao fundo, documento escrito por CássiaNavas, em 1984, sobre a inclusão da dançaeducativa no currículo escolaracervo Centro Cultural São Paulo

p. 38 e 39 p. 38: Herbert Duschenesacervo família Duschenesp. 39: plano de aula de Herbert Duschenes sobre Romaacervo Centro Cultural São Paulo

p. 36 e 37 p. 36: Maria Duschenesacervo família Duschenesp. 37: diagrama com a organização do espetáculo Dança Coral Origens II, apresentado na XXI Bienal de São Paulo, em 20 de outubro de 1991. Manuscrito de Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 40 e 41 ao fundo, fragmento de plano de aula deHerbert Duschenesacervo Centro Cultural São Paulop. 41: Herbert Duschenesacervo família Duschenes

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p. 42 e 43 Frames de filme registrado em super-8 por Herbert Duschenes. Na imagem, Maria Duschenesacervo família Duschenes

p. 50 e 51Frame de filme registrado em super-8 por Herbert Duschenes. Na imagem, vista de Nova Yorkacervo Centro Cultural São Paulo

p. 44 e 45 Bailarina Anna Mariani | foto: HerbertDuschenesacervo família Duschenesao fundo, documento de criações coreográficas de Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 52 e 53 p. 53: frames de filmes registradosem super-8 por Herbert Duschenes. Asimagens foram realizadas na França e naChinaacervo Centro Cultural São Paulo

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a dança é para tudo e para todos Para compreender o trabalho de Maria Duschenes e a importância de suas iniciativas no Brasil, é preciso conhecer o também húngaro Rudolf Laban (1879-1958), o teórico do movimento que mudou a dança do século XX. Para Laban, cada indivíduo tem um repertório de movimentos que revela sua relação com o meio. A consciência e a adequada exploração desse conjunto de gestos provoca autoconhecimento, melhora nas relações interpessoais e na produtividade. A partir desses conceitos, ele desenvolveu um sistema de notação e análise do movimento, aplicado não apenas na dança e no teatro, mas na pedagogia, na psicoterapia e na antropologia.

“Essas manifestações espontâneas do movimento são muito importantes para o ser humano, porque ele consegue realmente viver todas as aspirações, todos os sonhos, todas as vontades, todas as ideias mais oníricas da personalidade”, resume Maria, em entrevista que pode ser vista no documentário Maria Duschenes – o Espaço do Movimento (2006), de Inês Bogéa e Sergio Roizenblit.

Na Inglaterra, onde Laban foi morar nos anos 1930, fugindo do nazismo, seu trabalho fez com que a dança se tornasse parte do currículo escolar. As ideias do húngaro, que propunham uma interpretação do mundo a partir do movimento, foram essenciais para Maria, que já reconhecia na expressão corporal a forma mais genuína de se relacionar com seu entorno. “Minha mãe não falava. Ela dançava”, afirma Silva Nader. Seu irmão, Ronaldo, corrobora: “Ela via movimento em tudo. Conhecia o mundo e as pessoas pelo movimento”.

Quando Maria chegou ao Brasil, em 1940, as ideias de Laban ainda eram quase desconhecidas por aqui. Havia alguns nomes que propunham outros modelos, como Yanka Rudzka (1916-2008) e Chinita Ullman (1904-1977), mas no ensino de dança predominava o balé clássico, com posições e gestos predefinidos, repetidos incontáveis vezes, sob uma atitude bastante diretiva do professor. Como Maria acreditava que essas condições poderiam tolher os movimentos naturais das crianças, difundir as teorias do húngaro passou, então, a ser ponto de partida para o desenvolvimento do seu trabalho.

“Para Laban, a dança não era o espetáculo para o público. A dança é para todos e para tudo”, explica Maria, em entrevista que pode ser vista no documentário Mar e Moto (2003), de Maria Mommensohn.

Maria não apenas aplicou as teorias de Laban no Brasil, mas as adaptou, como conta em sua tese de doutorado apresentada na London University, intitulada “The expansion of the Laban Method for the special circumstances of a tropical country”.Já no primeiro trabalho realizado aqui, uma coreografia com crianças do Colégio Mackenzie, ela percebeu como a relação do brasileiro com seu corpo era diferente da dos europeus. Tanto crianças como adultos tinham muita facilidade em dançar, com um amplo repertório de movimentos, em geral flexíveis, fluidos, em sequências curtas, atentos ao ritmo e com equilíbrio.

A busca por entender as origens da cultura e do movimento brasileiros foi essencial para a aplicação do método. Histórias e costumes indígenas, lendas fantásticas e elementos da cultura negra eram

usados como gatilho para despertar a vontade e a criatividade dos alunos. “We would never succeed if we started with laying down and apply preconceived ideas, neglecting to observe and explore first the rich natural resources at our disposition, which can tell us something never heard before about the roots of dance”, afirma Maria no encerramento da tese.

p. 54 e 55Frames de filmes registrados em super-8por Herbert Duschenes. As imagens são de Veneza (p. 54) e do interior do avião Concorde (ao fundo)

p. 58 e 59Frame de filme registrado em super-8 por Herbert Duschenes. Na imagem, Maria Duschenesacervo família Duschenes

p. 56 e 57 Frames de filmes registrados em super-8por Herbert Duschenes. As imagens são de Veneza (p. 56), do interior do avião Concorde (p. 57) e da arquitetura chinesa (p. 57)acervo Centro Cultural São Paulo

p. 60 e 61 p. 61: reprodução de página do livroTen Dances in Labanotation, de NadiaChilkovsky (Presser, 1955)

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p. 62 e 63 Exercício de exploração de movimento com o uso de barbante proposto por Maria Duschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 66 e 67 p. 67: imagens do espetáculo Magitex (1978), que contava com coreografia de Maria Duschenes e participação de bailarinos como Denilto Gomes, Juliana Carneiro da Cunha e J. C. Viollaacervo Centro Cultural São Paulo

p. 64 e 65p. 64: exercício de exploração de movimentocom o uso de barbante proposto por MariaDuschenesacervo Centro Cultural São Paulo

p. 68 e 69Experimento de movimento labanianoacervo Centro Cultural São Paulo

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Todas as imagens não creditadas na lista acima são de autores desconhecidos. O Itaú Cultural realizou todos os esforços para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/obras fotográficas aqui publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos o contato pelo e-mail [email protected].

p. 70 e 71 p. 71: experimento de movimento labanianoacervo Centro Cultural São Paulo

p. 76 e 77 Montagem realizada por Herbert Duschenes para registro fotográfico | foto: Herbert Duschenesacervo família Duschenes

p. 72 e 73 Bailarina Anna Mariani | foto: Herbert Duschenesacervo família Duschenes

p. 98 e 99Montagem realizada por Herbert Duschenes para registro fotográfico | foto: Herbert Duschenesacervo família Duschenes

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concepção e realização Itaú Cultural curadoria Daniel Duschenes, Ronaldo Duschenes e Itaú Cultural

pesquisa Maria Antonia Couto, Nirvana Marinho ePaola Prestes

projeto expográfico Antônio Gama [terceirizado], Érica Pedrosa e Henrique Idoeta Soares

itaú cultural presidente Milú Villela

diretor-superintendente Eduardo Saron superintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki

núcleo de artes cênicas gerência Galiana Brasil

produção-executiva Bebel de Barros

núcleo de educação e relacionamento gerência Valéria Toloi

coordenação de projetos especiais Tayná Menezes produção-executiva Tiago Ferraz

coordenação de atendimento educativo Tatiana Pradoequipe Amanda Freitas, Caroline Faro, Danilo Fox, Thays Heleno, Victor Soriano e Vinicius Magnun

estagiários Alan Ximendes, Bianca Ferreira, Breno Gomes, Camille Andrea de Carvalho, Daiana Terra, Edson Bismark, Giovani Monaco, Giovanna Nardini, Graziele de Almeida, Kleithon Barros, Leandro Lima, Lidiany Shuede, Lennin de Almeida, Letícia Sato, Lucas Albuquerque, Lucas Balioes, Marcus Ecclissi, Maria Luiza Kazi, Marina Moço, Mayra Rocha, Paloma Rodrigues, Pamela Mezadi, Rafael Freire, Renan Ortega, Renata Sterchele, Samara Pavlova Fantin, Sara Barbosa, Sidnei Santos, Silas de Almeida, Thomas Angelo, Vitor Rosa e William Miranda

coordenação de programas de formação Samara Ferreira educadores Carla Léllis, Claudia Malaco, Edinho Santos, Josiane Cavalcanti, Luisa Saavedra, Lucas Takahaschi, Malu Ramirez, Raphael Giannini e Thiago Borazanian

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núcleo de produção de eventosgerência Henrique Idoeta Soares

coordenação Edvaldo Inácio Silva e Vinícius Ramos produção Antônio Gama (terceirizado), Carmen Fajardo, Daniel Suares (terceirizado), Érica Pedrosa, Fábio Marotta, Fernanda Carnauba (terceirizada), Maria Zelada (terceirizada) e Wanderley Bispo

núcleo de comunicação e relacionamento gerência Ana de Fátima Sousa

coordenação de conteúdo Carlos Costa produção e edição de conteúdo Maria Clara Matos

supervisão de revisão Polyana Lima tradução Hedda Malina, John Norman e Tatiana Diniz (terceirizados)

revisão de texto Ciça Corrêa e Rachel Reis (terceirizadas)edição do site Amanda Rigamonti e Maria Clara Matos

redes sociais Renato Corch produção editorial Raphaella Rodrigues

coordenação de design Jader Rosacomunicação visual Yoshiharu Arakaki

edição de fotografia André Seiti eventos e comunicação estratégica Melissa Contessoto e Simoni Barbiellini

centro de memória itaú culturalgerência Fernando Araújo Junior

coordenação Eneida Labakidigitalização de fotos e documentos Laerte Fernandes

agradecimentosAcácio Valim, Agnaldo Farias, Cássia Navas, Centro Cultural São Paulo (CCSP), Cilô Lacava, Cristina Espirito Santo, Daraina Pregnolatto, Diário do Paraná, Dinho Nascimento, Janice Vieira, JC Violla, Juliana Carneiro da Cunha, Lenira Rengel, Maria Mommensohn, Martin Grossmann, Paola Prestes, Renata Macedo Soares, Silvia Nader e Uxa Xavier

Agradecemos a todos que cederam seu direito de imagem para esta exposição.

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Esta publicação utiliza a fonte Sentinel sobre os papéis Pólen 90 g/m2 (miolo) e Craft Ouro 80 g/m2 empastado em Alta Alvura 300 g/m2 (capa). Impressão cinco cores com pantone 8562 metalizado (miolo) e hot stamping (capa). Três mil unidades foram impressas pela Ipsis Gráfica e Editora, em São Paulo, em abril de 2016.

Centro de Memória, Documentação e Referência Itaú Cultural | Itaú Cultural

Ocupação Maria e Herbert Duschenes / organização Itaú Cultural. - São Paulo: Itaú Cultural, 2016. 115 p. : il.

ISBN 978-85-7979-083-6

1. Duschenes, Maria . 2. Duschenes, Herbert. 3. Dança. 4. Arquitetura. 5. Formação (Educação). 6. Exposição de arte – catálogo I. Instituto Itaú Cultural.II. Título.

CDD 792.62

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Ocupação Maria e Herbert Duschenes27 de abril a 12 de junho de 2016terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]sábado, domingo e feriado 11h às 20hpiso térreo

#ocupacao #duschenes

itaucultural.org.br [email protected] fone 11 2168 1777avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô]Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoasAuto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 121335 – Vencimento: 1/9/2017

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