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OCORRÊNCIA DE METAZOÁRIOS PARASITOS DE INFRAPOPULAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PEIXES Conodon nobilis (PISCES, HAEMULIDAE) (LINNAEUS, 1758) E Brycon insignis (PISCES, CHARACIDAE) (STEINDACHNER, 1876) GUILHERME QUINTANILHA FERNANDES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ JUNHO - 2003

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OCORRÊNCIA DE METAZOÁRIOS PARASITOS DE INFRAPOPULAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PEIXES Conodon nobilis

(PISCES, HAEMULIDAE) (LINNAEUS, 1758) E Brycon insignis (PISCES, CHARACIDAE) (STEINDACHNER, 1876)

GUILHERME QUINTANILHA FERNANDES

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

JUNHO - 2003

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OCORRÊNCIA DE METAZOÁRIOS PARASITOS DE INFRAPOPULAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PEIXES Conodon nobilis

(PISCES, HAEMULIDAE) (LINNAEUS, 1758) E Brycon insignis (PISCES, CHARACIDAE) (STEINDACHNER, 1876)

GUILHERME QUINTANILHA FERNANDES Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Orientadora: Profa. Maria Angélica Vieira da Costa Pereira

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ JUNHO - 2003

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OCORRÊNCIA DE METAZOÁRIOS PARASITOS DE INFRAPOPULAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PEIXES Conodon nobilis

(PISCES, HAEMULIDAE) (LINNAEUS, 1758) E Brycon insignis (PISCES, CHARACIDAE) (STEINDACHNER, 1876)

GUILHERME QUINTANILHA FERNANDES Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Aprovada em 10 de junho de 2003 Comissão Examinadora:

Prof. Dalton Garcia de Mattos Júnior (Doutor, Parasitologia Animal) - UFF

Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira (Doutor, Parasitologia Animal) - UENF

Profa. Sílvia Regina Ferreira Gonçalves Pereira (Doutora, Microbiologia) - UENF

Profa. Maria Angélica Vieira da Costa Pereira (Doutora, Parasitologia Animal) - UENF (Orientadora)

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Dedico este trabalho aos meus pais, Sandra e Joaquim, que através de muito esforço me deram a melhor herança possível, o estudo. Aos meus irmãos, Gustavo e Raphael, que ficaram acordados junto comigo, mesmo sem querer, por várias noites. À minha esposa, amiga e companheira, Daniela, que me ajudou e acompanhou durante toda esta

jornada de trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e ao

Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), pelo oferecimento do

Curso.

À Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE), pela concessão da

bolsa de estudos.

Aos meus pais e meus irmãos, pessoas maravilhosas que sempre se

colocaram a disposição para me ajudar. A minha esposa Daniela, que sempre me

ajudou.

A Professora MARIA ANGÉLICA VIEIRA DA COSTA PEREIRA, minha

orientadora, que aceitou este desafio junto comigo.

Ao Professor DALTON GARCIA DE MATTOS JÚNIOR, da Universidade

Federal Fluminense (UFF), pelas sugestões na elaboração deste trabalho.

Aos Professores SONIA NOGUEIRA, SÍLVIA REGINA FERREIRA

GONÇALVES PEREIRA, EULÓGIO CARLOS QUEIROZ DE CARVALHO, CARLOS

EURICO PIRES FERREIRA TRAVASSOS, FRANSCISCO CARLOS RODRIGUES

DE OLIVEIRA, DALCIO RICARDO ANDRADE, MANUEL VASQUEZ VIDAL

JUNIOR, FREDERICO STRAGIOTTI SILVA, MARCOS RESENDE MATTA, entre

outros professores tão importantes na minha formação moral e acadêmica.

Agradeço aos meus amigos do Curso de Graduação em Medicina

Veterinária, aos colegas do Curso de Pós-graduação em Produção Animal e aos

amigos do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal e do Laboratório de Sanidade

Animal.

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Ao amigo GUILHERME SOUZA, coordenador do Projeto Piabanha,

mestrando nesta instituição, pela prestimosa ajuda.

Agradeço a Deus por ter me dado forças para superar obstáculos,

perseverança para continuar nos momentos mais difíceis e sabedoria para tirar

proveito destes momentos.

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BIOGRAFIA

GUILHERME QUINTANILHA FERNANDES, nasceu em 29 de janeiro de

1974, na cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.

Terminou o Ensino Fundamental e o Ensino Médio no Colégio Salesiano.

Fez o Curso Técnico de Mecânica na antiga Escola Técnica Federal de

Campos, hoje Centro Educacional Federal Escola Técnica (CEFET).

Iniciou o Curso de Graduação em Medicina Veterinária na Universidade

Estadual do Norte Fluminense (UENF) no ano de 1996, concluindo o Curso em

janeiro de 2001.

Ingressou no Curso de Mestrado em Produção Animal, área de Sanidade

Animal da UENF, em março de 2001, defendendo a tese em 10 de junho de 2003.

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CONTEÚDO

RESUMO .............................................................................................................. viii

ABSTRACT .......................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 3

2.1. Os peixes e sua importância para o homem ............................................. 3

2.2. Espécies de peixes utilizadas na pesquisa ............................................... 4

2.2.1. Roncador (Conodon nobilis) ............................................................ 4

2.2.2. Piabanha (Brycon insignis) .............................................................. 4

2.3. Relação parasito-hospedeiro ..................................................................... 4

2.3.1. Nematódeos .................................................................................... 5

2.3.2. Trematódeos ................................................................................... 5

2.3.3. Cestódeos ....................................................................................... 6

2.3.4. Crustáceos ...................................................................................... 6

2.4. Influência do ambiente natural e do cativeiro ............................................ 6

2.5. Prejuízos econômicos causados pelos parasitos na indústria aqüícola .... 7

2.6. Impacto ambiental causado pela introdução de peixes em novos

ambientes .................................................................................................. 8

2.7. Antropozoonoses causadas por parasitos de peixes ................................ 8

2.8. Parasitos de peixe como marcadores biológicos ...................................... 10

2.9. Parasitos de peixes como indicadores da poluição aquática .................... 11

2.10. Importância da Ictioparasitologia ............................................................. 12

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 13

4. TRABALHOS ................................................................................................... 18

5. CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................. 40

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RESUMO

FERNANDES, Guilherme Quintanilha, M. S., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; junho de 2003; Ocorrência de metazoários parasitos de infrapopulações das espécies de peixes Conodon nobilis (Pisces, Haemulidae) (Linnaeus, 1758) e Brycon insignis (Pisces, Characidae) (Steindachner, 1876); Professora Orientadora: Maria Angélica Vieira da Costa Pereira; Professor Conselheiro: Dalton Garcia de Mattos Júnior.

Os peixes são utilizados na alimentação humana há vários séculos,

principalmente como fonte de proteínas e lipídeos de alto valor nutritivo, são

importantes como animais de estimação (aquarismo) e na pesca esportiva. Os

parasitos metazoários podem acometer os peixes causando prejuízos à indústria

pesqueira, à saúde do homem e ao meio ambiente, também podem ser utilizados

como indicadores de poluição aquática e de rotas migratórias de algumas espécies

de peixes. No presente trabalho as espécies Roncador (Conodon nobilis Linnaeus,

1758) e Piabanha (Brycon insignis Steindachner, 1876) foram escolhidas como tema

desse estudo. O Roncador é uma espécie comum em toda costa brasileira, e pode

chegar ao tamanho de 33,6 cm e 558 g de peso. Alimenta-se de pequenos peixes e

crustáceos, tendo importância na pesca comercial, na pesca esportiva e no

aquarismo. Já a Piabanha é uma espécie típica do rio Paraíba do Sul, que é pouco

estudada e está ameaçada de extinção. Sua carne é saborosa, apreciada na pesca

esportiva, podendo chegar a 10 kg de peso. Para este estudo foram examinados 60

exemplares de Piabanha e 60 exemplares de Roncador. Em Piabanha foram

encontrados sete nematódeos e devido à prevalência ser menor do que 5,0%, não

haverá discussão sobre esta espécie. Foram encontrados também crustáceos

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copépodes do gênero Lernaea, com prevalência de 31,7%. Já em Roncador foram

encontrados os nematódeos Anisakis sp. e Raphidascaris sp., com prevalência de

16,7% e 5,0%, respectivamente. Também foi encontrada uma espécie de

trematódeo do gênero Stherrurus, com prevalência de 53,3%. Devido aos problemas

causados pela Lernaea sp. em peixes, a presença desses crustáceos parasitos

nesses exemplares coletados de cativeiro pode causar prejuízos na criação. Outro

possível problema é que esses alevinos são soltos no rio Paraíba do Sul, e este

parasito que é comum em cativeiro, pode vir a infectar peixes de ambiente natural.

Palavras-chave: Brycon insigns, Conodon nobilis, parasitos, peixes.

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ABSTRACT

FERNANDES, Guilherme Quintanilha, M. S., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; june of 2003; Occurrence of metazoan parasites of infrapopulations of species of fishes Conodon nobilis (Pisces, Haemulidae) (Linnaeus, 1758) and Brycon insignis (Pisces, Characidae) (Steindachner, 1876); Orientation: Maria Angélica Vieira da Costa Pereira; Counselor: Dalton Garcia de Mattos Júnior.

Fish are used in human nourishment for several centuries, with protein and

lipid source of high nutritional value. Fishes are importants with pets (aquarism) and

now in esportive fishery. Metazoan parasites can attack fishes do arm to fishery

industry, to human health and to environment. This parasites can be used with index

of environment polution and migratories rotes of same species of fishes. In this work

were utilised the species “Roncador” (Conodon nobilis Linnaeus, 1758) and

“Piabanha” (Brycon insignis Steindachner, 1876). Roncador is a specie comon in all

brazilian coast, and can be 33.6 cm of maximum length and 558 g of maximum

weigth. This specie feed little fishes and crustaceans, have importance in comercial

fishery, esportive fishery and aquarism. Piabanha is an endemic specie of Paraíba do

Sul rover, who is poor studied and threatened of extinction. This specie have savory

meat, are appreciated in sportive fishery, and can weighing 10 kg. For this study

were examined 60 samples of Piabanha and 60 samples of Roncador. It was found

seven species of nematodes and because the prevalence than 5.0%, won’t had

discussion about this species. Was founded crustacean copepod of the gender

Lernaea, with prevalence of 31.7%. It was found the nematodes Anisakis sp. and

Raphidascaris sp., with prevalence of 16.7% and 5.0% respectively. Also, we found

one trematode specie of the gender Stherrurus, with prevalence of 53.3%. Due the

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troubles caused by Lernaea sp. in fishes, the presence of this crustacean parasite in

this collected samples will be cause upset in this cultivate. Another possible trouble is

that this alevines are free in the river Paraíba do Sul, and this parasite who is

common in slavery will be infect fishes in the environment.

Key words: Brycon insigns, Conodon nobilis, fishes, parasites.

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1. INTRODUÇÃO

Os peixes são utilizados como fonte de alimentação humana há vários

séculos, e até quase final dos anos 80 acreditava-se que os recursos dos oceanos e

mesmo de rios e lagos eram ilimitados, o que não é verdade, pois o mais ameaçado

grupo de animais em extinção é, hoje, o dos peixes, onde 34% das espécies está

em vias de desaparecer, principalmente as espécies de água doce (JANSEN, 2002).

Na terra há leis e governos para proteção de espécies que nela vivem, na água

existem poucas leis e estas são desconhecidas.

Há o fato de que o pescado é a única fonte de alimento explorada de forma

extrativista, e devido a isso, cerca de 70% dos estoques pesqueiros no mundo e

80% no Brasil estão esgotados ou superexplorados (PAVANELLI et al., 1998;

JANSEN, 2002).

Para preservar toda essa fonte de vida e de alimentos, seja para

repovoamento de espécies, seja para criá-las em cativeiro e evitar, assim, sua pesca

predatória, pesquisas nesta área estão sendo feitas. Desse modo, toda e qualquer

informação acerca destas espécies se torna importante. Conhecer a biologia

reprodutiva, os hábitos alimentares, as migrações, a tolerância a mudanças no meio

ambiente e a fauna parasitária (Ictioparasitologia), são fatores essenciais para a

manutenção desta fonte alimentar.

Neste estudo, foi utilizada uma espécie marinha freqüente e bastante

apreciada para pesca esportiva e consumo no litoral Norte Fluminense, o Roncador

(Conodon nobilis Linnaeus, 1758), e outra espécie de água doce, que também tem

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sua carne bem apreciada e potencial para pesca esportiva, a Piabanha (Brycon

insignis Steindachner, 1876).

A Ictioparasitologia tem adquirido importância nos últimos anos acerca da

alimentação humana e no desenvolvimento das indústrias pesqueiras. O

conhecimento para o efetivo controle do pescado na origem é uma exigência das

grandes entidades mundiais que, através de normas legais, estabelecem o controle

obrigatório dos produtos de pesca destinados ao consumo, e a maioria dos países

que exporta produtos da pesca in natura ou processados realizam o controle

higiênico, sanitário e tecnológico, buscando oferecer ao consumidor um produto de

qualidade (BARROS et al., 2002).

Os parasitos de peixes são uma grande fonte de pesquisas que devem ser

exploradas, não só para fornecer informações acerca de espécies de peixes, mas

também por eles estarem relacionados com problemas de Saúde Pública

(zoonoses), por causarem sérios prejuízos na indústria aqüícola (mortalidade dos

peixes, perda de peso, diminuição da taxa reprodutiva, perda do valor econômico do

peixe devido à presença do parasita na musculatura), pelo impacto ambiental ao

serem artificialmente introduzidos em regiões diferentes da sua, além de serem

atualmente utilizados como marcadores biológicos e indicadores de nível de

poluição. Com isso, abre-se um grande mercado de trabalho para os

ictioparasitologistas, como o de patologista, patogenista em todas as suas vertentes,

terapêutica, profilaxia, transmissão, ciclo de vida, fatores ambientais, ecologia,

imunologia, fisiologia, etc.

Com o confinamento, faz-se necessário o pleno conhecimento das espécies

de parasitas, para que se possa dar um diagnóstico confiável, principalmente nas

fases iniciais da doença, aplicando medidas profiláticas adequadas, tratamento e

prevenção de sérios problemas.

No presente estudo, fornecemos informações sobre os parasitas dessas

duas espécies de peixes encontradas na região da bacia hidrográfica Norte e

Noroeste Fluminense, além de identificar, nestas espécies, parasitas que podem ser

extremamente perigosos ao ser humano, quando este ingere o pescado cru,

tornando-se, então, um problema para a Saúde Pública.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Os peixes e sua importância para o homem

No Brasil, país que tem grande potencial para piscicultura devido ao seu

vasto território e às condições climáticas favoráveis à criação de peixes, a

aqüicultura e dentro dela a piscicultura, estão se desenvolvendo relativamente bem,

criando empregos diretos e indiretos (PAVANELLI et al., 1998).

A região Nordeste tem potencialidade de ter um faturamento da ordem de

seis a nove bilhões de reais por ano (IGARASHI et al., 1999), sem contar que a

piscicultura é um tipo de exploração animal que vêm se tornando cada vez

mais importante como fonte de proteínas de alto nível e de fácil digestibilidade

e de baixos teores de lipídeos, com a presença benéfica de ácidos graxos

insaturados para o consumo humano (PAVANELLI et al., 1998; OKUMURA,

2003).

O pescado é, hoje, a única fonte significativa de alimento que

continua sendo retirada da natureza de forma extrativista, sendo um modelo

insustentável, já que, no mundo, devido a isso, cerca de 70% dos estoques

pesqueiros estão esgotados ou superexplorados, e cerca de 34% das

espécies de peixe em vias de desaparecer (JANSEN, 2002). O homem

passou a investir em criação de peixes em cativeiro, e a piscicultura contribui,

atualmente, com 50% do volume total da produção mundial de pescado (ROCHA,

1995).

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2.2. Espécies de peixes utilizadas na pesquisa

2.2.1. Roncador (Conodon nobilis) Esta espécie é freqüentemente encontrada no litoral de todas as Américas.

É uma espécie de importância na pesca comercial, pesca esportiva e aquarismo. Os

exemplares podem chegar ao tamanho de 33,6 cm e peso de 588 g. É encontrada

na zona litorânea, principalmente na arrebentação, e em foz de rios. Alimenta-se de

crustáceos e pequenos peixes (FISHBASE, 2002). É um peixe pouco

comercializado, porém sua carne é saborosa e no anzol propicia uma boa luta para

os amantes da pesca (AQUÁRIO GUARUJÁ, 2002).

2.2.2. Piabanha (Brycon insignis) Espécie nativa e típica do rio Paraíba do Sul (FOWLER, 1950), a Piabanha é

um peixe da família dos caracídeos e do gênero Brycon, o mesmo da matrinxã, da

piraputanga e de outras cerca de 60 espécies do gênero Brycon (DELDUQUE, 2000;

SIBINELLI, 2003). A Piabanha, apesar de ser um peixe pouco pesquisado, está

ameaçada de extinção. Esta espécie será provavelmente utilizada na piscicultura da

região Norte Fluminense porque possui elevada aceitação no mercado local, devido

a sua carne saborosa, além de muito apreciada pelos amantes da pesca esportiva.

Considerada uma espécie de grande porte, pode atingir de 8 a 10 kg de peso e

chegou a ocupar lugar de destaque na economia de certos municípios da região

Norte e Noroeste Fluminense, por apresentar carne fina e saborosa (SANTOS, 1987).

2.3. Relação parasito-hospedeiro O peixe, como qualquer outro animal, também pode ser acometido por

diversos parasitos, que podem pertencer a várias classes taxonômicas do Reino

Animal, sendo que a maioria é desconhecida e ainda está por se descrever, e a

quantificação dos que se conhece é difícil de efetuar (ROBERTS, 1981; EIRAS,

1993; OSTRENSKY & BOEGER, 1998). Uma estimativa aponta para cerca de

10.000 espécies de parasitos, e deste total aproximadamente 4.200 são

ectoparasitas (EIRAS, 1993).

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Microorganismos, sejam quais forem, fungos, bactérias, protozoários,

helmintos, crustáceos e outros parasitos, estão normalmente presentes no ambiente,

no corpo e mesmo nas vísceras dos peixes (MARTINS, 1998; PAVANELLI et al.,

1998).

2.3.1. Nematódeos Os nematódeos são bastante comuns em peixes e podem ser parasitos

destes na forma de larvas ou adultos. De modo geral, os nematódeos não

determinam prejuízos em peixes, sua importância maior está no fato de que algumas

espécies podem ser transmitidas ao homem, causando doenças (PAVANELLI et al.,

1998). Os anisakídeos, principalmente Anisakis simplex e o Pseudoterranova

decipiens, são os principais nematódeos de peixes que podem causar

antropozoonozes. Principalmente devido a esse fato, a presença dessas larvas na

musculatura destes peixes, faz com que este seja descartado, causando prejuízos

de milhões de dólares em países exportadores de pescado (EIRAS, 1993; BARROS

et al., 2002). O gênero Capillaria, que possui espécies que podem ser encontradas

em peixes, são outro exemplo de nematódeos que podem acometer o ser humano,

assim como a espécie Dioctophyme renale (BARROS et al., 2002).

2.3.2. Trematódeos Os trematódeos são parasitos que podem ser divididos em dois grandes

grupos: os monogenéticos e os digenéticos. Os monogenéticos se caracterizam por

serem ectoparasitos e por possuírem um aparelho de fixação denominado haptor. O

prejuízo causado por este grupo nos peixes está relacionado com a espécie do

parasito, o local de infestação, o número de parasitos e o tipo de alimentação do

parasito. Os mais comuns monogenéticos são os Girodactilídeos e os

Dactilogirídeos (PAVANELLI et al., 1998).

Já os digenéticos são endoparasitos que se caracterizam por possuírem

duas ventosas (EIRAS, 1993; PAVANELLI et al., 1998). São importantes sob o ponto

de vista zoonótico e da inspeção de pescado, e o Programa de Perigos e Pontos

Críticos de Controle (PPPCC) estabelece medidas de controle para peixes

provenientes de locais endêmicos. Os principais trematódeos, sob o ponto de vista

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da saúde pública, são os dos gêneros Clonorchis, Opistorchis, Metagominus,

Heterophyes e Paragominus, com 11 casos humanos registrados no Brasil

(BARROS et al., 2002).

2.3.3. Cestódeos

Os peixes suportam bem o parasitismo pelos cestódeos adultos, que retiram

apenas o alimento necessário para sua sobrevivência (MARTINS, 1998). Porém

danos sérios podem ser observados quando os parasitos utilizam estruturas de

fixação eficientes e que podem determinar alterações histopatológicas. Dependendo

da carga parasitária, pode ocorrer oclusão intestinal e também o rompimento da

parede muscular abdominal (MARTINS, 1998). Podem transmitir zoonoses, sendo a

espécie Diphyllobothrium latum a mais conhecida (EIRAS, 1993; BARROS et al.,

2002).

2.3.4. Crustáceos

Os crustáceos causam grandes prejuízos em peixes criados em cativeiro,

podendo ser por ação direta (mortalidade), ou indireta, funcionando como vetor para

doenças virais ou proporcionando a penetração de bactérias e fungos (infecções

secundárias). São geralmente visíveis a olho nu e apresentam ampla variação de

formas e tamanhos (MARTINS, 1998).

2.4. Influência do ambiente natural e do cativeiro Em ambiente natural, os peixes podem ser acometidos por parasitos, e a

qualidade da água, sazonalidade dos hábitos alimentares dos hospedeiros,

alterações imunológicas, mudanças hormonais, tipo de hospedeiro intermediário

infectado e temperatura, são as mais freqüentes causas sugeridas na variação da

prevalência e abundância dos parasitos nestes animais (KIM et al., 2001).

Em condições naturais, os parasitos, muitas vezes, não causam danos à

saúde dos peixes, porém quando se retira o peixe de seu ambiente natural,

confinando-o, começam a surgir problemas de ordem parasitária, constituindo uma

grave ameaça aos cultivos. Isso porque peixes cultivados fornecem condições ideais

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para transmissão de doenças infecciosas, principalmente de parasitos (BARKER &

CONEB, 2000) e, como em qualquer outra criação de animais, as grandes

concentrações de peixes favorecem o aparecimento de doenças, pois estes estão

submetidos ao estresse crônico resultante da alta densidade populacional, além da

manipulação referente aos cultivos, tais como: desinfecções, tratamento, transporte,

reprodução artificial, entre outros (PAVANELLI et al., 1998).

Existe um “fino balanço” entre parasitos, seus hospedeiros e o ambiente,

que é extremamente sensível, e qualquer variação em um dos fatores bióticos

(disponibilidade de alimentos e pressão de predação) ou abióticos (temperatura,

fotoperíodo, poluição, pH da água, etc.), pode afetar a prevalência e a abundância

dos parasitos nos peixes (SIDDALL et al., 1994).

2.5. Prejuízos econômicos causados pelos parasitos na indústria aqüícola

Muitas vezes a mortalidade dos peixes é a percepção mais visível e imediata

de muitas parasitoses, porém os parasitos também podem ser responsáveis

indiretamente por infecções secundárias, por fungos e bactérias, que também

causam mortalidade. A conseqüência são os grandes prejuízos econômicos

(PAVANELLI et al., 1998). Porém, além das perdas diretas que não são causadas

pela mortalidade, os parasitos podem ter impacto considerável no crescimento e

comportamento do peixe, sua resistência a outros fatores de estresse, ficam mais

susceptíveis à predação, sem contar o fato de que sua presença reduz o valor

comercial destes (SCHOLZ, 1999).

Os danos causados são de difícil avaliação e um exemplo é o caso de

infecção pelo cestódeo Eubothrium sp., em salmoniculturas da Noruega, que causa

perda de 10% do peso corporal e, assim, um prejuízo de milhões de dólares

(PAVANELLI et al., 1998). Outro exemplo são alguns crustáceos ectoparasitas, que

podem afetar a reprodução em peixes, causando atraso no desenvolvimento

gonadal e na maturidade sexual, e uma influência negativa na taxa de conversão

alimentar, resultando em um efeito no fator de condição, com baixo crescimento e

perda de peso de 20 a 30% (SCHOLZ, 1999).

O desenvolvimento da indústria aqüícola sofre as maiores perdas

econômicas como resultado de doenças parasitárias, e informações sobre esses

parasitos são criticamente importantes para o aqüiculturista, que precisa ter

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informações de confiança sobre organismos potencialmente patogênicos que podem

estar presentes em suas regiões (ÁLVAREZ et al., 2002). Assim, o desenvolvimento

da aqüicultura durante as últimas décadas tem resultado em muito mais atenção aos

problemas apresentados pelos parasitos, e a parasitologia tem adquirido importância

acerca da alimentação humana e no desenvolvimento de indústrias pesqueiras

(SCHOLZ, 1999; SILVA & SÃO CLEMENTE, 2001).

2.6. Impacto ambiental causado pela introdução de peixes em novos ambientes

Outro fator importante da Ictioparasitologia é o impacto ambiental causado.

Isso ocorre porque, através da ação do homem, a distribuição geográfica de muitos

parasitos é hoje diferente da sua distribuição original. Essa alteração se deve, em

parte, ao comércio de peixe vivo ou congelado, por vezes com conseqüências

sanitárias catastróficas, especialmente quando os parasitos entram em contato com

novos hospedeiros. Um outro exemplo de influência humana na distribuição artificial

de parasitos é o Canal de Suez, que foi aberto em 1869, integrando o Mar Vermelho

e o Mediterrâneo; com isso, espécies de peixes e parasitos puderam migrar de um

ambiente para o outro, alterando a fauna dos dois ambientes (EIRAS, 1993).

Assim, a introdução de peixes exóticos concomitantemente com as doenças

exóticas, causadas por parasitos, podem acarretar em efeitos deletérios, que vão de

declínios na população até destruição das espécies de peixes nativas (DOVE &

ERNST, 1998).

Existe, ainda, o fato do tratamento dos peixes envolver produtos tóxicos

como formaldeído, amônia, permanganato de potássio, etc., que resultam em efeitos

adversos como poluição ambiental, resistência do parasita, danos ao hospedeiro e

inviabilização do peixe para o consumo humano. Daí a necessidade de alternativas

que venham a ser usadas para controlar as parasitoses (BARKER & CONEB, 2000).

2.7. Antropozoonoses causadas por parasitos de peixes Em adição ao impacto negativo na saúde dos peixes em ambiente natural e

de cultivo, o potencial antropozoonótico desses parasitos tem sido uma preocupação

mundial, pois ao se transformarem em alimentos, os peixes parasitados podem

provocar no consumidor problemas sanitários de origem biológica, passando esses

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parasitos a ter importância em Medicina Humana (SCHOLZ, 1999; BARROS et al.,

2002).

Os problemas médicos são causados, principalmente, por aqueles parasitos

que em estágios infectantes (terceiro estágio larvar de nematódeos, metacercária e

plerocercóide) são localizados na musculatura de peixes e o ser humano pode

adquirir a infecção após consumir peixe cru ou mal cozido. São exemplos de

parasitos que causam estes problemas os nematódeos anisakídeos (Anisakis sp. e

Pseudoterranova sp.), os trematódeos (Opisthorchis sp., Clonorchis sp.,

Metagonimus sp., Paragonimus sp., Heterophys sp., Haplorchis sp. e Phagicola sp.)

e cestódeos (Diphyllobothrium sp.) (OSHIMA, 1972; BERLAND & FAGERHOLM,

1994; WILLIANS & JONES, 1994; WHO, 1995; BERLAND, 1997; SCHOLZ,

1999; BARROS & CAVALCANTI, 2000; AUDICANA et al., 2002; BARROS et al.,

2002).

Algumas antropozoonoses já são sérios problemas em vários países do

mundo. São vários exemplos: no Japão, cerca de 2000 casos de anisakíase

acontecem por ano; na Tailândia, uma doença causada por um trematódeo, o

Opisthorchis sp., causou despesas médicas de cerca da U$ 3.000.000,00,

acometendo cerca de quatro milhões de pessoas (BARROS et al., 2002). No Brasil,

existem poucas informações de antropozoonoses causadas por ictioparasitas, e uma

delas é um relato sobre 11 casos de pessoas acometidas por um trematódeo,

Phagicola longa (CHIEFFI et al., 1990; ANTUNES et al., 1993).

Acreditava-se, até bem pouco tempo atrás, que o homem só era acometido

por essas zoonoses ao ingerir peixe cru, mal cozido, mal congelado ou mal

processado (salga, defumação, etc.), mas hoje já existem relatos de pessoas

alérgicas a antígenos dos ictioparasitas e também acometidas por doenças

ocupacionais (contato prolongado com o parasita em peixes infectados, contato com

o antígeno parasitário ou através de inalação de farinha de peixe infectado). Agora

não somente quem ingere o pescado corre risco, como também quem trabalha com

ele, como veterinários, trabalhadores de indústrias pesqueiras e de produtos e

subprodutos de pescado, peixeiros, “sushiman” e cozinheiros, e até quem manuseia

alimentos à base de pescado para animais (ASPHOLM, 1995; BARROS &

CAVALCANTI, 2000; AUDICANA et al., 2002).

Outro agravante é que a globalização permitiu que culturas se difundissem

de forma rápida, e um exemplo é a culinária japonesa, que, aqui no Brasil,

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principalmente nas regiões Sul e Sudeste, rapidamente se tornou popular. Com isso,

aumentou o consumo de pescado cru e, assim, também o risco de se contrair uma

zoonose (ANTUNES et al., 1993).

2.8. Parasitos de peixe como marcadores biológicos Os parasitos de peixes têm sido usados como marcadores biológicos para

rotas de migração de peixes, e descrito por vários autores, desde que estes peixes

carreiem no mínimo alguns dos seus parasitos originais (GEORGE-NASCIMENTO,

1996; BALLING & PFEIFFER, 1997; MACKENZIE & ABAUNZA, 1998; MOSQUERA

et al., 2000; SANMARTÍN et al., 2000; PALM & SCHRÖDER, 2001; CASTRO-

PAMPILLÓN et al., 2002).

Esse uso tem assumido uma grande importância na indústria pesqueira,

porque esses parasitos podem fornecer importantes informações sobre os estoques

pesqueiros, assim como os movimentos e as rotas de migração desses peixes de

elevado valor econômico (principalmente marinhos), sabendo-se, então, se os

peixes de um estoque são originários do local de pesca ou provenientes de

outras áreas (GEORGE-NASCIMENTO, 1996; MACKENZIE & ABAUNZA, 1998;

MOSQUERA et al., 2000; PALM & SCHRÖDER, 2001).

Diferentes espécies de peixes, principalmente as espécies marinhas, migram

por longas distâncias ou para áreas de desova e de alimentação. Durante essas

migrações, os peixes que estão infectados por espécies de parasitos comuns da

região de origem podem transmitir estas espécies para estas novas áreas, vindo

estas espécies de parasitos a colonizar esta área. Ou, os peixes virem a adquirir

outras espécies de parasitos originárias desta nova área. E isso pode acontecer com

o peixe predando ou sendo predado, por sua morte ou destacamento e eliminação

de espécies de parasitos pelas fezes (MOSQUERA et al., 2000).

O melhor marcador biológico para identificação de estoques pesqueiros são

os parasitos com ciclo de vida direto, onde infecções não são possíveis sem um

contato íntimo entre peixes infectados e não-infectados. Para que isto aconteça, o

parasita deve estar presente em uma área e ausente em outra (OLIVA & BALLÓN,

2002).

Outra importante vertente do uso de parasitos como marcadores biológicos é

a determinação de áreas de reprodução trófica, o recrutamento de migração e as

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informações sobre dietas e hábitos alimentares dos peixes (PALM & SCHRÖDER,

2001; CASTRO-PAMPILLÓN et al., 2002).

Um dos critérios importantes para este estudo, é o que trata sobre os níveis

de infestação que devem ser significantemente diferentes em áreas a serem

comparadas, como espécies presentes em uma área e ausentes em outra ou

presentes em ambas, porém com níveis de infestação diferentes (CASTRO-

PAMPILLÓN et al., 2002).

2.9. Parasitos de peixes como indicadores da poluição aquática

A grande maioria das regiões costeiras do planeta está poluída, e os

recursos marinhos seriamente ameaçados. No Brasil, o litoral recebe diariamente 47

milhões de metros cúbicos de poluentes. Esta poluição já causou a destruição de

cerca de 27% dos recifes de coral e devastou grande parte da vegetação costeira

(JANSEN, 2002).

Fatores de estresse diminuem a homeostasia dos peixes e aumentam sua

susceptibilidade a parasitos, pela queda da resposta imune (SIDDALL et al., 1994;

MARTINS, 1998; MOSQUERA et al., 2000). Um fino balanço existe entre os

parasitos, seus hospedeiros (que são os peixes) e o ambiente, sendo os parasitos

de peixes extremamente sensíveis a qualquer alteração no seu habitat aquático,

como a poluição. Então, com o aumento da poluição aquática verifica-se um

aumento da fauna de macroparasitas em peixes, principalmente através de

alterações na distribuição e abundância de hospedeiros intermediários invertebrados

(SIDDALL et al., 1994). Desta forma, os parasitos de peixes passaram a ser

utilizados recentemente como indicadores de condições ambientais, da qualidade da

água, servindo como um aviso sobre a deterioração das condições ambientais e

antecipando possíveis distúrbios biológicos sérios (SIDDALL et al., 1994;

MOSQUERA et al., 2000).

O rio Paraíba do Sul, local de coleta dos exemplares, tem seus recursos

hidrícos sofrendo impactos desde que a região começou a ser ocupada por

fazendas, ainda no período colonial. A região percorrida pelo rio Paraíba do Sul

passou por vários ciclos, dentre eles o do café e o da cana-de-açúcar e, devido a

isso, tivemos o assoreamento do leito do rio, a derrubada das mata ciliares e a

poluição das águas por fertilizantes químicos, pesticidas e outros. Com a

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industrialização e o crescimento das cidades cortadas pelo rio Paraíba do Sul, este

passou a receber também esgoto sem tratamento e dejetos tóxicos de indústrias ao

longo de seu leito (HILSDORF & PETRERE, 2002).

2.10. Importância da Ictioparasitologia

A patologia piscícola, e inserida nesta a Ictioparasitologia, não tem evoluído

muito nos últimos 30 anos, no mesmo nível de desenvolvimento para outras

espécies. A bibliografia especializada tem revelado, ainda, escassez de informações,

e a maioria dos autores que tratam de parasitologia piscícola no Brasil, fazem

referência a enfermidades de águas temperadas e de forma muito breve, se referem

à patologia de peixes de zonas tropicais e subtropicais.

Sem diminuir a importância dessas, pelo contrário, com o homem

disseminando artificialmente parasitos pelo mundo, torna-se imperativo o

conhecimento desses parasitos que não são oriundos do nosso país. Contudo,

temos que ter também informações acerca da nossa fauna parasitária, além de

saber se esses parasitos exóticos sofreram algum tipo de adaptação, tanto

morfológica quanto fisiológica.

Nesse sentido, a Medicina Veterinária brasileira tem demonstrado em seus

currículos plenos de graduação pouca atenção ao problema; e com o confinamento

desses animais, surgem os problemas que são de inteira responsabilidade desses

profissionais, em sua maioria despreparados para solucioná-los (EIRAS, 1993;

MARTINS, 1998; BARROS et al., 2002).

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4. TRABALHOS

Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista

Brasileira de Parasitologia Veterinária e da Revista Brasileira de Ciência Veterinária.

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OCORRÊNCIA DE METAZÓARIOS EM RONCADOR (Conodon nobilis LINNAEUS,

1758) COLETADOS NA FOZ DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ

OCCURRENCE OF METAZOAN IN RONCADOR (Conodon nobilis LINNAEUS,

1758) COLLECTED IN MOUTH OF A RIVER PARAÍBA DO SUL, RJ

Guilherme Quintanilha Fernandes1, Maria Angélica Vieira da Costa Pereira2 & Dalton Garcia

de Mattos Júnior3

ABSTRACT: Roncador (Conodon nobilis Linnaeus, 1758) is one specie of teleosteo fish that

is common of the Texas to Brazil South. This research was the first record of metazoan

parasites in this specie. In this paper, were analysed 60 samples of the C. nobilis. It was found

the nematodes Anisakis sp. and Raphidascaris sp., with prevalence of 16.7% and 5.0%

respectively. Also, we found one trematode specie of the gender Stherrurus, with prevalence

of 53.3%. The presence of Raphidascaris sp. and Anisakis sp. in C. nobilis is important,

although this nematodes wasn’t present in fish muscle, due the possibility of the transmition

of zoonose this parasites.

Key-words: Conodon nobilis, fishes, parasites.

RESUMO: Roncador (Conodon nobilis Linnaeus, 1758) é uma espécie de peixe teleósteo,

que é comum do Texas ao sul do Brasil, sendo feito o primeiro registro de parasitos

metazoários desta espécie. No presente trabalho analisou-se 60 exemplares de C. nobilis.

Foram encontrados os nematódeos Anisakis sp. e Raphidascaris sp., com prevalência de

16,7% e 5,0%, respectivamente. Também foi encontrada uma espécie de trematódeo do

gênero Stherrurus, com prevalência de 53,3%. A presença de Raphidascaris sp. e Anisakis sp.

em C. nobilis é importante, mesmo não estando estes nematódeos presentes na musculatura,

Devido à possibilidade de transmissão de zoonoses desses parasitos.

Palavras-Chave: Conodon nobilis, peixes, parasitos.

1 Curso de Pós-Graduação em Produção Animal, Laboratório de Sanidade Animal (LSA), Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), Universidade Federal do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Avenida Alberto Lamego, 2000, Horto, 28.015-620, Campos dos Goytacazes, RJ. 2 LSA-CCTA/UENF. E-mail: [email protected] 3 Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública (DESP), Instituto de Veterinária (IV), Universidade Federal Fluminense (UFF).

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INTRODUÇÃO

A espécie Conodon nobilis Linnaeus, 1758, vulgarmente conhecida como Roncador,

distribui-se do Texas ao sul do Brasil (AQUÁRIO GUARUJÁ, 2002; FISHBASE, 2002),

sendo bastante comum no país, principalmente na região Nordeste (BARRETO et al., 2000).

O Roncador atinge o comprimento máximo de 336 mm e 588 g de peso. Habita as águas das

baias, ao longo das praias, canais e estuários, desde dois metros até cerca de 50 metros de

profundidade, sob areia ou cascalho. São encontrados em grandes cardumes e se alimentam

tanto de dia como de noite de invertebrados bênticos e pequenos peixes. São bastante

apreciáveis na pesca esportiva, porém sua carne não tem muito valor comercial, apesar de ser

muito apreciado como tira-gosto (AQUÁRIO GUARUJÁ, 2002).

MATERIAL E MÉTODOS

Os exemplares de C. nobilis foram provenientes de ambiente natural e coletados

através de pesca com molinetes, na foz do Rio Paraíba do Sul, localizado no pontal da praia

de Atafona, São João da Barra, RJ. Foram catalogados 60 exemplares no período de agosto a

dezembro de 2002.

Segundo MARCOGLIESE (2002), um número de 25 a 30 peixes permite a detecção

de parasitos se a prevalência destes for de 10% ou mais. No presente trabalho foram utilizados

60 exemplares.

Os exemplares foram pescados e eutanasiados logo após sua coleta, com uma incisão

dorsal na região posterior à cabeça, próximo à linha de término das brânquias, acondicionados

em um isopor contendo gelo e transportados para o Laboratório de Sanidade Animal (LSA),

setor de Parasitologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Campos dos

Goytacazes, RJ.

Foram tomadas as medidas de comprimento total (desde o início da cabeça até ao final

da nadadeira caudal) em centímetros, e o peso, que foi tomado dos exemplares de Roncador,

foi mensurado em gramas. Após, a espécie foi devidamente identificada.

Os dados referentes a cada exemplar foram anotados em um formulário, que continha

o nome da espécie (vulgar e científico), data da pesca, o número referente ao exemplar, o peso

total e comprimento padrão, o sexo e, nos exemplares contendo algum parasito, foi notificado

em que órgão este foi encontrado e feita uma identificação prévia (família, gênero ou espécie

do parasito).

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21

A procura por parasitos nos exemplares começou pelo tegumento, fazendo-se uma

inspeção macroscópica. Foram visualizados os olhos, as nadadeiras (caudal, peitoral, dorsal,

ventral, etc), a boca, os opérculos e toda a extensão corpórea do peixe. Os parasitos

encontrados foram retirados e examinados em um estereomicroscópio com aumento de 20

vezes. Após, foram removidos os opérculos e retiradas as brânquias. As brânquias foram

colocadas em um vidro devidamente identificado (número do exemplar e espécie em questão)

contendo formol a 10%. Foi feita uma lavagem da cavidade branquial e o material resultante

da lavagem foi filtrado em uma peneira de análise granulométrica, com abertura de malha de

106 µm. Esse material filtrado foi adicionado ao vidro contendo as brânquias. O material foi

filtrado 48/72 horas após e o material resultante foi colocado em placa de Petri e examinado

ao estereomicroscópio.

As narinas foram abertas com o auxílio de uma tesoura de ponta fina e as cavidades

foram lavadas com formalina 1:4000 ou soro fisiológico a 0,6%, e o material resultante foi

examinado da mesma forma descrita acima.

Depois, foi feita a abertura da cavidade visceral e a exposição dos respectivos órgãos

(fígado, intestino, estômago, vesícula biliar, baço, bexiga natatória e brânquias). Isso foi feito

através de uma incisão ao longo da linha média ventral, começando na região do ânus e

prolongando-se até a região anterior, próximo à cabeça. Foram rebatidas as paredes laterais da

cavidade visceral e expostos os órgãos internos, que foram primeiramente examinados in situ,

onde se buscou verificar a presença de parasitos localizados ou aderidos à superfície ou na

própria cavidade visceral.

Estes órgãos foram retirados e individualizados em placas de Petri com soro

fisiológico a 0,6%. Em cada um deles foi feito primeiro um exame macroscópio. A seguir,

foram dissecados e lavados e o material resultante da lavagem foi filtrado em uma peneira

para análise granulométrica, com abertura de malha de 106 µm. No que se refere ao tubo

digestivo (estômago e intestino) foi feita ainda uma análise do seu conteúdo. Para isto, foi

feito um corte longitudinal e o material foi filtrado seguindo a metodologia acima. O material

resultante da filtragem de cada órgão foi colocado em placas de Petri individualizadas e

examinado ao estereomicroscópio.

Os nematódeos encontrados foram fixados em ácido formol acético (AFA),

clarificados com ácido acético em lâmina e cobertos com lamínula para identificação primária

ao microscópio eletrônico. Posteriormente, para montagem das lâminas, passaram por uma

bateria de álcoois (de 70 a 100%), ficando 20 minutos em cada fase. Em seguida, foram

colocados em uma lâmina, cobertos com lactofenol e recobertos com lamínula. Para

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montagem definitiva das lâminas, foi retirado o lactofenol e o parasito foi coberto por

bálsamo do Canadá.

Os trematódeos foram fixados em AFA e transferidos para placas de Petri contendo

água, onde permaneceram por 10 minutos para lavagem. Após, foram colocados em outra

placa de Petri contendo Carmin até adquirir coloração, controlando-se a reação em

estereomicroscópio. A seguir, foram colocados em álcool 70% por 10 minutos para se retirar

o excesso de corante. Para diferenciação, foram colocados em álcool clorídrico 0,5 a 1%.

Quando houve descoramento excessivo, o parasito voltou ao álcool 70%. Em seguida os

trematódeos foram desidratados em uma bateria de álcoois, ficando 10 minutos em cada fase

da bateria (70, 80, 90 e 95%). Os trematódeos com boa coloração foram colocados em

creosoto. Os parasitos que eventualmente ficaram excessivamente corados foram para o

álcool clorídrico até a clarificação ideal. Depois do creosoto, os parasitos foram lavados em

álcool 70% por alguns segundos e secos em papel filtro. Em seguida, os parasitos foram

diafanizados em creosoto de Faia durante, pelo menos, 24 horas, e depois foram retirados do

creosoto e secos em papel filtro, colocados em lâmina, cobertos com Bálsamo do Canadá e

recobertos com lamínula.

RESULTADOS

Foram encontrados 41 nematódeos, sendo que 31 eram Anisakis sp., sete

Raphidascaris sp., dois Cucullanus sp. e um Spirunidae. Essa quantidade de nematódeos foi

encontrada em 10 peixes.

Encontrou-se 63 trematódeos, todos do gênero Stherrurus, em 30 peixes examinados.

A localização de 40 dos 41 nematódeos foi o intestino. O único encontrado em outro

local foi o Spirunidae, que foi achado nas brânquias. Em relação aos trematódeos, 33 foram

encontrados nas brânquias, 22 no estômago, cinco no intestino e três na cavidade visceral.

Foi achado também um crustáceo copépode nas brânquias, do gênero Lernantrhops. A

prevalência do Anisakis sp. foi de 16,7%, enquanto a do Raphidascaris sp. foi de 5%. Já a do

trematódeo Stherrurus sp. foi de 53,3%. Os outros parasitos não tinham prevalência

significante.

A Tabela 1 mostra a distribuição dos parasitos nos órgãos de C. nobilis. As Tabelas 2 e

3 mostram a distribuição destes parasitos em relação ao tamanho e ao sexo dos

espécimes.

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DISCUSSÃO

Nematódeos anisakídeos são parasitos que acometem o homem, causando a zoonose

conhecida como Anisakíase. Esta doença é causada pela ingestão das larvas destes parasitos.

Os seus sintomas podem ser gastrointestinais, alérgicos ou por contato - doenças ocupacionais

(AUDICANA et al., 2002).

Anisakídeos já foram achados em inúmeras espécies de peixes. VALTONEN et al.

(1993) encontraram larvas de Raphidascaris sp. em Rutilus rutilus, ASPHOLM (1995),

Anisakis simplex em Gadus morhua, ISMEN e BINGEL (1999) Hysterophilacium sp. em

Merlangius merlangus, e KØIE (1999) A. simplex e Raphidascaris acus em Clatichthys

flesus.

No Brasil, REGO e SANTOS (1983) encontraram anisakídeos em Scomber japonicus,

BARROS e AMATO (1993) larvas de anisakídeos em Trichiurus lepturus, BARROS (1994)

larvas de Contracaecum sp. em Pagrus pagrus, SÃO CLEMENTE et al. (1995) larvas de

Contracaecum sp. em Balistes vetula, BARROS e CAVALCANTI (2000) larvas de

Contracaecum sp. e Anisakis sp. em Pagrus pagrus e Coryphaena hippurus, e SILVA e SÃO

CLEMENTE (2001) larvas de Contracaecum sp. em filés de Lutjanus synagris.

Quanto ao trematódeo encontrado, o Stherrurus sp., não foi achado nenhum trabalho

citando em que espécie de peixe ele já foi encontrado, ou qual tipo de lesão provoca no

hospedeiro.

Sobre a espécie de peixe C. nobilis, não foi encontrado nenhum trabalho anterior para

que se pudesse comparar com os resultados encontrados.

CONCLUSÃO

A presença de anisakídeos em C. nobilis é um achado preocupante, pois o A. simplex é

o agente causal da Anisakíase, zoonose endêmica no Japão, que é transmitida pela ingestão de

peixe cru contendo as toxinas deste parasito, podendo levar o homem à morte em 24 a 48

horas por choque anafilático. No Brasil, esta zoonose é pouco conhecida e estudada, não

havendo dados na literatura nacional referente ao parasitismo desta espécie de peixe. Desta

forma, este estudo inicia uma linha de pesquisa que visa descobrir: a biologia da reação

parasito-hospedeiro, formas de controle deste parasito em criatórios, o tempo de ação desta

toxina e formas de neutralização para liberação do peixe infectado para consumo humano. O

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campo de pesquisa nesta área é vasto, necessitando de um conjunto multidisciplinar de

profissionais: médicos veterinários, médicos, farmacêuticos e biólogos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Acesso em: 08 nov. 2002.

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AUDICANA, M. T.; ANSOTEGUI, I. J.; CORRES, L. F. de; KENNEDY, M. W. Anisakis

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BARRETO, A. F.; BARBALHO, L. T.; OLIVEIRA-SILVA, J. T.; LOPES, P. R. D.

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praia da ilha (Ilha de Itaparica, Bahia). In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, VI, 2000, Vitória. Anais... Vitória:

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BARROS, G. C.; AMATO, J. F. R. Larvas de Anisakídeos em peixe-espada, Trichurus

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v. 53, n. 2, p. 241-245, 1993.

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infectantes de anisakídeos em peixes de elevado consumo, provenientes do litoral nordeste do

Brasil. Disponível em: http://www.animalplanet.br/BichoonLine/artigos. Acesso em: 18 nov.

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KØIE, M. Metazoan parasites of Platichthys flesus (L.) along a transect from the

southwestern to the northwestern Baltic Sea. Journal of Marine Science, v. 56, p. 157-163,

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REGO, A. A.; SANTOS, C. P. Helmintofauna de cavalas, Scomber japonicus Houtt., do Rio

de Janeiro. Memória do Instituto Oswaldo Cruz, v. 78, p. 443-448, 1983.

SÃO CLEMENTE, S. C. de; LIMA, F. C. de; UCHOA, C. M. A. Parasitos de Balistes vetula

(L.) e sua importância na inspeção do pescado. Revista Brasileira de Ciência Veterinária,

v. 2, n. 2, p. 39-41, 1995.

SILVA, C. M. da; SÃO CLEMENTE, S. C. de. Nematóides da família Anisakidae e cestóides

da ordem Trypanoryncha em filé de Dourado (Coryphaena hippurus) e Aricó (Lutjanus

synagris) e sua importância na inspeção de pescado. Revista Higiene Alimentar, v. 15,

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VALTONEN, E. T.; HAAPARANTA, A.; HOFFMANN, R. W. Occurrence and histological

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Tabela 1. Distribuição dos parasitos nos órgãos dos exemplares de Conodon nobilis.

Órgãos

Parasitos Brânquias Estômago Intestino

Cavidade

visceral

Total

Anisakis sp. 0 0 31 0 31

Raphidascaris sp. 0 0 7 0 7

Cucullanus sp. 0 0 2 0 2

Spirunidae 1 0 0 0 1

Stherrurus sp. 33 22 5 3 63

Lernantrhops sp. 1 0 0 0 1

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Tabela 2. Distribuição dos parasitos nos exemplares de Conodon nobilis em relação ao

comprimento destes peixes, com intervalo de classe de 2,0 cm de comprimento (n = número

de exemplares na classe).

Comprimento dos peixes

Parasitos

14,0-16,0 cm

n = 15

16,1-18,0 cm

n = 26

18,1-20,0 cm

n = 6

20,1-22,0 cm

n = 4

22,1-24,0 cm

n = 9

Total

Anisakis sp. 5 15 3 0 8 31

Raphidascaris sp. 2 4 1 0 0 7

Cucullanus sp. 0 0 2 0 0 2

Spirunidae 0 0 0 0 1 1

Stherrurus sp. 18 24 4 9 8 63

Lernantrhops sp. 0 0 0 0 1 1

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Tabela 3. Distribuição dos parasitos em relação ao sexo dos exemplares de Conodon nobilis.

Sexo Parasitos

Fêmeas Machos Indefinido* Total

Anisakis sp. 20 6 5 31

Raphidascaris sp. 5 2 0 7

Cucullanus sp. 0 0 2 2

Spirunidae 0 0 1 1

Stherrurus sp. 22 24 17 63

Lernantrhops sp. 0 1 0 1

* Indefinido foram os espécimes que ainda não estavam maduros sexualmente, ou seja, os órgãos sexuais ainda não estavam completamente desenvolvidos para serem diferenciados.

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OCORRÊNCIA DE METAZÓARIOS EM PIABANHA (Brycon insignis

STEINDACHNER, 1876) ORIGINÁRIAS DE CATIVEIRO NA REGIÃO NORTE

FLUMINENSE, RJ

OCORRÊNCIA DE METAZÓARIOS EM PIABANHA (Brycon insignis

STEINDACHNER, 1876) ORIGINÁRIAS DE CATIVEIRO NA REGIÃO NORTE

FLUMINENSE, RJ

Guilherme Quintanilha Fernandes*, Maria Angélica Vieira da Costa Pereira** & Guilherme

Souza*

RESUMO

A Piabanha é um peixe da família Caracidae e do gênero Brycon, o mesmo da

matrinxã, da piraputanga e de outras 60 espécies. Foi feito o primeiro registro de metazoários

nesta espécie que é nativa do rio Paraíba do Sul e está ameaçada de extinção. Foram

analisados 60 exemplares de Brycon insignis (Steindachner, 1876) e encontrados sete

nematódeos, que devido à prevalência ser menor do que 5,0%, não haverá discussão sobre estas

espécies. Foram encontrados também crustáceos copépodes do gênero Lernaea, com

prevalência de 31,7%. Devido aos problemas causados pela Lernaea sp. em peixes, a presença

desses crustáceos parasitos nos exemplares coletados de cativeiro causam prejuízos nesta

criação. Outro problema é que esses alevinos são soltos no rio Paraíba do Sul, e este parasito,

que é comum em cativeiro, pode vir a infectar peixes de ambiente natural.

* Curso de Pós-Graduação em Produção Animal, Laboratório de Sanidade Animal (LSA), Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), Universidade Federal do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Avenida Alberto Lamego, 2000, Horto, 28.015-620, Campos dos Goytacazes, RJ. ** LSA-CCTA/UENF. E-mail: [email protected]

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Palavras-chave: Brycon insignis, peixes, parasitos.

ABSTRACT

Piabanha is one fish of the Caracidae family and of the gender Brycon, the same of

the matrinxã, piraputanga and another 60 species. I this researech was observed the first

record of metazoan parasites in this specie. This specie is native of the Paraíba do Sul river

and were threatened of extinction. In this paper, was analyzed 60 samples of Brycon insignis

(Steindachner, 1876) it was found seven species of nematodes and because the prevalence

than 5.0%, won’t had discussion about this species. Was founded crustacean copepod of the

gender Lernaea, with prevalence of 31.7%. Due the troubles caused by Lernaea sp. in fishes, the

presence of this crustacean parasite in this collected samples will be cause upset in this

cultivate. Another possible trouble is that this alevines are free in the river Paraíba do Sul, and

this parasite who is common in slavery will be infect fishes in the environment.

Keywords: Brycon insignis, fishes, parasites.

INTRODUÇÃO

A espécie Brycon insignis Steindachner, 1876, vulgarmente conhecida como

Piabanha, se distribui exclusivamente ao longo do rio Paraíba do Sul (FOWLER, 1950).

Devido à ação do homem, como a construção de barragens, alteração de cursos d’água, fim de

lagoas marginais, dificultando a piracema desta espécie reofílica, o desmatamento das matas

ciliares (falta de alimento para a espécie) e a pesca predatória, a espécie quase foi extinta

(SIBINELLI, 2003) A Piabanha, apesar de ser um peixe pouco conhecido e ainda ameaçado

de extinção, provavelmente será utilizada na piscicultura regional (SANTOS, 1987). A

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espécie possui carne saborosa, salmonada, de alto valor nutritivo, além de possuir alta

capacidade para pesca esportiva (SANTOS, 1987; SIBINELLI, 2003). Foi considerada uma

espécie de grande porte, podendo atingir de 8,0 a 10,0 kg de peso e chegou a ocupar lugar de

destaque na economia de certos municípios da região (SANTOS, 1987), sendo que os

exemplares capturados atualmente dificilmente possuem mais de dois quilos (DELDUQUE,

2000).

MATERIAL E MÉTODOS

Os exemplares de Piabanha foram originários de cativeiro e coletados de novembro a

dezembro de 2002, em pisciculturas do município de Itaocara, Projeto Piabanha, região Norte

Fluminense, RJ. O número de exemplares catalogados foi de 60.

Segundo MARCOGLIESE (2002), um número de 25 a 30 peixes permite a detecção

de parasitos se a prevalência destes for de 10% ou mais. Neste trabalho, foram utilizados 60

exemplares.

Os exemplares foram acondicionados em um isopor contendo gelo e transportados

para a o Laboratório de Sanidade Animal (LSA), setor de Parasitologia da Universidade

Estadual do Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ.

Foram tomadas as medidas de comprimento total da cabeça até ao final da nadadeira

caudal em centímetros, e o peso, que foi tomado dos exemplares de Piabanha, foi mensurado

em gramas. A espécie foi devidamente identificada.

Para total controle, todos os dados referentes a cada exemplar foram anotados em um

formulário, que continha o nome da espécie (vulgar e científico), data da pesca, o número

referente ao exemplar, o peso total e comprimento padrão, o sexo, onde e como foi capturado

e, nos exemplares contendo algum parasito, foi notificado em que órgão este foi encontrado e

feita uma identificação prévia (família, gênero ou espécie).

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A procura por parasitos nos exemplares começou pelo tegumento, fazendo-se uma

inspeção macroscópica. Foram visualizados os olhos, as nadadeiras (caudal, peitoral, dorsal,

ventral, etc), a boca, os opérculos e toda a extensão corpórea do peixe. Os parasitos

encontrados foram retirados e examinados em um estereomicroscópio com aumento de 20

vezes. Após, foram removidos os opérculos e retiradas as brânquias. As brânquias foram

colocadas em um vidro devidamente identificado (número do exemplar e espécie em questão),

contendo formol a 10%. Em seguida, foi feita uma lavagem da cavidade branquial e o

material resultante da lavagem foi filtrado em uma peneira de análise granulométrica, com

abertura de malha de 106 µm. Esse material filtrado foi adicionado ao vidro contendo as

brânquias. O material foi filtrado 48 a 72 horas após e o material resultante foi colocado em

placa de Petri e examinado ao estereomicroscópio.

As narinas foram abertas com o auxílio de uma tesoura de ponta fina e as cavidades

foram lavadas com formalina 1:4000 ou soro fisiológico a 0,6%, e o material resultante foi

examinado da mesma forma descrita acima.

Depois foi feita a abertura da cavidade visceral e a exposição dos respectivos órgãos

(fígado, intestino, estômago, vesícula biliar, baço, bexiga natatória e brânquias). Isso foi feito

através de uma incisão ao longo da linha média ventral, começando na região do ânus e

prolongando-se até a região anterior, próximo à cabeça. Após, foram rebatidas as paredes

laterais da cavidade visceral e expostos os órgãos internos, que foram primeiramente

examinados in situ, onde se buscou verificar a presença de parasitos localizados ou aderidos à

superfície dos órgãos ou na própria cavidade visceral.

Estes órgãos foram retirados e individualizados em placas de Petri com soro

fisiológico a 0,6%. Em cada um deles foi feito primeiro um exame macroscópio. A seguir,

foram dissecados e lavados e o material resultante da lavagem foi filtrado em uma peneira

para análise granulométrica, com abertura de malha de 106 µm. No que se refere ao tubo

digestivo (intestino e estômago) realizou-se ainda uma análise do seu conteúdo. Para isto,

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33

efetuou-se um corte longitudinal e o material foi filtrado seguindo a metodologia acima. O

material resultante da filtragem de cada órgão foi colocado em placas de Petri

individualizadas e examinado ao estereomicroscópio.

Os nematódeos encontrados foram fixados em ácido formol acético (AFA),

clarificados com ácido acético em lâmina e cobertos com lamínula para identificação primária

ao microscópio eletrônico. Posteriormente, para montagem das lâminas, passaram por uma

bateria de álcoois (de 70% a 100%), ficando 20 minutos em cada fase. Em seguida, foram

colocados em uma lâmina, cobertos com lactofenol e recobertos com lamínula. Para

montagem definitiva das lâminas, foi retirado o lactofenol e o parasito foi coberto por

bálsamo do Canadá.

Os crustáceos copépodes foram fixados em álcool 70%, depois transferidos para

água por um a 10 minutos, e deixados em água sanitária a 10% para digerir as estruturas

internas, controlando-se com o estereomicroscópio. Após, foram transferidos novamente para

água, para lavá-los, por um a cinco minutos, e fez-se a coloração em Carmin Acético. Para

isto, o crustáceo foi colocado em uma placa de Petri contendo o Carmin até adquirir

coloração, controlando-se também ao estereomicroscópio. Depois, foi colocado em álcool

70% por 10 minutos para se retirar o excesso de corante. Para diferenciação, foram colocados

em álcool clorídrico 0,5% a 1%. Após, os crustáceos foram levados para o álcool 70% por

alguns segundos para retirar o excesso e secos em papel de filtro. A seguir, foram colocados

em lâminas e cobertos com bálsamo do Canadá e recobertos por lamínula.

RESULTADOS

Foram encontrados sete nematódeos, todos do gênero Procamallanus. Estes se

encontravam distribuídos pelo estômago (dois) e intestino (cinco). A prevalência foi de

3,3%.

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Diagnosticou-se 35 crustáceos copépodes, todos do gênero Lernaea, e destes, 32 se

localizavam ao longo da superfície corpórea e três estavam fixados às brânquias. A

prevalência destes copépodes foi de 31,7% e a intensidade parasitária variou de um a quatro

parasitos por peixe. A abundância foi de 0,7 parasitos por peixe.

A Tabela 1 mostra a distribuição dos parasitos nos órgãos de B. insignis. As Tabelas

2 e 3 mostram a distribuição destes parasitos em relação ao tamanho e ao sexo dos espécimes.

DISCUSSÃO

O copépode encontrado, do gênero Lernaea, trata-se de um crustáceo que causa

grandes prejuízos em pisciculturas. Ele já foi encontrado em vários peixes de água doce do

Brasil, entre eles o Pacu, o Tambaqui, o Lambari, o Piauçu, a Traíra, várias espécies do

gênero Brycon, e até em girinos de anfíbios (MARTINS, 1998; PAVANELLI et al., 1998;

OKUMURA, 2003). Nenhum relato ocorreu até agora sobre este parasito em Piabanha (B.

insignis).

Quando jovem, a Lernaea sp. apresenta coloração esbranquiçada e à medida que

envelhece, a coloração se torna mais escura (OKUMURA, 2003). Estes relatos coincidem

com o que foi visto desta espécie neste trabalho. A Lernaea sp. pode ser encontrada na pele,

brânquias, nadadeiras, olhos, opérculos, boca, língua, e em casos mais graves, órgãos internos

(MARTINS, 1998). Nesta pesquisa, este parasito foi encontrado nas brânquias e distribuídos

pelo corpo.

Segundo EIRAS (1993), a classificação destes parasitos se faz durante sua fase

adulta e em fêmeas fixadas ao hospedeiro, pois nas fases mais jovens a morfologia de vários

parasitos é muito semelhante. As espécies de Lernaea são classificadas principalmente de

acordo com o números de órgãos de fixação, que podem variar de dois a quatro. No presente

trabalho, as espécies encontradas possuíam quatro órgãos de fixação.

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A Lernaea sp. pode causar mortalidade em 100% do plantel existente em uma

piscicultura se não for tratada a tempo. Esta mortalidade irá depender da intensidade

parasitária, e em alguns casos, do órgão atingido pela fixação deste parasito. E mesmo que a

morte não aconteça, outras conseqüências graves podem ocorrer, como perda de peso,

letargia, diminuição da taxa de crescimento, natação errática, interrupção da alimentação, e

onde ocorreu a fixação deste parasito, pode vir a ser local de infecção por fungos e bactérias

(EIRAS, 1993).

CONCLUSÃO

Devido à prevalência de 31,7% do crustáceo copépode do gênero Lernaea,

comprovada nesta pesquisa em exemplares de Piabanha retirados dos criadouros do município

de Itaocara, região Norte Fluminense, concluímos que a soltura de seus alevinos no rio

Paraíba do Sul, dissemina o ectoparasito no ambiente, comprometendo espécies livres de

parasitismo. Na tentativa nobre de se evitar a extinção de uma espécie, neste caso a Piabanha,

o homem tem causado um outro problema, a infecção de um parasito de cativeiro ao meio

ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELDUQUE, M. Piabanha. Rev. Globo Rural, v. 178, p. 71-73, 2000.

EIRAS, J.C. (ed.). Elementos de ictioparasitologia. Porto: Fundação Engenheiro Antônio de

Almeida, 1993.

FOWLER, H.W. Os peixes de água doce do Brasil. Arq. Zool., v. 6, p. 333-340, 1950.

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MARCOGLIESE, D.J. Parasites of fishes in fresh water - sampling procedures. Disponível

em: <http://www.canada.cg.ca/main_e.html>. Acesso em: 12 abr. 2002.

MARTINS, M.L. (ed.). Doenças infecciosas e parasitárias de peixes. Jaboticabal: FUNEP,

1998.

OKUMURA, M.P.M. Lerneose: um problema na piscicultura. Disponível em:

<http://www.animalplanet.br/bichoonline-artigos>. Acesso em: 12 abr. 2003.

PAVANELLI, G.C., EIRAS, J.C., TAKEMODO, R.M. (ed.). Doenças de peixes - profilaxia,

diagnóstico e tratamento. Maringá: UEM, 1998.

SANTOS, E. (ed.). Peixes de água doce (vida e costumes dos peixes do Brasil). 4. ed. Rio de

Janeiro: Editora Itatiaia Ltda, 1987.

SIBINELLI, V. Um mutirão pró-piabanha. Disponível em: <http://www.terradagente.

com.br>. Acesso em: 15 abr. 2003.

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Tabela 1. Distribuição dos parasitos nos órgãos dos exemplares de Brycon

insignis.

Órgãos Parasitos

Brânquias Estômago Intestino Corpo Total

Lernaea sp. 3 0 0 32 35

Procamallanus sp. 0 2 5 0 7

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Tabela 2. Distribuição dos parasitos nos exemplares de Brycon insignis em relação ao

comprimento destes peixes, com intervalo de classe de 10,0 cm de comprimento (n = número

de exemplares na classe).

Comprimento dos peixes

Parasitos

15,0-25,0 cm

n = 53

25,1-35,0 cm

n = 3

35,1-45,0 cm

n = 4

Total

Lernaea sp. 23 5 7 35

Procamallanus sp. 3 4 0 7

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Tabela 3. Distribuição dos parasitos em relação ao sexo dos exemplares de Brycon insignis.

Sexo Parasitos

Fêmeas Machos Indefinido* Total

Lernaea sp. 10 0 25 35

Procamallanus sp. 4 0 3 7

* Indefinido foram os espécimes que ainda não estavam maduros sexualmente, ou seja, os órgãos sexuais ainda não estavam completamente desenvolvidos para serem diferenciados.

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5. CONCLUSÕES GERAIS

A Ictioparasitologia é um estudo novo no Brasil, um país com vasta costa

litorânea e uma densa bacia fluvial, conseqüentemente um potencial de pesca

imensurável. Patologias de peixes ainda é um campo pouco explorado por

profissionais médicos veterinários, passando quase que desapercebido em

currículos de graduação e pós-graduação. O presente trabalho contribui para o

conhecimento do estudo ictioparasitológico de peixes de água doce do Rio Paraíba

do Sul e água salgada da bacia de Campos dos Goytacazes, regiões ainda pouco

exploradas e com um vasto campo de pesquisas.

Os trabalhos aqui apresentados são praticamente inéditos na literatura

nacional, quiçá na internacional. São pontos de partida para futuros estudos

ictioparasitológicos de grande importância para a economia, tendo em vista que o

pescado é um alimento de alto valor nutritivo e a pesca uma atividade significativa do

setor primário de produção com tendências a exportação, trazendo divisas para o

país.