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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DEMATERIAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃODE DIÓXIDO DE ESTANHO NANOESTRUTURADO PELO MÉTODO
DE SÍNTESE CONTÍNUA POR COMBUSTÃO EM SOLUÇÃO
MICHELINE DOS REIS ARAÚJO
Orientador: Prof. Dr. Wilson Acchar
Dissertação nº 89 / PPgCEM
Natal - RN
Fevereiro de 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIENCIAS EXATA DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
MICHELINE DOS REIS ARAÚJO
OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃODE DIÓXIDO DE ESTANHO NANOESTRUTURADO PELO MÉTODO
DE SÍNTESE CONTÍNUA POR COMBUSTÃO EM SOLUÇÃO
Natal - RN
Fevereiro de 2012
MICHELINE DOS REIS ARAÚJO
OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃODE DIÓXIDO DE ESTANHO NANOESTRUTURADO PELO MÉTODO
DE SÍNTESE CONTÍNUA POR COMBUSTÃO EM SOLUÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia deMateriais da Universidade Federal do RioGrande do Norte com ênfase em MateriaisCerâmicos, como parte dos requisitosnecessários para obtenção do título de Mestreem Ciência e Engenharia de Materiais.
Área de Concentração: Processamento demateriais a partir do pó.
Orientador: Professor Dr. Wilson Acchar
Natal - RN
Fevereiro de 2012
Seção de Informação e Referência
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Araújo, Micheline dos ReisObtenção e caracterização de dióxido de estanho nanoestruturado pelo método
de síntese contínua por combustão em solução / Micheline dos Reis Araújo. – Natal,RN, 2012.
101 f. : il.
Orientador: Wilson Acchar.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centrode Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciências eEngenharia de Materiais.
1. Dióxido de estanho – Dissertação. 2. Síntese contínua por combustão emsolução – Dissertação. 3. Nanopartículas – Dissertação. I. Acchar, Wilson. IIUniversidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BCZM CDU 620.1
Dedico aos meus pais, irmãos, amigos e
namorado pelo apoio e ajuda em todos os
momentos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre me guiar e proteger e por todas as oportunidades e pessoas
que colocou no meu caminho.
Ao professor Dr. Wilson Acchar, pelas discussões, atenção, paciência e estímulo
durante o processo de orientação deste trabalho.
A minha família, em especial aos meus pais Milton e Lecir e a minha avó Maria
Bezerra por nunca deixar de apoiar meus estudos e de me incentivar sempre me
dando carinho e amor durante toda a minha vida.
Ao meu namorado Eduardo Galvão, meu companheiro de todas as horas, que
sempre esteve ao meu lado em todos os momentos me dando carinho, amor e
incentivo.
Ao professor Dr. Carlos Pérez Bergmann, pela ajuda e colaboração com as idéias
iniciais deste trabalho.
Ao que fazem parte do Laboratório de Materiais Cerâmicos (LACER) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em especial ao Rafael Trommer, Diogo
Topolski, Antonio Takimi, Annelise Alves, Silvana Da Dalt, Paula Luciana, Felipe
Fernandes e Ramaugusto Vieira pelo auxílio nos diversos momentos da execução
deste trabalho, além da amizade e companheirismo durante a pesquisa
experimental.
Aos que fazem parte do Laboratório de Propriedades Físicas de Materiais
Cerâmicos (LaPFiMC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Ana Paula,
Antônio Carlos, Cláwsio Rogério, Pedro Henrique, Brena Kelly, Paulo Henrique,
Fernando Barcelos, Wagner Torquato que colaboraram direta ou indiretamente na
elaboração desta dissertação, dedico a minha profunda gratidão.
Aos professores Elialdo Chibério e Francisco Canindé, ambos do IFRN, pela ajuda e
contribuição na discussão do trabalho.
A Professora Vânia Caldas e ao Diego Tarragó do Laboratório de Biomateriais e
Cerâmicas Avançadas da UFRGS pelas análises de MET e de condutividade
elétrica.
Ao Ubiratan Correia pelas análises de Difração de raios X.
Ao João Batista e ao Professor Eduardo Lins pelas análises de BET.
A professora Helenice Vital pelas análises de Dilatometria.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGCEM - UFRN).
A CAPES pela bolsa concedida, possibilitando a realização deste trabalho.
“Para os crentes, Deus está no princípio das coisas. Para os cientistas,
no final de toda reflexão”. (Max Planck)
RESUMO
A Síntese Contínua por Combustão em Solução (SCCS) foi empregada na obtenção
de pós de dióxido de estanho nanoestruturados. Basicamente, uma solução
precursora é preparada, sendo posteriormente atomizada e aspergida na chama,
onde ocorre a combustão, levando à formação das partículas. A técnica apresenta
um grande potencial na produção de nanopartículas, principalmente pelo baixo custo
de insumos e equipamentos. O dióxido de estanho (SnO2) nanoestruturado tem sido
amplamente utilizado em diversas aplicações, principalmente como sensores de gás
e varistores. No caso dos sensores à base de cerâmicas semicondutoras, em que as
reações de superfícies são responsáveis pela detecção dos gases, a importância da
área superficial e do tamanho de partículas é ainda maior. A preferência por um
material nanoestruturado deve-se ao fato de que essas entidades apresentam
alguns pontos fundamentais tais como, o aumento significativo da área superficial
comparados aos pós microcristalinos convencionais e o reduzido tamanho de
partícula, que pode beneficiar certas propriedades como alta condutividade elétrica,
alta estabilidade térmica, mecânica e química. Neste trabalho, foram empregados
como solução precursora cloreto de estanho dihidratado diluídos em álcool etílico
anidro. Foi utilizada a razão molar cloreto/solvente de 0,75 no intuito de investigar
sua influência na microestrutura do material obtido. O fluxo da solução precursora foi
de 3 mL/min. A análise por difração de raios X da solução precursora com razão
molar cloreto/solvente de 0,75 indicou a obtenção de um pó cristalino e monofásico
e todos os picos são atribuídos a fase SnO2. Parâmetros de síntese como distância
da chama com o atomizador, distância do sistema de captação com a chama piloto,
razão molar e fluxo da solução precursora não afetaram a fase dióxido de estanho
no material obtido. Na caracterização do pó obtido, foram utilizadas técnicas como
análises termogravimétricas (ATG) e termodiferenciais (ATD), granulometria por
difração de laser (GDL), análise cristalográfica por difração de raios X (DRX),
morfologia por microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia eletrônica de
transmissão (MET), medida de área superficial específica (BET) e ensaio de
condutividade elétrica. O conjunto de técnicas revelaram que o SnO2 apresenta
comportamento de um material semicondutor, sendo um material potencialmente
promissor à aplicação como varistor e em sistemas de sensores à gases.
Palavras-chave: dióxido de estanho. síntese contínua por combustão em solução.
nanopartículas.
ABSTRACT
Continuous Synthesis by Solution Combustion was employed in this work aiming to
obtain tin dioxide nanostructured. Basically, a precursor solution is prepared and
then be atomized and sprayed into the flame, where its combustion occurs, leading
to the formation of particles. This is a recent technique that shows an enormous
potential in oxides deposition, mainly by the low cost of equipment and precursors
employed. The tin dioxide (SnO2) nanostructured has been widely used in various
applications, especially as gas sensors and varistors. In the case of sensors based
on semiconducting ceramics, where surface reactions are responsible for the
detection of gases, the importance of surface area and particle size is even greater.
The preference for a nanostructured material is based on its significant increase in
surface area compared to conventional microcrystalline powders and small particle
size, which may benefit certain properties such as high electrical conductivity, high
thermal stability, mechanical and chemical. In this work, were employed as precursor
solution tin chloride dehydrate diluted in anhydrous ethyl alcohol. Were utilized molar
ratio chloride/solvent of 0,75 with the purpose of investigate its influence in the
microstructure of produced powder. The solution precursor flux was 3 mL/min.
Analysis with X-ray diffraction appointed that a solution precursor with molar ratio
chloride/solvent of 0,75 leads to crystalline powder with single phase and all peaks
are attributed to phase SnO2. Parameters as distance from the flame with atomizer
distance from the capture system with the pilot, molar ratio and solution flux doesn’t
affect the presence of tin dioxide in the produced powder. In the characterization of
the obtained powder techniques were used as thermogravimetric (TGA) and
thermodiferential analysis (DTA), particle size by laser diffraction (GDL),
crystallographic analysis by X-ray diffraction (XRD), morphology by scanning electron
microscopy (SEM), transmission electron microscopy (TEM), specific surface area
(BET) and electrical conductivity analysis. The techniques used revealed that the
SnO2 exhibits behavior of a semiconductor material, and a potentially promising
material for application as varistor and sensor systems for gas.
Key-words: tin dioxide. continuous synthesis by solution combustion. nanoparticles.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática de um material nanoestruturado,
diferenciando os átomos do interior dos grãos (azul) dos átomos que estão nos
contornos de grão (vermelho)....................................................................................26
Figura 2. Estrutura cristalina do SnO2........................................................................33
Figura 3. Representação gráfica J x E da propriedade elétrica de condução não-
ôhmica de um varistor................................................................................................35
Figura 4. Estrutura eletrônica de banda do SnO2 e ampliação do ponto I- no máximo
da banda de valência.................................................................................................39
Figura 5. Esquema da estrutura de banda do SnO2.................................................39
Figura 6. Classificação de nanoestruturas de acordo com número de dimensões na
escala nanométrica....................................................................................................44
Figura 7. Esquema ilustrando os aglomerados, agregados e cristalito nos pós
cerâmicos obtidos pela aspersão de uma solução em chama...................................60
Figura 8. Esquema simplificado dos passos de formação das partículas e
crescimento a partir da fase gasosa...........................................................................62
Figura 9. Fluxograma do procedimento experimental adotado para a obtenção e
caracterização do dióxido de estanho nanoestruturado.............................................64
Figura 10. Diagrama esquemático do aparato empregado na obtenção de SnO2 pela
técnica de SCCS. A) solução precursora; B) entrada de ar comprimido; C) bomba
peristáltica; D) bico atomizador; E) chama piloto; F) sistema de captação................66
Figura 11. Sistema atomizador composto por duas agulhas dispostas
concentricamente, formando um spray que intercepta a chama
piloto...........................................................................................................................67
Figura 12. Formação da chama principal devido à combustão da solução precursora
na chama piloto..........................................................................................................68
Figura 13. Porta-amostra de alumina entre placas de alumínio.................................76
Figura 14. Distribuição granulométrica do pó de SnO2............ .................................77
Figura 15. Difratograma de raios X do pó de SnO2....................................................79
Figura 16. Curvas de ATG e ATD do pó de SnO2......................................................80
Figura 17. Micrografia por MEV do pó de SnO2 com ampliação de 2000 x...............82
Figura 18. Histograma com o intervalo do tamanho das partículas (nm) em função da
freqüência...................................................................................................................84
Figura 19. Micrografias por MET do pó de SnO2 com ampliação de 500.000 x.........85
Figura 20. Análise de condutividade elétrica (Tensão x Corrente) e (Densidade de
Corrente x Campo Elétrico) do pó de SnO2.................................................................87
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Parâmetros fixados durante a obtenção de SnO2 pela técnica de
SCCS..........................................................................................................................70
Tabela 2. Valores de distribuição granulométrica do pó de SnO2..............................78
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ATD - Análise termodiferencial
ATG - Análise termogravimétrica
BET – Brunauer, Emmett e Teller
C – constante relacionada com a microestrutura do varistor
CVD - Deposição de Vapor Químico
D - Tamanho de cristalito
Dm - Diâmetro médio
DRX - Difração de raios X
E - Campo elétrico
eV - Elétron Volt
FPLAPW – Full-Potential Linearized Augmented Plane Wave
GDL - Granulometria por Difração de Laser
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo
I – Corrente elétrica
J - Densidade de corrente elétrica
JCPDS – Joint Committee on Powder Diffraction Standards
Labview - Laboratory Virtual Instrument Engineering Workbench
mA – Miliampère
MAUD - Materials Analysis Using Diffraction
MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura
MET - Microscopia Eletrônica de Transmissão
MOCVD - deposição de vapor químico organometálico
SCCS – Síntese Contínua por Combustão em Solução
T – Tensão elétrica
LISTA DE SÍMBOLOS
Ø – Diâmetro
α - Coeficiente de não-linearidade
θ – Ângulo de incidência do feixe de raios X
ρ - Resistividade elétrica
λ - Comprimento de onda da radiação.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................19
2 OBJETIVOS..........................................................................................................22
2.1 Objetivo geral ..................................................................................................22
2.2 Objetivos específicos......................................................................................22
3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO DE PESQUISA ..................................................23
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................24
4.1 Materiais nanoestruturados ...........................................................................24
4.1.1 Definição e classificação ..............................................................................24
4.1.2 Propriedades .................................................................................................25
4.1.3 Determinação do tamanho de partícula e cristalito....................................27
4.1.4 Aplicações ....................................................................................................29
4.2 Dióxido de estanho (SnO2) ..............................................................................30
4.2.1 Estrutura cristalina........................................................................................33
4.3 Propriedades elétricas dos varistores............................................................34
4.3.1 Coeficiente de não-linearidade ....................................................................34
4.4 Semicondutores ...............................................................................................36
4.4.1 Propriedades de condutividade do SnO2 ....................................................37
4.4.2 Estrutura de banda........................................................................................38
4.5 Métodos de obtenção de pós nanométricos .................................................40
4.6 Síntese e crescimento de nanopartícula........................................................41
4.6.1 Síntese de nanoestruturas ...........................................................................43
4.6.2 Métodos de síntese .......................................................................................46
4.6.2.1 Síntese por sol-gel .....................................................................................47
4.6.2.2 Síntese por precipitação homogênea.......................................................50
4.6.2.3 Método químico com precursor polimérico.............................................51
4.6.2.4 Síntese hidrotérmica..................................................................................51
4.6.2.5 Co-precipitação ..........................................................................................52
4.6.2.6 Reação no estado sólido ...........................................................................53
4.6.2.7 Síntese por combustão em solução .........................................................54
4.6.2.8 Síntese contínua de SnO2 por combustão em solução ..........................57
4.6.2.9 Mecanismos de formação de partículas...................................................61
4.6.2.10 Conversão gota-partícula ........................................................................63
5 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................64
5.1 Materiais............................................................................................................65
5.1.1 Solução precursora.......................................................................................65
5.1.2 Solvente .........................................................................................................65
5.2 Métodos.............................................................................................................65
5.2.1 Aparato de obtenção de dióxido de estanho (SnO2) pela síntese contínua
por combustão em solução....................................................................................65
5.2.1.1 Sistema atomizador....................................................................................66
5.2.1.2 Conjunto de chamas ..................................................................................68
5.2.1.3 Sistema de coleta de pós...........................................................................69
5.2.2 Parâmetros operacionais..............................................................................69
5.2.3 Preparo da solução .......................................................................................69
5.2.4 Caracterização do pó obtido ........................................................................71
5.2.4.1 Granulometria.............................................................................................71
5.2.4.2 Difração de raios X.....................................................................................72
5.2.4.3 Morfologia e tamanho de partícula por microscopia eletrônica de
varredura..................................................................................................................73
5.2.4.4 Morfologia e tamanho de partícula por microscopia eletrônica de
transmissão .............................................................................................................74
5.2.4.5 Análise termogravimétrica e termodiferencial..........................................74
5.2.4.6 Área superficial específica .........................................................................75
5.2.4.7 Caracterização elétrica ...............................................................................75
6 RESULTADOS E DISCUSSÂO ............................................................................77
6.1 Análise granulométrica ....................................................................................77
6.2 Difração de raios X ...........................................................................................78
6.3 Análise termogravimétrica e termodiferencial ...............................................80
6.4 Morfologia e tamanho de partícula por microscopia eletrônica de varredura
..................................................................................................................................82
6.5 Morfologia e tamanho de partícula por microscopia eletrônica de
transmissão .............................................................................................................83
6.6 Área superficial específica...............................................................................86
6.7 Caracterização elétrica.....................................................................................86
7 CONCLUSÕES .....................................................................................................89
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................91
REFERÊNCIAS.........................................................................................................92
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 19
1 INTRODUÇÃO
A nanociência figura-se como uma das áreas mais atraentes e promissoras
para o desenvolvimento tecnológico neste século. Muitas aplicações dos
materiais estão diretamente relacionadas às suas propriedades estruturais. Em
ciências de materiais, o tamanho das partículas é um parâmetro importante na
explicação de vários fenômenos físicos e químicos, tais como, propriedades
elétricas, magnéticas e catalíticas. (MACIEL; LONGO; LEITE, 2003).
A Nanotecnologia acena como a provável forma de mudança pela qual a
produção de materiais e dispositivos irão passar no futuro. A habilidade para
sintetizar cristalitos, na escala nanométrica, com tamanho e composição
controlados com precisão e, então, montados em estruturas maiores, com
propriedades e funções únicas, irá revolucionar os segmentos de toda a
fabricação de materiais (ROCO; WILLIAMS; ALIVISATOS, 1999).
Nos últimos 20 anos, o estudo de materiais cerâmicos vem evoluindo muito
rapidamente, principalmente nas pesquisas relacionadas às cerâmicas
avançadas. As diversas aplicações envolvendo estes materiais justificam cada
vez mais a necessidade de uma melhor compreensão dos mecanismos
responsáveis pelos fenômenos de interface, que são os principais responsáveis
pelas propriedades destas cerâmicas na maioria das aplicações. Alguns
exemplos destas aplicações são: em células solares, catalisadores,
termistores, capacitores, sistemas de proteção contra surtos de energia
(varistores) e sistemas sensores a gases (tóxicos, poluentes, combustíveis e de
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 20
umidade). Dentre as cerâmicas avançadas, alguns dos óxidos utilizados nestas
aplicações são o ZnO, SnO2 e TiO2 (CÁSSIA-SANTOS et al., 2001).
O dióxido de estanho (SnO2) é particularmente interessante em aplicações
como sensor devido aos seus elevados valores de área superficial (mesmo
após sinterização), o que permite uma elevada sensibilidade à adsorção de
gases, os quais podem ser obtidos em temperaturas de operações
relativamente baixas (CÁSSIA-SANTOS et al., 2001).
Muitos fatores podem alterar as propriedades finais das cerâmicas, mais
especificamente, das cerâmicas eletrônicas. Um destes fatores é o processo de
síntese do pó. O processo de síntese pode alterar a morfologia, a distribuição
de tamanho de partículas, as fases cristalinas, a reatividade, bem como, as
fases no produto final.
Por isso, várias técnicas de síntese então sendo utilizadas, como sol-gel,
método Pechini e co-precipitação. Entre estas técnicas, a síntese por
combustão em solução merece destaque por ser uma técnica simples, versátil
e econômica. Esta técnica gera pós de alta pureza, de cristalitos em escala
nanométrica, com poucas etapas de processamento. Mas, esses pós podem
apresentar baixa sinterabilidade por ter baixa área superficial e morfologia de
plaquetas. A produção em bateladas é outra desvantagem deste processo
(TOPOLSKI, 2010).
Na tentativa de melhorar as características destes pós cerâmicos gerados,
desenvolveu-se um equipamento de baixo custo, com a combustão de um
spray da solução precursora numa chama, ocorrendo a reação química. Muito
pouco foi reportado em literatura na utilização de reações de combustão de
uma solução de cloretos e um combustível orgânico como precursores
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 21
químicos. O conhecimento da relação entre parâmetros processuais da síntese
por combustão contínua em solução de SnO2 e a microestrutura dos pós
obtidos é fundamental para a obtenção de pós com características desenhadas
para aplicações tecnológicas. A síntese e crescimento das nanopartículas será
focada em processos do tipo “bottom-up” para obtenção das mesmas. Em
particular, uma rota baseada na nucleação de cristais de dióxido de estanho
por meio da síntese contínua por combustão em solução, a qual será
apresentada e discutida.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 22
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal a obtenção e
caracterização de pós de dióxido de estanho nanoestruturado através da
técnica de síntese contínua por combustão em solução.
2.2 Objetivos específicos
Para o alcance do objetivo deste trabalho, foi necessário cumprir as
seguintes etapas experimentais específicas:
- Preparação das soluções precursoras com cloreto de estanho e álcool
etílico para obtenção de pós de dióxido de estanho por síntese contínua por
combustão em solução;
- Obtenção de pós nanométricos de SnO2 como-sintetizados;
- Caracterização física, cristalográfica e morfológica do SnO2 sintetizado,
pelas técnicas de: i) difração de raios X; ii) microscopia eletrônica de varredura;
iii) microscopia eletrônica de transmissão; iv) granulometria por difração de
laser; v) área superficial específica; vi) análise termodiferencial e
termogravimétrica; vii) caracterização elétrica.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 23
3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO DE PESQUISA
A interpretação e análise dos dados obtidos neste trabalho devem levar em
conta as seguintes limitações de ordem experimental:
- Os parâmetros do processo de síntese contínua por combustão em
solução para a obtenção de dióxido de estanho a partir de uma fase líquida são
particulares ao aparato desenvolvido e utilizado neste trabalho. Variações
quanto às características do queimador, tipo de gás da chama piloto,
características do sistema de captação, controle da atmosfera, fluxo de gases e
reagentes podem levar a resultados diferentes dos obtidos neste trabalho;
- O método de determinação do tamanho dos cristalitos e microdeformação
de rede através da análise do alargamento dos picos de difração de raios X é
um método simplificado e indireto para a determinação destas grandezas
físicas. Os valores obtidos com esta técnica não podem ser considerados
valores absolutos devido às simplificações inerentes ao método.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 24
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Materiais nanoestruturados
4.1.1 Definição e classificação
O Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks
define nanoestrutura como qualquer estrutura composta de partes funcionais
discretas, seja internamente ou na superfície, que possui uma ou mais
dimensões na ordem de até 100 nm. Este mesmo comitê menciona que
nanopartícula pode ser considerada como uma entidade discreta que possui
três dimensões na ordem de até 100 nm (SCENIHR, 2007).
Os materiais nanoestruturados são modulados em escalas de comprimento
variando de zero até três dimensões, podendo ser montados com
dimensionalidade zero (agrupamentos de átomos ou filamentos);
unidimensionais (multicamadas); bidimensionais (revestimentos ou camadas
ultrafinas); ou tridimensionais (fases nanométricas). Todos os materiais
nanoestruturados possuem domínios atômicos (grãos, camadas, fases ou
cristalitos) espacialmente confinados e são menores que 100 nm em pelo
menos uma dimensão (SIEGEL, 1993). Os materiais nanoestruturados ainda
podem ser divididos em três categorias:
a) Materiais com dimensões reduzidas e/ou dimensionalmente na forma de
nanopartículas, fios, ou filmes finos. As nanopartículas são divididas em
orgânicas e inorgânicas. As nanopartículas metálicas e óxidos são os principais
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 25
representantes do grupo dos inorgânicos nanoestruturados. Os exemplos mais
comuns de nanopartículas orgânicas são os componentes celulares e os vírus
(HORN; RIEGER, 2001).
b) Materiais em que a estrutura é limitada por uma região superficial fina
(nanométrica) do volume do material. Por exemplo, nanoclusters de grafite,
recobertos com uma camada de partículas de cobalto (JIAO; SERAPHIN,
2000).
c) Sólidos volumétricos com estrutura na escala de nanômetros. Algumas
ligas metálicas destacam-se como exemplos deste tipo de material.
4.1.2 Propriedades
A crescente dedicação ao estudo das nanopartículas ou partículas
nanoestruturadas nos últimos anos tem como principal motivo o fato de que
essas entidades apresentam propriedades diferentes dos materiais usuais. A
transição de micro para nano pode levar à inúmeras mudanças nas
propriedades físicas do material, uma vez que conforme as partículas ficam
suficientemente menores, começam a apresentar um comportamento mecânico
quântico. Tok et al. (2006) mencionam que as nanopartículas têm atraído
especial atenção devido as suas propriedades físicas e químicas únicas, que
são significativamente diferentes das apresentadas por uma microestrutura dita
usual.
Tipicamente, em materiais nanoestruturados a maioria dos átomos estão
localizados na superfície das partículas, enquanto que nos materiais
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 26
convencionais se localizam no interior dos grãos (AIFANTIS; HACKNEY;
MILLIGAN, 1995).
A figura 1 apresenta e exemplifica um modelo físico de um material
nanoestruturado, diferenciando os átomos do interior dos grãos (1) dos átomos
nos contornos de grão (2). As duas espécies estão presentes em materiais
convencionais, mas somente nos nanoestruturados, quando o tamanho de grão
se aproxima de 100 nm, é que a fração de átomos no contorno se torna
apreciável. Nesta dimensão, dependendo da espessura assumida da região do
contorno de grão, pode-se estimar matematicamente que a fração existente de
átomos no contorno de grão é similar àquela existente no interior dos grãos. Na
verdade, os contornos de grão são mais abertos e desordenados, podendo ser
constituídos de duas “fases” (AIFANTIS; HACKNEY; MILLIGAN, 1995).
Figura 1 - Representação esquemática de um material nanoestruturado, diferenciando
os átomos do interior dos grãos (1) dos átomos que estão nos contornos de grão (2).
Disponível em: <www.ehponline.org/.../114-8/innovations.html>, acessado em 15 de
abril de 2011. Imagem: Christopher A. Schuh/MIT.
1
2
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 27
Alguns materiais nanoestruturados apresentam propriedades excepcionais,
como altíssima resistência, dureza e ductilidade a altas temperaturas. Além
disso, são muito reativos, por apresentarem grande fração dos seus átomos na
superfície. Essa reatividade é tão grande, que muitas vezes é necessária a
utilização de estabilizantes, para impedir a ocorrência de reações indesejáveis
(WILSON, 2002).
Os grãos formados pela consolidação de clusters são essencialmente
equiaxiais e possuem orientações cristalográficas aleatórias, presumivelmente
como resultado de mecanismos de deslizamento existentes nos contornos de
grão, os quais são operantes durante a consolidação. As interfaces formadas
durante a consolidação são similares à estrutura observada em policristais
grosseiros, mas detalhes relacionados à estrutura atômica necessitam ainda
ser elucidados (EDELSTEIN; CAMMARATA, 1996).
Da mesma forma, a densidade de poros nanométricos e sua morfologia
ainda não são bem conhecidas, deixando a dúvida se podem ser extrapoladas
as teorias utilizadas em monolíticos ou materiais compósitos para explicar
sistemas onde os grãos, ou o tamanho dos reforços aproximam-se do
espaçamento na faixa de 100 nm (AIFANTIS; HACKNEY; MILLIGAN, 1995).
4.1.3 Determinação do tamanho de partícula e de cristalito
A dimensão de uma partícula nanoestruturada pode ser determinada por
diferentes técnicas, sendo mais modernamente empregada a análise
granulométrica a laser, a microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 28
microscopia eletrônica de transmissão (MET). A partícula pode ser uma
simples unidade, por exemplo, um único cristal ou pode ser formada de
subunidades. As pequenas subunidades são definidas como partículas
primárias e os agregados dessas partículas são freqüentemente chamados de
partículas secundárias (LIMA, 2007). Partículas finas, particularmente na
escala nanométrica, possuem grandes áreas superficiais e freqüentemente, na
tentativa de minimizar a superfície total ou a energia de interface do sistema,
aglomeram formando partículas secundárias (EDELSTEIN; CAMMARATA,
1996).
A medição do tamanho de partícula via MEV determina somente o tamanho
das partículas secundárias associada a sua limitação de magnificação visual.
Para os materiais cristalinos, o tamanho das nanopartículas primárias pode ser
estimado através do alargamento do pico de difração de raios X ou
determinado pelo MET. Está última técnica é a mais direta para a determinação
e, em relação à anterior, é menos afetada pelos erros experimentais e/ou
propriedades das partículas, como, por exemplo, a deformação de rede
(EDELSTEIN; CAMMARATA, 1996).
A difração de raios X (DRX) é uma técnica utilizada mundialmente na
análise e caracterização de materiais. Inicialmente, usada apenas para
determinação da estrutura cristalina dos compostos, hoje em dia, já é possível,
através da análise dos difratogramas, determinar a composição, o número de
fases cristalinas presentes, a existência de fase amorfa, os parâmetros de
rede, tensões residuais e tamanho de cristalito.
A largura dos picos de difração de raios X observados é uma junção de
fatores como a imprecisão do instrumento e fatores físicos, como tamanho dos
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 29
domínios cristalinos e a presença de defeitos cristalinos que levam a uma
microdeformação da rede cristalina (WARREN, 1969).
Assim, imperfeições da rede cristalina como: discordâncias, vacâncias,
elementos intersticiais, elementos substitucionais e defeitos similares
deformam a rede, levando ao alargamento do pico de difração. Se um cristal é
quebrado em pequenos domínios de difração, incoerentemente,
empilhamentos de discordâncias, falhas de empilhamento, maclas ou outras
imperfeições também levam ao alargamento dos picos de DRX. Analisando a
dependência do ângulo de difração (2θ) com o alargamento de pico, torna-se
possível separar e quantificar esses defeitos. Todavia, embora o entendimento
desses fatos básicos exista por um tempo relativamente longo, não há uma
única teoria coerente que seja aplicável de forma irrestrita (BALZAR, 2003).
A DRX pode ser aplicada na substituição à microscopia eletrônica de
transmissão devido à grande facilidade na preparação das amostras e
interpretação dos resultados, além de atenuar o problema de
representatividade da amostra.
4.1.4 Aplicações
Os materiais nanoestruturados já apresentam muitas aplicações, como as
que seguem:
Indústria automotiva, aeronáutica e aeroespacial: materiais reforçados com
nanopartículas com melhor relação peso-resistência mecânica; pneus
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 30
reforçados com nanopartículas que melhoram a resistência ao desgaste e sua
reciclabilidade; pintura externa que não necessita de lavagem; controle
eletrônico; revestimentos auto-reparadores; tecidos com propriedades
otimizadas; diminuição do peso de aeronaves; geração e gerenciamento da
energia de forma econômica e sistemas robóticos capazes e ultra-pequenos.
Eletrônica e comunicações: visores de painéis eletrônicos; novos
dispositivos e processos relacionados à comunicação e as tecnologias de
informação como a tecnologia sem fio; aumento na capacidade de
armazenamento e nas velocidades de processamento comparado aos circuitos
eletrônicos presentes.
Química: catalisadores com maior eficiência na queima de combustíveis
(redução da emissão de poluentes), brocas para perfuração e ferramentas de
corte ultra duras e tenazes; fluidos magnéticos para selo a vácuo e
lubrificantes.
Farmacêutica, medicina e biologia: novas drogas nanoestruturadas; genes;
medicamentos específicos; substituição de tecidos e fluidos em órgãos
específicos do corpo humano; aumento da biocompatibilidade de próteses;
sensores e regeneração óssea.
Processos de fabricação: engenharia de precisão baseada nas novas
gerações de microscópios e técnicas de medição; novos processos e
ferramentas para manipulação de material a nível atômico; pós nanométricos
para sinterização de componentes com propriedades especiais que podem
incluir sensores de detecção de falhas incipientes e atuadores para reparo de
problemas; polimento mecânico-químico com nanopartículas, biomateriais e
bioestruturas; fabricação de metais, cerâmicas e polímeros no formato
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 31
desejado, sem etapa posterior de usinagem, e revestimentos nanométricos
para ferramenta de corte, entre outros.
Energia: novos tipos de baterias; fotossíntese artificial para obtenção de
energia limpa; células solares; armazenagem de hidrogênio para uso como
combustível limpo e reserva de energias para materiais mais leves e circuitos
menores.
Meio ambiente: nanomembranas seletivas que podem filtrar contaminantes
para remoção de poluentes provindos de efluentes industriais.
Segurança: detectores de agentes químicos e biológicos; circuitos
eletrônicos capazes; blindagem com materiais e revestimentos rígidos;
camuflagem de materiais; têxteis leves e sistemas miniaturizados para uso
investigativo (ROCO; WILLIAMS; ALIVISATOS, 1999).
4.2 Dióxido de estanho (SnO2)
O dióxido de estanho é um óxido obtido das combinações de Sn4+ e O2-,
que apresenta propriedades semicondutoras. As Equações 1 e 2 mostram
como esta combinação é estabelecida. Na Equação 1, Sn sólido reage com ar
ou oxigênio, produzindo SnO2. Da mesma forma que se aquecido com vapor
d’água, reage com moléculas de H2O, formando SnO2 e hidrogênio, conforme
Equação 2 (Disponível em: < www.webelements.com >, acessado em 15 de
abril de 2011).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 32
Sn(s) + O2(g) → SnO2(s) (1)
Sn(g) + 2H2O(g) → SnO2 + 2H2 (2)
O dióxido de estanho é conhecido como um semicondutor de banda larga,
sendo que sua banda de valência é composta principalmente de orbitais O2p e
a banda de condução consiste de orbitais Sn5s e Sn6s (FONTANESI, 1998). A
energia de “gap” intrínseca é aproximadamente 3,6 eV, assim SnO2
estequiométrico não é considerado um bom condutor. As propriedades
elétricas dependem de desvios da composição estequiométrica e da
concentração de átomos de Sn intersticiais (MORAIS, 2002).
O dióxido de estanho, óxido anfótero, semicondutor do tipo n, destaca-se
pelo fato de ser aplicado em muitos campos, graças a algumas propriedades,
tais como condutividade elétrica, alta transparência na região do visível e alta
estabilidade térmica. O óxido de estanho (SnO2) é um material
tecnologicamente importante devido ao seu potencial em diversas aplicações,
como sensores de gases, dispositivos fotovoltaicos, eletrodos para células de
combustível, varistores, “display” de cristal líquido, catalisadores, dispositivos
opto-eletrônicos e sensores de gases (LEE, 2004). Esta última é uma das
principais aplicações do dióxido de estanho.
Nas últimas décadas, vários trabalhos relacionados a elementos sensores
com base em óxidos semicondutores, para detecção e monitoramento de
baixos níveis de componentes gasosos poluentes no ar, foram publicados. As
propriedades elétricas desses semicondutores são sensíveis a ambientes
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 33
gasosos. Assim, estas propriedades podem ser utilizadas para o
desenvolvimento de sensores de gases inflamáveis e/ou tóxicos, em ambientes
fechados ou ao ar livre (MACIEL, 2003).
4.2.1 Estrutura Cristalina
O SnO2 tem a mesma estrutura de octaedro que o SnO6, sendo este
composto com uma forma ligeiramente distorcida do óxido que estudamos
(figura 2). O SnO2 tem duas moléculas por célula unitária, com as posições
(FANTINI; TORRIANI, 1986) definidas abaixo:
Sn (2 átomos) em ( 0 , 0 , 0 ) e ( ½ , ½ , ½ )
O (4 átomos) em +/- ( u ,-u , 0 ) e +/- ( u+ ½ , ½ -u , ½ )
Onde u = 0,307 nm
Figura 2 – Estrutura Cristalina do SnO2 (WYCKOFF, 1963).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 34
Os ângulos entre o átomo central do Sn e os quatro átomos de O que estão
a 2,5 Å são 78,1o e 101.9º (WYCKOFF, 1963), como se vê na figura 2.
4.3 Propriedades elétricas dos varistores
4.3.1 Coeficiente de não-linearidade
A principal característica de um varistor é o seu grau de não-linearidade α,
que expressa o quanto o material se afasta da resposta ôhmica quando
solicitado eletricamente. Pode ser obtida pelas relações empíricas de corrente I
x tensão V (Equação 3) ou densidade de corrente J x campo elétrico E
(Equação 4):
I = C.Vα (3)
J = C.Eα (4)
Onde C é uma constante relacionada com a microestrutura (PRISCHING;
PECINA, 2000).
O significado físico de α (coeficiente de não-linearidade) pode ser explicado
por uma representação gráfica (figura 3) com regiões bem distintas.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 35
Figura 3 - Representação gráfica J x E da propriedade elétrica de condução
não-ôhmica de um varistor (Página:<www.cmdmc.com.br/pesquisa/varistores/
page2.php>, acessado em 20 de novembro de 2011).
Onde é a resistividade elétrica, d é a distância entre as placas e J é
densidade de corrente.
Em condições normais de operação da rede elétrica, a resistência efetiva de
um varistor é elevada (ρ = 1010 a 1012 .cm), não permitindo a passagem de
corrente através dele. Assim, a corrente que percorre o circuito, mantém o
equipamento a ser protegido em condições normais de funcionamento.
Acompanhando o perfil da curva, este comportamento acontece na
região de pré-ruptura, ou região de baixas correntes, onde a resposta elétrica
do varistor é ôhmica ou linear (α = 1), controlada, apenas, pela resistividade
dos contornos de grão do material (GUPTA,1990).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 36
Quando surge um transiente de tensão na rede, superior à tensão de
alimentação do equipamento, a resistência elétrica do varistor é diminuída em
muitas ordens de grandeza (ρ = 102 a 103 .cm), fazendo com que a corrente
em excesso seja absorvida pelo varistor, protegendo o equipamento em
questão. Este comportamento é verificado na curva, a partir da tensão limite ou
tensão de ruptura indicada, cuja região descreve o comportamento elétrico
condutor ou não-linear do varistor (α >>1). Assim, são considerados bons
varistores, àqueles com α > 40. Esta condução é regida pelas barreiras de
potencial geradas pelos dopantes e defeitos cristalinos nas regiões de contorno
dos grãos, durante a sinterização (GUPTA, 1990). A terceira região da curva,
ou região de pós-ruptura, é verificada somente para elevadas tensões,
incomuns às condições normais de operação das redes elétricas. Tal região
mostra o retorno do material a uma resposta ôhmica ou linear, regida por uma
resistividade elétrica controlada pelo interior dos grãos do material, quando o
potencial aplicado é superior à tensão de ruptura (GUPTA, 1990). Esta região é
pouco estudada, já que altas correntes produzidas podem degradar os
varistores pelo "efeito Joule". Normalmente, os valores apresentados para
elevadas correntes são resultados de extrapolação.
4.4 Semicondutores
A condutividade elétrica dos materiais semicondutores não é tão alta quanto
à apresentada pelos metais; de qualquer forma eles possuem algumas
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 37
características elétricas únicas que os torna especialmente úteis. As
propriedades elétricas desses materiais são extremamente sensíveis à
presença de pequenas concentrações de impurezas. Os semicondutores
intrínsecos são aqueles em que o comportamento elétrico está baseado na
estrutura eletrônica inerente ao metal puro. Quando as características elétricas
são ditadas pelos átomos de impurezas, o semicondutor é chamado extrínseco
(CALLISTER, 2000).
4.4.1 Propriedades de condutividade do SnO2
O SnO2 é um semicondutor do tipo-n, cuja condutividade elétrica é causada
por vacâncias na sub-rede de oxigênio ou por presença de estanho intersticial.
Contudo em SnO2 espera-se uma pequena quantidade do Sn intersticial,
devido à facilidade com que eles se difundem. Portanto as vacâncias de
oxigênio devem dominar a condutividade dos pós de SnO2. (STJERNA;
GRANQVIST, 1990).
O nível de doadores está a 0,14 - 0,30 eV abaixo do fundo da banda de
condução (FONSTAD; REDIKER, 1971); então, à temperatura ambiente, a
maioria dos centros doadores está ionizada. Observa-se através da equação 5
que cada vacância de oxigênio contribui com dois elétrons livres:
SnO2 ←→Sn4+ + 2O2- + V2+ ( + ½ O2 ) (5)
Onde V2+ é uma vacância de O2- na sub-rede de oxigênio.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 38
Santos et al. (2001), realizaram medidas de condutividade elétrica (Tensão
x Corrente) em SnO2 com adição de óxidos como dopantes, compactado a 210
MPa e sinterizado a 1300°C por 1 hora utilizando uma fonte medidora de alta
tensão (Keithley modelo 237) com a finalidade de aplicação como varistores.
4.4.2 Estrutura de banda
Na figura 4 podemos ver claramente o ‘gap’ (3,4 eV) entre as bandas de
condução e de valência (figura da esquerda) calculada pelo método full-
potential linearized augmented plane wave (FPLAPW), (BLAHA et al., 2001).
Destaca-se também na figura da direita, uma estrutura intrínseca à camada de
valência que pode contribuir para absorção em níveis de energias mais baixos
(0.8 eV). Na figura 5 temos um esquema de cada contribuição para estrutura
de banda do SnO2 (STJERNA; GRANQVIST, 1990). Observa-se nessa figura,
o surgimento da mesma estrutura de baixa energia que surge na figura 4 de
estrutura eletrônica, a 0.8 eV.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 39
Figura 4 – Estrutura eletrônica de banda do SnO2 e ampliação do ponto I- no Maximo
da banda de Valência (PERSSON; LINDEFELT, 1997).
Figura 5 – Esquema da estrutura de banda do SnO2 (STJERNA; GRANQVIST, 1990).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 40
4.5 Métodos de obtenção de pós nanométricos
Embora existam vários métodos de obtenção de pós nanométricos, a
maioria das técnicas pode ser englobada em três categorias (MAYO, 1996):
Síntese química: usa muitas vezes reações simples para produzir um
produto na forma de pó ultra-fino, através da manipulação da cinética da
reação, favorecendo a nucleação de partículas ao invés do crescimento de
grão. Um exemplo desta técnica é a produção de TiO2 através da reação
gasosa entre TiCl4 e O2 e/ou através da reação de TiCl4 e H2O líquido, utilizada
pela indústria de pigmentação (MAYO, 1996).
Síntese termofísica: usa sólidos grosseiros como fonte, e com a
aplicação de energia térmica e/ou mecânica, reduz o sólido a um pó fino, sem
mudança química. Esta síntese é dominada pela técnica de condensação de
fase gasosa, na qual um sólido é evaporado formando um vapor super
saturado, que subseqüentemente sedimenta na forma de partículas de
pequena escala, sendo que esse vapor pode ser obtido de várias maneiras.
Um exemplo dessa técnica é a obtenção de alumina a partir da evaporação do
alumínio em um ambiente oxidante (MAYO, 1996).
Síntese mecânica: em adição a síntese química e suas variantes, a
moagem é usada para criar pós cerâmicos ultra-finos através da moagem de
pós grosseiros. Muitas vezes partículas nanocristalinas são fabricadas pela
moagem de um ou mais precursores, os quais são repetitivamente fraturados e
reunidos para criar uma estrutura fina que pode reagir in situ ou com um
tratamento térmico posterior, para produzir um pó cerâmico com grãos finos.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 41
Um exemplo desse método é a obtenção de MoSi2 nanocristalino através da
moagem de molibdênio e silício (MAYO, 1996).
Numerosas variantes desses processos vêm sendo desenvolvidas nos
últimos anos e como já esperado, essas técnicas apresentam vantagens e
desvantagens em relação aos custos e benefícios de cada uma.
4.6 Síntese e crescimento de nanopartículas
O primeiro desafio para o desenvolvimento da nanotecnologia é o preparo
de nanoestruturas com tamanho e morfologia controlados. Em geral, o
tamanho reduzido dos nanomateriais impede que técnicas usuais de preparo
de materiais do tipo “bulk” sejam empregadas. Por esse motivo, uma
quantidade imensa de trabalhos tem sido publicada nos últimos anos,
descrevendo rotas de síntese de nanomateriais com diversas composições,
morfologias e tamanhos. As técnicas de preparo de nanoestruturas podem ser
divididas em duas categorias: (1) os processos “top-down” e (2) os métodos
“bottom-up”. A diferença entre esses processos está relacionada ao caminho
utilizado para obter os nanocristais. As técnicas do tipo “top-down” baseiam-se
no preparo de nanoestruturas a partir de cristais de maior tamanho. É muitas
vezes mencionada, como analogia, que para esses processos as
nanoestruturas são obtidas a partir da “escultura” de cristais do tipo “bulk”.
Dentre essa categoria, a técnica mais utilizada é a litografia de cristais, que é
análoga aos processos utilizados na fabricação de dispositivos
semicondutores. Por esse motivo, a litografia de nanoestruturas é uma
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 42
tecnologia razoavelmente bem desenvolvida e que possibilita a obtenção de
morfologias controladas (DOBISZ et al., 1992). Por outro lado, as atuais
resoluções dos processos de litografia devem ser melhoradas para que estes
possam ser aplicados em maior escala. Além disso, a litografia ainda é uma
técnica relativamente dispendiosa. Outra rota bastante utilizada é a moagem de
cristais do tipo “bulk” para a obtenção de grãos nanométricos (KOCH, 2003).
Porém, os processos de moagem geralmente não permitem um controle fino
sobre a morfologia, o tamanho e a distribuição dos nanocristais produzidos. Por
sua vez, os processos “bottom-up” consistem em rotas de obtenção e
nanoestruturas a partir de entidades menores, como átomos, moléculas ou
nanopartículas (LEITE, 2004). As rotas de síntese baseadas em reações
químicas são bastante utilizadas para a obtenção de um número grande de
nanoestruturas de diversas composições. Outra área de bastante interesse é o
preparo de nanoestruturas utilizando nanopartículas como blocos de
construção, pelo controle dos mecanismos de crescimento (ALIVISATOS,
2000). Os processos de auto-organização (i.e. “self-assembly”) também têm
concentrado bastante atenção, por apresentar o potencial de obtenção de
nanodispositivos com estrutura controlada (PARK, 2004). As técnicas “bottom-
up” requerem um conhecimento sólido em relação aos processos de nucleação
e crescimento de cristais, para que seja possível controlar as características
das nanoestruturas preparadas. Existe uma grande expectativa na comunidade
científica que o estudo dos processos físico-químicos envolvidos na nucleação
e crescimento de cristais possibilite o preparo de virtualmente todas as
nanoestruturas desejadas, pelo desenvolvimento de processos simples e
pouco dispendiosos.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 43
4.6.1 Síntese de nanoestruturas
As nanoestruturas podem ser separadas em diferentes categorias, de
acordo com o número de dimensões que estão na escala nanométrica (figura
6). As nanopartículas são nanoestruturas com morfologia aproximadamente
esférica, sendo que todas suas dimensões se encontram na faixa de alguns
nanômetros e podem ser consideradas como estruturas de dimensão
aproximadamente zero. Assim, as nanopartículas apresentam um
confinamento espacial tridimensional, e também são conhecidos como pontos
quânticos. Existe um grande interesse no uso de pontos quânticos
semicondutores para aplicações em dispositivos opto-eletrônicos. As
nanopartículas que apresentam uma morfologia levemente assimétrica, com
uma de suas dimensões um pouco maior do que as outras são conhecidas
como nanobastonetes ou “nanorods”. Muito tem sido feito em relação a estudos
de síntese de nanopartículas e nanobastonetes, especialmente para
compostos semicondutores (BAE et al., 2004).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 44
Figura 6 – Classificação de nanoestruturas de acordo com número de dimensões na
escala nanométrica (BUROWSK; SIMMONS, 2002).
As nanoestruturas que apresentam confinamento espacial em apenas
duas de suas dimensões são consideradas estruturas aproximadamente
unidimensionais. Nessa categoria, as estruturas são conhecidas como fios
quânticos, na qual se enquadram os nanotubos, nanofios e nanofitas. A grande
motivação para o estudo de nanoestruturas unidimensionais se deve ao fato de
que estes materiais podem ser utilizados no futuro como conectores em
nanodispositivos. Os nanotubos de carbono, descobertos por S. Iijima em 1991
são um dos nanomateriais mais estudados na última década (IIJIMA, 1991).
Até o presente momento, existe uma quantidade enorme de estudos
relacionados aos nanotubos de carbono, relatando propriedades que são de
grande interesse para muitas aplicações em potencial. Um exemplo é o uso
dos nanotubos de carbono como fonte de elétrons, sendo que estudos na
literatura relatam que os canhões de elétrons construídos com esse material
apresentam emissões superiores aos canhões de emissão de campo (DE
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 45
JONGE et al., 2002). Existe ainda o potencial de aplicar esses materiais em
sensores, transistores de efeito de campo, etc (LEE, 2004). Recentemente,
Pan et al. (1998) relataram a produção de nanofitas de óxidos metálicos (e.g.
ZnO, SnO2, In2O3) por meio de uma técnica baseada na condensação de vapor
(LEE, 2004). Estas estruturas apresentam uma seção transversal retangular
com dimensões nanométrica e comprimento de vários micrometros. Leite et al.
(2002) apresentaram uma modificação dessa rota, na qual carbono é
adicionado ao material de partida (i.e. pó de SnO2) para facilitar a evaporação
do óxido. Dessa forma, foi possível reduzir a temperatura de síntese (LEITE et
al., 2002).
Por último, estruturas aproximadamente bidimensionais, em que apenas
uma das dimensões está na escala nanométrica, são conhecidas como filmes
finos ou poços quânticos. Filmes finos são muito utilizados em um número
grande de aplicações. Por esse motivo, é uma área de pesquisa bastante
intensa há alguns anos. Existem muitos métodos de preparo, tanto físicos
como químicos, desenvolvidos para a deposição de filmes finos (OHRING,
1992). Os métodos físicos mais utilizados para a obtenção de filmes são a
deposição por abrasão de laser, as técnicas de “sputtering”, e as técnicas de
evaporação física. Estes métodos baseiam-se na transferência de átomos de
um material (fonte) para um substrato, onde ocorrem a formação e crescimento
do filme. A grande vantagem dessas técnicas é a possibilidade de obter um
ótimo controle quanto à espessura e uma boa homogeneidade estrutural. Por
outro lado, as desvantagens são a impossibilidade de recobrir grandes
superfícies e a necessidade do uso de equipamentos relativamente complexos.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 46
Alguns dos métodos químicos mais utilizados para a obtenção de filmes
finos são as técnicas de deposição de vapor químico (e.g. MOCVD, deposição
de vapor químico organo-metálico) e os processos do tipo “sol-gel”. Os
processos de CVD (i.e. deposição de vapor químico) baseiam-se na
evaporação de uma substância precursora, cujo vapor reage na interface do
substrato formando o filme desejado. A técnica de MOVCD, por exemplo, faz
uso de uma substância organo-metálica (e.g. alcóxidos) como precursor.
As técnicas do tipo “sol-gel” consistem na síntese de um gel precursor
que é posteriormente depositado sobre um substrato e submetido a
tratamentos térmicos para promover a cristalização do material desejado
(PECHINI, 1967).
4.6.2 Métodos de síntese
Alguns métodos de síntese estão descritos na literatura para a obtenção de
óxido de estanho. Dentre os quais, a rota sol-gel, precipitação homogênea,
síntese hidrotérmica, spray-pyrolysis, reação de estado sólido, além do método
de fusão, microemulsão, oxidação do estanho metálico, condensação de fase
gasosa, precursor polimérico, síntese por combustão em solução, método
Pechini, entre outros. No entanto, alguns desses métodos são mais
complicados e dispendiosos, especialmente quando estão envolvidos
precursores organometálicos e processos de controle de difícil implementação
(DALT, 2008).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 47
4.6.2.1 Síntese por sol-gel
O termo sol-gel foi utilizado pela primeira vez no século XIX. É uma técnica
à temperatura ambiente, utilizando precursores químicos que podem produzir
cerâmicas e vidros com uma pureza e homogeneidade equivalentes aos
processos convencionais a altas temperaturas. Este processo está sendo
utilizado para produzir uma grande quantidade de compostos (principalmente
óxidos) em várias formas, incluindo pós, fibras, filmes finos e membranas
porosas. Em geral, o processo de sol-gel envolve a transição de um sistema no
estado líquido "sol" (solução coloidal) em uma fase de "gel" sólida. A
preparação do sol geralmente é feita utilizando sais metais inorgânicos ou
compostos metálicos orgânicos como os metais alcóxidos (PRADEEP;
CHANDRASEKARAN, 2006). A técnica de síntese por sol-gel requer
precursores e solventes de alto custo e envolve a utilização de grande
quantidade de solventes orgânicos ou a adição de surfactantes durante a
reação, e dessa forma é aplicada restritamente e em pequena escala (LIU et
al., 2005).
O interesse no estudo de SnO2 na forma nanocristalina se deve às
interessantes propriedades que surgem com a redução do tamanho de cristal.
Por exemplo, o princípio de funcionamento de sensores de gases consiste na
adsorção superficial de gases sobre o cristal em questão (SPANHEL;
ANDERSON, 1991). Em temperaturas acima de 100oC, oxigênio é adsorvido
quimicamente nas superfícies do óxido, agindo como um aceptor de elétrons. A
transferência de elétrons da superfície para as espécies de oxigênio adsorvido
cria uma região deficiente em elétrons na superfície do SnO2. A presença de
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 48
gases redutores faz com que a concentração de oxigênio adsorvido seja
reduzida, de forma que ocorre uma re-injeção de elétrons para a superfície do
óxido, diminuindo a resistência elétrica do material. O uso de nanopartículas é
bastante interessante, uma vez que ao possuir uma alta área superficial, os
sensores de SnO2 teriam um melhor desempenho.
Existe um grande número de rotas de preparo de óxido de estanho
nanocristalino, sendo que a mais comum consiste em processos do tipo sol-gel.
O óxido de estanho é geralmente preparado pela reação de hidrólise de SnCl4
com hidróxido de amônia, o que resulta em um gel amorfo. O produto é
submetido a tratamentos térmicos para promover a cristalização do óxido, após
a lavagem e a secagem do produto de hidrólise. Em geral, as calcinações são
realizadas em temperaturas superiores a 300oC. É importante ressaltar que o
tratamento térmico utilizado para promover a cristalização dos nanocristais de
SnO2 determina as características das nanopartículas (LEITE, 2004).
Existem trabalhos reportados na literatura em relação à obtenção de
nanopartículas de TiO2, por meio de rotas baseadas em reações de hidrólise.
Harris e Byers (1988) obtiveram cristais de TiO2 a partir da hidrólise de etóxido
de titânio, em diferentes tipos de solventes. Oskam et al. (2003) prepararam
suspensões coloidais de TiO2 a partir da hidrólise de isopropóxido de titânio (IV)
em meio aquoso acidificado pela adição de ácido nítrico (OSKAN et al., 2003).
Em relação ao óxido de estanho, trabalhos publicados na literatura reportam a
obtenção de nanopartículas de óxido de estanho a partir de técnicas baseadas
na hidrólise de sais de estanho. Usualmente, o reagente mais utilizado nas
sínteses é o cloreto de estanho (IV). No entanto, as reações de hidrólise dos
íons Sn4+ promovem a formação de compostos amorfos que necessitam ser
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 49
submetidos a tratamentos térmicos para a cristalização de nanopartículas de
SnO2 (ZHANG; GAO, 2004). Ou seja, ao contrário do que ocorre no caso do
ZnO, as metodologias relatadas na literatura para obtenção de nanopartículas
de SnO2 a partir de reações de hidrólise não permitem a obtenção de
nanocristais à temperatura ambiente.
Nütz e Haase (2000) prepararam nanopartículas de SnO2 deficientes em
oxigênio e dopadas com Sb2O3 a partir de processos hidrotermais. As
suspensões coloidais foram obtidas por intermédio da dissolução de SnCl4 em
HCl a 85 oC (para as suspensões dopadas, foi adicionado SbCl3 ou SbCl5). A
seguir a solução foi misturada com água e resfriada até 0 oC. Hidróxido de
amônia foi então adicionado, até que um pH entre 3-4 fosse obtido, o que
promoveu reações de hidrólise, formando um precipitado branco. O precipitado
foi lavado e disperso em água, formando uma suspensão turva. Esta sofreu um
processo de diálise, resultando em uma suspensão coloidal transparente. Por
último, tratamentos hidrotermais foram realizados a 270 oC por 4 dias. Este
processo foi realizado para acelerar o envelhecimento das partículas. Foram
obtidas nanopartículas de SnO2 com estrutura do tipo rutilo e diâmetro de 4 a 9
nm. Ambos os tipos de cloretos de antimônio foram utilizados com sucesso
para a obtenção de nanopartículas de SnO2:Sb.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 50
4.6.2.2 Síntese por precipitação homogênea
Existem dois tipos de síntese: síntese por precipitação e síntese por
precipitação homogênea. Na síntese por precipitação convencional o precursor
do óxido de estanho é obtido pela adição de amônia diretamente a uma
solução que contem cátions de estanho. Este método dá um pequeno controle
no tamanho e na forma das partículas formadas por causa da rápida mudança
da concentração da solução com um natural descontínuo na introdução de
amônia. Um melhor controle pode ser alcançado se a amônia for introduzida
uniformemente em toda a solução a nível molecular. Neste caso o processo é
denominado síntese por precipitação homogênea (WILLARD; TANG, 1937).
Song e Kang (2000) prepararam cloreto de estanho pentahidratado, amônia
e uréia. As partículas de óxido de estanho foram obtidos por dois métodos: o
método de precipitação convencional e o método de precipitação homogênea.
No método de precipitação, a solução de NH3 aquosa foi adicionada
diretamente em uma solução aquosa 0,1M de SnCl4 até a mistura alcançar o
valor do pH desejado, onde o precipitado de hidróxido de estanho branco foi
produzido. No método de precipitação homogênea, uréia de diferentes
concentrações (0,1 – 1M) foi dissolvida na solução aquosa SnCl4 .5H2O
(0.01M). As soluções foram hidrolisadas a 90 oC por 4 horas e foram resfriadas
com água gelada. Os produtos foram separados usando uma centrífuga de alta
velocidade a 8500 rpm por 30 minutos. Os precipitados foram secos a 100 oC
por 24 horas. Os precipitados secos foram calcinados à temperatura constante
de 100 oC durante 2 horas para converter completamente o hidróxido de
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 51
estanho em óxido de estanho. Este método obteve nanopartículas com
diâmetros de 3 a 4 nm e área superficial específica de 24 – 44 m2 / g.
4.6.2.3 Método químico com precursor polimérico
O método que vem sendo bastante utilizado para obtenção de
nanopartículas de dióxido de estanho, em especial para SnO2 dopado, é o dos
precursores poliméricos, baseado no método Pechini (PECHINI, 1967). Este
consiste na formação de quelatos entre os cátions metálicos (dissolvidos em
meio aquoso) com ácido carboxílico (geralmente o ácido cítrico) e posterior
polimerização, utilizando uma reação de poliesterificação com poliálcool
(preferencialmente etilenoglicol).
Segundo Maciel, Longo e Leite (2003), esta técnica tem apresentado
resultados satisfatórios na obtenção de dióxido de estanho nanoestruturado
com alta estabilidade térmica contra crescimento de partículas e apresentou
tamanho médio de cristalitos menores que 20 nm.
4.6.2.4 Síntese hidrotérmica
A utilização deste método para a obtenção de materiais nanoestruturados
tem sido adotada extensivamente por ser um processo fácil e hábil para
produção em alta escala (DU et al., 2005). Os pós sinterizados por este método
têm apresentado partículas finas, alta pureza e homogeneidade química do pó
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 52
com a utilização de vários ou de único componente para formação do óxido.
Durante a preparação, o pH da solução, a diluição de precursores, a
temperatura da autoclave e a pressão de vapor são passíveis de controle para
a obtenção de partículas com o tamanho desejado. A elevada diferença de
potencial entre as soluções devido à mudança de superfícies pode resultar em
um produto monofásico (SATYANARAYANA; REDDY; MANORAMA, 2003).
A desvantagem desta técnica é que algumas vezes usam-se precursores
similares ao processo sol-gel e necessitam autoclave de alta pressão. O
processo de síntese hidrotérmica pode ocorrer com baixas temperaturas de
síntese. Entretanto, nesta condição, é necessário um longo tempo para
completar a reação (VERMA et al., 2004), podendo ser necessário, inclusive,
vários dias (MENZEL et al., 2004).
Firooz, Mahjoub e Khodadadi (2008) obtiveram SnO2 nanoestruturado pelo
método de síntese hidrotérmica a baixas temperaturas (~130°C) por 24 h com
partículas de aproximadamente 20 nm.
4.6.2.5 Co-precipitação
No processo que envolve a co-precipitação, o pH da solução metálica é
aumentado através da adição de uma composição de natureza básica para
estabelecer a precipitação de hidróxidos. Durante o processo é necessário um
rígido controle do pH, desde a etapa de agitação da solução, além da utilização
de dispendiosos alcóxidos (LIU et al., 2005; XIAO et al., 2007). Essas
dificuldades na execução do processo podem comprometer a qualidade dos
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 53
pós obtidos. Entretanto, Babar et al. (2010), obtiveram nanopartículas de SnO2
pelo processo de síntese por co-precipitação, onde o tamanho médio das
nanopartículas após a realização de difração de raios X foram de 6, 30, 44 e 46
nm, variando de acordo com a temperatura de sinterização realizada, as quais
foram 400, 600, 800 e 1000 °C respectivamente.
4.6.2.6 Reação no estado sólido
Reações no estado sólido envolvem a mistura de óxidos e elevadas
temperaturas (>1200ºC). São comumente usadas industrialmente na obtenção
de pós, devido ao baixo custo e a possibilidade de produção de pós em larga
escala. No entanto, apresentam algumas desvantagens inerentes: pouco
controle composicional, não homogeneidade química, tamanho de partícula
grosseiro e a introdução de impurezas durante a moagem no moinho, formando
a presença de fases indesejadas, formação de expressiva aglomeração e
imprecisão no controle da estequiometria e razão entre os cátions (CANDEIA et
al., 2006). Além disto, não é trivial obter materiais nanoestruturados através da
reação por estado sólido, haja visto que a técnica requer temperaturas
elevadas para a síntese, e isto resulta em aumento para o tamanho das
partículas (TAO et al., 2000).
Segundo Aono et al. (2008), é muito difícil controlar a qualidade do pó e o
tamanho das partículas utilizando reações no estado sólido. As partículas
grosseiras e não uniformes provocam a formação de vazios durante a
compactação ou áreas de baixa densidade nos compactos a verde, e na
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 54
sinterização os produtos finais não são homogêneos em escala microscópica,
ocasionando propriedades muitas vezes não reprodutíveis (COSTA et al.,
2003; VERMA et al., 2000)
Em contrapartida, conforme Liu et al. (2005), a síntese por reação de estado
sólido para preparação de nanomateriais pode apresentar a vantagem de se
obter o produto final em um único estágio (single-step synthesis).
4.6.2.7 Síntese por combustão em solução
A síntese por reação de combustão em solução tem se mostrado bastante
promissora na obtenção de pós nanoestruturados (ferritas, manganitas,
cobaltitas, cromitas, titanitas, óxidos supercondutores, entre outros compostos)
com controle da microestrutura e de características como pureza,
homogeneidade química, forma e tamanho de partículas (CASTRO; GAYOSO;
RODRIGUEZ, 1997).
Este processo realiza a reação química a partir de nitratos metálicos e
combustíveis orgânicos (uréia, glicina, sacarose, ácido cítrico, entre outros). A
reação é auto-sustentável e de grande exotermicidade. Os nitratos metálicos
fornecem os íons metálicos geradores do óxido e são fortes agentes oxidantes.
O combustível orgânico tem a função de combustível e, principalmente para
óxidos mistos, de agente complexante, evitando a precipitação dos íons
metálicos, mantendo a homogeneização da solução (PATIL; ARUANA;
MIMANI, 2002).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 55
Durante a reação, devido à grande energia da combustão, são expelidos
muitos gases (NOx, N2, CO2, O2) a altas temperaturas que favorecem a
produção de particulados finos e de alta área superficial. Ao mesmo tempo,
esta liberação de gases é uma das maiores perdas térmicas do processo
(CASTRO; GAYOSO; RODRIGUEZ, 1997).
A base da técnica da síntese por combustão em solução provém dos
conceitos termodinâmicos usados no campo dos propelentes e explosivos, e
sua extrapolação para a síntese por combustão de óxidos cerâmicos e a
interpretação termodinâmica é discutida de modo extensivo por diversos
pesquisadores (FUMO; MORELLI; SEGADÃES, 1996).
As características dos pós, tais como tamanho de cristalito, área superficial,
natureza de aglomeração (forte ou fraca) é governada principalmente pela
entalpia e temperatura de chama gerada durante a combustão que, por sua
vez, é dependente da natureza do combustível e da razão combustível-
oxidante empregada na reação (PUROHIT; SAHA; TYAGI, 2001).
A síntese por combustão tem emergido como uma rota efetiva de síntese de
pós, simples e econômica. Este processo não necessita qualquer ácido ou
base para hidrolisar os sais correspondentes. Lavagem, filtração, secagem e
etapas de calcinação podem ser eliminadas, economizando uma considerável
quantidade de energia e tempo. No entanto, pós produzidos por esta rota
podem apresentar baixa sinterabilidade devido a sua menor área superficial e
morfologia em forma de plaquetas (MERZANOV, 1993; PATIL; ARUNA;
EKAMBARAM, 1997; BHADURI S.; ZHOU; BHADURI, S. B., 1996; MIMANI,
2001; SEKAR; PATIL, 1994).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 56
A maioria dos óxidos sintetizados por combustão pode ser obtida através da
combinação de um nitrato ou cloreto metálico e um combustível ou, no caso do
SnO2 com um cloreto e um combustível. No caso do SnO2, é utilizado o cloreto
de estanho (SnCl2.2H2O). Os nitratos ou cloretos são escolhidos como
precursores metálicos não somente por serem fundamentais para o método de
combustão, por disponibilizarem o íon metálico, mas também por apresentarem
grande solubilidade em água, permitindo uma homogeneização apropriada
(CIVERA, et al., 2003).
Um fato bem estabelecido na síntese por combustão é que a morfologia do
pó, o tamanho de partícula, e a área superficial estão diretamente relacionadas
à quantidade de gás que escapa durante a combustão (MERZANOV, 1993;
PATIL; ARUNA; EKAMBARAM, 1997; BHADURI S.; ZHOU; BHADURI, S. B.,
1996; MIMANI, 2001; SEKAR; PATIL, 1994), o que depende principalmente do
tipo e da quantidade de combustível usado (isto é, quanto maior o peso
molecular do combustível, maior a geração de gás). À medida que a distância
entre os íons metálicos adjacentes na solução aumenta, como resultado do
grande tamanho da molécula do combustível, a interação dos íons metálicos
hidrolisados irá diminuir, resultando em pós com tamanhos menores de
partículas, alta área superficial específica, e um menor grau de aglomeração.
Grandes moléculas geralmente separam os íons metálicos em uma grande
distância na solução (MERZANOV, 1993; PATIL; ARUNA; EKAMBARAM,
1997; BHADURI S.; ZHOU; BHADURI S. B., 1996; MIMANI, 2001; SEKAR;
PATIL, 1994).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 57
4.6.2.8 Síntese contínua de SnO2 por combustão em solução
A tecnologia envolvendo a aspersão de uma solução em uma chama está
associada à formação de finas partículas a partir da fase gasosa ou vapor em
uma chama. Acredita-se que esta tecnologia tem sido praticada desde os
tempos pré-históricos, conforme descrições observadas em pinturas nas
paredes de cavernas na China (PRATSINIS, 1998). Esta técnica foi
pioneiramente descrita por Ulrich et al. (1971), no início da década de 1970
através da combustão de SiCl4 em uma chama para obter pós de sílica
(ULRICH, 1971). Sucintamente, é um processo de fabricação de partículas
cerâmicas esféricas de tamanho micrométrico e com estreita distribuição de
tamanho.
O recente interesse no desenvolvimento e estudo do processo de aspersão
de solução em chama deve-se principalmente ao enorme potencial que esta
técnica apresenta na produção de nanopartículas, bem como, devido ao baixo
custo de produção de tais produtos (PRATSINIS, 1998; ROTH, 2007). Stark e
Pratsinis (2002) citam que esta técnica é largamente empregada para a
produção de negro de fumo, onde hidrocarbonetos aromáticos (óleos) são
aspergidos em uma chama à base de gás natural, onde metade deste óleo é
queimada para que ocorra a pirólise da outra metade e assim obter o negro de
fumo. Atualmente, este processo é largamente utilizado pela indústria com o
intuito de produzir em grande escala pigmentos de titânia, sílica e alumina, por
exemplo. Destacam-se grandes empresas como DuPont, Cabot, Degussa,
Kemira, Tioxide, Corning Glass, General Electric entre tantas outras líderes no
setor químico.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 58
Apesar de ser considerada uma técnica industrialmente consolidada, os
princípios e fundamentos da síntese de partículas em chama ainda não são
totalmente compreendidos. Isto se deve principalmente ao fato de que as
reações químicas e a formação das partículas ocorrem em curtíssimos espaços
de tempo durante o processo. Consideram-se ainda as altas temperaturas
envolvidas no processo, que dificultam a obtenção de amostras para sua
caracterização bem como desenvolvimento de modelos teóricos (TOPOLSKI,
2010).
De acordo com a literatura atual, a técnica de aspersão de solução em
chama envolve a formação de vapores ou um aerossol dos compostos
precursores, onde estes reagem em altas temperaturas (chama) levando à
formação de um produto cerâmico, tipicamente na forma de agregados.
Agregado pode ser definido como um grupo de partículas que se mantém
unidas devido a fortes ligações como aquelas associadas com ligações
covalentes ou metálicas. As partículas primárias que compõem os agregados
podem variar em diâmetro desde poucos até centenas de nanômetros,
dependendo do material e dos parâmetros do processo (TOPOLSKI, 2010).
Devido à elevada densidade de energia na chama, podem-se utilizar
soluções precursoras em elevadas concentrações. Além disto, a temperatura
na chama pode atingir valores entre 1000 a 2400 ºC (PRATSINIS, 1998).
O tempo de residência da partícula na região de maior temperatura é muito
curto, algo entre 10 a 100 ms. Soma-se a isto o fato de que esta região de alta
temperatura é crucial para a formação das partículas primárias que neste
processo podem variar desde poucos nanômetros até acima de 500 nm. Qin et
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 59
al. (2005) citam que a temperatura da chama, tamanho da partícula e estrutura
cristalina são fortemente afetados pela solução precursora utilizada.
A chama desempenha um papel fundamental neste processo, onde
recentemente uma grande atenção tem sido dada a esta, principalmente em
termos da solução precursora, configuração da chama, tipo de precursor,
temperatura e composição do oxidante. A forma da chama pode ser
influenciada pelo tipo de combustível utilizado, bem como, pelo modo de
injeção de ar. O tempo de residência da partícula na chama é um fator
importante no processo, afetando a cristalinidade, morfologia, coalescência ou
sinterabilidade do produto final (STARK; PRATSINIS, 2002).
A nucleação homogênea a partir de uma fase gasosa produz partículas
muito pequenas em uma elevada concentração. Inicialmente estas partículas
coalescem devido à colisão. Conforme ocorre o resfriamento, o processo de
coalescimento da partícula esférica propriamente dita se encerra. Entretanto,
as entidades individuais permanecem fixas e na presença de mais material
produzido a partir da fase gasosa, tornam-se permanentemente unidas. O
processo aleatório de chegada de mais partículas aumenta até o agregado,
que é uma cadeia não-linear de esferas, que podem conter centenas de
esferas unidas. Com o decorrer do processo, com a diminuição da densidade
de partículas e com declínio da temperatura, a colisão e fixação continuam,
mas não há mais deposição que levam à união de partículas. Estas entidades
transientes são chamadas de aglomerados. Aglomerado é um grupo de
partículas que se mantém unidas por ligações fracas, como forças de Van der
Waals, forças eletrostáticas ou tensão superficial (TOPOLSKI, 2010). A
formação de agregados e o crescimento de partículas acontecem,
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 60
substancialmente, em dois momentos. O primeiro é no caminho percorrido
pelos pós após a combustão até o sistema de captação e o segundo momento
ocorre durante a permanência neste. As partículas atomizadas, em sua maioria
de forma esféricas, vão aumentando seu diâmetro com a incorporação de
partículas geradas no processo. Isto também é observado no sistema
capturador, onde ocorre o choque entre as partículas já residentes e as que
estão chegando (REED, 1994). A figura 7 apresenta os aglomerados,
agregados e partícula.
As reações entre os gases precursores, na fase gasosa, resultam em
inúmeras espécies que incluem radicais, intermediários e produtos. Assim, um
posterior tratamento térmico pode ser necessário para remoção de carbono,
nitrogênio e oxigênio (KANG et al., 2002).
Figura 7 - Esquema ilustrando os aglomerados, agregados e cristalito nos pós
cerâmicos obtidos pela aspersão de uma solução em chama (PRATSINIS, 1997).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 61
4.6.2.9 Mecanismos de formação de partículas
Os processos físico-químicos envolvidos na síntese de partículas cerâmicas
em uma chama envolvem a química, transporte e dinâmica da partícula
(PRATSINIS, 1998).
Basicamente, a síntese do pó na fase gasosa pode ocorrer por dois modos:
reação dos gases precursores (conversão gás-partícula) ou evaporação e/ou
reação das gotas no fluxo gasoso (conversão gota-partícula). No primeiro
modo, as partículas são produzidas a partir das moléculas até o tamanho
desejado, através do controle de certos parâmetros. Contrariamente, no
segundo modo, o tamanho das partículas é determinado pela redução das
partículas maiores e principalmente pelas gotas geradas no aerossol. Pratsinis
e Vemury (1996) citam que este último modo é basicamente uma versão da
técnica de spray drying, porém em temperaturas elevadas. Avanços nesta área
podem ter impacto sobre outras tecnologias de pós.
Usualmente os precursores líquidos ou sólidos são expostos à alta
temperatura da chama, reagindo e formando moléculas intermediárias através
da coagulação e/ou reações na superfície, conforme apresenta a figura 8.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 62
Figura 8 - Esquema simplificado dos passos de formação das partículas e
crescimento a partir da fase gasosa (Adaptado de PRATSINIS, 1998).
A energia exotérmica da oxidação é usada para aumentar a temperatura do
fluxo gasoso. Isto resulta na vaporização das gotas do precursor líquido, e
assim iniciando a sua decomposição. Ocorre então a formação de clusters, que
crescem para nanopartículas através do crescimento superficial e/ou
coagulação e coalescência. Normalmente, a coalescência do cluster é muito
rápida, resultando em estruturas esféricas compactas que são então chamadas
de partículas. Conforme o fluxo do aerossol deixa a zona da alta temperatura
da chama para uma região de menor temperatura que possibilite a coleta do
pó, o crescimento de partícula continua mais devido à coagulação do que a
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 63
completa coalescência de partícula, resultando em agregados de partículas
primárias. Algumas vezes estes agregados são mantidos unidos devido a
ligações fracas, em estruturas denominadas aglomerados.
4.6.2.10 Conversão gota-partícula
Neste tipo de síntese de partículas, as gotas do líquido precursor são
suspensas no fluxo gasoso, onde o produto final é obtido pela reação in situ da
fase gasosa. As gotas são usualmente formadas pela atomização do liquido
precursor. A distribuição final de tamanho de partícula depende da distribuição
inicial do tamanho de gota do aerossol (PRATSINIS; VEMURY, 1996).
A pirólise do aerossol é um processo onde o material precursor (neste caso
a solução precursora) é atomizado e dirigido para uma zona de alta
temperatura, como por exemplo, um forno ou uma chama. O precursor
aspergido prontamente evapora e inicia sua decomposição, ocorrendo a
precipitação do soluto dentro da gota, seguida pela secagem e termólise da
partícula precursora na alta temperatura para formar outra partícula
microporosa, podendo posteriormente sinterizar e gerar uma partícula densa. A
descrição completa da cinética de decomposição e conseqüente reação de
oxidação é raramente obtida. Além disto, a cinética da decomposição pode ser
afetada pela cinética de combustão, através das reações via radicais.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 64
5 MATERIAIS E MÉTODOS
A figura 9 apresenta a rota referente às etapas de processamento para a
obtenção do dióxido de estanho desenvolvido neste trabalho.
Figura 9 – Fluxograma do procedimento experimental adotado para a obtenção e
caracterização do dióxido de estanho nanoestruturado.
SOLUÇÃO PRECURSORA
Cloreto de estanho dihidratado
Álcool etílico anidro
CARACTERIZAÇÃO DO PÓSNO2 NANOESTRUTURADO
CRISTALINO
Razão molar Ca/P = 0,75
DIFRAÇÃO DE RAIOSX (FASES
PRESENTES)
MICROSCOPIAELETRÔNICA DE
VARREDURA (MEV)
MICROSCOPIAELETRÔNICA DE
TRANSMISSÃO (MET)
ANÁLISESUPERFICIAL
ESPECÍFICA (BET)
ANÁLISE TÉRMICADIFERENCIAL
CARACTERIZAÇÃOELÉTRICA
TÉCNICA DE SÍNTESECONTÍNUA POR COMBUSTÃO
EM SOLUÇÃO
ANÁLISEGRANULOMÉTRICA
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5.1 Materiais
5.1.1 Solução Precursora
O cloreto de estanho (II) dihidratado (SnCl2•2H2O), fornecido por F.Maia; foi
o precursor químico utilizado como material de partida para formação da
solução precursora.
5.1.2 Solvente
O álcool etílico anidro comercial (99%) fornecido por Alpha Química LTDA.,
foi utilizado como solvente, para aumentar a capacidade calorífica da solução,
o que permite que ocorra a combustão quando em contato com a chama piloto.
5.2 Métodos
5.2.1 Aparato de obtenção de dióxido de estanho (SnO2) pela síntese
contínua por combustão em solução
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 66
O protótipo do equipamento que foi desenvolvido em laboratório para a
Síntese Contínua por Combustão em Solução (SCCS) se baseia na aspersão
de uma solução numa chama e é apresentado esquematicamente na figura 10.
Este é formado, basicamente, por três componentes principais: o sistema
atomizador, o conjunto de chamas (piloto e principal) e, por fim, o sistema de
coleta de pós.
Figura 10 – Diagrama esquemático do aparato empregado na obtenção de SnO2 pela
técnica de SCCS. A) solução precursora; B) entrada de ar comprimido; C) bomba
peristáltica; D) bico atomizador; E) chama piloto; F) sistema de captação (TOPOSLKI,
2010).
5.2.1.1 Sistema atomizador
A solução precursora, formulada na razão molar entre combustível e
oxidante, é conduzida até o sistema atomizador. Este é constituído por um bico
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 67
atomizador de um spray drying de dois fluidos (a solução e ar comprimido à
pressão de 4 atm) que gera o aerosol. O sistema atomizador é composto por
duas agulhas dispostas concentricamente, conforme mostrado na figura 11.
Assim, através da agulha menor (diâmetro interno de 0,6 mm) passa a solução
precursora, e o gás atomizador (ar comprimido em uma vazão de 1,5 L/min) flui
através da agulha maior (diâmetro interno de 1,5 mm). O aerosol formado é
conduzido, pelo fluxo de ar comprimido, até a chama piloto. Quando a solução
atomizada atravessa a chama piloto forma-se outra chama, a chama principal.
Figura 11 – Sistema atomizador composto por duas agulhas dispostas
concentricamente, formando um spray que intercepta a chama piloto (TOPOLSKI,
2010).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 68
5.2.1.2 Conjunto de chamas (piloto e principal)
A chama principal é formada quando a solução precursora, atomizada,
intercepta a chama piloto. Como a solução precursora é diluída em álcool
etílico, ocorre sua combustão quando em contato com a chama piloto,
conforme apresenta a figura 12. Isto provoca a formação da chama principal.
Combustão ou queima basicamente se refere à rápida oxidação de alguma
substância, sendo que esta oxidação é uma reação química exotérmica. Isto
justifica a função da chama principal, ou seja, fornecer a energia necessária
para que ocorram as reações químicas que levam à formação do pó cerâmico.
Considerando todos os parâmetros do processo, a temperatura é a que tem
maior efeito sobre o processo e características do produto formado
(PRATSINIS, 1998).
Figura 12 – Formação da chama principal devido à combustão da solução precursora
na chama piloto (TOPOLSKI, 2010).
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5.2.1.3 Sistema de coleta de pós
O pó gerado é coletado por um sistema de filtração, composto de uma
câmara onde uma tela metálica de mesh 500 faz o papel de filtro, acoplada a
uma capela. O pó retido no filtro denomina-se dióxido de estanho como-
sintetizado.
Para o controle do fluxo da solução precursora, foi utilizada uma bomba
peristáltica marca Masterflex L/S, fabricada pela COLE-PARMER
INSTRUMENT COMPANY. Um bico de Bunsen-Meker foi empregado como
chama piloto, tendo como combustível GLP, e como comburente, o oxigênio do
ar atmosférico.
5.2.2 Parâmetros operacionais
Lima (2007) obteve pós nanoestruturados de espinélio MgAl2O4 através da
síntese contínua por combustão em solução utilizando parâmetros fixos. De
acordo com esses parâmetros, foi possível atribuir valores fixos para que fosse
possível realizar a síntese de acordo com trabalhos anteriormente realizados, e
assim, caracterizar o material obtido, chegando-se a resultados que fossem
satisfatórios. Nenhum parâmetro operacional que poderia alterar as
características do pó de dióxido de estanho formado com o tipo de combustível
e da razão combustível–oxidante foram variados. Estes parâmetros fixados
estão apresentados na tabela 1.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 70
Tabela 1 – Parâmetros fixados durante a obtenção de SnO2 pela técnica de SCCS.
Distância da chama piloto – atomizador 50 mm
Pressão do gás atomizador 4 atm
Fluxo da solução precursora 3 mL/min
Fluxo do gás atomizador 1,5 L/min
Distância do sistema de captação – chama piloto 100 mm
5.2.3 Preparo da solução
Neste estudo realizou-se a dissolução de cloreto de estanho (II) dihidratado
(SnCl2•2H2O) em álcool etílico anidro comercial (99%), à temperatura ambiente.
A concentração utilizada neste trabalho foi fixada em 0,75 M.
O precursor cloreto de estanho (II) dihidratado foi dissolvido manualmente
com bastão de vidro em álcool etílico anidro para obter uma solução
homogênea. Esta solução foi utilizada como precursora no aparato da síntese
contínua por combustão em solução.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 71
5.2.4 Caracterização do pó obtido
Após a obtenção do pó através do método de síntese contínua por
combustão em solução, foram realizadas técnicas para analisar a possibilidade
de formação do dióxido de estanho e se o material é considerado
nanoestrurado. As caracterizações realizadas foram: granulometria, difração de
raios X, microscopia eletrônica de varredura (MEV), microcospia eletrônica de
transmissão (MET), análise termogravimétrica e termodiferencial, área
superficial específica e caracterização elétrica através do ensaio de
condutividade.
5.2.4.1 Granulometria
A distribuição de tamanho dos aglomerados e das partículas do pó
sintetizado foi determinada com um analisador de tamanho de partícula por
difração de laser, fabricado pela Cilas (modelo 1180). A faixa de detecção
deste equipamento situa-se entre 0,04 a 2500 μm. As amostras analisadas por
esta técnica foram dispersas em água e submetidas à agitação por ultra-som
durante 180 segundos para desaglomeração.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 72
5.2.4.2 Difração de raios X
A técnica de DRX utilizada para análise de pós consiste no estudo da
estrutura e composição de uma amostra pulverizada, através dos raios X que
são difratados com intensidades que dependem da estrutura atômica e
cristalina da amostra. Portanto, a técnica de difração de raios X pelo método do
pó corresponde a um dos poucos métodos analíticos capazes de fornecer
informações qualitativas das fases cristalinas ou compostos presentes em uma
determinada amostra, onde cada fase cristalina apresenta um modelo
característico o qual pode ser usado como uma verdadeira impressão digital
para a identificação do composto.
A confirmação do composto sólido SnO2, assim como a determinação do
tamanho médio de cristalito foram feitos mediante refinamento pelo método
Rietveld (RIETVELD, 1967), tendo sido usado o programa computacional
MAUD versão 2.26. Através do tratamento dos dados de raios X pela técnica
de refinamento Rietveld é possível extrair informações detalhadas sobre os
parâmetros das estruturas cristalinas obtidas. Rietveld (1967), desenvolveu um
método de refinamento de estruturas cristalinas através de dados de difração
de pó que se tornou um dos mais importantes métodos de refinamento de
estrutura utilizados ultimamente. Esse refinamento é feito através do método de
mínimos quadrados, de tal maneira que um difratograma teórico, calculado pelo
programa (Iexp), se aproxime o máximo possível do difratograma experimental
(SnO2). Quando isso acontece dizemos que os valores obtidos para o conjunto
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 73
dos parâmetros refinados representam a melhor solução para o refinamento,
aproximando-se o máximo possível da estrutura real.
A determinação das fases cristalográficas e dos tamanhos de cristalitos por
difração de raios X (DRX) empregou um difratômetro de raios X Rigazu
(modelo Miniflez II), equipado com monocromador de cobre e ânodo fixo
operado com tensão acelerada de 30 kV e corrente de 15 mA, com faixa de
varredura angular de 20° a 60° para 2θ. Os dados foram coletados via radiação
Cu-Kα , com velocidade de varredura de 0,02° e tempo por passo de 1
segundo, a fim de determinar as fases presentes nas amostras.
5.2.4.3 Morfologia e tamanho de partícula por Microscopia Eletrônica de
Varredura
O microscópio eletrônico de varredura (MEV) foi empregado para se
verificar os aspectos morfológicos do pó de SnO2, que foi previamente disperso
e fixado com cola adesiva em um porta-amostra. Micrografias de MEV foram
registradas a partir de um equipamento PHILIPS modelo XL-30 ESEM. As
análises foram realizadas com ampliação de faixa de 500 a 5000 vezes.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 74
5.2.4.4 Morfologia e tamanho de partícula por Microscopia Eletrônica de
Transmissão
A Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) foi empregada para
analisar a morfologia, assim como o tamanho de partícula e de cristalito. O
equipamento utilizado foi um microscópio eletrônico de transmissão JEOL
(modelo JEM 1200 ExII), com voltagem de aceleração de 40 a 120 kV. A
análise contou com a preparação prévia das amostras sintetizadas, as quais
foram dispersas em solução com álcool isopropílico, sob ultra-som e então
depositados sobre uma grade de cobre/grafite.
A avaliação do tamanho de partículas por imagem utilizou o software Image
Tool, versão 3.0, a partir das micrografias obtidas por MET.
5.2.4.5 Análise termogravimétrica e termodiferencial
A análise termogravimétrica (ATG) e termodiferencial (ATD) do pó como-
sintetizado (após combustão) foram efetuadas simultaneamente em um
equipamento modelo DTG - 60H da Shimadzu em atmosfera de nitrogênio.
Ambas as análises foram realizadas até a temperatura de 900°C com taxa de
aquecimento de 20°C/min ao ar a uma vazão de 10 L/min, usando alumina-α
de alta pureza como material de referência. Estas análises têm o objetivo de
investigar o comportamento de variação de massa deste material em função do
aumento da temperatura, como também identificar a natureza das reações que
podem acontecer no processo de sinterização.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 75
5.2.4.6 Área superficial específica
A área superficial do pó de dióxido de estanho (SnO2) como-sintetizado foi
determinada a partir de isotermas de adsorção (BRANAUER; EMMETT;
TELLER, 1938). O equipamento utilizado foi o Autosorb Quantachrome (versão
NovaWin 10.01). Esse instrumento calcula a área da superfície total da amostra
através do nitrogênio adsorvido (m2), a partir do volume de gás adsorvido (V)
em função da pressão relativa (P/Po). A área superficial é então medida e
dividida pelo peso total da amostra testada (g), a fim de se obter a área
superficial específica (m2/g) (WEBB; ORR, 1997).
Para as análises foram usadas cerca de 270 mg. Antes da análise, a
amostra foi submetida, no próprio equipamento, em uma conexão de vácuo à
eliminação de umidade e logo após é feita a retirada de gases adsorvidos
(desgaseificação ou DEGAS) a 400°C por uma hora com pressão de entrada
do gás de 10 psi.
5.2.4.7 Caracterização elétrica
A caracterização elétrica realizada foi o ensaio de condutividade elétrica,
onde se preencheu o porta-amostra de alumina, o qual é considerado isolante,
com o material sintetizado (SnO2), em que o mesmo foi colocado entre duas
placas de alumínio e ambas as placas foram submetidas a aplicação de tensão
entre 0 e 1000 V. Para realizar o ensaio, utilizou-se uma fonte medidora de alta
tensão, modelo 248 (Keithley), e de uma interface com um microcomputador; a
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 76
partir da regressão linear da curva em escala logarítmica, foi determinado o
valor de a partir de 1 mA/cm2.
As medidas de corrente (A) em função da voltagem na amostra (V) foram
feitas por um programa em plataforma Labview, o qual configura a fonte
medidora e a faixa de tensão a ser medida. A amostra é conectada via cabo
coaxial e então conectada a fonte.
A fonte fornece a tensão determinada e mede a corrente. A partir desta
corrente o programa calcula a tensão, determinando assim a tensão e a
corrente na amostra.
O valor de é calculado pela obtenção da curva característica de
densidade de corrente em função do campo elétrico aplicado.
Para determinar a curva da tensão em função da corrente, foram
consideradas as dimensões do suporte usado para as medidas elétricas do pó.
As dimensões do porta-amostra são ilustradas na figura 13.
Figura 13 – Porta-amostra de alumina entre placas de alumínio.
1,0 mm
Ø 4,23 mm
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 77
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Análise granulométrica
A distribuição do tamanho de partículas do pó de SnO2 como-
sintetizado, considerada na figura 14 e tabela 2, mostram que o pó analisado
apresentou uma distribuição granulométrica do tipo monomodal (um ponto de
máximo), com tamanho das partículas variando na faixa entre 1,20 μm e 12,0
μm, dos quais 10% das partículas possuem diâmetro de até 1,20 μm, 50% das
partículas possuem diâmetro de até 4,31 μm e 90% das partículas possuem
diâmetro de até 7,84 μm. As partículas possuem diâmetro médio de 4,43 μm.
Figura 14 – Distribuição granulométrica do pó de SnO2.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 78
Tabela 2 – Valores de distribuição granulométrica do pó de SnO2.
(µm)
D10 1,20
D50 4,31
D90 7,84
Dmédio 4,43
A técnica de síntese contínua por combustão tem por objetivo a
obtenção de partículas em escala nanométrica; porém, os resultados da
análise granulométrica mostraram valores de diâmetro de partícula acima desta
faixa, sendo estes valores atribuídos a formação de aglomerados, como será
posteriormente mostrado nos resultados de morfologia e tamanho de partícula
obtidos por microscopia eletrônica de varredura.
6.2 Difração de raios X
A amostra de SnO2 como-sintetizada foi caracterizada através de
difração de raios X com o objetivo de elucidar as características estruturais
deste material.
A figura 15 ilustra o difratograma correspondente ao SnO2 após a
síntese contínua por combustão em solução. Verifica-se que todos os picos
cristalográficos são referentes à fase do dióxido de estanho (SnO2). As fases
cristalinas presentes na amostra foram identificadas usando o banco de dados
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 79
JCPDS (Joint Committee on Powder Diffraction Standards). Estes picos de
difração indexados são característicos da ficha cristalográfica JCPDS 41-1445,
a qual apresenta parâmetro estrutural da cassiterita. O parâmetro de rede do
composto sólido é de 4,739 Å e a estrutura cristalina é tetragonal. O tamanho
médio do cristalito é de 24,5 nm, o que permite através desse valor concluir
que se trata de um pó com tamanho em escala nanométrica.
Comparando-se os resultados das análises de granulometria e difração
de raios X, pode-se observar que diferem uma da outra, onde a granulometria
apresenta valores em escala micrométrica enquanto a difração de raios X
escala nanométrica. Isso ocorre porque durante a realização da síntese
contínua por combustão em solução, o material forma partículas que se
agregam e que posteriormente aglomeram-se, não sendo possível observar a
distribuição granulométrica em escala nanométrica.
Figura 15 – Difratograma de raios X do pó de SnO2.
Sahm et al. (2004) observaram através do método de refinamento
Rietveld (RIETVELD, 1967) a presença da fase SnO2 utilizando cloreto de
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 80
estanho II diluído em etanol, o qual apresentou o parâmetro estrutural da
cassiterita e tamanho médio do cristalito de aproximadamente 20 nm. O
método de síntese realizada para a obtenção de SnO2 nanométrico foi spray
pirólise.
6.3 Análise termogravimétrica e termodiferencial
O pó de SnO2 não apresentou perda de massa significativa, o qual está
mostrado na figura 16. Em outros métodos de síntese realizados para a
formação de SnO2 nanoestruturado é possível encontrar picos de ganho ou
perda de massa devido às reações que ocorrem no processo de síntese, pois
na maioria deles é necessária uma etapa de calcinação para obtenção do SnO2
nanoestruturado (SONG; KANG, 2000).
Figura 16. Curvas de ATG e ATD do pó de SnO2.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 81
Song e Kang (2000) realizaram o método de síntese por precipitação
homogênea para a obtenção de SnO2 nanoestruturado e através dos ensaios
de ATD e ATG obtiveram picos endotérmicos e exotérmicos em diferentes
temperaturas até 1000°C, devido método, ter ocorrido reações de
decomposição durante a síntese para a formação do óxido.
Pode-se observar na ATD, também na figura 16, a não ocorrência de picos
exotérmicos nem endotérmicos durante o aquecimento, o que demonstra a
estabilidade térmica do pó sintetizado. Como não houve picos referentes a
reações e perda de massa significativa, pode-se afirmar que ocorre a
conversão completa dos reagentes da solução em SnO2, sem a presença de
fases residuais dos reagentes ou intermediárias, assim como observado na
análise por difração de raios X.
Sendo assim pode-se afirmar que o pó obtido pelo método de síntese
contínua por combustão em solução é adequado para a aplicação como sensor
de gás, pois o mesmo possui estabilidade química a temperaturas
relativamente altas e nesta aplicação é necessário haver nenhuma ou quase
nenhuma perda de massa do material utilizado como sensor e nem mudanças
estruturais, mesmo quando submetidos a estas condições de temperatura
(DELGADO, 2002).
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 82
6.4 Morfologia e tamanho de partícula por Microscopia Eletrônica de
Varredura
A morfologia dos aglomerados e agregados do SnO2 após o processo de
síntese contínua por combustão em solução obtida por MEV é apresentada na
figura 17.
Os agregados exibem partículas esféricas em variados tamanhos,
formadas na atomização da solução precursora, revestidas de plaquetas
irregulares, provavelmente formadas pela fratura das partículas esféricas ou
desprendimento de aglomerados, com uma larga distribuição de partículas.
Através da análise de granulometria foi possível afirmar que os
agregados são formados durante o ensaio, não sendo possível encontrar
valores de tamanhos nanométricos no diâmetro médio das partículas. Sendo
assim, pode-se relacionar os agregados formados durante a análise
granulométrica com os agregados e aglomerados apresentados na figura 17
realizada pela técnica de microscopia eletrônica de varredura.
Figura 17 – Micrografia por MEV do pó de SnO2 com ampliação de 2000 x.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 83
A aglomeração refere-se à adesão de partículas que ocorrem devido às
forças de atração de Van der Waals, as quais são significativamente maiores
em nanopartículas (FAN, 1991). Normalmente, uma massa aglomerada pode
ser desaglomerada por meio de uma dispersão em um meio líquido (REED,
1994). Já a agregação, por outro lado, refere-se a partículas que sinterizam
incipientemente, tornando difícil a quebra da massa agregada em partículas
primárias.
A síntese contínua por combustão em solução, por ser um processo rápido,
reduz a possibilidade de sinterização prematura localizada entre as partículas
primárias; porém, não necessariamente a elimina, como no caso da síntese por
combustão dos pós de SnO2. O fenômeno fundamental de agregação
envolvido com os nanocristais pode ser atribuído ao crescimento por
coalescimento dos núcleos, fazendo com que as partículas resultantes se
agreguem através de um processo típico de sinterização, isto é, de redução de
área superficial, na direção de um estado de menor energia livre, pela redução
de interfaces com o meio (TONIOLO, 2004).
6.5 Morfologia e tamanho de partícula por Microscopia Eletrônica de
Transmissão
Através da micrografia realizada por MET apresentada na figura 19 foi
possível construir a curva de freqüência do diâmetro das partículas (figura 18),
que foi realizada pela contagem de aproximadamente 430 partículas em
imagens de alta resolução no programa Image Tool, o qual mostra a
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 84
quantidade de partículas em função do diâmetro (em nm) e a curva de
distribuição Gaussiana.
Observa-se através da microscopia eletrônica de transmissão que o
material obtido está em escala nanométrica, com valores menores que 51 nm
de diâmetro, os quais são encontrados em maior quantidade na faixa entre 6 e
12 nm de diâmetro. O diâmetro médio das partículas através desse método foi
de 23 nm.
Figura 18 – Histograma com o intervalo do diâmetro das partículas (nm) em
função da frequência.
Os resultados obtidos por Liu et al. (2009) em que analisaram amostras de
SnO2 pelo método de síntese por combustão em gel através de microscopia
eletrônica de transmissão, apresentaram nanopartículas de SnO2 com valores
de diâmetro médio de 8,1, 19,2 e 27,9 nm, sintetizadas em temperaturas de
600, 700 e 800 °C, respectivamente. Através desses resultados, é possível
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 85
afirmar que o SnO2 nanoestruturado analisado pode ser aplicado como filme
fino de sensores a gas sem a necessidade de aditivos específicos,
considerado-se um material bastante atrativo para aplicação na detecção de
gás H2S na temperatura ambiente até 150°C (LIU et al., 2009).
Então, comparando-se os valores obtidos na literatura é possível afirmar
que o SnO2 nanoestrurado obtido pelo método de síntese contínua por solução
em combustão apresenta potencial aplicação em sensor de gás H2S por
apresentar diâmetro médio das partículas de 23 nm.
Figura 19 – Micrografias por MET do pó de SnO2 com ampliação de 500.000 x.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 86
6.6 Área superficial específica
O resultado da medida de área superficial específica mostrou que o material
obtido pelo método de síntese contínua por combustão em solução apresentou
área específica de 19,0 m2/g.
Song e Kang (2000) obtiveram valores aproximados de área superficial
realizando métodos de síntese diferentes. Nesse caso foram encontrados
valores entre 15 e 18 m2/g após realização do método de síntese por
precipitação. Esse método foi utilizado com a finalidade de obter pós de SnO2
nanoestrurado para aplicação em sensor de gás.
Portanto, comparando-se o valor obtido na análise de área superficial
específica para o método de síntese contínua por combustão em solução com
a literatura, pode-se afirmar que o pó de SnO2 sintetizado apresenta
capacidade para aplicação em sensor de gás.
6.7 Caracterização elétrica
A figura 20 mostra a curva do ensaio de condutividade elétrica com as
curvas tensão (V) x corrente (I) e a curva de densidade de corrente (J) x campo
elétrico (E). Durante o ensaio observou-se que a 200 V foi alcançado o limite
máximo de corrente que é de 1,0 mA, não sendo possível atingir 1000 V. A
partir do momento que atingiu-se 1000 V, a amostra passou a ser condutora
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 87
não sendo possível dar continuidade às curvas dos gráficos referente à figura
20.
O material apresenta comportamento típico de um semicondutor, o qual é
caracterizado por apresentar corrente na ordem de mA (BOYLESTAD, 1998),
apresentando uma curva de um resistor não linear ou não ôhmico. Embora
apresente uma curva não linear ou não ôhmica, que pode caracterizar um
varistor (MARQUES; CRUZ; JÚNIOR, 1996), não tem características de um
varistor ideal, pois apresenta baixo valor de coeficiente não linear (=1). Este
resultado já era esperado, pois o SnO2 só apresenta características de um
varistor ideal quando dopado com outros óxidos.
Figura 20. Análise de condutividade elétrica (Corrente x Tensão) e
(Densidade de corrente x Campo elétrico) do pó de SnO2.
Os valores de densidade de corrente x campo elétrico encontrados por
Santos et al. (2001) são valores maiores do que os valores obtidos no SnO2
nanoestruturado através do método de síntese contínua por combustão em
solução. Os valores de campo elétrico variam entre 3000 e 6000 V/cm e a
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 88
densidade de corrente entre 9 e 11 J-mA/cm2. Esses valores variam em função
da percentagem de dopantes adicionados em cada amostra analisada. Esse
resultado é esperado, pois ao adicionar dopantes, o SnO2 apresenta
comportamento de um varistor ideal. Sendo assim, como os valores de J x E
são maiores, além de apresentar valores maiores de coeficiente não linear, ou
seja, maior que 1, o material em análise obtido através de processo de
moagem em álcool, é considerado um material com aplicação ideal para
sistemas varistores.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 89
7 CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos na realização deste trabalho experimental é
possível inferir as seguintes conclusões:
– Foi possível obter pós de SnO2 por síntese contínua por combustão em
solução utilizando como precursores o cloreto de estanho e o álcool etílico
anidro;
– O protótipo do equipamento utilizado neste trabalho mostrou-se eficaz
para a produção dos pós de SnO2;
– As imagem por MEV confirmaram que a morfologia do pó compreende
aglomerados e agregados, preponderantemente esféricos, sub-micrométricos e
micrométricos.
– As análises por MET confirmaram os diâmetros médios dos cristalitos
calculados pela difração de raios X, onde se verificou para o pó de SnO2
nanoestrutrado um diâmetro médio de 23,0 nm obtido nas micrografias por
MET e 21,5 nm no método de refinamento por Rietveld através da análise de
Difração de raios X.
– Os resultados mostram que o SnO2 sintetizado exibe comportamento de
um material semicondutor e é um material potencialmente promissor para
aplicação como varistor e para sistemas de sensores de gás.
– A técnica de síntese contínua por combustão em solução é um método
com grande potencial de aplicação para sintetizar óxido de estanho
nanocristalino, pois esta técnica utiliza material de partida de baixo custo
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 90
(aproximadamente 2,5 mil dólares / Kg) e o processo de síntese é
relativamente simples, quando comparado a outros métodos de síntese
utilizados para obtenção deste tipo de material.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 91
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Na realização dos esforços investigativos desenvolvidos no escopo deste
trabalho, onde foi possível obter os resultados esperados, para o processo de
síntese ser otimizado ainda se faz necessário seguir sugestões de trabalhos
futuros, as quais são:
- Estudar a síntese por combustão contínua em solução de SnO2, alterando
a fonte externa de energia da chama de GLP para um reator fechado com
maior controle da atmosfera;
- Estudar a síntese por combustão contínua em solução de SnO2 com
outras razões de combustível-cloreto;
- Estudar a influência de parâmetros do equipamento nos pós obtidos, como
o fluxo da solução, distribuição das partículas atomizadas e pressão de ar
comprimido.
- Estudar a possibilidade de dopar o SnO2 com outros óxidos para a
possível melhoria de suas propriedades finais.
Micheline dos Reis Araújo – Dissertação de Mestrado – PPgCEM/UFRN – 2012 92
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