Óbito serviÇo social e medicina exercÍcio profissional na vida e na morte

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ ELZA RODRIGUES SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA- EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE ÓBITO – UMA QUESTÃO DE DEMANDA PARA O SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA 1

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Page 1: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁELZA RODRIGUES

SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA- EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

ÓBITO – UMA QUESTÃO DE DEMANDA PARA O SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA

MARINGÁ2015

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ELZA RODRIGUES

SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA - EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E

NA MORTE

ÓBITO – UMA QUESTÃO DE DEMANDA PARA O SERVIÇO SOCIAL E

MEDICINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social do Centro Universitário de Maringá, como requisito parcial para a obtenção da Graduação de Bacharel em Serviço Social.

MARINGÁ

2015

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ELZA RODRIGUES

SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA:

EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social do Centro Universitário de Maringá, como requisito parcial para a obtenção da Graduação de Bacharel em Serviço Social, sob a orientação da Prof. Silviane Del Conte Curi.

Aprovada,... de......................2015

BANCA EXAMINADORA

Orientadora:_________________________________________________

Prof. Me Ruy Gustavo da SilvaCentro universitário de Maringá

Membro:_____________________________________________________ Prof. Me Margareth Soares Galvão Centro Universitário de Maringá

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A Deus, pela sua infinita sabedoria, cuidando e nos fortificando a cada dia, Tu és a única razão da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus pela sua infinita bondade, me orientando e

guiando nesta caminhada que me foi muito árdua.

A minha amada mãe pelos bons ensinamentos, sempre me orientando a

respeito dos dons da vida.

Agradeço ao Prof. Dr Cláudio Ferdinandi – Reitor da Mantenedora

Unicesumar pelo carinho e respeito em me proporcionar o curso, me conduzindo

nesta caminhada acadêmica, para que eu possa partir rumo as Missões.

A Prof.ª Laura Cobra – Conselheira acadêmica e ouvidora, pelo amor de mãe

que ela sempre teve por mim, compartilhando as informações sobre as Missões.

Ao João Vivaldo de Souza, Coordenador da biblioteca, pelo respeito,

compreensão e carinho, atendendo todos os meus pedidos de livros para que este

estudo pudesse acontecer, meus sinceros agradecimentos.

À minha amada orientadora Prof. Silviane Curi pela sinceridade, pela ética

profissional com que ela sempre me atendeu, ajudando-me nesta construção deste

trabalho, sempre sorrindo.Grata.

Ao Pastor Paulo Jessé de Lima- Presidente do Hospital Santa Rita-

Associação Bom Samaritano, pelo reconhecimento como primeira estagiária de

Serviço Social nesta instituição, garantindo que, pra mim ele assinaria toda

documentação, muito obrigada pela confiabilidade.

Ao Dr Jair Francisco Pestana Biatto pela credibilidade na minha pesquisa

para construção do TCC, muito obrigada mesmo.

Ao Prof. Ruy Gustavo pelo carinho em me atender, sempre disposto a

orientar-me, Deus o abençoe abundantemente.

Enfim, a todos que na minha caminhada acadêmica tiveram um momento de

familiaridade no intuito de contribuir para que este estudo tivesse um final

compensador.

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Page 6: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

RESUMO

O presente trabalho apresenta a trajetória do atendimento a saúde no âmbito

hospitalar, para que o usuário possa fazer seu tratamento considerando uma política

de direitos como cidadão, outorgado pela Constituição Federal de 1988.

Contextualizando as ações do Serviço Social e Medicina nas intervenções no

domínio da saúde, pontualizamos o trabalho destes profissionais no ambiente

hospitalar. Ao depararmos com a dinâmica de trabalho vemos a caracterização de

diversas demandas atendidas nos hospitais, especialmente o óbito, neste momento

a família fica fragilizada, exigindo dos profissionais uma mediação mais emergencial

e qualificada com um atendimento humanizado, estabelecendo os mecanismos de

aquisição de direitos dos familiares. A centralidade do estudo nos hospitais é a

atuação dos procedimentos no momento do óbito aos familiares, isto torna uma

atribuição ou uma participação por parte dos assistentes sociais. O exercício

profissional dos assistentes sociais requer uma conduta crítica devido às múltiplas

implicações no trabalho cotidiano. Observamos que a prática destes profissionais

debilitada deixa as famílias sem rumo, porém, com o atendimento humanizado, este

atendimento torna-se digno, conforme determina os princípios e diretrizes das

instituições. Desta forma, a centralidade dos objetivos volta a reproduzir as práticas

que são cada vez mais instruídas na atribuição teórico–metodológico e operacional

consolidando a atuação profissional na saúde.

Palavras–chave: Serviço Social, Medicina, óbito, família, direito.

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ABSTRACT

This paper resumes the trajectory of health care in hospitals, so that the user can

make your treatment considering a rights policy as a citizen, granted by the

Constitution of 1988. contextualizing the actions of Social Services and Medical

interventions in the field of health, pontualizamos the work of these professionals in

the hospital. To come across the work dynamics we see the characterization of

various demands met in the hospitals, especially the death at this time the family is

fragile, requiring a more professional and qualified emergency mediation with a

humanized care, establishing the rights to acquire mechanisms family. The centrality

of the study in hospitals is the performance of the procedures at the time of death to

family members, if it makes an assignment or participation by social workers. The

professional practice of social workers requires a critical behavior due to multiple

implications in their daily work. We observed that the practice of these professionals

leave poor families aimlessly, however, with the humanized care, this care becomes

worthy, as determined by the principles and guidelines of institutions. In this way, the

centrality of the goals back playing practices that are becoming more educated on

the theoretical attribution - methodological and operational consolidates the

professional practice in health.

Key-words: Social Work, Medicine, death, family, right.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABESS - Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social

CF – Constituição Federal do Brasil

CFESS - Conselho Federal de Serviço Social

CRESS – Conselho Regional de Serviço Social

MEC – Ministério da Educação e Cultura

SUS – Sistema Único Saúde

TCC- Trabalho de Conclusão de curso

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................10

CAPITULO I...........................................................................................................................................15

HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO PROFISSÃO CONTEXTUALIZADA NO PROCESSO DA CONTEMPORANEIDADE.......................................................................................................................15

1.1 GÊNESE E ONTOGÊNESE NO SERVIÇO SOCIAL: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS...............................15

1.2 SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE.............................................................................24

CAPÍTULO II..........................................................................................................................................31

A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSIONAL PROPOSITIVO.......................................................................................................................................31

2.1 A SAÚDE COMO DIREITO DO CIDADÃO......................................................................................31

2.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE E NO CONTEXTO HOSPITALAR COMO PROFISSIONAL PROPOSITIVO...................................................................................................................................36

CAPÍTULO III.........................................................................................................................................48

A INTERVENÇÃO/ MEDIAÇÃO DO PROFISSIONAL ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO ÓBITO HOSPITALAR.........................................................................................................................................48

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORTE E A MORTE COMO QUESTÃO - DEMANDA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL.................................................................................................48

3.2 IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARA A FAMILIA NO MOMENTO DO ÓBITO ENQUANTO DIREITO.........................................................................................................................57

3.3 A METODOLOGIA DA PESQUISA E SEUS RESULTADOS...............................................................61

3.3.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................................................63

CONCLUSÃO.........................................................................................................................................73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................75

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INTRODUÇÃO

Pretendemos com este trabalho confirmar o histórico do Serviço Social

enquanto profissão, buscando na sua essência as suas concepções desde o seu

nascimento até na contemporaneidade, dando ênfase na reflexão sobre a

intervenção na área da medicina, especialmente no atendimento aos familiares dos

pacientes no momento do óbito.

Ainda que, seja consolidado no patamar da saúde que atualmente a

comunicação do óbito deva ser objeto de atuação de outros profissionais como o

médico, acreditamos que tais informações, orientações e mediações, neste

momento possam consolidar melhores condições de atendimento aos familiares

tenham subsídios para acessar direitos, os quais podem representar melhores

condições de atuação neste difícil processo.

O presente TCC originou-se na análise da experiência da capelania

hospitalar e do estágio curricular obrigatório em Serviço Social realizado no

período de fevereiro de 2014 a dezembro de 2014. Possui como problematização

central á entoação interrogativa: Qual a atuação do Serviço Social às famílias dos

pacientes na comunicação do óbito nos hospitais?

Consideramos os objetivos específicos: Validar o significado histórico do

Serviço Social enquanto profissão contextualizando–o no processo da

contemporaneidade; Sistematizar o processo da política da saúde como direto do

cidadão e a atuação dos assistentes sociais para atender estas demandas num

atendimentos humanizadas. Apresentar a atuação da intervenção do Serviço

Social às famílias dos pacientes no momento do óbito descrevendo-a como prática

nas relações e, quais as informações os familiares têm com relação ao processo

morrer.

A morte como sabemos, além do momento difícil de entendimento também é

o momento culminante da nossa vida, o seu coroamento, o que lhe confere sentido e

valor. Não deixa, por isso, de continuar a ser um imenso mistério sem entendimento

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dos mais sábios dos homens, um grande ponto de interrogação que transportamos

no mais íntimo de nosso sentido, momento este que perguntamos de onde vem,

para onde vamos, de que forma isto acontece. É um momento que devemos

enfrentar, independentemente da intelectualidade do ser humano. Nestes aspectos

emocionais que enfrentamos a dor da perda, existem questões às condições

concretas que podemos pleitear para que possamos minimizar este momento,

contemplando direto da família em obter informações precisas. Nestes direitos

poderá ser representado a partir de uma nova e diferenciada condição no processo

do óbito um atendimento diferenciado com o profissional adequado.

Ao analisarmos, a morte como a cessação de toda a atividade funcional

peculiar a pessoas, animais e vegetais, tempo decorrido entre o começo e o fim da

existência. Considerando os vários conceitos do significado da morte, devemos

compreender o processo da vida e a possibilidade presente de que a morte é da

natureza para todos os seres vivos, independente da raça, credo, sexo e situação

financeira.

Por ser um mistério, a morte dificilmente podemos saber o momento exato a

que ela chegará ou quando não virá. Expressamos sentimentos, porém a morte não

é feita apenas de sentimentos, mas de conceitos, cultura, contexto e realidade.

Doravante, o papel do Serviço Social junto aos médicos neste patamar no caso dos

hospitais, essas comunicações referentes aos óbitos, o assistente social concentra-

se nas informações junto aos familiares daqueles que indicam sério

comprometimento do estado de saúde até chegar ao óbito.

No caso específico do Serviço Social, percebemos que, como todas as

demais profissões que estão inseridas nas equipes de saúde, o contato com o

usuário que está fora de qualquer possibilidade científica de dar continuidade a sua

vida, projeta para o assistente social a noção de que sua intervenção chegou ao fim.

Afinal, somos profissionais que atuamos a serviço da vida, nas suas mais

abrangentes determinações.

Sabemos que nos dias atuais a morte tornou-se uma situação distante, afinal

a ciência retardou a morte. Adoecemos e envelhecemos, mas a morte está longe. A

sensação da juventude atribuída a um estado de espírito, personalidade, estilos de

vida nos dão uma noção de vida prolongada. Ao mesmo tempo, o cuidado com o

corpo, os avanços medicinal, estudos relacionados com a genética, atividades

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físicas frequentes trazem para nossa temporalidade a percepção de que a vida se

tornou maior. É raro ouvirmos notícias de morte como antigamente. Aliás, notícias

de morte são coisas de antigamente.

Considerando a atuação dos assistentes sociais inseridos no âmbito

hospitalar, institutos e maternidades com certeza estes profissionais acrescentam

atividades suscetíveis a um reconhecimento especial, especialmente ao óbito. Como

vemos, nesta demanda são contextualizadas como atribuição aos assistentes

sociais, porém, muitos profissionais sentem-se inseguros ou mal preparados devido

à complexidade da atuação enquanto elemento burocrático. Desta forma, o Serviço

Social sempre realizou esta demanda não para beneficiar o usuário, mas que é um

direito constitucional da família.

Verdadeiramente acontece ao reforçar o que nos foi dito, afirmamos que

perante a morte, conhecidos e amigos ficam com brincadeiras, não sabem o que

fazer ou dizer, e ir a um sepultamento modifica-se o velório devido à falta de

entendimento do que é a morte, ou seja, o óbito de alguém. Ao chegarmos aos

velórios, falar em óbito ou morte, ver de perto o morto é inconcebível, sendo comum

contarem piadas, conversarem de assuntos que não seja o falecido. Isto nos é real a

negação da morte, carregamos isto no nosso interior.

Estas questões são refletidas no presente TCC, no qual o primeiro capítulo

resgatará o histórico do Serviço Social enquanto surgimento da profissão,

articulando-o na trajetória na contemporaneidade. Debruçamo-nos no relevante

papel de desprender a aparente da essência, transitando na linearidade do real,

para compreender o esforço individual e coletivo dos profissionais, vislumbrar o

fortalecimento das políticas sociais seria o necessário. Ocupando-nos deste

interesse pela comunicação do óbito entre o assistente social junto com o médico,

buscamos sintetizar a análise sobre a interpretação destes frente às desafios, que

determina ao profissional a capacidade crítica e analítica como formas do não

contentamento com o senso comum que permeia nosso cotidiano.

No segundo capítulo abordaremos Medicina - temática na política da saúde e

a atuação do Serviço Social como profissional propositivo num atendimento

humanizado aos familiares no momento do óbito.

Considerando que o profissional de Serviço Social ao compreender as

desigualdades sociais, as políticas sociais, tenha um olhar crítico mais humano e

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que, seja de acordo ao ideal de igualdade, pois tem sido perseguido pela

humanidade e está presente em todas as épocas, em todos os países, em que

pesem as inúmeras controvérsias que sempre suscita.

O assistente social é o profissional que viabiliza junto aos outros profissionais

da saúde, especialmente com o médico um papel fundamental em relação ao óbito,

enquanto mediador deverá contribuir para que os familiares possam ser sujeitos de

direito neste momento com um atendimento humanizado.

Assim, não surpreendemos que o debate sobre as políticas públicas seja

demarcado por posições conflitantes em relação à sociedade, ao mundo do trabalho,

ao Estado e aos direitos do cidadão e que se manifeste com clareza nas lutas

sociais. O princípio da igualdade integra também o ideário da educação para todos,

tem sido objeto de variadas interpretações com desdobramentos nas práticas

sociais.

Garantir, portanto, o principio da igualdade social em um projeto de

desenvolvimento que tenha o homem como cerne, constitui um desafio para todos

aqueles que lutam por uma sociedade justa, o que compreende a luta por uma

leitura social que se constitua efetivamente um espaço de formação para a

cidadania.

E no terceiro capítulo enfatizamos a intervenção do assistente social no

contexto hospitalar, levando em consideração sobre a morte e a morte como

questão de demanda no exercício profissional, a importância do Serviço Social na

sua atuação aos familiares no momento do óbito, contextualizando o direito como

determina o Código Civil de 2000 que determina que a existência da pessoa natural

termine com a morte. A morte natural é o limite do ciclo vital do homem, isto implica

que a partir da morte natural a pessoa humana perde sua vida biológica, extinguindo

sua personalidade natural.

Com base na Constituição Federal de 1988 no rol de direitos do art.5º , a

mesma assegura o “direito à vida que é inato; quem nasce com vida, tem direito a

ela”. O direito à vida passa à frente do direito à integridade física ou psíquica. A

Constituição Federal proclama, portanto, o direito à vida, cabendo ao Estado

assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de

continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto à subsistência.

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Com este trabalho esperamos demonstrar a importância da atuação do

Serviço Social na comunicação do óbito junto com os médicos aos familiares e a

dimensão técnica nesta área, desafio este, aos profissionais na sua dimensão

profissional enquanto atendimento humanizado.

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CAPITULO I

HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO PROFISSÃO

CONTEXTUALIZADA NO PROCESSO DA CONTEMPORANEIDADE

1.1 GÊNESE E ONTOGÊNESE NO SERVIÇO SOCIAL: PERSPECTIVAS

HISTÓRICAS

O Serviço Social no Brasil nos meados de 1930 surge a partir da concepção

positivistas/neotomista1, sofrendo influências dos pensamentos da igreja católica que

tinha como base para a sua implantação defendida na teoria e em seus princípios

nas tensões sociais, nascidas a partir da industrialização, uma inquietação da Igreja

na luta do liberalismo e o comunismo. Inicialmente era de caráter filantrópico,

possuía uma característica assistencial, assumidos pelos católicos, sendo a Igreja a

controladora do processo de assistência ao próximo, aos carentes, como uma

necessidade de ação mais rápida consequentemente planejada (Vasconcelos,

1998,p.114).

Manifestando com atos de conciliar a plenitude da intervenção profissional do

Serviço Social, com o atendimento em caridade, atenua-se a questão em que, o

Serviço Social como uma profissão passa a adentrar nas políticas públicas como

uma atividade de extrema relevância no contexto social. 1 Positivismo é uma corrente filosófica surgida na primeira metade do século XIX, fundado por Augusto Comte, em contraposição às ideias que nortearam a Revolução Francesa no século XVIII.Neotomismo é uma corrente filosófica surgida no século XIX com o objetivo de reviver a filosofia de Santo Tomás de Aquino do século XIII.AGUIAR, A. G. Serviço social e filosofia: das origens a Araxá. 4. ed. São Paulo: Cortez; Unimep, 1989.

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Segundo Iamamoto e Carvalho (2005, p166), “as protoformas da profissão se

vinculavam ao progresso da Ação Social, exercida pela Igreja Católica. Esta, com o

objetivo de recristianizar a classe trabalhadora, confrontando-se com os problemas

sociais”. Nesta ocasião, no Serviço Social não existia a expressão da questão social,

mas as expressões concretas desta “questão”, ou melhor, dizendo, o conceito de

problema social considerado uma desavença da moralidade social de que a situação

era insuficiente para o proletariado, fosse decorrente não da dinâmica do processo

industrial, mais uma questão de escolha, havia uma culpabilização do sujeito pelo

seu problema social, sem relacioná-la à luta de classes, que é, na verdade, a base

de sua existência.

Não se contradiz a história, pois o individuo atualmente sente-se impotente no

que se diz conhecer a sua história, o seu contexto sociedade e sua vivência como

cidadão. Portanto, questão social está vinculada a introdução tecnológica que,

avançada onde o sujeito vive em decorrência de fatos que ele próprio se agusta,

mas por consentimento magnífico, ou seja, não há aproveitamento do seu eu, da

sua vontade, acontece assim, dentre muitos fatores a questão social.

Acontecimentos entre as pessoas, burguesia e proletariados se organizaram

a partir da comunhão da Igreja, pautando-se na compreensão da pessoa humana.

Na gênese do serviço social no Brasil meditada com a estreita relação entre as

proformas do Serviço Social e a Igreja fez com que prevalecesse a oficialização

sobre o modo de pensar orientado pela tendência neotomista. Nesse contexto, as

bases estruturadoras do Serviço Social, durante muito tempo, estiveram a serviço da

burguesia, recebendo forte influência da doutrina social, desenvolvida pela Igreja

Católica. Abordando esse período do processo histórico do Serviço Social.

Deste modo, a burguesia abarrotava-se da história social dentro dos

paradigmas no atendimento como ajuda aos necessitados, justificava a prática como

um socorro a quem necessitava, porém, fatos significativos marcaram a união do

afeicismo e do profissionalismo, dando inicio a um trabalho mais dinamizado na

sociedade.

Assim, categoricamente foram abertas as primeiras escolas de Serviço Social,

uma em São Paulo no ano de 1936 e outra no Rio de Janeiro em 1937, estas no

Brasil e organizadas sob forte influência europeia, países nos quais foram formadas

as pioneiras do Serviço Social. Com o impetuoso processo de industrialização o

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Estado passa a financiar bolsas de estudo para pessoas de classe subalternas e

enviá-las para os Estados Unidos. A Instituição que possuía a responsabilidade pelo

processo de currículo do curso era a ABESS- Associação Brasileira de Ensino em

Serviço Social. Desta forma, começa a se ter certa uniformização, e nesse currículo

mínimo estava o estudo de caso, grupo e comunidade. Daí, vinculadas à igreja

católica, surgiram às escolas de trabalho social e as proformas da profissão.

Iamamoto e Carvalho (2005, p.229),

A discussão sobre os problemas sociais passavam na comunidade e esta a

impor o Estado, uma parte influenciava a igreja para se posicionarem diante dela.

Portanto a sua origem, corresponde à conjuntura vivenciada no país neste período,

em função da industrialização e das grandes mobilizações da classe operária que

tinha como objetivo, que o Estado se posicionasse diante dela, que crescia cada vez

mais e em condições precárias de higiene, saúde e habitação, tomando proporções

gigantescas, voltando à atenção social aos mesmos, que passam a reivindicar seus

direitos, melhores condições de vida e de trabalho.

Porém, por um lado fosse reconhecida a existência desse antagonismo do

capital e suas negociações, do outro, um processo a ser comparável excessiva e o

egoísmo, o proletariado também é responsabilizado pela sua condição de vida

precária, sendo visto como um grosseiro natural, de pouca cultura e fraca formação

moral, que somada a sua baixa condição econômica o deixa vulnerável aos

capitalistas, e por sua deficiência individual o impede de alcançar uma maior

ascensão social, ou seja, um cenário em que a pobreza é naturalizada, passando

por cima da contradição do modo de produção capitalista, causas e efeitos são

invertidos e reinvestidos.

Com esse pensamento os assistentes sociais viam a necessidade de intervir

na crise de formação moral, intelectual e social da família, para que assim, obtivesse

um padrão de vida que lhe ofereça um mínimo de bem-estar material.

O Serviço Social surgiu com o objetivo de minimizar as desigualdades sociais,

juntamente com as demais políticas públicas, com estratégia para enfrentar a

questão social. Dessa forma, a classe dominante exerceria certo "domínio" sobre os

proletários, e a hierarquia católica recupera e reafirma sua presença na sociedade

civil enquanto principal agente de controle ideológico da sociedade burguesa, capaz

de incluir o proletariado num sistema consensual.

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Page 18: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Tais ações eram pautadas com base nas concepções determinavam modo de

atuação. O assistente social atuava sob uma dimensão do desenvolvimentismo do

Estado, à medida que o Estado brasileiro avançava no mundo capitalista, o serviço

social era requisitado para atender a classe trabalhadora, mas, ao mesmo tempo

devia defender os interesses dos empresários.

Manrique (1984, p.44) retoma a discussão sobre a gênese da profissão,

salientando que no período que o Serviço Social transitava para a profissionalização,

duas encíclicas papais tiveram um papel importante para seu desenvolvimento a

Rerun Novarum (1891) e o Quadragésimo Anno (1931).

Manrique (1984, p. 44) assinala:

A Igreja conta com um discurso doutrinário centralizado (romano ou vaticano) que elabora as diretrizes gerais de compreensão dos problemas, estabelecendo normas genéricas para o exercício da fé católica. Entre seus instrumentos mais importantes destacam-se as encíclicas papais, que em mais de uma ocasião, representaram modificações substantivas na orientação doutrinária e na ação política da Igreja católica.

A encíclica é um dos instrumentos utilizados pela igreja para veicular sua

interpretação sobre as mudanças ocorridas em cada momento histórico e que

possam contribuir para um reordenamento da sociedade. Ela também divulga os

princípios e os dogmas católicos, influencia o comportamento da população e

apresenta as diretrizes para o trabalho do clero e do laicato, os principais ideais

expressas nesses documentos foram à solução proposta pelo Socialismo e a

solução proposta pela igreja.

A encíclica Rerum Novarum trata sobre as causas do conflito entre as

categorias sociais. Os progressos recentes da indústria e os novos caminhos

trilhados pelos ofícios, a mudança operada nas relações entre patrões e

trabalhadores, o enriquecimento de uns poucos e o empobrecimento da multidão, a

maior confiança dos operários em si mesmos e a união com que se juntaram entre si

e, enfim, a corrupção de costumes fez eclodir a desequilíbrios sociais.

Ainda com base no referido documento, a concepção da Igreja Católica sobre

a propriedade privada reconhece a desigualdade quando prevê que, mesmo depois

de dividida a terra, ela continua servindo à utilidade comum, porque não há nenhum

mortal que não viva do que a terra produz. Os que carecem de capital têm seu

trabalho. Era um direito natural outorgado e reconhecido pela divindade, a

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organização do Estado e da sociedade está sujeito à vontade de Deus- por isto,

quando os socialistas lutam contra o Estado operam contra a justiça instintiva. A

diferença não é apenas natural; é conveniente à coletividade, já que é necessária a

variedade de talentos e missões.

O que determinava a Rerum Novarum discutia sobre o conflito de classes, e

as relações conflitosas entre o capital e o trabalho, fazendo com que por fim a

sociedade acabasse acatando a força da religião cristã, por que só ela poderia, aos

olhos da igreja, trazer acordo e a união entre ricos e as classes dos proletários.

Entre as regras de convivência deste acordo, para que a harmonia pudesse

tornar-se uma realidade palpável, cabia ao operário cumprir íntegra e fielmente o

trabalho que livre e equitativamente se lhe contratou, sem jamais prejudicar o

capital, nem exercer violência pessoal contra seus patrões; quando defender seus

próprios direitos, abstivera-se do uso da força; nunca preparar sediações, nem

participar daquelas dos homens malvados que, enganosamente, prometem muito

despertam esperanças exageradas, e a que quase sempre se seguem um

arrependimento inútil e a desgraça.

Na Encíclica Quadragésima Anno2 reafirma-se a importância da ação

orientada para responder ao grande desafio do paganismo e da secularização. Os

núcleos católicos mais consequentes com as propostas da encíclica entre os quais a

ação católica desempenha um importante papel dirigiam os seus esforços guiados

pelo documento papal.

É sobre este método social que o serviço social se insere como a

institucionalização da profissão dentro da divisão capitalista do trabalho no

conservadorismo. O Serviço Social passa a atuar com o objetivo de assistência, de

benesse, desenvolvido pelas classes dominantes. Porém, é neste campo que o

profissional do Serviço Social ampliou gradativamente o campo de atuação do

exercício profissional, atuando sobre diversas áreas.

Desta forma, o Serviço Social historicamente é legalizado e inicialmente

controlado pelo catolicismo na perspectiva de regulação social, sobretudo a partir da

década de 1930, quando há grande revelação dos problemas sociais. Logo o

profissional assistente social evidencia seu aspecto político interventivo, 2 Quadragésimo anno é uma carta encíclica do Papa Pio XI, de 15 de maio de 1931, sobre a restauração e aperfeiçoamento da ordem social, em conformidade com a Lei Evangélica, no 40º aniversário da encíclica de Leão XIII, Rerum Novarum.Manrique, Manuel castro, História do Serviço Social na América Latina-Gelats, ed. Cortes1984.

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Page 20: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

compreendido pela sociedade. Tem seu surgimento marcado pela consolidação do

sistema capitalista no momento de sua manifestação da fase monopólica marcado

pelo afloramento da questão social.

O Serviço Social ao ser inserido no processo de atividade profissional torna-

se assim para o Estado um dos maiores empregadores de profissionais assistentes

sociais, uma profissão declarada como a profissão que ajuda que dá auxilia, da

assistência, da caridade e da filantropia. Segue-se separadamente esta atividade

assistencial devido à filantropia. A institucionalização e legitimação do Serviço Social

como profissão no Brasil têm como fundamento os processos de reprodução social

da vida e do trabalho.

Com base em Iamamoto e Carvalho (2001, P.188), os assistentes sociais

foram destacados como profissionais no momento da legitimidade como

reconhecimento profissional condescendente na gênese e institucionalização no

Serviço Social no Brasil, em uma conjuntura peculiar do desenvolvimento capitalista,

marcada por conflitos de classe, pelo crescimento numérico e da classe operária

urbana e pelas lutas sociais. Esta se desencadeia contra a exploração do trabalho e

pela defesa dos direitos sociais quando crescem as lutas sociais dos trabalhadores e

dos segmentos mais empobrecidos da população, e as ações de caráter

assistencial, religioso e filantrópico desenvolvidos pela solidariedade social mostram-

se insuficientes para dar conta das necessidades sociais. Tal contexto sociopolítico,

de centralização e intervenção do Estado na condução de políticas econômicas e

sociais, coloca as expressões da questão social como matéria prima da profissão.

Buscando os instrumentos e técnicas necessários para o exercício

profissional, a validação teórica consiste na incorporação de uma matriz teórico

metodológico que norteia a compreensão sobre a realidade e a intervenção

profissional.

A categoria se mobiliza em busca de mudanças, portanto, a renovação do

Serviço Social Brasileiro foi no sentido de se incorporar na lógica

desenvolvimentista. Somente com a crise da ditadura, na década de 1970, o Serviço

social do Brasil se direciona para uma ruptura radical com o tradicionalismo, tendo

assim na década de 60 tentativas de avanços que só vão se concretizar anos

depois. No Serviço Social brasileiro ocorreu a reconceituação em três vertentes:

Modernizadora; Reatualização do Conservadorismo; Intenção de Ruptura, foi com

20

Page 21: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

base nas vertentes que o serviço social se reorganizou, em conformidade com Netto

(2011, p.264), momentos constitutivos de um processo com estas vertentes.

O Serviço Social consolidando-se como uma profissão, passou e passa por

diversas transformações ao longo de sua história, ser fortalecendo como uma

ciência, que precisa de métodos sistematizados e trabalhos de análises para atuar

no campo social. Nos medos de 1965 foi necessário esse movimento, de caráter

mundial, para que o Serviço Social passasse por uma transformação, abandonando

práticas antigas, voltadas para uma ética profissional burguesa, tenta efetivar-se por

um método de organização, portanto, as indagações e observações contidas no

conteúdo teórico metodológico do exercício profissional no qual este estava inserido.

Houve grandes movimentos influenciando a ação profissional no Brasil,

principalmente o movimento da América Latina, no qual foi instrumentalizado e

questionando a desigualdade social existente, com isso buscou métodos, e teorias e

como estes funcionariam a partir da realidade com base nas questões sociais. No

movimento de reconceituação constituiu-se o centro da inquietude do Serviço Social

devido à complexidade da interação e intervenção desenvolvida pelos assistentes

sociais.

Desta forma, Netto (2011, p.146), retrata a dimensão do movimento de

reconceituação que envolveram reelaborações por parte de um grande número de

profissionais no esforço de grandes experiências, tendo em vista a concepção de

humanidade para adequar esta ação com um novo posicionamento.

Para o Serviço Social brasileiro o movimento foi de fundamental importância,

pois contribuiu para transformação, a renovação dos conceitos e do agir profissional,

que buscava uma formação qualificada, com técnicas precisas, fundamentação

teórica e cientificidade para profissão. Isso tudo resulta na reforma curricular e na

condução dos destinos das organizações e intervenção profissionais impressas no

código de ética profissional.

Na Perspectiva Modernizadora trabalhou – se no esforço para adequar a ação

profissional à proposta de desenvolvimento capitalista no Brasil, pós 1964. Esta

perspectiva se compôs de dois seminários: Araxá (MG) e Teresópolis (RJ), que

envolveu densamente a categoria profissional em sua proposta, continuando o

acúmulo dos anos 50 e 60. Para abranger esta teoria filosófica, exclui-se a crítica e a

tendência da mudança na ordem estabelecida, estende-se a estabilidade social

21

Page 22: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

onde, a funcionalidade americana imprime no Serviço Social um aspecto

tecnocrático. Mantém-se a supremacia no inicio da ditadura, porém, se perde por

que seus elementos mais conservadores, ligados à condição catolicista não tem

expectativa nesta proposição de reforma.

Propõe–se o conservadorismo da profissão e que surgiu do rompimento dos

modelos tradicionalmente do Serviço Social, tende-se a repô-lo sobre o apoio teórico

metodológico novo que repudia os modelos marxistas. Este se deriva do

deslocamento catolicista da profissão, intentando para os renovos do

conservadorismo a partir de um esforço teórico mais sofisticado, de inspiração da

fenomenologia existente. Existe uma distância das propostas da profissão para a

ditadura, destacando a conceituação absorvida. Entendemos que exista uma ética

relacionada à humanização cristã psicológica, da especificidade só Serviço Social,

que está presente na profissão desde a metade dos anos 70, mas não atende na

profissão.

A tendência conservadora presente nestas proposições, embora não seja

predominante em reproduzir teoricamente do Serviço Social atualizado, tendo em

vista o revigorante exercício social tendo como fortalecimento de indivíduos, famílias

ou grupo.

Na Intenção de Ruptura, a ruptura parte da critica aos seguimentos

“tradicionais” na profissão, quer romper com o pensamento conservador positivista

na profissão e com intervenção conservadora. Tem dificuldades de se colocar na

ditadura, recebe influência dos Serviços Social reconceituado latino-americano.

Manifestam-se incredulidade na corrente modernizadora, da eminência que

os profissionais assistentes sociais fazem dos operários que, categoria que nascem

as novas concebidas assistentes sociais. Existe um antagonismo ao Serviço Social

tradicional, porém não bem sucedidos na organização das propostas de

intervenções.

As principais características desse processo de renovação foram à

instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no cotidiano profissional;

desigualmente concebida quanto aos profissionais – qualidade de uma boa

formação, exercício prático como alvo no Serviço Social e a constituição de

segmentos de militância, principalmente os que estão incluídos na vida universitária,

voltados para a investigação e pesquisa entre outros.

22

Page 23: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

1.2 SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE

Conclui-se então que, o Serviço Social emergiu-se como profissão a partir

da prerrogativa de se consolidar enquanto ciência, extinguindo a sua característica

de profissão de ajuda, de caridade. Ela dependia de uma progressiva ação do

Estado na regulação no socialismo, na ocasião governada e gerenciando as

divergências de classe. É quando o Estado se ampliava, passando a tratar o

problema social não só pela coação, mas recorrendo a opiniões da sociedade, que

eram criadas nas bases históricas da nossa demanda profissional. A burguesia, mas

precisamente as damas de caridade praticavam o bem e resolveriam os problemas

sociais através da reforma dos costumes de cada um. Para tanto, estas acreditavam

que a situação da pobreza era motivada por eles mesmos e que só uns bons

conselhos e uma ajuda inicial seriam o suficiente para melhorar sua vida.

Inicialmente foram dadas as igrejas e posteriormente se difundido por

pequenos bairros até conquistar um espaço na cidade completamente. Partindo

deste instante, as nobrezas femininas passaram a ter conhecimento da indigência

de cada pessoa, observando atentamente cada necessidade. O Serviço Social tinha

nos seus problemas sociais o alicerce como a especificidade, o trabalho.

Os problemas limitavam-se na discussão social e reproduziam numa

perspectiva em outro marcos, poucos analisavam e subsistiam a um acordo entre

capital e trabalho.

Ao aproveitarmos, a classe do estudo social realizava uma análise na

perspectiva da situação em que se encontravam a maioria da população – aquela

que só tinha a venda da sua força de trabalho as condições de conferência para a

sua sobrevivência de trabalho garantindo assim a sua existência. Diferentemente os

trabalhadores no âmbito do capitalismo, a acessibilidade nos direitos, nas situações

de vida, analisavam as desigualdades e buscavam a forma de superá-las. É

entender as causas das desigualdades, e o que essas desigualdades produziam, na

sociedade e na subjetividade dos homens.

Três pressuposições baseadas no empenho para corroborar novos pilares

aconteceram: 1) A apropriação teórico-metodológica no campo das grandes 23

Page 24: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

matrizes de pensamento social; 2) Empenho político nos deslocamentos da

sociedade e 3) Aperfeiçoamento técnico-operativo. Esses elementos foram

complementares entre si, mas, aprisionados em si resultam nas três armadilhas

vividas naquela época conforme Iamamoto (2012, p.53).

Com base nos dois elementos do projeto proposto em 1996 reproduziu-se

um rompimento com a concepção de 1980: 1) Considerar a questão social como

base de fundação sócio histórica do Serviço Social; e, 2) Aprenderem a prática

profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de

trabalho, segundo Iamamoto (2012, p.57). O conhecimento deve ser encarado como

um meio de trabalho do assistente social. O Serviço Social não é uma profissão

liberal, e sim trabalhadores assalariados, visto que, parte dos meios ou recursos

materiais, financeiros e organizacionais necessários ao exercício profissional é

disponibilizada pelas entidades empregadoras.

Ao pensarmos que, na ocasião da origem do Serviço Social como uma

profissão registrada na divisão social do trabalho, sucedeu-se apenas a sua

dimensão técnica que lhe garantia na sociedade eficácia e competência profissional.

Com os movimentos sociais buscou-se intensificar essa visão unilateral. Os

profissionais assistentes sociais da classe trabalhadora tem um ponto de vista

crítico, e estão ponderando muito mais do que uma questão operativa, instrumental

ou de identidade profissional. Segundo Iamamoto (2012, p.58),

O assistente social é o profissional que trabalha com políticas sociais, de corte público ou privado e não resta dúvida ser essa uma determinação fundamental na constituição da profissão, impensável mais além da interferência do Estado nesse campo.

Tencionando sem negar que tais aspectos estão pontualmente avistados

podem ser a inquietação mais direta de um ou outro assistente social mesmo nestes

casos, e independente das intenções imediatas, há muito mais em jogo que a

habilidade profissional de uma dada prática perceptiva3. Em qualquer espaço

profissional, o Assistente Social poderá agir numa perspectiva mais crítica e

segundo o projeto ético-politico da categoria observar a necessidade de cada

usuário que procura a rede pública para suprir suas necessidades, a ação

3 Sobre essa discussão, no âmbito do Serviço Social, consultar Manrique, Manuel Castro, História do Serviço Social.

24

Page 25: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

profissional tem como funcionalidade reconhecer a necessidade de pensar a prática,

segundo elementos teóricos que darão fundamentos e suporte a sua atuação.

O projetar de uma ruptura teórico-prática com um fazer profissional tradicional, conservador, contribui prioritariamente na mera e simples reprodução do existente, realmente não efetivará sem que espaços de formação e de prática enfrentem a questão nefrônica no Serviço Social – a relação entre teoria/realidade, o que depende do resgate da unidade entre científica e meio profissional. Não há projeto de formação profissional, nessa direção, que tenha sustentação, sem enfrentar a questão do fazer profissional, assim como não é possível um projeto de profissão sem o enfrentamento da relação teoria/prática (VASCONCELLOS, 1998: p. 122).

Segundo Vasconcellos (2007, p.101), a profissão dos Assistentes Sociais,

mesmo tendo sido regulamentada como uma profissão autônoma na sociedade

brasileira, não outorga ao profissional autonomia suficiente para conduzir seu

atendimento aos usuários, sejam indivíduos ou grupos. A fato de que o assistente

social tenha que vender sua força de trabalho por um salário, especifica a sua

relação de subordinação em face às exigências do empregador.

Assim, a atividade profissional muitas vezes não é direcionada e executada

de acordo com sua vontade, com a ressalva de possuir, mesmo que minimamente, a

iniciativa e independência de realizar seus atendimentos. O assistente social, ao

incluir-se no processo de trabalho, não está aprofundando-se num terreno

exclusivamente seu. Está, na verdade, muitas vezes no âmbito de um processo de

trabalho coletivo que não foi por ele organizado, mas isso não demanda na perda da

autonomia ética e técnica que o profissional possui.

No entanto, essa abordagem, na qual o Serviço Social é introduzido em

processos de trabalho coletivos, remete-nos responder como isso pode acontecer

sem que a profissão perca sua singularidade. A totalidade que nos faz detectar as

particularidades do trabalho do assistente social, ou seja, mesmo compartilhando um

único processo de trabalho com outros profissionais, o assistente social se diferencia

destes por ser possuidor de elementos como matéria-prima, instrumentos de

trabalho e força de trabalho, criadores da história (Iamamoto, 2012, p.185).

Portanto, Iamamoto (2012, p. 42-44) afirma que é possível pensarmos a

formação da categoria dos assistentes sociais enquanto força de trabalho inserido

na divisão de serviços, o profissional tem que atuar sem qualquer individualidade, ou

seja, sempre trabalhar não com retração do Estado, mas num coletivo, do qual se

25

Page 26: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

situa no campo das políticas sociais públicas e privadas. Do mesmo modo, podemos

refletir sobre alguns elementos subjetivos que delineiam não só essa força de

trabalho como o próprio processo de trabalho, seus objetos, meios e produtos, além

das formas de administração e organização. Os trabalhadores que atuam no setor

de serviços, entre eles o assistente social, são possuidores e propagadores de

saberes e exercícios diferentes que se interligam.

A constituição e expansão do Serviço Social como força de trabalho

atuante no setor de serviços e, em particular, no âmbito das políticas sociais e de

assistência, como parte de uma estratégia de enfrentamento da questão social em

várias de suas expressões, envolve também certos processos socioculturais. Por

exemplo, a condição de gênero, que determina uma posição de subalternidade

própria da condição da mulher no interior da nossa sociedade, imputando marcas

indeléveis ao processo de proletarização da profissão.

Considerando que, o profissional Assistente Social tenha um olhar voltado

para a atualidade no exercício da saúde, da habitação, do terceiro setor e afins,

divulga-se a possibilidade de como executar sua profissão numa sociedade

capitalista, uma sociedade desigual, dividida em classes e que essa desigualdade

marca qualquer acesso à propriedade de produção num contexto de política social

desestabilizadas.

Iamamoto e Carvalho (2005, p.98) relatam,

A sobrevivência e a reprodução da classe trabalhadora na sociedade capitalista dependem fundamentalmente do salário que o trabalhador recebe em troca da venda de sua força de trabalho no mercado; isto porque se trata de trabalhadores assalariados, despojados dos meios de produção e dos meios de vida, os quais se encontram monopolizados pelos proprietários do capital e da terra.

Neste sentido, a aptidão política e teórico-metodológica ampara o assistente

social a demarcar os alcances da sua prática profissional que envolve desde a

especificação do terreno da atuação do Serviço Social e suas implicações político-

ocupacionais até a posse dos recursos técnico-instrumentais para analisar e intervir

sobre alguma faceta da realidade, bem como para ordenar e refletir sobre sua

própria prática.

Trata-se de uma profissão ultrapassando relações de classe, ao passo que se

tem uma composição social, predominante feminina, o que abate a sua imagem na

26

Page 27: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

sociedade e as probabilidades sociais vigentes diante da mesma. Este feitio de

classe esclarece, em parte, os traços de subalternidade que a profissão impregna-se

diante da grandeza da autoridade e reconhecimento secular predominante e

acadêmico. O envolvimento com os valores humanistas atual na cultura profissional

vem sendo, ao longo de sua historia, depurado de um humanismo abstrato para um

humanismo concreto, regresso à criação de condições para que o isente

crescimento de cada um, seja condição para o desinteresse primoso de todos o que

passa pela afirmação de valores de democracia, dos direitos humanos e de

cidadania para todos. O que se confirma em Netto (1999, p.95)

Diz que os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas de sua relação com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais.

Esta sociedade com seus componentes essenciais, assim como o método

de trabalho da mesma forma que o seu produto não são apenas alvo, são também

valores de permuta. Vive-se na sociedade a predominância do interesse universal,

onde toda atividade tende a ingressar no contorno do valor, passível de ser

comprado e vendido.

O desenvolvimento da análise do Serviço Social possui um efeito nas

condições materiais e sociais daqueles cuja intensidade dependem do trabalho. Em

outros processos, tem um efeito de reprodução da influência de atividades, único

comércio de reprodução que ao ser colocado em ação, ao realizar trabalho é fonte

de valor, ou seja, cria mais valor que ela custou. Ela está no meio confidencial da

formação em abundância social na sociedade capitalista. E o Serviço Social tem

grande participação na reprodução da força de trabalho através dos serviços de

cunho social previstos em programas, a partir dos quais se trabalham nas áreas de

saúde pública, habitação e outras.

Assim, o Serviço Social é socialmente necessário porque ele atua como

referência a sobrevivência social e material dos setores com a maioria da classe

trabalhadora. Torna-se possível o acesso não só a recursos materiais, mas as ações

executadas incidindo sobre as condições de sobrevivência social destes cidadãos.

27

Page 28: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Portanto, é nítido que o Serviço Social tem um papel no processo de procriação

como o movimento da produção na sua persistência.

Tem-se conhecimento de que a visualização do profissional assistente social

também tem efeitos na sociedade enquanto um profissional que incide no campo da

competência, dos princípios, das condutas, tendo como consequência real a

intervenção à vida das pessoas.

Nenhuma sociedade resiste apenas à base da coação, mas para sobreviver

tem que origina consenso de classes, base para construir uma hegemonia4 na vida

social. De outro teor, o assistente social é chamado hoje a atuar no âmbito dos

Conselhos nos atuando mais diversos campos da profissão. Deste modo, questiona-

se, de formas os profissionais poderão efetivamente contribuir para o acesso à

direitos e políticas públicas, e na emancipação da população.

Reforçam-se os interesses de segmentos destes profissionais na coletividade.

Evoluem nesta direção ao socializarem instruções que subsidiem a formulação e ou

gestão de políticas tendo como informações dos recursos disponíveis se

beneficiando destes direitos, ao viabilizarem o uso de recurso legal em prol dos

interesses da sociedade civil organizada; ao interferirem na gestão e avaliação

daquelas políticas, ampliando o impulso às informações para os indivíduos sociais

onde possam lutar e ter poder de decisão nos rumos das suas vidas em sociedade

(IAMAMOTO e CARVALHO 2001, p.76).

Não se extenuam a análise do produto do trabalho desenvolvido pelo

assistente social, como leitura espontânea, ele tem um efeito na sociedade do ponto

de vista da produção de valores ou da riqueza social, ao fazer parte da classe

coletiva de trabalhadores. Assim, caso esta especificação do trabalho não tivesse

alguma função a executar no processo de produção, na ótica dos interesses

capitalistas, não seria contratado pelas camadas sociais.

Atualmente o Serviço Social vem se caracterizando com atenção fortalecida

como profissão intervencionista e propositiva que luta pela defesa intransigente dos

direitos sociais, utilizada dentro das políticas públicas e políticas sociais recusando

inferências governamentais, sociais e políticas, garantindo e efetivando os direitos

civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras. Enquanto profissão, vivência, e

discute a questão dos direitos sociais na sociedade capitalista no qual entendemos

4 Hegemonia - usado como influência, domínio, pautando-se na definição utilizada por Iamamoto (2012, p.18)28

Page 29: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

como uma sociedade desigual e excludente onde, o profissional assistente social vê

este paradigma da injustiça social, remetendo esta luta como um direito e não como

um bem a ser adquirido, sistemático e re-filantrópico.

Desta forma, tomamos como base o estudo apresentado por Iamamoto (2012:

p28), para confirmar que:

É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movidos por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade.

Diante dos fatos, contidos na sociedade capitalista que circundam a

população da classe trabalhadora5 faz-se desocultar, muitas dessas contradições no

intuito de instigar o fortalecimento dos sujeitos sociais pelas lutas da ressocialização,

manutenção e ampliação dos direitos, abrindo caminho para diversos leques de

possibilidades de trabalho do Serviço Social onde estes contribuam no

fortalecimento da classe menos favorecida.

Ainda em Iamamoto (2012, p.70), temos que, “A análise das características

assumidas pelo trabalho do assistente social e de seu produto depende das

características particulares dos processos de trabalho que se inscreve”, confirmando

que trabalho e formação profissional situam-se nas respostas que cada profissional

Assistente Social designa um desafio, indicando que o desempenho dos

profissionais assistentes sociais deverão estar adequado ao projeto ético-político,

que estejam compromissados com a construção da cidadania, cultivado na

democracia, fazendo parceria com a equidade e a liberdade.

Essa prática solicita uma articulação profissional do Serviço Social nos

interesses e necessidades dos usuários no contexto das diversas demandas com

um atendimento mais humanizado nos tempos atuais. E isto se reflete no

atendimento que deve ser prestado no âmbito das políticas de saúde.

5 Tais fatos permitem que seja criado um monopólio jurídico no Estado. Portanto, na sociedade burguesa, conceito de democracia se transforma que o problema da representatividade e participação política se faz presente. (GUIMARÃES, G. T. D. Mercado de Trabalho dos Assistentes Sociais. Porto Alegre, 2002).

29

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CAPÍTULO II

A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

COMO PROFISSIONAL PROPOSITIVO.

2.1 A SAÚDE COMO DIREITO DO CIDADÃO.

O Brasil elaborou a Constituição Brasileira de 1888- CF/88, sendo

promulgada no mês de outubro do mesmo ano e considerada a Constituição cidadã,

no qual, ganhou destaque pelo seu aspecto amplo, garantindo a cidadania aos

brasileiros.

A Constituição Federal Brasileira oficializada em 1988 consagra:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CF 1988, Art.196).

Com base neste artigo da Constituição Federal Brasileira6, a saúde sempre

será considerada como o aspecto central da vida para todo brasileiro, no entanto, é

sabido que a vida humana desencarrilha em etapas, assim, devemos ter em mente

que, a manutenção desta etapa é considerada a garantia das condições de vida das

quais sobreviveremos em harmonia com a saúde.

Neste contexto, há de se ponderar que o cidadão na sua plenitude carrega

entre seus direitos, o direito à saúde, assegurada para reconhecimento de uma

melhor condição de cidadania plena. Para resgatar esses direitos à saúde,

reverenciamos, conforme expõe Cohn (2008), quando afirma que:

6 TÍTULO VIII – DA ÓRDEM SOCIAL; CAPÍTULO II – SEÇÃO II, DA SAÚDE – ARTIGOS 196; 197; 198 (PARÁGRAFO ÚNICO – EC 29); 200.

30

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Constituir, portanto, a saúde um direito de todos e dever do Estado implica enfrentar questões tais como, a de a população buscar a utilização dos serviços públicos de saúde, tendo referencia enquanto para os serviços privados, isto consiste em direito, pois quem paga seus planos de saúde tem melhor direito. Da mesma forma, e exatamente porque essas questões remetem à tradição brasileira de diretos sociais vinculados a um contrato compulsório de caráter contributivo, contrapostos a medidas assistencialistas aos carentes, a equidade na universalização do direito à saúde está estreitamente vinculado às mudanças das políticas de saúde no interior de um processo de alteração da relação do Estado com a sociedade, o que vale dizer, da alteração do sistema de poder no país (COHN, 2008 p.25-26).

Reafirma a garantia dos direitos, pois se refletirmos sobre os tempos atuais,

podem reproduzir quais estratégias que viabilizaremos a realidade atual ou social.

Todo cidadão pode e deve participar ativamente na sua proteção como protagonista

da sua própria história, ser contemplado, condutor de conhecimento e referências

para que se possa conseguir repercutir na sua sobrevivência.

Diante de tantos desafios para obter o direito à saúde, necessitamos requerer

o compromisso do governo, no qual este, constitucionalmente deverá cumprir suas

obrigações nas implantações às políticas públicas de modo correto para que todas

as pessoas desfrutem uma melhor possibilidade de vivência quotidiana.

Estes direitos são necessários á concretização de uma vida digna que devem

ser garantidos pelo Estado como já foi mencionado. Contudo, nem sempre o Estado

possui meio e recursos financeiros suficientes para efetivação desses direitos,

entretanto a carta dos direitos do cidadão à saúde que diz:

O Ministério da Saúde determina que, a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em sua 198ª Reunião Ordinária, realizada no dia 17 de junho de 2009. Esta Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, publicada no Diário Oficial da União nº 155, de 14 de agosto de 2009, dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. (Carta dos direitos dos usuários da saúde / Ministério da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.8 Série E. Legislação de Saúde).

O brasileiro, como cidadão necessita conhecer seus direitos para que possa

usufruí-lo dentro dos parâmetros da saúde, uma vez que é mérito de cada pessoa,

garantia legalmente. Assim, a CF 88, documento que norteia seus princípios dos

direitos de cidadão, porém, há necessidade que este conheça seus direitos e

deveres para pleiteá-los no momento da necessidade, seja ele no público ou

privado. Este documento foi constituído em seis princípios, no qual todo cidadão

norteia o acesso, que lhe é de direito e não que seja merecedor nos sistemas de 31

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saúde, contemplado pelo Ministério da saúde. Desta forma, os cidadãos têm seus

diretos embasados na Carta Magna7·, constituído como princípios:

-Todo cidadão tem a garantia ao ingresso organizado e constante aos planos de saúde independente do sistema que o rege.-Todo o cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema regido ou não a um convênio governalizado.-Todo cidadão tem a garantia ao atendimento civilizado, confortável e imune de qualquer discriminação independentemente de cor, raça, credo, etc.-Todo cidadão tem a garantia do respeito ao ser humano, seus valores e seus direitos de acordo com a CF de 1988.-Todo cidadão deve manifestar-se consciente para que sua intervenção suceda de maneira adequada, isto ocorrerá a partir da sua própria vontade.-Todo cidadão goza dos privilégios do compromisso dos administradores da saúde em conformidade aos princípios da Constituição Federal sejam cumpridos (Conselho Nacional da Saúde, 2009).

Tendo tais direitos assegurados, no que concerne à saúde, além de

essenciais, trata-se de condição de dignidade do indivíduo, também um dos

alicerces que deve ser garantido pelo Estado, de acordo com o Ministério da Saúde,

a Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, publicada no Diário Oficial da União nº

155, de 14 de agosto de 2009, que dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários

da saúde.

Neste sentido, contemplando a Política Nacional de Gestão Estratégica e

Participativa no Sistema Único da Saúde, de 2007, o Ministério da Saúde, resolve:

Art. 1º Dispor sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde nos termos da legislação vigente (Carta dos direitos dos usuários da saúde / Ministério da Saúde. – 3. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011, p5).Art. 2º Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e serviços ordenados e organizados para garantia da promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação da saúde (Carta dos direitos dos usuários da saúde / Ministério da Saúde. – 3. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011, p5).

Nestes artigos, a concessão à saúde está estabelecida na Constituição de

1988, na qual está fundamentada como direito público, como reza a carta

constitucional dos Poderes Públicos que, venha a ser desenvolvidas nas políticas

públicas para atender as demandas existentes no país.

Desta forma, amplia-se o modelo de conceito de saúde, para que se garanta

as condições mínimas necessárias á saúde, tais como, a prioridade ao acesso aos

7 A Carta Magna (Constituição) não é uma lei e sim normas que abrange deveres e obrigações das pessoas incluindo o Direito. Apenas define o que teremos de cumprir  no todo ou em parte regida pelos códigos CC CP e CPC. http://www.dicionarioinformal.com.br.

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Page 33: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

serviços de saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, a educação e

principalmente conhecer seus direitos como cidadão.

Art. 3º “Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no tempo certo para resolver o seu problema de saúde” (Carta dos Direitos dos Usuários da saúde, 3ª ed .Série E, Legislação de Saúde, Brasília /DF, 2011, p7¿.

Considerando a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão

do SUS, de 2003, do Ministério da Saúde, em seu Art.3º. Parágrafo único; É direito

de a pessoa ter atendimento adequado, com qualidade, no tempo certo e com

garantia de continuidade do tratamento, e para isso deve ser assegurado:

I – atendimento ágil, com tecnologia apropriada, por equipe multiprofissional capacitada e em condições adequadas de atendimento; II – informações sobre o seu estado de saúde, de maneira clara, objetiva, respeitosa e compreensível;III – toda pessoa tem o direito de decidir se seus familiares e acompanhantes deverão ser informados sobre seu estado de saúde; (Carta dos Direitos dos Usuários da saúde, 3ª ed. Série E, Legislação de Saúde, Brasília /DF, 2011, p7).

Ao referir-se que o direito à saúde é fundamental, dependência da dignidade

de toda e qualquer pessoa humana, é um dos alicerces do Estado brasileiro,

considera-se como base, o Art. 4º da Carta dos direitos dos usuários da saúde

BIBLIOGRAFIA, “Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor,

realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a

todos”. Parágrafo único:

É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência. (Carta dos Direitos dos Usuários da saúde, 3ª ed. Série E, Legislação de Saúde, Brasília /DF, 2011, p10). Desta forma, o direito à saúde na atualidade está constitucionalmente inserido na categoria dos direitos sociais, no qual cada indivíduo possui na internalidade a efetivação do serviço que emerge como direitos individuais na garantia do cidadão. Contextualizamos essa justificação, como direito público, individualmente ou no coletivo, na prestação do dever que o Estado tem para integrar as políticas públicas incorporando o social, garantindo esse direito. Assim, na constitucionalidade e no termo da partida, torna-se a eficiência na aplicação do direito à saúde.

Ao buscarmos como a política e as garantias de saúde eram conduzidas

antes da Constituição Federal devemos relembrar que, não era como direito do 33

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cidadão, mas como ajuda, como caridade, concessão e se pautava numa política

higienista, e que trabalhava com epidemias e não com profilaxia. Ao examinarmos

história relacionada às políticas de saúde no Brasil é imprescindível que tenhamos a

definição, como uma base de nos seguintes contextos do desenvolvimento da

história na sociedade, no âmbito da economia, como objetivo político e social

através da classe dominada, ampliando o capitalismo na comunidade, donde a

população sofreria consequências sociais e econômicas.

Percebe-se que nunca a saúde foi visualizada dentro da centralidade do

Estado, devido a este descompromisso, que os problemas da saúde afetam a

população, não são geridas com destaque pelos governantes na aquisição das

políticas públicas dentro da saúde, desta forma, o Estado nunca controlou e ou

solucionou o problema. Portanto, os problemas da saúde só se tornaram importante,

quando se objetivou que, as doenças se tornaram calamidades na sociedade e

deveriam ser tratadas como tal. Segundo Bravo, (2006, p. 8):

No século XVIII, a assistência médica era pautada na filantropia e na prática liberal. A população em geral, principalmente os que tinham baixa renda não podiam usufruir de atendimento médico especializado ficava restritos somente a bondade e aos cuidados dos curandeiros.

Atualmente, definimos a essencialidade da saúde onde, todos os cidadãos

brasileiros possam usufruir e apoderar-se como direito público subjetivo (pessoal),

responsabilidade da efetividade do SUS – Sistema Único de Saúde, portanto, não

podemos tolerar que a garantia à saúde, e o seu acesso seja negado, a

essencialidade social do cidadão, tornando o Estado um agente público no tocante a

competência empenhada pela Carta Magna.

A maneira como o serviço social se articula com as políticas de saúde, e

como define a sua intervenção será estudada, a partir do conhecimento que

agregamos por meio da gênese da profissão e de sua estreita relação com os

direitos do cidadão no âmbito da saúde.

34

Page 35: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

2.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE E NO CONTEXTO HOSPITALAR COMO PROFISSIONAL PROPOSITIVO

No Brasil, o empenho pela ampliação da garantia para a saúde foi e sempre

será visto como uma movimentação persistente, visto que, a Constituição de 1998

contempla a todo o cidadão o direito pela saúde. Portanto, houve grandes

mudanças, no qual, o encadeamento das exigências vem abraçando as causas

nestes setores da saúde pelos profissionais assistentes sociais. Nesta menção,

referenciamos as questões da saúde que vai conduzindo a demanda e os usuários

num patamar de distanciamento a fatores de vida populacional. Não podemos fazer

afirmações de que, as doenças são causas para que não seja fator preponderante

de boa saúde por que podemos elencar os fatores de como vivemos ou como

manifestamos nossa sobrevivência na atualidade. (Bravo 2012, p.51-54).

Nos meados de 1990, os profissionais do Serviço Social desencadeou-se a

expansão profissional na área da saúde como concorrência no âmbito

governamental, nestes termos, os assistentes sociais passaram a contribuir seu

trabalho na saúde, pois, as demandas foram introduzidas no código de ética como

atuação e ou intervenção a ser executada.

A inserção dos assistentes sociais se deu no firmamento da saúde na junção

dos processos de trabalhos, onde nos deu várias direções para que, a população

fosse mediatizada pelo reconhecimento social da carreira profissionalizante, pela

organização das exigências designada pelo Serviço Social no Brasil. Neste

fundamento, Bravo e Vasconcelos (2012, p.26) interpretam:

É no bojo do processo histórico-econômico e político que marcou a conjuntura brasileira dos anos 30 que ocorre a formulação da política, que teve caráter nacional – como as demais políticas sociais - organizada em dois setores, o da política pública e o da medicina previdenciária (grifo do autor).

Deste modo, a organização do trabalho no Serviço Social independe das

demandas dos usuários, do contexto que os profissionais viessem a encontrar na

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Page 36: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

classe social, esta organização segue uma lógica ordenada da ação do trabalho

comum na área da saúde.

Com base nos Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1987, p. 382), a

saúde não é uma abstração obscura, ela definiu-se na conjuntura histórica de uma

sociedade que, no seu desenvolvimento intenso, deveria ser alcançada pela

população pelos conflitos quotidianos. No seu sentido, atingido pelas conquistas,

saúde é a decorrência da conjuntura da subsistência, moradia, ensino educação,

proventos, meio ambiente, transporte, entretenimento, autonomia, acesso e usufruto

da terra e aquisição a serviços de saúde. Resultado este, de que a organização

social da produção nos quais se expõe a reprodução das diversidades na qualidade

de vida.

No Artigo 198º da Constituição Federal de 1988, levando em conta a Lei nº

8.080 que, ao enfatizar o atendimento integral, indica outro aspecto central para o

caminho do direito na realidade à saúde, na asserção do atendimento integral com

precedência para as atividades preventivas, no modelo constitucional onde nos resta

que a atenção deverá ser consagrada à doença populacional.

Embora os avanços sejam mínimos no atendimento das demandas da saúde

a inserção precoce dos profissionais nesta atividade trabalhista está agonizante,

uma realidade neste cotidiano que vem sendo vista pelo Serviço Social como um

campo de trabalho executado profissionalmente, mas embasado pelo Projeto Ético

Político8 referenciado, como um direito universal e com domínio social lançado pelos

Parâmetros pelo exercício profissional dos assistentes sociais. Para entendermos os

apartes do Serviço Social na área da saúde devemos rever que, nos artigos já

citados da Constituição Federal de 88 (art. 196-200) são cabíveis de usufruto, cabe

resgatar todos os direitos que os indivíduos possuem no contexto do dever do

Estado como responsável a este atendimento. O que em Bravo e Vasconcelos

(2012, p.55) resgatam:8É o projeto profissional dos assistentes sociais construído no contexto histórico de transição dos anos 70 e 80, num processo de redemocratização da sociedade brasileira, recusando o conservadorismo profissional presente no Serviço Social brasileiro. Constata-se o seu amadurecimento na década de 1990, período de profundas transformações societárias que afetam a produção, a economia, a política, o Estado, a cultura, o trabalho, marcada pelo modelo de acumulação flexível e pelo neoliberalismo. Condições necessárias para desenvolver e aprofundar o projeto ético – político. Texto adaptado da Coletânea de Leis – CRESS 17ª Região/ES e do texto de Marcelo Braz Moraes dos Reis (Professor da ESS/UFRJ. Conselheiro do CFESS – Gestão 2002-2008, ex-diretor do CRESS 7ª Região), intitulado “Notas sobre o Projeto Ético Político do Serviço Social”.

36

Page 37: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

A atual realidade brasileira demanda profissionais comprometidos em reforçar a vinculação entre a ética, política, vida social e vida profissional, pois é uma realidade complexa e contraditória que exige um posicionamento ético de todos os cidadãos. A coerência entre dimensão social e profissional é imprescindível para a realização de valores, o que o Código de Ética um instrumento fundamental no estabelecimento de normas que procura garantir um suporte à prática profissional.

Afinal, os direitos à saúde são citados não só na Constituição Federal de 88,

mas nos patamares da política institucionalizada, porém, fundamentalmente estes

direitos são abolidos do próprio cidadão pelo capitalismo, uma vez que a maioria dos

usuários não consegue visualizar esta garantia.

Nossa sociedade ainda permanece adormecida na questão da leitura de

como a saúde poderá alcançá-lo e, como este poderá ter a compreensão o

assistente social, um profissional propositivo9 que poderá auxiliá-los nos trâmites

legais para associá-los a um padrão de vida a sua realidade na saúde.

Ainda com base em Bravo e Vasconcelos (2012, p.43).

Na saúde, onde este embate claramente se expressa, a crítica ao projeto hegemônico de profissão passa pela reatualização do discurso da cisão entre o estudo teórico e a intervenção pela descrença na possibilidade da existência de políticas públicas e, sobretudo, na suposta necessidade da construção de um saber específico na área da saúde, que caminha tanto para a negação da formação original em Serviço Social como deslancha para um trato exclusivo de estudos na perspectiva da divisão clássica da prática médica.

Neste sentido, os profissionais assistentes sociais estão preenchendo

espaços de atribuições na dimensão do trabalho na interioridade da saúde, num

percurso que ele atua na realidade das classes menos favorecidas, estes possuem a

oportunidade de criar novos conhecimentos sobre a atualidade da demanda que

estão inseridos. Esta conscientização é que sobrevive, pois se torna primordial

instrumento de trabalho, dando à oportunidade de interpretação à importância das

múltiplas possibilidades de interferências profissionais.

O executar dos profissionais de Serviço Social, conjecturando uma ação

meditativa e dialógica, abarca os diferentes atores e panoramas existentes no

contexto social. Assim, o profissional do Serviço Social pode confrontar os aspectos

9 Um profissional assistente social deve ser informado,crítico e propositivo, que aponte no protagonismo dos sujeitos sociais- Iamamoto, Marilda. O Serviço Social na Contemporaneidade (2012, p.144).

37

Page 38: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

intervencionais, realizando progressivamente de forma articulada, tendo menção

que, sua demanda interventiva está intercalada no conjunto de sua intervenção.

O discernimento da organização do trabalho e das ações mostra-nos partindo

dos profissionais assistentes sociais num instrumento de luta, de conscientização

como registra a prática como profissão. Desta forma, Vasconcelos (2008, p.18)

subscreve.Se a formação profissional oferece o instrumento teórico para captar o movimento da realidade social é ao projetar suas ações que os profissionais se transformam em “recurso vivo” podendo, assim, contribuir com os usuários na busca por transformações das suas condições de vida e de trabalho, ou seja, promover a saúde.

Nesta interpretação é que podemos detectar um profissional construtivista e

não passivo, na essência de seu espaço investigativo e propositivo, capaz de

enfrentar esta demanda decorrente da atualidade em que está inserido. Neste

campo investigativo do Serviço Social na saúde é fundamental descobrir as

dimensões intrínsecas da “questão social”, objeto de trabalho do profissional do

Serviço Social, respeitando suas especificidades, buscando reconhecer seus

objetivos e construir artifícios orientando e operacionalizando a ação deste processo

profissional, confirmando exclusivamente a intervenção das demandas postas,

porém, reconhecendo as práticas implícitas.

Dentre as muitas análises e questões, os profissionais assistentes sociais

buscam a sua autenticidade para que possam executar seus exercícios quotidianos

na política da saúde, igualmente na implantação do SUS - Sistema Único de Saúde.

No entanto, a finalidade da profissão na saúde tem seus objetivos, como expõe o

Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, nos Parâmetros para atuação de

Assistentes Sociais na Política da Saúde – Serviço Social e Saúde (2010, p.28-29),

[...] passa pela compreensão dos determinantes sociais, econômicos e culturais que interferem no processo saúde - doença e na busca de estratégias político-institucionais para o enfrentamento dessas questões. O exercício profissional do assistente social não deve desconsiderar as dimensões subjetivas vividas pelo usuário e nem se reduzir a defesa de uma suposta particularidade entre trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais nas diferente especialidade da medicina. Esta última perspectiva fragmenta a ação do assistente social na saúde e reforça a concepção de especialização nas diversas áreas médicas e distintas patologias, situação que tem sido colocada pelas demais profissões de saúde como necessária de superação (Os Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde (CFESS, 2010, p.28-29).

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Page 39: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Isso vem refletir a necessidade dos profissionais do Serviço Social

compreenderem os determinantes sociais, culturais e econômicos no contexto da

usabilidade das estratégias das políticas públicas e sociais, enfrentando estas

questões como modelo de saúde que vem propagar como atuação, intervenção e

participação na saúde.

Deste modo, empenha-se num só indivíduo como num todo, para o SUS os

operários (massa trabalhadora), considera - se um pensamento generalista para

cumprir a demanda da população. Neste documento do CFESS (2010, p.28) dentro

dos Parâmetros da saúde consiste em vários objetivos nos quais são intenções do

trabalho profissional dos assistentes sociais, os autores nos traduzem:

“Estar articulado e sintonizado ao movimento dos trabalhadores e de usuários

que lutam pela real efetivação do SUS”. (CFESS, 2010, p.28).O profissional do

Serviço Social deve estar atento aos firmamentos na efetivação do SUS para que

possam integrar este serviço aos usuários de acordo com a CF de 1988, e se faz

necessário “Conhecer as condições de vida e trabalho dos usuários, bem como os

determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença”. (CFESS, 2010,

p.28).

Este objetivo vem estabelecer o resgate da realidade dos proletariados e

beneficiários que fazem uso do Sistema Único de Saúde (SUS) e que necessitam

estar atentos nas mudanças em suas vidas como direito social, um trabalho do

assistente social como orientação aos usuários. É neste contexto que o CFESS

explica o assunto em:

Facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da instituição e da rede de serviços e direitos sociais, bem como de forma compromissada e criativa não submeter à operacionalização de seu trabalho aos rearranjos propostos pelos governos que descaracterizam a proposta original do SUS de direito, ou seja, contido no projeto de Reforma Sanitária. CFESS (2010, p.28).

Diante da Constituição Federal de 1988, todo cidadão tem direito a saúde,

portanto, digno se faz que, neste processo de uso deste direito seja ramificado entre

as redes e benefícios contido na saúde, onde o Estado é o patrocinador, sendo este

o elo para os atendimentos aos usuários deste plano de saúde universal brasileiro e

o Serviço Social vem fortalecendo este direito do cidadão como resgata o CFESS

em.

39

Page 40: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Buscar a necessária atuação em equipe, tendo em vista a interdisciplinaridade da atenção em saúde; estimular a intersetorialidade, tendo em vista realizar ações que fortaleçam a articulação entre as políticas de seguridade social, superando a fragmentação dos serviços e do atendimento às necessidades sociais. (CFESS, 2010, p.28).

Na atualidade é importante aos usuários do SUS, que sejam orientados e

acompanhados por uma equipe multidisciplinar, esta vem fortalecer os vínculos por

um atendimento uniformizado e com mais rapidez, já que a política de seguridade

social está resguardada no artigo 196 da CF/1988:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (CF/88, Art.196).

Devemos levar em consideração, a promoção universal e justa às ações e

instrumento efetivo, proteção e recuperação, o acervo dos profissionais assistentes

sociais nestas ramificações para ser introduzidas na vida dos usuários com incentivo

de melhorias.

Resgatando as práticas dos profissionais assistentes sociais no contexto da

saúde, podemos referenciar como objetivo de intervenção destes profissionais, um

instrumento no qual podemos ter possibilidades para a atuação, designado nos

“Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde” (2010), este vem

para contribuir e dar respostas para estes profissionais, aonde, as demandas vem

compreender as mazelas da realidade social no trabalho, dentro das perspectivas

institucionais seja governamental ou privada, mas que, requisitadas pelos usuários

deste contexto devem ser olhadas como prioridade, portanto, estas ações são

características nomeadas para a saúde.

Os Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Política de Saúde

(CFESS, 2010, P.39), qualificam a atuação do Serviço Social em quatro eixos, estes

responderem nas ações apropriadas. Tentar estruturar e ou executar, juntamente

com os demais trabalhadores da saúde, as dimensões nas unidades que se tornam

certo a participação democrática dos trabalhadores de saúde nas liberações a serem

adotadas.

Nesta perspectiva o profissional resgata os seus direitos nos espaços, não só

nas alas da aplicabilidade da saúde (hospitais, postos de saúde, UBS, entre outros.),

mas em seus eixos de participação e exercício da cidadania como nos Conselhos

40

Page 41: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

que ingressam nas tomadas de decisão aplicadas na atualidade, juntamente com os

profissionais assistentes sociais que tem uma atribuição relevante neste contexto. E,

tem entre suas tarefas as de “Elaborar e participar de projetos de educação

permanente, buscar assessoria técnica e sistematizar o trabalho desenvolvido, bem

como realizar investigações sobre temáticas relacionadas à saúde”, CFESS (2010,

p.28).

Neste eixo de trabalho, é de suma importância que o profissional do Serviço

Social esteja centrado nos afazeres da saúde, pois é neste momento que ele realiza

seus estudos aos usuários, integrando-os com dignidade no sistema SUS conforme

a Constituição Federal de 1988 relata em:

Efetivar assessoria aos movimentos sociais e/ou aos conselhos a fim de potencializar a participação dos sujeitos sociais contribuindo no processo de democratização das políticas sociais, ampliando os canais de participação da população na formulação, fiscalização e gestão das políticas de saúde, visando ao aprofundamento dos direitos conquistados. (CFESS, 2010, p.28).

A discussão do documento denota que os assistentes sociais devem estar

atentos para a sua participação neste contexto devido à contribuição e intervenção

que podem alterar a vida dos usuários, fazendo destes exercícios uma análise a ser

observada e construída como garantia alcançada.

Considerando o progresso destes parâmetros, os profissionais assistentes

sociais efetivará seu trabalho, considerando o seu código de ética profissional10·,

agregando na sua demanda a aceitação profissional inserida no Sistema Universal

de Saúde, que é a integralidade na assistência da população na saúde abrangente

estabelecida no Brasil.

Aponta-se a necessidade dos assistentes sociais na inserção da política de

saúde, através da comprovação do crescimento do trabalho nas perspectivas da

questão social que surge da população, do crescimento ao direito saúde no estado

doença. Conforme a consolidação, a defesa e a confirmação do ingresso à saúde

são direitos desta profissão.

10 Código de Ética Profissional e da Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93), revisada e ampliada, busca contemplar a inclusão das alterações referentes à Resolução do CFESS nº333/96, a qual incidiu sobre o Art. 25 do Código de Ética, de acordo com a deliberação do XXV Encontro Nacional CFESS/CRESS (Setembro de 1996 - Fortaleza/CE).

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Page 42: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

O documento do CFESS (2010), trás que a inserção profissional dos

assistentes sociais na política de saúde se compõe em “Atendimento direto aos

usuários; Mobilização, participação e controle social; Investigação, planejamento e

gestão; Assessoria, qualificação e formação profissional” (CFESS, 2010, P.39). E

esta prática se estende à outros campos, uma vez que, está alinhada com o projeto

ético-político da profissão. Os assistentes sociais executam seu trabalho a partir das

especialidades devendo estes, elaborarem um atendimento de acordo com as suas

demandas da atualidade e que, as expressões da questão social, deriva-se da

política da saúde.

Dentre todos os campos profissionais do Serviço Social, a saúde é a que mais

causa exaustão nos assistentes sociais, isto é, neste campo a história da política

dentro da saúde toma uma forma elementar de trajetória. Logo, a saúde sempre foi à

esfera em que, mais teve progresso nas propostas em que os profissionais

pudessem efetivar seu trabalho, pois ainda há uma distância sobre o sujeito e a

prática nos sistemas públicos da saúde na atualidade.

No Serviço Social, o profissional precisa afastar-se dos hábitos

conservadores, ainda existentes em determinados espaços de atuação, processo

que deve ser conduzido dentro da óptica crítica buscando seus determinantes

sociais, culturais e econômicos das diversidades sociais, visando superação de

demandas.

Ao analisar a totalidade as ações em que possam estar inseridos os

assistentes sociais lotados na saúde, estes profissionais buscam uma lógica dentro

dos Parâmetros para atuação de assistentes sociais para emanar este documento:

[...] enfatizou os parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde, tendo por objetivo fornecer subsídios para ampliar o debate e possibilitar uma reflexão dos profissionais face às ações realizadas bem como, fortalecer o projeto ético-político profissional. Não se pretendeu abordar todas as atribuições e competências, pois se considera que estas estão em permanente construção, sendo um desafio aos assistentes sociais que atuam na saúde. (Parâmetros para atuação de assistentes sociais na saúde, 2009, p. 36).

Esta atuação e intervenção profissional no espaço hospitalar mostra

historicamente um contexto diferenciado do vivenciado pelo documento. Resgatando

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Page 43: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

a história, o primeiro hospital11 a ser construído no Brasil foi em 1543 no mês de

novembro, surgiu então a Santa Casa da Misericórdia de Santos, em São Paulo por

Brás Cubas, que era líder da povoação de São Vicente. Recebeu o nome de

Hospital de Todos os Santos devido à data da sua fundação, dia de Todos os

Santos.

Nesta época, os hospitais atendiam na filantropia, oriundos da igreja católica,

no qual tiveram grandes avanços tanto na legislação como no âmbito da saúde,

alicerçando a garantia dos cidadãos como espaço de tratamento de saúde, de

instituições de socorro principalmente para as demandas das classes rede baixa.

Com base em Gonçalves (1983), a definição do termo hospital na atualidade

denomina-se em:Hospital é a parte integrante de uma organização Médica e Social, cuja função básica, consiste em proporcionar à população a assistência médica sanitária completa, tanto curativa como preventiva sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também, em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como de encaminhamento de paciente, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (Gonçalves, 1983, p.102).

Atualmente, os assistentes sociais que, na sua rotina exercem sua profissão

na área hospitalar vivem constantemente numa tensão nervosa entre as demandas

nos seguimentos, suas diversidades rotineiras dos usuários e nas instituições, como

também pela busca de seus ideais como profissionais na sua prática, baseada nos

parâmetros e no projeto ético-político.

O trabalho do Serviço Social está voltado ao atendimento aos usuários e

seus familiares, nas instituições, nos moldes das unidades com demandas de

emergências e carência imediata intervencionais, internamentos e nos atendimentos

ambulatoriais. Estes profissionais devem ter o compromisso na postura da

democracia, justiça, cidadania, igualdade social e, neste momento a inclusão da

humanização arqueada em todos os atendimentos para cada indivíduo.

Nesta demanda, o Serviço Social atua com os indivíduos sociais objetivando

o discernimento da problemática do cotidiano de cada usuário, da sua família, como

11 Hospital tem como definição, uma unidade prestadora de cuidados de saúde diferenciados, com o objetivo de prestar à população assistência médica curativa e de reabilitação, competindo-lhe também colaborar na prevenção da doença, no ensino e na investigação científica. (SOUZA, 2005 p. 28)

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Page 44: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

também em que condição este possa estar interferindo no tratamento, no processo

que este venha estar para que o seu trabalho possa surtir efeito com autenticidade.

Ainda para nossa compreensão sobre a atuação dos profissionais assistentes

sociais na área hospitalar é importante observar a atuação na saúde no contexto

macro onde a política classifica as equipes na multidisciplinariedade e

interdisplinariedade que envolve a saúde, devemos ter em mente a compreensão

onde, cada dia se diminui a ligação entre os assistentes sociais na sua profissão

hospitalar e a ação que o envolve neste campo.

A inserção do profissional do Serviço Social na saúde não é mais filantrópica,

mas sim de direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988, que, age

exatamente nas contradições encontradas no Sistema único de Saúde, nos quais a

inclusão deste acesso se torna exclusão devido à deficiência dos recursos e a

excelência negativa dos serviços, a hierarquização excessiva se torna impossível

aos cidadãos.

Devemos compreender que a inserção dos assistentes sociais na área

hospitalar está concentrada indiretamente pela conjuntura sócio-histórico onde a

realidade se confronta. Como percebemos, o profissional assistente social na esfera

hospitalar tem um papel de relevante importância, pois são múltiplas população, mas

que este deve visar especialmente à promoção e proteção dos direitos do cidadão

doente neste processo, este muitas vezes desempenha diversos papéis de sua

função na instituição no qual ele está mediado como profissional.

Dentre muitas funções podemos relatar algumas como, a alta social que

preconiza o retorno deste paciente restabelecido para seu lar, e ou encaminhado

para um local de asilamento, de acordo com a solicitação do assistente social,

conforme relata Vasconcelos (2012, p.177),

A Resolução nº. 68/97: Resolve: Artigo 1º - Definir competências do assistente social no processo de Alta e Remoção nas Unidades de Saúde § 1º - A participação do Serviço Social a partir do diagnóstico social é que determina se há demanda para intervenção direta do profissional no processo de alta; § 2 – A alta médica e a alta social devem acontecer concomitantes. Na impossibilidade disso acontecer, isto é, se o usuário já tiver recebido alta médica sem condições de alta social, cabe ao profissional de Serviço Social notificar à equipe, registrando no Prontuário cada passo do processo de sua intervenção, de forma a ratificar o caráter interdisciplinar do atendimento, estabelecendo uma interface do usuário/família com a equipe, visando a melhor resolubilidade. Artigo 2º - Em decorrência da alta, nos casos indicados pelo Serviço Social, que necessite utilização de viaturas para transporte, seja para a residência ou para a instituição, cabe aos assistentes sociais o registro dessa necessidade em documento próprio

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Page 45: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

da Unidade após avaliação. § 1º - No caso de recém-nato e/ou criança abandonada na unidade de saúde, o assistente social deverá tomar as medidas cabíveis visando a sua proteção, mantendo contato com a autoridade competente, através dos meios disponíveis, sendo imprescindível a elaboração de relatório circunstanciado da situação; § 2º - No caso de recém-nato a remoção se dará sob a responsabilidade de um profissional tecnicamente qualificado e aos cuidados de qualquer dos membros da equipe multidisciplinar.

Esta demanda da alta social para o profissional assistente social vem

complementar o tratamento do paciente, assegurar também este direito do

transporte para retornar ao domicílio e ou para um asilamento pós-alta médica e a

alta social. Outra demanda expressiva dentro dos hospitais é o resgate de familiares

de pacientes não identificados, ocorre da seguinte forma, com as informações

registradas no prontuário, o profissional do Serviço Social faz um cruzamento na

busca ativa com os dados das informações contidas no cartão SUS, desta forma

torna-se mais acessível esta busca com bastante sucesso.

O trabalho do Serviço Social vem resgatar outras formas de demandas

contidas na interioridade hospitalar como acolhimento (paciente e familiar),

humanização hospitalar, notificação aos conselhos: idoso, criança e adolescente,

assistência social, visita multiprofissional nas UTI geral/cardíaca/leitos, orientação

sobre óbitos (comunicação), contactar a rede (acompanhamento domiciliar), estudo

socioeconômico, visita social nos leitos, intervenção social, pesquisa social, parecer

social, encaminhamentos sociais, ensino e supervisão.

Este compromisso da profissão está fundamentado nas competências ético–

políticas, teórico-práticas e técnico-operativas na defesa de sua profissão a ser

executada. Nestes entraves é comum encontrar profissionais que se situam

contrários a muitas ações referentes a estas demandas, porém, é importante que

estes profissionais tenham posicionamento político referente às estas questões, pois

elas aparecem na realidade e devem ser sanadas da melhor forma, com clareza e

objetividade para saber que direção social a tomar e que esta prática exige.

Ao analisarmos o cotidiano dos profissionais do assistente sociais no âmbito

da saúde, ou seja, na área hospitalar, é determinado o contato espontâneo com os

usuários, ou seja, com a população atendida, pois se exige a aplicação de outras

práticas e com outros profissionais da saúde como multi atendimento enquanto

equipe multiprofissional. Este método é de suma importância e muito comum os

profissionais assistentes sociais na área hospitalar trabalhar com esta intervenção

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Page 46: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

de encaminhamento para com os pacientes e ou familiares deste, para outros

municípios, estado e até mesmo países. Para este tema, Sarmento (2000, p.104)

relata:

O encaminhamento, muitas vezes confundido com transferência de responsabilidade entre setores e organizações, torna-se um serviço parcial e insuficiente, exigindo novos retornos através de uma recorrência burocrática e do disciplinamento em percursos infindáveis nos corredores institucionais, que acabam por reforçar a dependência e, muitas vezes a perda da autoestima.

É visível a preocupação dos profissionais assistentes sociais defender esta

demanda contextualizando-a como uma das principais funções da sua área, pois a

relação entre profissional e paciente deve ser compreendido como uma busca lógica

de toda solução, além do que a população está garantida pelos seus direitos, e, a

prática é um objeto de trabalho fundamental na execução e concretização da

profissão.

Fundamenta-se que, a função das políticas públicas e a decisão dos

interesses perante as políticas sociais, o Estado será o executor destes objetivos

pré-determinados em que a sociedade pleiteia para uma demanda ser concretizada.

Desta maneira, os profissionais não delimitam este processo da intervenção,

realiza–a de forma unida a consciente a sua prática numa ação interventiva e

totalizada nas demandas que hoje, além de muito complexas, exprime a

responsabilidade profissional do assistente social.

Deste modo, os hospitais são de certa forma, os espaços de alto nível de

atenção à manutenção da vida do ser humano e, os profissionais assistentes sociais

os autores deste processo, e veremos a seguir.

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Page 47: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

CAPÍTULO III

A INTERVENÇÃO/ MEDIAÇÃO DO PROFISSIONAL ASSISTENTE SOCIAL

NO CONTEXTO ÓBITO HOSPITALAR

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORTE E A MORTE COMO QUESTÃO - DEMANDA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL

Regularmente vemos muitas pessoas se confrontando com pareceres éticos

sobre a saúde, como também o “direito de morrer”, desta forma, vemos o quanto

somos mortais perante o nosso modo de construir uma vida e, como podemos viver.

Diante disso, o nosso Código Civil de 200212, no seu Art. 6º, determina que,

A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva, toda pessoa tem o direito de nascer, como também o de morrer (Código Civil, 2002, Art 6º).

Assim, a morte nada mais é a parte deprimente do desenvolvimento humano

que acompanha todos os seres viventes, desde a mais recente idade,

acompanhando a humanidade no seu ciclo essencial, levando em consideração que,

o termo mais concedido às pessoas que entra em óbito é a cessação da vida e deve

ser visto com naturalidade.

Com base nos fatos cotidianos, Maranhão (1992, p.20) retrata:A morte é um fato natural, assim, como o nascimento, a sexualidade, o riso, a fome ou a sede, e, como tal, é transclassista. Diante dela todos os homens se igualam: sua foice é desferida indiscriminadamente, sem levar

12  O Código Civil é o conjunto de leis que regem a vida desde a gravidez até a morte, passando pelo casamento, divórcio, relações patrimoniais e empresariais. Os militares devem seguir seu código disciplinar, mas no que ele for omisso, aplica-se o Código Civil.

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em consideração o status daqueles a quem escolhe; todos devem morrer jovens e velhos, ateus e crentes, homens e mulheres, brancos e negros- sejam ricos ou pobres.

Existem muitos questionamentos, histórias e reflexões a respeito do que é a

morte, entretanto, a maioria das pessoas não entende que, ao nascermos à busca

pelo sentido da vida é a oportunidade de termos um ciclo completo ou interrompido

pela tão temida busca repentina do que é a morte.

Existe uma diferença dos significados do que é morte e do que é “a” morte.

Mas, o questionamento sobre uma definição do termo, morte, permanece.

O que é a morte, cientificamente, no sentido da vida é a separação no corpo

da alma, do espírito, onde o desprendimento destes gera a inutilidade dos órgãos no

corpo matéria, onde desfalece todos os órgãos do corpo, da carne, dos sentidos,

dos gritos, é a ausência física, isto torna aterrorizante para o homem. Popularmente,

a morte tem vários nomes que se retrata como se fosse um brinquedo qualquer. E

no sentido, o que é morte tem um significado de uma ocorrência de finitude presente

na mente de todos, inclusive dos profissionais que lidam na área da saúde, onde

estes estão ao lado dos seus pacientes vendo o distanciamento ou aproximação do

momento fatal que é morte, como fundamenta Klübler-Ross, em seu livro Sobre a

morte e o morrer (KLUBLER ROSS, 2005, p.6).

Existe uma lógica, de que somente a morte tem passagem absoluta,

incorruptível diante de uma sociedade vulnerável e preconceituosa, certo que, não

houve em seu ato que a fizesse ser ludibriada, extorquida de um corpo sequer,

morrer é simplesmente inegociável, intratável. Ela é um fator assustador no nosso

fim no ciclo da vida13, com certeza absoluta o maior deles diante do qual não têm

domínio, pressentimento e qualquer entendimento.

Nesta perspectiva, o delinear do significado da morte, Maranhão (1992, p.21)

analisa: Porém, o significado do fenômeno da morte não se esgota em sua dimensão natural ou biológica. Ela comporta, também, como qualquer fato da vida humana, uma dimensão social e, como tal, ela representa um acontecimento estratificado. Todos morrem – é certo -, contudo a duração da vida e as modalidades do fim são diferentes segundo as classes a que pertencem aos mortos.

13 Sequência de acontecimentos que ocorrem na vida de um ser vive, desde que é concebido até produzir a sua própria descendência. O ciclo de vida de uma dada espécie mantém-se de geração para geração. (Maranhão, 1992, p.20)

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Page 49: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Diante a tantas religiosidades, não há compreensão suficiente para tal

investigação que possa interpor numa mente compreensiva ou inconsciente para

definir o que é a morte no contexto finitude. Observamos o pavor da morte do ser

humano neste momento, porém, chamamos o momento de cisma e acometimento

pavoroso. Todo este desenrolar é projetado num circuito de perseguição externa e,

devemos nos amparar evitando este fantasma.

Culturalmente e no marco social, a morte é revalidada como produto do mal,

daquilo que cometemos no dia-a-dia para com as outras pessoas. Devemos ter

clareza em como dar uma explicação para que haja o culpado, ou seja, algum

acontecimento de certa forma é a culpada, ela é a morte.

Resgatando esta cultura trágica, Maranhão (1992, p.70,71) esclarece.

A maior parte dos homens foge da morte, perdendo-se no anonimato da “massa”, alienando-se no medo diante de uma morte transformada num acontecimento impessoal, a morte na “terceira” pessoa. Foge da angústia utilizando-se de toda a sorte de expedientes: o divertimento, as ocupações, o frenesi da vida, a exterioridade do viver, a busca desenfreada de prazeres. Assim sendo, a morte como dimensão da existência autêntica fica banalizada.

Não aguentamos o porquê da não compreensão da morte como finitude da

vida, até entendemos quando parte de outra pessoa, mas quando acontece para a

nossa pessoa ficamos sem ter ou sem saber o verdadeiro significado da morte e

seus mecanismos a que chegou até a nossa pessoa, portanto, tudo nos representa

um mistério devorador ou quem sabe uma convocação para a angústia, com certeza

um trampolim para a solidão, um pulo em direção à relevância sobre o tempo em

estarmos vivos sobre a terra.

Surpreendentemente, a fatalidade de sermos explorados constantemente com

a passagem da morte, numa sociedade desrespeitada, faz com que tenhamos

angústias ao contato com a realidade, assim, projetamos nas outras famílias, o que

não aceitamos pra nós, a morte só vem para os outros, nós ainda vamos viver muito

tempo, tempo a mais. Enfim, Maranhão (1992, p.21) reafirma “Relativamente todas

as condições sociais, a morte nos mostra a absoluta igualdade entre os homens,

nivelando-os ao mesmo destino”, isto vem nos confirmar o pavor em relação aos

comandos da morte na sociedade, a impossibilidade que dificulta quando estamos

com saúde, pensarmos na finitude da vida num instante qualquer, isto ocorre para

todos que estão vivos, independentemente de classe social.

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Page 50: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

É importante resgatarmos que, a morte não é somente para os idosos, para

os doentes, mas que, ela é para todos, porém nem todos morrem da mesma morte e

esta não é dignamente para cada pessoa, pois ela está presente no nosso cotidiano,

nossos lares, no nosso trabalho, do nosso passeio, enfim, ela faz parte da nossa

vida por que a todo o momento é nossa companheira inseparável, invisível. Mas

que, no seu contexto a premonição aflige as pessoas como Ariès (2014, p.8), ”Os

mortos estão sempre presentes entre os vivos, em certos lugares e em certos

momentos. Mas a sua presença só é sensível aos que vão morrer”. É considerar a

morte como um desgosto total, sofrido, detestável acometido as pessoas, é

amedrontador, principalmente quando estamos com saúde, felizes e esperançosos

em relação ao futuro, com consciência ilusória de nunca morreremos.

Neste sentido, entendemos que a morte é especificamente para todos os

viventes e, de certo modo acrômica14, sem figuração, como uma desordem real,

desta forma, Schmitt (2010, p.21) menciona:

A morte constitui uma experiência de desordem da realidade. Diante dela, os homens reagem. Não apenas do fato biológico em si – verdade incontornável da natureza- mas do que ele representa: é a percepção da finitude que leva o ser humano a procurar compreender, com todos os meios possíveis, o sentido de sua existência. Em grande medida, as concepções de morte implicam concepções de vida.

Esta concepção de vida nos leva a construção da história de autenticidade

individual para que, cada pessoa possa desenvolver a sua consciência neste

processo. Deste modo podemos compreender de que forma conceituar todas as

situações por elas serem básicas, isto é, todas as pessoas irão morrer cada qual no

seu tempo, isto é universal, está relacionado ao universo todos nascem e todos

morrem. Todos que morrem, não conseguem voltar a viver, é irreversível, está

consumado o fato da sua morte, com isto a corporatura não volta à vida, este corpo

perde toda a funcionalidade, todas as funções que existia não retornam ao

funcionamento. Toda morte tem sua causa, ou seja, quando ela vem,

protagonizamos uma casualidade para que sintamos menos queixosos, ela vem

definir como a pessoa entrou em óbito, e, com tudo isto não há como a morte trazer

a vida para a estrutura física, desta forma devemos associar a vida com a morte.

14 Acrômica; no sentido de igualdade –Maranhão (1992, p.21)50

Page 51: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

E sabendo desta concepção de que chegaremos no dia tal para o óbito, na

nossa atualidade temos um auxiliador que é a ciência médica retardando a morte

daqueles que lutam para sobreviver, tornando um cenário distante, levando em

consideração a doença, a velhice, o fim está perto, enganamo-nos por que a morte

não está a favor da humanidade e, ao pensar neste acontecimento, Maranhão

(1992, p.71) declaraA única maneira de o homem se realizar autenticamente, assumindo a responsabilidade da própria vida, é enfrentar fria e corajosamente a sua finitude e contingência, isto é, a sua inevitável morte. Conhecer e assumir esta radical caducidade constitui a suprema libertação.

Evidentemente que esta postura de não enfrentar a morte não evita que ela o

atinja, porém, impedindo que o homem crie enfrentamento15 sobre a morte por que é

inevitável e incoerente. Além de ser solitária por que a pessoa morre sozinha,

angustiada pelo seu fim, também experimenta o medo, a paz e até mesmo a

compaixão por si só, assim, causa-lhe a solidão. Desta forma, Keizer (2008, p.32)

“A morte não é um acontecimento da vida. Não vivemos para experimentar a morte.

Nossa vida tem fim, exatamente da mesma maneira que nosso campo visual não

tem limites”. Esta concepção nos mostra que a morte vem romper todos os laços,

concretizando assim o processo de viver, mas que em outros sentidos ela dá

continuidade nas lembranças.

O processo da demanda na questão da morte, ou seja, do óbito enquanto

exercício profissional do Serviço Social faz-se necessário as mediações com os

trabalhos interdisciplinares desenvolvidos com os demais profissionais da saúde,

pois este profissional tem um papel importantíssimo e intrínseco na equipe, uma vez

que, o assistente social media as dimensões na conjuntura social, familiar,

econômica, cultural viabilizando a inclusão do homem, integrando- o ao meio, tendo

como relevância sua história de vida, o seu passado. Este é o momento de muita

cautela, de um período difícil e até mesmo grande sofrimento para os familiares.

Desta forma, o assistente social precisa ter em mente que, esta demanda

relacionada ao óbito é intrínseca no momento, pois a comunicação deve estar

baseada na intelecção a humanidade, portanto, ao midiatizá-la se constitui na

existência de um mundo melhor. Considerando que, o assistente social deva

15 Enfrentamento: (enfrentar +mento); Ato de enfrentar. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

(2013)51

Page 52: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

compreender o contexto do óbito junto aos familiares é fundamental que saiba as

formas de comunicação para servir de mediador e contribuir da melhor forma a ser

compreendida e objetiva neste processo.

Neste sentido, o assistente social deve ser o agente mediador para

esclarecer aos familiares o porquê somos finitos, fazendo com que a família possa

refletir sobre o que é a vida e a morte. Somente desta maneira esta demanda a

venha ser veiculada e destacada no fazer profissional como comunicação de óbito.

A atuação do profissional do Serviço Social vai além da área hospitalar para

executar esta demanda, esta perpassa a dimensão da vida do sujeito na fisicamente

e biologicamente, compreendendo a solidariedade para com os familiares onde este

já desenvolveu a sua identidade, e como foi construída a história de vida enquanto

cidadão. Reconhecendo que a intervenção do profissional assistente social é de

cunho social, nada terapêutica, mas de construção da dignidade humana

contribuindo para uma humanização enquanto membro da equipe multidisciplinar.

Enquanto humanização16 Maranhão (1992, p.40) resgata.

Humanizar a morte não consistirá tanto na utilização de recursos técnicos visando a suavizar ou a atrasar a sua vinda, mas, sim, fundamentalmente, ajudar o enfermo a ser autenticamente ele mesmo, animando-o a que prossiga em seu processo de crescimento até o último alento.

O trabalho multidisciplinar favorece a comunicação, porém, os outros

profissionais não se sente confortável fazer esta intervenção em relação aos

familiares devido à complexibilidade do óbito, uma vez que, o médico muitas vezes

se dispõe em atender meramente a parte clínica, passando para o Serviço Social

uma responsabilidade que deveria ser sua, no entanto, os mesmos dizem que este

assunto está relacionado aos assistentes sociais devido à alta sensibilidade que os

profissionais assistentes sociais carregam na sua bagagem e com isto fortalece os

vínculos afetivos entre profissionais e familiares.

Enquanto ocorrência de óbito hospitalar é necessário que se faça uma

aproximação mais cautelosa direta com os familiares, pois o profissional do Serviço

Social tem a grandeza de perceber a rivalidade entre os membros da família, nesta

ocasião que percebemos que existem outras, mas demandas desconhecidas que

poderão ser atendidas. É normal observarmos a falta de afetividade entre os

16Humanização: relações com respeito com os usuários- Maranhão (1992,p.43)52

Page 53: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

membros familiares, neste momento é fato que algum membro da família venha

interferir nos atendimento aos encaminhamentos e até mesmo na comunicação

devido a vulnerabilidade econômica, a falta e descuido da família em relação à

pessoa que entrou em óbito, a complicação familiar no sentido de que a pessoa vai

assumir as responsabilidades dos encaminhamentos obituário, neste momento a

família sente sacrificada, sem rumo, ou até mesmo ficam estarrecidas. É neste

momento que o Serviço Social se incumbiu em atender esta demanda sabendo dos

problemas hospitalar sendo um facilitador, visualizando os acontecimentos dentro da

sua prática profissional, buscando sanar as questões, garantindo sigilo profissional

em cada assistência confirmando a prática correta para cada demanda.

Com base nos estudos apresentados por Vasconcelos (2012, P.176), tendo

como referência as demandas dos profissionais, observaremos a prática, a

cotidianidade dos assistentes sociais nas demandas na área da saúde. Desta forma,

as demandas são diferentes nos diversos hospitais e usuários, cada qual tem sua

rotina e normas das unidades que devem estar embasadas nas práticas dos

profissionais assistentes sociais, seguindo uma diferenciação no que se

estabelecem os parâmetros de atuação por cada demanda. Diante disso, as

demandas são atendidas como individuais dos usuários, sendo interpretada e

ajustada de indivíduo para indivíduo.

A demanda, mais especificamente a que estamos examinando, dentro do

contexto da área da saúde, estas trabalham nos Hospitais, Maternidades e Institutos

é a comunicação de óbito. Esta demanda sempre causou polêmica na categoria

devido a sua complexidade, porém, muitos profissionais assistentes sociais não

conseguem o desvencilhamento devido à alta demanda hospitalar.

Visando orientar os profissionais do Serviço Social, o Conselho Regional de

Assistentes Sociais da 7ª Região promulgou esta resolução a Resolução nº. 49/9617

17

A Resolução nº. 49/96: Art. 1 diz: Não é competência de o assistente social comunicar o óbito. Art. 2. Os casos em que houver sido estabelecido um prévio relacionamento com o usuário falecido, seus familiares e/ou amigos, caberá ao assistente social se fazer presente no momento da comunicação do óbito, garantindo a continuidade de seu trabalho, no sentido de possibilitar o suporte emocional e as orientações previdenciárias, ou outras, que se fizerem cabíveis (CRESS, 1996). Como afirma um assistente social, os médicos “querem fugir de qualquer forma de comunicação de óbito. Sentem-se estressados, mas é porque só querem os louros de quando salvam, não querem assumir a morte. Se puderem, passam para qualquer profissional, até para a portaria, onde muitas vezes os familiares sabem do falecimento dos seus familiares, quando não sabem pelo papa-defuntos que fica na frente do hospital esperando pela família. Mas o familiar sempre quer saber do que aconteceu ao seu paciente, e aí ele acaba sempre no Serviço Social, que ouve e o leva até o médico, que não gosta, porque o Serviço Social facilitou aos parentes chegarem até ele ou à equipe responsável, que é quem

53

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de 10/05/96, com a finalidade de orientar estes profissionais, que diz que não é

obrigado o Serviço Social na comunicação de óbito, somente no caso do profissional

assistente social, mas que, os acasos em que houve um envolvimento com o

usuário e seus familiares, competem ao assistente social a fazer presente da

comunicação do óbito no momento do acontecimento garantindo a continuidade do

seu trabalho, possibilitando maior segurança aos familiares, orientando-os também

nas questões documentárias e outras que houver necessidade, contudo, a presença

do assistente social no momento, faz uma grande diferença no teor destes apoios,

pois os familiares tem o direito a uma assistência de qualidade neste momento.

Sustentando as falas de muitos assistentes sociais, os médicos devido à alta

demanda no exercício profissional da medicina tencionam fugir deste episódio,

muitas vezes sentem-se esgotados, acreditamos que nem sempre seja para receber

somente as coisas boas, mas que eles também exercem uma carga horária de

trabalho muito avançada pela falta de médicos dentro das unidades e, muitas vezes

o médico se encontra em outros setores, como sala de cirurgia, plantões em outras

unidades, atendimentos com outros pacientes e assim, dizem que o Serviço Social é

mais preparado para dar esta notícia aos familiares, entretanto, muitas famílias

pedem a presença do médico para as explicações clínicas, o Serviço Social deve

facilitar esta mediação para que não sofram contradições da notícia do óbito.

Muitos profissionais do Serviço Social não tem conhecimento desta

Resolução do Conselho Regional Estadual de Serviço Social - CRESS, por isso, não

o fazem por medo ou por fazer uma análise confusa se é competência ou

participação, assim, muitas fazem no intuito de colaborar com a instituição e ao

Conselho de óbito, outros deixam de fazer por incapacidade.

Essa resolução intensifica as polêmicas dentro da categoria dos profissionais

do Serviço Social, este como Conselho Federal de Serviço Social, tendo como base

os “Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde”, visando um

entendimento para os profissionais mais convincente. Deste modo, o CFESS vai

propor que o assistente social na comunicação de óbito seja realizado com o

médico, restando à orientação aos familiares dar apoio, consolar, etc. Ao passo que,

para os médicos, o profissional do Serviço Social está mais apto a desenvolver esta

sabe o que dizer a respeito da causa morte. Isso ocorre frequentemente nas mortes não esperadas. Nas esperadas a própria família já está se preparando e a equipe atuando.”

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tarefa, mesmo na presença deles, relatam que o mesmo tem mais preparo, um

grande psicológico, melhores palavras, enfim, estão mais bem preparados do que a

a psicologia.

Vasconcelos (2012, p.181) ressalva.

Finalmente, resta a observação de que, se a demanda pela participação na comunicação de óbito, assumida historicamente pelo Serviço Social, continua sendo reconhecida pela maioria dos assistentes sociais, na prática é negada pela maior parte dos que trabalham com ela, sem que se avaliem as consequências disto na qualidade dos serviços prestados à população.

Muitas unidades hospitalares capacitam e oferecem melhores condições de

trabalho aos assistentes sociais, fortalecendo a troca de informações, de pesquisas,

visto que, sem a comunicabilidade não há humanização, não há aprendizado. Neste

processo de humanização o assistente social deve entender que, mesmo sendo um

profissional hospitalar deve ter entendimento de que o cidadão tem seus direitos

como garantia constitucional devendo ser tratado como com dignidade.

Deste modo, o impulso para a democratização do cidadão enquanto garantia

dos direitos para os familiares e como o usuário torna-se efetivo, mesmo que esteja

em estado de óbito, portanto, o trabalho do Serviço Social seja como atuação

prioritária as demandas que reflete nos interesses e necessidades da imediaticidade

individuais, em que é necessário o entendimento das demandas nas unidades

hospitalares para andamento correto na cotidianidade sem conflitos. Esta prática

resulta num domínio para captar os direitos do cidadão enquanto democracia.

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3.2 IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL PARA A FAMILIA NO MOMENTO DO ÓBITO ENQUANTO DIREITO

O trabalho do profissional do Serviço Social na área da saúde, em atenção

especial aos hospitais está sendo visto pela sociedade como modelo, instruído nos

patamares do conceito de atendimento dentro das concepções da vida e da morte

deva ter a paridade no acesso aos direitos sociais dentro da Constituição Federal de

1888 como contribuinte dos seus impostos.

Estes profissionais tem um olhar social mais específico quando se depara

com a comunicação de óbito e, estes se tornam elaboradores de papéis socialmente

sistematizados para um momento tão deprimente para os familiares quando do

acontecimento da morte.

Muitas famílias reclamam da austeridade dos médicos ao comunicar o óbito

de um ente familiar, no entanto, como já relatamos há uma séria de incumbência

hospitalar que muito o dificulta neste momento. Assim, o Serviço Social é acionado

para abarcar estas questões que perpassa no entendimento das relações sociais no

contexto de proporcionar um atendimento contributivo aos familiares.

Com base em Dias (2009, p.15), conceituar o termo família, como único traço

reconhecedor a realidade de um elo de afeto é como acontecimentos progressivos

de sujeito social que parte de um indivíduo, o que somos integrantes de uma família.

Antigamente a família era real, composta de pai, mãe e os filhos, ou seja, gênero

feminino e masculino, a chamada de família conservadora, a patriarcal onde os

vínculos eram consistentes, a família hierarquizada constituída pelas hierarquias e

por fim a família heterossexual onde, a constituição era composta de pai, mãe e

filhos dotados de grande soberania. E, com base em Sierra (2011.p.31).

Durante muito tempo, a família foi considerada uma instituição sagrada, formada a partir do casamento. A importância dos valores transmitidos pela família assegurava a submissão dos indivíduos à cultura, tornando-os mais humanos, à medida que se recusavam a obedecer aos próprios instintos, principalmente os sexuais.

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Atualmente com Constituição Federal de 1988, veio solidificar os diversos

tipos de perfil das famílias, como em Matrimonial onde o Código Civil de 2002, artigo

Art. 1.514. “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher

manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz

os declara casados”. Mesmo sendo fundada no parecer de família bem constituída,

a sociedade nos apresenta outros tipos de família que, o assistente social deverá

dar atendimento humanizado. Atentando–se para as demais modalidades de família

temos a monoparental quando um só dos pais convive com os filhos, visto que na

Constituição Federal de 88, entendemos no seu artigo 226 § 4º a família

monoparental como “A família, base da sociedade, tem especial proteção do

Estado”. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por

qualquer dos pais e seus descendentes.

Sierra (2011, p.89) faz uma síntese de que, embora a família tenha em seu

seio as suas mudanças contemporâneas,

Em síntese, apesar de todas as mudanças, a família não deixou de ser uma instituição. A família é mais do que um casamento, pois mesmo com o divórcio, a referência familiar se mantém pela responsabilidade dos pais com os filhos. A perspectiva do amor, da solidariedade entre homem e mulher, entre pais e filhos, a preocupação com o outro, o cuidado, o vínculo afetivo, o investimento na educação dos filhos, o apoio à velhice, as afinidades conjugais, a sexualidade, a intimidade são valores que remetem aos deveres familiares e que não estão apagados nem foram esquecidos.

É importante estarmos atentos que para a sociedade, como num todo,

lembrar que, a família em União Estável, característica familiar de união entre

pessoas, morando sobre o mesmo teto, sem nenhuma formalmente sem ter

registros, também resgata seus direitos enquanto cidadãos como a Constituição

Federal de 1988, no seu artigo 226 § 3º passando ser reconhecida como família. O

Código Civil de 2002, também regulou a união estável no seu Artigo 1723 – é

reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,

configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o

objetivo de constituição de família.

Dentre as mais, temos a família substituta, onde esta é procedente da

adoção, isto é, por tempo indeterminado ou permanente, as pessoas não tem

nenhuma aliação consanguínea, porém, tem laços por afinidade, afeição, amor,

respeito, isto os torna unidos. Outra diversidade que os assistentes sociais atendem

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no âmbito hospitalar é a família anaparental, esta é unida não apenas pelos laços

parentesco mas também pelos laços de afeto, unindo os agregados, estes residem

num mesmo local com a família mononuclear (ou não), com objetivos de convivência

familiar. Sierra (2011.p.90) explica que:

De fato, alguns elementos contribuem para definição da família na atualidade, tais como as relações de parentesco e as alianças que desenvolvem certas expectativas pela posição que os indivíduos ocupam na estrutura familiar. Em razão dos estilos de vida que regulam em família, determinadas atitudes e comportamentos são esperados de todos os seus integrantes.

E finalizando a conceitualidade familiar nos resta a família homoafetiva, onde

esta é formada por pessoas do mesmo sexo, uma união por laços afetivos. Embora

encontramos muitas resistências e preconceitos por partes de religiosos e tolo

contra esta união, acreditamos que, nosso país é laico, prega a liberdade de direitos,

mas que ainda encontramos dificuldades no reconhecimento, devido à existência do

enlaçamento entre os valores sociais que a sociedade prega.

Para tanto, a nossa Constituição Federal de 1988 e o nosso Código Civil de

2002 promulga o casamento entre os heterossexuais (casamento entre um homem e

uma mulher), mas com a Resolução nº 175 de 13 de maio de 2013, pelo Conselho

Nacional de Justiça responsabilizou o cartório a executar esta cerimônia.

Ademais, segundo Sierra (2011,p.144) resgata o significado de família para a

Constituição Federal de 88 como:

[...] família é entendida como núcleo básico de suspenção afetiva, biológica e relacional. A ênfase sobre o afetivo expressa a importância da família e da valorização dos sentimentos como produção de sentido para os relacionamentos entre os seus membros. O foco é o equilíbrio da personalidade e a socialização e, nesse sentido, a família é percebida como referência de identidade.

Atualmente, todo o tipo de família vem sofrendo com esta mudança no

contexto de desgaste familiar, sobretudo quando se motiva por um óbito hospitalar e

há uma necessidade do Serviço Social estar acionando esta família para este

momento de separação, uma realidade que todos temem profundamente, mas que

se conceitua como opositor da vida. Este âmbito de intervenção hospitalar, os

assistentes sociais atuam bravamente por que encontram situações embaraçosas,

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pois toda situação de óbito requer habilidade na humanização perante a família.

Enquanto processo hospitalar para a família e paciente os deixam impotentes,

fragilizados e sem norte quando se resulta em óbito, deixando os assistentes sociais

em grande relutância para esta demanda como atribuição ou participação.

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3.3 A METODOLOGIA DA PESQUISA E SEUS RESULTADOS

Enquanto acadêmica de Serviço Social, no anseio de desvendar os segredos

e incumbência desta demanda, realizou-se uma pesquisa de campo para nortear

algumas questões a seguir, observando os gráficos. Esta pesquisa devido a sua

natureza foi classificada como bibliográfica, pautando-se nos livros disponíveis sobre

o assunto com as informações do processo da morte e o trabalho dos assistentes

sociais na área da saúde, e alguns artigos sobre a intervenção destes profissionais,

situados na internet para melhor entendimento nesta questão, e também é de

caráter descritivo, para melhor relatar o conteúdo encontrado no levantamento de

dados e informações para a pesquisa.

Diante deste entendimento Lakatos (2010, p.166) expressa que, ”[...]a

pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo

assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem[...]”,

assim, constitui a bibliografia no contexto ao acesso de muitas informações.

Realizou–se uma pesquisa qualitativa e quantitativa orientada para a

compreensão de processos subjetivos e objetivos. Desta forma, os métodos

adotados para coleta e a análise de dados privilegiam o discurso para entender a

lógica dos discursos.

Segundo Goldemberg (2004, p.63) a respeito da análise de dados sociais,

afirma que:Parte de princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social. Enquanto os métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos de estudo comparáveis, que fornecerá dados que podem ser generalizáveis, os métodos qualitativos poderão observar, diretamente, como cada indivíduo, grupo ou instituição experimenta, concretamente, a realidade pesquisada. A pesquisa qualitativa é útil para identificar conceitos e variáveis relevantes de situações que podem ser estudadas quantitativamente. É inegável a riqueza que pode ser explorada os casos desviantes da “média” que ficam obscurecidos nos relatórios estatísticos. Também é evidente o valor da pesquisa qualitativa para estudar questões difíceis de quantificar, como sentimentos, motivações, crenças e atitudes individuais. A premissa básica da integração repousa na ideia de que os limites de um método poderão ser contrabalanceados pelo alcance de outro.

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Utilizou-se de uma amostra com cinco (05) hospitais regionais do Estado do

Paraná, com um percentual de 2% de óbito neste processo de comunicação com um

roteiro de entrevista semi-estruturada com questões abertas, conforme Lakatos

(2011, p.281).[...] também chamada de assistemática, antropológica e livre – quando o entrevistador tem a liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente a questão.

Aplicou-se um questionário a 21 profissionais, do serviço social e médicos

(as), dentre estes 07 (sete) assistentes sociais e 14 (quatorze) médicos

responderam a pesquisa. O questionário foi encaminhado para um total de 40

profissionais de saúde, porém, um número maior de profissionais do Serviço Social,

totalizando treze (13) se negaram a responder por motivos profissionais

institucionais, do qual não tinham autonomia para responderem a pesquisa,

enquanto que seis (06) médicos não responderam devido à alta demanda dentro dos

hospitais e não entenderem o papel do Serviço Social na área hospitalar. A pesquisa

formatou-se na totalidade com 20 profissionais de cada segmento, entre assistentes

sociais e médicos, coletando informações de 08(oito) questões sobre a perspectiva

de atendimento aos familiares que passaram por este processo (óbito) no ano de

2015.

Após o preenchimento dos questionários pelos profissionais assistentes

sociais e médicos, realizou-se uma compilação dos dados das entrevistas para a

compreensão do processo, concluindo que, os gráficos tem no seu contexto

estatístico a interpretação mais apurada dos dados, isto por que ajuda o investigador

a diferenciar as distinções da distribuição nestas apresentações gráficas, norteando

a profundidade destas relações entre as questões. Ainda de acordo com Lakatos

(2010, p.154).São figuras que servem para a representação dos dados. O termo é usado para grande variedade de ilustrações. Os gráficos, utilizados com habilidades, podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara e de fácil compreensão. Em geral, são empregados para dar destaque a certas relações significativas.

Razão esta, para que se venha à tona a importância dos elementos gráficos

relacionados aos parâmetros de atendimento aos familiares diante da questão do

óbito enquanto direito de atendimento constitucional.

61

Page 62: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Os dados obtidos certamente contribuirão com a elaboração de um conteúdo

programático destinado à organização de um projeto eletivo sobre o Serviço Social e

Medicina no exercício profissional na vida e na morte.

3.3.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa pretendeu levantar informações acerca do trabalho realizado

pelos profissionais de saúde no atendimento á familiares de pacientes que entraram

em óbito. Visou conhecer o processo de entrega obituária e os profissionais que

realizam tal procedimento no âmbito hospitalar. Identificou o papel do serviço social

neste aspecto. Deste modo, a primeira abordagem questiona de como o profissional

de Medicina e Serviço Social realizam o direcionamento do óbito junto aos

familiares, na instituição hospitalar pesquisada.

Gráfico A - Como você, profissional de Medicina e Serviço Social direciona a comunicação de óbito junto aos familiares, nesta instituição?

Assistente Social

Médico

Equipe Multidisciplinar

Protocolo de comunicação

28,60%

33,30%

28,60%

9,50%

Fonte: a autora.

O Gráfico A- representa quais profissionais farão o direcionamento na

comunicação do óbito aos familiares, portanto, 33,30% dos entrevistados declararam

que esta demanda deverá ser o médico a comunicar a família da ocorrência, 28,60%

declararam que deverá ser os assistentes sociais a comunicar a família, 28,60%

62

Page 63: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

responderam que deverá a equipe multidisciplinar e 9,50% o protocolo de

comunicação de óbito.

Observamos que, mesmo sendo uma demanda do médico, o Serviço Social

deverá estar atento nesta intervenção, por que é um profissional mediador nos

encaminhamentos, prestando um trabalho humanizado e de qualidade, nesta

relação entre os assistentes sociais e família contendo um elo de fortificação e

emocional, por que a família encontra-se em dificuldades neste momento para as

documentações e liberação do corpo.

Bonetti (2012, p.94), resgata o atendimento dentro do contexto humanização.

O processo de humanização do homem é também a história da explicitação de suas capacidades de objetivar-se no mundo, primeiramente por intermédio do trabalho, e de intervir, neste mundo, de forma livre. Sua história é, portanto, a história do desenvolvimento de suas possibilidades de projetar, escolher conscientemente, criando necessidades e valorando-as positiva ou negativamente.

Os assistentes sociais e médicos reconhecem que, o óbito é uma demanda a

possibilitar complicações no que se diz respeito família, portanto, a união destes dois

profissionais poderão descultuar os segredos desta intervenção. Desta forma,

consideramos a grande importância desta da atuação destes profissionais no setor

da saúde hospitalar.

No que se refere ao número de profissionais que atenderam a solicitação de

preenchimento do questionário, obteve o seguinte resultado:

Gráfico B - Respondentes.

Assistente social33%

Medico(a)67%

Fonte: a autora

63

Page 64: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

. O Gráfico B - nos mostra que, 33% Assistentes Sociais responderam as questões, enquanto 67% médicos, assim, dentro da medicina, referente ao exercício profissional dos médicos no Brasil a normatização regulamentar é a Lei Federal nº 3.268/57, que expressa em no artigo 17 o seguinte:

“Art. 17 – Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em qualquer de seus ramos ou especialistas após o prévio registro de seus títulos, diplomas, certificados ou cartas no Ministério da Educação e Cultura e de sua inscrição no Conselho Regional de Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade”.

Também o assistente social, profissional que tem entre suas atribuições

privativas definidas no Artigo 5º da Lei 8.662/93, que define que obrigatoriamente

devem ter seu registro no CRESS. Tanto o médico como o assistente social

atendem na área da saúde, devem obrigatoriamente ter registro em Conselho

próprio, e nos espaços hospitalares desenvolvem as demandas com humanização.

Diante das responsabilidades dos dois profissionais referentes ao óbito,

ARIÈS (2014, p.539): “A superposição se faz, na opinião deles, em sentido contrário,

ou seja, da morte sobre a vida. A aparência da morte aparente substituem, na

literatura, os milagres dos mortos”. Junto destes, os assistentes sociais

desempenham seu papel de profissional propositivo, trabalho este, fundamental para

a sociedade, principalmente em momento tão difícil que é lidar com as questões de

saúde, vida e morte.

O Gráfico C, visou pesquisar qual o nível de conhecimento dos profissionais

com relação a resolução que define a participação do assistente social na

comunicação do óbito aos familiares, questionando sobre a opinião destes

profissionais sobre esta norma.

Gráfico C - Reconhecendo, que a Resolução nº 49/96 prevê a participação do Assistente social na comunicação de óbito aos familiares, qual o seu ponto de vista sobre esta resolução?

Comunicação deve ser pelo médico

Equipe multidisciplinar

Não conhece a resolução

Participação da assistente social

Sem experiência de óbito

4,76%

9,52%

14,29%

61,91%

9,52%

Fonte: a autora64

Page 65: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

O Gráfico C- vem conceituar as demandas dos assistentes sociais que

trabalham em Institutos, maternidades e hospitais merecem um olhar mais relevante

por que são demandas conduzidas para o Serviço Social, as quais acarretam

polêmica entre os profissionais desta esfera. Reconhecendo que a Resolução nº

49/96 sobre comunicação de óbito, dos entrevistados 61,91% alegaram a

participação do assistente social neste momento, 14,29% alegaram não ter

conhecimento desta Resolução nº 49/96, pois não tiveram acesso nos estudos a que

eram de direito, nos alegaram 9,52% ser atribuição da equipe multidisciplinar, 9,52%

alegaram que não têm nenhuma experiência de óbito e finalmente 4,76% alegaram

que a comunicação de óbito deve ser feita pelos médicos.

Com base nesta resolução, Vasconcelos (2012,177) afirma, que

De acordo com a resolução, o assistente social não tem o dever de participar na comunicação de óbito de usuários que não estejam ou tenham sido atendidos pelo Serviço Social. Assim, na medida em que não tenham tido “a sorte” – paciente e/ou familiares- de terem tido contato com o Serviço Social antes da ocorrência da morte, os familiares não vão poder contar com o assistente social na comunicação do óbito. Segundo as próprias declarações dos assistentes sociais, isso pode resultar em prejuízo para a família, que enfrenta várias dificuldades e abusos, não só na forma de reconhecimento da notícia do falecimento, mas principalmente, no que se refere ao sepultamento, seguro-acidente etc. No mais, enquanto resolução relativamente recente são pouco reconhecidas pelos assistentes sociais.

Assim, a abordagem para com a família é de extrema importância junto ao

Serviço Social, por que neste momento do processo do óbito, esta família fica

totalmente fragilizada, incompetente de ações e, ao observarmos os assistentes

sociais têm a incumbência de buscar condições apropriadas para este momento,

não deixando nenhuma lacuna social diante da população nesta conjuntura.

Destacando a perspectiva dos profissionais quanto ao fato de considerarem a

comunicação do óbito um procedimento, uma atribuição ou uma participação do

profissional, obteve os resultados descritos no Gráfico D.

Gráfico D - Ainda, com relação à comunicação do óbito, como você percebe o procedimento, uma atribuição ou participação? Por quê?

65

Page 66: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Atribuição do assistente social

Atr. do médico e do assistente social

Atr. e participação do assistente social

Equipe multidisciplinar

Par. no momento e depois atribuição do assistente social

Participação do assistente social

Par. do assistente social no acolhimento as famílias

23,81%

4,76%

4,76%

4,76%

4,76%

52,39%

4,76%

Fonte: a autora

O Gráfico D- aponta a relação quanto ao óbito, tivemos a questão do embate

na profissão do Serviço Social se esta intervenção é atribuição ou participação e por

que. Dos profissionais médicos e assistentes sociais que responderam 52,39%

argumentaram que é participação do Serviço Social, dos profissionais 23,81%

argumentaram que é atribuição do assistente social, e o restante 4,76%

responderam que é participação social no acolhimento as famílias, participação no

momento e depois atribuição do assistente social, equipe multidisciplinar, atribuição

e participação do assistente social e atribuição do médico e do assistente social.

Tendo em vista que, nos Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na

saúde, intitulado pelo Conselho Federal de Serviço Social - CFESS (2010, p.31)

fundamenta, que

Enfim, não existem fórmulas prontas na construção de um projeto democrático e a sua defesa não deve ser exclusiva apenas de uma categoria profissional. Por outro lado, não se pode ficar acuado frente aos obstáculos que se apresentam na atualidade e nem desconsiderar que há um conjunto de atividades e alternativa a serem desenvolvidas pelos profissionais de Serviço Social.

Pode-se afirmar que a comunicação de óbito seja uma atribuição, porém a

resolução nos orienta que é uma participação do profissional do Serviço Social, mas

nada impede o assistente social de fazer certas intervenções que esteja ao seu

alcance profissional às famílias minimizando o sofrimento destas, apesar disso, não

66

Page 67: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

podemos esquecer que a área hospitalar além de complexa, é muito turbulenta para

as famílias e que o Serviço Social é a profissão que contribui para este momento.

Quanto ao questionamento sobre o desafio que os profissionais - médicos e

assistentes sociais enfrentam na comunicação do óbito, pode- se constatar os

resultados no Gráfico E. Gráfico E - O desafio desta demanda: comunicação de óbito com o médico e assistente social, se torna mais urgente a estes dois profissionais, ou a outros profissionais de saúde? Por quê?

Aos profissionais médicos e assistentes sociais e psicologia

Ao assistente social

Aos profissionais médicos e assistentes sociais

Com estes profissionais e enfermeiros

Equipe multidisciplinar

Ideal se fosse o médico

Não entendeu a pergunta

9,52%

4,76%

33,34%

4,76%

38,10%4,76%

4,76%

Fonte: a autora.

O Gráfico E - demonstra à enquete que abala as famílias no momento do

óbito, a pesquisa aponta que 38,10% desta demanda deve ser a equipe

multidisciplinar a responsabilidade da comunicação do óbito, dos 33,34% dos

profissionais que responderam esta questão decidiram o atendimento aos médicos e

assistentes sociais, dos 9,52% responderam que é responsabilidade dos médicos,

assistentes sociais e psicólogos, e o restante 4,76% responderam que é

responsabilidade do assistente social, com estes profissionais e enfermeiros, o ideal

se fosse o médico e não entenderam a pergunta.

Diante deste questionamento, devemos levar em consideração este

momento, nenhuma família conhece este momento para saber o que fazer, perde a

direção pelo desconhecimento dos seus direitos e pela finitude da vida.

Maranhão (1992, p.51) socializa.

67

Page 68: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Assim, é importante que os familiares sejam estimulados a manifestar abertamente os seus sentimentos de pesar, perda e separação, a fim de poderem superar gradativamente esse tempo tão difícil. Na verdade, todo esse processo não resultaria tão traumático e doloroso se as pessoas, na família, conversassem sobre a morte e o morrer como sendo um fato constitutivo da própria vida e do viver.

Questionados sobre a necessidade de uma disciplina especifica na formação

profissional para tratar do tema, as respostas foram positivas na grande maioria, o

que se confirma no Gráfico F.Gráfico F - Os profissionais de Serviço Social e Medicina, na sua formação deveriam ter uma disciplina referente ao assunto para um melhor atendimento aos familiares neste momento, para você, como deveria ser este processo?

Médicos e assistentes sociais cursar disciplina especializada

Deveria ter orientação para os profissionais referentes ao óbito

Teoria e prática por meio de estágios referentes ao óbito para os profissionais

Disciplina indispensável ao assistente social

Em alguma escola de medicina já existe esta disciplina referente ao óbito

Não deveriam ter a disciplina referente ao óbito

61,91%4,76%

4,76%

9,52%

14,29%

4,76%

Fonte: a autora

O Gráfico F - revela a formação dos profissionais assistentes sociais e

médicos numa disciplina específica para atendimento aos familiares neste momento,

os profissionais responderam em 61,91% que estes profissionais deveriam cursar

uma disciplina especializada, 14,29% dos profissionais responderam que em algum

lugar já existe esta disciplina referente ao óbito, 9,52% responderam que a disciplina

é indispensável ao assistente social e o restante em 4,76% responderam que

deveria ter orientação aos profissionais como também terem teoria e prática por

meio dos estágios e não deveriam ter a disciplina referente ao óbito.

68

Page 69: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Para desenvolver o acesso a esta disciplina, acreditamos que o MEC seria o

responsável pela formalidade da disciplina, no entanto, algumas instituições

escolares já fazem sob orientação de estágios.

Desta maneira, Mota (2008, P.306) explica.

Na base desta questão está implicada a desconsideração de que a atividade do profissional do Assistente Social, como tantas outras profissões, está submetida a um conjunto de determinações sociais inerentes ao trabalho na sociedade capitalista, quais sejam: o trabalho assalariado, o controle da força de trabalho e a subordinação do conteúdo do trabalho aos objetivos e necessidades das entidades empregadoras.

Isto resulta no processo de trabalho destes profissionais que está no fazer

profissional dentro do contexto da humanização, amparando a população usuária

dos serviços hospitalares.

O gráfico seguinte demonstra dentre os desafios postos ao exercício dos

profissionais na área de saúde, quais são os aspectos preponderantes para o

fortalecimento do espaço ocupacional.Gráfico G - Quais os aspectos preponderantes para o fortalecimento do espaço ocupacional na construção do sentido teórico-prático nas demandas da saúde, junto com o Serviço Social na comunicação de óbito aos familiares?

Aten. do assistente social propositivo

Atendimento do Serviço Social na internação

Atendimento humanizado

Atendimento humanizado - direito da família

Melhorar na comunicação entre a equipe

Não entendi a pergunta

Não realizado comunicado de óbito

Oferecer suporte emocional aos profissionais

Profissionais capacitados

Trabalho em equipe multidisciplinar

Treinamento único

4,8%

4,8%

47,6%4,8%

4,8%

4,8%

4,8%

4,8%

9,5%

4,8%

4,8%

Fonte: a autora

O Gráfico G - nos dá mostras de como fazer uma leitura, sob o olhar dos

aspectos preponderantes para o espaço ocupacional na construção do sentido

teórico-prático nas demandas sobre a comunicação do óbito é muito complexo e

embaraçoso nesta pesquisa observamos o feedback dos profissionais, 47,6%

69

Page 70: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

responderam que o atendimento deve ser humanizado neste momento do óbito aos

familiares, 9,5% responderam que deve ter profissionais capacitados para

atendimento aos familiares nesta ocasião, 4,8% responderam que os profissionais

devem ter treinamento único, trabalho em equipe multidisciplinar, oferecer suporte

emocional aos profissionais, não realizar a comunicação de óbito, não entenderam a

pergunta, melhorar na comunicação da equipe, atendimento humanizado - direito da

família, atendimento do Serviço Social na internação e concluindo com o

atendimento do assistente social propositivo.

Constantemente observamos os entraves no campo profissional, tanto dos

assistentes sociais como médico, este vem sofrendo desacato por parte dos

familiares e até mesmo pelas instituições, no qual estes profissionais trabalham

desta forma necessitando de passar por tratamentos psicológicos para suportar a

grande demanda existente em suas mãos.

Esclarecendo este fato, Mota (2008, p.169) explica.

Certamente o Serviço Social é uma profissão que, como todas as demais, envolve uma atividade especializada – que dispõe de particularidades na divisão social e técnica do trabalho coletivo – requer fundamentos teóricos-metodológicos, a eleição de uma perspectiva ética e a formação de habilidades densas de política.

Consequentemente todas as profissões que estão atreladas no contexto

hospitalar necessitam de um trabalho multidisciplinar, pois a interação é o fator

principal para que a família e paciente receba um tratamento humanizado. Este tipo

de atendimento já é institucionalizado dentro dos hospitais como um treinamento da

humanização permanente aos familiares, não só no momento do óbito, mas em

todos os momentos a partir da internação.

Neste último argumento, o atendimento do assistente social propositivo se faz

presente no cotidiano de muitos profissionais, assim como na vida profissional dos

médicos a ética é perdurada constantemente para que os pacientes tenham maior

confiabilidade na instituição , no médico e no tratamento.

Assim, considerar a demanda do óbito no âmbito da humanização, faz-se

necessário não só a mediação do Serviço Social e da Medicina, mas principalmente

a família visualizar este trabalho, não como complemento social, mas de ética

profissional.

70

Page 71: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

Aos profissionais foi solicitado que deixassem algum comentário sobre a

comunicação do óbito, e as respostas estão descritas no gráfico abaixo.Gráfico H- Você gostaria de deixar algum outro comentário sobre o assunto?

Fonte: a autora

O Gráfico H – Revela a conclusão da pesquisa, optou-se por uma solicitação

no qual os profissionais pudessem deixar seus argumentos para melhor atendimento

na comunicação do óbito hospitalar, assim sucedeu as respostas, 52,38% deixaram

a questão em branco, 19,06% responderam que não e 4,76% responderam que

seria melhor que o trabalho fosse em equipe multidisciplinar, o Serviço Social

estivesse mais presente, a responsabilidade contínua, momento difícil, preparar

melhor os envolvidos, já relatou o que penso e articulação com os trabalhos em

equipe.

Portanto, se faz necessário que tanto os assistentes sociais e médicos façam

um trabalho em equipe multidisciplinar e humanizado junto aos familiares na

comunicação do óbito, envolvendo mais a comunicabilidade entre os profissionais

para que, a família possa ter de direito a cidadania plena.

71

Page 72: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

CONCLUSÃO

Com a finalização deste estudo, conclui-se que há uma importância da

essência teórica, é viável afirmar à seriedade da contribuição dos assistentes sociais

no momento do óbito a família, é de altíssima relevância.

Faz - se necessário à grandeza da solidariedade com a família para que ela

possa transbordar seus sentimentos pela perca de seu ente querido, assim como

orientá-la sobre os seus direitos sociais a que tem direito nesta circunstância de

óbito.

Acreditando que este estudo, pode resgatar a historicidade do Serviço Social

quanto a sua perspectiva histórica e no processo da contemporaneidade,

engendrando um junco na construção social para a sociedade.

Restaurando o direito do cidadão na política de saúde no Brasil, no intuito de

mencionar a atuação do Serviço Social no contexto hospitalar como profissional

propositivo e da saúde, buscando a interação como intervenção e mediação na

busca das demandas, inclusive as demandas na comunicação do óbito, onde estas

estão inseridas no cotidiano da sociedade, valorizando a solidariedade nesta

questão da perca.

Analisando estas demandas da comunicação de óbito, mediou-se neste

momento de vida tão conflitante, as atribuições e ou participações dos assistentes

sociais reconhecendo o usuário no serviço hospitalar, seja público ou privado, como

usuário e cidadão, onde este necessita de todas às informações para que se tenha

condições de experiência nesta fatalidade.

Não se restringe a área hospitalar aos cuidados para com a saúde,

concluindo na pontualidade do óbito, devemos reconhecer as diferentes atenções

aos pacientes, isto é, as perspectivas de vida em que a família ao usar os serviços

hospitalares vem solidificando o aprimoramento aos cuidados da saúde neste

espaço. Neste contexto, todo processo está articulado aos direitos de cidadania que

72

Page 73: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

as famílias têm e que, elas possam reconhecer e acessar estes direitos através dos

serviços dos assistentes sociais.

O percurso histórico do direito a saúde equivale meramente à diferença de

como as famílias são tratadas no momento do óbito, hoje diferenciando do passado

com a humanização. Assim, o sistema de saúde é referenciado na atenção aos

familiares nos conceitos de tratamento a saúde. Neste espaço, compreendemos e

mediamos às questões resultantes do óbito, devemos reconhecer que as

incumbências devem ser consideradas direito do sujeito como a Constituição

Federal de 88 estabelece.

Compreender a composição das equipes de saúde deve-se mediar estes

processos no decurso do óbito com o trabalho do Serviço Social, um profissional que

atende as demandas integradas com outros setores no contexto hospitalar, a

multidisciplinariedade, atendendo as questões da sua atribuição e ou participação

fundamentada pelas instituições.

E ao contribuir as perspectivas sócio- assistenciais das famílias e dos sujeitos

na ocorrência do óbito, os assistentes sociais legitimam os seus serviços à saúde,

em desafios postos à profissão, devendo ajustar-se às necessidades que estes

fragmentos apresentam e consolidando um elo entre saúde e cidadania plena.

73

Page 74: ÓBITO SERVIÇO SOCIAL E MEDICINA EXERCÍCIO PROFISSIONAL NA VIDA E NA MORTE

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