morte na cultura japonesa

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UNIVERSIDADE PAULISTA A MORTE FUNERAL JAPONES SÃO JOSÉ DOS CAMPOS- 2010 1

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Page 1: Morte na cultura Japonesa

UNIVERSIDADE PAULISTA

A MORTE

FUNERAL JAPONES

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS- 2010

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Page 2: Morte na cultura Japonesa

UNIVERSIDADE PAULISTA

A MORTE

FUNERAL JAPONES

Componentes: Cristina da Silva Souza . Ra: A6042D-2

Elizandra Ortiz Prado. RA: A5745C-0

Lucila de Fátima Pires. RA: A607DB-6

Nathalia S Magalhães. RA: A39FBB-1

Pollyanna Guratti. RA: A37838-3

Rita de Cassia da Silva Souza. RA:A37753-0

PROFESSORA :ANA BRAS – PSICOLOGIA APLICADA EM ENFERMAGEM

SÃO JOSE DOS CAMPOS -2010

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Page 3: Morte na cultura Japonesa

Índice

Introdução __________________________________________ Página 4

A morte na cultura japonesa ____________________________ Página 5 à 6

Interpretação da Morte __________________________ Página 7 à 9

Uma pedagogia da morte ______________________________ Página 9 à 10

A visão da morte na cultura japonesa _____________________ Página 11

Elaboração do luto ____________________________________ Página 12

Rituais fúnebres ______________________________________ Página 13 à 16

A morte para os japoneses de hoje ________________________Página 17 à 18

Conclusão ___________________________________________ Página 19

Bibliografia __________________________________________ Página 20

INTRODUÇÃO

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Os seres humanos são indivíduos; passam por diferentes experiências e reagem a ela de formas distintas. Mas uma parte inevitável da vida de todo mundo é seu fim. Quanto melhor compreendermos esse fato inevitável e quanto mais sabiamente o abordarmos, mais plenamente podemos viver até ele chegar. A morte é um fato biológico, mas, além disso, tem aspectos sociais, culturais, históricos, religiosos, legais, psicológicos, de desenvolvimento, médicos e éticos, e,muitas vezes, eles estão intimamente relacionados.

Os costumes e as atitudes em torno da morte são moldados pelo tempo e pelo lugar em que as pessoas vivem. Aspectos culturais da morte incluem o cuidado e o comportamento perante os moribundos e os mortos, o contexto onde a morte geralmente acontece e os costumes e os rituais de luto - desde a vigília noturna irlandesa, em que amigos e familiares brindam à memória de quem faleceu, até o shiva judaico de uma semana, em que os enlutados expressam seus sentimentos e dividem lembranças da pessoa falecida.

Algumas convenções culturais, como hastear uma bandeira a meio mastro após a morte de uma figura pública, são codificadas em lei.

Atitudes culturais e religiosas perante a morte e o morrer afetam aspectos de desenvolvimento e aspectos psicológicos da morte: como as pessoas de diversas idades enfrentam sua própria morte e as mortes dos que lhe são próximos. A morte pode significar uma coisa para um budista japonês idoso, imbuído de ensinamentos sobre a aceitação do inevitável, e outra para um jovem norte-americano japonês de terceira geração que cresceu com a crença de que dirigimos nosso próprio destino.

Embora a morte seja inescapável, seu momento de ocorrência pode, até certo ponto, estar sobre controle humano. Os esforços para adiar ou acelerar a morte têm ramificações médicas, legais e éticas.

Embora a morte geralmente seja considerada a cessação dos processos corporais, os critérios para a morte tornaram-se mais complexos com o desenvolvimento de equipamentos médicos que podem prolongar os sinais básicos de vida. “Esses desenvolvimentos médicos levantaram questões sobre se ou quando morrer” gerou leis que permitem ou proíbem os médicos de ajudar uma pessoa com doença terminal a cessar uma vida que se tornou um fardo. O fato biológico bruto da morte, portanto, está longe de explicar tudo.

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MORTE E LUTO: CONTEXTO SOCIAL, CULTURAL E HISTÓRICO

Embora a morte e o luto sejam experiências universais, possuem um contexto cultural.

Os costumes relativos à remoção e à recordação dos mortos, à transferência de posses e até à expressão de dor variam muito de cultura para cultura e, com freqüência, são regidos por prescrições religiosas ou legais que refletem a visão que a sociedade tem do que é a morte e do que acontece depois.

No Japão, os rituais religiosos encorajam os sobreviventes a manter contato com os mortos. As famílias mantêm um altar no lar dedicado a seus ancestrais, falam com seus entes queridos falecidos e oferecem-lhe comida ou charutos.

Todos esses costumes e práticas ajudam a lidar com a morte e com o luto através de significados culturais bem compreendidos que oferecem uma âncora estável em meio à turbulência da perda.

Avanços na medicina e saneamento durante o século XX trouxeram uma "revolução na mortalidade", especialmente em países desenvolvidos. As mulheres hoje têm menos risco de morrer no parto, os bebês têm mais chances de sobreviver ao primeiro ano, as crianças têm mais chances de chegar à idade adulta, os adultos tendem a alcançar a velhice, e pessoas mais velhas, muitas vezes, podem superar doenças com as quais cresceram acreditando serem fatais.

A MORTE NA CULTURA JAPONESA

Religião no Japão

As principais religiões no Japão são o Xintoísmo (51,3%), o Budismo (38,3%), Cristianismo (1,2%) e outras (9,2%).

Muitos japoneses consideram-se tanto xintoístas quanto budistas, o que explica o fato de as duas religiões terem, somadas, aproximadamente 194 milhões de membros (dados de 1996), ou seja, mais do que a população total do Japão, de cerca de 127 milhões de pessoas.

Nos sentimentos religiosos da maioria dos japonesas, o Xintoísmo e o Budismo coexistem pacificamente. Para a maioria da população, filiação religiosa não significa freqüência e adoração regulares. A maioria das pessoas visitam os santuários xintoístas

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(jinja) e templos budistas (oterá) como parte dos eventos anuais e rituais de passagem dos indivíduos.

Entre os eventos anuais incluem-se os festivais dos santuários xintoístas e dos templos budistas, a primeira visita anual ao santuário ou templo - o hatsumodê. e a visita ao túmulo da família durante o Festival dos Mortos - Obon. Entre os rituais de passagens da vida de uma pessoa, incluem-se a primeira visita ao santuário pelo recém-nascido, o miyamairi, o Festival Shichi-go-san (7-5-3) - que consiste na visita ao santuário de meninos de 3 e 5 anos e de meninas de 3 e 7 anos de idade, a cerimônia xintoísta de casamento e, por fim, o funeral budista.

O Cristianismo chegou em 1549 no Japão, com São Francisco Xavier.

VISÃO BUDISTA SOBRE A MORTE.

SÍMBOLO DO BUDISMO.

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INTERPRETAÇÃO DA MORTE.

Como uma religião gnóstica, isto é, que propõe ao homem a libertação das trevas da ignorância através da obtenção de uma Sabedoria Transcendente, o Budismo equipara a vida presente na condição humana a uma situação de “sono”, “embriaguez”, “prisão” ou “exílio” nas trevas, motivada pela ignorância que, desde um tempo imemorial, nos mantém inconsciente de nossa verdadeira natureza, encadeado em um ciclo sem fim de nascimentos e mortes. Esse “exílio nas trevas” é equiparado a uma morte espiritual. Caso viermos a obter a Verdadeira Sabedoria, poderemos nos libertar e recuperar nossa verdadeira condição, o Nirvana ou estado de perfeição espiritual além dos nascimentos e mortes, simbolizado na Tradição da Terra Pura pelo “ir-nascer” na Terra Pura ou Paraíso Ocidental de Amitabha, o Buda da Luz e da Vida Infinitas. Nessa concepção, a morte não é vista como algo oposto à vida, mas como parte de um processo em que vida/morte são complementares, tais como as duas faces de uma mesma folha de papel. Não podemos experimentar plenamente a vida se não nos prepararmos para experimentar também a morte.

Há que estudar a morte e refletir sobre ela para conhecer e respeitar integralmente a vida. Há que encarar a morte como parte inevitável de nossas vidas, e não viver inconscientemente nosso dia a dia, varrendo a morte para debaixo do tapete como se ela não existisse.

Diferentemente das religiões monoteístas de base abraâmica (Judaísmo, Cristianismo, Islão) não existe no Budismo nenhum deus pessoal, ensina-se um conceito impessoal de Absoluto:

Existe, ó monges, um não-nascido, um não-constituído, um não-feito, um não-composto; se, ó monges, esse não-nascido, esse não-constituído, esse não-feito, esse não-composto não existisse, não haveria saída do nascido, do constituído, do feito, do

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composto. Mas, existindo um não-nascido, um não-constituído, um não-feito, um não-composto, existe uma saída deste nascido, deste constituído, deste feito, deste composto.

Dessa forma, no Budismo o homem não é julgado por nenhum deus. Somos nós mesmos, através de nossos pensamentos, palavras e atos, que forjamos nosso destino, que será bom ou mau de acordo com o tipo de comportamento que tivermos. É a chamada Lei do Karma ou das Retribuições. Trata-se de uma lei impessoal que funciona com precisão matemática, não há nenhum “juiz” oculto por detrás da Lei. Pelas mesmas razões verificamos que a idéia de ressurreição é totalmente estranha ao Budismo.

Existem nos textos budistas várias doutrinas sobre a vida póstuma. Alguns budistas, como os do Sudeste Asiático e do Tibet, tendem a aceitá-las literalmente. No budismo Japonês, porém, a tendência dominante é vê-las como vestígios de uma mentalidade mitológica incompatível com o pensamento moderno alicerçado na ciência. Procura-se, então, desmitologizá-las, vendo-as como meras metáforas a descrever os desvarios da consciência alienada, prisioneira da ignorância, das paixões e do egoísmo. Segundo essas crenças, de acordo com a supracitada Lei das Retribuições, o falecido renascerá em uma condição feliz ou infeliz, depois de um “estado intermediário” de 49 dias (ver abaixo o item luto).

Há seis modalidades de renascimento:

1ª - Nos mundos paradisíacos celestes dos Deuses e dos Anjos (DEVAS);

2ª - No mundo dos fantasmas famintos (PRETAS);

3ª - No mundo dos titãs (ASURAS);

4ª - Nos mundos infernais;

5ª - Na condição humana;

6ª - Na condição animal.

Esses renascimentos não são definitivos, são condições transitórias em que a consciência transmigra por uma sucessão infinda de nascimentos e mortes. A meta do budista seria escapar a esse ciclo vencendo a ignorância, o egoísmo e a escravidão às paixões, através da obtenção da sabedoria. Atingiríamos então o Nirvana.

Assim, para os budistas, paraíso e inferno nada mais são do que ilusões criadas pela consciência alienada, das quais é necessário que nos desembaracemos o mais depressa possível.

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UMA PEDAGOGIA DA MORTE.

A partir dessas premissas, o Budismo desenvolve uma verdadeira “pedagogia da morte”, algo que o mundo ocidental moderno, consumista e materialista, simplesmente desconhece. O primeiro passo consiste em reconhecer o Princípio da Impermanência ou da transformação incessante, a que todos os seres estão sujeitos. O ser humano não é uma exceção. A partir da tomada de consciência da Impermanência, há que cultivar o desprendimento, o desapego e o altruísmo, fatores que enfraquecerão os laços nos mantêm exilados nas trevas e facilitarão o encontro com a Sabedoria Libertadora. Certas escolas budistas como o Lamaísmo Tibetano desenvolvem complexas disciplinas mentais destinadas a fazer do instante da morte física uma preciosa oportunidade para a Libertação Espiritual. Outras, como a Verdadeira Escola da Terra Pura, preferem criar uma situação em que já na nossa consciência ordinária do dia a dia estaremos preparados para enfrentar a morte, sem necessidade de um treinamento especial visando o instante final. Essa preparação se faz ouvindo constantemente os ensinamentos búdicos e refletindo sobre nossas vidas à luz dos mesmos.

CREMAÇÃO OU INUMAÇÃO?

Os budistas geralmente adotam a cremação, mas onde ela não é possível ou é muito difícil devido a entraves burocráticos, não encontram problema algum em adotar a inumação. É o que acontece com a maioria dos imigrantes japoneses residentes no Brasil.

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