o valor de um amigo

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O valor de um amigo Um homem atendendo ao telefone que insistentemente tocava, viu seu mundo desabar. Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha informava que seu melhor amigo, seu companheiro de jornada, seu camarada, havia sofrido um grave acidente, vindo a falecer quase que instantaneamente. O homem desligou o telefone e, caminhando a passos lentos para seu quarto, seu refúgio particular, as imagens de sua juventude vieram a sua mente: a infância, a escola, as "colas", as gargalhadas, as "traquinagens", as lamentações pelos amores perdidos, as confidências ao pé do ouvido, o ombro amigo, o socorro quando todos viravam as costas, e o amigo continuava ali, firme! Como os sorrisos eram fáceis de surgir naquela época. As lembranças o levaram a época da formatura, dos novos horizontes surgindo, das lágrimas de despedidas por cada "turma" que ia embora, e as promessas de novos reencontros. Ele se lembrou da feição do seu grande amigo, e os olhos de promessa que jamais seria esquecido. E realmente nunca foi. Ele perdeu a conta das inúmeras vezes que seu amigo havia carinhosamente ligado quando ele estava "no fundo do poço". Lembrou-se das inúmeras mensagens que deixava em seu telefone com promessas de um futuro melhor, do rosto preocupado do amigo que viu quando havia acabado de operar a retirada do apêndice. Também lhe vieram a mente que foi no ombro do amigo que ele havia lamentado e chorado pela morte do pai. Foi em seu ouvido que derramou as lamentações de um noivado desfeito. Apesar do esforço em vasculhar sua mente, não conseguiu se lembrar de uma só vez em que tenha pegado o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante, e o quanto sua amizade era preciosa. Afinal, ele era muito preocupado, e ter amigos tomava muito seu tempo! Nunca havia feito uma surpresa, levado um pão doce, e levado o coração aberto para ouvi-lo. De problemas já bastavam os que ele já tinha, era egoísta demais para se importar com os outros.

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Page 1: O valor de um amigo

O valor de um amigo

Um homem atendendo ao telefone que insistentemente tocava, viu seu mundo

desabar.

Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha informava que seu

melhor amigo, seu companheiro de jornada, seu camarada, havia sofrido um

grave acidente, vindo a falecer quase que instantaneamente.

O homem desligou o telefone e, caminhando a passos lentos para seu quarto,

seu refúgio particular, as imagens de sua juventude vieram a sua mente: a

infância, a escola, as "colas", as gargalhadas, as "traquinagens", as

lamentações pelos amores perdidos, as confidências ao pé do ouvido, o ombro

amigo, o socorro quando todos viravam as costas, e o amigo continuava ali,

firme!

Como os sorrisos eram fáceis de surgir naquela época. As lembranças o

levaram a época da formatura, dos novos horizontes surgindo, das lágrimas de

despedidas por cada "turma" que ia embora, e as promessas de novos

reencontros.

Ele se lembrou da feição do seu grande amigo, e os olhos de promessa que

jamais seria esquecido. E realmente nunca foi.

Ele perdeu a conta das inúmeras vezes que seu amigo havia carinhosamente

ligado quando ele estava "no fundo do poço".

Lembrou-se das inúmeras mensagens que deixava em seu telefone com

promessas de um futuro melhor, do rosto preocupado do amigo que viu quando

havia acabado de operar a retirada do apêndice.

Também lhe vieram a mente que foi no ombro do amigo que ele havia

lamentado e chorado pela morte do pai.

Foi em seu ouvido que derramou as lamentações de um noivado desfeito.

Apesar do esforço em vasculhar sua mente, não conseguiu se lembrar de uma

só vez em que tenha pegado o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era

importante, e o quanto sua amizade era preciosa.

Afinal, ele era muito preocupado, e ter amigos tomava muito seu tempo!

Nunca havia feito uma surpresa, levado um pão doce, e levado o coração

aberto para ouvi-lo. De problemas já bastavam os que ele já tinha, era egoísta

demais para se importar com os outros.

Page 2: O valor de um amigo

O amigo tinha problemas sérios com bebidas e ninguém percebia, ou fingia que

não via.

Talvez suas mensagens engraçadas deixadas na secretária eletrônica, era

uma maneira de dizer: Ei! Estou aqui!

Talvez se ele tivesse dado mais atenção, talvez se tivesse dito que Jesus o

amava e se importava com ele, que podia curá-lo.

"Talvez" ficam no ar quando nada se faz com "certezas".

Seu amigo tinha morrido por ter bebido demais e não tinha condições de dirigir.

Talvez, mais uma vez, ele estivesse se sentindo sozinho e não lhe foi falado

que Jesus jamais abandona ninguém, que Ele estava sempre disposto a nos

ouvir, a comunicação com Ele jamais se encontra ocupado.

Agora nada mais pode ser feito. Apenas vestir a roupa de luto, falar com o

chefe que não irá trabalhar e prestar uma última homenagem a quem lhe foi tão

fiel em amizade durante tantos anos.

Se ao menos tivesse dito que Jesus é o único caminho, a única verdade e a

única vida, que ninguém vai ao Pai, a não ser por Ele, teria a consciência mais

tranquila de que o grande amigo naquele instante tinha encontrado a Deus e

passaria com ele a eternidade.

Hoje este homem trabalha com a mesma dedicação de antes, mas é apenas

um profissional que respeita sua autoridade, mas não deixou de ser humano e

acreditar que quem tem amigos, tem um grande tesouro.

Nunca deixou uma mensagem sem resposta, nem que fosse para dizer "oi".

Escreve cartões de natal, aniversário, distribui abraços e vive a vida como se

aquele momento fosse único. E principalmente, nunca mais desperdiçou uma

oportunidade para falar a alguém o quanto era importante para Deus.

Para sabermos a importância de ter amigos verdadeiros:

Jesus estava ensinando a palavra do Pai dentro de uma casa, logo havia

tantos ali para ouvi-lo que não cabiam dentro da casa. E de repente, em meio

aquela multidão, quatro amigos tentavam desesperadamente entrar na casa

com um amigo paralítico, pois haviam ouvido que Jesus tinha o poder de curar.

Mas a multidão não os deixava passar, então olharam para o telhado e

disseram: Vamos por ali!

Creio que naquela hora, todos devam ter parado e perplexos olhando para

cima, vendo uma cama descer através de cordas com um paralítico deitado

nela, devem ter pensado: Que ousadia!

Page 3: O valor de um amigo

Mas Jesus deve ter pensado: Que amigos!

Vendo a fé deles, Jesus lhe falou: Filho, perdoados estão os teus pecados!

Alguns religiosos pensaram: Que blasfêmia! Como pode Ele perdoar pecados?

Só Deus pode fazê-lo.

Eles não sabiam que o Pai e Filho são Um.

E Jesus lhes disse: Por que vocês tem esse pensamento, seria mais fácil eu

dizer: Perdoados são os teus pecados ou levanta, toma o teu leito e anda?

E todos se admiraram dizendo: Jamais vimos tal coisa.