o uso pedagÓgico dos grupos do whatsapp no ensino de … · É justamente por meio dessa...

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O USO PEDAGÓGICO DOS GRUPOS DO WHATSAPP NO ENSINO DE HISTÓRIA. CRISTIANO GOMES LOPES* 1 BRAZ BATISTA VAS** 2 Resumo: O século XXI nos apresenta um constante crescimento e avanços no campo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que tiveram e têm desdobramentos em todas as esferas da vida humana, inclusive no âmbito educacional, na medida em que a informação, após sua seleção, interpretação e entendimento, tende a se transformar em conhecimento. Este trabalho é fruto da minha pesquisa de mestrado que aborda e destaca a importância dos usos das TDIC como ferramentas de ensino da disciplina de História, enfatizando especificamente o uso pedagógico dos grupos formados dentro da plataforma do aplicativo para dispositivos móveis chamado WhatsApp, fazendo desse ambiente virtual uma extensão da sala de aula. Tudo por conta do seu potencial em ser utilizado como um espaço de aprendizagem móvel, ubíqua e colaborativa, que pode vir a facilitar e aprimorar o ensino de História, seja no interior ou fora do ambiente escolar. Este aplicativo, pode, desde que utilizado pedagogicamente, disponibilizar ao professor e aos alunos, uma gama de possibilidades para se trabalhar os temas e conteúdos históricos, vindo a promover a construção do conhecimento histórico através do seu uso com fins educativos. O objetivo desta pesquisa foi estimular a aprendizagem histórica, pelo viés da mobilidade, ubiquidade e da colaboração, subsidiadas pelo uso dos grupos do WhatsApp. Para tanto, foi necessária à verificação da importância do uso do aplicativo como ferramenta e ambiente que pode promover o ensino e a aprendizagem histórica de forma colaborativa. Através do método da pesquisa-ação, analisamos e intervimos de forma a observar, estimular e mediar grupos criados em uma turma do 3º ano do ensino médio, para que se fosse constatada ou não a hipótese que permeia nossa pesquisa, que é a de que os grupos do WhatsApp podem servirem de extensão da sala de aula da disciplina de História. No decorrer do experimento, foi verificando como e em que condições, esse ambiente virtual funciona conforme a hipótese levantada, sendo esses grupos os objetos de estudo desta pesquisa. Nos resultados, foram identificados possibilidades e limites do uso pedagógico do aplicativo, além da repercussão desse uso com finalidade didática na relação professor/aluno. Palavras-Chave: WhatsApp; Redes Sociais On-line; Aprendizagem Móvel; Aprendizagem Histórica; Aprendizagem Colaborativa. * Aluno do curso de Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA) pela Universidade Federal do Tocantins UFT - Bolsista CAPES; Especialista em Gestão Escolar da Universidade Federal do Pará; Especialista em Metodologia do Ensino de História e Geografia pela Faculdade Internacional de Curitiba; licenciado em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú; gestor e professor da rede estadual de ensino do Pará. E-mail: [email protected] ** Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, de Franca; professor adjunto do curso de História da Universidade Federal do Tocantins/UFT, campus de Araguaína; professor do mestrado profissional em Ensino de História ProfHistória , núcleo de Araguaína; professor do mestrado em Cultura e Território da UFT em Araguaína; e-mail: [email protected]

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O USO PEDAGÓGICO DOS GRUPOS DO WHATSAPP NO ENSINO DE

HISTÓRIA.

CRISTIANO GOMES LOPES*1

BRAZ BATISTA VAS**2

Resumo:

O século XXI nos apresenta um constante crescimento e avanços no campo das Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que tiveram e têm desdobramentos em todas

as esferas da vida humana, inclusive no âmbito educacional, na medida em que a informação,

após sua seleção, interpretação e entendimento, tende a se transformar em conhecimento. Este

trabalho é fruto da minha pesquisa de mestrado que aborda e destaca a importância dos usos

das TDIC como ferramentas de ensino da disciplina de História, enfatizando especificamente

o uso pedagógico dos grupos formados dentro da plataforma do aplicativo para dispositivos

móveis chamado WhatsApp, fazendo desse ambiente virtual uma extensão da sala de aula. Tudo

por conta do seu potencial em ser utilizado como um espaço de aprendizagem móvel, ubíqua e

colaborativa, que pode vir a facilitar e aprimorar o ensino de História, seja no interior ou fora

do ambiente escolar. Este aplicativo, pode, desde que utilizado pedagogicamente,

disponibilizar ao professor e aos alunos, uma gama de possibilidades para se trabalhar os

temas e conteúdos históricos, vindo a promover a construção do conhecimento histórico

através do seu uso com fins educativos. O objetivo desta pesquisa foi estimular a aprendizagem

histórica, pelo viés da mobilidade, ubiquidade e da colaboração, subsidiadas pelo uso dos

grupos do WhatsApp. Para tanto, foi necessária à verificação da importância do uso do

aplicativo como ferramenta e ambiente que pode promover o ensino e a aprendizagem histórica

de forma colaborativa. Através do método da pesquisa-ação, analisamos e intervimos de forma

a observar, estimular e mediar grupos criados em uma turma do 3º ano do ensino médio, para

que se fosse constatada ou não a hipótese que permeia nossa pesquisa, que é a de que os grupos

do WhatsApp podem servirem de extensão da sala de aula da disciplina de História. No

decorrer do experimento, foi verificando como e em que condições, esse ambiente virtual

funciona conforme a hipótese levantada, sendo esses grupos os objetos de estudo desta

pesquisa. Nos resultados, foram identificados possibilidades e limites do uso pedagógico do

aplicativo, além da repercussão desse uso com finalidade didática na relação professor/aluno.

Palavras-Chave: WhatsApp; Redes Sociais On-line; Aprendizagem Móvel; Aprendizagem

Histórica; Aprendizagem Colaborativa.

* Aluno do curso de Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA) pela Universidade Federal do Tocantins – UFT - Bolsista CAPES; Especialista em Gestão Escolar da Universidade Federal do Pará; Especialista em Metodologia do Ensino de História e Geografia pela Faculdade Internacional de Curitiba; licenciado em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú; gestor e professor da rede estadual de ensino do Pará. E-mail: [email protected] ** Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, de Franca;

professor adjunto do curso de História da Universidade Federal do Tocantins/UFT, campus de Araguaína; professor do mestrado profissional em Ensino de História — ProfHistória —, núcleo de Araguaína; professor do mestrado em Cultura e Território da UFT em Araguaína; e-mail: [email protected]

1. Introdução

O século XXI vem sendo marcado pelo crescente número de avanços no campo das

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que tiveram e têm

desdobramentos em todas as esferas da vida humana, inclusive no âmbito educacional, na

medida em que a informação, após sua seleção, interpretação e entendimento, tende a se

transformar em conhecimento.

O uso massivo de redes sociais e de aplicativos móveis, modela essa sociedade do

conhecimento, que tem seus reflexos no ambiente escolar (FLEURY 2003), e isso tem causado

uma densa discussão entre gestores, docentes, discentes e pais. Com base nesta discussão, uns

tacham as redes sociais de vilãs e outros enxergam toda uma gama de possibilidades de

trabalhar essas redes como ferramentas de ensino e ambientes propícios para a construção de

conhecimento embasados na ubiquidade colaboração e mobilidade.

Em 2009, em um cenário de ascensão exponencial da telefonia móvel, nasce o aplicativo

de envio de mensagens instantâneas mais utilizados no mundo nos últimos tempos, o WhatsApp

Messenger. Criado pelo americano Brian Acton e o ucraniano Jan Koum, o WhatsApp

rapidamente caiu no gosto popular despertando o interesse de seus concorrentes e de

investidores, tanto que o mesmo foi vendido para o Facebook por cerca de 21 bilhões de dólares

em fevereiro de 2014, e de lá pra cá, seu executivo chefe Jan Koum, vem realizando várias

alterações e atualizações no aplicativo que vem conquistando mais e mais adeptos a cada dia.

Levando em consideração o fato que no início de 2016 o número de usuários no mundo

atingiu a marca de 1 bilhão de pessoas, podemos considerar que esse aplicativo com todas suas

funcionalidades, tornam o WhatsApp uma ferramenta pedagógica em potencial, se o mesmo for

utilizado de forma intencional, na tentativa de torna-lo uma espécie de ambiente virtual de

aprendizagem, que deve ser tutorado e administrado pelos professores, fazendo desse ambiente

uma extensão da sala de aula.

Usar pedagogicamente as redes sociais on-line e os aplicativos para dispositivos móveis

requer certo cuidado, como propõe Margarita Gomez (2010):

O mundo das redes sociais é relativamente novo. Os programas de redes sociais,

sejam pessoais, temáticas ou profissionais, na realidade não foram criados para

atividades educativas, embora nas escolas se estejam usando alguns deles (...). A rede

é mais um espaço da escola contemporânea que necessita orientação e cuidado para

se transformar em um dispositivo pedagógico. (GOMEZ, 2010, p. 88-99).

Muitos são os cuidados que devem ser tomados antes de fazer o uso pedagógico das

TDIC, em especial as redes sócias on-line, pois não se pode pensar que esses recursos são a

salvação de todas as mazelas que assolam a educação, pois muitos acabam pensando que

incorporar as TDIC no contexto escolar sem a devida formação e competências para o manuseio

consciente dessas ferramentas, consistiria em revolucionar a forma de se ensinar e aprender.

[...]aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e

não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno,

aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se

aparências” (CYSNEIROS, 1999, p. 16).

“Em síntese, é como se os objetos técnicos pudessem, por um passe de mágica, garantir

qualidade na educação. Em muitos casos, ocorre transposição, para novos meios, dos conteúdos

tradicionalmente ensinados nas salas de aula” (BARBOSA; KRAMER, 2007, p. 1038). De

pouco adianta utilizar ferramentas digitais no contexto escolar por mero capricho ou imposição,

se faz necessário transformar as práticas docentes de fato.

As tecnologias de comunicação e informação podem até ser enquadradas ou

disciplinadas para os tradicionais fins educacionais, mas também remetem-nos a

transformações socioculturais de maior amplitude e trazem inúmeros

questionamentos ao fazer pedagógico (ASSMANN; LOPES; DELCIN; CANTO, 2005,

p. 36)

Não se pode pensar também que as tecnologias irão substituir os professores, pelo

contrário, “o protagonista das novas habilidades do século XXI não é propriamente o avanço

tecnológico, por mais que isto seja decisivo. É o professor. A melhor tecnologia na escola ainda

é o professor (DEMO, 2008, p. 13).

Diante desse cenário, a escola e o professor, podem e devem tirar partido do interesse e

uso escancarado das redes sociais pela maioria esmagadora dos alunos, e até mesmo

professores, como mostra a pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da

Informação e da Comunicação (CETIC.br) em 2011, apontando a disponibilidade e uso da

Internet no Brasil entre alunos e professores. Ao todo foram entrevistados 1822 professores,

dos quais, 89% afirmam ter acesso à internet em seus domicílios. Sendo que 82% acessam a

internet todos ou quase todos os dias e 85% acessam pelo celular. Cerca de 46% dos

entrevistados responderam que fazem parte de grupos de discussão de professores na internet.

Entre os professores participantes da pesquisa, 60% afirmam não ter problemas em participar

de redes sociais ou sites de relacionamento.

O ensino de História pode lançar mão das mídias e redes sociais on-line para tentar fazer

com que os alunos se apoderem dessas competências e habilidades, explorando o potencial

interativo e colaborativo dessas ferramentas digitais tão populares entre os jovens com faixa

etária escolar.

O WhatsApp em si não é uma rede social, pois sua estrutura é compatível com a

definição de mídia social, porém esse aplicativo tem a capacidade de gerar incontáveis redes

sociais através da formação de grupos em sua plataforma, fomentando de forma intensa a

interação dos participantes, ou seja, os “atores sociais” envolvidos.

É justamente por meio dessa capacidade de gerar redes sociais, que este aplicativo pode

ser utilizado como ambiente de aprendizagem, especialmente fora da sala de aula e

complementar a esta, uma vez que torna possível proporcionar aos alunos, alternativas que

estimulem sua formação e constante aprendizado, através da aprendizagem móvel (Mobile

Learning ou m-learning) ubíqua e colaborativa, ressaltando que essas práticas estão cada vez

mais em voga no contexto educacional e profissional vigente, trazendo “consequências

importantes, e representando significativos desafios para os processos de ensinar e de aprender,

tanto nos contextos formais quanto nos contextos não formais de educação”. (SACCOL;

SCHLEMMER; BARBOSA, 2011, p. 1).

Assim, o uso e a promoção do WhatsApp como uma extensão da sala de aula, o tornando

um ambiente de promoção da aprendizagem pelo viés da colaboração pode vir a ser uma saída

para amenizar esses conflitos, na medida em que o professor e a escola, podem oferecer uma

alternativa para o uso pedagógico dos dispositivos móveis sem ter que proibir por proibir seu

uso, podendo tornar as aulas mais atrativas e prazerosas, aumentar as possibilidades do

rendimento e o aprendizado serem satisfatórios, romper a fronteira espacial e temporal da

limitada sala de aula, para promoção do ensino de História através de várias possibilidades de

ensinar e de se aprender História de forma colaborativa, uma vez que o aprendizado não é só

individual, mas também coletivo.

O objetivo geral deste trabalho é estimular a aprendizagem ubíqua, móvel e colaborativa

através do uso pedagógico do aplicativo WhatsApp no Ensino de História, fazendo desse

recurso, uma extensão da sala de aula.

Para tanto, foram traçados objetivos específicos definidos a seguir:

1.Verificar a importância do uso dos grupos do WhatsApp como ferramenta e ambiente

que promove o ensino e a aprendizagem histórica de forma colaborativa;

2. Analisar os limites e possibilidades da aprendizagem que envolva a ubiquidade, a

mobilidade e a colaboração;

3. Buscar canalizar o notório e explícito interesse dos alunos por esse aplicativo,

utilizando-o pedagogicamente no ensino de História.

A hipótese que norteou essa pesquisa, afirma que o uso, com intencionalidade

pedagógica, do WhatsApp serve como ambiente de ensino e aprendizagem histórica, tornando

à plataforma virtual deste aplicativo uma extensão da sala de aula, potencializando o ensino de

História, embasado na aprendizagem ubíqua, móvel e colaborativa.

A fundamentação teórica está representada de forma sucinta no quadro a seguir:

Quadro 1. Fundamentação teórica

ABORDAGEM AUTOR CONTRIBUIÇÃO

Tecnologias Digitais

da Comunicação e

Informação (TDICs)

Pierre Lévy (1993;

1999; 2014)

- Tecnologias da inteligência;

- Inteligência Coletiva.

Redes Sociais On-line Raquel Ricuero

(2009; 2014)

- Conceituação de Redes Sociais On-line, Mídias Sociais;

- Redes Sociais On-line no contexto educacional.

Uso das TDICs no

contexto educacional

Roberto Aparici

(2012);

Vani Moreira

Kenski (2003);

Maria Elizabeth

Almeida (2011;

2013)

- Levanta questionamentos acerca da facilidade de acesso

e compartilhamento de informação, afirmando que a

mesma pode produzir desinformação, pois a

supersaturação informativa tende a criar sujeitos

acríticos.

- Discute as mudanças ocorridas no espaço educacional

em virtude da revolução digital e seus impactos no

universo escolar e consequentemente no modo de se

ensinar e de se aprender na era digital.

- Faz a discursão da construção de uma proposta

curricular que contemple a incorporação das TDIC no

currículo escolar.

Ensino de História Selva Guimarães

Fonseca (2006;

2009);

Marieta Ferreira e

Renato Franco

(2013)

- A internet constitui, na atualidade, importante meio de

comunicação, fonte de informações, dados, textos, mapas,

documentos, leis, fotografias, pinturas, canções, poemas,

enfim, uma multiplicidade de registros da experiência

histórica das diferentes sociedades do planeta.

- A História e os Historiadores não devem ficar de fora do

processo de informatização das últimas décadas.

- As tecnologias digitais possuem características relativas

a onipresença ou ubiquidade.

Ensino de História

através das TDICs

Alfredo Matta

(2006)

- O pensar histórico também se alimenta da interpretação

e reinterpretação de conhecimentos e significados que dão

forma a esses conhecimentos. Essa criticidade pode e deve

residir nas múltiplas trocas ocorridas na web.

- O uso interativo e colaborativo das mídias digitais, os

alunos possam adquirir a “atitude” de historiador,

tomando consciência dos problemas a serem apontados e

estudados em sala de aula, levantando questões e

hipóteses, concluindo ou rejeitando o pensamento inicial

do problema levantado

Método da Pesquisa-

ação

René Barbier

(2007)

Michel Thiolent

(2011)

- O pesquisador no âmbito da pesquisa – ação é um

participante engajado, não se limitando a ser e estar

indiferente ao problema da pesquisa, assim como seus

resultados e a busca de mudanças.

- A pesquisa-ação pode ser concebida como método, isto

quer dizer um caminho ou um conjunto de procedimentos

para interligar conhecimento e ação, ou extrair da ação

novos conhecimentos”.

Fonte: Estruturado pelo autor

Na seção 1 deste trabalho, foi abordado elementos que sustentam a possibilidade de se

trabalhar o ensino e aprendizagem através da mobilidade, ubiquidade e a colaboração, meios

efetivos de fazer dos grupos do WhatsApp extensão da sala de aula, desde que esses grupos

sejam utilizados com intencionalidade pedagógica. Na seção 2. Teve como pano de fundo o

experimento e a caracterização da pesquisa, assim com a análise dos dados e a interpretação

dos resultados da pesquisa. Finalizando, a seção 3 trará à tona as considerações finais do

experimento e da pesquisa como um todo.

2. Aprendizagem móvel, ubíqua e colaborativa

Mobilidade, ubiquidade e a colaboração são elementos intrínsecos e complementares no

universo do ciberespaço, tais conceitos carregam de sentido a velocidade estonteante da

informação e do grau acelerado de interações que tecem as incontáveis teias da “grande rede”.

A sensação de estar em todo lugar ao mesmo tempo como algo onipresente, faz com que as

TDIC conquistem adeptos e mais adeptos. Pierre Lévy (1999, p. 49-50) caracteriza esse cenário

ressaltando a “ubiquidade da informação, documentos interativos interconectados,

telecomunicação recíproca e assíncrona em grupos e entre grupos

A forma de se comunicar e de interagir ganharam dimensões jamais vistas em outros

períodos históricos. O século XXI vem sendo marcado pela massificação do uso de redes sociais

e inúmeros aplicativos que aumentam exponencialmente o fluxo de produção e circulação de

informações, afetando a forma como as pessoas aprendem, assimilam e constroem

conhecimentos. Dessa forma, aprender em qualquer lugar, a todo momento e de forma

colaborativa, são exemplos marcantes dos processos de aprendizagens que norteiam a “era

digital”, pois:

Aprender em processos de mobilidade e ubiquidade implica abrir-se às

potencialidades que essas tecnologias oferecem. “Envolve aguçar o senso de

observação do entorno para perceber tais possibilidades, ser autônomo e autor do

seu processo de aprender”. (SACCOL; SCHLEMMER; BARBOSA, 2011, p. 6).

Essas formas de aprendizagem são contínuas, muitas vezes ocorrendo informalmente

por meio de experimentos, trocas, diálogos, interações e conexões. As constantes relações

pessoais e sociais realizadas pelas incontáveis conexões realizadas na internet por meio das

TDIC, estão transformando a forma com a qual as pessoas pensam, agem e consequentemente,

como aprendem.

Esses aspectos da contemporaneidade também perpassam pela construção do currículo

escolar3, uma vez que esse instrumento deve ultrapassar o mecanicismo estanque e linear que

engessa o potencial de construção social desse espaço de saber/poder, espaço esse que produz

identidades particulares e coletivas, dando forma, sentidos e significado às singularidades

culturais (WEBER; SANTOS; SANTOS, 2012). As diversas referências, com base às quais se

devem construir o currículo, não se separam do seu contexto histórico e social. Segundo a

compreensão de Macedo (2006, p. 285.), o currículo se apresenta como um "espaço-tempo de

fronteira cultural", e repensá-lo e reconfigurá-lo de acordo com as novas linguagens das

tecnologias digitais que invadem, aceleram e transformam os limites espaços-temporais do

interior da sala de aula é, sem dúvidas, contemplar aspectos importantes da contemporaneidade.

Nessa perspectiva, o web-currículo visa incorporar de forma efetiva, intencional e

pedagógica, as principais características do universo digital no desenvolvimento do currículo,

apropriando-se do potencial didático, interativo e colaborativo das TDIC, estimulando o

protagonismo dos alunos no processo de construção de conhecimento.

O contexto cultural contemporâneo se expressa e se modela em grande parte no que

conhecemos como cibercultura, da qual a mediação digital por redes sociais cria e recria

técnicas, atitudes, costumes e, principalmente, conhecimento. Omitir do currículo esses

aspectos da contemporaneidade é, no mínimo descaracterizá-lo e torná-lo estéreo.

3 Não faz parte do escopo desse trabalho discutir especificamente o “currículo escolar”, no entanto, a incorporação

do uso das TDIC no contexto escolar, perpassa por sua inclusão e aplicação no currículo.

Nesse cenário, as antigas teorias da aprendizagem, já não dão mais conta de atender

sozinhas aos anseios e necessidades daqueles que são denominados “nativos digitais4”

(SIEMENS, 2005), como também a sociedade que convive com o desenvolvimento

tecnológico, que nas últimas décadas vem provocando fortes transformações econômicas,

sociais e culturais no mundo contemporâneo.

Nessa mesma perspectiva de se aprender em ambientes não convencionais como os

virtuais, a proposta do “ensino híbrido” vem tomando forma e espaço no universo educacional,

através de aspectos que englobam a educação formal e a não formal, estabelecendo laços de

integração nessas duas maneiras de se instruir-se. Mesclar elementos da educação presencial

com elementos da educação à distância, vem proporcionando ganhos no processo de ensino-

aprendizagem, pois não só aprendemos no limitado espaço da sala de aula, aprendemos e

ensinamos em muitos outros espaços e lugares, tudo isso graças à mediação das mídias digitais,

que canalizam, armazenam e distribuem o saber produzido individual e coletivamente. Moran

(2015), defendem essa forma de ensinar afirmando que:

O ensino é híbrido, também, porque não se reduz ao que planejamos institucional e

intencionalmente. Aprendemos por meio de processos organizados, junto com

processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos com um professor e

aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos de modo

intencional e de modo espontâneo, quando estudamos e também quando nos

divertimos. [...] todos somos aprendizes e mestres, consumidores e produtores de

informação. (MORAN, 2015, p. 28).

Por sermos capazes de aprender por várias formas e maneiras, o “ensino híbrido” vem

com a proposta de se buscar as melhores combinações dessas formas de aprendizagem e

potencializá-las, de modo que se possa aprender mais e melhor, alternando a organização do

trabalho docente em momentos presenciais na sala de aula física e outros momentos em

ambientes mediados pela internet/web, através de mídias digitais que promovem não apenas o

estudo individual, mas também o aprendizado coletivo por meio da interação,

compartilhamento e colaboração fomentadas pelas redes sociais.

2. O WhatsApp como extensão da sala de aula: testando novas possibilidades

4 São considerados nativos digitais aqueles que, desde o seu nascimento, após a década de 1990, vêm tendo contato

com os mais diversos tipos de tecnologias digitais e vivem, neste meio, participando de redes sociais, jogando on-

line, produzindo e compartilhando vídeos, consumindo mídia digital, habitando o universo da internet/web.

Nesta seção discorreremos acerca do experimento realizado na turma do 3º ano do

ensino médio, investigando se os grupos do WhatsApp podem ser utilizados como extensão da

sala de aula da disciplina de História, na medida em que esses grupos são planejados didática e

pedagogicamente com a finalidade de serem ambientes propícios a construção de conhecimento

histórico, apoiados pelo viés da colaboração, mobilidade e ubiquidade, potencialidades

características das TDIC, no caso especifico desta pesquisa, os grupos do WhatsApp.

A pesquisa foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria

Correa Dantas, no município de São Domingos do Araguaia, Sudeste do Estado do Pará,

fundada em março de 1991, sendo a única unidade escolar que oferece o Ensino Médio na

cidade, atendendo a uma demanda urbana e rural de 1356 alunos matriculados em 2015.

A presente investigação visa avaliar se de fato os grupos formados na plataforma do

WhatsApp, podem ou não proporcionar aprendizagem de forma ubíqua, móvel e colaborativa,

principalmente quando esses grupos são projetados e organizados com finalidade pedagógica

no ensino de História, fazendo desse recurso, uma extensão da sala de aula.

Para tanto, se faz necessário verificar a importância do uso dos grupos do WhatsApp

como ferramenta e ambiente que promove o ensino e a aprendizagem histórica de forma

colaborativa, além de se analisar as limitações e as possibilidades dessa aprendizagem dentro

desses ambientes, canalizando o interesse de alunos e professores pelo aplicativo WhatsApp.

A pesquisa foi realizada de agosto a dezembro de 2015, sendo que no primeiro contato

com os alunos foram expostos os objetivos da pesquisa e a sua pretensão de investigar e

constatar se de fato o uso pedagógico dos grupos do WhatsApp poderiam ou não ser utilizados

como extensão da sala de aula no estudo da disciplina História, elencando a sua importância

para o contexto da educação que contemple o uso das TDIC no universo escolar.

Antes de efetivamente formar os grupos com a turma escolhida, houve um segundo

encontro com os alunos para que coletivamente fosse elaborado um conjunto de normas e

critérios de uso e participação nos grupos que seriam pesquisados, sendo que na ocasião todos

se comprometeram a seguir as determinações criadas conjuntamente, pois as tais regras não

teriam caráter de imposição, uma vez que os próprios alunos participaram na sua construção.

Depois da criação e aprovação das regras de participação dos grupos, foi colhido os

números telefônicos dos alunos e do professor, sendo finalmente criado os grupos.

Foram criados 5 (cinco) grupos ao todo, cada um com sua função como podemos

observar no quadro a seguir:

Quadro 2. Grupos do WhatsApp e suas funções

GRUPO TEMA FUNÇÃO / FUNCIONAMENTO PERÍODO

DE

DURAÇÃO

1

Curtindo a

História

Trabalhar os conteúdos da disciplina História abordados

em sala de aula.

Possibilitar a troca de informações, discussões,

compartilhamento e produção de textos, vídeos, fotos,

links, áudios e demais materiais que possam servir de

apoio ao estudo e a construção de conhecimento histórico

dos conteúdos trabalhados em sala de aula.

Intermediação do professor e do pesquisador, ambos

administradores do grupo.

O grupo terá suas atividades paralisadas na semana que

anteceder o período de provas, voltando a ser ativado no

termino da semana de avaliações da escola.

1ª fase

05/10/2015

à

06/11/2015

2ª fase

16/11/2015

à

10/01/2016

2

Tira

dúvidas

Espaço para que o professor e os alunos pudessem

esclarecer dúvidas;

Possibilitar aos alunos que possuem maior entendimento

dos conteúdos históricos, a poderem efetivamente

colaborar na aprendizagem dos demais membros do

grupo.

O grupo possui horário definido para o envio das dúvidas

aos mediadores, e prazo estipulado para o feedback das

respostas e intervenções.

Os administradores do grupo foram os dois alunos mais

atuantes do primeiro grupo, o professor da turma e o

pesquisador.

Esse grupo será ativado na semana que antecede o período

de provas da escola, permanecendo ativo até o dia da

prova de História, retornando à ativa novamente na

semana que antecederá o próximo período de provas.

1ª fase

06/11/2015

a

16/11/2015

2ª fase

10/01/2016

a

17/01/2016

3

Exercitand

o a

História

Espaço para a resolução de atividades, trabalhos e

exercícios propostos pelos mediadores do grupo,

O professor da turma e o pesquisador serão os mediadores

do grupo.

O grupo ficará ativo durante todo o período que durar a

pesquisa.

05/10/2015

a

05/02/2016

4

História in

off

Este grupo tem apenas fins lúdicos, de diversão e a

informalidade dos alunos, com o objetivo de dar vazão as

postagens que não contribuem na formação e aprendizado

dos participantes, para que postagens indesejadas não

sejam compartilhadas nos outros grupos.

05/10/2015

a

05/02/2016

5

Avalição

Fase final da aplicação do experimento.

Discussão dos resultados obtidos, a participação dos

alunos e dos mediadores.

Verificação dos limites e possibilidades do uso dos

grupos como extensão da sala de aula.

Formado pelos dois alunos que mais tivessem

participação nos três primeiros grupos, os dois alunos

com menor participação nos três primeiros grupos, o

professor e o pesquisador.

25/01/2016

a

05/02/2016

Fonte: Dados da pesquisa.

2.1. Caracterização da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram 40 alunos do 3ºano, turma “A”, do turno matutino, e seu

professor da disciplina História, tendo como objeto de estudos a formação, participação,

colaboração e construção do conhecimento histórico dentro de grupos do aplicativo WhatsApp

formados pela turma escolhida para a aplicação da pesquisa, assim como a mediação do docente

envolvidos na mesma.

A observação foi realizada a partir da participação dos discentes no tocante as discussões

levantadas pelos mediadores (professor e pesquisador), análises da interação e colaboração dos

alunos na construção de conhecimentos e competências de saberes históricos trabalhados nas

aulas presenciais e continuadas no ambiente virtual da plataforma dos grupos criados no

WhatsApp. A Observação se dará durante o período correspondente a um semestre letivo,

levando também em consideração a mediação do professore de História envolvido na pesquisa.

O período da pesquisa se estendeu por dois bimestres, nos quais foram discutidos

assuntos delimitados e inerentes aos conteúdos da disciplina História correspondente à série a

qual será formada o grupo. Em cada grupo, foi criado fóruns de discussão, centrais para tirar

dúvidas, desenvolvimento de textos colaborativos e o compartilhamento de links, vídeos, sites,

imagens e áudios que pudessem auxiliar e estimular o aprendizado histórico.

A partir da formação dos grupos descritos no quadro 2, foram feitas as observações e as

intervenções que nortearam a pesquisa, subsidiando o encontro de dados e situações que

puderam ser apreciados qualitativamente no produto final do experimento e da conclusão da

pesquisa.

A pesquisa, por sua natureza, foi aplicada com a abordagem exploratória descritiva do

problema, utilizando procedimentos técnicos embasadas no método da pesquisa-ação, ao passo

que o pesquisador teve participação de cunho colaborativo na pesquisa, promovendo

intervenções que constituíram a criação de grupos na plataforma do aplicativo WhatsApp na

turma envolvida na investigação.

A ideia seria transforma os grupos do WhatsApp em extensão da sala de aula de História

durante o período entre o fim do 3º bimestre e todo 4º bimestre letivo. Para tanto, regras e

critérios foram criados coletivamente entre os sujeitos envolvidos na pesquisa, possibilitando o

uso intencional e pedagógico do WhatsApp.

A atuação dos alunos e professores no ambiente virtual do WhatsApp foi objeto de

análise e avaliação, servindo de parâmetro para se saber se houve mudanças de comportamento,

aquisição de competências que possibilitem a evolução ou não no aprendizado e no ensino da

disciplina História.

2.2. Análise dos dados e informações obtidas

A análise dos dados se deu por meio da apreciação dos grupos formados no WhatsApp

levando-se em consideração se de fato houve melhoria ou não e aumento no nível de

participação nas aulas presenciais, mudanças de atitude e de comprometimento nos estudos,

mudanças na relação professor aluno e aumento no desempenho escolar de um bimestre para

outro, tomando-se como parâmetro de comparação o bimestre anterior a realização da pesquisa,

para que posteriormente seja verificado se os grupos do WhatsApp, quando utilizados com

intencionalidade pedagógica, podem promover a aprendizagem colaborativa, por meio da

mobilidade e da ubiquidade, podendo ou não esses grupos, servirem de extensão da sala de aula

no ensino de História.

2.3. Análise dos grupos do WhatsApp

GRUPO 1 - O primeiro grupo a ser formado foi chamado de “Curtindo a História”, seu

funcionamento se deu entre os períodos de 5 de outubro de 2015 a 6 de novembro de 2015 (1ª

fase), sendo reativado em 16 de novembro de 2015 até 10 de janeiro de 2016 (2ª fase). Sua

função perpassava pela finalidade se servir de espaço onde se pudesse trabalhar os conteúdos

históricos cobradas em sala de aula, possibilitando a troca de informações, discussões,

compartilhamento e produção de textos, vídeos, fotos, links, áudios e demais materiais que

viessem a servir de apoio ao estudo e a construção de conhecimento histórico dos conteúdos

trabalhados em sala de aula e intermediados pelo professor e o pesquisador, ambos

administradores do grupo.

Este primeiro grupo, serviu de base para os grupos posteriores, destacando a alta

participação da grande maioria dos alunos que atuaram de forma efetiva, seja postando ou

comentando as postagens dos colegas.

Outro ponto a ser destacado foi a enorme quantidade de material de estudos em diversos

formatos que foram disponibilizados no grupo, superando as limitações dos textos do livro

didático e as aulas expositivas do professor, enriquecendo as possibilidades de estudar os

assuntos abordados em sala e consequentemente oferecer maior dinamismo a forma de estudar

e de se ensinar História.

Os dados do quadro nos mostram que as postagens e interações em forma de texto foram

as mais utilizadas por todos os participantes do grupo, algo que não surpreende tendo em vista

que a principal função do WhatsApp é o envio e recebimento de mensagens de texto, fazendo

deste aplicativo um dos mais utilizados do mundo.

Ao analisarmos os vídeos postados na 1ª fase de funcionamento do grupo, sua ampla

maioria eram compostos de vídeo-aulas que abordavam os temas relacionados a 1º Guerra

Mundial, período entre guerras, regimes totalitários e 2ª Guerra Mundial, conteúdos referentes

ao 3º bimestre letivo, totalizando 33 vídeos postados.

Na 2ª fase, com temas relacionados a “Era Vargas”, “Período Democrático de 1945 a

1964” e “Ditadura Civil Militar”, as postagens de vídeos diminuíram para o número de 30,

porem a importância de se trabalhar esses vídeos se intensificou, uma vês que as interações

geradas por essas postagens sempre mobilizavam muitos participantes do grupo, fomentando

discussões e esclarecimentos acerca dos conteúdos abordados nos vídeos, sendo que o

aprendizado histórico foi favorecido com a participação nos grupos.

Cada vídeo postado gerava interações e colaboração entre os participantes do grupo,

pois elucidava algumas dúvidas não manifestadas no ambiente presencial, ou trazia algum

elemento novo não tratado em sala, ocasionando também a participação dos mais tímidos.

Em relação a postagem das imagens, não recorremos ao estudo mais apurado de

conceituação dos objetos visuais em questão, tratando figuras, fotos, gravuras e charges apenas

como imagens para facilitar nossa análise dos dados do quadro referente as postagens neste

formato.

Neste sentido, pode-se observar que a interpretação histórica das imagens postadas no

grupo, tanto na 1ª fase quanto na 2ª fase, nos revelam que os alunos conseguiram contextualizar

e entender a bagagem histórica contida nas imagens, sendo necessário para tanto, maior

mediação do professor e o pesquisador, que várias vezes foram acionados para explicar e tirar

dúvidas inerentes as imagens postadas, mostrando maior dificuldade dos alunos em interpretar

e relacionar as imagens e seu contexto histórico, diferentemente dos vídeos que vinham

carregados de maiores explicações e informações.

Outro recurso bem utilizado, principalmente pelos alunos, foram os áudios, que em sua

maioria, foram postados como intervenções explicativas ou contribuições e entendimentos dos

alunos sobre um determinado tema levantado nos vídeos e imagens. Os alunos preferem utilizar

o áudio no lugar de textos que venham a ser longos, segundo justificativa dos próprios alunos.

Como em todo ambiente virtual, a presença de links e hiperlinks é quase inevitável, não

diferente nos grupos do WhatsApp, que como se pode observar, foram postados muitos links

não apenas pelo professor ou o pesquisador, os alunos usaram e abusaram deste recurso,

possibilitando incontáveis possibilidades de se encontrar material que viesse a subsidiar a

aprendizagem dos temas abordados nas duas fases de funcionamento do grupo.

Entre todos os grupos formados para servir de objeto de análise desta pesquisa, o grupo

“Curtindo a História” foi o que mais gerou interatividade entre os participantes, estreitando

laços entre os alunos e principalmente entre alunos e professor, levando em consideração que

as aulas de História passaram a ser mais participativas com visível melhora no empenho dos

alunos e consequentemente do professor, que mesmo passando a ser mais cobrado, conseguiu

trabalhar suas aulas com maior entusiasmo, segundo declaração do próprio professor.

Este cenário de interação e colaboração, é destacado por Kenski (2000, p. 32), quando

o mesmo afirma que:

Professores e alunos, reunidos em equipes ou comunidades de aprendizagem,

partilhando informações e saberes, pesquisando e aprendendo juntos; dialogando

com outras realidades, dentro e fofa da escola, este é o novo modelo educacional

possibilitado pelas tecnologias digitais.

O sentimento de estar próximo ou presente que emerge sensação de ubiquidade comuns

as tecnologias digitais, faz com que os alunos se sintam seguros em questionar ou interferir nas

interações com o professor e seus colegas alunos, fortalecendo laços e criando autonomia na

aprendizagem.

GRUPO 2 - O Grupo 2, intitulado “Tira dúvidas”, teve seu funcionamento durante duas

etapas, assim como seu grupo antecessor, pois o fluxo muito intenso de postagens realizadas no

Grupo 1, poderia provocar muita dispersão dos participantes, sendo que este segundo grupo foi

ativado em sua 1ª fase durante o período de 06/11/2015 a 16/11/2015, voltando novamente a

funcionar durante os dias 10/01/2016 a 17/01/2016.

O que motivou a criação deste grupo foi a necessidade de se ter um espaço especifico

para que o professor e os alunos pudessem esclarecer dúvidas e colaborarem na aprendizagem

dos demais membros.

Foi criado um cronograma para que o professor e o pesquisador pudessem atender e

responder as perguntas e esclarecimentos solicitados pelos alunos, estipulando horários para a

realização dos feedbacks, respostas e intervenções.

Outra peculiaridade deste grupo era o fato de mais dois alunos serem administradores e

poderem também responder os questionamentos dos demais colegas de classe. A escolha desses

dos dois alunos, no caso especifico alunas, se deu por meio da avaliação do professor da turma,

que chegou a essa conclusão depois de identificar os estudantes mais atuantes do grupo 1, e

com maior bagagem de conhecimento histórico apresentado até o momento da escolha e que

pudessem agir como monitores caso tivessem a segurança e preparo para tanto.

Este grupo não apresentou a mesma quantidade de postagens que o grupo anterior,

porém serviu de ponte para a construção coletiva do conhecimento histórico dentro deste

ambiente virtual, na medida em que não apenas os alunos monitores passaram a responder e

esclarecer dúvidas dos colegas, pois muitos outros alunos se sentiram capazes de interagir e

contribuir no sentido de dar respostas as indagações levantadas pelos colegas.

De acordo com o cronograma criado em conjunto, o professor e o pesquisador teriam

até o dia seguinte para elucidar as dúvidas que surgissem por parte dos alunos, sempre

respeitando os horários tidos como adequados e também os finais de semana, com a finalidade

de não sobrecarrega-los, no entanto na prática pode-se observar que com as intervenções dos

próprios alunos, tanto o professor como o pesquisador acabavam apenas mediando as

discussões e oura ou outra intervinham de fato esclarecendo as dúvidas mais complicadas e que

necessitassem de maiores explicações e contextualizações.

O fluxo maior de interações deste grupo aumentou notoriamente durante a 1ª fase de sua

ativação, devido ao fato da proximidade da realização das provas do Exame Nacional do Ensino

Médio – ENEM, fazendo com que outros conteúdos históricos diferentes dos abordados no 3º

bimestre letivo fossem amplamente discutidos dentro do grupo, proporcionando mesmo que de

maneira indireta, uma espécie de revisão dos conteúdos históricos cobrados no ENEM, assim

como também assuntos relacionados aos possíveis temas de redação do certame.

Neste sentido, o grupo durante a semana que antecedeu a realização do ENEM, saiu da

sua proposta primeira e ultrapassou os limites acordados para seu funcionamento, toda via, nos

mostrou que as interações e as intervenções realizadas pelos participantes do grupo, serviram

efetivamente para fomentar a busca por aprendizado, empolgando não apenas alunos como

também o professor da turma. Passado esse período, o grupo voltou a sua normalidade, assim

se mantendo até o fim da pesquisa, mostrando picos de aumento de participações nas vésperas

das semanas de avaliações da escola.

GRUPO 3 - O terceiro grupo, chamado de “Exercitando a História”, teve seu

funcionamento ativado desde o início da pesquisa e se estendeu durante toda a sua realização,

servindo de espaço para a resolução de atividades, trabalhos e exercícios propostos pelo

pesquisador e pelo professor da turma, ambos mediadores e administradores do grupo.

Ao tudo, foram propostas duas produções textuais em formato de texto dissertativo e

quatro exercícios de reflexão referentes aos conteúdos históricos abordados nas aulas

presenciais, contendo questões abertas que promovessem a discussão e a interação entre os

alunos não só apenas no interior do grupo, levando o debate para dentro da sala de aula.

O professor optou por utilizar essas atividades como elementos que comporiam parte da

média bimestral dos alunos, atribuindo pontos para quem se realizasse com êxito as atividades.

Esse incentivo foi no início questionado pelos alunos que até então não tinham participado mais

efetivamente nos grupos, fazendo com que o professor revisse essa decisão, sendo que depois

da polêmica, o professor resolveu passar esses mesmos trabalhos na sala de aula e não apenas

no grupo.

Apesar da polemica inicial, a maioria dos alunos respondeu as atividades e o texto

dissertativo tanto nos grupos quanto nos seus cadernos, sendo que todos discentes entregaram

seus trabalhos, fato esse bem distinto dos bimestres anteriores, pois muitos alunos não realizam

as tarefas extraclasse, tendo suas notas bimestrais comprometidas negativamente.

GRUPO 4 - O quarto grupo, foi batizado com o nome de “História in off”, sendo que o

mesmo já existia na turma desde o início do ano letivo com o nome de “3º A 2015”. A ideia de

mantê-lo tem por finalidade destiná-lo a servir de alternativa para toda e qualquer outra

postagem que não se remeta aos objetivos traçados para os demais grupos, tendo o lúdico, a

diversão e a informalidade dos alunos como foco. O objetivo principal deste grupo é dar vazão

as postagens que não contribuem na formação e aprendizado dos participantes, para que não

atrapalhasse no andamento e funcionamento dos outros grupos.

Antes da pesquisa, este grupo exercia o papel de canal de comunicação entre os alunos

e vários outros professores que utilizavam o grupo para dar comunicados e avisos relacionados

as disciplinas por eles lecionadas e de interesse dos alunos, continuando com essas funções no

decorrer da pesquisa e diferentemente dos outros grupos criados, o pesquisador não fazia parte

dele, tendo em vista que este grupo não necessitaria da mediação, regras e a rigidez

estabelecidas nos grupos específicos para atuarem como extensão da sala de aula e objetos da

pesquisa em curso.

GRUPO 5 - O quinto e último grupo, recebeu o nome de “avaliação”, formado na fase

final da pesquisa para discutir os resultados obtidos, a participação dos alunos e dos mediadores,

os limites e possibilidades do uso dos grupos.

Esse grupo, diferentemente dos demais, foi composto apenas pelo professor da turma, o

pesquisador, os dois alunos que mais participaram nos três primeiros grupos, juntamente com

os dois alunos que menos participaram nos três primeiros grupos. Seu funcionamento se deu do

dia 25/01/2016 até o dia 05/02/2016, sendo que nesse período foi apresentado aos participantes

o resultado do questionário aplicado na turma, ressaltando algumas análises dos dados feita

pelo pesquisador.

Além da apresentação dos resultados do questionário, o grupo também avaliou a

participação de cada segmento envolvido na pesquisa, destacando os pontos positivos e

negativos de participarem nos grupos, apontando sugestões e destacando as limitações e

potencialidades do uso dos grupos com fins pedagógicos.

Durante sete dias os participantes do grupo de avaliação expuseram suas opiniões,

responderam questionamentos feitos pelo pesquisador, defendendo pontos de vista em relação

ao fato de que se era mesmo possível ou não, utilizar os grupos do WhatsApp de forma

pedagógica, fazendo desses grupos extensão da sala de aula da disciplina de História.

Os debates e questionamentos gerados no Grupo 5, foram sintetizados, estruturados,

agrupados e expostos no quadro a seguir.

Quadro 3. Síntese das discussões do GRUPO DE AVALIAÇÃO

PARTICIPANTE PONTOS

NEGATIVOS

PONTOS POSITIVOS SUGESTÕES

Alunos menos

participativos

- Aumentou a

quantidade de

exercícios e atividades;

- Não tinha crédito para

acessar a internet;

- Não dava para

acompanhar todas as

postagens;

- Meu celular não

conseguia ter acesso a

todos os vídeos.

- Melhorou a relação

professor aluno;

- Facilitou os estudos;

- Deixou as aulas menos

chatas;

- Tivemos mais tempo para

estudar;

- Ajudou a tirar dúvidas.

- A escola deveria liberar o

sinal de wi-fi para os alunos;

- Cada professor deveria criar

um grupo para sua disciplina.

Alunos mais

participativos

- Teve muitas conversas

paralelas nos grupos,

mesmo que cada grupo

tivesse sua função

especifica;

- Alguns colegas

queriam

esclarecimentos de

forma imediata mesmo

sabendo que o prazo

para as respostas era até

o fim do dia seguinte;

- Houve muita pergunta

repetida, pois tinha

gente que não lia o

histórico do grupo e

acabava perguntando a

mesma coisa que os

colegas.

- Pude estudar mais e até

ajudar meus colegas;

- Facilitou os estudos de

temas históricos que eu não

entendia muito só com as

explicações do professor na

sala.

- Ajudou a tirarmos

dúvidas sem ter que esperar

uma semana até a próxima

aula.

- Aumentou a comunicação

com o professor;

- Todos os alunos sabem

usar o aplicativo;

- Da para estudar em

qualquer lugar e ter o

professor por perto.

- Os alunos que tivessem

mais conhecimento poderiam

ajudar mais os colegas menos

preparados em outras

disciplinas que não fosse só a

História através de grupos

criados para esse fim, seria

uma espécie de grupo de

reforço.

Professor da

turma

- Possibilitou adiantar

conteúdos e assuntos;

- Experiência inovadora

e estimulante entre

professores e alunos;

- Pude conhecer melhor

meus alunos,

estreitando laços de

confiança entre ambos;

- Proporcionou

aprendizagem coletiva,

colaborativa e trocas

constantes de

conhecimento;

- As discussões

iniciadas na sala de aula

eram ampliadas nos

grupos e voltavam pra

sala de aula com teor

mais crítico.

- Mesmo com horários

estipulados para as

perguntas, alguns alunos

postavam suas dúvidas

tarde da noite;

- Por não estar habituado a

usar este aplicativo como

ferramenta de ensino, me vi

sobrecarregado em alguns

momentos por não poder

atender todas as postagens

a mim direcionadas;

- Houve aumento nas notas

do 4º bimestre em relação

ao 3º bimestre, período

esse, correspondente a

atuação nos grupos;

- Foi perceptível um

aumento da participação

dos alunos nas aulas

presenciais, até os menos

participativos passaram a

passaram a interagir nas

aulas.

- Utilizar a participação nos

grupos como elemento na

composição da nota, desde

que todos os alunos possam

efetivamente participar dos

grupos;

Fonte: Resultados da pesquisa

As conclusões das discussões se direcionaram a concordância de que os grupos do

WhatsApp podem efetivamente serem utilizados como extensões da sala de aula, desde que

sigam um planejamento de cunho pedagógico que possibilite de forma eficaz promover a

aprendizagem colaborativa, móvel e ubíqua defendida nesta pesquisa.

3. O ensino de história e o WhatsApp

O ensino de História vem passando por várias transformações no decorrer das últimas

décadas, sendo que a concepção de Educação Histórica vem se firmando como base para o

desenvolvimento do pensamento histórico e formação da consciência histórica do público

escolar da educação básica (SCHIMIDT; BARCA, 2009). Nesse sentido, e nessa concepção de

ensino de História, o trabalho com a diversidade de fontes históricas contidas no universo da

grande rede, vislumbra a possibilidade de que os alunos possam reunir condições de poder ler,

interpretar fontes, discorrer pontos de vista que os levem a pensar historicamente com a

intermediação e orientação do professor (BARCA, 2007).

Para que de fato o ensino de História conflua nessa educação histórica, as aulas de

História devem convergir para verdadeiras pesquisas históricas que na definição de Rüsen

(2007, p. 104) são:

Um processo cognitivo, no qual os dados das fontes são apreendidos e elaborados

para concretizar ou modificar empiricamente perspectivas (teorias) referentes ao

passado humano. A pesquisa se ocupa principalmente da realidade das experiências,

nas quais o passado se manifesta perceptivelmente, ou seja: de “fontes”. [...] A

pesquisa é, por conseguinte, o processo no qual se obtém, dos dados das fontes, o

conhecimento histórico controlável.

A internet com sua infindável diversidade de tipos de fontes associado a sua velocidade

peculiar em obter acesso e compartilhamento dessas fontes em formato digitais, facilita aos

alunos e consequentemente aos professores, realizarem pesquisas e estudos de forma mais

efetiva, cabendo aos docentes o cuidado na seleção e uso de tais fontes no meio virtual, pois “A

rede está repleta de sites com informações históricas questionáveis, blogs que perpetuam

memórias, distorcem informações” (FERREIRA; FRANCO, 2013, p.166), uma vez que é mais

que necessário rigor e preparo para poder de fato fazer uma análise crítica e reflexiva das fontes

e com isso reler esses vestígios digitais e reinterpreta-los a base do conhecimento histórico

(FERREIRA; FRANCO, 2013).

Ensinar História e construir o saber histórico com o auxílio de ferramentas digitais,

amplia de forma exponencial o acesso as fontes históricas, por conseguinte, possibilita aos

professores enriquecer o processo de ensino aprendizagem com a incorporação de novas fontes

e saberes (FONSECA, 2009).

É com a perspectiva de utilizar de forma pedagógica e didática os grupos do WhatsApp,

não apenas como ferramenta, mas também como extensão da sala de aula no ensino da

disciplina de História, que esta pesquisa foi desenvolvida. Outros estudos recentes e paralelos

ao nosso, já vem apontando o potencial pedagógico do WhatsApp, destacando seu poder de

motivação, interativo e de compartilhamento de informações e de conhecimento,

potencialidades que podem ser identificadas no quadro a seguir.

Quadro 4. Potencialidades do uso pedagógico do WhatsApp

POTENCIALIDADES DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS

Interatividade O aplicativo pode ser utilizado para promover a interação

entre alunos e professores, e entre alunos-alunos.

Rambe e Bere (2013)

Compartilhamento de

conhecimento

O aplicativo permite a criação de autênticos contextos para

a partilha de conhecimentos em diferentes circunstâncias

entre alunos e professores, e entre alunos-alunos.

Rambe e Bere (2013)

Sensação de presença O aplicativo promove a sensação da presença do outro na

interação de comunicação, devido a sua instantaneidade.

Park, Cho e Lee

(2014)

Compartilhamento da

emoção

Permite aos usuários expressarem abundantemente

emoções em termos de uma presença social.

Park, Cho e Lee

(2014)

Motivação O WhatsApp auxilia os alunos, aumentando sua motivação

para a aprendizagem.

Rambe e Bere (2013)

Colaboração Alunos e professores podem se ajudar não só no processo

de ensino e aprendizagem, como lembranças e estímulos às

atividades.

Rambe e Bere (2013)

Baixo investimento O investimento no uso de aplicativos é relativamente baixo. Padrón (2014)

Sincronicidade e

Assincronicidade

Permite enviar e receber mensagens quando estiver on-line

e também, quando off-line, fora da cobertura da rede, ou

quando os dispositivos estiverem desligados aumentando a

possibilidade de participação.

Rambe e Bere (2013)

Fonte: FREITAS JUNIOR; SACCOL; SILVA; BARBOSA; BALDASSO, (2015).

Todas as potencialidades mostradas no Quadro 4, também foram identificadas nas

observações e constatações realizadas no desenrolar da pesquisa, principalmente na fase do

experimento, valendo acrescentar que a plataforma dos grupos, também oferecem um ambiente

multilinguagens que permite explorar e utilizar diferentes suportes narrativos (textos, ícones,

áudio, links e vídeos) diversificando não apenas a forma de estudar a História como também a

forma de ensiná-la.

Os trabalhos apresentados nos Quadros 3 e 4, dão conta de vários estudos realizados em

diferentes disciplinas de diferentes áreas do conhecimento, porém nenhum desses trabalhos se

direcionou a investigar os efeitos da utilização pedagógica dos grupos do WhatsApp como

ferramentas didáticas na promoção do aprendizado e do ensino da História, tornando esses

grupos uma extensão da sala de aula, fazendo desta dissertação, o primeiro trabalho nesta seara.

Para podermos ter uma maior compreensão do processo de construção do conhecimento

histórico dentro do ambiente virtual dos grupos do WhatsApp, tentamos esquematiza-lo de

forma condensada na figura a baixo, mostrando como os conceitos trabalhados no discorrer

deste trabalho de pesquisa, se entrelaçam e agem no processamento da informação, fazendo

desta, matéria-prima para a coautoria de novas informações e consequentemente novos

conhecimentos, no que tange a aquisição de novos saberes e sentidos no aprofundamento do

conhecimento histórico.

A construção do conhecimento histórico dentro do ambiente virtual dos grupos do

WhatsApp, se materializa como extensão da sala de aula, ao passo que conteúdos da disciplina

de História que são trabalhados em sala (ambiente formal de aprendizagem), podem ser

explorados mais efetivamente por muitas outras formas e meios possíveis, através da interação

continua entre alunos e professor, perpassando pela ação constante de acesso dos conteúdos,

informações e pesquisas dentro do universo da internet/web que promovem a interação,

compartilhamento e reconstrução de sentidos e consequentemente construção de conhecimento

que se alimenta e refaz a partir da mobilidade, ubiquidade e cooperação, decorrentes do uso

pedagógico do aplicativo, criando possibilidades de coautoria e coprodução de conhecimento,

elementos marcantes da aprendizagem colaborativa.

Destacando-se ainda, que o trato com documentos digitais e as diferentes linguagens

que se manifestam e se convergem em formato digital na rede, provocam um aumento

exponencial na quantidade de fontes que irão subsidiar a aprendizagem histórica intermediada

e construída de forma colaborativa dentro e fora da sala de aula, através dos grupos do aplicativo

WhatsApp.

4. Considerações finais

Se considerarmos a amplitude do número de usuários no Brasil e no mundo do aplicativo

WhatsApp, podemos afirmar que o mesmo ainda está sendo pouquíssimo explorado no contexto

educacional, dada a sua rica variedade de possibilidades de uso pedagógicos já mencionado no

decorrer deste trabalho.

Nosso experimento realizado em uma escola do sudeste paraense, proporcionou

resultados interessantes que nos leva a constatar algumas possibilidades reais de uso dos grupos

do WhatsApp, encarados aqui como redes sociais on-line, no sentido de torna-las ferramentas

aliadas da ação docente, quando esses grupos são utilizados com intencionalidade pedagógica

se transformam de fato em extensão da sala de aula.

No ensino de História essas potencialidades foram constatadas na medida em que o

aprendizado histórico foi facilitado diante a ampla participação dos alunos e do professor da

turma, que empreenderam um volume muito alto de interações, compartilhamento de

informações de cunho histórico com tratamento crítico e reflexivo das fontes digitais utilizadas

nas discussões e estudos realizados nos grupos e nas aulas presenciais.

A sensação de ubiquidade no que tange a versatilidade e a rapidez com que as respostas

e orientações eram postadas para sanar dúvidas e questionamentos, associado ao fato de poder

estudar e aprender em qualquer hora e lugar, os assuntos e conteúdos da disciplina de História,

fez com que os sujeitos da pesquisa desenvolvessem um aprendizado histórico construído de

forma coletiva e colaborativa.

A popularidade do aplicativo foi um fator favorável na aplicação do experimento, os

alunos se sentiram à vontade para utilizar o aplicativo com fins pedagógicos e de forma

planejada mediante a supervisão e orientação do professor e do pesquisador, uma vez que o

método da pesquisa-ação requer não apenas a participação do pesquisador como também a sua

intervenção direta no decorrer da pesquisa.

Os resultados do experimento nos revelaram que a grande maioria dos alunos como o

próprio professor da turma afirmam que a participação dos grupos do WhatsApp, facilitou a

promoção do ensino e da aprendizagem dos conhecimentos históricos.

Foram apontados as limitações e dificuldades que de certa forma pode comprometer o

objetivo de tornar o aplicativo, em parte extensiva e complementar a sala de aula, problemas de

ordem financeira e técnica podem excluir alunos que não dispõe de smartphones, planos de

internet em seus celulares ou internet em suas residências, dificultando o uso e principalmente

o acesso dos alunos as ferramentas e recursos digitais disponíveis.

Outro fator a se destacar, foi o estreitamento de laços que promoveu uma melhora

considerável na relação Professor/Aluno, pois segundo os próprios envolvidos no experimento,

as aulas passaram a ser “menos chatas” além do fato dos alunos sentirem o professor muito

mais presente e atuante dentro e fora da sala de aula.

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