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O USO DA MAQUETE NO ENSINO DA GEOGRAFIA: ESTUDO DO RELEVO Crislaine Vargas Basso 1 Elaine Marta Krempacki² RESUMO O ensino da Geografia em sala de aula, assim como outras disciplinas podem através de recursos práticos e didáticos, acrescentar no conhecimento do aluno. Este objetiva-se descrever e analisar o uso e construção de maquetes como recurso didático nas aulas de Geografia, principalmente quando se trata do estudo do relevo. Para obtenção dos resultados, foram elaboradas em prática maquetes sobre o relevo em sala de aula, como também, uma breve revisão bibliográfica para comparação dos resultados. Com o trabalho, destacou-se a importância de o professor trazer para a sala de aula, recursos didáticos como elemento diferencial na formação do aluno, também, a confecção de maquetes na compreensão do estudo do relevo. Palavras chave: Recursos didáticos. Ensino do relevo. Aprendizagem. 1. ENSINO DA GEOGRAFIA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS Hoje, existem muitas formas de ensinar, existem muitos meios e vários avanços em tecnologias que podem ser usadas em diversos conteúdos nas aulas. Porém, sabe-se que as mesmas tecnologias que contribuem, também causam a distração do aluno em sala de aula (celulares/internet), é nesse momento que o professor deve unir a prática de sua aula ao prazer dos alunos, buscar algo que para eles seja interessante. 1 Acadêmica do curso de licenciatura em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, turma 2013.email: [email protected] ² Acadêmica do curso de licenciatura em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, turma 2013.email: [email protected]

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O USO DA MAQUETE NO ENSINO DA GEOGRAFIA: ESTUDO DO RELEVO

Crislaine Vargas Basso1

Elaine Marta Krempacki²

RESUMO

O ensino da Geografia em sala de aula, assim como outras disciplinas podem através de

recursos práticos e didáticos, acrescentar no conhecimento do aluno. Este objetiva-se

descrever e analisar o uso e construção de maquetes como recurso didático nas aulas de

Geografia, principalmente quando se trata do estudo do relevo. Para obtenção dos resultados,

foram elaboradas em prática maquetes sobre o relevo em sala de aula, como também, uma

breve revisão bibliográfica para comparação dos resultados. Com o trabalho, destacou-se a

importância de o professor trazer para a sala de aula, recursos didáticos como elemento

diferencial na formação do aluno, também, a confecção de maquetes na compreensão do

estudo do relevo.

Palavras – chave: Recursos didáticos. Ensino do relevo. Aprendizagem.

1. ENSINO DA GEOGRAFIA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Hoje, existem muitas formas de ensinar, existem muitos meios e vários avanços em

tecnologias que podem ser usadas em diversos conteúdos nas aulas. Porém, sabe-se que as

mesmas tecnologias que contribuem, também causam a distração do aluno em sala de aula

(celulares/internet), é nesse momento que o professor deve unir a prática de sua aula ao prazer

dos alunos, buscar algo que para eles seja interessante.

1 Acadêmica do curso de licenciatura em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, turma 2013.email:

[email protected]

² Acadêmica do curso de licenciatura em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, turma 2013.email:

[email protected]

Os recursos utilizados em aula, como: mapas, GPS, Google Earth e Google Maps,

desenhos, vídeos, jogos, experiências práticas, pesquisas, entrevistas, internet, maquete, entre

muitos outros, vem a acrescentar no processo de ensino/aprendizagem dos alunos.

É importante ressaltar que os recursos são importantes, mas como o principal objetivo é a

aprendizagem do aluno, o professor deverá sempre buscar os melhores meios para que ela

aconteça. Santos (2001) destacam: “O ensino consiste na resposta planejada às exigências

naturais do processo de aprendizagem. Daí que mais importante é o professor acompanhar a

aprendizagem do aluno [...]” (p. 70).

Neste trabalho, o recurso a ser destacado é a maquete, uma atividade de ótima opção para

as aulas de Geografia. Para dar mais ênfase ao estudo do relevo, representando através da

maquete, os seus significados. Sabe-se da dificuldade que os professores têm em construir

recursos em suas aulas, pois muitas vezes, não recebem o auxílio da escola e precisam seguir

regras ou os métodos que ela apresenta.

Existem hoje, vários estudos acerca da utilização de recursos (como a maquete) nas aulas

de Geografia. Dentre esses estudos, Simielli (1999) afirma que a maquete é uma ótima forma

de representação que aproxima o abstrato ao concreto. Segundo Simielli, Girardi e Morone

(2007), no momento em os alunos elaboram a maquete, eles com suas habilidades também

constróem conhecimento geográfico.

Oliveira e Malanski (2008) destacam que além da maquete ser um recurso que

proporciona a percepção do espaço, ela também é um recurso inclusivo aos deficientes

visuais. Nogueira [entre 1990 e 2014] coloca que: “Os mapas são reconhecidos pelos

deficientes visuais como o principal dispositivo para entendimento geográfico do mundo e

para sua orientação e mobilidade, apesar de existirem novas tecnologias que lhes auxiliem

nisso” (p. 10).

Acerca de estudos sobre o relevo, destaca-se aqui, principalmente o trabalho de Guerra e

Guerra (2006) que compreende o relevo como as diferentes formas e aspectos da superfície da

crosta terrestre e o trabalho de Bertolini (2010) que afirma “o relevo diz respeito não somente

as formas que são vistas na superfície da Terra, mas também a todo conjunto de forças que

está além do visível, responsável pela sua gênese e transformação.” (p.52).

Este artigo divide-se em quatro seções que tratam dos pilares teóricos e conceituais da

pesquisa, sendo o mais fundamental deles os estudos de Simielli, Girardi e Morone (2007) e

Stefanello (2009). Nesse estudo, apresentam-se de forma gradativa os resultados apurados.

Para tanto, o trabalho traz uma relação de conceitos desenvolvidos por alguns autores, sendo

os mais utilizados neste artigo: Girardi e Morone (2007), Santos (2001), Stefanello (2009),

Simielli (1999), Oliveira e Malanski (2008), Guerra e Guerra (2006), Santos, Menezes e

Costella (2014), Ventorini (2007), Kaercher (2011) e Nunes e Vieira (2007).

2. METODOLOGIA APLICADA

Para a elaboração deste trabalho, pesquisaram-se artigos disponíveis no portal Scielo e

Scholar (Google Acadêmico). Todos os artigos pesquisados estão relacionados com o uso de

recursos didáticos nas aulas de Geografia, confecção de maquetes e o estudo do relevo.

Além disso, realizou-se na prática, a construção de maquetes em sala de aula. Foram

distribuídas imagens sobre relevo aos estudantes, para que eles mesmos pudessem escolher e

representá-los.

A confecção das maquetes ocorreu no mês de outubro de 2014, onde participaram os

graduandos do 4º semestre do Curso de Geografia – Licenciatura. Apresentaram-se neste dia,

os objetivos e propósitos da elaboração de uma maquete como recurso didático.

Avaliou-se a prática após o seu término, destacando-se a ampliação das formas de

ensinar os conteúdos, no caso o relevo, como também a melhor compreensão do aluno ao

aproximar o abstrato ao concreto.

A partir da análise dos trabalhos realizados com os universitários através da construção

de maquetes sobre o relevo, identificaram-se alguns resultados interessantes, os quais serão

destacados nas seções a seguir.

3. O USO DA MAQUETE COMO RECURSO DIDÁTICO AO ENSINO DA

GEOGRAFIA

A necessidade de trabalhar-se com recursos práticos no ensino da Geografia, torna-se

cada dia mais importante, pois o ensino não deve somente basear-se em leitura e interpretação

de textos, cópias de mapas e aulas expositivas. Santos, Menezes e Costella (2014) propõem

que:

Nas salas de aula, os professores de Geografia cada vez mais observam que

os estudantes, que ingressam tanto no Ensino Fundamental, e mesmo aqueles

que estão no Ensino Médio, demonstram fragilidades com relação aos

conhecimentos geográficos ou, em outros casos, um certo descontentamento

quando se remetem às aulas de Geografia. (p.4).

Os recursos práticos, como a informática, a visualização, o manejo, a criação e o

trabalho em grupo deixam mais atraentes aos alunos, facilitando o aprendizado, isto não quer

dizer que o professor deva deixar de estimular a leitura, e valorizar a teoria e o conhecimento,

mas deve buscar novas formas de atrair o aluno. “O trabalho em sala de aula exige, além de

aulas expositivas dialogadas, didática diferenciada capaz de envolver os seus alunos fazendo

com que eles sejam participativos, críticos e que de fato produzam o saber geográfico”

(STEFANELLO, 2009.p.121).

O trabalho prático contribui para o ensino de conceitos tidos como básicos, porém

fundamentais no processo de construção do conhecimento geográfico escolar.

A maquete é uma representação de um objeto real com diversas possibilidades de uso

em diferentes áreas do conhecimento. No entanto, não existe uma fórmula pronta para

desenvolver este recurso, que pode ser aplicado em todos os níveis de ensino, com diferentes

objetivos e metodologias.

Na educação, através da utilização diversificada destes recursos o professor de

Geografia assume um importante papel na formação das competências e habilidades

necessárias a compreensão do espaço geográfico pelos seus alunos, superando a simples

transmissão de informações e memorização de conteúdos. Nesse sentido, a maquete além de

representar o espaço geográfico, permite ao aluno à percepção do abstrato no concreto.

Pode-se dizer que o professor é o elo entre o ensino e a aprendizagem, devendo

sempre procurar maneiras de ampliar as formas de ministrar o conteúdo.

Dependendo do método que ele utilizará poderá proporcionar aulas criativas, sendo

a maquete um meio de intensificar os conhecimentos dos alunos de forma mais

compreensível e menos teórica. (NUNES, VIEIRA 2007, p. 4).

A construção de maquetes tem o objetivo principal de fazer com que o aluno

compreenda o espaço tridimensional representado por elas, estabelecendo diferenças entre o

bidimensional do mapa/carta e as três dimensões da maquete, além de desenvolver no

educando as noções de proporção, orientação, localização e percepção do abstrato no

concreto.

A maquete é uma das formas de representação do espaço que tem como vantagem o

fato de permitir a percepção do abstrato no concreto. Ou seja, permite que a curva de

nível – representada bidimensionalmente no mapa – seja apresentada em relevo –

representado tridimensionalmente na maquete, bem como possibilita a apresentação

de outros elementos da paisagem - rios, estradas, áreas urbanas e rurais, etc.

(SIMIELLI, 1999, p.101).

A maquete é um recurso didático, cujo valor está no fato de contribuir para a

representação do que deseja-se apresentar no caso em questão, do relevo, o qual será melhor

detalhado a seguir.

3.1 O ESTUDO DO RELEVO E SUA REPRESENTAÇÃO ATRAVÉS DA

MAQUETE

A importância de se estudar o relevo é amparada não somente pelo seu significado no

condicionamento dos processos de organização geográfica das sociedades humanas, mas

também sobre as relações entre o meio físico e os homens.

O relevo compreende as diferentes formas e aspectos da superfície da crosta

terrestre, ou seja, o conjunto de desnivelamentos da superfície do globo. Em

topografia, o relevo é definido como a diferença de cota ou altitude existente entre

um ponto e outro, porém, na geologia e na geomorfologia, é um termo descritivo,

sujeito à explicação e interpretação de sua formação e de sua paisagem. (GUERRA;

GUERRA, 2006 p.63).

Conhecer o relevo observando e caracterizando os elementos da paisagem é de grande

importância para compreender as relações entre clima, vegetação, hidrografia, biomas e ainda

a sociedade e a população, esta ultima com grande influencia na paisagem. Assim, afirma

Bertolini e Valadão (2009)

Seu entendimento passa pela compreensão da paisagem como um todo e, através do

seu estudo, é possível perceber em que medida outros aspectos naturais – tais como o

solo, o clima, a hidrografia e a vegetação – se inter-relacionam na esculturação das

diferentes formas da superfície terrestre e o que essas inter-relações acarretam à

sociedade. (p. 27)

Muito desses temas refere-se a um espaço maior do que aquele, que está ao alcance dos

olhos do aluno, dificultando assim o entendimento deste. Muitas vezes o professor também

trabalha os conteúdos separadamente, isso torna as aulas pouco instigadoras e o aluno não

consegue fazer relação com o cotidiano. Para Bertolini e Valadão (2009) “Tornar o relevo

menos abstrato à compreensão dos alunos é um desafio do ensino de geomorfologia que pode

oferecer contribuições importantes para lidar com a atual crise ambiental de forma mais

responsável e crítica”. (p.27)

Para que se possa fazer um bom trabalho em sala de aula é importante que o professor

traga praticas pedagógicas que os auxiliam, é bom também que seja feito trabalho de campo

após a explicação teórica para que o aluno entenda melhor os conceitos apresentados a eles,

uma outra sugestão são as maquetes que podem representar áreas que são impossíveis de ser

visualizadas no real.

O objetivo primário em se construir maquetes de relevo é o de possibilitar uma visão

tridimensional das informações que no papel aparecem de forma bidimensional. Poder ainda

reconhecer os compartimentos principais do relevo de um determinado território e a partir

deste reconhecimento construir novos conhecimentos, sejam os da gênese daquele

compartimento, comparando a maquete com um mapa geológico.

Assim, a maquete é um recurso didático útil para fornecer ao aluno e a todas as

pessoas interessadas na organização do espaço em que vivem a possibilidade de visualizar, em

modelo reduzido e simplificado, os principais elementos do relevo que se queira estudar.

Além disso, a maquete também serve para espacialização e localização de outros fenômenos

naturais e sociais, como: indústria, agricultura, vegetação, hidrografia, cidades, pontos

turísticos e outros.

Simielli afirma ainda que,

[...] o trabalho com maquetes não é apenas a sua confecção, mas a possibilidade de

utilização de uma ferramenta para a correlação. Quando se trabalha com a maquete,

se torna mais fácil o entendimento de correlações entre espaço físico, as ações

antrópicas e a própria dinâmica da paisagem, além dos conceitos cartográficos

aplicados a um plano tridimensional. (SIMIELLI, 1991, p.89).

Além de ser uma ótima prática, a construção de maquetes pode ser pensada também para

alunos deficientes. Pode-se acrescentar na legenda, escritas em Braille, usar cores mais

escuras para alunos dautômicos e formas de relevo diferenciadas, pois segundo Carmo (2009)

as maquetes facilitam os alunos com deficiência a compreender espaços que não são

acessíveis e nem “tocados em sua totalidades na natureza” (p. 74), neste contexto Ventorini

(2007) destaca em seu trabalho que

O Sistema Maquete/Tátil Mapavox permite inserir e disponibilizar uma quantidade

maior de informações sem saturar o material didático tátil. Os recursos sonoros

estimulam os alunos a interagirem com o sistema. A possibilidade de exploração de

um documento cartográfico por meio de dois sentidos (tato e audição) facilitou o

entendimento das informações disponibilizadas no conjunto. (p.143)

As autoras Oliveira e Malanski (2008, p. 183), destacam que a confecção da maquete

em sala é uma prática inclusiva entre os alunos, segundo eles:

Além de proporcionar aos educandos regulares outras formas de percepção do

espaço, o professor cria um ambiente inclusivo que fornece ao deficiente visual,

subsídios para que este explore melhor o meio em que vive, proporcionando-lhes

condições para que participem ativamente e conjuntamente das atividades escolares.

Nogueira [entre 1990 e 2014] coloca: “Os recursos didáticos utilizados para e ensino da

Geografia são os mais variados, mas têm em comum a requisição do sentido da visão para

serem utilizados, talvez mais que em outras disciplinas, por causa de seu caráter espacial”

(p.3). Confeccionar maquetes em sala de aula pode ser considerado um elemento muito

importante para a aprendizagem dos alunos, envolvendo também aqueles que apresentem

necessidades especiais.

3.2 CONFECÇÃO DE MAQUETE EM SALA DE AULA

Para o professor não é tarefa fácil trazer para a aula práticas diferentes como a confecção

de uma maquete, pois, muitas vezes a escola não disponibiliza todos os materiais necessários

e depender somente do aluno, pode a prática não acontecer. Porém, juntando alguns esforços

entre escola, aluno e professor, é possível elaborar algumas dessas práticas. Algumas vezes, é

necessário que o professor substitua alguns materiais de alto custo por outros mais acessíveis.

Kaercher (2011), também concorda com o posicionamento acima ao falar que:

Buscar a geografia do custo zero (gcz) e pensar sobre o que se vê (qsv) não implica

em se conformar com a pobreza de nossas escolas. Significa que podemos incluir

nossos alunos no próprio planejamento de nossas aulas e conteúdos porque a geografia

deve falar dos espaços e pessoas que vivemos e com quem convivemos. (p.12)

A construção de uma maquete de relevo é indicada tanto para os anos iniciais quanto para

a aprendizagem na leitura e interpretação de cartas topográficas com estudantes do ensino

médio e também do ensino superior.

Nos anos iniciais a construção da noção de curva de nível pode ser encaminhada a partir

da desconstrução de um sólido, tridimensional, em uma representação plana. Isso pode ser

feito por meio da utilização de um objeto que possa ser cortado em fatias de espessuras

semelhantes, como por exemplo, um chuchu, ou um objeto que possa ser posto em um

vasilhame e paulatinamente ser imerso em água. Convém que se marque no próprio objeto a

linha d´água a cada nível e depois se coloque uma folha transparente sobre o vasilhame para

se copiar as curvas marcadas no objeto (GIANSANTI, 1990).

Convém, neste caso, que se utilizem as cores hipsométricas para treinar os alunos na

leitura de mapas que habitualmente aparecerão em seu material escolar para a representação

do relevo, ou seja, a área entre as curvas mais baixas em verde, depois em amarelo, laranja e

marrom. A aprendizagem quanto ao significado das curvas de nível é uma estratégia

importante para a realização de uma maquete de relevo a partir de um mapa. Neste caso os

alunos poderão observar como é o funcionamento de sua bacia hidrográfica, terão noções

básicas de curva de nível, de escala e sistema métrico.

2.3 O RECURSO NA PRÁTICA

A produção de uma maquete com ênfase sobre o relevo e sua base cartográfica deve levar

em conta o público alvo, os objetivos do trabalho, o tempo que será dedicado ao trabalho em

sala de aula, as possibilidades materiais da escola, dentre outros fatores. Estes elementos

preliminarmente analisados balizarão a escolha do tamanho da maquete, a quantidade de

curvas a serem trabalhadas e o tipo de acabamento que será dado. Os autores Simielli, Girardi

e Morone destacam que:

É importante que no momento em que os alunos estejam trabalhando com a maquete

de relevo consigam, de acordo com as habilidades e competências que possuem,

produzir conhecimento geográfico. Essa produção se faz a partir das informações que

os elementos da maquete em si traduzem, assim como de informações que possam ser

sobrepostas à maquete e trabalhadas para a elaboração de conceitos e para a

compreensão de fenômenos em suas interações com o relevo. (SIMIELLI; GIRARDI;

MORONE, 2007, p.147).

Pensando em uma aula voltada para o estudo do relevo, o professor pode elaborar diversas

dinâmicas e práticas. No trabalho que será apresentado a seguir, o professor pode utilizar

diversas imagens de diferentes tipos de relevo para que possam ser escolhidas pelos alunos.

Após cada aluno escolher a imagem com o relevo de seu agrado, é hora de colocar a mão na

massa.

A seguir, algumas fotos do momento de confecção de maquetes sobre o relevo:

Fotografia 1: Confecção da Maquete 1

Fonte: UFFS, 2014

Foto de Crislaine Basso

Fotografia 2: Confecção da Maqute 2

Fonte: UFFS, 2014

Foto de Crislaine Basso

Fotografia 3: Confecção da Maquete 3

Fonte: UFFS, 2014

Foto de Crislaine Basso

Para a realização de uma prática, como a demonstrada acima são necessários os

seguintes materiais:

4 kg de massa de vidro (depende do relevo a ser representado)

Tinta guache (varias cores)

Isopor 50 x 50 (Aproximadamente, depende da imagem que o grupo vai escolher para

montar)

Pinceis (vários tamanhos)

Materiais utilizados para limpeza

Pano

Copo para lavar os pincéis

Jornais

Recomenda-se esta prática, somente após ter trabalhado os conteúdos anteriormente as

referentes imagens selecionadas, facilitando o entendimento dos alunos na hora de produção

das maquetes.

É de extrema importância que as imagens selecionadas pelo professor, não sejam

repetidas, que possuam diferentes formas de relevo, assim cada grupo terá que produzir uma

maquete diferente.

Logo após a confecção das maquetes cada grupo terá que explicar para a turma o porquê

da escolha da imagem e os processos geográficos que originaram a maquete em questão.

Os grupos após escolher a sua imagem trabalharam com a massa de vidro até modelar a

forma escolhida, após a imagem estar modelada deverá ser pintada.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante destacar, que recursos didáticos trazidos pelo professor em uma sala de aula

intensificam o aprendizado do aluno, independentemente de o recurso ser uma maquete ou

não. A realização destes recursos depende principalmente do professor.

O educador tem o importante papel de ser o motivador ao aluno, pois, as oportunidades

existem. Hoje, pode-se contar com diversas tecnologias e instrumentos modernos que podem

nos auxiliar. A aula de Geografia, neste sentido, tem inúmeras possibilidades de cativar o

interesse do aluno e proporcioná-los crescimentos surpreendentes. Afinal, ser professor é

inovar, é ter vontade de querer sempre mais, e nunca deixar-se estagnar no tempo ou

desanimar pelas dificuldades.

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