o uso consciente de ocitocina pode aumentar a...

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O Brasil ocupa posição de destaque no cenário leiteiro mundial, é o se- gundo maior rebanho e o sexto maior produtor bovino do mundo. A intenção de aumentar a produção leiteira mundial motivou e motiva até hoje pesquisadores no desco- brimento de novas técnicas, equi- pamentos, medicamentos e hormô- nios. A ocitocina é um hormônio ampla- mente utilizado nos animais e seres humanos desde seu descobrimento na década de 50. Com a intenção de aumentar a produção leiteira, técni- cos e produtores fazem uso desse hormônio muitas vezes sem saber qual o seu funcionamento e a forma correta de utilizá-lo. A ocitocina é um hormô- nio produzido pelo hi- potálamo, um pequeno órgão na base do cérebro do animal. Esse hormô- nio possui várias funções no organismo, dentre elas a função de estimu- lar a contratação uterina, controlar as hemorra- gias do útero e estimular a ejeção de leite. Anatomia do úbere e a descida do leite A glândula mamária é um órgão produtor e secre- tor de leite composto por um tecido glandular e um sistema de ductos e cisternas. O tecido glan- dular produz o leite que é posterior- mente conduzido através de ductos até as cisternas de armazenamento. Aproximadamente 80% da quanti- dade de leite produzida fica retida no tecido glandular, sendo necessária a presença da ocitocina para que ele possa ser ejetado para fora do úbere. Os outros 20% restantes fi- cam armazenados nos ductos e cis- ternas, prontamente disponível para o bezerro ou para a ordenha. A liberação da ocitocina tão necessária para a ejeção do leite é feita naturalmente pela ação de es- tímulos externos, como estímulos táteis nos tetos do animal pela or- denha (manual ou mecânica), a pre- sença do bezerro ao pé (zebuínos), som do equipamento de ordenha, entre outros. Leite residual Em uma situação ideal de ordenha, em que as vacas estão sob os es- tímulos que as fazem liberar níveis adequados de ocitocina, há a re- tenção de cerca de 5 a 20% de leite residual que permanece na glându- la mamária do animal. Um dos problemas decorrentes dessa retenção, é o aumento dos índices de mastite no rebanho pelo fato desse leite residu- al servir como substrato para o desenvolvimen- to microbiano. Além disso, o leite residual estagnado no úbere induz a produção de uma glicoproteína de- nominada FIL (feedback inhibitor of lactation) que exerce influência negativa na atividade e quantidade de células secretoras e também na síntese de proteína e lactose do leite. Disfunções da produção da ocitocina Vacas leiteiras especializadas de primeira lactação podem ter dis- funções na produção da ocitocina e consequentemente queda na de- scida do leite durante as primeiras semanas pós-parto. Isso ocorre em O uso correto deste hormônio permite o aumento do volume final da produção leiteira, podendo aumentar inclusive os níveis de caseína e proteínas do leite. Anatomia da glândula mámaria bovina Figura 2. Adaptado de: https://s3.amazonaws.com/classconnection/150/flashcards/7797150/jpg/01- 1504BE7F835294379DA.jpg O USO CONSCIENTE DE OCITOCINA PODE AUMENTAR A LUCRATIVIDADE LEITEIRA.

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O Brasil ocupa posição de destaque no cenário leiteiro mundial, é o se-gundo maior rebanho e o sexto maior produtor bovino do mundo. A intenção de aumentar a produção leiteira mundial motivou e motiva até hoje pesquisadores no desco-brimento de novas técnicas, equi-pamentos, medicamentos e hormô-nios.

A ocitocina é um hormônio ampla-mente utilizado nos animais e seres humanos desde seu descobrimento na década de 50. Com a intenção de aumentar a produção leiteira, técni-cos e produtores fazem uso desse hormônio muitas vezes sem saber qual o seu funcionamento e a forma correta de utilizá-lo.

A ocitocina é um hormô-nio produzido pelo hi-potálamo, um pequeno órgão na base do cérebro do animal. Esse hormô-nio possui várias funções no organismo, dentre elas a função de estimu-lar a contratação uterina, controlar as hemorra-gias do útero e estimular a ejeção de leite.

Anatomia do úbere e a descida do leite

A glândula mamária é um órgão produtor e secre-tor de leite composto por um tecido glandular e um sistema de ductos e cisternas. O tecido glan-dular produz o leite que é posterior-mente conduzido através de ductos até as cisternas de armazenamento. Aproximadamente 80% da quanti-dade de leite produzida fica retida no

tecido glandular, sendo necessária a presença da ocitocina para que ele possa ser ejetado para fora do úbere. Os outros 20% restantes fi-

cam armazenados nos ductos e cis-ternas, prontamente disponível para o bezerro ou para a ordenha.A liberação da ocitocina tão necessária para a ejeção do leite é feita naturalmente pela ação de es-tímulos externos, como estímulos

táteis nos tetos do animal pela or-denha (manual ou mecânica), a pre-sença do bezerro ao pé (zebuínos), som do equipamento de ordenha, entre outros.

Leite residual

Em uma situação ideal de ordenha, em que as vacas estão sob os es-tímulos que as fazem liberar níveis adequados de ocitocina, há a re-tenção de cerca de 5 a 20% de leite residual que permanece na glându-la mamária do animal.

Um dos problemas decorrentes dessa retenção, é o aumento dos índices de mastite no rebanho pelo

fato desse leite residu-al servir como substrato

para o desenvolvimen-to microbiano. Além disso, o leite residual estagnado no úbere induz a produção de uma glicoproteína de-nominada FIL (feedback inhibitor of lactation) que exerce influência negativa na atividade e quantidade de células secretoras e também na síntese de proteína e lactose do leite.

Disfunções daprodução da

ocitocina

Vacas leiteiras especializadas de primeira lactação podem ter dis-funções na produção da ocitocina e consequentemente queda na de-scida do leite durante as primeiras semanas pós-parto. Isso ocorre em

O uso correto deste hormônio permite o aumento do volume

final da produção leiteira, podendo

aumentar inclusive os níveis de caseína e proteínas do leite.

Anatomia da glândula mámaria bovina

Figura 2. Adaptado de: https://s3.amazonaws.com/classconnection/150/flashcards/7797150/jpg/01-1504BE7F835294379DA.jpg

O USO CONSCIENTE DE OCITOCINA PODE AUMENTAR A LUCRATIVIDADE LEITEIRA.

razão de todas as mudanças na roti-na do animal comuns nesse período, reduzindo a produção desse hormô-nio pelo hipotálamo.

Vacas zebuínas ou mestiças apre-sentam maior necessidade da pre-sença do bezerro para que haja produção adequada de ocitocina. Há pesquisas que comprovam que a presença do bezerro resulta em produção leiteira quase 10% maior, sendo importante também para a diminuição da quantidade de leite residual no úbere. Esse é um entrave no contexto da pecuária brasileira, visto que a maior parte do rebanho leiteiro de nosso país é composto por animais com sangue zebuíno, a presença dos bezerros na ordenha representa maior demora no pro-cesso, aumento de mão-de-obra, além de maiores gastos com insta-lações.

De forma secundária, a liberação de adrenalina decorrente da dor, estresse, infecções, presença de pessoas estranhas na ordenha, mu-dança na rotina dos animais, dentre

outros fatores, inibem a ação da oc-itocina. Manter a rotina tranquila na ordenha, além de manter a saúde e sanidade do rebanho tornam-se es-senciais para uma produção leiteira estável.

Ocitocina injetável

A ocitocina sintética injetável é a al-ternativa para a resolução dos casos em que há distúrbios na produção e na ação deste hormônio, o seu uso correto representa benefícios ao produtor em várias situações como no aumento do volume final de leite da propriedade, decorrente ao au-mento da ejeção de leite e diminuição do leite residual. Em consequência da ejeção do leite residual, promov-ida pela ocitocina, há também a di-minuição dos índices de mastite por reduzir o substrato para os micror-ganismos se desenvolverem. Até a qualidade do leite pode melhorar através da diminuição da FIL, que em certas quantidades reduz a síntese de caseína e proteína no leite.O uso desse hormônio sintético tam-bém é uma alternativa à retirada do

bezerro ao pé das vacas azebuadas durante a ordenha, possibilitando maior facilidade no manejo e econo-mia com instalações.

Cuidados no uso da ocitocina injetável

Mesmo havendo diversos benefícios relacionados a ocitocina, é necessário que haja prudência em sua utilização. Assim como qualquer outra aplicação injetável, é necessário que se respeite as Boas Práticas Clínicas não compartilhan-do agulhas e respeitando as doses e vias de aplicação, de preferência via intramuscular ou intravenosa.

O uso contínuo da ocitocina pode deixar a vaca com uma certa de-pendência, entretanto, demora ape-nas dois dias aproximadamente para que a mesma saia deste estado de dependência e restabeleça a descida habitual de leite.

Figura 1. Fonte: http://phys.org/news/2014-11-fertility-zealand-dairy-cows.html

INDICAÇÕES:Favorece a descida do leite

Auxilia no tratamento da mastite (Retirada do leite residual)

Indução do parto

Indução das contrações uterinas após cesariana ou parto normal

Auxilia na expulsão da placenta

Auxilia no tratamento de atonia uterina

MODO DE USO:Vacas2 a 5 mL via intramuscular ou subcutânea ou 1,5 a 4 mL via endovenosaÉguas2 a 5 mL via intramuscular ou subcutânea ou 1,5 a 4 mL via endovenosa

Porcas(até 200Kg)2 a 5 mL via intramuscular ou subcutânea

Porcas(acima de 200Kg)3 mL via intramuscular ou subcutânea ou 1 a 2 mL via endovenosa

Consulte sempre um Médico Veterinário

Ovelhas e Cabras0,3 a 1,5 mL via intramuscular ou subcutânea ou 0,2 a 1 mL via endovenosa