o turismo como perspectiva de atuação do profissional de comunicação

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CAMBIASSU – EDIÇÃO ELETRÔNICA Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ISSN 2176 - 5111 São Luís - MA, Janeiro/Dezembro de 2010 - Ano XIX - Nº 7 39 O TURISMO COMO PERSPECTIVA DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO Prof. Dr.Esnel José Fagundes Prof. Dr. Sílvio Rogério Rocha de Castro RESUMO: Identifica o turismo, sua evolução, seus conceitos e sua estrutura como fenômeno da conteporaneidade. Mapeia os elementos que o turismo engloba nas mais diversas áreas, como social, ambiental, humana, econômica e cultural. Analisa os motivos que levam o homem a viajar, num ambiente diferente do seu habitat, em busca de conforto e segurança, na maioria das vezes. Desenvolve definições de turismo numa perspectiva comunicacional, por se achar que a habilidade de gerenciamento dos relacionamentos por meio da comunicação e seus profissionais é fundamental. PALAVRAS-CHAVE: Turismo – nordeste – relações públicas - comunicação - Brasil ABSTRACT: Identifies tourism, its evolution, its concepts and its structure as a phenomenon of contemporaneousness. Maps the elements that tourism encompasses the most diverse areas as social, environmental, human, economic and cultural. It analyzes the reasons that lead a man to travel in an environment different from their habitat in search of comfort and safety, in most cases. Develop definitions of tourism in a communicational perspective, because they find that the ability to manage relationships through communication and its professionals is essential. KEYWORDS: Tourism - northeast - public relations - communication - Brazil INTRODUÇÃO Neste artigo busca-se demonstrar o que é o turismo e quais são as suas características, sem muito aprofundamento, apenas para demarcar sua evolução. A compreensão do turismo no Brasil se dá por meio de estudos realizados por autores consagrados, quando se procura entender as características do turismo como atividade econômica e social, onde estão

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Turismo para Profissionais de Comunicação

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  • CAMBIASSU EDIO ELETRNICA Revista Cientfica do Departamento de Comunicao Social da

    Universidade Federal do Maranho - UFMA - ISSN 2176 - 5111 So Lus - MA, Janeiro/Dezembro de 2010 - Ano XIX - N 7

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    O TURISMO COMO PERSPECTIVA DE ATUAO DO PROFISSIONAL DE COMUNICAO

    Prof. Dr.Esnel Jos Fagundes Prof. Dr. Slvio Rogrio Rocha de Castro

    RESUMO: Identifica o turismo, sua evoluo, seus conceitos e sua estrutura como fenmeno da conteporaneidade. Mapeia os elementos que o turismo engloba nas mais diversas reas, como social, ambiental, humana, econmica e cultural. Analisa os motivos que levam o homem a viajar, num ambiente diferente do seu habitat, em busca de conforto e segurana, na maioria das vezes. Desenvolve definies de turismo numa perspectiva comunicacional, por se achar que a habilidade de gerenciamento dos relacionamentos por meio da comunicao e

    seus profissionais fundamental.

    PALAVRAS-CHAVE: Turismo nordeste relaes pblicas - comunicao - Brasil

    ABSTRACT: Identifies tourism, its evolution, its concepts and its structure as a phenomenon of contemporaneousness. Maps the elements that tourism encompasses the most diverse areas as social, environmental, human, economic and cultural. It analyzes the reasons that lead a man to travel in an environment different from their habitat in search of comfort and safety, in most cases. Develop definitions of tourism in a communicational perspective, because they find that the ability to manage relationships through communication and its professionals is essential.

    KEYWORDS: Tourism - northeast - public relations - communication - Brazil

    INTRODUO

    Neste artigo busca-se demonstrar o que o turismo e quais so as suas caractersticas, sem muito aprofundamento, apenas para demarcar sua evoluo. A compreenso do turismo

    no Brasil se d por meio de estudos realizados por autores consagrados, quando se procura entender as caractersticas do turismo como atividade econmica e social, onde esto

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    embutidas relaes sociais, o que implica perceber recortes especficos de antropologia, histria, sociologia, economia, geografia, comunicao, arquitetura, planejamento ambiental, urbanismo, etc. Com o intuito de compreender os tipos de relacionamentos - pessoais, interpessoais, organizacionais - provocados pelo turismo, anseia-se entender os tipos de turismo e as motivaes das viagens. E ao identificar as motivaes para a realizao de

    viagens, as organizaes envolvidas podero utilizar-se de veculos de comunicao para atender as necessidades dos viajantes. Procura-se nesse estudo despertar o interesse de profissionais da rea de comunicao para estabelecer, manter e gerenciar relacionamentos que envolvam a organizao do turismo e seus pblicos.

    Turismo no Brasil

    Fenmeno comum nos dias de hoje, o turismo pode ser explicado por meio de literatura de razes longnquas. Porm, no objetivo deste estudo trazer tona a idia dos que recorrem Bblia para encontrar as razes da viagem. Apenas para registro, a passagem bblica a que se reportam e estudam vrios autores a de que alguns homens foram

    enviados terra de Cana em busca de informaes demogrficas, agrcolas, topogrficas e outras, referentes quele pas, ou seja, a ao de viajar em busca de conhecimento, corresponde palavra hebraica tur.

    Na medida em que durante os tempos se foram conjugando os verbos comer, dormir, comprar e conhecer , o turismo deixou de ser uma atividade para amadores, exigindo-se mais qualidade, mais profissionalismo, mais tecnologia e mais

    produtividade daqueles que recebem. A evoluo do turismo e os seus conceitos foram evoluindo com o seu prprio desenvolvimento, que teve na ps-segunda guerra seu

    perodo de crescimento, considerado como marco do turismo estruturado.

    Assim como qualquer outra atividade econmica, o turismo possui caractersticas especiais que o tornam nico e especfico. Entre essas caractersticas,

    Schuch (2001, p. 37),destaca a rigidez dos componentes do fornecimento (1); a instabilidade da procura (2); a sensibilidade da procura (3); a variao da procura de acordo com a estao (4 ); e a concorrncia entre destinos e a distribuio (5). Este ltimo faz com que o turismo seja diferente dos demais produtos oferecidos na era industrial.

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    No turismo, o consumidor compra um produto com vrias etiquetas (de todas as organizaes que intervm no pacote do produto). Isto faz com que o turista veja a qualidade do conjunto e no das partes. Portanto, deve-se estabelecer entre as partes envolvidas no sistema do turismo consenso no estabelecimento de estratgias e objetivos.

    Esta viso sobre o turismo como fator econmico possui uma grande quantidade

    de obras, que focalizam seus estudos na esfera dos impactos provocados pelo turismo,principalmente, os impactos positivos.

    A globalizao tambm trouxe vrios benefcios para o turismo, disponibilizando uma

    ampla acessibilidade aos produtos, crescimento de novas destinaes, aumento do turismo de negcios, aumento de instalaes e dos servios tursticos, conforme

    constata-se em, Beni:

    Considerando os efeitos ampliadores da globalizao, surgiram estratgias globais para identificar, desenvolver e comercializar o turismo de base local em clusters e redes corporativas de empresas, como, por exemplo,operadoras tursticas, empresas de transporte areo, cadeias hoteleiras e um pool promocional de pequenas e mdias empresas agregadas cadeia produtiva do turismo (BENI, 2003, p. 28).

    Beni acrescenta que importante destacar que a mudana estrutural em todos os setores do turismo foi induzida pela dinmica interna de cada um desses setores nos

    diferentes pases, nas diferentes economias, nas diferentes vocaes tursticas regionais e nas diversas motivaes polticas e sociais dos agentes institucionais pblicos e

    privados, como tambm nos atores sociais e na participao da populao das comunidades envolvidas.

    Entende-se, apesar disso, que o turismo, embora mundializado, continua sendo

    uma atividade concentrada em algumas regies e localizaes. Porm, no se pode negar a tendncia do turismo em se globalizar quando se perceber os tipos de turismo que foram aparecendo no decorrer dos tempos como, por exemplo, o turismo ecolgico, o turismo de aventura, o turismo rural, o turismo endgeno , o turismo de

    neg cios, entre outros. A globalizao proporcionou para diversas regies a perspectiva de expanso e fortalecimento do mercado turstico internacional. Porm, para que os

    pases em desenvolvimento ofeream produtos tursticos em condies de

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    competitividade com os locais j estabelecidos como tursticos, necessrio que desenvolvam polticas de turismo com base nas recomendaes de organizaes mundiais voltadas para o comrcio e para o desenvolvimento sustentvel Para Netto e Trigo (2003, p. 28), so trs os fatores fundamentais para o desenvolvimento do turismo em um pas ou regio:

    Os trs fatores fundamentais para o desenvolvimento do turismo em um pas ou regio so estabilidades poltica, social e econmica. Se houver a inexistncia de um desses fatores ainda possvel o desenvolvimento ou a manuteno do fluxo turstico, mas se dois desses fatores estiverem comprometidos, certamente o turismo sofrer um decrscimo acentuado.Porm, h um fator isolado que compromete definitivamente o setor de viagem e turismo: o terrorismo. (NETTO e TRIGO, 2003, p. 28).

    A comunicao global, feita por meio de instrumentos como a internet, a televiso acabo, e ainda, as publicaes especializadas em turismo faz com que novos viajantes se interessem em conhecer novos destinos, no se restringindo mais a realizar a mesma viagem,ao mesmo local, na mesma poca, conforme destaca Mrio Beni, ao discorrer que o mundo est penetrando no alvorecer de um novo turismo, uma era de viagens em escala macia verdadeiramente global. Pessoas das mais variadas classes sociais e de todos os pases viajam para todos os quadrantes do planeta.

    Assim, percebe-se que o turismo no apenas um fato gerador de renda, e sim um fenmeno que deve ser entendido a partir de inmeras facetas que envolvem o existir humano.Portanto, os benefcios ou malefcios sociais do turismo devem ser estudados proporcionando uma anlise mais profunda e abrangente do seu desenvolvimento. O

    turismo,um grande negcio global, tambm prazer, satisfao humana, um convite para o conhecimento de culturas diferentes, a possibilidade de explorar o planeta,

    o imaginrio das pessoas que expressa sentimentos os mais variados possveis. Identifica-se, desta forma, a quantidade de elementos e fatores que o turismo engloba: humanos, sociais, ambientais, econmicos, culturais, etc.

    Independente do tipo de turismo que praticado, entende-se que o turista e os autctones encontram-se em situaes opostas e diferentes. A necessidade de trabalho de um a liberdade e o lazer do outro. Compreende-se que o ambiente de frias choca-se

    com o ambiente de trabalho, a necessidade de repouso com a necessidade de sobrevivncia. Esta relao, turista & autctones, gera vrios tipos de sentimentos e de

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    atitudes de ambas as partes. De um lado, o turista que est num ambiente estranho ao seu habitat, busca conforto e segurana, do outro, os que vivem do turismo no seu cotidiano corriqueiro. Desta forma, a distncia ou a aproximao depender da boa vontade dos dois.

    Registra-se que, para os autctones, acontecem sempre as mesmas excurses, as

    mesmas festas, nas mesmas datas e, conseqentemente, as mesmas indagaes. Para o turista tudo novidade. Para o autctone, a repetio do seu dia-a-dia.

    Nas anlises recentes sobre o turista e suas caractersticas, a grande maioria dos

    autores pesquisados, trata o turista como cliente, numa viso do homem como consumidor de um produto ou servio. Desta forma, aspectos sobre o consumidor de

    turismo so encontrados em Crisstomo, que identifica os motivos para se realizar uma viagem:

    No mundo iniciou-se um estudo para identificar os motivos que levam as pessoas a viajar. As pesquisas apontavam que viajar era sinnimo de prestgio social (status) na dcada de 1950. Atualmente, o prestgio, ainda social, caracteriza a motivao pelas viagens tursticas, mas observa-se que prevalece a inteno de fuga do cotidiano. As motivaes de viagens tursticas podem ser caracterizadas em dois tipos: Motivao de sair: fugir dos problemas do cotidiano;fugir da rotina;descansar;fugir do ambiente poludo. Motivao de ir:diverso; interesses culturais;crescimento curricular ou completar estudos;novidades em feiras ou exposies;interesse por novos lugares, novidades;aventuras;convivncia com a natureza (CRISSTOMO, 2004, p. 73).

    A sociedade atual vive uma mobilidade frentica, aproveitando todas as oportunidades para viajar e fugir do cotidiano com a maior freqncia possvel. No importa se so finais de semanas, feriados ou longas viagens de frias. A necessidade de viajar para fugir do dia-a-dia est cada vez mais evidente, tornando-se perceptvel ao se verificar que ano aps ano, finais de semana aps finais de semana, milhes de

    pessoas enfrentam congestionamentos em estradas, aeroportos e rodovirias. Nos locais tursticos formam-se filas nos restaurantes e nas lojas. As praias esto cada vez mais cheias.

    A necessidade de viajar para fugir das atividades corriqueiras est clara em Krippendorf.

    Nos nossos dias, a necessidade de viajar , sobretudo, criada pela sociedade e marcada pelo cotidiano. As pessoas viajam porque no se sentem mais

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    vontade onde se encontram, seja nos locais de trabalho, seja onde moram sentem necessidade urgente de se desfazer temporariamente da rotina massificante do dia-a-dia do trabalho, da moradia e do lazer, a fim de estarem condies de retom-la ao regressarem. O trabalho cada vez mais mecanizado, compartimentado e determinado fora da esfera de sua vontade... Para encontrarmos uma compreenso para tudo o que nos falta no cotidiano, para tudo o que desapareceu, viajamos, desejamos liberar-nos da dependncia social, desligar-nos e refazer as energias, desfrutar da independncia e da livre disposio do prprio ser, entabular contatos,descansar, viver a liberdade e procurar um pouco de felicidade(KRIPPENDORF, 2001, p. 14).

    Sobre a viagem

    Entende-se que se viaja para sobreviver, para recarregar as energias e voltar ao afazeres do cotidiano. Para isso, a sociedade coloca disposio a indstria do lazer,

    que a cada dia se apodera mais do tempo livre dos cidados. Nas viagens, o turista consome o clima, a natureza, a cultura do local visitado, torna-se mais experiente a cada dia e com isso torna-se mais exigente na escolha do destino e nas atividades que gostaria de desenvolver. Aliam-se a isto as variveis, culturais, econmicas e sociais do contexto nas quais as pessoas

    vivem.

    As razes para viajar so as mais variadas possveis, segundo uma pesquisa realizada em 1985, pelo Studienkreis fr Tourismus, passando da necessidade de relaxar pela busca doar puro, fuga do mau tempo, dedicao a hobbies, cuidar da sade e outros.

    A partir dos anos 60, quando surgiram os primeiros estudos dobre a psicologia do turismo, a motivao para a realizao das viagens pouco se alterou. S a partir dos anos 70uma leve tendncia par a a realizao de frias ativas foi sentida nas pesquisas. Atualmente, o desejo de no fazer nada, de dormir, est cedendo lugar para os desejos de encontrar pessoas,brincar, divertir-se, praticar hobbies, etc. Quanto motivao principal, isto , hygiene psquica, permanece no topo dos motivos das viagens. Estas informaes so

    obtidas por meio de pesquisas realizadas por entidades de turismo e hotelaria com o objetivo de se preparar para receber o turista melhor.

    Na literatura sobre turismo, so vrias as teses que buscam explicar os motivos

    que levam o homem a viajar cada vez mais. Segundo Krippendorf (2001, p. 46), a verdade pode no se encontrar em uma ou outra tese e sim na mistura das diferentes

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    interpretaes. O autor discute algumas das teses que a literatura sobre turismo prope o que vale a pena ser registrado.

    Viajar descansar, refazer-se esta proposta discute a viagem como uma vlvula de escape para os problemas cotidianos. O viajante refaz-se para voltar ao seu dia-a-dia. A proposta baseada a necessidade do homem de curar as doenas modernas, surgidas

    principalmente aps a Segunda Guerra Mundial.

    Viajar compensar e se integrar socialmente aqui o lazer visto como uma droga aprovada pela sociedade, onde o turista pode contrabalanar seus dficits e privaes.

    a necessidade da socializao do ser humano. Viajar fugir a mais difundida de todas as teses coloca o turismo como a sada para os problemas que o ser humano encontra

    dentro de si.Viajar comunicar-se em contrapartida ausncia das relaes interpessoais vividas no dia-a-dia. Esta tese defende que o turista deseja estabelecer contato e conhecer outras pessoas.Viajar alargar o prprio horizonte as necessidades de se conhecer novos hbitos e costumes so defendidas nesta tese.

    Viajar ser livre e independente a libertao das coeres que sofremos no nosso cotidiano, o dispor de si mesmo. O turista no est submetido s mesmas

    ordens, regras e obrigaes dirias. Par a o pesquisador em turismo e telogo alemo Paul Rieger, as ferias constituem, talvez, o ltimo baluarte invicto da liberdade humana da nossa sociedade.

    Viajar partir para a descoberta de si mesmo o turista dispe de tempo para cuidar de si, do seu eu, para se conhecer, descobrir sua harmonia interior. Viajar ser feliz ao se tornar livre das tenses e coeres do seu cotidiano o turista experimenta a liberdade ocorrendo assim o estado da felicidade.

    Alista poderia se prolongar por todos os motivos que levam o homem a viajar,porm, importante entender que o prprio turista um ser complexo, o que torna difcil classific-lo. As motivaes das viagens perpassam uma percepo difusa que leva as conjecturas, no entanto, sem esclarecer o substancial. Krippendorf, enfatiza:

    Pouco importa para onde se vai, desde que se afaste do cotidiano, que se possa desligar, mudar de ambiente. Nesse sentido, os locais em si no importam para a maioria dos turistas. O principal que haja neve para esquiar, sol para bronzear, mar onde se banhar e oportunidades de

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    congraamento e distraes. O fato de ir ao encontro de, o desejo de descobrir, de ir conscientemente ao encontro de outros seres humanos, outras regies e culturas, assim como a introspeco, exerce uma funo apenas acessria. O egocentrismo, contudo, onipresente, ou quase. No se mais aquele que recebe instrues, mas aquele que as d, e com a inteno de aproveitar esta oportunidade ao mximo (KRIPPENDORF, 2001, p. 51).

    Viajar turismo?

    O turismo mais que simplesmente uma viagem, um campo de atividade profissional, um importante fator de desenvolvimento scio, cultural e econmico, em escala nacional e internacional.

    Identifica-se, assim, a complexidade do turismo, que ao ser conceituado visto sob vrios enfoques, caracterizando diversas linhas de pensamentos. Procura-se entender as diversas definies de turismo com base na literatura utilizada e nas definies

    elaboradas pelos rgos oficiais do setor.

    A Organizao Mundial do Turismo, OMT, define turismo como as atividades

    que as pessoas realizam durante suas viagens e permanncia em lugares distintos dos que vivem,por um perodo de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negcios e outros.

    Nielsen assinala que o turismo tem muitas abordagens, dentre as quais, as seis mais Importantes so:

    Definio econmica ao se encarar o turismo como uma atividade econmica, ela reconhecida, principalmente, como uma outra indstria qualquer.

    Definio tcnica planejadores da rea de turismo apresentam diferentes interpretaes sobre turismo, de acordo com suas necessidades e orientaes individuais. Assim sendo, a abordagem utilizada por eles para definir turismo refletir qualidades tcnicas mais especficas.

    Definio experimental esta definio abrange adequadamente um elemento subjacente de escapismo, o conceito de fugir da confusa rotina diria a fim de expressar algum tipo de fantasia. O bem-estar e o desenvolvimento emocional inerente a essa definio e merece uma anlise mais profunda.

    Definio psicolgica os benefcios psicolgicos do turismo, medida questo associados a viagens de frias, tambm podem estar vinculados aos fatores determinantes da motivao e da demanda econmica por viagens.

    Definio holstica esta definio bastante geral sobre turismo e viagens em vrios nveis, incluindo o objetivo e os meios de viagem, durao pretendida, variao de preos, estilo de acomodao e tipo de turismo(cultural, de aventura, viagens de um dia e assim por diante). Ela fornece detalhes e

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    abrangncia suficientes. No se refere especificamente ao lado empresarial do turismo, mas oferece uma descrio til para introduzir um recm chegado ao estudo da rea.

    Definio de marketing/comunicao na tentativa de transmitir o conceito de turismo a mltiplos usurios(estudantes, profissionais, acadmicos,empresas, governos e mdia), uma definio de mercado ou comunicao pode ser a melhor maneira de compreender o turismo como um ato ou uma inteno (NIELSEN, 2002, p. 12).

    Em Crisstomo (2004, p. 311), encontra-se um conceito de turismo dentro de uma abordagem que caracteriza tempo e distncia, na medida em que ele afirma que a

    soma de relaes e de servios resultante de um cmbio de residncia temporrio e voluntrio motivado por razes alheias a negcios ou profissionais. Assim, deslocamento de uma ou mais pessoas para uma localidade dista mais d e 100 km e por um perodo acima de 24 horas e inferior a 180 dias sem exercer atividade remunerada neste

    local. Uma estada de uma ou mais noites em feriados, visitas a amigos ou parentes, conferncias de negcio ou alguma outra finalidade, exceto coisas como estada para

    instruo ou ainda emprego semi permanente.

    Numa viso voltada para a sociedade atual, onde a finalidade a negociao,encontra-se em Rose (2002, p. 01), uma definio para o turismo como produto, vista por meio de uma viso que tem como sustentao o marketing, uma vez que

    para ela o turismo uma atividade econmica pertencente ao setor tercirio e que consiste em um conjunto de servios que se vende ao turista. Os referidos servios esto necessariamente inter relacionados de tal forma que a ausncia d e um deles dificulta e at inviabiliza a venda ou prestao de todos os outros; possuem peculiaridades rigidamente determinadas para as quais se traslada o turista, ainda que a comercializao possa realizar-se no local de produo ou fora dele, ou seja, no ponto de origem da demanda. A diferena marcante que na atividade turstica no se realiza uma distribuio fsica do produto, pois o consumidor que se desloca at a fonte

    de produo.

    O turismo um fenmeno multicultural, onde as relaes interpessoais esto sempre presentes. Considerado uma indstria da ps-modernidade, o turismo tem a capacidade de apresentar o estranho como um produto que no ameaa e que passvel de ser desfrutado. O movimento que as pessoas fazem em territrio estranho e a

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    possibilidade de provar a singularidade alheia faz com as viagens tornem-se um fenmeno excitante, onde o visitante est sempre em busca da diferena. Assim, entende-se que o turismo tambm um fenmeno comunicacional dos mais poderosos desta poca que, alm de utilizar as mais modernas ferramentas da comunicao, o face-a-face, produz um antdoto homogeneizao cultural do mundo.

    Nielsen, desenvolve uma definio de turismo dentro de uma viso comunicacional,demonstrando a fora desta indstria:

    Como nenhuma outra indstria, o turismo a indstria da ps-modernidade. Sua natureza simblica demanda um rico acervo de signos Made indispostos descoberta e revelao(encantamento). Os mass media embalam o movimento excitando suas virtudes. E os grupos culturais aprendem a domar o olhar do visitante incorporando seus mundos simblicos rota. Um encontro de emissores falantes e receptores viajantes, permeado de cenrios, arquitetura, religio, culinria, arqueologia e tudo o mais capaz de falar sobre o espao sob observao.E antes que tal dilogo torne-se extenuante e exceda os limites do surfer sobre as ondas, entre sacolejos e sobressaltos, volta-se para casa. Por isso, o turismo mgico e funciona. excitante, rpido, atende s necessidades e de fcil digesto (NIELSEN, 2002, p. 79).

    Percebe-se, a partir das definies de turismo, que o traslado e a estada so imprescindveis para que o mesmo acontea, gerando assim, relaes que levam a fenmenos sociais, econmicos, polticos, culturais e at jurdicos. necessrio, porm, o planejamento de todas as atividades, bens e servios, que sero oferecidos ao turista. Esse quadro extremamente importante para a gerao de mo-de-obra especializada, ampliando,consecutivamente, a quantidade de empregos. As viagens por

    motivos de negcios, religio,visitas a amigos, eventos esportivos, conferncias, alm d as viagens de frias e lazer, fez com que o turismo, nos ltimos anos, seja visto como um dos setores scio-econmicos mais significativos do mundo. Segundo a OMT1, em seus estudos para o crescimento anual,projetado para o perodo de 1995 a 2020, o turismo domstico atingir seu teto mximo em relao proporo de suas populaes, e este crescimento dever ocorrer em pases de economia emergente,

    localizados na sia, Oriente Mdio, frica e Amrica Latina.

    Ainda segundo este estudo, os principais fatores que devero influenciar o turismo at 2020 so: econmicos (crescimento de forma moderada); tecnolgicos (desenvolvimento dos transportes e da comunicao); polticos (obstculos e

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    procedimentos legais sero removidos); demogrficos (aumento da migrao para os pases do norte); globalizao(crescimento do poder da economia internacional); localizao ( grupos tnicos, religiosos e outros, sero reconhecidos); conscincia socioambiental ( questes ambientais, sociais e culturais sero mais respeitadas); negcios (aumento dos nichos de mercados) e outros.

    Beni, faz uma anlise, com base nos estudos da OMT, sobre as mega tendncias do turismo nos prximos vinte anos, e destaca:

    Globalizao do turismo versus valorizao local;

    Alta tecnologia influenciando decisivamente a escolha do destino e a distribuio dos fluxos tursticos;

    Viagens de frias com durao mais curta em diferentes pocas do ano, com nfase nas facilidades e na acelerao do processo de viagem;

    Incremento nas viagens de longa distncia;

    Polarizao das preferncias dos turistas no conforto bsico e na aventura orientada; a complexidade do mundo atual desafia as formas e propostas de espao,instalaes, equipamentos e servios dos empreendimentos tursticos,notadamente os de hospedagem, para atender a um consumidor global, com relacionamento internacionalizado e fluente em trs lnguas, no mnimo atarefa de tentar entender este relacionamento, para antecipar as necessidades e preferncias e corresponder expectativa dos clientes, enorme e, para muitos, parece ser impossvel;

    Turista do mundo-encolhido mais turismo para lugares de trilha batida eo advento do turismo de observao e a pouca distncia;

    Destino como acessrio de moda nvel de fidelidade ao destino turstico variando conforme os gostos da demanda;

    Desenvolvimento de produtos visando a atingir novos mercados de consumo, como ecologia, ambiente rural, aventura e novos desafios para aumentar a adrenalina, orientado para uma ou mais combinaes dos trs entretenimento, excitao e educao;

    Destinos com nfase na sua imagem enquanto pr-requisito para diversificao e expanso do efeito diferencial e da atratividade;

    Todos caa do turista asitico;

    Crescimento do impacto do consumidor que participa de campanha em favor do desenvolvimento sustentvel;

    Acirramento do antagonismo no consumidor ambientalmente consciente diante do desejo da viagem consumista e massificada (BENI, 2003, p. 42).

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    O estudo ainda conclui que as viagens sero mais rpidas, o avio ser o meio de transporte preferido para viagens longas, o conforto ser mais exigido dos meios de hospedagem.

    Nesse contexto, o Brasil coloca-se, segundo estudiosos, como um destino turstico promissor, desde que posicione-se no mercado, buscando uma viso estratgica para

    planejar sua logstica. Segundo Trigo (2003, p. 93), o turismo brasileiro possui duas fases distintas, e est passando pela sua segunda fase de grande expanso. A primeira fase

    ocorreu-nos primeiros anos da dcada de 1970, em plena ditadura militar, quando tecnoburocratas decidiram organizar o turismo nacional como uma das panacias milagrosas para resolver os problemas do pas. Com entusiasmo pueril e demaggico, implantou-se toda uma estrutura de financiamento hoteleiro, cursos superiores e tcnicos

    de turismo, marketing agressivo porm incuo, e muita agitao cvica baseada na conquista do tricampeonato de futebol(1970), nas vitrias de Emrson Fittipaldi, na Frmula 1, e na beleza das brasileiras, sempre finalistas nos ento famosos concursos de Miss Universo.

    Esta primeira fase no obteve xito devido s vrias crises pelo qual o mundo

    passava, principalmente a do petrleo e pela falta de viso dos planejadores que no se preocuparam em cuidar do meio ambiente, no deram ateno questo da qualidade, nem formao de profissionais da rea para atuarem nos servios necessrios.

    A segunda fase a que estamos presenciando agora e, que teve incio com a

    estabilizao da democracia em meados dos anos 1990. Pela primeira vez, em 1996, a Embratur embasou a poltica nacional de turismo; investimentos nacionais e

    estrangeiros jorraram em hotis, parques temticos e projetos ligados a entretenimento; a privatizao das telecomunicaes e de vrias rodovias proporcionou melhoras na infra-estrutura.Enfatizando que houve o crescimento da formao profissional em todos os nveis (superior,mdio e bsico); novos cursos como hotelaria, gastronomia e lazer somaram-se aos cursos de turismo como formadores de profissionais qualificados; e vrios Estados, Municpios,empresas privadas e ONGs compreenderam a importncia

    do fenmeno turstico como um possvel fator de desenvolvimento e incluso social.

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    Os estudos sobre o turismo no Brasil vm avanando, fazendo com que os rgos pblicos preocupem-se em colocar o turismo como instrumento indutor do desenvolvimento e da gerao de empregos e rendas. De acordo com a OMT, o mercado domstico dez vezes maior que o turismo internacional, e no Brasil esse ndice bem maior, o que cria uma perspectiva de consolidao da atividade, melhorando a

    qualidade dos servios.

    Prticas de turismo: motivao e viagens

    Fenmeno extremamente diferenciado, o turismo, pode ser praticado partindo-se

    de diversos fatores que levam as pessoas a viajar. Assim, classificam-se, para fins didticos e de planejamento, o turismo em vrios tipos. Entre eles destacam-se, segundo Menescal e Gonalves:

    Entre os fatores que geram os deslocamentos tursticos, destacam-se: as motivaes ou objetivos da viagem (recreativo ou de lazer, cultural, de sade, religioso, esportivo, de eventos), a procedncia dos viajantes (turismo nacional ou internacional), o volume da demanda (turismo de massa, turismo de minorias), as formas de organizao das programaes tursticas(individual, organizado, social), a faixa etria dos viajantes (infanto-juvenil,adulto, para a terceira idade ou misto) (MENESCAL e GONALVES, 2006,p. 53).

    Para um entendimento melhor de cada um dos tipos de turismo citado e,principalmente. para o desenvolvimento das atividades tursticas, a segmentao de

    vital importncia. A seguir, procura-se entender as caractersticas de cada tipo de turismo para melhor entender a complexidade da rea.

    Quanto s motivaes ou objetivos da viagem, o turismo pode ser:

    Recreativo ou de lazer motivado pela necessidade de relaxar, p ela recuperao da capacidade fsica e mental, pela necessidade de diverso. organizado em grupos com interesses especficos onde a descontrao, as brincadeiras e o relaxamento acontecem mesmo durante a viagem, prolongando-se durante a hospedagem. Os pblicos de interesse so a terceira idade e grupos de jovens. Os locais a serem visitados so muito variados, desde centros urbanos, praias, balnerios, fazendas e montanhas.

    Turismo cultural o contato com outros povos e outras culturas so

    pontos fundamentais para este tipo de turismo. Os locais visitados so os

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    museus,monumentos artsticos, bibliotecas etc. As viagens geralmente so de cu rta durao e o pblico de interesse o mais variado.

    Turismo de sade as estncias hidrominerais so os ncleos receptores deste tipo de turista. O ncleo turstico possui uma demanda estvel durante todo o ano dispensando as ferramentas do marketing para sua divulgao.

    Turismo religioso este tipo de turismo pode ser realizado individualmente ou em grupos. Seus destinos so os centros reconhecidos como msticos que envolvam f,caridade e crena. Estas viagens tambm

    so denominadas em algumas regies, como peregrinao ou romarias.

    Turismo esportivo alm de eventos esportivos de grande porte como olimpadas e copa do mundo de futebol, o turismo esportivo praticado p

    elos amantes da pesca,caa, pesca submarina, caminhadas.

    Turismo de eventos o tipo de turismo para participao em reunies cientficas,como congresso e seminrio, e para participao em feiras e

    exposies.

    Turismo tcnico pessoas que se deslocam para conhecerem instalaes de

    empresas para adquirirem conhecimentos sobre novas tecnologias.

    Turismo gay dados fornecidos pela OMT confirma que cerca de 10 % da populao mundial pertence a esse segmento e demonstram que gastos efetuados por esse tipo de clientela so considerados acima da mdia de gastos

    individuais. Como exemplo, cita-se a Parada Gay de So Paulo, que hoje rene cerca de 3 milhes de pessoas por ano.

    Turismo de cruzeiros martimos h alguns anos privilgio de pessoas ricas,

    hoje, as viagens em navios so acessveis a grande parte da populao. Surgiram navios com maior capacidade para passageiros, mais confortveis e

    com preos bastante reduzidos.

    Turismo de negcios praticado por executivos que viajam para participar de reunies, visitarem fornecedores e realizarem negcios.

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    Turismo quanto procedncia dos viajantes:

    Nacional praticado por viajantes dentro das fronteiras do seu pas.

    Internacional praticado por viajantes que cruzam as fronteiras do seu pas.

    Quanto ao volume de demanda, so os seguintes:

    Turismo de massa viagens programadas para roteiros muito procurados.

    Turismo de minorias viagens realizadas para lugares pouco procurados.

    Quanto forma de organizao, tem-se:

    Turismo individual tambm chamado de particular ou auto-financiado, acontece quando no existe a participao de um agente especializado em turismo, isto , todas as providncias so tomadas pelos interessados em viajar. O termo individual no se refere quantidade de pessoas.

    Turismo organizado quando todas as atividades tursticas programadas so de responsabilidade de agncias operadoras de turismo, associaes, entidades de classe,clubes etc.

    Turismo ecolgico buscam-se reas naturais preservadas, com o objetivo de admirar ou estudar a paisagem.

    Turismo social quando realizado com subsdios de terceiros, geralmente

    entidades que mantm albergues, clubes e hospedarias especficas.

    Quanto faixa etria, o turismo acontece quando:

    As atividades respondam aos interesses dos grupos de cada faixa etria; infanto-

    juvenil, adulto, terceira idade ou misto. Com o passar do tempo, as exigncias de uma sociedade cada vez mais democrtica, a questo da oferta e da demanda, os

    aspectos scio,econmicos e culturais da globalizao, os tipos de turismo surgem dependendo da necessidade de cada grupo. Assim, temos ainda o turismo GLSBT.

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    Percebe-se que, para qualquer tipo de turismo acontecer, so necessrios os equipamentos que compem a infra-estrutura turstica, como: transporte, hotis,

    rodovias e outros.

    Os meios de hospedagem constituem-se em um dos principais equipamentos para a viabilizao do turismo em qualquer uma das suas modalidades. Porm, os conceitos

    de hospedagem mudaram e evoluram ao longo do tempo, mas as suas razes continuam as mesmas.

    Concluso

    As reflexes aqui apresentadas podem representar um ponto importante na expanso do campo das atividades do profissional de comunicao, numa tentativa de contribuio para o desenvolvimento do mercado de trabalho, a partir da anlise do setor do turismo, por se

    acreditar que o mercado turstico pode ser um espao de atuao do profissional globalizado das diferentes reas do setor. A habilidade de gerenciamento dos relacionamentos por meio da

    comunicao essencial para que ocorra a integrao, a reciprocidade e a interdependncia das partes que envolvem a organizao turstica e os seus pblicos de interesse. Entende-se que para introduzir a comunicao mais fortemente nos setores tursticos, fazem-se

    necessrios propsitos amplos de ao a partir, principalmente, de uma poltica que norteia uma estrutura de comunicao, que dever ser pautada pelo equilbrio entre os setores das organizaes, promovendo o enfrentamento dos problemas, estabelecendo prioridades, de forma a preservar a identidade e o conceito institucional.

    Para que tudo isso comece a acontecer, entende-se que preciso urgentemente que os profissionais das reas de comunicao e turismo voltem seus interesses para questes mais abrangentes da sociedade moderna, identificando a necessidade que o mundo organizacional

    tem de se relacionar, interna e externamente.

    As ponderaes aqui apresentadas sobre o campo do turismo representam um ponto de partida para a reflexo sobre a expanso do campo de atuao do profissional de comunicao. Servem tambm de marco indicativo para instigar novas pesquisas em reas especficas, demonstrando que a comunicao realizada de forma profissional necessria em todos os segmentos da sociedade.

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