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Page 1: O Trabalho Rural Africano e a Administração Colonial · IIIARQUEZ DE SA DA BANDEIRA LISBOA IMPREXSA NACIONAL 1873 . h MEMORIA EL-RIII O SENHOR D, ... dos-Colonia do Natal- Exemplo

O TRABALHO RURAL AFRIIAlO E

A B1)MINISTRAC:AO

COLONIAL PELO

IIIARQUEZ DE SA DA BANDEIRA

LISBOA IMPREXSA NACIONAL

1873

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h MEMORIA

EL-RIII O SENHOR D, PEDRO V Cujos deereios aboliram, nas eolonias poriuguezas,

o csiado de cscra\idiio e o iraballio forçado dos ncgros

C011 A i?lAIOii \ '$NERA~ÃO É DEDICADO ESTE ESCRIPTO

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A a~socin(;'io comniercial de Lisboa c o projvçto dc rvprrieiitaçto -

Illotiro i l ~ í~l~serraçõcs consignadas ii'e.:e cscripto-Artigos ([:i

v n i t:i coitititiiciori:il e direitos igiiaes de todos osportuguez~~-MC- tlid:~u t»matlas d e d e 1835 para sustentar este principio-Moiiopo- lios eiii Moqambiqac, aboliclos-Trafico da escravatura, abolido- Opposiqilo obstinada contra ebta. medida em Angola e Moçambi- que-Crisc financcirn n'estas colonias-Tratado com Inglaterra Acerca do trafico-I'roposta para a n1)oliq:'io (1n estado dc cscravi- tlso -Decreto de 14 de dezembro tl( I$%") 1, 5ol)i.e o registo dos es- t I I?, --O potto do Ambriz-Al)oli~,:io d,i c5cr:ividão no Ambriz, cnm iIl,rcaii c na ilha iie S. Vicerite ciii 1856-Proliibiyão da expor- taqto dos negros cliainados trabalhadores livres-Decrcto de 24 de julho de 1856, clccln I :iiiclo livres os filhos que nascessem de mu- lheres escra\.is-1)ecrcto de 29 tle abril de 1858, abolindo a es- cravid,Xo viiitc. aniios dcyois da sua data-Decreto de 22 de fcve- reiro de 1869, abolindo a escravidao desde n 5ua data-Portaria de 15 .de outubro de 1869, esclarecendo cstc decreto. . . . . pag. 11

CAPITULO I1

Oliiriiões tio iiltramar 6cerc:i da aboliçrio da escraridilo- Dita do go- vcrnador dc S. Tlioi116+Va!or dos escravos nas colo3iaq-Inde- mnisaç0es aos proprietarios-~autag~ns que receberam, modo de as cffeituar-Emancipação dos escravos nas colonias estrangeiras c nos Estados Unidos~QocstBo sobre a primeira introducção de es- cravos iicgros na Europa e na AmericatAlguns historiadorcs yucn a (li-rutirain-O infante D. H:=nrique+Os europeiiq e os indigciiaa da A\~ncrica e das terras australianas+leis portiigiiezas f:ivora- J c t i .ias indigcilns-Reiiovayão do trafico em escravos. . . pag. 27

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CAPITULO I11

ILciu antiç:is a f:~vor dos iii(1igenns-0 vinjaritc Tavcriiicr-Scrvi~o forr~clo cin .f\iigi~la c -?i.\-i~o livre-InforinaçGes dos aiitigos go- vi7i iin!loi I - q -- l'ort:iria de 31 dc' janeiro dc 1839, abolindo o scrriço f o r ~ : i t l ~ ~ S i i : i csccoç2o-Sii:~ anniillayiio-1)ecreto dc de iio- vc~iiibro di. lS.-i(;, qiir oiitra v c ~ abolio o serviço forçado-Opliosi- çii0 'i siia I . \ ( , ( ii<.*~ii--1'ortaria de 22 de setembro de 1858, dirigidn :i() ;lovern:~tlor gc,r:il rlc Angola :icerca do riicsmo dccrcto. .. pag. 47

CAPITULO 1V

O serviço de bois pnra ccirjia-Camellos mandados p:ira Angola- blclliorarnento da contiiç2io dos libertos-Regulamerito Acerca dos vadios-1inportnq:io dc libertos-Trabalhadores livres assa1ari:~- dos-Colonia do Natal- Exemplo para a Africa portugueza-Ilha de C'cylzo-Culturas cm Biigola-Cereaes-Creaçzo de gado la- nigero-Iniportaiicia do valor das 1:s-Civilisaçlio dos negros- Repub1it.a~ (10 H:tity e de Liberia4rabalI io livro (10s ncyqrosC Exemplos .......................................... p:~g. i1

CAPITULO V

Ilhas de S. Thom6 c Prinripe e (lc 17ernando Pó-Trabalhadores ru- raes-Crurnanos-Cost:i dc Croii-Coiitratos para o trnl~all~o- Custo do liberto c custo do criir~i:iiio-Libertos existentes nas illi:is portugiic'zas-Praso do seti ~ c r v i ~ o ol~rigado-Tratado d~ 3 tl!*,iii- lho de 1842, anncso C-(:oiiccs~So frita. tBm 1853, para o tr:iiizp~~i.tc: de libertos destin:idos :is i1h:is -(lhtarneiito inhiini:iiio i l : i ~ l ~ ~ ::,,-

1ibertoskInformaçGes ofticiaes-Urgeiicin da estiiic<3o tI:i I.I:I--I, dc libertos-Receio infiiriilaclo clc crise social-ESI~III~I~IIS os ti.:^-

rihos-ConccssZo indiçad:~ d : ~ irnliort,aç:lo ( l i , lil)ertos, inadmissivel c dcsnecessaria-3fell1ora111(:ilto da cidado tio S. Thomé-Cabos telegrapliicos-Cultura da cancllcira e da uraruta-Colonos ma-

............................. tleircnscs para S. ThomB pag. 87

Estado antigo e presente das co1oni:is portuguezaa -Escolha dos go- vernadores-'i'tbiiipo do seu srrviço-Ilha da Jamaica-Caracter civil dos governos coloniaes-Archipelago de Cabo Verde coneti-

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tuitlo em districto-Guiné forlilar um governo p:irticular-&us rios c fertilidade do solo - Cultura da canii:i - - Illia dc Bolama - Fntiiro d'csta colonia-Relações de Goa coiii a At'ric:~ c Siiiior- Ditas de Moçambique com as ilhas da Reiiniiio c llauricia- ('111- tura e commercio do arroz-Reforma effcituada I I :~ adrniiiistrnçnu t*olonial- Municipalidades - Jiiiitas geracs -HclnyUlo de Loan- da-AboliçUlo do trafico, da c.~cr:tvitliio e do trabalho forçado- Liberdade de imprensa - Boletiris officiaes-Cultura do algodão - Terrenos baldios-Prazos da coroa na Zambczia abolidos-Inhu- manitladc dos seus donatarios-Cultura d:i t~i~çliniiil1i:i -Ilha de S. Vicentc-Villa do Mindello -Fundasuo dc Moùmnedcs - Oc- cupaç8o do Ambriz-O Bcmbe e o Congo- Ilhas de Bazaruto- Angoche-ExploraçOes scientificas de Moqambiclue c Angola- Abertura ao commercio dos portos sccundarios de Moçambique- Navegaçiio a vapor no rio Quanza- AttribuiqUcs dos governos co- loniaes-Exemplos estrangeiros-Sua app1ic:rção b colonias por- tuguezas -Lci eleitoral-EleiçBo de clt.putados no ultramar -0r- dens exl~cdidns pelo aiictor-Facto occorrido no anno de 1854-- Necessidade da reforma d'esta lci-Ponderayüca dc urn fi~nccio- nario, ultramarino-DiscussUlo das lcis para as colonias-O artigo 15.0 do ;icto adclirionsl :i carta-I)ccreto rcgulanicntar do l.'dc tlc- zeiiihro 1869-A iiiiprciisa nas cololiias.. . . . . . . . . . . pag. 103

C'ivilisaqiio dos indigcnos-Escola normal c lyccu em ~ o n n d a - ar- dim botanico - Ensino medico- Ebcola da Xova Goa-Clero til- tramarino-Scrninario em Loanda-Padrc Jo:o dr Loiireiro-Pa- dres indigenas -ConvcnçOes na 1ndi:i e viii Africn - I'rocedimento dos frades cin Africa-Rcsultaclos- Iiitolcrancia-lnqiiisi~~20 de Goa-Decadencia das coloniaa -1riqiiisiçürs e~i i Portugal-Suas conscrluencias -Testamento de D. Luiz da Cunha -ReflcuOes -

* I O S ~ e seus rc- Conducta dos frades crn Goa-A propagantla reli,' sultados-Os vice-reis conde de Linliarcs e conde dcyilla Verdc- Utilidade das missGes para Goa - Collegio das missòcs u1tramar:nas em Sernaclie-Reforma dos seus programmas-Seminarios diocc- eanos do reino- Prelados ultramaririos c suas congruas-Parochias novas em Angola e a bulla da cruzada-Missões potcstantes na Costn da Milia e na ilha de Ceylzo- ( ) clcm iiistruiiiento de civili- saq2n-liccornpcnsa dos seus serviyr)s no iiltrainar-Lei de 1843- Surcia-1)ioccse dc S. Thomé-1)iocrsc de Cabo Verde -Bispado de Rl;ir:ir~-Escola commercial crn Macau -Sua grande varita- ~ e i i i -niqpado de Malaca-Organisação de um bispado em Mo::iiii- 1)iqnc-Nova circiiinecripç20 dioccsana dc Illacau . . . . . pag. 122

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Estabelcciiiicntu~ dr credito nas roloiii:is- 1:niiyrayAo tlc 1'ortiicr:iI-- Decreto de cl-rei I). JoZo V-I':iiiigr:ij~~i p:ir;L o I i ra~i l i , I litros paizcs-Agencias de emigraqgo na Eiiropa-Conrcriit~iit~i:~ 1i:ir:L Aiigola de ter uma agencia- Tnqucrito parlarncntar solirt.:~ ~~!!!i;,.!.:i- <:;io-Oficiaes reformados e pensionist:is do tnht:i(lo lias coloiii.~. - \~:iiit~ng:.cns que poderiairi ad(1uirir-I':sc:in~)los vcrific;idtis l x i i i .\ti- ,g~~l:i-Tentativas cluc falliarain de coloiiisay20 riiilit:ir- 'I'ITI.:~$ in-

criiigraç~wliiiic~za-Rc1ac;Gc- coin a Aiihtralia-Dcgradndos 1i:lra o ultrairiar -- .\lotlificay;lo da l(i-lllia do Sal-Xstabelcciinciito pc>nal coiiiplcto ria ilha de S:inta Liizis-Suas vnnt:igrns-lCxtiii- cto e~tnl)(~lrciintiito pciial na Aiistrnlin -A iiuvx prizAo pt~iiitc,ii- ciaria r o t~stn~it:lecimento dc Santa Liizia - Est:il>c~leciinciito prii:il iia lirovincin dc AIoçambiqiic---As illias cle Aiid:iinari-:i SII\.;L

............... C'alcduiiia-Ilha de Fernaiiilo Noroiiha 1)". 1 I"

Liinitcs do Aiig01:~-Convençgo de 1786 rntrc Porttignl c França- Tr:it:ido~ de 1810, 1815 c 1817 eiitrc l'ortiigal c :L Grnii-Brctaiilia-- I>iicitos de Ptirtiigal rescrvndos-lhas inteiprc~t;iy~t~s ciii 1H45- O coiiiinercio do rio Zairc-hlotivo da iiltiina iiit~~rlirrtn(;.'io-O Atribriz occii]i:ido crn 1855-Feitorias nas margens do Zairr r nn cost:~ -- Os hlossiirongos-Rcgulos vassallos de Portug i1 - 11:~- gt:111 csq~icrd:~ do rio ricccssari:~ ;i provincia-Poasibilida<11~ (11. I I I I I : ~ transacçik -1iidic:~çOes a este respeito-Instrucç8es dad:i~ crii 1'38 ao almirante Noronha-Seus resiilt,ados provaveis-Qii~~-t;~~~- tlt, liiriitcs tri~iiiiii:itl:is qii:iiito n Tiuiur, India c ilha dc Bo1:inia-As r(~l:~ti\ . :~* ii balii:i dr Lourenço Marques, il bahia de Tungne rio (':is:i~naiis:i cst30 pciidcutes-Trntado com nrepublies d ~ T r ~: i : i i - -0 1~:~1ro;ii111 da coròa de Portugal na Asia-A coiii n ~:riit:i h(. - Scu resultado-Convenicncia de um

.......................................... fillitivo.. p3g. 155

Scrriyo niilitnr ii:r. c~oloriias-Tropns tl(-tacadas de Portiigill-'l'ro- pisiiidigcii:i- - ( ~tiici:ies eiigeiilieiro~ -Obras militares, civis r

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gcofirnpliicas -FortificaçÜcs dr A1:icaii -NavegaçZo do Zambezc - Estintlas em Angola-Via ferrt.a ninericana- Caminhos de madei- ra -SavcgaçHo intcrna -Rio Ciiiiciic~ - Rcctificaçües Iiy<lrogrn- l>liicas-Ma,caii e o imperio chinez-Tropa de procedencias divcr- ?nu-Siil~levayHo das tropas indigenns ria Iiidia Britannica-Tro- p:is de Portugal para as coloriias - Sua organisaçao - Concessües :ís prnyas cxpedicionariaa-l'raeo de tempo de serviço no ultra- ' iiinr-Vantagens em vencimentos e em contagem de tempo para promo~so -Tropas francezas, seu tempo dc serviqo nas colonias - Expedi~i>cs de tropas para ultraiiiar :iritc,s do aimo de 1834-»i?- ciihs2o p:trl:iiiientar em 1863 sol~rc wtr absunipto-Discurso do ministro da guerra-Exemplos c~strniipciroS-11ivasZo dos hollan- tlv~cq eiri Angola-Defeza dos p«rtiijiurzes-RestaurMo da co- lonia-Campo entrincheirutlo cin C:iriiharnlte.. . . . . . . . . . pag. 160

Empregados eilropcils rias colonias-Suas 1i:ibilitaç~es-Escolas rin Inglaterra e em Hollan<la-Siippr~ssão cm Angola dos clicfcs (10s conccllios-Magistr:iclos novos-Sua jurisdicção- Juizes de di- reita c dclcgaclos cío iiltr:imar - 8lioliçZo em Angola do imposto <.liamado dizimo-Iiiipostos na colonia de Natal- Progresso futuro

I \ iigola - Emigr:~qZo de europeus - E~xploraç~o gcologica - ( .ir\ .To rlc p~dra-Petrolco-Oiro-O gcologo blaucli - Oiro em Victori:~-O clr. Pctcrk-Tabaco, sua cultura e fabricaçgo-Dis- tillaçiio tlc aguard(.iitc- - Fabrica tle tecidos de algodgo-Ernpreza 111crntir:i-Força motriz hydraulicn-Salarios bnratissimosLGr6- vcs (Ic opcrariou na Europa- Ensofre -Fabrica de polvora- Fcrro c sua fabricaylo - Fiituro cl'catn iiitlii~tria - Ccrclaes -1rn- port:iiicia da sua ciiltiir:~ - Arvores do c1i:i - Exeinplos cstran- gciros -Pescarias -Gado vacciim - Carncs const.rvadas - Sua grande iiiiportancia commercinl-Gado cavallnr-Gado lanigero -Cominercio em lãs, seu graiicle v:ilor-AclirnataçZo das ovelhas -Exemplos-ObscrvaqGcs do dr. TVcl~vitwch licerca de Angola- Intrc,ducçdo de plantas novas-Madeiras dc construcção-Gutta- percha-Pesca de perolas no mar de Moyambique.. . . . . pag. 187

CAPI'I'ULO XII

Estado das colonias aiitcrior ao aiino dc 1834-A India e a sua de- cadciicia - hIoçambique -Timor - Aliigol:i -Rendas publicas an- tcs clc 1834-Orpncnto dc 1871-1873 - Comparação das recci-

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b

t:i\ - I'iogrcsso colonial- Associaçiio cornmcrcial dc Libl,oa-Jn- t(,r(~si(>s coinniuns das colonias e da metropolc- Al1olic2n do tra- 1ic.o tln (b-rravxtura -Eniancipação dos negros-1,i.i cxl(*itcii.al- E'ortific:iqoo da capital (1% rnnnarchia-Sua defezq cm 1354 e rrn 1810-Direito ao auxilio da Gran-Bretanha-Tratado de 21 dr ju- nho de 1661, em quc foi cstipiilado-Sua cxecu~ilo-Maniitcir<Cn da iiidependencia nacional-Alodo dc proceder-Reforma consti- tiicionnl-Projectos :~pre\crit:idos para cctc3 fiiii--Paizes T%:ii\oq - 13rl:icx -Rcpiiblicas hispaiio-nrnericunas - Rtyublica cm IIr\li*i - ii1i:i.- Tiitrresse politico dos portuguezes-Tcrminaçso d'cste c.- csripto-Recordo cm geral roiri :is iclEas expostas no projecto de representag20 da BsociaçZo coiiiiiicrcial - Desaccôrdo qiianto no teriipo em qiic o trabalho forçado (lcve acabar-Convenicncia de quc este seja cxtiricto sem demora.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1x1:'. 2O:J

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CAPITULO I

A +ociaqão commeri~iai de Lisboa e o projecto de representaçào - Motivo dna obser- Paqóes consignadai n'eate eseril~to - Artlgoi da carta constitucional e direitos Ignaes iie todos os portugnezes - Medidaa tomadas desde 1@35 para euetentar este prinei- pii, -Monopolios enk Mo~ambique, abolidos - Tranco da escravatura, abolido -

. OpposiçHo obstinada cohtra esta medida em Angola e Mqambique - Crise flnan- eeira n'estis wlonias -Tratado com Iiiglaterra bc rca do traflco - Proposta para a aholiçho do estado de escravidáo - Decreto de 14 de dezembro de 1864 nobre o regirto dos cscravos - O porto do Ambrim - Aboliçilo da eacrsvidllo no Amhriz, em Macau e na ilha de S.Vicentc em 1856 - Prohibiqllo da exportação dos negros cba- mados traùalliadores livres -- Decreto de 2 * de jiilho do 1856 declarando livres os flllirm que nascessem de mulheres escravaa - Decreto de 29 de abril de 1853 abo- lindo a escravidão vinte annos depois da sun data -- Decrctu de 22 de fcverelro de 1869 abolindo a eseravid80 desde a siia data - l'ortaria de 15 de outubro de 1P69 $selarecendo arte decreto.

No mez de junho de 1872, foi publicado pela imprensa um opiisculo com o titulo de Algumas palavras sobre a questi2o r70 trnbnlho nas colonias po~tuguezas da Africa, especialm~nte nas ilhas de S. Thod e P~incipe.

Estc cscripto 6 dcvido B muito louvnvcl iniciativa da associaySo commercial dc Lisboa, qiie inci i i r i1) i i i i i i r i n co i i i -

iiiissKo, escolhida entre os seus i i ic . inbros , dc cstud:ir tzo gravca ; i . rsurnpto .

Cont6m o opiisculo ixm projecto clc rcprrhc1iitac;Zo n Siia Magcbstnde El-Rci, c quatro parrccrcs dr cav:~lheiros co- nheccdores das mesmas colonias. ITa i i ' e l l c i i i i i i valiosas c.onsidcrações que, sem c l i i v i t l a , IiTio dr srr attcndidas pelos 1 ~ o d ~ r ~ s publicas.

Q i i a n t o a mim, pessoaln~ente, s2o dc grandc interesae es- , . i . c I , i i a i d e r a y õ e s , porqiic, clurantc o longo praw de mais

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il(1 triiit:~ c ~(xis :iniios, tenho diligcnciado, quer lia qiiali- d:iclc dcs iiic~iiilrru clas duas camaras legislativas, qiicr na de t)r&ideiito (Io coiiselho ultrainarino, ou na tlc iriiriistro (l'es- t:irlo, fazer coiii cliie muitos iiiilhnres de subditos da coroa dc l'ortiigal, obtivcsscm entrar no gozo das garantias í ~ i i ( ~ a carta constitiicional da BIonarcliia Portugueza lhes coiic.c~l?- r:l, iii:is (1c (1"" liaviairi estado privados.

Freqiic.iitcs vozes fui cciisiirado, e iricsnio iiijuri:itlo, por causa dc iiiedidas toni:id:is pnr:L o dito fim. Mas estas iiic- didas foram-se succedendo iunas :is outras, e falta sómente para i s completar que a eiiiancipa<;ko dos libcrtos se effe- ctue; e que se acha fixada para o dia 29 dr a1)ril d t ~ 1878.

No projecto de representaçao c nos l)nrccsc.rcbL :L (4le anncsos, sao apreciadas, dc urna nianeira que jiilgo nicnos exacta, alguiiins das clisp«sig(ies legislativas, para que coopc- rei, ou .que iniciei, que tFciii sido piiblicndas, dcscle o dia 10 de clezeinbro ilc 1836 atd 25 de oiitiibro de 1870, rola ti^-as á populaSâo intligciia das. culoiiias portuguczas.

E como tenho :L conscicnci:~ de haver concorrido para a promulgaç30 de Icis justas, humanas e l)oliticas, c q i i ~ ~ ,:o indispensnveis para qiit. a civilis:ir:o il':~qi~clles iridi~c~iin.; possa ser proiiiovitla (. rcnlisad:~; l,(&iii coirio I):L~:L (IUC as forças prodiictivas dos nossos tloiiiiiiio.; i i l t i.niii:ii-iiios ])os-

snni ter o cl(~sc~ii\-olrimcnto dc qiic .?I, -ti.cac ] , t i \ ( i- : por cstt' iiiotivc~ :il~i.c.~~litarci :i(liti :iIgiiiii.i~ ol)-~~i.\-;i~;)c S. i 1 1 i ~ iiie fora111 suscitad:~~ pela lctitiirn tlo rcdi~rido projccto 1114 rc.1ii.c- sentaçzo, e outras cjuc ac1ic.i coiivcnic~iitc recordar.

Um dever iiioral iiic dctcriiiiiia a defender c-ta % ]<.i- , a sustentar as siias ilisposigõcs, c n l,i,c,ciir:ir qiic iino scjtrrn anniilladnq, coiiio eiii gr:iiirlc lxii.t(~ O hcri:l~n se v pcrmit- tissc qiic o ~c~rviqo forqntlo cloi iiegro,, sol) n tll~iil~iiiinnqiio tlc libertos, oit outra ecluir:ilente, podesse ser I \i, (10 .ilc~n (10 clia 29 de abril de 1878, que se acha fixad~) ptiiS:i a sua complcta extincção.

N'estc projecto clc rcprcsciitny%o, I,cdc-se para as c.oloiiias o seguinte:

1." Braços para a agriciiltura;

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2." Segurança da propriedade; 3 . O Iiefònna na adrninistrayY~o. SZo justos estes pedidos. -1I;is como elles podem ser faro-

ravelmentc resolvidos por iiieios diversos, lembrarei n'este cscripto aquelles que iric pnrccciri ser mais apropriados para se conseguir o fim dcscj:~cio; e concorrerei assini para o esclarecimciito da qiicst2o.

Receia-se que possa haver lia Africn portugueza uma crise por falt:~ dc tr:~b;~lli:idorcs, quando no dia 29 de abril de 1878 cessar a olrign<;ri« do serviço dos libertos, ficando extincta esta classe dc obreiros, e com clla o elemento ser- vil, em tada a monarchia portugueza.

Consiclero iiif~iiidado este receio; e creio quc tal crise não terd logar, sc u governo, C, muito especialmente, os proprictarios ruraes, proccdercm de antemão de uma ma- neira pruderite e discreta, torriando medidas convenientes, para o que elles têem h sua disposiçWo o largo praso de mais dc quatro annos. A erriíuicipay~o dos escravos rins co1oni:is ciii.opi.as, e nos estados (I:L ~ \ I I I ( ~ ~ ~ C : I , I I , . (~ ~ I ~ I I I (1:~do logrnr a ~ i i l i l ~~+ nqões.

,I fiiii de facilitar :I di.c~iiss~~o (10 assiirnpto dc quc tlx-

I ta, wr;i conveniente, quc aiitcs dc se entrar iio exame dc diversos pontos contidos no projecto mencionado, se traii- screvam aqui alguns dos artigos da carta constitucional da monnrcliia, que estabclecein as garantias das pessoas c pro- pricldadcs, coiicedidas a todos os portuguezes, sem distiilcyao de raça, de cor, ou de crença religiosa. Elles sWo'os se- guintes :

((Artigo 1 . O O rcino de Portugal 6 a associaç20 do todos os cidadãos portuguezes.

«i\rtigo 2 . O O seu territorio forma o reino de Portugal e Algarves, e comprehende:

1.' Na Europa o rcino de Portugal, que se compõe da provincia do Minho, etc.

«§ 2.' Na Africa occiderital, Rissau e Cachcu, na costa da Mina o forte de Ajud:í, Angola, Benguella e suas depen- clcncias, Cabinda e Molcmbo; a~ ilhas de Cabo Verde e as

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de S. Tliomt' c Principe, e siias dependencias; nn Africa oric~iitnl ;\loç:iiiil)ique, rios dc Scnna, Sofalla, Inliaiiibane, C~uclimane e :L illia de Cabo Delgado.

((4 3 . O Na Asia, etc. ((Artigo 7 . O Sno cidad2os portugiiczes : ((5 1 . O Os qiie tiverem nascido em I'ortiigal ou ~ ( ~ i i - do-

iiiinks. ((Artigo 145.' A irivio1:~bilidade dos clireitos civih c poli-

ticos dos cidadaos portugiiczes, cliic tc'cii~ por base :L lillchr- dade, a seguraiiya individual e a propriedade, 6 yarantida pela constituiy20 do reino pela inaneirn seguinte:

((5 1.' Kenliiim cidaduo pbde scr obrigado a f:~zcr, ou deixar dc fazer algiima cousa, seiiao cm virtucle da lei.

(( 4 G . O Todo o cidadRo tem crri siia casa uin asylo invio1:ivcl. ((5 7 . O Ninguem podcr:i ser prcso scm culpa iòriii:id:i. a 9 12.O A lei ser8 igual para todos, quer proteja, c1iic.r

castigue. «f) 15.O Ficnin abolidos todos os privilegias. ((4 18.O Desde jd ficani abolidos os açoites. ((a 1 Q . O N?io haver:i confisca$o de bens. ((5 21.O E garnntido o direito clc propriedade cm toda

a sua plenitude. ((5 23.O Nenliuin gencro dc tr:ibalho púde ser prohibi-

do.. . unia vez, ctc. i, Eiri presença d'estas disposiy(ics coiistitiicioiinc- i 1 1 I i -

tivo, que os liabitaiites portiiguczcs (1:is provinc.i:i> [Ia . l i r i -

ca, (1:; Asin e <Ia Oceaiiia, hvi i l clifi~rcnq;~ de i.ilpi.

oii cle religizo, tcciii direito.; igiiaes i ~ ~ i i c l l r s d(8 qiic g~\.uli os portugiiczes da Eiwol~n. 1

k esta a rasa0 que tem riiotiv:ido o proc~~diiiic.nto official e estra-official, que, dcsde o a m o de 18:3;), tciilio tido, eu1 rcfercncia :i app1icac;Wo das ditas garantias LI favor dos portiigiiezcs 1120 ciiropeiis. \ Passarei a iiieiic.ioiii~r alguns factos, e record;irci :is dili- gencias que, par:i c*ssca iiiii, tcii l i~ l)r:ltic:~do. Scrti isso uiii 110uc0 longo; mas o assumpto i. iiiilii~i~t:iiite e, creio, 11Go

.cr?o siipcrfluosoo:, csclareciiiiciitos qiiiiitcs.

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h'n coionin de Moqaiiitique tinha-se estabeleci(10, tlcsdc. teiripos antigos, o monopolio de todo o commercio, c111 bc- iieficio dc certas geiites residentes na cidade. Os navios l)ort~igncz(~s v estrangeiros deviam descarregar na cidade, e ali carregar, onde sómente podiam receber os gcneros que 1)ara ali eram importados dos portos da inesiii:L colonia. Um navio portuguclz saído dc Lislloa, n?io podia f'azer traiis- acçEo a lp ina eiii Lourenço Marcjurq, Jiiliaiiibanc, Sofalla, Quc1im:~ilc o11 Ibo, sem que para i ~ w fi,\<e auctorisado ex- pressamente por unia portaria do ininihtcrio da marinha e ultramar.

Demais, a fim de que o rnonopolio fosse ainda iiiais rigo- r ~ & , iino sc permittia aos subditos portiiguezes, baneanes, 1 ~ r s ( ~ q t i nioi~ros, naturaes de DairiT~o e de Uio, o irem com- nierc.i:ir :ítluc~llcs portos; e eram obrigados a residir na cidade.

Coino iiiinistro da marinha c ultramar expedi uma or- clciii no principio do anno de 1836, pnr:i. rluc ficasse nullo, c de nciiliiiin effeito, uni bando publicado l~ela municipdi- dado da iiicsma cidade cin junho de 1834, 1x10 qual eram csl, i i l*~? d : ~ proviiici:~ OS referidos subditos portuguezes; 111 1 I . L I .i I ~ lo--c na 1iiesiii:i. ordciii, qiie ellcs tiiihani direito a rcbiclir c a comrnerciar oridc Ihes conviesse, sendo-lhes per- inittido o livre exercicio da sua religizo.

Por portaria de 7 dc novcrribro dc 1838, que t:ii~ibcm ex- p d i , foram abertos os portos da provincia ao comriiercio nacional e estrangeiro.

Ambas cst:is medidas foraiii muito contrariadas por parte dos funccionarios, e de todos os mais individuos, quc lucra- vam corri o iiion»polio. Mas a final prevalecerairi.

No rc.lxtorio, apresentado por mim 4s cortes cm 14 de f i b \ twiro tlc 1836, trat:indo dos melhoranicntos que de- V ~ : L I I I fazi>r-.i~ nas pro\,ilicií~~ ixltramarinas, dizia-sc :

« S t ~ i n ~1)oliyZo (10 C ~ I I I I I I C T C ~ O tln cqcrnvatura, inutil se- ria ltlgislar; porque iiiiin 1,;irtc d'aqiicll(8s para qucm s21o (l(~stiri:i(l:~s :IR ](>i>, o11 .c~i.iain arrebatados par:& alem do mar, ou dlcs iiiesnios coiitiniiariam a occupar-sc iio trafico c nas giierras intestinas, conio acontece hoje; inutil seria procu-

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rar proiiiuvcr a ciiltura das terras, porque os capitaes con- tiniiariam n eiiil)regar-se i ~ o trafico dos escravos, por ser muito niais 1iicr:~tivo do qiic qualcliier outra iiiduhtriu. ))

Kin 26 dc rnaryo sc~giiiiitc aprrscritei na c:iiiiar:L dos pa- i.cs i i i~i:~ prolmstt" de lci yira a aboliçiio do iiiesnio trafico nos doiriiiiio\ l~ortiigiiezc~s.. h c:irnara nonieoii iilria coiiiiiiis-

Xo iiit~~iiio :iiino, pude coiic.oi.i.iLi. 1):ira se coilieçnr a i~.:i- lis:ir o que hnria eírpo~to, pois qiic o governo dictatoii:rl de cpc fiz p:~rte, e por proposta niinlia, piiblicou o decreto I - de dczciribro, que aboliu o trafico da escravatura ciii toda a iiion:~rcliia portuguez:~.

Xo rchlntorio dirigido Q. Rainha, a seriliora I). Maria 11, que l)rew(lc chtcb decreto, ha algumas considcray3cs que - -

se convcin record:~r ; tacs s%o as seguintes : a A Tiidia 1)i.iiiic.iro7 clc.11ois o T3razi1, fez-nos dctisar a

Africa, iiohso iiiai:, i1atur:il cniiilio (li: trabalho. Mas a colo- nisagâo do Brazil, a cxploraç%o dc riiiaa minas, e bc.111 tlcl- pressa, o interesse de todas as oiitrns potencias que hoiive- ram o heii cliiinhão da Aiiic~rica, fi~rain os maiores inimigos d:i. cirilisaqZo da Africa.

« O infame trafico dos negros, i. cc~t:iiiic.iiti. iiiiia iio(1oa iridclcvel na Iiistoria das nações iiiocleriias; iiiits ii?io foiiios ni,s os ~irincil~aw, nem os unicos, nem os piores rétis. CIIIII- plirc~s, cliic depois nos arguiram tanto, peccaraiii iii;iis, c mais fcliainente.

aEmendar pois o mal feito, c iinpcdir que iii:iis se nho faça, 6 dever da honra l~ortiigucza, c U c10 intcsressc da coroa de Vossa Magostade.

« Promovamos na Africa a coloiisaç%o dos europeus, O des- cnvolvimcnto da siin industria, o emprego dos seus capi- t;lc,\, e n'uma curta seric de annos tiraremoa os grandes rcsiiltados que oiitr'ora obtivemos das nossas colonias.

« Mas para isto 8 necessario que reformeirios inteiraiiicilte as nossas leis uoloiiiaes.

Como prc1iiiiiri:~r indispenaavel de todas as providencias cluc para estc gr :~ i~dc firii, dr accordo com as cortes geracs

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da naç?io, Vossa Magcstadc não deixar4 dc tlnr, os seus secretarios d'estado têem a honra de propor n Vossa Ma- gcstnde, no seguinte projecto de decreto, a intvirn :iboliçZo do trafico da escravatura nos dominios portiiguezes.

a Lisboa, 10 de dezembro de 1836. (Assignados)=Vis- conde de Sá da Bandeira = Antonio ionilãnuel Lopes Vieira de Castro =.. &!anue1 da Silva Passos. 1)

A execuçao das disposições d'estc decreto houve s, mais t e n a ol)posiy20, c1s1)ccialmente em Angola e em Moçambi- cluc; c ~n(~s i r~o c111 I'ortugd, as injurias e os ataques n%o fal- t a r : ~ ~ coiit i . ; ~ o niii~ihtro que o iniciou. E das difficuldades que 1i:ivia a vciiccr, darB unia idira o seguinte extracto de iiiiia carta, qoe o vice-alniiraiite Noronha, governador geral de Angola, nie dirigiu clt: Lo:inda, cni 5 de junho de 1839. Dizia. cllc :

«Viin acabar coiii o unico mino de commercio que trazia ciii giro os capitncs d'c~stcs habitantes; fechou assim a al- fandega, e conscqiicritcmcnte causou um deficit no balanço annud da rcceita c dcspeza, p e 'talvez venha a ser cic qiiasi doik terqos da totalidade d'estc. O portador e exc- cutor de tantas calaiiiidudes, e o rcforiiinclor clc :ibixsos

' ' "91111 t:IJlt:L invcterados, quc de urna forma ou oiitra intc i c s . ~ ge*, não p6dc deixar de ser odiado, mhrrnente 1120 tlaii- do ksperwnça de se deixar influir ou abrandar IIor iiieio algum.. . N'estas circumstancias, parece-me que i: tlv totl:~ a rasâo c de riari politica que saia d'aqui quzinto aiitcs o objecto do primeiro moviniento dc odio causado llor cst:r revoliiyiio comiricrcial, pois que vindo outro govc,rii:lclor .jh :icbhn os alliriios mais dispostos a acolher c facilitar a exc- riip3o que tratar de pôr em pratica.))

Em Moqninbi(yue a resistencia :I cxccuqZo do d(.creto foi inais forte ainda. Dc dois integros governadorc~s gcraes, in- cumbidos de f:izer cessar o trafico; iirn, o marqucz de Ara- cxty, siicciimbio fallecendo ; e o outro, o general Marinho, teve de retirar-sc da prorincia por motivo dc uma insur- reipvo, suscitada coiitra callc ])elos negociantes negreiros.

Para se apreciar o alvniicc do que na sua carta dizia o 2

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vice-almirante Noi.oiili:i, convirh tcr cin lombranpa, que o rrndiincnto da cxporta$io tlos escravos constituis, havia seculos, a principal vcrb:~ dc receita de quc havia a ciispor eiii Angola para as despczn, pii1)licas.

Scgundo se lê em iiin 1n:innscripto que tenho presente 1

o rciiclimento d'esta cololia fUi iio aiino de 1803 dc quar\i l!) 1:UUOWOO réis, entrando n'csta conta 162:OOObOOO rdis prcvcilientes da exportagtto de escravos, e 29:000$000 i.ii-, de outras origens.

Taiiibeiii ali se diz que, durante os quarenta e quatro aiiiios d(~corridos de 1759 at6 1803, haviam einbnrcado em Lonnda c Benguella para o Brazil, 642:000 escravos, sciiclu a sua saida annual media de 14:000 a 15:000.

Entre outras particularidades que contém cste manu- scripto, acha-se, que nos fins do scculo XVII, do rcndirucnto dos escravos se tinha apl~licado uma parte, para as despc- zas feitas com a paz entrc Portugal e a Hollanda, o ou ti.:^

parte para o dote dado A infanta D. Catharina, quc. cnioii

com Carlos 11, rei de Inglaterra; para o que se havia exi- gido que Angola concorrcssc corn 144:OOOfiOOO réis.

E tambem se diz que, andando n'esse tempo arrendado o dito rcndiniento, fora tal a OIIII~CSSKO praticada pelos con- tratadores sobre os habitantes de Loanda, que cstcs qic- zcram abandonar a coloriia; e nas queixas que, ciii 21 c!(.

janeiro dc 1677, o sennclo da camara d'esta cidnd(. tliri8;il .i

a El-Rei, se clizin qiic «os ditos contratadores erani os uni- cos que abhor, i,iiii n sul);.t:~~~ci:~ da colonia, para (slles 01111-

lenta e para 05 outros iiiiscravcl». Estas qiieixas -6 foi.:iiii attcndidns tsiii 1Ci94.

Os yropriori iiiissioiiarion eram pagos com a concessao tlr~ pO(lercn~ exportar niliiii:ilincntc %tecentos escravos 2, c I 1.

,jctsuitas recebiam annualmente 800J000 réis da n~c-in:~ l)ro- \ c.iiicncia.

1 Memorins clos ren.rlimentos da real fazenda do reino rle Angola e capitania dc B~n,7zceLla ntc: cco t r ~ t i ~ r , tle fS03. I'or Jo-i. Sicolau da Costti, cscii~ii i i i r : i i . i i , c~oiit:itii,i. (1:i jiiiit:i ti:) inrsinn rcnl f':izciiiln.-1804.

Cnrtn rcyi:i (1,. IS t l t h iiinrc:i> drs lli!):).

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E d'cste modo, nquclles padres, qiic haviam sido mancla- dos para converter os negros, se occupavam em os vender como escravos.

O imposto de exportaylo foi fixado em%$700 rkis por cada cabeya, peça de India, denominaçgo que se dava ao adulto robusto, e pelos mais pagava-se 4d550 r8is por cada um.

Em 1770 era orçado o rendimento annual, provcnicntc da saída de escravos, cm 157:000~000 r&, media de dez annos.

No aiuio de 1803 o rendimento publico da colonia de Aii,gcbl:i, qiic 1120 procedia directamente da exportaçlo de cscr:~vos~ era apenas de 29:000gSi000 rkis.

Scrin clifficultoso calcular qual era o valor, em diversas cpochas, da moeda provincial, ou fraca, dc Angola, em inoeda forte, ou dc Portugal. Se pordm se considerar a quantia dc loS000 r6is fracos como igual a 625 reis fortes, como se ~)r:itic«u no anno de 1861, quando se estabeleceu n'est:~ coloiiia o curbo da moeda do reino, achar-se-ha, qiic os ditos 29:000fb000 réis correspondem, com pouca cliffc- rcxngn7 a:19:000tY000 r8is de Portugal.

?u'cl-. aniios dc 1817 a 1819 o iliiinero medio cie escravo3 niandudos de Angola para o Brnzil, foi annunlmentc dc 22:000. A receita publica foi de 217:000@00 r&, cotii- prclicndcndo 177:000S000 reis provcnientes da exportaygo dc c>cr:~vos, c 40:000b000 réis tlc oiitras origens'. Esta qiiniitin corresl~oiidc n 25:000#000 rkis, mocda do reino.

Antcls tlo anno dc 1834, as coiitas das receitas e despe- zas das coloiiias erain recebid:is pclo cxtincto crario rcgio. Dos seus livros consta quc, c111 um dos nltimos rxercicios aiitcriorcs ao dito anrio, os rcridii~ientos publicou de Angola, ein niocd:~ provincial, hrain os ~cguintcs:

Tributos directos ................................. 2!3:954$i000 Tributos indirectos (serido 1:563-5000 r6is do marfim).. 135:562$000

1 E'c:o, iWenioris. L)esciip<lo de Angoln. 1.0 vol., Paris, 1825.

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Deduzindo d'esta somma as parccllas correspondrn t i', :i( 1 -

impostos directos, ao marfim, e a renda dos bens l,rol~ri(I-, ncli:i-hc> (111~ u n d :34:000~000 réis provier:irri tl:i c~xpoi.tny50 tlc th i~~: tvos , O 32:600;$1000 r6is de outras rcccit:ix, (1ii;iiiti:~ rquiv:ilcnte, em moeda fortr, n iiicrios de 20:000A000 r;tis.

No or~ariiento para o niliio cconomico de 1870-1ST1, o i endiinento cl'ebta ~)rovincia, foi cnlciilado em 280: i 4 I pSOOO réis fortes; cliiaiitin esta que 6 qiiatorze vezes ni:iior ( ~ i l ( ~ :L

de 20:000?j000 r&&, acima mencionada, rcccbida lia iiicbiiin coloriia, proveniente de impostos, com exclusão dos lançados sobre a cxportaçso de escravos.

A comparaç50 d'estes dois rcndimentos l)titlc scrvir para se avaliar o progresso que tcni feito aqiiclln l~roviiicia, c para se julgar do beneficio que a ella 1)rorc~iti da abolição do commercio em escravos, do qiial outr'ora tirava a maxima parte (10s seus rendimentos publicas; embora occorressc uma crisc financeira na passngcrii do coiiiriiercio reprovado p ~ 1 a lei para o coinmcrcio licito.

Tainbcm em Portugal as leis da regencia do senhor I). Pcdro, produziram uma grande crise financ&a; mas wiii cllas teria coiitiniiado o anterior, e pessimo estado economico do nosso paiz. E :L mais radicjl d'essas leis foi a que aboliu os ílizimos. Qliniitlo clln sc publicou, j:i eu liavia deixado de scr ministro do Iniperador, mas tinha aiolise- lhado a sua 1)roiiiiilgação, como indispensavcl para o nicllio- ramento d : ~ ngririxltiira e industria nacional. Era prt,cino dc- niolir primeiro, para depois se poder cdificar no mcsino solo.

Mo~ainbique, :iiiitl:i ciiic ern menor cscala, vae progre- (lindo clc um modo siiriilh:liitc lia sua exportag2lo. S6 para o porto dc Marselha eiivioii no aiino dc 1870 gcncros ava- liados ciii 2.200:000 francos, oii perto dc 400:000.3000 r6is, eiii doze navios nicdiiido 4:300 toiit~ladas, scgiiiido iiif'orinou o consul dc Portugal ri'aqiic~lln cii1:ldc '.

Erii 1838, sendo c11 iiiiiiistro clus ncgocios cstrangciros, discuti coiii o niiiiisti.o dc Iiiglatcrrn cni Tisboa, iiiri tratado

1 Relatorios dos co~~sulcs de l'o~~Lz~,7nI. Lisboa, 1871.

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11:ira a repressão do trafico da escravatura; mas, tendo sido iiitvrroiupida a ncgocinyr~o, foi siimente em-que o si.. diiquu dc Palmella concluiu o referido tratado.

Este coinn~ercio n%o foi cornpletairiente reprimido nas co- lonias porti~guezas, apesar dos criizciros portugnczes c bri- tannicos, at6 que o governo clo IZrazil ~,rolii)Jiii a importa- $50 de escravos no imperio, c qiic o go\.<>i.no hcspai~liol tomou medidas rigorosas contra o dck: riiibnrquc d'clles nas suas An- tilhas.

E m outros paizes houve tambcm muita difficuldade em a1)olir o trafico. A cidade de Livorpool, por exemplo, que a rlle devia a sua grande prosperidade, fcz a essa mcdida extrema opposiyão. O seu historiador especial' diz, que no aiiiio clc 1787 havia ali noventa navios empregados n'este negocio, c que, só no praso de um anno, transportaram para a Aiucrica, 30:000 negros. Diz iiiais, que ainda no princi- pio &este scculo sc vendiam negros ciil hasta publica na mcsma cidade.

\ Quanto r i abolicão do cstado dc escravidAo nos doininios

11, ~I.~UZILCZCS, condipilo indisi)cnsavcl para :L civilisnqZo e 1" -11, i t l ; i í l i b dos .povos que os hnbitaiii, foi neccssario in- + i - tir, tliir:~iitc dczeseis annos, para isso sc conseguir, como. >e ~ e n í da segiiiiite indicapão.

Em 16 dc agoqto de 1842 foi aprcscntada na camara dos pares urna pn)lx)sta clc lci assipncln pelo sr. conde de Lavradio, e por iniiii, para a aboligAo gradual de escravi- dno no estado da Iildia.

Em 1843 a coirirriiss?o (1% cnmara cncarrcgaiia dc dar l'arcrcr sobre n propost:~, aprc.heiitoii :i carnara unia siibsti- ttiicHo a clla, a qual foi discutida o adi:~da.

No mcz dc fcvcreiro cle 1846, os dois signatarios da refc- rida proposta, apresentaram outra na camara, para que em todas as colonias portuguezas os filhos d:is rniilheres escravas, -

que nascessem depois da publicaçAo da lei, fosseiii livres. Em 1846 foi renovada a iniciativa do indicado projecto de

i Picton, Menwrials of Licerpool, histo~ical and topographical.

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Itai, :i<signando a proposta os mesmos, e mais o sr. diirluc dc l'aliiiclla. A c:iili;ir:l mandou-a á sua commissão do ultramar.

Ein 26 de ninio tlc 1849 apresentei na camara c l o ~ , 1):lrcs uii 1)rcrjccto de lei para a aboliç8o gradual do cgtiilo (ir,

cscravidZo, o qual era assignado por dez membros tl:~ V:L-

inarai. A commiss~o respectiva deu parecer em 14 clc jiinlio, approvando a proposta; mas seiido cnccrrada a sess5o Icgis- lativa nHo foi discutido.

Em 16 de janeiro de 1851 aprosentoi a mesma proposta, que foi assignada pelo sr. conde de Lavradio e Rodrigo da Fonseca Magalhzes.

Em 1854, sendo o sr. visconde de Athopia, minis- tro cla marinha e ultramar, foi publicado o decrcto de 14 de dexeriibro, que ordenou o registo dos cscrayos; medida esta devida a uma consulta do conselho ultramarino, do qual eu era então membro. Este decreto foi de muita irnportancia. Ellc definiu cpacs eram os direitos c as obrigay0es dos libertos, deu liberdade aos escravos pertencentes ao estado, facilitou as emancipapões, etc,, etc.

O porto do Ambriz, ao norte de Loanda, era um dos priiicipaes mercados de escravos da coasta occidental da Africa. Os negociantes, que costumavam fazcr as suas trans- acyões em Loanda e em Benpella, quando acharairi cinba- raqos a embarcar os negros ali, e nas cost:~s :ldj:1(*1~1t(>~, parsaram a traficar n'aquelle porto, onde não h:i~ ia :iilcto- ridades portuguesas.

Sobre a rieccssic1:itl~: da sua oecupa+io por lima forpa militar, para acnl~nr :ili coin este coriti-:~i)arido, dirigiu o conaclho iiltraiiiariiio iunn consulta ao govcnio. E este mandou effcituar a occup:iqZo no anno de 1855: olieraq~o que o govcrriurlor geral, o sr. coronel Aniaral, es(.ciltou por uni modo digrio de elogio.

1 Os sipatarios eram: diique de Pnl~nclln, csrdcal patri:irclia, coridc de I,:lvi.:~tlio, Rodrigo da Foiiscca MagalliiXcs, inarqucx cic Loulé, viscoiidc de Labori~n, José, bispo de Larnego, D. iManuel do Portiigal c Castro, visconde rle Bcnagazil c S i da R~ndcir:~ .

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Acerca d'este facto houve uma larga correspondencia di- plomatica entre os governos portugucz e britannico; e (1':ihi provieram as dificuldades da occupaç3io dos porto.; cln costa africa~ia, a quc Portugal tcni direito.

No anno clc. 1836, um decreto, datado em 5 de junho, rcfcrenclado por miiii, aboliu o cstado de escravidgo na povoaçso ilo Aiilbrix, e crn todo o territorio ao norte do rio Lifunc at6 ao cutrcino dos limites reclamados por Por- tugal.

E tambcrn o inesmo cstndo (10 ~scravidão ficou extincto lia ilhn de S. Vicente dc Cabo Vcrcle: para o que concor- rcii, de um modo louvavel, o sr. conselheiro Arrobas, que ra governador geral da provincia.

No mesmo anno, e por decreto de 23 de dczcml~ro, foi declarado ficar abolido o estado de escravid3o ii:~ cidade do Macau; e n'este decreto Sua Magestadc El-Rci dizia o seguinte: « Havendo o governador de Macnti enviado uma

' cofia authcntica do termo feito perante o juiz de direito d'apella coinarca, no qiial todos os senhores de escravos, por uii~ acto para ellcs extremamente honroso, concordaraiu ciii ( i i i ~ considcravani e dcclaravarn de condição livre todou os ctcravos existentes n'aquella cidade: hei por bem de- clara! que o estado de escravidão esta presentementc, e fica &ra sempre extincto na cidade de Macaii e sws de- pcndcncias, e outrosim hei por bem declarar que iiiereceu a niiii1.a real approvaçâo o niodo como o referido govcr- nador ac houve para que fossem levadas a cffrito as minhas reacs intcnçces, e que a noticia do procccliiiicnto honroso e desiiitcre~rado dos habitantes de Macati, clrlc possuiam es- ci- vos, v:iiido a estes complcta nlforria, 15 por mim devi- dnmentc I~rcciado ! »

O gov t rnador a que o decreto se refere era o actual sr. coiltra almirante visconde da Praia Grande.

Est(1s dtcr~tos foram referendados por mim. Ainda 11, iiiesmo anno de 1856, por motivo do criib:ii.

cliie tl(i iicgros para as colonias frnncezas, com a derioiiiiii:~ <..,o tlr tr:~l)alIiacloiuu livres, foi cxpcdida a portaria dc YU

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tle jiillio, por mim assignada, na qu:il sc dizia ao govcrna- olor gcral da pro"ncia de Rloçambiquc, em rcsposta a um oficio scii, o scgiiintc:

«. . . C&ie nao liavia fundamento para alterar as disposi- põ(,ç da portaria cle 27 de fevereiro de 1855, pela qual se l)rohibia, pela maneira a mais positiva, qiic ellc governador gcr:il 1~crmittisse o embarque dc negros, sob prctexto de se- rcni aju>taclos como traballiadores livrcs, para irciii servir tc~ml)or:wi:liiic~iite cm outros paizes; por isso que o contrario iiiij~ort:l~:~, iin roalidadc, o concorrer para a continuaç50 do trafico da cbcramtura, transportando dus sertões aos portos, os escravos, para que os cspeculadores vendessem os seus ser- viyos aos exportadores; illiidindo assim as disposiçGcs dos de- ci.etos de 10 dc dczciiibro do 1836 c de 14 de dczeinbro de 1854 : c quc cst:iiido determinado o governo de Sua Magestade ;L :ic:ibar coili o trafico da escravatura cm todas as possess?~~ yortugucxas, ii:io 1)odcria jamais consentir p c subditos per- tugiiczcs se cmprcgasscin em cspeculaçGes de similhantc aa- tiircza; c por isso elle governader geral, não cumprindo as tliy)o~iyGcs da citada portaria de 27 de fevereiro de 1833, sc twii:ira altamente rcsponsal (SI pc3lni conscquencias do seu procedimento; c mandava qiie cbllc, eiii :icto imrnediato á re- cepy%o d'aqiiclla portaria, 1iiaiid;isse bulrcstar na eseziiçâo rlas ordens que tivesse expeclido auctorisnndo a saida de iiegros para fóra da proviiici:~ . . .r ,

O governaílor geral foi siibstituido por oiitro. E d'esta iiifracçlo de ordons, resultou a occorrcncia do

navio ncgrciro francez, Chu~les et G e o ~ c . Depois teve logar o embarqixe no rio %nirc doi: chama-

dos trabalhadores livrcfi; c coritiiiiioii ath qrie o 1)ivprio go- verno francez desistiu (I(: l)rotcgc,i. t:ics trnnsacynes, rcco- iilii~cciido, como o liavia jií rccoiillc.c.itlo u govchrno ~ortiigl~cz (, u govcrno britaiiiiico, qiic cllas c5r:iiii eqiiivnlrritcs, cuiii outra cli~nominac;âo, ao trafico CI:L (~scr:l~atilra.

0 r : ~ o nicsn1o aconteceria se se perriiittissc, c~iiio sc pede rio l~rojccto olc rcprcsentay~o, qiic, depois de 29 de abril de 1878, continuasse a pratica de se comprarem negros nos

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scrtaes najacentes n Angola, para :*crvirem n'csta provincia, ou para serem rriand~dos para S. 'i'liomé. Seria isso sophis- iiinr e niiiiii1l:ir o 1)rol~osito da lci, o (,lia1 c :L r ~ a l e verda- deira extincy8o da escravidlo em todos UL trriitorin~ por- tiapozcs.

Thiiil)em no incsmo anno de 1856 se publicou o decreto cle 24 tlv jullio, por mim rcferendndo, quc detcmninou que os fillioh (1:~s. iiiiillic~rcs escravas nascessem livres; ficando reserv:iclo 1 ) n r : ~ 09 senliores das mges o direito ao serviço dos fillios cl'cstas até á idade de vinte annos.

Esta disy>osiç3o7 por si s6, terminaria o estado de escra- vidgo no fim de tinia gcração, como aconteceu em Portugal pela piiblicaqão do :ilrnr:i de 16 de jeneiro de 1773, que de- terminou que nascessem livres os filhos das mulheres escra- vas que ciitzo havia em Portugal; e de outro alvará decla- rando livres os escravos que viessem a Yortug,zl. Calculava- se n'aquclla cpocha, que a importação annual n'este reino era de 4:000 escravos.

Outra circumstancia attendivel devia resultar d'estc de- creto, c cra que os filhos livrrs, serido crcados com os pacs escravos, c trabalhando com cstcs at8 terem vinte a m o s de idade, acli:i\-nm-sc habituados ao scrviqo, quando chegasse o tempo dc ficarem coinpletainentc livres.

No dia 29 cltb abril de 1858, em quc c\m Bcrlim se effei- tuou o casaiiiciito cl'El-Rci o senhor T). Pcdro V, foi publi- cado o clccreto da mcsma data, ern qilc sc declarou que O

c.st:do dc oscrnvid50 ficaria abolido (li11 toda a monarchia por- tiig~~cza, vinte annos depois da data do mesmo decreto, isto 6, 110 dia 29 de abril de 1878. Este decreto, sendo por mim aprcscntado a Siia Magestade, como uma memoria das rc- gias nupcias, foi coiii grande satisf:ic;%o :issigll:~do ])elo illus- trai10 inoiiariliu.

Em 31 dc dezembro de 1868, uin decreto, aboliiido clcsdo logo o cstado do cscravid80, foi assignado por El-Rci o se- nhor 1). Liiiz, c roferendado por tocios os ministros; iii:~s 11Zo foi 1)rornulgado.

Bii 9 do janeiro seguilite, o Sr. Latino Cocllio, ministro

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da iii:~ri~ilia C ultr:~iiinr, q i i ~ havia redigido o decreto, cs- crcvia-me o q u c se scgiic:

«P(:iialisa-iiic l~rofiiii;l:lmci!tc: o iiicitlciltc qiio diffieultou a ~ublic:~qBo da uriic;i l)rovitlciic.in qiiv sc1ri:i. colebrada na Eu- ropa, coino riiii :icto civiliuiiclor e cligno dc uin govcbriio liberal o illustrado. . . Sinto quc uma dissidencia nos iiilribisso (lt. deixarinos um rnoiiuiiioiito dtiravcl da nossa ntlirii i i i sti.:~- 5'20.))

O decreto de 25 de fevereiro de 1869, tambem rcfèrcnc1:i- do por mim, -que o estado de escravidão ficasse :il)oli(lo dcsdc a data do rncsirio decreto; c fixou o dia 29 &c abril de 1878, como termo do serviço dos libertos.

A portaria do ministcrio da innriiilia e ultramar, que ex- pedi eiil 25 de outubro de 1870, csclnreceri o esl~irito do decreto (lc 25 de fevereiro de 1861); cujo fim crn iiltolir coiril11et:irneiitc: o traballio forçado cm todas as coloriias 11o~' t l lg~~zas.

O que aciina fica escripto, C, em rcsrimo, :L Iiistorin da lcgisla~ão piiblicada desde 183G, ácerca do trafico da es- cr:~vatiir,z r da aboligão do estado de escravidão nas colo- iiiatr ~)ort~iguezas.

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CAPITULO I1

Oplnt8es no uItramar Accrca da obclir$o da cscravidb- Dita do govedador ùc S. Tlio mB-Valor dos eioravoa nns colonias-Indemnisafles aoaproprietarios -Vaiitageiis quo receberam, modo de as el?eitunr-Emancipação dos escravos na8 coloniâs <.S.

trdngciraa e UM htadm Unidos- Ques tb sobre a primelra introducçh de escra voa iirgror na Eumpa e na America-Algum hiatoriadorepque a ùisc~itiram-- O i i i-

f.iotr D. IIenrique-O1 eurupsad c 08 indiganas da Amerlca c ùns ti.i.rno ;~ustra!i:i- i 1 . r ~ - i.eia portugoseni h v o n r e i s sol indiggis-BenovaçHo do tr; i f i<,<i csiravo

Para que se possa apreciar a maneira c o i i i o na- prl vincias africanas eram consideradoíi os prcjc~tos sol)i.c ,i

nl)diq%o dn e~cravidão, transcreverei aqui oL; sc.giiiiitct3 cxtrbctos das 'respostas dadas ao governo por d i~( l r~ :~q corporaçGes e funccionarios, que haviam sido consiiltados Acerca de um projecto de lei apresentado por mim, iin ca- mara dos pares.

Na junta geral da provincia de Angola, em scssao de 17 de maio iie 1865, o presidente votou contra a nboligb do estado de escravidão, c disse que csta rncl(1itla linvi:~ de trazer para Angola iiiina maior do que a que trouxera n invasão dos barbaros na Europa: quc o principio ora. jus- to, mas a cxecuy3o d'elle em Angola traria terriveis consc- quencias, porque o gcntio mataria aniiualmente milharcs de pretos; que o decreto de 29 de abril de 1858, que mandava acabar com a escravidiio, havia de trazer gravcs malcs, por- que os escravos não cstnvnm preparados para receber com proveito a lihcrcladc; quc dar-lhes o foro dc livrcs jh, seria um nial para ollcs; que sc a medida passasse, viessc o Sr. iriarqiicx de S;i da Ijaridcira executa-la governando a pio-

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Votaram com o 1)rcsiclcntr qii:itro vogacs da junta. O vicc~-lw(~siilcntc (li\ I , , ( 1 1 ~ os cqcr:ivo> prisf(1rinin esta. coiidi- $:to :i clc livrca, l~ortluc~ tiii1i:iiri cliierii 05 tr:~tassc~~ c que tJi l-

tciitlia qiic scri:i iiii1:i (~ :~I ;~ l~ i ic l :~ t l~ a ~irulllpt:~ aboliyh d:i c.-

cruvnturu. 0uti.o vo;:ll :iprcseiitou o scii parcccr contra :i

aboliç%o, que, por r.iitno, jiilgava iiicxecliiivcl. A associay5o c.oriiinerci:il (Ir Loarida, cri1 11 dc in:iio (11

18(i5, cxpoz: quc a aboliqlo da cscrnviil5o tr:iria tranitor- nos incalculaveis; quc só com a noticia tudo se desniiiiiioii; qiir o captivriro actual era suavc, c portanto condiicciitc a torriar iitil'o l~rcto; que aos pretos atc': rilc era coiivciiicnte 1)arn OS livrar (ia morte, o que succctlcri:~ sc o., wbns i i h

tivessem quem os comprasse; que a c:;crav:itiii*:~ ii5o cr:i :igora como fora entrc os romanos, constituiritlo tlircsito\ tlc vida e iiiortc; que ella era exccllente para fazer atlqiiirir ao p c t o o gosto pelo traballio ; qiic a al)oliS80 scrin a riiiiin da agricultura e industria, e a 1)(lrtln (10 Angola; c pedia que se dcnegasse a sancção ao prr,jt>cto dc :iboliç%o.

A estas exposições juntaraiii-PC outras contra o (lito pro- jccto, provenientes de Bcngiiclln, ( f oluiigo Alto) l'il~igo An- dongo, c outros logarcs; concluindo todas (IUC :L aboliq%o da escravatura seriu a ri~iil:~ (Ia proviii~i:~.

A junta geral da provincia do S. Thoiii& c l'riiic*il~(b, (,iii

sessão de 21 dc abril dc 18ti5, dizia: que acllav:i iiioj,liorti~- na a abolição da cscravidT~o ; qiio cleclarava cspre~h;iiiic~iitc , pcrante Sua Magest:ide, qiic prcscindiria de toda e qii:ilqiicr iiidemnisaq%o pecuniaria, eqiiivnlentr :io valor (10s escr;ivo-, que tivesscm dc 1):ibsnr n libertos, coiiio se :~cli:cva esta1)clc- cido pdo decreto dc 14 dc clczcmbro clc 1854, contantoqut,, durante o teiripo de dcz nnnos dc scrviyo o1)rig:itlo :c sciis actuaes seiiliurc~, niiiica estes tivessem de f:izcr-l1ic.s clunl- quer retribuipzo de salario, alem do m:ircado no dito dc- crcto clc 1854.

O governador da provincia, em officio do iiiciicic~iia(Io abril, dirigido ao ministro da inarinlia, dizia clu(, n iiicclicla nada prejudicaria as ilhas, sc o governo fizcssc i1iiport:lr para ellas iiiii riumero cousidcravcl cic trabalhadores livres;

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q11~ em Angola podcriam ser cngajados por diminuto preço, 1,ara ficran rlistribiiidos prln agricultiira. Qiie propondo a jiliit:~ gcbral, C ~ , C O O " ~wr :~vos , l~;~s-.:indo :i condiçZo de libertos, iicasscin o1)rigntlo.; a scrvir d(lx nnnos sciii retribuipão algu- iiia, alem da iriarc:ida iio dcerclto de 1854, prescindindo de (1ualquer iiidciiiiii:np>o ~)ccrliii:iria, csllc ciitendia, que o ser- viso ol)rig:i(lo 11or d(,z niinos cLr:1 c~xccssivamentc pesado, por i ~ s o que, c:~lciilaiido-+c> o inodioo jornal clc 100 rkis fortcs, l'or dia, aftira o siistento c vestuario, para cada ixm lihci.to, ii)sse qual fosse o sc11 11restiin0, viria esse libcrto a gnilliar ciii uni niiiio 3GAC)OO r6is; c cin scte nnnos 2õ:iJ$500 i-Cis: cluantia mais que sufficicnte para indcrniiisar o senhor do es- er:wo, sc sc. :ltt(~il(l(~isc a q1ic O ('11: to (10 Inesino escravo, n'a- qiiclla epoclin, 11ii.o csccdi;i :L 90400( réis. E qixc.julgava que o serviso ao.; sc.nllorcs 1150 (l(~\cria exceder a scte annos.

E o iiicsiiio gox~c~rriador lc~iiilrava a convenicncin dc fazcr i i i i i vin~)restiino i l t b 40:0006000 réis, por conta da provincia, ( p c seria nl)l)licntlo no resgate dc (,kcwtvos ciii Angola; oiidc o tcririo medio (10 custo riao ~)otl(,ri:~ c'scc~lor n r8is 23&000; podendo-se assim obter 1 : c ( )O 1il)c~rtos.

No relatorio do juiz coniniissario britannico da commiss2o inixta lliso-britariiiica de Loniida, do referido :mno, dirigido ao scu governo, clizi:~-sc clllcL cla costa dc Africa, compre- licndida cntrc o rio (inbzo c o cabo dc Santa Catharina, se transportavain para S. 'l'lioiiii~ escravos cm embarcapGes pequenas, contiiiuando assiiii o trafico; e indicava a ma- iieira como isso se pratic:~ra '. Scndo ccrto quc jtí anterior- rncntc alguinas canoas, coiii carga clc escravos, compr:~das e111 Cabo Lopo c nos portos vizinhos, qiie navctgavam para a rncsma illia, Iiavi:~iii sido apresadas por navios de guerra p~~tuguezes , como oficialinente consta.

O governo portiigiicz tinha presentes as consultas citadas c oiitrns inforiiiapõc~s, qii:indo foi proniulgado o decreto dc 22 dq fcvereiro de 186'3, que aboliu o estado de escravidão desde a sua data.

1 1)ocumcntos nprcsentados ao parlamento britannico.

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Dcpois de havcr sido publicado cm Angola o mcsrno dc- crcbto; dizia-se crn uma carta tlc Loandn, dc 25 dc abril do i11c-.111o : I I I I IO, ic~ci,l)ida. c111 Iii:l~o;i, o i1i1 '~ w segue;

u S ; L ~ lwocliiziir abalo nlguiii acjiii a :1,)oliq3o (1% escra- vidso. Sc sc fallasse ri'isso antcs da piiblicay?io do decreto, 1invi:iiii de gritar riluito contra clla, a1,oiitnndo-:i caoirio ori- gciii dc malcs incalculavcis e de grandes prejuizos, plian- tasiando cousas mil, qiic tcriniii dc succedcr. Coriio a iiic- dida esth promulgada, ningiiem accusa prcjuizos qiie d'clla hajam saído, e nada tcm liavido rcalmeiitc. »

O que se tciii ~~:issa(lo :i rcspcito do dccrcto para :L nbo- liçiio do cstnilo de crsci;ivitl?~o, 1)(;11(~ svrvir 1)ar:~ SP jiilgiir o que ha dc au11itccc.r cluando acabar dc todo o scrviyo for- çado, em 29 do abril de 1878. Se a auctoridadc proceder coiii prudencia não haver6 alteraçzo na ordem publica.

Para se apreciar a maneira como os interesses dos anti- gos donos dos cscravos têcin sido attendidos, scr& preciso examinar qual era o valor medio dc um escravo, c o valor do sou trabalho, c111 lima dada colonia.

J:í sc disse que no anno de 1863, o governador de S.Thomé c I'i.icc*il)c informava o governo de que o valor maximo de um escravo ri'aquellas ilhas era de 904000 rdis, C qiic O salario di:~rio de uiii trabalhador sc podia calcular crri 100 r6is fortes.

118s tanibcm officialmeilte constou, que, no mesiiio :inno, fi)raiil vendidos na ilha do Principc, por disposição judicial, 5 boii.; escravos, 3 homens e 2 riiullieres; e que o preço iiitxdio d'cstas cinco vendas foi de 528000 r6is.

K:n cada seniaiia de trabalho descontava-se o domingo, e 111:lii 11111 dia, quc era dado ao escravo para trabalhar para si; rcst:~\-niii pois cinco dias uteis para os donos; o que, no de- ($urso dv um aiiiio, correspoiidia a uns 260 dias, sem dcscon- t:~r a<liic~lli~i eiii (11i(:, por irnl)ossibilitado, o escravo n5o tra- balliava; o dito numero multiplicado por 100 r6is procliiz 264000 r&, e em vinte annos proclwiria 520b000 r6is, va- lor do trabalho do cscravo; quantia mais dc cinco vczes siil)(xrior :i. dc 90,5000 réis, maximo que o proprictario teria a rcccber, no caso de ter sido inilernnisado crn dinheiro.

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Na cidadc de Loanda regulava o s:ilnrio dinrio rlc iim trabalhaclor negro por 100 r8is fraco\ oii (;:i f i ~ r t c ~ , iio :iiino de 1868.

O calci~lo acima feito Acerca do valor do trabalho em S. Tliomd, pódc servir para computar esse valor em An- gola.

O numero de escravos existentes nas colonias portugue- zas, na cq)ocli:~ ci~t (111(: foi decrct:ida. :i sii:i ciilancipação, poder6 orq:ii,-.cb c i i i cciii mil; poisque, segundo um mappa aprescnt:itlo lia cniri:ir:l dos pares cin 16 de maio de 1849, na occ:iii;io tlc tili scs 1)ropor :L :Lbr)liy>o do estado de escra- vidzo, ellc subia, eiii iiuiiicros rcdoridos, a 37:000 em todas as colonias, menos nas dc Timor e de Angola, a primeira das quacs soube-se depois ter uns 700, c a segmicla 69:000; o que dá uma somma total dc uns 10G:OOO. Mas attcn- dendo & fluctuaçzo, para mais ou para incnos, linvida até á rcferida cpocha, p0de fazer-se o orqaniento aciina rcfe- rido.

Quanto aos preços medios dos escravos, acha-sc grandc varicílntlc no> mal,pn.; officiaes: assim, por exeniplo, no inez dc 1Ic~c iiibro dc 1844, o valor dc um escravo boçal em Inliam11:ine ctrn ilc 58000 réis, e ein Moçambique e Cabo Delgado de 124000 a 13b000 r8is ; cri1 Guini.. rio iiiesxno anno, cra cle 168000 a 174000 r&, cm quanto que os es- cravos de serviço ciorncstico c os que sabiam officios tinham valores muito maiores. Ko mappa official de Angola, clc 1865, os preços medios dos escravos craiii os scgiliritcs; do scxo inasculino, adultos 30t$000 rCis, i i ic iioi-c,.> l5b000 r8ir;; do i c ~ o ftbminino, adultos 208000 rbis, ri~c~iiorc~s 108000 r6is.

Ytjde o r p r - ~ e iin quantia dc trcs :L qi1:~ti.o rriil contos dc rí.iu, a importancia, em dinheiro, do valor dos escravos chsistentes nas colonins portiigiiczas, lia. cpocltn (,li1 criic se

decrctoii n siia emancipação. No decreto de 20 cie abril dc 1858 declarou-sc, que as

pcbuoas (1i-i~' 110 di:i 29 dc. :~bril de 1878 ainda possuisseni escravo.?., heriaiii iiid(~iiiiiis:ulas do valor d'clle:;, pela fóim:~ 1110 uma lci cspccial dcterrninassc. Mas as cortes nunca fize-

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raiii essa lei; e difficilnicntc cllas votariam o capital acima declarado para as indciiiiiis:iyõcs, attendcndo ao estado da fazenda publica.

Ora, como o cstatlo d i ~ civilisaçh curopCa, e a nossa Ic- gislayZo constitucioii::l cl\igi:iiil qilc n cmaricipay20 dos es- c.i.:~\ o h cffcctii:iss~, n;iv 1i:i~ia oiitro iiicio dc indcrnriisar os seiiliorc~s scii50 c0111 O tralallio dor iridividuos que foram seus escravos.

E assim prevenia-sc ao mcsino tempo a crisc eventual dc se proceder A siia libcrtay20 imnicdiata, como depois acontcceu nos Estadoi I'iiitlo.; rla Ariitrica, onde mais do q~latro milhocs dc escr:lroi ficarnrii livrrs tlcsdc logo, sem iiiileiiinisaç?to algiiiiia I ,:ira seus sciihorcs.

0 governo portiigiicz I I ( J I L T ~ ~ > - S C coin inilita ~)~'uclexicia n'csta q i~~t?!o ; foi gcricxio-o coiii o\ l~o~siudorcs dc escr:ivos, c 1)roc~dcu de modo que o trabalho não soffrcssc iiiterrup- $50.

Coni quanto as pessoas que, em 29 de abril dc 1858, pos- suiam escravos, possam ser considcrnd:is coirio irideinnisadas cornplctamcnte do valor cl'estes, pclo trabalho que dcsdo aquella data, e pelo espayo de niait; ( lu cliiiiize annos, elles Ihes tem prcstaclo, como sc mostra elo calculo, acima ci- tado, clo governador de S. Tlioiiib; lia aiiitln a ciar ciinipri- rncnto ao qixc detcrininoil o tlocrcto da aboliçlo da escra- vitl>o, no artigo 2.*, c nos ternios seguintes:

«,4q pcsqons cliic no dia dcsiynado no artigo prc~ccdciite (20 dc, abril do 1878) para :L total abolis%) do cstudo de cscravidZo ii:is l~rovincias iiltraniariii:is, niiicla ali possuircrn escravos, scr2o indcmnisadas clo valor cl'elles, pela fdrma que uina lei especial determinar&. »

Ao governo incumbe pois apresentar lis cortes a respe- ctiva 1)roposta de lei.

E elle póde dar por concluido o praso clc tc>riilio clue foi fixado para o serviço dos libertos, acnLíliido assiiii ctom esta classe.

Quanto B rnancira clc se cff(~ituarcin as indcmnisações, talvez cliic a ni:iis coilveiiiaiitc seja :L de se concederem aos

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iiitcrrssa(los, titulas admissivcis nos pagamentos dos impos- ttkh q110 t iv~.~(lln R satisfazer nas r.expectivas provin- &is ultraniariilas, na proporyWo qiie R(, dcsip~asse em rela- +to ii parto (ias contribuiyík annuaes cm que os titulos se- riam rcccl)itloi;.

IJelo qite diz respeito á liquidayfio tlo credito dc cada um (10s iritereisaclos, 8 isso objecto que esige a maior atten- (:%o tia p:~rt(b do governo, a fim (10 HC ~ v i t a r ~ i n illegalida- tles e fi-niides.

O d(5crrto c10 14 de dezembro de 1854, que ordenou o registo dos csviavos, contbm varias disposiqcSes que devem ser obsci~v:tílas. Assim, o reclamante, para poder ser atten- tliclo, dcv(.rií pi.ovar que fizera o registo do escravo, Acerca (10 qual re(*lamar, doritro (10 praso legal, estabelecido no incsrno deci*cto; c tambem ter:l do provar a identidade do indivitluo qiie der logar A sua reclamnc;%o, com o escravo qt1c fora rcgistndo. No caso de haver duvida Acerca de iirn individuo om que

se b d a r uma reclamqão de ter sido et;cravo, será o recln- ma* obrigado n provar jiidicialmente que c110 fora escra- vo; 'e nlo o fazendo, será, o mesmo individuo considerado coma pessoa lime, na conformidade do que estabelece o ar- tigo b2.0 do mdsmo decreto.

Havendo sido declarados de condigão livre todos os ti- Ilios do mulheres escravas, que nascessem desde o dia 24 de julho de 1866, ser& necessario que haja toda a attcn- qão, a fim dc que se nT~o :idinittn i.o(.1:~iii:iy30 alguma re- lativa a individuos que teiihnm ii:~srido d(.pois do referi- do dia.

As decisGcbs sobre esta sortc de reclamaç8cs poder80 ser auxiliadas pelas respostas qiic tiver o requerimento que fiz na caniara dos 11:ires rni 5 de abril do corrente anno, o que foi approvado; no qual pedia quc o governo enviasse áquella cnmara, (liirante a sessão legislativa de 1874, os documen- tos seg-~iiintcs :

1 . O Uni rnnppn do numero de individixos escravos, de (.:t(l:i sexo, que foram registados em virtude do decreto de

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14 (I(: dezciiibro clc 1854, em cada conccllio ou governo subaltcriio, de cada uiiia das 1)rovincias ultrainhrinas;

2 . O Outro iiiappa do iiiiiii(,ro clos mesmos iudividuos re- gistado~, que ainda exiqtisscin nas datas das respectivas in- forinaqCies, e com as iiic~iic.ioiiadas cspecificações;

3 . O Outro mappa do niiinero de libertos que existissem provenientes de iniportação ou de outra origem;

4 . O 01iti.o inappa do iiumero de individuos cic c:itl:~ sc2so que (~si~t iss~ ' i i i ciii cada provincia, nascidos de iiiulliercs es- c-ravas, c qiie 520 livrcs cm virtude do decreto dc 1836.

I)epois dct liaver feito a leitura d'cstc reqiieriirieiito, cha- inei a attciiy3o c10 governo sobre as inforniaç0es officiaes r111c (sxihtcm, itccrca do tratamento inhiirnano que aos liber- tos trm sido dado ria ilha de S . TlioiiiC; e tambem sobre a obrigação que tem a auctoridade publica de fazer dar a muitos dos libertos que ali exiatcm a sua cornplctn libcr- dade, a que as leis lhes dso direito.

O sr. Corvo (ministro da marinha e ultramar), proinetteu quc liavia i10 proceder como fosse de justiça.

Xas colonias estrangeiras, ondc sc ~fi>ituou a cinancipação dos escravos, rccebendo os donos d'cstes, ciii dinheiro, a importancia das suas indeninisaçcies, ficaraili clles livres dcsdc logo. E, em algiiiiias cl'cssns colonias, el l (~j n;io qiij-

xerani continuar a trabalhar, apasar dc se lhes ofihrece- reiii bons salarios; pelo qiic os tloiios das proprictlntlc - r1iL.- ticas, n8o podcr:iiii :un:inhn-lus pur falta de I~rayos; coiiio :~conteceu eni :ilgiim:is d i~s Antillins britaiinicns, c cspc- cialiiií~iitc nn grande illi:~ da Jaiiiaica. Uni corisiclcr:i\-t.1 nuriitkro dos prul,riet;ii.ic~.i, qiit: Iiaviaiii rccc,l)ido o valor dos scus escravos, ficara~ii ;~i.riiiiiados. E est;i cribc, cluc cliirou 1,oi. iiiiiito tciiipo, stiinciitc cessou depois (lue ;íqiicllas ilhas (~lit~g:~i.;~iii ciilcs, ~ i i trabalhadores, que forani contratados na liitlia e na China, para servireni llor periodos liiiiitaclos, oidiiiíwianirnte de cinco annos. O tritiloporte da Cliinn, de <b:itl:i um ti'elles custava nas Antillin:: riilfl 7080UO i&.

,'e áquellcs proprietarios tlc cserayos se houvesse offere- ciclo :L alternativa, de rccebercm o c:lpit:t1 correspondente

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ao v:iloi. tl'(~stcs, o11 (Ir co~is~rvnr t~~r i , diir:intc vinte annos, o tlirrito :to scrvico (10s mcsirios csciavos, c l l ~ s seguramente tcrialr~ c*hcolhido a sc~guritln alternativa. filas a opinigo pu- blica crri Inglaterra nZo o teria consentido, neiri o par1:~- iiionto o teria aiictorisado, como ri50 i t i x ~ t ( ~ r i ~ ~ i i iini:i iiioclida rasoavel, prol)o..t:i ~ i o r i i i ~ i dos membros da cainarn dos lords, que consistia crn qiic os negros ciiiancipados ficasscnl obri- gados n pngnr niiiiiinlriiente um pcbrliicno tributo, que Ihes seria iiril)osto, roiii o uiiico fim tlc (I.; tl(3citlir a trabalhar, p(~la nt~ccssidadc de obterem o valor pnf ic . i~~ para o satisfa- zerem.

íjoiiiparando as importaucias das indcniiiisações dadas aos donos de escravos nas colonias britaniiicns com aqiicllas que tem sido concedidas aos propriotnrios l)oi'tiifiuc7(~ tlcl 08-

cravos, acha-se que os segundos foram 1ri:~is bt~111 ~ ) : I ~ o s do qiic os pr i~nei~os. E tambem os portu.giiezcs teiii rccc~1)ido cri1 traballio inais por c:~dti escril\ro do que os proprictnrios das co1oili:is (lc E'r:~iiçn, IIollaiicla, Dinniiiarca e Suecin.

Na Giii:inn inglcza, por t~sci i i~~lo, clxisti:tm, ria cl>oclin clw :i1 ,' ' I , ( ; : i1 I cla tlscravidtio, perto de 8 3 : W escravos regista- I t t jliira as iiideniiiisações aos senhores d'estcs, foram c11- i iii:~tlos 4 milhões e meio de libras esterlinas, parte dos 20 iiiilhões, ou 90.000:O00$000 rkis, que o parlamento ha- via votado para a emancipaçãn dos 800:OOO escravoa que havia nas colonias.

D a dita quantia rccehcu, pro r(&, cada proprietario da Guiaiia inciios de 52 li l~ras por cntla in(livir1iio eacravo que possuia. E os cx-cloiio\ cyueixarnrii-st dc ciiic aperia8 haviarn rccebido 40 por cciito do valor tios seus rscr:ivos'.

Ern Angola lia ri:^ pcrto de 70:000 escravos quando foi de- crctada :L fiitiira :il)oliq%c~ tln ~~~rr:~vic12o, c senclo concedido o trabalho d'estes, dur:lritc viiitc niiilos, aos seus respecti- vos doiios, têrin C S ~ C R obtido ,j:i iiidciiiiiisações muito supe- riores ao valor rt.91 CIO.: sf:iis cscr:Lros, como acima fica dito.

1 M. G. Daltoii, i71c History of lh-itish ( ;~i icr~tn, Loiitloii, 185;1. vol. I, pag. 409.

Q

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O systenia ado1)tndo pelo gorrrno portiiqiicz, 1120 alteran- do as condiçijes do trnballicl t.oloriinl, coiic.~ tl(bii toda n hei- lidadc, c largo espaço do tciiil~o, :i()., cloiio.. t l o h cshcr:tvos a f i r i i dc s r prepararerii p:ii.a ;i t i.:iiisiy:o do tr:iL:il!io fi~i.~:i<lo 1):ii.n o trnballio livre.

E se se consic1ci:ir :L niancirn como ciri I'ortugn! l~*oc(.tlt~ii a reslwito tln aboliçso dos dizirrios, d : i ~ jiigatlns, IIO, ti>i.:it~s, ( 1 ; i ~ ; 1~oiiiiii(?11d:ts, das ortlt,ii:, religios:~~, clos di- reitos bmacs, de certos s r r ~ i ç o s l)cssonetl, C de outras insti- tiiiqGtls antigas, ciijos iiitercsaados iiTio tiverniii compensn- v F i ~ ~ :itl(~cl~~ntl:i, 11" do oses-(loilos tlc. esrr:ivos rc~conhccer, c/ii:iiito rlt.reiri :I« goveriio 11th (lu' t d c tbz t L i i i ?iiLii brnc- ficio. Conviriclo taiiibeiii (1lith t~lles se 1r.iiil)rc~iii (10 quc :i. pro- 1)ried:ide cni escravos, i i k ~ ttht:i i t cc,iilic~c~ic!:i i i : i c:ii.tn çon- stitiic.ioii:ll, iieiii iio codigo civil ; i I L I I I ~ I I > U i, (~ont t~~tado o ~~rincipio tlc (lu(' IINI liuiiic~ii iiYio 11cítlt1 srr prol~ric.il:itle tlc outro Iioiiic.iii, (. c l i i l h t:iiito ,lii.cbitci tciii o cscr:l\o li :,(li- lirrc' coiiio a(lll"II~~ 1,"" " 1"':'"C.

81giiii- c ~ - c ~ i ~ i l ~ t ~ ~ ~ ( ~ ~ t " i i i clucritlo attribuir :i. I'ortugal :L intro(l~lv(;~ic~ ~iitrcs I I-. ( i ~ ~ r i ~ l ~ c A ~ ~ s (10 eonlniereio eiil escravos

E:, ainda iiiodernarntvite, iiin auctoi., ti.:itniido d'este as- hllllll~tO dizia: «Este aborriiii:ivrl trafico f\)i iiitrotliizido no iiiuiido civilisndo pelos portuguczes, no :liiiio clc 1442, os (1u:ic's aiidniitlo, sob os auspicios do scw cclcbrado principe Hcnrique, fazeiitlo a cxplornyno d:i coht;i da Afiica, captu- raram. alguns niouros porto do cabo Bojndor, os quaes fo- rani conduzidos :i T4i+bo:~ por Ailt30 ( ioi~qalv~s, a quem O

priiicipe ordenou rluc os restituisse ao h t h i i pai/;, o clur elle t:xecaiitou, dcsc'rnbarcan(10-oq iin pr:iia cio Rio tlo Oiro; e os iiiouros clerarii-llies, coiiio i~,sg:rtch d:~s sugs pcisoas, dcz nc- gros escravos c algurri oi1.o c111 ptí. E foram estes os pri- i i i c ~ i i * o ~ c ~ ~ r : ~ v o ~ ilegros cluc ric~i.:iin :I Li>l>oa * ) I .

A :issci.y3o cjiie o coniiiici-cio ('i11 cicr:ivos fC,r:i. iiltro- tlir~itlo 1~:los portiiguczes no iiiuncto civilisado C c.rroilea.

1 Dalton, Tltp l l i s f ~ r ? / ,!f H r i t k h G u i n ~ ~ a , rol. I, pqy. 135.

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1C I)&a rcst,zl>clccr.r :L voriln(l(, Acerca tl'castr assilmpto, c pela vener~@o quc 6 devida ií 11iciriori:t dc li111 dos lioinens niais eminentes entre aqiiclles quo fazriti :i gloria (10 iiosso p i a , o sr. bispo S. Liriz, que depois foi c:~rdcal patriarcha de Lisboa, escrevo11 rio arino cio 182!f unia bclla innmorix, em (IUC prova a falsidade d'aqiiell;~ aqsrry5o'. 1: triritn e iiove :irmos del,ois, nir. Major fez igilnl d(>rnonstray>o. Transcre- verei aíyui algiins extr:ictos r l ~ s~11 rx( .c l l (~nt~ livro, o qual contdm n historia circiimstnricind:~ d:is t1rsvol)c~rtas f d a s ~ ~ c l o s portugii~zcs, ci!jos scv-vicos :I civilis:iq%o, 450 pelo au- ctor @prcci:idos com inteira jiistiy,zg.

I4;stc 1~istori:tdor examina o.; scpiiiiitt~s trcs pontos: 1.' A origem do commervio cio (~svr:~voh; 2." Qiid foi a 1)rimoirn ; Ic~~orta j%o (i(. cs(.i-:ivo, t l : ~ costa

occidentnl da Africa; 3.'' CJuc~rn foram os auctorcs (l'acliiillo n (III(> liqje sc,

cliania o trafico da escrariitiii.:~ l1ar:i :I Aiiit~ric:i. l!: licerc:~ de 'cada uni d1<\lles, diz, cin rosiiiiio, o se-

guinte : I'elo qne respeita ao primeiro, a Iii.;tbria mostra que nos

tcinpo- o.; mais rcinotos se conipravaiii vc~iidiniii Iiorneiis, ~ L L ( . er:iiii reduzidos condiyzo dc escravos. Os eky~)~io.;, c~s liebrciis, os gregos, os roilianos e oiitros po\,os :issiiii o

i~i.nticar:iiii. Cita o liistoriador dosephilii (111(', I ~ ; L sim obra sohic, :is nntiguidades judaic:is, f:lllnntlo dos navios irier- c+:liites de Saloinão, diz, que elles iiiiport:ivaiii, eiitrc* oiitr:ir Cboilsas, oiro o escravos negros, rn:irfirii c ebaiio.

Alcm (10 rliic o nuctor diz, lia t:inibt>iii n l ( ~ n b r a r ilucl :L r~l~~i1)lie:i C V I I I I I I P ~ ~ ~ H ~ (lc (I:~rtl1:igo, nlgiins sc.cu1o.i :iiitcs cla era vulgar, rc~cc.bi;~ do interior da Africn, por iiicio de 1111-

( 1 ' I I

1 Dii~sertnrZo sobre a ~ri,q~/~qii dtl r ~ r i . r ~ ~ i t l i i ~ r trqfiro ( l t ~ 7iegros. ~ S f ~ r a d'Owct e711 182.9. Veja-se o toino I ot)rns clo illiistre prc'lado. I.:diy:io dc 185.5.

YBr 1,ijc (4' Yri7ice Efete,lr?j (d 1'0r/uyul . Ilrr ATc( ~.~ycc/oi . , a,i(l zls

~ e s u l t s , by Riclinrd IIeiiry hlijol.. 1 vol. S.<) IAoiitloii1 1869, 1 1 : ~ ~ . 183. Uma traduc~20 portupeza d'esta rxcelleiitc obra estl-.c labora ar ido, devida b patriotica iniciativa do Sr. duqiic (I(: lJalinella.

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merosas cararnnns, differcntcs rnercadorins, tacs coiiio oiro, inarfim, escravo:: l)rctos, clrphantes e muitos outros p n e - ros. E qucl d'aqiicll:~ cidade eram os negros reexportados para :i* praças coinmerciaes do Meditcrraneo, d'onde se cs- palharam pcla Europa.

Os elephantes serviam para a guerra. E 6 para admirar que ccssasse a pratica de domar os elephantes africanos, emquanto que os da Asia têem continuado a ser ciliprc- gados em diversos servi~os.

lliz mais o auctor que a escravidno, depois da desmem- lbray8o do impcrio romano, continuou a existir; que Christo a nMo prohibíra, que as igrejas e mostairos possuiam es- cravos; que no oitavo scculo os mercadores pegos, vrnc- zianos, florentinos e outros, comprav:irn escravos christzos dos dois sexos, em Franqa, Inglaterra, Hungria, c mesmo ria cidade de Roma, e qiie os íam vender i~o.: rriussulinanos tio Oricntc e dc Hespanha; que os mercaclorc~~ da cidade de Verdiiri, (Irri França, faziam o mesmo trafico, vendendo os seus 1)roprios patricio?, alguns dos quaes elles faziani iiiatilar para servireni nos serralhos dos infieis.

Acrescenta ainda, que no tempo das cruzadas, o uso (1,. ter escravos negros sc cspalhgra pela Europa, sendo a iiiotl:~ trazida da Asia pelos senhores que 11:~vi:iiii tomado 1);xrtc n'aquellas expediqões. E tamberii rccord:~ quo os mou- i.os traziam escravos negros do interior da Afric:~ para o jiorto de Barca, no Pulcditerraneo, d'onde crziiii c~xportados 11:~r:t a Europa.

l'clo que diz respeito ao segundo ponto, a saber, qual t'ui n primeira deportação de escravos da costa occidcntal tlii Rfkica; recorda, que Antão Gonçal\~cs recebera dos iiiouros, cluc elle pro1)rio liavia captiv;iclo, c como resgate (1;~s suas pessoas, cscrayos ncpos; o que rnoqtra que entrc os inouros jzi era pratica nzo s6 o escravisar n ( . g r o ~ ~ mas tniiibciil fazer d'elles objecto dc comrnercio, como o era o oiro, o marfim e outros gencros: c :~crt.sccnta qiic, se sc insistir, dizendo-se quc os navios do iiifantc forairi os pri- iiiciros que dcport:irairi ncsgros por iiiar da cobt:i cccidental

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I

cln Africa, como se a dcportaçlo da costa em navios +g mais criminosa do que o transportc dc escravos atravbs do' deserto para scr~in veit(lic1os no golfi) de 'I'unis, ainda as- sirri, cstc pliantastico estigina, não p6de applicar-se ao in- f:~iite D. I-Ieiiricliie, pois quc, muitos annos antes, JoBo de Ucthcricoiirt, 1i:ivegando das ilhas Canarias, tocou ria costa coiitinental, e desembarcou na proxiiiiidade do Cabo h j a - dor, qiic nZo dobroii, e cainiriliaiido oito l<~guas, capturou :~lguns liornens e miilhews indigenas, que cnibarcoii c lcvou comsigo; dando m.im o oxeiriplo d(1 nctos pclor: qi1ac.s os 1~)rtuguezcs for:tin arjiuidos mais tarde.

Qiianto ao terceiro ponto, que se refere a (pieiri se deve :ittribnir o triiiisportc de negros para o novo inundo, G in- disptitnvt.1 que iicni directa iicin indirectamcntc pticie cssa respnsnbilidadc pertencer ao infante 1). Henriqne, o qual fnlleceu eni 13 de novembro de 1460.

Gntinúa o mesmo aiictor dizendo que 1150 i a conhecida a data verdadeira em que começoii n : ~ Amcricn a iinporta- $0 do escravos africanos, sciido n data rilaih :tiltiga, que sc tem fixado, meio sccnlo 11osterior R iiiort(l cl'acluellc prin- cipci E coino os paizcs para oode prinieirniiicizte foram Ic- vados os africanos pertenciam aos Iit~spai12iocs~ c quc cntrc estes e os portuguczes existiarri ciinnes, por c:tuea dos li- inites dos seus descobrimentos, n?io parece que fossem por- tiiguezes os primeiros qiic para 16 coiiduziraiii negros.

Oonsta que no anno de 1527, isto i,, trinta e quatro de- ' pois da fuiidaqão da priiiicir;t coluiii:~ iiit ilha Hcspanhola,

oii Haity, n dirniniu'qão do niiniero < i o ~ indigenas nas An- tilhas era j:i grande; e que para os substituir foram trans- portados cle Africa, 1:000 escravos negros, para trabalha- rem nas ininas '.

Outros povos tomaram logo parte n'este commercio, tacs como os francezes, inglezcs, . portugiiezes, o no seculo se- piihte, os hollandezes.

O aiictor, ,i2 rcferido, da Histo)-ia (Ia (fztiu,~u ú+ittcnniccr,

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i.í~fi~rc~ qur iio iiioz de oixtul>ro tl(. 1562 o cspitao de navios .John H ~ ~ w l ~ i t t s . cluc tlepois fora tlicsoiireiro d : ~ rainha Izabel, partira de lngl;itc>rrn par:i n Serra LeGa cJoiii trcs navios, nos qiinrs ali eiiibnrcou 300 negros, uma partc dos quacs foi c:il)turada por .forya; e que os 1evWra A ilha Hespari2iola, oiidc os trocou pur assiicar. E que no aniio seguiiitv tixera outra viageni, indo coino commandantc. dc iiiri iinvio de 7 0 0 tonc~ladns, l~crtcncente :í rainha, 1i:irc~iido n col)is:~ e a ; ~ v a r c ~ : ~ (10 g~vcriio inglez sido estiiniilada pclo rcsiiltado (li1 SU:L aiitcccd(.iite cspccliq>o; r rlue assiiii c,.ite governo tl~i.:i :i sua hniicyAo nu tratico da c.wrwvatura'.

17iii seculi, aiitc, haviam jd alguils diploliias I)ontifi~ios suiiccionado o direito de escrarisar os linl)itaiit(s.. (1:~ costa occidental da Africa: taes sâo, n I~ulln elo 11:~pa 1 ieol;iii V (lu 18 ele junho de 1482, pela qual o pontificu coiict.dtbu ao 1x.i Portiigal, D. AffonsoV, faciildades para fazer a guerra aos iiificis; para Ihes conquistar as terras; c o> rcduzir c..cinvidYio; e a outra biilla do iiicsrno papa, dc 8 de ja- iiciro de 1455, cm que diz, cliie attciidciido a ter jti coil- cedido no uioiinrcha portiig~icz o direito de invadir con- tliiistur quaesqucr terras dc snrracenos e pagiios, apro1,ri;iii- (10-sc cl'cllas para si c seus successores.. . podei~clo reduzir ob inficis u perpetua servid502.

( )ra, segundo as idéas de iiina epocha em que, pelo tratado dc Tordesilhas, se reconliecia qiie o Papa tiiilin o direito de dividir as terras descobertas iiovainentc, c ~tliit~llii> quc3 sc 1)odcriaiii descobrir, eiitre í i s cui.G.i, clc Portiihjíil e de Castc~lla, a legitiinidacle da escn~viclr~o iiTto poclia ,icbr contestada por quem reconhecia s :iiictoridaclc po1itifici:i.

Yosterionnrntc, ntís por tratados iiitc~riiacioiiacs se fizc- raiii cstip~11a~Gc.s Acerca c10 trafico eiii cscr:~vos, dc. cujos lucros algum iiioiiarclia clirist;~~ rcbcrvou para si u111a boa parte.

O iiegocio ciii escr:~~-o-- iit.gi.115 cl~scnvolveu-se rapitlnrriciite.

1 Dalton, Tlte Historg o j t l ~ e Hritiah Guinna, vol. I , p:ig 136. -' Itcbcllo da Silva, (litnrlro elementar, t,oiii. 10.0

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l4 Cfkircia de Rezcnde, fallnndo das tc~rras c dos povo. clc GuYnO, escrevia, no principio do ~c?ciilo XVI, o scguiiitc.:

1111s aos outros sca vcrid(~rri, 1': lia muitos mercadorrs Qiie n'isso scímento cntentleqf., E os cngaiiam c l~ic~~itlt~iii E trazem i~os Crat:~tiiii.c..i. .................... " i " ' .......................... Vcm gr5o soriima :I I'outiir.:i l Cad'aniio, taiiit>crri As illiar, k cousa que seiiipre vai, E tresdobra o capital Em Castella, e lias Antilhas

Eate coinmercio em escravos africanos augiiientou tanto, e tonioii trio grilnde amplitude, rrii consecyuciicia da coii- dilcth inhuinail:i, coiii que os europeus tratara111 os iiidigrrias das terras desc.ol~c.rt:~s nos scculos xv e XVI, nas quaes fo- i.:iiii cstal)c.l(~cvr-cie.

r 1 Lodos, sesili c~scepçBo, hespanhocs, ~)ortugiiczcs, iriglczcci, francezes e hollandezes, considerararii o trabalho dos iridigc- lias aorno propriedade sua. E obrigaido-os, pelo inotlo o rnai~i cruel, a fazer serviços acima (Ias suas foryas, d'isso resultou, em muitas regiões, a despovoa~%o, e mcsmo a ex- termtillaçâo de raças inteiras.

D'cste inoclo clc proceder, da partc dos europeus e dos s i ~ s desc(~iidei~teh, lroccder que airida ii:iu c.(l,soii, corno :itliantc se> iiotnni, clara0 urila i(1i.a 0.4 .:cyiiii~tes c~xtractos.

0 celchl,rc bisl)o dc Chial):~, iio Jlcxico, 1). 13:irtliolomcii tlc. las Cns:is, ria siin obra iiititiilad:~ I3~cvisirna relacio?~ (Ir; la t l e h t ~ i l c c i u ~ a de Ias h /d ins , diz que descobri.t:is crtas (a Aincrica), rio aiiiio de l4!)%, forani os Iicspaiilioc~s, i i o h (>-

guintc aiiiio de 1493, povoar a grande ilha que denomina- r;iiri Ilcsl)aiiliola, c1i:iiii:~da Haity pelos iridizc-i ias, e depois illia dc S. Uoiiiiugos; :L qual, segiiiitlo cllc cli~, coritiriha iirir l)ooqos de iiiilliões de liabitantcs; c qiie qiiarciit:~ alirios de-

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pois de descoberta estava despovoada, em consequencia das crueldades praticadas pelos hespanhoes, obrigando os indi- genas a trabalhayeiii nas iiiirias.

E diz tambem, que elles liaviain assolado as ilhas de Ciiba, Jamaica, Lucayas c iniii t :~~ outras, em alguiiias dils quaes n2o liavia j:i i ~ i i i ; i s6 pessoa; porque os natur:ic>s rrairi ca- ptiir:~tlos 1Iai.i: o- i ,I~rig:\rcin a lraballiar, e n'estcs traballios riiorriam.

Diz mais o biq)o: «l)c Ia grtin tic~rr:~ firme somos ciertos que nuestros es-

panoles por sur 'criic~ldac1c.s y iic.faiidas obras, haii clcspo- blado y rissolado y quc rstan hoy dihiertos, estalido llenos ilc 1io1nbrt.s iiaciorialcs, iiias de diez reinos rnayores quc toda Espaiia. La cxiisa por cliie han miicrto y destruido t:iritas, y tales y tan iiifiriito nuinero de aiiiiiias 10s christi:iiios, ha sido solameiitc por trntbr por s~ t f i i i irltiino c1 oro, y licjii-

cliirse de riquezas eii iiriiy l)rcrc,s dias.» Entre os exemplos das :itrocid:ldcb ~)ratic.ad:~s, iric,iiciona

Ias Casas a do cacique Hatiiry, chefe de uma tribu na ilha de Ciiba, o qiial havendo sido atado a um poste para ser queiinaclo viro, e estando iiiii fiadc franciscano empe- nliado em convcrtc-lo, clizeiirlo-llic que se tivesse fé iria para o ccu, onde tcria clcsc.anso e fclicitl:idvs, sc.ii3o rliie iria para

-

o inferno sof3rer ycnas eternas, perguntou ao fiado, se 08

christâos tambern iam para o e&; ao qiie estc respondeu, que iam os que cLr:irri bom. E o cacicliir~, wiii iiiais pen-ar, disse, que nAo cliit'ri:~ ir para I:\, irias :i111 para O inferno, 11:1ir2 nZo estar oiidc cstn\-a t?io crilcl geiitc '.

E trio rapido fi,i :L tlespovoa$io (Ias Aiitillias, que ha- vciido o:, h~lsl~:ii~lioes, coiiicqado eiii 1493 :L sii:t colonisaçb, tlciitro do 1,oiicos aniios, tivei-ain ellcs clr recorrer aos braços aji-ic:iiios p:ira ~~otlcrciri continuar os trabalhos das minsa

1 Brcvissiiiia relarion c10 la tlc ~tr i ivioi i dc las Yiiclias occidcnts- les, por I)(UI Bcirtolo~n~ t l t s 1:is C:ib:ik. ol~ispo dc Cliiapa. EdiySo de Vciic~a, lti2li.

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Quanto ao Brtlxil, diz urn historiador', que o captiveiro dos indigenas fora praticado Prn todo o sei1 territorio, c que toclos os serviços eram feitos 11rIos !rasos dos indios, rios quaes cada colono caprichava qual havia de boseuir iiiaior numero, e que as suas riquezas calculavam-fie pela quantidade d'estes infelizes, aos qilaes seus injustos pos- suidores davam o honesto nome de administrados.

O padre Antonio Yieira foi o priineiro que no Par:\ de- clamou com energia contra o captiveiro dos aburigencs, vindo expressamente á metropole solicitar providencias para a sua liberdade. Visitando clle em 1652 os territorios do Parti e Maranhão achoii tlt.striiid:~ a inaior parte da popu- laygo indin que os h:il)it:tva. E a inesma destrui980 se pra- ticou (:i11 todo o Brazil, onde se estabelecerarri colonos eu- l'OJJOUh.

Em outra. Iiistoria3 acha-se o seguinte periodo: «Sen- tlo mui dificil o meio de trazer as nações barbaras ao trato e co~niiicrcio politico, a reducção d'ellas ao gremio da rcligibo clirihtâ i., conseqiientemrnte, trabalhosissinia. A desliiiinnnitladc dos antigos certanistas, a fereza e enor- initlade d(: sci~s costumes, tem sido, e eempre será, o maior obstaculo d conversão d'aqiielles indigenas miseraveis, quc hiimildes por ediicação e desconfiados por fraquthza, j:imais dcixani de temer a vizinhança e a socicdadc dos portu- guezes, representados na sua irnagginaçao como usimpadores avarcnto~ (Ias suas terras, e das proprias liberdades de que :L naturcz:~ os dotou. As tradiçces de seus maiores, repc- tidas totlos os dias pelos seus instructores, corno regas iiiui iiiiportantcs á sua conservaçiio, andam gravsdas nos aniinos d'aquelles selvagens, c se perpetuam cm seus sen- tirnciitos. Os pacs ensinam os filhos, qiie as terraa, d'antes pospuidas por elles sem contra(lic$o, se acham injustr- riieate ooccupadss por naçso cstrarilia; que milharea de m s

1' Ayrcs do C1:is:i1, C'og.ogrtrphitr, /,rnzilicrr, 181 7, vol. Jr. 2 hloiisriihor Piznrro, ilk.i~ioricts Iiistot~i<:aa tlo Ilio de Ju~teiro,

18A1, toi~i. 9."' 1 ~ g . 2115.

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c ~ i n p ~ t r i o t : ~ ~ for:tiii arraii(~:~doi (10 c<lntro tln liberdade para o inais ])riacio c duro c:il)tivciro; qiic n rclliiccl e o sexo fia- $1, e a i(l:t(lc tenr:~ ilao iiic,rcc*er:liii jaiiiais l)ic(l;iclc ao fCrro l ~ ~ t u ~ i i c ~ ~ ; cliic a rcligino iiiculcn(1:r ú iiiil,(>i.ccl)tivcl; que a fi: dos l)rvclit.aiites i i h iiicrcccL ol)\c~cliiio, 1)or serriii as s~ ias acc;Zes dcsproporcioiindns :i sua crcriqa; c cbiiifirn que o dei- s n r o paiz nati\ o \:ilc taiito coiiio perder :L vida e tudo.

O lrocciiiiieilto c1o.i iiiglezc~i ilc sciis drsccndentc.:~ ii:t Amc.ric:t, p:ira coiii 09 iiidig*ii:ii ou iiidios, l,ódc apreci:ir- v., sabelido-se qiic no vastissimo tcrritorio qiic se estende desde O mar Atlantico ntc': no graiidc rio AIihsissipi, apenas existem presentcmc3iitc algriiis 1-c.t iqio> (1:ii iiiiiuerosas popu- layGcr que o habitavam antcs q11tL I I c I I ( ~ ~ f i) .s(s~ri estabelecer o s liespanhoes, os frsncezes, os liollaiicl(.xe\ c: os inglczes; c que dcsde o ~ ~ i s s i ~ ~ i p i atú As praias do irinr i'acifico, OS

iiidios vZo continuamente recuando pcrantc a iiivasLio angto- niric.ricaria. E sc n 111csn1a pratica contiiiiinsse, ellcs dcs- :i~)]~arcccriaui completamente d'aquella partc do novo con- tiiicii te ; rcalisando-se assim a predirão feita a TToliicy 1)or i i i r i intclligrntc chefe dc trihii, com quem este viaji~ntc. f'al- lou ciii urna d:i. citl:iclc- (1:i iiniso americana, poiicos aiiiios depois da intlcl,c~iltl~~iici:t ( I I -ta rt~publica, o qual lhe dizia, que quando os branco\, pth1:i 11i.iiiic.irs vez, desc~iiil):irc+ar:~m n'acl~wllas terras, craiii todas cllas 1)ossiiiil:ii t s Ii:il)itn(las l~slos hoiiieiis dc pclle vermellia; qiic os Ilrancoq os (a~11111- snr:iiri de iiins parte do bcii tc~rritorio; c cliic coiiti- iiii:ivaiii ;L irsurl)ar-lh'o; de rnotlv qii(. clrii iiin futuro, ti20 rrinoto, n:io liarcria ii'aqiic1l:is tcrr:is i i i i i Iioiiiein dc pclle veriir~~lli:~.

Curnprc ilizer cluv ii'ta-tcss iiltiiiios annos foi nc1opt:ido ~i'es- tcs est:~dos iuii 1)l:iiio tlt itiii:ido a tr:~nsforiri:ir eni :igriciil- torcs os indios nomacies, aiixi1i:iiido-os coiii iiistruiiicrit~~ c1c 1:~voura e sementes, e fazciido-llics oiitros beneficio y, .t i i t l ( )

o priiicipal d'cstes a concessAo dc (Iistrictos, 1)nr:t II \O CS- cll~sivo (l'c4lcs, c ciii qiic os brailcoi se 11oclc i i i wtabc-

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Icci~r. ('oiist:~ do relatorio oficial, ])iiLlic:itlo I ~ I I I 1SC2, ( I I I ~ ~

cl'este 111:iiio a(' tviii tirado boiii rc~riiltntlo; qiic 3s eiilco scst:is l~nrteh (10 iiiiiiicbro clos iiidios csistciitcs n:t rcl)iil~lic.:i, se :ic.li:ivniii j:i :iltl(~atlos, c quc rllcs 1i:~viairi c.olliii10 (1:1-, .:lias searas niiii tos cc,rtb:ws. Coiii os restante^, lrorbrri, coii t i nú :~ a guerra.

A gente. dn raça anglo-saxoiiin tem coiitiiiii:iclo eoiri os scLus habitos tlc cstcriiiiiiio, ii:ib v:i.;tas coloiiias tl:i .lii.tr;i- lia c Sova, %c.l:iiiili:i. E ninda li:& poiicos ;iriiioi f:ill(v.cii ;L 111-

tiiiia f;iiiiilia (1;~s tribiii iiidigeii:~~ da gr:iiitlc illia '1':isiii:~riia. Os 1i:il)it:iiitcs (lc C,!iir.c.iislaiitl, ~ I I C 6 :L ~n :~ is iiiod(~rri:~ das

c~)loiii:is :iii~tr:iliaiins, restal)el~~ccr:iiii o tr:iticu d : ~ c~crava- tura, rcce1)c~iido das nuiiivroh:iy illias da Yolyiieai:~, o- iiirli- genas qiie us csl)cculadores ali v>o buscar, eiiiprcga~ido, ora o engano ora :I força, para os eiiibarcarem. Algumas das iiicsinns ilhas nclinm-se j A clesyovo:idas por cstc motivo. E iio griipo (1:i.i illia.; dc Fi.ji, oiidc averiturciro~ de diversas na- yGf,2 ' ( ' 1, 111 C ~ O I I ~ I - C ~ ~ C ~ C ) , <: se governam iridependentementc, taiiibc.iii pratica o i11~silio.

( b c~c.:ind:ilo cliegoii a t;il ponto qur, para por cobro n > i 1 1 111.1i1ti'- 1)r0c(~dillii~iito., O ~~arl:i i i i~' i~tc~ l~rit:~iiiiico I otoit i ~ i i i ~ t I, i c111 1 W S '.

Apeqar cl'isso, cata cspccie lirataria triii continiiado. ITni proceiso qiic 1i:~ poucos iriezc. corria 11craiite uni tri- 1)iiiial da ci(1:idc ile Sitlncy, na Aiistralin, r(.\ t loii alguns dos :ictos atrozes praticados pelos especuladoros. Uiii certo doutor Rlurray, achando-se perigosaiiientc doente, c doiiiina- r10 pelo rciiiorço, fez 1):iteiitc á jiihtic;:~, iio nicL ilc jiinlio de 1871, :L tlcclnray?~~ dc cliic cllc i3ra dorio dc I I I I I I)rig~ic, cha- iiiado C'ccd; que ii'ellc fGra n cli\crh:~<> illias da l'olyiiesia; que :í B ~ : L clic1g:itla fazia c ~ i i \ i(l:ir os iiidigc~ii:is para Ilic trazcrciii o vcnd~rriii i~frc,-cao-: clilc2 i.lii~g:~ii(le) ellos nu 116 do briguc, tripiilantes (l'cstc, 111(~. 1;inçnvaiii lias canoas, barras e btil:ls dc f('1~0 que pelo ~ i i 11cl;o as afiiiidarniii, c crit?io os sclva-

1 Aii B c t to rcgulate niid coiitiol tlic. iiitrotluctioii uiitl tre:itiiieiit of l'olyiic~siai~ Lnl,oiirt.rs.

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gens, para "20 se afogarerii siibiniii I ) ~ I + : \ l>ordo, onde os prendimil o mettiaiii iio porIo; e ( I I I ( ~ n o caso d'elles se aniotiaarain, eram logo fiizilndos a tiro i*ctvolvar, sendo os niortos e os f(1ridoh 1:iiiyatlos ao iiiar 1)ara 1150 haver ventigios do criiiic. E qiit, clcpoin cle o navio linvc~i. com- 1)lct:lclo o seu carrchgainento lllii di\l(ll.h.?s iilin., ii:~vc.g:~vs ],ara n colonia de Queensland, oridc sv rfTcc'tu:i\ :i :i ~(hritla por tl(bz libras por cabeça, teriiio iii~clio. Os inagistrados ;L cluciii O doutor fizera a clcclnraçiio, lit~ii\:~vaiii que clle cst:~va loiico; mas proccdcnilo logo ao c.x:Liiie do biigiie e dos seus tripiilantes, acliaraiii que não cra assirii. Coiista que o tribunal coiiclciririiirn o doutor c a ccluipagcin do na- vio a penas severas.

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CAPITULO I11

Leis anligas a favor dos indigenas - O viajante Tavcrnicr - Serviço forcado ein Angola 1. scrvifo livre-Inforuiayões dos antigos govrrnadnrcs-Portaria do 31 di. janeiro de 1834 abolindo o serviço forçado - Sua execiiçào -Sua annullação - Dc< rttto de 3 99 novembro de 1856 que ouira vez aboliu o aerriço forçar10 - Oplin.i( i o .L çiia

execuyão- Portaria de 22 de setembro de 1858 dirigida ao govri ii irlor p r?l ilr Angola 81 erra do mefmo decreto.

O governo portuguez publico11 ilivei.sni, leis cri1 bciieficjo dos hdigcrias, das quaes a mais iiiipoi.tnntc 4 o ;~lvani pro- niulgado em junho de 1753, que libertou dc todo O serviqo forqado os indios do Brazil, c tambcni os a1var;is de 1738,

a ivos aos escravos. 1761 c 1774 rel t' A axcciiçiio por6m d'essas disposiç0cs bencficsb, foi sem-

1)rc contrariada liclos colonos. C'oriio cii.ciiiiistancia attenuante do mal que os pofiugue-

zos fizcraiii, 1)Udc referir-se o que hc li' na obra clo cclebre L i:Zj:~ntcx fr:riicc~z, do seculo XVII, Taveriiicr, o ciilal vo1t:mdo tia A ~ i a para :L Europa, e tocando lia illia de Santa Helena, 110 tempo cili quc os hollandezes, ent<lo em guerra coiri os liespanlioes, liaviain devastado a m<lsrrin ilha, a fim dc que os navios dos seus inimigos n5o yodesscin ali achar refres- cos, diz, fallando d'esta ilha:

a 1 1 y a quantit6 de citronicrs ct quelques orangeks, que les phugais a~~aicnt autrcfois plantes; car ccttc nation n cela de bon, qiie 121 OU elle cst, elle taclic de faire quelquc cliose pour le 1)ieii tlc ceux qiic cloivcnt vcnir ensilitc (laiis lc iii6mc Iieii'». E ,zrrcsceiitti, qiie lioll:r~ltlczcs fsziaiii O

(~oritrario.

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O scrviqo f0rqado dos negros, qiic ein Angol:~ c(, cl(tiio- miiiava serviço de carregadortas, tirou a siia origc111 11;l 1 1 1 1 : : ~

~ I I C tiiiliaiii os brancos, de que 1lic.s licito f:izc>r ti.:\- b:iIliiir :is indigc11:1> ( , ~ n ::(w 1)roprio ~)rov(>ito, ~ ( ~ 1 1 i I I I ( , - 113- fiar. ICstc :il)ilso, q i ~ c ~ acli:~ l)i.obil)i(lo por Icis csl)rrsa;ls, aiiitl:~ iiYio cist,2 cutiiictu; d5-se-llic por;iii outra dciioiiii- naqh .

A ten:icidatlc da cobiça tem sophislriado :L lei. E a liies- iii:i tenacidade que pretcndc que o sc.r\,iyo (10s libertos con- tiiiiie a esigir-se dcpois do dia 29 clc: :ilril do 1878.

As seguintes pnginas mostr:ir:~o a natureza de tal servi- qo, (. o (lu" te111 fcito o poveriio para acabar coiri o a l ~ ~ s o .

K:i colonia de i\iigol:i c~xihtiaiii, desde tempos antigos, duas praticas diversa.; :i s : ib (~ : iiiiin, que foi confirmada p ~ i o regimento do governador de IJc~iigiicll:~, dado pelo go- vcnio eni 30 <I(, wtcinbro dc l í D ( i , o qual, iio seli artigo 24.O dizia : «A iiiehnia integridade observarh (clle guvcrnador) com os negros carregadores, n5o consentiildo ein que os ne- gociaiitcss os tirem por f o r p aos sobas, rrias sim lhes peçam os filhos (os suhditos), e se:convencionem no preço das c:ir- g:iL. 1)r~culciido o governo a satisfa$io sunim:~ria; porque sc.ii11o :i boa f C o priiicipl requisito de todo o cuinmrrcio, í: preciso que aqiiclla clunlidadc sc est:rril)lifique pelos iiiais ~~nde rosos~ . 3: n'esta conformidadv se fazia, e teiii continuado a fa-

zcr-se, o comincrcin d'nqiiella cidtido com os scrtõcs de Qiiilengues, Cacoiicln, I->>:iiliindo, Bilic at6 Loval c oiitros paizes; nEo havciiílo carregadores fi)rçados, iiias fnzcii(1o-sc os ajustes vol~~iitnri:iiiiciitc?. 1': o iiirsiiio acontece cin Kovo Redondo, eiil ~lossaiiicdc!: c iios rastisqirnos sertoes adja- centes.

No Arnbriz e no Beiiibe, tanto o tr:iiihl)ortc t l c fiizeii- das, como o trnb:ilh~ nas minas e outros, têem-se kito lior njiistcs li\ r(...

( ) .r. JII.(: U:~)iti. t;i dc Andrnde, nctunl governador geral dc Angol:i, (i ( I I I I ~ foi ,go\-c~rii:i~loi. do Aiiibriz, c> d(bpois dirc- ctor doi tr:~l);i l l l i~~ (1:i.. 111i 11:i i do IEci~ib~, pnrticipnva d'ali

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t)fi(.ialiiic~ntc~. qu(' p:ira os divrrsos trab:~llioq :iílliti:iin o\ I I I .

gros, cin iiiiiiivro siil~crabiiridante, c qiic fivtlv:~iii rniiito voii-

tcntcs, rcccb<.ndo de salario diario XO a 100 bagos dc coral falso, do valor dc bO a 100 réis, moeda dc Angola, cquiva- lcntc cin iiiocda clc Portugal a 50 e 63 rciis.

Ao districto do 1)uqiic cle Braganya, quando foi avasal- lado c111 1837, concc.tlcu-se pelo diploma de annexa$io, que ri:o seria obrigado a dar carregadores forçados. E no rcgiiiiciito l~iiblivado pelo governador geral dc Aiigola. t a l l i

16 de :1;05to de 1831, para a adniinistrapão do va>tiyùiiiio districto ( 1 ~ 'L':illa Miigongo, em que cra comprcliciidiclo o tc~i.i.itorio dc Cassange, dctcrniinou-sc, iio scii artigo 21a0, que ficava cxpressamentc prohibido ao clicfc do districto o dar carregadores, não podendo cllc oppor-se a que para o scrviqo de carreto os negros sc ajustassem com os nego- ciantes.

,A outra prntic4:i q u ~ existia em Angola para o transporte da8 mercadorii~s ~1Oh ioii1111(~rciaiites, coiisibtia c111 obrigar os negros livrcs a lcvar :is costas as c:~rg:ii de fi~zciitlas per- tc~iic.cmtc>s ao cst:ido ( I aos ncgoçi:~i~tes, sendo conduzidas t l I i,l:i~lc (li. l,o:ii~tl:~ para os districtos de lcetc; a saber: Uoliiiigo Alto, Ariibaça, Pungo Aiidongo, bcrn conio at6 (':i\i:tngc e outros sertões.

Accrca d'esta pratica opprcssiva cxscrcvia, em maio d e 1760, o governador dc Angola, Antonio dc Yasconccllos, ao ministro da marinha, o scguiritc: ((0s negros cada vez mais desampararri as propriaç tcrrag sc lirrnrcin das conti- nuas violcncias dos Lraiicos ncgoci:intcs .

14: clin data dc 30 de jullio dc l í ( i7 cscrcvia ao mesmo iiiiiiistro, 1). I.'riiiici*co Iiinocencio de Sousa Coutinho, que foi iiin dos iiiclliore~ ~orcriiadorcs rliic houve em Angola, 0 cluc se segue, referindo-se a uma fabrica de ferro que ellc tratava de fundar lia riiargein c10 rio Luinha, perto da sua confliiencia com o Liicalla, no sitio a que dcu o iionic de Sova Oeiras.

«7'.1ra que dure c se :~ugiicntc a fabrica, 6 de convc- i i ; ~ i l v i ; ~ (luc seaja para scmprc destcrr;ido o torpc c injusto

I

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nbinsc~ il(1 f';izclr trahalliar os negros firnyn, o q11p tciil destruido l)ro\ iiicins intcirnh. Eu tcnlio l)i.atic:~clo l,c.in di- vcrsninciite. ))

Ellc cliziainais, quc, coiii c,i.;lritlcs liicros da fkzci1~1:~ piiblica, podia dar-se o iiiais cxcchqiivo jornal, quc nunca iningiriaram tcar os negros, de 80 ou 100 r6is por dia, moeda proviricial.

E tambem que o reino de Angola estava sein gente. C) iiiinistro da niarinhn, Francisco Xavier de Rlendonça

Furtaclo, respoildia, em 25 de abril dc 17(iH, o seguinte: «O mcsnio s~iihor (el-rei) 10~1-a riiuito n \ . s . ~ o prohibir

que no seu i-cal icrviço se empregue gc.iitcs tlv graya, por- que nunca foi dc sua real intenqão scrvir-ic t l ~ gente pobrc sem lhe pagar estipendio para a sua sul~:.i~tc~iir.i:i. ordena que n2o sb para o mesmo real serviço, mas para iiciihiiiri outro de particulares, se não emprcguc pessoa alguiiia qiic n8o seja paga coiii jornal cstabclccido pclo estado comluum da terra; rccomkendando-lhc que, coiii a maior vigilancia c cuidado, procure examinar c cohibir as violencias que se fizerem n'csta materia, procedendo contra qualquer pessoa que se sc.r\-ir ilc gente livre, sem lhe compensar o traballio coin a paga (lc jornal que n'elle vencer.,

Quc d'esta providencia nBo sc havia tirado o r r ~ ~ ~ l t n d ~ (IUC o goyerno da mctropolc desejava, vG-sc ciii uiiin iiiciiio- ria cscripta em 1782, onde se lê que o presitlio clc Aiii1j:ic~:i ngo tinha então a t e r ~ a parte da poroaqão qiic antcss ti- vera, dcvicla essa diiiiinuigão aos roubos e violencias soI3-i- (Ias pelos povos, c feitas pelos brancos.

Eiii 17'31 u governador officiava ao governo, queixando- sc das violciicias que se faziam aos negros, levados como carregadores até Cassange. .

O ca1)it;o gciicral dc Angol:~, Antonio clc h:ililnnha dn Gama, qiic depois foi conde de Porto Santo, ciii i i i i i : ~ incb lnoria que inandou ao governo cm 1814, dizia o hclg~iinte refcrinclo-SP a Angola' :

1 Esta me~noria, com alguns ~dditamc~itos, foi impresstt em Paris, por Luiz Aritoi~io tlc Al~re~ i r Liiri:~, dcpois coiiclt da Carreira.

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(< X2o fnltniii cl(*ineiito.: iiaturnc.s Iinra a prospcridad<: da :igrieiilturn n'cstcs pnizrx, c o ii2o floreccr clla attribuo c11 principalmeiiti~ :L cibiisa que vou dizcr.

« O commercio da osçr:~vatura esigi :~ cj~w as volumosas c pcsa(1as fazendas que para ellc serri:iiii, coiiio annas, pol- vora, gerebita, zuartea, etc., fossem transportadas da capi- tal a enormes distancias c10 sertao :i costas dos negros, nzo linveiido aqui outro rncio de fazer cstes ou cliiaesquer ou- tros transl~ortes. Os sobas, ou potentados avassall:~dos, cr:ini obrigados a fornecer estes carrcgadorcs, que rccebiam por cstc serviço uma insignificante retribuição, pela qual cspe- ravniii iiluitos mezes, c ás vezes annos . . .

((Os ncgros odiavam naturalmente csta servidao, que os clistraliia das suas occupaç5es7 e lhcs occasionava muitos incoiiniiodos, um pcnoso trabalho, incsquinha c tardiamente remuncr:ido, c toda n sorte dc vcs:i<;õcs. Por isso buscavam elles evadir-se a cutc l)cxiioso clovcr por toaos os meios pos- siveis, sendo o 11i:lis: iisiinl a fiigri, cyii(. (>ffcctunv:~rii, umas vezcs antcs da rcquisiq2o c lia prcvish cl'olla, c outras mi -1110 durantc :is suas caravanas. Ora, coino necessaria- 111, c te o numero d'estes carregadores era mui grandc, bcm lhdc iii~agiiiar-sc qual scria a rapida progrcssAo dccrcs- centc da populn$io que estas deserções occasionavam nos districtos c prcsidios ohi*igados a siinilliantes alcavalas ou prcstaqUcs pessoaes; as crimes, por isso mesmo se tornavam ainda cada vez mais duras c l>esadas populnyho dirninuta que ficava.

((Escusado parece dizer qual seria tambein o fiinesto effeito (l'cçte tribiito cios carregadores sobrc a agricultura, que fi- cava privada (lu? brayos necc.stirio.i para os seus trabalhos.

((Esta pratica abusiva devc cassar quanto antes, n2o obstantc as queixas c opposi~õcs dos iicgociantes de An- gola, os cluaes se amotinam, e julgairi o commer6o perdido :i menor altcrapão que se intente fazer em suas rotinas. SZo clllcs quem o pcrderam, pois se a sua impaciente CO-

bi(;n oh i~?i.o imljcllíra a irem eiicoiitrar as negros nas suas terras, seriaili os ncgros que viriam ter com elles; como

Y

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:icoiitc8csc~ 110.~ portos (13, cost:~, fiil-:~ (10, 1111+$0-, (lolninios, aondo ;i. noticia da chegntla dc, l i i r i navio, nttr:ilic logo todas as nayccb uii tribus vizirilias.

hc por6111 a rotina l)rc:jiidicií~l e iiial avibatl:~ de mandar as fazendas ao scrtzo, for tao forte e obhtiii:itl:~ qnc ii?io

ceda aos dictaincs da rasa0 do proprio intercshc,, ([e\ ~l.,i , pelo menos, a1)olir-se em todo o caso a prcstay&o obrigatoria dc carregadorcs, c deixar este negocio ao alvcclrio ( L i~jiistc particular dos interessados, bem como a fixapao do csti- peii(lio dos mesmos carregadorcs, que ntb agora cra dc- ti40 ribis no fim da negociayzo 1.

«O:, prctoj das vizinhançns do rio D:iridc, ondc nxo (': t>o frequente a passagem de cargas, e quc por i-;.o S::O iii(>iio.

incommodados com requisi~ões dc c:\rrcg:itlorc~\, ,j:i ti.:i~c.iii :i cidade muitos mantimcntcs de sii:~ propria lavra, c, o

inesino fariam os do Bcngo, Icolo, Quuiiza, ctc., sc ii:ii,

fossciii t8o molestadas c perseguidos coin ncliiclla. «'i'iido fiiialincntc me persiiaclc que clle (r o inaior obstn-

ciilo que impede n'cstes paizcs os progressos da agriciil- turn. Ora, muitos productos <ilcstes podem vir a scr artigos import;iritcs dc esportap30, coino s?~o o dgod>o, o caf6, as csl~ccinrias, alguiis iilniitiiiicritos, nzeitcs, anil c outros ge- iicros 1)oderiaiii iritrodiizir-sc c.iiltivarcm-se com vnritagcin, coino, por cxcmplo, o tabaco, o cacau, etc.»

Em jnnciro de 1839, o coronel Fortunato de IIcllo, cliic lia- r ia servido quatorze amos cni Angola, a quem, nariiiiilia qua- lidadc de ministro da marinlia e ultramar, pcdi inforinaçõcs sobrc o assumpto, escrcveu-iiie; e referindo-se á dita mernoria (10 capitão general Saldaiilia da Gama, dizia o seguinte:

a Quc cra exactissimo o que sc referia n'aqiiella meino- ria; qiic centos de negros desertavani para sc li.\~rarcin dc concluzirciii as fazendas 110s iiegociaiitcs cic Lo:~nda :i distancias cnornics de alguns riiczes dc ri:~gein, muitas vezes acorrciitados pelos pombciros8, para lhes uso fugirem,

1 640 rkis de Angola ou 400 r6is do reiiio. 2 Pombciros, encarregados das negociayGcs, nos scrt0cs ou Pombe.

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pois quc o p:igarnciito ri%o corrc.sl)oiidia dc iiiodo algum ti iriillcsirna 1)nrte dos trabalhos c fadigas por que passavam; quc para isso cram os carregadores dados aos feirantcs (vulgo aviados), pelos capitães móres e regentes4, os quaes os man- davatii buscar por soldados ou empacaceiros" e que os re- gentes chcgavam a abusar a ponto de exigirem 2d000 r6is de gratificação por cada um carregador que davam. Quc isto explicava as grandes sommas de 30 c 40:000 cruzados, adquiridos cin dois ou tres amos por alguns reg(~iitcs, e a rasão da diminuição da populayão.~

Ein presença d'estas iilformações antigas c rnodernas, o- governo tinha o dcrer de destruir um tal systcma de iniqui- (ladc, c para cssc fim foi expedida a portaria do teor se- guiiitc :

«Sendo presente a Sua Magestadc a Rainha a violencia e vcxayao, que, dcsde longos tempos, se tem feito aos seus subditos negros dos dominios de Angola, obrig:lnclo- se os sobas das jurisdicyõcs dos prcsidios c districtos, a dar nos capitZcs mhrcs, ou regentes, ;;r:~nilc numero de lioiii(.ii~ para screin distril)iiidos ao3 feirantes, a finl de car- rcbz:ii.c.iii para os sertMctb o(.iitios, as fazendas que ali iam trocar por escravos, cera inarfim, fazendo com aquellas cargas mui longas c penoi:is viagcns, e isto por um insi- gnificante e incerto pagaincnto; chegando até alguns avia- dos c pombeiros a corninettcr a criicldadc dc lcvar os car- regadores acorrentaclos para não Ihes fufiirciil, como inuitas vczcs faziai~~, para se vcrcm livrcs da tyrani~ica opprcss2o c fadigas, a qiic erniii dcstinados; e vendo Sua hlageutade quc aqi~(~ll:i pratic:~, :il~in de estar em inteira opposiy5o com os prinvi1)ios do systciii:~, pelo qual actiialnicntc 6 regida a mon:irclii:i, tcniii produziclo o l~c~riiicioso cffrito (lc tliiiiiiiiiir considcrnvc~liiic~ntc a populapho, porquc muitos negros fal- lccinm iil:iqucllas riagcns, outros fugi:iiii durante clla, ou- tros o faziam logoque prcviarn cluc seriaili iiomcaclos pelos

1 Clief[,s dos districtos. 2 So1d:itlos pretos.

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SCIIS scspcc t i~o~ sobas, c os outros só voltavain passados muitos incxes: ficando assim em desamparo as sum fanii- lias, c distrahidos da apicultiira e industria centenarcs dc Gra~os, que sciii aqucllc :iLiiso as podcriam fazcr pros- perar: e não sendo aqiiclla pratica de modo algiirn adniis- -

sivcl hojc, nincla quando fosse regdada por principias dc cquidadc, c fi~ncl:icla cin bnscs mais justas, yistoquc sc acha cxpressan~cntc prohibido o odioso trafico da escrava- tura, que + dita pratica principalmente facilitava: manda a mesma augusta senhora, pela secretaria d'cstado dos nc- gocios da marinha e ultramar, que o governador geral dc Angola prohiba aos capitães móres, ou regentes, o dar uni s6 carregador que seja, para conducçno de fazcii(1:is oii cpacsqucr objectos de cornniercio par:, fiíra dos liiiiitc$(los doiiiiiiios portuguezes, e ncm nicsino cl(. i i i i :i par:^ outrodo- garcs dentro d'ellcs, a não scr para traiisportc de ol>jectos pertencentes ao estado; dcverido, n'cstc caso, sci pagos OS

carrcgadores pela fazenda l~iil~lica, pclos prepos cstipiila(1os scguiido as distancias; e qiic: faja cffectivaiiicnte respon- ~nvcis ou ditos capitles nt61-c~~ ou regentes, l>cblo cumpri- iiicnto d'essas ordens, castigando com todo ' o rigor das lcis OS infractores; entendendo, que, para o futuro, fi- carh ao arbitrio dos negociantes e dc quaesquer outros individuos o ajustar-se com os negos para a con(1iic~iio do suas fazcndas ou generos dc uns para oiitros pontos das nossas possessões, sem que cm taes occasiZcs janiais intcr- venha auctoridade ou forca. Sua BIagcstadc, coiivcncida igudmcnte da grande utilicladc das feiras do Dondo, Beja c Liicamba, muito rccommcritl:~ no dito governador geral, qnc quanto antes as faâa rcvivcr c ponlia no seu dcviclo i'C, como cetivciarri dcl)iii- (10 niiilo dc, 1772, a fim de quc 09 negros gentios ali l~o..:iiri ir vendcr a cera, iiiarfim c outros generos, c comprar as fazendas, aguardcntc e mais objcctos de commercio, que os aviados dos negociantes de Loarida 1cvn~;iiii As suas tcrras; empregando o mesriio go- vcriiador gcral a mais cscrupiilo~n attcriyiio na cscolli;~ iloh clircctorcs, cscriv%c.s n1iiios;iiiii.~; (1:i.i :i,brcdittw fitiru:;, (,

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dc modo quo todos os commerciantcs ali ~ c h e i ~ i segurança ( $ 1~rotccyEo, quer elles sejam ou não subditos de Sua Ma- gcdtadc. Paço das Nccessidades, 31 de janeiro cic 1839. = Sd da Bardeira. u

Eeta disposiplo do goverrio foi, como devia esperar-se, muito m d recebida ein Angola. Entretanto o governador geral 4 ordcriou quc se cumprisse.

,bcerc,z dos cffcitos cl'esta portaria nos districtos onde foi i executada, dizia o capit8o das tropas dc Angola, Fran- cisdo de Salles Fcrreira, em uma exposipEo que escreveu, que achando-sc n'essc tenipo destacado no presidi0 de Pungo Andongo, víra que ali concorriam cm grandc numcro os negros dos scrtõcs do Libollo, dc Bailundo e do Bihé, que se offercciaiii [L fazer o serviqo dc carregadores, ajustando- se volinntai-iainente com os negociantes.

Dizia niais o dito official que, no anno de 185Q, por rrio- tivo de p w a , retiraram-se precipitadamente de Cassaiqc os negociantes de Loanda que ali se achavam, deixando 18 as suas incncadorias; e que os negros livres do sertão do Soiblgo, se offereceram a transportar-lVas para Talla Mu- &go, onde aquelles se haviam rccolhido; e que sendo adcita a offerta, e tendo-se ajustado o prepo do transporte, foi este effectuado pelos ditos negros.

VG-se, pelo que fica exposto, que em todos os vastos ter- ritorios que constituem os governos de Benguella e de Mos- samedes, e no districto clo Aiiibriz c no Bernbe, isto 6, ao sul e ao .norte de Loanda e do curso do rio Quanza, sc podein obter negros para o traballio por ajustes livres; e que, a lcstc de Loanda, no districto de Talla Mugongo, os sobas nzo erani obrigados a dar carregadores, segundo o artigo 21.O do rcgiinento do mesmo districto.

Se pois 6 certo que os brancos podem obter trabalho por ajustes voluntarios nos territorios situados ao sul e ao nortc c a Icste de Loanda, seria absurdo sustentar a asser- $0 dc que n'csta cidadc c nos districtos ccntracs, o tra-

1 0 viw-i~lmirantc Noronha.

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ballio sbmente se póde obter for~ando o* iirgros a 11rcst:i-lo : asserqlio esta já desmentida pela coricorrcnri:~ :L 1'~iiigo An- dongo dos negros dos sertões, quando cstci\-c c ~ i i csecuyão a port:iria de 31 de jnrieiro dc 1839.

I'uiico tempo, porhii, durou em Angola a cxecuqao d'esta portaria. A cobi::i c os iiiteresscs individuaes prcvalcccram ainda contra O dircitu d i ~ populaq%o ncgra, contra a justiya c contra os interesses publicos.

IIavcndo-se rctirado para a Europa o governador geral que a fizera exeeiitar, foi temporariamente sul~stitiiido por um conselho de governo; o qual, no rnez de jiiiilio de 1840, sob o pretexto (lc iiiodificar as disposiyiics d : ~ rnc.siii;L porta- ria, fez-111~: tacs :~ltcraç8es, que, dc f>ic.to, a aniinllou, so- ])lii sinando-a.

Coinprehende-se que gente cobiçosa e interessada abu- sasse da posiçWo que temporariamente occupnva, para que iiiipuncmente podesse continuar o systema de cxtorsGes praticadas contra os negros; mas o que certamente i: de- ~)lornvcl 6, que o gorcrno de iiictropole, por sua portaria de 10 dc outubro dc 1840, ddssc a sua approv;@o áqiicllc attentado.

Assiin coiitinuarain as C O U S ~ S atb qiic, eiii 3 c1c riovcfiliiLro dc 1856, foi publicado uni clecrvto (ia rair~lla a scrihura L). JIaria 11, por iiiiiii rcfcrc.iiclatlo, coiiio rniiiistro da ma- ririlia c iiltrainar, cujo prcanibulo c disposiyoes principaes s5o as seguintes:

((Sendo da niaior justiqa qiic quanto antes seja abolida a 1,ratica abusiva quc, desde antigos ternpos, existe em uma parte dos territorios que forinarn a provincia de Angola, e quc consiste em scrcm obrigados os negros livres subditos portupezes, a uni penoso traibalho que ali se dciiomina oserviço de carregadoresu ; attcndcndo a que o dircito que, pela carta constitucional da monarchia, pertencc a todos os portuguezes sciii cIistincy?io de rnqn, cor ou crenya reli- giosa, de p~dcrci-ii dispor do seti prol)rio trabalho c da sua propria iridiistria pela riiancir;i cliic iiic.llior lhcs convier, dcvc scr mantido aos dito:: iicgros livres; atteiidendo a

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(~ I I " , Iuiigc de liavcr lci qiit: niictorisc a cxigcncia c17cstc tra- balho forg:tclo, uiii:~ orclern rcgia havia proliibitlo tc~riiiinaii- temcnte, eni l'íQ(i, qiir se esigifsc trabalho alguin forgado dos negros dõs di.,ti.icntos de U(~ngnel1a c outras rcgiocki; a quc disposipões aliteriores havia111 ordenado qiic cni Aiigol:~ ninguem podcsse scrvir-se dc gciitc livrc sern lhc pagar; e a a quc uma port:irin (Ic 31 de jniieiro de 1839, tainbem pro- hibia positivarncnte o serviço for(;ntlo dc carregadores ciii toda a cxtensho dn mcsnia provinci:~; iiins sendo certo que o abuso, proniovido e iiianticlo pela cobiqn, c esercido em opposiqko a cstas soberanas dcterminayoes, tcin ali annul- lado o referido direito, que aos ditos ncgros assiste de die- porem voluntarian~ente do seu proprio trabalho; atten- dendo a que o argumento que se tcrn aprcscntado para impedir a estingWo de similhantcs vcsnmci:, dc quc, sc os negros nno forem obrigados ao scrvi~o dc cnrreguclures, ccssar:i iiiteirarnentc o cornriicrcio do interior da provirici:~, :i.biiii como aqucllc quc se faz corn as nayõcs inclrpviitlen- tc.3 dos sertoes, i! uni pretexto que se devc considerar da I i i i I i i ~ /:L (1 ':iqnclles que semprc foram erriprcgados pelos t l ' ,, 1 1 - l lrcs clo estado de cscrnvid;~, contra os :~dvcrsarios (I 'c~ta iniquidade; por isso que em todos os territorios por- tuguezes de Angola, aonde se nho exige o serviço forqado de carregadores, encontram-se negros lirrcs que volunta- ri:~iiicntc sc ?justairi 1mra transportarem as fazendas dos iivgoci:iiites; e que (1iir:iiitc o tcnil)o ciii cliic ri'aquella pro- viiici:~ cstcvc cm exccuyiio a citada port:rria dc 31 de ja- iiciro clc 1839, concorriam os ncpos a ajiistarcin-sr voliin- tari:iincntc para o transporte dc cargas, coirio concorrem hoje na niesma provinci:~, c ],:ira o iiicbanio fiiii, os iicxgros livres do I:ihib, do Songo e dc niais outros 1og:irc.i; c como t:~inbcrii acontece ern to<tos os territorios quc l'ortiigal I ~ C ~ S ~ I L C ('1n Uuiilé c na Africa oriental; attcndendo, final- mrnte, n qiic não deve por mais tcmpo ser tolerada urna tal T iol('iicin, que ha mais de um seculo tem sido estignia- tis:id:~ 1)or ~livcrsas auctoridades zclosas e intelligeiitcs que tcc>iii f'iiiiccionado n7aquella provincia, e considerada a causa

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dc graves males para o desenvolvimento tlo progresso da iticsiri:t lwoviiicia; conforniaiitlo-irie coiit as consultas do con- selho ultramarino de 10 de dezembro de 1831 c de 12 de setcmbro de 1854: hci por I)(.iii tlvcretar o seguinte:

(Artigo 1." Fica abolido c prohibido em todos os tcrrito- rios da provineia de Angola, sem excepção alguiiia, o ser- vico forçado, ali chamado, serviço de carrcga(1orcs.

((11i.t. 2." Ficam tambem abolidos todos oq 1n:ii.i scrviços f;~i.~ailos qualquer que seja a sua denominaçao.

((3 unico. N5o são comprehendidos n'esta disposição: « 1 .O O serviqo iiiilitar e os serviços a quc, pelas leis, são

obrigados os habitnntcs do reino e ilhas adjaccntcs; ((2." O scrviqo dc que trata o artigo 3 . O d'cste dccrcto; a 3 . O O scrvip (tos c6inoros, ou vallados, para iinpcdir os

estragos das innundacões, ali denominado, serviço de bon- giics.

((Art. 3.O Ficam tarnbem obrigados os habitniitw (10s dis- trictos e presidios da provincia a concorrerem para O ser- viyo de coiistrucy20 c reparaçzo das estradas dos seus respectivos distrivtos coni o trabalho, que não exceda em cada anno a doze dias seguidos ou interpelados, podendo presta-lo pcssoalmcnte ou por substituiç50.))

Em presença de tão positivas disposições legaes contra o abuso do se exigir dos negros trabalho sei11 ser por ajuste voluntario, c apesar das medidas tomadas p:iia quo cllcs cn- trcrn no goso do dircito constitucional, qiic lhcs pcrtence, de poderem dispor do scu trabalho, ainda presentemente o abuso nEto cessou, se bem que se prntiqiic dcbaiso de outras ~1ciiorninaçc)cs.

O que fica exposto Acerca d'estc assumpto, é um exem- p l o d:is difficiildadcs que sc oppõem :I extincção dos abusos cuiil que lucram uiuitos iiidividuos influentes.

No longo praso de perto dc triiita c cinco annos, isto é, dcsdc janeiro de 1839, até aos fins de 1873, tem ordenado o governo, 11or ii1uit:is vc,sc<.., I ~ U I ' ":i:' rcq~eitado o direito que o artigo 145.O da carta coiistitucional dti aos ncgros livres ile Angola, coirio o tli~ ;I todob os l)urtuguezes, de disporem,

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( . ~ # I : I O cl~tizcrciri, do scii proprio trabalho; c ainda o contrario

Assirn, o espaço dc t c~ ipo qiic tciii decorrido, para que nquclle iiilico artigo scjjn cscciitado cm beneficio dos iic- gros, excede a quatro vezcs o espayo do tcinpo que ilccor- reu dcsde 1826 at6 1834, iato 6, oito annos, cni que, por meio das armas, conseguimos estabelecer cin l'Oi.tli$$ :L

mesma carta constitucional, a qual cont6rii cc~iito c qua- rcnta c cinco artigos.

Cumpre ao govcrno fazer cxccutar rigoros:iiireiitc o dc- <*resto clc 3 dc novenibro de IHUG, ao ( i ~ ~ : ~ l tciii sitlu i i a i t : ~ ttl1iaz opposiçXo.

A respeito d'aqucllc decrcto, dizia uma correspondcncia ini1)rmss" cm 1839 o scguintc : nCom um golpe imprudente, intciiipestivo c impensado, matou-se o comiricrcio, a proa- l~cridade e o futuro da provincia clc Angola ».

AsscíçZo erronca, pois que, coiiio n'esta iiicsma colonia csistc, cm varios districtos, a pratica dc sc f;ii;crc.in ajustes voluntarios com os pretos para o transportc das cargas do ccbi l i i i i i i .c . io, ha iiiotivo justo para quc ao inc,sino incio sc. ii:io 1.i corra nos districtos onde se exigia o tr:il>:illio for- çado. E stiinerite o interesse individiial, qiie quer pagar a qucm trabalha menos do valor do mesirio trabalho, ou iiiilsiilo nada, como muitas vezes succcdia.

Ilnvcildo um governador geral de Angola reprcscntado :iccrcn d:is difficuldades quc se lhe apresentavam para a cxccuç50 do decreto mcncionado, foi cxpedida a seguinte portaria :

ctForani presentes a Sua Jiagcstado 14-lici os officios ii." 98 de 11 de maio, c confidencial n." 20, clo 4 de junho c10 corrctrite anno, crri qiic o governador geral da provincia ;I(: Aiigol:i, exl)o~ido as difficiildadcs que tem cnconti-ado na cucciiqZo do decrcto de 3 de novembro de 1836, quc abo- liu o serviço forçado dos carregadores, ilifficuldades qiic O

iiicsiiio governador geral atti-ibiiiu a uma tenaz reluctailcia dos l)rctosao. trabalho, que nffirma n2o poclcr iiuiic:~ vcn- cear-sc scrii coacção; e ser a origem de se cxperimcntar um

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sciisivcl cicsfalque na chegnd:~ do.. gcncros do interior, proce- tlciitc d:i dernora das cargas 110 (~:ii~iiiilio CIO (iolungo Alto a C:~ssange, por falta de condixctoi.c~s, I 1, d(8 l~rovidencias effica- zes, e solicita do governo de Sua. ,\l:igc.~tadc uma dccisiio ca~cgorica sobrc este assumpto, dc c1ar:irido que o paiz não pódc, por ora, prescindir do emprego dos pretos nos trans- portes, c quc o augmento do dizrmo, se os dcixasscni entre- gues 6 sua natural indolencia, se tornartl inipossivel peli~ falta dc iiicsio\ (I(, o satisfazerem, tendo alciii d'isso dado jh causa n alguiiia ciiiigração para os sert0cs nao avassdlados.

«O contcíido dos mencionados officios suscita as seguintes considcraqGcs :

a l . " Observando-se o qtic sc tem passado na provincia dc Angola desde a publicagHo do decreto de 3 dc novembro de 1836, nota-se quc a repiignancia dos prctos ao scrviço tic cnrrcto se mostra mais proniincincln nos districtos cen- ti-aes, como o Ciolungo Alto, Ani1):ic:i (. l'iingo Andongo, isto 6 , justamente nos logares em qiic. d':iiitc.\ os pretos cram hrqados a fazer essc serviço, e ondc, ciii coiiwcliiencia d'ests ol)rig,zp:"ro, os antigos regentes, e os clicfes quc os substi- tiiir:iiii, Ihcs faziam as maiores extorsões, e praticavam para coin c,lles toda a sorte de violcncins, com o fim dc cnriqite- ccbrcrii dentro dc 1)oiico tempo; recebendo dos negociantcs c l u ~ tr:it:~varn com os scrtGer, aviiltados premios para Ilics fornecerem os prctos carregadore~, a qiicni os mesmos iic- goeiantcs obrigavaiii a longas xiiarchas, cai-rogados com grandes pesos e a penosos traballios, e de ordinario sem rcnliinerayZo alguma, e a ficarcin frequentenicnte muitos iiiezes seguido? ausentes dc suas farnilias, levando-os iis vczcs atí: Cassangc. presos com correntes ao pcsco~o, c fa- zc.iid«-lhes outros ultrajes, dc qiic iiiuitns vczc2fi sca l h ~ s ori- giii:iva a iiiorte; rcsu1t:~ndo taiubtlin do t:ich vii~lc~iici:is gixii- tlcs c~~nigr:iyGc,s diis tcrras ~~ortiigiiczasp~iai':~ :IS dos rcgulos indcl)ciidcntes, clc modo qnc., occasiCes liouvc em qiie o dis- tricto de Anibaca, c outros, se nclinraiii por similhante mo- t i vo quasi despovoados ; o yic tudo coiibta haver succcdiclo 1wr docunicntos officiacs, proccdrrites do alguns dos antigos

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capit%cs p b ~ ~ c r a ~ s , tacs coii~o I ). Franci se0 Tnnoccncio dc Sotis:~ Co~ltinlio C Antonio de Saldanlia da Garna, dcpois coilde de I'orto Santo, e de outros govcrnadores, c taml)ciii por diversas memorias de particulares; e Q seguramente da lembrança dos actos que os chefes e os negociantes prati- cavam, e do receio de que se repitam, que prov&m essa rc- luctancia dos indigenas dos districtos centraes, a sujeita- rem-se ao serviço do carrcto.

aAo passo, porém, quc isto assim acontece nos menciona- dos districtos, succede o contrario nos outros em que o refe- rido scrvipo já não era forçado quando se publicou o decrcto de 3 de novembro de 1833, corno em Bcnguella c seus ser- tões, onde desde 1796 era csprcssamente prohibitlo cons- tranger os indigenas a transportarcni as mercadorias; no districto do Duque dc Bragança, onde, pelo acto de anncm- pão no anno de 1838, sc estipulou que os rcspcctivos sobas ri20 seriam forqndos a fornccer 1)i"etos para aquelle serviyo; c rio vastissimo tcrritorio de Tall:~ Rlii~origo, em que tambciii, ~ ~ b l o rogiiiic~iito dado no respccti\.o calicfc. no anno de 1851, 1 1 1 1 t foi clsl)rcs-:~riic.~i tc. pi-o1iil)itlo conccder carrcga<lorcs. ( ) 111chliio sc vcrifica iins ic rras do Iktiribe c c10 Ainbriz, onrlc igualmente niio existia siniilhantc obrigayao, e onde n5o C necessario compcllir os pretos a transportar as mcrca(1orias dos sertzes para os portos limitrophes, poisquc elles se pres- tam a isso sem difficuldadcs por ajustcs voluntarios.

«Assim tambem, do iiicsmo modo que antei d:1 publica- 520 do citado decrcto, continúa a fazer-se ria citladc do Benguclla e nos seus sertões iiin commercio, que B de grande importancia, como se vê nos prol~rios boletins do governo dc Angola, bastando citar o ii."C>7 do 1.' dc maio do correntc anno, cm que vem o iiinppa da csportaçao effei- tuada pela alfandega de Loanda no mcz dc fevereiro no valor de 41:3884700 réis; e o de csportay?~o lic>la alfandcgn de Benguella, no mez de janeiro, no valor clc 31 : lCil+jOGl r&, mostrando uma differença clc 9:772;S:ííil reis para iiini-i

no coiiiiiicrcio feito no territorios tlt. l~eiigiiella cuin1):irntlo coi11 o que sc fez eiii 1;oarida.

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«S.n Nno siio, l~or':~ii, %"I osfactos obsc~rvatlos ri'cstes tlis- trictos que dcriionstrnm qiic: ncrn scmprc o tr:~balho (10s pre- tos G deito da coacçgo; poisqiic nos referidos boletins se 16, rliic os pretos do concelho dc Cazcngo são mais trabalha- tlores que os dc nenhum outro; que agriciiltani por sua ~woj~ria conta, ou dos maiores proprietarios, como forros; o c l t ~ o significa que dão dois dias de trabalho p r a os donos (lu tcrr;~, sciido o restante da semana para si, pagando-lhes os pro~~ridnrios o clizimo ; e deixando-lhes certa quantidadc dos pro(liicto~; c tainbm que os indigenas do Golungo Alto vFio-sc. t1:~iiclo 6 cultura do algodno; e qixc ainda simi- lliuiiteriicnte, no coricclho dc I). Pedro V (Bembe), o maior coiisimio dos geric:ros do alimentaçzo feito pela forte guar- niqno d'ncliic~llo ponto, vae animando os povos para o desen- volvimcrito cln respectiva cultura. E: o govcrriador d'cstc districto cscrevia cri1 31 dtx (1czeiiil)ro de 1857, (( qiic os tra- ballios da estrada podi:uii cstar iiiuito adiantados, porqiicb

' 'lS'1SScI1i, h ( , t (~ i a in qiiantos trabalhadores indigcnas sc p rc~ ' , paganclo dc jornal a cada iirn d'clles 100 bagos de coral 11,

c> que corresponde a uns (i3 r4is fortes por (1i:i. ((Em prescnqa de taes inforiiiay(ies, f i cvidciite que n as-

~cry%o, clc qixc os pretos scniprc sc cs(ll~i~arii :L() traballio, não tcin fundamento. Se nssiiri acontece cm algumas loca- lidadcs, liao succede o mesmo cri1 outras.

~ ( 3 . ~ Convcrn pois, que :L l)ropen&o ~1uc os indigenas, dos rlistrictos ultirnaincnte m~iicionaclos, rnostram ter para a :igricultura, seja aprovcit:ida e desenvolvida por meios huaves c indirectos; combatendo-se ao mesmo tempo, b r oiitros rileios da mesma natureza, a rcpiipniicia que os habit:\ntes de outros logarcs parecem ter ao trab:rlho, quer seja ile apicultura, quer de carreto. E foi isto o que jti sc tcvct crn vista na proinulg:iy>o do outro tlecreto (10 3 de no- vcn~l)ro dc 1856, quc ord(~iin o :iii(=iricnto do in-iposto sobre :~:j IiabitaçGcs, impropriamt.iitc1 ch:irilatlo tliziiiio ; o qual im- posto todavia, ainda assiin ficou iniiito iiiodcrado, pois que apenas iniportará cm menos tle 18100 r(4s fortes por fogo, qiiniido clieguc :L cpoclia tlc scs cobrar o iiiaxiiiio decretado;

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iiirliianto ~ I X C os pr~tos d : ~ colonia h';if:il, qiic ii>o cst3ti iii:~is adiantados em civilisaç50 que os tlc Angola, pagairi 11 shellings por cabana ou fogo, oii 25473 r6is fortes; sendo este tributo lançado com o fim, 1120 s6 de ampliar os rendimentos da provincia, mas igualiiiciltc dc crear nos in- digenas a necessidade de trabalhar, a fim de prodwirerii va- lores sufficientes para pagar o imposto; obtendo-se, por este modo, tambem o augmento das producções agricolas da pro- vincia, c por conscqiiciicia o da sua riqueza.

~ 4 . ~ Outros rricioi porhm 30 poderiam empregar para in- clii.cctaincntc excitar n populaçao indigena ao trabalho, com provcito da iiicsiii:~ pol)ulução, taea szo:

a) Obrigar or sol,nr c deinbos, que habitam em terras :iIn-ol~riadas 2i cultura tlo :~lgoclZo, a aprcscntarcm annual- incntc., II:L cnbcça c10 rcsl~cctivo concelho, c em dia clcsi- ynndo, uni dctcrininndo iiuniero de arrateis do dito pro- ducto, c ~ i r ~ ~ ~ ~ o p o r $ i o tio riiimcro de fdgos dc quc coristas- ~ ~ i i i :LS seiiz:~las suas subordinadas; e esses tantos arrateis ecriain comprados pcllo governo da provimia por iirii 1,rtyo reniuncrativo, aiiteriorincntc fixado ein uma tabella, org;i- i i l 11:i 1,(xln junta c1c fnzciida; ficaricio p0rí.m livre aos iri- digenas o disporem por outra f(irina do prodiicto das suas lavras; comtantoque a quantidatlc total apresentada por cada soba fosse sempre a que sc ~~OIIVCSSC fixado.

6 ) Permittir que eiii logar dc algodão podessc o iridi- gcXrin, conforme as localidades, nprcseiitar outro gcncro dc ~)ro(luc@o agricola o11 iniricira da provimia, como tabaco, .( i i m , café, gado, ferro, cobre, cnxofre; cleoendo os equi- T-:ilciitcs ser designados na niesma, ou em outra tabella, fci ta tninbeni pela jiiiita da fazenda.

{(O algod>o c os outros generos comprados em conse- quenci:~ tl'c..,ta inedida, seriam vcndidos pela junta da fa- zenda erri liasta publica, e o seu producto arrccaddo no scu cofre.

c) Dctcriliinnr qiic o chefe de familia que 1150 apresen- tnssc a qiiniititladc dcsipada de algocl20 oii dc outro pro- cliicto, scrin obrigado a trabalhar para o estado nas cstra-

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das oii na agricultura, tlci inotlo (1i1(1 O valor d'essc trabalho, fib.,ic cqiiivaleritc ao tlobro, ou triplo, do prcyo por quc o cçt:ido devia pagar o gciicro que o chefe de fainilia tivch:>c obrigação de apresentar; sendo para este fim calcu- 1:iílo ( ~ I I I 100 réis o valor do jornal de cada indigena.

d) Estabelecer que o estado poderia cctl(.r a l)articularcs ('sscs ílins de trabalho, par:& ser c.iii11rcgnclo na agrici~ltiirn, itit~tli:iiite unia cí~iiil~c~~i~;iy?~o eqiii\-alciite ciii cliiiliciro, ciija iiiiporta~icia dcvcria scr applicatla, parte coiilo s;il:~rio para o iiicligcna, e parte para o mclhoraniciito dar vias de com- iiiuiiica<;30 interna.

e) Introcluzir de um niodo suave o uso (10s trajes ciiro-

pcus, clctcrminando-se qiic os sobas c niacotas, quando nssisti~~c~iii :is audicncias das aiictoridntlcs 1)riiicipacs da 1xuviiici;i, clevcriam aprcscntar-,i(, v(~,tiílos ;i curopea, e que t~~lnl>ciii assim anclasscm vehticlus os cscravos á custa tlc seus SCI I I IO~C~~; tudo sob pena de niulta. f) Ycrsuadir os indigenas mais ab:istndos a construirem

casas á moda europêa para sua habitay?~. g) Activar o impulso, já dado na proviiicin ~ic~lo govcr-

iinclor geral, á abertura de estradas carreteir:iù eiitrc diver- hos l)nntos, e em espccisl aqucllas que condiizciii aos loga- rcs dc c.riiI~arqiie.

h ) ltc~comiricndar aos parochos c missionnrios que nas suas praticas procurem convcnccr os indigenas da necessi- (la(1c do trabalho, c da coiivcriiciicia (lc se vestirem á c1wopêa.

Estes meios, c outros que ainda se poderiaili offerc- ccr, segundo as circuiustancias, dcvcriniii concorrer para crear necessidades aos pretos; c estas tr:iriain a nccessiciade clc trabalharem. É: comtudo con~rcnicntc, quc se averigue com cuidado, quaes s5o as occupaçc"ies mais cxequiveis e utcis a que os indigenas devam scr incitados, a fim de se empregarem para este effcito os mais adequados c cfficazes cl'esses meios; na intclligcncia de que só de taes meios indirectos se poder8 usar, porque scria impossivel estabe- lecer rcgras para obrigar os pretos a trabalharem para os

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I)rancos, :iiiicla 1,ng:iiiclo-llics estcas, wiii ~ l i i ( ~ isuo déssc oecasir~o :i I U ~ : L ii~fii~idii~l(' ~ l c USOS da forq:i, tle qiic rc- sidtaria a opprcss3o doi; iiidigenas, e a sua emigraçao, corrio succcdia frequeiitvs vezes, (paiido ellos eram forga- dos ao serviço de carrcgi~ilorcs.

Alas IJar:l que sc 1)ossa fiscalisar a execução das me- didm que fic.;ii~i iiidicadas iio § 4.' letras a, b, c, d, quando cglas sejam acloptadas, e para os fins quc adiante se decla- ram, conviria alistar tocios os indigenas dos conselhos dc Golungo Alto, de Arribae:~ c de Pungo Andongo em com-. panhias dc guerra, preta, ou com outra denominaçâo.

('7." Quanto :io cornmcrcio dos sertões, a fim de que nbo seja iiitcrronipido, poder20 tomar-se as seguintes medidas:

a) l'roclu-ar resolver os particulares, senhores de escra- vos, n cuiistituirem-se em sociedade para estabelccercm o scrviço dc carreto, empregando os seus escravos nas cara- vanas quc conviria org~inisar, corno abaixo se dia.

6) Formar caravanas destinadas a transportarem cargas por conta cio estado, eritrc os scguintcs pontos; a saber: 1 . O , de uin porto na margem do Lucalla d villa de Go- lungo Alto; 2.07 de um porto do Lucalla ao logar de con- celho de Ambaca, quc for designado pelo governador gcrol; 3.07 dc Caiiibarnbc, ou do Dondo, na margem do Quanza, it villa do l'uiigo Andongo; 4 . O ) d'esta villa a Cassange, ou a um logar escolhido na margem esquerda clo rio Qiiniigo.

aorganisar uiii scrviqo dc trniispurtc eiil carros, entre Loanda e Calurnl)~, e dar todo o iiiipiilso :i construcção das cstmdas, desdc os portos do Lucall:~ :i villn de Golungo Alto e ihiibacn, e de Cambaiiibe oii do 1)ondo a Pungo Andoi~go, t x tl':~li para Cassange.

((Pois como a villa dc Goliirigo cst:i n iiiii clia de jornada de Agiias Do~cs, & eviclciite quc o coiiiiiicrcio ha de obter gra~id(br vantagens e descnvolviiiiciito, logo (pie estejam em estado dc serem transitadas por carros :is cstradas que conduzcin da dita viUa de Golungo c ele Painba, em Ain- I,;~ca, :tos ])orto\ do Lucalla. E estas estradas, scgundo in-

J

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formayc"ics que lia n'cstc ministcrio, poclcriwin facilmente cstar 1)roinptas ilcntro c1e dois annos, coiii o traballio r c p - a r de ceiii liomcns por dia.

c) Ordciiar qnc os individuos empregntlns iins caravanas scjain detalliados por escala pelos chcfcs das eoiiil)aiihias acima rcfcridas, podenclo os indivicliios (1c.tnlh:itlos (lar sub- stituto~: eni seu logar; e niio podenilo (lxccdcr n seis dias o tciiil~o de niarcha de cada uin d'cllc~, ii(>iii a G4 arrateis o 1)ciio de cada carga; e dcveiido (lar-se-llics scinpre a jwta

.rciiiiiiicraçilo do seu trabalho. «Esta rcmuneraçilo scrA dc 150 r8is por dia para cada

indigcnn, devendo, dcni d'esta quantia, pagar quein os eni- pregar inais 150 réis pnrn o cstaclo por cada iim, com npl)lic:i<io :ís dcspcza.; t l :~ l~olicin (Ias caravanas, sciido o reriinncscente para as obriis das cstratlas.

(1 I<stns quantias ser30 pagas (liii iiiocd:i iiictnllica, c arliail- tadas seiiiprc p:ira cada vi:igriii, pelos iicgoei:iiitcs quc en- trcgnrciii as suau cargas :í niictoridade para esta as fazer trniisportar, c terffo uma c+uiitiil~ilicliicie á parte.

«NAo se pagara emolumciito alguiii, oii gatificaçio, pclo serviqo do detalhe c reuni50 dos detalhaclos, nem aos che- f i ~ , iiciii aos commandantcs ou officiacs das coiilpanhias, oii :i. q d q u c r outro inclirirli~o.

«Estas caravanas do estado dcvcrzo partir em c-lias certos - dos logares designados, levando escolta em caso de neces- si(1:idc.

«Estas carav:iiins serão siipprimidas á mcditln ( ~ I I ( ~ sc f;w a{)rindo ao transito cada iiina das estradas dc Goliuigo Alto, Airibaca c de Pungo Aiirloiigo nos portos do Lucalla c do Q1l:illzn.

( L ) Siiiiultancaiiiciitt: 1)c;de cstabclcccr-sc o sen~ico dr bois para carreto, dc sorte qiic qiiando as caravanas sc suppri- mirem não se resiiitam cl'isso as ncccssidades do coninicr- cio, c possa incsino apress:ir-?cb n siippressho.

e ) Como i: de esperar qiic ciii breve tempo sc 1)oilcrii dar grande tlc~~ciivolviincnto aos tr:iballios quc ha a fazcr na li- iili:~ tcrrcstrc c fliivinl dc Loaiida a Cassange, poistlue n

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:iiictorisn(:7io pclditln :íi: cortes pclo governo tle Siia M R ~ P R - t:idc, l,:,r;i levantar iiin cinprestimo coin csta appldic.ny>07 j:i foi t.oiic.c~did:~ caiiiara dos senhores cicputados, c s0-10-hn t:iiiibem, sem duvida, pela dos dignos pmcs na pro- sima sessno legislativa, muito convirti n'essc intuito csta- belcccr scrviynq fliiriaes desdc logo, entre Caliimbo e Carn- brirribc c os portos do Lucalla. Para esse fim conta o governo riinn(1:ir ],:ira Angola um ou dois barcos de vapor de coii:;truc*y2ci ;il~rnpriacla para navegarem ciltrc aqucllcs ~)oiitos, c que v>o nt8 Lonnda, quando o perinittir o rstado da barra.

«Il:stcs barcos, alcin c1:is escalas que liao dc fazer nas mar- gens do rio, cleverIo dciiiornr-sc, no porto de Massangano para wceberem passageiros e gcricros, pl-ovenicnks do con- celho d'csta villn e do ílc: Cazengo, ambos 1):inliados pela parte rinvcg:~vel do Lucalla, e tambeii: os que vicrciil dos c o ~ e l h o s de Cioliiiigo Alto e dc Ainbacn, qiic dista111 rcs- pectivnrncnte dos portos de embarque n'c.st(1 rio tres c qua- tro dias dc jornada.

«8."',zrece que seria de muita vantagcin o estabdeci- iiicrito i'cgiilar d'estcs serviços, pois consta ii'cstc ininistc- rio, por iiiiforninyUcfis rccc.l)idas iio correntc aniio, que alguns proprictnrios dc (':izc,iigo j;i fazcm conduzir o caf& e outros generos clc sii:~ ~ > Y O ~ I U C ~ > O , por vi:^ do Liicalla c Quamrt, 13:~-a Calniiibo, c dl:ihi para Loanda pela cstrada; obtendo por cste meio grande c.coiiomi:i. O transporte faz-sc por terra cin dois dias desde Agiias Doccs e a iriargcm do rio Liiinhn :it& Ociras, onde cmbarcnni em canoas ou lanchas, nlgiiinns clns yiiacs chegam a 7 tont.ladas de capacidade; c:

:iffiriiia-se que se não affluciii mais cargas ao Quanza B por Iiaver falta (h barcos.

a9.= As recommendaç(ies que vZo feitas para o estabele- ciinento das carav:inns c do serviço de carretos por bois ~iiostraiii quanto c', notavcl, rluc Iiavnndo cliinsi dois annos que o drcrcto (I(: 3 clc rinveiribro cle 185(i foi promiilgado so rizo teiilin toiiiado em Angola arbitrio algum, n firii de

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intcrior; quando i: certo qiir nZo sb lia ali uina rliiaritidade muito consideravcl dc bois, alguns dos qiiaes sho ensina- dos para o tran:.i~)rttt dc gente, e que podiani vantajob:~- rrieiitcl .c.r tiii~,rc~gaclos rio serviço de carrcto, corno se f:iz li:\ I ii~lia dcl<dc ternpo iiiiincmorial ; bem corno, qiic t n i i i l ~ i ~ i i i

lia c i~ i Angola iiiais de GO:000 escravos, :ilgiiiis iiiil1i:ircs dos quaes poiliani, sem duvida, scr igualiiieiitc c~iiil)rcgndos n'este serviço, com proveito de seus proprios sciihorcs, y ie tiraria111 de tal emprego uni rendimento, como i~oh outros pnizes, onde ha escravos, se tira do aluguel d'estcs.

«Vendo-se, pois, cliie nc~iiliurna diligencia tem sido feita, para sc aprovcitarcni, coiiio mcio dc trniisl)ortc para o inte- rior, rccurfios t?o valioso.: como os nicncioiindos, cliie exis- tc,iii iin l'ropria l)roviricin, iino l~údc rcht:ir tluvitl:i, dc que os iiiteressados nos antigos abiisos niaritêciii :L c-l,t2rtiiiy:t de qiict, (liti relapao :ís disposiyí5ca do decreto de 3 tlc novcm- I~ro dc 185(i, ha de acontecer o niciilio qiic suc.ccilcu com :L 1)ort:lri:~ d'cstc ministcrio dc 31 de janeiro de 1830, a c111i11 :ilooliu o scrviço forçado dos camcgadores, c que tendo sido csccutada durante algum tempo, foi depois sophismada por u ~ n governo da provincia; do que resultou voltarcui as coiisas ao antigo estado.

u 10." k portanto nccessario desvanecer coiiil~lctaiiiciltc si- milliaritc esperança; e procurar que dcsapl,arcyn, 1):ii'a scin- pre, a antiga i d h , cle qiie nos brancos resiclentcs lias colo- nias portiiguezas da Afric:i, llertciicc. csplorar o traballio dos iridigenas sem Ihes darem a devida rcniuiier:i<;,'lo. I<; ii(,ccs- - s:irio cluo a auctoridade piiblica mantenha, coiri to(1:~ :L fir- Jncza, o principio de que ncrihuiii particiilar ptidc exigir dos indigenas serviço algum, sem qiic Ih'o paguc pelo rliie coni elle ajiistnr; poisqiie estc direito í: garantido licln r:ii'tn constitiicioil:il d : ~ iiionnrchin a todo o portiigura, (11i:il(~ii~ i'

que seja a sua ilaturalidndc, rasa ou cor; direito cliic ,i:; os antigos sobcranos d'cstcs rciiios haviaiii tlc(*l:~r:iclo 11c.i.- teiiccr aos indios (10 Urazil e aos negros livres tl:ii colo-

nias yortuguezas. ((1 I.' Scndo porem ccrto que o catado tem a faciildnd(3 (li,

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ol)i.ig:ir o iii(lividilo africano a um scrviqo tciiiporai.io, como se pratica lia Eiiro1)a em algumas occ:wicic.s rsccpcionaes, 6 eoiiio scrviqn ~ x e c ] ) ~ i o ~ ~ a l C iiecc~~s:~rio ao beiii do estado, ~ U C podcr?io scr toiiiadni algii~iias das medidas qilo ficam indicadas; porquanto, se d corri effeito da maior iiiil~ortan- cia para o bem estar, civilisa$o e cngrandccimcnto da pro- viiicia de Angola, quc os seus habitantes de raça preta clirgiiciii progressivanicntc a um estado de civilisagiio igual ;i dos brailcos que ali rc~sidciii, i i h C tambciii mcnos u- gcntc, por outro lado, evitar q~u: 110r falta do commercio cios scrtzes se :lttcniieiii os rcrldiiiiciitoc principaes da pro- viricia, e sc coiiil)roii~<~tt:i ppr rss:) fl;riiia o servipo e a or- clcin publica.

~1 '2 .~ Quanto aos sobas e ilciiib~ls, cluc acolherem os in- cligcnas quc hajam abaiidoilndo :i, suas scnzalas p:ira se subtrahirem ao pagainciito do iinliohto c ao trabalho, cum- prc que csscs sobas c dcriibo.; scjniii obrigacios a entrcgar os f~~gitivos, impondo-sc-llic,s, cliiando o iino íizcrein logo, uma iiiulta aclccluada, oii :IR 1)ciins que porventura liaja csta- I>clccidns ciri aiitigos c.rlit:~cs, ou outras ordcns do governo t1. i l,l.uviiicin, por clarcm guarida :íqiicllcs que, pela fuga, tlc Ifauc1;~v:~in as rendas (10 estado; dcvcrido os mesmos sobas o dcinbos, vizinlios dos districtos, ser previamente adverti- clos de qiic assim sc ha de praticar.

«l'ciido l~ois Sua Magestade cni cspccial attençno quanto o govrriiaclor geral da provincia de Angola cspoz lios sciis referidos officios, e bem as~iiii :t5 coiisideraçCics expenrlidas cliic sunçitoii a Icitiira (10s mcsiiios; rriniida, pela secretaria cl'csqtndo dos negocios da marinha e ultramar, comrnunicar :LU iiic..iiio go\-ern:lrl«r geral, qiie ha por bem auctorisa-10 1):~" adoptar c publicar as providencias quc forcm ncccs- sariaa sobre o assumpto de que se trata, devendo cingir-se iios pontos essenciacs ao que fica inclicado n'esta portaria, c darh parte succcssivainente, por estc rriinisterio, das ordciis i~iic csl,(~(lir a tal resprito, e do resultado das nicsmas or- tlviis; c~sl)cr:~iido o inesilio aiigusto scnhor, quc cllc Kovcr- 1i:itlur gc~r:il cc,ritiiiiinrh a cirip~cgnr, C O I I ~ O :itc ;I=OI.;L 1('111

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frito, totlo o zelo iio ciiiiipri~ii(~iito (1:~s h i i : i s rcnc..; ilcteniii- ii:~çUcs, c1u ab~ui~lpto quc tiio rccoiiiincilclado llic estti, e por inoclo que se consigam os beticficos fins (10 decreto de 3 dc dezembro de 1856, iio justo iiitcresse dos indigenas, scin damilo grave para a :~griciiltura, nem para o com- riicrciu iiitcriio, cujo augmciito c l)rosperid:iclc Sii:~ 11:iges- t:idc iiiuito dcscja. Payo, eni 22 dc sctcillbro clc 1858.= Sú du Bandeira.))

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O oarviço dc bois para carga - Camellos niaiidados para Angola - Mclliorouieiib~ <I:? coiidiyáo dos libertos-Begulamcnto Scercs dos vadiou Iiii[#orta$?to de libertas- l'raùalliaùores livres ass.lariado8- Colonis dc Natal - Kacuiplo para a Afriea por- tygucza-Illm dc Ceylão-Clulluras em Angola -- Cerenes - ('reação de puio Ia- niqero - Importaucia do valor das lãs - CJvilisaç50 dus uegroi -- Rcpiiblicas do 1Iaili c de Liberia -Trabalho livre dos negros - Exemplos.

A rccom~ncndaçi?~ fcita na prccedcntc portaria, dc sc empregi~rein bois para o carrcto das fazendas, cm logar dos ;iegros cawcgadores, era dc facil execução; poisque, na mesma proviiicia (lc Angola, lia ariiinacs d'csta especic ~ ~ I I C scrvcin ~ : w a nio~lf lu'. 15 coiiio nos districtos dc Beii- ciicll:~ e cle 3lossarrictlc.r lia iiiuito gado vaccum, poder-sc- ia ter em pouco tclliyo o iiiiiiicro que fossc ncccssario para o empregar 110 traiisportc de cargas, como se pratica em muitos paizcs da Africa ao norte c ao sul do equador, c como se usa na India.

O historiador Castanheda diz, quc Bartholoiiien Dias dcs- cobrindo ,z Aguada clc S. Braz, em 1486, ilcl)ois de haver ciobrado o cabo cla I3on Esperanya, aclidra a tema mui vi- yosn, c vira bois capados, eni que os ncgroi; :iiiclavam, sendo :ill)ni.ciados '.

O viaj:,nte iiiglez, F. Galtonz, conta ein um livro que piiblicou, o ii.o que fez d'esta especie de transporte. Desem- barcaiido ellc, ilo aiino dc 1851, na bahia de Walfish, ao sul cle Cabo Frio, alcrn do lirnitc das terras portuguezas, avan-

1 T,iy. I, cup. IY.

2 V i ; i g ( . i i i tlr C;;iltuii.

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qoii 1xxra o interior :itU 6 miss2o evangelica a l l r in~~ de Bar- iiicii. Ahi comprou um boi para montar, c quatro para carrcto, alcm de outros. Dois dos bois foram carregados coiii o 1 ) ~ s ~ de 130 e 135 libras cada um; e outro, que de- poi:, :iclcluiriu, c:irregava 160 libras.

0 i:!jaiite pnrtiii dc 13:irrncn na dirccs>o do iiortc, c rxl)loroii o paiz :1t6 Ovanipo, rcgiro rpie c:,tL proxiilia ao graiiclc rio Ciineii(~, :L eiljas iiiargcLiis i:liii coriimerciar, sc- guntlo ouvíra, alguns sertanejos portiigiiczes, procedcntcs de I:ciigiic~lla.

N'cbta exploraçzo de iiiiias ccin lcguas dc paiz, gastou ciiicociita dias na sua rnarc.11:~ para o iiortch, c quarcnta no rcs~rcsm7 andando n'tsta ultiili:~ 460 niillins ii~gl(,z:~s; s ~ ~ d o :I (1ist:liicia iiicdi:~ da iriarelia (1inri:r de ii i i i : ib !I '1-3 iriilli:~~, o corrcspondc :L 15 ou 16 kilomctro~.

A missuo de Earinen foi, lia l~oiicos annos, invadida pelos l~otcntotcs, vindos do sul, os qiiacs, seçuiido diz Galtoii, tc.111 inuitos bois para irioiitar c carregar.

O scrvic;~ dos bois poderia, ha muito tempo, ter substi- tiiido o serviço dos ncgros. Scria p0ri.m mais caro, porqiie Iinvc.ria de comprar-se o gaclo, e sc cstc riiorrcsse seria uinu pcrcl:~ [)ara os SC'IIS clonos, oiiicliianto quc os ricgociantes nada ~)crdiain c0111 :L iiiortc~ dos negros c:~rregadors. E esta é unia cltis raszcs, por que tem coiitinuado a aboiiiinavcl pratic.;~ do serviyo forçaclo. O mesmo motivo se teni opposto :L qiici, 1mra o carreto, se importem em Angola muares do Cabo da l h a Iispcranya ou das i1li:lr (li. Cnbo TTcrdc.

So niiilo de 1H39 fiz tr:iii~lii~ri:~i. d:is i1li:is Caiiarias 1)nr:i Angola alguns cairiellos do> dois scaxos, os cluaes ali se d(,- r:riii bcin, ciiiquaiito f0rani Lei11 tratados, e rrproduzirniii-se; c coin clles cstabelcccu o go;ovcriiador geral, l'cdro Alc~:iii- driiio ela ('1iri11;1, um serviyo rcgular clc tr:iiislioitc I iitrc* :i eidridc. de T,oaiicla e Caliinibo, ria niargein tlo rio Qiianz:~. I)c.poib da retirada d'estc zclusu fiiiiccionai.;~,, ilc .;cuidararli o tratanicilto il'aquc~llcs ailirriacs :L lioiitci ilts iiiurrcreiii todos. i h i i n se 1tcr(leu U I ~ ensaio que 1)odcri;i tc I. \iclci dc gniiiclc i i t ilic1:itltb l~nra :i c.oloni:i.

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Na portjlrin t r : ins~ri l ) t~ 110 ~:il)itnIo prcccdentc, lia (1isl)osi- yUcs que scíiiic,iitc po(l(~iii scr :il~plic~~d:is aos libcrtos cyuc prc- sentciric.ntc csistc~iii, ( ~ U P ~11129 rl(1 abril dc 1878 h20 de ficar çornplctnmcnte einancipados, c aos patr0es dos mesinos liber- tos; c ha outras que deverão ser de execuç3o permanente, por- ~ I I C s>o conccrnentes & civilisaçgo da liopiila~?~o negra. Se14 pois iiccessario que o governo toine clc aiiteiii3o alguriias iricdidns directas c indirectas, quc coiiduzarn os negros li- bertos a adoptarem alguns dos usos da gcnte civilisada, taes coirio a fi.<~qiicncia das escolas c o vestu:irio. Ent3o o drscjo ti(: j)o-~i~irciii os objectos precisos, llics crcarh a neccssid:idc tlc tr:il)alliarcm para o satisfazer. Pcssoas que tenham vil'ido (:i11 Afi-ica poder50 indicar quaes s3o os inclhorcs meios para se conseguir este fim. Um dos mais cfficazcs para dcrcnvol- vcr a civi1isac;Zo dos negros será,, sem duvida, a crca$io d(: iiiuitns c5col:is l)riinarias, e o ensino da l i n p a portu- gueza.

Quanto nos libcrtos que existem nas coloilias <I: iicccssnrio (IIIC, scn~lciiiorn, se tomem algumas nicdiclus para inclhorar . I \ I I : I condiyYio; a qual, scgiindo iriforiiiaqGos fidedignas, A lic~ssiiiia viii alguns logarcs, tnvs coiiio :L illia dc S. Thomé. 1)evciri iixir-sc O nuincrn ~ l c dias dc cada semana, f h a O

clorriiiigo, cLiii qirc os l~atrões possam exigir o seu trabalho, O

numcro maximo das horas d'csse trahallio, scgiindo elles fo- rem :~dultos ou incnores, e o csp:iyo dc tempo que devem tcr cliariniiientc para as suas corniclas c descanso. Tambcm sc tlc\ vrA rcgiilar, qual o vestiiario c qual a sua alimcntaçho, tanto cm quantidade como ciii qu:ilidadc, que os patrões de- vcr3o dar aos libcrtos, c o qiic diz respeito & hygienc das

I I ; ~ , li:iLit:ip0cs c trntniiicritc, cl:is suas molestias. Sci& iic- crssario designar as peiias correccionacs que por faltas po- dcAo ser impostas aos liLCrtos c aos patrões, C qual a auctoridade que as poderd impor.

Os agentes do ministcrio l)ilblico dovorno velar pela cxc- ciiy3o dos rcgulamcntos, recliicrchr 1)roviclciici:~s ~ I : I ~ : L '

t i i i i , c, iiifoririar l)criodicanic~itc o govcriio (1:~ iiictrol)olc c1u cliitb oc.coirer a t:il rcspcito.

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I< i;~ii:iliiic~iitc. ncrc:;sario (III(~, x~11 (I(WIO~:I, c , coiii toíl:~ :L rittcnyao, sc: c~s:iiiiincni os rcgistos dos libertos, ])ara ii'cllc.s se dar b:lix:~ aos que tiver(.iii coii11)letado o praso do seu sc.r\ iyo.

l l i~ tambem oiitro rcgulaiiieiito cluc ciiiiipre fazer, C o rc~lativo aos vadios; mas (! csxciic.i:il cl(+iiiir 1)c.m clara- iiicXiitc a apl)licny%o rluc eiii Aiiqola (- ciii S. Thoiiib c I'rin- cilw c n:ls oiitr;is coloriia!:, deve : (>r tlntl:~ :í p:~l:iri.:~ vadio; attcritlciido :L qrio : ~ s iiiii11ic~1~.!~ i 11 L: l.ilbi h 8 0 ([UCIII, ~ ~ 1 1 1 gcrni,

O C C I I ~ ) ; L da :~gri(*iilt~ira e (11. oiili~~:, iiiihtc.rcs. E cshtn, clcfirii(;>o i, niuito nc~c.cn>~:ii~i:i, 1inr:i qiie sc ri20 re-

pit:~ o f'z~cto 1ir:~tic:ielo <.iii lliigola c i i~ 18-10, 1)clo coilselho do govcriio, (liich, sol~lii~iiiariilo n 1,c~rt:iria tlc 31 de j:iiieiro de 153!), ,iciiii:i ~ . c b t i f i i . i t l : i , i iicl~iii~ ria cl:isoe dc vadios a r~i:iior j):ii.tc (10s ii~~gro'i livrc,:; cl':ic~iic~lln 1)rovincbia.

n<~rc.,i.:irio i~iic. iio rc~gul;~iiieiitc, ic*l:~tivo nos vadios SI,

( l c~ t (~ i i~ i i i (~ I ~ I L ~ ~ o tr:~l)all~o (pieb, 111,las L ~ ~ : ~ s (~iillia-., Ilics for nr1)itr;itlo ])('111h ,juizes, s<ja sen1pi.c c~t:cutado crri obras clo c~st:itlo, t:ws coiiio cin cstradas c politeu ou oiitrns nc- c(.sx:iriiis, oii riii :igi~ic~iiltiir:i Iior c.~~iit:i (10 c~stado,'l)ara o

cic, hei.& li l,~.i~st:~(lo por yj~lhtcis volil~lt:irio~, c01110 sc prn- tica n:is co1oiii:is do Caljo 11:~ 1hi:i I~:-]I~~.:II~~:L, C ~ C N:lt:~l, da Scrrn Lco:i, clu Scriepl, e na rcpul,lic;~ (lc Librrin.

,I coiiccd.,:io fbit:i l~clu artigo 2." c10 clecrc.to 111, 1(

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d(~7cnil)ro 1X3(i, l)c.lo artigo 4.' do clt.crcto dc 14 dc dcxc.iiiGro clc lSl)4, 1)ar:t a iiii1,oitayZo de lil,c.rtos nas-co- loiii :~~, (~:t<Iiic:~ iio (lia 29 dc abril do 1878, coiiio sc acha tlthc.l,~i.:i(lo tia l~ortari:~ dc 15 de outubro do 1810.

Era clla unia conccss?io temporaiia, destinada a durar c~riicli~nnto diirassc o estado de cscravidlo ou existissem li- bertos; e seria inconipativcl coni a aboliqZio da escrnvidSo, porque promoveria o coinmcrcio ciii escravos entre as tri- bus indcpcndtliitcs do dominio portuguez, cio niesino inoclo que 1roil1ovi:~ a c~sportas?ío de cscravos para a Aiiicric:~; c d : ~ iii(wt1a iii:~ricira que o promovia o embarque, ciii i ia~io. ii.aiicczcs, (10- cliaiiia(1os trabalhadores livres.

E isto foi I(~:ido :í c.vidciicin l~cllo apresamcnto tlc varicis navios cliie trnnsportnvaiii pretos. que haviam sido cinb:lr- cn(los iio-: l~ortos portugiiezcs da costa orierital da Afric:~, c.ritre os quaci sc contava o Clta?.lcs c t G c o q y e , facto q i ~ c de11 logar :ias actos de prcpot~ncia praticados ii:ts agnas tlo Tcjo pelo goreriio ti-aiiccx. Sciido para notar, coiiio aciiiin

cli'qc, (111~ ~ 1 s t ~ incqmn g o v ~ r n ~ l ~ ~ ( ~ c o i ~ l i c c c ~ ~ cl~l)oib, :i. ti.,tii~acyõcs relativas nos c1inm:iclori tr;iballlndores livres.:, I~I.:I i I i (]:i I I ~ ~ ~ R I I ~ : L iintiireza dlaqucll:is qiic sc l~raticavain par:L o 1 1 t ( ~ cscravos, e qiic 1)rodiixiaiii igiiacs c~ffcitos. Foi por essa razão cliic as prohibiii.

O governo porti~gucz nGo poderia renovar aquella con- cess3o scni clue as cortes para isso o auctorisassem; c, nem cllc, nem a representaçzo nacional, querei-iam, srguraincntc, coiiiorrer para a factura dc uma lci tcnclciite a 1icil)ctuar rios scrtõcs africanos o trafico da escravatura; c cuja cxc- c.iiy$o 1iavi:t de suscitar rcclniiin(;i;cs c conil~licayOcs cstran- gt ir;ic, fiiiidadas nas dispo:iyi>ci d o tratado dc 3 dc jiillio de 1842, bcin como no j u i ~ o eiiiitticlo l~rtlus govcrnos bri- t:iilnico c francez dcerca dos chamaclos traballiadorcs livre. .

IJrn jornal dc Loanda4, diz, que na actualicladc ali c+tA l~ratican(lo csta sorte de trafico, sendo exportnclos 1 1 : i i : L

5 . Slioiii; iiiiiito:: i i~gros co~ i i~ ) r :~c l i~~ 1103 s~rtõespar:~ ch~c. iiiii.

1 O C'~.ci:cairo tlo Sul, 111. 22 dc sctciiibro tlu 187;.

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('IIIII])I'C~ (111~ o gorcriio toiiic nic~tliclas rigorosas para co- liil~ii. ( l( : I ~ J I I ~ ~ .

L T(~ i i i -~ í~ :iflii.iii:rtlo qiic os ncgos não sc ~)rcst:irii ao traba- 1110 ? c b i130 1"". 1 ; ~ i y . l c h t : ~ asscryao gratuita, (lu' sq)rrtt.iidi:~ f1~ic.i- 111'-ar r01110 :~~io ina , data dob tciiil~us do tr:ifico da (Ls(ai.ii \ atiii.:l. T':iit>c I t:irilbenl se assevcr:n :L qiic a cscr:tvi- d2o cra i i r i i l~c~iictlic.io 1)nra os l~rctoc,, porcliic os livrava dc sthrr~ii niurtos 1)or acliichllc~s chcfcts iicbsi.os qiie iras guerras o i f:ixi:~rn pri"oncxii.os. dizia-se, cliic d(bl)ois cle scrciii cs- cara\ os t~lles rccebiaiii o grandc bcneficio c10 baptisiiio, lia- bilit:iiiclo-qe assim a ~jocicrcrii scr civilisaclos.

1';ii.:~ c lii(~idaq?io d'cstcs argumciilos scrh util transcrever aqiii o (I I I ( , , no anno de 1810, escrevia um governaclnr das illiai tlc (';il)o Vcrdc, dccrca dos povos das mesmas illias.

«É: vcrcln(l(fi, dizia clle, que os scus Iiabitantes SUO indo- lentes o preguiqosos, riias assirii o s5o em todos os climas quciitcs, aonde a natureza tcin POUC:LS 1)r(~cisC~'s ; porh i esta natural indolcncia pbdc ser ~upcr:ida coni a instrucçZo e c i~ i l i sa~ão , e com as coniriiodidnclcs que cxperimcntariam (10 fructo do seu trabalho, e quando i i > o \i\casseiii oppri- iiiidos, com um rcgiinen permaiicntc, i i i t i.c~:iiitil e quasi des- potico; pois entre elles corre gcralmente cite asioriia «que í b mellior citar ocioso e riao tcr ii:ida, do que trnl):illi:lr, para t3o pouco não ter ii:ida, c engordar os outroq)). K110.: 1)orí.m s3o iiiui doceis e suborclinados, e d'ellcs iiiu boiii c.lic.ti~, LU- iiiairo, sabio c politico, poderia tirar todo o partidoi.»

O negro rvciisa traballiar quando sc lhc não paga o seu sal:irio, ou cstr ú insl~ficicnte) O quando cI: ni:iltrntndo: C

ii'('it(1 c:i<o t ~ 1 I ~ conduz-se corno o ciirol)eii. t

Xas 11nq)rias illias de C'nbo TTc.rdc cstzi a demoiistrac2o tlc que usin;ligeiias se l)rchtniii :L tr:il):~Iliar quantlo sc lhes I I : I ~ ~ : L devidaiiicntc. 13ast;ir:i s:il)cr qiic li ilha dc S. T'icc~iitc, oiicl(b foi cxtiiictii :L (~si>ri~vid;lo, :IDIIICII~ dc todas a. illi:i- 1~:ir:t o sc'rviy ,, tl':l1):~lh~~dO1'~~ (>i11 I ~ I I I I I ( T ~ iiiuito eoiisidcravel.

Sc ciii Aiigula sc der aos iic'gi.os completa scguranqa das

1 Autouio l'tisbic.11, .I[( 111fwit i~ sob) r' (1s illius tle Cubo I'erdc.

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SU:LS ~)CSSO:II ( h proprici1:~dcs7 tniito :íryiic~llt~s qiiclj:i rc~~iclc~iii iia coloriia, coiiio aos qiie, vindo clc tclrr:~:, i ~ i i I (~~ )~~ ie l c i l t~~ :> :ili se quizcrciii est:il(~lccer: eiit?io li:^ tlc ali si~cccdcr o qiie tc~iii nconteciclo na coloriix britannicit tltx Iint:il, :ioride tciii coiic.orrido niirncrosa~ ti-ibiis dos 1):iizcs viziiilios, 1)rocii- i.:i~itlo se'g~~ranya c pi~ott~yao. 11-5iiri :L sua l)«l~iil:1~2o i t i i r i

coilsideravclmc~iitt~ aii,qiilcnt:ido. A iiinncir:l coiiio stL tc,iri procedido dccrca d'cst:~ colo-

nia 6 o iiicsllior cxt~nqilo (111~~ I'ortug~l pc'1~1c rc~gnii., 1Jais:i. o :i~~r~~vt*it:iiiiorito (10s c~stcii:.os tcsrritol.ioh (1111~ 1)ossiic c111 ( i i i i i c ' , i I i ig~l : i , lSoçaiiilii<r~~c e ' l ' i i~i~r) OIIC~C: ta~iste aLun- cl:iiic i:( t lc braços iiicligcnas, qiic :L iritclligcncia, coinbi- ii:idi~ c0111 O capital c n iritliistrin, 11odcr:i ciiiljrcgar p:lra obter do scri tr:~b:illio gi.ancl(l5 i.t~~iilt:itli~s. CI I I I J ir;i l i o i - ; r(,- foi.ir, coiii algiiiiin estciis~o, iis cii~ciiiiist:iiici:~~ ~ ' c ' ~ I . ; L ])os- rcss>o I~ritnilriica, coin 3 qu:il os tc~riitoi.ios 11c1i.tiigiic~zc~ tciii gi.:liitl(~ :iii:ilogia, quanto no cljii~:i, 11:il l i t:iiit c,:: t: ~~i.i~ili icy~cs.

Foi V:isc.o c l : ~ G:iiiia rlue, na sii:~ 11i.iriiei r : ~ vi:ijiciii 11:ir:~ :i Iiidi:~, clcucobriu a costa, a que deu o iioiiio t l t : 'l'crr:l t111

T:it:il. por que foi rio di:i 23 (11: iI(.zc.iiil)ro tlc l4!)7 qiic :L

: i \ I-t { I I I . Os portuguczes iiiiiic.:~ :ili sc c~i.t:il~c~I(~cer;~iu, coriio t:iiiil~c.iii o nao fizerarri no Cabo da Iloa J3sl)t~rnriya; sendo 1):1ra :tdi~~irar que nzo occupassein esta tao iiiiportante po- siwão.

Os fazendeiros, ou boc i,+, clcscericlriitcs tloi lioll:~ndezes ( 1 1 1 ~ colonitiara~il o C:~bo ([:L I3on Esperniic:;~, tlc~~cc~iitcii tes coiii as auctnric1:iclcs iiiglczas 1)e1111 modo coiuo iUi:ii11 in- ;Iciiriiis:iclos l~clii aboli^;:^^ da escr:~vitl,:io, c l)or outros irio- tivos, (%iiiigriir:i~ii CIII jii,:lii(lc' 1111111(~0 t1'c-t:i cciloriia, nos an- I I O - do 183ii, 18ii7, 1838 e 183!1, icv:~iitlo coiiibigo os seus gr:~ncles rc~1~:liilitjs dc gado. $1 dcl~ois dc havcrcni combatido, coin varia hrtiiila, contra as ti.il11is clc cafres zulus, esta- belcceraili-sc ciii Furto Natal. 11~:: d'ali foram expulsos por tropas inglezas. E ellcs, retiralido-se para o interior, occii- ~,:wam ostcrritorios, eni quc foririaram o estado indcpcn- cltaiitc dc Transvaal, ou Republica africana austral, e o es- i . ~ i l o livre. do Rio Orarige.

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Sol) o tloiiiiiiio britnnnico, conscrvnrnrn-sc (liii N:ital inuitns dos ciiiigrnclos bocrs, nos quaes hc jiiiiturniii oiitros eiiiigra- cios clc origcbiii britaniiica, saídos do Cabo c da Europa.

Ein 18-1-3 o tcrritorio dc Sut:tl f8i declarndo colonia bri- tnniiica. h siia sitiitiy5o ;icli:i-~~~ ( ~ i i t i ~ ~ 2 i0 40' c 30° 40' de 1:ititiidc niistral, c tciii uiri cliiii;~ tl~ii~si tropical.

A poyulaç2o d'cst:~ c*oloiii:~, segundo 5c calciilava, no aiiiio dc 1869, era de 260:000 individuos, sendo ('estes, 17:000 brancos, e o resto negros, pertcbiiccntes As trilu:, tlc ziiliis c R outras diversas, iiiilitas d:is cjuac. -;io l,c~\iiiidor:ts tlc iiii- iiicrosos rcbaiihos. L41gur~i:is tl'cstas vierniii acollicr-sc :i l~ro- tcc<:r"lo 1jrit:iniiic.a 1):ira se 1ivr:irein tlas gucrras qiic tiii1r:iiii corn outras tribus. Foraui beiii rcccbidas pelo goveriio co-

loiiinl, quc lhes fcz coriccssõcs de terrenos; e ~11:~s :ili go- sniii de perfeita segurança.

A cultura consiste ein caiina tle : L \ ~ u c : L ~ , cxistiii(1o 110 dito niino n'csta coloriia, inais de scssenta ciigciilios iiiovit1o.i lior T , I ~ N ) ~ - para o fabricar, c a sua exportaçiio n'esse aiiiio, c > i i l ~ i i i

:i perto de 1:>0:000 quintaes. Cultiva-se tambem o nlgod:iu, o c:~fí., a arairita, o trigo, milho, batatas, ctr. E scguiido a sitiiaç8o das tcrrn.;, assim se cultivam as plantas dos tro- picos oii ss das zoii:is teii1pcr:tdas.

Ein 1866 cn1cul:~va-se haver lia coloiiia 15:000 cnl~o- (;;i9 3c gado cavall;ir, iiiais de 2DO:OOO 01-clhns (. iiiais 11(' 120:OOO cnbras. A exportaçgo de 13 ciii 18ti!) h i i L i i i a :1.400:000 lilwas; tamhcm sc exporta maiitcig:i.

1I:tl i;i ii:i c ' o l o i i i : ~ iiu~iicrosas e~coI:is, C lia cidatlc dc Pieter- iiiaiitxbiirg, hiia cnl)itnl, c ri:L ci;l:idc iiinritiiiia ilc Uurbaii, csistiam vario> c.1 :ibclt ci~riciitos tlc bcneficc~ii<~in. Erri 1564 foi construida uina poiitc tuLu1l:ir de ferro, com 1:100 pGs de compriniento, sobre o rio Unigeni, a qual custou 17:W

I

libras esterlinas. Ali nunca existiu a escravidZo, riem lia trabalho for-

<rido dc especie alguma. Para os serviyos riiraes e ou- tros, of%,rcccin-sc, por yjiistcs vol~~nt:irioq, os zulus que ha- 1)itniii :L coloiii:~, e affluclm :L tallu, I,:Lra o mesmo fini, nu- iiichrosos iiegros d:is tribiis iridej)eiitl(~iitcs, algiiiis dos quaes

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~n~ov&ni d':iqiidlns qiic viveiri nas proximidades da baliia tlv I~ourc~iiyo Alni.clucs, tciiclo por isso a percorrer oitenta a cciii l(bgu:is dc dista1ici:i; c tlvpois de alguns mezes de ser- viqn, voltam para os seus lares, coin algumas libras ester- linas que ganharam.

H a rm Xatal homens brancos qiir fnzcm iiegocio, i~ido Lis terras vizinhas contratar tr:iballi:idorc.:,. Os do paiz dos ba- zutos, confinante com a cololiia, $Tio levados por clles, cm ranchos dc ciricoenta a cem de cada vcz. Os ajustes são dc ordiiiario f'citos por (juatro mezcs.

1':in novembro dc 1871, scgundo dizia o joriial cla locali- tl:idc, 7'1112 ATtrfril Jh~rctcy, de 2 do iiicsiiio mez, os salarios quc os bazutos vencinrn, cram de 20 ~liilliiigs no priniciro rncz, de 23 no segiin(10, dc 30 no terccbiro c cluarto, isto é, 4f$500 n (;.$TT)O r4iq, ou, por dia, clc 150 a 225 r6is.

13in agosto dc 1872, o sr. 14'. Vaiizeller, que, por ordcni do g0vcXrno portugucz, havia ido :i republica de Traiisvtial, encontrou no caminho, quc scgiiia ])ara Natal, uiii:~ c:ir:i- vxnn dt. 1)retos que, de m a i ~ do (30 inillia~ do clistílricin, sr dirigiam a esta colonin, n l i i i i dc ali proci~rarcu1 tr:~b:~- 1 1 i t I ; c tliz que O @ando o iiuiiicro de prctos que f:~zciii n iiiíLsiiia joriiada com essc destinoi.

No curto espaço dc trinta annos tem tido a coloilia de Natal o clesenvolvimento qiic fica al)oiitado, e observe-se qiie no Ycn territorio n8o se exploralu miiias de oiro a que s r l)o<\a attribiiir iiin tao rapido increniento, como siic- t ~ d ( > i i iin Califori~ia i i : ~ colonia australiana de Victorin.

A 1)oucosgraiis dc latitiidc ao norte de Natal estA a pro- \ iiic.ia cle Moyainbiclue, quc lia seculos pertemc a I'ortugal. >:il)c.-sc a condição em que se achava, e se acha ainda, re- sii;t:ido devido priiicipalrnente aos monopolios c ao estado dc: cucravid20 que ali esistia, c ao trafico de escravatura, cm que se occupara qiiasi csclusivamente a escaça po- ronçao hraiica que 1A residia, e qine em grande partc cra

Rr.lntorio tio ministro dos V C ~ O C ~ O ~ cstrnn!lriros, apresentado As i.<~i.tes c,ni 1873, pag. 34.

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:idventicia. A cbstc: reslwito, iim gorc~rii:itlor de Rios ilc S(lii:~1 jlicde Z111iiI)czi:~~) dizia iio ariiio ele 1806 o swuiiite: «O coiiiiiicrcio dos ~ ~ C I ' : L Y O S eiii ltios de S(31ia na Iiiinha opini;o, iiiria das causas da ~~ccaclenci:~ (I', - t i l c~loiila)).

' i ' :~ i i i l )c~ir i na illia dc CeylFio c,sihtiniii i:i,,iiol)olio,, c o trabn- 1110 ohrigadu clos iridigeiias, incsirio í1el)ciis dc liavcr siclo con- c l i i ist:itla aos liollniiclczes pelos iiifilczes. 112 algiins aniios I ,~ ,~" :~ i i , :L ntliiiiriistraj.~lo britaiiiiicn :il)oliii os riioiiopolios c o t i.nl~:ill~o foryado. D'ahi resultou quc os iiic1igcn:is tccni nios- trado iiiiia disposic;>o progcsiiiva a adoptarem oh irielhora- riieiitos curopcu.; (:]ti agricultura c iiidustria. Gruiiclc exten- s3o (Ir tcrrciios b:ll<lios tem d o :trroteacla, c grandcs plan- t:iyõcx se tciri foito cle arvores c1c canella, de caf'czeiros, c.:liin:L clc assiicar, c do oi~tras l)l:~litas. I~'i\z-sc USO ii'ac~uella illia dos clcphantcs par:L alguns sc~rviyo-, t:~cbs como os de lavrar e gradar as tcrras cultivadas7 traris1)ort:ir grandcs pesos, e varios oiitrc~.> ?.

Xin Angola, l)r(w ~ i t c ~ ~ n ~ n t e , cultiva-se a giiigula oii men- doby, o caf6, o algod,'io, ftibrica-EC agiiardciite, c pbde falrica- se o assucar. cultura cle cereaes, qiie prodiizc.111 L(.iii ii:is tcrras clevntlas ila Huila, Pungo Andongo c outras, poderti vir a ser uin iiiaiiaiicial ilc riquezas. ;lJ:ii.a qiic se aprecie (11 vid:~mente euta asscryZo, b:ibtar:i dizer c111(~, (111 11111 dos u1- t 11110s :LU~OS, perto clc duzcntus navios traiisl~ui.tai.:i~ii cargas iiituir;u de trigo da CalifLrnia para Inglaterra. 1.:) c.oii~i~lc- rniido quc ellcs tin1i:im a navegar pela cost:~ do l'aciiico ati: ;LI) estreito de lVIagalliãeu, e d'ali, pelo Atlaiitico, atk Iiigla- terra, e que a iiavcgaqko de Angola para estc ultimo paiz l)Odc fazer-se na t c rp , ou 11;~ (parta partc do tempo neces- wrio nos iiavios l)rocedciites da Califorriia, o que o custo dos sal:ll*i~:: 111uito clevaclo n'csta parte da Ainerica, poderti en- tre~cr-,c~ o iiitcrtlssc que de urna tal ciiltura ha a esperar.

1 Villns Boas TroZo, Estutisticcc du ( rci,it(r,!icl rlc 'l~'io,s tlc , ) ' , , ! ( i .

2 O nome de Zarnbezia foi dado a esta rogi5o pc.10 tl(~crrto (lc '1 de fevereiro de 1858, por mim rcfrrcnd:~do.

3 llaber, Eiglbt Yenra wanderM6g8 iin Crglor~, Loxidoii, 1855.

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Outro ramo iinportante de iridustria agricoln scria n t l : ~ crea@o clc nixmcrosos rebanhos de ovclh:~~, nas ricas pas- tagens das altas planicies da Uinpata, Huila e outras, :i

leste da serra dc Cliclla; isto.iio caso de ali rifio degenwar o gado lanigero.

Mas niltc~s clc sc emprchender uma explorayrto intliistrial eiri panclc escala, pede a pruclencia que se vcrifiq~i<:, se é ou nL?o rxacto o quc um viajttntc fidedigno, que 1i:~ poucos annos visitou o tcrritorio d : ~ lIuila, refere dcerca das ovc- lhas da Europa, que para ali t0eni sido mandadas; dizendo quc as suas crias 1120 têem lã, mas tConi pello, como a cspecic ovina indigena.

É possivcl riuc o facto citado scja ciovido ao clima ou a outras circuinstancias; mas tarnbcnr pódc ellc ser devido ao cruzamento das ovelhas curopc'as com cariiciros afi-ica- nos.

k certo, porhn, que o auctor d : ~ IIlsto,*ia cla Guiana h- gleza, tliz qiic as ovcllias da k<urol)a, para ali levadas, nYo prosperam, tanto por c:iusa do calor do clima, coirio por ii:io coiiicrciii bc,rri as hcrvas das pastag(11is; c que a siia 1% se torii:~ ~~iunr:lrarlhada, C cAo em pouco tcbiiipo, sendo substi- tuida por uina sorte de pello grosseiro; que um ou outro d'cstes aniinaes conserva a 13, mas que esta so torna muito grosseira, o de cíir cscura; quc as crias continuam a ter 13 durante algum tempo; porém que não engordam como na Europa '.

Ácerca d2esta informaç50, serd conveniente observar, que a parto cultivada (Ia Guiana, á. qual o auctor se refere, 4 eoinl~ustt:~ de torras de alluviWo poiico clevadas acima do riiv(~1 do mar; c a que clla cstá. situada a 7 ou 8 graus dis- taiitcb (lu cquador: em quanto que os territorios da Huila e da L'iiipata são altas planuras, e estão situadas a uns 15 p a u s dc latitude; e por isso o seu clima é diverso do da Cjuiann, c approxima-se ao da Europa.

1':irctcc pois que a degenerasao da raça oviila, que se diz

1 Daltciri, l % e l f is tory of British Gztiana, vol. Ir, 1wg. 478. Li

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ter-se effectuado na Huiln, fCra o resultado do criizainento e n5o do clima; ncm O iiicncionndo viajantr rcferiii que não era d'este cruzaiiicnto qiic procrdi.ra.

Ha annos, sendo cii ministro da innrinlia, quiz fazcr com- prar no Cabo da 13on Esperanqa 1nii rr~1)aiilio d'c-stc gnclo. iiiandaiido d'nli tr:iiisporta-10 para n l ~ ~ ~ n ~ l l ~ d ( ~ . ; p(.li~ fi:iC:lta D. f i m n d o , lia sii:~ volta de AIoyambiqur para Lihbo:i. Mas adoecendo, (leixci o niinisterio, c não foi dvante o ,,r"- jecto.

Dei cntrctmto algiimas orelhas, dc iiin rcbanho iii(.i~, :io

tenente coronel Lc:d, quando crnbarcou para i r govcrii:rr Mossamedes; r roiistoii-nic <lc.pois que algumas d'cllas h- rnni leundas para a I-iiiila.

Darwin, na sua obra cclebre, sobrc a varia930 dos ani- macs e das plantas, diz qiic ns oucllins da Eiiro1)a traiiq- portadas para pnizrs ti-oliicncls, perclorn :L 1% driitro cXri i poli- cas gcraç0cs; ni:ls :icrcscciita tainbcin, quc a raça iiic.rinn, liavcndo cuidado lia escollia dos reproductores, sc teiii coii- servado quasi pura cm diversas condiçiies da sua csi-tcii- cia 4.

iZs ovelha quc dri ao tenente coroncl Leal eram da raya inglczn. chamada Southdo~viis; c foi, provavcluiciite, a ove- 1li:is d'esta raça qiic sc referia a iiiclicada dcgciicrn$io.

k com gado ovino, provenicritc do Cabo da Boa Espe- rança, que a cxpericncia se deve fazer, o qu:il d(~~c~c~iitlc das oveltias incrinas de Hespanha, que foram iritroduzidas n'aquella coloiiia durante o dominio dos hollandczes.

Foi da colonia do CJ )o qiic a Australia rcccbeu as pri- iiiciras ovelhas, d'onde procedem os iniiiiensos rebanhos que l& existem. A cxportoçiio de 1% 6 de muitos ~nilliões de quin- t a ~ ~ . Esta industria tcni crcado fortunas colossaes dentro de prasos de tcnipo mui curtos, nas colonias aiistralianas.

Uiii facto que iiiostra coiilo, pcla crcaq?io dc gado lani- g;.c.i.o, sc *),\de obter vil1 ~)ouco teinpo um lucro consideravel, ;ifiiriiia-sc l i n ~ c r occorriclo ciii Xntal, ondc um pequeno fa-

1 Dan-iii, ' l7 t r2 I ; r , ;ctllo~t ofLliii~~~nls trr~rl I'lnntfi, rol . 11, png. 25,231.

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zcndeiro, que cin~rcgdra 50 libras esterlinas n'esta indus- tl'i;~, rra1is;ira em trcs :innos 203 libras de lucro 1.

Das ilhas da Nova Zelandia, colonia britannica muito moderna, já se exporta grande qiiantidatlc de 18, prove>- niente de rebanhos, originarios da Australia c do Cabo tla Roa Esperança.

Resultados similhantcs poderiam cspcrar os emprehende- dores que quizesseni aproveitar as pastagens que existciii nas regiocs interiores do districto de Mossamedes, nas quaes j;i os negros indigenas mantêem numerosas manadas de gado v;rccurn. E em alguns outros tcrritorios de Angola se pode- riairi obtcr resultados similliantes, no caso d'ahi se crcar bem o gado lanigero.

O valor da 1% exportado da colonia de Cabo da Boa Espe- rança, segundo os inappas estatisticos publicados, foi cin 1841 de 49:000 libras, c ciii 1865 de 1.6M):WOlibras esterlinas, nu- nieros redondos. Assim, este valor augmentoii trinta e quatro vezes eiii viiitc c trcs annos; tudo clcvido ao trabalho livre, l~oisque a cscravid20 foi ali eompletnmcnte abolida em 1838.

I'ortiigal, possuiiitlo ciii Africa v;~stos trrritorios que, du- i.:~iitc. \cculo.s tíicliii sido explorados da inancira a mais in- jhii-ta c oppressiva, tcm o devcr moral de procurar diffindir os beneficios da civilisa$io europêa entre os povos que os liabitam, e fL qual os chamam os direitos que a carta cori- stitucional Ihcs outorga.

Dê-se aos negros completa segurança de pessoa c proprir- dade; faça-se desenvolver entre elles a instrucção, creando escolas numerosas; h?ja seminarios em que se habilite uiii clero indigena, que espalhado entre os povos possa contri- biiir para a sua civilisaqão; abram-se vias dc communica- çâo que facilitem as transacções commerciacs, e pelas quaes a força, armada possa marchar sem embaraço, para manter a ordem publica, ou para repellir aggressões estranhas.

Por estes meios e por outros que se empreguem, se farâo aiiginciitar as necessidades dos indigenas ; as quaes estimii-

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lar30 os mesmos a buscarem, pelo seu trabalho, os meios de as satisfazer.

Alas para isto se poder conseguir, é preciso fazer rffectiva a prohibiç?io de que os brancos continuem a explorar o scr- viyo dos negros, como o têem feito ha seculos. Sein esta inc.didn serão bdc1:~dos todos os csforyos quc iiin govcrno bcncfico queira eiriprcgar.

(JUC O ncgro seja pago do seti trabalho segundo o ajuste quc fizer, como se pratica em Portugal, e achar-se-ldo tra- balhaclorcs; a aiictoridailc piiblica nâo deve iiiterrir sen8o para fazcr rcspcitar o dircito que pertence a cada um.

A nossa legislaçso colonial tem Ji preparado o terreno para a civilisaq3o dos negros, abolindo a escravidso e o traballio forçado. Alem d'isto, tCern sido dadas instituições miinicipaes aos povos africanos, que, se até agora nHo tEem tido o resultado vantajoso que d'ellas lia a esperar, são com- tudo um elemcnto de uma boa organisaç80 social. Têem-sc ampliado as attribiiiqões das juntas geracs das provincias. Tem-se dado a liberdade A imprensa. E varias oiitras ine- didas tem sido tomadas, qiie sendo bem executadas, hâo de facilitar a obra da civilisação.

justo c convcnientc que h<ja negros que se habilitem para scrvircm os cargog publicas.

Niio sc 1)6dc diividar de que a\ r:iynA africanas s>o siis- ceptivcis de receberem a civi1is:ic;'io c~iiropCa. Esihtc :L 1)rova d'csta verdade nas colonias portiiguez:is, oiidc trrri liavido, e ha presentcmcnte, pessoas de cur, tzo civilisndns como os brancos que n'ellas habitam. Taiiih~iii eiii I1:iiti a. civilisação tcm progredido. E no estado de Libcrin, o qual tcrn perto de 700 milhas dc costa maritima, e de quc c': capital a cidade de Moiirovia, ella vai-se clescnvolvendo.

Esta republica foi fundada no anno ilc 1816, pcla sociedade americana dc colonisaçHo, coin o intuito dc cstabelccer ali os escravos emancipados nos Estados Unidos. Ha n'ella um con- gresso composto de duas camarae, e iim presidente, eleito pc- rioclicariicntc; e tciii varias iilstitiiiqCcs siniilliaiitcs As da 111% 11:1tl,i:t.

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Em 1861, dizia a seu respeito uma importante publica- r30 iiigleza' o seguinte: «Nos ultinios quarenta annos o pro- gresso d'este povo difficilinente tcrd sido excedido na histo- ria da civilisaçlo; e p0de dizer-se com verdade, que os ne- gros têem desmentido a asser+o dos pcdantes cthnologicos, que, ailegando a sua natural inferioridade, os declaram in- capazes de cuidarvm dc si iiiesmosD.

E, em 1564, o presidente dos Estados Unidos da Amo rica, em uma mensagem que dirigiu ao coiipcsso, dizia: «Foram trocadas correspondciicias officiacs com Libcria, e por ellas podemos avaliar gostosamcnte o progresso social c politico d'quella republica~ .

As exportações de Libcria consistcm em assucar, caf4, arroz, ginguba, arartita, azeite de palnia, madcira, oiro ciri pó, ctc.

X'esta rcpublica clc l~rctos n5o lia traballio forqado; c lia poucos annos era ali o *alario do tralalliaclor livre dc 18 ou 20 centcsiiiios do dollar por dia, o que corresponde a 1134 e 180 r&; c iinia partc d'chtcs ti.aballiadores cram crumanos.

Na coloiiia 1)ortugueza de Bissau trabahairi os ma11j:~- co.;, prctosiivrcs. O salario de cada um regulava em 1848 por 3 duros por mcz, scgundo informava o respectivo go- vcrnailor.

Ein Serra Leoa, assim como nas inais colonias inglezas, nâo ha trabalho forçado. Gente de diversas tribus indepen- dentes, algumas d'ellas linbitando a grandcs distancias da dita colonia, concorrem a clla durante a epocha dos tra- ballios, para os quncs se ajustaiii livremente. Ko anno dc 1848 existiam na cidade de Frectown, capital d'csta colo- rii:i, uns 5000 crumanos, que viviam cin bairro separado.

IIa poucos annos foraili descobertas minas de diamantes na vizinhança do rio Vaal, liniites da colonia do Cabo da Boa Esperança. E: ein breve a ellns concorreram numcro- sos exl~eculadores, provciiicntcs dc diversos paizes da Afri-

Europa, America c Australia; e os granridcs salarios por

Yl ie !)lcccvterly Iieuiew. Abril 1861.

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cllcs dados aos traballiadores attrahiram 6s minas nina miil-

tidiio destes, pcrtcnccntes a diffcrcntcs tribus de hotciitotc~s,

koranas o cafrcs das proximas c clas remotas rcgiùcsi. Ehtc 6 iilais tini cscniplo dc corrio c111 Africa sc pOdc obter tra- balho livrc.

1 The L)iniilo/~d D i y y i ~ g s of Soctth Ajiriçn, by C . A. I'vtou. Lon- (lon, 1872.

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CAPITULO 1 7

Ilhas de S. l'lioiiib o Princiiie e de Fernando P6 - Trabalhadores ruraes - Crunia- nos-Coatu (1,: Crijii- Cuiitratos para o trabalho-Custo do liberto e cuslo do cru- inauo -- I~ibrrto: existentes nas ilha# portugueras - Praso dn srii s ~ r v i ~ o obriga- do- l'rntailo do 3 de jiiiho de 1U2, annexo C - Concers%o feita eni 1853 para o trawl>urlo de libertos deatluados 68 ilhaa - Tratamento iiihiirnario dado aos liùer- tos-Infuriiiagõea officiacs - Uigencia da extinctão <]:L classe de lil>crtos - Receio iufuiidad<)ùe crfs<? social -- Exomplos estranhos - Conces8Üo indicada da itiiportap40 de liberto+ inadmiisivol e denuecesaria-Mellioramerito da cidade de S. ThoniO - Cabos telo&raphicoa - Cultura d a catiellcira e da araruta - Coiorios madoironsca para S. T h h J .

As illins de S. Tliomc! c do Principo, pela siia situaçlo c circuiiistaiicias, cl~~iii~iiitl:iiii coiihidcraq0cs espccincs.

J5 ec iiioçkoii cl11(~ ii:i-, i i ~ ~ : ~ ~ o l o i ~ i a w o i i t i n c n t a e s afri- c:inas, os trabalhadure8 iino 1120 de faltar quando os pro- prietarios lhes pagarem salarios que os satisf'asam, poisque aquclles de que se carecerem, ou se acliarlo nas terras por- tuguezas, ou \<rZo de territorios indepcndentes, como jzi succede na, Guiré portugueza, na Serra Leoa, no Cabo cln Boa Esperansa, tm Natal o na colonia fr:inccza do Senegnl.

E isto mostra que o trabalho forçado 1120 é necessario !)ara q11~, no coninente africano, possa prosperar a agi<- ( i i l tiirn c a indus ria; o que ta~nbem í: demonstrado pela \ t~xpurtaq~o, scmp crescente, de productos do seu solo, '

(boino algodão, gin ba, gergelim, e outros, que exigem tra- balhos ngricolas.

X:k colonia hespaniola de Fernaiido P6, os trabalhos do cnnipo slo feitos primipalmente por cnimanos, provenicn- tcs da costa vizinha a Cabo de Palmas, nos limites da rc- publica dc Libcria.

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E s t : ~ illia n dc Anno Bom foram cedidas por Portiig:il :i Hcspanha, pclo tratado de 24 dc março de 1 778. E tc.iiilo o governo d'csta potencia iiiaii(1:~do tomar posse dc :iiiil):i~ as ilhas no xnez de outubro scguiiitc, para o que erivii,ii tinia cxpcdic;Zo cotn tropa e colonos, acoritcccu fnll(.cc~ dciltrl) tlv 11oiic.o tc3iiipo parte da gente, c achando-sc coil-

suiniclos os viveres, houve uma iilsurrei@io militar, sendo o govcrnador preso; e as ilhas foram abandonadas em 1781.

A coiicliy20 dos indigcnas de Fcrnando Pó era tal no l~riricil~io d'este scculo, quc o governador de S. TlioinC, Luiz Joaquim Lisboa, em um oficio quc, cm 28 dr abril de 1812, dirigiu ao ministro (Ia marinha, no Rio de Janeiro, dizia: «que no dia 20 dc junho de 1810, um rico negociante inglcz, c1ism:ido 1Iac TTTilliaxns, liavendo aportado cm uma cscuna sua Ltquella ilha, c. t c d o clle desenibarcado com cinco rna- rinheiros, em sitio deshabitado, para fazcr aguada, forarn toclos siirprrlic~nclih c aprisioiiad«s pelos indigcnas, os qiiacs mat:ir:tiii os iii:iriiiliciros c os assaram c coiiierarn, esca- pando o dito iicsgociante, por ter coinsigo, como interprete, um negro da costa dos Camariics, vizinha á ilha, por meio do qual offerecêra 200 escravos, se lhc dessem sete dias para os fazcr trazer da costa; o qiic os sclvagcns concederam, e que a rncsma cscuna, que fugírn para a costa logo que se deu a catastrophe, transportára d'ali para Fernando Pó os ditos 200 escravos n.

Achando-se a ilha abandonada pclos hcspanhoes, e tendo auugmcntado muito o cornrncrcio dos inglezes nos grandes rios do golfo de Guin6, nos qixacs liaviarr estnbelccido nu- merosas feitorias, fundaram ellcs uma coloaia na mcsnia ilha, A qual deram o nome dc Clarençc. E a chta ~ ) o \ oaqTio, cha- marain os hespanhoes Santa Izabel, qurndo a illia lhes foi restituida pelo governo britannico.

Segundo urna informação que tenhoprescntc, jd no anno de 1842 os residentes europeus na ilha empregavam os crumanos para os trabalhos ruraes e outros scrvigos, aos quaes pagavai11 cili fazendas o valor do jornal, equivalente a 240 réis por dia.

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Niii iiiiia carta tlr I\.í:\drid de 4 dc março dc 18G9, cs- c-i'ipt:~ por pessoa qiic rcsidir:~ algiins annos em Fernando Pó, diz-se: «qiie n agricultiira dos ciirol)ciis consistc ali na pro- clucçâo de cacau, cnfi., algod30, inillio, hortaliças, fiwctas, ctc., e qiic n'estcs tr:ib:ilhos se cniprcgarn os ciumanos con- tratados por dois annos ; que cstes jornalciros sLo muito bons, c ~ I I C com clles sc tciii fcito excellentes propriedades n'aquella ilha, as quaes s5o uina prova do muito que se p6de fazer em tzo fcrtil paiz; e qiic os brancos 830 ncces~nrios para csti- iiiular e dirigir os trabalhos dos negros; conaidcrando-se ali que a pro1)orsho convenientc (': a de um branco para dez ric- gros. Nlo lia n'csta ilha escravos nem libcrtosn.

Diz outro informante, que os cruliianos s?to agcis e ro- bustos, e que trabalham muito mais que quacsqucr outros negros de Africa.

A costa de Croul comcqa no rio ile Uaffa, ou no rio dc Sangjililn, e cstcnde-se até ao rio de Badu, ficando toda ao ocstc dc: Cabo de l'alinas; as principacs povoaçoes dos cru- iiianos, e onde se contratam, sho: Gran-Sctrc, King Wil- 1i:irn Town, e outras.

Ajustam-se faciliiientc para o ecrviyo de mar c de terra. lliiitos vlo trabalhar a Serra Leoa. Ein Fcrnnndo PO havia iiiais de 3:000, e tanibem os ha na coloriia fi-niiceza do rio Gabâo, c rias feitorias curopcas, estabelecidas nos niiiiicrosos rios que dcsciiibocaru no golfo dc Guiné. Calculava-sc, ha poucos annos, que se achavam cm serviyo dos ciiropcus, na costa e ilhas, do 15 a 20:000 indivicliios d'esta raça.

N'aquelle tempo os ajjiistcs na costa dc Crou faziam-se scin clifficuldade. Aquelles que se destinava111 para a illia I~i~.~):u~lioln, clcviani scr fcitos em conformidade com o que sc: nc1i;ir:i disposto no rcgulanicnto ~ublicado em Santa Iza- bcl no anno dc 18CiG, c intitulado Z?istrucciones que con- vienen observar los comandantes de 10s bupues de transportes com destino a la conlratacion de cndmanes para lu isla de Fcrnando Poo.

1 C'astillio, Roteiro d a coata occicle~atal de Afrz'ca, tom. I , psg. 305.

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Qiiando sc tratar de ?justes d'esta sorte cle trabalhado- rrs 1)"':~ as ilhas portug~~mas, serti boiii que se tenham ein vista aqiiellns instriicqfics; c qiie uni pcqucno navio de guerra portugucz, coirimandado por um official liabil e pru- dciite, se,j:: eiicarrrgatlo de vigiar este serviço e tr:iiisac.ycics, a fim tlc ílnr garantias aos colonos e aos trabalhadores, de íluc os contratos hão de ser execiitados pontiialmcilte.

Os prnsos clos .justcs, s2o regulariiicnte de doie annos, alguns cstcndcm-se ate cinco annos, mas n2o mais; e quanto aos preços, attcndc-se Lt. robustce dos indivicliios cng,?jnílq sendo de 8 e de 6 pczos por Ince, e iriais unia r:iy;io di:iria dc arroz de libra e meia, e pagas as passagens de ida c volta.

O traballio diario é de sol a sol, corn excepçLo de todos OS íloniiiigos, tendo descanso de duas lioras por dia os que trala1li:iin ciii tcrra, c o seu salario cliario púdc calcular-se clc 200 a 300 r&.

Scgi~iitlo as instriicyGes mencionadas, estes contratos s50 f'citos ciii iioiiic. c10 governo de Hespanhn. O go~crii:irlor dc Feriluricio 1'6 dibtribue depois os engajados para o serviço de iiiar e de terra.

Os cruriianos eiii1)regnm-se em Guiní., c01110 os cabindas na costa tle Angol:i, o como na nossa I'eniiisiiln o fazem os gallegos e asturianos, ciiic c;;icii~ do s(,ii paiz para trabalha- rem, e voltarem a elle coin o clinlic.iro que ganharairi.

No aiino cle 1YG5 iiiiia coiiil~nrilii:~ iiiglcza possuia ein Fer- nantlo P ú vastos terrenos, tc.rido 400 Iicctnres em ciiltiua, da (11~1 ttinli:~ tirado grandes Iiicros, c crriprc.qava crunanos. 1% tciii coiicorrido ])ara o :~iigiiic~iito dos rc~irdirncntos pu- blicos da colonia, que tcin sido iriuito coiisiclcravc~l.

No referido anno existi:: taiiil)c.iii i i : ~ illl:~ do l'riiicipe a :~ssociação de Pedroiilio, Sliarlinwlrs c BIar.ins, ( ~ N ~ ~ em1n-e- guvn criiiiianos n:c cultura da roya S~iiidu, 1)cfii.tc~iiic.nte ao 1)rii;icii.o tio* trcs associados, o qu;il ci-a. iiin (10s proprieta- rios priiic.il,:ic.s da illia. Estes tr:~balliadurcs, ciii iluiriero de quarenta, faziaiii ttio boiti serviyo, tlue outros proprieta- rios da mesma illia mandaram contratar alguns á costa de Crou.

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Um funccionario piiblico quc em 1863 residia na ilha do l'rincipe, escrevia ii'cssc alino o segiiintc: ((Que no cs- 11aço de tres mezes haviam c1irg:ido B mcsnia ilha noventa crumanos, e que os proprictnrios estavam satisfeitos com o seu serviço, porque trabalhavarri inuito mais de que os escravos, e quc os ajustes com elles haviam sido feitos para servirem tres aniios, senclo-llics pagos 08 trniisportcxs cle ida c volta cntre as suas terras e a ilha».

Em 1866 o inesino funccionario cscrcvis 2, que na illi:i.

tlc S. Thoinc': os libertos haviam nssar;fiinado cinco oii seid

donos, oii feitores das roqas. Ellc coiriparava o custo do trabalho de um liberto coiii

o de iim cruiilano. O primeiro, que havia sido escravo, coin- prado cm Ai~gola, custava em S. Thomé, pelo menos, 20 li- bras (904000 r6is); e o segundo custava, alem do salario, a iinportaiicia de duas passagens, oii 4 libras (18p$000 réis): c calculando detalhadamente o custo do trabalho do liberto c do crumario, cili tim praso de tres annos, concluis que a tlcspeza diaria feita pelo cultivador seria, com o libcrto de 30 r&, c corri o cruniano de 73 réis, differcnqa 23 r4ia; tlt~vciido atteiider-se a que o trabalho d'este t5 riiiiito supe- rior ao cl'aquclle.

E obscrvsva que o pequeno proprietario que quizesse comc- yar uma plantaçSo, bastava-lhe ter a importancia de dez pas- sagens ou 9051000 r8is para tcr dez crumanos; e que para ter dez libertos precisaria de 9008000 r6is, quantia dc que pagaria juros.

1 Estc funccionario era o Sr. Francisco de Lencastre, que poate- riorrneiite redigiu a excellerite follia intitulada Correio Z~ltranzari~~o, I,:\ (lua1 defcxidia o direito que tcrn o negro de dispor do sc>u prol)rio trabalho, e crn que combatia cncrgicamcntc a pretenyno di, sc po(1t.r exigir o serviço forçado alcin do dia 29 de abril dc 1878, qiic s r :iclin fisado para clle acabar. 0 s primeiros nnmeros que conlieei da refcridã folha, foram-me mandados pelo seu illustre redactor no tempo em que eii preparava este escripto; e aproveito a oceasi;lo para lhe agrade- cer o favor.

2 Bevolução de Sctei)zÕro de 3 dc dczciiibro de 1865, artigo assi- p u d o com as iniciaea E'. dc L.

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Ein 18G5, escrevia da ilha do Principe, um dos interes- sados na empreza da roça Suiidii o scgiiintc:

«Considerando sórilente o intcrc~ec. privado do colono, seria melhor para cllc ciiiprcgar traballiadorcs livres aqui, onde podem obter-se abundante c discrctameritc baratos, do quc empregar escravos, os qiiaes: 1 . O , nao fazem a de- cima parte do trabalho que faz um lioincm livrc; 2.O, que obrigam o colono n gastar iiin capital, o qual, se fosse em- pregado no conimercio, podcria pagar uma boa parte das despezas da cniprcza. D

O que fica dito, mostra que os cultivadores da ilha de S. Thornú poclem contratar criimanos para os sciis traba- lhos, como o tCem fcito os cultivadorcs de Fernando Pti, al- guns da ilha do Principe, os da Serra Leoa e de outros lo- gares.

Os libcrtos que csistem nas diias ilhas dcvcin tcr coiicliii- do, pelo iiicnos o iii:iior iiiimcro d'cllcs, o praso clv tc>iiil)o qiie tiiili:iiii ol~rigaçao de sei.) ir cuiiio libertos. E por isso tCcm direito :i sua 1ibcrd;idc coiiiplctn. Pclo qiic c': neccs- sario que o governo da iuctropole faça corii qiic ~s aiictori- dades locacs nT1o descuidciii o cumpriinento dos tlí.\-crc.s qiie tCciii, de fazcr dar a libcrdaclc aos que a clla tccm direito. 11 iyto ú t:iiito iiiais nccessario, quaiito quc, lia annos, suc-

cedí,u, quc unia 1)orçiio dos escravos capturados cm navios ricgrciros, qiic por dt:cisZo da comiiiiss~o mista luso-bri- tarinica dc Loanda haviam sido mandados para a ilha de S. Tlioiii6, pzra scrvircm como libcrtos, cliirante sctc ali- iios, na confr~rini(lade do aniicxo C :i" tratado dc 3 de jullio tlc 1842, não Ilies fora dada a libc~tlndc sc 1130 iniiitos ;iiiiios ilepois dc a ella trreiii direito; c i: ,ho por cffcito dc ordens tcrriiiiiaiitc~\ do governo, qiic as csl~ctliu clii:iriilo teve noti- cia da csistcncia de tal :~biiso. -

No aililo de 1853 o governo conccdc~i :i. uni prol)ricbtnrio de Angola, e que ali possiiia cscrnvos, :L f:iculd:~de clc trans- portar para :L illl:~ do Princil)ík, ontle cllc tinlin fazendas, uin certo iiiiiiirbro t l ' c ~ . c , cawr:i\ o-. E um rcgulanicnto, coni data clc 25 dc outiibro cl'essc aniio, cstabeleceu as condi-

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qões com que era fcita a coiicess5o. Entrc cllas havia as scguintcs :

a Artigo 1 . O Os cscravos escolliidos para scrciii transpor- tados para a il1i:i. (10 I'riiicipc (te\-i.111 1)riiiic~ir:iiiiciite ser baptisados, sc ~iid:i. o iiXo estivcr<:iii, c rccc1bc.r as suas cartas de alforria, pnss:~das com todas as solciliiiic1:ides.

c Artigo 3.' Os lil>c,rtos, tlepois de transportados A ilha do Principc, ficarao debaixo da superintcritlericia clc uma junta quc, ad instar da que B estabclccicl:~ pelo aiiiicxo C ao tratado dc 3 dc jullio de 1842, sc~;i coiistitiiicl:~ na ilha de S. Tlioin6, tendo por presidcritc o govcriiuclur da proviricia.

i(§ 1 . O O curador dos libertos proinovcbr;i perante esta junta tudo o quc for a bem dos libertos.

aArtigo 1 0 . O O teinpo de scrviço a qiir os libertos h50 de cstar obrigados devcrá. ser de sete annos. Os inenores de trczc annos ser30 obrigados a servir ntb aos vintc.

aArtigo 1 3 . O O liberto, a qiiciri o conccssionnrio faltar ás cuncliçõcs clo contrato, drixaiiilo de Ilic dar o iiccc5hh:irio :ilirnci~to e vestunrio, oii faz(~iido-llicx iiiniis tr:itoq, ficas clis- 1~~1isa(llo (lc cor1tinii:rr a servir o lll<'hlllC) coriccssionario, c rio goso de sua plena lib(brt1:itle.

« S iinico. Este caso, porkiii, dcverá. scr julgado pelo juiz de direito dc primcira instancia, a rcqucriinento do rcspc- ctivo curador. D

Outras conccss(ics para transporte dc libertos rle Angola para S. Thomb, forain feitas com i p a e s clmisulas.

Todos os libertos transportados de Angola para as ilhas ciii virtude d'estas concessões, devem achar-se j:i completa- irientc emancipados; o se alguns o nEo estiverciii, cumpre :i auctorid:ide ordcnar quc i1niiiedi;~taincntc reccbani a sua :ilforri:i. E cnila uiii d'elles tcin direito a uina iilclcmriisação equivalciitc ao salario que deveria vcricer depois clc haver tcrmiiiado o praso dt: sete annos do seu serviço.

O dccrcto dc 14 clc dczcitibro de 1554, nzo alterou as condições do serviyo dos libertos. Ellc diz:

uArtigo 9 . O O cstaclo i: o patrono c o tutor natural dos escravos, (10s libcrtos c de sciis fillios.

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( ) artigo 10.' substituiu a junta de superintendencia por iiiiia junta protectora dos escravos c libertos, c diz:

aArtigo 12.' A junta tem a obrigaç80 c o dircito clc o,

protcsgc,r o tutolar ciii tudo. ((ilrtigo I(;.' Iiicunibe :i junta velar por que o podcr doriii-

iiical sc.j:t c>sc~i.ci(lo dentro dos liiiiites da rclligi?io, da hiiiiia- iiid:itl(~ e das lcis. ))

No aiiriexo C, ao tratado de 3 dc julho dc 1842 achain- se as prescripções seguintes, relativas aos 1il)c~rtns:

((Dctcrmina-se que ellcs sejam entregues :L llclsso:ir que os tomcin dc soldada, as quacs serao obrig:itl:\s n cii-tciit:i-10s com alimentos sadios e a vesti-los convenicntriiieiitc~, c. n f:i- ze-10s instruir nas verdades da rcligiAo cliristl, a tini dc hcrcin baptisados antes de acabar o scguiido anno do sc>ii scrviqo, e nas suas inolcstias a faze-10s assistir por facii1t:~tivo.

« Determina-sc que o tempo dc scrviyo seja de sctc aniios para aquellcs qiic tiverem inais dc treze :iiinos, e que 08 qiich ti- verem menos do quc esta icladc servirao até aos vintc, c qiic quando tiver expirado o tciiipo prescripto para o seu serviço, receberão um certificado de O liavorc.in terminado, e ficar20 com jus a todos os direitos C privilegiua de uma pessoa livre. ))

Cumpre agora examinar qual a nianeira como têen~ sido c~sccutad:is (~st:is prcscripq5es.

Eiii l8(iT4) esiiti:iiri nas duas illias, G:594 escravos, sendo 3:833 do sexo iiia~ciiliiio c 2:761 do fi~iriiniiio.

Segundo iiiti~riiia~Gcs recebidas dc trstciiiiiiilia~ ociila- res, os libertou &o tratados nas ilhas de S. 'l'lioiii4 c l'riii- cipc como se fossem escravos.

No relatorio officiall Acerca do scrviyo dc saiicle n'esta ilha, no anno ti( . 1869, lê-sc o seguinte:

«Os libertos tireiii alimentação regulamentar. O peixe de Mossniiie(lcs, :L izacyuente, e as bananas grandes f'urinain a basc da siia aiiinciitaylo. »

1 Relatorio Accrr:r (10 5crr iyo dc s:riide na provincia de S. Tliom6 c I'rincipc no niiiio rlc lbr;!), I M W hl:i~~uel Francisco Ribeiro, faculta- tivo t l ( 1 l . ~ I n s s c , I,i.l~o:r I Y T I .

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l': re:~linentc drficicnte. (( Vc.stiiario. Os libertos trazein iiin panno riscado 1 cinta

qilv lhcs clie ate aos joelhos. Anclam descalqos c desco- bcrtos.

«O mau vestuqio e a alimentay20 dcficiciltc slio a causa da grande mortalidade que se nota entre ellcs.

aUma alimentayao d'esta ordein 6 causa de grandes mo- lestias, e especialmente dc anemia com todas as suas coii- scquenci:is.

aOrassani entre elles as ulceras, as dysenterias, a hydro- ~jesia, os cílemas, as cachexias, que muito prejudicam os ngi~iciiltorcs, n3o sb porque os trabalhadores n8o podem pres- tar-llics bom serviço, mas porque a mortalidade cI: iiinior, e í. constante a dcspeza com as doeiisns chroiiicns. ))

Eis o que diz um facultativo qiie tein fuiieciouado no paiz, e cujo testemunho iiâo pódc scr recusado.

E sc os proprietarios sofiein perdas, niuito maiores males experimentam os miscros libertos.

Evidcntcmentc o interesse dos proprietarios scria de tra- tar c dc aliinciitar bem os seus trabalhadores, para pode- i.( . i i i tcxr iiinior producq20; mas nao succcde assim.

'I'al\c~z que o illustrado facultativo conseguisse conwn- cc-10s de que, por scii proprio interesse, clles deveriam tra- tar e alimentar bem os libertos, se empregasse algum ar- guinento analogo Iiquelle que foi usado pelo celebre Jenner, quando, iiâo po(1ciido persuadir certos funccionarios In~nici- yacs i i i ~ l c ~ c s a que praticassem o acto caritativo de despen- dercin o iiccessario com a vaccinação das creanças pobres que tiii11:~in a seu cargo, Ihes demonstrou que a despeza q11c t(~j:,~,i dc fiizcr com os caixues para os enterros das cicniiq:ii t'allccid:~~ 1)or causa das bexigas, seria muito maior do quc a qiic teriam feito, se as tivessem niandado vacci- riar. E esta demonstraçgo determinou os ditos funccionarios a seguir o conselho do illustre medico.

Uiii offiçial distincto que govcriiou duas vezes estas ilhas

1 O sr. major Brunacliy.

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nos annos clc 1862 a 186G, cscrevia no anno de 1865 o scgiiiiitc :

«I)urantc o tempo que eu go~erilci a provincia de S. Tho- n18 c I'rincipe liouvc rcbclliGcs dos 1)rctos contra os feito- res e senhores. JB antes rla minha acliiiiiiistr;+io as liou\-c, e depois d'clla continiioii a have-las. Que adiiiira tal acon- tecimento, sc a causa iinica d'clle rcsidc ria in:iricira brutal pela qud os scrihores das rosas tratali! os escravos. E por isso que sc deram as ii1tini:is scenas na ilha de S . Thornh, e que se coiitinuarZo a dar, cinquanto da parte dos senlio- res niio houver um vislumbre de caridade, e inestiio de bom senso, quc Ihes indique ser errado o caminho que at6 agora tcm trilhado. D

O testeinunho d'estes funccionarios publicos são prova de rluc os libertos nenhuma protecy.ão t h m nas ilhas dc S. Tho- 1116 e Principc; e de que as aiictoridadcs piiblicas, a qucm as leis acima citadas inciimbirnin a sua protcc<;?io c dcfclzn, nzo tern cuinprido com os scus dcvcrcs; e dc quc iiiii:i p:~rtc consideravcl, pclo menos, dos proprietarios têem tratado os libertos de maneira tal que, em presença das lcis, ellcs, dcsdc iliuito teiiipo, devcriaiii ter sido privados dos seus serviqos.

3: os nies~nos libertos, abandonados por aquelles a qucni uina lei bcnefica havia encarregado a sua tiitcla c n sua defeza, soffrcm, sem espcranqa e scin futuro, os males que refcrem as testemunhas oculares acima referidas. 1I:is tarn- bem os factos mencionados indicam os perigos :i cluc os proprietarios e os scus feitores se acham expostos.

E m S. Thomé verifica-sc o quc dizia uin dos nossos an- tigos poetas'.

Ali cluc por força Iiade ser, Ondc uma si; partc falla Scinpre a outra liadc gcmcr.

O incio unico de fazer cessar tho dcplorarrl estado dc cousas G siiiiplcs; cllc consiste em acabar com a classe dos libertos, tornanclo livrcs toclos os quc existem. Entao os

1 Si de Bliruntla.

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propi-i~tariox ri1r:ie4, por pro11rio interesse, tratarao bciri os tral)allindorcq, l)oi\quc "i fizcrcin o contrario iiPo ar1i:i- r3o q i ~ ~ r n os qi~eira sqvir.

O receio de qiie 1)ossa haver iiiiia crise soci:\I (111nn(l0 sc extinguir o tral>:blho forçado cin 1876, iiao tcin fuii- damciito. Taiiibr~iii elle existi11 ciii lmines estrarigriros ria occasiao de ser zibolida a ctcrnvitl>o; mas os factos 1110s- traram qiic tal receio era sem nlotivo.

Nas coloiiias inglcznq, onde csi5ti:iiri Y00:OOO cqcra\ os na epocha em qnc v~tcs foraln c~n:~iiril~:idos, nciilinriia ~ i i - blevaçgo lioiivc da pnrtc d'este<..

O mesiiio siiccedcii nas coloniax frnncexns dcpnis dn aba- li$m ein 1818. N'ellas havia ent3o 240:000 escravos. A rcs- peito cias Antilhas lia-se em iim relatorio oficial, escripto cm 1852, o scgiiinte : «Estas ilhas v50 progralintlo s:xti+fi~- ctoriainciitr.; OR trahallinclorcs riir:irs (os negros cinaiicil~n- dos) tr:~balhttiii coiitciitrs; o jornal iricdio é de 1 franco, trnballini~(lo ile c01 a ~ o l , com 08 i1c:~c:iiisos iisiincx4 )I.

Ein iiiaryo lS(i7 clizia uin dcpiitndo 9 no corpo lcgis- Intivo ti.niicoz, qiie ns coloniax nco haviam sido :irri~iii:i~l:t'i 1" I:i :~l,oli~^,o (1:~ escravidb, poihclue cllas n1111('<2 e'.tiv(l- r:111i 111:ti-i 11rosl)~r:ts do que ciitao o estavam.

Kin l':~rniii:wibo, capital de Siirinam, ou Guiali:\ liollan- deza, foi publicada no 1 .O cle jiillio dc 1864 a lei qiie c1:~va liberclade a todos os eqcrwos. Houve grandes festas e muita orclcm. .N1esta coloriia havia ent5o 13:000 pespons li- vrcs e 40:000 escravos.

No nics1110 atino, o rci dos Pnizcs I3nixos, no scii dis- curso de alcrtiira dos Ebtncloy Gcriics*, rlissc :

11 , ls (*onsc~<liic~iicias tl:i c.iii:iricil~ric;Ro do;; cicr:lr.os nas ~ ~ o s s a s pv+.(wijcs das In&as Occitlcritacs iiTio s5o t l c it:i\-ornr.cis.»

E ciii 1873, cm occasi2o similliante, o rricstrio sobcrano declarou que a tendencia dos emancipados para o trabalho continuava a manifestar-se.

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A(.crc:~ da c.innncipa$o nos Eqtados Uiiidoo da Amcn'ca de inais clc quatro niilhGcs tlc c~coravos, lê-se no jornal dc uina socic~tl:id(~ britaniiica iiiiiito i.(, pcitavel" seguinte:

«Oito :iiiiios tiiem passado del)ois d : ~ aboliçao d : ~ cscravi- d3o iios 1:-t:iclo.; Unidos, c, coin quanto a c.inaricil)aç2o fosse rcpeiitiii:i, ii::o ti11 c.11:~ scgiiicln, por nenhuiii:~ iiisiirrei- y r ~ o , c a prosl~n~idntlc publica vac augmcrilando n'aqiicllas l ~ a r t c d o paiz onde autcs existiam escravos. U I I I ~ das iiiniores colheitas de algodiio que tem havido lios mcsinos lo- gares, e o algodao é a sua principal cultura, foi produzida i i o aiiiio de 1871 pclo traballio Iivrc. Nos rricsrrios logares tem augmcritado o iiiinicro dos c: t:~belcciiiicritos industriacs. E da parte dos eir!ancipndos iiLo teiii 1i:~~ido tentativa al- guma c1c sul~lcv:iç~to, neni da sua parte se tem cornincttido criiiic5 iiidivicluacs cm propor$o niaior do que n orc1iii.i , r1a.n '

Acoiitcce ali quc grande numero de negros, (1110 fo].am escr::vos, estr~o traballiando de joriial nas propriedades d'aqucllcs que antcriormc.iitc 1iavi:lm sido seu8 senhores.

O mesmo succede nas co1oci:is hollandezas. A lei orde- nou quc os emancipados contratassem o seu trabalho com qucin quizessem, por um, dois ou tres annos, o n!!o mais. (liiasiatodos ficaram com os seus antigos scnliorc~s.

N:L illi:~ de I'orto Itico foi dada a liberclacl(~ n iiiais de :;0:000 I' .v~.;II os. E este acto não deu logar a dcsordern d- guina. Os aritigos senhores :ijust;iraiii com os cmaiicipndos pagar-llics sal.\iio., igu:l~,s : í ( l ~ ~ c ~ l l ( ~ que davam aos trabalha- dores livres aiitc.> d : ~ c~iriniic~i!inc;~~o, c quasi todos quizcram ficar nas mc;;ninh propric~t1:ttlc s oiiclc cstavnm anteriormente.

A pretençyio de quc s(;j:~ pcrinittiL1:t :I i~upoitaç20 em S. Tliomb dc pretos provcriiciitcs de Angola7 ii;o pdde ser c.oriccdidn em quanto houver libertos; pois que isso eqG ~:ilrri;i. :L auçtorisar a permanencia do cstado de escravi- d3o, vi.10 qiic os libertos são tratados como escravorr; e cboii. c~cl~ic~iitc~ilic:rite seria promover o trafico d : ~ escravatura ciii 3iigoI:i. c rios paizcs adjacentes, soridc scimentc por

1 TILP .loli ,Sluz.er?j Reporler, for .Trily 1, 1872. -

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coniprn sc podcriam obter os chacnados libcrtos; o que scria contrnrio á legislap?~~ vigente, n :is estipiilayões do tratado de 3 cle julho clc 1842.

Quando se achar extincta a classe dos libertos, a questzo do trabalho nas illias do S. Thorné c Priiicipc scr:i dc mui facil soliiç%o. Consistir:: <&!!;i iio qiiantitntivo dos salarios qiie os .' proprictarios (1:~s tcrras cliiizcrc~iri png:ir :to.; tr:ib:~lhailores, os quacs 1150 h?to de faltar, srl forcaiii bviii tr:itaclos c pagos satisfactoriamciitc.

O que II:L ailnos sc tein passacio na ilha Fcrnando Pti, lia de aconteccr nas ilhas portupc zas, sc n'cstas >e proceder coirio ii'aquclla se tcm procedido.

Quando em Angola c nas ilhas deixar de h a ~ ~ c r libertos, n5o cuistirh cntRo motivo pnrn o goveriio embarayar os con- tratos de traballindorc~s cin lliigo!a. E aqsiin coniu d:t Indin c da China s:iein anniialiiicntc miiitos milhares clc c~des, oii trabalhadores, que voluntariameiitc se qjustnin para irciil scrvir teniporarianicntc nas colonias iiiglczas, francezas c:

hespaiiholari, c tainbein iio Perú c outros paizes, assim riso hEo dc faliar brayos para a cultura clas rops das duas il11:is; inas braqos lirres c nT~o foryados, coiiio actiidpientc.

SerA coilvenicnte que os proprictarios dc S. l'lioin& e Principe se convciiçmii dc quch o serviyo forp~do ha dc acabar em abril de 1875, e talvcz antes; c que se v30 prc- parando cl'antcrnZo, IInnL qiic Ihcs não falteni, para o futuro, trabalhadores assalnriados.

Parece-me que. o poclcri:iiil conseguir dc uma inancira niiiito simples, a qual consiste ein ellcs contratarem tl(~ic1c. j:i :i1-

guns crum,mos para as suas iSoya*, dando a liberdade ao incqmo tcnipo a outros tantos clos iiielhores libertos, com :L

condiçno de continuarcnl no scrviyo, por jornal, dos seus actuaes patrcies, durante um, dois ou trcs annos; o que po- derinni .justar por contrato legal, pela fórma quc se pratica c0111 OS f 'rllinanos.

I'ur clstc: systema, a passagem do trabalho foryado p:ir:i 11

tr:ili:il! livi.c, sc faria gradualiliente, evitando-se a prcci- pit:ic;ao. cjilc h onde est5 o perigo.

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Tornando a f:~llar (1% ilha ilc S. Tlioiiiib, riinil~rc obscrvnr cluc, segundo inforrna~c)cs fiilc(l.ipiias, 1i:i ii'ella lopres iiiiiito saud:tveis c aprnzivcis, t:ic coiiio :i fazenda do Monte Cafi., ~I:igclnl(~iia, Siiiita Cruz C oiitros.

A cid:idr, seiido edificnda ein 11111 lognr iriil)i~ol~i.io, (': iii-

snliibrc. E-.tc liia1 poderia remediar-se, ~c ali : \ ( $ iir?opt:isse o

cxeiuplo &:do pelos Iiollnndezcs no que diz rc~~;:c~ito :i cidade de Batavia, eapit:il da ilha de Java e dc totl:is, : ~ s Iilclias neerlandczns.

Urri vi:t*ja~~tc I , cluc 11% ~ I O U C O Y annob a visitou, rc5i.e c l u ~ clst:~ cicladc, cjuc crn iiiiitl das iii:iis iiis:iliibrcs do inuiiclu, toi.ii:íra uiiia residencia n~racltlvcl ; .oiiclu tl(~ric1a esta traris- fbriiiny~,o :i prrwveransa coiii c l i i ~ ~ ~ l i i i i i i i i t r n ~ ~ i o hollan- dcx:~ fizcra o cnc:iriainento das agrinb, c i1i:uitc1iii os cariacs cni cstrcma liiiipeza, beiil coriio as riias da citl,idc, as casas e quintacs; fazendo cai:ir <I~ins vczcq, ciii cada :iiiiio, toc1:is :is casas e inuros e as cabuii:is dos indigencls. Por estc systc>iiia dc rigoroso nccio teiri sido extiiictn n causa dos riiiasiiins c das e;pideinias; notando-se que apesar do calor do clima nenhum mau cliciro se percebe lias riias.

:/I cidade coiiipõeiii-.c. tlv duas pnrtcs; a baixa A borda do iii:;., i, :i coiiiiiicrci:il; :iiitcss c r :~ iriuito doentia, nias cst:C rriiiito iiicllioi:id:i; i.:ir:is vcbzc,:, lia iilcll:i cy)idei~ii:~:~. A c.icl:ide :ilt i . :i iiiis tres 1~iloiiic~ti.o-. do iri:ir, c': oiide sc ac1i:irii o:: ho- tclih, cl~iljs, tlieatros c, outro, c~t;ib(~l~~ciiiieiitos ; c,l)itl(*iii i:ir sco ali dcseonhecidas.

.Em Batnvia as casas sZo orc1iiinri:iiiiciitc clc uiii sí, :ui- dar, com duas largas vtii.aiidas, urna lia frente c a outra na rectaguarda, sem-iiitlo a 1)i.inieii-t~ (I(: s:da de visita?. Estas varanclas sRo u1iid:i 1)11i' U I I ~ largo corredor, par:i o i1~1a1 abrciii as portas doD qti:irto~;. lfiiitns (1:ii cnws ti.cbni jartliiis. Ehtc modo dc coiistr~icy>o tl:l. 1i:il)it:tc~cic.s (': iiiiiito coii\-ciiieiite para um paiz tRo qiicntc,.

1':irccc que este systciii:~ sclria apro;~ritido ;I.; illia- (11. S. Tlioiiie e Priricipe, cujo tcri.itorio, a 1)oiic:~ <Ii,taiicia das

1 níoi i (y , Jaca or IIozc. (o Jfcttlnye ( I Colony, II vol., Loii(loi1. 1861.

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respect'::r i capitaes, tem sitios clcvados e saudavcli S. Ein :iIgiiiii (1'1 -c.; sitio? ~)odcri:iiii c~nstriiir-se rr>iclcncias pnrn O . c I tt.ttlorc~, as cas:~? nlililici1):1~~, os 1iosl)it:tcs~ OS q u : ~ tcai.;, t tc.; 1~o:~s c..tradns poderi:iiii 1ig:ir e.t:l\ rcsiclciicias aos poi.tos inaiitiiiios c coiniiicrt.incs, 11-:iiitlo ])ara isso, dc convciiieiitcs vcliiculo~, oii por iiicio tlc 1 i:ib f'cri-eas ame- ricaiias. O tliic ?cria i i i i i iiic~!lior:~iiic~iit~ d : ~ ili:tior iiiiportamia para arn111:~s il1l:ts.

E csti. iiicllioraiiir~ito iiiiit1:i niigiiic iit:ii.in, se iim fio c1e tclcgral~lio c.lt.ctrico 1)oi.1~-(~ (&i11 coiiiiiiiiiiic:iy%o estc,s por- tos c0111 as novas rcsidciicins. l':iiiibciii ciitre as cliias illias dc~vcrin 1i:iver uni cabo te1cgi:iphico ~iihl~iarino; c outro de S. TBoiilí. parn Fcbrnando 1'6, 'lu'b 'P ':\i ti)i.ii;iiido um cen- tro coiiiiiicrcinl jiiil)ortniitc. Convintlo t:iiiil)c~iii qiic? i11ii pc- que110 barco d(1 \-a~~oi., peitciicciitc :i 11roviiici:1, ii'clla fii . t>>hcl

o sclrriyo clr coiiimuiiicay>o ; podcildo eiiiprc g:ir-sc coiii v:~ii- t a g ~ i i ~ iio engajamcrit? e irarisportcl tlc tra1j:illiadores da, costa do Crou.

Coiiio I ~ : L illin de S. Thomé vegeta I)lsiii :i caiic~lloir;t, 'qiie c*ol~.;ta ttlr hid0 para lit transl)lant:tdn, (, coiiio d'clsta nrrorc

i i ' ~ tir,: :ili o lwowito, que ella ptitlc tl:ir, l ~ : t r ~ e n - m e ~ ~ I I C scri:~ litil 1):ira :I iiic3c;nln ilha transcrcl-cr :icliii *- ticia dcerca, da. iiiniic.;rn dc a cultirar c apruvtitar iid3!#a dc Ceylzo, oiide ~ J ~ U I ~ U Z boin rcndiiuciito.

A arvore clc qiie se cstrnhe a caiiell:~ (Laiii-os Ciiinamo- iiiiiiii'i, í: iiidigciia dc Ceylâo, e dh-se bem (~in tclrrciios :irchiio- soq. (Jiiaiido 6 cultivada niiiic:i se dcixn exceder as diirieii- sc"j~s d(: uni arbiisto, e todos os niiiios ó dccotailn rf>iitcl do cliTio.

Este systerria de (lccote, faz rcl~ciltnr iiiii gr:iiitll~ iiiiiiicro 11,. rciioros, os quncs, iio cyayo c!(. tlozc iiiczts, creaceiii at6 i i i ~ i ~ ~ t l l t ~ i ~ : ~ de nove oii clcz ]~:iliiio<, tciido a grossiira de i i i i i d(1tlo dc hoiiiein. Diiraiitc c ~ t c Iciiipo o uriico amanho que se rcililcr l. c olc liiii11:ir i~cqicticlas rczi o tci.riano. X\'n occa:.i:io propiia, cortam-sc toclas as plantas, c os raiiios são ent2o cbs1)riigados da casca pelos descascadores, 09 qiincs coin f:ic-n.: bctn afiadas fazem iiiii golpc loiigitudiiial eiii c:~dn

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NO dia seguinte as tiras dn casca d o r:ispadas para as 7iiinpar completaineilt(~ da cuticii l n cs tcrior. Depois, mettem- se unias tiras dentro das outi.:i~:, :is quacs, ti medida que se v20 seccando, se contrahciii, c t;)rmarn uma scrie de tu- bos incluidos uns dentro dos outi.os. Mais tardc são estes enipncotados em fardos, que sc mcttciii c111 .:iros duplicados, que dcvcni scr cosidos coin muito cuiílnilo; c d'este modo ?e exportnrii.

O oleo essencial de canclla é dc ordinario cxtrahido c10 ~csidiio cl:~ colheita, mas a quantidaclc quc se obteni C rniiito pcqiicSii:i, ~ c n d o apenas de umas cinco on<;as de uleu por 50 a 60 libras dc residuo.

O oleo de cravo é extraliido das foilia:; (1% cniicllc'i.:~. c n?~o do cravo, ciijo nomc tcm 3.

Oiitrn ciiltiirn qiir devcrin scr yrovritosa em S. '1'2iomt' Priilcipc scrin :i c1:~ nrai.iit:i, planta dc cjuc sc tira boin rcii-

(liriicrito ii:~ ilha iiiglcza tlc S. Viccnte, uma (1%:: Antilhas, . e o iiicsmo succeíle na colonia de Natal e na republica de Libcria.

X:o havendo trabalho forçado n'estas ilhas, poderiio ser ::ttrahicios a cllas alguns dos nindeirenses, da classc d'aquellcs qiic v,io trabalhar cni Deincrnra nas plantaçlies cle canna de :i. ric;ir, n.3 ~II:LOS (>xii;tem eiii terrenos baixos, niuito qiien-, t i , , c, ~czonaticos, c onde trabalhani dc mistura com os pre/ to-; lirres.

E pela mcsmn rns30, nas colonias contiricnt:~cs n5o re- piipnrli ao branco o trabalhar jiintarncntc coiii o iiegro, coiiio piicccd(: iio-: logarcs onde se aboliu a c~cravidão.

EiitHo havcr:i iiinior facilirlndc ciii dcrivar do continente portugucz, bciii coriio dos ,Ii;orcs c Madcira, para a Africa, iiriia 1):wt~ d;i ciiiigraq:',o ( I IK, :un~ualmcntc sc dirigt. :L(> Bra- zil, :i (Aiiana iiiglcza e aos Estados Uriidos; c poclcrh cs- pcrar-sc que dc outros paizcs da Europa hnverB cinigrun- teu que para 16 se transportem.

Sem a aboliç?io complcta do traballio furqado, não poder:i

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cstabclcccr-se lias nossas: co1oiii:is i i i i i yht(>ili:i duravcl, C ~ U C , :ts lcve d prosperic1:itlc.

Dcsde 18% teni-sc toinatlo iiirdii1:is iiril)ortnritcs para c,sie iiin. 1': ii'clstcs trinta e seis annos trin-sc: feito iriiiito, attcii(1c~itlo ;l, difliciildaile~ qiie liiivi;~ a vciiccr; iu:is ainda falta iniiito para coiiipletar a obra.

Fica cs:iiiiiiiada a cliiest2o do trabalho dos negros, com a extensrio bastante para dcinonstrar que, asscgurancio-:,e- lhes o goso das garantias a que a carta constitucional llies dtL dircito, c podendo ellcs, liort:iiito, dispor do seu traba- 11 io 1x310 preço que convc~iicioi~;ii.c:ii coii i qiiciii os empregar, 111 , i 1 l l u r iwo dcixnr?o o.i pi.ol)ric,t:~rio< agricolas de obtcr os braços dc~ q i ~ c c.ar<.cciciii, qi~i~iido cluoirniii pagar-llics cori- veiiiciiteiiieiltc. O qu:iiititativo do5 sa1:crios decidird os tra- balhadores.

Cumpre pois ao governo toinrtr medidas rigorosas para quc se cuiilpra a 1cgis1:tÇ~Ó vigcnt~, C c111 cspecial o que cli*pUe o dccroto de 3 dc novcrubro cle 183G.

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1Sstadn antigo c- presente da8 i~oloriias portuguezas--Escollia dos gooei-iiadiii-es- Trinpo i l i i scii hci-vii:,~ - Illia da J:iiiiaica- Cnracter civil dos go\.vrri<is criluni:~<:s - Arrlii- 11i'I:iro do (':il~oYci'ilr, ri~nstitiii-lo em districto -- Giiiii6, furiu:ir i i i i i g»\.c.riio parti- r:ul%i. S<.iis rios e f~riilirlaílc do solo-Ciiltrira da caniia - I lha <Ic Bolama- Futurii d ' ? ~ t n iulonia-lieln@es d e Goa com a Africa c Timor-Ditas d e Moyaiu- bique cr>iii a s fllian d a Reuniiro e Yauricia - Cultura e commeriio do arroz-]te- forma effcitiiada. n a adminiatrayão colonial -- Muni.:ipa:ida<:cs - Jui:tns gei'aes- Ilelayão de Lo inda- Aboliyiio do trafico, d a crrraridZu e dr, tr.iti:il:~o forc;;ino- Liberdade de imprensa--Boletina officiaes- Cultiira do algoùRii-TCrreiiox bnl- dios- I'razos d a cor0a n a Zambezin nbolidris -Iiibr~iriniiiiindo dos seus rl~viata- r im-Cult~ira dacocbonillia -1lùa de S.Vicerite -Villn do Aiiudellu-Fuurlaqã<i <I<: Moanamrdcs - Occiilia~ão do Anihriz --O Brnibc c o Cuiigo-lllins dc Bazarulo ~ \ i i ~ < > c l i c -Explora acs scicntiticas di: Mo$ariiùiquc <i Aiigola- Abertura no riiiii- s iiiercio ilaa jiortoa secundartoa de Mo(nmhique - Navcgaylii :i vapor no rioQiiaiiaa - Attr;!iiii~;Gi.s ilos governos coloriiacs - Exrrr.11los esti.aiig(,iros - 8ii:i. nliltlicnylii i a enloiiins poi-tuguczas --Lei clciloral - EleiqÀo de de[iutados iio ultramar -- Ordciis cx]irrtidaa jtrlo aiictoi - Farto occorriùo no niino de 1W -Nacezsidndc dir rcforiiia , I ' < .::i Ici - I'o:i~lr*ra~iics de iiiii fuiicciouarlo ultramarino -DlscueaHo da8 lei. par* ;is rol~itiiau - O artigo l:~." do acto addicional d carta-Decreto regulamentar do 1.0

do dezcinbro de 188:) - A imljreiiaa nas colonias.

N ~ i i i i i n opiisculo, por i i i i i i i publicado no anno de 1872 ', 1Ccin-sc :I.; Iiassagcns seguirites:

« N a actualidade, as colonias portugueza~ : i c l i n i ~ i - s v e i i i

i i i i i i t o iiiclliores condiç0es do que aqucllas crn cjuc c h t a r : i i i i

antcs (10 estabelecimento do r c g i i i i e n constitucioiial. Todas r>o lrospcrando.

N ( ) s territorios da Tndia continiinvam na drcadencia que sc havia seguido :i pcxrda da nossa p r r l ) o n t l < ~ r a n c . i a maritima na Asin.

« A n g o l a c Moçambiquc constituiam g r a n d e 3 i~icrcados dc'

1 @:irt i l ao sr. J. Bf. í,:itiiiu Cocllio, sobre a rcforxnu de carta cou- ~tit~iciuiial 11:lfi. 20, 22 ( a 2:).

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(avrnvos, que dc ld eram lcvadc,~;, na sun iii:t.riiiin parte, 1):tra o Urazil.

( ) trafico ila escravatura foi abolido, o quo caiiqou lima gravc crise fiii:iiiccira n'estas colonias; nins a ;iboliyZo foi o funrlarn(.iito liara entrarem no caminho da prosperidade e111 q11c ll~:ircIi:i111.

«lliiitas leis, iniiitos rcgulamciitos têeiri sido piiblicados diira~itc o regiincn liberal, coiii o fiiil de melhorar a, con- di::~ dos povos iiltrai-iinriiios. Ciin~prc prosegiiir n'(5.t~ yys- tcma, e cuidar cspe~ialiiii~~itc~ ciii que para :i. coloiiir.~ de Africa se encaminhem a emig~açso c os capit:ic,s ciiropcii.;.

«Dos goveriiadores mandados da nictrol)o!e dcpciide priii- cipalniente o bem estar d'aquellcs paizes, por isso 6 neccs- sario que a sua escolha seja cuidadosameiitc feita.))

A esta extracto acrcscciitarci agora, que para fhcilitar csta cscollia ciitre pessoas cluc, iio reino ou no ultraniar, ,jA t(~illiai11 dado prova" da ma capacidade adrriiriihtrativa, 6 ncccssnrio qiic os ordenados actiiacs dos goverriallorcs se- jam nugnieritados ; o que se podepd levar a' effeito, sem qiic a despcza quo isso occasionar seja um cncargo para o thc- souro publico, em uni futuro nZo remoto; para o que bas- tar8 abolir o decreto de 10 clc setcinbro dc 1846, que con- cede postos de accesso aos oficiacs do cxercito e da ar- niada, nomeados para os ~ ( I V C ~ I ~ O ~ i~ltra~narinos: os quaes, depois de voltareni ao rcino, ficaiii vc~iiccrido os soldos dos postos dc accesso que tiveraili, As vczes por largos aiinos, antes que' possarii ontrar nas escalas das suas respectivas ariilns: clcspezn csta iriiitil, a que nos orçamentos doe mi- nisterios respectivos figura por quantias avultadas. Este de- creto foi iitil na i.]>oc.lia ci~i (1110 50 promulgou, mas hoje é nocivo ao serviço do c.%t:itlo. I':ir:t a dita escolha cumpre c~xarriiiinr o conhecer bc:ii :i:, qii:~!idadcs pcssoaes do candi- tl:ito, n niniieira como dcsciiil)cnh:ira os empregos que te- ri li:^ cb:;ercido.

ELI, sendo iilinistro da mnriiilia c ultraiiiar, adoptei a re- gra de n5o propor para govcrii::(lor dc colonia alguma os individuos que sollicitavarn esses cargos ; e de convidar para

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elles pessoas que julgava capazcs de os occiiparcm. E en- ganei-me algumas vezes.

Varias causas concorrcin porém para qiic o miiiiqtro do ultramar nXo possa livreiiiente fazer nbmea~õcs acertadas; tnes s20, por exemplo, as solicitações dos pretendentes, as influencias parlamentares, os interesses elcitoraes, e os pro- prios collegas do ministro quando tCcm protegidos.

Os maus effeitos d'c<t:ls c clc outras causas poderiam, tal- voz, ser minorados, se antcs do so fazer a nomcnçZo, fossem aiibmcttidos 04 norrics de todos os candidatos tí aprcciaçao <1:1 jiirit:i coiisiiltiva do ultramar, que os classificaria com a designayAo de rnziito bo~n, bwn, sujicicnte ou insuficiente.

O indicado augniento dc ordcnndos pocicria ser de 50 por cento.

Desdc tempos antigos, os governadores eram iomeados pelo praso de trcs annos, comquanto frequentemente fos- scrn recond~~zidos. l'raso deinasiadamcntc curto, para po- derem cstiidar bem o paiz, e levarem a effeito medidas im- portantes, dcpoii de approvadnil 11c.10 govcriio. E frcqucntc:, T., / C , :i -i mcldiclas tomadas pelos govcriindorcs novos, er:i I 11

t i l \ c i - i - d:id que os seus anteccssores haviai-ii adoptado. ( ) c c:\ ",tis liouvc eni que para taes alterayGes cllcs fora111 movidos somente pelo desejo de inventar innovando; irni- tando ,ii'estc ponto, diversos ministros d'estado, mais prorii- ptos a destruir, do que a continuar, o que do bom havinni r~nprehendido aqtielles que os precederam. Prcseiitcnicntc por uni dccreto, por inim referendado, aclia-bc o l?raso de trcs amoc, anlpliaclo a cinco aiinos.

Na actualicladc, o governo iiiglex conserva durante sete annos os governadores das suas colonias. E por isso que o actual governador da Jarnaica, sir John P. GFi-ant, tem tido tcmpo para levantar esta magnifica colonia do abatimento em que se achava, ao grau de prosperidade em que presen- temente está; tcndo tido no ultinlo aiuio economico um ex- ccdente de receita sobre a despcza piiblica de perto de 60:000 libras estcrlinas.

O extracto da minha carta, aciina transcripto, mostra

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(lu(: concordo com o pro,iccto de rcprexciit:iyao d:i awociaqEo c«iiiiiic rcial, qii:liito li nccc...l<l:itl(s dc :c roiitiliii:ii.t i11 os iiic- lliorniiic~iitos, j:i eff(~itiiaclos, iia :idiiiiiii~ti.ny' O co!oiiinl, e de quc a esta adriiiiii~trnjTto +c tlt.1 r, (lar o car:ic tc i. civil, pro- curando-se para o governo d:i.{ coloriias fiuiccioii:irios que tciiliaiii j:i dado provas da sua c:i]):icid:tdc. acln~iiiistrativa; put1(,iitlo scLr c+colliitloq iin oidoiri ci\il oii iin militar, se- g~indo :LS circlii\iit:ii~t*i:~~, c(\\. :i11(1() 1):ir:i os iiltiinos a con- ccsirio clo posto tlc nc.cccLo.

lJ:iiocc-iiie tniii1)ciii coii\ < i~ic~i~tc~ cliic scjn dissolvido O go. vcri~o r:i.rnl c l c b Cabo T'cv ilf,. L 1 i i ( 1 i 1 (li \ iclitlo ciri duas partes; tl:is cluacs uinn, compostm rlt. todas :LS ilhas do :~rcliipelago, scri:~ or~aiiisnrla coriio os dict~ictos :icliiiiiiistrativos, devendo fic:ii. r.iil)or.tli ii:itln :io irijnistcrio clo reino.

LZ~siiii i,. t:i, iiorn circininscril)q~o territorinl, o districto d i ~ Pr:~in (!(L Cabo Vcrdc, coiistitiiiria o 22." diitiicto, e O

5 . O il:is il!i:iti a(1i:~ceiitcs. Foriii;iri:~ iima sub-divisfio iiiilitar, e coritiiiii:iriz~ a ter duas coinnrcas, a (1% Praia e n do Rlin- d(lllo, para oiide deveria transferir-se a séde qne estii, na illia c1e S. Nicolau, poisqiie a ilha dc S. Vicente é aquella ( * i i i tjucaq con1niunicag0cs sno riiais frequentes com as mais il11:i~ i111(' ~ ' I I ~ ' ~ I I : I I I I n coiii:ircu, c coin Lisboa.

( ) dihtricto (1:~ 1'r:ii:i tlc (':111o l ' t ~ t l c te ri:^ uma iiiipor- tniici:~ siiiiilli:iiitc~ :i clii(, t (Lii i o clistricto (1:~ 1Iorta. K'cste a dist:iiicia maior t~ntrc n i illins qiic o coiiip(it~m, a saber, c~ritre ;L do Pico e a das Florcs, escede :i quc Iin cntre S. 'i'liiago e Saiito Aiitao. A populac>o c10 districto da Horta 6 dc ma 70:000 Iialitaiitcs, o archipelago de Cabo Verdc tem tam- Lc1i1 60 :L iO:OOO :ilinas. A distancia d't.stc 3 Lisboa pcrcor- r(a-so nctii:~liilcntt~ um seis ou sete dias, c o iiitxsiiio sncccde c~ i~ t r t~ Lisboa e o Faynl. i1 oiitr:~ p:~rte da provi ri ri:^, a Guiné portugiieza, deveria

fi~riii:ir iiin governo particiil:ii, (1:~ categoria do de S. Tho- 1116 t s l'rilicipc..

O seu territorio, cjiic íi ntrarciaado pelo 12O parallelo de latitude riortc, tciii 40 :I 50 lcgi~a, da costa maritima, na qu:d dcsciiibuc.:iiii os iiiil)c~itnritcs rios Cnaamansn, o de

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Cncheii ou S. Domingos, o tio Gcba, c o vasto cstiiario clin- ni:itlo Iiio Uraiitlc dc Giiiii;il;c oii cle I\igul):í, :ilguiis dos qii:ics con~iiiiinicam entre si por cstciros, uii c.:iii:ic8q ii:itiiraes; alem d'estes rios, Iin oiitros nienos iiri1)oi.tniitrs.

1; granclc :L fcrti1itl:idt~ clo s c ~ ~ solo. ,\ pssagciii scguinte extr:iliida de uma ineinoria reíliqit1:i rio aiiiio (i($ 1304 mos- trarh o apreço em que ella rra tida.

O auctor diz: «lCstn twra dc BigiibA 6 Lua.. . G toda coberta de matos c arvoreilos, cliovc n'clla niuito, c150 grandes trovcies.. . e o inveriio coin taiita temperança que nFio pódc iiiuis sei.; 1)orrluc aiiida quc chova muita agua, logo torna o tciiipo hcbrc.iio e bom, e d'csta maneira cri:% a terra inuito. E :liiida que esteja o tempo claro ariiia-se lima riiiveiiisiii1i:c p('(lii(hiia quwae-se faarndo riiaior, c c~uanclo sc n%o prec:it:iiii corricqaiii a roiicnr os trovzcs; d;i iiiii gr:iiitl(: pc'! cio veiito, c antes dc c1:ir lia tle acalriiar o outro qiie vcrit:~va d'aiites; c dando o vcsiito tliin~ por espaço de um quarto dc liora ou mais; deisn- c cl(~..r.ni.rc- gar tanta a p a que iiao lia pode-la espcrnr; tanto que cliovc, 1020 cL(-n o veiito e dura a ilgun uma hora ou duas, dc- 1 1 t h . ~U: ' II : \ :i ac1:lreccr tiido e fazcr sol; e por isso tein tUo . Lo:i-- iiovid:idr?i».

No seculo xvrr forain constri~iílos os fortcs de Cacheu e o de Bissau, o priii~ciro lia inargciii tlo rio de S. Domin- gos, c o scgnndo na do rio Gc~ba; taiiibcm lia o forte de Zcguichor lia niargciii esqiiercla do rio Cabainansa. Ser- viam estcs fortes para proteger o coiiiincrcio ein escravos, qix eram exportacio, ~ I , I I .I o' 1111rtos ~"l)t(.ntrionacs do Brazil.

Estc gcsnero de iiic~i.c:itli)i.in dvisnra taes lucros que aqucll(~s que n'elle bc eiiiprcg:cvniii desprezavam coinpleta- niciitch a c.illtiii.:i (1:i.) t(~i.ras. i\s..iiii, li:% Giiiné portugueza succcdia o iiiesIiio cliie (3iii Aiigol:~ c em 3iocainbique. Foi sdiilcntc depois da cstiiicção do trafico qnc a cultura se foi dexeiivolvendo cm Guiné; e para. cste fiin terii-se esta-

L Trctfado b ~ x o e dos rios de Gtii~iP, fvito pelo cnpitilo Alvarcs dc Alruiitl:~, pag. 16.

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mailjacos, que para isso se assalariam; impostos aduaneiros mui baixos c em poucos gencros, hcin como algumas outras medidas que se toinasscni, poderiam concorrer para tornar esta coloriia florcscci~te, dcntro dc poucos aiiiios.

A capital do governo dc Giiiní' dcveria cstabeleccr-so ria illia de Uolaina, situada a meio caniinho entre o Rio (:i+andc c o rio de Gcba; c para csso fim dcveria fundar-sc n'esta illia unia villa regular.

A iil(1epciideilcia d'este govcnio do do archipelngo, é in- dispensnvcl para a sua prosperidade.

As observaç0e.i que ii'cste escripto ficani expostas refe- rcm-se com espccialidade As possessGes portiiguczas da Africa occidental; cllas, porí.m, podrm, eni gr:tnde parto, applicar-sc a 310çainbiquc e a Tiinor.

Quanto S Inclia portugueza e a Macau ha diversas con- siderações, que cuniprirh attendcr, qiiando se tratar d'estas colnnias. I

Entretanto notarci que entre n Tndia e ~o~adobique e, Timor poclcin existir, como jtí existirain, relações de com- rrium iiti1id:idc. 1: por isso cumpre pyomorer o commercio que j:i lia c:itrcb estas cluas primeiras cu1oci:iq.

De Goa podcin ser mandada3 para a Africa oriental e para Tiiiicjr, coiiipanhias de tropas para as eiias guarniçoes; ecclesiasticos para as sua3 igrejas, incdicos, pliarinaceuti- cos e artistas; taiiibem se poderao iilandar mestrcs de in- strucy?io prim:iri:i, comtnnto que saibam bem a lingua por- tiipeza. E aos coioiios indianos qiic, com suas familias, se fossem estabelecer lia pi.orii:c:ia africana se dariam terras para ciiltirarem, ci:,j 0% 1 ):,oiliictos os poderiam tornar indc- pcndentcs. E c ~ t n coloi~ih:iç>o dcreria scr protegida, c yro- iilovicln l~clo gorcriio, zuxiliando os emigrantes no seu trstns- porte c estabelecimento.

A cultura do arroz jS C proveitosa n'esta provincia afn- cana; e poderh dar grandes lucros quando entre Queliriiane, Inliainbai~e e outros portos sc estabclecercm rclnyões regu- lares com as ilhas Mauricia e da Rc~iniBo, como sc podcr:i julgar pclo bcgiiintc extracto dc unia inforriiayNo transmit-

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ticln :io govcriio, 1)cllo coiisill tlc Portiigal n'esta iiltima illia, ( I ~ , I I .r t1:itn (I(. 19 (lc iii:iio ele lh(i7' . Ellc diz: «Que n 1)ol)ii- l : iy?~, t l : ~ 12ciiiii: o 6 tlc 2OO:OO() li:tbitantes, dos qiiacs IO:OW t3:1o tr:~b:ilh;ldoi~~s (1i~gro.i C ci11cs d : ~ Iiidin c da Cliiii:~); qnc o arroz conbtitti(\ ;i l):is(> (li1 nliincntay?io dos 1inbit;iiltcs; qiie o consunio :1111111:11 G ( 1 ~ Yf).000:000 dc kilogrnriiiiias, ou 22:000 toilel:icl:i\; cliic (I: iiiil)ost:itlo (lc i\I:~clngascar c da Incli:~; cliic I) ('11 \-dor se c l c ~ :L a S.000:000 tlo francos (1.440:000.j000 r;i<\) ; qiic o iiiiiiiiiio elo llrtyo (10 arroz era, n'aclu1.11~ :iiiiio, clc: 28 fiaricos (T;jO-10 riis) o., 100 1íilogr:iiii- Irias, qiic a quii1icl;~cle do i1u Bloyniiibicliii~ crii infcrior tio (1% India, havendo corntudo alguiii igii:il :i cstc, c qiic nFio (I: t io bein dcscnscndo; quc ria HciiniEo igiinliiicritc: iiiiport:~ tri- go, iuillio, fili.jíjrn, crvillias, Iciitilliii~, etc. ; qiic totlos estes gc- ricXi.os scl 11ticlc i.i:liii rc'cc~bcr clo.'~ 1)ortos do Moyal~ll)iq~i~, com grande raiit:igc.iil ]>:ira csta coloilia, a qual estaiitlo ~iiais 1roxiina c1':iquclla illi:i tlo qiic :i Iiidia, os presos doa fi-c~tcbs scriWo menores; e que os navios qiic lcvassem carga:, tlc. :ir- roz, podcriarii ali carregar asyiicar para a Europa, Roiiil>:iiiii c Aiistr:~lia, diirantc os inczcs do agosto a janeiro u .

O quc este consiil diz, póclc tcr applicaqHo litteral :i IY.+

peito dn ilha. iI[;~iu.icin, c i ja cultiirn c.peci:il :i tl:i c:liiii.i tlr n\suc:ii.: c scgiindo diz lord (+scy, a iin1)ort:ic;io :iiiiiiiul tlc arroz ri'csta colonis era, ha 1)oiicos aiiiio., clc: 480:000 :L 500:000 sacas 2.

Cuniprc, pois, qiic os ciiltiva(Iorc,, c os coniinerci;intc:, tc- nhain em vista a producqLo O o iiego~iv d'chtt: cerc:il, (jiic os p6de enriqiicccr. E inuito iitil scsin cliic i~in 1)nrcu 1112 vapor navegasse, coiii rcgiilaridncle, ciitre os purto:, cl:i pro- viiicia, Porto K:ital c i1h:is (Ia Ilctinizo c 1Iaiirici:i.

Eu prnjccto (lcl rcprcseiltny:io, diz a coiiiniis~~o tln n--O- ciay;o coiiiiiic~i.i~iiil, (lt~c' n 11o-.-,1 :i~liniiiihtrq50 coloiiial c*tA rec1:iiiiaiiilo l:i:.g:.a c I)rofuiidn rcí'oriiia.

1 Veja-sc o Uiario de Lislioc~ dc julho de 1SGi. 2 Tltc C,,lonictl Policy of Lorcl J. Russell's ~icliiiii~istrntiori, vol. r,

png. 105.

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i%t& rr fazer jsiro i10 ( ~ i i ( ~ sc carrer rcfoniinr, ciiiiiyre cx:liiiihnr o qiie sc. tcliii fthito n'estc P C I I ~ ~ ( ~ O depois (10 CS-

tnbelecirneiito do i.c:~;iriierl c.oiistitucio~i:il iio ~iobsu p i a . E d'este exame ha dc resultar o conheciiricrito de quc as colonias que possuiinos todas têem nicllliorado, c qiie a siia legisla$o tem cxperin~entaclo iiinn vc~r(1adeir:i. transforinaqyio dcsclc essa cpocha, tendendo, ciii geral, as novas iriedidas a fazer gozar os habitantes das culonias das mesmas garantias constitiicionaes dc que gozarii o:. da metropole, c a harmo- nisar o regirricii coiiimcrcial em toda a iiioilarchia.

O iiuniero (1:~s iii~iriicipaliclades é liojc o duplo tlo que c>ra ciri 1834. I:or:iiil crcí~das juntas gcracs de l~roviiicia com nin~~las attribuiyGc~s c.oiisulti~-as. Crctou-?c lima ic~1ay:"io J,o:iii(l:i, c rcorg:iriis:irnni-so os tril)iinncs (lc justiça; abo- lirmii-se OC. nioiio1)olioi qiic csistiarii cni Noqarilbiclue; nbo- liii-$c o trnlico d:i clirra~:itiir;i; iletorriiinou-scl a extincçzo do clstado de c~.cravitl,:io; ;iboliii-sc o b(xrviqo forçado dos iii- digciiai t lv Angola. Dcii-,c libcrdnd~l tlc~ iriiprrii~n. Institui- rnm-se os boletins ollicities (1os gol criioq co1oniac.s. Proirio- veu-se a cultura do algod50, iiiaiiclnii(10 o governo buscar a inclhor seiiientc :i So\.n Orlcaiis. It6giilou-sc poi* tima Ici :L

allieaç3o das tei-r:i\ (, 1)aldios do cbtado. Foi :il)olida :L an- tiga institiiiçuo cliin5i feudal, denominada «Pr:~xos d : ~ co- rija)), que existia eiii Hios de Scnn, oii Z:irnbczia, c q u ~ fGra extremamente nociva a esta colonin.

Os prazos da cor& consistiani rlm territorios, sendo al- gund'cl les ninis vastos do qiic as 1ii:iiores comarcas de Por- tugal, os qiinc.8 crniii do:idos pela coroa, em trcs vidas; e a succcsslio clJcstas vidas cra rtlscrvadn :ís mulheres, com ex- clusão dos v:iriics, dcv<,ndo cllas casar com homens naturaes da Zuropa. E S ~ C S prazos eram habitados c cultivados em parte, por co1( ~iroi, pretos livres, que pagavam rendas em gene- , ros da sua 1)rocliicyâo aos respectivos donatarios. Alguns d'es- tes esiginiii (10s colonos mais do que elles deviam ou podiam pagar, d'oiitleb icsiiltava fiigirem estes dosprazos. E alguns do- iiatarios lioii\.(%, quc vcildcrnrri aos traficantes negreiros os colo~os li\ i.er4 dos j)r:~zos, (10 rcsiiltoii a siin ~le~povoaçâo.

Y

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Eiii uins carta que tenho pwsciltc, escrevi:i-iiie dc RIo- yaiiibi(liic, ciii 13 clc ninryo de 1 W j 7 iiiii alto fiinccioiinrin, cliic 1i:n.i:i (>st:ido (>i11 (JIIC~~III:LII( ' , (liz(>ndo: «QIIC OS 11razos sc aclia~ :i111 iiitciraincnte :il):iiirloi~:idos, porcliie os 1i:ibitaiites 1ivi.c.- 1i:ivi:iiii si(lo condrizitlos coiii prg:~lheii-;is dr fisrro :i\ fiiz(>s (10s i.io\ (I):I~:L (>1111):1rc:ir~i11); C qiie a sete legiias ( \ ' : L ( ~ I I ~ ~ ~ ~ : L rilla, 200 a 300 (l'cst('s negros hi~vinni sido iiiet- tidos ciii iirn b:ii-r:~cFio, ]):ir:\ o (lito fiiii, c. qur cllcs nicsmos, j):ir:1. n>o sclrriii i-cdiizicl115 :io c~staclo de c~sc.i.:ivos, ( I por tili1

:ido tl(i clcscspc~r:iy>o, iiic~cri(1inrarn o b:iri.:ic.:o c iii~i.i-c~raiii queiiiiiitloi, o qlie f i ra dt~c1:irado por iiiii dos ditos negros qiie 1)Gdc escnl):ir. E acr(lsc.ci~t:iv:i, qiio cllc 1130 acreclita- ria as cous:is q i ~ c o i~v í r :~ cliii ( ~ ~ i ~ ~ I i i ~ i : i i i ( ~ , <o (~ll:~s iizo lho liouvesscm sido rt.fí~ricl:is por t ( ~ > ~ > t ~ i n ~ ~ i ~ l i ; i h o~'111:ir~s B.

A aboliqão d'est:~ antiga pcssiiiia iilstitniy5o foi devida n iiiiin consulta do coiisc.llio iiltramariilo.

Sciido miiiistro, iii:iiid(fii d:is illias Caiiarias liara as de Cabo Verdc o iiisrcto íl;~ coclionillia t x o c.:ic.to iio11:il ciii q i ~ ( ~ ellc vi\-c, para introdiizir c proiiio\ oi. i i i i i rniiio dc iiii1ri~tri:i. qiie tciii enriquecido as illias C':iii:ii.i:i-. S:i illia de S. Sic.oluii ljlaiitoii-se o nopal, e brcoii-se o i i i ~hc.to coiii cxcell(~ritc rc- siiltndo, como iriostrou a ana1y.e f(8it:i ( - i 1 1 1,ihl)o:~ tl'uma aiiio\tr;~ ( ~ i i ( ~ (l'ali foi mandada. l'oitc~rioriileiitc foi dcscui- t1:itlu c , - tc riiili v:ilioso rniiio (I(. iiiiliistrin.

li'oi ciil 1S::O cliic a coclioiiilli:~ trazid:i do ;\lcsic~o para a,; (:niinri:~x, coiii(you ali a ciilti\nr-se. Esta in[l~i-.ti.i:~ OS- envolveu-sc rayiclamentc. Dezcnore niinos clcpois, iios pri- iii(>iros nove rnezos de 1850, produziu 468:000 libras cl'cstc insecto, ciijo valor, calciila(10 a 540 rfis, preqo que eiitFio tinliti, subiu ac.iiiin de 252:000d000 réis.

Recuperou-~e para o cloiiiinio do estado o doiiiiiiio da illi:~ rlc S. Viccntc, que iun iiidividuo particular i l i~f~uctava, e :iccrc;i t l : ~ qii:il, no anno de 1522, uiii deputado As cortes 1i:ivia dcc~1:irailo no congresso, ser a sua povoaç5o por na- tureza inipraticsvel. Mais tarde foi, 1x1 iiicsma illin, !evan- tnda a povoaçRo a que se mandou dar o noiiie de 111in- J(d70.

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Na ~ w n ~ i n c i a dc Angola for:iin fiindatlas :L colonia deMossa- i i i l , i l ( oiitraq povoa~Ccs; f i ~ i c,ci.iip:itlo o porto do Ambrix, 1 I 1 i i 1 1 ( . c , S. Sa1v:idor do (:oii~c~, I. oiiti.os logarcs, e foi es- t ; ~ l ~ lc~citl:~ n navegap2o por v:ilji#r iio rio ($uanza.

N:i (10 RLoyanibiqiie, foram occupadss as ilhas de Baza- riito, perto de Inhaiiibanc, no mar d:~s q11:les SI' acham os- tras q i i ~ ~ contêcm perolns; c bem nqsirn o iniportante porto de Angochc. 14: os portos cl'csta provincia foraiii abcrtos ao cornrncrcio nacional c estrangeiro.

Ií'c~i csl)loradn siic~ntifica~iicntc a provincia de bloçam- 1)iciuc 1"" um d b i iist~irnlista, o (li-. Peters, cncarregado d'csss iniss?~o pelo i - ~ i (1:~ Prilssi:t, Frcderico Guilherme IV.

Por coiriiniss~o do governo portugucz cstudou a flora de Angola o illustre botanico, o dr. Welwitsch, ultima- rricnte fallccido, de cujos tral~allios já a scicncia tem apro- veitado rniiito, c que a industrin podcr:í utilisar. E, na actua- lidaclc, cstií estudando, com escclleritc rtsiiltado, n fauna da iiiesma provincia o zeloso natur:ilists o .r. Aiicliieta.

Falta a csploraçAo geologica, e 6 iiigtXritcx que se mandc fwer, pela sua, grande iiiiportancia. SUinente por ella sc o1 i tc ~ : i c~oiilic~c.iiiic~iito rlns condições mineralogicns do paiz, r .c verá o que a indilstria poder:i empreheiider com pro- babilidade de tirar proveito. O h.. Peters havia, ha annos, a pedido meu, escolliido para esta explora<;iio um distincto geologo allcmzo. NZIo pude porém concluir o contrato com clle, porque uma grave molcstia me obrigou a deixar o ini- nisterio.

No projecto de representa$to da associaçso 16-sc : ((Alar- gar a arca da ac@o dos governos coloniaes, parece a esta nk ~~cai:iyio iiicdidn util c convenienten.

I<.;ta opiiliiio ptide ser admittida dentro certos liiiii- tcs restrictos.

Varias coloilias britaniiic,~, i 1 I i i i o.; \c113 ~):vlairientos, c algumas d'estas ti.crn govc>i.lic~ i.( ~ioii~:tvcis aos iiiesiiius parlamentos; liiiiitandu-sc u ;;u\criio (1:~ nietropole ;i no- rnc~aqão dos governadares d'estas coloiiias , os cliiac, 124-

cnllic,iii o, ic2iis proprios rninistcrio-. N7c>stc caw cstzo o it

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Canadá. C a iiiitio~ l)artcn (1;~s c.oloni:tb da Australia; c á i l ~ i

Cabo tl:t 13o:t E:y)erarica foi d:rtln, iio nicz dc clczcinlro dc: 1872, n iiie5iiI:i c ~ . l ) c ~ c . i c t d~.' govcriio.

1I:ts c.:itln iiiii tl'ck.~., ~~iiiiícs í. i i i i i :~ colonia, iio 1)riniitivo sigiiific:ido (lc palavra, cluo p6dc definir-,c, :t.siiii: «Coloni:i 6 um corpo de povo tr:insportadil c1:i .tia 1):ttria para um paiz remoto, para o cultivar c 2iabit:~r, ficaiido sujeito h jiiris- dição da 1n2e patria ' u .

InstituiçOcs similliantes nilo sao coiicedi(las, pelo govcrno britannico, aos paiees coiiqiiist:idos, c Iinbitaclos por povos de raças e liilgiiageris diversa.; das ciircq)Pni; t , i l b , como os da India, onde o mesirio govciiio iloiiriil:~ (iir<~ctniiic.iite sobre mais do 1% milhiics dc li:ibit;iiitc>i, do, ilu:tcxs iecebe tributos, segundo o rcc.rLii~cXariic~iito (lc 1 S i 2 ; c cstiiiido de- baixo da sua iiifliicliic.ia, iiiaior o11 iiic,iior, os rcht:iiitcs 54 i~iilliõcs ila 11ol)itlaqZo total (1:~ Iiidin. E a illia dr ('c,?l%o, quis coiitUm 2.000:OOO do nliii:i\, est6 iio mcsmo caio.

Estes paizcs são rcgiclos 11or go\ c.rii:iclores em coniclho, havendo um conselho legialatiko cuiii certas faculdaclc.;, cii- j ~ s membros são nomcaclos pcla coroa.

Uin parlamento sirnilliaiitc aos instituidos no Canada c lia Aiistr:ili:i, s(, fi)i4o i+oiicc~clido á. India, scria uin iiistriiniento ]]:i.: illnl,. t l , ~ - intligc~ii:ls, que elles 1iavi:irri de criiprc.g:ir, :~iisi- lindos 1)el:~ iiiiprcnsa local, coiiio ilicio dc excitarem as pai- xões a favor da iiidcliciidciicia (10 scu paiz; c que poclc iwa- inente havia do cc)ncoi.rci. 1):ir:i pro(1iixir tentativas de cspiil- S ~ O (10 ~OCICT doiiiiliit~it~'. Sc ria, l)uis, um contrasenso a exis- tciici:~ tltb iiiiia institiiiyGo, qiic triiri:~ uiri tal resultado.

A forya c~iirol)(.:~ (11, i~si.rcito britniinico na India sobe de 60 ;i 70:000 liuiiicms :ilc,iii da trop:i ii:itiva. E ha apenas uns 20 :i 40:000 eiiro1)eiih tla c l a s~ t~ civil, rcsidttritcs n'aquelle t , ~ l ~ ~ i l n ~ l ~ i . i i c v\tclii.o paix. F: 1,oii (~iiorliii~~iiii:~ :I difi,renqa

iiriiii(2ro i.iitro o. doiiiiii:iiltc, c o, cloiiiiii:itlr~-. 1 1 ( ~ i i ( , tor- naria l>ci.igosis\irria i i i i i : ~ i1141ii.?(~i(;l I I. ~ o i i i o , ja i 1 ) i; l i n (iiic, occorrcli~ h:i 11011cos niiiios.

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O s liollandczcs nas sii:is co1oni:is das Antilhas c de Suri- n;iiii ou (:ui:~na, tem institiiiqCes siniill~ante Cts qiie existemnos IJ:iizcs IJ:~ixos. Elles poriin goveriiam politicairicntc a ilha de .Java c as rnais possessks oricntaes, cyja popiilay30 sóbe a 21.000:000 de habitantes, clc um niodo similliaiitc, mas não identico, ao adaptado pela Inglaterra na Tndia.

Porttigal coloiiisou, no sentido proprio da palavra, as ilhas dc Porto Santo, dn Madeira e dos Açores e o Brazil. Hoje sti as ilhas podem considerar-se como tendo sido verdadei- ras colonias.

Os tcrritorios (1% monarchia, ciljos habitantes são de ra- yas estranhas A dominante, foraiii c.oiiquistas; e assim se dcnoinin:iram, e ainda sc denon1iii:ini nos titulos dos nossos reis. Estes territorios acliaiil-sr ci11 circiimstancias analogas Aquellas ein que cstIo para a Inglaterra a India, a ilha do Ceylão, a Serra IAe6a, Cabo Corso, ctc.

Ora, como ncís quercrnos (e 6 nosso dever querer), con- servar a integridade da moriarchia, cumpre-nos nto intro- climir na legislyão colonial instituições que possam tender a dividi-la.

A l eg i~ la~ão liberal que tcm sido decretada para as nos- sas colonias, 6 sem duvida susceptivel de aperfeipoamen- tos; e cstcs devem fazer-se quando a experiencia os tenha niostrado iiccessarios.

Um d'cstes, e quc é urgente, é a reforma da lei para a clci@o (Ic iiepiitados Ss cortes, na parte que diz respeito As colonias. A lei :ictiial, como ella se tem cxecutado, pódc para o futuro dar motivo a gravissimos transtornos poli- ticde, excitando as paixões e o antagonismo de raças, e pro- vocjando a iiisurreiqWo.

Acerca d'estu urgt~ntc reforma acha-se a minha opinigo consignada no cscripto ,i:í citado, publicado por 'mimi; ahi dizia eu o seguinte :

«A carta constiti~cioii:il e o acto addicional estabelece- ram regras para as (tlcirõcs, que sno communs para as po-

1 Carta, no si.. Lxtiiio Coellio, pag. 20.

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pulaçõcs do reino c ilhas adjaccntcs, bcm como para as que liabitarii as provincias ultramarinas.

((Attendendo, por(I:m, :Ls condirões sociac:, cin que sc acham os p o ~ o:: d'cl-sai l)soviiicias, será neccss:irio que para ellcs, c para ( > \ f t b fiiii, 1i:;j:~ iiin:L lcgislay%o especial.

uhu'as clc Angol:~ c Alosaiilbiqiics, l~c~la sua vastu extensão, :i.; clviyG~s indircctns, ordciiaclas ria carta constitnciunal, se- ri:iiii, talvcz, as 11i:ii~ ~ o n v c i i i ~ ~ ~ t ~ ~ .

«É: preciso t:iiiil)cin qiie a lei clcfina dc iim modo claro, a quem, cm cada provincia, l)crtciicr o direito eleitoral, c o modo de provar csse direito.

((Isto 6 essencial, para quo 1150 continiieni as praticas re- prehciisiveis, qiie tantas vcic., terii tido logar nas eleições ultramarinas. ))

E m Portugal, para se ies c l(itor, carece-se de se pagar um certo censo, aiiidaquc pcqiicrio; e cjuaiito a Angolti, vêcm- se ii:is actas cleitor:ic\, :iprcscntadas ds cortes, mencionados, como tendo votado, niilharc:, c iiiilhares dc individiios, cu- jos votas, attendendo ao estado social da provincia, não podciii deixar de ser con.itlcrados coiiio illegacs ou supp~s- tos. E isto í: iim dcsprc.zo tl:~ lei, c uma fraude, que cumpre impedir. O que siiccccle cili Aligola, acontece em Timor e outras partes.

X'csta illia (I: t?o iiisigiiiticantc o iiurncro de individuos que, á vista da Ici, potlciii liabilitar-bc para serem eleitores,

, que nao existe niotivo justo pai.:i cliio (liii c~i)i-tcs toiiie logar uin deputado por Tirnor, cqja c~colliu B tlc,ignacla pelo mi- nistro da marinha ou pelo governador.

Sciido eu iriinistro procurei por cobro a tal abuso. Na folha official do goveriio cstso as minhas circul;tres, dii- gidas aos gorcrnndorcs, prohibindo-lhcs toda a ingcrcncia

i na e1ciy:iu d< clel)utedos. 'I'r:iiiscrrrc.rei a q e o teor dc urna d'cssas circulares, da-

t ad :~ tSiii 21 de setembro dc 18.57 : ,~SU;L Aiagestadc 1Cl-Itoi rriaritl:~ rccoiniiicridar ao gorcr-

iindor dn proviiicia dr S. TliomC c l'riiicil~t~, cluc, eiil quaes- qucr clci~õcs populares, se ubstciilia. de influir directa OU

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indirect:iiiieiltc, t:mto por si, como pelos sciis hiibordinados; ainda cluaiiclo receba quaesqucr recomrrictiday(ies a favor, o11 contia :ilgurii cai1did:lto; procur:indo, pelos rrieios ao scii de:incc, nsficgurar a lib(~rc1iidc da cleiyZo.»

Circuliiras da mesma espccie, que na mesma folha officid cstuo iiiil)rashas, clirigi quando, por vezes, fui ministro da ;:II(~I.I.:L, no.+ c.1ic .f ;~ iiiili t:ircs.

Ill)ro\citnrci cbta occasi2o para recordar lima occorrcn- via sirigiilar. No anno de 1843, liavcndo c111 Portiigal uiria grtlndc q t a ç ã o eleitoral, escrcvi iuna csarta a, um official g(~ncfi~1 meu aiiiigo hcerca da liberdade do voto dos 0%- viac-s iiiiitares, e publiquei-a pc~la iiiil~rcnsa.

A i'c~toinl~cnsn qiie ubtivc. l)c%la dc.fi)zn dos direitos clcito- racs dos iiic3ns caiiinradas, iOi a iiii1)ugii:ic;~o dn doutrina Jcg:il c r:lvional, ~iistent:iila iin iiiiiilia c:trtu, 1120 f':tltaildo

iiiiplqnilç50 o acoiiipniilitiriiciito de iiijiirias. A isto se- guiu-se nina polemica nos jornacs. E o mais notavcl foi, que crtre os adversarios, npparcccram alguns il'aquellcs mesmo;, ciijos direitos eu dcfcbiidin.

Par: utilida(l(. da-: provincias ultrainarinas, convirh dc- t15i.rniii.i.~ rjiic stiiiic.iitc~ possam ser eleitos deputados, por c.i(la iiiia tllcll:is, citlarlRos naturaes das mesmas, ou que ali tcn,aiil rehitlido durante certo espaço de tempo, ou que j:i as Iljain representado em ci,rtes.

Coiii iiiii fim similliantc, tinha a constitui<;50 de 1838 clc~tcriiiiiiido, rio seu :irtigo 70.O) que amctade dos dcputados clcitos )or qiialqiier circulo eloitoral, dcvcria ser cscolliida entre o cidad2os qiic fosseni naturacs, ou quc tivessem re- sitlciicai ilc iiiii :nino, lia provincia em que estivesse collo- 1 111:i .i ::il~i tal c10 circulo respectivo.

Srrii ttiiiil)c.iii riccc~ss:ii.io (lrvl:irar, para bem do scrriço t l .~s iiici~i:is proviilcii~s, que por ellas scjaiii ineligiveis os ftiiiccio:irios yullicos qiic ás mesmas pertencerem; e com

1 Cart do visc»riclc ile Sd da Baudrira :\o conde de Santa Maria sobre a berdade do voto dos officines militares. Lisboa, Typogra- pliia d : ~ hvo'tigão de Sete7dro,1845.

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espcri:rlitl:idc :iqiiclles que para c~llas tciih:iin sido iiiaiitla- dos c10 continciitc do reino c illiii~ nt1,jaccntes.

T:inil)c>ili :I t~spericiicia de iiiuitos ;mrios tcliii iiiostrnclo :L iic~rc~ssidadc clc cyuc a lei seja scveix cuin os qovcrrindo- rcbi olltros fimccionarios, que se introii~ctte~em nas clei- yol".

C'iiiiilrc, l'ois, rcfikriiiar a legislaç50 clcitor:.l na partc :il~]~licnvrl :io iiltr:iiii:ii., t l c b ftiriiia qiir, nsscgiiraiido a sua r c y ~ ~ ~ c n t a ~ 2 0 cni corteb, sts prcxviii:iiii os iiic8urivrnicntes ~midcr:idos; u 1):ir:~ C ~ C isto sc eoiisig:~, ó I)rccis\ qiie na ctiscnss%o da iiov:~ 1c.i 1 i ; U ; ~ coiiil)lt~tn :~bhtc~nyiio do ~41~irito de partido.

Sobrc este as\iiiiipto, j A lia alguns aiiiios clininoii 'L attcri- $30 clo govcxrno iiiii csl)eriiiic~iitnclo c circiiiiis])ccto hiiiccio- nnrio c10 iiltraniari, poiidcr:iri~lu os cffeitos cjiie :is 1t . i~ do siiffragio (1:~ iiiil~rciisa, i:ilciiliitlnh p:tra po\os de nya lio- iii~qciic:~, civilis:ltlo\ t h ~ C ~ J : L ~ S : L ~ O S t l :~ i t l í>;~ cliristn, laviam ln-~tliii,ido, scrido al)plicatlas a povos iiiiishiiIiii:inos, ihlatras oii npparentcinentc christ3o*, coinpost8 clc castas, rivies en- tre si, t h indicava n ncccssitlntlc de se fazerem inodifraçõcs rias refi.ii(1as leis.

Sciitlo (,ti sliiiiistro (ln iiiariiihn e iiltramar, cxpeù iima c.iic.iil:ir, (%iii qtic sc urclt'nav:~ que as juntas gcracs d.s pro- \ iiici:is tlcssc.iii o st>ii p:ircccr sobrc a dita reforriin, 11: parte i.c.l:itiva :is SUILY respectivas circiiiiisiril~yric.~; c taiiilcm se ordenava que csscs pareceres fos\ctiii :icoiiip:iiilindo pelas iiiformay3es dos gov~rnailorcs Açcrc:i do Inesrno nssnipto. liLtc>s documentos devem existir na respectiva secetaria d'cstado, e deverão scr examinados quando se traar da rc~f'orina da lci.

O projecto dc rcprcsentaqT~o da associ:iq$o coiiliicrci:il tanibcm diz: ((As questoes i~iili:. gl.:t\ tss da govcrriaeio das coloiiias quc prendem com a adiiiiiiistrn$o geral ciii tidos os scii:; variados ramos, clcvem ser tr:rtadns no p:irl:iieiito)).

2 O YP. ~oi~selheiro Eiva i~ , s e ~ s c t ~ r i v geral do pvcriio o cst:ttlo t l : ~ Inilia.

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Na verdade csta 6 a doutriiw constitudiorial. Mas clla iniiitas vczcs tciii tlcixado de observar-sc, 1130 porclue tc- rilia si(lo iiicnos c.oii.itlcrn(la pelas cortes ou pelo governo; Irias siiu. pcbla c.ii.cuiiist:~iicia de que nas discuss0cs legisla- tivas sc d;í a prefcreiicin aos ncgocios (111(' dizem respcito ao continente do reino; do que sc scguct, haver falta, do tem- po iiecessario para se tratarciii :iqucbllcs quc sZo relativos ao ultramar.

Foi para remediar tihte graiide ciiibaraço, que o :irti- go 1 5 . O do acto addicioiial estabelece que:

((9 1 . O NZo estando reiinidas as cortes, o goveriio, oiivi- das as cstaq0es compctcmtes, poc1er:i dccrctar em conselho as providcncias legislativas, cliie hrriii jiilgaclas urgentes.

((9 2 . O Igualmente poder:\ o guverii:~dor gcral dc uma provincia ultramarina toniar, ouvido o seu conselho de governo, as providencias indispensavcis para acudir a al- guma necessidadc tRo urgente que rino possa cahIJer:ir pela deciszo das cortes ou do governo.

((9 3 . O Em ambos os casos o governo siihiiiettcrzi :is c6r- tcs, logo cluc se reunireni, as providencias toiii:icl:is.~,

O ilccrvto cle 14 de agosto clc 1856 regulou as attribui~õcs que :H'S q~~(k r i~ado re s geraes concede o referido artigo 15.O

E ~ t e decreto diz que: (t 1 .O O csercicio (d'csta auctoribapso) i. rtyitlndo pelo

iiiodo seguinte : «Art. 2." São considerados de necessidade urgeritc todos

os casos ein que for compromettida a segurança interna ou externa das provincias iiltramarinas. . .

((Art. 3 . O . . . igualmente todos aqiiclles qiie exijam deci- -;O iiiiiiiediata, e nRo possam esperar pelas providencias das c ,;rtes ou do governo; mas em tacs circunistancias poder20 os governadores geraes, ouvido o consellio (10 governo, ado- ptar as medidas (lu(' entenderem necessari:~~. . .

u g iinico. A questão de urgenci:~. . . ser& votada previa- inciitc ;i (luest5o principal.. .

«Ai.t. 3.O Nho scb considcr:i urgcbiitc, c, 1)or isso nRo 6 per- i i i i ttitlo :\os guvcrnadorcs:

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a 1 .O Lanynr iiripostos ou aiipiicntar os estabelecidos, ou :iiitt.cil)ar n siin cobran<:n;

((2.'' Co1itrnt:ir ciiil~rc~stiirio\, chscel)to eiii casos cstraordi- narios c de uigc~ntissiin:~ iicccssidadc, lino podendo, ainda n'csta hypotlicsr, verificar-se o cniprcstiirio seni voto affir- iii:itivo do conselho do governo;

« 3 . O Estnbclcccr monopolios; ((4.O Fazer cc~ss%o ou troca de alguma 1):~i.t~ do territorio

t l : ~ l)rovii~ci:i, oii il':iciiic.ll(fi n qiic :L nação trnlia direito; ((5.' Alterar a lei das tl(l.1)t~zas (1% 1)roviiicia; ((6.O Crc:ir ou suppriinir ciiiprrgos, aiigiiicntar-lhes ordc-

ii;tílos, oii clemittir einpregados dc rioiiic:içSo rcgia; « 7.O li'azcr mcrcos pccuiiiarias oii lionoriiicas ; (( 8 . O Approvar o estabelcciiiicrito do companhias com pri-

vilegio~ csclusivos; c9.O A1tcr:ir a orgimisaqzo do podcr judicial o as leis do

~"occsso ; ((10.O Suspender os juizes do seu escrcicio c vcmiiiiento; « 11 .O Altcrnr o valor da moeda; «. 12." Estatiiir em contravenção dos direitos civis e poli-

tivos (10h ci(Xncl50s; « 13.O Pcrdoar, minorar ou cominutar penas e conceder

:iiiiiiiitins; « 14.O Provc~r defiiiitiv:iiii(~iitc l)t~iic4i(*io\ ccr.l(*qins ticos ; «lf).' 1)cfinir os liiriitcs do tcrritorio cuiii outras iiiiyõcs; « 1 G . O Coiiccrlcr I)circ~l~l:icito n cpaescjuer dccrctos dc coii-

cailios, letras n l~ i~~ to l i c~ .~ , oii corisilltas ccclesiasticas; .

~(17.O Alterar n oi.g:iiiih:~y%o (10 c~)r ihc~l l io tlo gorcimo, ou lia Jiiiit:i (Ir, fazciid:~. »

0 decrcto rlo 1 . O dczciii1)ro (lc 1869, rccopilando e :impli:uiclo cbiii :ilgiiiiias pnrtcsa lrbgid:iySo aiitcrior,' rc1:i- tiva a(1iiiiiiistr:iyTio da.; 1)i.o~iiicias ultriiin:iriiias, llarcce c+orrespoiicicr sufficicntc~iiic~iitc. ao actual cstt~clo social c po- litico dos Iiabitaiites da. i~i(~\iii:i. proviacias.

Pclo telegrapho elcctrico, qiic jli liga :L rnetropole com a8 e, ,loiii:i\ da Asia, ho ;icu(lir;i :i ílii:il(liit~ iicccssidade de in- .trucyGrs:, qiic ii'cll:i:, sc :il)resente; e em breve o mesmo meio

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de coininiiiiicec;Yo. liaverl entre Portugal e as mais posses- siies. Assini, eni casos iiricntcs, poder20 os goverii:iclores, na iiinior parte dos casos, rccebcr as ordcns clo governo, que cI(~tcriiiiii:irciii o seii proceder.

D:L aiictoris:iq2o coiicctlida pelo acto addicional tem o goveriio usado Iarguiiic~iitc~, clurante os ultiiiios vinte annos; c,, chiii geral, clc iiiiin iiiniicin~ benefica para as colonias. 'Ha- rciido sido as mais iin1)ortaiites das nicdiclas toinadas dis- ciitid:is coin gr:~ntl(h :ittr.iiçiio pelo conselho ultramarino, alguii~au1;is quacs fur:iiii da iniciativa do niesiiio coiisclho.

l'rc!jcc.tos de lei cle gr:~iide alcance fiara as proviiicias (10 ultraiiiar, qiic fomiii aprescntadob :ís cUrtes, c sobre os cluacddcraiii 1):irccer as cornniissões que os cxaminaraiii, iizo 1)odcrain obter cliscuss3o durante muitos annos, apesar de, a scu respeito, se rcnovar por vezes a iniciativa de seus auctorcs. E n'cste caso esta0 coinprehendidos os projectos concernentes S aboliç3o da cscravid30.

Não 6 só no nosso paie que as assernbl&as Ic~Gslativas 1)re"ani iiiad(>quad:~ attençh aos ncgocios coloniacs. E111

Ii i~laterr :~ qucixaiii-se os interessados das demoras cjuc tcni l i . \ \ itlo, 1)cx vc3xcs, na ~1ecis2o de rncdiclas relativas aos rc- f(,i.itlos iicgocios.

Sc~ria accrt:ulo cliic :L junta consultiva dos ilegocios (10 ultramar fosse eiicnrregada dc preparar uni prc,jecto *obre a legislaç2o da imprcnsa nas colonias, eiii qiic, ficaiiclo ga- rantida :L siia liberdade, se procurasse obstar, por nieio de peiias ailccluadas, a que ella, se tornasse um iiistruiiiciito (lu' 1,rovoc;iwo a desintegap50 dtz iiioii:~rchia, ou o odio cntrc :is diversas raças dos seus habitantes.

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Civilisayio do3 indigenas-Escola normal c lyccu em Loanda- Jardim botanico->:li- siri,> inerlico -Escola d a Nova (;os - Clero ultramarino - Seminario em Idonnda - I'ndro Jo,Ci, cir 1,oiireiro - Padres indigenas - Couversiies n a India e em Afrlca - l'rocudiiiieuto dos frades em Africa - Resultados - Intolcrancia - Inquisiylo do a o n -Decadencia das colonias -1nqulsiç6ea em Portugal- Suas consequeucias - Testamento de D. Luiz da Cunha-Reflexacs-Conducta dos frades em Goa- A propagnnda religiosa o seus resiiltados - Os vice-reis conde d e Linhares e colide do Villa Verde- Utiiiclatlc tias mi8sies para Goa- Collegio das misn6es ultrariiaii- nas em Seruacùc - R<~fiirtna dos tieiis f,rogrniiirnas - Sctiiinariou <liwesanos do r s . i - no-Prolados ultrainarinos o suas cougruaa--1'nrocliia~ iiovas eui Angola e a biilix da rriizatla - - 1lihciii:s iirot,t>-butes lia Lo.hta d a Bliria i, n a illia dc Ccy lüo- O clero iii- striiiitciito de civilia;~$;i)--1teconipenoa ilua st:iia serviqos no ultramar-Lci (li: 181; -

Siiccia - Dioceso d e S. Tùoiui: - Dioceso d e Cabo Verde - Bispado de Yacaii 1Sscola commereiul em Macau - S u a grande vantagem -Eispado de Mnlaca ( i r - s:rni..?$ão d e um bispado em Moqambipue.

c l'ortiigal, ~ L L ~ I ' O S S I L C o:' tcrritorio\ (1.1 Africn c Asia, qiic lia scculos c o n q r i i s t o i i , t c i i i (r clcvc~ (1,. l r i .o i i iovcbr R civili- saçzo de seiis l i t ~ l i t a i i t c * s ; c 1i:ii.n o c o i i s e g i i i r 6 riecessario ccliica-10s r i n s t r u i - l o < . Varia.: i n c v l i t l n \ se ti.eiii tomado para esse fiin i i o i ~ i l t i l i l o h t i - i n t : ~ a i i ~ i o ~ , ; i ~ i : i \ falta iniiito n f:li.ci..

Crc:ii:iiil-.i. : i lgi i i i i : i - o\ct,lns clc i l i s t r i i c y a o priinnri:~ 1);ii.:~ 0 4

dois WIO-; I ~ ~ ~ ~ : L I I I - S ~ \ g~*:itific:~yi%a, :to\ l ~ : ~ ~ ~ o c l ~ ~ s q i i i t (111 iz~q-

r c , m e i i s i i i a i . :i? ~ ) r i l n ( ~ i r n s letras; fii.c~i.:~iii-,io diversas refor- i i i a s r t J n t i v a s i í iiistrucyao l)ablica, c t r r g a n i s o u - s e o collegio das ii~issUcs ~ 1 1 t r ; i i n : i r i i i a h .

Para se pvoiiiuvcr o c s t i i t l o , coin moderada despeza, con- viria estabcleccr eiii TAoanda, ou eiii Mossamedes, uma escola ilornial, rcgida por bons mestres maniindos dc Portiignl, o i i c l e sc preparassem indigenas para mestrcs clc primeiras letras. Lcr, escrevcr c contar e coiihccinicnto do s y s t c i u n

riiotrico, c': instrucy3o bnstnritc p:ir:i os iiwstres iiidigcnas;

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o , O U ~ C X , c0111 1)~qu~i ios cstipcndios, aliiís para cllcs suffi- c.it~iitc~~, sc pot1cri:~iii espalhar por toda a l~rovincia. Unia outr:~ t.scola siinilhantc para ~ncstras, coiiviri:~ taiiibcili or- p i l i bar.

É: preciso que ciii Loanda hyja uiii lyceu, o qiinl poderia cstar iiiiido ao seminario diocqano, como o qiic (>.riste na cid:~(lt~ dc Santarem. Os estudos qiic n'ellc li/;t~~.;eiii dc- vcriam servir de habi1it:icão para o provimento dos cniprc- gos inenorcs dn 1)rovincia; r(,-(,i.\ niido-se estes empregos 1)riiicil)aliriciitc para os hnbit:iritc.s da incsina colonia.

No lyceu dcvcri:~ dar-se O ensino da liiigiia bunda oii aiii- l)iiiitla, ou iibuiidu, cujo coiihcciiiicnto se dcvcri esigir de tscitos cinprcgados qiic têein de tratar com os indigc.iiii+ c tarnbcrn sc exigiria qiie os ecclesiasticos qiic se dcstiilnsscm no serviço das igrejas soubessem esta lingua'.

No lyccu dcvcrin liavcr iiiii niiincro de logares reservados piir:~ OS fillios (10s sobas e driiibos da provincia, bem como ])ara os de alguns dos potentados independentes lirnitrophes, o.; q~iacs ali scri:im cmsinados, alimentados c vestidos S, custa (10 cstado, e onde nao sr demorariam iiiais de trcs annos. Para o ensino d'estcs deveria prescindir-+c. tlo cstiido do la- tim, convindo organisar um curso de coiilicciiiicritos uteis, para cllcs c: p:ira a colonia, c coin csl~ccialidade ern relaylo :i agricultura, c ao a~~rov<~iti~iiici~to dos productos africanos.

Este nieio sclria iiiuito eficaz 1):ir.z promover R civilisa(:,'lo cntre os indigcnas.

Para preparar mestres e incstras das referidas escolas iiormaes poderiani aproveitar-se em Portiigal, alguns dos nluiiinos e a1iiiiiii:is (1% casii pia, oii de outros eutabclecimen- tos dc beneficciici:~. E t1'cbtc.s ~)oclci.i:im taiilbcm sair artis- tas dos dois sexos para as coloiii:i*, coin 1itilid:~cle para cst:is t. para cllcs proprios.

Conviria que eni Loanda, ou antes ii:i ~)rosiiiiidadc do rio Ucngo, por exemplo, nas terras do antigo liospicio de

1 Vcja-se Elci,ie,btos grammaticaes da lingccn ND?c~ctSir, pelo dr. Sa- turnino dc S. Olivcira e M. A. C. Francina. L~:~iida, 1864.

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Santo Antoiiio, lioil~~csso iim jartliiii botnnnico, uina cscol:i agricoln e viveiros tlc plantas utcis :is artes e S mc(1iciiia.

0 s j:irtliiis do ;icliiiintaq2o dirigidos por pessoas hnbcis, q11c t6ciii csistitlo, tlcstle niiiito tciiil)o, nas colonins inglcz:~,. liollaiirlczas c francrz:i-, tCrm sido da maior iitiliclnilc pni.:i n p r o p p ç n o C cultiir:~ de plantas uteis. Tambem scrin iniiito c~onvcnicnte o estal)clcciiiit~i-ito de iiin museu, ondc sc fi)~:c~iii colligindo os ~>r«diictos da pr~vincia, bem como de uiiia bi- bliotheca piiblica dts obras c~scollii(1ns. Nos progrninmas d7cstc lyrcii dtvcria ter-se ciii vista es1)ecialiiicnto o ensino de co- iihcciiii(~iitos iitcis 5 :igricultura, :i indiistria, e ao commcr- cio da colonin.

(~01110 o niiincro (10, fnciiltativos 6 pcqucno eiri Angola, f:ilt:iiii iiiiiit:~:, ~c~zc.5 :io. ciif'eriiios os :iiisilios nicdicos: pa- rcco pois t~ilc, 1)nr:~ se rc~iic(li:~r C S ~ C 11i:i1, tanto quanto 6 ~ ) o s s i ~ ~ i ~ l i i :~ :ic.tii:~lid:~tlr, coriviri:i. orgniiis:lr cin Loanda ilin ( 6 ~ ~ r s o d~ iiicrlicinn c ciriirgia, cboiiio :~rliicllo quo havia na cit1:itlr (lu P'iinchnl. 0 s facii1t:itiros ao serviyo do cstado rc~sitleiitc~s na colonin, sclri:~n1 os ])rofc~~orcs, nLona~ldc~-st~- I l i ( b . : gr:itificagõcs :id(~qiintlns.

I [:i, alguns niiiios foi tl~~trriniii:ido 1)(111) govcn~o ( 1 1 1 ~ ~ 11:'

~ i i l : ~ de lZossnincílcs, se C O I I S ~ ~ U ~ ~ ~ ( ' IIIII:L casa, 011cle IIOC~(~:.- stilii ser recebidos OS cloeiites de Lo:iiid:t c dc S. Tlioiiit!, :i

q w m os faciiltativos recommendassem mudança de ares, cs-

ciisando-se, assim, cm grnii<lc p:irtc, as licenqas aos funccio- narios para virem 4 Europa; o cluc tciii dado logar a niuitos abusos o a eonaiat.rn\ ( . i \ tlthhjlt>/n. ]i:~ra o est:ido, 1)crii coi~io a graves inronvcniciitc~- 11:w:k V hc~vi(:o ~iltr:iiiinrin~. k por isso necessario que se faça csccutnr nquclln dctcriiiiuaclo.

As disposiqiicas do clccreto dc 30 de novi~iiibro ( 1 ~ 1869, :ir tl'aqucbllc que r(v)r::iiii-oi~ os ( I S ~ L I C ~ O S superiores na In-

ili:i ~ ~ ~ ~ r t u g u c ~ ~ : ~ , (11,\ (. i i i c oiic*oi.i.c>i c flicnziiiciitt~, quando se- jairi 1)(,iii r.st~(*iit:it\:ii, l1ar:L :\ tlift'ii i o (10 cii.iiio ciitrr os ha- bitantes d7aquell:ih culoiiias.

(Juanto ao clero iiltrxinaririo, íilgiiiiitis iiiedid:is tCein sitlo toina(l:\s para iiielliorar a sua posiqTio. As coiigruas dos 1':~- roclioq que servc,iii cin Afric:~, fi,r:iiii :lu,gmentadas, c addi-

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cionat1:is (.oiii ~.i.:itific.nyOcs para aq~~cllcq quc regcreiii c:i- dcirns dc l)riiiic.iras letras. Um semiriario ciii loanda, bciii organisndo, dcvcni concorrer para a sua instri~c~%o.

O clero africano ngo carrce de prolongado estudo de theo- logia. Tem-se notado cliic de todos o~ ~nissionarios, ~atliolicos ou protcstantes, aqucllcs cliic ttprovcitaraiii niais na difis%o do christianisrno cntre os indigciins, forarii os cliic, aos mes- mos indigt21iai prcstarain alguns bcn(>ficios, espccialmente os de cura-los 113s suas doenças; c (I: por isso que em alguns paizes se dá iirn certo ensino medico aos individuos que sc destinam :is missões.

( ) pndrc João de Loiirciro, beiii corihccido pela siia Flora cocliiiicliiiicnsc, assini coiiio outros sacerdotes l~ortuguezes e c~str:trigciros, são provas de cliinnto Go iiiiportantes para os inission:irios ciiropoixr os cc,iilicciiiicnto~; ccrt:is scicncias4.

Para a dotaygo do sciniiiario dc Lo:~iicla pocleria applicar- se o rquiv:~lcnte dos ordenados dc a lg~i i s lognrcs do cabido da respectiva sk, que se supprimissem. E todos, ou partcl dos membros d'este cabido deveriam ser empregados no en- sino. Os 1)i.ofcx--ores do seminario deveriam ser ccclesiasticos mandados de Portugal, a fim de sc rnanter a pureza da lin- g11a l'0rtug1lcza.

É preciso que haja uni riumrro sufficiente dc ecclcsiasticos indigcnas para asparochias e para missões do interior de Angola. Szo estw que, sabendo a lingua do paiz, podem ciltcnder-se coin os liabitaiites. I+hc:lrreg,zr as missões a cle- rigos que não conliecciil n lingua d'aquclles a quem tem de llrcgar, 6 um coritrascnso.

Eni alguns rclatorios ílc inissionarios curoljeus, ignorantes da liiigua do paiz ein cjuc deviam funccioii:ir, que, dos por- tos rriaritimos, haviaiii ido aos sertoes, 16-sc que elles bapti- sarani centos de negros. Suppor, porém, quc estes indigenas foi.;im coiivcrticlos ao christianisino, seria uma illusao.

1 Veja-sc o Elogio liislorir~o do pndrc Jogo d e Loiirciro, por 11. A. Gomes, nas Ilh,morin.< ( / ( r .Iccttlotriu Ifcnl das sciencz'ns de I,itd)oa, rol. iv. I,isl)on, 1872.

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Temos nas nossas coloninq a experiencia (lc scciiloo, que mostra qiie esta ignorancia f 6 n ~ uma das rasUcs por que n'cllas foi tiio lin~itado, ein rclnç3o á populaçlo, o pro- gresso do cliristianisrno.

Na Iiidi:~ portugiieza havia, no nnno do 1808, 293:000 h:rbit:iiites, seiido christnos 170:000, c gentios ou mussul- iiianos 123:000; coiiiqunrito 1:i tivessem existido, durante scciilos, diversas congreg:iyGus religiosas, o que a inquisi- qão dc Uoa, hoiivcssc feito inuitos aiitos de fé, nos quaes fora111 cliic~iiiiados vivos iiiiinerosos inclividixos'.

No anno de 1523 csistiaiii eiii Goa setc conventos do ho- mens o tres dv inidlicres qiio recc1)inin sii1)sitlios do estado. Havia taiiibcrii o arccl~ispo a ii111 cabido riuiiicroio, dois semi- narios c iiiuitos padres seculares; c, apesar d'isso, uma gran- do parte da yopulaq2o nso tinha sido convertida ao cliristia- nismo. N'esse anno o seu numero era de 270:000 almas, e d'estas 170:000 crniii cliristHs, (Ias qiiaes 500 o11 600 cu- ropêas ou scus descciidentes ?. 12 o inesquinlio numero desta ultima ela-.c foi, seiii duvida, um dos resultados das insti- tiiiy0es inoiiasticas, sendo c l a ~ s u r ~ d a s ns iiiiillieres que dc- vi:iiii caoncorrer para o augmento da ray:L eiiropêa na India.

Sn *Ifric:~ oriental portugueza, ondv os jcsnitas e os do- ni~i~ic:\iios ljossiiiram boas proprieda(ics c tiveram missiles, e onde f~ii~ccioii:ir:iiii inuitos frades, mandados da India, a l)o~>ulay>o c-t:í, coiii pouca differciica, no mesmo estado de pagariismo em que fora achada por Vasco da Gama. E não consta cyuc uma s6 escola fosse e~t~ibelecida ali por aquelles padres para o ensino dos habitarites.

Eni Angol:i ( * iio Coiigo varias iiiixsUes de frades, subsi- (11 id:i. pelo c-t:itlo, csistiram cluraiitc scculos. Apesar d'isso, : i gr:iiide iiiasc:i de povoação d a provincia iiiio 6 christã.

Já i10 teiilpo do governador Ayres do Saldanha (1676 a

1 Gomes Loureiro, illemoriaa dos Estabdecirne~ltos l'o~tugz~ezes a leste do Cabo da Boa Espernnçrc. 1 . i - 1 1 1 , I , I 11 I., lV5, 11:1g. 313.

2 ilh,tnorirc~ sobre as possessóca ~ J O I t f yce-116 )LU Asiu, escriptns no aiiiio dc 1823, por Gonçalo de b1:ignlli:ic.a Teixrira l'into, drscmbar- ga(lor tln rc.l:~ySo dc Goa.-Nova Goa, 1859.

J

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1680) os jesiiitas haviam abanclonaclo as missões que tinham no interior da colonia, rctirariclo-se para o seli collegio de Lonnda. Elles possuiain muitas propriedades riiracs, e h- ziam um grande commcrcio; c preparando iiina. vez uiii na- vio para ir com carga de negros para o ljrazil, elle n2o deu liccnça para isso; mas foi-lhes concedida pclo siicccssor do mcsiiio governador.

Xo;i nicliivos da secretaria da iiinriiihn e ultramar existem nunierosas queixas, feitas pclos governadores da India, de Moçairibiquc e clc Angola, contra o ii~egular e escandaloso procedimento de muitos incmbros das congregações religio- sas e de seus chefes, e pedindo providencias ao governo para que isto se evitasse.

As passagens abaixo transcriptas servirao para escla- recer esta parto da nossa historis coloiiial.

Coin uina carta do principe I). I'csdro, regente do reino, escripta cm 20 do março do IGG!), o dirigida :io vice-rei da India, de cjueni ciel~oiitli:~ eiitno :L capitania de lfoçam- bique, foi roinettida uma inforrnaçao relativa aos Rios do Chama (hoje Zainbezia), na qual se pedia que para l;i fos- sem mandados clerigos seculares, para substituirein os re- ligiosos de S. Doiningos, que serviam de vigarios das pa- rocliias; e dcerca dos qiiaer dizia a informa980 o seguinte:

«Como nao tem n'a(liie1les rios prelado, Q cousa grande o que obram, em ordein a levarein riqiitlzn, que toda sde dos vassallos, com mau modo, excoinniuiigando-os sem causa, e nenhum she qiie nRo levo 20, 30, 40 o 5O:OOO pardhsi , com quo compram quintas na (India) que logram em sua vida, e por sua morte ficam d religiao; e vao n'isto inuita quantidade do dinheiro que se tira dos vassallos, qiio como filhos da 1gc;ja lhes tem iriuito respeito, e deixam lcvar sem renicdio; S C I I ~ O que sc 11Lo dcis:iul ir 110s ministros de El-Rei qiiaiitlo ,c 1lic.i qiicr fazer rcbs;iiiic. »

Ein 1758 o secretario d'estado Uiogo clcl Nciiclonya Corte

1 Um pardnii ou xerafim, moeda de Goa, C cquiralcntc 1GO réiu de Portugal.

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Real, cscrcvcnclo Accrca dos missionnrios <I(* Ptloq:iiiil)iqiir, clizia: cí Sua Xlagcstado sabe perfi~itaincnte, coiii sc~ii-.il)ilis- siiiio 1)ezar d : ~ sua real l~ictl;ictc~, iliic elles terii degenerado ciii iins meros o illicitoi c.oiiti.utntlores'».

Alji~iiis governadorc~s ct'cqt:~ coloiiia quoixav:im-so no go- vcriio tlo rluo os missionarios li%> tratava111 íle nlcanyar al- irias para Deus, mas tZo sdincntc de coinrncrciar, :il~iis:indo da propria anctoridado eaccrdot:ll. I.: 1'c~li.o (Ir S:il(lniilis, que governou a colonia priiiicir:~iiiciit(> t.111 1758, e depois em 1782, asseverava qiic rllcs vciidi:iiii :ii.iiiaq, polvora e bala aos cafros maciias, iiliinigns c10 cstaclo~.

O ministro Martinho do TtIello e Castro, cm data de 25 de janeiro do 1783, cscrevia ao bispo de Cochim, que ent2to govcrnnva a diocese do Goa, o ordenava-lhe que, usando (10s podcrcs que lhc dava o concilio de Trento, procedesse :i reforin:i dos religiosos frnnciscanos; e terminava o seu -

officio, pclo sc~giiiiitc modo: «E cluando as forças do v. c ~ . ~ , fortificnclns coiii as rc.:ica.: oi~il~~iis, nZo bastcin para rnudar os individiios cl'essas ~>i,~~viiic.ins, de monstros que actual- iriciltc~ &o. em religiosos qiie devem ser, 1,crdidas todas :is ( - 1 ' 1 ~ , L I I ~ " - de rrinedio, cuidará Sua ;\I:igc~~txdc em pronio- I i. I stiiicySo das referidas ordens lia Iiidin, porque B iii(~1110i. acaba-las, que consentir-llies o c~scniidnlo dc que es- t?io scrvindo aos christHos e gcntios do ( )i.icxntc,».

O capit5o general Sebastião X:i\ ici. 1Eotc ilio 1 %24-1820) dizia: «O.: 1,:irochos das vi1l:is da Afi-icn oricnt:il ci~.tiirnani ser ignoraiitcu o de vid:~ depravada, ii>o li:iv(.iitlo rl'clles se- nlo cobiya o deseiifreainento de paisks)). 14 fallaiido da \ ill:~ tlc Iiiliainbane, espressava-se assiri1 : «Pucleiiios bcin ~ l i ~ í i i . cl11c por aqui não ha christnni1:idc scnxo no nonic. L-. t I ,.c parochos misaionarios iieni doiitririaiii, ncm prégani, por ~ ~ r o i u tão ignorantc.3 coiiio os P C ~ I S fregll(*ze~. Quize- ramos que estes paroclios li:<) vicsseiii I):Lra as riiis.;õc~ joei-

1 Liiz Soriano, Historia d'El-Rei D. Josd, pag. 134. 2 Uordallo, Estatistica dapovincia de Moçarnbique. Lisboa, 1858,

pag. 140 e 144. *

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rados d'entro os mais ignorantes e devassos dos claus- tros {I).

Na Africa occidental succedia o iiiesino; c um capitão general da Angol:~ pedia ao govcsno que adoptasse medidas para que os prelados dos conventos nao cscolhesserii para inis- sionnr os frades cliio tinham nos carcercs por iilcorregiveis.

Eiri junho de 1779 o ministro Martinho de Illello dizia ao capit3o general d'estn colonia, que no tempo do rcinado dos Filippcs foram para o Congo niissionarios portuguezes de maus costumes e perniciosos esciiiplos, e que escandalisa- dos os congos se levantaram. E que pura Angola eram man- dados os frades que se tiravam dos carceres dos conventos ou do aljube.

Não deve pois ndinirar que as colonias africanas che- gasscm ao cstado deploravel eiii que se achavam antes da reforma constitucional, sendo govri.rindas despoticnmente, existindo n'ellw o estado c10 esciaviclRo, scnclo o trafico da escravatura n sua r,siiicil~:il iridiistria, e tendo frades mis- sionarios dotado> das qunlidncies acima mencionadas.

E quanto d India, escrevia no anno de 1823 o jd citado juiz da relaçno de Goa, o seguinte: aUma poderosa causa da decadencia da India foi o fanatismo religioso e a inquisição. Mogoles, arabios, persas, armenios, judeus e muitos indios descrt:~i.iiin das terras portiigiic~:is. Outra causa era que os governadores succediain-sc tão rapiilamcnte, que pouco po- diam fazer; e succedia que cra dasiriancliado pelo successor o quc justamento havia sido ordenado; o poder d'estes foi sempre absoluto e dcspotico. i1 sua vontade era toda a re- gra. Qualquer levo dcsngraclo que incorria um individuo, lha fazia acabar oii abrcriar a vida em Timor, ou na for- taleza de RTurmugZo. l?in:llmcnte a conquista de Portugal 110r Filippe 11, deu o golpe mortal A grandeza dos portu- guezes na Asia».

Os males que a inquisiqzo produzi0 na India, foram um

1 Botelho, Nemoria estntktica sobre a Africa oriental, Lisboa 1836, I iag 106 e 853.

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fraco reflcxo dos que 1)rocliizio cin Portugal, como se p6de clêtliixir do que o cc1ol)re I>. Luiz da Cunha, que foi crn- 1)nis:~clor dos reis D. l'edro I1 c D. João V na corte de Franya, escreveu no seu testamonto politico, que, nos 111- timos dias da sua vida, enviou ao principe do Brazil, que depois foi o rei D. José I. Ello dizia:

((Quando sua alteza subir ao throno, ha do achar muitas boas cidaclos e villas quasi desertas, tacs como as cidades de Lamego e da Guarda, as villas do I.'und$o c da CovilliH, e a cidade de 13raganqa, na provincia de Traz os Montes. E se siia alteza perguntar por qiic cstns povo:iyões se acham cin ruinas, ha de encontrar poucos que so :iti.cl-ain a clizer- llie a verdade: a saber que a inquisiçgo prcndcndo e acai bando com muitos pelo crime de judaismo, e obrigando oii- tros a fugir com OS seus capitaes, por medo do confisco, ou do scrt>in prezos, assolou estas cidades e villas, o arruinou as fabricas do reino, as quaes, pela irinior partc, pertenciam a gcnte cienominada christ" 210s novos. u

h t o illiistrc lioiiieiii cl'esta(1o poderia acrescentar, qiic :i(li~t.llc nionstruoso tribunal havia sido tima das causas priil-

1 1 1 1 - cla decadencia o da perda da indopendencia de Por- tii!$l.

k'oinentando o fanatismo religioso, e perseguindo a instruc- $0, fez da naqzo portiigueza uma das mais ignorantes da Europa; d'al~i provém a raridade de nomes portuguezes que apparecein na historin das sciencias, cni quanto que n'ella se encontram muitos nomes de homens eiiiincntes, pelos seus trabalhos scientificos, que fazeni a gloria tlo varias nações, 1 liie 1120 erani inais iiiiportantcs que a portugueza; taes como

llollanda, a Diiiairiarca, a Suissa c a Suecia. 1C :L dcgradaçgo nioral chegou a tal ponto, que pessoas

ir i i i i to nobres recebiam como uma honra a noiiicayh dc fa- niiliar cio santo officio, cujas funrções comprchendinin as de cfcriiiiiciar os individuos suspcitos de judaisino ou heresia, ainda que pertencessem 6s suas proprias farnilias '.

1 l'arnbeiii ciii Iiespaiilin a iiiqiiisiyCo cc,ii(~e(lia lioiiras; assim, u s

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A (Jazeta (?e Lisbotr do incz de abril dc 1642, indica o ponto a que essa degradayão haria clic.gado. E d'ella o ex- tracto seguinte :

«No domingo de Lazaro sc! cclcbrou n'csta corte o acto de fk. Junto ao quarto em que assisto a rainha nossa se- nhora se f:~bricou o theatro. Saíram a padcccr trcs niulhe- rcs e tres liomcna, um dos qiiaes ia a morrer vivo por per- tinaz, o ELs dez horas da noite so rediiziu, depois cio tcr cansado aos religiosos, o a muitas outras pessoas. Grande parto d'cste dia estiveram el-rei nosso senhor, c a rainha nossa wiiliora ii'iinia das janellas do paço, que ficava sobre o theatroi. »

Foi na verdade muito gloriosa para os portuguezes n re- voliiyF~o do 1640, e a conquista da sua independcncia; mas ou iio~sos antepassados commc?tterain a grande falta do não destruirem o poder absoluto, e de rino segiiírem o cxemplo dos habitantes dos l'aizes Baixos, que os havi:lrii precedido na revolta contra a tyrannia hespanhola, estabelecendo iri- stitiiiçGcs livres. Com ellas a Hollanda, que não tinha uma unica colonia quando se revoltou, tornou-se dentro de um seculo uma grande potencia maritima o colonial, em quanto que Portugal que, em 1G40 ainda possuia um vasto impe- rio colonial, foi definhando sob o dominio do poder abso- luto c da inquisição, apesar das descobertas feitas no Brazil das minas de oiro e dc t1iain:~iitc~ ,. ( )!; portiiguezes faziam propaganda religiosa, e iuiic1nv:iiii iin Asia conventos e mis- siies quo dotavam; em quanto ~ L L C os Iioll:~i~dezes primeiro, e depois os inglezes, se occupavniii principalmente do com- mercio, cujos lucros traziam para a Europa. A estas pra- ticas diffcrentes seguio-se para Portugal uma extrema de- cadencia, e para aquelles uma grandc prospericlade.

l~lrnipotencia dada no anno de 1666, pclo rei catlioliro Cnrlos I1 ao i i i r~rq~ez de1 Carpio, conde-duque de Olir:ires, parn rluc na qn:ilidndc tlc ciiibaixador, iiegociasse um tratado coin l'ortugnl, 320 dcsignnrloi os seus riuincrosoi titiilos nobiliarios, c critrc clles o de alguazil-nto'r perpetuo da S U ~ L ~ L C itqt(isiç20 (7e iS%~-ilhn.

1 Gazetu de Liabon dc 9 dc maio ilc 1642

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uuirio nina& ha fliiem jiilgiic iiccessaria:; :ls congrcg:iyiics religiosas nas nossas colonias, p:irccc-mc convc~ii~ntc tran- screver aqui alguns excerptos clc documentos officiaes, que se referem ao proceclimento quc eiri Uoa tiveram acjiicllas congrcgaç0es.

O vicc-rei da India, condc dc Linhares, escrevendo a el- rei de Portiigal, em 10 dc outubro clc 1632, dizia: ((Que uni frei Diogo de Santa Anna fizcra entrar no convento de Santa l\ionica (de Goa) mais cle uni ccnto de mulheres com gran- des dotes, pclo que se jiintdra a cidadc c grandc numero de povo, e llie fizcram (a cllc vice-rei) apertadas instancias para que isto não fosse avaiitc)): acrcscenta:

aNno posso deixar dc dizer aVossa Magcstadc qao se o proccdiineiito de frei Diogo vae por diantc, como até agora foi, em pouco virh :L scr tuclo de freiras. . . que o dito fradc dA dinhciro, a responder na terra, sem risco, a 10 por cento, que em pouco mais de sete annos dobra.. . que s6 se trata de i-ccolher (no convento) as mulheres ricas, que podiam casar com maridos que tivessem com que servir a Vosea llagcstade. D

O vice-rei, condc dc Villa Verde, ciri carta dirigida a el- reli eiii 5 de outubro clc 1604, narrava os escaridalos prati- c:~rlos ciii Cioa pclos fiades. E ciri 21 do nlcsmo mez e anno, refere-sc 5s bulhas que, durante o governo do seu antecessor, houvera entre os frades agostinhos e dominicos; e a outras, entre os franciscanos, caiisadas por um seu pro- vincial, religioso, s('111 respeito algum ao tribunal da coroa de Sua IKagcstatlc; c coilcliie pela fdrina seguinte:

((Senlior. Os frades na India sZo miii absolutos.. . Todo i1111 viso-rei nRo basta sb para ciitcndcr com as inquietações tios frades, como que se não tivera outra eousa a governar na Iiiclia. . . e carecc esta materia de rcniedio efficaz e mais activo; que, quanto a valer-se da jiirisdicyRo e auctoridade do arcebispo, como lho szo isentos, 6 para elles materia de zombaria. 1)

O iliesrno vice-rci escrevia a 01-rei, em 15 de novembro do dito aniio, c clava parte de iirria ilesordcni qiie occorrêra

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no convento dos franciscanos por causa clc eleições, saindo il'ali ilezesctc frades arin:tdos com b:~c:tmartes, pistolas e catanas, coiii o fini de se nao cloger certo frade para pro- viiici:il; c dizia quc cllc rnand:irn o ouvidor para os pren- der, C qiic o nao quizeram recebcr; uquc c~iit?io fizera chegar iiilia galeota ás paredcs do convento c asse~tar-lhc a arti- lhcria, e que então os frades expozcrani o Sacramento em uma das janellas; que depois mnnti;ira urna pcça de arti- Iheria para a portaria, c só c n t h os fradcs abriram as por- tas c foram prezas)). E tcrniina dizciido :

((Affirmo a Vossa Magestadc qiie o iilaior trabalho que aqui tem os vicc-reis B coin os fradcs; e sendo-me necessa- ria toda a attenyzo para as meterias politicas do governo, os frades me perturbarii de sorte que para cllcs si,, todo o tempo niio basta.)) E qucixava-sc a el-rci da insolcncia dos frades na India'.

O quc fica referido Qcerc:~ c10 proccilimento ria Africa o na Inrlia, dos individuos pcrtenceritcs As congregaç0cs mo- nnsticas, é sufficiente para se apreciar a inconveniencia que haveria se ellcs, por ventura, fossem readmittidos nas co- lonias portuguezas, onde não são necessarios, como o mostra o facto dc sc acharem as numerosas missões cla India si- tuadas nos territorios portuguezes e britannicos, scrvidas por ecclcsiasticos seculares, proccdentes dos serninarios dio- ccsanos do real padroado.

Ácerca d'estas missões, dizia o siitor acima citado, quo escrcvia no anno dc 1823, que as cjiicria, porque as riquezas qne os missionarios adqiiiriain, e coiii qiic dotavão as fami- lias, era0 um dos mcios de mellioraniento de Goa.

O christianismo nas tcrras africanas ha dc propagar-se com a civilisaçao. Cuidemos pois com perseverança em civi- lisar os indigenas subditos de Portugal.

1 Nos archivos de Goa existe a corrcspondeiicia dos vice-reis e dos governadores, da qual o sr. conscllieiro Rivara, tem publicado urna parte muito irnportarite para a historia cln India Portuguesa e da Zambezia.

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Para O serviso religioso das colonina foi organisado o collcgio das niissiit~s iiltrnmarinas, para o tliw ri1 concorri coino iiiiiii~tro, e foi cstnbelccido em Serriaclic cio I%oin Jnr- tiirn. Corn ellc terri feito o estado grandes dcspczas. 1l:is nth agora o proveito quc se tem tirado d'csta iilstituiq%o teni hitlo muito limitado. E pois neccssario qiie sc ciiidc em que cllt: corresponda bem ao seu destino, devendo prestar-se especial attençso h cscolha dos seus directores e mestres, o aos pro- grammas do ensino, o qual dcve ter por fim, n5o s6mento a propngaçSo rcligiosn entre os iridigenas, iiias a sua civi- li~:lc;:io, stbiido giiiaclos p:wa esse fiin pelos scus lxlstores ec- cl(~si:i*ticos, para o que estca dcvcim nprender rio collcgio a liiigiin dos povos qiic h50 de iiistriiir, c bem assim os prin- c ipio~ ile njiriciiltiira, de iiietliciiin e de :ilguina arte util.

E pnr:i. i5to sc conseguir, (': clcficiciite a instrucpão cyuc ria nctualidncic recebem os estudantes lios scniinarios o rios oii- tros cursos de onsiiio ecclesiastico que h3 na rnonarchia, como so podcrh verificar cxaniinnndo-se um docurncilto officinl, pn- blicado cin d(,~cnil)ro de 1872 ilo Dinvio do Gocerno'.

'\"t~llc so vi, ( I L I I ~ 110s \intc: o uni est:ibclecirnrntos clc iri- i . 1 i i i c . ( ; h ccclcsiastica, a que se rc.fcrc1 o iricsirio tlocumento, o-, (luaos fora111 freqiientadns rio :i;ino csc.ol:~r dc 1870-18'71, p ,~ ' l:-l'iO al~iinnos, a iiistriicy2o f i i i circiiiriscripta a assum- ])tos rrligiosos; e qiic stimoiito CJII ~iouc~os d'c~sscs cstnbeleci- mciitos, se ensinou iiiat1icin:~tic.:~ clt~iricrit:lr, gcographia e in- trodiicç5o ;i histori:~ ni~tur:il tlos trcis rcliiios.

\'i.-se tarnbcin quc com ellcs sc clespcnclcu, alem dos seus rcnclimcntos proprios, desde o aniio do 1852, :L quantia de pc1rto de 4<35:00015000 ríris, provc~nieiitc (1% biilla da cru- 1.1i1n.

13; 1)ort:into evidcnte a nccessiciade de que o programma (10s c~qt~i , lo~ que se devem fazer no collegio das missCics 111-

tr:iniarin:is s t j : ~ ordcnatlo dc iiio(10, que sati6faq:i o indicacio fiiii. E: 1)arcce que isto se poderia coiisegiiir rlivitlindo cni dit:~s partcs iguacs o tcinpo prcscripto para :L frequencia

1 Consiilta da Junta Geral da Bolla da Cruzada

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dos alumnos, dcstinnntlo iiiiia ~l'ellas para o estudo das 111:~-

terias ecclcsiastic.:is da iiiiisica, c a outra para o ensino do inathematica elementar, g<v>graphia o iiriinogaphia, liisto- ria natural (10s tres reinos, chimica, pliysica, e agricultura, dcscnho linear, c a lingua bunda para aquellcs aliininos que se destinasseiii a Angola.

As lições tlieoricas carccem do ser acompanhadas por ox- periencias, para o quc ciiiiiprc que o collcgio possua, alem tle uma bibliotlicca, iiin 1al~or:ltorio de cliimica, uni gabi- neto (lc physica, o um iiiiiscii tlt: historia natiiral, uni liorto botanico, e um terreno dc srifficicritc grandeza para que n'elle se faq:~m dirersos trabalhos agricolas. Os alurnnos devcm tambcrii receber liç0es da historia nacional, e da noss:~ historia colonial.

Scrh indispciis:~vel, que haja o maior cuidado na escolha do rcitor o do8 ~)rofessores. E O governo devo ter muito eni vista estc collegio, fazendo-o inspeccionar frequentes vezes. I? ainda prcciso que se tomem medidas efficazes para

que os prelados nomeados para as dioccscs ultramarinas façain a sua rcsideiicia effcctiva n'essas dioceses; e que as suas noiiicayZes iiâo sejam consideradas unicamente como dcpaus de escalla para o nccesso tis dioceses do reino.

Acerca d'este assunipto c~~c.rc.via iio Rio de Janciro, em agosto de 1815, Vieira Tovur, es-srcrctario do Estado da India, o seguintc: «Os bispos ati: agora iioineados por sua alteza real para ac1uell:is ic.giOes (da Asia), n2o tem ido, porqiic lhcs parece ~ncllior comerem em Portugal as con- gruas que lhes estA pagando a fazenda real de G o a ~ .

E em 1823, o acima citado desembargador Gonçalo de llagalhHcs, dizia: «A multiplicidade dos bispos portugue- zcs na Asia, de muitos annos para cS.serve de despen- der ti fazenda inutilmente muito dinheiro, não apparecen- do, nas diocescs)).

Esta pratica illegal tem continiiado até hoje. A lei p6de, ciii parte, por cobro a estc abuso, clcterininarido-se, que o lwelado iiltrairiaririo que n?to tiver rcsidiclo effectivamente

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c.csi.to iiiiincro de annos (seis ou sete por exemplo) na sua tlioccsc, 1150 possa ser nprcsentado, oii transferido, para iiiiia dioccsc do reino ou das illins adjacentes. 14; preciso clile sc niio possa rcpctir o facto, de haver ao nicsxiio tempo, trcs bispos de ~iiii:i. iiicsnia dioce-c ultrninarina, a quciii o (tst:~ilo siibsicliavn.

A fazenda publica do ultraniar nlo devc pagar.a prela- dos, oii oiitros ccclrsiasticos, que não residam nas suas dio- . cesrs. Kstn regra evitaria grandcq nbiisos.

Scrii~ coi1vcilielit(~ ~ I I C O iiuii1~~ro de igrqjas l~nrocliiscs fosse niigrn(5iitatlo i i c i iiitc.i.ior dn proviiicia cle Angola. A cada teinplo (111(~ $c con~triiih-c, clc\-eria nnnexar-sc uma escola pri- iiiaria, e casas dc rtahitlciicia para o parocho e professor. As- siiii se creariaiii iliiclooi para novas povoações, e se promo- veria siiiiult:\mairientc :L 1irop:ign(;Ro d : ~ fS, O a civilisaç?lo dos iridigcrias. Seria juato quc para estas obras concorresse coin algum siibsidio o cofrc da bulla da cruzada, cuja in- stituis%~ tcvo por fini a propagaçso da f6.

Uiii cininentc estadista luritannico, o Conde Grcy, que foi iiiinistro das coloiiias, diz, em unia obra que publicout, cl~j:lnclo trata clas iiiibsOes na Costa de Guind, ((qiie unia cir- cii1iist:incia inuito iiiiportante em rt.laç:io nos mc1kior:tinentos futuros que se poderiaili esperar, era, quc os inissionwios methodistas wesleyanos estabelecidos n'aqiiella costa, tinham reconhecido a vantagem de conibinar a instrucção industrial com a iiioral e religiosa; e que a importancia do ensino dos negros em agricultura, para a sua civilisay50 e melho- ramento iiiord, havia sido demonstrada pela experiencis de iiiii dos ilinis zelosos niissioiiaiios, o reverendo Freeman~.

S:i cidncle clc C'oloiiil)o, illin dc Ceyllo, existia em 1833 o iiiihiioiinrio Tliiirstoii, o qii:il tinha uma escola que havia furicl;ido, :,obre o 1,rincipio dc cl~ic cada um dos seus alu- iriiios 1iavi:i dc scr util, n>o sóiiientc a si mcsiilo, mas tambem d escola. E para coii~eguir c3tc fim, cram as crcanças ensi-

1 Tl~e Colonial Police of Lorrl Jolrn h'itssell's Adnrinistvution bg Earl Grey, 1853, vol. 11, png. 275.

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riadns a ler e escrevcr, e a officios com cujo exercicio po- cl(~s;cai i~ no futuro gaiiliar a sua subsistencia, sendo algiimas t1'cll:is iipp1ic:itlas 2is artcs niecliaiiic:~~ c outras :i apicultura; ensinava-se-lhes tambem a preparas50 dc varios productos, cntre os quncs o da tapiocn, filrinha extraliida da raiz da mandioca, da qual sc faz riiuito consunio. 1': duraritc as lioras de recreio, todas as crcariças se occiipnvaiu ciii va- rios niisteres para lhes inspirar o gosto pela iiidustria, corii utilidade para ellas mesmas e para a escolaf.

Estes exemplossZo dignos dk serem imitados nas mis- sões ila Africa portugueza.

(Jiiando em Angola houvcr um clcro qiie possua as ha- lilitaç0cs indicadas, cntao, de certo, lia de progredir o chris- tianisino e a civilisayRo entro os incligonas, e a prosperidade da colonia h : ~ de augnientar.

Um clero illiistrndo ])tido ser um poderoso instriiinento de civilisaçZo de iini l ~ o ~ o , (: c~~l~cei:ilincmte dc uni povo cin es- tado barbarico. E: coiilic~citlo o fiicto, rc~fvrido por Filangieri, na sua obra so1)i.c :i wic~iic.i:~ cl;~ l(~gihlny%o, de iim padre napolitano, cliie hc~ii110 iioiii<~:~tlo 1)nioclio (ic iima freguesia riu.:il, cujo terrcno crn csteril, e cujos habitantes eram muito pobres, se propoz a inclhornr :L oorte d'cstcs, o que conse- g u i ~ , 110 dcciirso de algmis annos, scbrviiitlo-se do confissio- nario para chegar zio scii f i i i i ; havc~iido :~tlopt:ido o systema dc impor aos seus l)(>~litciltcs, C ~ ( ' j i~ lndo :L gravidade dos pcccados dc C:L~:L 11111, :L o1)rig:~y:nlo (10 l)lniitareiii ccrto nu- iIitbro do arvoi.es. E:st:is, liavcndo c.rcscido, attrahiram as chuvas, quc inc1hornr:~iii o solo, c coin ihbo :L sorte d w fa- rriilias.

Na Succia cxigia-se que o clerigo qiio prcatcndia ser pa- rocho, fizessc um exame dos scus coiiheciinciitos agricolas. - E d'esta exigencia se tirou bom resiiltado.

E: iicccssario, e ó justo, quo aos ccclc~sinstic~oq qiic Iinh coloninx ti\-creni servido beni, í1iir:iiitc iiiii ccLrto iiiiiiioro do aniios, sc lhes assegure o ciiinpriiricnto do beneficio que

1 Baker, Eiyht Years I.Vanderi~zys i n Ceglon, pag. 356.

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lhcs concodeu a lei (lc 28 dc abril do 1845, e para a qual, 11% carnara dos parcs, coricoiri coin o meu voto, propondo o seii artigo 17.O e 8 unico.

1Cstcb artigo dcterniina que aqucllcs que sc destinarem ao rriiiiisterio das igrejas do ultramar, a16m de se iilstr~iircin nas (lisciplinas commiins :I todos os ecclesiasticos, aprendam tarnberri as sciencias e liiiguas que lhes são indispensaveis, erii icln~Zo ao local c :to st,rriyo a que forciii destinados. E no 5 unico do iiicsnio artigo, diz: «Os aluninos que, dcpois do concluirem os scus cstudos, completarem nove annos de serviço nas igrcjas da Asia ou Africa, ou nas missões, terão direito a ser proviclos nos canonimtos que vagarem no con- tinente ou nas ilhas adjacentes, apresentando attcstado de bons costumes, passados pelos respectivos prelados.

Ha muito tempo que para a dioccse de S. Thom6 nno tem sido nomeado bispo; c ha iiiotivo para isso, attendcndo S limitada Arca c pequeno iiiinicro de habitantes que ella tem; e por este motivo conviria uni-la A de Angola. So- bre esta jiincyno, f:illei ha annos, com um dos nuncios de siia santidndc, 1ciiil)rando qiie Se poderia n'ess:~ occ:lsiRo elevar :i. categoria de diocese a prelazia íle Bloqambique, t1:indo-lho uma organisaçáo como a quc teiii o 1)iel)udo de Beja. Parcceu-me que lhe agrad:ira a indicayzo; rnas ha- vendo eu deixado o ministerio, ignoro se se deu algum se- guimento iquella ideia.

Tambem a diocese de Caboverde poderia com vantagenl ser unida S do Funchal. Hoje cada uma destas duas tciii li- mitada popiilaç30. So fossem unidas, ficaria a dioccsc do Funchal o de Cabo Verde com 160 a 170:000 alnias, nu- iiicro ainda inferior a 230:000, quc tcni o bispado de Angra.

A viageni do Funchal S ciclade da l'raia de Cabo Verde pódc fazer-se cni quatro ou cinco (lias, prnso cle tempo me- Iior do que aquelle que, orn outra cpoch:~, gnst:iria o prelado tl,. Rr:iga eni ir d'esta cidade a &loncorvo, que faz parto da .II L tlit~ccse.

I )'<,>ta annexapzo resultaria a economia da despeza que sc: tliz coiii um bispo c corri uni cabido, despeza que devo-

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ria ser npplicndn no nii,mento clas congriias dos parochos do nrchil~c~lngo o da Qiiin6. Itesiiltaria ainda a vantagem do se ~)odciviii cbtliicnr iio sc~iiiinario do Funch:il bons ecclesiasti- coír ar:^ :uli1~~11as 1)nrochias.

O aiictor acima citado que, no anno de 1823, escrevia em Goa, dizia: qiic não liavin cin toda a India lima dioccse mais limitaila, c com riicnos diocesanos, qiic Mncaii; c ol)i- nava pela sua s i i p p r ~ ~ " ~ ~ , C (111e na cidacle hoiivesse um vigario geral iioiric~aclo pelo nrccbispo metropolitano.

A popula$io rl'esta cidade compixnh:~-se em 1867, se- gunclo o rcci.iisc:~mento então feito, de 8:789 fogos cliine- zes, dos qii:icls 1)oiicos s5o chriutãos, c dc 762 fogos por- tuguezcs. Este illtimo algarismo é muito inferior ao numero dos fogos da inaior parte das parochias das cidades de Lia- boa o do Porto.

A circiiiiiscripç50 nominal da dioccse macaensc compre- Iicnclc a v:istissima proviiicia de que Cantzo 8 a capital; ma:>, clcsclc iiluitos annos, n%o ha 15 missionarios portuguc- zes; e 6 conveniente que os não haja, para prevenir confli- ctos com os mandarins, que podcriarn prejudicar os inte- resses da coloilia. Os missionarios francezes que ha na pro- vincia, edificararn tima igrqja c:ithedral na cidadc de Can- - - tão. E para a cornplctxr, foi iiltimamente concedida pela asscinbl6a nacional d(8 Fialiga, a quaiitia de 73,000 francos.

Assiiri, ostarido, na re:~lidatlc, o bispado dc Rlncau cir- cumscripto a esta ciilacle, n%o ha motivo para que ali exista um bispo, iiiii cabido, c trcs parochias, sendo bastante uma unica; c por isso B acceitavcl aqurlla indicação feita em 1823.

E grande vantagem havia (i(* rcsialt:ir aos habitantes de Macau se os dinheiros que são destinados para o bispo e para o cabido, fossem empregados para a organisação e ma- niitrng.20 cle uma escola commercial e industrial, em que se c~ii~iiini;scrii ai sciencias applicadas a diversos ramos da in- duslrin e das artes, bcm como ao estudo das linguas por- tuguezn, ingleza, franceza, chineza, japoneza e malaia; de- vendo o mesmo instituto possuir uina boa bibliotlieca, um rriuseu, uni gabinete dc pliysica, um laboratorio cliiinico,

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uin pequeno observatorio astronomico e um jardiin 1)otniiic.o. A siia orgariisaçgo deveria scr gradual, scgiiiiclo :is circuiii- st:iiicias o ljcriiiittisscin, liavcrido 1)orCiil rhl~t~ci:il ciiidaclo (,ir1 n5o adiiiittir ii'elle scn3o iriuito boiis 1)rofessores, por- tuguezes ou estrangeiros.

Conviria talvcz adoptar n'csta cscoln, :itd ccrto ponto, o systcma seguido eni alguns institiltos coiiiiiic~rciaes dos Es- tados Unidos, cujo typo principal i: o Pactird's Busincss Col- lcge, em New York, destinado cspecialmeritc. 11 :~ :~ conimer- ciantcs c guarda-livros'.

Urn:~ fuiiclnq>o d'csta natureza poderia tornar-se, dentro tlc alji~~ii'i :iiiiio\, d(1 grandc proveito para os iriacaerises que ii'(~11:~ :e lialilitn~rciil para exercerem as furicqiks de eiigc- ii1icii.o~ civis, de chiinicos, pharmaccuticos, pilotos, interpre- ttbs, guarda-livros, caixeiros, e para oiitrns profis:,3es, para ci~jo exercicio tc.riain o ~:i~tiusiillo C ~ I I I ~ J O da Ciiin:l, JapUo, Siain, o graiidc arcliil~clngo oriental, a Australia c a Nova Zelandia.

O Irisl)ado de Malaca, do padroado da corôa de Portii- g.11, t('i11 apenas (luas outras igrejas, deve tniiibtbm scr - l~]~l.ii~iido, ficando lia cid:itl(. dc: Siiicapura :L ilcccssarla t l i , , c ? id(b ccclesiastica. ( ) iiltiino bisl)o csl(bito clc l\Ialaca, citl:itli. :~onrlc niinca foi, cliafructoii, por iu~litos annos, em Tdisbo:~ :L rehyectiva pensiio. Urna lei deveria proliibir a no- incaqSo dc bispos para as ditas dioceses.

Ka poiico tcnipi) iim ,jornal de Lisboa dizia que so tra- tava tlc um ajuste, 1)clo qual a tliocesc dc Jlacau ficaria constituida por esta cidade, por Tiinor c pelas igrejas do bispado dc Jlnlaca.

Seria portanto abandonado o direito da corôa de Portu- g.tl :i11 j,:i~li.~:itlo da provincia de Caiitao, ciiic lhc reservara a 111tiiii:i coiicorclata, o seria suppriinido o bispado de Ma- laca. Aliii l)n~ estas clisposições seriam uteis.

JI:i, acliicllas que se referem A nova circumscripç~o dio- c ~ ~ ~ ; i i i : ~ seriam inconvenientes, nno só porque o numero de

1 Veja-se Revue des Deux Mondeo, 1.0 de novcinbro de 1872.

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parochias nas trcs referidas localidades nlo 6 bnstantc pnrn constituir u m bispado, mas tamljem porque as distaiicias : I

que entre si clit,'lo, silo iriuito grandes, e equiv:ilein :iqucll:ii que ha de L i s l~on :I htlienns, e de Lisboa a S. Petersburgo.

Ilemais, é ao mctrol~olitario do Goa que compete escolher entrcl os iiliiitos ecclesiasticos que tem fL sua di~posiç%o aquelles que h80 de servir em Timor e Sincapiirn, o que o bispo de Macau não poderia fazer, por falta de 1)essoal.

Portanto seria iriconvei~ientissima a nova dioceso, o cum- pre supprimir o superfluo bispado de Macau.

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Estabelecimcntoa d c credlto nas colonlas - Eini~iay.%o dt. l ' o r tu~a l - l»critbl o dc rl-rei - ~ - - - D. JoHoV-Emigra(&~ para o Ilraail c outros paizrs -Agencias de etiiigrayão n a Europa- Convenicncia pa ra Angola (Ic ter iiinn ngr~nrin - Incluerito parlamentar sobre a emigração - Officlaes rcforiiinilos c ~~~ . i i s i~ , i i i s t a i ilo *.stnilo uas ciiluiiias - Vantagens que poderiam adquirir - Excmplos vcrificndos rm Angola -- Tciit;~tivas que falharam de coloiiisaqão militnr -- Terras iiicult:rfl l3tu l'ortugnl - l'ovoa$iics novas e i ~ i diigibl:~ ICiiiigi:i<;G, da 1iidi:t 1i:iin 3fi,<;:irnhiqiic-Villa dc Scna, deser. ta-Kima \.illa a coiistruii-Escolha do lornl Iri(lica$iirs a este respeito-Timor, cmigraçao cliinrza-Rrluçõcs com o 12iistr;ili:i-l>rgi~a(iados para o ultramar-Mo- --- difica$io d a lci - I lha do Sa l - Estabelciiiiii,iito i>i:~ai~comliloto n a ilha d e Santa Luzia- Suas vantagens - Extincto ebtabelerimento penal n a Aiistralia - A nova p r i s b penitcuciaria c o estabelecimento de San ta Luaia - Estabelecimento penal n a proviiicia de Itloyambique-As ilhas de Andaman - A Nova C a l e d o n i a A ilha de Fernanùo Noronha.

No prqjvcto de r c p r e s c i i t n y h tla. : l s s o c i a y R o con~inc~cial r e c o r i i i i i c i i d : ~ - s e que se picste tod:i a : i t t e i i ç % o aos cstabelu- ci~neritos co1oiii:lcs t l c credito. ( ' c ~ i t n i r i c i i t c 4 u i i i ( l c v c r tlo governo o dar-llies toda a l ) ro tc , c .y?~ i , , :L f i i i i i l c qiic 1 ) o s s n i u

obter capitaes, a juros rasoaveis, as eiiiprczns srri:is que se propozerem a cultivar terrenos, ou a cxplurar oiitras iil- dustrias.

Como o progresso d:ts colonias africanas dcpcndc, em grandc parte, do aiigrueiito da sua poro:i<:2o dc origem eu- iopira, a q 1 1 a l cst;~iido cni co i i t : t ( . to c o i i t i r i i l n d o com :L po- vo:ig%o i n t l i g c n n , concorre 1 1 o c l e r o s : i i i i c n t c para proniover n civilisny8o d'esta; j:C pelo scu escmplo, j A desenvolvei~do n'ella o Cl(~.icj~ dc 6 a t i s f : t z e r n novas necessidades, p a r i i o que, s c i i i i c i i t e o scii t r :Lba l l io , 1 1 1 1 . pVtl tb otYcrccer recurso. , cunipi-c proiiiovcr c proteger a c i i i i g r : i y % o ciiropêa para as

inesiiias coloiiins; e s incllior cniigray2o i: a de portix- guczcs, ci:ja t c i i d e n c i a a emigrar sc tcm mantido d c i (lc :i

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epocha das descobertas iriiciadas pelo infaiitc D. Hcnrique, d'onrlc resultoli :L fundac;>o do-; s(liiq I I I I I I ~ C ~ O S ~ S csta~beleci- iilciitos <.i i l I;~iitilh rcgiOcs do i i i~~~ldu , (' ~~~pcci:~litl(~ilte CO-

Ioiii.:iy.io (10 I:i.azil. . Para se apreciar o iiicrcmciito cjuc :L clrnigracLo teve antiga-

meritc, cit:irci o dccrcto dc El-Rei D. Jouo V, dc 20 dc marqo dc 1720, (111~~ a poliibiii; ii'clle se li: o scsguiritc:

Que ni~o teii(lo siclo 1~:istantcs as providencias qiie at6 ao prescntc tc.iilio dado iius decretos de 25 clc iiovciribro de 1709 c 19 dc janeiro clc 171 1, para se prohibir que d'este reino passe para : ~ s capitaiii:is do Brazil a muita gente qiic todos os aiinos sc ausenta cl'cllr, 1)i.iiicip:llinciitc dn provin- cin clo IZinlio, qiic scnclo a iiiaih 1~ovo:i;l:r se aclia hoje em cstado que nrlo lia a gciitc iiccessari:~ para n cultura das terras, nciii p:lra o serviço dos povos, ciij:t fiilta sc faz $30 scnsivel quc iicct:ssita dc acudir-lhc coin iilc~clitlar proiriptas, c t>o cfficazes que se evite a freqiieilcia coin qiic se vae des- 1)ovoando o rciiio, fui scrvido resolvcr qiic, nclriliiima pessoa clc qualquer qualidade ou estado possa passar ás referidas cal'itanins seiiXo as quc forein despaclindas c0111 governos, postos ou cargos, etc., e ordenar as llciias ciu qiic incorrem os que tentem partir sem a conipcltciitc liceiiq:~.~ .

Mas, apesar de todas as iiic~clitlas d'clita liatureza a eiiii- grayRo tciii contiiiiindo, tanto 1)iiblicn (.oiiio clan(1cstinainen- tcx; c :~lciii (10 Eraail, t~li1-hc ella dirigido iiiodcrnarneiitc, de l'ortiigal c illias a(ljacciitcs, para oiitras regiões, taes como 1)eiiicrara na Uiiiaria hrití~iiiiicn, c para os Estados Unidos, csl)ccialmentc para a California; oncle os portiiguczcs j:i ti- riliam no principio do :inno dc 1372, uin:L sociedade de Itc- ncficcncin cluc contava 1:0a socios, tendo quatro CiicciIrsaes no interior do paiz'.

Para as cololiias britannicas il:r Arncrica liarianl e~iiigra- tlo d:t ilha da i\l:ldeira 34:3(i-1 pc:soas desde 1843 atc': 1872=.

Ciimprc fazer augmentar lias nossas co1oiii;~s tif'ricanas

1 Ii>elntoi.ios (10s coiin7tlcs tle Po~!~rgal , Lisboa, 1872. 2 l)ociimriitns :ipresentados nn liarln~iic~nto liritnniiico rm 1873.

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o numero de europeus, buscando dcrivnr para cllns iimn parte 110s indiriduos prtuguezes quc todos os aririos vrto para tcr- i.;is c,-tr:iiigciras. 31:~s para cjuc i- to se Ilossa conseguir B ne- ccssario excitar o intcrcsse intliridiial, qiler seja o dos pro- prios emigrantes, quer seja o c105 ageiitc~ (Ic (~iiligi~açZo. -

A1giim:iy (1n.i colonias inglczaa torrii :ig(liici:~~ na Gran- Bretanha c li.lnii(l:~, para lhes r(,nicttcrein coloiio., os cluaes são escolhidos entre os individiios qiic se :i],rcsentam, fixando-sc o numero dc cada scxo, e provcbiido-os dc trans- porte.

Para occorrer As despezas, aliiís considcravcis, d'esta cnii- grayT~o, as camaras legislativns coloniaes vota111 os creditos preciws.

O parlamento australiano do S1.w Sonth Walles, votou para este fim, no ultimo mez t l ( 2 aljril, :L qiiailtia de 50:000 libras esterlinas, oii 223:OUO : ( I ( )( ) i-l' i..

Em Portugal e nas ilha, :ttlj;icciitc~s 11:i agentes dc c:iii gra~Mo 1):tr:~ paizes cstrangciros. E clles corrcspoiidein no seu ciic:irgo.

Sv pai, a provimia de Angola tivc.:sc agentes ciii I'or- I I I : : ~ ~ e lias ilhas, para lhe iiiaiidareiii colonos, c :t chtcs :I ; I ' I I ttns pagasse bcm, e tiveshc iiiii fundo destiil:i(lo espc- c ialiueiite para esse fim; e se o governo clcasc a csses ageli- tes a convcnicnte protecçfo, e transporte aos emigrantes; é 1)rovavel que esses agentes desempenhariam satisfactoria- ~iicnte a incurnbencia que lhes fosse cniniiiettida.

No primeiro inquerito parlaiiicntnr sobre a ciriigrn$to l~ortugucza, aprcsentatlo :i (.;liii;~ra dos d~l)l~t;i(lo>, ('111 19 tlc fèverciro ultimo, :icli:~->v cstc assuinpto tr:itntlo ctxtcn- -:iiiic~iite I. por um modo milito jiidicioso; c n'clle veiii in- ~ I i~ . : i t l ,~~ \.iria> medidas legislati~as qiic a tal respeito ciiiii- prc adoptar.

Alcm da emigraq2o portugueza, oiitras ha quo seria util attr:tliii. AS nossas colonias, coino, por cxcmplo, a dos povos laborioso^ da Galliz:l, das Asturins, das proviiicias T;ascoii- gadas, da Siiissa da Belgica.

Eiii varitia cololiias Lritauniccls, tacs coiiio o ( 'iiii:i(l:í. :I

r:

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Australia c a Nova Zelandia, acliniii-sc est:il~clccidos officiaes rc~foriiiados do exercito t. da iiiarinlin, c bem assim outros prn"onistas do Estado ; oh tjuncr, 1i:lr-csiitlo adquirido gratui- tarneiitc, oii coiii pouca d~y)eza, bo:~s tcrras para cultivas, sc tcxin toriiaclo lnvradorc.~, P ri'cllas residciii cor11 siias fami- lias. Por cstcs iiicbio tccni ell(b\ obtido f o r t w ~ : ~ c l~osição so- cial superior hquclla quc teri:iiii sc vivcsseni na iii2e patria.

Sc alguns dos nossos compatriotas, eiii circumstancias si- inilliarites :ís d'aquellcs reformados, os iiiiitassem, cstabele- criitlo-sc em AiigoI:~ oii ciii :ilkuiii:i oiitra das nossas colo- iiias, pocleriairi, proravcliiic~itc~, i i i t 1lior:ir a sua sorte, tor- nando-sc fazendeiros, c 1iabilit:tiitlo-.c l~clo scu trabalho e indiistria, a deixarein, quando fnllcccsscin, as suas faiiiilias coin recursos abiindnntcs. A ciiltiir:~ do cnfi., a ilo algodão, n do t:tl,:ico c :L fabric:iç:to tln agii:ii.tleiitc, qiic ii'csta pro- viu& tv i i i ci-eaclo boas fortiirias dviitro de brcvcs annos, podcria scr igu:iliiicntc yrovuitosa para csta clnssc dc co- lonos, se ds nlcsiiias iiidustrins se declicasseni.

O extracto seguinte, de uma carta de Mossamedcs, ulti- mamcnte publicada', mostra como em Angola se podem obter iinl)oi.taiitcs resultados do trabalho e industria. Diz a carta : « qiie no aiino dc 1865 duas pcssoas se associaram ri7a(luell:~ villa. coiii o fiin de cultivarem terras no sitio de Caiiil):~i~,qo~iibe, coiicc.lho (10 I:uinbo, ciitraiido cada uma d'ellas com o capital dc 10:OCK)fiOOO r ik , iiiocda fraca, ou perto de (i:i.30:000 réis, dinheiro do l'ortugal; e que no aniio dc: 1873, a socictladc fura dissolvida ainigavelmonte, retirando-se uni dos socios coin 40:0006000 reis fortes, e ficando outro eoni igual quantiau. E acresccnta: uque as duas propriedaclcs que a sociedade cilltivava, protlwiam an- niialmente, 3:000 :irrobas de algodilo, e perto de 80 pipas tle aguardento, e (111~ O valor d'csta. dava para o custeio^.

U i i~ outro exeiiiplo do como, coiri uni modico capital, se pc;tlo atlquirir na mcsiiia colonin, c cin lioucos annos, resul- tados vantajosos, foi-rnc coinmiinica(1o por inn proprietario

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do referido concclho do Bumbo, o qual passanilo por Lis- Iwa, ine visitou; e contou, que havendo residido em 1'c.r- iiaml)iico, onde se occiipava na cultura da canna de assu- car, passára (l'ali para BIossamedcs; e que fôra o primeiro que n'aquellc districto introduzira a dita cultura no sitio do Bumbo lias al~ah da s e i ~ a de Chella, onde estabelecera uina fabrica tle agyii:ircluritc; e qiie li(, fiiii clc oiizc annos, vindo :i E:iii.ol):z, d~.i.c:ira arreiiclada n sua propriedade por alguns coritos dc r6is. E inostrou-me a cscri~itura do ar- rendaniento.

Dcl)ois tla :=iic3rra c l : ~ ( 'riiiiéa, iim regimento alleinão que ( -tivc.i.a ao st~rviyo iiiglcsz, foi ciii grande parte coloiiisado 11.i lwoviiicia oriental do Cabo tla I:O:L Espcraiiqn.

Duas tentativas dc colonisaq80 iiii1it:ii. for:iin feitas sendo eii ministro. Uma coinpanhin dc cay:iclorcr foi collocad:~ nas terras elevadas e s:iliibrcs tl :~ Hiiil:~ (ili,tricto do Mossairic- (Ics), claiido-se As suas l)r:i<::is nlojaiiicritos, terrenos, ut(xii- silios agrarios, sementes c prct. Sendo porém os colonos dis- trahidos cin opcraçCc1~ iiiilit:irc,s, :L colonia dispc~rsoii-sc.

Outra companhi:~ dc soldados, orq:iiii>:ida c10 iiicsnio riiodo, foi iiinndada para a villn dc 'l'ctc ~%:inil)cbzi:~), ]):ira :ilii fic.:ir colonisada. BIaa sendo a fic.iitcX ciiil)rcgutl:~ c111 ser- viso iiiilit:ir, n8o pGde occupar-sc i i : ~ ciiltura clas tcrr:is. Ambas as tentativas falliararn.

E tainbcni falhou iiiii:~ oiitrn tentativa de pequena colo- nisaq2o e~wopêa na esccllciitc baliia de Pei~ib:i, ria provin- cia c10 JIoqaiiiCicliic~.

Blas (i'estas esl~ci-ic>ncias pC'd~ tirar-se a coiisc~~~cncia, (lc q110 :L co1011ii;1~:Io iiiilitar devo fazer-se sdmente coni si~ltl:iílo~ IIIL(\, havendo tido baixa do sei-viqo, se aclicm resti- tiiidos :i classe civil : ciiibora que, para os :lusiliar, o estado lhes faça abonar, cliirantc um anno, os prct.; rliic venciam, e lhes distribua liabitaqões, terrenos, utensilios do lavoura C

scmentcs, e que taiiibcni pague o transporte das suas n~iilhe- res, ou noivas, ou fariiilias, que :L ellcs qiiciraiii reliriir-se.

Taiiibenl 0s podcrox l,iiblicos d(.\ criam recorclar-se dc cliic

ciri Portoga1 c nas ilhas ncljjncentes csistcrn vastas exten-

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Muto, o cliial presentcincnto sc ~ 1 1 : ~ obfitn~iclo. A 11oy:i vi l l :~ t:iiiibeiii c1iuiri:~ria a si o comrnercio do rio Cliirc c dos 1:igos (11~: coni (xllu coiiimuiLicaiii, o qual, voiii 0 tciiil)o, se d(1vcbi.i:~ tornar niuito kiportahtc; e ainda :L ~ 1 1 ; ~ (~oiicorreriaiii OS 1~11'- cos que nsvegasscm no rio &iuazi, qiic desce tlns serras pro- simas cle Afanicn, ondc honvc iiiii cstabclcciinciito portu- guez, c ciijas iiiirias dc oiro, 1190 rlc, provarcliiiento, tornar- se ainda iiiiiito v:~liosas 11clo ciiil)i.cbjio da in(1usti.i:~ ciiropoa.

A este rcspeito escrcria cil, em S do m:rio tlc I hii!), ao coronel Leal, governador gcral clo Xo~aiiibic1uc~, o s~giiiii te : «O territorio que constltuc a grande bacia r10 Zainbeze c dos seus afiliieiitcs, clcva scr o centro do doininio portuguez ri:^ Africa orieiital. 1C :ilii quc deve existir a siia capital; mas nem Quclimniir, iiciii S(.iin, iicm Tctc, siio, por varios motivos, para isso n1iropri:idaq ;>ortaiitv scr:i iicsc.c..:irio fiiri- dar uma iiova cidade, para o que dcvcr:i tcr-sc n ninior atten@o quanto h cscolha c10 local a essc iim clu~tiiiatlo. Cuml)r': quc seja s:~lubrc, fertil o seu terrcrio, c abiiiidaiito de boa agua, e ondc sc,jaii faccis as tran5:icyões coiniiicl.- (2i:icx. 14;stas condiçGcs parece quc se ciicoiitrairio rciiiiid:i\ ( i i i :i!-iiin sitio prosiino i Chupaliga. Ciiii~l~rc, por&in, eh- 1~~lz . l . jrrviaiilc~iitc da Zatiibezia os cafres laiidins, que a têeni iiiva(lido».

Quanto a Tiinor convciii 11ro~iio1 rr a cmigrac;Tio para ali dc chinas ciiltivndores e artistua. I3 sue& iitil fundar um novo cstabclcciniento comriicrcial eiii algum (10s portos da costa do sul da ilha, o qual deverá tornar-se iinportantc cin rasao da colonisaç>o, j6 coiiicçada, da fronteira costa da Aiistr:~lia, nas viziiiliaiiqns da estaçzo do cabo telegrapliico -.iil~iiiarino, rccenteinc~ite collocado no porto L)nr~viii. t Pelo que diz respeito aos degradados, que clc Yortiigi~l sio iii:indaclos para o iiltr:~iiiar, seria coin-cliente qnc n lei dcixashe ao governo a d(*~igilayZio dos lognres cni que cl le~ devem cuiiiprir as suas seritciiças.

A lci vigente faz distiiicçno ciitrc a Africir occidcntal e a i1fric.n orickritd, quanto li al)l~lic:~t;>o <lu pena (10 dcgrcdo; c coiisidcra miis grave castigo ;L bciitciiya qiic coiidciiiii:!

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o reli a ser iiitiiidndo para a ~)roviricia de Moçambique. I:.tii (lihtin~~3o, para a gradua@« t1:i pena, deve acabar, l)oi\ciiic ar ;liias costas africanas s5o siniilhantes quanto ao clii~in, 1i:i~c.ndo cni nmhas 1og:irrs salubres e logares insa- I i i l ) i . ( ~ . Por cxcinplo, a vil Ia tltb Iiilianibanc na Afric:~ orien- tal i: iiiaih salii1)re do qiie C:iclicu na costa occidrntal.

Para Iiitlin JI:ic.nii ii>o hc dcvein mandar degradados, tanto por causa (1:~ despcza do seu transporte, como pela facilidade que tciii de fugir de 18. E cumpre abolir a fa- culdade que têciri os tribiinaes co1oni:ics de mandarem os rbus da costa occidvnt:il (Ia Africa para a. oriental, e vice- versa, o que occasiona grande despem scin utilidade al- giiiria.

Os réus condemnados a traballios piiblicos poderiam ser ciivintlos para :L ilha do Sal, rio arcliipclago de Cabo Verde, a (lua1 ordinarinineiite 8 s:iiiclavcl; c nas suas salinas haveria beriip'c trabalho ciii qiic o!; clcgr:~(laclos poclc.sscn~ sor enipre- gados; e o seu acrviço Ilics scria pago pela maneira que se determinasse.

Mas o logar cm què se podcria formar iiiii estabelecimento penal coiiipleto, scri:~ :i pcqiieiia ilha de Santa Luzia, que csth sitiiada n ii1ii:is (liias 1c.gri:is da ilha dc S. Vicente. Ella teni de c.oiiipriiiiciito cliiatro I~.~ii:is e meia, e duas de lar- g n r ~ . k quasi ttotln l)l:nia, e tciii boa agiia, e cxtcrisas pas- tagcny ;)rocluz :ilgod?\o, c 1i:i ii'c.lla iiiii i 1)oiicos Iiahitantes. A ilha 6 to(l:i. ccrcad:~ cio r.oc*lic1tloh, e trrn urna praia limpa oncle se tl(~i<.iiil):irc.a, o cliie t:iiiibrin se ptidc f'izcr em um outro sitio. H:L iiiiiito ~ I P ~ Y C no niar ;llcsta illin, c tambeni t:irtnrugns, c As vexes a])l)nrc2cc :iiiibar iin praia: o clima e s:liidavel i.

Dc irinis, esta iliia cst5 :L l)oiicos c1i:i.s clc viagem de Por- tugal, c por isso o ciisto de tr:irisportc dos degradados seria inodico, o qiic facilitaria :i ida dos conilcinnados logo que fosseiri seritcnciaclos, cvitarido-sc nqsi~n a accuiilulaçGo tl'el- les nas pris0cs do reino, oiide o scu estado moral niio $de

1 Clielrnirki, C:~rogrtrg)híc~ Cctbo firdinrttc, 1841, Lisboa, pag. 84.

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nic4liorar por continiiareni ahi em rclny>o com os seus an- ti,cos cornl)niihciros no crime.

IJni cst:il)c~lcciiiiciito l)c,iial ii'cst:~ illin liodcrin ser facil- riiciitc gii:ircl:itlo c policii~do; e seiido posto cin coiniiiixiii- c:~çRo por um c i t b ~ tc1cgral)hico com :L vi1l:i cio Mindello, ciii S. Viccrite, com muita brovi(1;ide poderia reccber auxi- lio qiiando d'ellc carecesse.

A unia legiia de Santa Luzia cstti o ilhéii Branco, que tem de conipriclo duas leguas e meia, e dc largo tres quar- tos de legila. Klle 6 iiiii:~ inontnnli:~ dcsl)ovoncln, no alto da q11d ~ i v r lima irnriien~ii1:itlc (i(. iivcls ii~:iritiriiiis, c por isso í: 1wov:~vcl (pie ali se cncontrc g i ~ i ~ ~ i u . H i 1 n'cstc ilh8u agua nativa, c iiiiin praia ]):\r:& ( I~~e i i i l ) :~ r r l~~c .

Elle coriiplt~tnria o csti~l~elrc~iiriciito ~)ciial, por poder ser destinado :L receller os coii(1t~rriii:itlos (liir ii:i i l l i : ~ tlc Santa Luzia sc Iiouvcssciii coiidiizitlo tTio iii:il, (111o >r tornasse ne- cessario separa-los dos inais.

No tempo erii qiie de Iiiglatcrra crniii os c.oi~tlciiiii:~dos mand:~<los par:& a Aiistralia, existia t:iiiil)c~iii i i i i i cst:~l)elr- cimento penal na illii~ ile Nohrk, para onrlc criiin ti:iiisfv- ritlos, e tratados coiri rigor, atlitellrs qiie pcl:~ sii:~ i i i A coii- tliic.t:i tbra l~reciso scpar;rr do* oiitros.

Como ha bons terrenos n:L ilha (10 Santa Liizia, poderia seguir-se ahi o systema que, coin grande proveito, :icloptnu o general Brisbane, quando governou a colonia dc New Soiith IValles, o qiinl consistia em fazcr trnbnl1i:ir os condeninadoa ciii iiiiotc,iir tci.rciio~ l)nldios, iiiiin partr dos cliiacs craiii de- pois concedidos :iqiic.llclr dcgriltlndos cliitA7 l ~ r l a siii~ coiidiictx e bom trabalho, se torn:~vain dignos dc nttcnyão.

Feito niL ilha dc Sailt i~ Liizia, o cstiib(~lccii~ici-ito penal, ~1111crin. clle concorrer para a sna 1)ropri:~ rniiiiiiteny%o, occu- pando os condcniniitlos lia ciilturi~ cl:~ terra, na pesca e em outros generos dc iticlustria. A drspcza a fazer com a sua constriicy%o scri:~ iiiotlica, se sc comparar com o custo de uma gr:intl(. priszo priiitcnciaria que se erigisse na proximidado cle IJi>l~o:i7 que clcri~ria subir n miiitos centos de contos de réis; c L ~ C ~ u j a ~ o i l b t r u ~ $ ~ ~ scri:~ con~et~ucncia a accumula-

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$o ~ c n t ~ a n c i ~ t e ali clc uin granclc riunicro dc inalv:ido:., 03

qi~ i~es , iio caso (l(1 hol)rcxvir i i i i i : ~ crisc phvsica ou l)olitic.ii, 1x)ilcri:iiii svr solto-; ( ' t* i~t*o 11?1o cl(~ix:iri:liii de coiuiiicttcr toda a sorte dc criincs, coirio :ic.oiitec.cii i.111 Lisboa, quando tcvc logir o tcrrc~iiioto i l t ~ 1755, c ciii l'aris clurarite n exis- tencia da coiiiinuiia.

Como o govcrno tcm de proccdisr, lia coiiforiiiidade de uina lei rccentc, ;i constrircq30 de ir iin l)ris>o lieiiitenciaria, a dcspcza :i. ftizcr com czta obra l)oilctriii rt~diizir-se conside- ravc~liiic~iitt~, he II:L illia clc Santa Liizin seb fizcssc o cstabe- lcciiiicilto pcii:il, ticnndo este aiiiicso :i l,i.iiitc~iiciari:i, e tle- baixo tl :~ ilirerçzio do iiiiriistcrio da justiq:l.

l'iiri~ o;, crililinosos coiiclc~innnclos lia Iiitlia e eni Jloytim- biquc á pena "c! clikgrcilo, 1)odcria fazcr-~c o rcspcctivo cs- tabclccinicnto 11r~ii : i l ciil iiiiia (1:~s ilhas ~izii ihas da costa oriciltal, coiiio. j , ~ ~ i - c.xt~iiil~lo, ciii nlgiiiiia elas cjuc f0rinairi o l~ccluciio arcliil)(b!:~~o cle, (~iic~riiiil)a, l~roximo dc C';il)o Ucl- gado. Os c1cgrad:~dos dc 3I:lcau podciii scr iilandados para Tiinor.

O governo da India Britannic:~ tciii uni c~~tnhcleciiiiento ~ ~ e n a l em uma das ilhas de Andaman, rio iii:ir dt. Beiigala; o governo franccz teni iilaiid:ido para n Sova Calcdonia e para Cayciina, os rbus coiii1ciiiii:~clos :L tra1)allios publicos; o Iicspaiihol prc;jccta fazcsr ciii unia da:: illins 3l:~ri:iiiii:~s i i i r i

c.stabcleciinciito siiliil1i:inte; c ii:~ illin dc 1:crnando Noro- nlia existe iim pcrtcwt*cil.tc, :lo l3r:rzil. Alii todos os clcgra- dilclos se occiil1niii ria c.~l!t IW:L c l :~ terra, na pesca ou ciri oii- tros inistcrcs; c o I ):i iiliicto do scu trabalho C apl~licado d

L)c,sda tciiil!os rcmotos foi costuinc rii:iritl:ir ob criiiiinosos l ' i ~ r : ~ o ~ ~ l t r n i ~ i : ~ ~ , fiç:tiido awiiii o povo tlc l'ortupl livrc da 1 ~ r c ~ ~ ~ y : t ele' 111" griiiitle iiuiiicro d'cllcs. l3 b coiivcnientc

. que (v'ia lr:iti:.it li30 st'j:~ anniillncla, prevenindo-sc assim tatnbcrri a cvcilt~i:ilidade aciiria inclicada.

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CAPITULO IX

1,imitos d e Angola - Conren@o d e 1786 entrc Portiignl Franya -Tratados dc 1810, 1315 e 1817 antro l'ortugsl e a Grau-llretaulia -Direitoa d e Portugnl reservados -- l)uao.ipterpretação em 1845 - O commerelo do rio Zaire - Motivo ila ultima inter- ~~rnt?fKo- O Atiibriz ocbopado eui lP53 -- Feitoria, ii:ru rnnrgeiis (10 Zairc c: ii:r costa- Os Moasiiroiigos -I~,:giilos v:isaallos de I'nrtiianl -AI:ri.gcti~ rsquerdn do rio necasa r ia i provlntia -l?ossibilidadc d r riina trarir:ic,;ão - l i i (I i rn~iie~ a cate rrs- pcito - Instrucpões doùaa ein 189s no nliiiirantc Norriiilin - - Sciis rcsiiltados yrov:i- veio'- QucatGeu de liinitcy teriniiiaùan i~ii:iiito n Tiiiii,r, Iiitlia e illin iie Bolama -- As i0latlvns a bahia de Lourenyo Mal.il!~cs, i baliia de Tunpiic c ao rio Cnsamaiiin cstkb ycndentos -Tratado com a repiiblica do Tl.iins\ : ~ a l - O padroado da cor0a dt: F o r ~ u g a l n a Asia -A concordata c o a a santa sú - Scii i~csultado -- Convcnien~ia de ~ J U aecurdo deflnltivo.

P:iss:irci agora a fazer algumas observayors Acerca dos 1i1ri;t~s s ~ ~ 1 ) t ~ t ~ t r i o n a e s da proviricia d~ Angola, n cujo res- peito o governo britannico lcvantoii, 1i:i anlios, iinm ( p i e s -

tão, da ~j1~81 se tratou largaiueiitr CIIL dois opi~sculos, pu- I~lic:~d»s ( s i i ~ 1835 c 1856 '.

A c o r í i ; i tlc Portugal t e i r i siintentz~do s e r r i p r c o direito que c o i i s i d e r a ter, desde o reinado dc L). Jo%o 11, sol~re a costa d:i Africa occidcntal, comprclicndidn cbritrc o 5" c li?", e O

8' de latitude austral, em ci~jo c s p a ( ; o sc achniii os portos t l c l h l o l < ~ i i i b o , Cnbirida e a foz cio rio Znire ou ('ongo.

No : t i i i io dc 1783 foi construido uiii forte cm Cabinda,

1 G < ~ : I I \ ~ - S C :\s iiirinorias intituladaa: D ~ n l o ~ l s l ~ ~ a ~ i i o dos direitoa que tem a coroa de Portugal ao tert-ito-

vio de Molern60, rle C'tiLinda e Ambriz, pelo visconde dc Santarem, Lisboa, iiril~rc~i~sa nacional, 1855.

E'aetos e co,~sidernçòes ~.eZntivos ao8 direitos de Portugal sobre os territorios tlc ilfolcnlbo, de CaLindn e (10 Amlriz, prlo viscoiidc clr S:i da Baildcira. Lisboa, iiiiprciisa nacional, 1866.

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1)or ordcni do governo portiigicz; e 1i:lveiitlo i L respectiva aiietoridadc cinbaraçado o t~iiibarque de escravos n'esse ~wr to enl navios francezcs, a~~rcsentoti-ic ali, iio anno sc- gtiiiitc., iiina espediçlo naval mandada dc França, a qual tomou o furte, cliic hc achava incoinpleto, e cuja guarniçh havia sido diziiiiail:~ 11cla- febres; c cin seguida restabele- ceii o trafico ciii ctwr:i\ 0.: (>i11 clrnbareaçOes da sua qação.

As rcclaiii:iyGc~~ c iicqoc3ia$cs clil~lorriaticas, a que estes factos dcraiii logai., : c,giiiii-.c iiiiia. coiiveiiyno c,iitr(, l'ortiigal c :L Fr:iiip, ; ~ s s ipada ciii 30 d(, j:iiieiro cle 1786, e nrgo- ci:lcln cs i i i l\Iadrid, sob a iiicdiay>o do gorcrilo de IIey~niiha. NJc,sqn occasiZo declarou o einbaixador de França, cni nomc c10 Iici seu amo:

« Que 1'o~l)~rlition doiit a &t& charg.6 M. clc lllnrigiiy i 11':~ point i.tC f:iitc a ~ c c l'intention de troiibler, :iff:iiblir iii cliiiiiriiicr Ics droits qii(. la I(ciricx trixs-fidble l~ritciid avoir U 1:i soiivor:~iiic~t& cle 1 : ~ ciitc de C;iliiiidtl, coiiiiiic8 f':ii.:iiit partic clu ltoyaui~ic d'Aiigola, et que, oii coiisBqiiriic~c~, Sa llagcstb tris-chr&tieniie donnera les ordres les pliis prCcii, 110w que s ( l ~ goiivernriirs dans lcs iles; scs officiers clc iii( i., ou aiitres si~jets, ne mettent, directement ou iridirccteiiiciit, Ir iiioindre obstaclc, empêchement, ni clificiiltC, soit a\ (.c. 1~5s il:itlirtfils du pays, soit d'une aiitrta iiini~iBrc~, 1:i ditv sou\ ~i1.:ii1l~t6 r t h xon escrcicc.

E fi)i :il)l)cll:iiitlo para c.st,z convrii~5o, ('"1 16 cle fc- vcrcliro clr 18.55, sc~iido ~ i i iiiitiistro (1:i iii:lrinlia, o sr. iriar- ~ U P Z clc Li&, iiiiriistio clc Fraiiya c111 Lihboa, iii(: inostroil iirn despacho c10 coiiil,, \ V i i I ( ~ ~ ~ k y , iniiiiitro (10s negocio., estrangeiros, cm qii(\ 1 1 1 ~ t l iz i :~ rliicx iiiit:issc, coiii o goveriio portiigiiez para qiw caite or(l('na>ic :ih s~ i a i :i~i~tori(i:icl~>s d t ~ Afric:~, ~ I I P ~ i % o l~oz(~~sc~lli i i~il)(~(lii t~ri~to :11giilii ao comiu(>r- cio fi.;iiic.c>~ iio rio í5;iirc (I ao ciig:qjniiiciito tlt: tr:ibalh:idores livrcs, na coiiforiiiicladc do tratado (I(> 1786, ]>(tio yiinl cra ali pcnilittido o trafico de escravos, para se n5o crearem coriflictos cntrc as auctoriclaclcs portiipezas e francezas.

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Alcin dai tres potemias maritiinas que tomaram parte i in coii\c~ii(;:io, ~ ~ ( ~ i l l i ~ i i i i : ~ oiitr:~ 1v~:llitou objecção a SCII rcs- 1~ , t o ; I I ' , -:i t ~ l ~ o v l i ~ ~ :I l Ioll : i~i~l:~ i1 l~ ig l ;~ tv r r i~ f:izi:~iii o ti.,itico i i i i i.-ri.;i\ oh i~':i(~ilt~lla parte d : ~ costa :ifricaiin.

1i;ii1 19 i;,\ c1rcii.o d(b 1810 foi assignaclo no Rio cle Ja- neiro iiin tr:itado clc :illinnya cntrc Portugal c n C;i.:ln-Bre- tanhn, ein ci!jo artigo o 1)rinçipc rcpcnte de I'ortiigal promctteu iiZo pí~nl i t t i r i105 .tsiis siibditos o fazcrcm o com- inercio iicgros, cxceptiianclo-se, coiiitndo, aquclle que sc fizesse 110b (loiiiiriio~ africanos da corO:~ ~ l e Portugal; acres- cerit:iritlo-sc. :L tlcclarayLio scgiiiiitc :

«%lar d c ~ r eiiteiiclc~r--c. cli~tiiirt:iiiiciitc~ qiie as cstipula$es do ])rc~,c~iitc :irtigo ii>o scrZo coii~id(~rnd:~s como invalidando, tlv inotlo alfiiiiri, os (lireitos cln corria, clc l'ortiigal aos terri- torios dc Cnbiiicla c i\lol(~iiibo, ci!ios tlir(3itus ti)r:iiii eiii outro teiripo ~1isl1iit:~dos l~elo guveriio de Frniiya. ))

Por cs t :~ c~.,til)iila+io o govcrno brit:iiiiiico reconlicceu a validade d'nqiiellcs direitos. E no trnt:ldo de 22 de janeiro cl(. 1810, bcni como na conveny?io a~1tlicioii:il dc 28 dc julho dc 18 17, foi confiriii:itl:~ :i ic~iitri(1:~ clcclnr:ic.>o.

Eiii 29 dc iniiio (1, 1845 fi)i .assignada iiiiia convençao tsiitre a Frniisn c a 1iigl:itc~rrn para a siipprcss110 do trafico d : ~ ebci.:iv:~tl~r:~ iin cu5t:i. occiclc~iital da Africa.

Esta coiivciiyio clclu logar n que o governo portuguez pe- disse ao govcrno britnnnico certas explicaç0es. E lord Aber- clccn, sccretnrio d'estado dos negocios estrniigciros, respon- dendo, cni 20 de setciiibro do iilcsnio niiiio, ao iuiiiistro de l'ortii=;al c111 Londrcs, dizia na sua iiot:~ o segiiiiite:

O nb:iiso :i\iignndo considera coiiio seu 1)riiiiciro dever tl~~c~l:ir:ii~. cl11(~ ~ ( ~ ~ h i i i i i a reclamação que for t'cita ao governo . cl(t Su:i JI:i=;cotade Ih-itaiiiiicn, fiiiidad:~ soljre a alliança e siiiizaclc: qiic clcsde t%o loiigo tciri1)o c t>o fi~lizmente existe entre n (~r;iii-l'>rc~taiilia l'ortugal, dcis:irií de o achar dis- posto :i prc..t;ir-llic unia seria c f'~~vorave1 attcnção » . . . e quc :

« (,)rinnto 6 cool)cr:iy>o clas esquadras iiriitlns de Inglaterra (, tlcb Fi:inqii iin costn africana, incliiindo :i l)nr$ d'clla que

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cst:i sob o (loiiiinio da coroa de Portugal, oii a 11:lrtc? Acerca da qual os dircitos reservados de Portugal ttêein sido reco- nhecidos, o almiso assigii:itlo cleclar:~ por i i i i i : i I ( , I ! (a t oncc) (ju(> a u)n~riiq>r>, pcl:i qual sc 1igar:~in a (ir:iii-Urct;tiili:~ (: :L P1i.:inqa 1130 tciii por firii ofli~iiiltbr dtl iri~)tlo :i.lgtlm o3 (lir~itos dc I'ortiigal. 1)

Pttlo q i ~ ( ~ iic:i cxsposto r?-se qual era a iiiniieira corno o govcrno britoiiiiico considerava os dirc7itos rcscr~ndos de Por- tugal sobre a costa. mencionada; cstaiido a.;siiii dc accGrdo os dois goveriioh, qnanto á. intclligencia (10.: tr:it:idos.

M:is aqiiclle govciriio, scndo lord Paliiicr~toii st.ci.ctario (1'cst:ido dos ncyyxios cs>tr:~iigc~iros, aprcwiito~i. e111 24 no- vt~inbro dc 1846, iiiiia iiov:l iiitc~l)rckt:iy5o (lllh iiic I I , O ~ tr;i- tados, na parte que diz ~ ~ h i l ( ' i t 0 : I I )S (litos dircitos rrbt>rv:i- dos, clizcrido: qur, cteiil c1ii:iiito (1, dirtxitos dc l'ortu,rr:il ;i soberania c.scli~siva e h jiiristli~2o. tlcsclo o 8 . O grau at8 ao 18.' grau dc 1:ititiitle ni<'ridioiial, fii.:iiii iiitchirniiiente reco- riliccitlas pelo governo hrit:iiinico, o scu dii-vito, desde o 5 . O

grnii e doze niinutos, atC ao 8 . O grau cle lntitiitlc sul, niio fUr:i reconhecido». E insistiii em snsteiitai. . i -ii:i iiova in- terpretaçlo, cspecialmciite depois que o p o r t ~ ~ (10 .\iilbriz foi occupado por forças portiignezas em 1855i. Este proceder deu motivo :r. iiiiia longa corrcspoiidciicia (1il)loinatica cntrc os doi3 governos.

A iiova iiiitcrl)retaç"a foi adoptada pelo govcriio britan- nico, scin tlue liouvesse disciiss50 cntre elle o ~ O T erno por- tiiguez, como a. justiya o exigia; l~ois q i ~ c n h ppú'lc admittir- sc., que uiua tlns l):irtcbs contr:itaritcs, l)or si só, sem o concurso d : ~ outra partc, tenha direito de f:izcr vigorar lima nova in- tc~rl)i.etap?to das estipidaqGes dos tratacios. 1)e outro iiiodo, clstcs tornar-se-iam perfeit:imente iniitcis, oii seriam apcnas vantajosos para a mais forte das potciicias contratantes.

Sobrc a necessidade d'csta. occupay%o dirigiu o consclho ultra- marino (do qual eu ent%o er:l iiii~iiil~ro) ao govcrno as suas consultiis dct 5 de abril dv 1853, 14 dc jiil1io.e 20 de outubro de 1854. Forain cll~is qiic dctcriiiiiinr,wn a occupaçiio d'estc porto.

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S:i pu1)licayZo jA citiqcta tratci estcilinii~ciitc~ d'csta qiies- t: o. iii.is 1):u-a o prcscntc escripto 1)nstn o clu(' fica dito.

O governo britaiinico adoptou a nova interprctaqSo coiii o tiiii dr proteger o comrnercio niuito liicrntiro que, na costa nieii- cionacla, e no rio Zairc, fnziaiii vari:is iil.iilas CIC IIanchestcr, deLiverpoo1, de Gl:isgow c de oiitr:is cicladc,.:; coiiiinercio este que preseiitc~iiickiitc i, iiiiiito iiinis \-aliou0 clo qiic eiitso era.

O govcxriio ~)ortugui~z teve cm consider:ic:?io cxit:i circiim- :;t:lnci:c, c l u ~ ~ l o o 1x)rto do Ambriz foi occii~~ado, cst:ibclc- liid ido o (lirtbito do (j por criito sobrc as fiizcn(1as n'ellc iiriportxdas, clii:iiitiii rcliiivnlrntc :iqiiella que, sob a fiír- i i !:i ( ! ( h 1)rvscv i t ~ ~ ~ :iL. c ' : I~ :~H cstrungeiras pagavali1 aos clie- i; iiitligcnas d':iqiic~ll:i loc~1licl:ii1(1. Dcrrinis, pela occiipny50,

zons ficariam protc~gidos 1)cfiln Ii:indcira portiigiicza, d<.isando aisiiii de cstareiii expostos aos assaltos c roubos rliie, rlc tein- 1)n.; :L tcinpos, os iiegros lhes fazi:iin.

& v a i caias por6rn rctirarain-sc para o porto do Qiiiccm- bo, ao rioi.tc. do rio 1,ogc e a poiica ilist:lnci:~ do Aiiibriz, 1):irccca q i i ~ por cawa da exigencia dc certas formalidades ncliiaric~ira~~. Coiist:~ que ,.ilgumas d'ollas tem regressado.

14; ct.tc o c1ct:itlo l ) i~~~c i i t c~ ela- coii :i. rc~latir:i~ii~~i~t(~ :iqi~ella 11:wtc (1% cao~tn :ifi.ic:~i~n. 0 govcriio ljortugiicz tcm procu- rado, por vcbz(.s, t(~~.iiiinai- cstn rliic~stao, por meio de nego- ciayC<'s dil)!c,iii:itic:~i. ~ii:is :iinda c,st:i pciiiclciitc:. E liorkm de

. . (~s])cSi.:ir 1 [ I I ( ~ ? 1,111 0~'~:151::0 opportuna, clln ser6 rcr;olridn con-

Na-, mnr,gí.iii (10 rio Zaire existem iiiiincrosns fcitorias pcr- tc.iiccxitcs a firiiins coiiimcrcinrs cle varias iia<:Ucs, achando-

1 :L irinior parte d'cllas estabclccidns no Porto da Lenha, i i , ~ direita do rio, c a ixrrias 25 milhas da sua foz; e ~11:~s fazchm milito ncgocio coiii 01. iridijicnas.

Acima d'cstc porto, na poroay311 tlc lioiiia, na mesma margem i10 rio, aonde chegar11 o:; barcos dc v:ipor, faz-sc preseiitciiiciitc~ iniiito cornmcrcio.

Estc tr:ifico i ( b i i i por4iri coiitr:~ si os iiiii.;qorongos, iic- gros qiic 1i:ll)it:iiii ii:i irinrgcrn e qiicrda c erri algiunas illias do

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Zairc, em muitas ;~ld(*ias, c quc pnssiicm grnnclc iliiinero de barcos, dos quacs algiiiis podcrii l(b~ar 7 0 Iioiririis. EIl(.s s:l<, piratas clc profissEo, c esigeiri tribiitos dos iiiais indigcnas que n:lvclF;:iiii iio rio. Os .;i:~vioh I ~ I I ~ O ~ ) ( ~ U S C : I ~ C C C I ~ ~ de ter iiiiiita vigi1:iiici:~ (luarido cstno ai~corados, para n b scrern snrprelieiiclidos c roubados.

NEo ha rnuito tempo que uni iinvio inglcz foi por cllcs assaltado c saqueado, e o seu sobrecarga foi Icvado prisio- riciro; c para ser rcstituido d libcrda(1e. iio fiin de trcs sc- ~i i :~i i : i~ , teve de pagar iiin g1'04hO re~gate. Poiico teinl~o :~ntcs 11avi:~in elles atacado c cl(x.truido unia barca aincri- cniia. SIio iniiiiinrraveis os ticus :~t:lcliie!: c roubos.

O castigo dos iiiussoroiigofl (: c.sti-riii:iiiicntc difficil de se llics applicar, porque t~uaiido 40 1)c~rsc.giiitlos, fogem nos seus barcos para os rnaiigiics que or1:iiii as iii:irgciir do rio e as illias, c entre estes :irvorcdos tbsc:il);iil~-+(~ 1101' \-crcdas cs- ti.cbita4 c tc~rtuosas, cliie súiii~iitc (~11~s ~ o i ~ l i ( ~ ~ ' c . i l i

No p:iii. 1inl)itaclo por cstc povo, e :i IJoLicas lcguas da foz do Znire Iiouve iiiiia miasao dc cal~iicliiillios italianos, cluc eram prot(~gidos pela aiictoridii tle 1)ortiigueza. Como vestigios dos seus trabalhos trazciii, muitos d'estes negros, umas cruzes de metal no pcscoyo, tendo, ao iiicsmo tempo, idolos e fviticeiros, quc srio os seus sacerdotes.

IJiii riiiiiiero consiclcravcl dos rcgulos ou chefes de tribu, d:is (liias iiiarpns do Zairc, têeiri reconliecido a soberania da cor& tle 1'0rtiigz~l; coilio se poc1~r:i ver nos tcrmos de vassallagcii~ por c~1Ivs l~r('st:id:i, OS cliiaes cxistcni nos ar- clii~os d : ~ secretaria (1:~ iiiariiilin e ultraniar; alguns d'clles (121ta1n do tc~nipo (,i11 ( ~ I I I ~ :I t , l ( ; T i o 11:tv:~l do . l i~gol :~ (,r& COU-

rriaridnda pelo sr. \ ir(,-;iliiiir:iiit(~ Iiodu\r:illio. C:oiiviria collecc.ioii:ir toilo:, cstt s docuinentos, para que

pow:iiii ""r oinj)r~~g;ul~ I', qi~:ii~rlo iiov:iiiicntc se tratar de fa- z , ~ \:il(~r, os (lirc'itoh (Ia c.orfi:l tlc Portugal, cuja reserva i ) 1, , r110 britaiiiiico liavia rccoiiliecido cin tres tratados diploiiiaticos.

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Se a margem do si11 do Zaire fosse occupada por forçaq portupicza.;, haveria a possibilidade de obrigar os riiu\:o-

rongo* a ccssarcm os seus actos de pirateria, poisquc~, por terra, se poderia entrar na maior parte das suas aldeia5 para os punir quando o merecessem. Assim se daria segu- rança ao commercio e d navegaçlio do mesmo rio, o que seria util para todas as nações quc ali concorrcrti.

Se da ncgocinç5o sc n>o podessc conseguir tudo aquillo a que temos jus, 1120 se poderia pordrri prcscindir da. parte que Q indispcrisavel.

Portugal reclama um direito, de que não tein fcito uso ha perto de um seculo. P6de pois, sem detrimento seu, ceder ou abandonar, uma parte d'esse direito, a fim de assegurar a realidade do domiiiio da outra parte.

A posse da margem esquerda do rio Zairc 6 indispensavel ,(I provincia de Angola. E para se obtcr a sua acquisi~ão indisputada, seria uni acto de boa politicn prcscindir do dircito quc tem a uma porçTio da costa situada ao norte do mesmo rio.

li'azcndo-se uma transacçzo solbie a basc que fica iiidi- catla, heguiria o governo portiigiicl: o ~ s e n ~ p l o do que rc- cciitciiirmte praticou o governo do. Paizcs ljaixos, cedendo ;i ( irali-lirctanha todos os fortes que possiiin na costa da Mina, dos quaes o principal, S. Jorge da Dliiia, chariiado Elmina pelos hollandezes, havia sido construido por ordcin de cl-rei D. João 11; e em troca d'esta cessiio receberam os Paizes Baixos certas compcnsay0cs, destinadas a asse- gurar O seu dominio na grandc ilha de Suniatrn.

Quanto ,(I ncgociaçlio rclativa ao limite do Zaire, é pos- siv('1 (111~ clla scja contrariada pelas firirias inglczas acima intlicadas, empregando para isso a influencia commcrcial e parlanicntar que possuem. Mas a sua opposiç80, poderia, porventura, ser modificada por meio de estipulaqGcs libe- raes relativas ao commercio da costa africana de que se trata: como, por exemplo, concordando-se cm que a na- vc.gaçlo do rio Zaire ficaria livre parn todas as nayzes; íl11c nos portos portuguezes situados entre a foz d'este rio

11

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LUZ

c. O a\iiiluriz, lino sr eatabeleceriaiii alftiiid(~gas, neni se co- I)r:iriniii iiiil)o\toq, durniitc um determiil:tdo numero de an- iio.;, etc.

r 7 lalvcz cjuc tlsta questão, suscitada pelo governo inglez, ciii iiuvcnibro de 1846, nlo existisse, se o vice-almirante Noronha tivcssc tido tempo, corno governndor gcral de An- goI:i, clc por ri11 cueciiqâo as instrucções reservadas, assi- giiatlas por iiiiiil em 4 de oiitiibro clc 1838, quc recebeu ii:i occ:i-i5o tl:~ sua partida de Lisboa 1):irn a Africa, nas cl~i:ivs SP ~oili~~rehcndiam as disposiçh wguintes :

So lj 3.') tratando-se do zairc, di%i:i-W qii(> :L grnndcza cl'c1.t~ rio, :L SIIB nave,rrnquo e a riqueza tl(v 11:ii~t.s n que (1;í :icecbsso, iiit1ic:~vaiii qutk iiiii:i cidade que fosse edificada em algiliiia (1:i.i siia. iiiargcns, em sitio aprol)riado, 1i:tr.i;~ de toriiar-se, coiii o triiipo, iiin dos maiores cnipoi.io. do coiii- iiicicio tln 12fi.icn occiclcntal. 'E por isso se ~i~ien:ivit :iv gov(~riiat1oi' g( r;11 qilr c0111 todo o ciiiclatlo fizrssc escolher um local, quc a. todos os rcs1)eitos foiac o melhor, para alii se fiiiidar uma grande coloriia, n rliial se chamaria Nova Li,l)oa, pcla bcin fuilclada eoperanqa dc (lu' olla, crescendo ciii eominercio, riqueza c popiilq50, se to ri ia ri:^ iiic.rc.cedora tle tal tlciioininaq2o.

S o 12.O declarava-sc: int1ix~)eiisavel u occiy):ic;?~o do 1)orto do Ainluriz, pelos motivos qiic se mc.iicioiiii.~>~~i~; e o rnebiiio stx ch i a no 8 13.' Hccrca da occiil)n<;Zo tlc, (hl~i i ida t b Molcinbo.

No $ 14.O orilciinva-se cluc quanclo se tivrssc verificado n occupaç~io (10s tlitoq portos por forqas portuguezas, ne- nliuiiia altrra?%o .r deveria fazcr Acerca das relações com- merciaes que ii't.llt~r tinham as nações estrangeiras: com as , qunes se prociii,:ii.;.i iii:iiitc~i- n iiiellior harinoiiia. NO $ 15.O o rd (~ i i :~~ i i -~ t~ ( ~ I L ( , 11111 (I( ,q 1)rincipaes motiqos

da occiil,:i~~io do, dito- 1)oi.to~ crn o de siiliprimir o trafico d:i cscravatiira, que eiii graride escala n'elles se fazia; e iiinndriva-sc qiic esta declaracZo se fizesse publica.

Ko 9 1 6 . O tlizia-se quc, terido-se introduzido, sob falsos lretcstos, iior tloniinios portiiguezcs algumas iiaçc)cs mari-

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t i m a poderosas 4, cara prcci.;o (111(~ tivcmryiostodo o t~iii- dado cm assegiirar o (liir. nos pci.ti~iici:~; c por isso r (~oi i i - iiit:iidava-se no gorcrii:itlor ;(>i.:iI clucx tivesse riii :~tttbiry>o os portos da cost:~ no si11 (I(, IIriigiicll:~, c~iitrc~ ellcs o tlc.

Mossamedes, onde se deveria fazer iiiii forte, ciii que s(,

hasteasse a bandeira portugueza. E m o 9 1 7 . O ordenava-sc que fizease exnniinar o porto (I,,

Pinda, jiinto a Cabo Negro, c a costa ati. 20" de 1:ititiicle uiil. Posteriorinrnte foi fiiiidacln uma colonin eiii Illoss:iiiic-

dcs, c f i~i oecupado o porto de Pinda, bciii c8oirio o' tlo

Aiiibriz. C,)u:iiito :io Zaire, Clabiiida c Molcm1)o nada se fcz. Fica (lito aciriia que talvez a qi~estZo Acerca dos direitos

i~c~-c~i~v:itlos se nbo houvera suscitado, se :is iiistrucqGcs ineil- cio ii:ul:is tivessem sido executadas. A i.:iz%o 6, porque cn- tre a data d'estas instrucçõrs, dadas riii 4 dc oiitiit)ro dc 1838, c a d a nova iiitcrl)rctayao inglcz:~ coriiirturiicnda ao govcriio por tupea (.i11 iio\-eiiibro de 184G, mediaram oito annos. Demais o trat:itlo c'iitrc Yortugil c a Gran-Brcta- nha, para a aboliquo do tr:ifico da cscravatiirn, foi assi- gii:itlo cin 3 de julho (lc. 18-42 : c, ~cíincritc depois é qiir crn I .o;iil~l;~ hi ii~stnllada a comiiiissZcr mixta, qiie dcvin jiil;:ir

1 1 - i i : ~ \ i i i - iicgrciroç :i]~r(~zados, a qual rra compost:~ dc tloia . .

J I I I L ( ' - t~o~~nish:ii ' io~, 11111 ~)ortuguez C oiltrn iiiglez ; e foi este iiltiiiio queiri s~ih~itoil ao seu goreriio : i iiova iiitcrpre- tação dos tratados cluaiito uo rcconheciiiieilto (loù direitos reservados, como corista dos dociimentos offiicincs apreseli- tados ao parlamento britannico.

Ora, se antes do govcriio inglez ter adoptado a nova in- tc.i.l)retaç$o scx tivesse feito ,z occii])nqTi« d o ~ rcfividos por- to.., & l,rovavcl, cluc ~)swil isho H(, iino riiconti.:~w> o1)fitaciilo.

O 5 3 . O das ditas iiistri~cyoes era. tcstualiiiciitc o seguinte: (10 trafico cm escravos havia absorviclo toda n attencão e

1 Referia-se aos actos pratirados pc,lc,- i i i g l e ~ c ~ :iccrc:i da ilha de Bolama e da bahia de Loiircriqo bI:iicliic~.; aos dos fi:iiicczcs rcl :1 t' 1vos ao rio Casamanaa; c aos doi: holl:iiitlczca no porto tlc Atn])iil)o, eiii

Tiiiior. Y

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todos OS nleios dos capitalistn~ c' (10s negociantes; a cultura tlns terras, :i lavra das iiiin:~~, O coinmercio em cêra, mar- f i i i i , goniiria c muitos outros geiicbros, tiido tcm sido olhado <<ctnio poiico proveitoso. E coiiio para o trafico bastani poucos I i o i i i ( ~ i i . , os portuguezes da Eiiropn q i i ~ 1)odcriaiii ter au- Q I I ~ , 11t;l~Io :L (>siaassa 1)o11iilaq~o (le AIISOI:~, tciii-sc dirigido i i o llrazil ( l ~ i i grande iiiiiiicro, porclilc ali acham crn qiie traballiar. E por esta fiiriii:~ o corriiiicrcio da c~scraratura, tornnnílo alguns homens ricos, dcixa pobrc aquellii colo- nia: M o acontecerá assim, logoqiic t%o ruinoso commer- cio acabe. A agricultura, o cominercio c a industria, para que a nicsma colonia oftèrece tEo ricos ~lernentos, se des- cnvolvc.i.20 : :L po~u1:iq~o C I ' C S C C ~ ~ ~ ; C pcla nffluencitl de por- tugu(~zcs europeus, tudo iiiiidar8 clc f ' ; ~ c ~ , c a prosperidade de Aiigola scrA trnnsccridcntc: rnas para isto se conseguir 6 iiccc~ssario ciiie sc siga coxn pcrsevcrança um novo sys- tcSina. . . ))

E: fiiialiiicntc dizi:l-sc. qiic aquellas instrucçães reservadas serviriam de gui:i tanto ao governador geral, vice-almirante Noronha, nos pontos n'ellas indicados, como aos seus suc- cessares; devendo elle entrega-las a qiicm lhe succedesse no governo, para que fossciii I(.\-adas n cffcito siicccssivamente, e A l)ro1'oryk1 que as circurnst:iiici:ts o pcriiiittiss~in.

1):~s iiistr~i~çijcs oit~atisiv:~~, (pie com (lata (lc 3 tle oiitu- l)ro, t;~i.;iiii t1:lil:is :i() \ icic-:iliiiii.ante, bastar:L transcrever aqui o.: ~clgiiirites parngraldios :

2 . O il1:iiitlnra executar o dccrcto ( 1 ~ 10 de clczcmbro de 1836, qiie abolira o trafico da cscrav:~tiri*:i.

10.O Rccoiiiiiiendava-se que vigi:is~ct cbiri que se c16sse aos negros toda a protecyiio (pie as leih coiic.cd(~iii aos subditos clc Sua Magestade, qu:ilqiirr que scj:~ a si1:i cGr, de sorte qiic as suas pessoas e 1)ropric~tlntles scjaiii respeitadas. .

2 O . O 1)ii l i ;~ qiie do I<io d r .l:inckiro sc tlr~verin receber cm Aiiqo1:i lima por$io cnn~id(~r:i\c~l tlv 1)l:iiitaq do chii c in- strlicyi;( 5 si,l)r(> :I si li^ ( '~dti~r:l, (1111, o (.o111111 geral n'aquclla cidade liariii sido ciic:irrc.g:i~lo t lv iii:iiitl:ir para ~qucl la co- lonia.

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24.O Ordenava que aos militares que tivcasem servido tres n11110b em Africa, e que quizessem estabelecer-se na provin- ci;i Ihes dessem terras, ferranlcntas, sementes a meios para viverem no priiiit~iin nnilo, e que se concedesse trani- porte gratuito As suas iiiiilhercs oii noivas que fosseiii t l ~ Portugal ou das ilhas :~dj;icentes.

Havendo-se retirado de Angola o vice-almirante; c, d<.i- xando a administração o miiiistro que dera as iiiitriicqG,hi, poucos foram os artixos qiie sii1)secliicriteiiicnte tivcraiii csc- cuçã.0. O que foi rrinis uiiia pro\-n dtl ( I I ~ ( ~ :t> fi-ccl~~cntemu- danças dc iiiinistror c tlc goveriiaclorcs. ~ Y I O nocivas boa adrniiiistray50 dar proviiicias iiltraiiinrin;ih, pela intcrrupç%o, ou abandoiio, da exccuç30 de prcjectos iitc~ih, qiic dexnan- dam perseverança e largo praso de tempo para se poclereiii lcvar n t.ffeito.

Alern d'esta qiiest80, Portugal tinha, ha alguns arinos, outras analogas, relativas aos liniites de certas provincias c10 ultramar. Uma d'ellas, era sobre o direito ao dominio do alguns territorios nas ilhas de Tinior c Solor e outras adja- c~~ntc~s . Esta foi resolvida por um tratado, em que se fixaram o , liiiiites das possessGes portuguezas e neerlandezasi. Outra rcfcri:i-se á deliriiitayso do territorio britannico na India, e das possess(ics portuguezas dc Goa, de DaniZo e de Dio. Esta questão foi tambem satisfactoiiaincnte tcrmiiiada, pelo p- neral conde de Torres Novas, durantta o 5t.u governo do es- tado da Inclia. Outra, que se refere 4 parte nicridional da ba- hia de Lourenço %Iarques, acha-se submettida A arbitragciii do presidente da rcpublica franceza. Outra, ácerca da bahia de Tungue, ao sul do Cabo Delgado, ila provincin de BIo- y:iiiibique, que está e n ~ poder do sultão ile Zanzibar, c que sc reclama como pnrtc da mesma proviiicin, ficou pendente pelo tratado ?justado com este potciitaclo pelo gorcrnador geral d'aqiiclla coloiiia o sr. general Tavares dc Almeida. E m Giuni~ aclia-se reaolvic1:i eiii i l . ; ~ i i':)\-oi, por sentença arbitrd do presidente dos Estadoh I'ii',los da Aincrica, a

1 Fui iicgociado ?c10 sr. Fontes Pcrcira dc Rlcllo.

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loiiga I . tc.iiaxiiiciitc sllst~~lta(l:~ contestac;?io sobre o direito á. ilha tle Iiolaina. E para cstcx Loni resultado concorreu, seni rliivid:~. a clara dcino~lstr:i~>o do direito de Portugal, fcita e111 iiiiia iiieiiioria rrdigida pclo sr. marquez d'Avils c de Uoliiiiia.

Entre Portugal e a França resta ainda definir os limites dos seus respectivos tcrritorios ii'rstn parte da Africa, visto que asaactoricladea francezas (1% ~-olorii:~ do Seilegal fizeram oc.ciip~r, iio anno de 1828, a iiiargciiri rlircita do rio Casa- 111n11*:1, que era, at8 então, considerada territorio portiigiiezt c. coii.4triiir uiiin fvitoria fortiticada no ~ i t i o de Selho oii Setlliiou, a iiiiias trinta leguas da sua foz, e iiiiiito aciiiia do ~wqu(~no prcsidio yortugiiez de Zcgiiiclior, situ:ido lia ni:ir- p i rn c~squcrda. E: ii'esta riiclqiii:L iiinrgem têrm os senegalen- ses coiitiiiuado as suas iiiv:is(ie:r I .

E s t ~ rio 6 iin~cgavrl 1)oi. gi.andes navios ntt! nciiiin do es- tnbclccim~~iito ~)ortii~iici,. 13 cblle cliic deve servir dc limite c~ittrc, :IH 1 )os s~~sÕ~s l~ortiig~lezas e francezas. Scni iiiuito con- veniente quc esta questão se termine por iiiila coiivençffo, t b que a?io oe dciiiorc a sii:i conclusão.

I'or iniciativa nii~ilia foi concluido iim tratado qiie fixa os liiiiites (lx l)ro\iiicia de BIogainbiquc e da republica de 'I'rarisvnal, o qual 6 miiito importante2 para clvitar fiitiiras i~oiitc~~tayões a tal respeito. I

i1 cjiitt.t>o cntre Portiigal e o Vaticaiio. rc4:itir:~ :io di- reito dc padroado cla coroa portiigiit.za, sobre. c.ci.tas igre- jas d : ~ A~in , pelo qual nlgiiiir l>i.rlio.r d(l t1ioccsc.q situadas cnl territorios nr~o portugllcz~s, brio nl)l-ebentados pela incsnia coríia, nao estA ainda teriiiinatln. E cll:i iiin legado da itsur- i ) a $ i ~ hespnnholn.

l)ts(lc que em 1640 sc ~ffcctuou a rcstniira<ão da inde- lcn(lcnc.i:i dc I'ortiigiil, o 1';il)a I ~ ~ O cluiz confirrriar os bis-

1 V(:j:i -0 :i 01)m i~ltitl~lad:~ : Dr~criptio~z ATaufiqlle dea cotes de I'Afi.er~c c,c~cirl~ir/~cIr, p:ir H ~ ~ r t - J ~ i l l : i i i i i i ~ ~ ( ~ z , Paris, 1856, pag. 39.

2 Foi iic.goci:itlo l~('lo -r. isíwiitlc clv Uiiprat, qric l~rescntemente 6 C ~ I I < I I I E ( ~ ~ : I I (11% I ) I ) ~ ~ I I , C : I I ~ 1 1 1 ~ J ~ ) I I I ~ ~ P S ,

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pos nomeados pelos nossos reis; c o Collcgio dn Propagaiiil:~ foi inandando prclado~ ]):ira :i> igrejas da Asia.

Eiii 23 ( 1 ~ marqo cle ItiCiO o govcriio portupez deterini- I I O I I , (111" v ~ n (:"a 11Zo sc dcisasseiii entrar os bispos niaii- dados de Iloiiin, c que no caso de 15 se iiitroduzironi fosseni rcmettidos para Portugal. Depois d'quclln epocha, tem con- tiniiado até ao presente as hostilidades da sniita sG contra o direito do padroado da coroa portugueza'.

Nos arcliivos da sccrctaria da marinha se achani extensas correspondencias officiaes relativas a esta miii antiga pcnden- cia. E ahi estIo as representações cle uin arcebispo de Goa, dirigidas á Rainha a senhora D. Maria I, nas quaes elle se qi~cixn de que os padres italianos, enviados de Roma pela coiigrc~ga~:io da prol)ngniida, procuravam usurpar as igrejas da SU:L (lio(.ca: I ' . E CI: digna dc particular attciiyyio a rcsposta dada, (.i11 iioiilt: da raiiilin, ao arcebispo priiiiae clo Oriente, pelo iiiiiiistro da xri:li.inli:i, Martinho de lblello e Castro, na qu:~1 rccoinineilda que repellisse coni toda a energia tal pro- ccdiiiiento, embora isso iizo :igr:idassc :i curia romana.

Hn poucos amos fbi concliiid:~ ciii Lisboa uma concor- d:ita cntrc Portugal c a s:iiit:i s6, com o fii11 dc por termo :I uin cstnclo de coii\a., que 1i;ivia produzido muitas e 1.1 iiiriit:~vc~i .; difficiil(1:itlc -. Ktgoci:icla pelo Sr. Rodrigo da Forisec.:~ i\lngnlliT~es, t i i i clla approvada pelos ministros, com cxcepyzo do 111illist1.o ~ l a justiça, o sr. coiiiellic~iro Ferrcr, O (lui~l, 1)ur ehso ~ i i o t i \ o, scpxou dos i i ( l ~ l i coI1cgas.

Ratific:~d;~ (111~. fui 1 bt:i c.oiiven$io, tr:itoii-.c> t l ( s clni. c b s c l - cu~uo aos :~rtigos :iji~hti~Cl~s; C: ns~im se fcz qii:iiito :lyiiellcs oiii C ~ I I C a coroa ~ io r t i l j~~ i~za c ~ d i i ~ alg~il~ia\ d:\s $11:1S r ~ g i ~ - li;i-. .I\ c,+til)iilnçoc.s, l)oríbm, 1 1 ( ~ cliic. tlclwii(1i:i o restabe- . .

iiiic.iito (\ :L boa h:iriiionia n:is igr(:l:i, c10 Oriente, essas ainda não tivcraiii cxecuç50, por parte da se apostolica.

1 Mcmoria manuscriptn iiititulada: Observap?es sobre alguns ini- portnr~tcs o+jcctos rrlíctiuos 6 I ~ ~ d i a p o i t~cgueza, por Diogo Vieira To- vnr dc Albuquerqur, qiic foi secretario do governo da Iiidin. Rio de Janeiro, 31 dc agosto tlv 1515.

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Assim, a cxl~crii~iici:~ mostrou que, o sr. coii~i~lhciro Fer- rcr tiiilia rasgo em se oppor d approvaçzo da concordata.

Seria util, para todas as partes interessadas n'esta ques- tão, que ella terininasse scm dcmora; e muito especialmente conviria isso aos catholicos da India, cujos prelados sendo iioiiieados, uns, pela corôa dc Portugal, e outros, pela con- gi.c~giiy2o da propaganda, cstão em hostilidade permanente eiltrc si; offereccndo por isso um espectaculo lastimoso e de descredito para a Igreja, ciii prescnqa dos adherentes ds varias communhões protestantcu e sciainaticas, que exis- tem n'aqucllas regiõcs: c cm presença tanibcm de milhões de crentes em Mahonlet, em BrahmB ou cni Budhá.

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panhias de iicgi30- iitcriitados em Bloyambirliic, cujo$ officiaes e officiaes inf(1ricii.c~ s~riain brancos.

Na India, Moçanibique c Angola tlcveria haver, alem das tropas expedicionarias, v3 nccrssarios corpos indigenas.

Para S. Thoini. e Principc iiiii:~ fijrtk coinpanhin de ne- gros, recrutados ein Angola, coiii oniciaes e offici:ies infcrio- rcs brancos, seria suficiente. 3: conviria procurar que estes negros, logoqiic teriiiinn\sc o tcinpo do scii cicrviyo militar, se estabelccehseni ri'cstax iilias; c para facilitar isso, ser-lhes- ia pcrinittido levarem de Aiigola as suas mulheres; e para ellcs sc (lestiilariam terreiio:, eiii que sc fundasse umn nova pol-o:iy>ci ciii c:itla ilha. E com o fim de promover ali o iii-

grcsso de negros, conviria quc o Iras0 do seu serviço nii1it:ii. fosse curto. Por este ~iieio sr conseguiria augiiic~ntar gix- dii:iliiic.iitt. ii'aqiicll:~ provinci;~ o iiiin1ci.o tlc tr:iballiadoic..~.

No archipelngo clc Cabo Vcrclc. iiiii l)cclu(~no batallilio bastaria, organisado coin gente dnh iiii3aiiias illi:ih, c, tluaiito possivel, com hoinciis (1% ilha i1:i Jladcira.

E m Guiné poderia ser feito o serviço por uma compai~liia composta de gcntc da ilha de S. Tliiago, a qual, segundo sc affirina,,sofie pouco com o cliiiia d'aquelle paix, oii sc pa- recer mais acertado, por ulna companhia de negros de Aii- gola. Nn ilha dc 1:olaina deveria SCP O PCII cpiartrl ~>CITI:I-

ncntc. Ern Angola o quartel perinnnciitc cla3 tropas iriaiidadas

da Europa deveria ser em Mossainedcs. K srii:b scímente, depois de aclimatadas ahi, qiic pocleriarii s(.r c.mpregadas eni outros logarcbs da prorincia.

Quanto :L f o r p qiic cios corpos do exercito de Portiigal se destacassem para « scrriqo iiltraninrino, yarcce-me SL&-

ciente enviar p:irn Aiigoi;i i i i i i batalh~o de quatro corupa- nhias, tendo cada uiiin iii i i c:ipit!io e tres officiaes subalter- iios, coni 90 ou 100 prayas cle pret; outro igiial para :I liidia; oiitro siriiilhante, mas com inaior numcro de praças dc pret, para RIacau; scndo os batalhões commanclados por niajores.

Alcrn da infanteria seria destacada para Angola meia ba- teria de artilheria de montanha, c uma batcria dc artilheria

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de giiarni$io, para RI:i(.:iii. Da India podcri:~ c1cst:icaar-se pwa ;\losaiiibique iiiiia bateria, e alguns artilheiros para l'iiiior.

E taiiibciii para Angola deveria ser destacado do cscr- cito de Portugal, uin rrieio csqiiadrGo (I(. cavallaria coniplc- to, pelo menos, com dois ou tres offic>inw. A csl>rricncia tem rnostrado a importancia d'esta ariiin, ii:i, gric,ir:i.: cnm os pretos, que em Angola tem havido.

Na Zambezia ha dc carecer-se clc alguiiia cavallaria e artilheria rlc montanha, quando sc intentar a necessaria cspixls>o dos cafres laridins, cliic a tciii invadido.

Para o serviso dc ciigenhcrin lias ilhas dc Cabo Verde e ( i iiiiií~, bartaria destacar uni capitso oii uiii tenente; para as ilhas de S. Thonií. c I'rincipe, um capitiio oii tcmentc; para Macaii iim cal~itzo; para Angola, uiii cal~it>o e dois te- neritcls, c par:i JI~~ariibiquc~, uin capitno e uni tcmcbntc-; to(1os estes oficiaes sclriani acompanhados de alg~imas praqas de pret.

O seu serviyo seria o da inspecçWo c dirccçso das obras propriitmr~iite de eiigenhcria; das obras publicas, e da recti- fic.:ic;>o rlc~. iiiappas geogaphicos das provincias em que sc~virseni, princlpiaiido por corrigir os que esistcmi, os c I II:I(" todos szo def~ituosos ; determinando para esPc fim as la t i t~ i ( l~s r Iongit~idc~ de alguns pontos no interior das terras, para s~rvirciii depois, combinados com os politos da costa mnritiiiin j:i rletcriniiiados, li correcy21' cios ditos mapllnq.

l{stc. iliiiiirro de officiaes ciigerilic,iros l):t\tani na actuali- dailc; inns scrk neccssario :iiigiiiriita-lo qii:iiiclo os r ~ c i ~ r ~ o s tlns co1olii~~ pcrmittirem quc os tr:ib:illic).; piiblicos sejani tlcs.cii~ olvirlnq conrcnientcmeiite. 'l'aiiil)ciii n'este sorviqo po- til r : ~ ,rr c~i i i~,r(p~dos alguns officiacs c.iigeiiheiros de Goa.

Kiii I'ortiigal ha officiaeo de engenlieria e de artilheria

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em numero excessivo, relativamente á força de infanteria e de eavallaria do exercito. E entretanto, poucos officiaes ha d'aquellas armas nas colonias, onde d'elles in~Uto se carece.

Em todas as provinci:is ha obras iiii1)ortantes a fazer. As- siin, eni Blacau precisa-se dar As fortifica~Ges a força pre- cisa para resistir aos modernos rncios de ataque. Em Goa ha :L iilclhorar O seu porto, e a fazer estradas. Eni Moçainbi- cliie, :lleiii das obras militares, ha unia de paride iiriportaii- c i i~ para o coiiiiiicrcio c 1)royeridade cla Zaiiibezia c para o

scrviyo militar, a qual e & a limpeza do rio Muto, por onde eiti outro tcrnpo o rio Zainbezc despejava parte das suaa aguas no rio de Quelirnane, sendo este cnt2o uni dos braços do seu delta, pelo qual se fazia uma ilavcgaqno, n3o inter- . roiill)itl:i, entre as villas de Qiiclirn:tne, de Scna dc Tete; a isto aiiida tinha logar no iiieado do ultimo scciilo. Este brayo ~ ~ " I I I foi obstruido pelos lodos depositados pol;is :igii:is. É preciso pois abrir iim canal de comiiiunic:içiio, ou pelo antigo leito ou por outra tlirecy3o. Assegiira-se cjue se po- deriu concluir este trabalho coiii unia iiiodcrada despeza.

Si1 niesma provincia ha tambeni a fazer niuito impor- tantes trabalhos para se estabelecerein communieações re- gulares entre a bahia de Lourcii~o Marques e a republica de Transvaal.

Para Angola seria de grande utilidade a constriicq>o de unia estrada carretcira clesdc s.villa (10 Doiiclo :it6 Pungo Andongo e Malange ; e de outra, proloiigaiiilo pni.il o interior a que existe entre a villa de Mossariicdcs c C:~iril)angombe; bem como a da cidade ao rio Hengo. Taiiibciii 4 iniiito ne- cessaria a crinalisação das a p a s deste rio, para abastecer a cidade de Loanda; bem como a eonstrucç%o de linhas de telegrapho electrico, que ponham esta capital em cornmu- nicaqno com os concelhos do interior c do litoral. Tainbcii~ na provincia de Moçambique se ha dc cnrcccr il'cste grniltl~. iiic,lhoraniento.

E se a iiidicada estrada da villa clo Doiido a Malange se prolongasse atb Cassange e á margoiii esquerda do grande rio Qiiango, qiie parece ser um affliiente do Zaire, e que tal-

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vez se.+ nnnegarel; c se i-i'eata cstr:itl:i se t~stabclccesse uma \ i:( fpi.i.cn :iiiicri(-nna. c,i!ios vchiriilo.; scii:ini iiiovidos por va- l i ~ ~ * ~~r11~~1iz i~10 IIOI- 1 1 h 1 t l t : i . ( ~ I I P : ~ I ) ~ I I I I ~ ; L i i o paiz, i j i i tiradas por I~c-t:r., oii iiicsiiio por I~oi.;, ~v;ile :iiitc3ic~i.-se qiie uiii:b ciioi.ii~c~ cl~iiintidade de gencros ~)rov('nieiitcs (10.; scrtCcs, affli~iri:i :L

Loaniln, onde seri:iiii trocados por l~rodiic+tos da indiistria curopêa r :tmeric:iri:l, do que rcsiiltari:~ i1111 grnndc de.;cii- volriniento da prospcridiide ílc Aiigola. li: esta viaç#o accc- lcrada, facilitaiido o transporte dc tropas, havia cle concor- rer pdcrosninentc para assegurar a orcieni 1~iil)lica e :L EU-

premn(*ia ]n)rtiigueza. T T i i i oiitro syateniwclc viação foi rccenternente posto em

11r:itica II:L provinci:~ de (kiiebec, no C:iiiadá, onde os amo- re(10~ abundaiites. (Jonsistc clle cin vias de madeira (Wooden Railroads), nas quaes transitam os trens tirados

<I omc- 1'01. locoriiotivas, coiri a volocidacle de cêrca de 25 1 '1 tros por hora. Diz lima folha que trata il'cste assurnpto, que o cristo d'cstas vias tem sido de 4 a 7:000 dollars por cada niilha inglcza; o que 6, pouco mais oii iiic.iios, cqiiivalcnte a 2:500$000 n 4:000b000 rúis por kiloinctro, c diz t:iiiib(siii qiic havia j:i. constriiidas 160 kiloiiietros d'cstas vias, e qiic :i, 11i:idcir:is iiiuito duras silo as nielliores, c das qixaes se lll~\.t~ 11-2ir.

()I-:I, ~01110 v111 ii~lgola ha c x t ( ~ i ~ s a ~ niatas, e os preços dos >:il:~rios S;IO iiiiiito iilferiorc: :io\ do Caii:itl:í, parece que a constriicc30 ali dc vias d'esta espccic havia (I(? ,ser milito ecoi~ornica.

A riavcgaç%o sendo um meio efficaz de ])rornover o coiii- mercio, convird realisa-Ia nos rios de Angola, eiii qii(. niiicl:~ >(, riao acha estabelecida; e um d'estes 15 tr grande rio Cuncnc, o qual, segundo informaçiree fidedignas, 1)odei;i scr traiisitado por barcos n'uin curso de algumas dezenas de lcguas. Sendo cu ministro, rccoiniiiendei em 1858, e ainda depois, a sua explor;iç>o, iii:is nl)csiias I ~ O U C ~ Y Ivfruas foram reconhecidas.

T:iniboiii vi11 Tiiiior ha o1)r.z~ importantes a fazer, unia das qiiaes 6 a cstrada para n coiiimuiiicaç3o da cidadc dc Dilly com uni dou portos da costa do si11 da illia, qiic seja

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habilitado ]>ara o conlmercio com os colonos britannicos re- centemente est:ibelecidos na costa soptentrional da Aiistra- lia, i10 porto Darwin, onde está a nova estny7to telcgraphics que liga nquclle contincnte com a Europa.

&ta curta e deficiente indicar$o, b:i.star:i 1)nra mostrar a iieccssidii(l(~ tle havcr nas colonias ciigenhciros instruidos e lwaticos de trabalhos publicos, ftilti~ rstn qiic carece de pron~pto rc.iiietlio; e o niesuio se dcvcrA apl)lic.iir ti que existe tlc officiaes de artilheria.

Ao mesmo tempo deveria o govcriio ordenar que nas estações navaes de Angola e dc lloçaiiibiqiie houvessc officiaes especialmente encarregaclos do rccoiiIiec*iiiic iito das costas maritimas das respectivas proviiicins, e da rc.c.tific.:i(::ict das cartas hyilrographicas das mesmas.

A s marinhas ingleza, franccza, hollaiitlc~zn, 1ic.rl);inliola ic~i i i :il~rcsrntado successivaiiiente excc~llciitcs tr:~l):illios tl't,sta os~~ccie, quc szo iiiiiito neccssarios tí navegaqi'io. 1: ln-eciso qi le a iriarinhn portugueza concorra tanibciii para cst(> ser- viço, coiiio j B o fez eiii outro tenipo.

Dc totla-; a:; colonias 1~urtuguczas, :iquclln ci1,jn (1c.ffs;r o govci~lo clc\ c ter iiiais eni vista í. Macaii; por isso. C I I M I ) ~ ~ ~

que a força quc a guarnecer sej? \,astaiitc p:irn cifli~reccr to- dii a possivel resistencia nas suas fortalezas, ns quaes deve- 1.30 scr mellioi-adas, e aririadas coin i~oderosa artillicria.

E s;itisfatorio saber que para cstcfim sc tem, iin iiirwnn. cidade, tomado scccntementc alguiiias niediilas importantes.

A orgaiiisni?to cs armaiiit.iito á eiirop6a do cscrcito, e da iriariiili:~ de guerril chiiiezii, linbilitaiii o governo (10 ini- lx~rio n qilc, em caso de desiiitelligencia entre elle e as auctoridadcs dc Macau, possa f':izcr uiii ataque repentino a esta cidade. A auctoricladt ~)c~i.tiigiic~za que ali gol-eriiar prccisa ter inuito tacto e priid(>iici:i ii:i inaneira d(. tratar cvnn os funccioiiarios cliiiic~xc~~. E (: ncccssario quc! sc cvic tciri as questõcs qiic possaiii c:iii:.:ir d~~~intclligcncias, e unia destas i: n do ciribnrquc ilc ciilc; i i :~ ritladc.

U i i ~ jornal iiiglcz publicado na China, de data recente, dizia, cluc: iio iiiil~crio havia jtí 5 0 liontens disciplinados

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1"'" ofiic.i:ic.- ciiiopeii;, c arniados com espingardas (1~1 cnr- i., -,\i. 1xxl:i culatra; que havia uni vinte barcos de vapor (11 ;ticarra aririados coiii gross:~ :irtillieri:i, que citi uni dos 1x)rto': d'aqnclle paix L.? cit:ira coiistruinclo um outro dc 3:000 toii~ladns; r quc 11.ir;~ :L defCsa dou portos maritimos .c Ii:i\ i:iiii i.rccl>ido pcq:15 dc Kriipp.

l>c i:i:ii., não deve esquecer qiic os mercadores de Hong- Kong vcriaiii, sem pezar, extinctn :i concorrencia que, em ;~lgpns raiiin. t l ( s coiiiiriri.cio, l l m ptjde fazer Macau.

&ria pois ucertaclo quc o governo portuguez procurasse, por algum ineio de i.c:cil)rocn convpriieiicia, fazer interessar :ilgiiiiia das grande8 potcncias iri:iritiiiins lia conserva$io do .\t(itu (1110 dc iilacau. Reforqando assim a garantia que o tra- t:iílo de 1661, feito entrc Portugal e Inglaterra, nos d:i di- reito a ehporar.

l'arcce-iiic. t:iiiiGc.iii que seria util ter ein Aiixola a1guiii:is companlii;~~ ilc iicgrop iiaturacs de Moqtliiibic~iic, c ii'c.qt:x proviiicin outras coinpnnliias de iiatiiraes de Angola, :is clnaes po(leriarn ser rendidas de tres em tres annos. Estando c.':tes soltlados longe dos seus rlomicilios, e sendo de ii:~y;~cxs clitfcrciite~, clles teriam pouca tentasao de desertar.

E: l~olitico <lu(> a. qiiariiiqc';cs dnq coloiiias ~~rincipacs scj:iiii coinpo ,tu-, tlv ti.ol~:i. dv origckiis rlifierentce.

r i 1 emos i i i i i iiot:i\ c b l c~.;riiil)lo d : ~ conveniencia tl'c-.tca sys-

teina, no caso tl:i gr.iiitl(b iiisurreiçZo das ti.op,zs indianas coirtra o tloiiiiiiio britaiiiiic*o; c iio facto cla disciplina iiiantida nas ti.op:is coiiigostas de siclís, 011 habitantes do Piiiijab, que h:o de r : ip diversa da dos soltlndos que se rcbel1:irarn. Nllas cooIJoraranl cfficazincntc coiii as forqab riirnpr':iq para de- 1 1 , Ilni. :L rcrolta.

(Jn:iiito ao niodo de orpnisar ein l'<,rtrig:il os corpos ex- 1" ~lici~~nsrios; cle dcteilninar as cnncliyGcs cios individuos ~ I I I , 0- 112t1dde constituir, o pr;i*o dc tt.111110 do seu serviço no iiltram:ir, c as v:intagem cliie devcb! I ,yos:~r por cs9e ser- \ :,;o: flirei, que julgo que isso se poderia cfihituar com vali- r q . i i i par;^ O estado e para clles, pela fóriiix seguinte:

I ." O s Latalliões, as baterias, o meio esquadrzo e ou offi-

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ciaes engenheiros smiZio destacados do cxcrcito, por escnln de serviço, das armas a que pertcnceqqeiii.

Os batalhEes, baterias e o ineio eqqiindfio eiiibarcarião em estado complcto. E os corpor de que fiz(~bsciii parte, c ficas- sem no reino, serilo consideraclos eoniu o s \ciiq resp~ctivos depositos, dos quaes receberiam as prnq:is q 1 ~ ~ ~111)stitui~sc~in aqiicllns qiie lhcs fossem faltando. Uni corpo dc tropa, cu- jas biiisas n h si?o prrericliidas, aclin-se cm breve, reduzido a uni nuiiiero insufficiente para o serviço. E 6 isto o que tctn :tcontecitlo aos batalh?cs ii:nn;lndos de Portugal para ns colonias desde 1834.

2." O tempo de serviço effectivo no ultramar seria de dois niinos, contados desde o dia do desembarque na respectiva lroviiicit~ nt6 no (lia clo rccinbarque para a mctropole. Não poderi50 ser (1,~iiiorndos :ileiii (1'c.qto praso, csccpto se hou- vesse guerra ii:i.; rcsprctivas ~)rovincias, ou receio cle a ha- ver, l)vrquch ctit" pdwi%o ser deiiiorados ~ t 6 cqtn terminar.

3 . O XZo I~o~lc ria fiizer parte clns tropni ~sl)edicionaiias, nenhuma pi':iyn de prct, ou official subalterno, que tivesse mais de trinta c cinco annos de idade; e nenhum capitiio ou official superior que tivesse iriais de quarenta e cinco.

4." N2o seri50 admitticlas para a expedição as praças de pret, ou officiacs cilsados ou viuvos com filhos.

5.' Nem as praças de pret a quem faltarso 1rieno.j dc dois annos para terniintir o seu ternpo dc sc.r\-i~o iiiilit:ii*; nquellos porúni que, nl)cbsar tl'isso, cliiizessrrn ir, recrbcndo para esse fim uma gr;itificaç#o, scriao :icecites no caso dc scwm ca- pazes.

6." N5o se dari:\ :ICCCSSO dc posto :LOS officiaes que fossem n'estas expeiliqiic::, c .cria n~~iiiillndo o decreto de 10 dc se- tembro dc 1816, qii(. toiido sido conveiiiciltc qixai~clo foi pu- blicado, 6 Iiojc iiiiiito nocivo zí discipliiia do exercito e á fa- zenda l~iiblica.

7 . O 3ci.i:~ prriiiittido no- offici;lcs iiorricndos o trocarem coiii outros que tiveaùciii a.j coiidi<;Gos iiikcadas.

8 . O Desde o dia em quc eiribnrr:~sucrri lmra o ultrainar ate :íquclle em que regressassem :io rririo, os individuos qiie

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coinpozcsscin as trolms cxpedicionarias vcncerilo mais 60 I ) ( ' 1 . "(auto (10 scii re-l~ccti\-o soldo oii pret ; c vencerião mais 50 por cento na coiitagcm do seu toiiipo de serviço effe- ctivo; isto é, por cada. dois dias do b(ti~iqo effectivo no ul- tramar, contados do dia do desembarque na colonia, até ao dia do ernbarquc para o reino, se lhes contariam trcs

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dias de serviço no reino, na escala geral dos postos, tanto para as promoções como para as rcfornias.

O mesmo se praticaria com os inilitares que da India fos- scin dostacadas para Africa e para Timor.

O governo dever5 ordenar que as tropas destacadas em o Ultramar, tenham 15 bons quarteis, tanto para os soldados coiiio 1)ara os officiaes, que se lhes forneça boa alimentafio, e quc os hospitaes tenham bons facultativos, o tudo o que seja neces~ario; c que haja especial attençk em que ellas sejam expostas, o menos que for possivel, á acçao doentia do clima. Tainbcm se deve cuidar em que a discipliria e instrucçzo militar scja rigorosamente mantida; c que o en- sino escolar, que para os corpos csth determinado, nT~o scja d(bscuidado.

E cumpre não mandar de Portugal para as colonias offi- ciaes, alem do numero determinado por lei.

Se fosse adoptado este systenia, podaria haver tropa de confiança nas colonias, e provaveliiiente se preveniriam re- voltas, como aqiiellas que tantas vezes têem praticado os corpos de infanteria, que desde 1834 para I têem sido mandados; e igualmente haveria a vantagerii de serem taes

'rlorcs. expedições mais econoinicas do que as antc ' O praso de dois annos pakcer5 talvez curto; mas deve

cniisiderar-se que a navegaçao por vapor approximou as colonias a Yortugal, e que a abertura do canal de Suez, t ~ r n o u coniparativaiiieilto breve a viagem de Lisboa a Macau.

Demais, isso mesmo, liavia de concorrer para diminuir a repugnancia que existe contra o serviço ultrainarino.

O governo francez determinou, 11a pouco, que scja de dois annos o teiiipo de serviço das tropas da Europa nas colo-

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nias do Senegal e da Cochincliina, contii~iiando a ser de tres annos nas outras ~>o~h('hb?~Oh ultramarinas.

Quanto aos motivos das indicaçces relativas li idade e ao estado dos expedicionarios, sZo elles, a convcniencia dc que estes sejam robustos e ageis, e a que, sendo solteiros, pos- sam dispor no iilti.:iiii:~r, l w a as suas proprias necessida- des, da totalidade dos seus vencimentos.

Seria util qiic o governo facilitasse e aiixilissse o esta- l~elecimento, como colonos, das pracas niilitarcs europêas que scrvern no ultramar.

N'outro tempo eram frequentes as cxpctliy8es de tropas de Portugal para as colonias. Assim, durante a guerra com os hollandezes no Brazil, no seculo XVII, foram mandados de Portugal para aqiiclle estado varios rcgiriieiitos i . No anrio de 1740, rciiiaiiclo 11. Jo2o V, embarcarniii ciii Lisboa, em seis navios, <':O00 sol(1ados escolhidos, levaiido gi.:~ndc quantidade de munições e ilezeseis peças de artil1icri:i ; (: com esta força foi o marquez tio TJouriqal, para govtbriiar a India, e che- gani10 a exl)c.iliy~io ao seu destino, foi atacado com estas tropas O regulo Bounsol6, c tomada unia (ias suas praças (te guerra, o que o obrigou a pedir a paz9.

Duraiite o reinado d'El-Rei D. Jo&, varios regimentos iiiteii-os foram mandados de Portugal para sustentar a guerra com os liespanhoes nas fronteiras do Urazil 3 ; e rios seguin- tes reinados praticou-se o mesmo systeiria.

Eiii teinpos recentes, motivos politicos, que O desneces- hai-io i.c~coi.(lar, levaram as cousas a iiiii ponto tal, que qualido tein sido preciso enviar tropas para alguma provin- c i ;~ ultr:iiiiarina, tem o goveriio feito orgaiiisnr corpos de voliiiitario*, os clu:ic.e, pelo modo por (pie foraili coristitui- dos, levaram comsigo o fcrmcilto da in(lisciplii1a e (1s iii- siii.rc~içZo, coirio a experiencia a ha mostrado t E para for-

Varnliageii, EIistoria do Brnzil, toiii. 11, pag. 44 a 60. Iiratrueção cle priircil)iaizfc\, L irlrl de 11. J o ü o V. Lisboa, 1780.

J Varriliagc~ii. f l i s f o i - i c l tlo Ilrncil, tí~rii. i r , pag. 241. 4 iiccrcu ti.,, c~\i,t'tli,,3cs tlc tri,p:i.i < l i * Portiigal para ss coloniae

vejn-YC a Zi>n;ista niililnr, de 15 dc f(~vc~i.ciro de 1863.

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iii;ir c#li.l)11- 1 1 1 8 t:io ici0.a c~l)ccic. tciii o est:do despciidido I t t l t . , l n ,1:11.

'Jc,iii-ic quvrido e111 duvida, ou nicsiiio negar, o direito que 1)crtcnce ao gob crno de mandar para o ultraniar tropas, ou officiaes, do exercito de Portugal; c riiesmo eni cortes se quiz sustentar t>o perniciosa cloutriria, a qual, se fosse admittida, teria coiiio resultado provavel, a dcsmcnibraçiio da iiionarchin.

E u era riiinistro, e estava na cainara dos deputados, quando alii se avançou tal asserçao, que logo contrariei, com spprovaqão da carnara; e facil foi isso, poisque a carta constitucional diz, no seu artigo 115.": « A força mi- litar (:, essencialmente obediente)), e no artigo 116. :O *Ao poder executivo compete privativairicnte empregar a força :~riilnda dc niar e terra, coino beiri llic parecer conveniente 6 scguranya e clefcza do reinou.

Na carnara dos pares tratou-se d'este assumpto na sesugo de 13 março de 1863. Transcreverei uni ostracto do dis- curso que n'essa occasiSo fiz, e é o seguinte: NO Sr. ministro da guerra (visconde dc 88) --Sr. presi-

dtliitc, i: preciso que nas provinci:~~ ultrarriarinas, as quaes coil-tituein a parte maih v:~qtn da inonarchia portugueza, haja n força sufficiente pura o serviço, comi os competentes ofici:~c,h. Entretanto ha falta cl'cstcs em algumas d'ellas. Urn clocuniento que hoje nssigiici, c cjuc tenho prewnte prova o que digo. O Sr. ministro da iuarinha dirigiu-iiie ha dias o pedido de quatro officiaes para uma d'essas proviricias, ein consequencia da r equ i s i~h do rcspcctivo governador geral. A rcsposta quo eu lhe dei lic!jc foi, cliic i ic~i i l i i i r i i ofi- c 3 i ; i l se offcrecia para tal servi:».

((Temos no exercito iiiais de 1:700 officiaes, e quando se carece de alguns para irem servir no ultramar, offerocen- do-se-lhes ali& vantagens, n?~o 03 ha muitas vezes, por se niio offerecerern para esse serviço.

ucuinprindo ao governo manter e defender aquellas pos- sessões, e nec(:s3itundo para isso de officiaes e de soldados, S:irzí cllc porvciitiira acto de violencis mandando força nr-

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mada para servir aonde ella ú precisa? Parece-me que 1130. (A210iados.)

aA carta constitucional, no artigo 1 1 G . O , diz: NAO poder executivo compete privativainentc eliilli'c'pr a forya armada de inar e de terra, coiiio bcin lhe paiSccei coiivcnicnte 4 se- gurança e defeza do reino^.

((K'esto artigo a 1)al:wra reino significa, a moilarchia portu- gueza, como littcralinente se acha dcfiiiido no artigo 2 . O do mesmo codigo. E nas constituiyGes de 1822 e 1838 a mes- ma palavra tem significaç80 igual.

aÁ coroa pertence o dircito coi!stitiicional de dispor, como entender, da força arniada dc terra c dc mar. Ninguem póde privar o ch~fo cio poder executivo d'est:~ attribiiiç$o; nein mepino as cortes o podcin fazcr scrn que s ~ j a alterada a carta conqtituc.ion:il. I3iii todos os paizcs, onde existe o systema re- prr.t,iitntivo, l)crtcxiicc nol)odcr exccutivo a disposiç5o da força nriii:~da. NGo (lucro dizer com isto, que o governo dcise de ter r~s~onsabilicladc perante as cortes, se, por csciliplo, inan- dar ui11 official general, ou um coronel ou um capitão, para iiiiia provincia ultramarina, oii insular, ou outra, sem que vB encnrrcp:irlo de iim serviço adcqiiado d sua graclua$io ; mas se for orgaiiiunclo um corpo (1~2 cb\csi.cito para ir para Ango- la, o governo tein o direito clo iiiaiiilar o riinrechal diique do S:~l(lanha, ou o marechal conde de Santa Maria, para o coiniriandar; e se orpnisar uiiin divi+:io piira o mesmo fiiii, igual dircito lhe pertence a rcapcito do tcnvnte general viscoiitl(1 do SiI da Baiidcira, ou de qualqucr outro official general. E se o escolhido n2o quizer servir cri1 tal commis- $10, (1cver:í pcdir a siia dcmissHo do serviro, ou sujeitar-se no julgaiiioiito cio uiii co:i.;cllio de guerra.

«Este dircito tcrii csii?tido seinprc cm Portugal. Antes do estabclecimcnto do rcgiincn constitiicional tenios o exemplo da cxpediç30 de 1817, a cliic dcu v:iii\:i a rovoluç%o de Per- naiiibuco. O iiiiriistro da giirrra, 1). JIigucl l'ercira Forjaz, mandou no iilarcchal coi~imand:~iite cin chefe do exercito, quc cscolhcssc cinco batalhr7cs c iini:~ brigada de artilheria para eiribarc:ircin, sem pcrdti dt, tc.iiipo, l1ai.n o Brazil; sen-

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do nomcatlo prlo governo o iiiarcchnl de campo Pn~iiplona Rangc.1, depois viscondc de Beire, para os coiiiinandar, c o coronel dc artilheria José Maria de Moura para scgxn(10 commandnnto; e nao se lhes perguntou se queriarri ir.

«Depois da oxistencia do systema representativo, o riii- nistro da guorra ordenou, ein 1822, ao governador das ar- mas da provincia da Extremadura qnc iiiandasse preparar para embarcar immcdintamonte para o Urazil o Latalhzo de caçadores n.O 2, qur cstnva em Thomar; o para os ou- tros governadores das ariiia- tlas lirovincias, mandou ordens siinilhantes para cada iiin preparar o batalhão designado polo ministro. Foi iiomcado para comiriandar esta força o brigadeiro JoZo Carlos de Snldanlia; e este general, não partindo com a expediç%o, foi mandado rccolhcr prcso ao castello de S. Jorg-c, para responcler a conselho do guerra.

((Entro o estado e ncís, os officincs do cxcrcito, oxiste uma sorte de contrato billateral, conced(mdo-nos clle pos- tos, soldos e cominandog, a troco de obcdiencia cornpleta no que respeita ao serviqo militar. Sc n6s queromos sair do scrviyo, &nos concedida a reforiiia ou a demissão; mas cilicinfinto pcrtencer~nos ao exercito, tcrrioa obrig:is?to de sor- T ir co~iio lios mand:irein, ein qualqiicr parto da inonarchia. (* ~ " ' ~ / C < ~ O S .)

aPretender estabclcccr qiie seja sbmente om caso de guerra declarada, que trop:iscda 3;iiropa possam ser mandadas para as provinci:is iiltr:~itiariii:i~, $,'ria pretender uma cousa in- sustontavcl. Antes dc coiiicay:ii.ciii as liostilidadcs cntre dois estados, decorre gcral~nciito iiiii clorto cspaço de tenipo cin que se receia que essas liostilitlaclcs t1cr:irn tcr logar; e en- tzo OS govc'rnos ~,rrviricrii-s(~, rcuricm tropas, abastclcem as fortnlczas, c (lao-se as ortltiis corivc.iiiriitc~s para rcpcllir qualquer aggrcss5o, ou liara einprclitiitlrr opcray5es.

«Siipponhamr>s, por rseinplo, que o govcrno portiip~ez tom noticia ronfiilciic.i:il de que sc prcynra, por parto de lima potciivi:~ (Ia Eiiropa ou da Aiiicrica, lima expccliq~io cnntra a i-iorsa 1)rovincia do Angola. Ha tlc o governo por- ventura fazor publico quo tem cssa noticia confidencial?

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N?lo pdde, nem o devo fazer ; ciiiiipre-1 he porPiii nr:~~i(l:w tropas para lá, par:t rcl)ellir a agc,~essão. Sustentar cliic o nZo póde fazer, scria querer expor a monarcliia n ser des- mellibrada. a

O cxtrarto rliic fica transcripto mostra como este assiirnpto era coiisiderado pela adniii1istraç:"io de qiie, n'aqiiella epo- cha, eu fazia parte.

Todos os estados curopcas que t?cm colonias onviam para ellas tropas da Europa. A Inglaterra tem uma grande parte clo seti exercito na Indir~, em Ccylffo, no Cabo da Boa Esperalira e cin outras das suas numerosas possessí3es,

Na costa de QiiinO, porhm, c por caiiw do clima, os fortes d a Serra Leoa, Cabo Como c oiiti.os, s?o guarne- cidos por destacamentos dos regimentos d:i~ Antilhas, OS

qiiaes são compostos (to soldados negros coiii oficiaes c officines inferiores brancos. I'oríim. cm caso de gucrrn, como presei-itemrntc ali ha corn os acliniitíq, mariclnni-sc. tropas da Europa, sendo isso necessario.

A França tcni destacadas niuitas tropas 1111 scii cxcrcito em Africa, na Cochinchin:~, cin outras (Ias sii;is cci1oiii:is: e a TI(bsl):iiilin tern em Cii\)n l'orto Rico iriiiitos cc)i.l>os tlc

Antes de tcriniiiar eqtns consic1er:isòl - :icchrc:~ das foryus militares necessarias ás nossas coloninfí, rc>cordarei que no seculo XVII, OS hollandczcs, que entUo se :~cliav:irn de posse de lima part" do Ilrazil, qiierciido ter 1,ortos r m Africa, d'ondc podc~scm comprar escravos, oxpcdirnni dc Pernan-i- buco uiiin csqixadra con-i tropas de c1eseiiil)nrquc.; a qtial entrando no porto de Loandn, l)rodiizio tal terror nos 1r:i- bitantes da cidade, que elles a abaridoiiararii, serido occii- pada pelo inimigo no dia 26 dc agosto d~ 1639.

A gente portugueza retirada rio intcrior da colonia, fez tlrn ?ll:iss:iiiq:iiic,> logar situ:ido na coirfliirriciados rios Quanza e Lucall:i, o seii centro de d c f c ~ : ~ ; c sustentou-se ali até que Sdvuclor Correia de Sd, coin as tropas trazidas por elle r10 Rio dc Janeiro, descinbarcoii e111 Loandn, c at:icou a fortaleza cic S. Miguel, onde os hollandezes se liaviam re-

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(~~ilhitlo, a qual capitulou, ficando prisioneira :i siia iiuiiicru>a ~:.ii:iriiiç%o, em 15 de agosto de 1648. Durante novc aniiod tlt.funilerarn-se os portuguezes na colonia, e foi isso o que facilitou a sua restauração.

Os portuguezes de Angola iniitaraiii os portuguwes do Brazil, os quaes havendo-se retirado do litoral perante a in- vasa0 dos hollandczc~s, coiitiiiuaram no interior c10 paiz a hostilisar o inimigo. Este, tendo dorninado ein 1'ernaiuLuco e outras cidades, durante muitos annos, foi a final forpado a evacuar aqiielle continente.

Estes factos mostram a utilidade de haver no interior de Angola um ponto, pclo menos, bem fortificado, onde se possa resistir, com vantagem, a úma invasão effectuada por tro- pas europêas, ou a uma insurreiçao dos indigcnas, oii d in- vasa0 de negros procedentes dos sertões independentes.

E a invasão dos tcrritorios de (iuiii6, dcpendcntes do pro- tectorado britaniiico, iio corrente aniio, por 30:000 a 40:000 achantís, 6 mais uina prova da conveniencia d'esta pre- caução.

Reflectindo sobre esta ilecessidade, julguei em outro teinpo quc uiii Angola, para estc firn, o local mais apropriado seria o lr(bsitlio (lc Pungo Andoligo. Modifiqiiei depois a minha opi- riiâ~, parccendo-me que Cambairibe merece a preferencia. Um campo intrincheirado que, eni sitio bem escolhido, ali se conetruisse, o que, em poiico teinpo e com moderada des- peua) se poderia effeitunr, defenderia a villa do Dondo, que é a mais importante do interior, e aquella em que lia mais recursos, os quaes eni caso de hostilidades, seria111 de grande iinport~ncia; doiiiinnrin : ~ s duas margens do Quanza e parte dos sertões ac!jacciit(,s: c estiaria eiii coiiiiiiunicac,ão, pelo rio, com a cidade tlc Lonilda. Uni pecliic,iio rcducto levan- tado cm b ungo Andoiigu scria urn posb avaiiqaclo do campo intrinrheirado.

E, no caso de uma invaszo pelo litoral, estas fortificações serviriam tambem como centro dc rcsisteiicia Ls tentativas do inimigo.

Os hollandozes construirnn~ em Java, alem das fortifica-

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qões maritimas, um grande campo inti-incheirado em Am- brava, na parte central da ilha, em sitio muito proprio ao fim para qiie B destinado.

No IIindostão, as fortificagões ila cidade dr, Agrá foram da maior utilidade para os inglezes, durante a grande re- bellizo do exercito indigena. Estes cxcmplos de prcviden- cia, merecem ser por n6s imitados.

Cumpre tambem, para a tranquillidado das colonias, que os respectivos governadores cuidem em manter relay8es amigaveis com os potentados indcpendcntcs vizinhos, os quaes, em consequcncia d'essas relações, se toinam uma sorte de guardas avançadas, que afastam das nossas colo- nias as tribus turbulentas. E para sc conseguir este objecto, ser& politico conceder-lhes alguns favores, taes como certas graduayões militares com soldo, ou sem elle, segundo as circuilistancias.

0 governo da India britannica, para obter o mesmo fim, concede subsidios ou pensões, mais ou menos importantes, a alguns dos potentados confinantes com o seu territorio; taes são, entre outros, os rajjás de Boothan e de Sikim, nos Himalapas orientaes; e o poderoso emir do Affghanistan, c o kan de Kelat nas fronteiras occidentaes.

Havendo-se tratado acima do serviço militar ultramarino, e sendo o governo dos Paizes Baixos considerado como iim d'aquelles que melhor administram as colonias, nGo será f6ra de proposito mencionar aqui a maneira como nas suas possessGes orientaes este serviço sc acha organisado.

As forças dc terra que ali ha sobem, em p6 de picrr:i, a 1 7 : O homens, sciido compostas de 17 batalhões de in- fanteria, 1 regimento de cavallaria, 21 baterias de artilhe- ria dc campanha, e de 3 companhias de engenheiros.

Os batalhões tcin 800 prayas, e dividem-se em aeis com- panhias com quatro officiaes cada uma.

O regimento de cavallaria tem 8 companhias e 500 sol- dados. A bateria de artilheria tem 5 officiaes, 160 homens e 112 cavallos.

Todos os officiaes d'este exercito são europeus, com ex-

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rr1$i0 de iim numero miii pequeno de alferes; c são tarn- Lciii ciiropeus todos os primciros sargentos, e tres segundos sargciitos da companhia.; oii baterias.

E m cada b:~tallCio li:i, eiii geral, 2 companhias de eu- ropous e 4 de indigenas de Java, ou das outras ilhas do archipelago.

Em 4 dos batalhzes, cm logar d'estes, ha companhias de negros africanos, na proporsão de 2 conipanhias dc euro- peus e de 4 (Ic afimicanos cm 2 batallioes, e de 4 compa- nhias dc curopcuu dc 2 de africanos nos outros dois.

Nas baterias de artilhcria uma quarta parte das praças 40 riiropcas, havendo mctnde d'estas nas companhias de ciig(~i1liciros 4.

N'esta composiç>o da forya armada teve-se certamente, em vista, prevenir os casos da insubordinaçiio ou do revolta; circunistancia que torna este systcma merecedor do cstu<io dos governos que tcin colonias.

1 Pall Mnll. Gazette, Aug, 1873.

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CAPITULO XI

Empregados europeus nae coloniaa - Snas habllltiçòea - Eswlan em Inglaterra e em Hdlauda - RuppressFio em Angola dos chefes dos coneolhos -nlagiatrUdos novos- Sua jiiíirdiç~;io - Jiiinex rle direito e drlegadca do ultramar - Aùoliqiio cm Angola rlo iinliciato rliamado dizimo - Impostos n a colonla de Natal - Progresso futuro de Aiigolu 1~:rriigraçlto de europeus - Ex~i lor ;~~Ho geologica-Cnrvão de pedra-- 1'0- troicto -- Uiro - - O qeologo Aiauch - Oiro emvictoria -- O dr. Petera -Tabaco, sua rultiirn e f:ihricaçêo - DistillaçAo de agmsrdente ---Fabrica de tecidos de algodlo -- Emprezs lucrativa -- Porqa inotriz bydraulica - Balarios baratissimos Grbves de operarias na Europa - - Enxofre - Fabrica de polvora -Ferro e sua fabrica- +o - Futiiro d'osta industria -- Cereaea - Importaueis da nua cultura -Arvores do ch8 - Exernplcs catrangelros -Pescariai - Gado vaccum -Carnes eonnerva- da8 -- Sua grnnde iiuportancla commerelal - Gado eavallar - Gado Iaiiigero - Comiiierçio eiii 1 . í ~ ~ seu grande valor - Ac4lmataç8o d m ovelhas - Exemplos - Obaerva~i,<,s do dr. Wi~lwitnch Acerca de biyola-Iiitrodueyiio do p lUI tu rioVM-

Madi:irns iIc coiisrriir(.io - Cutta-pnrcha - Pesca dt' peroln no mar de hfo(ambi- que..

Para o bom serviyo civil do ultr:~mar precisa-se ter atten- $80 d qualidade de empregados europeus que são mandados para as colonias. É este iini ponto que em Portugal não teni sido b c i i i consiclcrado, e' Acerca do qual cumpre providen- ciar.

Antes, por&rii, de se fixarem as habilitapaes que devem ter os candidatos aos oinpregos eoloniaes, conviria exami- nar o systeiria adoptado na institiiiçZo de Haileybury, em Inglaterra, fundada pala dirccpao da oxtiiicta companhia d : ~ Lndia oriental, onde os candidatos aos empregos ci- vis se preparavam com diversos estudos, para bem desem- penharcni o seu serviço; c ali aprendi:iin as linguas iriais usuaes dos Iiabitaiites da India, taos como o hindo~t:iiii (, o tairiiil; c cra shnientc depois dc inqtriiidos ri'clstc. ç»llr;i~~

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que partiam para os seus destinos, com a dcnominaç?io de writers (escreventes ou amanimises), e assim começavam a sua carreira.

A Hollanda tem, nn cidado dc Delft, um estabolecimento similhantc, onde 05 aliiniiio~ rrec~l)c~iii uma vari:~cla instruc- çto, na qual se cornprc~liciidc, o ciisiiio. cla lingiia j:~vancza e da lingua malaia, e o qua diz rcspeito aos paizes e na- çGes da India ncerlandeza; e sendo approvados? passam ao oriente com a denominação de controZeuvs (syndicos ou inspc~ctorcs), e 1A seguem a carreira do serviço civil.

Assim com o estudo previo, e com a expcricncia dos negocios, se formam nas possessões orieritacs iiiglczas e hollandezas cxcellentes cnipregados , os qunes v20 occii- pando os logares cin que occorrem vacatiiras.

Quanto aos bfficiacs niilitares para as tropas da India, ti- nha a extincta companhia o collegio de Addiscombe, onde estudavam. Os officiacs quo dos Paizes Baixos vão para as colonias, estudam na escola militar de Breda.

Comparo-se cste systema com o que cm Portugd costuma praticar-se, Acerca da nomeaç8o de cmprcgados para o ul- tramar, e considere-se o estado deploravcl da sua adriiinis- traçzo, o não restará duvida de que um curso especial ile estudos é neccssario aos eiiiprcgados administrativos, mili- tares e judiciaes das colonias. I? urgente cxt inpir na provincia de Angola a jurisdic~3o

dos chefes dos conc*ellios, c fazer uma reforma no systcmn que ali existe. E ~)arcre-ine que piqoduziria bom rcsiiltado a nomeapão de tres magistrados, os quaes ás funcções adiriinis- trativas juntassem certa alçada judiciaria. Ellcs deveriam ser amoviveis 0 muito bem pagos. As suas residencias po- deriam ser a villa do Dondo, c a do Golnngo Alto, c a ci- dade de Benguella, alternadamente com a villn de Mossa- - medes. A jurisdicção do primeiro se exerceria sobre os concelhos marginaes de Quanza desde Calumbo até Pungo Andongo; a do segundo sobre os concelhos do rio Dande até ao do Duquc de Bragança; c n do tcrcciro sobre 08

que estlo situados ao sul do Quanza, b c i ~ ~ coriio ao do

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Aiiibriz. Estas circuinscri~õcs seriam alteradas segundo a c.( 1 1 ire i iicncia do servi yo 1)ublicu. E*tcs iiiagistrados deveriam f:i~tbr c.orrc.iq8eu nos concelhos todos os semestres; e para a i clcapczí~s se lhes abonariam gratificapões sufficientes, po- tlt.iido o do Bcnguclla tcr passagem nos vapores da carrci- ra. N'estas corrc~içõcs, seriam resolvidos ou considerados por elles os negocios adiniiiistrativos, julgadas as pendencias ju- diciaes da sua alçada, ouvidas as queixas dos habitantes, recebidas representayões, attcndidos os indigenas áccrca de quaesquer violencias contra elles praticadas, e essas repri- midas desde logo. Tenninadas as correiçiics de semestre, o q magistrados enviariam ao governador geral relatorios c.irc.uiiistanciados Acerca do que occorrêra, e lembrariam o que conviria fazcr.

Se a indicação que deixo exposta fosse acceita, a junta consultiva dos ncgocios do ultraniar, poderia, sem duvida, completa-la e aperfeisoa-Ia.

A magistratura judicial do ultramar, tambem carece de inelhoramentos. Julgo que scria conveniente que os juizes c~iiiprcgados nas colonias e no reino formassem um corpo iiiiico; e quc para todos, a escala do accesso fosse a mesma. A, vantagens que competiriam aos que servissem nas co- 1ii:Lrcas coloniacs, consistiriam no augmento dos ordenados, e na contagem do tempo de serviço para promoção e aposen- t a ~ % ~ . Assim, Aquellc que, desde o dia da chcgada á sua comarca, ate ao dia em que d'ella sahisse, houvesse func- cionado dous dias, seriam estes contados como tres dias em excrcicio nas comarcas e relapões do reino. As vagaturas nas coinareas ultramarinas seriam preenchidas como as do rt iiio, iiiau a renuncia seria concedida aos nomeados que ii<.to ~~iiizcsscm ir. A mesma regra seria applicada aos de- legados.

Antes de passar adiante, aproveitarei a occnciZo para felicitar, tanto as auctoridadcs de Angola, por haverem pro- posto, como o governo por haver publicado, as medidas que contbm o decreto de 16 do iiurembro de 1872, abolindo os imposto. dciioiiiin:iciox diziirios tlos concclhos c do pescado,

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c tlc passagens dos rios. SZo ellas as dc inaior iinportancin que, ha muitos annos, se tein tomado a favor dos indigenas c do comniercio d'aquella provincia; e fazem honra aos funccionarios que as propozeram, e ao ministro que referen- dou o mesmo decreto, o sr. Jayirie Moniz.

Este decreto n5o teria sido necessario se ali se houvessem executado os dois dccretos de 3 de novembro de 1856, re- lativos A abolisão do serviço forçado, chamado de camega- dores; porque então os pretos pagariam, sem difficuldade, o imposto, como succede na colonia dc Natal, onde o tri- biito sobrc cada cabana era prinicirairicntc de 7 shillings, ou ld540 réis, c depois foi augmcntado. No primeiro anno este tributo procluzio perto de %O00 libras esterlinas, e foi pago sem difficuldadc alguma. Blns n'esse l)aiz os pretos trx1)alliain se q ~ ~ ~ r ( ~ i l i , C fiosalil dr perfeitn srgiir:Liiqa.

.\ c~qte rcspcito ol)hclrv:i o coiido (;rey i ii:l sii:~ obra acima t.it,itl:i, que :L ii~iport:~nci:~ priiicil~:~I do inesino iiiiposto, con- sistia ein forintir elle uiii:l pnrtc c~~~ t~ i i c i a l do systema adop- tado para a civilisação c inclhoraincnto dos habitantes da colonia. O imposto era um estimulo para os ncgros traba- lharem, a fim dc o satisfazerem; bein como para adcliiirirem aqui110 que o estado de civilisapão vae progressiv:iiiic.nti: exigindo.

Incumbe airida ao governo fazer cessar eomplctairiei~te a pratica i l lcpl tle scb exigir dos indigcnns tr:~ballio iiivolun- tario; poisqiie, seiri a coiiiplcta extincçao d'clste abuso, con- tinuar;~ elles a ser oppriniidos c flagellndos. E a rsptricncia, clc quasi trinta e cinco aiinos, tem inostrado qiir tal pra- tica nlio se cx t inse , sem que o govcrno tome dccisões sum- niarias contra os fuiiccionarios que a não impedirem; e a mais efficaz seria, ~(~111 duvida, a sua prornpta exoneraçifo dos einpregos que occiipasseni. Os delegados do ministerio publico poderiam ser encarregados ospccialinente de recla- mar a execupão das leis protectoras dos iildigenas.

1 The Colonial Policy qf tlir r l t l~~i i~~is trat ion of Lord J. Rfresell, TO\. 11, pag. 263.

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1:;ii.1 i agora algunias observ,q&s acerca ac cerLua iiiouv-

r;iiiiriitos que podem effectuar-se em Angola, com os quaes st* l~rc~iiioveria a prosperidade d'esta provincia, e que po- dcriarn tainbem, em parte, ter execuplo em algumas ou- tras das nossas colonias. Ellas szo as seguintes:

1 .a h da maior coiiveniencia fazer esforços, a fim de dirigir para Angola uma parte dos emigrados que de Portugal, da Madeira o dos Aqores vão para terras estrangeiras. Por este meio se promovcri:t o desenvolvimento da agricultura o das outras industriaq, e o aiiginento do commercio. E: para con- solidar o nosso dominio t': indispensavel que haja ali povoa- çGes laboriosas compostas de gentc portugueza.

2." E urgeiitc que se faça a exploração geologica d'esta colonia, a qual póde trazer a dcscoberta de minas iinportan- tes, taes como as de carvão, de que têem apparecido amos- tras nas margens do rio Quanza e nos sertões de Benguella, seg~indo riotici:is recebidas no anno de 1861.

Tambciii eni Rloçambique, nas margens do rio Zambeze, lia grandes minas de carv2o. O alto preço que tem hoje este eornbustivel deve ser um incentivo para a sua exploras80, e i t , ~ r : ~ f':i~er u ~ n (irposito d'este mineral junto á barra do Luabo.

Esto mineral foi descoberto ha poucos mezes na colonia (10 Callu cl:i I3oa Esperança.

l'erto do rio Dande ha petroleo, e parece que existe em outros Jogares de Angola; é preciso descobrir os seus de- posito~. Sambem se acha em Timor.

O oiro, que nas margens do rio Lombige e seus affluentes tem apparecido em pequenas quantidades, póde indicar a csisteiici,z de minas importantes a profundidades taes, que - r cs:ircac:i para a sua extracção do triiballio de machinas,

io g(>o!ogo allernao Mauch o tem reconhecido, quanto as 1 1 1 1 ~ 1 : ,,iie vsistciii iio paiz situado entre a colonia de Natal t L o r :~) %:iiiibrzc.

Este c:xplur:icior v i i ~ iio intcrior do territorio de Sofalla, eni 30" 15' lat. S., 20° 30' long. or. Qreenwich, grandes ruin:is c~tlificius com paredes dc 15 pés de espessura e 20 íl,. alto : :icaliou ali vestigios de mineraqLio de oiro. Estas rui-

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nas haviam sido visitadas pclos antigos portuguezcs. Julga- va-sc scr ali o Ol)liir, d'ontle SnloiriBo recebia aquelle metal.

Ha minas clc oiro na Auqtralia, cin terrenos que apreson- taram o rnetal proxirno da siipcrficie, quando sc principiaram a explorar, e nas quacs prescnteriicnto 6 iiccessario extra- hir o minerio aurifero de tima grande profiindiclade.

A estc resl~rito, o consul de Portugal cin Melbourne, ca- pitd da colonia de Victoria, escrevia em janeiro dc 1872, ao iiiinistro dos iicgocios estrangeiros, o seguinte:

«A uiiia profundidade do mais de 900 p8s tem-se encon- trado jazigos de quartzo com metal em porções rcmunera- doi.:is. Esto resultado B imito satisf'actorio, porque a opinião do.; ii1ni.r antigos inirieiros c dos gcologos era, que a cxplo- raç?io eiii grandes profundidades nPo offerecia vantagcm.~

lieccntemente, cm Transvaal, no districto de Lindenburg, conicqoii a exploraçZo de uin campo aurifero, e segundo diz i i i i i jorii:~l do Cabo da Boa Esperança, do mez de outubro tiltiiiio, foram ali achados alguns pcda~os de oiro do peso de uma, duas e tres libras.

Lindenburg C a cidade de Transvaal, que estA mais pro- xima de Lourenço Marques l.

Ha annos, o illustre dr. Petcrs, director do museu zoo- logico de Bcrliiii, havendo-se cncarreg:ido, a pedido meu, de contratar uin gcologo para a exp1orac;:io dc Aiigola, informou tor achado um capaz. Eu, deixei o ininistcrio por docntc, o o contrato ngo se realisou.

Entretanto os iiitcresses da colonia reclamam qiic se exa- mine qums silo os recursos minaraes que possue.

3.= Seria de muito interesse promover em Angol:~ a ciil- tura do tabaco em grandc escala. Os charutos feitos dc folhas das plantas que na provincia se cultivam, sendo, 11% POUCO:' arn1oç7 exporimentados cni Lisboa, forain achatlos boi18 e111 geral; mas, segundo o dizer dos entendiclos, elles careciam de certas qiialitladcs dcpciidcntes do seti preparo. Cumpre pois innndar bui(s:ir a Cuba seincntes da niclhor qua-

1 Tlie C:alignani's Me~senger, novembro 6 de 1873.

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lidade, e alguns artistas, contratados por algum tempo, para ( 1 1 1 ~ riii Arigola ensinem o systema da cultura e do preparo iisaclu ii'acyuella ilha. Os direitos que o estado obtem d'estc genero, iiiostraili a grande importancia da cultura d'esta planta e da sua prcpnr:iyzo.

Com o fim do dar ii~ipulso a esta cultura, consegui, sendo eu ministro, que nas cscripturas de duas arremataç0es do monopolio do tabaco se inserisse a condigiio de qiie os contra- tadores se obrigavam a comprar em cada anno, um nunicro consideravel de quintaes de folha produzida nas colonins portuguezas, o que cllcs porem nLo cumpriram; e fiz tra- cliizir uma exccllentc meinoria sobre a cultura do tabaco ii:i Virginia, por Floyd.

Uiiia fabrica de tabacos que fosse estabelecida em An- gola, deveria dar muito interesse; coino o tem dado ncyuc.lla que o govcrno hespanhol fez fundar em uma das illins Fi lippinas, mandando para isso mestres e alguns opcrarios da sua fabrica de Sevilha.

Por meio do prenlios conviria promover esta iiiduxti.;:~, cnino se praticou a respeito do algodao.

IPC ainda B cultura d'esta ultima planta, quc j:l ali se t t i i i d, sen~olvido, quc convom dar especial auxilio, porque ( , . ' . r , ~ ~ o r si 86, p6do trazer :i provincia muitos &apitaos.

r>." A do caf6 tem tido progresso, assim coino a fabri- cação da aguardente de canna. k preciso tambcm procurar, por meio de premios, que se fabrique assiicar, que terá prompta vcnda nos mercados da Europa.

6.a Ora, sc a agiardente fn1)ricnda no sitio do Bi-rnbo c eiii outros logares de Angola, tciii tido prompto coiisuirio iios

i.tGcs a.jnceiites: havendo deixado bons lucros aos fabri- C.I te-; í: l~rovnvel que obteria taiiibein importantes resul- tados alguma einpreza que ali constriiissc uma fabrica do tccidos de algodào, em que se xnanufacturassem fazendas apropriada- para o consumo dos negros dos mesmos sertões.

A força inot~iz poderia ser a agua, de que nos vallcs da S C I T ~ de Chella o em outros lugares ha varias quhdas apro- -

vcitiu-cis; c o algodfto clmpregndo na fabrica seria o cliic 1 i

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se cultiva eiii Cainpangoiiibc, Hib:tlla, (,)iiilleng~~es c terras vizinhas.

Uina eniprcza, coin um capital mediocre, que empregasse algui~snu~strc~s t:uropeus e oper:irios negros, tc1ri:i ali inuitas varitagcns sobre OS fabricantes d : ~ Europa e dos Estados Uiiitlo.; bastaiido coiibiderar, para isso se conlicccr, a muito gri~n(1c (lifferença do viiito dos trnnsl,ort(~s, c10 preço do ge- nrro, c sobre tiidu, a dos salarios dos opcrarjos.

Na villa dc Mossamedcs tem cxistido durante alguns an- nos iiina pequena fabrica tlc tccitlos de algodRo, a qual po- deria cctlcr alguns dos seus opcrarios a wiit cnlpreza em grt~n(1e.

Se se fizer atteii$io á. pratica, hojt: tBo gc~iic.r:ilisada na Europa, das charriadas grèvc.s dos ol)rrarios, cliic ameaça lxodiizir grande (llcvaçb 110 quaiitit:ttivo dos s:ilai.ios, po- der& apreciar-se a iniportai~cia dc~ ( ~ I I I . f i susceptiv(~1 a em- preza indicadn, c: oiitr:is de diversas especies.

7 . O No districto de Bengucll:~ existe unia mina de enxo- fre, que já foi explorada. A polvora teni nos sertões um grande consumo. É pois evidente qiic da construcção de uma fabrica d'esta mercadoria se clereritt cspcrar muito proveito.

8." I la cin Angola minas de ferro, que se diz ser de ex- cellcntc qualidadc, e existe ali muito combustivel, e ha pre- tos que sabem trabalhar este metal. Se pois, em uiii logar apropriado e salubre, se erigisse uma f:il~rica d'cste iiietul, iisando da agua como força motriz, c eiiipiegando mestres europeus, é provavcl que d'estn incliistria resultariam grail- des interesses, maiores ainda se continuasse a alta do preyo deste metal e do carvão nos mercados da Europa, que re- centemente tem tido logar, devida om parte ás grèves dos operarios.

O governador D. Francisco Innocencio de Sousa Coutinho, fundou no anno de 1766, uma fabrica de ferro, no sitio, a que deli o nome de Nova Oeiras, proximo da confluencia dos rios Luinha e Liicalla, junto das minas do mesmo me- tal, e para o serviço da qual clicgnram ali, dois annos de- pois, alguns mestres contratados em Biscaya. O logar era

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insalubre; e depois da retirada d'este govcrii:iclor, a fabrica decaiu, provavelmente porque o trafico da escr;ivutura dava lucros inuito maiores. Parte do edificio ainda existe.

9 . O Na California tem a cultura dos eerews tido um grande desenvolvimento. Alguns centenares de navios, car- regados de trigo, tem d'ali vindo para Inglaterra em cada um dos ultimos annos.

A distancia ontre aqiielles dois paizes, é muito maior do que a que ha entre Angola e Iiiglaterra; e os salarios 1304 traballiadores são rniii clevaclo:: na. California. D'estas cii. curnstancias póde tirar-se a con~cqucncia de que, se na3 tcli-rn.: n l tn i da província, 61% t l ~ l t i v a ~ s ~ n i OS ~ e r ( ~ a ~ ~ s c111 g~.,iii~l, i,-1.:i1;1. 1i:~rcildo o ciiiclaclo cic. obtcxr cln Kiirop:~ a.: iii~.lhure:, ~c~iiii~iitc~s de diffcrcntcs variedades para se expe- rimentar quaes são as preferivcis; e se o seu transporte, desde os logares da produg2o aos portos maritimos fosse facil, esses cereaes haviam de poder concorrer, com grande vantagem, com os da California nos niercados da Europa.

Tambem esta cultura prospera na Australia. O consul (lc Portugal cin Melbourne, acima mencionado, diz o scguin- t c s no seu relatorio: «A exportação bo trigo para a Europa, ~~~~iiicipalmente para a Gran-Bri1t:iiili:l, faz-se das colonias (10 ri11 da Australia. O scu preço foi approximadamente (no aiiiio tle 1871), de 5 sliillings (1W100 réis) por bushel, de 60 libras inglezas; o jornal clos trabalhadores é de 5 a 6 shillings por dia (14100 n 1.7320 réis), e o dia de trabalho i: cio oito horas)).

10.O O chA B um gclncro dca tnui grande consumo. A China i, :i terra. da sua prii~cipal producçâo, e depois o Japão. Em (~iitro.: ~)aizcs tem-se feito esfor~os para introduzir a sua cul- tiii.:~. .\ssiiii, o governo portuguez, durante a sua residencia no Rio de Janeiro, fez para ali transportar da China uma porgo de plantas de chá, e homens praticos para as tratar e preparar as suas folhas; e d'ellas se fizeram viveiros no jardim botanico da Lagoa de Rodrigo de Freitas, a pouca distancia da cidade. Ahi tive occasilo de os ver no anno dc 1828. As plantas têem-se propagado por diversas partes

*

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do Brazil; inas 6 especialmente na provincia de S. Paulo, que a sua cultura, teve grandc incremento.

Durante a ultinia guerra da Inglaterra com a China, re- cebeu-se em Liverpool algum chá do Biazil, que foi conside- rado de boa qualidade. Corista, porEin, que presentemente esta cultura se acha ali enl dccadencia, em conuequencia do pouco cuidado com que muitos dos fazoncleiros têem tratado a preparação e conservq2o do chb das suas co- lheitas.

Ein 1838, fiz recommendar ao consul portupez no Rio de Janeiro, quc enviasse plantas do chá para Angola, como acima mencionei; não me recordo, por6n1, se a remessa so fcz.

Na ilha de Java foi pelos hollandczes introduzida esta planta, e ali se prepara consideravel porfio de chb, que, cri1 parte, se consome nos Paizes Baixos.

Tnmbem a extincta companhia ingleza da India oriental mandou buscar S China plantas das melhores variedades, e homens para as tratarem nas planta@es que estabeleceu no rallc de Kumaon, nos Himalayas occidentaes. Diz-se que t': csccllcnte a qualidade do chá ali produzido. Alcm d'isto, lia iin Iiidia terrenos, no valle de Assam e outros logares, pertciicciitcs a coiul~anliias particulares, ondo se faz esta cultura; na ilha Tasmania principiou clla em 1859, e ul- timamente na ilha de Ccylno. Kos I;:st;idos Unidos está-se fazendo a aclimatação d'csta planta, que vae prosperando na Florida.

Parece pois que em alguns dos vallcs das terras altas de Angola, especialmente no districto dc Mossamedes, cuja la- titude cst8 entre a de S. Paulo c a de Java, as plantas do chá haviam de dar-se bem.

Acerca da cultura na China, tanto do chti vcrdc como do chh preto o da sua prepariiqr~o, ptjde consultar-se, com proveito, a obra de Itoloert Fortunci.

11 .a Tambem seria util emprchcnder em grande a cultura

1 Jotcrney t o the Teu colrntiirs. Loiidoii, Murrxp.

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das chinchonas, a qual jS se faz, coin muita utilidade, em Jnva c na India. As plantações do governo inglez nas mon- tanhas dos Kilgiris, situados na parte meridional d'esta pc- ninsula, tinham no anno de 1872 mais de dois milhões c incio de arvores, c jil ein 1871 ~c haviam vendido em Lon- drcs 7:300 libras dc quina provciiiciitcs d'estas plantações; e ern 1872 vieram para Inglaterra da mesma procedencia 25,000 libras de quina.

12.a A amoreira e creapgo do bixo de scda deve merecer particular attenção.

13." h indiistria da pesca, que 6 já, praticada nos niares tln p~oviilcia, p6de dar-so maior amplitucle.

14." A creaçIo dc gado vaccum, de qiic os indigenas se occupam, nas pastagens de uma pnrte do scrtao de 31ossamc- des e em outros logares da provincin, e de que elles pos- suiam grandcs manadas antes da epizootia que devastou ha poucos annos a Africa austral, deve merecer toda a atten- @o, poisquc cada dia cresce na Europa o consumo dc, cnr- nes preparadas, vindas da Australia e dos paizes do Itio iln Prata.

Da.: carnes conservadas, especialmente de vacca c car- noiro, provenientes da Australia, receberam-se em Ingla- tc ira, cin 1SGG (primeira importação), quatro toneladas e meia, corn o valor cle 321 libras ou 1:4408000 r6is; em 1871 a importaçso foi de 12:000 toneladas; e cm 1872, o valor d'cste genero reccbido cm Inglaterra foi de 907:000 libras esterlinas, ou 4.082:000~000 r6is. Esta industria progride tambem nos estados do Rio da Prata, e em Te- s a s nos Estados Unidos; o que iilostr,i o incremento ex- ti.;iordiiiario do consiimo d'este aliincnto, e a imporkncia d'cstc corninarcio, do qual Angola poderá, tirar grande pro- veito.

15.a Do gado cavallar conviria promovcr a creaçLo; po- dendo obter-sc do Cabo da Boa Esperança as cabeças de boa r:icn, ncccssarias para orpnisar algumas coudclarias. IIouvc cni Angola uma nos campos do rio Dande, quc dei- xarain extinguir, É prceiso restabelecer csta industria.

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16.a Quanto ao gi t lu laiiigero, scri:i 11:ri.:~ desejar a sua aclimata$io cm Angola. Muita riqiiezn tcBin provindo d e cxport:tS%) (1:~ 12 S coloiiia do Cabo, A Australia S Nova Xelandia e aos cstaclos (10 Rio da Prata, onde existem immenso3 rebanhos. Os pro~)rietiirios d'rqta rspecie de gado têein adrjuiritlo grandes c.:ipitaes dciitro tlo poucos annos.

O valor da lã exportada da colonia do Cabo foi dc 40:000 libras esterlinas no anno de 1841, <: dc 1.690:000 libras rio

de 1865. Havendo no espaço de vinte e qiiatro aiinos ali- gmcritudo trinta e quatro vezes'.

1)iz-se, porkm, que nos mencionados territorios de Nossa- iiictl~~s, :iq ovelhas degeneram no decurso de poucas gera~zes, e que as crias cm logar de ter lã nascem com pello.

Parece-me que este dito carece de ser verificado, poisque sendo os carneiros indigcnas de Angola da raça quc tem pello e não lã, e sendo poucas as ovelhas lanigeras que tcrn sido transportadas para aquclla reg-izo, é possivel que a indi- cada degeneraçso, se acaso esistiii, proviesse do cruzamen- to das duas raças. Portanto, se ali se pretender explorar este ramo de industria, cumprirb experimentar previamente se occorre a indicada degeneracâo.

Na Guiana ingleza, onde as pastagens s%o más, nâo Ilrospera O gado lanigero ali importado. A lã c8e-lhe, e 8 siibstitiiida por pello grosseiroe.

Ahsc~vc~ra-so que o mesmo succede As ovclhas tia Europa, em algumas das Antilhas, r rni Serra Lc6a. Mas tambem se affirma que c111 alguns dos valles das cordilheiras dos Andes, ciijo clinia i? quente, so os cordeiros são tosquiados logoque a sua lã esteja siifficicntemente crescida: elles de- pois d'isso conservam a lã como é usual; mas que sc nso são tosquiados, a 1% cde-lhes aos pedaços, e 6 substituitla por um pello lusti.oau sc.inelhante ao das cabras. Kas plani- cies calidas da India vivêm ovelhas lanigeras3. Varias me-

1 Manuel of South African Geogruphy by Hall. Cape-Town, 1866. 2 Dalton, T h e History of British Guiana, vol. rr, pag. 478. 3 Darwin, 'í?~e Variations of Anit~zals and Pknts, I ~ n d o p , 1868,

vol. I , pag. 95 e 98.

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iiiorius antigas Iàllam da existciivi:i, nas illias tlc C':il,o Verde, rle grandes rebanhos de ovelhas, ciija 1% servia 1):ira a con- liw$io de pannos 4. E ainda ho,jc lia ali algum gado Ianigero. A latitude t.rl)tc.riti.ioiiaI rl'cste archipelago corresponde B Ia- titude iric~ric1iori:il t l o tlistricto elo Mossamedes.

Se se verificar, que :ts ovelhas lanigeras não degeneram, seria a industria cla su :~ cr~açRo aquella de que haveria a esperar lucros mais considcravcis em breves annos, como a oxperiencia o tem mostrado rios paizes acima cit:idos.

Estas breves indicações bastam para se poder apreciar :i estena30 dos recursos, que Angola offerece á industria ii:ic.ioii:il. Alas para que, Acerca d'isto, não fique duvida, transcreverei algumas linhas de um escripto do fallecido dr. Welwitsch, o qual, pelo estudo p c , durante algum annos, fez da flora de Angola, é a primeira nuctoridadc scientifica Qcerc:~ dc quanto tenha referencia á vcgetay50 da provincia; ellc diz:

((Como julgo ttsr iiiostrado que om Angola sc encontraili trcs rcgizcs bciii rlifferentes na vegetação, e por const.- =;~iiirtc t:iiiil)ciii variadas em clima, cxposit:Eo c solo, quero p(~siindir-ine que este paiz, uma vez vc.iic.idos, ou ,ao riie- i ios ditniniiidos os c s i i i b:ii.:iyos e difficiildades (lixe a agricul- tiira nascente, mais oii menos em toda a parte encontra, tornar-se-ha i i r r i ani1)lo theatro do multiplices c l~roveitosas etriprezas agricolas c coiiirnerciaes, pois a vizinhança im- inectiata, ou, para assim dizer, a existeilci:~ similltanea dc cliiiias e exposições tão tlifferentes eiii uni paiz situado todo ii:i zona equinoxial, 11%) deixa de fi~~oi~(v.t.r e facilitar po- < 1ri~os:iinente n vantajos:i cultura de variadissimos generos, 1:iiito tle consiiino, coino dr coiiiincrcio; e o grangeio e apro- veitarnento cuidadoso de tlo iiuiiierosas plantas uteis, espon- taneas umas, outras j;i agora cxtensamente cultivadas, o auginentadas ainda cloin :t introducção de outros generos de culturas trol>icaes, offcrcceni :tos Invradores cntcndidos,

1 clieiiiiic-ki (, VR~II~RCI>II , C~)I.O~).UZ)/I~U C'nbo Verdiana, Lisboa, 1841, vol. 11, pap. 360.

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c As especiilações mercantis, um campo irnmenso ; assegu- ranclo tí agricultura da provincia dc Angola iim espcran- yoso futuro'. ))

Ácerca da cultura do trigo n'aquelle paiz, o mesmo bota- nico observa, que ella deixa muito a dcsejar, tanto no modo de amanhar a terra c de semear, como na qualiclade do pro- ducto.

E referindo-se As plantas de que se pddc tirar prov(lito, menciona o mabú (cyperus papyrus), que na provincia cresce abundantemente, e de que os indigenas fazcrn muito uso em diversas applicações, do qual se poderia fabricar papel, como no Egypto se praticava; e o ife (sansevie~a angolensis) que dB optiinos filamentos para fazcr cordas e cabos; e diz, que os filamentos das folhas do ananaz 820 os mais finos, fortes e elasticos que se encontram na zona tro- pical, c que é grande a facilidade coni que se podcria cul- tivar esta planta, para se tirar proveito d'estes filainentos prt,~. ulo~os.

O estabelecimento de uma fabrica de papel em Angola poderia provavelmente ser proveitoso.

Elle recommenda a introdiic$io, n'esta colonia, dc varias plantas, taes como a baunilha (vanilla planifolia), que se poderia cultivar crri sitios abrigados de Cazengo, Golungo Alto c margem dos rios llengo e Dando; da arvorc do pão, qiic jd houvc ali; da opuncia, ou nopal, cm Piinpo An- dongo, para a creapão da cochonilha; da planta do cacau; do sorghum rubens, de qua os marroquinos tiram a tinta encarnada para tingir os couros; da piteira, dragoeiro c argania, arvore cle %Iamcos, para arboriear os terrenos nri- dou, c para aprovcitnr os seus fructos oleaginosos. Esta ar- vore esistc no jardim botanico da Ajuda, e ahi dá fructo.

Menciona taiiibcm outras plantas, cuja cultura seria util, e entre ellas a oliveira, quc eiii Pungo Andongo se daria bem, a alfarrobcira, a olaia, o castanheiro do MaranhEo (Bevtholetin excelsa), e a sterculia cola; e das coniferas,

1 Wrlwitsch, Carta dntndn P ~ I , ízonnrla, em 7 de j7rnl~o de 1854.

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indica a araiicaria brasiliense, a araucaria embricata, o pi- nus aleppensis, o cupressus glauca (cedvo de Goa) e indica tanibem a bella sombra (PhtJtolaca dioica), que cresce ra- pidamente, para ornar as praças publicas. E aponta, como dando boa madeira de construcção as duas arvores, chama- das ali pelos brancos silveira e masolveira, que frequente- mente se encontram nas matas.

Posteriormente á data dos Apontamentos de Welwitsch, fez-se a applicaçb á fabricação de bom papel dos filamen- tos do entrecasco de embondeiro (adansonia digitata), que abunda em Angola. Do ife j6 se fabricaram bons cabos na cordoaria nacional; e dos filamentos do ananaz fabricam-se na China tecidos finissimos.

Merece experimentar-se em Angola, porque talvez seja proveitosa, a cultura do cravo girofle e a da pimenta da India, da gengibre, e da papoula do opio. Esta droga pro- duzida c prepaiada na India britannica, e vendida na Chi- na, trm dado lucros enormissimos.

A aiavore de que se extrahe a guta-percha (Isonandva gutta) que i, iicitiva da pcninsnla malaya, foi j:i transplantada pelos liollandezcs para Java. A importancia da siia prodiicy%o in- dica a conveniencia da sua aclimataç50 em Angola.

H:L unia indiistria, em outro tempo explorada, mas que se acha ha muito abandonada, quo deveria sei remunera- tiva em p a u eminente, se fosso rcnovacla, applicando-se meios sufficicntes para a descii~olver. h ella a da pesca. das ostras que cont6m pcrol:ts, que existe111 perto das ilhas de Bazaruto, e de Sof:~l:~, n:t baliia dc hlocambo, c em ou- tros sitios do rnar de IIoçambique.

Pcndo c.u ministro, procurei rcstabclec~~ esta industria, para o que recomrnendei tí auctoridade de Goa, que tra- tasse de obter em Ceylão alguns apparelhos dos que se usam na pesca que annualmentc se faz no estreito de Ma- nar, pesca quc o govcrno cl'ayiiella colonia dd6 por arre- mata@~, o quc Ilie ~cnde alguns milhares de libras ester- linas.

Os apparclhos deviam scr mandados para 3foçambiqii0,

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e com elles alguns mergulhadores experiiiieiitados, que fos- sem contratados.

As ostreiras da Afiics portugucza ha muitos annos que nBo têem sido exploradas com apparclhos para isso adequados, pelo que devem conter algumas perolas de grande volume.

Na bahia de PanamA, onde a pesca das ostras se faz re- gulaimente, teni-se achado alguinas perolas, que, segundo se disso, foram vendidas por 500 e por 1:000 duros heê- panhoes cada uma, e por varios outros grandes preços.

Mogambique possue varios outros generos de que a in- dustria póde tirar bom proveito, entre elles se conta o ma- cachuche, ou bixo do mar (holothuria edulis), mollusco que na China tem gande coiisumo, e cuja preparapão é facil, e jA se tem feito na mesma provincia.

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CAPITULO XII

Estado das colonias anterior ao' anuo de 1834 --A India e a sua decadeqcia - Mofam- bique - Timor -Angola - Rendas publicaa antes de 1834 - Orqamiento de 1871- 1872 - Compara$o das receitas - Progresso colonial - Associação qommerdal de Lisboa - Interesses communs da8 colonias e da metropole - Abolição do trafica da oseravatura - Emnnelpação dos uegraa - Lei eleitoral - Fortifleaçüo da cllpit.l da monarehia - Sua defeaa em 1384 e em 1810 - Direito ao :rnxillo Ua Oraii-Bteta- nha -Tratado de 21 de junho de 1661, em que foi estipulado -- Sua execuçilo - Xanutençdo da independenda nacional - Modo de proceder - Reforma wnstitudo. nd-Projectos apresentadoe para este fim- Paizes Baixo8 ---Uelgica-Republicas hiapano-americanan -Republica em Heapanha - Interesse puiitico das portugue- ies -Terminação d'este escripto -Aocordo em geral com as idtias expaitai no pro- jecto de representa$& da aesociação commercial - Ilesaccordo quanto ao tempo em

r o trabalho íorçado deve acabar - Coaveniencia de qiie este seja extlneto sem

Dizia-se ainda ha pouco tempo que as colonias portii- guezas estavam em estado de decadencia; mas esta asser- qão era, e é iriexact:~, como se verá comparando a sua con- dição presente coiii aquella em qiii! ellas Be achavam antes (10 estabelecimento do regimen constitucional.

A usurpapão hespanhola foi a causa principal da nossa ruina na Asia. Os inimigos de Hespanha, hollandezes e in- glezes, tornaram-se inimigos de Portiigal. JQ no anno de 1695 escrevia dc Goa o vice-rei «que

o estado da India eetava em tal attenuaçlo que para as despezas ordinarias não chegavam os rendimentosn. No se- culo XVIII a decadencia continuou. Em 1781 o ministro da marinha, Mwtinho de Mello e Castro, escrevia cm uma me-

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moria, o scguintc: aQue era deploravel o estado a que se achavam reduzidos os importantisbiinos dominioo que ainda restavam á coroa do Portugal alciii do Cabo da Boa Espc- railga.. . que haviam chegado d ultima decadciicia.. . quo nEo havia n'elles nem industria, nem cornmercio, liem navc- gaç2o alguma qnc mercccsse este nomein.

Quanto ao actual scciilo, tcmos o tcstcmunho do consc- lhciro Gomes Loiirciro, cliio, durante iniiitos annos, occii- pou alguns dos primciros empregos d'aquelle estado 2. Elle diz: «Que a receita publica 1150 chegava pagar as dcspcz:is; que a força militar de priincii:~ o segunda linha, exccdia a 7:000 Iioniens, numero excessiro c dcsnecessario, porque os tcrritorios portuguezes se achavam cercados pelas possess0es britannicas ; que no anno de 18OG havia ali qua- renta e sete officiaes do inarinha, seis dos quacs eram chefes de divisão, e oito capitzes ile par c gucrra, e um numero insi- gnificante de embarca~õcs; que havia um grande numero de fortes, verdadeiramente inuteis, mas que occasionavam des- peza; que a praqa da Aguada, a principal da colonia, estava em ruinas; que havia sete ou oito convcntos do frades e fi-ei- ras , um arcebispo com um numeroso cabido, e além d'isso, duas collcgiadas, o o tribunal cla inquisiçHo (este foi abo- lido no anno do 1810); que a cidntlo de Goa cstava despo- voad:~, por motivo de insalubridadc, proveniente dc causas dcsconhccidas; qiic o coiliiiirrcio com Portiigal havia dinii- nuido muito,.

Outro secretario do governo da India3 escrevia: «Que a the- souraria de Goa havia pago no 1 .O de julho de 1814 a 9:215 praças de tropa. Sendo a receita publica de 1.740:000 xe- rafins, ou 278:000#000 rkis; e quc o cominercio estava cm

1 Veja-se esta memoria que csiste na livrnrin da casa dc Pnlinella. 2 iimoriaa dos estabelecimentosporticg~~rz~~s ( L lcste do Cabo da Boa

Esperanpa, pelo conselheiro M. J. Goincs Loureiro, vol. I. Lisboa, 1835.

3 I;leZação sobre algzcns importante's o?!jrr tos rclaticos ao est,~do da India portuguezn.-Rio dc Janciio, 31 (1,. : i ;~h tu cle 1815, por 1)iogo Vicirn Tovar de Albuqiierqne, ms.

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total decadencia, c que a populaçiio era de 263:693 almas; sendo a agricultura regular » .

Estes factos bastam para apreciar o antigo systema de ad~ninistração d'aquelle paiz.

A respeito do estado da costa oriental de Africa, dizia Go- mes Loureiro :

t Pclos conhecimentos que adquiri em Moçambique, e pelas informações posteriores, considero este cstabeleci- incnto e1n estado de siimma dccadcnci:~, ou quasi rcdiixido ao titulo de senhorio inutil, e no caso de passar facilnicnte para a antiga dorninaçHo dos cafres, ou dos vizinhos, que tloriiiilain no Cabo da Boa Esparança, ou na ilha de França. »

I.:rii 11 de julho de 1830, o ministro da fazenda, o Sr. Manuel Antonio de Carvalho (depois bar80 de Ch:~ncelloi- ros), remetteu ás cortes um officio em que inforinav:~ :iccrca dos direitos cobrados nas alf'anclcgas de Lisboa, provenien- tes do commcrcio cntrc Portugal e Moçanibique, durante o tcmpo decorrido dcsde o anno de 1825 at& 15 dc fevereiro de 1834, os quaes no csapaço dc nove annos, foram na sua totalidadr, os seguintes: de exporta$?io 7928244 r&, c de iiiil)oi.taq>o 1:149$9GS r&. So- nilnos dc 1827 e do 1829 iiZo sc cobraram direitos de importaç20.

Ácerca cle Timor dizia-se officialmente em 1815, que era a mais abandonada das colonias portuguezas, e que a sua re- ceita publica cra de 2:OOO;)OOO réis. Recebia de Macau um subsidio.

E quanto a Angola, jS acirna sc disse bastante, para se poder apreciar o seu estado.

Conio os rcndimentos publicos de um paiz são uma das iiidir;iyõc~s por onde se póde aprcciar a sua riqueza c prcls- pcritl:~clc, traiiscrcvcrei aqui uma nota das receitas effei- tuadas nas nossas coloiiias em iim dos annos proximos, e anterior ao de 1834, cxtrahida (10s livros do extincto erario regio, tribunal por onde corriam os negocios da fazenda do iiltraiiinr.

As receitas de cada uma das provincias, são calculadas na sua respectiva rnoeda ~rovincial, ciijos valores eram os

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seguintes: 1m réia de Portugal equivaliam a 1b043 d i s da Cabo Verde; 1#333 reis de S. Thomé; 14$1250 réis de Angola; 4w48 rQis de Moqambique, e 1b875 réis da India.

Moeda Moeda India e Xaoan provincial do reino

................... directos 406:9158000 ~ributosl indirectos .................. 98:250L000 Proprios iiacionaes .................. 35:7588000

540:9231000 288:-1901000

Mogambiqne

directos ................... 7:829$000 ~ributusl indirectos.. ................ 216:2346000 Proprios nacionacs .................. 9:3686000

233:4316000 56:1548000

Angola

directos ................... 29:954&000 Tributos 1 indirectos (1:543$000 marfim) 135:562$000 Propricis nacionacs .................. 583&000

166:099$050 132:8798000

S. Thom6

directos ................... 1:052&000 Tributos1 indirectos .................. 4:363&000 Proprios nacionaes .................. 9086000

6:323&000 4:743&000

Prinoipe

f directos ................... 1:1398000 Tributos(indirectos .................. 2:695$000

.................. Proprios nacionaes 1: 161 6000

4:9951ooo 3:7478000

Cabo Verde

................... dircctos 10:866J000 Tributos ................ indirectos.. 80:0768000

.................. Proprios nacion:ic~ 1:836$000

92:778&000 92:522J000

Nas receitas indirectas de Cabo Verde comprehendia-se a quantia de 59:5804000 réis, que rendia o monopolin da

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urzella, o qual foi posteriorinentc abolido. Este lichen tem presentemente menor valor do que antes tiiiha, devido isso ás descobertas chimicas moclernas.

As receitas acima desciiptas, sendo rcduzidas a moeda de Portugal, produzem o total de 5iS::)3515000 réis.

Os impostos cobrados iins :iltmandegas africanas provi- nham, na siia niaxima parte, tla exportaçlo de escravos, c da iniportaç30 de fazendas para os comprar.

A importancia das receitas d'esta origem, sendo unida á,

proveniente da urzella, excedia seguramente a 200:000~000 réis; quantia csta quc sendo subtraliida d'aquelle total, ficar& cste reduzido, pouco mais ou menos, a 378:0008000 réis, cIne púdc considerar-se como sendo proveniente de origem sirriilhante ilquella de que presentemente provém as recei- tas das provincias ultramarinas. Assim, poderão comparar- se aquellas receitas com as receitas descriptas nos orpamen- tos actuaes.

No orçamento das provincias ultramarinas para o anno econornico dc 1871-1872, as receitas orçadas em moeda forte, são as seguintes:

.............. Estado da India.. 446:3083000 ............... Macau e Tirnor.. 341:2623000

................... Moqarnbique 177:179á000 Angola.. ...................... 280:741$000 S. ThomB e Principe.. .......... 80:8756000

................... Cabo Verde. 137:926&000

1.464:2921000

Comparando, pois, a receita de 378:OOOdOOO réis, ante- rior a 1834, com ; de 1.464:000~000 réis, orçada para o aiino economico de 1871-1872, acha-se qnc cst:~ í. quasi o quadruplo d'aquella. Para este mesmo anno era calculada a receita dos impostos indirectos de Angola, em 177:800fi000 réis, e a receita effectiva d'esta proveniencia foi de réis 319:890fi000. No anno de 1871-1872 foi de 355:9748000 réis. E consta que em 1872-1873 ella fora superior a reis 400:000W000.

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E isto o que demonstra é que, longe de tcr havido decaden- cia financeira nas colonias poituguezas, n'cllas tem havido ~rogresso, coilsequencia iudubitavel cla aboliSBo do trafico da escravatura e da 1egislaqXo promulgada depois do esta- belecimento do regimen constitucional.

O progresso no caminho da prosperidade da provincia de Angola e de outras das nossas colonias, receberia, xgura- iiiciitc., um pzilde impulso, se os commerciantes da inetro- pole para ellas dirigissem a sua cspcci:il attenção. li: certo que a p r a p de Lisboa tcm relaç0es de grande importancia com Angola, S. Tliomé e Cabo Verde; mas o transporte das mercadorias faz-se, cin grande parte, nos paquetes, ciijos proprietarios nIo s2o portiiguezes. Quasi todas as transacções commerciaes em Guin8 s2o feitas por estrangei- ros, e acontece o mesmo á maxima parte do cornmercio de Moçambique, que cada dia se torna mais valioso; e a im- portante exportação de azcite dc palma que se faz pclo porto de Ajudh, é quasi toda effeituada em navios estran- geiros.

A illustrada associação commercial de Lisboa faria um grande serviço ao nosso paiz e As colonias em particular, se, exaniinando as causas do presente estado de coiisas, apon- tasse as medidas que julgasse necessarias para o desenvol- vimento commercial d'aquellas possessões, e se conseguisse chamar'a attençiio dos nossos negociantes, e muito cspccial- mente a dos da praça do Porto, sobrc as vantagcni (íii(\ se

podem obter do trafico colonial. Os interesses das colonias são, em muitos pontos, commnns

com os interesses da metropole. E n'este caso estão alguns, Acerca dos quaes, tenho insistido, durante a minha vida pu- blica: taes como a abolição do trafico da escravatura, e a abolirão, nas nossas provincias ultramarinas, do estado de (~scrnvidão. O trafico está acabado, a cscrnvid2o foi abolida; e o trabalho forqado d'aquelles que fora111 csrravos, ficará prohibido inteiramente no anno de 1878, ou talvez antes.

Então Portugal ser& contado entre as potencias da Europa c da Americn, q i io tem libertado completnmentc o i scrvoi

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oii c,cravos que existiam nos seus dominios; eiitrc as qiiacs solrt~s:ihein, pelo numero dos individiios que rcccbcram este l)enoficio, a llussia, onde o iinpcrador Alt~sandrc IT o con- cc,dcii a mais de vinte e dois milliões (1c ~ t ~ i ~ \ ~ o s , OS 1ist;tdos Unidos da America, ondo foram emancipados mais de qiia- tro milhões de escravos.

Um segundo ponto (lili qiic tenho porfiado (: :L reforma da lei que regula actualnieiite o processo para a eleiyzo (10s de- ' .putados ás cortes, o qual E iiiuito defeituoso. Fiz as ililigcn- cias ao meu alcancc, para que, pela promulgapTio clc lima nova lei, se g~rantissc aos clcitores a iriuis completa liber- tlndc de roto, estabelecendo pcnni severas contra quem ten- 1 :L-(. >opliisina-la por qiiaescliicr iiicios. Estas diligencias 1120 tiveram ainda o resiiltndo intlispciisavel, para que sc erite a possibilidade, tanto na inc~troj)olc, como no ultrainar, da re- petiçlo de factos digiioi tlts c.a\ti:,.o, dos qiiaes alguns jrl fo- ram a caiisa de grarissiiiios malcs 1)iiblicos.

Na minlia carta, acima citada, dccrca da reforma consti- tucional, dizia cu tliie ;LS cleiqões para deputados As cortes, que fosscni contest:ldas, dando logar a qiiestCcs dc direito, deveiiam ser submcttidas ao juizo clas rel:iy(ies (10s districto~, tle ciijas sentenças haveria rccurso para o suprcr11o tribunal (11, justiça. E U para notar, que ha poucos mezes, no estado da Yensylvanin, que (I: iim clos mais illustrados da Uni20 americana, tratando-se do ccrta reforina constitucioilal, so tinha proposto uiila disposiyXo idciitica a csta.

( ) tcrcciro assurnpto, de grande iinportancia 1'ar:L toda a,

inonarcliia, em que teiilio insistido c': o da fortifica~k das cidades clc Lisboa c (I(: Porto, c0111 cspccialidade da ca- I,it:~l. Por l)ro~)ostas miiihny, f ; t i t : i : , :ís crirtcs, duas leis fo- rnrii ~)ro~niilgn(las nos aiinos de lS(i1 e 1871, relativas áquel- las obras defensivas, e forairi votíidos 400:0004000 r8is para n'ellas serem empregados. Os traballios comcqarnm e con- tiniiarain ati. 1865, ein qilc, por orilcm do governo, foram suspcrisos. Se lioiivcsseiii coiitiniiatlo tl(~hi1c eiitT~o nt6 hoje, poderia esta rapital ter j:i coilstriiid:ih, nas diias margens do Tojo, obras tlc c.nrnpxnlia, siifficientemente fort~h. para a

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sua defeza contra iim ataque, por terra ou por mar, que inesperadamente contra cll:i sc iiitcntasse.

l~ccentementr o f i ~ ~ ciiio ordenou que estes traballios fos- sem continuados.

Xio é possix-e1 def~nder i'ortiignl nas fronteira8 terres- tms 011 iilnritiiiias contra a invuhao do um exercito nuine- ro~o. .\ capital tciii sido, ha seciilos, o objectivo das inva- s(i(xs. lilella cluc a defoza deve ser concentrada. Ií'oi a (1c~tki;:i dc l,isbon, feita em 1384 conti:~ O exercito caste- 1li:ino clue s:~lvoii n iilclcl)c~iiil(~iiii:i (10 reino. I<, quatrocentos riiitç. c scis :liiiios depois, eiii 1810, foram ainda as fortifi- (*nt:(i('q, dciiolninadas a8 linhas 'I'orres Vedras, que co- 1~i. i : i i i i csta chal~it:tl, qiic s:il\-nraiii :L iiicsiria independencia.

A 110\1(' (I(, l i ~ b o n tciri iiiria iiif1iieiic.i:~ iiiimensa nos des- tinos tlo iio- < i , 1);1ii;. A Filil111o 1 V de 1li~sl1;inha aconselha- va.se 1111(' nno fizessc a giierr:L n I'ortiigal senão cin Lisboa. Eiii 1W!) lord Welliiigtoii escrevia «ftici:tl~ncntc que «o gran- de objcjcctu cluc se devia tcr em vista na defeza do Portugal era n posse de Lisboa c do T i o » .

A defeza tenaz d'esta cidade contra um ataque por sur- l~rcza, 9110 contra ella se intentasse, daria tempo sufficiente para cluo a naqão se levantasse para aggredir o invasor; e tambom, para quc chegassem ao Tejo os auxilios que, por tratados, a Inqlatrrra se obrigou a prestar a l'ortugal; e deveiiios confi:ir ciii qiie seriam promptainentr maiid:idoq, como o for;liii (biii oiiti.:~~ occasiões, logo qiie o goveiiio 1)or- tilglez os l~c~dio.

E esta obrig:iq?lo aelia-sr clstil~ulada no trat:ido de 21 de juiilio_cie 1 GG 1 , 1)(~1o qu:~1 a Ur:~ii-13rc~tanha obteve de Por- tiig:~l n 1)osso :da (.id:icic c ])raça de T;iiigrr c da ilha de lloiiil>aiiii, ( & o privil(sgio dos s(>iis iicgociaiites poderem es- t:lbclcccr-sc nas colonias pctrtiiguezas, c tainbcrii a quantia de dois iiiilhUes de cnizados, cin dote da infanta D. Ca- tliarina, que casou com o rei Carlos 11, coiiio se declara no mesmo tratado. o qual diz:

((Artigo 15.O 1:iii considcraçâo de todas as quaes conces- sOes o 1)rivilegios qiic concormiii t5o clarairiente para o pro-

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veito e utilidade do senlior rei da (2rail-Brctanha, e dos seus subditos em geral, c 1)or :~rlucll(l:, log:lrcx:, de tanto valor c importancia que se entreg:~iii ao senhor 1.c.i da Gran-13rct:i- nha c aos seus herdeiros c successores para sempre, com o que a grandcza do scu impclrio tXo largamente se dilata; e cm rasão tsiiilein do mefimo dotc,, (pie tanto excede a qiian- tos jamais se deram a algiiiii:~ tilli:~ de Portiigal, promettc e declara o senhor rci d;i (:r:ii~-Bretanlia com o conseriti- inento e deliberasrio do scii coiisclho, quc tomará, a peito os negocios ( I intc~ressc*~ dcl Portiip~l e de todos os sciis doiniriios, e o rlcf(~ii~ler.i coiiio a propria Inglaterra com as suas maio- res forças por mar c por terra.

«.4rt. 1 6 . O Proiiit.ttc tambeni o seiihor rci da Gran-Brr- tanlia, com o cori?entimcnto e dcliberaçzo tio seu consclh~,, que cllc, qiirindo c qunntas vczcs Portiig:rl for iiivatlido, mandarh para ali, a pedido d'c.1-rei de I'ortugal, dez b0:i.s naixs de giierra. . .

«Art. 17.' O senhor rei da Gr:m-ljretanha obriga-se pelo presente tratado, no caso de Lisboa, I'orto, oii outro qiial- quer logar maritiiilo ser bloqueado, ou apertado pelowas- tc~lhanos ou por :ilgi~n" outros iiiiniihos, n I)rclstar os von- canientes soccorros de t~opas e navios, coiiibriiic parecer

s,\i:i-l<i as circumstancias do caso c n iicccssidnde do se- iilior 1.c.i de Portixga14.»

F o i cxn virtude destas estipulações que vieram a Portu- g:i1, corno auxiliares, forças inglezas de terra c de mar nos annos de 1733, 1762, 1801 e 1827. E: deremos contar qiic, em caso de iieccssid:lde, este recurso n?io nos lia de faltar; cointantoque, l)(~l:r iiossa parte, tenliaiiios tornado :is rncdi- 11;~s t1cfcnsiv:ix que tistiverem ao nosso a1c:incc. Cumpre pois ciue O 110mu exercito se mantenha cbni bom estacio de dis- ciplina, c qiie os pontos estrategicos eni que, nas suas opc- rações, clle terá de apoiar-se, so achem cunveniciitcmciitc

1 Veja-se Supplcnzento & collecçdo dos tratados, conv~nçcitv, etc., entre a corGa de Portugal e as ~ n r i ( ' a ~ ~ u t c i i c i c t a , pur Jiitlicc Ilikri, tom. IX. Lisboa, 1871.

Q

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fortificados. E a capital da nio1i:irchia I!, o ninis importante d'cstes pontos.

Lisboa, nso r,-taiitlo fortificada, póde ser tomada por siir- preza'; e nesse caso, a iiisiirreiç80 do paiz contra o nggres- sor seria mais difncil; e a vinda de auxilio estranho muito duvidosa.

No nnno de 1807 foi Portiigal invadido pelo exercito fran- /-o-heal)anliul; c em coiiscqiiencin d'isso, a illin da J1;iclrirn c :IS citlades do Qoa e de Macau forarli occul)adas por tro- pas inglezas; facto este, que pódc considerar-se como in- dicando que se, por uma eveiitualidadr iirto prevista, Por- tugal fosse unido & Hcspanha, as nossas colonias passariam para o ilominio clc outras potericin~. Ncnliiima d'cstas colo- nins tixin, ]ror ora, moios sufficientes para se constituir e man- tci. roiiio estado independente.

S(i3 dcvemos aos nossos niitcpassados a existenci:~ ilc: I'ortiigal coino nnyRo iiidepcnclcnte. 141 :i presentc gcrayno tem o dcver do conservar e de trnnsmittir aos seus descrn- d(1iites direitos iguaes ziquolles que clla hercloii.

Cumpre cuidar não scimente dou interesses actuaes da nossa patria, mas tambeiii do que 01l:i h : ~ de scr no futuro. N i h i autcm non minori c z i m qzictlis R~y~ibliçtc sit hotlir, yzinmque .fzitura site.

A nossa independencia póde ser mantida, embora iio pniz ~ i ~ i u i h o sc estabclqnm instituiçks politicas diwreas t l : , . ii(~-- sns. Portugal, o Brnzil e a Belgicn podem prosperar ,( i1110

limitrophes de republicas, como prospernr:iin, durante se- culos, :LS republicas de Voneza e do Genova, e as da Suissa c di2 Hollnnda, tciiilo entretiiiito por vizinhos estados pode- rosos regidos por governos absolutos.

Se, ~~mY"'iii, uni dia as paixEcs excitadas no p i z nosso vixinlio tcsiit,zrciii rcaiisar, por forya, a denoriiiriada união iberku, entilo d a , os portuguc~zcs, Iinvcinos do procadcr na

1 Veja-se AIlemoriu sobre as fortificaçiies de Lisboa, pelo gencral de divisto inarquez de S:i da U:indeira. Lisboa, 1866, pag. 1.

2 ('iccro, Ile S ~ ~ i e c t r ~ t e .

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conformidade do que os nossos sv6s nos prescreverani no iiianifesto do reino, publicado em 1641, no qual, referindo- se :i iiay:o cnstelhana, se acham as palavras seguintes:

((Aquella nossa óinula antigcz, se com armas nos quizer inquietar e provocar, armas e brapos acharti que decidam nosso direito. )) -E nbs, se cstiverinos apercebidos, poderemos, com os

nossos proprios meios, repellir a sua aggrt.ssho. Sc procedermos com toda a priidencia, n%o nos ingerindo,

indirecta ou directamente, em negocios politicos alheios; es- talido, entretanto, preparados para podermos rechaçar qual- (1ur.r iataque, que se nos possa fazcr, havcmos seguramente adqliirii r is syrnpathias das potenc3i:is c.strarigeiras, e estare- iiios habilitados a reclamar, coiii espernnça dc bom rcsulta- do, em caso de necessidade, os auxilios a qiic temos direito.

Cumpre ainda quc os poderes pullicos procedam de modo que, pdns iiicdidas cluc tomarem, previnam disscnsõcs cntrc aqucllos de cixjo apoio uiianime hão de carecer quando oc- corra iiina crise interna oii internacional.

Na :ictii:llidade, 6 a reforma das nossas instituiçges consti- ti,, ioii:ics, que dcrnanda especial ;ittenç?io. E Acerca d'ella ( \;-tc.iil n : i ~ cGrtes tres projcctos: :ileiii dos quaes ha um, 1"'' i l ~ i i i i redigido, o qunl, sendo ciii muitos pontos, conforme com as disposigges dos outros, differe comtudo d'clles em va- rias disposições assas importantes i.

É: :,o governo que cumpre promover a discussão das re- formas, como o fez em 1851, quando aproscntou a proposta do acto addicional ti carta. A prudenci:~ :iconsellia qiia ns-

sim o fuga, prevenindo por este modo uma futura pressiio cllialqucr. .i liberdade completa do cidadso, a inteira seguranga da

I i . i \~i.ol)ricdado e a garantia da iiianutengão da ordem pu- blica, 6 cliianto se póde desejar para o bem estar do indi- viduo ou dii familin. O rcino dos Paizes Baixos ha pcrto de

1 Vl:i:~-se carta dirigida tio sr. José Maria Latino Coellio pelo mar- rlircz ti(, 8:i d:i 1~:iritloir:i. IAisboa 1872.

11 =

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seshcnta annbs, e o reino da Belgica ha qnaren. e dois, bem coiiio o imporio do Brazil, qiic confina com oito republicas, sZo cseinplos de coiuo isto se pcidc realisar.

A historia conetitucion:il d'estes estados 4 bem diversa da historia das republicas hispano-americanas diirniitc~ igual periodo de tempo. Eis o que Acerca cl'<lll;ts dizia i1111 csciiptor em 1870:

((Depuis soixante ans les pronlri~cl(r ,,ir r t to.\, les r( \-oltcs, les rerolutions, le renverscment de prdsidciits se soi~t suc- (*btli,s tlans la p1upai.t des états hispano-americains, avee unc pc~j*~ist:iiice tellement barbarc, que l'attention fat ipée de l'lt;urol,c s'en est progressivement détournée. L'anarchic cst devoiiu le mal chronique des rdpubliqiies siid-ambricaines'. u

Depois da publicq20 d'aqnellc escripto tem c.oiitiiiundo a occorrer, e occorrem iia actiididade, ( b i ~ i :iIgiii 1s (1':icliicllcs paizes, movimentos semelliaiitcs aos que ficam in<licados.

E a este respeito, na carta aciinn citada, dizia P I L o se- g~iiiitt. :

tEin presença do taes factos, e sendo a raça dominante n'aquelles paizcs. alliada pelo sangue Aquella que habita na nossa peilinsula, póde ter-se como cousa iiifallivel que, se nos dois cst:~dos cXin que esta se divide, os chefes heredita- rios fossem substituidos por clicfCs temporarios, n5o falta- riam prctcndentes, que aproveitassem as occasiCcs oppor- tunas, para :ilcançarem, pelo emprego da fo rp ni.irir,tl:i. (1

iiiaiido supremo. De taes tentativas resultaria ;i L. 1 i I ( i

vil c as alternati~~as de despotismo e de anarclii:~, coiiio por t5o longo espaGo de teinpo tCem cxpel~iinciit:ado acluellas re- publicas trans:itlanticas. E cin a1guiii:is <I(% tacs :ilteriiati- vns, Portupzl fic:iria, talvez, exposto a ~)crcl(br a sua indc- pend<biicia. »

11 c\ oiitualidade npoiitncla no aiino dc 1872 jh se realisou I 111 Hc~s1)anha; e as siias dcploraveis consequencias temrex- cediclo quanto se podvria prcver. Estes factos liao devem esqueccr aos nossos compztriotas.

1 Fis. T,rt ,gtiorc r111 l'nru!qtrnp. Riris, 1450.

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E cm outra parte do mesmo escripto acrescentava eu: «Quanto a n6s, os portuguezes, o nosso primeiro inte-

ressc politico estA na conservaçiYo das instituipties liberaes que porisuimos, e que nos custaram oito annos de combates. I 7 lratemos pois de as melhorar, reformando-as prudentemen- te; e se o coiiseguiniios teremos feito um bom serviço ao nsso paiz. »

Conta-se este espaço de tempo annos desde o juramento da carta constitucional; mas o movimento liberal começou seis annos antes.

Prrzo-iiic da linvcr servido a causa da liberdade da nosaa patria, lia RII:L boa C nl:i fortuna, drsdo o dia 15 de setciii- bro de 1820; e C em apoio d'rsta causa quc, com 1)lrna convic~30, rcsiiltado (Ia rcflexâo c da e~pc~icnc ia , cmitto a opiniiio nciina indicad:~.

Fazeiido-se na carta coiistitucionnl as rcformss que uma lwlitic.:i prcvidcnte ha iiiiiito reclama, con~rgiiiremos dar iiiais forqa e cstnbilidncle Bs instituiçocs que actualmente possuiiiios, o rlue scrA tle grande vantagem.

Sc, porCin, as iii.tituiqõrs fosscrii destruidas, nIo seria pos- sivel calcular por quaes outras ellas seriam substituidas. l'o- (leriam talvez os nossos compatriotas obter o goso de todas as vantagens que possueiii os cidadãos dos Estados Unidos da America do norte; mas poderiam tambem cair no estado do ailarchia, de que tantos t3o repetidos exemplos se tem dado na America meridional, oii n'aquelle que, prcsenteinente a Hespanha estd soffrendo; ou ainda, poderiam ficar sujeitos a governos dictatoriaes, como succedcu aos francezes da pri- meira e da segunda rcpublica; bem como n varios oiitros cstados americanos, que chamando-sc. rcpiiblicas, foram do- ininndos por ciivcrsos tprannos durantc muitos annos.

E de esperar que o bom senso da na+o portugueza conti- nuard a manter a tranquillidade de que tcm gosado durantc as violentas mudanças politicas que nos ultimos annos tem occorrido no pai8 viziillio; tranquilli(1:idr i l ~ qiic tarnbem go- ti;irn quando tiveraili logar os grandes inoviiiiciitOs revolu- c.ioiini.io.: qiir. lia iim quarto de seciilu, agitaram a Europa.

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Porci aqui termo a este rscripto, qiie a irnportancirt do a2biiiiipto tornou iiiais extenso (10 qiic eii csperavn, qiianilo priiicipiei a redigir ns oLst~rrnç?ics, qinc :L leitura do projecto de representação da associaçiio comrnercid de Lisboa, inc determii~oii n fazer.

N'elle prociirei mostrar os motivos por que, concordrindo eu, em geral, e pelo modo que fica exposto, coni a s itl6:~s n1)resentadas no mcsmo projecto, Acerca das preciszcs das iiohsas coloiiias, riRo podia comtudo deix:ir de ser de ol)iiii2o (lircrsa, quanto :i continuasão do trab:illio forçado alem do dia 29 de abril de 1878.

A melhor medida que o governo pódc tomar Acerca dos lihcrtos b a de decretar, scin demora, a extincs50 d'essa c1:iw~. .E o trabalho (l'csttvi ol)t~rnrios nAo soffrcri:t intci-rii- l)yT~'iu, ,<c fosse dcterininudo (lu(: todos os incliricliio~ tl:i cx- tiiictn cl:~ssc, coiitratnssciii os ~ C ' I I < serviyos 1)oi 11111, ( 1 1 1 iloi' annos, com os BCUS antigos l)at~-Gc.s, o11 eorn outras pessoas clue ellcs prcferissem, devciitlo *(*r reguladas pcla aiictori- clatle publica as condições dos contratos. A lei hespanhola ciuo aboliu o cstado de cscravid5o lia ilha de Porto Ilico, ordciion que os einancipndos fi(.assriii obrigados a contra- tar-se 1):1r.2 traba1h:ir com os prol~i,ic~tnrioç a qiiem houvci- s t X r i i 1>c~rtc.iici(lo7 ou eorn outras pe~so:is, ou com o estado.

I7iii:i ( l i s~os i~ io siinilhante havia jli sido adol3tacln pel:~ lei liollondeza qiie libertou os escr:ivos. E estes. 10: 0 1

foram emancipados, contrataram os setis servips pur i I I

prasos de tempo, ficando o maior numero d'elles com os seus antigos senhores.

Da indicada iiictlida 1150 poderiam queixar-se, com raszo, os patrões :~ctiiacs dos libe~tox, porqiic elles seriam inde- 1iinis:~dos na coriforniidade do clccrcto dc. 29 de abril clc 1858, e porque O tr:ilr:illio dos negros n2o ~offrcria iilterriip~(io.

Como concliis50 cl'estc escripto, seja-me peraiittido dizer, que tenho a coiiscieiicin de haver prestado algum serviqo litil :i nossa patria, ;i civilisaç50 e ao progresso das colonias portuguezas, havendo cooperado, pela maneira (~iie estar:^ no meti alcance, (liirante ni:iis cic trinta e seis aiiiios, 1):ii':'

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a nboliçh do trafico da escravatura, do estado de escravi- dno, c clo traballio for(,-n(lo nas mesinas colonias.

O receio do que us rcbultados das referidas medidas po- dessem sofier detrimento se, porvcntura, fosse attendida a iridicaç30, que se acha no projecto de rcl~resentação apre- sentado ;i illustrada associaçffo cornmercial de Lisboa, de se peiliiittir a continuação do traballio forçado alem do dia que n lei fixou para a sua aboliqão, foi o motivo cjue mc detor- iiiiriou a escmvcr :i.; ol)sr.rvapões, qno acima ficam expos- tas, concernentcs : i 1 1 iiic5iiio projecto.

E confio eiii cliic :L mcsma associaçlo, apreciando os fa- ctos cxpostos n'cbstc opusciilo, ha de prestar o seu mui va- lioso apoio As incdidas que cumpre tomar, para que, sem deinoi.:~, sc:j:~ ~\;tiilct;i nas nossas colonias uma pratica quo, contra u c%l)irito c n letra ~1:~s leis, representa o estado do cscravitl>o, qiiv csllns ul)i~liram.

E estas iiir(1idas são reclamadas pelos principias do jus- tiqa, tlc 1iuiii:iiiitlacle e de boa politica, bem coiiio pelos sen- timentos dc cnritl:ide, em beneficio da classe de iilclividiios mais drsvnliclu c mais niiseravel que habita as terras por-

o iiez:lq. til< Teiic.ioiiniitlo eii apresentar na camara dos pares, na pro-

xima sess~io leg-islativa, uma proposta de Ici para que se- jam dcclnrados coinpletarilentc~ ei1i:iiicipados todos os liber- tos, chamarei a attençIo dc qiiciii sc intcrchsa il'esta questão sobre os factos oxpostos n'este opusciilo.

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