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O TRABALHO E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO ESSENCIAL.

Autora: Irene Mareca

Orientador: Me João Ricardo Amadeu

RESUMO

Trabalho e educação não estão desvinculados, ambos complementam-se, o trabalho, em sua essência, permite ao homem transformar a natureza, consequentemente a si próprio, a educação permite ao homem ter o conhecimento necessário para agir sobre o trabalho, desenvolvendo competências necessárias para responder às suas exigências e necessidades, portanto, trabalho e educação atuam no sentido de desenvolver o indivíduo. Assim sendo, considerando esse contexto, o objetivo esse artigo foi o e destacar a relevância o trabalho como instrumento promovedor da educação, contribuindo para a formação do conhecimento, como também para a formação social. Além de apontar a educação e o trabalho como o instrumento de transformação social. Esse trabalho se justifica no sentido de proporcionar ao aluno um conhecimento pleno em relação à contribuição do trabalho para o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade, de modo que o aluno possa, ao longo da assimilação desta realidade, considerar o trabalho como um instrumento disciplinador e complementar ao seu processo de formação. A metodologia utilizada para a elaboração desse artigo foi o da pesquisa bibliográfico-descritiva para a revisão de literatura e da investigação da realidade para a intervenção didática. Palavras-chave: Educação. Pedagogia. Trabalho. ABSTRACT: Work and education are not unrelated, they both complement each other, work, in essence, allows man to transform nature, thus to himself, education enables man to have the knowledge to act on the work, developing skills to meet their requirements and needs, therefore, work and education work to develop the individual. Thus, given this context, the objective of this article was to highlight the relevance of it and work as an instrument of education promoter, contributing to the formation of knowledge, but also to the social formation. Besides pointing out the education and work as an instrument of social transformation. This work is warranted inorde r to provide the student with a full knowledge regarding the contribution of labor to economic and social development of a society, so that the student can, along the assimilation of this fact, consider working as a disciplinary tool and complement their training process. The methodology used for the preparation of this article was the research literature, descriptive literature review and research of reality for the intervention teaching. Keywords: Education. Pedagogyrk. woing.

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INTRODUÇÃO

A educação, ao longo dos anos, passou por um processo de evolução

constante, a cada transformação social, a educação buscou-se moldar conforme as

novas necessidades que surgiam, aperfeiçoando o conhecimento humano,

contribuindo para que percebesse a sua realidade; da mesma forma ocorreu com o

trabalho, a cada nova perspectiva socioeconômica, o trabalho tendeu-se a exigir um

novo perfil de trabalhador, ensejando ao mesmo a possibilidade de transformar a

natureza e a si próprio, atuando como um instrumento de formação do indivíduo.

Diante dessa conjuntura, compreende-se que educação e trabalho estão vinculados

um ao outro, interagem-se no sentido de desenvolver o indivíduo social.

Destarte, este artigo tem como objetivos principais, enfatizar a relevância

do trabalho no sentido de promoção da educação, contribuindo de forma suplementar

ao modelo tradicional da educação, atuando, além da formação do conhecimento,

como também a um contexto social; igualmente, compreender a importância do

trabalho como meio de crescimento.

Esse trabalho se justifica no sentido de propiciar ao aluno um

conhecimento pleno em relação à contribuição do trabalho para o desenvolvimento

econômico e social de uma sociedade, de modo que o aluno possa, ao longo da

assimilação desta realidade, considerar o trabalho como um instrumento

disciplinador e complementar ao seu processo de formação.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Segundo Saviani (2007), a forma como a sociedade atual é constituída

fornece os parâmetros para que a educação seja elaborada, de modo que o

indivíduo possa absorver o conhecimento necessário para que possa ter

participação social, e, principalmente, inserir-se no mercado de trabalho, portanto

educação e trabalho se vinculam.

Assim, pode-se compreender que, segundo as palavras de Saviani (2007,

p. 160):

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Ou seja, o trabalho orienta e determina o caráter do currículo escolar em função da incorporação dessas exigências na vida da sociedade. A escola elementar não precisa, então, fazer referência direta ao processo de trabalho, porque ela se constitui basicamente como um mecanismo, um instrumento, por meio do qual os integrantes da sociedade se apropriam daqueles elementos, também instrumentais, para a sua inserção efetiva na própria sociedade. Aprender a ler, escrever e contar, e dominar os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais constituem pré-requisitos para compreender o mundo em que se vive, inclusive para entender a própria incorporação pelo trabalho dos conhecimentos científicos no âmbito da vida e da sociedade.

Entende-se por trabalho como a ação pelo qual o indivíduo transforma a

natureza, simultaneamente, por ela é transformado, se trata de uma forma de

relação com a natureza em que vai buscar atender suas necessidades, e por meio

dessa ação constante a aprendizagem se faz crucial, em que o homem passa a

aprimorar-se para atender as necessidades do meio e de si próprio, diante disso a

educação se aprimora a fim de atender esse contexto.

Assim sendo, ao longo do desenvolvimento do processo produtivo a

educação foi se adequando às necessidades desse processo, embora muitas vezes

preterida de valorização, na qual ela foi oferecida dentro de um limite para que os

trabalhadores fossem controlados, ela sempre esteve vinculada ao trabalho, com

menos ou mais ênfase, uma vez que, segundo Gramsci (1990), é por meio da

educação que o trabalho se realiza, pelo aprendizado do ambiente, da realidade e

do fazer, por meio do trabalho o indivíduo transforma a natureza e por meio da

educação transforma sua realidade, pelo trabalho, o indivíduo transforma o mundo,

tornando-o dinâmico.

2.2. EDUCAÇÃO E TRABALHO

Não há como desvincular o trabalho da educação, ambos convergem-se

para a mesma perspectiva, ou seja, a formação do indivíduo como um ser social.

Dentre os teóricos que analisaram o trabalho como complemento da educação,

menciona-se o italiano Antônio Gramsci, que desde o início do século XX

desenvolveu estudos nesse sentido.

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Socialista nato, Gramsci (1990) ao longo de sua curta trajetória em vida

desenvolveu teorias que embateu com o estado liberal burguês, defendendo

sobremaneira a classe operária, objetivando a superação de sua posição de

submissão, observa-se a colocação de Mochcovith (1990, p. 10) em relação a essa

concepção:

[...] a perspectiva de Gramsci é sempre a de elaborar conceitos que ajudem a classe operária e seus intelectuais (seu partido) a firmar a „hegemonia‟ do proletariado sobre o conjunto das classes subalternas e a disputar a direção intelectual e moral do conjunto da sociedade, visando à tomada do poder político e à alteração da situação de dominação.

Para Gramsci (1990) considera o indivíduo como um ser diligente na

busca da satisfação de suas necessidades, tendo o trabalho como a sua forma

legítima de humanizar-se, de socializar-se e de sobrevivência no meio da qual

integra, ou seja, o trabalho é o meio que o diferencia de outros animais. Dessa

forma, compactuando da teoria marxista, Gramsci (1990) menciona que sendo o

trabalho inerente a todos os seres humanos, como um meio de sobrevivência,

compreende-se, de acordo com os seus pressupostos, que a exploração pela

maioria da força de trabalho de uma minoria não é exeqüível.

Nesse sentido menciona Nascimento e Sbardelotto (2008, p. 276):

O sistema capitalista alimenta-se deste antagonismo entre capital e trabalho assalariado. Portanto, a garantia de que poucos continuem possuindo e de que a maioria mantenha-se destituída de propriedade é obtida através do contrato entre o poder do Estado e seus cidadãos. O Estado, representante dos interesses da burguesia, portanto, utiliza-se de seu poder coercitivo e ideológico para garantir que o antagonismo entre os interesses de classes que

alimenta o sistema capitalista continue presente.

Contudo, esse pensamento marxista acerca da relação classes e trabalho

foi ampliado por Gramsci, diferenciando-se desta perspectiva, ao considerar que as

relações ideológicas e culturais como sendo mais relevantes do que as relações de

produção. Dessa forma, menciona Carnoy (1994, p. 93):

Para Gramsci, a sociedade civil representa o fator ativo e positivo no desenvolvimento histórico; é o complexo das relações ideológicas e culturais, a vida espiritual e intelectual, e a expressão política dessas relações torna-se o centro da análise.

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De acordo com a concepção de Gramsci (1990), no início do século XX, a

burguesia, representada pelo Estado, não se impunha sobre o povo de forma

opressora, de modo que passou a ceder a certas reivindicações, dentre elas o direito

a greve, criação de sindicatos entre outras, portanto, oferecendo um espaço mais

democrático ao capitalismo. Esse novo cenário, de acordo com Gramsci (apud.

BOBBIO, 1999) passou a ter um novo apanágio denominado por ele de “luta pela

hegemonia”. Nascimento e Sbardelotto (2008, p. 277), fazem a seguinte colocação

em relação a essa perspectiva:

Trata-se da luta pelo convencimento da classe trabalhadora a continuar se submetendo às condições de dominação e subordinação à elite burguesa, agora não mais pelo poder coercitivo, mas uma luta por estabelecer o “consenso” entre as classes.

Essa condição é representada por uma incisiva diligência educativa da

classe dominante no sentido de assegurar a submissão da classe trabalhadora aos

interesses do Estado, inclusive no sentido de indicar meios de organização para que

a sua hegemonia fosse mantida.

Porém, conforme relata Gramsci (1990) a própria hegemonia criada pela

classe burguesa criou a contra-hegemonia do proletariado, justamente pelo fato do

aspecto democrático oferecido pelo Estado, permitindo às classes questionar as

posições políticas impostas como reais e verdadeiras.

É nesse contexto de transformação da sociedade capitalista, por meio do

ataque à hegemonia da burguesia, a mencionada contra-burguesia, que Gramsci

(1990) destacou a relevância da constituição de intelectuais originados da classe

proletária. Assim, segundo ele, fundamental seria educar trabalhadores para se

atingir esse objetivo, visando à transformação da sociedade capitalista, de burguesa

à proletária.

Foi nesse sentido que Gramsci (apud. NASCIMENTO E SBARDELOTTO,

2008), passou a criticar a educação burguesa, principalmente a da Itália, justamente

pelo fato que a sua estrutura estava divida em educação profissional, voltada para a

constituição de mão-de-obra; e a intelectual, às classes dominantes, às elites

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burguesas, para ele se tratava de uma educação preconceituosa que afirma que da

classe proletária não sugeria intelectuais.

Para Gramsci (2001) o trabalho deve ser o fundamento da educação, mas

não no modelo preconizado pela educação italiana, cujo pressuposto dissimulado

era o da reprodução das condições de classes sociais, ou seja, de forma

estratificada. Para Gramsci (2001, p. 50), a educação deveria ter só um

fundamentos (2001, p. 50): “[...] que cada „cidadão‟ possa tornar-se „governante‟ e

que a sociedade o ponha, ainda que „abstratamente‟, nas condições gerais de poder

fazê-lo [...]”.

Essa condição preconizada por Gramsci somente seria possível com a

educação, não na condição difundida pelos italianos, pois tal realidade foi

transmigrada por todo o mundo capitalista.

Na escola atual, em função da crise profunda da tradição cultural e da concepção da vida e do homem, verifica-se um processo de progressiva degenerescência: as escolas de tipo profissional, isto é, preocupadas em satisfazer interesses práticos imediatos, predominam sobre a escola formativa, imediatamente desinteressada. O aspecto mais paradoxal reside em que este novo tipo de escola aparece e é louvada como democrático, quando na realidade, não só é destinado a perpetuar as diferenças sociais, como ainda a cristalizá-las em formas chinesas. (GRAMSCI, 2001, p. 49).

Para Gramsci (apud. NASCIMENTO E SBARDELOTTO, 2008) a

educação deveria ser algo comum, não no sentido de algo simples, mas no sentido

de oportunidade de acesso a todos os indivíduos, elidindo o contexto de uma escola

hierarquizada conforme classes sociais, mas sim uma escola que prepare o

indivíduo e forma igualitária e com as mesmas possibilidades profissionais:

Não é a aquisição de capacidades de direção, não é a tendência a formar homens superiores que dá a marca social de um tipo de escola. A marca social é dada pelo fato de que cada grupo social tem um tipo de escola próprio, destinado a perpetuar nestes estratos uma determinada função tradicional, dirigente ou instrumental. Se se quer destruir esta trama, portanto, deve-se não multiplicar e hierarquizar os tipos de escola profissional, mas criar um tipo único de escola preparatória que conduza o jovem até os umbrais da escolha profissional, formando-o, durante este meio tempo, como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige. (GRAMSCI, 2001, p. 49).

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A proposta de Gramsci para esta escola “comum”, visando à promoção de

intelectuais relaciona-se diretamente à sua posição política, de forte tendência

socialista e voltada à classe trabalhadora. Destacam Nascimento e Sbardelotto

(2008) que Gramsci, simultaneamente que promovia essa proposta de educação,

fez apologia a instituições exclusivamente proletária, como sindicados e partidos,

objetivando a promoção da auto-educação, a fim de que os indivíduos buscassem a

emancipação do Estado capitalista. “[...] tarefa de inserir os jovens na atividade

social, depois de tê-los levado a um certo grau de maturidade e capacidade, à

criação intelectual e prática e a uma certa autonomia na orientação e na iniciativa.”

(GRAMSCI, 1990, p. 121).

Portanto, Gramsci foi de encontro à educação profissionalizante,

considerando-a como uma forma de educação que submete ao interesse do capital,

conseqüentemente, aumentando a distância econômica e social entre classes. Para

Gramsci (1990) a educação voltada somente para a perspectiva profissional

transmite o aspecto de se oferecer a todos as mesmas condições de oportunidades

se comparada à educação da elite, cuja característica é uma educação formativa e

humanista, elaborada para possíveis dirigentes.

Devido às transformações ocorridas na década de 90, menciona Garcia

(s.i) que o Estado brasileiro, orientados por interesses econômicos e políticos, a

educação brasileira passou por reformas no sentido de modificar os seus princípios

e as suas estruturas. Dessa forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(BRASIL, 1996) passou a ter como finalidade atender às necessidades formativas do

contexto de um mundo configurado em novas necessidades de vida e de trabalho,

ou da falta dele. Assim sendo a LDB – 9394/96 (BRASIL, 1996, p. 12), ao que se

refere à educação profissional, passou a preconizar o que determina o artigo 36-B e

C:

Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: I - articulada com o ensino médio; II - subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino;

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III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.

Constata-se então que com essa reforma do ensino médio e da educação

profissional ela passa a harmonizar com o conjunto de alterações observadas

mundialmente, visando enquadrar-se nas exigências de competitividade advindas da

globalização da economia bem com a visão do mundo contemporâneo.

Contudo, diferente do que ocorria com a educação profissional do

passado, sob o prisma das teorias taylorista e fordista, conforme as colocações de

Gramsci, cujos pressupostos era a separação das atividades intelectuais e

instrumentais, cujo principal objetivo era a formação de mão-de-obra para a linha de

produção; a educação profissional contemporânea vai ao encontro com a nova

realidade mundial, ou seja, aprimorar o indivíduo constantemente que, de acordo

com Kuenzer (2004, p. 5):

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As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, mesmo que, pela contradição, para uma nova relação entre o homem e o trabalho, mediada pelo conhecimento científico, tecnológico e sócio-histórico, demandam a formação de um novo tipo, onde os conhecimentos sistematizados, as experiências e comportamentos vêm substituir a rigidez.

Na mesma perspectiva menciona Alves (2006) que a reestruturação que

em atingindo o mundo do trabalho nos últimos trinta nos exige uma nova forma de

comportamento do trabalhador no processo produtivo; assim, assiste a educação

ofertar essa transformação.

Portanto, a proposta da educação contemporânea é a da formação de um

profissional e um indivíduo pleno, capaz não somente de executar sua função, mas

sim de perceber criticamente a sua realidade e buscar os meios de transformá-la

conforme a sua necessidade. No entanto, para Kuenzer (2004) para que isso ocorra,

é crucial que a educação profissional seja fundamentada em uma sólida estrutura de

educação geral, ultrapassando as dimensões acadêmicas comuns ao Ensino

Fundamental e Médio no Brasil.

Assim sendo, fundamental se faz que o reprodutivismo educacional seja

preterido em benefício do construtivismo, de modo que o aluno possa compreender

o contexto contemporâneo e as necessidades do mercado, da sociedade e dos

meios de produção, para isso, a efetivação da interdisciplinaridade é de crucial

relevância para que o aluno possa ter a noção da importância da educação par a

sua constituição profissional.

3 METODOLOGIA

O projeto “Trabalho e Educação: uma relação essencial" foi desenvolvido

no Colégio Estadual Professor Joaquim Adrega de Moura – EMPN, para os alunos

de 1º e 2º séries do Curso Técnico em Administração – Ensino Médio Integrado, no

segundo semestre do ano de 2011. As atividades foram desenvolvidas de forma

interdisciplinar com as disciplina de História e Geografia.

Em relação aos materiais foram realizadas palestras, leitura de textos e

pesquisas, bem como a projeção de filmes. Utilizou-se, igualmente, de recursos

humanos, como docentes da área de História e Geografia.

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Quando à avaliação ela foi contínua e diagnóstica, realizada de forma

diversificada tais como: interação e participação dos alunos nas atividades orais e

escritas como: pesquisas, questionários, estudos de caso e debates. Observando se

os objetivos e metas foram atingidas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No mês de agosto os alunos foram convidados para a Palestra com a

Professora de História, Silvane Colione Fais Salvador, cujo tema foi a Primeira e

Segunda Revolução Industrial e Divisão do Trabalho. Na seqüência ocorreu a

palestra do Professor de Geografia Jair da Silva Félix, sobre a Terceira Revolução

Industrial, Robótica e Globalização do Século XXI. Durante as palestras os alunos

mostraram-se bastante interessados, pois os palestrantes foram felizes nas

apresentações por meio de projeção de slides, onde os alunos puderem ter

conhecimento dos períodos em que ocorreram esses fatos históricos. Posterior à

fase de exposição, houve interação entre alunos e palestrantes, fazendo perguntas.

Em um momento subseqüente, foi realizado um paralelo entre a os três

eventos destacados, na qual foi realizado um debate em torno do tema acerca dos

assuntos abordados. Foram constituídos dois grupos, em que cada qual pôde expor

suas concepções.

No mês de setembro, os alunos assistiram ao vídeo Tempos Modernos de

Charles Chaplin, logo em seguida fizeram uma atividade responde algumas

questões elaboradas em relação ao vídeo, em seguida foram ao laboratório de

informática pesquisar na internet sobre trabalho e educação.

Os alunos foram divididos em grupos de quatro pessoas para expor suas

pesquisas à turma. O trabalho foi muito proveitoso, na qual foram criados slides

acerca do tema.

Os alunos também realizaram pesquisa de campo com suas famílias e os

colegas de trabalho, perguntando e anotando qual a qualificação dos pais deles. Foi

solicitado que os alunos levantassem informações junto aos colegas de serviço

acerca da capacitação profissional deles, bem como uma posição a importância da

educação na função que realiza na empresa.

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No mês de outubro foram realizadas leituras de textos onde os alunos

formaram grupos e fizeram a leitura em sala de aula; os textos foram “Estudo de

caso: Afinal, quem manda aqui?” e “Taylor resolve um problema”.

Posterior à leitura dos textos foram formuladas perguntas que resultou em

uma discussão proveitosa. Os alunos elegeram um empresário da cidade que foi

convidado para participar de uma palestra e falar a respeito de sua empresa, sua

qualificação e capacitação adequada de seus funcionários.

O empresário expressou-se em forma de depoimento contando a todos

sobre a sua trajetória e o início de sua fábrica no ramo de móveis, onde

simplesmente tinha concluído o 2º grau e com a sua experiência no ramo

desenvolveu seu empreendimento. Afirmou que não foi fácil e que se tivesse tido

oportunidade para estudar um pouco mais a sua trajetória teria sido menos penosa.

Contemporaneamente, o palestrante conta com um bom número de

funcionários que trabalha na fabricação e montagem, na sua maioria possuem ou

estão cursando o 2º grau. NO quadro de funcionários de sua empresa mantém um

contador, um funcionário que cursa Administração de empresas e um arquiteto.

Posterior à palestra foi criado grupos com 4integrantes para confecção de

cartazes com o título “Trabalho e Educação”, onde foi pesquisadas na internet frases

referentes ao contexto.

As ações desenvolvidas se mostraram proficientes pelo fato que

galvanizou os alunos para as dinâmicas, além de permitir a interação com outras

disciplinas, propiciou informações sobre a transformação do mundo do trabalho e

como a educação insere-se nesse contexto.

Conforme se observou, as ações desenvolvidas emanciparam da

metodologia tradicional em sala de aula, permitindo ao aluno um contato maior com

a realidade do mundo do trabalho e como ele permite a transformação da realidade,

indo além da realidade pessoal, transformando, inclusive a realidade de outros,

portanto, o trabalho também é um significativo instrumento de educação ao permitir

que o indivíduo o utilize como meio de transformação social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme se compreende desse relatório de implantação do projeto em

questão, é possível observar que a educação tem a potencialidade de dinamizar e

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emancipar no mero aspecto reprodutivista, de modo que ao expor o vínculo da

educação com o trabalho, o aluno pode constituir uma nova concepção em relação à

sua formação, bem como a relevância do aprimoramento do conhecimento para o

enriquecimento profissional.

O aluno, ao ter a noção do processo de evolução do trabalho aos longos

dos anos, por meio das exposições em relação à Revolução Industrial nas suas três

fases, enseja que o mesmo compreenda que a cada fase novas necessidades

emergiram, exigindo do indivíduo um novo perfil, para isso a educação foi de suma

importância. Contemporaneamente, devido à alta tecnologia, a educação básica já

não mostra mais suficiente, exigindo que o indivíduo busque um desenvolvimento

pleno, do contrário, corre o risco de ser excluído social e profissionalmente.

Ao se ter contato com o depoimento de um empresário, na qual expôs sua

experiência ao longo de sua vida, o aluno tomou conhecimento do percurso

complexo do mundo do trabalho e a exigência que ela cobra do indivíduo para a

busca da realização. Essa interação propicia novos conhecimentos para reflexões

em relação à educação e a sua contribuição para o sucesso no trabalho; relevante

para que o aluno compreenda que sem esforço nada é possível.

Toda essa dinâmica aplicada em sala de aula, igualmente, contribui para a

formação continuada do docente, permitindo a ele emancipar do contexto tradicional

de pratica em sala de aula, ou se viabilizar a interdisciplinaridade, o docente

proporcionou ao aluno novos subsídios que emancipam a realidade de seu curso,

propiciando a ele dados teóricos acerca da transformação do mundo do trabalho e

como a educação insere-se nesse contexto, portanto, tratou-se de um projeto

proficiente para as duas vias, docentes e alunos, enriquecendo ambos no processo

ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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CARNOY, M. Estado e teoria política. São Paulo: Editora Papirus, 1994. GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. Os intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo. Volume 2, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. ___________. Os intelectuais e a organização da cultura. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 8ª edição. Rio de Janeiro-RJ: Civilização Brasileira, 1990. GARCIA, Sandra Regina de Oliveira. A Educação e a formação dos trabalhadores: a Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio. s.i. KUENZER, Acácia Z. Exclusão Excludente e Inclusão Excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre Educação e Trabalho. In. LOMBARDI, José C. et. Al. Capitalismo, Trabalho e Educação. Campinas: Autores Associados, HISTEDBR, 2004. MOCHCOVITCH, L. G. Gramsci e a escola. São Paulo: Editora Ática S.A, 1990. NASCIMENTO, Maria Isabel; SABARDELOTTO, Denise. A Escola Unitária: educação e trabalho em Gramsci. 2008. Disponível em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/30/art17_30.pdf. Acesso em 23.03.2011. SAVIANI, Demerval. Trabalho e educação: Fundamentos ontológicos. Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 34 jan./abr. 2007.