o trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

19
O TRABALHO DE PROFESSORES DA REDE PÚBLICA: PROFISSIONALIZAÇÃO OU PRECARIZAÇÃO? Profª Drª Maria Auxiliadora M. Oliveira (PUC Minas) Prof. Dr. Fernando Selmar Rocha Fidalgo (UFMG) Fernanda Araujo Coutinho Campos (UFMG) Rio de Janeiro Julho 2001 Eixo: Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Formação de Professores

Upload: fernanda-coutinho

Post on 05-Jun-2015

1.154 views

Category:

Education


7 download

DESCRIPTION

Trabalho apresentado durante a Anpedinha - RJ (2011)

TRANSCRIPT

Page 1: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

O TRABALHO DE PROFESSORES DA REDE PÚBLICA:

PROFISSIONALIZAÇÃO OU PRECARIZAÇÃO?

Profª Drª Maria Auxiliadora M. Oliveira (PUC Minas)Prof. Dr. Fernando Selmar Rocha Fidalgo (UFMG)

Fernanda Araujo Coutinho Campos (UFMG)

Rio de JaneiroJulho 2001

Eixo: Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Formação de Professores

Page 2: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Informações Gerais

Pesquisa: “Observatório do Trabalho Docente”;

Financiamento: CNPq e Fapemig; Ano de realização: 2007 – 2009; Pesquisa interinstitucional: PUC e UFMG; Realizada por um grupo de pesquisa em que

estiveram envolvidos: professores, estudantes de mestrado e doutorado, bolsista de apoio técnico, bolsistas de iniciação científica e pesquisadores voluntários.

Page 3: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

A pesquisa

Pesquisa quantitativa; Foram aplicados 3 questionários: (1) a

infraestrutura das escolas; (2) o perfil dos docentes e (3) as percepções dos professores sobre seus ofícios (Escala Likert);

Sujeitos: 539 professores de 36 escolas públicas (municipais e estaduais) da Grande BH(Belo Horizonte, Betim, Contagem, Igarapé, Jaboticatubas, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas e São José da Lapa).

Page 4: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Conceitos:

Profissionalização se refere aos fenômenos que se manifestam na dinâmica da estrutura ocupacional. (...) um articulador de outros processos, pois é nele que se dão as interpenetrações dos vários movimentos vivenciados pelos professores, em sua constituição histórico-social.(Nóvoa, 1991; Hypólito, 1997; Arroyo, 1995 e outros)

Proletarização se refere ao processo que guarda correspondência com a lógica da estrutura social e da constituição das classes sociais(Enguita, 1991; Apple, 1987; Chamon, 1997 e outros)

Page 5: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Eixos analíticos

Relações de trabalho (como elas vêm sendo desenvolvidas, no interior de cada instituição pesquisada);

Condições materiais do trabalho docente (a infraestrutura ofertada)

Processo do trabalho docente (as interações estabelecidas entre professores, alunos, demais profissionais das escolas e as mantidas com a comunidade local);

Qualificação profissional (as condições dadas para a qualificação e profissionalização; as relações dos docentes com o processo de acesso e produção do conhecimento).

Page 6: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados

Gráfico 1: Percentual de Professores Pesquisados, por Gênero.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 7: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 2: Demonstrativo da Faixa Etária dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 8: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 3: Demonstrativo da Última Formação dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

56

125

96

276

6 9

0

50

100

150

200

250

300Magistério

Normal Superior

Pedagogia

Licenciaturas

Não possui licenciatura

Sem resposta

Page 9: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 4: Formação Acadêmica, em Nível de Pós-Graduação, dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 10: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 5: Demonstrativo do Tempo de Exercício na Regência dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 11: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 6: Demonstrativo da Situação Funcional dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 12: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 7: Demonstrativo da quantidade de Turnos nos quais os Professores Pesquisados atuam.Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 13: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 8: Demonstrativo do Tempo de Atuação Semanal na Regência dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 14: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 9: Demonstrativo da Renda Individual dos Professores Pesquisados.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 15: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Síntese dos achados (cont.)

Gráfico 10: Demonstrativo do Quantitativo de Professores Pesquisados que, eventualmente, faltam ao Trabalho.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Page 16: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Considerações

Processo de intensificação do trabalho: devido ao aumento de demandas e à crescente regulação de seus ofícios, quanto por terem duas ou três jornadas de trabalho, dobrando turnos e/ou lecionando em outras escolas;

A maioria dos docentes era do sexo feminino e, enquanto tal se desdobravam no desempenho de múltiplos e complexos papeis, tais como, mães, esposas, professoras que transitavam em diferentes espaços e tempos, assumindo jornadas duplas e triplas de atividades laborais, que deveriam deixá-las extenuadas, estressadas, desgastadas e acometidas de síndromes diversificadas, elas se expressaram como vivenciando sentimentos de “bem-estar docente”;

Page 17: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Considerações (cont.)

Esses docentes parecem resistir aos sofrimentos e às frustrações profissionais e, em uma postura conflituosa, mas dialética, acabam levando à tona a complexidade do trabalho docente, que não pode se reduzir a uma visão maniqueísta e simplista, que dicotomiza “mal-estar” e “bem-estar”, subjetividade e objetividade, resiliência e estresse;

As causas do “mal-estar” e o do “bem-estar” encontram-se imbricadas, em movimento dialético constante, pois são relações humanas, multifacetadas, portanto, revestidas de ambigüidade, contradições e, nesta perspectiva, tanto um, quanto o outro, podem se constituir como formas de resistência dos professores às políticas públicas educacionais, às regulações, sobretudo, estatais que impactam o magistério, ao descaso e à desvalorização da sociedade e das instancias governamentais.

Page 18: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Referências

BATISTA, A. S.; ODELIUS, C. C. Infraestrutura das escolas públicas. In: CODO, W. (Org.). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis - Brasília: Vozes - CNTE, UnB, 1999. p. 161-173.

 

CHAMON, M. L. Os bastidores da escola sob a ótica da divisão do trabalho. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Educação (FAE) - UFMG. Belo Horizonte, 1987. 134 p.

 

CORREIA, J. A. Os lugares comuns na formação contínua de professores. Porto. Edições ASA. 1999.

 

ESTEVE, J. M. Mudanças sociais e função docente. In: NÓVOA, A.(Org.). Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1995.

 

FANFANI, E. T. La condicion docente: analisis comparado de La Argentina, Brasil, Perú, Uruguai. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2005.

 

GASPARINI, S. M.; BARRETO, S. M.; ASSUNÇÃO, A. A. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação & Pesquisa, São Paulo, vol. 31, n. 2, p. 189-199, maio/ago. 2005

 

GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: Unesco, 2009.

 

Page 19: O trabalho dos professores da rede pública: profissionalização ou precarização?

Referências

KUENZER, A. Z; CALDAS, A. R. Trabalho Docente: comprometimento e desistência. Seminário Internacional Gramsci, Trabalho e Educação. Belo Horizonte: FAE/UFMG, 2007.

 

NORONHA, M. M. B. Condições do exercício profissional da professora e dos possíveis efeitos sobre a saúde: estudo de casos das professoras do ensino fundamental em uma escola pública de Montes claros, Minas Gerais. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Medicina da UFMG. Belo Horizonte, 2001. 157p.

 

NÓVOA, A. Os Professores e o “novo” espaço público da Educação. In: TARDIF, M.; LESSARD, C. (Orgs). O Ofício de Professor: História, perspectivas e desafios internacionais. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 217-233.

 

OLIVEIRA, M. A. M.; BAHIA, M. G. M.; SOUZA, M. I. S. Projeto político-pedagógico: da construção à implementação. In: OLIVEIRA, M. A. M. (Org.). Gestão Educacional. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 40-53

 

PAULA, A. C. R.; NAVES, M. L. O estresse e o bem-estar docente. Revista Educação Profissional, Rio de Janeiro, v. 36, n.1, jan./abr, p. 61–71, 2010.

PEREIRA, J. C. R. Análise de dados qualitativos: estratégias metodológicas para as ciências da saúde, humanas e sociais. 3ª ed. São Paulo: Edusp, 2001. 154 p.

 

VALLANT, D. Los docentes en primer plano. Lima, Peru: PREAL, 2007.