o tÊnis de campo como conteÚdo da educaÇÃo … · como o futsal, voleibol, handebol e, ao mesmo...

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O TÊNIS DE CAMPO COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO

FÍSICA E SUAS CARACTERÍSTICAS EDUCACIONAIS

CAFISSO, Jorge Luiz1

TEIXEIRA, Dourivaldo.2

Resumo: Neste artigo pretende-se relatar os resultados e discussões da Implementação do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional na Escola, bem como o processo de aplicação das atividades de implementação pedagógica realizada no Colégio Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz EFMP, Paraná, na turma com 25 alunos de 7ª série do Ensino Fundamental, no segundo semestre de 2011. A implementação teve como tema de estudos o Tênis de campo como conteúdo da educação física e suas características educacionais. A intervenção pedagógica teve como objetivo geral analisar as possibilidades da modalidade de tênis como conteúdo da Educação Física Escolar propondo estudos e atividades orientadas à prática, considerando suas características educacionais. Como objetivos específicos a proposta procurou caracterizar a Educação Física Escolar apontando o esporte tênis como um conhecimento importante para a cultura esportiva em geral; conhecer a história do Tênis, refletindo sobre sua contemporaneidade e potencialidades educacionais; estimular a aprendizagem dos fundamentos básicos, regras e vocabulário específico da modalidade, despertando o interesse pela prática do Tênis no ambiente escolar. Aplicamos um questionário com perguntas abertas e fechadas. Isto ocorreu em dois momentos: antes do início do desenvolvimento do programa com conteúdo e metodologia especificamente planejados, e, outro ao final da implementação do referido programa. Após a intervenção verificou-se que ocorreu uma melhoria na capacidade técnica, tática, mental e espírito esportivo dos alunos, considerando-se que os dados foram comparados com o levantamento preliminar das percepções. Palavras-chave: Educação Física; esporte; tênis. Abstrat: This project intends to show the results and discussions of implementing of PDE- Educational Development Program in School, like process of application pedagogical activities done at Machado de Assis State School EFMP, Paraná, in 7th grade of elementary school, in second semester of 2011. Pedagogical intervention had as general purpose analyze possibilities of tennis event as content in School Physical Education proposing studies and activities directed to practice, considering its educational characteristics. As specific purpose, this article tried to characterize School Physical Education pointing tennis as an important knowledge to sporting culture; Know tennis history, reflecting about its contemporary and potentialities educational; stimulating learning of basic grounds, rules and specific vocabulary of event, arousing interest by tennis practice in school environment. It was applied a questionnaire with opened and closed questions. This happened in two moments: before beginning of program development with content and method specifically

1 Professor. de Educação Física da Rede Estadual de Ensino.

2 Professor Doutor do DEF-UEM orientador PDE.

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planed and another in the end of program implementing. After intervention was possible to realize that occurred an improvement in technical ability, tactic and sporting student spirit, considering information were compared with preliminary survey of perception. Key-words: Physical Education; sport; tennis. 1 INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta os resultados da intervenção pedagógica que foi

realizada no Colégio Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz - EFMP, PR,

com a finalidade de fornecer subsídios teóricos e práticos para uma melhor

compreensão do esporte nas aulas de educação física escolar, especificamente o

Tênis, visando à melhoria das relações interpessoais, procurando o resgate da

satisfação e do prazer e a formação da cidadania. A escolha do tema teve como

base a importância da escola na formação do indivíduo e, sendo a Educação Física

parte integrante do conteúdo escolar, o Tênis torna-se uma boa opção de atividade

para auxiliar os alunos no seu desenvolvimento intelectual integrado a cultura

corporal além do físico, motor e social. A escassez de estudos sobre o referido tema

fortaleceu a realização desse trabalho, de modo a auxiliar e embasar a prática da

Educação Física.

Os objetivos foram pensados tendo em vista a seguinte situação – problema:

geralmente, o gosto e as habilidades do adulto derivam de atividades ou esportes

que ele vivenciou quando criança. Proporcionar a oportunidade dos alunos

conhecerem o Tênis, tornando-o um atrativo, um esporte preferido dos estudantes,

como o futsal, voleibol, handebol e, ao mesmo tempo contribuir para melhoria do

espírito esportivo (fair play) dentro e fora da escola.

Para isto foi proposto um programa de atividades visando à estimulação e a

aprendizagem dos fundamentos básicos, regras e vocabulário específico da

modalidade Tênis, despertando o interesse pela sua prática no ambiente escolar.

Considera-se que o esporte, na sua relevância social, envolve não só fatores

do desenvolvimento econômico, político e social, mas também o fator humano, ao se

aspirar uma melhor qualidade de vida enquanto cidadãos. Porém é preciso ter um

aprofundamento científico no conceito do esporte, visando suas fundamentações

comprometidas com a educação e a participação, baseada em diretrizes sócio-

culturais, na metodologia, nos métodos e avaliações não só dos participantes

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diretos, mas também os indiretos proporcionando assim, oportunidades de uma

melhoria de vida e convivência humana.

Assim, a proposta de intervenção pedagógica, cujos resultados são

apresentados neste artigo, visou desenvolver um trabalho com o Tênis como mais

uma alternativa de atividade esportiva escolar.

Desenvolvemos a proposta partindo de um questionário inicial e após a

intervenção realizamos uma segunda avaliação qualitativa, utilizando-se o mesmo

questionário a fim de verificar se houve ou não uma mudança conceitual, cujos

dados serviram de comparação com o levantamento preliminar sobre os

conhecimentos dos alunos.

2 ESPORTE COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Antes de falar do esporte como conteúdo da Educação Física, faz-se

necessário definir seu contexto na escola. Ao longo da história da educação

brasileira a Educação Física tornou-se porta voz do esporte, utilizando este

conhecimento junto à ginástica, à dança, aos jogos, entre outros.

Até o final do século XIX, quase toda a produção ligada à Educação Física

era de caráter médico, dando grande importância à ginástica escolar, vista como

“parte da medicina” que ensina o modo de conservar e restabelecer a saúde por

meio do exercício.

Porém, no início do século XX, o panorama da Educação Física Escolar no

Brasil sofre uma mudança, devido à introdução dos esportes, os quais vieram de

diversos caminhos (grupos de imigrantes, indústrias, Associação Cristã de Moços,

entre outros) e acabaram compondo e solidificando o campo desta disciplina na

escola (PARANÁ, 1998).

Esse breve histórico é importante, uma vez que ainda hoje muitos professores

não têm claro um posicionamento quanto à forma de trabalhar com o esporte.

Portanto, entende-se que é função da Educação Física Escolar garantir o

acesso às práticas da cultura corporal do movimento advindas das mais diversas

manifestações culturais. Os alunos podem e devem compreender que os esportes -

e neste caso o Tênis - não deve ser privilégio apenas de um pequeno número de

pessoas com condições de pagar academias e clubes. Dar valor a essas atividades

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e reivindicar o acesso a elas é um posicionamento a ser adotado a partir dos

conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física.

Educação Física é Educação. De crianças, jovens, adultos, idosos, todo mundo. Ela quer abrir os olhos das pessoas para atitudes facilitadoras do bem-estar. É preventiva e mediadora. Ela ensina a fortalecer para não fraquejar, alongar para ser flexível, trabalhar a mente e a respiração para poder persistir. Ela vira a pessoa de cabeça para baixo e pernas para o ar para que todos vejam o mundo de outro ângulo. Ela proporciona que pessoas fiquem diante de um adversário para que aprendam a vencê-lo e entendam o porquê das derrotas. Ela desafia para que todos possam ir até onde não sabiam que seria possível. Faz as pessoas descobrirem que as pernas têm autonomia e força para alcançar seus sonhos. Educação Física é autoconhecimento. (SABA, 2005, p. 21).

A partir dos anos 80, o esporte começou a sofrer críticas, principalmente com

relação ao rendimento, competição, ensino de técnicas esportivas, surgindo novas

formas de pensar a Educação Física, e também propostas para torná-la mais

próxima da realidade e da função escolar.

Refletir sobre as práticas corporais significa buscar-se superar, uma visão que

vinculou, por muito tempo, a Educação Física a uma perspectiva tecnicista voltada

para o desenvolvimento de aptidões físicas, o que priorizou, historicamente, na

escola, a simples execução de exercícios físicos destituídos de uma reflexão sobre o

fazer corporal. O humano entendido como social, histórico, inacabado e, portanto,

em constante transformação, exige da Educação Física uma abordagem teórica

contextualizada com as práticas corporais, relacionando-as aos interesses políticos,

econômicos, sociais e culturais que as constituíram. (PARANÁ, 2006).

Na maioria das vezes, a aula de Educação Física na escola não constitui

momentos de experiência de movimentos, mas momentos em que o objetivo era o

de executar movimentos repetitivos e mecânicos transmitidos pelo professor. Assim,

os alunos aprendem somente a cumprir ordens, sem questionar o seu significado e

importância e, principalmente, não sabem como utilizar as informações recebidas.

A Educação Física, tradicionalmente, utilizou o esporte como um dos seus

conteúdos predominantes, sendo utilizada visando ao desempenho e ao rendimento

máximo, de forma acrítica e reprodutivista, ou seja, como um modelo de treinamento

visando à performance.

Com relação ao exposto, sobre a utilização do esporte na escola, Teixeira

(2010, p. 22) diz o seguinte:

[...] podemos compreender que, se bem planejado, bem direcionado e, principalmente, se levar em consideração que o centro do processo é o

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sujeito que o pratica, em um contexto sócio cultural determinando no tempo e no espaço, o desporto poderá ser importante para a auto-superarão e a superação das dificuldades na vida do próprio sujeito. Em outras palavras, poderá, na escola, não só fazer a introdução da criança na cultura corporal do movimento, mas também, por meio do movimento consciente dentro da prática desportiva, levar a criança praticante à plenitude humana. (TEIXEIRA,2010, p.22).

O esporte escolar deve estar caracterizado como “Esporte Educação” e não

como “Esporte na Escola”. Deve ser utilizado de forma que desperte o interesse e

prazer do aluno e que tenha objetivo educativo, e não só jogar por jogar (PARANÁ,

2006).

Enquanto conteúdo da Educação Física, o esporte é um importante aliado no

processo de formação de escolares, podendo ser entendido como um fenômeno

composto por diversas modalidades esportivas que, por sua vez, são dotadas de

regras sistematizadas e organizadas mundialmente (CHIMINAZZO, 2008).

Segundo o Coletivo de Autores (1991, p.70) o esporte, como prática social

que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão

complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade

que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus variados aspectos, para

determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de

esporte “da” e não “na” escola. Na escola é preciso resgatar os valores que

privilegiam o coletivo sobre o individual, defendendo o compromisso da

solidariedade e o respeito humano, a compreensão de que o jogo se faz “a dois”, e

de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário.

É preciso entender o esporte escolar como elemento formador, que não

privilegie uma minoria, e sim, seja democrático, que não seja individualista, mas

cooperativo e participativo, devendo utilizá-lo como meio para educar através de

todo o seu desenvolvimento enquanto fenômeno cultural da humanidade; não utilizá-

lo somente na busca da vitória, pois, desta forma, não estaremos levando em conta

toda dimensão educacional deste importantíssimo conteúdo para as aulas de

Educação Física. Deve-se tratar o esporte de forma a abordá-lo de modo realmente

concreto.

Assim, a questão da Educação Física e o esporte, para serem entendidos,

devem primeiro buscar seus significados históricos, uma vez que o movimento do

homem, ser que pensa, sente e age, não admite separação. Portanto, o esporte

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como fenômeno cultural, pode e deve ser tratado pedagogicamente na escola,

devendo ser entendido o significado da sua prática na competição e no lazer.

3 TÊNIS NA ESCOLA

Considera-se que o Tênis por ser um esporte democrático em que todos

podem jogar independente do biótipo, sexo, idade, é passível de ser praticado

durante a vida inteira, contribuindo, desta forma, para tornar o praticante uma

pessoa saudável e mais ativa, portanto o Tênis pode e deve fazer parte do rol de

conteúdos do ensino fundamental.

Humanizar essa prática desportiva significa tornar o cidadão, em sua

essência, capaz o suficiente para compreender o universo de possibilidade em que

está inserido. Neste sentido, o tênis pode ser um grande aliado para desenvolver

novas possibilidades.

Com a utilização do tênis nas aulas de Educação Física de forma efetiva e

significativa, espera-se propiciar uma nova forma/estratégia de trabalho

proporcionando uma educação prazerosa voltada para além do conhecimento, com

vistas ao lazer e à participação, contribuindo para que este esporte se torne um meio

de união entre os participantes, ajudando na formação de atitudes éticas e

cavalheirescas, buscando o melhoramento das relações sociais dentro e fora da

escola.

Galliete (1996, p. 36) destaca alguns comportamentos éticos do Tênis:

Ganhar sempre que for possível, porém cavalheirescamente. Deve-se porfiar em dar toda a vantagem ao nosso adversário para, mesmo assim vencê-lo, enaltecendo assim, o valor da vitória. O melhor gesto revela o indivíduo, daí ser obrigação tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados. Atenção e delicadeza com seu semelhante, principalmente com inferiores, nunca são demais e se conhece o bom esportista. Não devemos nos fazer esperar nos torneios e jogos. Tão pouco reclamar da demora ou atraso do adversário, quando muito uma ponderação ao árbitro ou responsável pela competição depois de expirado o tempo regulamentar. Durante um jogo, é de boa norma não falar, mas, sim pensar.

É preciso levar em consideração e respeitar os comportamentos éticos do

Tênis, pois à medida que multiplicam as formas de manifestação do esporte, na

nossa sociedade, também aumentam as preocupações com a ética esportiva.

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O Barão Pierre de Coubertin idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna

difundiu o “fair play” que representa a honra e a lealdade, o respeito pelos outros e

por si próprio no esporte. O “fair play” é entendido de forma bastante comum como

“jogo limpo” ou “espírito esportivo”, no qual a lealdade, a honestidade, a aceitação

das regras, o respeito pelos outros e por si próprio, igualdade de oportunidades são

alguns dos elementos associados à ideia de espírito esportivo.

Embora o Brasil seja conhecido como um país repleto de normas e leis, elas

são sistematicamente desobedecidas e pouco funcionais, sendo então necessário o

espírito do “fair-play”. Para o Código de Ética Esportiva, elaborado pelo conselho da

Europa (1996) o “fair play” está além de um simples comportamento:

[...] significa muito mais do que o simples respeito às regras; cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito esportivo, representa um modo de pensar, e não simplesmente um comportamento. O conceito abrange a problemática da luta contra batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito às regras, o doping, a violência (tanto física quanto verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção.

Para Santos (2005) seria importante destacar que o espírito esportivo-“fair

play”, é o código de ética do esporte. Sem ações pautadas na ética e espírito

esportivo, a sobrevivência do esporte como atividade humana está ameaçada.

Fenômenos como a violência, doping, comercialização, desrespeito à pessoa

humana, a vitória a qualquer custo tomará conta do esporte com facilidade. Desta

forma, a preservação dos valores éticos e morais do esporte é uma tarefa que

envolve jovens, adultos, idosos, atletas, espectadores, dirigentes, técnicos,

autoridades, patrocinadores, professores, e outros.

Há a necessidade de apoio de todos que acreditam que o esporte possa ser

uma atividade geradora de alegria, prazer e promoção das relações humanas, pois,

sem o espírito esportivo - fair play, o esporte não acontece de forma verdadeira.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Desenvolvemos a proposta de implementação pedagógica em uma turma de

25 alunos da 7ª série, período vespertino. Inicialmente definimos os dias e horários

das atividades, juntamente com os alunos. Pretendíamos desenvolver as atividades

também aos sábados pela manhã, mas, devido alguns alunos participarem da

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catequese neste período, definimos a intervenção para as terças-feiras das quatorze

(14h) as dezesseis (16h) horas no Ginásio Municipal de Esportes e nas quintas-

feiras na quadra do Colégio no mesmo horário.

Na primeira ação, para a efetivação dos objetivos da proposta, apresentamos

o projeto na escola e depois para os alunos, em seguida foi realizada uma avaliação

diagnóstica envolvendo conhecimento teórico e vivências práticas anteriores do tênis

pelos alunos.

Aplicamos um questionário com perguntas abertas e fechadas. Isto ocorreu

em dois momentos: antes do início do desenvolvimento do programa com conteúdo

e metodologia especificamente planejados, e, outro ao final da implementação do

referido programa. O questionário foi composto com dezenove questões. Vinte e

cinco alunos responderam o questionário dentro de um universo de vinte e cinco

alunos. Os dados apurados foram tabulados onde examinamos alguns padrões de

pensamento entre os alunos da 7ª série sobre o assunto.

Após o estabelecimento das categorias, procederam-se as análises

quantitativas expressa pelo número de alunos e respectiva porcentagem. A

avaliação diagnóstica apresentou os seguintes resultados:

Quadro 1: Indicadores relacionados aos esportes preferidos pelos alunos

Esportes preferidos %

Futsal 40,00

Vôlei 16,00

Xadrez 8,00

Basquete 8,00

Handebol 8,00

Tênis de mesa 8,00

Futebol 4,00

Gosta de todos os esportes/sem preferência 4,00

Observando o quadro 1 notamos que dentre os vários esportes o futsal se

destaca pela preferência da maioria dos alunos. Consideramos que isto ocorre por

ser um esporte que se assemelha ao futebol, porém, jogado em um espaço menor,

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necessitando de poucos materiais. O Tênis de quadra nem foi citado inferindo-se

disto que o mesmo está ausente das preferências dos alunos. Sobre a importância

do Tênis na obra de Stucchi (2007), o mesmo coloca o tênis como um esporte

importante, para melhorar o desenvolvimento psicomotor dos alunos, afinal

contempla o aluno por completo.

Quadro 2: Indicadores relacionados às modalidades esportivas que os alunos conheceram nas aulas de Educação Física

Modalidades esportivas que conheceram nas aulas de Educação Física

%

Futsal 20,00

Basquete 20,00

Voleibol 17,50

Handebol 12,50

Xadrez 12,50

Tênis 12,50

Atletismo 5,00

Ao analisar o quadro 2 consideramos que o destaque do futsal, do basquete e

do vôlei está vinculado com a maior ênfase que estes esportes recebem nas aulas

de Educação Física escolar. E, no caso específico do futsal, pode-se acrescentar

ainda a grande influência da mídia e dos demais canais de informação que há

muitos anos influenciam diretamente na paixão que os brasileiros apresentam pelo

futebol e por semelhança pelo futsal.

Neste indicador 12,5% dos alunos colocam que conheceram o Tênis nas

aulas de Educação Física ou em jogos virtuais, o que é um índice positivo.

Stuchi (2007) coloca que cabe ao professor seguir uma progressão

pedagógica de ensino do tênis e Stucchi (2004) cita o tênis como um meio de

movimentação corporal.

É inegável que a forma como Stucchi (2004) aborda o tema, não deixa de ser

uma forma de popularização do esporte em questão visto que, ele coloca o tênis

como um impulso para a melhoria das aulas de Educação Física.

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Quadro 3: Indicadores relacionados ao desejo de praticar tênis

Gostaria de praticar Tênis? %

Sim 100,00

Ao analisar esta questão do quadro 3 concluímos que mesmo tendo pouco

conhecimento sobre o esporte Tênis os alunos gostariam de aprendê-lo e praticá-lo.

Consideramos que mesmo havendo pouca disseminação deste esporte na escola

devido ele ser considerado um esporte muito caro por causa do custo dos materiais

oficiais, os alunos interessaram-se por aprendê-lo o que significa que estão

motivados para conhecer melhor este esporte.

Quadro 4: Indicadores relacionados aos valores possíveis de serem desenvolvidos com a prática do tênis

Quais valores você considera possíveis de serem desenvolvidos com a prática do Tênis?

%

Espírito de grupo, espírito esportivo e coletividade 36,00

Trabalho em grupo e cooperação 20,00

Conviver melhor com os colegas 20,00

Respeito às pessoas 16,00

Companheirismo e amizade 8,00

O quadro 4 mostra diversos valores apontados pelos alunos como possíveis

de serem desenvolvidos com a prática do tênis, sendo o espírito de grupo, espírito

esportivo e coletividade os mais destacados. Com base no exposto no quadro

acima, pode dizer que os alunos tem consciência dos valores educacionais que o

tênis pode proporcionar.

Quadro 5: Indicadores relacionados ao conhecimento das regras do tênis

Tem algum conhecimento sobre as regras do Tênis? %

Sim 50,00

Não 50,00

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Verificamos pelas respostas do quadro 5 que a metade dos alunos possui

conhecimentos sobre regras do Tênis o que significa um número razoável, sendo

que isto ocorre devido ás experiências anteriores com o esporte em questão.

Conhecimento este, adquirido nas aulas de Educação Física quando estavam na 5ª

série ou através de jogos virtuais.

Quadro 6: Indicadores relacionados às facilidades para se aprender o esporte tênis

Considera o Tênis um esporte fácil de ser aprendido? %

Sim 40,00

Não 40,00

Não opinou 20,00

Analisando o quadro 6 observamos que opinião dos alunos mostrou-se

bastante dividida com relação a aprendizagem do jogo de Tênis. Pode se dizer que

esta divergência de opinião, deve-se ao fato de que vários desses alunos não

haviam tido nenhum contato com o esporte anteriormente.

Quadro 7: Indicadores relacionados ao conhecimento sobre o significado do termo “espírito esportivo”

Sabe o que significa o termo “espírito esportivo”? %

Sim 33,33

Não 66,66

Sobre o significado do termo “espírito esportivo” colocado no quadro 7,

observamos que é desconhecido pela maioria. Sendo que o espírito esportivo deve

fazer parte de todos os esportes e não apenas do tênis, concluímos que os alunos

não receberam informações sobre tal assunto. Consideramos serem estas

informações necessárias, pois segundo Gonçalves (1996) a noção de espírito

esportivo não é muito fácil de ser definida, mas algumas características são

possíveis de reconhecer, lealdade, honestidade, aceitação das regras, respeito

pelos outros e por si próprio, igualdade de oportunidades. Com isso podemos

afirmar que são muitos os elementos associados à ideia de espírito esportivo.

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Quadro 8: Indicadores relacionados ao conhecimento sobre o significado do termo “fair play”?

Sabe o significado do termo “fair play”? %

Sim 8,00

Não 92,00

De acordo com as respostas do quadro 8, o termo “fair play” é desconhecido

por 92% dos alunos. Considerando-se que os conceitos de “Espírito Esportivo” e

“fair play” ainda não estão suficientemente claros na literatura especializada que

trata das questões relacionadas com a ética e moralidade no esporte é provável que

não tenha havido uma compreensão clara sobre a pergunta e que o tema não foi

discutido anteriormente na escola.

Quadro 9: Indicadores relacionados à prática de atitudes consideradas como “fair play”

Já praticou alguma atitude considerada como “fair play? %

Sim 25,00

Não 75,00

As respostas do quadro 9 indicam que a maioria dos alunos não pratica

atitudes consideradas como “fair play”. Sendo que o esporte tem um grande valor

educativo e isso é largamente reconhecido no âmbito da educação física, com estas

respostas consideramos que os alunos assim se posicionam por desconhecerem o

significado do termo “fair-play”, o que foi constatado no quadro 8. Talvez isto se deva

ao fato da maioria dos modelos veiculados pela televisão serem atletas de alta

competição que procuram a vitória a qualquer custo.

Quadro 10: Indicadores relacionados sobre ser um verdadeiro esportista

Você se considera um verdadeiro esportista? %

Sim 33,33

Não 58,33

Não sabe opinar 8,33%

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Pelas respostas do quadro 10 podemos observar que a maioria dos alunos

não se considera um verdadeiro esportista, o que pode ser justificado pela falta de

conhecimento do que seja um “verdadeiro esportista”.

Após esta avaliação diagnóstica foi feita a apresentação do vídeo sobre

atitudes consideradas como fair play.

Os alunos demonstraram muito interesse nos vídeos. Nos relatórios

apresentados eles colocaram que o fair play é muito mais do que, simplesmente,

respeitar regras e que ele refere-se ao respeito pelo outro, espírito desportivo e

amizade. Os alunos demonstraram ter entendido o conteúdo, pois nos relatórios

citaram exemplos de como a pessoa pode ter atitudes consideradas como “fair play”.

Consideramos, porém, que ainda havia necessidade de mais debates sobre o

assunto, visto que esta foi apenas uma apresentação inicial para que os alunos

tivessem uma noção geral sobre “fair play” e “Espírito Esportivo”.

Após análise do vídeo realizamos a segunda atividade da proposta, sendo

esta, estudos e debates sobre histórico do Tênis, origem, peculiaridades,

características e pesquisa de outros jogos similares e vídeos relacionados. No

decorrer destas atividades e explicações os alunos ficaram bastante atentos e

interessados, fazendo vários questionamentos sobre a origem e evolução do tênis,

principalmente quando foi colocado que os reis, em determinado momento,

proibiram a prática do Tênis pelos servos, ficando restrito á burguesia.

Com relação às regras básicas houve muito interesse também por parte dos

alunos. O que mais despertou a atenção foram os textos e vídeos que se referiam à

contagem dos pontos, pois, segundo os alunos que já haviam participado de jogos

de Tênis, esta regra parecia muito estranha e não entendiam como funcionava. A

partir das leituras, vídeos e debates eles afirmaram que passaram a compreender

melhor.

Outra atividade desenvolvida foram os jogos de iniciação sendo eles: betes,

beisebol, badminton. Utilizamos também vários materiais adaptados e oficiais. Nos

jogos de iniciação os alunos mostraram-se bastante motivados e alegres, no

decorrer da aplicação. Foi preciso cautela e firmeza para interromper alguma

atividade, pois queriam dar continuidade, mesmo após o final do horário normal de

aulas.

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Esta motivação e interesse também eram demonstrados por outros alunos

que não participavam do projeto, mas que, costumeiramente, ficavam assistindo os

pequenos jogos e brincadeiras com tacos, bastões e raquetes.

Em um primeiro momento da aplicação dos jogos de iniciação ao tênis, o jogo

de badminton foi o que causou maior interesse dos alunos. Eles gostaram muito das

raquetes por serem bastante leves, porém este interesse decaiu quando

encontraram muitas dificuldades em acertar a peteca. Todavia com o decorrer das

atividades seus acertos foram melhorando, motivando-os, novamente, para a prática

do badminton, chegando a ser necessário dividir parte da aula entre o badminton e o

tênis.

Na terceira ação realizamos debates sobre o “fair play”. Durante esta

atividade os alunos participaram demonstrando interesse, porém deixaram claro que

preferiam estar jogando. No decorrer do debate citaram vários exemplos de fatos e

acontecimentos que presenciaram ou haviam visto pela televisão. O texto

“Honestidade e hipocrisia” foi bastante apreciados por eles.

Desenvolvemos na seqüência algumas aulas praticando o mini-tênis de modo

bastante livre. Passamos a orientação sobre a prática dos fundamentos básicos

(saque, fore-hand, back-hand, voleio). As atividades de orientação e prática dos

fundamentos foram desenvolvidas individualmente, em duplas, em grupos, utilizando

raquetes de madeira e também raquetes oficiais.

No fundamento back-hand ou revés os alunos tiveram mais dificuldades de

posicionamento e execução.

Na quarta ação os alunos confeccionaram um banner de 1,20 m X 0,80 m,

com os dizeres da Carta Internacional do “fair play”, o qual ficou exposto em todas

as aulas sendo realizada a leitura antes do início de cada atividade. Nestes

momentos os alunos comentavam algumas situações vividas em aulas anteriores ou

que haviam observado na escola ou pelos meios de comunicação.

Também confeccionados 800 panfletos informando os objetivos do projeto, a

importância do tênis, a etiqueta do Tênis, comportamentos éticos do mesmo e sobre

atitudes do “fair play”.

Em algumas outras aulas, ainda nesta ação, os alunos praticaram os

fundamentos básicos individualmente e em duplas, com auxílio dos colegas e do

professor, utilizando raquetes de madeira e oficiais.

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Praticaram o mini-tênis com regras adaptadas, que iam sendo modificadas

até chegar ás regras oficiais do tênis. Em alguns finais de aulas fazíamos uma mini-

competição entre os alunos, dando oportunidade para que todos continuassem

brincando, mesmo que tivessem sidos derrotados. Esta parte da aula (competição)

tornou-se um momento do qual eles mais gostavam, pois todas as aulas

perguntavam e também queriam que se fizesse um pequeno torneio.

Levamos a prática do mini-tênis para a rua onde traçamos várias mini-

quadras. Esta atividade chamou bastante a atenção das pessoas que passavam e

também de outras crianças que pediam ou eram convidadas a participarem dos

jogos. Os alunos do projeto, além de jogarem com as outras crianças, também

ensinavam, orientavam e auxiliavam os demais (socialização).

Na quinta ação fizemos a Rua do Tênis na qual houve a prática do mini-tênis

por crianças e adultos. Muitos pais e pessoas da comunidade escolar participaram,

procurando-se fazer, desta forma, uma socialização entre família e escola.

Realizamos também uma excursão para Maringá com o objetivo de conhecer

e jogar em uma quadra oficial. Visitamos o Clube Olímpico de Maringá, que possui

08 quadras de tênis, sendo 06 quadras abertas e 02 cobertas, todas com piso de

saibro (quadra lenta). Na oportunidade os alunos puderam brincar por mais de duas

horas, além de contar com a ajuda e orientação de um professor – instrutor do clube.

No período vespertino visitamos Universidade Estadual de Maringá que possui 02

quadras de piso sintético (quadra rápida) recém construídas, onde os alunos

jogaram por aproximadamente duas horas.

Os alunos ficaram muito impressionados com a estrutura das quadras (o piso,

demarcações, rede, entre outros), pois até então nenhum dos alunos havia tido

contato com uma quadra oficial. Ficaram evidentes a satisfação e contentamento

dos alunos por estarem naquelas quadras. Até um aluno que estava usando uma

bota de gesso, pois havia fraturado um dedo, fez questão de dar algumas

raquetadas e, assim, participar das atividades.

Realizamos depois, na escola, uma pequena competição interna entre os

alunos do projeto, nas categorias masculino. Para esta competição utilizamos 05

aulas. Durante a competição os próprios alunos fizeram a arbitragem (os que não

estavam jogando eram os árbitros). Adotamos nesta competição as regras oficiais e

também foram utilizadas raquetes de madeira e oficiais.

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4.1 Avaliação Final No último dia das atividades foi aplicada outra avaliação envolvendo

perguntas abertas e fechadas tendo como objetivo verificar o progresso dos alunos,

considerando o conhecimento sobre a modalidade e também a sua receptividade, ou

seja, qual o parecer dos alunos sobre o esporte como um novo conteúdo para as

aulas de educação física.

Quadro 11: Indicadores relacionados sobre se os alunos gostaram das aulas de Tênis

Você gostou das aulas de Tênis %

Sim 100,00

Analisando o quadro 11 constatamos que de acordo com as respostas todos

os alunos gostaram das aulas de tênis. Consideramos que isto ocorreu devido aos

instrumentos utilizados para motivá-los a se interessar e gostar deste esporte.

Segundo Dassel e Haag (1977), uma motivação convincente – primária ou

secundária – é o pressuposto de um compromisso sério por parte do aluno. Faltando

motivação necessária, o aluno se sentirá impelido, demonstrando,

conseqüentemente pouquíssima disposição para realização de alguma atividade.

Por se sentirem motivados os alunos tiveram vontade e gostaram de jogar

tênis e mantiveram o esforço necessário para atingir os objetivos propostos.

Quadro 12: Indicadores relacionados sobre se os alunos gostariam de continuar a ter aulas de Tênis

Gostaria de continuar a ter aulas de Tênis? %

Sim 100,00

O quadro 12 indica que todos os alunos gostariam de continuar a ter aulas de

Tênis. Já na avaliação inicial eles demonstraram este desejo. Entre as razões para

isto destacamos algumas respostas dos alunos:

- É fácil de ser jogado e gostei da movimentação em quadra, você não fica

parado; para ter mais conhecimento sobre o tênis; é um esporte muito bom e legal

de se praticar; porque eu gostei e é bem interessante; porque o tênis é legal e eu

18

gostei muito e gostaria que tivesse mais; porque eu gostei e aprendi coisas

diferentes; porque é fácil de aprender.

Quadro 13: Indicadores relacionados sobre se os alunos aprenderam alguma regra de Tênis

Você aprendeu alguma regra do Tênis? %

Sim 100,00

O quadro 13 aponta que todos os alunos aprenderam alguma regra do Tênis

no decorrer da implementação pedagógica. Na primeira avaliação apenas a metade

dos alunos possuíam conhecimentos sobre regras do Tênis. Considerando estes

dados podemos considerar que o projeto conseguiu alcançar o objetivo de estimular

a aprendizagem dos fundamentos básicos do Tênis.

Quadro 14: Indicadores relacionados sobre se os alunos acharam difícil aprender as regras do Tênis

Você achou difícil aprender o jogo de Tênis? %

Sim 60,00

Não 40,00

No quadro 14, a maioria dos alunos consideraram difícil aprender as regras

do Tênis enquanto que na avaliação diagnóstica a opinião dos alunos estava

dividida.

Segundo Brougère (1998), o jogo é uma produção sócio –cultural e o mesmo

determina a aprendizagem social da criança e suas regras são aceitas por todos.

Portanto, o jogo não pode descartar a dimensão social da atividade humana, pois

ele se compõe espaço social criado pela criança, determinando aprendizagem social

e uma convenção aceita por todos. O jogo não pode descartar a dimensão social da

atividade humana, pois ele necessita de uma aprendizagem por não ser uma

dinâmica interna da criança e, sim, uma atividade dotada de uma significação social.

19

Quadro 15: Indicadores relacionados sobre se os alunos após as aulas passaram a prestar mais atenção ou se interessar pelo jogo de Tênis

Após as aulas você passou a prestar mais atenção ou se interessar pelo jogo de Tênis?

%

Sim 100,00

As respostas dos alunos apresentadas no quadro 15 indicam que 100% deles

passaram a prestar mais atenção nas aulas e se interessarem mais pelo Tênis. Isto

significa que o projeto ajudou a melhorar a curiosidade e o interesse dos alunos

sobre este esporte, melhorando de forma significativa a aprendizagem.

Quadro 16: Indicadores relacionados sobre as maiores dificuldades encontradas pelos alunos

Qual foi sua maior dificuldade durante as aulas? %

Nenhuma dificuldade 10,00

Acertar o saque 30,00

Jogar a bola na direção desejada 40,00

Aprender as regras 20,00

Conforme o quadro 16 a maior dificuldade encontrada, para os alunos, é jogar

a bola na direção desejada. Esta resposta deve-se aos constantes erros de bola na

rede ou fora da quadra, pois como são iniciantes não tem paciência de ficar

trocando bolas e esperar uma melhor situação para fechar o ponto.

Quadro 17: Indicadores relacionados sobre as razões pelas quais os alunos gostariam de jogar Tênis

Você jogaria Tênis porque considera este esporte importante para: %

Competição 10,00

Lazer 10,00

Atividade física saudável 80,00

Entre os alunos, conforme o indicado no quadro 17, apenas 10% considerou

como motivo para jogar tênis a competição, 10% disseram que é uma opção de

lazer e 80% que é uma atividade física saudável.

20

Consideramos que estas respostas devem-se ao fato dos alunos terem

apreciado jogar Tênis por considerá-lo interessante e não como meio de

competição.

Conforme Scaglia (2001) a pedagogia da competição não deve associar a

competição à simples valorização do desempenho físico e escravização ao resultado

porém deve valorizar a humanização e as relações inter – pessoais. Deve haver um

equilíbrio das relações entre prática e resultado, do valor sócio-cultural da (con)

vivência da competição esportiva. Seria muito arrogante considerar que a lógica da

competição é destruir as pessoas, colocando-as reféns do sistema de rendimento,

levando-se em consideração o funil do alto-rendimento no resultado final. A

superação individual ou coletiva deve ser o objetivo da pedagogia da competição.

Quadro 18: Indicadores relacionados sobre os valores que os alunos acham

possíveis de serem desenvolvidos com a prática do Tênis

Quais os valores que você considera possíveis de serem

desenvolvidos com a prática do Tênis?

%

Trabalho em grupo e cooperação 20,00

Companheirismo e amizade 10,00

Conviver melhor com os colegas 20,00

Espírito de grupo, espírito esportivo e coletividade 50,00

O quadro 18 mostra que para 50% dos alunos o espírito de grupo, espírito

esportivo e coletividade são os valores possíveis de serem desenvolvidos com a

prática do Tênis. Observamos que a maioria dos alunos possui uma opinião

bastante positiva sobre este esporte indicado assim que compreenderam que o

convívio, a confraternização, o desenvolvimento de amizades são valores que

devem fazer parte da vida de cada um.

Quadro 19: Indicadores relacionados sobre se os alunos consideram o tênis um esporte fácil de ser aprendido

Você considera o Tênis um esporte fácil de ser aprendido? %

Sim 80,00

Não 20,00

21

O quadro 19 aponta que 80% dos alunos consideram o tênis um esporte fácil

de ser aprendido. Entre as respostas estão:

- Se prestar atenção se torna fácil; é fácil de rebater a bola e depois de um

tempo você joga normalmente.

Os alunos que consideram o tênis difícil de ser aprendido dizem o seguinte:

é difícil de controlar bola, a bola é muito rápida e pequena, acontecem muitos erros,

perdas de jogos e tem que prestar atenção o tempo todo.

Consideramos que qualquer pessoa, de qualquer idade, pode aprender este

jogo. A indústria de equipamentos esportivos está tornando o aprendizado cada vez

mais fácil, com bolas mais leves e raquetes de tamanhos progressivos para cada

faixa etária. Existem até redes portáteis, que podem ser montadas em ruas, parques

e galpões (SILVA, 2007).

Quadro 20: Indicadores relacionados sobre se os alunos aprenderam o significado de fair play

Você sabe o significado do termo Fair Play? %

Sim 85,00

Não 15,00

No quadro 20 observamos uma mudança significativa com relação ao

conhecimento do significado do termo fair play em comparação com as respostas da

primeira avaliação , pois na primeira (quadro 8) 8% dos alunos disseram conhecer o

significado do termo fair-play e na final (quadro 20) 85% disseram ter este

conhecimento. Podemos inferir com isso que, inicialmente os alunos não tinham

conhecimento sobre o significado do termo e agora, tendo esta clareza, puderam dar

uma resposta mais consciente. Ter esta conscientização é necessário, pois, “não se

pode esquecer os valores desenvolvidos na prática do esporte escolar, como o

respeito aos adversários, o jogo limpo (fair play), espírito de equipe e o respeito às

regras (POZZOBON e ASQUITH, 2001, apud, MANGRICH e STINGHEN, 2009).

Quadro 21: Indicadores relacionados sobre se os alunos sabem o que é Espírito Esportivo

Você sabe o que é “Espírito Esportivo”? %

Sim 100,00

22

O quadro 21, indica que todos os alunos aprenderam o significado do termo

“espírito esportivo” após o desenvolvimento das atividades. Enquanto na avaliação

inicial 66,66 % dos alunos desconhecia seu significado conforme demonstra o

quadro 7. De acordo com o Coletivo de Autores (1991) este conhecimento e a

prática do “espírito esportivo” isto é, jogo justo, comportamento ético e integridade é

necessário devido a que os valores coletivos devem ser resgatados na escola para

que o compromisso da solidariedade e do respeito humano se faça presente na

escola e para que os alunos possam compreender que o jogo se faz “dois” e de que

há uma diferença entre jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário.

Quadro 22: Indicadores relacionados sobre se os alunos já praticaram alguma atitude considerada como fair play

Você já praticou alguma atitude considerada como fair play? %

Sim 70,00

Não 30,00

Comparando-se as respostas do quadro 22 com as respostas da primeira

avaliação (quadro 9), inicialmente a maioria dos alunos nunca havia praticado

atitudes consideradas como “fair play” ( 25%) e na avaliação final 70% já tiveram tal

procedimento. Isto indica que ou houve uma melhoria do comportamento dos

alunos e do entendimento do significado do fair play.

Quadro 23: Indicadores relacionados sobre se os alunos consideram-se bons

esportistas

Você se considera um bom esportista? %

Sim 70,00

Não 30,00

Pelas respostas do quadro 23 podemos observar que a maioria dos alunos

considera-se um verdadeiro esportista, enquanto que na avaliação inicial ( quadro

10 ) apenas 33,33% tinham esta opinião.

Barbosa (1997, p.12), acredita que “a principal meta a ser atingida pela

Educação Física Escolar como disciplina do currículo obrigatório, é a formação de

23

pessoas críticas, autônomas e conscientes de seus atos, visando a uma

transformação social”.

Quadro 24 : Indicadores relacionados sobre se o Tênis pode ser usado como conteúdo de Educação Física

O jogo de Tênis pode ser usado como conteúdo da Educação Física

Escolar?

%

Sim 100,00

Analisando o quadro 24 observamos que todos os alunos colocaram que o

Tênis pode ser usado como conteúdo de Educação Física. Entre os argumentos

colocados estão os seguintes: porque é um esporte que ajuda a melhorar o espírito

esportivo; porque é um esporte fácil de aprender e jogar; ajuda a melhorar a

atenção; porque é um jogo divertido.

Após a avaliação final realizamos um debate sobre as atividades

desenvolvidas e o significado de ser um atleta “fair play” (Espírito Esportivo).

Opinião de alunos sobre o jogo de tênis ao final da implementação

- Opinião 1: “É um esporte muito legal e também acho que poderia ser utilizado

nas aulas de educação física”

Opinião 2: “Eu adorei participar desse projeto, pois eu nunca tinha jogado

antes, achei super interessante e bem divertido, achei fácil prá caramba. Eu

acho o tênis um esporte normal, então não tem problema nenhum em ser

praticado como aula normal de Educação Física.”

- Opinião 3: “Eu acho uma pratica esportiva muito legal e saudável. Sim

porque é um esporte e o básico da Educação Física é mostrar aos alunos

como praticar esportes visando o lado da saúde e bem estar de quem pratica.

Pela facilidade e proporção o tênis deveria sim ser um esporte que faça parte

do conteúdo da Ed. Física”.

24

Tendo em vista as opiniões bastante positivas dos alunos acreditamos que

trabalhar com esta modalidade de esporte é uma forma de diversificar as atividades

normalmente praticadas na escola, porém, mesmo considerando que o tênis deve

fazer parte dos conteúdos de Educação Física sabemos que existem alguns

empecilhos que precisam ser superados para que isto possa efetivar-se.

Dentre os possíveis problemas, os quais enfrentamos no desenvolvimento da

proposta de intervenção pedagógica, podemos destacar o número de alunos por

turma, os materiais (se tivéssemos utilizado apenas o convencional), os espaços e

instalações caso não tivéssemos adaptado para a quadra e ginásio de esportes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da nova avaliação e do debate foi possível perceber que os alunos

melhoraram significativamente na capacidade técnica, tática e psicológica, como

também houve grande melhoria no espírito esportivo. Porém, quando se trata de

competição, ainda ocorre alguma desconfiança e discussões sobre um ponto (bola

fora, bola dentro, entre outros).

Consideramos, no entanto, pelo que pudemos observar que estas discussões

diminuíram muito em relação ao início do projeto. Quando estão em dúvida sobre

algum ponto, conseguem ceder com mais facilidade.

Assim, por todo aprendizado demonstrado pelos alunos nas atividades

desenvolvidas, ficou evidente que o Tênis de Campo, com suas características

educacionais, pode ser adotado como conteúdo da Educação Física escolar, pois o

mesmo é um conhecimento importante para a cultura esportiva e geral. Conhecer a

história do Tênis, refletir sobre sua contemporaneidade e potencialidades

educacionais, aprender os fundamentos básicos, regras e vocabulário específico da

modalidade, despertou o interesse dos estudantes pela prática do Tênis.

Ao término do projeto os alunos pediram que as aulas de Tênis tivessem

continuidade no próximo ano, em que concordamos, pois esta é uma prática que

- Opinião 4: “É um esporte muito legal. Sim o tênis é um esporte como outro

qualquer, só não é muito conhecido porque as outras pessoas não têm

conhecimento e nem chance de saber que o tênis é um esporte maravilhoso”.

25

não deve ser limitada apenas a um projeto de alguns meses, pois promove a

integração social, a vivência de cultura esportiva e a adoção de um estilo de vida

saudável e prazeroso.

6 REFERÊNCIAS

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CHIMINAZZO, J. G.; Esportes de raquete na escola: uma possibilidade de trabalho. Movimento & Percepção, v. 9. n. 12, jan./jun. Espírito Santo do Pinhal, SP: 2008, p. 6. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1991, p. 65-70. DASSEL, H.; HAAG, H. Circuitos de ginástica escolar. Tradução de Karin Alexandra Ziihlsdorff. Rio de Janeiro: Beta Ltda, 1977, p.18. GALLIETE, R. Tênis: Met. de Ensino. Rio de Janeiro: Ed. Sprint. 1996, p. 36. GONÇALVES, M. C. Aprendendo a Educação Física: Educação infantil e 1ª a 8ª

séries do ensino fundamental. Curitiba, Bolsa nacional do Livro, v. 4, 1996, p. 42.

MANGRICH, F. J. V.; STINGHEN, F. M.; A implantação da prática do tênis de campo adaptado na escola - limites e possibilidades. Programa de desenvolvimento Educacional – PDE, 2009: Curitiba, Paraná, p. 16. MENEZES, L. R. R.; Vantagens da prática adequada do Tênis. Jornal Foco Bahia, setembro, 2008. Disponível: http://www.charinho.com.br – acesso em: 03-05-2011, p. 1. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Departamento de Ensino de Primeiro Grau. Projeto Correção de Fluxo. Curitiba: SEED⁄PR, 1998, p. 13-21. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Educação Física Ensino Médio. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 35-52. PETERSEN, E. Um Pouco de Ética Esportiva e Tenística. 2010 C:\Users\MX\Documents\etica do tenis.html – Acesso em: 02⁄03⁄2011, p. 2. SABA, F. Revista Enaf. Educação Física: Varginha MG, Ed. Abril, 2005, p. 21. SCAGLIA, A. J.;MONTAGNER, P. C.;SOUZA, A.J. Pedagogia da competição em esportes: da teoria à busca de uma proposta escolar. 2001, p. 4.

26

SANTOS, R. R. S. Fair play e a prática de esportes. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, ano 4, v. 4, 2005. Disponível em: http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/remef/article/viewfile/1306/1012 - acesso: 24-04-2011, p. 2. SILVA, S.; Tênis: esporte.1.ed. São Paulo: Odysseus Editora Ltda. 2007, p. 63. STUCCHI, S.: Tênis de Campo: Movimento & Recepção. V.7; n.10; jan./jun. SP: 2007, p. 18. TEIXEIRA, D. O Esporte Escolar. Construção ou negação de uma práxis pedagógica. Maringá: Eduem, 2010, p. 22. ________, Esporte e Lazer: Conceitos e Reflexões. Campinas: Unicamp/FEF: GEEL, 2004, p. 25. _____________. O pensamento dos treinadores sobre o espírito desportivo HARPER, Babette et al. Cuidado Escola; Desigualdade, Domesticação e algumas Saídas. São Paulo: Brasiliense, 2ª ed., 1981, p. 53.